Portal Educacional do Estado do Paraná
Proposta N°7755
Situação do OAC: 9
Autor: ISABEL MATTEI
Estabelecimento: HUMBERTO DE A.C.BRANCO, C E - E MEDIO
Ensino: ENSINO MEDIO
Disciplina: LINGUA PORTUGUESA / LITERATURA
Conteúdo: DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL
Cor do conteúdo:
Problematização do Conteúdo
Chamada para a Problematização: "No plano das práticas sociais, a apologia coelhista do individualismo incentiva comportamentos conservadores, quietistas e fatalistas."
Texto:
O foco principal da análise volta-se para a obra O alquimista, de Paulo
Coelho, já que este se tornou o escritor brasileiro mais lido de todos os tempos,
inclusive em países de primeiro mundo.
É comum, no meio escolar, uma rejeição a essas obras, apesar de estarem
presentes no cotidiano escolar. No entanto, da mesma forma que se vê a
necessidade de analisar textos midiáticos, publicitários e outros de senso comum,
com o objetivo de verificar os valores ideológicos que os permeiam, é necessário
analisar obras que compõem esta cultura de massa.
Via de regra, quando professores de Língua Portuguesa referenciam os
livros de Paulo Coelho, em geral, não o fazem de forma positiva. Além de criticá-
lo, sentem-se constrangidos ao reconhecer que leram uma de suas obras ou as
indicaram para leitura, principalmente porque a academia já veiculou uma
imagem de escritor menor. No entanto, poucos desses profissionais apresentam
fundamentação teórica suficiente para tecer as devidas críticas às obras do
escritor em questão, a fim de diferenciá-las das leituras tradicionalmente
veiculadas como literárias pela escola. Quando questionados pelos alunos sobre
as diferenças marcantes entre as obras do autor citado e outras consagradas pela
crítica literária, a maioria dos professores de Literatura da Educação Básica não
consegue pontuar os elementos que estabelecem esta diferença.
Segundo MAESTRI (2001), apesar de ser admirado por muitos como um
grande pensador, passa despercebido o fato de que Gramsci se dispôs a
investigar, quando preso, a literatura folhetinesca com o objetivo de produzir um
ensaio sobre o “gosto popular na literatura”, a fim de buscar respostas a respeito
do sucesso desse tipo de leitura, das necessidades que satisfaz e dos elementos que
a compõem para agradar tanto.
Através deste estudo, pretende-se perceber os elementos que compõem um
tipo de leitura presente no cotidiano escolar e excluída do rol de textos
trabalhados nas instituições de ensino. Tais livros, chamados de best-sellers,
literatura de massa ou de consumo, carregam características marcantes, que
envolvem, principalmente, elementos de trivialidade, esoterismo e auto-ajuda,
buscando atender o maior número possível de consumidores. Para isso, repetem
estruturas específicas que visam à manutenção do sistema vigente.
Numa sociedade capitalista, na qual valores como o consumismo e o
individualismo estão marcadamente presentes, a literatura de consumo se
estabelece para reproduzir cada vez mais esses valores.
A busca incessante pelo prazer, também marcante nesta sociedade, incitou
discussões relacionadas ao prazer da leitura. Muitas foram as produções
acadêmicas que discutiram tal questão, objetivando o incentivo à leitura, já que
esta se apresentava como marca cultural enfraquecida. A partir da segunda
metade do século XX, observou-se um crescimento de obras caracterizadas como
literatura de mero entretenimento, principalmente nas áreas de auto-ajuda e
esoterismo, desde publicações em forma de manuais que ensinam a conduzir a
vida em busca da satisfação até de romances que se baseiam nos mesmos
propósitos.
A literatura de auto-ajuda surge, pois, como uma das respostas passíveis
do indivíduo enfrentar problemas característicos da modernidade. A origem do
conceito de auto-ajuda data do século XIX, quando Samuel Smiles associou tal
conceito a valores morais do indivíduo, o qual teria satisfação individual à
medida que cumprisse seu dever na sociedade.
Conforme assinala Rüdiger (1996: 48), a referida literatura propunha
uma condução de vida baseada “no exercício produtivo de uma profissão, no
cultivo de virtudes morais e no comprometimento da responsabilidade pessoal
com o progresso geral da sociedade.”
Com o surgimento de uma nova psicologia, no início do século XX – o
Novo Pensamento –, abandonou-se o conceito inicial de auto-ajuda – “formação
de um bom caráter, (...) cumprimento dos deveres por parte do indivíduo” – e
passou-se a entendê-la como algo capaz de “confeccionar uma personalidade
agradável, construir o chamado poder pessoal, providenciar a formação de um
indivíduo carismático” (RÜDIGER, 1996: 72)
O Novo Pensamento, verdadeiro movimento de auto-ajuda, foi um fenômeno cultural de classe média, apoiado por formidável máquina de ensino e propaganda, que se propunha a desenvolver o chamado potencial humano e se originou da reinterpretação pragmática dos conceitos mentalistas propostos em circulação no final do século passado [XIX] por uma série de filósofos populares e publicistas, na esteira do surto de religiões mindcure verificado no mesmo período. O programa pretendia, em resumo, difundir os segredos do sucesso, da saúde mental e da realização pessoal entre a população, ensinando como fazer da relação consigo mesmo (o self) o campo de aplicação prática de um conjunto de técnicas subjetivantes, baseadas no suposto poder da mente. (RÜDIGER, 1996: 72-73)
Desse modo, chegou-se ao conceito de auto-ajuda modernamente
difundido: um conjunto de obras que busca ensinar a desenvolver capacidades
objetivas ou subjetivas no indivíduo, através de fórmulas padronizadas, baseadas
nos poderes interiores individuais, visando à satisfação de interesses também
individuais.
Atualmente, esse gênero é formado, principalmente, por manuais e
fórmulas com ensinamentos voltados ao sucesso e realização pessoal, através da
conquista de riqueza e poder. Mas não é só isso: fazem parte dele, também,
narrativas que, da mesma forma, preocupam-se em aliviar momentaneamente as
tensões da existência, apresentando fórmulas simplistas de superação de
incômodos e busca da felicidade.
A proposta não deixa de ser contraditória, uma vez que, com vistas à
supervalorização de méritos individuais, apresenta soluções massificadas (porém,
não coletivas), como se todos se submetessem às mesmas condições de vida e
passassem pelos mesmos problemas.
Além de marcas de auto-ajuda, encontram-se, principalmente nas
narrativas, outros elementos característicos da chamada literatura de massa ou
de mercado, que valem ser analisados criticamente em obras desse tipo, dentre os
quais, a trivialidade.
A narrativa trivial, através das suas diversas formas de publicação,
caracteriza-se pela repetição de esquemas e reprodução de conceitos
estereotipados que servem ao sistema vigente. Kothe (1994: 10-11) discute as
características desse tipo de narrativa, que, “através de variados veículos (...)
reitera sempre um esquema ético à base de estereótipos, sem jamais realmente
aprofundar o que aí se considera bem e mal.”
Apesar de variações nas estruturas superficiais, a estrutura profunda das
narrativas triviais permanece a mesma.
Há, nessas narrativas, um incentivo ao individualismo e ao consumo,
indicando que é possível transpor barreiras, inclusive sociais, através de atitudes
individuais, ou seja, todos têm capacidade de ascender socialmente, desde que,
para isso, lutem, utilizando-se de suas capacidades individuais.
Essas estórias triviais, tão inocentes na aparência, parecendo tão longe de qualquer preocupação de natureza social e política, são profundamente ideológicas, são as menos inocentes, são as mais “politizadas”: são veículos de transmissão dos valores da classe dominante para a classe dominada. (KOTHE, 1981: 162)
São motivos que fazem com que essas narrativas não sejam Arte
justamente a repetição de clichês e a falta de questionamento sobre o que está
socialmente convencionado.
Nesse sentido, é importante esclarecer as diferenças literárias marcantes
entre cultura de massa e cultura de proposta, desde questões relacionadas ao
modo de construção dessas obras culturais até os valores morais que elas
reproduzem ou questionam.
Segundo Paes (1990: 25-26), o primeiro diferencial entre os dois tipos de
obras é a originalidade. Enquanto a cultura de massa se caracteriza pela
repetição dos recursos de efeito, a cultura de proposta é marcada justamente pela
utilização de recursos expressivos originais. O segundo critério de diferenciação é
o esforço exigido na leitura. Objetivando a venda do que produz,
a cultura de massa se preocupa em poupar-lhes [aos consumidores] no ato de consumo, maiores esforços de sensibilidade, inteligência e até mesmo atenção ou memória. Para tanto, reduz a representação artística dos valores a termos facilmente compreensíveis ao comum das pessoas e os conflitos entre esses valores à dinâmica de um faz-de-conta que não chega a perturbar a cômoda digestão do pitoresco, do sentimental, do emocionante ou do divertido. Já a cultura de proposta não só problematiza todos os valores como também a maneira de representá-los na obra de arte, desafiando o fruidor desta a um esforço de interpretação que lhe estimula a faculdade crítica em vez de adormecê-la. (PAES, 1990: 26)
Ou seja, enquanto uma visa ao mero entretenimento do leitor, sem
questionar sua realidade, a outra busca problematizar e aprofundar questões
relativas a essa realidade.
Analisar obras que pertencem à cultura de massa é uma tarefa para a
escola, uma vez que é uma forma de perceber sua ideologia e sua estrutura e, a
partir dessas leituras, levar o educando às leituras mais elaboradas, de modo que
ele possa compreender satisfatoriamente tanto a cultura de massa quanto a
cultura de proposta. Essa capacidade poderá proporcionar-lhe ou “uma
excitação de tipo altamente especializada” – cultura de proposta – ou “uma
forma de entretenimento capaz de veicular uma categoria de valores específica.”
– cultura de massa. (ECO, 2006: 58)
No âmbito da literatura de Paulo Coelho, as narrativas, via de regra,
caminham entre os estereótipos típicos da auto-ajuda e do esoterismo, resgatando
uma série de leitores e valendo-se, como afirma Maestri (1999), das “verdades”
essenciais do senso comum:
Os livros coelhistas procuram animar, iluminar e anestesiar o universo, vivencial ou existencial, pobre e triste, dos leitores, veiculando conteúdos espiritualistas, ecologistas e naturalistas sob a forma de máximas e recomendações psicologizantes e comportamentais, habitualmente encontrados em livros de auto-ajuda, revistas femininas ou convites de formaturas. (MAESTRI, 1999: 66)
Em O alquimista, de Paulo Coelho – considerada pela crítica sua principal
obra e, também, uma das mais conhecidas –, percebe-se claramente a presença
dos elementos supraciados, ou seja, consegue-se identificar claramente nesta e em
outras obras do autor marcas de trivialidade, auto-ajuda e esoterismo.
A trivialidade, bastante presente na obra, pode ser percebida no conjunto
de elementos que compõem a narrativa: marcas lingüísticas e ideológicas.
Em relação à linguagem, percebe-se, em sua organização, características
que levam à facilidade de leitura: períodos na ordem direta, simplicidade de
recursos e vocabulário, linearidade do texto, períodos curtos. É um tipo de leitura
que não gera qualquer dificuldade de compreensão, o que atrai um público leitor
não habituado ao contato com narrativas mais densas.
Além disso, percebe-se, nessa obra, principalmente nas edições anteriores
à 1ª reimpressão, um desleixo em relação ao uso da norma padrão. Não há um
critério de utilização desses elementos, ou seja, os desvios em relação à norma
padrão não parecem ser utilizados como recurso de estilo para contribuir com o
conteúdo ou com a estrutura da obra; tanto é que, a partir da 1ª reimpressão,
houve uma revisão, corrigindo muitos desses desvios. Às vezes, aparecem no
discurso direto dos personagens e, às vezes, no discurso do narrador.
“No dia seguinte, haviam dois mil homens armados... mas haviam armas
escondidas sobre os mantos brancos” (p. 177) *
“No dia seguinte, havia dois mil homens armados... mas haviam armas
escondidas sobre os mantos brancos ” (p.129 – 1ª reimpressão)
“Se a gente não for como elas esperam ficar, chateadas” (p.40)
“Se a gente não for como elas esperam, ficam chateadas” (p. 32 – 1ª
reimpressão)
“Quando a gente vê sempre as mesmas pessoas – e isto acontecia no
seminário – terminamos fazendo com que elas passem a fazer parte de nossas
vidas.” (p. 32 – 1ª reimpressão)
“Há dois dias atrás você disse que eu nunca tive sonhos de viajar...” (p. 69 –
1ª reimpressão)
Há, ainda, presença marcante, na obra, de clichês e frases óbvias:
“Com a menina de cabelos negros, os dias nunca seriam iguais” (p.20)
“Temos que estar sempre preparados para as surpresas do tempo” (p. 23)
“Compre seu rebanho e corra o mundo até aprender que nosso castelo é o
mais importante, e nossas mulheres são as mais belas.” (p.24)
“As coisas simples são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-
las.” (p.30)
“... e que já a amava antes mesmo de saber que ela existia...” (p. 112)
“Ela já encontrou seu tesouro: você” (p.136)
“E imediatamente sentiu paz no seu coração.”(p. 138)
“Se você conhece o Amor, conhece também a Alma do Mundo, que é feita de
Amor.” (p. 166)
Além dos elementos lingüísticos, a estrutura da narrativa repete esquemas
típicos da narrativa trivial: o bom sempre vence; o mérito individual – o herói
(Santiago) que, ajudado pelo destino, transpõe barreiras através de atitudes
individuais, mantendo o estabelecido pelo sistema e pela ordem vigente; e o
incentivo ao consumismo (aspiração à riqueza).
“Lá você encontrará um tesouro que lhe (sic) fará rico.” (p. 30)
“Tinha que pensar apenas no seu tesouro, e a maneira de consegui-lo.” (p.
50)
“... e o rapaz sabia que o dinheiro era mágico: com ele ninguém jamais está
sozinho.”
“... e ele pensava como ia ficar rico, e como ia ter belas mulheres em sua
velhice.” (p.60)
Fazem parte, também, dessa reprodução das convenções elementos que
valorizam a moral machista. Fátima é uma mulher submissa que aceita a
tradição e espera seu homem, conforme as normas impostas pela tribo. A
possibilidade de viagem, transgressão e mudança sempre faz parte do mundo
masculino.
“...o Amor nunca impede um homem de seguir sua Lenda Pessoal...” (p.137)
“Meu pai um dia partiu, mas voltou para minha mãe, e continua voltando
sempre.” (p. 140)
“Haveria de mandar seus beijos pelo vento, na esperança de que ele tocasse
o rosto do rapaz, e lhe contasse que estava viva, esperando por ele, como uma
mulher espera um homem de coragem, que segue em busca de sonhos e tesouros.”
(p. 140-141)
Mantendo a mesma linha de análise, são visíveis, na obra, as marcas de
auto-ajuda e esoterismo, já que esses pensamentos representam o senso comum e
as convenções, sugerindo caminhos que não partem de uma reflexão sobre a
realidade, mas de uma forma de anestesiar os problemas individuais imediatos
através de méritos e soluções também individualistas.
“A grande comunhão entre a ficção coelhista e o ensaísmo de auto-ajuda é
a compreensão/interpretação individualista do mundo e a negação da razão e da
ação sociais como possibilidades de transformar esse mundo. Ambos possuem
forte conteúdo quietista e socialmente desmobilizador. Para a ficção coelhista e a
auto-ajuda, é através da galvanização de forças individuais, interiores, e da
submissão do ser social à realidade, tal como se apresenta, isto é, à atual ordem
capitalista, que o indivíduo alcança seus objetivos, logicamente pragmáticos,
individualistas, hedonistas e egoístas.” (MAESTRI, 1999)
Em O alquimista, estão claros vários clichês desta vertente, que fortalecem
o senso comum e as estruturas dominantes de pensamento: vivenciar a lenda
pessoal, o universo conspira a seu favor, sinais que devem ser lidos, a pedra
filosofal, a alquimia e a alegoria do romance: o tesouro está dentro de você.
“Chama-se Princípio Favorável, sorte de principiante. Porque a vida quer
que você viva sua Lenda Pessoal” (p. 68)
“Nunca desista dos seus sonhos. (...) Siga os sinais” (p.77)
“Diziam que ele tinha mais de duzentos anos, que havia descoberto a Pedra
Filosofal e o Elixir da Longa Vida.” (p. 82)
“Aprendi que muitos alquimistas viveram sua Lenda Pessoal e terminaram
descobrindo a Alma do Mundo, a Pedra Filosofal, o Elixir.” (p. 99)
“Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar.” (p. 138)
“Aí, neste lugar onde você está, eu também tive um sonho repetido há quase
dois anos atrás (sic). Sonhei que devia ir até os campos da Espanha, buscar uma
igreja em ruínas onde os pastores costumavam dormir com suas ovelhas, e que
tinha um sicômoro crescendo dentro da sacristia, se eu cavasse na raiz deste
sicômoro, haveria de encontrar um tesouro escondido.” (p. 180)
“Lembrou-se que (sic) certa vez havia estado ali com suas ovelhas (...)” (p.
181)
“O voluntarismo aparentemente otimista, expresso pela ficção coelhista
(...) constitui um apelo à submissão à ordem social constituída, apresentada como
imune às modificações sociais profundas” (MAESTRI, 1999: 107)
Portanto, a obra citada diferencia-se da literatura de proposta justamente
por, ao contrário desta, reproduzir a ordem vigente, manter o status quo, não
enriquecer a consciência, reproduzindo o senso comum.
“Quem escreve dessa forma comete a grande malvadeza de associar-se aos
que surrupiam de grande contingente da sociedade a chance de desenvolver uma
consciência crítica da complexidade e das contradições da realidade, primeiro
passo para, através de movimentos coletivos de reivindicação de cidadania,
modificar essa mesma realidade.” (ANDRADE, 2004: 69-70)
*Neste OAC, as citações de fragmentos referentes à obra O Alquimista, de Paulo Coelho,
serão referenciadas apenas com o número da página.
Referências:
COELHO, Paulo. O alquimista. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006. ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. KOTHE, Flávio René. A narrativa trivial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994. MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999. PAES, José Paulo. A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. PARANÁ (Estado). Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica. Curitiba: MEMVAVMEM Editora, 2006. RÜDIGER, Francisco Ricardo. Literatura de auto-ajuda e individualismo: contribuição ao estudo da subjetividade na cultura de massa contemporânea. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS, 1996.
Investigação Disciplinar
Título: Cultura de massa X Cultura de proposta
Texto:
Que elementos, basicamente, diferenciam a cultura de massa (literatura
de entretenimento) e a cultura de proposta (designação de Umberto Eco cujo
sentido equivale à cultura erudita)?
Segundo PAES (1990: 25), a melhor maneira de estabelecer esta diferença
é enumerando alguns critérios que caracterizam um e outro tipo de cultura. Ele
apresenta, basicamente dois critérios de diferenciação:
CULTURA DE PROPOSTA CULTURA DE MASSA
Originalidade
“As obras da cultura de proposta nos
oferecem, cada uma delas, uma visão de
Banalização/repetição
“A fim de satisfazer ao maior número
possível de seus consumidores, as obras
mundo singular e inconfundível”
dessa cultura se abstêm de usar recursos
de expressão que, por demasiado
originais ou pessoais, se afastem do
gosto médio, frustrando-lhe as
expectativas. Daí que ela se limite, na
maioria dos casos, ao uso de recursos de
efeito já consagrados, mesmo arriscando-
se a banalizá-los pela repetição.”
Esforço: “(...) a cultura de proposta não
só problematiza todos os valores como
também a maneira de representá-los na
obra de arte, desafiando o fruidor desta a
um esforço de interpretação que lhe
estimula a faculdade crítica em vez de
adormecê-la.”
“(...) a cultura de massa se preocupa em
poupar-lhes [aos consumidores], no ato
de consumo, maiores esforços de
sensibilidade, inteligência e até mesmo
atenção e memória”
Referências:
ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.
PAES, José Paulo. A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
Perspectiva Interdisciplinar
Título: Causas históricas da expansão da auto-ajuda
Texto:
Analisar as causas históricas que transformaram a literatura de auto-
ajuda e esotérica em impressionante fenômeno editorial e econômico na última
metade do século XX.
Título: Arte erudita, arte popular e a indústria cultural
Texto:
Relacionar a diferenciação entre a literatura de mero entretenimento e a
literatura de proposta com a distinção similar em outras formas de expressão
artística, conforme proposta de trabalho com os alunos prevista nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Paraná (Arte/Artes, p. 24). Este
documento apresenta, como elementos fundamentais do trabalho pedagógico na
disciplina, as três principais formas de como a arte é produzida e disseminada na
sociedade contemporânea: arte erudita, arte popular, a indústria cultural.
Título: Sociologia: incentivo ao individualismo
Texto:
Perceber as influências do conteúdo da obra analisada ou de obras
similares nas relações em sociedade.
MAESTRI (1999: 106) já indica algumas análises possíveis: “No plano das
práticas sociais, a apologia coelhista do individualismo incentiva comportamentos
conservadores, quietistas e fatalistas. Em nível das representações ideológicas,
expressa o profundo isolamento social objetivo do homem moderno, atomizado,
alienado, reificado por uma sociedade que o organiza apenas como consumidor e
produtor de mercadorias e o descarta, inexoravelmente, quando perde esses
atributos.”
Referência: MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999.
Contextualização
Título: A literatura de entretenimento e a sociedade capitalista
Texto:
Numa sociedade capitalista, na qual valores como o consumismo e o
individualismo estão marcadamente presentes, a literatura de consumo se
estabelece para reproduzir cada vez mais esses valores.
A busca incessante pelo prazer, também marcante nesta sociedade, incitou
discussões relacionadas ao prazer da leitura. Muitas foram as produções
acadêmicas que debateram tal questão, objetivando o incentivo à leitura, já que
esta se apresentava como marca cultural enfraquecida.
A partir da segunda metade do século XX, observou-se um crescimento
de obras caracterizadas como literatura de mero entretenimento, principalmente
nas áreas de auto-ajuda e esoterismo, desde publicações em forma de manuais
que ensinam a conduzir a vida em busca da satisfação até de romances que se
baseiam nos mesmos propósitos.
Sítio
Título do Sítio: O bruxo veste fardão
Disponível em (endereço web): http://www.lainsignia.org/2002/agosto/cul_013.htm
Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008
Comentários: Este site apresenta um comentário do professor Mário Maestri sobre o ingresso do autor Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras, além de uma análise dos aspectos gerais que compõem a obra deste autor.
Título do Sítio: Fórmulas simplistas "empobrecem" livros de auto-ajuda
Disponível em (endereço web): http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u3447.shtml
Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008
Comentários: Este link dá acesso a uma reportagem de Iara Biderman, free-lance para a Folha de São Paulo, intitulada “Fórmulas simplistas ‘empobrecem’ livros de auto-ajuda”. Nela são apresentadas algumas características da literatura de auto-ajuda, bem como os elementos por ela explorados.
Título do Sítio: A marca do Coelho
Disponível em (endereço web): http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11172
Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008
Comentários: Neste site, são apresentadas diversas opiniões de escritores e críticos literários a respeito das publicações de Paulo Coelho, procurando responder a alguns questionamentos que intrigam principalmente os professores de Literatura: “Paulo Coelho escreve bem? Se o sucesso não é sinal de qualidade, o que o torna um autor bom ou fraco? Se livros de auto-ajuda há aos quilos, o que o distingue do feijão-com-arroz da para literatura (sic)? Qual, enfim, o segredo "retórico" de Paulo Coelho?”
Sons e Vídeos
Categoria: Vídeo
Título: The Secret (br / pt: O segredo)
Direção: Drew Heriot
Produtora:
Duração (hh:mm): 01:32
Local da Publicação: Austrália
Ano: 2006
Disponível em (endereço web):
Comentário:
Vários livros de auto-ajuda foram adaptados para o cinema. Um dos mais
recentes lançado em DVD é o filme O segredo, inspirado na obra homônima
escrita por Rhonda Byrne (BYRNE, Rhonda. O segredo. Rio de Janeiro: Ediouro,
2007). “The Secret (br / pt: O segredo) é um filme em formato documentário
áustralo-estadunidense de 2006, produzido pela Prime Time Productions e
dirigido por Drew Heriot.”
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Secret_(2006) (Acessado em: Fev/2008)
Disponível no acervo de: Vídeo Locadora
Categoria: Vídeo
Título: O alquimista
Direção: Lawrence Fishburne
Produtora:
Duração (hh:mm): 00:00
Local da Publicação:
Ano:
Disponível em (endereço web):
Comentário:
O escritor Paulo Coelho vendeu os direitos autorais a produtoras de
cinema de três de suas obras: Veronika decide morrer, O alquimista e Onze
minutos.
”O primeiro é uma produção norte-americana e tem direção de Emily Young e
Kate Bosworth, de Superman Returns, no papel principal. O filme, com estréia
prevista para o ano que vem, conta a história de uma mulher que é internada
depois de tentar suicídio. Na instituição, recebe a notícia de que uma doença
trará para ela poucos anos de vida, decidindo, a partir de então, transformar seu
cotidiano e lutar contra a morte iminente. O livro foi lançado em 1998.”
“O Alquimista contará com Lawrence Fishburne na direção e no elenco.
Com estréia prevista para 2009, leverá (sic) para os cinemas a saga do jovem
Santiago em busca de um tesouro nas pirâmides do Egito.”
“Onze Minutos está nas prateleiras desde 2003. Nos cinemas, porém, deve
chegar somente em 2009 em outra produção estadunidense. Ainda sem
informações concretas sobre quem dirigirá a produção e sem a definição de quem
viverá a protagonista, o que se sabe é que o roteiro já está finalizado, escrito pelo
próprio Paulo Coelho em parceira com Marcos Bernstein. O enredo revela um
plano para enganar uma mulher, que, sem saber, foi levada para a Europa para
trabalhar como prostituta. A jornada, porém, guarda algumas surpresas para a
personagem.”
Fonte:
http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/iframe/channel_noticias.asp?id=11&cd_city=37&cd_ne
ws=31424 (Acessado em: Fev/2008)
Proposta de Atividades
Título: Literatura de massa X Literatura de proposta
Texto:
A partir de análise comparativa entre uma obra tradicionalmente
veiculada como literária pela escola e O alquimista, explicitar, a partir dos
elementos que caracterizam cada um dos tipos de obras (massa e proposta), os
principais traços que as diferenciam.
Título: Auto-ajuda e esoterismo: presença cotidiana
Texto:
A partir da contextualização histórico-social do surgimento e
disseminação de publicações na área de auto-ajuda e esoterismo, analisar slides
que circulam pela internet que apresentam claramente os elementos constituintes
dessas publicações.
Título: Análise de O alquimista, de Paulo Coelho
Texto:
Contextualizando historicamente os elementos que estruturam a obra,
analisar O alquimista, observando marcas de trivialidade, auto-ajuda e
esoterismo, além do desleixo com as normas da língua padrão.
Imagens
Comentários e outras sugestões de Imagens:
Apesar de sua formação católica e das freqüentes referências a trechos
bíblicos e outros símbolos do catolicismo e do cristianismo, Paulo Coelho, em suas
obras, mescla estes com outros elementos e rituais do ocultismo e do islamismo.
A esse respeito, MAESTRI (1999: 86) afirma que “Na literatura coelhista,
sempre houve uma clara tentativa de fundir crenças esotéricas com o cristianismo
conservador”
Referência: MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999.
Sugestão de Leitura
Categoria: Livro
Sobrenome: Kothe
Nome: Flávio René
Título do Livro: A narrativa trivial
Edição:
Local da Publicação: Brasília
Editora: Editora Universidade de Brasília
Disponível em (endereço WEB):
Ano da Publicação: 1994
Comentários:
Nesta obra, o autor procura mostrar as características da narrativa trivial
e os gêneros que a compõem.
Categoria: Livro
Sobrenome: Maestri
Nome: Mário
Título do Livro: Por que Paulo Coelho teve sucesso
Edição:
Local da Publicação: Porto Alegre
Editora: AGE
Disponível em (endereço WEB):
Ano da Publicação: 1999
Comentários:
Mário Maestri, neste livro, ressalta a necessidade de análise de uma obra
que atraiu milhões de leitores em todo o mundo, especialmente os jovens. Aponta
os recursos narrativos utilizados pelo autor nas principais obras, além de motivos
ideológicos que o levaram a tamanho sucesso.
Categoria: Livro
Sobrenome: Rüdiger
Nome: Francisco Ricardo
Título do Livro: Literatura de auto-ajuda e individualismo: contribuição ao estudo da subjetividade na cultura
Edição:
Local da Publicação: Porto Alegre
Editora: Editora Universidade/UFRGS
Disponível em (endereço WEB):
Ano da Publicação: 1996
Comentários:
O autor traça um panorama histórico da literatura de auto-ajuda,
explorando suas origens e as causas de sua expansão no século XX, além de
analisar o conteúdo de algumas obras do gênero e outros elementos que
propiciam a compreensão dos motivos que proporcionaram a esse conjunto de
textos a explosão editorial.
Categoria: Livro
Sobrenome: Coelho
Nome: Paulo
Título do Livro: O alquimista
Edição:
Local da Publicação: São Paulo
Editora: Planeta do Brasil
Disponível em (endereço WEB):
Ano da Publicação: 2006
Comentários:
Obra analisada no trabalho.
Notícias
Categoria: Jornal on-line
Sobrenome:
Nome:
*Título da Notícia/Artigo: Mãe de Ingrid Betancourt faz apelo ao escritor Paulo Coelho
*Nome do jornal: Folha Online
Disponível em (endereço WEB):
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u354500.shtml
*Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008
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13/12/2007 - 09h18 da Folha Online
A família da ex-presidenciável colombiana Ingrid Betancourt, mantida em
cativeiro pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há mais de
cinco anos, fez um apelo ao escritor Paulo Coelho para que ele se manifeste em
defesa de uma solução para libertar sua filha, informa a colunista Mônica Bergamo
em reportagem na Folha de S.Paulo de hoje (conteúdo exclusivo para assinantes do
jornal e do UOL).
Yolanda Pulecio, mãe de Betancourt, mandou o recado ao escritor por meio
do jornalista Fernando Morais. A expectativa é que Coelho se manifeste em breve.
No começo deste mês, Yolanda chegou também a pedir a ajuda ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo brasileiro para que intervenham em favor de
sua filha.
Ingrid foi seqüestrada no dia 23 de fevereiro de 2002, durante suas
campanhas para a Presidência da República.
No final de novembro, o governo colombiano apreendeu as provas de vida de
16 reféns --inclusive as de Betancourt. Foi a primeira evidência desde 2003 de que
Ingrid continua viva.
Entre as provas de vida da ex-presidenciável estava uma carta de 12 páginas
enviada à sua mãe em que ela conta o desespero dos reféns.
"Aqui vivemos mortos", disse Ingrid, sobre o estado dos reféns na selva
colombiana. "A vida aqui não é vida, é um desperdício lúgubre de tempo". Ao
tomar conhecimento da carta, Yolanda pediu à filha para não perder a esperança.
Yolanda diz nunca ter duvidado de que sua filha estivesse viva.
A libertação de Betancourt foi um dos principais assuntos na posse da
presidente argentina, Cristina Kirchner, na última segunda-feira, e é prioridade do
governo da França, já que ela também possui nacionalidade francesa.
Categoria: Jornal on-line
Sobrenome:
Nome:
*Título da Notícia/Artigo: ONU nomeia Paulo Coelho Mensageiro da Paz
*Nome do jornal: Folha Online
Disponível em (endereço WEB):
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u330388.shtml
*Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008
Comentários:
21/09/2007 - 15h46 da Efe
A ONU nomeou hoje o escritor Paulo Coelho seu novo Mensageiro da Paz,
ao lado da princesa jordaniana, Haya, do maestro argentino-israelense Daniel
Barenboim e do violonista americano Midori Goto. O anúncio foi feito durante a cerimônia de comemoração do Dia
Internacional da Paz na sede da ONU, em Nova York, e foi presidida pelo
secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon. O secretário esteve acompanhado de três dos Mensageiros da Paz das Nações
Unidas, o Prêmio Nobel de Paz Elie Wiesel, o ator Michael Douglas e a bióloga
britânica Jane Goodall. Ban declarou que a preservação da paz é a responsabilidade principal da
ONU, que atualmente tem destacados mais de 100 mil capacetes azuis e pessoal civil
em missões no mundo todo. "O trabalho em favor da paz é vital, mas não é fácil. De fato, em várias
comunidades no mundo a paz é uma meta que não se consegue alcançar. Dos
campos de refugiados de Chade e Darfur aos becos de Bagdá, a busca da paz está
cheia de derrotas e sofrimento", acrescentou. Ban afirmou em comunicado que escolheu Paulo Coelho por ter sido um
ativista político desde sua juventude em favor das classes mais pobres de seu país, e
que com sua obra promoveu o diálogo entre diferentes culturas. "Aceito com gosto esta responsabilidade e me comprometo a fazer o máximo
para melhorar o futuro desta e das próximas gerações", apontou o escritor
brasileiro em sua mensagem. Os Mensageiros da Paz são designados pessoalmente pelo secretário-geral
das Nações Unidas, com base em seu trabalho em campos como artes plásticas,
literatura ou esporte, e seu compromisso de colaborar com os objetivos da ONU. Entre as personalidades designadas como Mensageiros da Paz está o
falecido tenor italiano Luciano Pavarotti. O Dia Internacional da Paz foi estabelecido em 1981 pela ONU como uma
celebração anual de cessar-fogo e não-violência em nível mundial.
Destaques
Título: A participação de Paulo Coelho nas transformações sociais dos anos 70
Fonte: Por que Paulo Coelho fez sucesso
Texto:
No prefácio de O alquimista, Paulo Coelho diz que se dedicou, por muito
tempo, ao estudo de alquimia.
“Era uma época de grandes transformações sociais – o começo dos anos 70
– e não havia ainda publicações sérias a respeito de Alquimia.” (p. 9)
Nesta “época de transformações”, enquanto alguns se dedicavam ao
misticismo alienado – juventude mística, alienada e despolitizada (grupo do qual
o autor em questão fazia parte) – , outros combatiam a ditadura militar através
de movimentos sociais. Aqueles liam os “anestesiantes romances de Carlos
Castañeda, com bruxos mexicanos e histórias de magias” e estes se dedicavam à
leitura de “livros como A história da Revolução Russa, de Leon Trotsky; O diário,
de Guevara, e A revolução brasileira, de Caio Prado Júnior, que propunham a
transformação da realidade social.” (MAESTRI, 1999: 40)
“Juventude militante e juventude esotérica foram dois segmentos da
geração brasileira de 68, o primeiro majoritário e barulhento, o segundo
minoritário e silencioso, que se mantiveram com escassos ou praticamente
nenhum contato, já que viviam em mundos paralelos, se não antagônicos”
(MAESTRI, 1999: 40)
Principalmente a partir de 1971, houve um crescimento significativo do
esoterismo, devido à derrota da esquerda militante, que pôs fim a praticamente
todos os movimentos operários e estudantis e provocou uma expansão “dos
bruxos, dos vegetarianos e dos naturalistas. Esse refluxo das lutas sociais deu
lugar a verdadeiro mercado da alienação.” (MAESTRI, 1999: 40-41)
“O movimento místico-comportamental alternativo proposto na época
constituía um derivativo à militância política, que se impôs, devido à profunda
derrota do movimento social. Sua pseudo-radicalidade espiritualista e
comportamental – música, droga, espiritualismo, hedonismo, etc. – apenas
escondia seu caráter conservador e o bom negócio que constituiu para artistas e
empresas fonográficas.” (MAESTRI, 1999: 41)
As observações de Mário Maestri - destacando a participação alienada de
Paulo Coelho no contexto dos anos 70 - contrastam, de forma irônica, com a
premiação atribuída pela ONU ao romancista. Certamente, a penetração literária
de Paulo Coelho em diferentes países do mundo e a forma neutra com que
interage com as diversas culturas permitem nomeá-lo "Mensageiro da Paz".
ONU nomeia Paulo Coelho por seu “ativismo político” DAEFE
O escritor brasileiro Paulo Coelho foi nomeado ontem, junto com mais três
personalidades internacionais, Mensageiro da Paz da ONU. A nomeação foi feita
pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, em cerimônia na sede da ONU em
Nova York. Os outros três novos mensageiros são o maestro israelo-argentino Daniel
Barenboim, a violinista nipo-americana Midori Goto e a princesa Haya, da
Jordânia – única que foi à cerimônia. Em nota, Ban afirmou que o autor de “O Alquimista” foi laureado por ter
sido “desde jovem um ativista político em prol das classes mais pobres de seu país” e
por promover “o diálogo entre as culturas”. (Folha de São Paulo/22 set 2007)
Paraná
Título: A auto-ajuda e os programas de capacitação da SEED/PR (Gestão 1995/1998)
Texto:
No Estado do Paraná, a Secretaria de Estado da Educação, na gestão
1995/1998, baseou-se em princípios da auto-ajuda na formação de professores e
gestores. Em 1995, o Seminário de Educação Avançada, capacitação de caráter
obrigatório, foi organizado de modo a atingir o maior número possível de
profissionais da educação. A partir de 1996, o curso passou a chamar-se
Seminário de Atualização e Motivação. O que prevaleceu nesses cursos foi a ótica
empresarial, que utilizava tais recursos para controlar o corpo e a mente de seus
funcionários, objetivando o aumento da produtividade.
Segundo análise proposta por Lice Helena Ferreira, na dissertação de
mestrado (UFPR) Os mecanismos de controle da organização capitalista
contemporânea na gestão escolar pública paranaense (1995-2002), a auto-ajuda
“foi trabalhada de forma articulada com a auto-estima, com uma visão de futuro
e com a inteligência emocional, no sentido de uma necessidade psicológica e
profissional para a criação de uma ‘disposição interna’ da pessoa, a fim desta se
adaptar a um mundo cada vez mais complexo, desafiador e competitivo. Dessa
forma, a elevação da auto-estima, qualidade de vida e de relacionamentos,
fixação de objetivos exigentes e uma visão de futuro ‘energizante e significativa’,
são pressupostos para o sucesso pessoal e profissional.” (p.132)
Da mesma forma que as publicações do gênero transferem para o
indivíduo a responsabilidade pelo seu sucesso ou fracasso, este trabalho de
capacitação desenvolvido pelo Estado do Paraná transferia para cada escola a
responsabilidade de alcançarem ou não o sucesso, a qualidade.
Fonte:
FERREIRA, Lice Helena. Os mecanismos de controle da organização capitalista contemporânea na gestão escolar pública paranaense (1995-2002). Dissertação (Mestrado) – Setor de Educação – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006. Disponível em http://www.nupe.ufpr.br/lice.pdf. (Acessado em: Fev/2008)
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