Primeiros Socorros - Tipos de Acidentes e
Formas de Actuação
“A criança deverá estar sempre em primeiro lugar entre aqueles
que recebem protecção e auxílio”.
Direitos da Criança – O.N.U. (Artigo 6)
Primeiros Socorros - Fundamentos
Durante a infância, as crianças estão susceptíveis a inúmeras
situações de risco que podem originar sérios acidentes.
Não podemos restringir suas oportunidades de brincar, de
explorar novos ambientes, de criar, de ousar, o que prejudicaria seu
desenvolvimento.
Porém, protegê-las da ocorrência de acidentes é dever de
todos.
Precauções
Se possível, os pais e agentes cuidadores de crianças devem
fazer o curso de primeiros socorros. Se não puder ajudar, não faça
nada, pois poderá estar apenas a agravar a situação. Ligue o 112
(INEM ou 808250143 CIAV).
Os Primeiros Socorros são o auxílio imediato a um
doente ou ferido até à chegada de ajuda qualificada.
Visa não só as sequelas físicas ou doenças, mas também outros
cuidados iniciais, incluindo o apoio psicossocial a pessoas que sofrem
traumas emocionais, causados por vivência ou testemunho de uma
situação traumática.
Não devem ser considerados como uma alternativa à
intervenção dos Serviços de Emergência, mas sim como a primeira
fase vital na prestação de ajuda rápida e eficaz.
Nos primeiros minutos, os pequenos gestos correctamente
aplicados podem fazer a diferença e melhorar as hipóteses de
sobrevivência de uma vítima. Não são apenas técnicas, são um acto
de humanidade e o elo chave na construção de uma cidadania global.
A maioria das pessoas não actua perante uma emergência
porque não se sente preparada, porque desconhece a necessidade de
agir prontamente ou porque tem esperança de que apareça alguém
que acuda. Todos temos potencial para salvar vidas.
Acidentes de Pele – Formas de Actuação
As lesões da pele podem-se dividir essencialmente em dois
grupos: lesões fechadas e lesões abertas.
As lesões fechadas são lesões internas em que a pele se
mantém intacta e normalmente estão associadas a uma hemorragia
interna. Este tipo de lesões é, na maior parte dos casos, originado por
impacto, mas pode surgir também em determinadas situações de
doença.
Classificam-se como lesões fechadas, aquelas em que a pele
se encontra intacta. Podem ser hematomas ou equimoses.
a) Hematoma
O hematoma surge aquando do rompimento de vasos
sanguíneos de um calibre considerável, provocando o acumular de
sangue nos tecidos.
Em muitos casos pode estar associado a outros traumatismos,
como fracturas. Este acumular de sangue vai dar origem a um
inchaço doloroso de cor escura.
b) Equimose
A equimose, normalmente conhecida por nódoa negra, é o
resultado do rompimento de vasos capilares, levando a uma
acumulação de sangue em pequena quantidade nos tecidos.
Os cuidados de emergência são iguais para ambos os tipos de
lesão, mas é preciso lembrar que este tipo de lesão pode estar
associado a outras mais graves. Por isso, deve se sempre efectuado o
exame do doente.
Quando da presença de uma destas lesões, proceder da
seguinte forma: Acalmar a criança; explicar o que vai ser feito;
suspeitar de outras lesões associadas; fazer aplicação de frio sobre o
local; imobilizar a região afectada; procurar antecedentes pessoais;
ligar 112 e informar.
As lesões abertas surgem quando a integridade da pele foi
atingida, sendo facilmente identificada pela existência de feridas.
A existência de feridas na pele pode dar origem ao surgimento
de infecções e a perda de sangue pela hemorragia que normalmente
lhe está associada.
Existem diversos tipos de lesão abertas, dependendo do tipo de
mecanismo que as originou. Estas podem ser:
a) Escoriação
A escoriação é uma lesão superficial da pele com uma pequena
hemorragia (originada pelo rompimento de vasos capilares) e
dolorosa. Esta lesão, que não apresenta gravidade, é normalmente
causada por abrasão.
b) Laceração
É uma lesão da pele originada normalmente por objectos
afiados, podendo apresentar uma forma regular ou irregular. Pode, no
entanto, ser profunda e atingir vasos sanguíneos de grande calibre.
c) Avulsão
Surge quando existe perda completa ou incompleta de tecidos.
As avulsões envolvem normalmente os tecidos moles, podendo, no
entanto, ser profundas e atingir vasos sanguíneos de grande calibre.
d) Amputação
A amputação é a separação total de um membro. Este tipo de
lesão é grave estando associada a hemorragias e fracturas. Por este
motivo, a actuação deve ser rápida e eficaz.
e) Feridas penetrantes ou perfurantes
A este tipo de lesões, estão associadas outras, como
hemorragias internas e lesões de órgãos internos.
No geral deve-se: Acalmar a criança; explicar o que vai fazer;
suspeitar de outras lesões associadas; não mover o doente mais do
que o necessário; controlar as hemorragias; efectuar um penso
esterilizado; estar atento aos sinais de choque; ligar 112 e informar.
A colocação de um penso tem as condições ideais numa sala de
tratamentos de um hospital ou de um centro de saúde. No entanto,
numa situação de emergência, isso não invalida que sejam
respeitadas as técnicas necessárias à sua correcta execução.
Deve ter em consideração que a pele é uma estrutura
indispensável à vida humana. A pele é um órgão que, através das
suas funções (protectora, excretora, termoreguladora e sensorial),
funciona como barreira entre os órgãos internos e o ambiente
externo. Também participa em muitas funções vitais do organismo,
faz a continuidade com as mucosas nas comunicações com o exterior
dos órgãos e dos diversos sistemas do corpo humano.
Não menos importante é o papel desta na imagem corporal de
qualquer indivíduo. Uma pele sã, isenta de marcas ou cicatrizes tem
um aspecto mais agradável do que a que apresenta as cicatrizes
resultantes de algumas lesões.
Não é difícil entender que a execução de um penso tenha de
obedecer a critérios que deverão ser respeitados, garantindo que a
intervenção não resulta mais lesiva do que a situação a que o doente
foi sujeito.
a) Avaliação da ferida
A primeira atenção deverá ser dirigida para a avaliação da
ferida de forma a determinar as prioridades da actuação. Assim,
independentemente das diferentes classificações das feridas, nesta
unidade elas poderão ser divididas da seguinte forma: superficiais
(envolvem a epiderme; não atingem totalmente a derme; persistem
folículos pilosos e glândulas sudoríparas); profundas (estendem-se à
derme e tecido subcutâneo e podem envolver tendões, músculos e
ossos).
b) Protecção da ferida
A actuação nas acções de socorro a doentes com ferimentos
deverá ter sempre presente que a protecção da ferida envolve vários
aspectos, entre os quais o conforto do doente, com consequente
diminuição da dor, presente na maioria das situações que envolvem
ferimentos.
A escolha dos materiais que se utilizam na realização de um
penso não deve ter como finalidade o tratamento.
A utilização de soluções desinfectantes nas feridas deve ser
limitada. Deverá ter em conta que as soluções desinfectantes podem
resultar num novo traumatismo para a ferida, complicando a situação
da pessoa a quem prestamos socorro. Não sendo o tratamento o
objectivo da intervenção pré-hospitalar, o produto de eleição a utilizar
é o soro fisiológico.
c) Promover a ferida limpa
A promoção da limpeza da ferida é da inteira responsabilidade
do socorrista, sendo obrigatório que tudo o que entra em contacto
com a ferida seja esterilizado. Os movimentos de limpeza de uma
ferida deverão ser dirigidos do centro para a periferia impedindo o
arrastamento de detritos dos tecidos circundantes para a ferida. Ou
seja, a limpeza da ferida deverá ser feita da zona mais limpa para a
mais conspurcada. A utilização do soro fisiológico nesta limpeza é
indispensável.
d) Prevenir a infecção
Um dos factores a considerar para cumprir este critério passa
pela consciencialização e pela adopção de procedimentos que
garantam o contributo na prevenção da infecção. Assim, na
realização de um penso deve ter-se em conta: Utilizar material
descartável, sempre que possível; o material que entra em contacto
com as feridas deve estar esterilizado; as embalagens devem ter
prazo de validade e este deve ser respeitado; utilizar embalagens
individuais, sempre que possível; registar no frasco de soro fisiológico
a data da sua abertura; utilizar material esterilizado e aberto na
altura sempre que a situação assim o justifique (ex: um grande
queimado, uma factura exposta, etc.).
Queimaduras
As queimaduras são lesões da pele resultantes do contacto com
o calor, agentes químicos ou radiações. Podem, em alguns casos, ser
profundas, atingindo músculos ou mesmo estruturas ósseas.
As queimaduras classificam-se em relação a: extensão –
dimensão da área atingida (quanto maior for a área atingida maior
será a gravidade); p rofundidade – grau de destruição dos tecidos.
a) Avaliação da queimadura em relação à profundidade
A classificação das queimaduras em relação à profundidade é
efectuada em graus: 1º Grau – trata-se de uma queimadura sem
gravidade em que apenas foi atingida a primeira camada da pele.
Trata-se de uma queimadura em que a pele apresenta-se vermelha,
sensível e dolorosa. 2º Grau – Trata-se de uma queimadura em que já
é atingida a primeira (epiderme) e segunda (derme) camadas da pele.
Caracteriza-se por ser dolorosa e apresenta flictenas (bolhas). 3.º
Grau – Trata-se de uma queimadura em que existe a destruição da
pele e de outros tecidos subjacentes. Caracteriza-se por se
apresentar com uma cor castanha ou preta (tipo carvão). O doente,
na maioria dos casos, não refere dor devido ao facto de existir
destruição dos terminais nervosos existentes na pele, responsáveis
pela transmissão de informação de dor ao cérebro.
Os perigos de uma queimadura são a infecção e a dor. Por este
motivo, a actuação é condicionada a este dois factores. Quando na
presença de uma queimadura provocada pelo calor, actuar da
seguinte forma: acalmar o doente; ter em atenção a via aérea; limpar
a zona queimada, retirando a roupa existente. A roupa que se
encontrar agarrada, deve ficar; lavar a zona queimada com soro
fisiológico ou água; tapar a zona com um penso humedecido e
esterilizado; nas zonas articulares (mãos, pés, etc.) proteger as zonas
de contacto.
Atenção: quando na presença de uma queimadura provocada
por um agente químico, lavar abundantemente a zona atingida e
nunca tapar. Não utilizar qualquer tipo de gorduras. Estas contribuem
para o aumento da temperatura e da infecção.
Acidentes do Esqueleto – Formas de Actuação
As fracturas podem classificar-se da seguinte forma: Fracturas
abertas (expostas): quando existe exposição dos topos ósseos,
podendo facilmente infectar. Fracturas fechadas: a pele encontra-se
intacta, não se visualizando os topos ósseos.
Existem diversos sinais e sintomas que podem levar-nos a
suspeitar da existência de uma fractura. Sempre que exista um deles,
deve proceder-se como se esta existisse. Sinais e sintomas de
fracturas: Dor localizada na zona do foco de fractura, normalmente
intensa e aliviando após a imobilização; perda da mobilidade. Pode,
em alguns casos, existir alteração da sensibilidade; existe
normalmente deformação, podendo, em alguns tipos de fracturas,
não estar todavia presente; edema (inchaço) normalmente presente,
aumentando de volume conforme o tempo vai passando; a exposição
dos topos ósseos, no caso da fractura exposta, não deixa dúvidas em
relação à existência da mesma; alteração da coloração do membro.
Surge no caso de existir compromisso da circulação sanguínea. Palpar
o pulso na extremidade.
Cuidados a ter no manuseamento de fracturas: Não efectuar
qualquer pressão sobre o foco de fractura; imobilizar a fractura,
mantendo o alinhamento do membro, não forçando, no caso de a
fractura ser ao nível do ombro, cotovelo, mão, joelho e pés; no caso
de fracturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes
de imobilizar; não efectuar movimentos desnecessários. Para
imobilizar a fractura proceder da seguinte forma: Expor o membro.
Retirar o calçado e roupa; se existirem feridas, limpá-las e desinfectá-
las antes de imobilizar; se a fractura for num osso longo, alinhar o
membro; imobilizar a fractura, utilizando preferencialmente talas de
madeira devendo estas estar obrigatoriamente almofadadas; no caso
de a fractura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento.
Se necessário, imobilizá-lo na posição em que este se encontra.
Acidentes Digestivos – Formas de Actuação
As intoxicações nas crianças podem essencialmente ter duas
origens: acidental, voluntária, ou profissional sendo a mais frequente
a intoxicação acidental e normalmente por uso ou acondicionamento
incorrecto dos produtos. O agente tóxico pode entrar no organismo
humano por uma das seguintes vias: Via digestiva – É a mais
frequente, normalmente associada a ingestão de alimentos
deteriorados ou a ingestão de medicamentos; Via respiratória –
Resulta da inalação de gases, fumos ou vapores, ocorrendo na
maioria dos casos em situações de incêndio ou de uma deficiência
nas instalações de gás para uso doméstico; Via cutânea – Quando o
produto entra em contacto com o organismo através da pele; Via
ocular – Surge geralmente por acidente, quando um jacto de um
produto atinge os olhos; Por injecção – via parentérica – Acontece
com mais frequência nos toxicodependentes ou num caso de erro
terapêutico, quer ao nível da dose quer ao nível da própria
substância; Picada de animal – Em Portugal as mais frequentes
devem-se às picadas do escorpião, alguns insectos, víboras e peixes;
Via rectal ou vaginal – São situações raras, que podem surgir em
alguns casos de tentativas de aborto com recurso a substâncias
químicas, pela utilização de alguns medicamentos, ou na descoberta
do seu corpo (com brincadeiras). Sendo a intoxicação, uma das
emergências mais graves, torna-se fundamental adoptar medidas de
prevenção que evitem que esta ocorra: no caso de alimentos, ter em
atenção o prazo de validade e o estado de acondicionamento e
conservação dos mesmos. Apesar deste tipo de intoxicação ser de
menor gravidade, pode em alguns casos ser mortal; no caso de
medicamentos, utilizar somente os indicados pelo médico ou pelo
farmacêutico, respeitando as doses indicadas e os prazos de validade.
Colocar os medicamentos nas respectivas embalagens e em locais de
difícil acesso a crianças. A intoxicação mais frequente na criança é a
da ingestão medicamentosa por confundir a forma e cor dos
medicamentos com alguns tipos de doces; no caso de agentes
químicos de limpeza doméstica ou de uso profissional, os acidentes
mais frequentes resultam da associação de produtos ou da ingestão
dos mesmos. Assim, devem cumprir-se as instruções dos produtos a
usar, bem como o fim a que se destinam e devem estar devidamente
acondicionados, sempre fora do alcance das crianças. Em situações
de socorro deve-se ligar ao CIAV (808250143) e deve-se indicar:
nome do produto; cor; cheiro; tipo de embalagem; fim a que se
destina; idade; sexo; peso e doenças anteriores. As embalagens
devem acompanhar o doente à unidade de saúde, para facilitar a
identificação do agente tóxico e assim permitir uma intervenção no
tempo mais curto possível.
a) Actuação para intoxicação por via respiratória
Antes de se actuar, verificar se o local é seguro e arejado. Caso
seja possível abordar a criança em segurança, retirá-lo do local para
uma zona arejada, se possível administrar oxigénio e contactar os
meios de socorro.
b) Actuação para intoxicações por via digestiva
Muitas das intoxicações por via digestiva são de fácil resolução
pela remoção do conteúdo gástrico através da indução do vómito, no
entanto, a sua realização está dependente do tempo decorrido e do
produto em causa. Assim, somente deve ser efectuada quando lhe for
dada indicação pelo CIAV ou pelo operador da central 112.
c) Actuação para intoxicações por via cutânea
Nestes casos, remover as peças do vestuário que estiverem em
contacto com o tóxico e lavar a zona atingida durante pelo menos 15
minutos. Logo que possível contactar o CIAV.
c) Actuação para intoxicações por via ocular
Nestes casos, lavar o olho atingido, com recurso a água. A
lavagem deve ser efectuada do canto interno do olho para o canto
externo e deve ser mantida durante 15 minutos. Assim que possível
contactar o CIAV. Os restantes casos, devido a sua especificidade,
poderão apenas ser socorridos com intervenção médica. Assim,
devem ser accionados os meios de socorro o mais precocemente
possível (CIAV - 808250143).
Indigestão
A indigestão é o termo comum para designar um problema
conhecido em termos médicos como Dispepsia. A dispepsia é uma
dor ou um mal-estar na parte alta do abdómen ou no peito que
muitas vezes é descrita como ter gases, sensação de estar cheio ou
como uma dor corrosiva ou urgente (ardor). A dispepsia tem muitas
causas. Algumas são perturbações importantes, como úlceras do
estômago, úlceras duodenais, inflamação do estômago (gastrite) e
cancro gástrico. A ansiedade pode provocar dispepsia (possivelmente
porque uma pessoa ansiosa tende a suspirar ou a inspirar e engolir
ar, o que pode provocar distensão gástrica ou intestinal, bem como
flatulência e meteorismo). A ansiedade também pode aumentar a
percepção de sensações desagradáveis por parte da pessoa, ao ponto
de o mais pequeno incómodo se tornar muito stressante.
A indigestão na criança e adulto pode ser evitada (se não tiver
qualquer causa aparente) pela correcta ingestão de alimentos, seja
em qualidade (demasiado gordurosos ou ácidos) seja em quantidade
ou ainda devido ao facto de se ingerir alimentos em grandes porções,
que obrigam o estômago a uma digestão mais lenta e deficitária.
Se não se encontrar uma causa subjacente, durante um curto
período de tempo pode experimentar-se a administração dum
antiácido. Se a pessoa tiver uma infecção por Helicobacter pylori na
mucosa do estômago, o médico normalmente prescreve um
antibiótico.
Causas habituais de dispepsia: engolir ar (aerofagia);
regurgitação (refluxo) de ácido proveniente do estômago; irritação do
estômago (gastrite); úlcera gástrica ou duodenal; Cancro do
estômago; intolerância à lactose (impossibilidade de digerir o leite e
os produtos lácteos); perturbações da motilidade intestinal (por
exemplo, síndroma do intestino irritável); ansiedade ou depressão;
alimentação muito condimentada; excesso alimentos saturados de
gorduras ou ácidos.
Obstipação
A obstipação, também chamada de prisão de ventre ou
constipação intestinal, é caracterizada pela dificuldade constante ou
eventual da evacuação das fezes, que se tornam ressecadas. Esta,
não deve ser considerada como uma doença, mas como um sintoma
ou efeito de alimentação deficiente, stress e outros problemas que
fazem com que o organismo responda retendo as fezes por um
período maior do que o normal. Em crianças a constipação pode vir
acompanhada de outros sintomas, como o escape fecal e encoprese,
ou seja, o ato de sujar as roupas íntimas involuntariamente. Os
sintomas são: inchaço da barriga; cólicas; fezes duras; irritabilidade;
dor.
As causas podem estar associadas a variadas situações, tais
como: retenção das fezes por medo de utilizar a casa de banho;
resistência ao ensino da casa de banho; uma dilaceração dolorosa do
ânus (fissura anal); defeitos de nascimento como anomalias da
espinal medula ou do ânus; doença de Hirschsprung; baixas
concentrações da hormona tiroideia; pouca alimentação; paralisia
cerebral; doença psiquiátrica na criança ou na família; alimentação
desequilibrada; alimentação pobre em fibras e baseada em lanches,
massas e enlatados; refeições fora dos horários normais de pequeno-
almoço, almoço e jantar; hábito de beber pouco líquido durante o dia;
sedentarismo ou falta de exercício.
Acidentes Circulatórios – Formas de Actuação
Hemorragias
As hemorragias classificam-se em relação ao vaso atingido.
Deste modo, existem: hemorragias arteriais; hemorragias venosas;
hemorragias capilares. As hemorragias arteriais sucedem quando o
vaso que sangra é uma artéria e caracteriza-se pela saída de sangue
vermelho vivo e às «golfadas», ou seja, num jacto descontínuo,
correspondente à contracção do coração. As hemorragias venosas
sucedem quando o vaso que sangra é uma veia e caracteriza-se por
uma saída de sangue vermelho escuro em jacto contínuo. As
hemorragias capilares sucedem quando são atingidos os vasos
capilares. Caracteriza-se por uma saída de sangue em toalha.
Normalmente não oferecem perigo. As hemorragias, à semelhança da
classificação da origem, vão também ser classificadas em relação à
sua localização, podendo ser internas ou externas. As hemorragias
externas são de fácil localização, estão relacionadas com feridas e
podem ser de origem arterial, venosa ou capilar, dependendo do(s)
vaso(s) atingido(s).
O controlo das hemorragias pode ser obtido através da
aplicação das seguintes técnicas: compressão manual directa;
compressão manual indirecta ou à distância; garrote; aplicação de
frio; elevação do membro.
Hemorragias internas
As hemorragias internas são de difícil reconhecimento, sendo
caracterizadas de duas formas: hemorragias internas visíveis;
hemorragias internas não visíveis.
a) Hemorragias internas visíveis
Diz-se que é uma hemorragia interna visível quando o sangue
sai por um dos orifícios naturais do corpo (nariz, ouvidos, boca, etc.).
b) Hemorragias internas não visíveis
São de difícil reconhecimento, sendo a suspeita efectuada com
base nos sinais e sintomas que o doente apresenta.
Devemos actuar da seguinte forma no caso da hemorragia
interna: não deixar o doente efectuar qualquer movimento; se o
sangue sai pelos ouvidos, neste caso particular, colocar somente uma
compressa para embeber; aplicar frio sobre a zona da lesão; manter o
doente quente; avaliar os parâmetros vitais. Quando existir uma
perda sanguínea, o organismo vai reagir, originando sinais (o que se
vê) e sintomas (o que o doente refere) que permitem suspeitar de
uma hemorragia. Entre eles destacam-se os seguintes:
a) Alteração do estado de consciência: uma perda de sangue
suficientemente grande faz com que o oxigénio e nutrientes que
deviam chegar ao cérebro sejam insuficientes levando a que o doente
possa ficar confuso, desorientado ou mesmo inconsciente;
b) Alteração da ventilação: se existir uma perda de sangue,
significa que chega menos oxigénio aos órgãos, dando origem a que a
percentagem de anidrido de carbono aumente nos tecidos. Estes
factos levam a que a frequência ventilatória aumente dando origem a
uma ventilação rápida e superficial;
c) Alteração do pulso: se existe menos quantidade de sangue, o
coração vai acelerar para fazer circular mais depressa o pouco
sangue que existe, originando um pulso rápido e fino;
d) Alteração da pressão arterial: a perda de sangue vai levar a
que o volume deste nos vasos sanguíneos seja menor e,
consequentemente, a pressão exercida sobre a parede das artérias
também o seja, provocando uma pressão arterial baixa;
e) Alteração da pele: se existe menos sangue, existe também
menos oxigénio e nutrientes. Isto vai obrigar o organismo a retirar
sangue da periferia para o interior do corpo, originando uma pele
pálida e húmida;
f ) Saída evidente de sangue por uma ferida ou pelos orifícios
naturais do corpo;
g) Sede: se existe uma perda de sangue existe também uma
perda de água. Por este motivo, o doente tem sede.
Em caso de hemorragia devemos actuar da seguinte forma:
Proceder ao controlo da hemorragia; ter em atenção um possível
episódio de vómito; elevar os membros inferiores; manter o doente
confortável e aquecido; identificar os antecedentes pessoais e a
medicação; avaliar os parâmetros vitais, se possível; ligar 112 e
informar.
Síncope (Desmaio)
Síncope ou desmaio é a perda súbita e transitória (breve) da
consciência e consequentemente da postura, devido a isquémia
cerebral transitória generalizada (redução na irrigação de sangue
para o cérebro). Existe sempre recuperação espontânea da
consciência na síncope. A síncope (ou lipotimia), pode ter várias
origens, bem como indicar vários quadros clínicos.
Os mais frequentes são: a descida súbita da pressão arterial
(hipotensão), que dá origem a uma má perfusão cerebral; a descida
acentuada do açúcar no sangue; excesso de esforço ou actividade;
medo e ansiedade; postura erecta durante demasiado tempo. No
entanto, pode também indicar situações de maior gravidade, ou seja,
quando a perda de conhecimento esteja associada a dor torácica;
convulsão; problemas cardíacos. A criança em caso de desmaio
apresenta sintomas de palidez, enjoo, tonturas, sudação, fraqueza
muscular e por fim dá-se o desmaio.
As formas de actuação dependem do estado da criança. Se
estiver inconsciente a primeira providência é garantir que a criança
respire.
Inconsciente, ela pode ter as vias respiratórias bloqueadas por
saliva, vómito, sangue ou aparelhos ortodônticos. Para resolver o
problema, abra a sua boca, puxe com firmeza, mas delicadamente, a
sua mandíbula para a frente e incline sua cabeça para trás. Isto
afasta a língua do fundo da garganta e liberta a passagem de ar.
Depois, coloque-a com a cabeça para o lado, facilitando a saída dos
líquidos ou vómitos que ainda estejam na sua boca. Deveremos
verificar de imediato as suas funções vitais de forma a evitar
sufocação com o próprio vómito. Deve-se posteriormente, elevar as
pernas a 45 graus, bem como humedecer a testa e os lábios. A
criança deve ser aquecida colocando um qualquer cobertor/casaco
debaixo das suas costas e se possível outro por cima.
Depois de a criança recuperar a consciência, deve manter-se
calma, deitada e com as roupas desapertadas, mantendo sempre o
aquecimento corporal. É fundamental manter um diálogo constante
com a criança, acalmando-a.
Golpe de ar: Geral ou de Frio
O golpe de calor é uma doença que pode pôr a vida em perigo,
que deriva de uma prolongada exposição ao calor e na qual uma
pessoa não pode suar o suficiente para fazer descer a sua
temperatura corporal.
Esta doença costuma desenvolver-se rapidamente e requer um
tratamento intensivo e imediato. Se uma pessoa estiver desidratada e
não puder suar o suficiente para arrefecer o seu corpo, a temperatura
corporal pode atingir níveis perigosamente elevados e provocar um
golpe de calor. Certas doenças, diminuem a capacidade de sudação
e, consequentemente, aumentam o risco de ocorrer um golpe de
calor.
A insolação é caracterizada por, cefaleia (dor de cabeça),
tonturas, vómitos, excitação, pele fria e pegajosa, boca seca, fadiga,
fraqueza, pulso rápido e inconsciência. Em caso de golpe de calor
deve-se baixar a temperatura do corpo, para tal: coloque a pessoa
num local fresco e à sombra; desaperte-lhe a roupa, ou remova as
roupas e envolva a pessoa num lençol fresco e húmido; coloque
compressas frias na cabeça e axilas; eleve a cabeça da vítima; dê a
beber água fresca, se a vítima estiver consciente; se estiver
inconsciente, coloque-a em PLS (Posição Lateral da Segurança).
Esta é uma situação grave, principalmente nas crianças, que
pode provocar hemorragia cerebral e como tal, necessita de
transporte urgente para o hospital.
Golpe de Frio / Geladura
A geladura é uma lesão provocada pelo frio em que uma ou
mais partes do corpo ficam permanentemente danificadas.
Quando a pele congela, adquire uma cor avermelhada, incha e
provoca dor, até que finalmente se torna negra. As células das zonas
congeladas morrem. Dependendo da intensidade do congelamento, o
tecido afectado pode chegar a recuperar ou gangrenar. As mãos e os
pés expostos ao frio são mais vulneráveis. O dano que o
congelamento provoca deve-se a uma combinação de fluxo
sanguíneo reduzido com a formação de cristais de gelo nos tecidos.
Uma criança congelada deve ser envolvida numa manta de
protecção. Uma mão ou um pé congelados deverão ser mergulhados
em água não mais quente do que a temperatura que uma pessoa em
estado normal possa tolerar (entre 37,7 e 40ºC). Não se deverá fazer
aquecer a vítima ao pé do lume, nem esfregando-a com neve. Uma
vez a salvo, as bebidas quentes são de grande ajuda. Quanto à zona
congelada, deve ser lavada cuidadosamente, seca e envolvida em
ligaduras esterilizadas e mantida meticulosamente limpa, para evitar
infecções. Quando se diagnostica um estado de congelamento, deve
ser administrado um antibiótico.
A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do
organismo cai abaixo do normal (35ºC), de modo não intencional,
sendo seu metabolismo prejudicado. Se a temperatura ficar abaixo de
32ºC, a condição pode ficar crítica ou até fatal. Temperaturas quase
sempre fatais são aquelas abaixo de 27ºC. A hipotermia pode ser
classificada em três tipos: a aguda, sub-aguda e crónica.
Leve (35 a 33ºC); sensação de frio, tremores, letargia motora,
espasmos musculares. A pele fica fria, as extremidades do corpo
apresentam tonalidade cinzenta ou levemente arroxeada (cianótica).
A pessoa tem confusão mental.
• Moderada (33 a 30ºC); Os tremores começam a desaparecer,
a pessoa tende a ficar muito sonolenta, prostrada, quase
inconsciente, rigidez muscular, alterações na memória e na fala,
entre outros.
• Grave (menos de 30ºC); A pessoa fica imóvel e
inconsciente, as pupilas se dilatam e a frequência cardíaca
diminui, se tornando quase imperceptível. Se o paciente não for
devidamente tratado, a morte é inevitável. No caso de ocorrer
uma hipotermia deve-se: De inicio, não massaje ou esfregue a
vítima, não deixe a pessoa em pé e nem dê álcool, pois estas
acções desviarão a circulação (que já está comprometida) dos
órgãos internos, podendo agravar a situação.
Deve-se chamar socorro especializado, aquecer as axilas e
pernas (pode ser com garrafas/sacos com água morna envolvidas
em panos), monitorar as funções vitais da vítima e estar preparado
para ressuscitação cardio-pulmonar. Remover a roupa molhada se
tiver outra para vestir a criança. Se a hipotermia ficou severa
notavelmente e a pessoa está incoerente ou inconsciente, o
reaquecimento deve ser feito sob circunstâncias estritamente
controladas num hospital.
Acidentes Respiratórios – Formas de Actuação
A dificuldade respiratória normalmente definida como «falta de
ar» pela população em geral e por dispneia pelos médicos, pode ter
várias causas.
Contudo, esta pode ser considerada normal, sem gravidade,
quando resulta, por exemplo, de um esforço físico extenuante e ser
grave quando resulta do agravamento de um doença pulmonar ou
cardíaca ou de uma intoxicação.
A queixa de «falta de ar» pode variar de pessoa para pessoa
uma vez que este sintoma depende da capacidade neurológica em
identificar este sintomas. A maioria das situações de falta de ar no
adulto tem as seguintes causas: asma (por «aperto» dos brônquios);
agravamento da bronquite crónica (por acumulação de secreções);
edema pulmonar (por problemas cardíacos); angina de peito ou
enfarte agudo do miocárdio; intoxicações (as mais frequentes por
inalação de fumos ou gases); etc.
Perante um caso de dificuldade respiratória deve-se Manter um
ambiente calmo em redor do doente; acalmar a criança; manter a
criança sentada sem que esta faça qualquer esforço; ajudar a criança
a respirar, pedindo a esta que expire devagar e pela boca e inspire
pelo nariz (como se estivesse a cheirar uma flor e a apagar uma
vela); se possível, administrar oxigénio; identificar doenças anteriores
e a medicação da criança; ligar 112.
Outra situação é a asfixia, Sempre que um alimento (líquido ou
sólido) ou um objecto é colocado na boca e engolido e vai para o
pulmão, denominamos asfixia. Pode ser pela presença de corpos
estranhos ou objectos, tais como um pedaço de carne durante a
alimentação, pastilha, caramelos, etc.
Neste caso, não se deve auxiliar enquanto a criança está a
tossir ou ainda emite algum som, pois é o processo natural do
organismo resolver a situação.
Devemos sim, auxiliar quando a criança começa a ficar sem
som, ou sem qualquer respiração, ficando com pele cianosada, e
nesse caso devemos inclinar a criança para a frente, agarrando-a por
trás e aplicando-lhe 4 pancadas secas, com a palma da mão em
forma de concha, de forma a expulsar o objecto que impede a
passagem do ar. Caso não funcione pode-se ainda aplicar a Manobra
de Heimlich (consiste em fazer 4 compressões no peito da criança)
até libertar as vias respiratórias. Após a recuperação é aconselhável a
deslocação ao hospital, para avaliar possíveis danos da falta de
oxigenação dos órgãos.
Primeiros Cuidados em Situações Específicas
A convulsão deve-se a uma alteração neurológica que pode ter
várias causas. As mais frequentes estão associadas a epilepsia ou a
febre, no caso das crianças.
Uma convulsão é um fenómeno electro-fisiológico anormal
temporário que ocorre no cérebro (descarga bioenergética) e que
resulta numa sincronização anormal da actividade eléctrica neuronal.
Estas alterações podem reflectir-se a nível da tonicidade corporal
(gerando contracções involuntárias da musculatura, como
movimentos desordenados, ou outras reacções anormais como desvio
dos olhos e tremores), alterações do estado mental, ou outros
sintomas psíquicos.
Dá-se o nome de epilepsia à síndrome médica na qual existem
a convulsões recorrentes e involuntárias, embora possam ocorrer
convulsões em pessoas que não sofrem desta condição médica.
A crise convulsiva é generalizada quando há movimentos de
braços e pernas, desvio dos olhos e libertação dos esfíncteres
associada à perda da consciência. É denominada focal simples,
quando as contracções acontecem num membro do corpo (braço,
perna) e não fazem com que a pessoa perca a consciência. Se houver
perda da consciência associada à contracção de apenas um membro,
damos o nome de focal complexa. As crises podem apresentar-se
ainda como uma "falta de força" generalizada no corpo da pessoa;
estas são as crises atónicas.
A crise de ausência se caracteriza pela perda da consciência,
em geral sem quedas e sem actividade motora. A pessoa fica com o
“olhar perdido” por alguns momentos.
São várias as causas que podem levar à convulsão, sendo as
principais: acidentes de carro, quedas e outros traumas na cabeça;
meningite; desidratação grave; intoxicações ou reacções a
medicamentos; hipoxemia perinatal (falta de oxigénio aos recém-
nascidos em partos complicados); hipoglicémia (baixa glicose no
sangue); epilepsias (crises convulsivas repetitivas não relacionadas à
febre nem a outras causas acima relacionadas; têm forte herança
familiar); Convulsão Febril (causada por febre).
Nestes casos deve-se: Deitar a pessoa (caso ela esteja de pé ou
sentada), evitando quedas e traumas; remover objectos (tanto da
pessoa, como do chão), para evitar traumas; desapertar as roupas;
proteger a cabeça da pessoa com a mão, roupa, almofada; lateralizar
a cabeça para que a saliva escorra (evitando aspiração); limpar as
secreções salivares, com um pano ou papel, para facilitar a
respiração; observar se a pessoa consegue respirar; afastar os
curiosos, dando espaço à pessoa para “respirar”; reduzir estimulação
sensorial (diminuir luz, evitar barulho); permitir que a pessoa
descanse ou até mesmo durma após a crise; ligar ao 112.
A epilepsia é uma doença neurológica crónica que provoca, ao
nível do cérebro, descargas eléctricas desorganizadas. Estas
provocam, em alguns casos, movimentos musculares involuntários e
exuberantes, normalmente descritos como um «estrebuchar», ou
seja, uma convulsão. As crises convulsivas normalmente são de curta
duração (1 ou 2 minutos) e, devido ao facto de serem em alguns
casos violentas, podem provocar ferimentos no doente já que este
pode embater descontroladamente em objectos existentes em seu
redor.
Os sinais e sintomas que podem ajudar a identificar uma
convulsão podem ser organizados em três fases: 1º - antes da
convulsão o doente pode ficar parado, como ausente, começando a
ranger os dentes. Muitos doentes referem sentir um cheiro ou ver
luzes coloridas; 2º - normalmente o doente grita e cai subitamente,
começando a cerrar com força os dentes e mexendo-se
descontroladamente. Neste caso, o doente poderá ficar cianosado
(cor azulada/cinzenta da pele) devido ao facto de ocorrerem períodos
curtos em que ocorre a suspensão da respiração e poderá salivar
abundantemente, o que pode ser identificado pelo «espumar pela
boca»; 3º -a crise termina e o doente apresenta-se inconsciente,
recuperando lentamente a consciência. Normalmente apresenta-se
confuso e agitado e não se lembra do que aconteceu. É normal
ocorrer mordedura da língua, mas na generalidade sem gravidade. Os
procedimentos de socorro são os mesmos descritos na convulsão.
A depressão é um estado emocional, caracterizado por tristeza
profunda, sentimento de culpa, incapacidade de lidar com a perda do
“objecto” de amor, e a incapacidade de fazer o luto. Este estado
emocional é diferente de outro que é a personalidade depressiva, que
é uma constante da pessoa (seja em que idade for). Neste caso
caracteriza-se pela deficiente organização do investimento narcísico;
em que a baixa auto-estima é o pano de fundo. È uma situação em
que existe um sentimento de permanente frustração, e de não
realização dos seus planos e objectos.
A maioria destes casos de personalidade depressiva inicia-se
durante o desenvolvimento afectivo da infância. A relação mãe-filho
torna-se fundamental na construção da personalidade da criança. A
depressão, segundo os autores, apresenta uma variação de afectação
de 2:1 (mulher-homem) ou seja para cada homem com depressão
existem duas mulheres na mesma condição.
Assim, caracteriza-se por sintomas de apatia, desinteresse,
isolamento, quietude, falta de comunicação verbal, insónia,
sonolência diária, tristeza, choro, incapacidade de se concentrar,
ansiedade, solidão, sentimentos de culpa, etc.
As depressões infantis poderão estar associadas a imensos
factores que deverão ser analisados e acompanhados por um
psicólogo de forma a ser estabelecido um plano de apoio e
tratamento, se necessário. É no entanto importante salientar, que nas
crianças as depressões estão normalmente associadas a eventos
traumáticos (acidentes no seio familiar, separações dos pais,
deficientes condições de vida, factores biológicos, doenças, etc.) e
que nos adolescentes (onde se apresentam elevadas taxas de
suicídio) estão associados às alterações hormonais decorrentes do
início da puberdade, à falta de comunicação dentro do seio familiar.
Em qualquer destes sintomas deve-se actuar de forma
preventiva, acompanhado a criança a uma consulta com um
especialista.
Associado a estes factores anteriormente referenciados estão
também as crises etílicas, ou mais concretamente o uso e abuso do
consumo de álcool.
Sendo esta substância considerada uma droga legal, está ao
dispor de qualquer jovem em qualquer momento. O álcool ao
contrário da ideia que transparece na sociedade, é um depressor do
sistema nervoso central, e não um excitante como é entendido por
muitos.
A juventude é associada “normalmente” ao consumo de álcool
pela sua irreverência e pelo seu desejo de vida e de diversão, que é
também associado ao seu desejo de afronta e quebra das regras
sociais (contestação).
O consumo de álcool provoca dependência física e psíquica,
com a peculiaridade de o alcoolismo ser detectado, quando já
decorreram muitos anos de vida e muitas adversidades que não são
encaradas da forma preocupante que deveriam ser. Socialmente o
acto de ingestão de bebidas alcoólicas e abuso das mesmas, ainda é
considerado “normal” entre homens, e ainda está associado à maior
ou menor masculinidade.
Segundo o I.N.E., em Portugal as mulheres apresentam uma
maior subida no consumo de álcool e tabaco, comparativamente aos
homens que apresentam reduções de consumos. No entanto
continuam os homens a ser os maiores consumidores de álcool e
tabaco.
Os sintomas de um consumo exagerado de álcool são (já na
fase descendente da curva do álcool) são: fraqueza, descoordenação
motora, discurso incoerente e arrastado, desorientação espácio-
temporal, vómito, sonolência, hipotermia, cianose, e por último
inconsciência, com possível paragem cardio-respiratória.
Numa crise alcoólica devemos: desapertar as roupas da criança;
deitar a criança de lado, para que possa vomitar, sem asfixiar. Falar
constantemente com a criança, apoiando-a; aquecer a criança com
cobertor ou casaco (o álcool provoca uma rápida e perigosa
desidratação); dar líquidos mornos (chás); se a criança adormecer
não deixá-la sozinha até acordar; em caso de inconsciência, verificar
de imediato as funções vitais (pulso e respiração) e ligar 112.
Outros Tipos de Acidentes – Formas de Actuação
e Prevenção
Nos acidentes de electrocussão devemos de imediato desligar o
quadro eléctrico da casa e depois devemos afastar a vítima do fio ou
do aparelho eléctrico. Não se deve tocar nunca na criança, senão
poderemos ser nós também electrocutados. Num choque eléctrico
leve, não haverá muitos problemas, a não ser uma pequena dor e/ou
queimadura no ponto de entrada da corrente no corpo da criança. Em
caso de choque grave, verifique de imediato (após se ter certificado
que é seguro tocar na criança) se as funções vitais da criança se
mantêm activas. Caso isso não suceda ligue de imediato ao 112 e
inicie as manobras de reanimação cardio-respiratória.
A prevenção da contaminação víral, bacteriana, ou parasitária,
é conseguida através das normas de higiene que são ensinadas à
criança, embora nem sempre isso seja um garante do não contágio.
No entanto devemos sempre ter em atenção a qualidade dos
alimentos, os prazos de validade dos mesmos, o isolamento em
recipientes apropriados do lixo doméstico, a lavagem das mãos antes
e após qualquer ida à casa de banho, a toma de uma banho diário, a
limpeza semanal do espaço habitacional, a circulação de ar dentro da
casa. Deve-se também ensinar a criança quando está na rua a não
pegar/tocar em determinados objectos (embora isto faça parte da
aprendizagem do mundo que a rodeia), não levar as mãos à boca
após ter contactado com um animal, etc.
Não se deve nunca restringir a criança nas suas brincadeiras, e
descobertas, com receio do contágio de qualquer vírus, bactéria, ou
parasita, pois dessa forma estaremos a provocar outras
consequências graves no desenvolvimento sócio-afectivo da criança.
Se a criança apresentar sintomas de infecção ou afecção,
deverá ser encaminhada para um hospital ou ligar a linha de saúde
infantil.
O sistema de defesas internas da criança está em construção,
mas as crianças são extremamente resilientes a este tipo de
situações. O sistema imunitário da criança fortalece-se quando ele
próprio entra em contacto com bactérias, vírus e parasitas, ganhando
assim imunidade contra novas possíveis infecções.
Mala de Primeiros-Socorros e Medicamentos
Os medicamentos devem ser acondicionados em locais
próprios, sempre fora do alcança das crianças, bem como devem
estar acondicionados de acordo com as suas normas de conservação
(i.e. se na caixa do medicamento está referido a necessidade de se
manter a temperaturas baixas, então deverá estar acondicionado no
frigorífico). Outro aspecto importante é respeitar sempre a data de
validade do medicamento, bem como usá-lo segundo as normas que
constam da posologia e respeitar também as indicações dadas pelo
médico da criança quanto à forma e ao tempo de administrar o
medicamento. Sempre que um medicamento passa o seu prazo de
validade deve ser entregue e imediato no local próprio (em qualquer
farmácia).
Os medicamentos devem ser usados pelo tempo que foi
prescrito pelo médico (e.g. um antibiótico deve ser tomado até ao
fim, e não parar de toma quando os sintomas passam).
A mala de primeiros socorros deve estar presente em qualquer
habitação, seja própria ou comercial, para poder rapidamente prestar
alguns cuidados de saúde. Algumas marcas de veículos automóveis
incluem já a mala de primeiros socorros no seu equipamento de série.
A mala de primeiros socorros é composta por tesoura; pinça
(para farpas, etc.); gazes esterilizada; gazes para queimaduras;
pensos variados e outros adesivos; ligaduras de vários tamanhos; fita
adesiva antialergénica; luvas descartáveis; solução de iodo (Betadine)
*; soro fisiológico *; máscara de ressuscitação;
* Apenas em alguns casos.
REFERENCIAS
http://www.esocvp.org/
http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/
convencao_direitos_crianca2004.pdf
http://pt.wikipedia.org
http://www.enb.pt/
Matos, A. C. (2001). A DEPRESSÃO. (p. 106). Lisboa: Climepsi.
Ruiloba, J. Vallejo (2002). Introdución a la psicopatologia y la
psiquiatria. (p.501). Barcelona: Masson