11
Universidade federal do rio grande do norte
Centro de tecnologia
Curso de arquitetura e urbanismo
Trabalho final de graduação
PORTO PIATÓ
UMA REQUALIFICAÇÃO URBANA
12
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.
Souza, Carolina Santos de.
Porto Piató: uma requalificação urbana / Carolina Santos de Souza. – Natal, RN, 2016.
67f. : il.
Orientador: José Augusto de Oliveira Carvalho.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia.
Departamento de Arquitetura.
1. Planejamento urbano – Monografia. 2. Requalificação urbana – Monografia. 3. Porto Piató –
Assú/RN – Monografia. I. Carvalho, José Augusto de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
III. Título.
CDU 711.4
13
CAROLINA SANTOS DE SOUZA
ESTUDO PRELIMINAR
REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA DA
COMUNIDADE DO PORTO PIATÓ E SEU
ENTORNO
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, no semestre de 2016.1 como
requisito para obtenção de título de arquiteta e
urbanista.
Orientador: Prof. José Augusto de Oliveira Carvalho
Natal, Novembro de 2016
14
Não gosto de quem não gosta
De doce do mocotó
Não gosto de gato preto
E nem de cachorro cotó
Não gosto de quem não gosta
Da lagoa do Piató
Vou pedir ao presidente
Que tenha da pobreza dó
Pode tirar-me a camisa
E rasgar-me o paletó
Mas deixe liberta as águas,
Da lagoa do Piató.
Elói Justo
15
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que fizeram parte dessa graduação. Aos Bons
professores, que sempre me incentivaram a dar o melhor de mim, não para
obter um resultado que se espelha em notas, mas sim, para obter o melhor
resultado como futura arquiteta e urbanista. Aos maus professores, que mesmo
com palavras ferinas, me ensinaram o que não ser e o que não fazer.
Aos meus pais Maria da Conceição Santos de Souza e Edivar Gomes
de Souza, que em todo momento me apoiaram de todas as maneiras. À turma
“Boêmios” que me acolheu de forma extraordinária, onde todas as pessoas
agiram de forma única, fortalecendo não só as relações acadêmicas, mas
também (e principalmente) as de amizade. São eles: Karina Hatsue, Luiza de
Melo, Ingrid Soares, Rafaela Bulhões, Barbara Rocha, Gabrielle Barros, Filipe
Almeida, Rhenyara Lima, Larisse Ellen, Mateus Candido, Mateus Medeiros,
Alline do Vale, Alinne Alessandra, Maria Evane, Daniela Freitas e Tisbe
Machado.
Aos amigos Dmetryus Targino, Fernando Cortez, Marcela Scherr,
Manuela Carvalho, Rayanna Rodrigues e Jessica Bittencourt que também
fizeram parte dessa jornada e com palavras de apoio e troca de conhecimento
me incentivaram mais ainda a continuar essa graduação que se encerra hoje.
Ao meu orientador José Augusto, obrigada pela paciência e incentivo
precioso nessa reta final.
16
RESUMO
O trabalho consiste em uma proposta de requalificação para a Praça da
comunidade Porto Piató e seu entorno, localizada na comunidade Porto Piató
na cidade de Assú. A localidade enfrenta, atualmente, uma situação de
abandono e carece de uma requalificação visando a revalorização dos
espaços. Sendo assim, o objetivo central é proporcionar um rearranjo
morfológico na praça, de forma a atender aos moradores da comunidade. Para
isso, foram estudados aspectos da morfologia urbana, projetos que tomam
como referência cursos d’água e rearranjo das funções visando o bem estar
dos usuários. O trabalho está estruturado de maneira a apresentar em
sequência: referencial teórico, e a sistematização de dados colhidos durante a
pesquisa; em seguida, estão os referenciais projetuais, as análises da área e
então o desenvolvimento e proposta final.
17
ABSTRACT
This paperwork consists in a proposal of requalification for the Square of
the Porto Piató community and its surroundings, located in the Porto Piató
community in the city of Assú. The locality currently faces a situation of
abandonment and needs a requalification in order to revalorize the spaces.
Thus, the central objective is to provide a morphological rearrangement in the
square, in order to serve the residents of the community. For that, aspects of
urban morphology were studied, projects that take as reference water courses
and rearrangement of functions aiming the wellbeing of users. This paperwork
is structured in a way to present in this sequence: referential study,
systematization of data collected during the research, then, we got references
about similar projects, analyses of the area, site and around and finally de
development and the final Project.
18
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – LAGOA DA PAMPULHA - 2016 ............................................................................. 23
FIGURA 2 – MAPA EXPLICATIVO PAMPULHA - 2014 ............................................................. 24
FIGURA 3 – CASA DO BAILE - 2016 ......................................................................................... 25
FIGURA 4 – IATE CLUB - 2012 .................................................................................................. 26
FIGURA 5 – CAPELA DA PAMPULHA -2016 ............................................................................ 26
FIGURA 6 – ESPÉCIES AUSTRALIANAS - 2013 ...................................................................... 27
FIGURA 7 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE – MASTER PLAN 2013 .......................... 28
FIGURA 8 – PROJETO DO PARQUE - VISTA AÉREA ............................................................. 29
FIGURA 9 – MOBILIÁRIO – PARQUE SOLÓN – PROJETO 3D ............................................... 30
FIGURA 10: QUIOSQUES PARQUE SOLÓN - PROJETO 3D .................................................. 31
FIGURA 11 – PARQUE CONCORDIA TRECHOS 4 E 5 ........................................................... 33
FIGURA 12 – TRECHO 5 ............................................................................................................ 34
FIGURA 13 – LOCAÇÃO DO TERRENO EM RELAÇÃO AO MNICIPIO ................................... 38
FIGURA 14 – LOCAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS EXISTENTES .............................................. 39
FIGURA 15 – ENTORNO DA PRAÇA - 2016 ............................................................................. 40
FIGURA 16 – QUADRA ESPORTIVA -2016 .............................................................................. 40
FIGURA 17 – RESTAURANTE 2016 .......................................................................................... 41
FIGURA 18: PRAÇA – VISTA AÉREA - 2013 ............................................................................ 42
FIGURA 19 – IGREJA NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES -2016 ................................... 42
FIGURA 20 – ESCOLA MUNICIPAL ALFERES FILGUEIRA -2016 ........................................... 43
FIGURA 21 – ROSA DOS VENTOS DE ASSU .......................................................................... 44
FIGURA 22 – DIREÇÃO DOS VENTOS NO TERRENO............................................................ 45
FIGURA 23 – PADRÃO DE PISO TÁTIL E CORRIMÃO PARA RAMPAS E ESCADAS ........... 51
FIGURA 24 – SETORIZAÇÃO DO TERRENO DE PROJETO ................................................... 57
FIGURA 25 – PROPOSTA INICIAL DE PROJETO .................................................................... 58
FIGURA 26 – CROQUI PRAÇA DIVIDIDA EM DIFERENTES NÍVEIS ...................................... 59
FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA - QUADRA ............................................ 60
FIGURA 28 – PROPOSTA FINAL - IMPLANTAÇÃO ................................................................. 60
FIGURA 29 – PROPOSTA FINAL QUADRA .............................................................................. 61
FIGURA 30 – DESENVOLVIMENTO DE CARAMANCHÃO ...................................................... 61
FIGURA 31 – CARAMANCHAO – PROPOSTA FINAL .............................................................. 62
FIGURA 32 - ZONEAMENTO ..................................................................................................... 63
FIGURA 33 – FIXAÇÃO DOS PILARES ..................................................................................... 65
FIGURA 34 – ENCAIXE DAS TERÇAS - CARAMANCHÃO ...................................................... 65
FIGURA 35 – TRELIÇA ESPACIAL - ESQUEMA ....................................................................... 66
FIGURA 36 – PEDRA FRIA ........................................................................................................ 66
FIGURA 37 – MADEIRA ANGELIM ............................................................................................ 67
FIGURA 38 – LIXEIRA AÇO INOX ............................................................................................. 70
FIGURA 39 – BANCO USADO NA PROPOSTA ........................................................................ 70
19
FIGURA 40 –POSTE USADO NA PROPOSTA .......................................................................... 70
FIGURA 42 – RESTAURANTE PROPOSTA FINAL ................................................................... 71
FIGURA 41 – QUADRA ESPORTIVA - PROPOSTA FINAL ..................................................... 71
FIGURA 43 – RESTAURANTE – PROPOSTA FINAL 2............................................................. 72
FIGURA 44 – PRAÇA – PROPOSTA FINAL .............................................................................. 72
20
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 11
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 18
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 11
1 – ESPAÇOS LIVRES E DE LAZER E SEU PAPEL NO CONTEXTO URBANO DO
MUNICÍPIO ................................................................................................................................ 15
1.1 – ESPAÇOS LIVRES X ESPAÇOS PÚBLICOS ................................................. 15
1.2 – ESPAÇOS DE LAZER ............................................................................................... 18
1.3 – O LAZER E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO ........................................... 21
2 – ESTUDOS DE REFERÊNCIA ......................................................................................... 23
2.1 – ESTUDOS DIRETOS ................................................................................................. 23
2.1.1 – LAGOA DA PAMPULHA .................................................................................... 23
2.1.2 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE .......................................................... 23
2.2 – ESTUDOS INDIRETOS ............................................................................................. 29
2.2.1 – PARQUE SOLÓN DE LUCENA ........................................................................ 29
2.2.2 – PARQUE URBANO NA CIDADE DE CONCÓRDIA...................................... 32
3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................................ 34
3.1 – TERRENO ................................................................................................................... 37
3.2 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS .............................................................. 43
3.3 – CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................... 45
3.2.1 – PLANO DIRETOR E CÓDIGO DE OBRAS .................................................... 45
3.2.2 –CODIGO FLORESTAL ........................................................................................ 48
3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE ......................................................................... 49
4 – MÉTODOS DE PROJETO ............................................................................................... 51
4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO .................. 52
5 – PROPOSTA FINAL ........................................................................................................... 56
5.1 – CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ......................................................... 56
5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ................................................................................... 57
5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS ....................................................................................... 62
5.3.1 – ZONEAMENTO ................................................................................................... 63
5.3.2 – ESTRUTURA ....................................................................................................... 64
21
5.3.3 – MATERIAIS .......................................................................................................... 66
5.3.4 – PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS .................................................................... 68
5.3.5 – MOBILIÁRIO URBANO ...................................................................................... 70
5.3.6 – PERSPECTIVAS ................................................................................................. 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 74
11
INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste no Trabalho Final de Graduação (TFG)
como requisito para a obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem como objetivo colocar em
prática os conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação. Trata-se da
proposta urbanística e arquitetônica à nível de estudo preliminar da reforma do
balneário localizado na comunidade do porto Piató na cidade de Assú, Rio
Grande do Norte.
Ao longo dos anos, a cidade de Assú vem sofrendo um processo de
crescimento descontínuo influenciado por diferentes fatores internos de
natureza política, socioeconômica e de infraestrutura. A divisão territorial, a
instalação do polo ceramista e a construção da barragem no Rio Piranhas na
cidade de Itajá afetaram de diversas formas o desenvolvimento econômico e
expansão urbana do município.
A oferta de infraestrutura vem aos poucos se adaptando ao crescimento
rápido da população e o surgimento de novos bairros. Nos últimos cinco anos,
devido às políticas públicas de moradia do Governo Federal, loteamentos e
conjuntos habitacionais surgiram nas regiões periféricas da cidade a fim de
suprir o déficit habitacional. O crescimento populacional supõe um
acompanhamento do aumento da oferta de equipamentos urbanos como
escolas, hospitais, áreas de lazer e contemplação para a população, porém,
em contramão a isso, o que vem acontecendo atualmente no município é o
sucateamento desses espaços existentes devido à falta de manutenção por
parte do poder público, em especial as áreas destinadas ao lazer. As poucas
opções de espaços destinados à recreação conservados não conseguem
atender a demanda da população e ficam superlotadas nos finais de semana e
período de férias escolares.
Esta é uma realidade que abarca praças, complexos esportivos e
balneários existentes por toda região, ressaltando-se aqui por sua vez, o
balneário da Lagoa do Piató, objeto de intervenção utilizado neste trabalho. O
espaço possui infraestrutura básica, não atendendo à demanda dos usuários
nem oferecendo conforto em vários aspectos. A insatisfação de seus
12
frequentadores se deve tanto a falta de equipamentos de apoio às atividades
praticadas no local (banheiros, depósitos, vestiários), quanto ao sucateamento
da pouca infraestrutura existente.
No período de cheia da Lagoa, o balneário proporcionava intensa
atividade comercial para a comunidade do Piató. Com a lagoa cheia, o poder
público investiu na construção de um complexo que conta com uma pequena
praça, igreja, escola e quadra esportiva, além de um restaurante administrado
pela comunidade local. Atualmente, devido à forte estiagem, a Lagoa do Piató
encontra-se seca. O restaurante já não funciona e os equipamentos do
complexo encontram-se deteriorados.
Toda a estrutura instalada no local foi prevista para atender às
necessidades da comunidade de pescadores fixada na região há mais de 50
anos, sendo realizada a manutenção por parte do poder público
periodicamente. Quando a lagoa estava no período de cheia, eram realizados
diversos eventos na comunidade que atraiam outros habitantes de outras áreas
do município, o que mantinha as atividades do balneário e incentivava
investimentos e a manutenção da praça. A comunidade se organizava para
promover atividades comerciais e uma rotina de eventos festivos e religiosos, o
que dava “vida” ao local e proporcionava urbanidade para seus moradores.
Com a seca da lagoa, houve diminuição dos eventos, o fechamento do
restaurante que atendia alguns turistas e posteriormente seu abandono pelas
pessoas e logo em seguida pela esfera pública. O pequeno complexo urbano
que proporcionava atividades tanto comerciais como de lazer transformou-se
em um grande terreno árido com equipamentos que não tem condições
mínimas de uso.
Em face da estiagem e suas consequências, o conjunto de
equipamentos previamente alocados às margens da lagoa se encontra
abandonado há quase três anos. Pensando na importância que um dia este
local teve para a comunidade, este trabalho propõe uma reforma de natureza
urbanística e arquitetônica. Desenvolvendo um projeto de reforma urbana e
melhoria dos equipamentos existentes no balneário da lagoa do Piató,
pretende-se trazer de volta a atenção para este local. Transformando o local
13
abandonado novamente um espaço público de lazer este trabalho tem o
objetivo de atrair a população tanto na época das cheias quanto na seca, trazer
a urbanidade de volta à comunidade e seus moradores, incentivar a economia
local e a ocupação deste espaço de forma correta, conscientizando-os a
preservar o meio urbano e rural, além disso, chamar atenção do poder público
para a realização de manutenção periódica do espaço físico e da comunidade.
A fim de atingir os objetivos determinados para este trabalho, será
necessário seguir alguns procedimentos e técnicas metodológicas.
Inicialmente, será abordada uma revisão bibliográfica, através de leituras e
fichamentos, a fim de compreender o papel do espaço livre no desenho urbano,
como a atividade de lazer potencializa o uso destes espaços levando em
consideração seu caráter público e a influência que causam na interação social
de seus usuários com o espaço em questão.
Os procedimentos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho
consistem em estudar as interações das relações socioespaciais que se
desenvolvem na comunidade do porto do Piató, destacando o uso da Lagoa do
Piató pela população da comunidade local, da comunidade da zona urbana do
município de Assú e possíveis turistas vindos de outros municípios em eventos
esporádicos. Foram realizadas visitas in-loco para medições e estudo das
características do lugar onde se propõe o projeto, consultas bibliográficas sobre
a historia e cultura local. Além disso, entrevistas diretamente com a
comunidade local e usuários do Porto Piató que também residem no município
de Assú auxiliaram na compilação de necessidades a serem supridas
definindo, assim, as diretrizes de projeto.
Serão abordados alguns aspectos do urbanismo e projeto arquitetônico,
em especial, o conceito de espaços públicos, apropriação e uso destes para o
lazer e como podem ser melhorados de forma a atender a população.
Inicialmente, será feita um breve estudo teórico explicando o que são espaços
livres urbanos e como estes se tornam espaços de uso público e lazer. Em
seguida, para o desenvolvimento do tema, serão estudados projetos que têm
cursos d’água como área de intervenção urbana proporcionando assim o
referencial projetual da proposta final.
14
A delimitação espacial para este estudo é uma fração da zona rural do
município de Assú, distante 4,5km do centro no estado do Rio Grande do
Norte, onde se localiza o principal acesso para a lagoa do Piató. A localidade é
comumente conhecida como “O balneário da Lagoa do Piató” e a área total da
intervenção ocupará pouco mais de 8.800m² incorporando e conectando os
espaços livres e os equipamentos existentes.
Finalmente, para definir o programa de necessidades, foi indispensável a
compreensão das condicionantes projetuais de intervenções em complexos
urbanos semelhantes, a elaboração do anteprojeto e a descrição e justificativa
da proposta urbanística e arquitetônica através da análise dos dados recolhidos
e sistematizados. Este trabalho é dividido em dois volumes: O Volume I contém
cinco capítulos e é composto por: Referencial teórico e empírico (capítulo 01),
análise de estudos de referências (capítulo 02); análise da área de estudo,
normas e legislações que indicam como se deve projetar (capítulo 03), o
programa de necessidades, pré-dimensionamento e esquemas feitos para o
desenvolvimento da proposta (capítulo 04); e a descrição da proposta com
memorial descritivo e justificativo (capítulo 05). O Volume II é composto pela
representação gráfica do projeto que contempla as plantas, cortes, fachadas e
perspectivas desenvolvidas com a proposta.
15
1 – ESPAÇOS LIVRES E DE LAZER E SEU PAPEL NO CONTEXTO
URBANO DO MUNICÍPIO
1.1 – ESPAÇOS LIVRES X ESPAÇOS PÚBLICOS
Atualmente, o ritmo de crescimento acelerado das cidades, motivado
pelo crescimento econômico e por programas de habitação do governo federal
fez surgir novas periferias. Flávio Villaça (2001) apresenta esse modelo de
crescimento como padrão de “segregação da metrópole brasileira” conhecida
como “centro x periferia”. Em diversas cidades, onde o centro dispõe da
maioria dos serviços públicos e privados, as periferias se tornam pequenas
“cidades dormitórios”. Localidades como essas, por serem afastadas do centro
da cidade, muitas vezes acabam sendo esquecidas pelo poder público,
recebendo pouco ou nenhum investimento com relação a seus espaços livres e
de lazer.
A forma urbana brasileira está em constante processo de transformação
e expansão. Cada ciclo socioeconômico gera manifestações associadas às
estruturas existentes e/ou criação de novos espaços. Nesse processo de
expansão e ocupação, além do aumento da área urbana, é possível observar o
aumento do número de espaços livres urbanos.
Podemos considerar que toda cidade tem um sistema próprio de
espaços livres, resultante de seu processo de formação, do desenvolvimento
de seu arruamento, formação de quarteirões e das demandas e processos de
produção da população que ocupa um determinado espaço. Por outro lado, a
estruturação da forma urbana das cidades também está vinculada às
condições socioeconômicas e ambientais de cada sociedade. O desenho
urbano e a distribuição dos espaços livres se moldam de acordo com as
limitações que são naturalmente estabelecidas no processo de expansão da
cidade, como distribuição de renda, acesso à terra urbana, gestão pública e até
mesmo padrões culturais.
O Espaço Livre é todo espaço não ocupado por um volume edificado
(espaço-solo, espaço-água, espaço-luz) ao redor das edificações e que as
pessoas têm acesso (MAGNOLI, 1982). Sendo assim, podemos definir que a
16
diferença de um espaço livre para um espaço “não livre” é apenas a
inexistência de um volume edificado. Os espaços livres são elementos
fundamentais para o bom funcionamento da cidade, eles são responsáveis não
só pela livre circulação de veículos e pedestres, mas também pelo arejamento
da cidade, dando uma pausa na malha edificada urbana criando sistemas de
cheios e vazios comumente observados no processo de expansão urbana.
Nesse sistema de espaços livres que cada cidade possui, destacam-se
os espaços livres de caráter público. De acordo com a disponibilidade de
recursos e das políticas públicas adotadas, o “espaço livre público” é (ou pelo
menos deveria ser) um potencial alvo de ações da gestão urbana. A ação do
poder público nesses espaços poderia beneficiar a população de diversas
formas, sobretudo na melhor ocupação e formas de perceber a cidade. Porém,
isso acontece de forma pontual, onde o poder público, devido às pressões
tanto da população como do poder privado, faz pequenas intervenções que
nem sempre satisfazem seus usuários. Como, por exemplo, a colocação de
academias da terceira idade em espaços pouco atrativos ou “abandonados” ao
olhar da comunidade na tentativa de revitalizar ou dar um uso à localidade,
mas sem torna-los espaços ideais. Vê-se, dessa forma, a intervenção do poder
público de forma pontual e quantitativa, porém falta qualidade na produção
desses espaços.
Levando essa lógica em consideração, não há um controle para a
estruturação dos espaços livres dentro da malha urbana. Em constante
processo de transformação, o mercado imobiliário formal e informal, a
ocupação e apropriação da terra urbana e a não fiscalização por parte do poder
público, acabam por ditar de maneira descontrolada a formação desses
espaços. Dessa forma, diversas comunidades ou até bairros inteiros não
dispõem de “espaços livres” onde o poder público poderia atuar e criar pontos
atrativos para a população.
A distribuição dos espaços livres acaba por conduzir a forma urbana e,
por vezes, guiar a ocupação de certas localidades, direcionando a forma
espacial na cidade. Essa forma espacial é entendida como resultado de um
fator social, pois é oriunda do trabalho dos homens organizados em sociedade,
17
é prenhe de intencionalidades e simbolismos; não é mera coisa, oriunda da
natureza (SANTOS, 2002, p. 64.). A forma espacial pode ser um edifício, rua,
praça, bairro, cidade, região metropolitana, metrópole, etc. A cidade contém
inúmeras formas e se trata de um sistema complexo de espaços. O sistema
complexo da forma da cidade compreende não só a complexidade funcional
(relativa à função que a forma desempenha), mas também a complexidade
estrutural (relativa ao conjunto de informações, de elementos que a compõe)
(MOLES, 1971).
Na determinação do espaço urbano, há três tipos de caracterização: o
público, semipúblico e privado. Os espaços públicos são aqueles administrados
pelo governo municipal, estadual ou federal e pertencem à população, sendo a
prefeitura responsável pela sua manutenção. Tais espaços são caracterizados
pelo livre acesso da população, acessibilidade é gratuita e não diferenciação
por classes sociais na sua utilização, por exemplo: as praças, quadras de
esportes, praias, ruas, parques e outros.
Os espaços semi-públicos possuem algumas restrições referentes ao
seu uso, como por exemplo: quiosques, onde a acessibilidade é livre, mas que
há uma cobrança na utilização do seu serviço. E o espaço privado é particular,
pertencem a um proprietário onde é responsável pela administração e
manutenção do espaço, restringe determinada camada da população para o
uso, visto que é cobrado uma taxa para sua utilização, como por exemplo, os
balneários, clubes, teatros, cinemas e outros (CARVALHO, 2012).
Ao colocar em prática as políticas de desenvolvimento determinadas
pelos Planos Diretores, cria-se uma visão de duplo significado sobre os
espaços públicos para a comunidade, ao mesmo tempo em que representa
apenas infraestruturas relativas ao embelezamento e mercadorização das
cidades, também é visto como um lugar para prática de atividades recreativas,
partindo da relação trabalho/lazer, um lugar de referência da cultura e
entretenimento proporcionando uma socialização da comunidade
(FIGUEIREDO, 2008).
O espaço é percebido e interpretado pelo homem segundo três esferas
distintas: “os atributos físicos dos espaços, as atividades ou usos que lhe são
18
atribuídos, e as concepções ou imagens geradas sobre estes espaços”
(HEPNER, 2010, p.51). Os espaços livres de caráter público representam para
a população, locais com funções culturais, sociais e ambientais,
proporcionando sociabilidade e convivência entre os indivíduos. Os espaços
públicos, mesmo sendo utilizados por toda população, diferem dos espaços
coletivos no que diz respeito às restrições de grupos sociais (RIBEIRO, 2008).
As percepções e estudos ambiente-comportamento relacionados à
psicologia e a sociologia, que são responsáveis por avaliar como o
comportamento humano e as relações sociais são afetados pelo espaço
segundo sua configuração formal, podem apontar causas e consequências
para a ocupação dos espaços livres na cidade. Além disso, a arborização de
ruas, como a vegetação de grande porte, matas, bosques, etc. são elementos
que sinalizam a utilização e valorização desses espaços do mesmo modo que
as edificações e equipamentos de suporte às atividades realizadas.
Portanto, podem-se categorizar os “espaços livres” como um dos
principais estruturadores urbanos, pois neles grande parte da vida cotidiana
tem lugar. O espaço livre público, tem papel estruturador na constituição da
forma urbana, pois reflete as formas de mobilidade, acessibilidade e circulação,
parcelamento e propriedade da terra urbana.
1.2 – ESPAÇOS DE LAZER
As cidades, ao longo do tempo, foram pensadas sob a ótica do trabalho,
em que indústrias e fábricas surgiram numa proporção bem superior à dos
espaços destinados para o lazer (TAVEIRA; GONÇALVES, 2012, p. 37).
Mesmo nos dias atuais, o investimento em espaços de lazer ainda não é tão
significante, deixando a população com opções escassas.
A prática recreativa proporciona dinâmica aos espaços urbanos e
equipamentos urbanos como escolas e bibliotecas, espaços livres de ruas,
praças, canteiros, dentre outros.
A Constituição de 1988 regulamenta o lazer como um direito do cidadão
brasileiro, o poder público buscando satisfazer as necessidades da população
e em conformidade com as leis federais, estaduais e municipais, delimitam
espaços públicos de lazer para o estímulo dessa atividade. Apesar de o lazer
19
estar presente na constituição como direito do cidadão, ainda existem barreiras
no que diz respeito à sua prática nos espaços públicos disponíveis. Tal prática
tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população.
Além disso, atividades que promovem o divertimento propiciam uma
socialização da comunidade fazendo com que os indivíduos possam entrar em
contato com diversos costumes, culturas, crenças e pensamentos. Essa
socialização e as atividades realizadas para o lazer acontecem no tempo
considerado livre, onde as pessoas deixam as “obrigações” de lado passam por
experiências que proporcionem prazer e bem estar. (Raquel Rolnik, 2000)
afirma que a concepção de lazer é contraditada pelo estilo de vida da nossa
época, onde prevalece a necessidade de conquistar o bem estar e um corpo
feliz a qualquer custo.
Diante dessa realidade, é de fundamental importância que se aborde o
desenvolvimento do lazer nos espaços livres de caráter público para ter
conhecimento de como é feita a apropriação desses espaços. Para tanto,
análises sobre o processo de apropriação e uso dos equipamentos existentes
podem identificar quais as necessidades da população com relação ao
divertimento e distração e ao espaço em questão.
Não é possível entender o lazer de forma isolada, pois é considerado um
fenômeno intrínseco às interações nas diversas esferas sociais. O campo do
lazer deve ter relação direta com as atividades da população no contexto da
cidade e deve considerá-las em suas várias áreas, não levando em conta
apenas uma das atividades humanas. Marcellino (2006, p. 15) compara tal
situação com a forma de conhecimento da humanidade, é “como entender o
homem de forma parcial”, ocasionando várias incógnitas na conceituação do
tema e impedindo a concepção de um conceito amplo e completo.
Porém, conceituar especificamente “espaços de lazer” é uma tarefa
difícil, visto que é uma atividade pessoal e pode ter percepções diferentes de
acordo com cada indivíduo ou grupo. Por vezes, o que é considerado lazer
para alguns pode ser apenas uma obrigação trabalhista para outros, como por
exemplo, cozinhar: muitos cozinham por prazer, sem nenhuma relação com
obrigação, já outros têm a cozinha como ambiente de trabalho, com obrigações
de cunho trabalhistas que desqualificam a atividade como um passatempo.
20
Então como definir o que são atividades de lazer? E como essas atividades
podem caracterizar um espaço livre público num espaço de lazer?
Pode-se considerar o lazer como a relação do indivíduo com a
satisfação das necessidades pessoais que incluem o repouso, a diversão,
recreação e entretenimento. (Silva, Débora, 2011). Destacam-se ainda nessa
linha, a busca pela melhor qualidade no aproveitamento do tempo no espaço
em que se inserem essas atividades. Atividades essas, que além de buscar a
satisfação e prazer, demandam de um planejamento, local, espaço e esforço
na mesma dimensão ou maior do que, por exemplo, práticas trabalhistas.
Quando o espaço urbano é produzido levando em consideração a
recreação e o divertimento é possível observar que ele é fruto das dinâmicas
sociais, econômicas e culturais da população que ali se insere. Em geral, essas
dinâmicas são complexas e agregadas umas às outras, já que o espaço de
lazer é o que congrega todas as atividades ligadas a essas dinâmicas. Nos
últimos anos, é possível observar como a dinamização do espaço por meio
dessas atividades influencia a criação de centralidades. A prática do
entretenimento atrai a população da cidade para um determinado local que
centraliza funções e faz surgir outras, guiando a apropriação dos espaços
públicos e de seu entorno.
Em algumas localidades, os espaços livres públicos são geralmente as
únicas opções de espaços de lazer. Mas se levarmos em consideração seu
posicionamento na malha urbana e como o acesso é feito pela população
podemos levantar mais um questionamento: a cidade possibilita ou impede a
fruição do tempo livre? Já que o lazer é a busca de uma melhor qualidade e
aproveitamento do tempo num determinado espaço, é interessante destacar
quais os meios de se chegar a esse objetivo final.
Se, por exemplo, ao nos dirigirmos a um parque ficamos presos em um
congestionamento durante quatro horas, estamos diminuindo radicalmente o
tempo para o nosso relaxamento. Nesse sentido, quando a cidade se
transforma em um lugar caótico, sem possibilidade de prazer, ao invés de um
lugar onde as pessoas se sintam inseridas na harmonia de uma comunidade
urbana, o lazer estará restrito a espaços e tempos determinados.
Portanto, para considerarmos que um espaço livre de caráter público
tenha características suficientes para ser um espaço de lazer de boa qualidade
21
temos que destacar alguns pontos: a proximidade e o fácil acesso da
população com a localidade onde se concentram as atividades recreativas, a
presença de equipamentos e mobiliário urbano que supram as necessidades
básicas de seus usuários e por fim, condições de limpeza e manutenção que
proporcionem um ambiente agradável para a população que irá usufruir do
espaço de lazer.
1.3 – O LAZER E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
As atividades de lazer atuam como agente responsável pela produção
de polos de atração que redefinem o espaço urbano graças aos fluxos de
pessoas, estando profundamente ligadas ao consumo. Essa relação entre
espaço e consumo se dá pela tendência da produção de bens atrelada a
constante venda dos espaços, resultando numa relação que abrange desde os
espaços de consumo até o consumo do espaço.
Áreas verdes são exemplos de espaços livres que contribuem para o
processo de centralidade do espaço urbano uma vez que são equipamentos de
caráter público e de lazer que por sua vez refletem o modelo de sociedade em
que se originaram. Os antigos jardins, por exemplo, foram projetos
paisagísticos para cuja função “romântica” buscava aprazer sentidos como
olfato e visão. Com o passar do tempo à função desses espaços livres sofreu
alteração até chegar à conformação atual onde possuem funções de cunho
ecológico, social e econômico.
Dessa forma, essas funções são caracterizadas respectivamente pela
capacidade dos espaços verdes de funcionar como abrigo para a fauna e flora,
equilibrar o meio urbano com o natural e proporcionar conforto térmico e
permeabilidade dentro do cenário urbano denso e impermeável. Além disso,
são locais propícios para o ócio e são palcos de práticas socioespaciais de
diversos âmbitos. Portanto, como resultante da soma dessas duas principais
funções dentro da lógica contemporânea, surge o viés econômico que se
concretiza através do turismo, bem estar e especulação imobiliária.
A deterioração do espaço urbano unida ao estresse vivido pelos seus
cidadãos tem como causa maior a falta de qualidade de vida de seus
habitantes. Logo, o lazer surge como um fenômeno que estreita a relação entre
22
alguns cidadãos e grupos, ou seja, possui uma função pontual a nível pessoal
e social dentro das áreas públicas de uma determinada cidade.
Consequentemente, podem-se classificar os espaços públicos como
heterogêneos, passíveis de deterioração quando suas funções se resumem a
servir de via de acesso e circulação para interligar ambientes privados,
independentemente de sua beleza ou segurança. Dentro desse se deve
garantir a acessibilidade, rápida, controlada, segura e exclusiva entre polos de
qualidade de vida. Intervenções urbanísticas e/ou arquitetônicas evidenciam o
contraste entre esses polos e o espaço urbano que os circunda.
Além disso, os gestores da cidade fogem de sua responsabilidade de
cuidar da qualidade de vida de seus habitantes em todos os contextos e focam
em desenvolver o sistema viário que desenha o parcelamento e conecta os
espaços privados, voltando-se especialmente para o transporte motorizado.
Esse tipo de administração reduz o papel da cidade a um espaço somente de
convivência entre pessoas de diferentes grupos, ignorando a participação delas
numa forma de contrato social de viés público.
A administração burocrática de sobrevivência imediata não contempla o
público (espaço, convívio ou identidade) em sua essência que se caracteriza
pelo permanente contrato composto de diferentes culturas, linguagens,
convivência e bens materiais e imateriais.
23
2 – ESTUDOS DE REFERÊNCIA
2.1 – ESTUDOS DIRETOS
2.1.1 – LAGOA DA PAMPULHA
A Lagoa da Pampulha (figura 01) localiza-se na cidade de Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O complexo da Pampulha, cartão postal de
Belo Horizonte, é considerado hoje, patrimônio cultural da humanidade pela
Unesco. O complexo, que é conhecido mundialmente, representa a
modernidade dos anos 1940 e é considerado por Oscar Niemeyer como “o
ensaio para Brasília”.
Ao longo dos anos, a Pampulha assumiu sua vocação natural para o
turismo e lazer. O conjunto de intervenções urbanísticas e belos edifícios ao
redor da lagoa revelam a interação harmônica que existe entre arquitetura,
artes plásticas e paisagismo atraindo milhões de turistas.
O entorno da Lagoa da Pampulha possui 18km de extensão, onde estão
distribuídos: A igreja de São Francisco de Assis, e Museu de Arte Moderna, a
Casa do Baile e diversos outros edifícios que foram construídos sob a
perspectiva desenvolvimentista do prefeito da época, Juscelino Kubitschek. As
FONTE : ACERVO PROPRIO
FIGURA 1 – LAGOA DA PAMPULHA - 2016
24
atividades como: caminhada, ciclismo, e visita aos museus ali posicionados
proporcionam vitalidade ao local e intensificam a identidade de um espaço
público de lazer.
Com o objetivo de tornar a cidade de vanguarda mundial e desenvolver
as áreas mais afastadas da cidade, o prefeito solicitou o projeto de um conjunto
de edifícios que estariam no entorno da represa da Pampulha, que foi iniciada
em 1936, na gestão de Otacílio Negrão de Lima (1897–1960). As obras
ocorreram entre 1942 e 1945 e em torno da lagoa haveria Cassino, uma Igreja,
uma Casa de Baile, um Clube e um Hotel. (figura 02)
De acordo com Arnaldo Vianna, editor chefe do jornal Brasil 247:
“O objetivo do projeto era desenvolver uma parte da capital mineira,
então com pouco mais de 40 anos, para outras regiões. A norte, na
época, funcionava apenas como um centro abastecedor da região
centro-sul já desenvolvido. Quando conversou com Kubitschek,
Niemeyer já sabia que estava diante de uma oportunidade única. A meta
pretendida foi, é claro, alcançada. Mas obteve-se muito mais, e a capital
mineira entrou para a história da arquitetura mundial”.
FIGURA 2 – MAPA EXPLICATIVO PAMPULHA - 2014
FONTE : viajento.files.wordpress.com
25
Para dar à cidade uma área de lazer, o espelho d’água da represa foi
ampliado e o complexo arquitetônico e paisagístico em seu entorno foi
completamente inaugurado em 1943.
Dentre os edifícios em seu entorno podemos destacar a casa do baile
(figura 03). Tombada nas esferas federal, estadual e municipal, a edificação
sedia hoje o Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design de Belo
Horizonte. Inaugurada em 1943, a casa está situada em uma pequena ilha
artificial às margens da Pampulha e foi concebida para ser um espaço de
dança popular abrigando um restaurante e um salão de dança em 300m² de
área construída. A casa foi fechada e reinaugurada diversas vezes e só então
em 1996 reabriu definitivamente e recebe o público com entrada gratuita.
Outra obra que merece destaque é o Iate Tênis Clube (figura 04). A
edificação seria um espaço para a prática de esportes e para o entretenimento
da população. Inaugurado em 1943, a obra chegou a abrigar a sede do clube
de regatas de belo horizonte. O edifício tem o formato de um barco, que se
lança pelo espelho d’água, o paisagista Burle Marx deu o tom colorido ao iate
ao planejar os jardins. Depois de 17 anos administrados pelo poder público, o
FIGURA 3 – CASA DO BAILE - 2016
FONTE: Acervo próprio
26
iate clube foi vendido em 1960 para arrecadação de dinheiro e financiamento
de obras.
Ainda podemos citar a Capela de São Francisco de Assis (figura 05), a
obra mais polêmica do Conjunto Arquitetônico da Pampulha. Ela foi a primeira
igreja em estilo moderno construída no Brasil. A igreja projetada por Oscar
Niemeyer é composta por uma sequência de cinco “cascas” articuladas, com
diferentes alturas. Na edificação, a entrada da luz destaca a pintura de
Portinari, no altar mor, enquanto a fachada voltada para a Praça Dino Barbieri,
apresenta o belíssimo painel em azulejos.
FIGURA 4 – IATE CLUB - 2012
FONTE: www.iatebh.com.b
FIGURA 5 – CAPELA DA PAMPULHA -2016
FONTE: Acervo Próprio
27
Embora a proposta desse trabalho se restrinja apenas ao espaço já
existente e não a lagoa como um todo, o complexo da Pampulha dá bons
exemplos de intervenção tanto na arquitetura como no meio urbanístico. A
conexão entre os espaços através de caminhos que convidam o usuário a
visitar os equipamentos presentes na proposta é um ponto que será rebatido
na proposta deste trabalho. Além disso, o fato de todos os equipamentos
seguirem o mesmo estilo arquitetônico fazendo com que eles tenham uma
relação formal mesmo que distantes uns dos outros também é um ponto a ser
levado em consideração. A proposta para a requalificação do balneário da
Lagoa do Piató busca não só na conexão dos espaços através de caminhos,
mas também na conexão plástica e formal através do uso de materiais e cores
semelhantes nos diferentes equipamentos.
2.1.2 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE
Localizado na cidade de Melbourne, no estado de Victoria, Austrália, o
Royal Botanical Gardens é considerado um dos melhores jardins botânicos do
mundo e é uma das atrações mais gloriosas da cidade de Melbourne. As obras
tiveram início em 1846 na gestão do governador tenente Charles La Trobe,
numa área onde antes era um sítio pantanoso.
FIGURA 6 – ESPÉCIES AUSTRALIANAS - 2013
FONTE : Acervo Próprio
28
Assinado pelo botânico Ferdinand von Mueller, nomeado diretor, com o
auxílio dos curadores John Arthur e John Dallachy o complexo de 38 hectares
é rico em flora local e um exemplo de preservação de espécies Australianas
(figura 6). O jardim, além de possuir vastos canteiros com vegetação local,
dispõe de inúmeros equipamentos como informações turísticas, restaurante,
pavilhões para eventos, loja de presentes, além de banheiros, bicicletário,
ponto de ônibus e espaços para descanso distribuídos em lugares estratégicos
com entrada franca à população (figura 7). O parque dispõe de um grande
lago, onde é possível fazer passeios de pedalinhos e canoa, mas não é
permitido a pratica da natação. A proposta urbanística diferenciada, incentiva o
usuário a fazer longas caminhadas enquanto contempla a paisagem.
FIGURA 7 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE – MASTER PLAN 2013
FONTE : www.rbg.vic.gov.a
FONTE : www.rbg.vic.gov.au
29
2.2 – ESTUDOS INDIRETOS
2.2.1 – PARQUE SOLÓN DE LUCENA
Antes Lagoa dos Irerês, hoje, depois de drenada, destruída e
recuperada, apresenta-se como parque Solón de Lucena no centro de João
Pessoa (figura 8) sendo um ponto turístico e uma área de lazer para a
população da cidade. Até a recuperação, o local era um misto de pântano,
vegetação e água acumulada das chuvas e em seu entorno eram visíveis
inúmeros sítios e chácaras.
O projeto teve como objetivo recuperar a vegetação de baixo e médio
porte, promovendo o plantio de novas árvores, criar condições de
acessibilidade aos portadores de necessidades especiais recuperando os
caminhos internos do parque e gerar atrativos que fomentem a permanência do
público na Lagoa durante dia e noite por todos os dias da semana.
A revitalização do parque contou com a ampliação da área verde com
espaço para práticas esportivas e opções de lazer no Centro de João Pessoa.
Segundo informações da SEPLAN (Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Econômico), a proposta tem soluções projetuais que unificam
Figura 8 – Projeto do parque - vista aérea
FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.br
30
o Parque e disciplinam a ocupação do comércio interno, além de viabilizar
soluções para o tráfego de veículos em seu entorno.
Os equipamentos que estão contidos na proposta urbanística foram
organizados em grupos de equipamentos de esporte e recreação, e,
equipamentos de apoio. No primeiro grupo, o projeto previa oferecer ao público
visitante uma pista de Cooper, pedalinho, caiaques, ciclovia, pista de skate e
bicicletário. Já as áreas gramadas serão destinadas às atividades ao ar livre,
como ginástica e ioga, além de parquinhos infantis. O grupo de equipamentos
de apoio conta com banheiros femininos e masculinos, quiosques (FIGURA 10)
que oferecem o serviço de lanchonete e posto policial.
Em nota, o Prefeito Luciano Cartaxo ressalta:
“A Secretaria de Planejamento fez um grande esforço para elaborar um
projeto criterioso, que atendesse às exigências de conservação do Patrimônio, mas,
ao mesmo tempo, conseguisse desenvolver uma nova ideia de parque, apto para
receber as famílias e virar um espaço de lazer e prática esportiva”.
FIGURA 9 – MOBILIÁRIO – PARQUE SOLÓN – PROJETO 3D
FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.b
31
A primeira parte do projeto de revitalização do espaço contou com o
desassoreamento da lagoa do parque, que ganhou cerca de 3,5 m em
profundidade. O reservatório também ganhou um túnel de escoamento, que vai
redirecionar o excesso de água para o Rio Sanhauá e um anel sanitário, que
tem como função desviar as redes clandestinas de esgotos, impedindo assim a
poluição das águas. Já a segunda etapa do projeto tem como foco o esporte,
recreação, cultura e artes. Essa fase de projeto tem por objetivos criar espaços
de lazer e unificar o parque, organizando melhor as áreas destinadas ao
comércio, viabilizando novos fluxos de pedestres e soluções para o tráfego
local.
A revitalização da lagoa dos Irerês que resultou no projeto do Parque
Solón de Lucena apresenta boas soluções urbanísticas e arquitetônicas que
podem ser rebatidas no projeto do balneário do Porto Piató. O bom
entendimento do fluxo de pedestres e veículos no local direcionou o projeto e
setorizou os espaços de forma clara e objetiva. A solução dada para o uso dos
quiosques é interessante e uso do caramanchão para sombrear parte do
entorno é algo que poderá ser usado na proposta para a lagoa do Piató. O
mobiliário simples, e a escolha dos materiais baratos e acessíveis será um forte
ponto levado em consideração neste trabalho. Assim como no projeto do
FIGURA 10: QUIOSQUES PARQUE SOLÓN - PROJETO 3D
FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.b
32
Parque Solón, na requalificação do Balneário do Porto Piató será levado em
conta a praticidade, de forma que torne agradável a experiência dos usuários
no espaço, de forma a promover lazer e sociabilidade, fazendo com que os
usuários retornem ao lugar.
2.2.2 – PARQUE URBANO NA CIDADE DE CONCÓRDIA
O parque urbano para a cidade de Concórdia é uma proposta de
Trabalho final de graduação da estudante Franciele Bervian da Universidade
Federal da Fronteira Sul - campus Erechim. A proposta de intervenção tem
como objeto, como o próprio trabalho cita, as margens do Rio dos Queimados
e tem como objetivo principal a qualificação da relação do espaço urbano de
Concórdia-SC com o Rio dos queimados, contemplando a drenagem urbana
por meio de uma rede de espaços públicos.
Em seu projeto, Franciele enfatiza que a degradação dos leitos de rios
se tornou um problema mundial, e que a evolução urbana transformou a vida
nas cidades ao longo do tempo, alterando sua relação com os corpos d’água.
Na era da modernidade os rios que se inserem no meio urbano, em sua
maioria ficam restritos à esgoto, poluição e enchentes. Não obstante, pouco a
pouco os rios que eram razão da existência das cidades, passaram a oferecer
obstáculos para o seu crescimento. (BERVIAN, 2015).
O projeto tem como objetivos principais resgatar a apropriação do rio
pela população; propor reconciliação entre o rio e a cidade; amenizar os
impactos das enchentes que ocorrem na orla do rio; propor a construção de um
espaço público beira-rio, enquanto lugar de socialização, convivência e
exercício de cidadania; trazer a vivência do espaço público para a cidade,
realizando a integração dos espaços da rede proposta tanto na mobilidade,
conforto e uso dos espaços e, por fim, propor equipamentos urbanos
juntamente com a proposta de um parque urbano, que agreguem qualidade e
usos diversos ao espaço proposto.
Devido à grande dimensão de espaço que a autora escolheu para inserir
a proposta, destacam-se as diversas oportunidades de intervenção: calçadas,
ruas, vazios urbanos e o entorno das margens do Rio dos Queimados. Além
33
disso, o projeto propõe diretrizes para mudanças na legislação local que
incentivem o uso do espaço pela população, demarquem a área de mata ciliar
regulamentada por lei e definam critérios mais rigorosos quanto à implantação
de indústrias e a expansão urbana.
O programa de necessidades do projeto inclui áreas para feira e
comércio, áreas de contemplação, áreas voltadas para recreação infantil, pista
de caminhada e ciclovia, quadra esportiva, pontos de táxi e ônibus, entre
outros.
Propondo quebrar a rotina da cidade e de seus usuários, o projeto
relaciona o comunitário com o incentivo a atividades noturnas promovendo
olhos para a cidade. A partir de uma linguagem que se apropria de linhas
diagonais (FIGURA 11) propõe-se encontros e enquadramentos da paisagem
que se cria entre o parque e a cidade.
FONTE : Franciele Bervian
FIGURA 11 – PARQUE CONCORDIA TRECHOS 4 E 5
34
O projeto é dividido em cinco trechos. Nos trechos 01 e 02, que se
relacionam com a presença de duas escolas em seus entornos, foram criadas
áreas infantis e áreas semicobertas para feiras temporárias e outras
apropriações. O trecho 03 tem como principal característica: áreas com função
de lazer esportivo, recreação e áreas de contemplação a fim de aproximar
dinâmicas entre as mais diversas faixas etárias, possibilitando a multiplicidade
de usos e apropriações dos espaços criados. O trecho 4 abriga um centro
cultural voltado para atividades de conscientização de proteção ao meio
ambiente. O trecho 05 (FIGURA 12) tem relação com o eixo de comércio e
serviço, abriga um restaurante, centro de informações turísticas e é o único
trecho em que a ciclovia passa próximo ao rio.
O projeto do parque urbano para a cidade de Concórdia contribui para o
este trabalho principalmente por ser um projeto que busca conciliar um corpo
d’água (rio) com o restante da cidade através da criação de um espaço público.
Além disso o zoneamento que divide o projeto em cinco setores, ajudou a
pensar em formas de subdividir a área de intervenção do trabalho a fim de
harmonizar as diferentes funções dos equipamentos que coexistem dentro do
projeto.
FIGURA 12 – TRECHO 5
FONTE : Franciele Bervian
35
3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS
Este tópico trata dos aspectos referentes à caracterização da cidade de
Assú, no Rio Grande do Norte, e das margens da Lagoa do Piató, local
escolhido para receber a proposta de requalificação do complexo urbano Porto
Piató, bem como dos aspectos referentes à legislação que indica as
necessidades e limitações da área.
3.1 – CARACTERIZAÇÃO E UM BREVE HISTÓRICO
O que um dia foi o maior reservatório natural do Rio Grande do norte, a
Lagoa do Piató apresenta hoje um cenário de seca. Depois de passar por
diversas revoltas por posse de terra, enfrentar um período de estiagem por 50
anos, recuperar-se estar enfrentando novamente “tempos difíceis”, o
moradores da comunidade Porto Piató ainda resistem e buscam manter vivo o
orgulho de sua história e dos que ali viveram.
Um dos primeiros relatos da existência de índios na região do Assú é
feito por Ferreira Nobre, 1877 (apud LIMA). Segundo o Autor, “No ano de 1650,
uma tribo de numerosos índios levantou seus fundamentos na cidade, dando-
lhe o nome Taba-Assú, que quer dizer Aldeia Grande”. As primeiras ocupações
se deram na margem esquerda do rio Piranhas-Assú onde hoje se encontra o
centro do município. “A colonização da ribeira denominada Assú tem início em
1668. Tendo sob o comando do Cap. João Fernandes Vieira guia uma
expedição de homens, incluindo os índios potyguara e funda o arrayal à
margem esquerda do rio Assú” (Almeida, 2006).
Logo após as primeiras ocupações às margens do Rio Piranhas-Assú,
outros cursos d’água da região começaram a ser explorados e ocupados pelos
portugueses invasores que travavam guerras contra a população indígena a fim
de ocupar territórios com potencial pesqueiro e agrícola. Diversos historiadores
comentam como a região da lagoa do Piató, antes chamada de Bavatagh pelos
indígenas, foi disputada em diversos conflitos devido seu grande potencial
pesqueiro e agrícola. Segundo Almeida (2006), a história considerada oficial é
traçada a partir do registro dos historiadores Lima (1929), Medeiros Filho
(1984) e Taunay (1936). O registro dos historiadores comenta a luta das
36
populações indígenas entre si e com os colonizadores, conhecida como Guerra
dos Bárbaros.
Em relação às lagoas da região, a maior é a do Piató com 18 km de
extensão por 3 km de largura medidas em sua maior cheia e capacidade de
96.000.000m³ de água, (Almeida, 2006). Nas suas várzeas, além da atividade
pesqueira, plantavam-se cereais, algodão, frutas e hortaliças que supram a
agricultura de subsistência. O relato dos pescadores diz respeito a um tempo
em que a terra era somente dos moradores e dos que dela vivem. Se nem
todos tinham terra, todos tinham o direito de plantar.
Após diversas guerras, o povoado às margens da Lagoa do Piató se
estabelece e no ano de 1920 contava com 2.101 habitantes. Devido o período
de seca em 1923 que durou de 50 anos, diversas fazendas não prosperaram e
seus moradores migraram para o centro urbano de Assú e municípios vizinhos.
Atualmente estima-se que a comunidade possua pouco mais de 750 habitantes
distribuídos em 146 residências.
Hoje a população tenta timidamente sobreviver das pequenas lavouras
que ainda restam nos arredores, e as famílias que ainda permanecem são
filhos e netos dos primeiros moradores. “A fartura, o sentido do comum, a
pequena propriedade familiar estão cada vez mais ameaçadas. Tudo isso pode
virar apenas lembranças.” (Almeida, 2006).
Nesse sentido, é importante perceber que os moradores q ainda
resistem na comunidade do Porto Piató valorizam suas raízes e buscam
reafirmar sua identidade. A luta da associação de moradores trouxe o grupo
escolar, hoje Escola Municipal Alferes Soares Filgueira, em 1994, a construção
da Praça Porto Piató em 2008, a reforma da capela Nossa Senhora dos
Navegantes em 2011 e a construção da quadra esportiva em 2013. A proposta
de requalificação do complexo urbano da Lagoa do Piató traz consigo não só a
melhoria da qualidade de vida dos moradores, mas também a reafirmação da
identidade da comunidade e um reforço à sua historia.
37
3.2 – TERRENO
O universo de estudo será a cidade de Assú, situada no interior do
estado do Rio Grande do Norte, e o recorte específico será a praça da
comunidade Porto Piató e seu entorno imediato. A cidade de Assú se situa na
microrregião do Oeste Potiguar a 207 km de Natal, capital do estado.
Assú apresenta uma área total de 1.303,442km² e 53.245 habitantes, de
acordo com censo do IBGE/2010, com estimativa de 57.743 habitantes para o
ano de 2016. Seus limites se dão com as seguintes cidades: ao Norte, com
Carnaubais e Serra do Mel, ao Sul, São Rafael, Espírito Santo do Oeste e
Jucurutu, a Leste, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra e Itajá e a
Oeste, Upanema, Mossoró e Espírito Santo do Oeste.
O acesso principal ao terreno de projeto se dá por uma estrada
carroçável ao sul, e dá acesso à RN 016 em direção ao centro urbano de Assú.
De acordo com a assessoria de impressa da prefeitura, através da Lei
Municipal nº 367 do dia 20 de maio de 2011 o Departamento de Estradas e
Rodagens do Rio Grande do Norte (DER/RN) concebeu projeto de engenharia
para pavimentação asfáltica dos trechos de acesso à comunidade do Porto
Piató sendo previsto o asfaltamento a partir da BR-304, com 4,5 quilômetros de
extensão, e a partir da RN-016 até Porto Piató, com 4,4 quilômetros de
extensão (figura 13). Ou seja, compreende-se que existem intenções, esforços
por parte do poder público que denotam o reconhecimento da importância em
prover acesso ao local, viabilizando a mobilidade.
O terreno onde será feita a intervenção localiza-se na área Rural no
município de Assú às margens da Lagoa do Piató. O referido terreno já possui
diversos equipamentos, são eles: A Praça Porto Piató, A escola municipal
Alferes Soares Filgueira, a Igreja católica Nossa Senhora dos Navegantes, um
quadra esportiva e um restaurante. (figura14).
38
Figura 13 – LOCAÇÃO DO TERRENO EM RELAÇÃO AO MNICIPIO
FONTE : GOOGLE MAPS MODIFICADO PELA AUTORA
39
Figura 14 – LOCAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS EXISTENTES
FONTE: GOOGLE MAPS – MODIFICADO PELA AUTORA
A partir de levantamento, constatou-se que a praça atual possui pouco
mais de 1700m², distribuídos de forma irregular, encontra- se há poucos metros
da Lagoa do Piató e o terreno do entorno apresenta topografia em declínio em
direção à Lagoa. No entorno da praça é observado à presença de diversos
equipamentos públicos e privados, são eles: A Escola Municipal Alferes Soares
Filgueira, uma quadra de esportes, um restaurante e a Igreja Católica de Nossa
Senhora dos Navegantes (FIGURA 15).
40
QUADRA ESPORTIVA
A quadra esportiva, construída com recursos da prefeitura municipal do
Assú através da empresa Covale –Const. E Com. Do Vale LTDA foi inaugurada
em 2013. Na construção da quadra não foram previstas áreas para banheiros,
vestiários e cobertura, atualmente é usada em período noturno, pois o clima
árido e quente da cidade, juntamente com o piso de cimento queimado pintado
de azul, que esquenta muito, impossibilita que ela seja usada em períodos
diurnos. (FIGURA 16)
FIGURA 15 – ENTORNO DA PRAÇA - 2016
FONTE : ACERVO PROPRIO
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
FIGURA 16 – QUADRA ESPORTIVA -2016
41
RESTAURANTE
O restaurante existente não possui cobertura total para o espaço onde
as mesas estão distribuídas, e muitas delas estão deterioradas com a ação do
tempo, (figura 17). Uma vez que a edificação do restaurante está consolidada,
a proposta desse trabalho irá intervir apenas na área destinada as mesas,
proporcionando sombreamento e mais conforto ao usuário. Além disso, o dono
do estabelecimento não foi encontrado para dar informações mais precisas ou
autorizar um levantamento do interior da edificação.
PRAÇA
Segundo moradores, a Praça do Porto Piató teve sua construção
finalizada no ano de 2008 dispondo de dois quiosques com o uso de
lanchonetes, estacionamento com oito vagas para carros de passeio, três
canteiros e pouco mobiliário urbano. Uma das maiores reclamações dos
moradores, além do abandono, é a falta de sombreamento da praça. A grande
área pavimentada em granilite acumula a energia e reflete o calor para o
usuário alí presente, o que transforma a praça em uma ilha de calor.
FIGURA 17 – RESTAURANTE 2016
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
42
FIGURA 18: PRAÇA – VISTA AÉREA - 2013
FONTE: BLOG.PORTOPIATO.COM
IGREJA
A Igreja Católica de Nossa Senhora dos Navegantes é um importante
ponto atrativo da comunidade. São realizadas missas dominicais e promove
eventos em datas comemorativas católicas. (figura19)
FIGURA 19 – igreja nossa senhora dos navegantes -2016
FONTE : acervo próprio
43
ESCOLA MUNICIPAL ALFERES SOARES FILGUEIRA
A Escola Municipal Alferes Filgueira, inaugurada a titulo de creche em
1991, oferece hoje educação infantil e ensino fundamental I (do 1º ao 5º ano), é
um edifício de extrema importância tanto para a comunidade quanto para a
proposta de projeto. (figura 20)
3.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS
A cidade de Assú possui clima semiárido seco e ventilação
predominante oriunda das direções Leste e Nordeste (Figura 21). Tal clima
propicia uma sensação térmica de calor ao longo de todo o dia e de
temperaturas mais amenas ao entardecer e a noite. Dessa forma, de suma
importância colocar como prioridade no processo projetual a criação de áreas
verdes para o plantio de vegetação nativa, além de pensar em abrigos que
possam sombrear a área impermeável da Praça e possa amenizar o calor
durante o dia. Para análise utilizou-se da técnica do georeferenciamento e
estudo de insolação através do software Sketchup e posteriormente convertido
em arquivo de REVIT, sendo possível a confirmação da superfície topográfica
para o terreno de projeto, esta informação será útil na definição do partido
arquitetônico.
FIGURA 20 – Escola Municipal Alferes Filgueira -2016
FONTE : acervo próprio
44
.
Observado a direção dos ventos, é possível perceber como a ventilação
se comporta dentro do terreno de projeto (figura22), para que não haja
barreiras para o vento é importante que na proposta projetual não haja
equipamentos que o impeçam de fluir de forma natural. Portanto, os abrigos
que serão projetados criar área sombreadas serão projetados de tal forma que
não impeçam a fluidez do vento, e que, com a presença de áreas verdes,
deixem a brisa mais fresca.
FIGURA 21 – rosa dos ventos de assu
FONTE : bing maps – modificado pela autora
45
3.4 – CONDICIONANTES LEGAIS
Este item trata da compilação de itens de importância para o
desenvolvimento da proposta a partir das seguintes legislações: o Código
Florestal Lei 12.651, de 25 de Maio de 2012, o Plano Diretor de Assú, o Código
de Obras da cidade do Assú, e a NBR 9050.
3.4.1 – PLANO DIRETOR E CÓDIGO DE OBRAS
O Plano Diretor de Assú, 2006, tem como objetivo geral orientar,
promover e direcionar o desenvolvimento do município, preservando suas
características naturais, segundo um projeto sustentável, dando prioridade à
função social da propriedade e atendendo ao conjunto de normas e princípios
inseridos na lei orgânica do município de Assú, às determinações da
Constituição Federal, bem como ao Estatuto da Cidade Lei Federal 10.257, de
10 de Julho de 2001.
Das diretrizes básicas citadas no Art.3º dessa lei que influenciam a
execução do projeto, incluem-se: 1) compatibilizar o uso e a ocupação do solo
com a proteção ao meio ambiente natural e construído, reduzindo a
Figura 22 – DIREÇÃO DOS VENTOS NO TERRENO
FONTE : GOOGLE MAPS – MODIFICADO PELA AUTORA
46
especulação imobiliária e orientando a distribuição de infraestrutura básica e de
equipamentos urbanos; 2) definir critérios de controle do impacto urbanístico
dos empreendimentos públicos e privados; e 3) promover o turismo,
respeitando e priorizando o meio ambiente, e observando as peculiaridades
locais, bem como o cuidado especial com a população.
O Art. 6º frisa que a sustentabilidade urbana é entendida como o
desenvolvimento local equilibrado nas dimensões sociais, econômicas e
ambientais, embasado nos valores culturais e no fortalecimento político-
institucional, orientado para a melhoria contínua da qualidade de vida das
gerações presentes e futuras, apoiando-se: 1) na promoção da cidadania,
justiça social e inclusão social; e 2) na valorização e requalificação dos
espaços públicos, da habitabilidade e da acessibilidade para todos;
fortalecendo a proposta de projeto deste trabalho final de graduação.
O Cap. IV do Plano Diretor de Assú que trata do patrimônio cultural e
paisagístico tem o objetivo de incorporar ao processo permanente de
planejamento urbano e ambiental o pressuposto básico do respeito à memória
construída e à identidade das comunidades e locais aprazíveis, estabelecendo
duas diretrizes: 1) formulação e execução de projetos e atividades visando à
preservação de áreas características como de ambiente paisagístico, tais como
Lagoa do Piató, Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, Açude Medubim,
margem do Rio Piranhas - Açu; e 2) destinação de áreas para instalação de
espaços culturais e artísticos;
As margens da lagoa do Piató é uma área considerada de interesse
turístico e valor histórico em até um quilômetro após a reserva da área especial
de interesse ambiental, de acordo com o mapa 02 anexo do plano diretor, a
área do terreno de projeto não se encontra na área de interesse ambiental e
nem na área de interesse turístico e valor histórico. Ainda assim, as margens
da Lagoa são consideradas reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental
e permanente – APA e APP. O art. 32, inciso I cita que nas áreas de reserva
ecológica não serão permitidas qualquer atividade modificadora do meio
ambiente, porém o Cód. Florestal de 2012 que também trata de áreas de
reserva ecológica, APA e APP cita que são permitidas intervenções de
47
interesse social e utilidade pública em localidades como essa, e será mais bem
explicado no tópico 3.4.2 desse trabalho. Dessa forma, o estudo preliminar aqui
proposto levará em consideração a lei federal 12.651 – Cód. Florestal para que
haja possibilidade de intervenção na área. Devido o plano diretor de Assú ter
sido aprovado ainda em 2006, é sensato dizer que este se encontra defasado e
carece de revisão textual para que entre em comum acordo com o Cód.
Florestal 2012 e as demais leis ambientais.
De acordo com o código de obras do município de Assú, a proposta de
requalificação do balneário do Porto Piató pode é classificada como Ampliação,
pois é uma obra de substituição parcial dos elementos construtivos e/ou
estruturais de uma edificação, que altera sua área, forma ou altura, que por
acréscimo ou decréscimo. O item III do Art. 41 classifica esse tipo de
intervenção como edificação especial: aquelas destinadas às atividades de
educação, pesquisa e saúde e locais de reunião que desenvolvam atividades
de cultura e religião, recreação e saber. Uma vez que diversos equipamentos
presentes no terreno de projeto já possuem essas funções e os espaços a
serem projetados se destinam ao lazer e recreação, a legislação regente para
edificações especiais deverá ser seguida.
O Art. 50 trata dos passeios e vedações e ilustra que os padrões de
projeto para os passeios devem adequar-se às condições geoclimáticas da
região e a garantir trânsito, acessibilidade e seguridade às pessoas sadias ou
deficientes, além de durabilidade e fácil manutenção. Além disso, o piso do
passeio deverá ser de material resistente, antiderrapante e não interrompido
por degraus ou mudanças abruptas de nível e que todos os passeios deverão
possuir rampas de acesso junto às faixas de travessia. Dessa forma, o material
a ser escolhido e forma como serão compostos os passeios será definido
levando essas questões em consideração.
Também foi levado em consideração o pé direito mínimo para
compartimentos de permanência transitória de 2.40m, a área de mínima de
abertura para ventilação de 1/8 do piso total para projetar os banheiros e
vestiários junto à quadra. Além disso, é valido salientar que é permitida a área
48
mínima de 6m² para cozinha, já que um dos quiosques será lanchonete (e pode
ser considerado com cozinha), essa premissa também deverá ser seguida.
De acordo com o Art. 69, as de As áreas de recreação descobertas
deverão ser arborizadas e orientadas de forma a garantir incidência solar por,
pelo menos, um período de duas horas diárias durante todo o ano. Dessa
forma, o mobiliário que promova sombreamento e as áreas arborizadas devem
ser posicionadas para estarem de acordo com essa exigência do código. Para
o dimensionamento das arquibancadas, o Art. 73 menciona que deve ser
considerado para cada um metro quadrado, duas pessoas sentadas ou três de
pé, sem computar áreas de circulação. Considerando o tamanho da quadra
esportiva atual que mede 18m x 30m, 540m², e considerando que cada pessoa
sentada ocupe um espaço de retangular de 0,5m x 0,5m serão necessários,
540 lugares sentados totalizando uma área mínima de 135m².
3.4.2 – CÓDIGO FLORESTAL
A Lagoa do Piató é citada pelo IDEMA como um dos pontos de interesse
turístico ambiental no estado do Rio Grande do Norte em uma cartilha
educativa disponível em seu site oficial denominada “Cartilha de sensibilização
ambiental – Ecossistemas do Rio Grande do Norte”.
Para o código florestal vigente (lei 12.651, de maio de 2012), são
considerados áreas de preservação permanente (APP) em zonas rurais ou
urbanas faixas de curso d’água perene ou intermitente (excluindo-se os
efêmeros) e áreas de entorno de lagos e lagoas naturais. A faixa de largura
mínima nas margens é de 100 metros para zona rural e 30 metros para a zona
urbana se considerado a margem atual destes.
A Lagoa do Piató é considerada intermitente pelo fato de não possuir um
ciclo regular de secas e cheias. É valido salientar que o código florestal não
possui diretriz específica para essas situações, além disso, a faixa de largura
mínima para novas edificações é considerada a partir da margem atual da
lagoa no momento de sua construção. Dessa forma, considerando a Lagoa do
Piató como intermitente, ela ainda encontra-se seca, portanto a faixa de 100
49
metros prevista no código florestal pode ser atendida, uma vez que a margem
não está definida.
Porém, o plano diretor do município de Assú considera as margens da
Lagoa (onde se encontra o terreno de projeto) como Área de Proteção
Permanente (APP), conceituada no Cód. Florestal como “área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas”. Para a construção de novas edificações e
realização de atividades o Cód. Florestal prevê instrumentos econômicos e
financeiros para a proteção e preservação dessas áreas, tendo o objetivo do
desenvolvimento sustentável, um de seus princípios é a criação e mobilização
de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da
vegetação nativa promovendo o desenvolvimento de atividades sustentáveis. A
proposta urbana aqui apresentada tem como um de seus objetivos a
preservação e a recuperação da vegetação nativa a partir da criação de
canteiros para o plantio de arvores típicas da região.
Tendo em vista que a proposta de projeto aqui apresentada busca a
implantação pública destinada a esportes, lazer, atividades educacionais e
culturais ao ar livre numa área rural, pode-se classifica-la como obra de
interesse social de acordo com o inciso IX do Art. 3º. Além disso, também
podemos classificar com utilidade pública já que as atividades proporcionarão
melhoria das funções ambientais destinadas a uma APP. Dessa forma,
podemos enfatizar que o Cód. Florestal prevê no § 2º do Art. 8º intervenção
e/ou supressão da vegetação nativa em APP na hipótese de intervenção de
interesse social ou utilidade pública, portanto, para os termos do Cód. Florestal
a intervenção proposta para este estudo de projeto é permitida na APP às
margens da Lagoa do Piató.
3.4.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE
Com o intuito de garantir acessibilidade a todos no uso da proposta foi
consultada a NBR9050-2015 que identifica quais os critérios e parâmetros
técnicos a serem observados para o desenvolvimento do projeto acessível. Um
50
projeto acessível é aquele que permite o livre fluxo de pessoas e o uso de todo
o tipo de mobiliário existente por estas. Algumas das principais exigências da
NBR9050 foram listadas abaixo: Nas áreas de acessos e circulação os pisos
devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer
condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas. É admitida
inclinação longitudinal de 5%, sendo considerada rampa acima deste valor, e
inclinação transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3% para
externos.
Rampas devem ser calculadas a partir da fórmula i=hx100/c, onde i é a
inclinação em porcentagem, h é a altura do desnível e c o comprimento da
projeção horizontal. A inclinação de rampas acessíveis pode variar de 5 a
8,33% dependendo do desnível a ser vencido. Devem ser previstas áreas de
descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso em inclinações maiores
que 6,25%. Quando não houver paredes laterais as rampas devem incorporar
guias de balizamento com altura mínima de 0,05 m, instaladas ou construídas
nos limites da largura da rampa e na projeção dos guarda-corpos. No início e
no término da rampa devem ser previstos patamares com dimensão mínima
recomendável de 1,50m e o mínimo admissível é de 1,20m, sendo esta
também a indicação para largura das rampas.
A fim de respeitar a topografia acidentada do terreno e atender as
premissas da NBR 9050, foi necessário projetar rampas com índices de
inclinação diversos que pudessem conectar os diferentes níveis de passeio
presentes na proposta. Ao total, a proposta conta com cinco rampas inclinadas
a 8,33% e mais nove passeios com inclinações que variam de 1 a 4.97%. As
rampas com inclinação de 8.33% estão presentes na lateral do restaurante, na
Via Projetada 02, na lateral direita da quadra esportiva, e nos acessos aos
quiosques no centro da praça. Os nove passeios inclinados estão distribuídos
na proposta (PRANCHA 3/7), essa solução foi adotada para termos o mínimo
uso do corrimão, uma vez percursos com inclinação de a partir de 5% são
considerados rampas e por sua vez necessitam de corrimão duplo, o uso de
percursos inclinados abaixo de 5% foram usados pra conectar os espaços sem
a presença de um corrimão que poluiriam visualmente a proposta e não
deixaria o espaço fluido.
51
Com relação ao piso tátil é importante informar que, se tratando de um
estudo preliminar, optou-se por não representa-lo na proposta como um todo.
O detalhamento do padrão de piso tátil será representado na proposta de
reforma do restaurante (PRANCHA 4/7), dessa forma é possível observar como
o padrão da norma para escadas, rampas, corrimãos (FIGURA),
estacionamento e calçadas (FIGURA 22) foi seguido nesse trecho da proposta
e que deverá ser executado para os outros trechos em possíveis estudos
futuros.
Além da padronização para escadas e rampas, é valido salientar que os
banheiros a serem projetados também deverão seguir a NBR9050. Serão
projetados ao todo seis banheiros acessíveis, sendo três de uso feminino e três
de uso masculino. Um par de banheiros estará localizado no centro da praça, e
os outros no bloco de apoio à quadra esportiva, sendo dois deles de acesso
direto ao vestiário geral.
Figura 23 – padrão de piso tátil e corrimão para rampas e escadas
FONTE : NBR 9050- 2015
52
4 – MÉTODOS DE PROJETO
4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Este tópico consiste na apresentação de planilhas e tabelas geradas
para o Pré- dimensionamento da proposta. A partir do programa de
necessidades foi feita uma análise da quantidade de ambientes, da área útil e
da área necessária para a construção.
ESTACIONAMENTOS
A praça atual dispõe de oito vagas para estacionamento. Levando em
consideração a presença dos equipamentos existentes no local é possível
constatar que o número de vagas não supre a necessidade estipulada pelo
Plano Diretor de Assú. O quadro 04 do PDA especifica que para área especial
histórica, onde está inserido o terreno de projeto, deve haver 01 vaga para
cada 100m² de área construída em edificações de uso não residencial.
Se tomarmos como referência as áreas construídas da quadra esportiva,
restaurante, igreja, escola, o pré-dimensionamento de vagas pode ser ilustrado
na tabela 01. A área da praça também será levada em consideração, por ser
relativamente extensa, serão propostas áreas cobertas ao longo da praça
contando, portanto como área construída de fato.
TABELA 01: DIMENSIONAMENTO DOS ESTACIONAMENTOS
EDIFICAÇÃO ÁREA VAGAS EXIGIDAS
ESCOLA 490 m² 5
QUADRA 380m² 4
RESTAURANTE 280m² 3
IGREJA 247m² 3
PRAÇA 1740m² 17
TOTAL 3137 32
53
Além dos estacionamentos, foi pensada uma área para carga e
descarga nas proximidades do restaurante. Uma vez que o pico de
funcionamento do restaurante se dá nos finais de semana e o regime de
entregas se dá em horários comerciais e dias úteis, não houve necessidade de
uma vaga de estacionamento específica para caminhão, pois este não ocupa o
espaço por muito tempo.
QUIOSQUES
Os dois quiosques existentes na praça serão reconstruídos, onde, um
quiosque comportará a lanchonete com 18.80m², e o outro comportará dois
banheiros acessíveis: cada um com 9.20m². Totalizando 37.20m² de área para
os quiosques.
ÁREA PARA MESAS
O restaurante existente já possui uma área destinada para mesas que
possui aproximadamente 150m², essa área será mantida e as mesas
rearranjadas. Uma vez que o restaurante está consolidado, e possui um
proprietário particular, a proposta desse estudo não irá interferir nas áreas
internas do estabelecimento. Além disso, não foi possível localizar seu
proprietário para levantamentos, portanto, o edifício do restaurante apresenta-
se somente com seu contorno externo onde foi possível a medição.
O quiosque da lanchonete foi pensado para atender no máximo 32
pessoas de uma vez, distribuídos em oito mesas com quatro cadeiras cada.
Para que as mesas fossem harmonizadas com o caramanchão que serve de
cobertura para esta área, elas foram distribuídas num espaço de 86m² nas
laterais do quiosque lanchonete. Totalizando 286m² de área para mesas.
MOBILIÁRIO URBANO
Tendo em vista a necessidade de mobiliários como bancos, postes de
iluminação e lixeiras, estes serão colocados estrategicamente em locais que se
fazem necessários. Os postes de iluminação serão colocados a entre 20 e 30m
de distância entre si ao longo de calçadas e caminhos, os banco e lixeiras
54
serão posicionados em conjunto em lugares sombreados onde a permanência
das pessoas seja de média e longa duração.
CARAMANCHÃO
As áreas destinadas para caramanchão estarão distribuídas em diversos
trechos da praça e na área de mesas do restaurante. Serão 110m² para a área
de mesas do restaurante, 312m² para a cobertura ao redor dos novos
quiosques, 362m² nas proximidades da escola e finalmente 268m² ao longo de
calçadas. Totalizando 1049m² de caramanchão.
PRÉDIO DE APOIO À QUADRA ESPORTIVA
Para dar apoio às atividades esportivas da quadra, se fez necessária a
concepção de um projeto que abrange vestiários, banheiros e uma pequena
enfermaria. Os vestiários puderam ser dimensionados de acordo com a NR 24
que trata do dimensionamento de instalações sanitárias para diversos
estabelecimentos e NR 32 cita riscos biológicos no local de trabalho. A NR 24
cita que para funcionário que trabalhe dois turnos (8h) são necessários 1,5m²
de vestiário, considerando metade da área para apenas um turno (4h).
Trazendo esse principio para o uso esportivo, podemos considerar que um
jogador use o vestiário por apenas um turno, será necessário 0,75m²,
totalizando uma área mínima de 9m² se contarmos 11 jogadores mais um
responsável técnico. Já NR 32 regulamenta que um vestiário deve possuir pelo
menos um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia, mas não leva em
consideração o numero de usuários. Para tanto, os vestiários do bloco de apoio
À quadra esportiva possuem a área de 14,94m² e 14,21m² e dispõem duas
cabines com chuveiros e duas cabines com bacia sanitária. Além disso, o
vestiário proposto está em conformidade com o modelo ideal para apoio
logístico apresentado no portal do ministério do esporte do Governo Federal.
Além disso, foram projetados mais dois banheiros para que, tanto o público que
foi assistir a um jogo quanto os usuários da praça que estão fazendo outras
atividades, possam ter acesso ao banheiro.
55
A enfermaria foi pensada para prestar atendimento rápido em caso de
acidentes durante as práticas esportivas da quadra. O atendimento ali realizado
se restringiria a execução de pequenos curativos e administração de
medicamentos necessários àquela situação. Para atendimentos mais
complexos o paciente deve ser transferido para o hospital mais próximo. Dessa
forma o ambiente da enfermaria é na verdade classificado como sala de
curativos e deve seguir o tamanho mínimo de 10m² de acordo com a portaria n.
44 – Hospital Dia para o Sistema Único de Saúde, 2001.
As arquibancadas foram dimensionadas seguindo as premissas do
Código de Obras do município de Assú, citado no item 3.4.1, estas foram
posicionadas na lateral esquerda da quadra (sul) e tem capacidade para 540
pessoas sentadas totalizando 140m² onde 10% dos lugares são destinados
para cadeirantes, o que corresponde a 6 lugares, distribuídos de forma que
cada cadeirante sente ao lado de seu acompanhante.
56
5 – PROPOSTA FINAL
Este capítulo se caracteriza como memorial descritivo e justificativo e
contém todas as informações do processo de projeto para a concepção do
produto final. Além disso, aborda o partido arquitetônico, a definição
volumétrica de elementos construídos, acessos e especificações mais
detalhadas de revestimentos, métodos construtivos, entre outros.·.
5.1 – CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
Todo projeto de arquitetura possui, ou deveria possuir dois princípios
básicos: conceito e partido arquitetônico. O conceito está relacionado à
essência do projeto. Ele é algo abstrato e envolve a criatividade do arquiteto e
urbanista. Já o partido está relacionado com as soluções formais adotadas a
fim de se alcançar o objetivo do conceito.
Ao observar o terreno de projeto e entender as necessidades da
comunidade, ficou claro como a desconexão dos equipamentos era o maior
problema da localidade. A falta de comunicação entre os edifícios e a não
fluidez dos caminhos dificultam a ocupação dos espaços e causam o abandono
dos locais. Dessa forma, o conceito de projeto está na palavra fluidez.
Objetivando um complexo urbano onde as pessoas possuam liberdade de
movimentar-se e sentirem-se conectados na proposta de projeto, um espaço
fluido. Para proporcionar fluidez à proposta, o estudo formal teve como foco
principal a forma da curva, por esta ser uma linha continua e que não
apresenta paradas como em outros polígonos os princípios de projeto partem
da forma curva para tornar os espaços conectados de forma fluida e suave.
Além disso, a curva apresentada na praça atual do terreno de projeto
norteia o estudo formal das curvas. Para entrar em conformidade com a praça
existentes a proposta usa a forma curva para também reforçar a identidade da
comunidade espelhada na praça.
A fluidez não está presente somente na forma curva da implantação do
projeto, mas também na forma de caminhar do usuário. A concepção dos
caminhos sem obstáculos horizontais ou verticais conferem fluidez ao usuário.
A conexão dos diferentes níveis através de rampas e escadas permite que o
57
usuário caminhe e seja convidado a conhecer cada passeio, cada espaço e
senti-lo como seu.
5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA
Num primeiro momento, a proposta projetual estava focada para o
público turístico. Visto que o Plano Diretor de Assú define as proximidades da
Lagoa do Piató como área de interesse turístico e valor histórico, as ideias
iniciais de projeto focavam em atender as necessidades do público turista,
dando pouca importância ao valor histórico e comunitário do local. A ideia
inicial de projeto dava prioridade ao veículo em diversos pontos da proposta,
que foi apresentada na Pré-banca (Figura 25).
Além disso, a integração dos equipamentos não estava sendo
promovida de forma adequada. O terreno de projeto foi setorizado num
primeiro momento pensando em polos culturais, canteiros e estacionamentos
sem reforma dos quiosques nem do desenho original da praça. (Figura 24)
Figura 24 – SETORIZAÇÃO DO TERRENO DE PROJETO
FONTE: ACERVO PRÓPRIO
58
Após entrevistas com a população da comunidade do Porto Piató,
constatou-se que a necessidade de integração de todos os equipamentos com
a comunidade era de suma importância para o desenvolvimento de uma boa
proposta.
As entrevistas mostraram que grande parte da população que ali
mora almeja um espaço de lazer seguro e iluminado durante a noite. Os
entrevistados também demonstraram grande preocupação com o abandono e a
falta de cobertura tanto para os quiosques como para a praça. Além disso a
falta de pavimentação das ruas de acesso (que está em fase de licitação de
obra na prefeitura) era um quesito de grande insatisfação dos moradores da
comunidade local.
Dessa forma, a reforma que aconteceria majoritariamente sobre a
praça se estendeu para os outros equipamentos e para as vias de acesso,
conectando todos os espaços e criando um grande complexo urbano. A nova
proposta consiste em ampliar a área da praça criando caminhos e conexões
fluidas possibilitando que o usuário se sinta dentro de um único espaço que foi
pensado para atender as necessidades de lazer, segurança e recreação das
pessoas que ali frequentam (ver prancha1/7)
Para que a reforma pudesse respeitar a topografia em declínio em
direção à lagoa e conectasse os diferentes níveis em que os equipamentos
FIGURA 25 – proposta inicial de projeto
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
59
estão alocados, foi preciso que a praça existente, incluindo seus quiosques
originais, fosse completamente demolida, sobrando desta, o desenho de seu
contorno que guiou as formas das demais calçadas propostas. A partir dessa
ideia, a proposta foi dividida em diferentes níveis (figura 26) de passeio tendo
4m de diferença de altura do nível mais baixo para o nível mais alto.
As áreas destinadas à vegetação foram posicionadas em lugares
estratégicos para que pudessem tanto sombrear áreas que mais levam sol no
período da tarde, como também entrar em comum acordo com os ventos
majoritários que incidem sobre o terreno fazendo refrescar a brisa. Como
resultado na proposta final (PRANCHA 1/7 e figura 27) temos caminhos fluidos
e conectados permeados por áreas de vegetação e sombreamento.
Figura 26 – croqui praça dividida em diferentes níveis
FONTE : acervo próprio
60
A cobertura da quadra esportiva seguiu a forma curva e de material
leve, resultando num ponto forte de atração do meio urbano em que está
inserido, mas que conversa totalmente com o resto da proposta.
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA - QUADRA
FONTE : acervo próprio
Figura 28 – proposta final - implantação
61
É válido salientar que a curvatura da cobertura da quadra foi um desafio
no quesito projeto x construtibilidade. Um sistema construtivo que fosse capaz
de vencer o vão da quadra e contemplasse a forma curva da telha metálica não
poderia ser convencional, de modo que, diversas soluções foram pensadas
(FIGURA 28) até a escolha final pela treliça espacial e telha metálica. (FIGURA
29)
Para o desenvolvimento dos caramanchões, foi primeiramente
pensado para serem colocados em lugares onde a população almejava
sombreamento: nas proximidades dos quiosques e restaurante. (FIGURA 30)
FIGURA 29 – PROPOSTA FINAL QUADRA
FIGURA 30 – DESENVOLVIMENTO DE CARAMANCHÃO
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
FONTE : ACERVO PRÓPRIO
62
Porém, devido à grande incidência solar no terreno, constatou-se
que o sombreamento ainda deixaria a desejar em diversos pontos da praça e
que somente a locação de árvores nos canteiros não satisfaria o conforto
almejado nessa proposta. Portanto, diversos caramanchões foram colocados
ao longo da praça e proporcionaram ainda mais sombreamento (FIGURA 31).
Por fim, a proposta resultou num complexo urbano totalmente
conectado com caminhos fluídos, acessíveis e que permite que o usuário se
sinta seguro e usufrua o bem estar e recreação necessários para o melhor
aproveitamento do espaço e melhoramento da qualidade de vida. (PRANCHA
1/7)
5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS
A concepção do estudo de requalificação tem como base os
estudos de referencial metodológico demonstrados no tópico 2 deste trabalho.
Além disso, o entendimento sobre espaços livres e públicos, o espaço de lazer
e seu papel no crescimento urbano da cidade levando em consideração o
contexto em que está inserida na área de estudo explicitados no tópico 1.
Dessa forma, os elementos essenciais para a proposta foram definidos
com base em algumas diretrizes:
Ampliação das funções de lazer, esporte e bem estar identificados
na área.
FONTE : ACERVO PRÓPPRIO
FIGURA 31 – CARAMANCHAO – PRoPOSTA FINAL
63
Melhoria do conforto térmico com a ampliação e melhoramento
dos canteiros e jardins, incentivando o plantio de árvores de
grande porte nativas da região.
Estimulo à população para a utilização dos espaços em diferentes
dias e horários por meio de uma proposta que promova
multiplicidade de usos.
Incentivar a valorização do espaço como bem público de valor
cultural e histórico.
5.3.1 – ZONEAMENTO
Para o zoneamento da proposta, foi levado em consideração todos os
equipamentos existentes e as atividades que a população exerce nestes e na
praça. A proposta foi dividida em diversos polos, onde o lazer está inserido em
todos eles: Esportivo e recreação, educacional, serviço, religioso e
contemplação.
Os polos esportivos estão localizados em dois pontos do projeto: na
quadra esportiva existente em parte da praça no lado leste, pois foi ali
identificado à atividade de dança de zumba todas as terças e quintas à noite,
sendo estes também considerados recreativos. Além destes, mais um polo
recreativo está localizado na lateral da escola, nas imediações do
caramanchão e no canteiro destinado à colocação de um playground.
FIGURA 32 - zoneamento
64
O polo religioso se concentra na igreja, os polos de serviço são o
restaurante e os quiosques, o educacional se concentra na escola, e, por fim,
lugares de contemplação da vista da lagoa estão distribuídos em toda a
proposta (Figura 32). É valido salientar que bolsões de estacionamento estão
localizados nas proximidades da escola, quadra e restaurante, totalizando 30
vagas, sendo quatro reservadas à cadeirantes e quatro reservadas à idosos.
Todos os espaços estão conectados através de caminhos e calçadas fluídas,
que vão totalmente de acordo com a proposta de projeto e a topografia local.
5.3.2 – ESTRUTURA
No projeto foram utilizados dois tipos de estruturas: estrutura em
madeira para o caramanchão e estrutura em aço galvanizado para a cobertura
da quadra.
Serão construídos quatro caramanchões em diferentes tamanhos,
distribuídos em: um para a cobertura da área de mesas do restaurante, um ao
longo da praça abrigando também a área para mesas dos quiosques, um ao
lado da escola e por fim um grande caramanchão ao longo de uma calçada no
lado oeste do terreno.
A madeira escolhida para a construção desses caramanchões foi a
Angelim–Pedra. Este tipo de madeira é classificado pelo instituto de pesquisas
tecnológicas (IPT) como durável, alta resistência a fungos e cupins, é
moderadamente resistente a brocas de perfuração e de fácil trabalhabilidade
(IPT,2006).
Os caramanchões terão pilares de Angelim que serão fixados no piso
cerâmico da praça através de uma chapa metálica, em áreas de canteiros os
pilares serão fixados através de chapas metálicas em pequenas sapatas
moldadas in loco nos canteiros e áreas com vegetação (Figura 33).
65
FIGURA 33 – FIXAÇÃO DOS PILARES
FONTE: acervo próprio
As terças se apoiarão nos pilares e serão fixadas através de chapas e
parafusos, os caibros se apoiarão nas terças com o sistema de encaixe simples
ilustrados na (figura 34).
Para a estrutura de cobertura da quadra será usada treliça metálica
espacial. Para abrigar a atual quadra que mede 18m x 21m e a ampliação
desta com a construção de arquibancadas, a cobertura da quadra mede 19m x
21m. Foi escolhida uma forma curva com a altura máxima de 7.80m entre o
piso da quadra e treliça. Para que a cobertura pudesse vencer o vão de 19m e
atendesse a forma curva, foi escolhida treliça metálica espacial feita de aço
galvanizado, arranjada em quadrado sobre quadrado com defasagem de meio
módulo (FIGURA 35).
FIGURA 34 – ENCAIXE DAS TERÇAS - CARAMANCHÃO
FONTE : IMAGEM RETIRADA DO SOFTWARE SKETCHUP
66
A treliça espacial metálica é capaz de vencer grandes vãos e não requer
apoio intermediário, possui baixo valor de peso próprio, é capaz de ser utilizada
em flechas curvas e apresenta alta resistência global face às cargas de ruptura.
(Portal Metálica, 2016). A treliça metálica se mostra, portanto, a solução ideal
para a cobertura da quadra.
5.3.3 – MATERIAIS
De maneira geral, houve a preocupação de adotar materiais de fácil
execução e que sejam duráveis já que terão de suportar as intempéries e
longos períodos sem manutenção.
Para o piso da praça foi escolhido pedra fria, também conhecida como
pedra São Tomé. Esse tipo de pedra é naturalmente antiderrapante, é uma
rocha flexível muito absorvente e que não propaga calor, sua limpeza é feita
usando apenas água e sabão. (FIGURA 36)
FONTE : metalica.com.br
FIGURA 35 – TRELIÇA ESPACIAL - ESQUEMA
FIGURA 36 – PEDRA FRIA
FONTE : blog.pisotermico.com.br
67
Como já citado no item 5.3.2, o material escolhido para compor o
caramanchão é a madeira Angelim-Pedra (figura 32), serão utilizadas também
chapas e parafusos metálicos nas fixações pilares-piso e pilares-terças.
FIGURA 37 – MADEIRA ANGELIM
FONTE: www.ipt.br
Para a cobertura da quadra será utilizada treliça espacial feita em aço
galvanizado pintado com tinta eletrostática na cor cinza e telha metálica.
A reconstrução dos quiosques no centro da praça e a construção do
novo bloco de apoio à quadra esportiva serão feitas em alvenaria convencional.
A cobertura dos quiosques será estruturada em sistema de caibros e ripas
cobertas com telha colonial, já a cobertura do bloco de apoio à quadra será em
telha metálica sob a estrutura de barras metálicas próprias para este tipo de
telha.
O piso interno de todos os novos ambientes será de piso cerâmico fosco
de cor clara PEI 4. As paredes de todos os novos ambientes terão revestimento
cerâmico na cor clara no acabamento tipo brilho PEI 3 do lado interno. No lado
externo as paredes serão pintadas na cor clara com tinta de acabamento semi-
brilho. A mesma configuração se aplica aos quiosques, mas com um, porém,
as tintas externas variam em: azul claro para os banheiros e azul escuro para a
lanchonete.
68
5.3.4 – PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS
O Art. 47 do plano diretor de Assú relata que: Todo projeto de construção
deverá apresentar local para acomodação de veículos dentro do imóvel urbano
na seguinte proporção, de acordo com as finalidades abaixo definidas:
IV Serviço: 01 (uma) vaga por cada 7.000,00 m² (sete mil metros quadrados)
de área construída;
IV Serviço: 01 (uma) vaga por cada 7.000,00 m² (sete mil metros quadrados)
de área construída;
Parágrafo único. Qualquer empreendimento de uso público deverá atender às
Normas de acessibilidade, em especial ao decreto 5.300 e NBR 9.050 ou
normas que os substituam.
Pode –se observar que a proposta final atende à essas necessidades de
vagas de estacionamento exigidas pelo plano diretor. Elas estão distribuídas
em nove vagas para o restaurante, nove vagas nas proximidades da quadra e
doze vagas no acesso principal do complexo, totalizando 30 vagas para toda a
proposta.
No Art. 57 do Plano Diretor de Assú são classificados como empreendimentos
de impactos aqueles que geram uma demanda de atrativos de veículos
superior ao uso predominante da área em questão. Para efeito desta Lei,
considera-se como empreendimento gerador de tráfego:
II qualquer empreendimento para fins não residenciais com área de construção
Superior a 1.000,00 m² (hum mil metros quadrados);
IV qualquer empreendimento destinado a abrigar atividades de lazer e
entretenimento, tais como clubes, cinemas, teatros, bares, boates,
restaurantes, e similares;
Para o Art. 58 Os empreendimentos classificados como de impacto ao seu
entorno, no âmbito do meio ambiente, do sistema viário, nos termos desta Lei,
deverão: Apresentar justificativa técnica em forma de documento encaminhado
69
ao Poder Executivo, com adequações viáveis, elaborado por profissional
habilitado, de acordo com a legislação federal.
§1º A justificativa técnica deverá obrigatoriamente informar:
I estimativa de fluxo de veículos privados adicionais ao sistema viário da
vizinhança pelo empreendimento, levando em conta os períodos críticos de
trânsito;
V demonstração da disponibilidade de vagas de estacionamento, internas ao
lote ou nas vias públicas próximas, tendo em vista o atendimento de demanda.
gerada pelo empreendimento;
VII descrição de condições de melhoramento da infraestrutura viária pública,
adequada para minimizar os eventuais impactos negativos do empreendimento
sobre a fluidez e segurança do tráfego;
A proposta de projeto comporta perfeitamente as vagas destinadas a
estacionamento exigidas pelo plano diretor e como ação obrigatória, para um
estudo posterior, devem ser apresentadas as devidas justificativas sobre a
fluidez e segurança no tráfego.
70
5.3.5 – MOBILIÁRIO URBANO
O mobiliário urbano sugerido na
proposta final é feito de materiais
simples e que exemplares semelhantes
podem ser encontrados no mercado para
facilitar a execução da proposta. A lixeira
deverá ser feita em aço inox com
diâmetro entre 65 cm e 75 cm, com 1m
de altura. (FIGURA 38)
O banco utilizado em toda
proposta é feito de madeira com dois
apoios rígidos de concreto que podem
ser moldados in loco (FIGURA 39)
Os postes serão de médio porte
com mastro em aço galvanizado e
lampadas de LED na cor branca
(FIGURA 40)
Figura 39 – BANCO USADO NA PROPOSTA
Figura 38 – lixeira aço inox
FONTE: acervo própio
FONTE : acervo proprio
Figura 40 –poste usado na proposta
FONTE : acervo próprio
71
5.3.6 – PERSPECTIVAS
FIGURA 42 – RESTAURANTE PROPOSTA FINAL
FONTE: ACERVO PRÓPRIO
Figura 41 – quadra esportiva - proposta final
72
FIGURA 43 – RESTAURANTE – PROPOSTA FINAL 2
FONTE: ACERVO PROPRIO
FIGURA 44 – PRAÇA – PROPOSTA FINAL
FONTE: ACERVO PRÓPRIO
73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como elemento norteador o interesse pessoal
pelos espaços públicos e pelo terreno de projeto em que a proposta se insere.
No intuito de provocar uma reflexão sobre os usos e apropriações que foram
apresentadas pela praça da comunidade do Porto Piató, foi-se necessário um
estudo mais de perto com a comunidade e sua rotina. A dinâmica praticada
pelos moradores foi refletida como propostas de projeto para atender as
necessidades de seus moradores, comprovando carência da requalificação do
espaço atual.
Alterar um quadro já firmado não é uma tarefa fácil, a rejeição iminente é
sempre uma possibilidade. A requalificação de complexos urbanos que
apresentam identidade para a sua população exige a reinterpretação do lugar,
do usuário e da função. Ou seja, se considerando que um complexo de
realidades acontece naquele lugar, é preciso adaptar-se a esses critérios para
ter como o resultado, o melhor aproveitamento possível.
Das dificuldades encontradas nas etapas iniciais de projeto o desafio foi
pensar em como seria a relação entre equipamentos de diferentes funções que
pudessem conversar com a topografia acidentada. As soluções encontradas
para satisfazer questões normativas que fossem ao encontro da proposta
pensada com o conceito e partido de projeto foi satisfatória.
Por fim, como fechamento de um ciclo acadêmico, acredita-se que o
presente trabalho atingiu plenamente os objetivos a que se dispôs. Não só
cumprindo os objetivos de um estudo preliminar da requalificação do balneário
da Lagoa do Piató, este trabalho (e a correção dele) também cumpriu o objetivo
de demonstrar que as aptidões de um arquiteto vão muito além de um simples
projeto. Saber atender às necessidades do público alvo com os conhecimentos
adquiridos com teoria foi um desafio vencido e que será colocado em prática
em projetos futuros.
74
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria da Conceição. – Lagoa do Piató: Fragmentos de uma história/
Maria da Conceição, Wani Fernandes Pereira. – 2ed., rev. E ampl. – Natal, RN:
EDURN – Editora da UFRN, 2006.
ALMEIDA, Eridiana; Giacomini, Larissa; Bortoluzzi Marluse. Mobilidade e
acessibilidade urbana. Nepes, Passo Fundo – RS, 2013.
ARQUITETURA DO NIEMEYER QUE SE FOI NASCEU NA PAMPULHA,
Arnaldo Vianna, 2012. Disponível em: <http://www.brasil247.com/pt/247/min
as247/87139/Arquitetura-do-Niemeyer-que-se-foi-nasceu-na-Pampulha-Arquit
etura-Niemeyer-foi-nasceu-Pampulha.htm> Acesso em 01/09/2016.
BERVIAN, Franciele, As margens do Rio Queimados: Um parque urbano para
a cidade de Concórdia. Ed 1. Erechim – RS, Franciele Bervian, 2015.
CUSTÓDIO, Vanderli, et.al. Sistemas de espaços livres e forma urbana:
algumas reflexões, 2011.
DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO DO ASSÚ, Código de Obras do Município de
Assú, Assú-Rã, 2008.
HEPNER, A. Desenho urbano, capital e ideologia em São Paulo: centralidade e
forma urbana na marginal do rio Pinheiros. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, São Paulo. 2010.
HIJIOKA, Akemi. Et.al. Espaços livres e espacialidades da esfera de vida
pública: uma proposição conceitual para o estudo de sistemas de espaços
livres urbanos no país. Paisagem ambiente: ensaios, ed. 23, São Paulo- SP,
2007.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS, informações sobre madeiras,
disponível em: <http://www.ipt.br/informacoes_madeiras/8.htm> acesso em 4
de Nov. 2016.
LIMA, Nestor dos S. Classificação alfabética dos municípios do RN. Natal:
imprensa Oficial, 1929.
75
MAGNOLI, M. M. E. M. Espaços livres e urbanização: uma introdução a
aspectos da paisagem metropolitana. Tese (Livre-docência em Arquitetura e
Urbanismo). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1982.
MOLES, A. Les objetos. Buenos Aires: Editorial Tiempo Contemporâneo, 1971.
Modelo de quadra esportiva, Ministério do Esporte, Governo Federal, 2013,
disponível em: <http://www.esporte.gov.br/index.php/modelos-de-pracas/94-
ministerio-do-esporte/centro-de-iniciacao-ao-esporte/21795-modelo-ii-3500m>
acessado em 06 de nov. de 2016.
NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho (124.000-
5), Ministério Do Trabalho E Emprego Secretaria De Inspeção Do Trabalho
Departamento De Segurança E Saúde No Trabalho, 1993.
NR 32 - segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde, Ministério Do
Trabalho E Emprego Secretaria De Inspeção Do Trabalho Departamento De
Segurança E Saúde No Trabalho, 2011.
NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos, ABNT, 2015.
OUR STORY, Royal Botanic Gardens Victoria – tradução livre. Disponível em:
< https://www.rbg.vic.gov.au/about-us/our-story> Acessado em: 31de ago. 2016
Piso térmico, Conhecendo o mundo das pedras, disponível em
<http://blog.pisotermico.com.br/2014/02/conhecendo-o-mundo-das-pedras-
naturais/> acesso em 18 de Nov. 2016.
PREFEITURA MUNICIPAL DO ASSÚ, Plano Diretor Do Assú, Assú-Rn, 2006.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos
– Lei N. 12.651, 2012.
RIBEIRO, Luiz César de Queiroz e LAGO, Luciana Corrêa. Reestruturação nas
grandes cidades brasileiras: o modelo centro/periferia em questão. XV
Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, MG, 1991.
76
Santana, Trícia. Percepção dos usuários nos espaços públicos: Avaliações
Pós-ocupação em três praças de Natal –RN. 2003.
SANTOS, M. (1985). Espaço e método. São Paulo: Nobel.A natureza do
espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.
SARMENTO, Bruna; Silva, Ayran; Elali, Gleice. Sistema de espaços livres
universitários: Um estudo no Campus I da UFPB, João Pessoa/PB, Brasil,
2012.
SILVA, Débora [et al.]. Importância da recreação e do lazer – Brasília: Gráfica e
Editora Ideal, 2011.
SOUSA, Marcos. Et.al. Espaço intra-urbano, periferização e vulnerabilidade
social nas cidades brasileiras: o caso do município de Rio Claro- SP,
Associação de geógrafos brasileiros, Porto Alegre – RS, 2010.
TRELIÇAS METÁLICAS, Metálica.com, disponível em:
<http://wwwo.metalica.com.br /trelicas-espaciais> acesso em: 3 de Nov. 2016.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel,
1998.