POLÍTICAS PÚBLICAS QUE
VIABILIZAM A AGENDA 21- “CUBATÃO
2020: A CIDADE QUE QUEREMOS!”
Marcia Rosa de Mendonça Silva
(PMC)
Benito Santiago Martinez Gonzalez
(PMC)
Resumo A implementação da Agenda 21 a nível municipal é dependente de
ações que estimulem o desenvolvimento sustentável, e que podem ser
viabilizados por Políticas Públicas que possam assegurar os conceitos
da Agenda 21 Global.
Neste artigo fizemmos um breve histórico, da geração à
implementação da Agenda 21, tendo como objeto de estudo a
experiência desenvolvida no município paulista de Cubatão.
Enquanto ferramenta de fundo estratégico, a Agenda 21 de Cubatão,
além de potencializar a integração da gestão municipal em torno dos
grandes desafios locais nas áreas de Logística, Urbanismo, Sistema
Viário, Indústria, Comércio, Serviços, Turismo, Habitação,
Saneamento Básico, Qualidade: do ar, das águas e riscos ambientais,
Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Geração de Renda,
Assistência Social, Segurança Pública e Administração Pública, ajuda
também a solidificar a mudança de imagem efetiva, daquela cidade que
já foi chamada, no início dos anos 80 de “Vale da Morte” para
“Cubatão 2020: A Cidade Que Queremos!”.
A experiência implantada em Cubatão após a implementação do
“IPTU do Bom Empreendedor” que promoveu um aumento
considerável de 86% no número de empregos conquistados pelo PAT
de Cubatão é um sinal evidente de uma Gestão bem sucedida nesta
implementação.
Esta é a experiência que pretendemos compartilhar neste artigo,
como proposta de discussão e difusão nas boas práticas de Gestão
Pública com ênfase no Desenvolvimento Sustentável.
Priorizar a contratação da mão-de-obra local (jovens, mulheres,
egressos do sistema penitenciário, pessoas atendidas em instituições de
assistência ao adolescente) e o incentive ao investimento em formação,
capacitação e qualificação dos trabalhadores cubatenses, bem como
nas áreas de educação, cultura, esportes e/ou lazer.
Cubatão tem uma história feita de dificuldades; esta terra, localizada
em meio a um dos ecossistemas mais raros e equilibrados do mundo,
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
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com uma diversidade e beleza únicas, acabou fazendo um sacrifício em
nome do desenvolvimento e hoje está sendo resgatado com aplicação
de Políticas Públicas com foco na Agenda 21.
Palavras-chaves: Agenda 21, Desenvolvimento, Cubatão.
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1 INTRODUÇÃO
Apesar de o Brasil apresentar alguns problemas ambientais em relação à biodiversidade e
desmatamentos, o que afeta a maior parte da população brasileira são as áreas construídas e
densamente povoadas (TASCHNER, 1996).
Segundo SACHS (2000) o desenvolvimento sustentável deve atender aos pilares de relevância
social, prudência ecológica e viabilidade econômica, produzindo assim uma reflexão especial
sobre o tema de geração de renda como um alicerce da própria agenda.
O município de Cubatão comporta hoje um pólo industrial portuário estratégico de nível
nacional, com suas atividades concentradas principalmente em indústrias de base e, conta
com uma refinaria da Petrobrás, uma grande indústria siderúrgica, além de outras
importantes indústrias químicas e de fertilizantes.
Cubatão e Santos lideram a dinâmica econômica da região e se posicionam com destaque na
economia nacional. Conforme o IBGE (2002), Cubatão é a cidade mais rica da região e a 39ª
do País, com Santos apresentando o 2º melhor desempenho econômico regional e aparecendo
no 45º lugar no ranking brasileiro.
Todavia as desigualdades sociais existentes entre os municípios da região metropolitana,
refletidas nos Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), merecem esta
reflexão e discussão sobre as estratégias possíveis para o melhor encaminhamento destas
questões.
Conforme o diagnóstico realizado pela Agenda 21 de Cubatão, o IDH deste município é o
menor da região (0,723), por outro lado, Santos apresenta o melhor IDH da região (0,838), o
qual corresponde a 3ª posição do Estado, seguido por São Vicente na 180a posição do
Estado, com 0,765 e Praia Grande e Bertioga respectivamente com 0,740 e 0,739.
Foi identificado também, que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Cidade está
diretamente relacionado ao processo de urbanização que alterou as características naturais
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da área durante o seu desenvolvimento industrial, provocando as alterações ambientais, por
ausência de planejamento e envolvimento integrado das lideranças sociais e políticas da
região.
Os resultados encontrados sobre o IDH do município em relação às demais cidades da
região metropolitana da baixada santista, indicam a necessidade de se resgatar o passivo
social pelo trabalho formal.
Dentro deste contexto, o presente artigo tem como objetivo demonstrar que a Excelência em
Gestão, pode ser alcançada também no serviço público quando baseada em um Planejamento
Estratégico como a Agenda 21, mas consolidada em ações que assegurem a sua
implementação.
2 OBJETIVO
Este artigo busca demonstrar como desenvolver em nível municipal políticas públicas que
possam assegurar o desenvolvimento sustentável baseado nos conceitos da Agenda 21
Global.
Através de um breve histórico da geração à implementação da Agenda 21, passando pelas
esferas: global, nacional e local, as políticas públicas implementadas teve como objeto de
estudo a experiência desenvolvida no município paulista de Cubatão nas áreas de Logística,
Urbanismo, Sistema Viário, Indústria, Comércio, Serviços, Turismo, Habitação, Saneamento
Básico, Qualidade do ar, das águas e riscos ambientais, Saúde, Educação, Cultura, Esporte e
Lazer, Geração de Renda, Assistência Social, Segurança Pública e Administração Pública.
Enquanto ferramenta de fundo estratégico, a Agenda 21 de Cubatão, além de potencializar a
integração da gestão municipal em torno dos grandes desafios locais nessas diversas áreas,
ajuda também a solidificar a mudança de imagem efetiva daquela cidade que já foi chamada,
no início dos anos 80 de “Vale da Morte”, para “Cubatão 2020: A Cidade Que Queremos!”.
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3 CONCEITO DA AGENDA 21
Podemos considerar a Agenda 21 como um plano de ação estratégico, que constitui a mais
ousada e abrangente tentativa já feita de promover, em escala globalizada, novo padrão de
desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência
econômica.
Trata-se de decisão consensual extraída de documento de quarenta capítulos, para o qual
contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países, envolvidos, por dois
anos, em um processo preparatório que culminou com a realização da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, em 1992, no Rio de
Janeiro, conhecida por ECO-92.
Apesar de ser um ato internacional, sem caráter mandatório, a ampla adesão aos seus
princípios tem favorecido a inserção de novas posturas frente aos usos dos recursos naturais,
a alteração de padrões de consumo e a adoção de tecnologias mais brandas e limpas, e
representa uma tomada de posição ante a premente necessidade de assegurar a manutenção
da qualidade do ambiente natural e dos complexos ciclos da biosfera.
3.1 De que trata a Agenda 21 Global?
A Agenda 21 Global indica as estratégias para que o desenvolvimento sustentável, “aquele
que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de suprir suas próprias necessidades”, seja alcançado. Nesse sentido, identifica atores e
parceiros, metodologias para obtenção de consensos e os mecanismos institucionais
necessários para sua implementação e monitoramento.
3.2 A Estrutura da Agenda 21 Global
A Agenda 21 Global está baseada em 04 pilares que são:
a) Dimensões sociais e econômicas - Seção onde são discutidas, entre outras, as
políticas internacionais que podem ajudar a viabilizar o desenvolvimento sustentável
nos países em desenvolvimento; as estratégias de combate à pobreza e à miséria; a
necessidade de introduzir mudanças nos padrões de produção e consumo; as inter-
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relações entre sustentabilidade e dinâmica demográfica; e as propostas para a
melhoria da saúde pública e da qualidade de vida dos assentamentos humanos;
b) Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento - Diz respeito ao manejo
dos recursos naturais (incluindo solos, água, mares e energia) e de resíduos e
substâncias tóxicas de forma a assegurar o desenvolvimento sustentável;
c) Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais - Aborda as ações necessárias
para promover a participação, nos processos decisórios, de alguns dos segmentos
sociais mais relevantes. São debatidas medidas destinadas a garantir a participação
dos jovens, dos povos indígenas, das ONGs, dos trabalhadores e sindicatos, dos
representantes da comunidade científica e tecnológica, dos agricultores e dos
empresários (comércio e indústria);
d) Meios de implementação - Discorre sobre mecanismos financeiros e instrumentos
jurídicos nacionais e internacionais existentes e a serem criados, com vistas à
implementação de programas e projetos orientados para a sustentabilidade.
3.3 Conceitos-Chave da Agenda 21 Global
O texto da Agenda 21 contém conceitos-chave, os quais representam os fundamentos do
desenvolvimento sustentável:
Os princípios de cooperação e parceria apresentam-se como conceitos fundamentais no
processo de implementação da Agenda 21. A cooperação entre países, entre os diferentes
níveis de governo, nacional e local, e entre os vários segmentos da sociedade é enfatizada,
fortemente, em todo o documento da Agenda 21;
A Agenda 21 destaca, nas áreas de programa que acompanham os capítulos temáticos, a
capacitação individual, além de ressaltar a necessidade de ampliar o horizonte cultural e o
leque de oportunidades para os jovens. Há, em todo o texto, forte apelo para que governos e
organizações da sociedade promovam programas educacionais cujo objetivo seja propiciar a
conscientização dos indivíduos sobre a importância de se pensar nos problemas comuns a
toda a Humanidade, buscando, ao mesmo tempo, incentivar o engajamento de ações
concretas nas comunidades;
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Outra premissa, que permeia quase todos os capítulos da Agenda 21, reforça valores e
práticas participativas, dando consistência à experiência democrática dos países. Todos os
grupos vulneráveis sob os aspectos social e político, ou em desvantagem relativa, como
crianças, jovens, idosos, deficientes, mulheres, populações tradicionais e indígenas, devem
ser incluídos e fortalecidos nos diferentes processos de implementação da Agenda 21
Nacional, Estadual e Local. Esses processos requerem não apenas a igualdade de direitos e
participação, mas também a contribuição de cada grupo com seus valores, conhecimentos e
sensibilidade.
O desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante estratégia de planejamento
integrado, que estabeleça prioridades e metas realistas. Portanto, esse conceito demanda o
aprimoramento, a longo prazo, de uma estrutura que permita controlar e incentivar a efetiva
implementação dos compromissos originários do processo de elaboração da Agenda 21.
O conteúdo do documento elaborado ressalta a importância de fortalecer os mecanismos
institucionais por meio do treinamento de recursos humanos (capacity building). Trata-se, em
outras palavras, de desenvolver competências e todo o potencial disponível em instituições
governamentais e não-governamentais, nos planos internacional, nacional, estadual e local,
para o gerenciamento das mudanças e das muitas atividades que serão promovidas.
A Agenda 21 Global chama a atenção para a necessidade de tornar disponíveis bases de
dados e informações que possam subsidiar a tomada de decisão, o cálculo e o monitoramento
dos impactos das atividades humanas no meio ambiente. A reunião de dados dispersos e
setorialmente produzidos é fundamental para possibilitar a avaliação das informações
geradas, sobretudo nos países em desenvolvimento.
3.4 Agenda 21 Brasileira
A Agenda 21 Brasileira é um processo que utiliza instrumentos de planejamento participativo
para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade,
compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico. O
documento é resultado de uma vasta consulta à população brasileira, sendo construído a
partir das diretrizes da Agenda 21 global. Trata-se, portanto, de um mecanismo fundamental
para a construção da democracia ativa e da cidadania participativa no País.
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A primeira fase do processo de construção da Agenda 21 Brasileira teve seu início em 1996 e
o documento foi concluído em 2002, coordenado pela Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS, com o envolvimento de cerca
de 40.000 pessoas de todo o Brasil.
A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de implementação
assistida pela CPDS, como também foi elevada à condição de Programa do Plano
Plurianual, PPA 2004-2007, pelo Governo Federal, o que lhe confere maior alcance,
capilaridade e importância como política pública. Como programa, ela adquire mais força
política e institucional, passando a ser instrumento fundamental para a construção do Brasil
Sustentável, estando coadunada com as diretrizes da política ambiental do Governo,
transversalidade, fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e
participação social, adotando referenciais importantes como a “Carta da Terra”.
Portanto, a Agenda 21 tem provado ser um guia eficiente para processos de união da
sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, sendo hoje um dos
grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil.
Outro grande passo foi a utilização dos princípios e estratégias da Agenda 21 Brasileira
como subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente e Conferências das Cidades
e Saúde. Esta ampla inserção da Agenda 21 remete à necessidade de se elaborar e
implementar políticas públicas em cada município e em cada região brasileira
fundamentadas no Desenvolvimento Sustentável.
3.5 Cubatão, um exemplo brasileiro na aplicação da Agenda 21 Local.
Cubatão é um município do Estado de São Paulo, localizado na região metropolitana da
Baixada Santista, entre os paralelos 23O53’30’ de latitude sul e meridianos 46
o25’30’’ de
longitude da linha de Greenwich. Situa-se a 57 km da capital paulista e a 16 km de Santos ou
São Vicente. Limita-se com os municípios de São Bernardo, Santo André, Santos e São
Vicente (PINTO, 2005).
O município registra os primeiros sinais da civilização no Continente Americano. Foi aqui
que aportaram os primeiros colonizadores vindo da Europa, provavelmente posterior a
presença de outros habitantes primitivos. Não teve uma fundação a exemplo de outras cidades
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de nossa região e, até a chegada dos colonizadores europeus, já era habitada pelos índios que
viviam aqui, considerando a proximidade do planalto e do litoral. Os primeiros habitantes de
Cubatão viveram na região de mangues, que se estende desde a base da Serra até as pequenas
ilhotas próximas ao mar, há cinco mil anos e cujos restos mortais foram encontrados pelos
colonizadores que chegaram ao Brasil em caravelas e aportaram em Cubatão, na altura da
Cosipa, em 1532 (FUREGATO, 2009).
Cubatão foi elevada à condição de povoação conforme a Lei nº 24, de 12 de agosto de 1833,
desmembrando parte do território antes pertencente à capitania e depois Vila de São Vicente
(PINTO, 2005).
Segundo o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2000,
Cubatão possuia uma população de 108.309 habitantes, sendo 107.661 na área urbana e 648
na área rural. Ocupa uma área de 148 Km2, com densidade demográfica de 729,08
habitantes por Km2. O crescimento populacional no município tem sido contínuo, estimulado
inclusive pelo afluxo de imigrantes que chegam em busca de trabalho nas empresas locais.
Entre os anos de 1996 e 2000, o crescimento da densidade demográfica foi de 2,63% (IBGE-
2009).
O clima predominante em Cubatão é o tropical com suas variações quente e úmido. Verifica-
se também a existência de variações climáticas de acordo com as características geográficas
do relevo, como o clima da serra, o clima das áreas industrializadas, do sopé da serra e dos
manguezais.
Segundo FUREGATO (2009), após a Grande Depressão Econômica Mundial de 1929, o
governo federal incentiva a instalação de indústrias no país, atraindo investidores
estrangeiros, época em que ocorre um grande surto industrial.
A partir de 1955, com o início da operação da Refinaria Presidente Bernardes Cubatão
(RPBC) e a implantação no inicio da década de 60, da Companhia Siderúrgica Paulista
(Cosipa), foi criado um marco decisivo ao desenvolvimento industrial e às profundas
mudanças no município e seu entorno. Atualmente Cubatão conta com um setor industrial
com 25 grandes indústrias, gerando aproximadamente 35 mil postos de trabalho. O maior
empregador é a siderurgia (47% do total), seguida do setor químico e petroquímico, que
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contribuem com 23% do total de emprego no município (Fiesp e Ciesp/Cubatão - Relatório
Brasil, 2004).
O pólo industrial de Cubatão responde por mais de 31.000 dos empregos diretos, entre
efetivos e terceirizados. Cerca de 49% deste efetivo está prestando serviço na siderúrgica,
8% nas empresas de fertilizantes, 17% no setor químico-petroquímico e cerca de 26% em
prestação de serviços diversos (CIESP, 2008). Das riquezas geradas no pólo industrial, cerca
de US$ 960 milhões são em impostos recolhidos, sendo US$ 528 milhões estaduais, US$ 416
milhões federais e US$ 16 milhões municipais. A área petroquímica representa 49% da
produção nacional, a produção de fertilizantes responde por 25%, a siderurgia por 19% e a
área química por 7%. Alguns produtos representam parcela majoritária da produção
nacional, como gasolina de aviação, solventes aromáticos, nitrato de amônio e monômero de
estireno, com 100% da produção; coque de petróleo calcinado, ácido clorídrico, hipoclorito
de sódio e cloreto de amônio, com cerca de 70% da produção nacional; além do aço para
indústria naval, que é praticamente produzido em sua totalidade na siderúrgica local.
(CIESP, 2008).
4 METODOLOGIA
4.1 Agenda 21 - Cubatão
Fruto da iniciativa do Pólo Industrial, representado pelo Cide, Fiesp e Ciesp, regional
Cubatão, em conjunto com a Prefeitura e a Câmara Municipal e pelo ideal assumido durante
a ECO 92, a Agenda 21 foi construída a partir de 2005 e concluída em agosto de 2006,
tornando-se de utilidade pública através do Decreto Municipal n.º 8977/06.
Todavia, o que se observou desde o seu lançamento era que a Agenda 21 de Cubatão seria
apenas mais um Planejamento Estratégico, embora muito bem elaborado, mas sem
sustentação governamental que pudesse apoiar e incentivar suas realizações, destacando-se a
ausência de suporte efetivo de orçamento que viabilizassem os sonhos de milhares de
munícipes (delegados) que ajudaram a escrever o projeto.
No início de 2009 foi feito um amplo diagnóstico sobre os avanços da Agenda 21 de Cubatão,
com objetivo de identificar os avanços obtidos até então, e identificar oportunidades de
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melhorias que pudessem acelerar o processo com base nos objetivos de transformar Cubatão
até 2020 na Cidade que queremos.
Com o objetivo de dar a Agenda 21 de Cubatão a relevância e a importância necessárias
para que pudessem alavancar os projetos nela contidos, o Governo Municipal instalou em
seu Gabinete a Comissão Executiva da Agenda 21, sendo empossada pelo Poder Executivo
municipal, a Comissão Permanente da Agenda 21, com o propósito de revisar os projetos e
definir prioridades para execução, dentro das possibilidades orçamentárias. Esta Comissão,
presidida pelo Secretário de Indústria, Comércio, Porto e Desenvolvimento do Município de
Cubatão é composta por diversos atores, representantes do poder público, iniciativa privada
e comunidade (Ex: Câmara Municipal, Secretarias: do Meio Ambiente, Planejamento,
Habitação, Cetesb, Agência de Desenvolvimento da Baixada Santista, IFSP, Polícia Militar,
Defesa Civíl, Ciesp, Acic, Sesi, Senai, OAB de Cubatão, Associação dos Engenheiros e
Arquitetos de Cubatão, Associação dos Médicos de Cubatão, Crea de Cubatão, entre outros).
O foco desta comissão é acompanhar e assessorar a implementação dos propósitos previstos
no documento intitulado “Cubatão 2020 – A Cidade que Queremos”, e apresentar propostas
às revisões periódicas para atualização do plano, sempre que se fizerem necessárias,
buscando melhorar a qualidade de vida e os índices sociais da população cubatense, dentro
do conceito do crescimento em base sustentável.
Para a Agenda 21 de Cubatão, foram elencados 17 temas centrais, conforme indicado na
Tabela 1.
TEMAS: PROJETOS:
1. A região metropolitana e o contexto de Cubatão -
2. Logística 17
3. Urbanismo, sistema viário e mobilidade da população 17
4. Indústria, Comércio e Serviços 13
5. Turismo 16
6. Habitação e Ocupações Desordenadas 13
7. Saneamento Básico 10
8. Qualidade do ar, das águas e riscos ambientais 10
9. Unidades de conservação e áreas de proteção permanente 5
10. Saúde 40
11. Educação, educação ambiental e qualificação profissional 26
12. Cultura 20
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Tabela 1: Temas e Projetos Agenda 21 Cubatão
4.2 Cronograma de Trabalho
A Figura 1 apresenta o cronograma de trabalho do ano de 2009 estabelecido pela Comissão
Permanente da Agenda 21:
Figura 1 – Cronograma de trabalho do ano de 2009
O processo de avaliação demonstrou a evolução dos projetos, pela comparação com os
resultados da avaliação do exercício anterior, bem como identificou dificuldades de
implantação e implementação de alguns projetos, diagnosticando os motivos desses conflitos
e adoção de medidas corretivas.
Os resultados dessa etapa de trabalho foram muito satisfatórios, tendo em vista o
conhecimento e competência dos Recursos Humanos Técnicos utilizados, no tocante ao
fornecimento de subsídios necessários para o acompanhamento e implementação dos
projetos.
4.3 Acompanhamento dos temas da Agenda 21
13. Esporte e Lazer 26
14. Geração de renda 11
15. Assistência Social 21
16. Segurança Pública 16
17. Administração Pública 16
TOTAL 277
AGENDA 21 – 1ª AVALIAÇÃO
EDUCAÇÃO
PLANEJAMENTO DO ANO 2009
1 EDUCAÇÃO
2 SAUDE
3 ESPORTES
4 CULTURA
5 A.SOCIAL
6
AUDIENCIA
PÚBLICA
7 AVALIAÇÃO
JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
DIA 19 23 20 24 20 26 17
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Dos 277 projetos da Agenda 21, foram apresentados em reunião da Comissão Permanente,
107 projetos, correspondentes a 39% da totalidade. Dos 170 demais projetos, distribuídos
entre os 13 demais temas, 151, ou seja, 89% foram avaliados junto às secretarias
responsáveis, com resultados gerais apresentados em Audiência Pública.
A Audiência Pública (Figura 2), realizada no Paço Municipal, teve a participação da chefe
do Poder Executivo Municipal, a Prefeita Municipal Marcia Rosa, além de 250 atores,
representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, dirigentes de empresas privadas, do
Ciesp, da Acic, Associações de Classe e Comunidade Cubatense. O resultado desta atividade
demonstrou a transparência e o comprometimento dos gestores e técnicos atuantes na
Comissão Permanente da Agenda 21 de Cubatão, legitimados pela validação do processo e
dos resultados apresentados junto à comunidade de Cubatão.
Figura 2 - Audiência Pública de Avaliação da Agenda 21
4.4 Metodologia de avaliação e acompanhamento
Criação do Regimento Interno, nos termos do artigo 5.º, do Decreto 8977/2006, com
metodologia definida pela Agenda 21 de Cubatão, conforme recomendação do Ministério do
Meio Ambiente.
Nos termos do artigo 5.º do Decreto n° 8977/2006, o presente Regimento Interno tem por
finalidade:
Estabelecer regras para o desenvolvimento das atividades da Comissão Permanente
da Agenda 21, nos trabalhos de acompanhamento e monitoramento da evolução dos
projetos previstos no documento intitulado “Cubatão 2020 – A Cidade que
Queremos”;
Definir as atribuições da Secretaria Executiva da Agenda 21;
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Criação de Grupos de Impulsão para cada tema da Agenda 21, a fim de proporcionar
a operacionalização das atividades de implementação dos projetos e metas.
A metodologia de acompanhamento dos projetos, bem como avaliação das conformidades,
obedecerá aos critérios e conceitos de Gestão, com ênfase no PDCA.
Na avaliação de cada um dos 17 temas que compõem a agenda 21, pudemos observar, logo
nos primeiros meses, que temas importantes, como Saúde, Segurança Pública, Emprego e
Renda estavam diretamente dependentes de ações que pudessem alavancar o
desenvolvimento da Cidade, mas com olhar social sobre sua população.
Ao observarmos dados do último senso disponível (IBGE 2006), e identificarmos situações
como índices de analfabetismo, número de desempregados e o IDH da Cidade, conforme
desmonstramos nas Tabelas 2, 3, 4, 5 e 6, percebemos a necessidade de reverter este quadro
caótico, subsidiando o crescimento com a criação de Políticas Públicas.
Tabela 2: Número de inscritos no PAT Cubatão, SP, inseridos no mercado de trabalho no
período de 01/04/2009 a 31/05/2010, segundo gênero.
Fonte: SERT –SP / PAT Baixada Santista, Cubatão
Tabela 3: Número de trabalhadores inscritos no PAT Cubatão – SP, que conseguiram
colocação no mercado de trabalho local, segundo escolaridade, no período de 01/04/2009 a
31/05/2010.
Grau de Inscritos Colocados
Escolaridade Nº Nº %
Analfabeto 47 11 23,40
Alfabetizado 836 283 33,85
Ensino Fundamental 7.348 2.803 38,15
Ensino Médio 13.095 4.172 31,86
Curso Técnico 1.030 202 19,61
Gênero Inscritos Colocados
Nº Nº %
Feminino 9.405 591 6,28
Masculino 14.581 7.128 48,89
TOTAL 23.986 7.719 32,18
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Graduação 1.501 230 15,32
Pós-Graduação 89 10 11,24
MBA 20 4 20,00
Mestrado 3 0 0,00
Livre Docência 17 4 23,53
Total 23.986 7719 32,18
Fonte: SERT –SP / PAT Baixada Santista, Cubatão
Tabela 4: Número de trabalhadores inscritos no PAT, Cubatão, SP, que conseguiram
colocação, segundo o tempo de experiência profissional, no período de 01/05/2009 a
30/04/2010.
Tempo de experiência Inscritos Colocados
Sem Experiência 2299 343
1 mês a 1 ano 11077 3589
1 a 3 anos 6088 2258
3 a 5 anos 2115 734
Acima de 5 anos 2407 795
Total 23986 7719
Fonte: SERT –SP / PAT Baixada Santista, Cubatão
Tabela 5: Utilização do PAT pelas indústrias e contratadas no município de Cubatão,
período de maio 2009 a maio 2010.
Fonte: SERT –SP / PAT Baixada Santista, Cubatão
Tabela 6: Índice de Desenvolvimento Humano de cidades pertencentes aos Pólos Industriais,
2009.
CUBATÃO (SP) 0,772
Camaçari (BA) 0,760
Macaé (RJ) 0,790
Ipatinga (MG) 0,806
Volta Redonda (RJ) 0,815
Paulínia (SP) 0,847
Fonte: SERT –SP / PAT Baixada Santista, Cubatão
Utilizam Não Utilizam Total
Indústrias
Contratadas
Total
10
21
31
50 %
60 %
56 %
10
14
24
50 %
40 %
44 %
20
35
55
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Em relação ao mercado de trabalho, as principais características da mão de obra
demandada no Mercado de Cubatão:
55,45% das vagas são para o Ensino Médio e 34,56% para o Ensino Fundamental;
77% dos colocados são da Faixa etária entre 20 e 39 anos;
Há uma grande preferência pelos trabalhadores do sexo masculino;
Exigência de experiência de no mínimo de 1 mês a 3 anos
As principais características da mão de obra cadastrada no Posto de Atendimento ao
Trabalhador são:
Maioria com Ensino Médio e Fundamental, 54,45% e 30,17%, respectivamente;
70,86% dos cadastrados possuem entre 20 a 39 anos de idade;
59,19% dos cadastrados são do sexo masculino e 59,19% do sexo feminino
Maioria dos cadastrados têm de 1 mês a 3 anos de experiência, sendo 42,24% com 1
mês a 1 ano e 25,44% com 1 a 3 anos.
Principais defasagens entre a oferta de mão de obra e a demanda existente no Pólo Industrial
de Cubatão:
Somente 8,36% dos cadastrados do sexo feminino conseguem colocação, contra
63,66% dos cadastrados do sexo masculino;
Há pouca demanda tanto para analfabetos e alfabetizados, como mão de obra muito
especializada (pós-graduação, mestrado, livre docência);
Há maior oferta de mão de obra feminina com nível superior;
A maior dificuldade de contratação está nas idades extremas, ou seja, menores que 19
anos e maiores de 60 anos;
Quanto ao tempo de experiência, a menor demanda é para os profissionais sem
experiência ou com tempo superior a 3 anos.
Conforme observado, os objetivos da ECO-92, ou Rio-92, em buscar meios de conciliar o
desenvolvimento sócio-econômico, são compostos “por recomendações e referências sobre
como alcançar o desenvolvimento sustentável, possuindo desdobramentos em nível de cada
nação, com suas peculiaridades e características, e também em nível de cada região e
município” .
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Evidencia-se pelos dados encontrados neste trabalho o grande passivo social encontrado na
Cidade de Cubatão. Um dos maiores PIB per capita do Estado, está entre as 10 Cidades do
Estado em arrecadação na área Industrial, conforme dados da Fundação SEAD, em
contraste com os Indicadores de IDH, desemprego, educação e qualificação de toda uma
população, o que, por certo, pode estar dificultando o acesso ao trabalho formal.
Também ficou evidenciada a questão da Sustentabilidade Social: uma civilização com maior
equidade na distribuição de rendas e bens, reduzindo o distanciamento e as discrepâncias
entre as camadas sociais. Fica claro e evidente que aqui reside um dos principais pilares da
sustentabilidade na Cidade de Cubatão.
Neste contexto, deve-se lembrar que o autor menciona que são quatro os fatores de ordem
antropogênica que mais influenciam a sustentabilidade ambiental: a poluição, a pobreza, a
tecnologia e os estilos de vida. Sustentabilidade Social: promoção da melhoria da qualidade
de vida e redução dos níveis de exclusão social, por meio de políticas de justiça
redistributiva.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Experiência com adoção de políticas públicas específicas
Com base nos dados anterioriormente demonstrados, ficou evidente a necessidade do poder
público em adotar Políticas que pudessem incentivar, orientar e apoiar iniciativas que
pudessem contribuir para diminuir as desigualdades e pudessem oferecer à população ao
menos a oportunidade de participar deste processo.
Observamos ao longo dos anos o surgimento de novas práticas para o desenvolvimento dos
pequenos negócios. Estima-se que haja cerca de cinco milhões de empresas registradas no
país, das quais 99% são micros e pequenas (MPEs).
Podemos estimar que para cada dois empregos gerados no país, um é oferecido por uma
MPE formalizada. Com tudo isso, ainda há pelo menos 40 milhões de pessoas trabalhando
informalmente no Brasil.
Considerando estas premissas, a questão é: Como intervir em tal realidade? Como estimular
a formalização das empresas e dos autônomos? Como fomentar os pequenos negócios em
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geral? Quais devem ser as ações públicas que propiciem um ambiente mais adequado ao
fortalecimento desses negócios?
Podemos considerar que nossas cidades tratam-se de uma grande malha política. A água que
bebemos, o ar que respiramos, a segurança de nossas ruas, a dignidade de nossos pobres, a
saúde de nossos velhos, a educação de nossos jovens e a esperança para nossos grupos
minoritários, tudo está em estreita ligação com as decisões políticas feitas na Prefeitura, na
Capital do Estado ou no Distrito Federal.
Portanto, podemos pensar a concepção pluralista do interesse público: o que é, quem o
define e como o faz. Seja a defesa dos membros da comunidade, seja a construção de obras
públicas de grande utilidade que nenhuma pessoa individualmente pode realizar; quer se
trate da mudança e da substituição de tradições ou leis que estiveram vigentes por muito
tempo, quer se trate da assistência àqueles que são afetados por desastres naturais ou pelas
catástrofes individuais que importam à vida de todos nós (crises econômicas, desemprego,
crianças abandonadas, doenças, velhice); desde regras para segurança pública (leis de
trânsito e de edificações) até normas para utilização de recursos naturais escassos (ocupação
do solo, preservação ambiental) parece existir um vasto conjunto de valores, direitos,
instituições, em suma, um conjunto de bens públicos reunidos em torno de um objetivo social
ou um propósito comum que consiste na preservação da sociedade e no bem-estar de seus
membros.
Diante deste objetivo fundamental, costuma-se referir que o bem comum ou o interesse
público, a formulação de políticas públicas está intrinsecamente ligada à necessidade de
oferecer os desejados bens públicos e de promover o bem comum da sociedade por meio de
leis e regulamentações, planos de governo e decisões do corpo político.
No século passado, por exemplo, pode-se entender por Políticas Públicas: o conjunto de
decisões e ações de um governo para solucionar problemas que em um dado momento os
cidadãos e o próprio governo de uma comunidade política consideram prioritários ou de
interesse público.
Entretanto, essa definição não nos livra de dificuldades. Como observa o economista Hayek
(1988), um tanto ceticamente: “Não é necessário muito esforço para se perceber que esses
termos [bem comum, interesse público] não estão suficientemente definidos para determinar
uma linha específica de ação”.
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O bem-estar de um povo, assim como a felicidade de um homem, depende de inúmeras coisas
que lhe podem ser proporcionadas numa infinita variedade de combinações.
A tarefa dos dirigentes, portanto, não consiste em suprimir as divergências de opinião e os
conflitos de interesse. Ao contrário, cabe-lhes basicamente assegurar que todos os interesses
particulares (de indivíduos ou de grupos) possam se expressar, tentando harmonizá-los com
a preocupação da eqüidade.
As escolhas políticas representam relações de força, simbolizam valores, não uma solução
ideal alcançada pelos ditames da razão clarividente de um líder. Devemos, contudo, manter
sempre em mente a ambigüidade do conceito de política apontada por Duverger (1981) qual
é, ao mesmo tempo, uma luta dos indivíduos e grupos pelo poder, que os vencedores utilizam
em seu proveito, e um esforço para construir uma ordem social visando ao bem de todos,
segundo sua visão particular.
Desta forma desenvolvemos em Cubatão alguns exemplos, que nos ajudam na implementação
da Agenda 21 Local e a construir a Cubatão que sonhamos.
5.2 Implantação da Política Pública: Benefício do Bom Empreendedor
Pela Lei Municipal nº 3.416, de 18/10/2010, o Poder Executivo instituiu no Município o
Benefício Fiscal do Bom Empreendedor.
O Benefício Fiscal de que trata esta Lei, consiste na concessão de desconto de até 10% (dez
porcento) incidente sobre o valor do tributo, aos contribuintes dos impostos predial e
territorial urbanos que comprovarem ter atendido, no ano fiscal do requerimento, uma ou
mais das seguintes condições:
I - contratação direta através do Posto de Atendimento ao Trabalhador - PAT/Cubatão;
II - contratação do egresso do sistema prisional, residentes no Município;
III - contratação de mulheres, residentes no Município;
IV - contratação de cidadãos residentes no Município, reconhecendo a presente Lei os
convênios firmados com as instituições sem fins lucrativos que tenham por objetivo a
assistência ao adolescente, ao adolescente portador de deficiência e à educação profissional,
registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cubatão, a
título de primeiro emprego;
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V - investimento em formação, capacitação e qualificação de mão de obra de cidadãos
residentes no Município;
VI - investimento em projetos nas áreas de Educação, Cultura, Esporte e/ou Lazer no
Município, inclusive através da Lei Rouanet;
VII - não estar incluído no Cadastro Oficial de Devedores do Município - C.O. D;
VIII - não ter sido autuado pela CETESB;
IX - realizar atividades e/ou desenvolver projetos que atendam os parâmetros de
sustentabilidade previstos na agenda 21; e
X - ter aderido a qualquer programa público de incentivo ao comércio local.
Para efeitos desta Lei, foram ainda estabelecidos critérios para que melhor pudessem ser
aplicados os objetivos desta Política, como, por exemplo, o egresso do sistema prisional:
a) o libertado definitivamente, após cumprimento integral da pena privativa de
liberdade;
b) o desinternado, nos termos do Código Penal;
c) aquele que esteja em gozo de benefício de livramento condicional, durante o período
de prova; e
d) aquele que cumpre pena privativa de liberdade em regime semiaberto ou aberto, nos
termos do Código Penal e Lei de Execução Penal.
Foi criada ainda a Comissão do Bom Empreendedor, composta por 07 (sete) membros e um
secretário, todos nomeados pela Chefe do Poder Executivo, a saber:
a) 1 (um) representante do Gabinete, sendo que este presidirá, com direito a voto;
b) 1 (um) representante da Procuradoria Geral do Município/Secretaria Municipal de
Negócios Jurídicos;
c) 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Finanças;
d) 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Ação de Governo;
e) 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Porto e
Desenvolvimento;
f) 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Planejamento; e
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g) 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Administração.
Após a implementação do IPTU do Bom Empreendedor, verificou-se um aumento
considerável de 86% no número de empregos conquistados pelo PAT de Cubatão.
No primeiro trimestre deste ano, a unidade colocou, em media por dia, 30 pessoas no
mercado de trabalho. Cerca de 2.724 trabalhadores conseguiram emprego por intermédio do
Posto de Atendimento ao Trabalhador - PAT, de Cubatão, o que representou 86,43% a mais
do que o mesmo período de 2010, quando foram encaminhadas 951 pessoas.
Em janeiro, o total de empregados foi de 844, aumentando para 875 em fevereiro e 1.005, em
março. A média diária de encaminhamentos é de 30 trabalhadores.
O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Cubatão no último ano foi, no Estado de
São Paulo, o que mais encaminhou pessoas para o mercado de trabalho. Em 2010, foram
6.933 e, em 2009, 5.408.
Esse programa prioriza a contratação da mão-de-obra local (jovens, mulheres, egressos do
sistema penitenciário, pessoas atendidas em instituições de assistência ao adolescente) e
incentiva o investimento em formação, capacitação e qualificação dos trabalhadores
cubatenses, bem como nas áreas de educação, cultura, esportes e/ou lazer.
Cubatão tem uma história feita de dificuldades. Esta terra, localizada em meio a um dos
ecossistemas mais raros e equilibrados do mundo, acabou fazendo um sacrifício em nome do
desenvolvimento: abrigar um dos parques industriais mais importantes do país, produzindo
energia, aço, elementos essenciais para o crescimento e a soberania do nosso Brasil.
A população aceitou este desafio e sempre trabalhou com muita dignidade, disposição e,
principalmente, dedicação para cumprir esta tarefa e pagou um preço para atendê-la. O
cubatense teve cassado o seu direito de voto, sem poder escolher o prefeito, sem poder
participar das decisões sobre seu destino, sem poder cobrar resultado do governo. Pagou até
com vidas humanas, nas tragédias da Vila Parisi e da Vila Socó, de triste memória.
Mas isso ficou para trás e chegou a hora e a vez de Cubatão. A cidade acaba de completar 62
anos renovada, e, pela primeira vez, utiliza em favor de seu desenvolvimento todos estes
recursos gerados aqui, sendo capaz de transformar em benefícios todas estas dificuldades,
revertendo-as em favor da melhoria da vida da nossa gente.
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Cubatão muda a olhos vistos em conformidade ao que está previsto na Agenda 21 do
Município. Muito já foi conquistado, como os 15 mil novos empregos gerados pelos
programas da Prefeitura, em parceria com a inciativa privada, a redução da mortalidade
infantil, a revolução na educação, com tecnologia a serviço do futuro das crianças, entre
outras. E muito está por se concretizar, como os maiores projetos habitacionais da história,
na Vila Esperança e na Vila dos Pescadores, e o Parque Anilinas, que certamente será
referência para todo o Estado e todos estes projetos constantes na Agenda 21 do município e
que foram inseridos em seu Plano de Governo com verbas especificamente destinadas para
este fim.
6 CONCLUSÕES
Desenvolvimento Sustentável pressupõe que os objetivos econômicos, sociais e ambientais
devem ser objetivados de maneira equilibrada. Cubatão teve um crescimento rápido e
desordenado em torno das indústrias instaladas, sem a preocupação com o meio ambiente,
chegando a ser considerada a cidade mais poluída do Brasil.
Dentro deste cenário, a implementação da Agenda 21 local, se apresenta como uma
ferramenta estratégica ímpar no desenvolvimento e implantação de soluções integradas nas
diversas áreas da gestão municipal com o apoio e participação efetiva dos atores locais.
“Cubatão 2020 a Cidade que queremos!” e é desta forma que estamos construindo,
demonstrando que Políticas Públicas é uma forma de sustentar um Planejamento Estratégico
bem estruturado e consistente em Programas de Excelência em Gestão.
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