PROCESSO ADMINISTRATIVO
FEDERALRubens Kindlmann
Visão Geral
■ A Lei do Processo Administrativo Federal é regida pela Lei 9784/99
■ A Lei existe como forma regulamentar as normas sobre ProcessoAdministração no âmbito da Administração Pública Direta eIndireta da União e Entidades Federais
■ A Lei não é aplicável à questões que envolvam os Estados eMunicípios, mas nada impede que esses órgãos adotem oprocedimento fixado na lei Federal. Desde que haja leiestabelecendo
■ Só se aplica ao Legislativo e ao Judiciário quando estes estãodesempenhando função administrativa
Visão Geral
A Lei considera os seguintes preceitos:
Órgão: aquela unidade que integra a estrutura da administração públicadireta ou indireta, mas que não é dotada de personalidade jurídica.Compõe a unidade, mas não possui patrimônio ou capacidade. Integra aestrutura da União.
Entidade: É a entidade dotada de personalidade jurídica (A própria União,por exemplo ou uma Autarquia)
Autoridade: É o servidor ou o agente público que possui o poder dedecisão quanto aos processos administrativos
Princípios
O Processo Administrativo é regido por diversos princípios que estãoelencados no Art. 2º da Lei
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aosprincípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Princípio da Oficialidade
■ Uma vez iniciado um processo, a Administração Publica temobrigação de apurar o necessário para conclusão e solução do quefoi objeto do Processo Administrativo
■ Em nome da Moralidade e da Legalidade, precisa apurar e tomaras providências necessárias e aplicáveis a cada caso
■ A Oficialidade representa o DEVER de dar impulso ao processoadministrativo em todos os seus atos, independente deprovocação
Princípio da Motivação
■ Motivação difere de Motivo
■ Motivação significa que para todos os atos a Administração têmque possuir uma finalidade nos seus atos. O Motivo representará amotivação (base legal, por exemplo) dos atos
Princípio do Contraditório e Ampla Defesa
■ O Direito ao contraditório é basilar num Estado Democrático deDireito
■ Por contraditório temos que é a chance de se contrapor aquiloque foi imputado a alguém
■ Por Ampla defesa temos os meios pelos quais se pode exercer odireito ao contraditório (Defesa Administrativa, Impugnação,Recursos, Pedido de reconsideração, etc.)
Princípio da Instrumentalidade das Formas
■ Este princípio busca flexibilizar a formalidade processual, de formaa favorecer a celeridade
■ Isso faz com que eventuais vícios na “forma” do procedimento,sejam sanáveis não maculando o processo, a menos que o alegadovício seja prejudicial à parte contrária o que, de formafundamentada, pode/deve ser revista
Princípio do Formalismo Necessário
■ A atenção à forma é necessária para garantir os direitos einteresses do cidadão
■ Todavia a forma não pode impedir ou mesmo dificultar que oadministrado possa exercer seus direitos
■ Para o Estado, é formal à medida em que o processo precisaobedecer um rito/procedimento mínimo para garantir a lisura e atransparência do processo
– Ex.: Sumula Vinculante nº 5. A falta de defesa técnica poradvogado no processo administrativo disciplinar não ofende aConstituição.
Princípio da Verdade Real ou Verdade Material
■ Se busca a verdade Real processo, e não a verdade Formal
■ Busca-se a produção de provas que demonstrem a verdade dos fatos enão a verdade do processo, todavia, não se admite a utilização deprovas obtidas de forma ilícita (art. 30 da Lei 9784/99)
■ O julgador pode se basear em provas requeridas de ofício, porexemplo e por evidências que não necessariamente estejam noprocesso, desde que isso conste na Motivação
■ Também de forma motivada, provas desnecessárias, impertinentes ouprotelatórias poderão ser recusadas
Princípio da Gratuidade
■ Não há, e nem deve haver, pagamento de custas no processo administrativo
– Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
O início do Processo Administrativo
■ O início pode ser tanto por iniciativa do Administrado quanto por iniciativa daAdministração Pública
■ Quando parte do Administrado, deve ser iniciado por escrito, devendo conter
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Os atos no Processo Administrativo
■ Por mais que não haja formalidade, alguns requisitos básico sãoexigidos pela Lei para os atos administrativos:
– Escrito em Português
– Indicação de data e local da realização
– Assinatura da autoridade responsável
– O processo deverá ter as páginas numeradas sequencialmente erubricadas
A comunicação dos atos oficiais■ O órgão onde tramitam os processo e são praticados os atos precisa intimar o
interessado para que tenha ciência dos atos e para que se efetivem as diligências.Deverá obedecer:
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa, como formade viabilizar o atendimento à intimação;
II - finalidade da intimação, a fim de que o interessado saiba do que se trata e possaviabilizar inclusive o contraditório;
III - data, hora e local em que deve comparecer, com no mínimo 3 dias úteis deantecedência (art. 26, par. único da lei)
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
V - informação da continuidade do processo independentemente do seucomparecimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes, do motivo da intimação e doprocesso.
A comunicação dos atos oficiais
■ A Lei permite que a intimação possa ser efetuada por ciência noprocesso, por via postal com aviso de recebimento, por telegramaou qualquer outro meio que assegure a certeza da ciência dointeressado.
■ O Não atendimento de intimações não importa nos efeitos daRevelia. Não é sinônimo da confissão dos fatos e nem significarenúncia do direito pelo administrado (Art. 27), sendo garantida aampla defesa.
A Instrução do Processo Administrativo
■ Na fase de instrução processual a Administração pública tem odever de produzir todas as provas necessárias à comprovação dosfatos, sempre em busca da verdade real. Todas as provas sãoadmissíveis desde que as provas sejam produzidas de forma lícita.
A decisão administrativa
■ Com a conclusão da instrução, a Administração tem o prazo de 30dias pare decidir, podendo ser prorrogado pelo mesmo prazo pordecisão motivada
■ A Administração tem o dever de emitir decisão nos processosadministrativos
Pode haver desistência do processo administrativo?
■ Poderá, desistir no todo ou em parte ou mesmo renunciar osdireitos disponíveis. Havendo mais deum interessado a renunciaou desistência é pessoal e não atinge os demais,
■ A administração poderá reconhece extinto o processoadministrativo quando cumpra a sua finalidade ou o seu objeto setorne impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente (Ex.Ação judicial sobre a mesma matéria)
Os Recursos administrativos
■ Cabe recurso em face das decisões administrativas, endereçado à autoridadeque proferiu a decisão que poderá, ou não, reconsiderar sua decisão
■ Sem reconsideração, encaminha à autoridade superior
■ A Lei 9784 prevê que o Recurso administrativo tramitará por, no máximo, trêsinstâncias administrativas
■ Têm legitimidade ativa para recorrer:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados peladecisão recorrida;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos einteresses coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
Os Recursos administrativos
■ Os recursos devem ser interpostos em 10 dias, salvo lei específica.
■ Não serão conhecidos os recursos que:
– Forem interpostos fora do prazo;
– Forem interpostos perante órgão incompetente;
– Forem interpostos por quem não seja legitimado;
– Forem interpostos após exaurida a esfera administrativa.
Os Recursos administrativos
■ Cabe a figura da REVISÃO ADMINISTRATIVA, a qualquer tempo, arequerimento do interessado ou de ofício, quando surgirem fatosnovos ou novas circunstâncias que justifiquem a inadequação dasanção aplicada
■ Todavia, da revisão não poderá resultar agravamento da sanção
As sanções
■ As sanções terão natureza pecuniária ou de obrigação de fazer oudeixar de fazer.
Legislações Específicas
■ DECRETO Nº 70.235/72 –Versa sobre o Processo Administrativo Fiscal
■ Lei 10.177/98 - Regula o Processo Administrativo no Estado de São Paulo
■ Lei nº 13.457, de 18/03/2009 – Versa sobre o Processo AdministrativoTributário no Estado de São Paulo