Rembrandt – O Apóstolo
HERMENÊUTICA Princípios de Interpretação da Bíblia
por Pr. Geraldo H.A. Santos
CTM SP – HERMENÊUTICA
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 2
A Chave Hermenêutica
Fausto, o personagem central do grande poema de Goethe, num desabafo que denota profunda exaustão
existencial exclama:
“Estudei ardentemente tanta filosofia, direito e medicina e infelizmente muita Teologia (…) e chego ao fim de
tudo ignorante de tudo!
Depois de tantos estudos, geralmente a conclusão a que o sábio chega é que nada sabe. O acúmulo de
conhecimento, ainda que útil em vários aspectos, não é suficiente para saciar aquela estranha fome que
devora a alma humana. O conhecimento, por si, pode alvoroçar a alma do homem, torná-lo arrogante,
irrequieto e até destrutivo.
O poema de Goethe parece ser, a princípio, uma paródia do livro bíblico de Jó. Como no grande clássico
bíblico, Mefistófeles, o diabo, numa espécie de disputa com o Senhor, põe-se a infernizar a vida do já
angustiado Fausto. O desenrolar dos fatos, entretanto, toma um rumo bem diferente daquele observado na
narrativa da vida de Jó.
O personagem de Goethe interage com o anjo caído por toda a estória e flerta com o diabo como se este
fora totalmente inofensivo. Diferentemente do personagem bíblico, que é apresentado de início como um
homem bem-sucedido, vivendo uma vida próspera e pacata, o Fausto de Goethe é, de saída, encontrado
numa profunda crise, como que envolvido por um turbilhão inescapável de conflitos e experimentando tédio
insuportável.
Muito letrado, Fausto deparou-se com o desencanto na rota para o suicídio:
“Eu acreditava ser a imagem de Deus, muito incerto,
Ser o espelho fiel da vera eternidade!
(…) Mas um tufão me mostrou o que sou na verdade.
Após adquirir tanto conhecimento, Fausto se viu aturdido, confuso, sem resposta para a aguda crise interna,
a crise da auto-imagem. Quem sou? O que sou? Ter respostas parciais para essas questões não resolve. Um
imenso acervo de conhecimento desse mundo e dos mecanismos que o movem não é suficiente e não provê
garantia de libertação dos cárceres da angústia. Fausto experimentou o desencanto mesmo depois de
acumular tanto saber dessa natureza.
Em conversa com o pretenso Wagner que ansiava saber tudo diz:
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“Será o pergaminho essa fonte sagrada que a nossa sede de saber eterno acalma?
Alívio não acharás nessa dura empreitada se a fonte não jorrar dentro da própria alma.”
Conhecer o mundo ao nosso redor é importante. Saber seus segredos é estimulante. Aprender, aprender,
aprender deveria ser o lema da criatura humana, posto que a vida é curta e a arte é longa! Mas a angústia
será certa se nos limitarmos à curiosidade concernente ao mundo da matéria.
O Sábio Salomão já há três mil anos havia chegado a essa conclusão dizendo que “quem aumenta ciência
aumenta enfado”. A ciência não tem todas as respostas. Para piorar a inquietação nas almas dos
inquiridores, como já se disse em algum lugar, quando o homem acha que encontrou a resposta, Deus
muda a pergunta!
Kant foi possivelmente quem melhor percebeu a charada e concluiu que a razão, ainda que importante,
não seria suficiente como muro de arrimo para conter o peso insustentável das questões que pressionam,
demandando respostas que o intelecto não pode dar. O conhecimento científico, empírico explica o mundo
em parte. Muito embora seja de grande valia obter o conhecimento, esse tipo de informação não nos
proverá com as respostas para questionamentos de outra ordem.
Kant opõe-se ao racionalismo iluminista que sustentava que a razão humana seria perfeitamente capaz de
decifrar os enigmas do mundo natural, de nós mesmos e do próprio Deus. Para ele, as incansáveis
investigações do labor científico não conduzirão o homem a lugar algum além do campo imediato dos
fenômenos. O conhecimento que a ciência pode proporcionar descreverá o fenômeno, mas não penetrará
naquilo que ele chamava de “a-coisa-em-si”.
Existe algo para além do fenômeno, há uma outra esfera para além daquilo que se pode ver, tocar,
mensurar. Lá reside a-coisa-em-si. Assim, ainda que o conhecimento intelectual seja absolutamente
importante para responder as demandas da mente racional e por conseqüência emprestar certo sentido ao
mundo que nos cerca, esse conhecimento apenas jamais poderá responder aos anseios da vacuidade
espiritual que todos, sem exceção, experimentam.
A Inteligência do Evangelho arranca o homem do seu estado de perplexidade diante do absurdo e
apresenta-lhe Jesus, a chave hermenêutica que decodifica o enigma e proporciona a possibilidade de
suspirar aliviado por fim e poder dizer: “Ah! agora estou entendendo!”
Trecho do livro “Inteligência do Evangelho” de Luiz Leite
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Resumo e Adaptação do Livro:
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
de Walter A. Henrichsen – Ed. Mundo Cristão
INTRODUÇÃO
Em nosso estudo das leis ou regras de interpretação da Bíblia, precisamos
também pressupor certas coisas:
1. A Bíblia tem autoridade.
2. A Bíblia contém as suas próprias leis de interpretação que, quando entendidas
e aplicadas apropriadamente, produzem o sentido correto de determinada
passagem.
3. O objetivo primário da interpretação é descobrir o sentido que a passagem
tinha para o autor.
4. A língua pode comunicar verdades espirituais.
Estudar, interpretar e poder aplicar a Bíblia corretamente são as metas de todos
os cristãos conscienciosos.
Há quatro partes básicas no estudo correto da Bíblia. São elas:
OBSERVAÇÃO, que responde à pergunta: "Que vejo?". Aqui o estudante da
Bíblia aborda o texto como um detetive. Nenhum pormenor é sem
importância; nenhuma pedra fica sem ser virada. Cada observação é
cuidadosamente arrolada para consideração e comparações posteriores.
CORRELAÇÃO, que responde à pergunta: "Como isto se relaciona com o
restante daquilo que a Bíblia diz?". O estudante da Bíblia deve fazer mais do
que examinar somente passagens individuais. Deve coordenar o seu estudo
com tudo mais que a Bíblia diz sobre o assunto. A precisa compreensão da
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Bíblia sobfe qualquer assunto leva em conta tudo que a Bíblia diz sobre aquele
assunto.
INTERPRETAÇÃO, que responde à pergunta: "Que significa?". Aqui o
intérprete bombardeia o texto com perguntas como: "Que significam estes
pormenores para as pessoas às quaisforam dadas?", "Qual a principal idéia
que ele está procurando comunicar?"
APLICAÇÃO, que responde à pergunta: "Que significa para mim?". Esta é a
meta dos outros três passos. "Observação e interpretação sem aplicação é
aborto".
As regras de interpretação se dividem em quatro categorias:
PRINCÍPIOS GERAIS, são os que tratam da matéria global da interpretação.
São universais em sua natureza, não se limitando a considerações específicas,
incluídas estas nas outras três seções.
PRINCÍPIOS GRAMATICAIS, são os que tratam do texto propriamente dito.
Estabelecem as regras básicas para o entendimento das palavras e sentenças
da passagem em estudo.
PRINCÍPIOS HISTÓRICOS, são os que tratam do contexto em que os livros da
Bíblia foram escritos. As situações políticas, econômicas e culturais são
importantes na consideração do aspecto histórico do seu estudo da Palavra
de Deus.
PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS, são os que tratam da formação da doutrina cristã.
São, por necessidade, regras "amplas", pois a doutrina tem de levar em
consideração tudo que a Bíblia diz sobre dado assunto. Embora tendam a ser
regras um tanto complicadas, nem por isso são menos importantes, pois
desempenham papel de profunda relevância na obra de dar forma àquele
corpo de crenças a que você chama suas convicções.
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PRINCÍPIOS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
REGRA 1 - TRABALHE PARTINDO DA PRESSUPOSIÇÃO
DE QUE A BÍBLIA TEM AUTORIDADE.
Nas questões de religião o cristão se submete, consciente ou inconscientemente,
a uma das seguintes autoridades, acatando-a como autoridade última: a
TRADIÇÃO, a RAZÃO ou as ESCRITURAS.
EXEMPLO 1: Ensinos sobre Maria e a concepção virginal de Cristo
- Catolicismo - tradição
- Liberalismo e modernismo - racionalismo
- Interpretação fiel - Ensino bíblico
ATENÇÃO: Em caso de conflito, a questão é: Qual autoridade será o árbitro final?
EXEMPLO 2: Autoridade e inspiração das Escrituras
- Uma pessoa não pode submeter-se à Bíblia, como autoridade sobre ela, se
não for a Palavra de Deus inspirada.
- Em resposta a estas questões desafiadoras, Jesus dizia (ler João 7.17) - Se
você fizer, então saberá. Fazer vem antes de saber. A entrega pessoal vem antes
do conhecimento.
- Agostinho declarou: "Creio, logo sei."
AUTORIDADE - tem que ver com a vontade, com a obediência e com o fazer.
INSPIRAÇÃO - relaciona-se com o intelecto, o entendimento e o conhecimento.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 7
ATENÇÃO:
- A questão da inspiração deve seguir-se à da autoridade.
- Justamente como é só depois de você fazer o que Cristo lhe pede que faça
que você fica sabendo que Ele é o Cristo, assim também só depois de submeter-se
à autoridade da Bíblia e obedecer-lhe, você saberá que ela é a Palavra de Deus
inspirada.
ESTUDO DE CASO: Viagem ao Japão.
- O que se deve presumir ao se decidir ir ao Japão por avião?
O piloto sabe dirigir o aparelho.
O avião chegará com segurança.
O pessoal que cuida da imigração naquele país respeitará o seu passaporte.
Você poderá concretizar o propósito que o levou a viajar.
Enfim, no Estudo da Bíblia você começa com a questão da autoridade. Esta, e a
questão da inspiração que se lhe segue naturalmente, são respondidas quando
você se submete à Palavra de Deus.
REGRA 2 – A BÍBLIA É SEU INTÉRPRETE; A ESCRITURA
EXPLICA MELHOR A ESCRITURA.
Quando estudar a Bíblia, deixe-a falar por si mesma. Não lhe acrescente nem lhe
subtraia nada. Deixe que a Bíblia seja o seu próprio comentário. Compare
Escritura com Escritura.
Ao estudar-se um capítulo ou um parágrafo, o contexto é o primeiro lugar em que
você procurará a interpretação.
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Dois erros clássicos:
OMISSÃO – citar só a parte que lhe convém e deixar de lado o restante.
ACRÉSCIMO – dizer mais do que a Bíblia diz.
ESTUDO DE CASO: Gênesis 3.1-5
- Quem omite e o que?
- Quem acrescenta e o que?
REGRA 3 - A FÉ SALVADORA E O ESPÍRITO SANTO SÃO-
NOS NECESSÁRIOS PARA COMPREENDERMOS E
INTERPRETARMOS BEM AS ESCRITURAS.
Temos de estudar a Bíblia com profundo senso de dependência do Espírito Santo,
cientes de que Ele é Aquele que “vos guiará a toda a verdade”. (Jo 16.13).
É possível proclamar a Bíblia como a sua autoridade e ainda estar espiritualmente
cego (ex. Testemunhas de Jeová, Mórmons).
Embora ser cristão não seja garantia de que você interpretará com precisão todas
as passagens da Bíblia, é fundamental para entender adequadamente a verdade
espiritual.
ESTUDO DE CASO: 1 Co 2.14
- Explique este texto relacionando-o ao novo nascimento e ainda a
possibilidade de errarmos na Interpretação bíblica. Qual a solução, então?
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REGRA 4 – INTERPRETE A EXPERIÊNCIA PESSOAL À LUZ
DA ESCRITURA, E NÃO A ESCRITURA À LUZ DA
EXPERIÊNCIA PESSOAL.
Ao ler o NT, por exemplo, descobrimos que ele contém dois tipos de literatura,
em sua maior parte: NARRATIVA e INSTRUTIVA/DIDÁTICA.
NARRATIVA – Traçam a vida do Senhor Jesus nos quatro evangelhos, e a história
da igreja primitiva no livro de Atos.
INSTRUTIVA – As cartas ou epístolas em grande parte foram escritas para instruir
os membros daquelas primeiras igrejas sobre como viver a vida cristã.
0BS.: A maior parte do Apocalipse e certas porções dos evangelhos podem ser
classificados como proféticas.
As experiências pessoais – sejam quais forem – devem ser conduzidas às
Escrituras e interpretadas. Nunca o caminho inverso.
Permita que a palavra de Deus interprete e amolde as suas experiências, em vez
de você interpretar a Escritura a partir das suas experiências.
ESTUDO DE CASO: A ressurreição de Jesus.
- O NT não ensina que, porque Jesus ressurgiu dos mortos, Ele é o Filho de
Deus. Antes, porque Ele é o Filho de Deus, ressurgiu dos mortos.
- Baseado no exemplo acima, cite outro exemplo de afirmação popular
que esteja errado.
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REGRA 5 – OS EXEMPLO BÍBLICOS SÓ TEM
AUTORIDADE QUANDO AMPARADOS POR UMA
ORDEM.
Ao ler a Bíblia, fica evidente que você não deve seguir o exemplo de cada pessoa
que encontra.
O valor dos exemplos bíblicos:
1. Um exemplo bíblico pode confirmar o que você pensa que o
Senhor o está induzindo a fazer. (ex. celibato).
2. Um exemplo bíblico pode ser rica fonte de aplicações à sua vida
(ex. Mc 1.35).
Contudo, tomar esta aplicação pessoal e tentar aplicá-la a outras pessoas seria
tomar um exemplo da Bíblia e tratá-lo como se fosse uma ordem.
Cada indivíduo deve deduzir a sua própria aplicação daqueles exemplos não
seguidos de ordem.
ESTUDO DE CASO: Cite e analise outros casos de exemplos que vieram a se tornar
mandamentos na história da Igreja Cristã:
a. __________________________________________________
b. __________________________________________________
c. __________________________________________________
d. __________________________________________________
e. __________________________________________________
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 11
REGRA 6 – O PROPÓSITO PRIMÁRIO DA BÍBLIA É
MUDAR AS NOSSAS VIDAS, NÃO AUMENTAR O NOSSO
CONHECIMENTO.
Precisamos entender antes de aplicar a lição, mas o entendimento sem a
aplicação não torna uma pessoa poderosa.
A Bíblia não nos foi dada para que pudéssemos ficar espertos como o diabo; foi-
nos dada para que pudéssemos tornar-nos santos como Deus (2 Pe 1.4; 2 Tm
3.16,17).
ESTUDO DE CASO: Duas observações:
1. Algumas passagens não devem ser aplicadas da
mesma maneira como foram aplicadas na ocasião em
que foram escritas (relacione Lv 7.1,2 com Hb
13.15,16).
2. Quando você aplicar uma passagem, deverá fazê-lo
em harmonia com a interpretação correta (Como
seria uma aplicação equivocada desta passagem: Mt
17.14-20?).
REGRA 7 – CADA CRISTÃO TEM O DIREITO E A
RESPONSABILIDADE DE INVESTIGAR E INTERPRETAR
PESSOALMENTE A PALAVRA DE DEUS.
Este princípio foi um dos abrangentes fundamentos da Reforma Protestante do
século dezesseis:
- Por centenas de anos o povo dependera de que a igreja fizesse o estudo
e a interpretação das Escrituras para ele.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 12
- Não havia traduções da Bíblia na língua do povo.
- Quando se faziam tentativas para produzir essas traduções, a igreja as
suprimia à força.
Hoje existem múltiplas traduções e paráfrases ao alcance de todos, tornando fácil
o acesso à Bíblia para quem quer que saiba ler.
PERIGO!
- A nossa geração parece estar produzindo um povo biblicamente iletrado.
- Mesmo entre cristãos conscientes a Bíblia é pouco mais que um livro de
devoção no qual se pode “encontrar” Deus.
- O aprofundamento em busca das grandes verdades da Bíblia é deixado
aos teólogos e outros “expertos”.
- É como se estivéssemos voltando aos dias anteriores à Reforma.
A presença do espírito Santo e o poder que a língua tem de comunicar a verdade
combinam-se para dar-lhe tudo que você precisa para estudar e interpretar
pessoalmente a Bíblia.
O estudo em profundidade nem sempre lhe dá as respostas que procura. Muitas
vezes você encontrará uma verdade cujas profundidades lhe escapam. E a sua
mente é constituída de modo tal, que você pode fazer mais perguntas do que
pode responder. O estudo da Bíblia não responderá a todas as suas questões. A
resposta a algumas delas virão mais tarde. Algumas jamais serão respondidas
deste lado do céu. A apreciação dos mistérios da fé cristã é em si mesma um sinal
de maturidade.
ATENÇÃO!
- Quando a sua interpretação particular o conduzir a uma conclusão
diversa do significado histórico que os homens de Deus têm dado à passagem,
deverá brilhar na sua mente a luz amarela da advertência.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 13
- Qualquer conclusão a que você chegue, que seja diferente da posição
evangélica histórica, deve ser considerada suspeita
ESTUDO DE CASO: Os bereianos (At 17.11)
- Como isto pode ser aplicado hoje em dia?
REGRA 8 - A HISTÓRIA DA IGREJA É IMPORTANTE, MAS
NÃO DECISIVA NA INTERPRETAÇÃO DA ESCRITURA.
Muitas doutrinas consideradas essenciais pelos evangélicos são implícitas nas
Escrituras. Porque implícitas, e não estabelecidas explicitamente, houve tempo
em que eram muito controvertidas. Devemos à história da igreja o fato de que
tais questões tenham sido resolvidas.
EXEMPLO: A divindade de Jesus Cristo
- Coeterno com o Pai, é Deus. "Verdadeiro Deus de verdadeiro Deus".
- É ensinada em várias partes da Bíblia (ex. Jo 1.1-14).
- A correta interpretação desta passagem e de outras correlatas veio com o
amadurecimento da igreja.
- Somos devedores à história da igreja que registra o que os crentes do
passado conquistaram na sondagem da alma, da investigação escriturística e do
debate.
As interpretações da igreja têm autoridade somente na medida em que estejam
em harmonia com os ensinamentos da Bíblia como um todo.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 14
ESTUDO DE CASO: Charles H. Spurgeon
- "Parece estranho que certos homens que falam muito do que o Espírito
Santo lhes revela pensem tão pouco do que Ele revelou a outros."
- As interpretações da igreja precisam ser estudadas e avaliadas
cuidadosamente à luz daquilo que a Bíblia ensina.
- Exemplos do passado: CELIBATO e MARIOLATRIA
- Dê alguns exemplos hoje.
Muitos credos históricos da igreja foram revistos e diluídos para a inclusão das
tendências filosóficas e teológicas da época.
REGRA 9 - AS PROMESSAS DE DEUS NA BÍBLIA TODA
ESTÃO DISPONÍVEIS AO ESPÍRITO SANTO A FAVOR DOS
CRENTES DE TODAS AS GERAÇÕES.
As promessas de Deus, que se acham na Bíblia, são um meio pelo qual Deus revela
Sua vontade aos homens.
Exatamente como é essencial que você interprete apropriadamente a passagem
antes de aplicá-la, também é essencial interpretar apropriadamente a promessa
antes de reivindicá-la.
ESTUDO DE CASO: Is 30.21
- Você pode desejar que o Senhor guie a sua vida.
- Relacione o texto com esta questão.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 15
É permissível reclamar uma promessa fora do seu contexto histórico, contanto
que seja fiel ao que diz e significa a passagem.
ESTUDO DE CASO: Ex 14.14
- Digamos que esteja cercado por circunstâncias adversas e sofra acusação
falsa.
- Explique a relação desta promessa com a quietude que Deus traz ao
coração.
É importante assumir atitude apropriada ao abordar as promessas. O Senhor as
deu para ajudá-lo a fazer a Sua vontade. No entanto, muitas vezes as pessoas as
usam para tentar levar Deus a fazer a vontade delas.
ESTUDO DE CASO: Jo 16.24
- Você descobre-se amando alguém e sonha um dia casar-se com esta
pessoa.
- Quais as implicações da apropriação desta promessa neste caso?
Promessa é compromisso de Deus, de fazer alguma coisa, e requer sua resposta
de fé em forma de obediência.
Às vezes essa obediência significa esperar pacientemente que o Senhor faça o que
Ele promete. Outras vezes pode significar lançar-se ao desconhecido ou enfrentar
grandes riscos.
Quando você, pela fé, responde à promessa de Deus, Sua vontade é feita e Ele é
glorificado.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 16
ESTUDO DE CASO: Suponhamos que você responda à promessa e ela não se
cumpra.A aparência é de que Deus não fez o que prometeu. A que conclusões
pode chegar?
- Para cada uma das três possibilidades abaixo relacione os textos indicados.
Deus o deixou na mão - Nm 19.23; 2 Tm 2.13
Você errou ao reclamar a promessa - 1 Co 4.3-5
A promessa se cumprirá numa ocasião posterior e/ou de um modo que
você não espera - Hb 11.39
Consideremos os dois tipos de promessas que se acham na Bíblia.
1. PROMESSAS GERAIS
- São feitas pelo Espírito Santo a todos os crentes. Quando foram escritas
pelo autor não visavam a nenhuma pessoa ou época em particular. Antes, são
gerais, destinam-se a todas as pessoas, de todas as gerações (1 Jo 1.9).
2. PROMESSAS ESPECÍFICAS
- São feitas pelo Espírito Santo a indivíduos específicos em ocasiões
específicas.
- Como as promessas gerais, as específicas são-lhe disponíveis, de acordo
com a direção do Espírito Santo. A diferença é que as promessas específicas têm
de ser feitas pelo Espírito Santo especificamente a você como o foram aos
beneficiários originais (At 13.47; ver Is 42.6,7).
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 17
PRINCÍPIOS GRAMATICAIS DE
INTERPRETAÇÃO
Os princípios gramaticais tratam das palavras do texto propriamente ditas.
Esses princípios respondem às questões:
Como você deverá entender as palavras e frases das passagens em estudo?
Que regras básicas devem ser lembradas no trato do texto?
REGRA 10 - A ESCRITURA TEM SOMENTE UM SENTIDO,
E DEVE SER TOMADA LITERALMENTE.
Para comunicar, você precisa presumir (1) que o verdadeiro propósito da palavra
é transmitir pensamento, e (2) que a língua é um meio de comunicação digno de
confiança.
Portanto, a interpretação literal, no contexto, é a única interpretação vedadeira.
Se você não tomar literalmente a passagem, todos os tipos de interpretação
fantasiosa podem resultar disso.
Quando encontrar uma passagem para a qual o contexto indica uma
interpretação literal, e você preferir dar-lhe outra interpretação, não literal, avalie
cuidadosamente os seus motivos.
ESTUDO DE CASO: Responda às perguntas relacionando os textos indicados.
1. Estarei pondo em dúvida que esta passagem é literal porque não quero
obedecer-lhe? (1 Co 14.34 - continuar o estudo e ver se as regras de
interpretação autorizam essa conclusão).
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 18
2. Estarei interpretando esta passagem figuradamente porque ela não se
enquadra na minha tendência teológica preconcebida? (2 Rs 2.23,24 - o
objetivo do estudo da Bíblia não é confirmar as próprias ideias daquilo a
que Deus se assemelha, por exemplo).
Determine qual é o sentido usual e ordinário da palavra e considere esse o
significado correto, a menos que o contexto exija outra coisa.
Nenhuma palavra pode significar mais que uma coisa, segundo o emprego dela
feito na passagem. A mesma palavra pode, todavia, variar de sentido dentro da
mesma sentença, quando usada mais de uma vez.
ESTUDO DE CASO: Jo 4.24
- Explique o sentido de "espírito" no texto.
Quando uma passagem ou palavra parece ter mais de um sentido, escolha a
interpretação mais clara. O significado mais óbvio geralmente é o correto.
ESTUDO DE CASO: O voto de Jefté (Jz 11)
- Como interpretar este evento?
REGRA 11 - INTERPRETE AS PALAVRAS NO SENTIDO
QUE TINHAM NO TEMPO DO AUTOR
Quando estudar uma passagem, nunca pule palavras que não compreende. Uma
ideia errônea quanto ao significado de uma única palavra pode facilmente
obscurecer o sentido da sentença e possivelmente do parágrafo inteiro. Mesmo
as palavras que você acha que não entende devem ser investigadas.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 19
Quando você estudar uma palavra particular, deverá determinar quatro coisas:
1. O uso que dela fez o escritor – Se a palavra é central para o pensamento
do escritor no livro todo, poderá revelar-se da maior utilidade.
2. Sua relação com o seu contexto imediato – Quase sempre o contexto lhe
dirá muita coisa sobre a palavra.
3. Seu uso corrente na época em que foi escrita – Isto exige estudo mais
técnico. Geralmente uma tradução merecedora de confiança dá-lhe o
melhor sentido da palavra, visto que a melhor erudição acadêmica
disponível na igreja está envolvida nessas traduções. Se desejar ir além na
pesquisa, poderá usar um bom comentário.
4. Seu sentido etimológico – Este modo final de estudar o sentido de uma
palavra, em geral é para o estudante da Bíblia mais avançado. Ao
interpretar uma palavra ou passagem, sua meta é determinar o sentido
dela para o autor, quando a escreveu. Esforce-se para libertar-se de todo
e qualquer preconceito pessoal quando estudar uma passagem. O seu
objetivo é compreender o pensamento do escritor, não o que você acha
que ele devia ter dito.
ESTUDO DE CASO:
1. Mt 25.1-13 – Por que se usava a lâmpada nas antigas festas de
casamento? Com que se assemelhava?
2. Jo 2.14 – Quem eram os “cambistas” e o que faziam?
3. Jo 2.19 – A que “santuário” Jesus se referia?
4. Pv 29.18 – A passagem se refere à necessidade de estar sob o ministério
da palavra para fins de restrição moral. Então, explique a palavra
“profecia”.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 20
REGRA 12 – INTERPRETE A PALAVRA EM RELAÇÃO À
SUA SENTENÇA E AO SEU CONTEXTO.
O contexto nem sempre se acha dentro dos limites do versículo ou do capítulo.
Talvez seja necessário incluir versículos do capítulo anterior ou posterior
ESTUDO DE CASO: Interprete a palavra segundo os textos apresentados.
- Fé (Gl 1.23; Rm 14.23)
- Sangue (Ef 1.7; Hb 9.6,7)
REGRA 13 – INTERPRETE A PASSAGEM EM HARMONIA
COM O SEU CONTEXTO.
Cada escritor da Bíblia teve uma razão particular para escrever seu livro.
Ao desenrolar-se o argumento do escritor, há conexão lógica entre uma seção e a
seguinte.
Você precisa encontrar o propósito global do livro a fim de determinar o sentido
de palavras ou passagens particulares no livro.
As perguntas abaixo ajudarão:
1. Como a passagem se relaciona com o material circunvizinho?
2. Como se relaciona com o restante do livro?
3. Como se relaciona com a Bíblia como um todo?
4. Como se relaciona com a cultura e com o quadro de fundo em que foi
escrita? (ATENÇÃO: esta quarta pergunta será tratada de maneira mais
compreensiva sob o título Princípios Históricos de Interpretação – cap. 4,
mas é importante considera-la aqui também.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 21
ESTUDO DE CASO: Apresentando Jesus nos Evangelhos.
a. MATEUS – vemos Jesus como Rei. Ele é o
cumprimento de todas as profecias messiânicas
do VT. Assim, você encontra numerosas citações
do VT em Mateus.
b. MARCOS – Jesus é retratado como Servo. A ênfase
deste evangelho é nos feitos de Cristo. Não
consta nenhuma genealogia, pois quem está
interessado na genealogia de um servo?
c. LUCAS – Jesus é o Filho do Homem. Aqui notamos
a ênfase dada à Sua humanidade. Sua genealogia
vai até Adão, o primeiro homem.
d. JOÃO – vemos Jesus como o Filho de Deus. O
evangelho começa revelando-o como a Palavra
eterna: “Ele estava no princípio com Deus” (Jo
1.2).
- Então, explique o Plano de Salvação com estes dados.
REGRA 14 – QUANDO UM OBJETO INANIMADO É
USADO PARA DESCREVER UM SER VIVO, A
PROPOSIÇÃO PODE SER CONSIDERADA FIGURADA.
Na maioria das vezes o contexto lhe dirá imediatamente se um objeto inanimado
é usado para descrever um ser animado, ou como se possuísse vida e ação.
ESTUDO DE CASO: Aos versículos abaixo descreva o que significa o objeto
inanimado:
- Jo 6.35
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 22
- Jo 8.12
- Jo 10.7
- Sl 92.12
- Mt 26.26-28
REGRA 15 – QUANDO UMA EXPRESSÃO NÃO
CARACTERIZA A COISA DESCRITA, A PROPOSIÇÃO PODE
SER CONSIDERADA FIGURADA.
Normalmente o contexto lhe dirá se a proposição é figurada ou literal, bem como
a quem se refere.
Se você estudar passagens paralelas sobre o assunto, muitas vezes elas o ajudarão
a encontrar a interpretação adequada.
Às vezes a mesma palavra pode ser usada figuradamente, mas com sentidos
diferentes em diferentes lugares da Bíblia.
ATENÇÃO:
1. Uma palavra não pode significar mais de uma coisa de cada vez. Não pode
ter sentido figurado e literal ao mesmo tempo. Quando se dá a uma
palavra um sentido figurado, cancela-se o sentido literal da palavra.
2. Sempre que possível, a passagem deve ser interpretada literalmente. Só
se o sentido literal da palavra não se enquadrar é que deverá ser
interpretada figuradamente. É sempre preferível o sentido literal da
palavra, a menos que o contexto o impossibilite.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 23
ESTUDO DE CASO: Aos versículos abaixo descreva o que significa as expressões
mencionadas:
- Fp 3.2,3
- Lc 13.32
- Is 53.7
- 1 Pe 5.8
REGRA 16 – AS PRINCIPAIS PARTES E FIGURAS DE UMA
PARÁBOLA REPRESENTAM CERTAS REALIDADES.
CONSIDERE SOMENTE ESSAS PRINCIPAIS PARTES E
FIGURAS QUANDO ESTIVER TIRANDO CONCLUSÕES.
Quando se estuda uma parábola, não deve-se estender o propósito dela além da
intenção do autor.
Processo para interpretação de parábolas:
1. Determine o propósito da parábola.
2. Certifique-se de que explica as diferentes partes em harmonia com o fim
principal.
3. Use somente as principais partes da parábola ao explicar a lição. Não faça
a parábola falar demais.
Determine a principal intenção da parábola e fique com isso.
Cada parábola tem um principal ponto de comparação. Procure relacionar esse
ponto com aquilo que o orador estava ensinando.
ESTUDO DE CASO: Analise a parábola abaixo segundo a regra estudada.
- Lc 13.20,21
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 24
REGRA 17 – INTERPRETE AS PALAVRAS DOS PROFETAS
NO SEU SENTIDO COMUM, LITERAL E HISTÓRICO, A
NÃO SER QUE O CONTEXTO OU A MANEIRA COMO SE
CUMPRIRAM INDIQUEM CLARAMENTE QUE TÊM
SENTIDO SIMBÓLICO. O CUMPRIMENTO DELAS PODE
SER POR ETAPAS, CADA CUMPRIMENTO SENDO UMA
GARANTIA DAQUILO QUE HÁ DE SEGUIR-SE.
A profecia deve ser interpretada literalmente, a menos que o contexto ou alguma
referência posterior na Escritura indique outra coisa.
ESTUDO DE CASO: Relacione os textos abaixo dando a devida interpretação.
- Ml 4.5,6 com Mt 11.13,14; Mc 17.10-13
Na maior parte, as profecias podem e devem ser interpretadas literalmente. Pode
ser que haja ocasiões em que se possa fazer derivar dois sentidos aparentes de
uma profecia. Dê preferência àquele que teria sido mais óbvio para a
compreensão dos ouvintes originais.
Também haverá ocasiões em que um escritor do NT dará a uma passagem do VT
uma interpretação profética quando a passagem do VT não parece ser profética.
ESTUDO DE CASO: Analise e responda.
- Os 11.1 com Mt 2.15
- Por que a passagem de Oséias é profética?
- Por que Mateus podia tomar esta posição?
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 25
Muitas vezes uma profecia se cumpre parcialmente numa geração, com o
restante cumprindo-se noutra época. Na ocasião em que a profecia é dada, isto
não é perceptível. Fica claro quando uma parte se cumpre e outra não.
ESTUDO DE CASO: Identifique e Explique as diferenças entre os textos bíblicos.
- Jl 2.28-32 com At 2.15-21
- Is 61.1,2 com Lc 4.17-21
PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE
INTERPRETAÇÃO
Perguntas que são respondidas quando se considera o aspecto histórico do
estudo:
- Para quem e por quem foi escrito o livro?
- Por que foi escrito e que papel desempenhou o cenário histórico na
formação da mensagem do livro?
- Quais os costumes e o ambiente do povo?
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 26
REGRA 18 – DESDE QUE A ESCRITURA ORIGINOU-SE
NUM CONTEXTO HISTÓRICO, SÓ PODE SER
COMPREENDIDA À LUZ DA HISTÓRIA BÍBLICA.
Questões que devem ser levantadas ao começar o estudo de uma passagem
bíblica:
A quem foi escrita a carta (o livro)?
Qual foi o quadro de fundo do escritor?
Qual foi a experiência ou ocasião que deu origem à mensagem?
Quem são os principais personagens do livro?
Seu objetivo é colocar-se no cenário do tempo em que o livro foi escrito e sentir
com as pessoas envolvidas:
- Quais eram os interesses delas?
- Como via Deus a sua situação?
Entender o fundo histórico ajuda a entender e interpretar o texto estudado. Este
tipo de estudo pagará ricos dividendos, e você o achará indispensável para a
interpretação de qualquer passagem que estudar.
ESTUDO DE CASO: Os judaizantes de Gálatas
- Quem eram eles?
- O que faziam?
- O que pretendiam?
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REGRA 19 – EMBORA A REVELAÇÃO DE DEUS NAS
ESCRITURAS SEJA PROGRESSIVA, TANTO O VELHO
COMO O NOVO TESTAMENTO SÃO PARTES ESSENCIAIS
DESTA REVELAÇÃO E FORMAM UMA UNIDADE.
O VT monta o cenário para a correta interpretação do NT.
Você teria dificuldade em entender aquilo de que fala o NT, se não conhecesse o
relato veterotestamentário de acontecimentos como a criação e a queda do
homem.
Noutro sentido, o NT é um comentário do VT – de como Deus se revelou e de
como o Seu plano é progressivo. Quanto mais você avança na leitura, mais você
fica sabendo sobre Ele e sobre o que Ele planeja fazer. O NT explica o propósito de
muita coisa que sucedeu no VT.
EXEMPLO: A relação de hebreus com o VT
- Se você não estiver familiarizado com os sistemas do tabernáculo, do
sacerdócio e dos sacrifícios veterotestamentários, terá dificuldade em
acompanhar a argumentação do livro. Essa carta explica a finalidade e o
significado das formas de culto do VT.
Deus se revela progressivamente conforme a história se desenvolve. Mas isto não
significa que os padrões de Deus se tornam progressivamente mais elevados ou
que Deus muda no meio do caminho. Antes, nossa compreensão de Deus e de Sua
revelação é que é progressiva. Deus não muda nunca.
ESTUDO DE CASO: Descreva as implicações do caso abaixo.
- Não é incomum ouvir uma pessoa dizer: “O Deus do VT é diferente do
Deus do NT. No VT Ele parece tão severo e condenatório, enquanto que no NT é
mais amoroso e cheio de graça”.
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 28
REGRA 20 – OS FATOS OU ACONTECIMENTOS
HISTÓRICOS SE TORNAM SÍMBOLOS DE VERDADES
ESPIRITUAIS, SOMENTE SE AS ESCRITURAS ASSIM OS
DESIGNAREM.
O dicionário Webster define símbolo como “algo que representa ou lembra
alguma outra coisa por relação, associação, convenção ou semelhança acidental;
especialmente, um sinal visível de uma coisa invisível”.
Embora haja diferenças entre as palavras símbolo, tipo, alegoria, símile e
metáfora, relacionam-se de modo suficientemente íntimo para que as
combinemos aqui. Esta regra se aplica a todas elas, dado que muitas vezes são
usadas para designar sinais visíveis de alguma coisa invisível.
ESTUDO DE CASO: Analise os textos abaixo detectando e explicando o significado
das figuras de linguagem.
- Símbolo e Tipo (1 Co 10.1-4; Ex 14.22; Nm 20.11)
- Alegoria (Gl 4.22-24)
PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE
INTERPRETAÇÃO
Tipos de assuntos de que tratam estes princípios:
A que se assemelha Deus?
Qual é a natureza do homem?
Qual é a doutrina da salvação realmente válida?
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Princípios de Interpretação da Bíblia Profº Pr. Geraldo H. A. Santos 29
REGRA 21 – VOCÊ PRECISA COMPREENDER
GRAMATICALMENTE A BÍBLIA, ANTES DE
COMPREENDÊ-LA TEOLOGICAMENTE.
ESTUDO DE CASO: Explique com suas próprias palavras a afirmação abaixo:
- “Você precisa entender o que diz a passagem, antes de poder esperar
entender o que ela quer dizer”.
REGRA 22 - UMA DOUTRINA NÃO PODE SER
CONSIDERADA BÍBLICA, A NÃO SER QUE RESUMA E
INCLUA TUDO O QUE A ESCRITURA DIZ SOBRE ELA.
É um erro chegar a conclusões a respeito de determinada doutrina antes de
estudar tudo que a Bíblia diz sobre o assunto.
É aqui onde um estudo tópico da Bíblia se mostra útil. Você toma um tema, ideia
ou ensinamento e estuda todas as passagens sobre o assunto.
Eis aqui três espécies de estudos paralelos:
1. Paralelos de palavras – analisa palavras (ex. Balaão)
2. Paralelos de ideias – analisa passagens maiores (ex. autoridade)
3. Paralelos doutrinários – analisa tópicos (ex. atributos de Deus)
Neste tipo de estudo você reúne todas as peças de informação e extrai uma
conclusão. A isto se chama raciocínio indutivo – o processo de raciocinar das
partes para o todo.
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Também temos o raciocínio dedutivo – o processo de raciocinar do geral para o
particular. Do enigma completo você pode concluir certas coisas acerca das peças
individuais. (Veremos mais sobre o raciocínio dedutivo na regra 24).
EXEMPLO: raciocínio dedutivo (silogismo).
Primeira premissa – Se pedimos de acordo com a Sua vontade,
Deus nos ouve (1 Jo 5.14,15).
Segunda premissa – A santificação está de acordo com a vontade
de Deus (1 Ts 4.3).
Conclusão – Quando oramos por nossa santificação, Deus nos
ouve.
ATENÇÃO: A primeira premissa só pode ser feita depois que o estudo indutivo o
tenha levado a compreender em que consiste a premissa e que significa.
O estudo indutivo da Bíblia é extremamente importante no desenvolvimento das
suas convicções. Estudando as partes você pode captar um retrato cada vez mais
claro do todo.
Os seus estudos doutrinários constituem a espinha dorsal das suas convicções
espirituais, e, por sua vez, só se pode chegar a estes estudando tudo o que a Bíblia
diz sobre dado assunto.
ESTUDO DE CASO: Silogismo.
- Escolha você mesmo um outro exemplo bíblico e aplique as premissas.
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REGRA 23 – QUANDO PARECER QUE DUAS DOUTRINAS
ENSINADAS NA BÍBLIA SÃO CONTRADITÓRIAS, ACEITE
AMBAS COMO ESCRITURÍSTICAS, CRENDO
CONFIANTEMENTE QUE ELAS SE EXPLICARÃO DENTRO
DE UMA UNIDADE MAIS ELEVADA.
Existe nas escrituras certo número de aparentes contradições ou paradoxos.
“Aparentes” porque na realidade não o são. Parecem contraditórias porque a
mente finita do homem não pode compreender a mente infinita de Deus.
Quando a Bíblia deixa duas doutrinas “conflitantes” sem as conciliar, você deve
fazer o mesmo. Não arranque partes da Escritura na tentativa de forçar acordo
entre as duas doutrinas “conflitantes”.
ESTUDO DE CASO: Explique nas suas próprias palavras o porquê dos paradoxos
nos temas mencionados abaixo.
A Trindade
A dual natureza de Cristo
A origem e existência do mal
A soberana eleição de Deus e a responsabilidade do homem
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REGRA 24 – UM ENSINAMENTO SIMPLESMENTE
IMPLÍCITO NA ESCRITURA PODE SER CONSIDERADO
BÍBLICO QUANDO UMA COMPARAÇÃO DE PASSAGENS
CORRELATAS O APÓIA
Você precisa estar certo de que as deduções que faz estão verdadeiramente
implícitas nas escrituras de que as extrai, e de que você averiguou e comparou
passagens correlatas sobre o assunto.
É fácil fazer mau uso do princípio e chegar a conclusões antibíblicas. Isto acontece
muitas vezes com passagens que nos dão exemplos da vida de Cristo.
ESTUDO DE CASO: Segundo as passagens destacadas abaixo, monte seus próprios
silogismos.
- Mc 12.26,27
- Mc 1.35
CONCLUSÃO
Você não pode violar um princípio de interpretação a fim de justificar outro. O seu
estudo da Bíblia precisa levar em conta todos os princípios, se é que pretende
fazer uma interpretação válida.
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