1RESUMO PROCESSO CIVIL PROVA ORAL MPCE - 2013
PONTOS DO EDITAL
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. Ao: conceito e teorias da ao.
2. Sujeitos da relao processual. Litisconsrcio. Interveno de terceiros:
assistncia, nomeao autoria, denunciao da lide e chamamento ao
processo. Ministrio Pblico no Processo Civil.
3. Teoria das invalidades processuais. Conceito, espcie e regime jurdico.
4. Jurisdio Contenciosa e Voluntria. Conceito. Procedimento comum
ordinrio e procedimentos especiais: conceito e natureza jurdica.
Processo Sumrio (Lei n 9.245/95).
5. Sistemas de direito probatrio. nus da prova.
6. Sentena: conceito e classificaes.
7. Recursos: conceito, espcie, regime jurdico e efeitos.
8. Coisa julgada: conceito. Limites subjetivos e objetivos.
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9. Execuo por quantia certa contra devedor solvente.
10. Embargos de devedor e de terceiros. Conceito, natureza jurdica,
competncia para os respectivos procedimentos, legitimados e efeitos.
11. Processo cautelar. Tutela cautelar e tutela antecipatria. Eficcia
temporal dos provimentos cautelares. Ao cautelar inominada. Arresto.
Sequestro, busca e apreenso, assegurao de provas, alimentos
provisionais, posse em nome do nascituro; medidas provisionais do
Direito de Famlia.
12. Ao de alimentos.
13. Ao de mandado de segurana.
14. Ao civil pblica. Compromisso de ajustamento.
15. Ao popular.
16. Ao Civil de Ressarcimento do Dano Decorrente de Sentena Penal
Condenatria (ex delicto)
17. Aes possessrias.
18. Separao e divrcio.
19. Ao de usucapio.
220. Interdio.
21. Perda e suspenso do poder familiar. Hipteses em que cabem.
Legitimao ativa. Procedimento.
22. Funo do Ministrio Pblico nas aes reguladas pelo Cdigo de Defesa
do Consumidor.
23. Aes coletivas para defesa de interesses difusos, coletivos e individuais
homogneos. Legitimao.
24. Ao Monitria.
25. Aspectos processuais das seguintes Leis: Lei n 8.038/90; Lei n 1.060/50;
26. Lei n 9.099/95; Lei n 10.259/01; Lei n 8.078/90; Lei n 7.347/85; Lei n
8.429/92; Lei n 8.069/90; Lei n 11.340/06; Lei n 10.741/03.
27. Atuao extrajudicial do Ministrio Pblico.
Ponto 01 Ao: conceito e teorias da ao.
AO: CONCEITO E TEORIAS DA AO
01. INTRODUO
Numa viso contempornea o direito de ao, antes de tudo, um direito
fundamental (ao em uma acepo constitucional). assim que a CF/88 trata da ao,
conforme se verifica na redao do art. 5, XXXV, que garante o acesso Justia (e no
simplesmente ao Poder Judicirio). Portanto, a ao deve ser vista como um direito a uma
tutela jurisdicional efetiva e adequada por parte do Estado (realizao efetiva dos
direitos).
H uma tendncia de se visualizar na ao um direito apenas do autor, mas o ru
tem tanto direito de ao quanto o autor. O direito de ao um direito de ambas as
partes. O ru, ao contestar, est exercendo seu direito de ao, pois est postulando a
proteo de seus direitos ao Estado (alguns autores chegam a afirmar que contestar
propor uma ao declaratria negativa). No estudo dos recursos, geralmente afirma-se
que o recurso uma forma de exerccio do direito de ao. Logo, fica evidente que o ru
tambm tem direito de ao, pois dotado de legitimidade para interpor recursos. No
mesmo passo, o CPC afirma que quando o autor desistir da ao o processo dever ser
3extinto sem julgamento do mrito. Porm, evidenciando o direito de ao do ru, o CPC
faz a ressalva que nesses casos, quando o ru j tiver apresentado a contestao, o
magistrado somente poder extinguir o processo com a anuncia deste (se o ru no
concordar com a desistncia do autor o processo dever prosseguir direito do ru)
(art. 267, 4, CPC).
02. CONCEITO DE AO
O conceito de ao variou ao longo da histria, pois muitas teorias buscaram
encontrar a melhor definio de ao. Analisaremos as 05 teorias mais relevantes sobre
o tema.
OBS: A primeira teoria que ser estudada oriunda do Direito Civil, apresentando
caractersticas bastante distintas das demais teses, que decorrem do Direito Processual.
uma teoria que no distingue o direito de ao do direito material que se busca tutelar
(no reconhece a autonomia do direito de ao). As demais teorias diferenciam as figuras
do direito de ao do direito material pretendido.
OBS: Fredie Didier ensina que a palavra ao possui trs acepes: (a) acepo
constitucional (ao como Direito de Ao, de ir a juzo, de acesso justia afina-
se com o princpio da inafastabilidade da jurisdio); (b) acepo material (ao como
o prprio direito levado a juzo base da Teoria Imanentista da Ao); (c) acepo
processual (ao no sentido de ato que provoca a atividade jurisdicional; ato de exercer
o direito de ao Surge a demanda: direito de ao exercido no caso concreto -
Demandar o ato de entrar com uma ao). A ltima acepo a quem mais interesse
ao Direito Processual Civil.
A) TEORIA CIVILISTA OU IMANENTISTA
A ao o prprio direito material violado em estado de reao (a ao imanente,
aderida, ao direito material). O direito material lesionado transforma-se no direito de ao.
Portanto, para cada tipo direito lesionado haveria uma ao diferente.
OBS: Daqui decorre o velho vcio de dar nome a cada ao, pois decorrentes dos
diversos direitos violados. Ex: ao de cobrana (decorre da violao ao direito de
cobrana).
OBS: STJ: [...] O nome ou ttulo da ao utilizado pelo autor, na inicial, no conduz
nem tampouco condiciona a atividade jurisdicional, a qual est adstrita to-somente
causa de pedir e ao pedido (STJ, REsp 819.658/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
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4SALOMO, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2010, Dje 25/10/2010).
A teoria civilista da ao est superada. Percebeu-se que ao estava
relacionada com o direito de acessar ao judicirio (de ir ao juzo, de pedir proteo),
desvinculando-se da tese civilista de que ao o prprio direito material lesionado. A
partir desse momento, passou-se a vislumbrar o direito de ao sob os planos material e
processual, possibilitando o surgimento das demais teorias da ao.
Em comum, as demais teorias apresentam a seguinte caracterstica:
distinguem o direito material do direito de ao. Tal caracterstica configura a
autonomia da ao, presente em todas as teorias a seguir estudadas.
B) TEORIA CONCRETA DA AO
OBS: Expresses sinnimas: Teoria Concretista; Teoria do Direito Concreto de Agir;
Teoria da Ao como Direito Autnomo e Concreto
Aduz que ao o direito autnomo (em relao ao direito material) de obter em
juzo um provimento favorvel (sentena favorvel). Para essa teoria, a primeira que
surgiu aps a teoria civilista, s tem direito de ao quem tambm tiver o direito
material. teoria que est totalmente superada. No entanto, teve uma grande
importncia histrica, pois foi a primeira teoria que sustentou a autonomia da ao.
OBS: TEORIA DO DIREITO POTESTATIVO DE AGIR (A maior parte da doutrina ptria
trata dessa teoria no bojo da teoria concreta da ao): Teoria decorrente de uma
dissidncia em relao teoria concreta da ao (no andou para frente, mas para o
lado). a teoria desenvolvida por Chiovenda. Ao o direito que tem o autor de fazer
atuar em seu favor a vontade concreta da lei, submetendo o ru sua pretenso. A rigor
um teoria bastante parecida com a anterior. S tem direito de ao o titular do direito
material. Surgem, porm, algumas coisas novas, como a afirmao de Chiovenda de que
a ao seria um direito potestativo (...submetendo o ru sua pretenso).
Tradicionalmente, o direito de ao tratado como um direito subjetivo. Trata-se de
teoria que no deve ser aceita.
C) TEORIA ABSTRATA DA AO
Est entre as duas teorias que ainda tem aceitao na doutrina moderna. Surge
para fazer um contraponto com a teoria concreta.
Ao o direito autnomo e abstrato de obter em juzo um pronunciamento
(de qualquer espcie favorvel ou desfavorvel). O direito de ao totalmente
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5independente do direito material.
A teoria abstrata nasceu pela utilizao consciente de um mtodo cientfico muito
utilizado, o chamado mtodo da falsificao. Trata-se de um mtodo que busca construir
uma nova teoria aps analisar as falhas das teorias anteriores sobre o tema, apontando
as solues. Assim, a teoria abstrata surgiu aps a anlise das falhas da teoria concreta.
por isso que sempre que a doutrina estuda a teoria abstrata o faz comparando com a
teoria concreta.
Segundo essa corrente, as falhas da teoria concreta eram as seguintes:
a) no era capaz de explicar a improcedncia da ao (para a teoria concreta se
ao final do processo ficasse reconhecido que o autor no fazia jus ao direito tutelado,
significava que ele no tinha o direito de ao como explicar, ento, o fato de ter ele
movimentado a mquina jurisdicional, com o desenvolvimento do processo at deciso
final, se ele no tinha direito de ao?);
b) ao declaratria negativa: esse o maior de todos os furos. A ao
declaratria negativa utilizada para o reconhecimento da inexistncia de uma relao
jurdica (ex: ao negatria de paternidade; inexistncia de uma dvida etc). O problema
o seguinte: se o juiz julga a ao improcedente (reconhecendo, conseqentemente, a
existncia da relao jurdica discutida), estar-se- diante da situao prevista
anteriormente (a teoria concreta no explica a improcedncia); se o juiz, por outro lado,
julgar a ao procedente, ele estar afirmando que no existe a relao jurdica entre o
autor e o ru. Da surge outro problema: se no h relao jurdica entre o autor e o ru,
no haver direito material a ser tutelado, no existindo direito de ao (lembre: na teoria
concreta s tem o direito de ao quem tem o direito material). Concluindo: com base na
teoria concreta, a procedncia ou improcedncia em ao declaratria negativa resultaria
em inexistncia do direito de ao.
A teoria abstrata surge para suprir essas lacunas. Essa teoria teve muitos
defensores em todo o mundo. No Brasil, destaca-se Calmon de Passos. Apesar disso, a
teoria abstrata nunca foi dominante na doutrina brasileira, ficando sempre em segundo
plano em relao teoria ecltica.
D) TEORIA ECLTICA
Teoria desenvolvida por Liebman. a teoria dominante, sendo
expressamente acolhida no CPC (art. 267, inc. IV). Sustenta que a abstrao da ao
no absoluta, pois o direito de ao balizado pelo preenchimento das condies da
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6ao, categoria estranha ao mrito.
O direito de ao est atrelado ao preenchimento das condies da ao, que
se no estiverem presentes determinaro a carncia de ao (o autor carece do direito de
ao o processo deve ser extinto sem exame do mrito). Presentes as condies da
ao, o autor ter direito a um pronunciamento jurisdicional sobre o mrito.
Assim, para a teoria ecltica, ao o direito autnomo (independente do
direito material), abstrato (procedncia ou improcedncia) e condicionado
(condies da ao) de obter em juzo um pronunciamento sobre o mrito da causa.
OBS: Antes da teoria ecltica j se falava em condies da ao, mas em outro sentido.
Chiovenda, precursor da teoria concretista, afirmava que as condies da ao seriam as
condies para um pronunciamento favorvel. A teoria ecltica inovou retirando as
condies da ao do mbito do mrito da demanda.
A teoria ecltica, entretanto, passou por uma transformao. que na concepo
original, defendida por Liebman, as condies da ao eram tratadas como requisitos de
existncia do direito de ao. Modernamente, as condies da ao so tratadas
como requisitos para o exerccio legtimo do direito de ao. A ausncia de um
desses requisitos no caracteriza a inexistncia do direito de ao, mas sim seu exerccio
irregular, ensejando a extino do processo sem resoluo do mrito. Essa a concepo
mais moderna.
Depois de tudo que foi dito podemos adotar o seguinte conceito de ao:
Ao o poder jurdico de provocar o Estado para que ele exera jurisdio.
Poder este que, se exercido de forma legtima (de acordo com os requisitos
exigidos condies da ao) durante todo o processo, levar o Estado a prover
sobre o mrito.
OBS: Elpdio Donizetti: O direito de ao um direito pblico subjetivo. pblico
porque se dirige contra o Estado-juzo. subjetivo porque o ordenamento jurdico faculta
quele lesado em seu direito pedir a manifestao do Estado (provocar a tutela
jurisdicional) para solucionar o litgio. Ao, portanto, numa concepo ecltica o direito
a um pronunciamento estatal que solucione o litgio, fazendo desaparecer a incerteza ou a
insegurana gerada pelo conflito de interesses, pouco importando qual seja a soluo a
ser dada pelo juiz.
03. ELEMENTOS DA AO
As aes (demandas) so identificadas pelos seus elementos subjetivos (partes) e
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7objetivos (pedido e causa de pedir). A falta de indicao de um dos elementos da ao
acarretar o indeferimento da inicial, por inpcia, com conseqente extino do feito sem
resoluo do mrito (art. 295, I, e pargrafo nico do CPC).
A) ELEMENTOS DA DEMANDA
a) Partes: aqueles que participam da relao jurdico-processual, integrando o
contraditrio. Fala-se em partes principais e auxiliares (Maiores detalhes no ponto 2
Sujeitos da relao processual).
b) Causa de pedir: So os fatos e fundamentos jurdicos do pedido, nos termos do
artigo 282, III, CPC. Fundamento jurdico o direito que se afirma ter, no o fundamento
legal.
OBS: Teoria da Substanciao: por fora dessa teoria, a causa de pedir formada
exclusivamente por fatos. As argumentaes do demandante que seu direito encontra
amparo na lei tal ou no decreto tal no configuram causa de pedir, pois no se referem
a fatos (fundamento jurdico no se confunde com hiptese normativa). a teoria adotada
em nosso sistema.
OBS: Teoria da Individualizao: contrape-se teoria da substanciao. Sustenta que a
causa de pedir no est no fato jurdico, mas apenas no direito que se afirma ter (causa
de pedir composta da capitulao legal dada ao fato).
A causa de pedir pode ser dividida em duas: (a) causa de pedir remota: o fato
constitutivo do direito alegado pelo demandante; e (b) causa de pedir prxima: fato
gerador do interesse de agir. Assim, quando o demandante vai a juzo ele narra, pelo
menos, dois fatos (teoria da substanciao): um que constitui o direito alegado e outro
que retrata o motivo que o levou a juzo. Ex: O demandado relata que emprestou dinheiro
a determinada pessoa e, aps a data do vencimento, no foi pago. A causa de pedir
remota o fato de ter emprestado dinheiro, enquanto que a causa de pedir prxima o
fato da pessoa no ter honrado o pagamento.
c) Pedido: pretenso material formulada ao Estado-juzo. Alm de servir como
elemento identificador da demanda e como parmetro para fixao do valor da causa (art.
259), limita a atuao do magistrado, por fora do princpio da congruncia ou adstrio
(arts. 128 e 460). Em regra, o pedido deve ser certo e determinado, mas admite-se
excepcionalmente a formulao de pedidos genricos (art. 286).
O pedido tambm se desdobra em duas partes: (a) pedido imediato: o
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8provimento jurisdicional; (b) pedido mediato: um bem da vida. Ex: pedir que o ru seja
condenado a pagar mil reais: pedido imediato a sentena condenatria; pedido mediato
o dinheiro.
04. CONDIES DA AO
Requisitos do legtimo exerccio do poder de ao, cuja ausncia impede o Estado-
juiz prover sobre o mrito. Essa a definio mais aceita de condies da ao
(concepo moderna). A falta de um desses requisitos caracteriza o exerccio irregular do
direito de ao, determinando que o processo seja extinto sem o julgamento do mrito,
nos termos do art. 267, VI, do CPC. Portanto, o exame das condies da ao se faz
antes da anlise do mrito.
OBS: As condies da ao vo se unir aos pressupostos processuais para formar um
grupo mais amplo necessrio para um provimento final sobre o mrito.
A) TEORIA DA ASSERO (teoria da prospeco; teoria da prospettazione)
A palavra assero significa afirmao. As condies da ao so examinadas in
statu assertionis, isto , no estado das asseres. Isso significa que as condies da ao
devem ser analisadas com base, nica e exclusivamente, naquilo que estiver afirmado
(alegado) na petio inicial. A anlise de documentos anexos exordial j no
considerado como verificao das condies da ao, que se resumem, exclusivamente,
anlise das alegaes feitas pelo autor.
O juiz far um juzo hipottico da veracidade das alegaes (o juiz, para
verificar se esto presentes as condies da ao, finge que tudo que foi alegado
verdadeiro).
OBS: O exame das condies da ao pode ser feito a qualquer tempo (e no apenas
quando do recebimento da petio inicial art. 267, 3, CPC matria de ordem
pblica).
OBS: Teoria da exposio: Contrape-se teoria da assero. Ensina que as condies
da ao devem ser demonstradas pela parte. Defensores: Dinamarco, Liebman e Ada
Pellegrini.
B) CONDIES DA AO EM ESPCIE
a) Legitimidade das partes (legitimidade ad causam):
O conceito de legitimidade da teoria geral do Direito. No pode ser confundido
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9com o conceito de capacidade. A capacidade uma aptido genrica conferida s
pessoas para a prtica de atos da vida civil. Alguns atos, porm, exigem mais que essa
aptido genrica, exigindo uma aptido especfica, que a legitimidade.
OBS: Legitimao ad causam X Legitimao ad processum: Legitimao ad processum
a capacidade para estar em juzo, sendo uma legitimidade genrica, porque diz respeito
legitimidade para participar de qualquer processo (relaciona-se com capacidade). A
legitimidade ad causam especfica.
Transportando os conceitos para o processo civil, temos que qualquer pessoa
dotada de capacidade pode ser autora de uma ao (em tese), pois dotada de aptido
genrica para tanto. Mas, nem toda pessoa pode ajuizar uma ADI ou uma ACP, pois
embora dotadas de capacidade, so destitudas da aptido especfica, ou seja,
legitimidade, para a propositura das citadas aes.
Assim, podemos concluir que a legitimidade da parte a aptido para ocupar a
posio de demandante ou demandado em um especfico caso concreto
(pertinncia subjetiva da demanda). A legitimidade ad causam deve ser aferida nos
plos ativo e passivo. Em outras palavras, legitimidade da parte a aptido para conduzir
validamente o processo em que se discute determinada relao jurdica.
OBS: Legitimidade Ordinria: a hiptese comum, normal. So legitimados ordinrios
os sujeitos participantes da relao jurdica deduzida no processo (o sujeito vai a juzo em
nome prprio, defender direito prprio; h coincidncia entre os sujeitos da relao
jurdica material e os sujeitos da relao jurdica processual). Quem postula em juzo o
titular da relao jurdica.
OBS: Legitimidade Extraordinria: ocorre nas situaes excepcionais em que a lei
autoriza a propositura de ao por pessoa estranha relao jurdica. Portanto,
hiptese em que algum pleiteia em nome prprio um direito alheio Nos termos do art. 6
do CPC ficou estabelecido que ningum pode pleitear, em nome prprio, direito alheio,
salvo quando houver autorizao legal. O legitimado extraordinrio no participante
da relao jurdica que se discute no processo, mas a lei autoriza que ocupe a
posio de parte. o caso do Ministrio Pblico, por exemplo. Somente a lei pode
atribuir legitimidade extraordinria a algum.
OBS: O legitimado extraordinrio parte no processo, valendo-se de todos os direitos e
deveres da parte. Assim, por exemplo, se eventualmente ele se conduzir de m-f, dever
arcar com a multa correspondente. Tambm os pressupostos processuais devero ser
averiguados em relao a ele etc. Majoritariamente, entende-se que legitimidade
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extraordinria e substituio processual so expresses sinnimas.
H trs tipos de legitimidade extraordinria:
- Concorrente: ocorre nos casos em que tanto o legitimado ordinrio quanto o
extraordinrio podem ir a juzo. Ex: aes de investigao de paternidade (pode ser
proposta pelo filho ou pelo MP); aes previstas no Estatuto do Idoso (o prprio idoso
legitimado ordinrio e o MP o extraordinrio). possvel, inclusive, a formao de um
litisconsrcio facultativo.
- Subsidiria: o legitimado extraordinrio s pode ir a juzo em caso de inrcia do
legitimado ordinrio. Normalmente se estabelece um prazo para que o legitimado
ordinrio ajuze a ao, que, uma vez escoado, legitimar a atuao do legitimado
extraordinrio. Ex: A Lei das Sociedades Annimas apresenta uma possibilidade.
- Exclusiva: aqui, preciso tomar alguns cuidados. O exemplo dado na doutrina
sempre o que envolve o regime dotal de bens (tinha previso no Cdigo Civil de 1916;
no foi prestigiado no Diploma Civil de 2002). Atualmente, a legitimidade extraordinria
exclusiva s admissvel diante de interesses transindividuais (difusos, coletivos e
individuais homogneos), quando a lei eleger o sujeito capaz de representar
adequadamente o interesse de todos os representados (no se admite, luz da CF/88,
que uma pessoa possa figurar como legitimado extraordinrio exclusivo para tutelar direito
individual de outra pessoa no se pode negar que a prpria pessoa defenda seus
interesses em juzo). A legitimidade s pode ser concebida como um mecanismo de
ampliao do acesso justia, de fortalecimento das tutelas (como ocorre nas hipteses
de legitimidade concorrente e subsidiria), e no como forma de restrio desse acesso.
OBS: Legitimidade Extraordinria e Substituio Processual: H quem diga que as
expresses significam rigorosamente a mesma coisa (ex: Chiovenda e outros grandes
processualistas brasileiros). Porm, para Alexandre Cmara, esse no o melhor
entendimento sobre o tema, asseverando que so expresses correlatas, mas significam
coisas distintas. A legitimidade extraordinria um requisito da substituio processual. A
legitimidade extraordinria conferida em abstrato, por lei, podendo ou no ser exercida
(Ex: todo mundo tem legitimidade extraordinria para impetrar Habeas Corpus em favor
de terceiro, mas nem sempre essa prerrogativa exercida). A substituio processual
ocorre diante de um caso concreto (representa um fato), quando o legitimado
extraordinrio est em juzo em substituio ao legitimado ordinrio (ou seja, a
substituio processual o exerccio da legitimidade extraordinria). Para outra parte da
doutrina a substituio processual uma legitimao extraordinria que ocorre quando o
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legitimado extraordinrio estiver sozinho em juzo defendendo direito de outra pessoa.
OBS: No confundir:
SUBSTITUIO
PROCESSUAL
a legitimao extraordinria (sinnimo, conforme se entende
majoritariamente). O substituto processual parte na demanda.
Ocorre nas hipteses que a lei permitir que terceiro venha a juzo
tutelar direito alheio em nome prprio.
SUCESSO
PROCESSUAL
a alterao subjetiva da demanda, que ocorre quando a parte vem
a falecer, sendo sucedida pelo esplio ou seus sucessores (art. 43,
CPC). Tambm pode ocorrer quando o bem litigioso alienado a
ttulo particular, por ato entre vivos (art. 42, CPC).
REPRESENTA
O PROCESSUAL
O representante no parte. O representante processual no age
em nome prprio, mas em nome alheio, defendendo interesse alheio.
Figura no processo para suprir a incapacidade da parte ou como
representante de pessoa jurdica.
b) Interesse de Agir (Interesse Processual):
H interesse de agir quando o processo for til e necessrio.
Para o Direito, interesse utilidade. preciso que o processo possa propiciar
algum proveito para o demandante.
Quem vai a juzo vai em busca de solucionar uma crise jurdica, que estar
declinada na sua petio inicial. Pode ser uma crise de certeza, de formao, de
adimplemento etc. preciso que a tutela jurisdicional postulada seja capaz, pelo menos
em tese, de solucionar a crise que foi deduzida em juzo. Se a medida postulada nem em
tese for idnea para a soluo da crise, ausente estar o interesse de agir.
O interesse de agir se desdobra em dois elementos:
- Interesse-necessidade: deve-se verificar se o processo necessrio para a
superao da crise jurdica. O processo ser necessrio quando a realizao extrajudicial
do direito no possvel. por isso que no vai haver interesse de agir de uma dvida
que ainda no venceu, pois h a possibilidade de realizao do direito sem a demanda
judicial. Ex: nos casos em que a Administrao descumpre preceito previsto em Smula
Vinculante, a CF/88 exige o esgotamento da via administrativa antes da impetrao de
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reclamao perante o STF (o interesse-necessidade s se verificar aps o esgotamento
da via administrativa).
- Interesse-adequao: consiste na utilizao da via processual adequada para a
soluo da crise jurdica. Deve-se fazer uma anlise no direito positivo da forma
adequada de tutela prevista em lei. Assim, o exame da lei que permite aferir a utilizao
da via processual adequada.
OBS: Nosso ordenamento contempla hipteses de aes necessrias, que so aquelas
que veiculam direitos que s podem ser exercidos em juzo. So casos em que a
necessidade da ao sequer discutida, pois resta presumida. Ex: anulao de contrato,
interdio, falncia, rescisria de sentena, excluso de herdeiro etc.
c) Possibilidade Jurdica do Pedido:
Haver ao se o pedido formulado puder ser, em tese, acolhido.
uma condio da ao distinta das demais, examinada de forma diferenciada.
condio que se examina em seu aspecto negativo: juridicamente impossvel
aquilo que o ordenamento jurdico probe. Assim, ao contrrio de se buscar analisar o
que o ordenamento jurdico permite, devemos buscar as situaes juridicamente
impossveis, aquilo que proibido pelo ordenamento. O que no proibido
juridicamente possvel.
Em outras palavras, o juridicamente possvel no precisa estar expressamente
permitido, basta que no seja proibido.
OBS: A existncia dessa condio da ao controvertida. O prprio Liebman, autor da
teoria ecltica, passou a considerar a possibilidade jurdica do pedido como parte
integrante do interesse de agir. H quem diga, ainda, que os casos de impossibilidade do
pedido representam situaes de improcedncia do pedido (seria uma improcedncia
liminar). Portanto, uma condio da ao polmica, mas, levando-se em considerao o
disposto no CPC, no h dvida tratar-se de condio autnoma da ao admitida em
nosso ordenamento.
OBS: O professor Alexandre Cmara faz questo de denominar a presente condio da
ao apenas de Possibilidade Jurdica, e no de possibilidade Jurdica do Pedido,
como usualmente chamada. Ensina que em determinadas situaes a impossibilidade
jurdica pode recair sobre outros elementos da demanda, como a causa de pedir (Ex:
ajuizamento de ao de cobrana que tem causa de pedir uma dvida de jogo de azar).
Assim, assevera que a possibilidade jurdica deve recair sobre todos os elementos da
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demanda (partes, pedido e causa de pedir o entendimento de Cndido Rangel
Dinamarco). No entendimento unnime, pois parte da doutrina, a exemplo de Ada
Pellegrini, sustenta que a condio da ao a possibilidade jurdica do pedido,
guardando relao exclusiva com este elemento da demanda: o pedido (para Ada, os
casos de impossibilidade jurdica da causa de pedir como o caso da dvida de jogo
so resolvidos por meio da improcedncia da ao).
05. CLASSIFICAO DAS AES
A) AES REAIS E AES PESSOAIS
A ao real ou pessoal conforme o direito discutido seja real ou pessoal. Leva em
considerao a causa de pedir prxima (fundamento jurdico).
OBS: Ao reipersecutria: aquela atravs da qual se vai a juzo em busca de alguma
coisa sua, mas que se encontra fora de seu patrimnio. Pode ser real ou pessoal,
dependendo do fundamento jurdico do pedido.
B) AES MOBILIRIAS E IMOBILIRIAS
Leva em considerao o objeto do pedido. Se o bem pretendido um mvel, ela
ser mobiliria. Se for um imvel, ser imobiliria.
OBS: Uma ao imobiliria pode ser real ou pessoal. Um despejo, por exemplo, ao
pessoal e imobiliria.
C) AES DPLICES
A expresso assume dois sentidos:
a) Ao dplice em sentido processual: quando houver permisso legal para
que o ru formule um pedido contra o autor dentro da contestao, como ocorre no
pedido contraposto no mbito dos Juizados Especiais.
b) Ao dplice em sentido material: ocorre quando a defesa do ru representa
ao mesmo tempo, e necessariamente, um contra-ataque pretenso do autor. Leva em
considerao as caractersticas do direito material discutido. No o legislador que torna
a ao dplice em sentido material.
OBS: Toda ao declaratria materialmente dplice.
D) QUANTO AO TIPO DA TUTELA JURISDICIONAL
tradicional a lio que associa a tutela jurisdicional espcie de crise jurdica
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que o demandante busca solucionar por meio do processo.
CLASSIFICAO DAS AES
(Quanto a natureza do provimento jurisdicional)
Ao de Cognio (ou de
conhecimento): visa o
acertamento ou reconheci-
mento do direito.
Ao Declaratria: Busca-se a superao de crise de certe-
za. Tem por objeto a simples declarao da existncia ou ine-
xistncia de uma relao jurdica ou a respeito da autenticida-
Ao Constitutiva: Relaciona-se com uma crise de situao
jurdica. Afora a declarao do fato ensejador da
constituio/desconstituio, tem por finalidade criar, modifi-
car ou extinguir um estado ou relao jurdica. Relacio-
nam-se com os direitos potestativos, traduzidos no poder ju-
rdico de impor a outrem alterao, criao ou extino de situ-Ao Condenatria: Resolve uma crise de inadimplemento.
Alm da declarao do fato gerador da obrigao, ou seja, da
certificao do direito, objetiva a condenao do ru a pres-
tar uma obrigao de fazer, no-fazer, entregar coisa ou
pagar quantia. Relaciona-se com direito a prestao, quer
dizer, poder jurdico de exigir de outrem o cumprimento de
uma prestao. Tais direitos sujeitam-se a prazos prescricio-
nais, que se iniciam, em regra, com o inadimplemento.
Ao de Execuo: busca a satisfao ou realizao de um direito j acertado, por meio
de um ttulo judicial ou extrajudicial. Busca-se resolver uma crise de satisfao.
Ao Cautelar: objetiva o acautelamento do processo (de conhecimento ou de execuo),
de forma a viabilizar a eficcia da prestao jurisdicional. Resolve-se uma crise de peri-
go.
OBS: Direito a uma prestao: consiste num poder de exigir o cumprimento de uma
prestao, ou seja, de exigir a prtica de uma conduta por outra pessoa (fazer, no fazer
ou dar). O poder de exigir se chama pretenso. A prescrio um fenmeno que se rela-
cionam exclusivamente com os direitos a uma prestao, pois estes so os nicos que
podem ser lesados ou inadimplidos, e a prescrio atinge a pretenso. O direito a uma
prestao s se efetiva quando h a realizao da conduta, que pode ocorrer pelo cumpri-
mento voluntrio ou pela execuo, que o adimplemento forado da prestao. Assim,
15
direito a uma prestao, pretenso, adimplemento, prescrio e execuo so assuntos
correlatos.
OBS: Direito potestativo: o direito de criar, alterar ou extinguir situaes jurdicas. No
se relacionam a nenhuma conduta do sujeito passivo. Por isso, no se fala em prestao,
inadimplemento ou prescrio. Direitos potestativos decaem, caducam (decadncia). No
h execuo de direito potestativo (no h prestao a ser exigida). Relaciona-se com
aes constitutivas.
OBS: Fredie Didier: atualmente se diz que as aes, demandas, no so mais puras. No
se vai a juzo para obter s conhecimento, s para obter execuo ou segurana. Busca-
se em juzo diversos propsitos. Fala-se, ento, que as aes devem ser sincrticas, ou
seja, devem misturar os diversos tipos de tutela.
OBS: Fredie Didier: Ensina que, atualmente, ao mandamental uma ao condenat-
ria por execuo indireta (o Estado fora o devedor a cumprir a prestao); e ao execu-
tiva lato senso ao condenatria por execuo direta (o Estado cumpre a prestao
pelo devedor).
OBS: Smula 181 do STJ: admissvel ao declaratria visando a obter certeza quanto
exata interpretao de clausula contratual;
OBS: Smula 258 do STF: admissvel reconveno em ao declaratria.
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Ponto 02 - Sujeitos da relao processual. Litisconsrcio. Interveno de terceiros:
assistncia, nomeao autoria, denunciao da lide e chamamento ao processo.
Ministrio Pblico no Processo Civil.
SUJEITOS DA RELAO PROCESSUAL
Quando falamos em relao processual, geralmente, verificamos a presena do
autor, ru e juiz (configurao trplice). Para Dinamarco, porm, a configurao trplice
representa somente um esquema mnimo e simplificado, que clama por esclarecimentos
e complementaes.
Destarte, alm das partes e do Estado-juiz, tambm so considerados sujeitos
processuais os advogados, o Ministrio Pblico, os auxiliares da justia e os terceiros que
intervm no processo aps a sua instaurao.
Sujeitos da Relao
Processual
Partes
Juiz
Ministrio Pblico
Advogados
Auxiliares da Justia
Terceiros
OBS: Os sujeitos principais do processo so o autor, o ru e o juiz. Os sujeitos
especiais so o advogado e o membro do Ministrio Pblico. Os sujeitos secundrios
do processo so os auxiliares da Justia (escrivo, oficial de Justia, perito, o depositrio,
o administrador, o intrprete, o contador, etc.) e terceiros, como testemunhas (Fonte:
Resumo TRF).
01. O JUIZ
Sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide.
OBS: Fredie Didier: Partes incidentais (ou partes do incidente): Existem sujeitos que
s so partes em alguns incidentes processuais e no em todo o processo. Ex: o Juiz no
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parte, mas no incidente de suspeio, ele parte.
A) DEVERES, PODERES E RESPONSABILIDADES DO JUIZ (Elpdio Donizetti):
a) Rpida soluo do litgio (art. 125, II): a celeridade da prestao jurisdicional
dever do juiz. Para possibilitar o exerccio desse dever, a lei confere ao magistrado alguns
poderes processuais:
Ordenar ou indeferir provas ou diligncias (art. 130);
Julgar antecipadamente a lide (art. 330);
Determinar a reunio de processos (art. 105);
Tentar a qualquer tempo conciliar as partes (art. 125, IV).
OBS: A determinao de provas por iniciativa do juiz deve ocorrer apenas em carter
complementar, sempre com observncia do princpio da isonomia;
b) Represso aos atos atentatrios dignidade da Justia (art. 125, III, e 129) .
No exerccio desse dever e poder cabe ao magistrado:
Punir o litigante de m-f (arts. 17 e 18);
Advertir a testemunha mentirosa;
Fazer retirar da audincia pessoas inconvenientes;
Obstar a utilizao do processo para praticar ato simulado ou
proibido por lei (art. 129).
c) Prestao da tutela jurisdicional (art. 126): o juiz no se exime de sentenciar
ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei (no liquet). Assim, cabe ao magis-
trado aplicar as normas legais, se houver. No as havendo, recorrer analogia, costu-
mes e princpios gerais de direito (integrao).
d) Deciso da lide nos limites propostos (arts. 128, 131 e 460): o juiz no pode
decidir aqum do pedido (citra petita), alm do pedido (ultra petita) e nem fora do pedido
(extra petita).
No pode conhecer de questes no suscitadas, a menos que
a lei no exija iniciativa da parte (art. 128);
Pode apreciar livremente a prova (princpio do livre convenci-
mento motivado ou da persuaso racional);
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Pode o juiz conhecer de circunstncias ou fatos simples (aque-
les que sequer precisam ser narrados pelas partes).
e) Dever de imparcialidade do Juiz: a lei especifica os motivos que podem afastar
o juiz da demanda, espontaneamente ou por ato das partes. So de duas ordens: os im-
pedimentos (art. 134), de cunho objetivo, peremptrio; e a suspeio (art. 135), cujo reco-
nhecimento, se no declarado de ofcio pelo juiz, demanda prova.
OBS: Os impedimentos taxativamente obstaculizam o exerccio da jurisdio contenciosa
ou voluntria, podendo ser argidos no processo a qualquer tempo, com reflexo, inclusive,
na coisa julgada, vez que, mesmo aps o trnsito em julgado da sentena, pode a parte
prejudicada rescindir a deciso (art. 485, II, CPC). A suspeio, ao contrrio, se no argi-
da no momento oportuno, envolvida pela coisa julgada.
f) Princpio da Cooperao: manifestao da boa-f objetiva no processo civil. As
partes e o juiz tm de cooperar entre si, para que o processo chegue ao resultado mais
justo possvel. O princpio da cooperao gera trs deveres para o juiz: dever de esclare-
cimento, dever de consulta (consultar as partes sobre pontos de fato ou de direito) e dever
de proteo e preveno (apontar defeitos processuais e dizer como corrigi-los).
g) Responsabilidade do juiz: a irregular atuao do juiz pode ensejar responsabi-
lidade criminal, administrativa e civil. O artigo 133 do CPC elenca as hipteses que podem
ensejar responsabilidade civil do magistrado:
Se procede com dolo ou fraude no exerccio de suas funes;
Se recusa, omite ou retarda providncia jurisdicional sem justo
motivo.
h) Outros deveres e responsabilidades:
vedado o exerccio indiscriminado de outros cargos e fun-
es, salvo uma de magistrio;
vedado receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou parti-
cipao em processo;
vedado dedicar-se atividade poltico-partidria;
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vedado receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou
contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas
as excees previstas em lei;
vedado exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se
afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposenta-
doria ou exonerao;
Deve observar e fazer observar os prazos;
Deve residir na comarca;
Deve observar a pontualidade e cumprimento do expediente;
Deve observar o trato respeitoso em relao aos demais sujei-
tos do processo.
OBS: Os poderes do juiz tambm so classificados da seguinte forma: a) administrativos
ou de polcia: para assegurar a ordem e o decoro; b) jurisdicionais: que se desenvolvem
no prprio processo, subdividindo-se em: poderes-meios (ordinatrios, ou simples anda-
mento processual, e os instrutrios, que se referem formao do convencimento do juiz)
e poderes-fins (que compreendem os decisrios e os de execuo).
02. AS PARTES
Em um conceito mais simples, entende-se que as partes so os sujeitos parciais in-
teressados no desfecho da demanda. So aqueles que pedem ou contra quem pedida a
providncia jurisdicional (autor e ru). Para Daniel Amorim Assumpo Neves, valendo-se
da doutrina de Dinamarco, tal conceito reflete uma tese restritiva, defendida originalmente
por Chiovenda, caracterizando as partes na demanda. Segundo o autor, h uma tese
ampliativa, defendida por Liebman, que ensina o conceito de partes no processo, bas-
tando para que o sujeito seja parte que participe da relao jurdico processual, sendo ti -
tular de situaes jurdicas processuais ativas e passivas, independentemente de fazer
pedido ou contra ele algo ser pedido.
OBS: O opoente, nomeado autoria, denunciado lide e chamado ao processo so, por-
tanto, partes na demanda. J o assistente simples, que no faz pedido e contra ele nada
pedido, to somente parte no processo, o mesmo ocorrendo com o Ministrio Pblico
quando funciona no processo como fiscal da lei.
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OBS: Para Dinamarco, existem quatro formas de adquirir a qualidade de parte: (a) pelo in-
gresso da demanda (autor); (b) pela citao (ru); (c) de maneira voluntria (assistncia);
(d) sucesso processual.
A) CAPACIDADE DE SER PARTE, CAPACIDADE PROCESSUAL E LEGITIMIDADE
a) Capacidade de ser parte: a aptido para, em tese, fazer parte de um proces-
so. a personalidade judiciria. Relaciona-se com a capacidade de gozo ou de direito.
Assim, tm capacidade de ser parte todos os sujeitos de direito, ou seja, pessoas naturais
e jurdicas, bem como alguns entes despersonalizados.
OBS: So entes despersonalizados dotados de personalidade judiciria e capacida-
de processual: a massa falida, o esplio, a herana vacante ou jacente, a massa insol-
vente, as sociedades sem personalidade jurdica e o condomnio. Tambm tm capacida-
de processual em defesa de suas prerrogativas: Cmara de Vereadores, Mesa das Casas
Legislativas, TCU, Tribunal de Justia, etc.
b) Capacidade processual (legitimatio ad processum): a capacidade de estar
em juzo. Capacidade de litigar por si mesmo independentemente de representao. Rela-
ciona-se com a capacidade de fato ou de exerccio. Assim, os incapazes so dotados de
capacidade de ser parte, mas falta-lhes capacidade para estar em juzo (capacidade pro-
cessual), precisando ser representados ou assistidos. No se confunde com a legitimida-
de para a causa (condio da ao).
Diante da falta de capacidade processual, o juiz deve mandar regularizar a repre-
sentao. Caso no seja regularizada, o magistrado deve tomar uma das seguintes provi-
dncias (art. 13 do CPC): (a) se for do autor: extinguir o processo sem exame do mrito;
(b) se for do ru: decretar a revelia; (c) se for de terceiro: expulsar do processo.
OBS: Fredie Didier: Parte Complexa: uma parte composta por um conjunto de dois su-
jeitos, como ocorre com o incapaz e seu representante.
OBS: Sobre legitimidade das partes (condio da ao) vide ponto 01.
OBS: Capacidade processual das pessoas casadas: as pessoas casadas, embora ca-
pazes civilmente, sofrem algumas restries sem sua capacidade processual. Previso do
artigo 10, caput, do CPC, que exige consentimento do outro cnjuge para propositura de
aes reais imobilirias (o artigo 10 do CPC tem que ser interpretado conjuntamente com
o artigo 1647 do CC/02). O juiz pode suprir esse consentimento (art. 11, CPC). Nos casos
previstos no 1, do art. 10, ambos os cnjuges tm que ser citados, com formao de li-
tisconsrcio necessrio passivo.
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c) Representao: o representante est em juzo em nome alheio (e no em nome
prprio), defendendo direito alheio. O representante processual, ento, no parte; parte
o representado. por isto que quem arca com eventual m-f do representante o re-
presentado. Ex: o curador especial (nomeado pelo juiz para atuar como representante
processual do sujeito em situaes especficas art. 9, CPC), a genitora do menor na
ao em que pleiteia alimentos etc.
d) Capacidade postulatria: a capacidade de postular em juzo, ou seja, de pra-
ticar atos processuais em juzo. capacidade tcnica exigida que vai alm da capacidade
processual. atributo dos advogados, defensores pblicos e membros do Ministrio P-
blico. H casos excepcionais que admitem que a parte v a juzo sem advogado: ausn-
cia de advogado no local; JEsp Estadual, at 20 SM (s na primeira instncia); JEsp Fe-
deral, at 60 SM (s na primeira instncia); Reclamao trabalhista.
OBS: O ato praticado por advogado sem mandato nos autos ineficaz, passvel de ratifi -
cao; j o ato praticado por quem no tem habilitao de advogado reputa-se inexisten-
te.
OBS: Fredie Didier: O STF entende que o Governador de Estado tem capacidade postula-
tria em ADI e ADC; Lei Maria da Penha: a mulher que alega ser vtima de violncia do-
mstica pode demandar sem advogado para obteno de medidas de urgncia (depois
precisa de advogado); ao de alimentos pode ser manejada sem advogado apenas para
pedir alimentos provisrios (depois precisa de advogado).
OBS: Recomenda-se a leitura dos artigos 12 a 35 do CPC, referentes aos Deveres das
Partes e Procuradores.
OBS: Litigncia de m-f (art. 18 CPC): necessrio demonstrar o dolo; pode haver mais
de uma condenao no mesmo processo; possvel a condenao de ofcio.
03. MINISTRIO PBLICO
(Fonte: Elpdio Donizetti e Resumo TRF)
OBS: tpico abordar o parquet como sujeito da relao processual, aproveitando-se para
discorrer sobre o Ministrio Pblico no Processo Civil (ltimo assunto do Ponto 02).
A) CONCEITO
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rgo de origem francesa, o Ministrio Pblico pode ser conceituado, nos termos
do artigo 127 da CF/88, como a instituio permanente, essencial funo jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos
interesses sociais e individuais indisponveis.
B) NATUREZA JURDICA DA ATUAO
A CF/88 desvinculou o Ministrio Pblico dos Poderes do Estado, inserindo-o em
captulo parte, denominado Das Funes Essenciais Justia. Segundo Mazzilli, pela
natureza intrnseca de suas funes, indiscutivelmente o Ministrio Pblico exerce
atividade administrativa (promover a execuo das leis no atividade legislativa nem
jurisdicional critrio residual).
C) PRINCPIOS INSTITUCIONAIS
a) Unidade
b) Indivisibilidade
c) Independncia funcional
D) FORMAS DE ATUAO
a) Como parte (art. 81 do CPC): ocorre quando exerce o direito de ao nas
hipteses prevista em lei. Distingue-se a atuao do parquet como parte material e parte
processual: quando o MP age na qualidade de Estado (como rgo estatal), por exemplo,
exercendo a titularidade da ao penal ou propondo ao de anulao de casamento, sua
atuao se d como parte material. Quando pleiteia em nome prprio direito alheio
(substituio processual), diz-se que parte apenas no sentido processual.
OBS: Exemplo de hiptese em que o MP figura como ru: na ao rescisria de
sentena, em cujo processo atuou como autor.
b) Como fiscal da lei (custos legis - art. 82 do CPC): atuao precpua na defesa
da ordem jurdica.
OBS: Em se tratando de examinar a interveno ministerial no mbito cvel, no pode
escapar de exame crtico-reflexivo a atual insuficincia semntica e tcnico-jurdica do
artigo 82 do CPC, base infraconstitucional para justificar ou no a interveno do
Ministrio Pblico na matria. Foco sobre o mencionado dispositivo mostra que este
possui aparente divergncia e conflito com a prpria identidade constitucional atribuda ao
Parquet, exigindo interpretao conforme a Constituio e aprimoramento legislativo. []
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Parece que um dos problemas est no fato de o artigo 82 do CPC ter pormenorizado a
atuao do Parquet em mbito cvel sem levar em conta a possibilidade de
correspondncia e pormenorizao de cada uma das situaes a partir da matriz
constitucional (Fonte: Ministrio Pblico em Ao).
OBS: vedada sua atuao a ttulo de representao judicial e consultoria jurdica de
entidades pblicas.
OBS: Assistncia judiciria aos pobres: funo institucional que incumbe
Defensoria Pblica. O STF, porm, tem decises reconhecendo, em carter excepcional,
a legitimidade do MP para representar o interesse individual de pessoas carentes, nos
Estados em que a Defensoria ainda no foi organizada (ponderao de valores) o que
STF tem chamado de inconstitucionalidade progressiva.
E) CONSEQUNCIAS DA NO INTERVENO DO MP QUANDO OBRIGATRIA
Atuando como custos legis: a consequncia vai depender de ter ou no havido
prvia intimao, bem como o desfecho da demanda, no obstante os termos do artigo
246, CPC (h posies em sentido contrrio). O que no pode faltar a concesso de
oportunidade para se manifestar. Havendo intimao, pouco importa a efetiva
manifestao do MP, no h nulidade. A falta de intimao, em regra, acarreta a nulidade
do processo. Mesmo no sendo intimado, porm, se a deciso for favorvel aos
interesses que justificariam sua interveno no processo, no h nulidade.
F) PODERES, NUS E RESPONSABILIDADES
a) Intimao pessoal e vista dos autos fora da secretaria. O STF entende que basta
a intimao via protocolo administrativo;
b) Na qualidade de fiscal da lei, o MP ter vista aps as partes;
c) Como parte ou fiscal da lei, MP tem legitimidade para recorrer;
d) Prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer;
e) No est sujeito a adiantamento de despesas processuais (art. 19, 2) ou
condenao nestas (art. 27);
f) O MP ter ampla atuao probatria, podendo juntar documentos, requerer a
juntada de provas etc
g) O rgo do MP ser civilmente responsvel quando proceder com dolo ou
fraude no exerccio de suas funes (art. 85, CPC). A ao deve ser dirigida contra o
Poder Pblico, com direito de regresso em desfavor do membro do parquet.
24
G) IMPEDIMENTO E SUSPEIO
a) Como fiscal da lei: aplicam-se todos os motivos de impedimento e suspeio
previstos nos artigos 134 e 135 do CPC;
b) Como parte: art. 134 e art. 135, I a IV do CPC.
LITISCONSRCIO
o fenmeno caracterizado pela presena de mais de um autor, mais de um ru,
ou mais de ambos na mesma relao processual. Pluralidade de sujeitos nos polos de
uma relao processual. Afina-se com os postulados da economia processual e da
celeridade.
01. CLASSIFICAO DO LITISCONSRCIO
A) QUANTO POSIO DAS PARTES
a) Ativo: Mais de um autor na relao processual;
b) Passivo: Mais de um ru na relao processual;
c) Misto: Pluralidade de autores e rus.
B) QUANTO OBRIGATORIEDADE DA FORMAO
a) Litisconsrcio necessrio
Tem formao obrigatria. Deve ocorrer por duas razes: (1) Por
disposio de lei. Ex: art. 10, 2, do CPC (presena necessria do marido e mulher no
plo passivo das aes possessrias em caso de composse ou de atos praticados por
ambos); art. 942 do CPC (usucapio exige no plo passivo a presena do proprietrio
do imvel usucapiendo, bem como dos proprietrios dos imveis confinantes ao
demarcatria embutida na ao de usucapio); (2) Pela natureza da relao jurdica
discutida no processo: So relaes jurdicas nicas (indivisveis; incindveis). Por isso,
todos os sujeitos envolvidos devem fazer parte do processo, pois a deciso influenciar
na esfera de direitos de cada um deles (devido processo legal todos tem o direito de
compor a relao processual em que se discutem situaes jurdicas que lhe digam
respeito). Ex: Ao de anulao de casamento proposta pelo MP em face do marido
e da mulher: litisconsrcio necessrio, no por disposio de lei (no existe lei nesse
sentido), mas em virtude da natureza da relao jurdica discutida no processo, que
incindvel.
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OBS: Conseqncia da no formao de litisconsrcio necessrio: Depende do
momento em que se verificou a no formao do litisconsrcio necessrio: (1) Antes do
trnsito em julgado: o juiz deve intimar o autor para que ele promova a citao do
litisconsorte faltante (art. 47, pargrafo nico, CPC), sob pena de extino do processo
sem resoluo do mrito por falta de condio da ao (ilegitimidade das partes); (2)
Aps o trnsito em julgado: a sentena ser absolutamente ineficaz em relao a todos.
No produzir efeitos (ser ineficaz) em relao pessoa que no foi parte no processo,
bem como quanto s partes do processo. Nessa hiptese, a nica soluo a propositura
de uma nova ao, observando-se a correta formao dos plos subjetivos da demanda.
OBS: Smula 631 do STF: Extingue-se o processo de mandado de segurana se o
impetrante no promove, no prazo assinado, a citao do litisconsorte passivo necessrio.
OBS: Interveno iussu iudicis (interveno por ordem do juiz): a possibilidade do
juiz determinar a citao de terceiros (de ofcio) para integrarem a relao processual. Tal
hiptese no admitida no Direito Brasileiro (art. 47, pargrafo nico, do CPC) para que
no ocorra violao inrcia da jurisdio (h um nico precedente do STJ Inf. 385
admitindo a interveno iussu judicis - no jurisprudncia dominante).
OBS: H litisconsrcio necessrio no plo ativo? Prevalece o entendimento segundo
o qual o direito de ao voluntrio. No se pode obrigar ningum a litigar ( a corrente
majoritria - STJ, 4 Turma, REsp 1.138.103/PR, Rel. Min. Luiz Felipe Salomo, j.
06.09.2011). A questo foi sumulada no TST:
Smula n 406 TST. O litisconsrcio, na ao rescisria,
necessrio em relao ao plo passivo da demanda, porque
supe uma comunidade de direitos ou de obrigaes que no admite
soluo dspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do
objeto. J em relao ao plo ativo, o litisconsrcio facultativo,
uma vez que a aglutinao de autores se faz por convenincia, e
no pela necessidade decorrente da natureza do litgio, pois no se
pode condicionar o exerccio do direito individual de um dos
litigantes no processo originrio anuncia dos demais para
retomar a lide.
Assim, no possvel obrigar uma pessoa a ingressar em juzo. A soluo que se
impe que a demanda seja proposta em face do ru original e da pessoa que no
quis ingressar como litisconsorte ativo, formando-se um litisconsrcio passivo
Nayron Toledo
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entre estes. a forma encontrada para que todos os envolvidos na relao jurdica
participem do processo, evitando a prolatao de sentena ineficaz.
b) Litisconsrcio facultativo
Para a formao de um litisconsrcio facultativo necessrio, alm da vontade
das partes de comporem a mesma relao processual, a verificao de autorizao
legal para tanto.
O art. 46 do CPC assevera o seguinte:
Art. 46 - Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo,
em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunho de direitos (polo ativo) ou de
obrigaes (polo passivo) relativamente lide (as partes formulam
os mesmos pedidos );
II - os direitos ou as obrigaes derivarem do mesmo fundamento
de fato ou de direito (os pedidos formulados pelas partes so
diferentes, mas derivam dos mesmos fundamentos mesma causa
de pedir) (Ex: ao de indenizao decorrente de acidente de
veculo cada vtima pede a indenizao que lhe cabe);
III - entre as causas houver conexo pelo objeto (mesmo pedido)
ou pela causa de pedir (mesma causa de pedir); (observe que o
inciso III igual a soma dos incisos I e II);
IV - ocorrer afinidade de questes por um ponto comum de fato
ou de direito.
OBS: A doutrina denomina o litisconsrcio do art. 46, IV, CPC, de litisconsrcio
facultativo imprprio, pois nem sempre atingir os objetivos de celeridade e economia
processual.
OBS: Litisconsrcio Multitudinrio: Ocorre quando um nmero excessivo de autores
ou rus figuram no processo. Poder ser recusado pelo juiz na hiptese de
litisconsrcio facultativo, pois somente este admite uma limitao no nmero de
litisconsortes (no litisconsrcio necessrio o juiz no pode reduzir o nmero de litigantes
nos plos da demanda). O art. 46, pargrafo nico, CPC, dispe: O juiz poder limitar o
litisconsrcio facultativo quanto ao nmero de litigantes, quando este comprometer a
rpida soluo do litgio ou dificultar a defesa. O pedido de limitao interrompe o prazo
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para resposta, que recomea da intimao da deciso.
C) QUANTO UNIFORMIDADE DA DECISO PROFERIDA
a) litisconsrcio unitrio e litisconsrcio simples
Relaciona-se com o direito material discutido. D-se o litisconsrcio unitrio quando
a deciso no processo deve ser a mesma para todos os litisconsortes (no h como no
ser a mesma deciso o juiz no tem opo, pois a natureza do direito impe isso. Ex:
ao de anulao de casamento proposta pelo MP). O litisconsrcio simples, por sua vez,
ocorre quando a deciso no processo pode ser diferente para os litisconsortes.
O artigo 47 do CPC dispe o que se segue:
H litisconsrcio necessrio, quando, por disposio de lei ou pela
natureza da relao jurdica, o juiz tiver de decidir a lide de modo
uniforme para todas as partes; caso em que a eficcia da sentena
depender da citao de todos os litisconsortes no processo.
Observe que o referido artigo do CPC, ao definir litisconsrcio necessrio, acaba
por confundi-lo com a definio de litisconsrcio unitrio. importante frisar que todas
as vezes em que o litisconsrcio for necessrio em face da natureza da relao
jurdica ele tambm ser unitrio (o mesmo no ocorre nas hipteses de litisconsrcio
necessrio por disposio legal, quando o desfecho do processo poder ser distinto para
os litisconsortes, ou seja, poder ocorrer litisconsrcio necessrio e simples).
D) QUANTO AO MOMENTO DA FORMAO
a) Litisconsrcio originrio e litisconsrcio ulterior
O originrio forma-se na instaurao do processo. O litisconsrcio ulterior se forma
depois de instaurado do processo.
Litisconsrcio ulterior inconstitucional? Os defensores da possibilidade de
litisconsrcio posterior asseveram que no h qualquer vedao nesse sentido. O
entendimento majoritrio, porm, no sentido de que a formao de litisconsrcio
posterior pode violar o princpio do juiz natural, sendo inconstitucional nessa hiptese. No
entanto, em algumas hipteses ser admitida a formao do litisconsrcio posterior, sem
que se fale em violao ao juiz natural, como ocorre nos casos de sucesso processual,
por exemplo.
OBS: So 03 as possibilidades de litisconsrcio ulterior: (a) em razo de uma interveno
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de terceiro; (b) pela sucesso processual (ingresso de vrios herdeiros no lugar da parte
falecida); (c) pela conexo, se impuser a reunio de causas para processamento
simultneo.
OBS: Quanto ao momento de formao do litisconsrcio, observar que, aps a citao, a
incluso de novo litisconsorte depender da anuncia dos rus e, depois do saneamento,
no ser mais admitida a incluso de novo litisconsorte.
OBS: Litisconsrcio eventual: o CPC permite a formulao de mais de um pedido, em
ordem sucessiva, a fim de que o segundo seja acolhido na hiptese de no acolhimento
do primeiro (cumulao eventual ou subsidiria, art. 289). Quando as demandas
cumuladas so dirigidas a pessoas diferentes, d-se o litisconsrcio eventual.
02. DINMICA DO LITISCONSRCIO
O processo em litisconsrcio se desenvolve com as seguintes peculiaridades:
A) PRAZOS DIFERENCIADOS:
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores,
ser-lhes-o contados em dobro os prazos para contestar, para
recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
OBS: Especificidades: o que faz dobrar o prazo no a existncia de mais de uma defesa
e sim procuradores distintos. Assim, os litisconsortes at podem oferecer uma nica
defesa, mas tendo eles procuradores distintos o prazo ser dobrado.
OBS: os prazos so comuns, ou seja, abrem para todos simultaneamente (art.241, III,
CPC).
OBS: Havendo litisconsrcio e sendo mais de um deles condenados, o litisconsrcio
continua valendo, computando-se em dobro o prazo para recorrer. O litisconsrcio s se
extingue com o trnsito em julgado da sentena ou apenas quando um deles
condenado (STJ, AgRg no REsp. n525796/RS).
OBS: Smula 641 - STF: No se conta em dobro o prazo para recorrer, quando s um
dos litisconsortes haja sucumbido.
B) INDEPENDNCIA DOS LITISCONSORTES:
Art. 48. Salvo disposio em contrrio, os litisconsortes sero
considerados, em suas relaes com a parte adversa, como
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litigantes distintos; os atos e as omisses de um no prejudicaro
nem beneficiaro os outros.
OBS: Excees independncia dos litisconsortes: So hipteses em os atos de um
litisconsorte atingem o outro. Estudo das teorias das condutas determinantes e das
condutas alternativas.
Conduta determinante: o ato praticado pela parte que pleiteia algo que lhe seja
desfavorvel. conduta determinante para o juiz, pois este tem que conceder o que lhe
foi postulado. Ex: reconhecimento da procedncia do pedido pelo ru; renncia ou
desistncia do autor da ao. As condutas determinantes praticadas por um dos
litisconsortes jamais iro atingir os outros (no tem exceo).
Conduta alternativa: o ato praticado pela parte que pleiteia algo que lhe seja
favorvel. O juiz pode ou no conceder o pedido, por isso alternativa. Ex: contestar,
recorrer etc. A conduta alternativa praticada por um dos litisconsortes poder ou no
atingir os demais: (1) Seu ato atingir os demais litisconsortes se tiverem os mesmos
interesses (ex: art. 320, I, do CPC salvo se a contestao apresentada por algum dos
rus for contrria aos interesses dos que no contestaram anlise do art. 320, I, em
cotejo com o art. 509 do CPC); (2) Seu ato no atingir os demais litisconsortes se
tiverem interesses distintos ou opostos. Ex: art. 509, do CPC.
INTERVENO DE TERCEIROS
01. INTRODUO
Inicialmente, temos que definir o que seja terceiro. A doutrina, majoritariamente,
define terceiro por excluso, considerando ser aquele que est autorizado a intervir no
processo que no autor nem ru (no parte da demanda).
Segundo Didier, a interveno de terceiro o ingresso de terceiro em processo
alheio, tornando-se parte (Didier entende que s h interveno de terceiro quando este
intervm e depois vira parte).
O terceiro deve ser juridicamente interessado no processo pendente.
A interveno de terceiros um incidente no processo, pois procedimento novo
que se incorpora em processo que j existe.
O art. 472 do CPC assevera que a sentena s produzir efeitos entre as partes do
processo, no beneficiando ou prejudicando terceiros (efeitos endoprocessuais inter
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partes). Excepcionalmente, porm, a sentena exarada em um processo pode atingir a
esfera jurdica de terceiros (efeitos pamprocessuais termo do Min. Luiz Fux efeitos
dentro e fora do processo), autorizando que estes intervenham no processo.
So fundamentos da interveno de terceiros: a interferncia na esfera jurdica de
terceiros e a economia processual.
02. CLASSIFICAO DA INTERVENO DE TERCEIROS
A) INTERVENES VOLUNTRIAS (Graciosa; Espontnea)
a) Assistncia (art. 50 ao art. 55, CPC);
b) Oposio (art. 56 ao art. 61, CPC); e
B) INTERVENES FORADAS (Coactas; Provocadas)
a) Nomeao Autoria (art. 62 ao art. 69, CPC);
b) Denunciao da Lide (art. 70 ao art. 76, CPC); e
c) Chamamento ao Processo (art. 77 ao art. 80, CPC).
OBS: O CPC tratou a assistncia e o recurso de terceiros (art. 499, CPC) fora do captulo
destinado ao estudo das intervenes de terceiros. Porm, forte o entendimento que
tais institutos so espcies de interveno de terceiros. Entre outros fundamentos,
asseveram que o prprio CPC os tratou assim no art. 280.
OBS: Nenhuma modalidade de interveno aceita nos juizados especiais.
OBS: No procedimento sumrio no so admissveis: ao declaratria incidental e
interveno de terceiros, exceto assistncia, recurso do terceiro prejudicado e interveno
fundada em contrato de seguro (denunciao da lide ou chamamento ao processo).
OBS: O pedido da Unio para intervir no feito, mesmo sendo o processo de competncia
da Justia Estadual, deve ser apreciado pela Justia Federal.
OBS: Efeitos da interveno de terceiros: (a) ampliao ou modificao subjetiva do
processo; (b) ampliao objetiva do processo (quando agrega pedido novo).
OBS: Toda interveno de terceiro submete-se ao controle do juiz (a primeira parte do art.
51, caput, CPC, no deve ser interpretada literalmente).
03. ASSISTNCIA (art. 50 ao art. 55, CPC);
Ocorre quando terceiro intervm no processo para prestar colaborao a uma das
partes (interveno ad coadjuvandum), sem agregar pedido novo (apenas adere ao
pedido j formulado).
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A) PRAZO PARA INGRESSAR COMO ASSISTENTE
O prazo, embora no expressamente, est previsto no art. 50 do CPC:
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o
terceiro, que tiver interesse jurdico em que a sentena seja
favorvel a uma delas, poder intervir no processo para assisti-la.
Pargrafo nico. A assistncia tem lugar em qualquer dos tipos de
procedimento e em todos os graus da jurisdio; mas o assistente
recebe o processo no estado em que se encontra.
Pela anlise do art. 50 podemos concluir que o terceiro pode ingressar como
assistente at o trnsito em julgado da sentena. Dois argumentos:(1) Pendendo uma
causa, ou seja, enquanto a causa no transitar em julgado; (2) em todos os graus de
jurisdio, ou seja, mesmo em grau recursal.
B) HIPTESE DE CABIMENTO
Essa informao tambm extrada do art. 50 do CPC: ... o terceiro, que tiver
interesse jurdico em que a sentena seja favorvel a uma delas .... Portanto, a
assistncia ser admitida quando o terceiro tiver interesse jurdico na prolatao de
sentena favorvel a uma das partes.
C) CONCEITO DE INTERESSE JURDICO
O CPC brasileiro no prev a definio de interesse jurdico. A doutrina, por sua
vez, conceitua interesse jurdico como sendo a existncia de relao jurdica entre o
assistente e o assistido; ou a existncia de relao jurdica entre o assistente e o assistido
e tambm entre assistente e adversrio do assistido. Essa distino importante para
determinar o tipo de assistncia que ir ocorrer na relao.
OBS: Fredie Didier: Ensina que o interesse jurdico que autoriza a assistncia tem duas
dimenses: (a) interesse jurdico forte, direto e imediato (vnculo direto com a causa
assistncia litisconsorcial); (b) interesse jurdico fraco, indireto e mediato.
D) ESPCIES DE ASSISTNCIA
a) Simples: Quando a relao jurdica existir apenas entre assistente e assistido; o
interesse jurdico do terceiro indireto (reflexo); ou
b) Qualificada (ou Litisconsorcial): Quando a relao jurdica existir entre
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assistente e assistido e tambm entre assistente e adversrio do assistido. H interesse
jurdico direto por parte do terceiro.
O assistente (simples ou qualificado) pode praticar todos os atos que importem em
proteger o direito material do assistido, mas jamais poder praticar atos de disposio do
direito material deste. A distino entre assistncia simples e qualificada est nos tipos de
atos que podem ser praticados em cada modalidade.
Os atos do assistente simples so dependentes dos atos do assistido. Ex: se o
assistido contestar, o assistente tambm pode contestar. Se o assistido recorre, o
assistente pode recorrer. O assistente simples defende direito alheio, que do assistido.
Os atos do assistente qualificado so independentes dos atos do assistido. Ex:
O assistente pode recorrer mesmo que o assistido no o faa. Na assistncia qualificada
o assistente defende direito prprio (lembre que nessa hiptese de assistncia h uma
relao direta entre o assistente e o adversrio do assistido). Por isso os atos so
independentes.
OBS: IMPORTANTE: H uma polmica sobre a natureza do terceiro na assistncia
litisconsorcial. Duas posies: Para Alexandre Cmara (no mesmo sentido: Dinamarco,
Bedaque e Arruda Alvim), o assistente qualificado no litisconsorte (no parte), mas
tratado como se fosse (art. 54 do CPC). A diferena que o litisconsorte de fato pode
praticar todos os atos do processo, inclusive aqueles que podem dispor do direito material
(pode porque parte; litisconsorte parte do processo), e o assistente litisconsorcial pode
praticar todos os atos para proteger o direito do assistido, mas no pode praticar atos de
disposio desse direito. J para Fredie Didier (no mesmo sentido: Marinoni, Daniel
Assumpo e STJ: REsp 616.485/DF, de 11.04.2006), o assistente litisconsorcial parte,
pois passa a integrar a ao em um litisconsrcio unitrio facultativo ulterior (litisconsorte
parte).
OBS: Fredie Didier: O assistente simples no fica vinculado coisa julgada da deciso,
mas sim a uma outra modalidade de eficcia preclusiva: eficcia da interveno
(submisso justia da deciso). Significa que o assistente no poder mais discutir os
fundamentos da deciso. No entanto, possvel que o assistido afaste a eficcia da
interveno nas hipteses previstas no art. 55, I e II, CPC ( a chamada defesa de m
gesto processual ou exceptio male gesti processus).
E) PROCEDIMENTO DA ASSISTNCIA (art. 51, CPC)
a) O terceiro peticiona requerendo seu ingresso como assistente;
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b) No havendo impugnao de qualquer das partes (prazo de 05 dias), admite-se
a sua interveno;
c) Se qualquer das partes impugnar o requerimento de assistncia, alegando no
haver interesse jurdico do assistente, o juiz: (1) Mandar desentranhar o pedido de
assistncia e a impugnao e mandar autuar em apenso, sem suspender o processo;
(2) Determinar a produo de provas; e (3) Decidir dentro de 5 dias.
04. OPOSIO (Arts. 56 a 61, CPC)
a interveno em demanda alheia com o objetivo de haver para si o bem jurdico
disputado. O terceiro se ope s pretenses de ambas as partes originrias do processo.
A) PRAZO PARA INTERVENO
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito
sobre que controvertem autor e ru, poder, at ser proferida a
sentena, oferecer oposio contra ambos.
B) HIPTESE DE CABIMENTO:
Na oposio, o terceiro ingressa no processo pleiteando para si a coisa objeto da
demanda entre autor e ru ( Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito
sobre que controvertem autor e ru...).
OBS: A oposio foge ao fundamento das intervenes de terceiro? SIM. Porque a
sentena proferida no interfere na esfera jurdica de terceiros. Nada impede, por
exemplo, que o terceiro discuta o mesmo direito em uma ao autnoma em face de autor
ou ru da primeira demanda (pois o terceiro no participou da primeira demanda). O
professor Alexandre Cmara aduz que foi um erro do legislador elenc-la entre as
intervenes de terceiro.
C) NATUREZA JURDICA DA OPOSIO.
Trata-se de Ao Incidental (como visto, no uma interveno de terceiros de
fato). uma nova ao que ser distribuda por dependncia. Assim, o processo, com a
oposio, passa a contar com duas demandas. So duas aes dentro de um mesmo
processo: ao principal e ao incidental (nesta h a formao de um litisconsrcio
passivo necessrio entre autor e ru da demanda principal).
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D) PROCEDIMENTO DA OPOSIO
Art. 57. O opoente deduzir o seu pedido, observando os requisitos
exigidos para a propositura da ao (arts. 282 e 283). Distribuda a
oposio por dependncia, sero os opostos citados, na pessoa dos
seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo
comum de 15 (quinze) dias (se o prazo comum, significa que no
se aplica o disposto no art. 191).
a) Oposio oferecida antes de iniciada a AIJ:
Art. 59. A oposio, oferecida antes da audincia, ser apensada
aos autos principais e correr simultaneamente com a ao,
sendo ambas julgadas pela mesma sentena.
b) Oposio oferecida depois de iniciada AIJ
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audincia, seguir a oposio
o procedimento ordinrio, sendo julgada sem prejuzo da causa
principal. Poder o juiz, todavia, sobrestar no andamento do
processo (suspender o curso da ao principal), por prazo nunca
superior a 90 (noventa) dias, a fim de julg-la conjuntamente com a
oposio.
OBS: Parte da doutrina classifica a oposio da seguinte forma: Oposio interventiva
(oferecida antes da audincia de instruo e julgamento) e Oposio autnoma (oferecida
depois da AIJ).
OBS: Lembre do disposto no artigo 61 do CPC: Cabendo ao juiz decidir simultaneamente
a ao principal e a oposio, desta conhecer em primeiro lugar.
05. NOMEAO AUTORIA (Arts. 62 a 69, CPC)
Espcie de interveno de terceiro provocada pelo ru que tem por objetivo corrigir
um vcio de ilegitimidade passiva. Configuradas as hipteses legais (so duas), dever
do ru nomear autoria.
A) PRAZO PARA OFERECIMENTO
Como feita pelo ru, deve ser oferecida no prazo da resposta (art. 64, CPC).
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B) HIPTESES DE CABIMENTO
Em regra, quando o autor ingressa com uma ao contra parte ilegtima, que no
deveria figurar como r, esta deve alegar a carncia da ao em sua defesa (quando no
for reconhecida de ofcio pelo juiz), devendo o processo ser julgado extinto sem resoluo
do mrito (carncia da ao por ilegitimidade da parte).
Em duas hipteses, porm, o ru no pode tomar essa atitude. So situaes em
que o autor induzido em erro, impetrando ao em desfavor de parte aparentemente
legtima. Portanto, nessas circunstncias cabe ao ru (obrigatoriamente, sob pena de
responsabilizao por perdas e danos art. 69, CPC) promover a correo do polo
passivo da demanda por meio da nomeao autoria. As hipteses so as seguintes:
a) Art. 62 do CPC: Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe
demandada em nome prprio, dever nomear autoria o proprietrio ou o possuidor. O
artigo cuida das aes reipersecutrias. O detentor da coisa, que foi demandado
indevidamente, deve nomear autoria o verdadeiro dono da coisa. Exemplo clssico:
caseiro do imvel (fmulo da posse) que demandado no lugar do verdadeiro dono do
imvel.
b) Art. 63 do CPC: Aplica-se tambm o disposto no artigo antecedente ao de
indenizao, intentada pelo proprietrio ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda
vez que o responsvel pelos prejuzos alegar que praticou o ato por ordem, ou em
cumprimento de instrues de terceiro.
C) PROCEDIMENTO.
a) Oferecida a nomeao autoria, o juiz, suspendendo o processo, intima o
autor da ao para que se manifeste sobre ela (cinco dias);
b) Se o autor no concordar com a nomeao, o processo segue em face do
nomeante (ru original). O autor concordando cita-se o nomeado;
c) Citado, o nomeado pode negar a qualidade que lhe atribuda. Nesse caso o
processo segue com o ru original.
d) Caso o nomeado concorde com a nomeao, altera-se o polo passivo, saindo o
nomeante e entrando o nomeado no seu lugar (art. 66, 1 parte, CPC). Esse fenmeno
chama-se extromisso processual, onde a parte ilegtima substituda por uma parte
legtima (instituto diferente de substituio ou sucesso processual).
OBS: Se no ocorrer a extromisso processual, devolve-se o prazo para o ru original
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oferecer sua resposta (art. 67). Assim, o ru no precisa oferecer a nomeao autoria
junto com a contestao (mitiga-se a eventualidade). Deve, de incio, apenas nomear
autoria. Caso no ocorra a extromisso processual, ser-lhe- devolvido o prazo para
contestar.
06. DENUNCIAO DA LIDE Arts. 70 a 76, CPC.
Ao incidente, que pode ser proposta tanto pelo autor como pelo ru, com o
objetivo de garantir a indenizao do denunciante caso perca a demanda.
Trata-se de uma ao de regresso incidental e eventual.
A denunciao da lide uma ao de regresso dentro da ao principal (por isso
dita incidental). eventual porque o denunciante denuncia a lide para a hiptese de vir a
perder a causa. Para Didier, a denunciao da lide , ainda, uma demanda antecipada,
porque a parte demanda contra o terceiro antes de sofrer o dano. Em resumo: uma
demanda regressiva, eventual e, para Didier, antecipada.
OBS: Se, feita a denunciao, o denunciado contesta a lide regressiva, no haver a
formao de litisconsrcio, de modo que haver uma sentena no processo principal e
outra na lide regressiva. Por outro lado, caso feita a denunciao na lida, se o denunciado
no contestar, ele no ter resistido, formando-se o litisconsrcio. Neste caso, se
constiturem procuradores distintos, seus prazos sero em dobro (os prazos sero em
dobro depois da contestao, porque para contestar ainda sero contados os 15 dias)
(Fonte: Resumo TRF).
A) HIPTESES DE CABIMENTO Art. 70, CPC
Art. 70. A denunciao da lide obrigatria:
I - ao alienante, na ao em que terceiro reivindica a coisa, cujo
domnio foi transferido parte, a fim de que esta possa exercer o
direito que da evico Ihe resulta (para entender melhor a
disposio do artigo necessrio saber que o terceiro e a
parte referidos no texto so terceiro e parte de um contrato, e
no no sentido processual. Pensar em um contrato de compra e
venda. Podemos definir da seguinte forma: cabe denunciao
da lide feita pelo adquirente em face do alienante quando o
adquirente sofrer evico);
II - ao proprietrio ou ao possuidor indireto quando, por fora de
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obrigao ou direito, em casos como o do usufruturio, do credor
pignoratcio, do locatrio, o ru, citado em nome prprio, exera a
posse direta da coisa demandada (ex: o locatrio demandado
por prejuzo que o imvel est causando a um vizinho. O
locatrio, que o possuidor direto, poder denunciar da lide o
locador, possuidor indireto);
III - quele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ao regressiva, o prejuzo do que perder a demanda
(ex: contrato de seguro).
OBS: cabvel denunciao da lide feita pelo Estado ao seu servidor? Aparentemente,
sim. Se puder, ser hiptese do art. 70, III, CPC. Porm, no cabe. Esse o
entendimento que predomina. Isso se explica porque a responsabilidade entre o Estado e
a vtima objetiva. Entre o Estado e o servidor a responsabilidade subjetiva. Assim, a
denunciao da lide do servidor tornaria um processo em que somente seria discutida
uma responsabilidade objetiva, portanto mais clere, em um processo onde se discutir
responsabilidade subjetiva. O direito da vtima, constitucionalmente assegurado, seria
tolhido (INF. 425, STJ).
B) OBRIGATORIEDADE DA DENUNCIAO
Qual a consequncia da no denunciao nas hipteses de cabimento?
a) 1 corrente: Como norma processual no pode fazer perecer direito material, a
consequncia seria apenas a precluso, ou seja, a impossibilidade de denunciar depois
do prazo. Contudo, tal consequncia seria apenas para os incisos II e III. Para o inciso I a
consequncia seria a perda do direito material de regresso, por conta do art. 456, do CC.
b) 2 corrente: At mesmo para a hiptese do art. 70, I, do CPC a consequncia
seria somente a precluso. Assevera que o art. 456 do CC norma heterotpica, ou seja,
embora esteja prevista no Cdigo Civil , na verdade, norma de direito processual. E
como antes afirmado, norma processual no pode fazer perecer direito material ( a
corrente que prevalece).
OBS: Obrigatoriedade da denunciao: O STJ tem julgados no sentido de que a
ausncia de denunciao no implica perda dos direitos da evico, para no se
prestigiar o enriquecimento ilcito (Fonte: Resumo TRF).
OBS: STJ, REsp. 880.698/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi. 10/4/2007: Direito civil e
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processual civil. Recurso especial. Compra e venda de imvel rural. Evico. Ao de
indenizao por perdas e danos. Denunciao da lide. Ausncia de obrigatoriedade...
Para que possa exercitar o direito de ser indenizado, em ao prpria, pelos efeitos
decorrentes da evico, no h obrigatoriedade de o evicto promover a denunciao
da lide em relao ao antigo alienante do imvel na ao em que terceiro reivindica a
coisa. Precedentes [].
OBS: STJ: Em ao de reparao de danos movida em face do segurado, a seguradora
denunciada e a ele litisconsorciada pode ser condenada, direta e solidariamente, junto
com este, a pagar a indenizao devida vtima nos limites contratados na aplice (STJ
Inf. 490 2 Seo Recurso Repetitivo).
OBS: STJ: A Turma, ao rever orientao dominante desta Corte, assentou que incabvel
a denunciao da lide nas aes indenizatrias decorrentes da relao de consumo seja
no caso de responsabilidade pelo fato do produto, seja no caso de responsabilidade pelo
fato do servio (...) a nica hiptese na qual se admite a interveno de terceiro nas aes
que versem sobre relao de consumo o caso de chamamento ao processo do
segurador, nos contratos de seguro celebrado pelos fornecedores para garantir a sua
responsabilidade pelo fato do produto ou do servio (art. 101, II, do CDC) (STJ Inf. 498
3 Turma).
D) DENUNCIAES DA LIDE SUCESSIVAS
possvel:
Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua
vez, intimar do litgio o alienante, o proprietrio, o possuidor indireto
ou o responsvel pela indenizao e, assim, sucessivamente,
observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo
antecedente.
E) DENUNCIAO DA LIDE PER SALTUM.
Prevista no art. 456, do CC:
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evico lhe resulta, o
adquirente notificar do litgio o alienante imediato, ou qualquer dos
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
OBS: A doutrina no aceita a idia de denunciao da lide per saltum. Considera-se
que no h legitimidade passiva. A soluo est no final do dispositivo, que ensina que a
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denunciao dever ocorrer quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Assim, deve-se observar o disposto no art. 73 do CPC.
07. CHAMAMENTO AO PROCESSO - Arts. 77 a 80, CPC.
Hiptese de interveno forada pelo ru, oferecida no prazo da resposta, que
ocorre em uma nica hiptese: Sempre que existir solidariedade entre chamante (ru) e
chamado (terceiro).
O art. 77 traz trs incisos, no com trs hipteses de cabimento, mas com trs
exemplos da mesma hiptese de cabimento.
Art. 77. admissvel o chamamento ao processo:
I - do devedor, na ao em que o fiador for ru;
II - dos outros fiadores, quando para a ao for citado apenas um
deles;
III - de todos os devedores solidrios, quando o credor exigir de um
ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dvida comum.
OBS: A doutrina critica essa modalidade de interveno de terceiros, argumentando que o
legislador acaba dando com uma mo e tirando com outra. Explico: que quando h
devedores solidrios o legislador conferiu ao credor a possibilidade (o direito) de escolher
contra quem quer demandar (ao autor cabe a melhor estratgia para a ao