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COMANDO DA ACADEMIA E ENSINO BOMBEIRO MILITAR
ÉVERTON ALMEIDA DA SILVA
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA RESGATE DE
SUICIDAS EM AMBIENTES VERTICAIS
GOIÂNIA
2018
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ÉVERTON ALMEIDA DA SILVA
PLANO OPERACIONAL PADRÃO PARA RESGATE DE SUICIDAS
EM AMBIENTES VERTICAIS
Artigo Científico, apresentado ao Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar, como parte das exigências para conclusão do Curso de Formação de Oficiais e obtenção do título de Aspirante a Oficial, sob a orientação do Sr. 2º Ten QOC Thiago Wening Barbosa.
GOIÂNIA
2018
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ÉVERTON ALMEIDA DA SILVA
PLANO OPERACIONAL PADRÃO PARA RESGATE DE SUICIDAS
EM AMBIENTES VERTICAIS
Goiânia, 09 de Janeiro de 2018.
BANCA EXAMINADORA
Roberto Machado Borges - TC QOC Oficial Presidente
José Rodolfo Vicente Ribeiro- 1º Ten QOC Oficial Membro
Sancler Ramos - 1º Ten QOC Oficial Membro
Nota
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PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA RESGATE DE SUICIDA EM AMBIENTES VERTICAIS
Éverton Almeida da Silva1
RESUMO O presente estudo tem por finalidade a criação de um Procedimento Operacional Padrão para resgate de suicidas em ambientes verticais, com o intuito de alinhar alguns conceitos e ações dos bombeiros militares que estão na execução da atividade de salvamento de vítimas nesse tipo de situação, elevando ainda mais o nível de excelência dos serviços prestados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. O estudo justifica-se pela meta da Instituição em ser referência em âmbito nacional na excelência dos serviços prestados assim como contribuir para o planejamento estratégico da corporação, tendo como foco a capacitação e especialização da tropa para uma melhor prestação de serviços, tendo em vista o grandioso crescimento institucional da Corporação, aumentando o grau de satisfação e segurança da sociedade goiana, alcançando os mais altos índices de aprovação popular. Palavras-chave: Salvamento em altura; Procedimento Operacional Padrão (POP); Suicídio. ABSTRACT The purpose of this study is to create a Standard Operating Procedure for rescuing suicide victims in vertical environments, in order to align some concepts and actions of the military firefighters who are carrying out the rescue of victims in this type of situation, plus the level of excellence of the services rendered by the Military Fire Department of the State of Goiás. The study is justified by the Institution's goal of being a national reference in the excellence of services rendered as well as contributing to the strategic planning of the corporation, focus on the training and specialization of the troop for a better service, in view of the Corporation's great institutional growth and increasing the satisfaction and security of the society of Goiás, reaching the highest levels of popular approval. Keywords: Salvage in height; Standard Operating Procedure (POP); Suicide.
1 Formado em Bacharelado em Direito pela Faculdade de Tecnologia do Piauí – FATEP.
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INTRODUÇÃO
As ocorrências envolvendo suicidas costumam gerar um alto nível de estresse
e exigem da equipe de socorristas, muita concentração, paciência, controle emocional
e confiança nas técnicas que possam ser adotadas para solucionar a ocorrência. Esse
tipo de ocorrência costuma atrair um grande número de curiosos, inclusive a impressa
que estará avaliando todo o trabalho da equipe de socorro. Por isso é necessário estar
seguro do que se está fazendo para não correr riscos além do tolerado, além do que,
o público sempre espera que o bombeiro tenha sucesso na ocorrência.
Segundo o Capitão Eduardo José Slomp Aguiar (2016), em seu livro Resgate
Vertical, é muito mais seguro convencer o suicida a não praticar o suicídio do que
tentar alguma técnica de resgate, que nunca é completamente segura, por mais
treinado e preparado que o socorrista esteja, sempre há o risco de dar errado, pois a
reação da pessoa que tem a pretensão de cometer o suicídio é sempre imprevisível.
Daí também a necessidade de o socorrista ter noções de gerenciamento de crises e
negociação, para saber o que falar com a vítima nesses casos.
Nesse sentido, ter um procedimento padronizado para orientar as equipes de
salvamento, diminui a chance de algo dar errado, uma vez que todos os membros da
equipe conhecerão as possíveis técnicas e procedimentos a serem adotados. Assim,
“(...) a padronização é um meio para se conduzir o gerenciamento da rotina do trabalho
diário”. (CAMPOS, 1992, p. 31), evitando que a equipe de trabalho haja de forma
improvisada durante a ocorrência sempre primando pela qualidade no atendimento e
pela segurança do socorrista, da vítima e de terceiros. Essa padronização vai desde
o deslocamento e chegada ao local da ocorrência até o encaminhamento da vítima
para tratamento adequado.
Segundo Colenghi (2003, p. 85) apud Leanice Maria Peruzzo Guio (2006), o
manual de procedimentos ou normatização das rotinas estabelece as regras
orientadoras e disciplinadoras em nível organizacional, uniformiza os procedimentos,
orientando para que as tarefas sejam executadas de forma padronizadas.
Um Procedimento Operacional Padrão (POP) se faz importante pelo
alinhamento das ações em âmbito institucional, que irá influenciar diretamente na
qualidade do atendimento proporcionado ao cidadão.
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O Corpo de Bombeiros Militar precisa estar ainda mais preparado para
atender esse tipo de ocorrência em ambiente vertical, visto o alto risco envolvido, e
uma padronização de técnicas para esse tipo de ocorrência seria mais um instrumento
que elevaria ainda mais o grau de excelência do atendimento do CBMGO, pois não é
sempre a mesma equipe a atender essas ocorrências e sim a guarnição de serviço do
dia. Com isso cada guarnição realiza a técnica que entende ser a mais adequada,
dando margem para questionamentos se realmente deveriam ter usado essa ou
aquela técnica.
O POP facilita o trabalho de todos que utilizarão essa ferramenta, pois vai
proporcionar mais segurança aos militares e às vítimas, sendo que todos serão
beneficiados com um serviço de maior qualidade e eficiência, pois o POP é uma
descrição detalhada de todas as operações necessárias para realização de uma
atividade. Assim, deve ser de fácil entendimento para que todos saibam o que fazer,
como fazer e quando fazer.
2. BREVE COMENTÁRIO SOBRE SUICÍDIO
No mundo, a cada ano, mais pessoas têm cometido o autoextermínio. Vários
fatores podem colaborar para que uma pessoa cometa o suicídio, como cobranças
sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação e etc.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo (2016,
p. 07):
O fenômeno suicídio engloba uma série de comportamentos autodestrutivos como a tentativa de suicídio e o suicídio completo. Quem tenta o suicídio nem sempre tem a intenção de morrer, os atos autodestrutivos podem ser um pedido de ajuda à família e à sociedade. O suicídio é mais frequente nas idades que delineiam as fronteiras da vida, como a puberdade e a adolescência, e entre a maturidade e a velhice.
Conforme o conceito do Centro de Valorização da Vida, “o suicídio é um gesto
de autodestruição, realização do desejo de morrer ou de dar fim a própria vida”.
Para Abreu KP, Lima MAD, Kohlrausch E, Soares JF (2010, p. 196):
Comportamento suicida é definido como uma ação na qual o indivíduo inflige-se dano (autoagressão), não importando o nível ou a razão genuína da ação. Uma definição ampla dessa forma permite que se conceitue o comportamento suicida por meio de um contínuo: os pensamentos de autodestruição, a autoagressão, manifestada por
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gestos suicidas e tentativas de suicídio, e, finalmente, o próprio suicídio.
Já, segundo Durkheim, o suicídio é “todo o caso de morte que resulta, direta
ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e
que ela sabia que deveria produzir esse resultado”.
Em nossa sociedade o suicídio ainda é considerado tabu por muitos, ainda é
pouco discutido e segundo a Organização Mundial de Saúde tem aumentado em todo
o mundo a cada ano.
O tema suicídio demanda a atenção de profissionais de várias áreas que
possam ajudar a tratar dos riscos e das possibilidades de uma pessoa cometer o
suicídio. Para isso se faz necessários que cada vez mais profissionais se voltem para
o estudo dessa área tão delicada e difícil de se falar.
Muitas pessoas acham que falar sobre suicídio vai acabar influenciando
outras pessoas com tendências suicidas a cometerem tal ato, por isso se evita falar
sobre o assunto. Nesse sentido, “a forma como um suicídio é tratado na escola ou na
mídia pode influenciar outros jovens, principalmente se há uma identificação muito
forte com essa pessoa”, diz Karen Scavacini apud Gabriela loureiro (2014).
Segundo Lígia Lotério, “Falar sobre suicídio é um grande tabu: ao invés de
ser visto como resultado de um grave transtorno mental, costuma ser tratado como
falha de caráter e, por isso, silenciado”.
Neste sentido escrevem Abreu KP, Lima MAD, Kohlrausch E, Soares JF
(2010):
observa-se que o comportamento suicida é um tema tabu, tendo em vista a complexidade do gesto. O comportamento suicida confronta-se com o instinto de sobrevivência inerente aos humanos. É difícil compreender como alguém idealiza e planifica sua própria morte, escolhe o método que vai utilizar para isto e o ponha em prática. Possivelmente, a vontade de se aliviar de um sofrimento emocional intolerável proporciona uma aproximação do sujeito com as diversas formas de comportamento suicida.
Os principais fatores de risco de suicídio são: a tentativa previa de suicídio e
doenças mentais.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (2014, p. 16):
Tentativa prévia de suicídio: É o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.
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De acordo com o Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo o indivíduo
que tentou suicídio previamente, se deve ter bastante cuidado pois este indivíduo tem
de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente.
Com relação à doença mental, a Associação Brasileira de Psiquiatria escreve
que (2014, p. 16): “Doença mental: Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma
doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não
tratada de forma adequada”.
Nesse sentido o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo escreve
que:
(...) 90% das pessoas que cometeram suicídio tinham uma doença mental. Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool e outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
O impulso de cometer o suicídio geralmente dura um determinado período,
assim escreve a Associação Brasileira de Psiquiatria (2014):
O suicídio, por mais planejado que seja, parte de um ato que é usualmente motivado por eventos negativos. O impulso para cometer suicídio é transitório e tem duração de alguns minutos ou horas. Pode ser desencadeado por eventos psicossociais negativos do dia a dia e por situações como: rejeição; recriminação; fracasso; falência; morte de ente querido; entre outros. Acolher a pessoa durante a crise com ajuda empática adequada pode interromper o impulso suicida do paciente.
Segundo Aguiar, a morte por suicídio já é mais frequente que por HIV entre
jovens. No Brasil o número de pessoas que cometeram suicídio perde apenas para
homicídios e acidentes de trânsito entre as mortes por fatores externos.
Assim o socorrista escolhido para fazer o primeiro contato precisa saber
reconhecer o perfil suicida e ter as características necessárias para atuar nesse tipo
de ocorrência.
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3. O CORPO DE BOMBEIROS E O SALVAMENTO EM ALTURA
3.1. Breve histórico do salvamento em altura
O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo possui um
acervo histórico bem amplo de suas ocorrências desde seu surgimento até os dias
atuais, portanto servindo de fonte de pesquisa da evolução histórica da atuação do
bombeiro no Brasil.
Em 1950, foi criada a Seção de Salvação que contou com equipamentos, instrução e efetivo próprios. Em 1964, após receber outras denominações, passou a chamar-se 4ª Companhia de Bombeiros Até 1992, a especialização em salvamento em altura era realizada através do Estágio de Salvamento em Altura (ESA). Em 1992 foi instituído o Curso de Salvamento em Altura (CSAlt), pela Diretoria de Ensino da PMESP. Em 1998, a atividade de salvamento em altura sofreu mais uma importante evolução, a partir da introdução de novas técnicas, conceitos e equipamentos que, entretanto, não alcançaram todos os rincões do Estado, por conta de diferenças de condições materiais financeiras e de pessoal. (São Paulo, 2016).
Já no estado de Goiás, o salvamento em altura teve início em 1996, quando
três militares foram enviados ao Estado de São Paulo, para o curso de salvamento
em altura (CSALT). (GOIAS, 2016).
O primeiro curso de salvamento em altura de Goiás aconteceu em 1998,
montado nos mesmos moldes do CSALT de São Paulo. O segundo curso foi logo no
ano seguinte na cidade de Jataí. (GOIÁS, 2016).
O terceiro curso de salvamento em altura aconteceu quatro anos mais tarde
no ano de 2003, na cidade de Anápolis. Três anos depois, em 2006, foram realizados
dois Estágios de Salvamento em Altura (ESALT) na cidade de Luziânia. (GOIÁS,
2016).
Atualmente o CBMGO já formou 8 turmas de especialistas em salvamento em
altura.
3.2. Conceitos de salvamento em altura
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (2012, L. 02
– p. 02):
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Salvamento em altura é uma atividade desenvolvida por bombeiros para localizar, estabilizar e transportar vítimas mediante o emprego de técnicas de salvamento em locais elevados, com base em normas de segurança e procedimentos de ancoragem e descida específicos.
Para o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo (2016),
salvamento em altura é:
Atividade de bombeiro especializada no salvamento de vítimas em local elevado, através do uso de equipamentos e técnicas específicas, com vistas ao acesso e remoção do local ou condição de risco à vida, de quem não consiga sair por si só, em segurança.
Nesse sentido podemos definir salvamento em altura como sendo o conjunto
de atividades e técnicas especializadas, realizadas com o uso de equipamentos
específicos, objetivando acessar e remover pessoas, animais e bens materiais de uma
situação de risco em locais elevados.
4. O SUICÍDIO EM AMBIENTES VERTICAIS
4.1 Reconhecendo o suicida
Quando a guarnição de salvamento se desloca para uma ocorrência de
suicídio uma das etapas mais importantes é o reconhecimento do suicida, que
consiste em coletar informações sobre a pessoa que está tentando se matar para que
assim se possa traçar um perfil da vítima e retirá-la da situação de risco que ela está
se submetendo.
De acordo com Aguiar (2016, p. 256) quem mais comete suicídio são homens
com faixa etária entre 40 e 50 anos, por problemas financeiros ou relacionamento
familiar e afetivo, mas esse problema atinge pessoas de todas as idades e gêneros.
As mulheres tentam mais vezes tirar o própria vida, já os homens se matam
mais. Isso acontece pelo fato dos homens escolherem métodos de suicídio mais
eficazes.
Assim fala a Escola Superior de Bombeiro de São Paulo (2016, p. 9).
(...) por razões não completamente esclarecidas, as mulheres cometem três vezes mais tentativas de suicídio que os homens, no entanto, os homens são mais eficazes. Isto porque o sexo feminino recorre aos métodos mais brandos como o envenenamento, enquanto os homens recorrem a métodos como uso de armas de fogo, afogamento, enforcamento ou saltando de grandes altitudes.
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O indivíduo que procura ou opta por cometer suicídio em locais elevados,
normalmente está agindo pelo impulso suicida, já comentado anteriormente na página
8 deste artigo, que tende a passar.
Em regra, o suicida de locais elevados está cometendo um ato de desespero,
ele quer atenção. No entanto não se deve achar que essa pessoa está apenas
blefando.
Nesse sentido, Aguiar (2016, p. 256) escreve que:
Quem procura lugares altos para cometer suicídio normalmente está praticando um ato de desespero para chamar atenção, é como se desse um grito de socorro, de ajuda. Como dito, “normalmente”. Nunca se deve duvidar da possibilidade de alguém se jogar, a presunção é de que esta pessoa vá realmente cometer o suicídio.
4.2 Locais mais propícios de tentativa de suicídio em ambientes verticais
De acordo com Aguiar (2016 p. 256), a melhor forma para minimizar o suicídio
é diminuindo o acesso das vítimas aos principais métodos. Para ele:
a facilidade de atingir o mecanismo causador do óbito está diretamente relacionada com um aumento nas taxas de suicídio, como por exemplo o grande número de suicídio entre policiais por terem fácil acesso a armas.
Seguindo a ordem desse raciocínio, em cidades com alta densidade de
edifícios, como São Paulo tem um número maior de pessoas que escolhem tirar a
própria vida saltando de locais elevados. E cada vez mais, Goiânia tem crescido
verticalmente, com prédios cada vez mais altos sendo inevitável o aumento de
ocorrências envolvendo suicidas em ambientes verticais.
No estado de Goiás, em 2016, o Corpo de Bombeiros atendeu 37 ocorrências
de tentativas de suicídio em locais elevados, sendo que 17 destas ocorrências foram
registradas apenas na cidade de Goiânia, segundo dados da 1º Seção do Estado
Maior Geral do CBMGO.
Pode-se citar como locais elevados para o suicídio qualquer local com altura
suficiente para causar a morte. Como por exemplo pontes, viadutos, barrancos,
pedreiras, arvores, prédios e etc.
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Os locais mais procurados para tentativa de suicídio, segundo Aguiar (2016,
p. 256), são edifícios altos, pontes, viadutos, passarelas, torres de comunicação e
torres de eletricidade.
Ainda de acordo com Aguiar (2016, p. 256) o ponto de cometimento de
suicídio em locais elevados “mais comum certamente são os edifícios e o mais
perigoso, as torres de eletricidade”. Isso se dá pela facilidade com que o suicida tem
acesso a esses lugares.
Segundo Aguiar (2016), essa facilidade de alcançar o meio de autoextermínio
está diretamente ligada a quantidade de suicídios por esse meio.
Nesse sentido “a melhor maneira de evitar ou diminuir o suicídio em altura é
diminuir o acesso a este meio.” (AGUIAR, 2016 p.256).
Para Aguiar (2016), existem diversas formas de se evitar ou pelo menos
dificultar o acesso de pessoas a locais elevados com potencialidade para o suicídio:
a) Restrições de acesso aos locais;
b) Barreiras físicas (grades, muros);
c) Janelas com vidros blindados e abertura restrita;
d) Redes de proteção;
e) Pacientes psiquiátricos em hospitais devem permanecer em
andares térreos.
4.3 Abordando o suicida
Ao abordar o suicida, o socorrista deve estar completamente seguro das
técnicas a serem executadas e ter cuidado com o que vai dizer no primeiro contato,
pois este primeiro contato é primordial para o sucesso da ocorrência.
Conforme o entendimento de Aguiar (2016, p. 257):
A aproximação e negociação são as chaves do sucesso na maioria dos casos de tentativa de suicídio, porque é sempre mais fácil convencer a vítima a sair da situação de risco por si própria do que usar outros meios que nunca são 100% seguros.
Por isso o socorrista deve atentar bem, principalmente para as técnicas de
negociação, e fazer todos os procedimentos de aproximação com a devida segurança.
E nunca perder a calma e o controle da situação. É importante conseguir a empatia
da vítima e ser paciente é uma forma de conseguir esse objetivo.
De acordo com Aguiar (2016, p. 257), não necessariamente, apenas um
socorrista deve fazer o primeiro contato, pois com a presença de mais socorristas a
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vítima irá dialogar com aquele que ela tiver mais empatia, e este irá tomar a frente da
negociação cabendo aos demais dar o apoio necessário.
Os negociadores assim como os demais socorristas devem estar
devidamente equipados e pelo menos um deve estar preso a um cabo com
comprimento suficiente para chegar até a vítima para o caso de ter que agarrá-la.
Quase todos os suicidas fazem ameaças de se jogar quando a equipe está se
aproximando, então o negociador deve ter muita cautela com relação a distância de
aproximação permitida pela vítima. Deve-se aproximar-se aos poucos sem que a
vítima perceba. Em caso dela perceber deve-se se movimentar andando em
ziguezague e continuar a aproximação de modo sutil.
Segundo Aguiar (2016, p. 258):
Ao aproximar-se do suicida, a cautela deve prevalecer. Quase todos os suicidas não permitem a aproximação e fazem ameaças de se jogar toda vez em que o negociador se aproxima. O truque é não ir de encontro ao suicida e sim se movimentar em ziguezague no ambiente, sentar-se, encostar-se a uma parede, nunca diretamente de encontro à vítima.
De acordo com o estudo de Aguiar (2016, p. 258), outro método de
aproximação é colocar um membro da equipe descaracterizado para se passar por
uma outra pessoa que possa ter mais empatia com a vítima. Oferecer alguma coisa
que necessite aproximação da vítima, pedir para que ela atenda um telefonema por
exemplo, e se for possível tentar puxá-la para a segurança.
4.4 Técnicas para o resgate de suicida em ambiente vertical
a) técnica de resgate preventiva
A técnica de abordagem preventiva, não é feita de forma direta e sim usando
dos meios disponíveis, como redes de salvamento, escadas, colchões de ar e etc, que
visem a salvar o suicida caso ele chegue a se lançar, sem que seja necessária a
atuação direta do socorrista.
No entanto de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás
(GOIÁS, 2016, p. 160), “na grande maioria dos casos, a utilização da técnica
preventiva torna-se inviável, devido ao fato de que o suicida não permite a colocação
de qualquer aparato de salvamento ao seu redor”.
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b) técnica do elemento-surpresa
Nessa técnica um membro da equipe deve estar equipado e ancorado por um
cabo pronto para efetuar o resgate a qualquer instante. Essa técnica consiste em uma
ação súbita do socorrista, que consiste em agarrar a vítima de modo que a vítima não
tenha tempo de reagir.
Essa técnica costuma ser muito eficaz desde que a vítima não perceba o
avanço do socorrista que será o elemento surpresa. Se isso acontecer corre-se
grande risco de a ocorrência falhar.
c) técnica do rapel por cima
Segundo Aguiar (2016, p. 259), essa técnica é a mais adequada para o
resgate de suicidas em edifícios, onde a vítima esteja na varanda ou na sacada de um
dos andares, pois essa técnica consiste em o socorrista, que é o elemento surpresa,
fazer um rapel a partir do andar imediatamente acima de onde se encontra a vítima e
surpreende-la com um empurrão de modo a lança-la para dentro da edificação.
Lembrando que essa técnica pode ser executada por dois socorristas
simultaneamente, quando a equipe que fará a intervenção surpresa não tiver uma boa
noção do posicionamento da vítima, quando esta estiver no vão de uma sacada, por
exemplo. Assim aumentam a chance de acertarem a vítima.
Para realização dessa técnica Aguiar (2016, p. 260) descreve que:
O elemento surpresa equipado amarra-se à ponta da corda e organiza-a no comprimento necessário para chegar até a vítima, mais alguns metros de back up dentro de uma pequena mochila conectada à lateral do cinto de segurança; Passa o freio 8 na corda e posiciona-se próximo a janela; A equipe monta o SAS e, com o elemento-surpresa posicionado na janela, amarra a corda ao SAS com um meia volta do fiel ou freio oito bloqueado, para que ocorrendo qualquer imprevisto passa baixar o resgatista; Sem que o suicida perceba, o resgatista efetua o rapel, e trava assim que estiver na mesma linha daquele, empurrando-o com as pernas para dentro da janela.
Nesse caso o socorrista deve decidir por si só a melhor hora de executar a
técnica não precisando esperar ordem para fazê-lo. Vale ressaltar que o socorrista
não deve hesitar e ter certeza da tomada de decisão, pois a vítima pode percebe-lo e
comprometer todo o resgate. Também deve sempre lembrar-se de fazer um nó
blocante no chicote do vivo do cabo.
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d) técnica do pêndulo
Essa técnica consiste em montar um sistema paralelo ao local onde a vítima
se encontra, no qual o socorrista vai pendular de uma janela lateral até a janela da
vítima e empurrá-la para dentro.
As chances de insucesso dessa técnica são muito altas pois a vítima pode
perceber muito facilmente a aproximação do socorrista. É preciso que a equipe de
negociação chame a atenção do suicida. Portanto, deve-se usá-la quando não for
possível fazer de outra forma.
Para execução dessa técnica, Aguiar (2016, p. 261) diz que:
O elemento-surpresa se posiciona no mesmo andar da vítima, mas em ambiente separado e com uma janela na mesma face do edifício; A equipe monta o SAS no andar logo acima do elemento-surpresa e passa-lhe a corda pelo lado externo do edifício; O resgatista amarra-a ao seu cinto de segurança e aguarda a equipe ancorá-la; Com a corda esticada, o resgatista efetua o pêndulo e empurra a vítima para dentro com as pernas.
e) resgate pelo andar de baixo
Essa técnica exige uma grande força do socorrista, se tornado inviável se a
vítima for muito pesada.
Consiste numa abordagem feita a partir do andar imediatamente abaixo do
andar onde a vítima está. Nesse caso o socorrista deve estar devidamente equipado
e ancorado por um cabo e tentar surpreender o suicida, puxando-o para o andar de
baixo.
O risco dessa técnica é muito alto tanto para vítima quanto para o socorrista,
pois pode acontecer do socorrista, ao tentar puxar a vítima, acabar se lançando junto
com ela, devendo ele se agarrar a vítima para que os dois fiquem presos na
ancoragem.
4.5 Precauções no local da ocorrência
Em ocorrências com suicidas, a equipe de resgate deve contar com o apoio
de equipes médicas para o atendimento após a ocorrência e com o apoio da polícia
para isolamento da área.
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Quando a tentativa de suicídio for em pontes sobre rios ou mar, deve-se
solicitar o apoio da equipe náutica, pois nesses casos, muitas vezes a pessoa não
morre da queda em si, mas poderá morrer afogada.
Quando for em torres deve-se verificar se não existe o risco de a mesma estar
energizada e ter certeza que a energia foi desligada.
Segundo o estudo de Aguiar (2016, p. 263) “A mortalidade de suicídio
tentados por altura não é tão efetivo (cerca de 28%) e a grande maioria sobrevive a
queda”. Isso se dá pelo fato de a pessoa que decide cometer o suicídio através do ato
de se lançar de um local elevado, não ter a noção da altura necessária para levá-la
ao óbito.
Ainda conforme Aguiar (2016, p. 263), “(...) uma pesquisa revelou que a altura
média desse tipo de suicídio é de 13 metros, uma altura insuficiente para ter a morte
como certa se a vítima cai de pé.”.
Jamais a equipe deve liberar uma vítima de suicídio sem antes ela passar por
um atendimento médico especializado. A primeira coisa que se deve fazer é verificar
se a vítima tem algum ferimento ou trauma e dar os primeiros socorros.
Posteriormente a vítima deve ser conduzida para um hospital para tratamento mais
adequado.
5. METODOLOGIA
Para elaboração deste trabalho, voltado para a criação de um procedimento
operacional padrão específico para salvamento de suicidas em ambientes verticais foi
realizado uma pesquisa Bibliográfica.
Pesquisa bibliográfica, segundo Heerdt (2007, p. 67), é:
aquela que se desenvolve tentando explicar um problema a partir das teorias publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais, meios eletrônicos, etc. A realização da pesquisa bibliográfica é fundamental para que se conheça e analise as principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto.
Koche (1997, p. 122) apud Heerdt (2007, p. 67) afirma que a pesquisa
bibliográfica serve para “ampliar o grau de conhecimentos em uma determinada área,
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capacitando o investigador a compreender ou delimitar melhor um problema de
pesquisa.”.
Para realização deste, observou-se obras de estudiosos da área de
salvamento em altura como as citadas durante o trabalho além de manuais de
salvamento de outras corporações, principalmente de São Paulo, Rio de janeiro e
Santa Catarina.
A pesquisa para a coleta de dados e afirmação da necessidade de criação de
um procedimento operacional padrão específico para suicidas em altura, foi uma
pesquisa de campo do tipo quantitativa e qualitativa, pois se deu a partir de um
questionário aplicado com 93 militares que atuam na área metropolitana de Goiânia,
buscando saber seu grau de conhecimento na área, suas experiências nesse tipo de
atendimento, seu nível de segurança nas técnicas aplicadas e, por fim, sua opinião
sobre a melhora na qualidade do atendimento a suicidas em ambientes verticais, que
uma padronização dos procedimentos operacionais acarretariam. O questionário está
inserido como apêndice deste trabalho.
Segundo Prodanov e Freitas, 2013, p. 59, com relação à pesquisa de campo:
[...] Objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este estudo buscou analisar a padronização dos procedimentos operacionais
no atendimento a ocorrências de suicidas em ambientes verticais, onde foi aplicado
um questionário para melhor compreensão da necessidade de se ter um atendimento
padronizado nessa área.
Foram aplicadas 5 perguntas em uma pesquisa com 93 militares da região
metropolitana de Goiânia, todos da área operacional dentre os quais 35 especialistas
em salvamento em altura e 58 não especialistas.
Na primeira pergunta buscou-se saber a especialização dos entrevistados e
foi obtido que 62% não possuem especialização em salvamento em altura enquanto
38% são especialistas na área, conforme indicação do gráfico abaixo.
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Na segunda pergunta buscou-se saber o nível de conhecimento em
salvamento em altura dos entrevistados, classificando-os em ótimo, bom, regular ou
ruim, chegando-se a conclusão que 8% não se consideram conhecedores da área de
salvamento em altura, que 19% têm conhecimento regular, que 41% tem um bom
conhecimento e que 32% tem conhecimento ótimo conforme gráfico abaixo.
A terceira pergunta teve por objetivo saber se o militar já participou de alguma
ocorrência com suicidas em ambientes verticais e constatou-se que 73% dos
entrevistados já participaram e outros 27% nunca tiveram esta experiência, conforme
o gráfico.
38%
62%
POSSUI ESPECIALIZAÇÃO NA ÁREA DE SALVAMENTO EM
ALTURA
SIM NÃO
32%
41%
19%8%
NIVEL DE CONHECIMENTO EM SALVAMENTO EM ALTURA
ÓTIMO BOM REGULAR RUIM
Gráfico 1 – quantidade de especialistas em salvamento em altura
Gráfico 2 – nível de conhecimento de salvamento em altura dos
militares da região metropolitana de Goiânia
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Na quarta pergunta buscou-se saber se o militar tinha segurança no que
estava fazendo durante o atendimento a uma tentativa de suicídio em ambiente
vertical e obteve-se que 14% se sentem pouco seguro no atendimento a esse tipo de
ocorrência, que 70% sentem-se razoavelmente seguro e que 16% sentem-se
completamente seguros, mostrando que muitos militares mesmo tendo conhecimento
técnico não se sentem completamente confiantes em atender esse tipo de ocorrência.
A quinta pergunta teve o objetivo de saber a opinião dos entrevistados quanto
a melhora na qualidade do atendimento a suicidas em locais elevados que a
padronização dos procedimentos operacionais poderia trazer. Todos os entrevistados
responderam que um procedimento operacional padrão elevará o nível da qualidade
do atendimento as vítimas de suicídio, dando mais segurança a todos os envolvidos.
73%
27%
PARTICIPAÇÃO EM OCORRÊNCIA COM SUICIDAS EM LOCAIS ELEVADOS
SIM NÃO
16%
70%
14%
NÍVEL DE SEGURANÇA NA EXECUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DURANTE A
OCORRÊNCIA
COMPLETAMENTE SEGURO RAZOAVELMENTE SEGURO POUCO SEGURO
Gráfico 3 – participação em ocorrências com suicidas em locais elevados
Gráfico 4 – nível de segurança na execução dos procedimentos
operacionais durante a ocorrência
20
Com isso, observou-se que um Procedimento Operacional Padrão (POP) para
o salvamento de suicidas em ambientes verticais é necessário, visto que o Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás, apesar de contar com muitos especialistas e
treinamentos constantes, ainda não conta com essa ferramenta para o atendimento
deste tipo de ocorrência em específico.
Como resultado final deste trabalho foi criado um POP, com base em
orientação de bombeiros especialistas na área e também pela análise e referência de
POP’s de outros estados. O referido procedimento está inserido como apêndice deste
trabalho.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Padronizar o atendimento se faz muito necessário visto que não exista uma
equipe para atender especificamente determinado tipo de ocorrência, sendo a
guarnição de serviço responsável pelo atendimento de toda e qualquer ocorrência que
venha a ser solicitada.
Nesse contexto, existe a possibilidade de guarnições diferentes atuarem de
forma diversa para situações semelhantes, podendo acontecer de uma equipe ser
melhor sucedida na ocorrência do que outra. Seja pela escolha da técnica mais
100%
0%
MELHORA NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO COM A PADRONIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS
SIM NÃO
Gráfico 5 – melhora na qualidade do atendimento a suicidas em locais
elevados com a implementação de um procedimento operacional padrão
21
adequada ou menos adequada para situação, ou por uma forma de gerenciamento da
ocorrência diferenciada.
Observou-se nesse trabalho que existe uma demanda considerável de
ocorrências com suicidas em locais elevados, sobretudo na cidade de Goiânia,
justificando a necessidade de se difundir e ampliar o estudo sobre o assunto.
Além do que já foi dito, observou-se que os próprios militares que atuam na
área de salvamento em altura sentem a necessidade de uma padronização no
atendimento a vítimas de suicídio em ambientes verticais.
Diante de todo o exposto, concluímos que o procedimento operacional
padrão é de suma importância para a instituição, dando mais segurança ao socorrista,
à vítima e a terceiros, sendo este procedimento, apresentado como apêndice deste
trabalho.
O CBMGO é uma instituição reconhecida pela excelência e pelo
profissionalismo de suas ações. Seus cursos de especialização e formação de
militares são bem conceituados e requisitados por corporações de todo o Brasil. E um
Plano Operacional Padrão que norteie as ações das guarnições, ajudará ao CBMGO
no alcance do objetivo de ser uma corporação militar de referência nacional pela
excelência na prestação de serviços até o ano de 2022. Alcançando assim, níveis
cada vez mais altos de aprovação popular.
REFERÊNCIAS AGUIAR, Eduardo José Slomp. Resgate vertical. 2ª ed. 2016. Associação da Vila
Militar. Curitiba - PR.
Abreu KP, Lima MAD, Kohlrausch E, Soares JF. Comportamento suicida: fatores
de risco e intervenções preventivas. 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Suicídio: informando para
prevenir. Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de
Suicídio. – Brasília: CFM/ABP, 2014.
CABRAL, João Francisco Pereira. "Sobre o suicídio na sociologia de Èmile
Durkheim"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/sobre-suicidio-na-sociologia-Emile-
durkheim.htm>. Acesso em 22 de novembro de 2017.
CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO
E SAÚDE MENTAL: Falando Abertamente Sobre Suicídio, www.cvv.org.br,
acessado em 30 de novembro de 2017.
22
CAMPOS, Vicente Falconi. Controle da Qualidade Total (no estilo Japonês). Belo
Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.
GOIAS. Corpo de Bombeiros Militar. 1ª Seção do Estado Maior. Estatística de
Tentativa de Auto-Extermínio 2016 – CBMGO. Goiânia, 2017.
GOIAS. Corpo de Bombeiros Militar. CSALT. Apostila do curso de salvamento em
altura. Goiânia, 2016.
GUIO, Leanice Maria Peruzzo: a padronização das rotinas administrativas rumo à
certificação de qualidade – o caso rochaz indústria e comércio ltda. Universidade
Federal de Viçosa – MG. Viçosa, 2006.
HEERDT, Mauri Luiz. Metodologia científica e da pesquisa : livro didático / Mauri
Luiz Heerdt, Vilson Leonel – 5. ed.rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007.
LOUREIRO, Gabriela. Era da autodestruição, Revista Galileu – 2014. Disponível em
http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/11/era-da-auto-destruicao.html
acessado em 30 de novembro de 2017.
LOTERIO, Ligia. Afinal, 13 Reasons Why conscientiza ou induz suicídio? 8 pontos
da série merecem atenção. Disponível em www.vix.com acessado em 30 de
novembro de 2017.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César de. Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico, 2ª Ed. Rio Grande do Sul, Universidade FEEVALE, 2013.
SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar. Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros – CBMESP. São Paulo, 2016.
SANTA CATARINA. Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Curso de
Salvamento em Altura CSALT. Lição 02 – princípios de salvamento em local
elevado. Santa Catarina, 2012.
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APENDICE A
ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA E ADM. PENITENCIÁRIA CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
POP
01/2017 Seção:
SALVAMENTO
Página 1/7
Versão: 1ª
Modelo: ANALÍTICO
Assunto: RESGATE DE SUICIDAS EM AMBIENTES VERTICAIS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
1. FINALIDADE
1.1 Identificar e definir um local elevado, avaliando e monitorando os possíveis riscos
existentes;
1.2 Identificar o perfil do suicida e a melhor técnica a ser empregada;
1.3 Padronizar e orientar os procedimentos dos Bombeiros Militares na execução de
tarefas no atendimento de ocorrências de suicidas em locais elevados: edifícios,
pontes, torres e similares.
2. DISPOSIÇÕES GERAIS
2.1 Considerando que local elevado para o suicídio é qualquer local com altura
suficiente para causar a morte. Como pontes, viadutos, barrancos, pedreiras, árvores,
prédios e etc.
2.2 Considerando que salvamento em altura é o conjunto de atividades e técnicas
especializadas, realizadas com o uso de equipamentos específicos, objetivando
acessar e remover pessoas, animais e bens materiais de uma situação de risco em
locais elevados.
2.2 Considerando que este tipo de evento poderá causar a aglomeração de um grande
número de espectadores.
2.3 Considerando a necessidade de acionamento de dirversos outros órgãos.
2.4 Considerando que ao execultar o procedimento de forma incorreta acarretará na
morte ou lesões graves não só da vítima mas também do socorrista.
2.5 Considerando a complexidade deste tipo de ocorrência.
2.6 Por fim, considerando a importância de se estabelecer um padrão nas operações
a serem desenvolvidas pelo CBMGO nas ocorrências envolvendo suicidas em locais
elevados.
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3. RESULTADOS ESPERADOS
3.1 Salvar o suicida com o mínimo de dano para sua integridade física;
3.2 Resguardar a saúde e segurança dos militares da guarnição de salvamento e dos
cidadãos presentes no local da ocorrência;
3.3 Padronizar as ações efetuadas por cada membro da guarnição de salvamento do
CBMGO para o resgate de suicidas em ambientes verticais.
4. SITUAÇÕES ADVERSAS
4.1 Fenômenos meteorológicos adversos;
4.2 Ataque de insetos e animais;
4.3 Local energizado;
4.4 A vítima sofrer mal súbito antes da abordagem;
4.5 A vítima estiver armada;
4.6 Grande aglomeração de espectadores.
5. MATERIAIS RECOMENDADOS
5.1 Só devem ser usados materiais seguros: materiais com certificação reconhecida.
LISTA DE MATERIAIS: • Viatura de Salvamento; • Viatura de Atendimento Pré Hospitalar; • Relatório de ocorrência ou documento similar; • Material de arrombamento e exploração; • Material de sinalização e isolamento; • Material de comunicação (Rádio portátil, megafone e Telefone móvel); • Material de Salvamento em Altura; • Material de iluminação; • Caixa de ferramentas; • Material de corte; • Fitas de contenção.
6. REQUISITOS PARA O BOMBEIRO SOCORRISTA
6.1 Físicos: • Condicionamento físico adequado; • Boa flexibilidade articular; • Bom alongamento muscular; • Bom condicionamento cardiorrespiratório; • Boa capacidade vital.
6.2 Psicológicos: • Domínio sobre a acrofobia;
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• Equilíbrio emocional;
• Resistência ao estresse prolongado.
6.3 Técnicos, • Ter domínio e conhecimento no uso de equipamentos de salvamento em altura; • Conhecer diversos tipos de ancoragens; • Ser conhecedor de nós e amarrações; • Conhecer equipamentos de salvamento em geral; • Ter domínio das técnicas de abordagem ao suicida; • Ter noção de gerenciamento de crise.
7. PROCEDIMENTOS
• Deslocar-se para o local do evento com viatura de salvamento e atendimento pré-hospitalar. É obrigatória a utilização da guarnição de atendimento pré-hospitalar, não somente para atender ao suicida, mas também para realizar a prevenção de toda a operação. Próximo ao local, desligar sirene e giroflex das viaturas para não perder o fator surpresa. Caso envolva pontes, considerar apoio de guarda-vidas ou mergulhadores com botes ou barcos;
• Equipar todos os socorristas com EPI’s (capacete, luvas, cinturão paraquedista);
• Posicionar as viaturas de forma estratégica;
• Reconhecer o local e efetuar a devida avaliação de risco, acionar apoio se necessário;
• Estabelecer perímetro de segurança;
• Traçar um plano de ação, com base na avaliação dos riscos;
• Caso o suicida encontre-se armado, deve-se estabelecer o diálogo em local abrigado do risco e somente tomar a decisão de abordagem após certificar-se do desarmamento. Nesses casos, é fundamental o apoio da Polícia Militar, seja com negociadores, seja com equipamentos específicos (armas não letais, coletes etc.).
• Definir quem deverá fazer o primeiro contato com a vítima, sendo o comandante da operação a última opção;
• O comandante da operação deverá buscar um local que tenha visão do suicida e dos socorristas e também deverá portar um rádio;
• Coletar o maior número de informações sobre a vítima com familiares, amigos, e/ou vizinhos presentes no local;
• Definir os equipamentos necessários para efetuar a operação e estabelecer a técnica adequada para acessar a vítima;
• Corda - será a específica para cada caso. Se for necessário escalar uma determinada estrutura, será preferencialmente uma dinâmica. Se for utilizar para realizar a técnica “Resgate Suicida”, deverá ser uma semiestática ou estatodinâmica. Em qualquer técnica utilizada em que haja o risco de queda tanto do bombeiro quanto do suicida, a corda deverá ser preferencialmente dinâmica. A corda deverá possuir certificação para ser utilizada para resgate e possuir carga de ruptura superior a 30kn;
• Localizar o suicida e a situação em que se encontra, se em pé, sentado no parapeito ou deitado e identificar os riscos, minimizando-os (rede elétrica, armas brancas, armas de fogo etc.);
• Evacuar e isolar a área, interditando ruas e calçadas, se necessário. Afastar
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curiosos, familiares e imprensa, evitando aglomeração e a oportunidade para que os mesmos incentivem o suicida;
• Caso o suicida já tenha percebido a presença do CBMGO, iniciar a abordagem psicológica, mesmo que afastado, mediante sistema de som (da viatura, megafone ou por voz);
• Caso o suicida não tenha percebido a presença do CBMGO, utilizar as técnicas de escalada de estrutura ou acesso por cordas, se necessário, para aproximar-se do suicida. Durante esse procedimento, ainda tentar manter o fator surpresa. Atentar para o barulho realizado devido à segurança para a escalada, de forma a não chamar a atenção do suicida. Caso ele perceba a aproximação, interromper a mesma e iniciar a abordagem psicológica;
• Um socorrista, com rádio portátil, fará a função de negociador, tentando obter a confiança da vítima (atentar para o volume baixo, não alertando o suicida);
• Posicionar os outros socorristas para uma ação furtiva, se necessário. Toda a ação de preparação deverá ser executada sem que o suicida perceba. A guarnição deverá estar, a todo momento, pronta para a queda, tanto proposital quanto acidental, do suicida;
• Preparar a vítima para descida;
• Logrando êxito na negociação, equipá-lo com o EPI adequado e descê-lo, sempre acompanhado de um Bombeiro;
• Não logrando êxito na negociação, e caso haja risco iminente de morte para socorrista e/ou suicida, abordar fisicamente o suicida utilizando as técnicas de salvamento em altura necessárias.
• Imobilizar membros superiores e inferiores da vítima (se for esse o caso);
• Confirmar dados da vítima;
• Conduzir a vítima para o hospital, mantendo o vínculo de confiança e preservando-a diante da sua vulnerabilidade psicológica;
• Realizar inspeção final;
• Por se tratar de um evento que pode durar horas, providenciar alimentação e hidratação para a guarnição. O revezamento da guarnição deverá ser evitado, tendo em vista ser um evento em que a confiança entre as partes é fundamental;
• A fim de evitar um mal súbito e desde que não interfira na segurança, pode-se providenciar alimentação e hidratação ao suicida, se necessário. Atentar para não disponibilizar ao suicida objetos cortantes, perfurantes etc.
• Se o suicida a qualquer momento conseguir cometer o suicídio, preservar o local, entregando-o à Polícia Militar;
• Caso o local escolhido pelo suicida seja uma torre de alta tensão, solicitar a concessionária de energia local o corte da energia do lado onde a vítima se encontra e realizar o aterramento da torre. É importante lembrar que o fato de a vítima estar posicionada em determinado ponto da torre e não ter sofrido qualquer descarga elétrica não significa que o Bombeiro poderá seguramente chegar próximo com a linha energizada, pois diversos fatores interferem na distância de segurança, tais como: umidade do ambiente, transpiração, equipamentos metálicos, massa corporal etc.
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8. POSSIBILIDADE DE ERRO
• Não disponibilizar espaço para chegada de apoio;
• Não disponibilizar via de saída das viaturas;
• Usar pontos de ancoragem inadequados e/ou deixar de fazer “back-up”;
• Não equalizar a ancoragem.
9. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS
• CBMGO – Corpo de Bombeiros Militar de Goiás;
• EPI – Equipamento de proteção individual;
• PQD – Paraquedista;
• ACROFOBIA – Fobia de lugares altos;
• POP – Procedimento Operacional Padrão;
• BACK-UP – Cópia de segurança.
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SOLICITAR INFORMAÇÕES
DETALHADAS AO COB
CHEGAR AO LOCAL DA OCORRÊNCIA
DE FORMA DISCRETA
INFORMAR AO COB A CHEGADA NO
LOCAL
POSICIONAR AS VIATURAS DE
FORMA ESTRATÉGICA
RECONHECER O LOCAL E EFETUAR A
DEVIDA AVALIAÇÃO DE RISCO
VERIFICAR SE HÁ NECESSIDADE DE
APOIO
ESTABELECER PERÍMETRO DE
SEGURANÇA
TRAÇAR UM PLANO DE AÇÃO
DEFINIR QUEM DEVERÁ FAZER O
PRIMEIRO CONTATO COM A VÍTIMA
ISOLAR O LOCAL E COODENAR O
CONTROLE DE TRÂNSITO
COLETAR O MAIOR NÚMERO DE
INFORMAÇÕES SOBRE A VÍTIMA
DEFINIR OS EQUIPAMENTOS
NECESSÁRIOS PARA EFETUAR A
OPERAÇÃO
ESTABELECER A TÉCNICA
ADEQUADA PARA ACESSAR A
VÍTIMA
PREPARAR A VÍTIMA PARA DESCIDA
IMOBILIZAR MEMBROS SUPERIORES
E INFERIORES DA VÍTIMA
CONFIRMAR DADOS DA VÍTIMA
CONDUZIR A VÍTIMA PARA O
HOSPITAL
REALIZAR INSPEÇÃO FINAL
CONFECCIONAR O RELATÓRIO DE
OCORRÊNCIA
10. FLUXOGRAMA DA OPERAÇÃO
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11. REFERÊNCIAS
Manual de Salvamento em Altura, 2ª Edição-1991. Corpo de Bombeiros Militar
do Estado do Rio de Janeiro;
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. POP 003/05,
Tentativa de suicídio;
CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Coletânea de manuais técnicos de bombeiros;
CORPO DE BOMBEIROS MILIATR DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL,
Salvamento em altura de pessoas em tentativa de suicídio.
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APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA POR AMOSTRAGEM PARA TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO NO QUAL PROPÕE A IMPLANTAÇÃO DE UM
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA RESGATE DE SUICIDAS EM
AMBIENTES VERTICAIS.
Por: Cad. Éverton Silva. CFO III – RG 90185
1. Possui especialização na área de salvamento em altura?
( ) sim ( ) não
2. Como você avalia seu conhecimento na área de salvamento em altura?
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim
3. Já participou de ocorrência de salvamento de suicida em locais elevados
(pontes, prédios, torres, viadutos, etc)?
( ) sim ( ) não
4. No atendimento a uma ocorrência desta natureza, sente total segurança nos
procedimentos executados por você e pela guarnição?
( ) completamente seguro ( ) razoavelmente seguro ( ) pouco seguro
5. Na sua opinião, a padronização dos procedimentos operacionais para o
atendimento a uma ocorrência envolvendo suicida em ambientes verticais
(pontes, prédios, torres, viadutos, etc), proporcionará uma melhora na
qualidade do atendimento realizado pelas guarnições assim como aumentará
a segurança para a execução destes procedimentos?
b( ) sim ( ) não