UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE UNB PLANALTINA
CURSO DE BACHARELADO EM GESTÃO AMBIENTAL
CRISTIANE LIRA SANTANA
PROJETO FUTURO VERDE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PLANALTINA
(DISTRITO FEDERAL)
BRASÍLIA – DF
JULHO 2017
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CRISTIANE LIRA SANTANA
PROJETO FUTURO VERDE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PLANALTINA
(DISTRITO FEDERAL)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Bacharelado em Gestão Ambiental da Faculdade UnB Planaltina, como requisito parcial à obtenção do título de bacharela em Gestão Ambiental.
Orientador: Prof. Carlos José Sousa Passos
BRASÍLIA - DF
JULHO 2017
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FICHA CATALOGRÁFICA
Santana, Cristiane Lira
Projeto Futuro Verde: Educação Ambiental e Promoção da Saúde em Planaltina (DF) / Cristiane Lira Santana. Brasília DF, 2017. 90f.
Monografia - Universidade de Brasília, Faculdade UnB de Planaltina Curso de Bacharelado em Gestão Ambiental.
Orientador: Prof. Carlos José Sousa Passos
1. [Aedes aegypti] 2. [Educação Ambiental] 3. [Saúde Pública] 4. [Dengue] 5. [Gestão Ambiental]. I. Santana, Cristiane Lira. II. Projeto Futuro Verde: Educação Ambiental e Promoção da Saúde em Planaltina (DF).
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CRISTIANE LIRA SANTANA
PROJETO FUTURO VERDE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PLANALTINA
(DISTRITO FEDERAL)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Bacharelado em Gestão
Ambiental da Faculdade UnB de Planaltina, Universidade de Brasília, como requisito
parcial à obtenção do título de bacharela em Gestão Ambiental.
Banca Examinadora:
Planaltina (DF), 04 de julho de 2017.
__________________________________________________
Prof. Carlos José Sousa Passos – FUP/UnB
(Orientador e Presidente)
__________________________________________________
Drª Arminda Moreira de Carvalho - Embrapa Cerrados
(Examinadora Externa)
_________________________________________________
Profa. Dulce Maria Sucena da Rocha – FUP/UnB
(Examinadora Interna)
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DEDICATÓRIA
Dedico a minha família, especialmente ao meu pai Sebastião de Jesus Santana (in memoriam)
e a minha mãe Maria Lira pelo amor incondicional por mim, demonstrado em cada
cuidado, ajuda, atenção e companheirismo constante. Amo vocês!
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais
voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Agradecer é sempre bom… confesso que o caminho ao longo desses anos não foi nada
fácil, imagino que nunca seja, mas foi um caminho de muitas aprendizagens. Chegou a hora de
agradecer quem sempre esteve ao meu lado, me dando a mão e apoiando nos momentos mais
difíceis e prazerosos dessa jornada.
A Deus que me deu o dom da vida e seu infinito amor. Ele está presente em cada dia,
protegendo-me e me tornando capaz de alcançar meus objetivos. O que seria de mim sem a fé
que tenho nele. Obrigada meu Deus!
Aos meus irmãos, Alexsandro, Sandra e Solange, pelo amor, cujo apoio foram muito
importantes para que eu mantivesse a serenidade necessária para a execução deste trabalho pelos
conselhos e por não me deixarem desanimar durante todo esse período da minha vida.
Agradeço aos meus sobrinhos, Vinicius, Eduarda, Rafael, Tiago, Vitor, Bruno, Estefane e
Pietro pelo amor mais puro e verdadeiro que já senti, e por serem o meu conforto e o meu ânimo
cada vez que o cansaço batia.
Ao meu cunhado Jovags Lopes que tanto me ajudou nessa caminhada, como amigo e
exemplo de caráter, profissionalismo, dignidade e bondade.
À minha avó Adalgiza Lira pelo exemplo, incentivo e pelas orações em meu favor,
obrigada pelo carinho. Amo muito você Vó! Aos meus avôs falecidos: Que fizeram parte da
minha infância cheia de sonhos e muito feliz.
À minha tia madrinha Laurita Lira que tanto me ajudou na minha vida acadêmica.
Ao meu orientador Prof. Carlos José Sousa Passos pelos momentos enriquecedores de
discussões, pelo apoio, disponibilidade, ensinamentos, contribuindo com valiosas sugestões e
estímulo que foram fundamentais para que este projeto fosse concluído.
Agradeço à minha orientadora de estágio Doutora e Pesquisadora Arminda Moreira de
Carvalho pela atenção, amizade, carinho, apoio, oportunidades, e exemplo, os quais me
proporcionaram crescimento acadêmico e pessoal e também pela disponibilidade em participar
da minha banca de defesa.
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos que a UnB proporcionou, por todo apoio e carinho, Juliana Marques, Thais
Rodrigues, Breno Barboza, Luciano Timóteo, Wellington Brito, Thaisa Silva, Douglas Lino,
Camila Nóbrega, Evandro Rocha e Renato Sousa.
À Universidade de Brasília e à Faculdade UnB de Planaltina pelo suporte ao longo do
curso e pelos conhecimentos adquiridos. Agradeço também a todos os professores do Curso de
Gestão Ambiental pelas aulas ministradas todos esses anos e por toda dedicação, especialmente
a professora Carolina Araújo pela atenção, paciência e ensinamentos.
Agradeço a todos os colegas de turma, que contribuíram para o crescimento de todos, a
partir de suas experiências e troca de informações. Em especial aos amigos da turma de TCC:
Gilson Silva, Johnny e Mayane, por toda troca de aprendizado nessa fase tão única de nossas
vidas.
A equipe docente da Escola Classe Frigorífico Industrial, em Especial o Jefferson Soares
(diretor), Rose Pereira e Rosselle (coordenadoras do Projeto Futuro Verde) e ao Denilson Dutra
(vice-diretor), pelo apoio e colaboração na aplicação dos questionários. Meus agradecimentos,
ao corpo discente da Escola Classe Frigorífico Industrial, que também teve uma participação
importante na realização deste propósito. Aos moradores do bairro Arapoanga (Planaltina- DF)
que colaboraram com esta pesquisa, respondendo às perguntas, sem as quais este projeto não
teria sido realizado.
À Milena Bastos coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HRPL, pela
disponibilização dos dados secundários de notificação da dengue, em Planaltina- DF.
Às amigas e colega de trabalho, Penha, Bete e Silvana pela amizade e cuja agradável
convivência muito colaborou para que concluísse este trabalho.
À Profa. Dulce Maria Sucena da Rocha, que brilhantemente fez parte da minha banca de
defesa.
Enfim, agradeço aos demais familiares e amigos pela compreensão e incentivo e a todos
aqueles que de alguma forma participaram de toda a minha formação acadêmica e ajudaram
diretamente e indiretamente para o andamento e conclusão deste trabalho, tornando-o possível
minha gratidão eterna. Que Deus os abençoe sempre!
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RESUMO:
Ao longo dos últimos anos, a ocorrência de surtos epidêmicos de dengue tem constituído um dos
principais problemas de saúde pública não só no Brasil, mas também em muitos outros países
subdesenvolvidos no mundo. Trata-se, portanto, de uma das mais importantes doenças
transmitidas por arbovírus aos humanos e constituindo um grave problema de saúde pública.
Dentre os mosquitos vetores, o Aedes aegypti é o que tem a capacidade de transmitir a maior
variedade dos vírus de doenças, e as condições sanitárias e socioambientais favoráveis à expansão
desse vetor têm disseminado a doença nas cidades brasileira. Atualmente, as práticas de controle
químico do Aedes aegypti consistem em ameaças ao meio ambiente, e olhando por esse prisma e
tendo em vista a magnitude e relevância deste problema, essa pesquisa objetivou realizar uma
primeiríssima abordagem piloto e avaliar uma possível eficácia do cultivo de espécies de
Crotalaria juncea como estratégia de educação ambiental e promoção da saúde para o controle do
Aedes aegypti no bairro Arapoanga da Região Administrativa (RA) de Planaltina-DF. Trata-se de
trabalho teórico-empírico com base em um estudo comparativo entre o número de infecções pelo
vírus da dengue antes e após ações de educação em saúde conduzidas no âmbito do Projeto Futuro
Verde nos anos 2016 e 2017 no bairro Arapoanga. Este projeto de cunho pedagógico ambiental
foi realizado por uma equipe de docentes da Escola Classe Frigorifico Industrial do bairro
Arapoanga, e foi motivado pela constatação de que parte do absenteísmo discente decorria do
acometimento pela dengue de muitas crianças e/ou seus familiares. Os dados primários deste
estudo, obtidos por meio dos questionários auto respondidos pelos pais das crianças, foram
codificados e tabulados em planilhas do Programa Estatístico Statview, e outros dados secundários
foram obtidos junto aos Serviços Públicos de Vigilância Epidemiológica e Sanitária de Planaltina-
DF. Apesar do caráter exploratório e piloto do estudo, conseguiu-se observar um certo potencial
do uso da Crotalária como uma boa e possível estratégia educativa e de promoção da saúde, para
o controle do mosquito vetor da dengue, no bairro do Arapoanga na RA Planaltina-DF. Tal fato
serve de base para indicar que isto é possível através da mudança de hábitos da população, ainda
que seja pelo simples fato de ter uma planta no seu quintal ou até mesmo dentro de sua casa. Um
estudo mais arrojadamente desenhado é necessário para se confirmar as evidências aqui
observadas.
Palavras-chave: Aedes aegypti, Educação Ambiental, Saúde Pública, Dengue, Gestão Ambiental
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ABSTRACT:
Over the last years, the occurrence of dengue epidemics has constituted one of the main public
health problems not only in Brazil but also in many other countries around the globe. This is
one of the most important tropical infectious diseases transmitted by arbovirus to humans, and
it constitutes a serious public health challenge. Among the vector mosquitoes, the Aedes aegypti
is the one able to transmit the largest varieties of virus causing fevers, and the sanitary and
socioenvironmental conditions favourable to the expansion of this vector have contributed to
the dissemination of dengue in various Brazilian cities. Currently, the control practices of the
Aedes aegypti represent threats to the environment, and in this perspective and considering the
relevance of this problem, the present study sought to carry out a very first pilot approach to
assess a possible efficacy of the cultivation of specimens of Crotalaria juncea as an
environmental education and health promotion strategy to the control of Aedes aegypti in a
neighbourhood called Arapoanga, at the Administrative Region of Planaltina (DF, Brazil). The
study is based on a comparative analysis of dengue prevalence before and after actions of health
promotion and environmental education conducted in the context of the ‘Futuro Verde’ Project,
during 2016 and 2017. This Project of pedagogical and environmental nature was carried out by
a group of teachers of the Frigorifico Industrial Elementary School of the Arapoanga
neighbourhood, and was motivated by the observation that part of the children’s absenteeism
resulted from dengue cases in their households. The primary and original data of the study,
obtained through questionnaires self-responded by the children’s parents, were codified and
entered io a database built on the Statview Statistical Package (SAS Institute), and other
secondary data were gathered from the Epidemiologic and Sanitary Public Services in
Planaltina-DF. Despite the exploratory and pilot nature of this investigation, we could observe
a certain potential of the use of Crotalaria as a good and possible strategy to educatevely control
the mosquito vector to dengue, in this Arapoanga neighbourhood in Planaltina-DF. Such an
evidence indicates that this is probably possible due to a change in some habits in the population,
even if it is by simply cultivating and taking care of a plant in their backyards or even inside
their houses. A further and better designed study is needed to confirm, preferable at a larger
scale, this preliminary although important finding.
Key-words: Aedes aegypti, Environmental Education, Health Promotion, Dengue, Environmental Management
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: População urbana de Planaltina-DF- 2015 .................................................................... 39
Figura 2: Série histórica de notificação da dengue em Planaltina- DF ......................................... 41
Figura 3: Caracterização da área de estudo ................................................................................... 44
Figura 4: Crotalaria juncea plantada no quintal - Arapoanga ...................................................... 53
Figura 5: Crotalária em meios as diversas plantações .................................................................. 53
Figura 6: Diferença mediana dos # casos de Dengue entre 2016 e 2017........................................55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Série histórica # notificação de dengue no bairro Arapoanga (2007- 2017*) ............42
Tabela 2: Redução dos # casos de Dengue estatisticamente significativa..................................54
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LISTA DE ABREVIAÇÕES
ACS- Agente Comunitário de Saúde
ACE- Agente de Combate às Endemias
CODEPLAN- Companhia de Planejamento do Distrito Federal
CF- Constituição Federal
DF- Distrito Federal
DC-Dengue Clássica
ECFI- Escola Classe Frigorífico Industrial
FHD- Febre Hemorrágica de Dengue
FIOCRUZ- Fundação Oswaldo Cruz
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS- Ministério da Saúde
OMS- Organização Mundial da Saúde
PDAD- Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
PVF- Projeto Futuro Verde
RA- Região Administrativa
SM- Salários Mínimos
SINAN- Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SS- Secretaria de Saúde
SUS- Sistema Único de Saúde
UNB- Universidade de Brasília
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................13
2 OBJETIVOS .........................................................................................................................17
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................17
3.1 Saúde e meio ambiente .....................................................................................................17
3.2 Vetores da Dengue: Aedes aegypti e Aedes albopictus ....................................................19
3.3 Dengue ...............................................................................................................................21
3.3.1 Dengue no Brasil e no DistritoFederal.......................................................................................23
3.4 Epidemiologia..................................................................................................................................25
3.5 Prevenção e Controle......................................................................................................................25
3.5.1 Tipos de Controle.........................................................................................................................29
3.5.2 Controle Biológico pelo uso da crotalária, não tem comprovação científica.........................34
3.6 Histórico de Planaltina-DF............................................................................................................38
3.7 Dengue em Planaltina- DF.............................................................................................................40
4 METODOLOGIA ................................................................................................................43
4.1 Tipo de Pesquisa e Área de Estudo .................................................................................43
4.2 Projeto Futuro Verde: algumas considerações adicionais ............................................44
4.3 Instrumento de Coleta de Dados: Questionário .......................................................................... 46
4.4 Coleta de Dados Secundários.........................................................................................................46
4.5 Análise Estatística dos Dados.........................................................................................................47
4.5.1 Teste de Normalidade...................................................................................................................47
4.5.2 Teste de Wilcoxon Pareado.........................................................................................................47
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................48
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................59
APÊNDICE A- Modelo do primeiro questionário aplicado ..............................................73
APÊNDICE B- Modelo do segundo questionário aplicado .................................................75
ANEXO A- Projeto Futuro Verde .........................................................................................78
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos anos, a ocorrência de surtos epidêmicos de Dengue tem constituído
um dos principais problemas de saúde pública não só no Brasil, mas também em muitos outros
países subdesenvolvidos no mundo (BARRETO & TEIXEIRA, 2008; NUNES, 2015). A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem
anualmente, em mais de 100 países, de todos os continentes, exceto a Europa, e segundo dados
do Ministério da Saúde do Brasil cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20
mil morrem em consequência da dengue (BRASIL, 2010; COLLAZO, 2015). Dessa forma,
constata-se que a doença tem se distribuído em todas as regiões tropicais e subtropicais do
planeta, com uma crescente incidência nas regiões da Ásia, África e Américas Central e do Sul,
representando um grave problema de saúde pública a nível global (NUNES, J.S, 2011).
Segundo Cunha e Fonseca (2010), a Dengue é uma doença infecciosa aguda produzida
por um vírus de genoma ARN (ácido ribonucleico), pertencente ao grupo B dos arbovírus1,
família Flaviviridae na qual são conhecidos quatro sorotipos transmitidos ao Homem por
algumas espécies do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti o mais importante. Trata-se, portanto,
de uma das mais importantes doenças transmitidas por arbovírus aos humanos e constituindo
um grave problema de saúde pública, principalmente, pelos países em desenvolvimento, e dentre
os principais fatores envolvidos no seu surgimento pode-se citar a pressão demográfica, padrões
de comportamento social e a reconhecida transformação dos sistemas de saúde do mundo, com
redução dos recursos e da infraestrutura para controle das doenças.
Esse panorama demonstra, evidentemente, que no Brasil as condições socioambientais
favoráveis à expansão do mosquito Aedes aegypti possibilitaram a dispersão do vetor desde sua
reintrodução no País, em 1976. A partir de então, o mosquito transmissor da dengue mostrou
altíssima capacidade de adaptação ao ambiente criado pela urbanização acelerada e
desorganizada, e pelos novos hábitos da população (NAKAGAWA, 2013; BRASIL, 2014).
Com isso, o Brasil é hoje o país responsável pelo maior número de casos anualmente reportados
de dengue no mundo, com cerca de 80% a 85% da sua população vivendo em áreas de média
ou alta endemicidade para a doença. No ano de 2015, vivenciamos a pior epidemia do país, com
1.649.008 casos prováveis de dengue registrados, com quase 900 mortes (SÁFADI, 2016).
1 Arbovírus é um vírus que essencialmente transmitido por artrópodes, como os mosquitos.
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Sendo assim, a transmissão da dengue ocorre principalmente em áreas urbanas, ambientes
que possuem condições fundamentais para o desenvolvimento, principalmente os fatores
ambientais e socioeconômicos, que constituem o arcabouço que permite o estabelecimento da
sua hierarquia de transmissão (FAPPI, 2014). Muitos fatores como o rápido crescimento da
cidade, a falta de estrutura urbana, as péssimas condições de higiene e vida de determinadas
populações, a fragilidade dos serviços de saúde, transporte, recipientes artificiais expostos e
população desmotivada e educacionalmente desinformada, têm contribuído para a formação de
epidemias de dengue (MENDONÇA et al., 2009; MONTEIRO et al., 2014). Para BRAGA &
VALLE (2007), no Brasil a Dengue apresenta um padrão sazonal, com maior incidência de
casos nos primeiros cinco meses do ano, período mais quente e úmido, típico dos climas
tropicais.
Sabe-se que a inadequada ou simplesmente inexistente coleta e disposição de resíduos
sólidos urbanos, além de ensejar impactos ambientais relevantes, é um dos fatores do
agravamento do risco ambiental de dengue, pois os materiais ficam expostos, acumulando água
e, por conseguinte, facilitando a proliferação do mosquito Aedes aegypti, e quando o poder
público se omite os problemas tornam-se piores (SANTOS, 2010). O vetor tem preferência por
ambientes domésticos e peridomésticos, hábitos diurnos e proliferação preferencialmente em
água limpa. Para a postura de ovos utilizam-se recipientes com água limpa e parada,
infelizmente objetos facilmente encontrados em residências, quintais, lixos e entulhos com
abundância em todas as áreas urbanas do Brasil (CATÃO et al., 2009).
Para Ribeiro e Rooke (2010), o saneamento básico, portanto, é fundamental na prevenção
de doenças, a conservação da limpeza dos ambientes, evitando resíduos sólidos em locais
inadequados, por exemplo, evita a proliferação de vetores de doenças como ratos e insetos que
são responsáveis pela disseminação de algumas moléstias. Estudos têm sugerido que as
condições de saneamento exercem uma influência significante na distribuição do mosquito
transmissor (SILVA, 2008), e dessa forma o saneamento básico é um fator fundamental para a
redução de riscos, é inegável a importância dos serviços de saneamento básico, tanto na
prevenção de doenças, quanto na preservação do meio ambiente.
Guimarães et al. (2007) explicam que investir em saneamento é uma das formas de se
reverter o quadro existente. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde afirmam que para cada
R$1,00 investido no setor de saneamento, economiza-se R$4,00 na área de medicina curativa.
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Além disso, é importante considerar que de acordo com a Constituição Federal (CF) de
1988, estabelece-se no artigo 1962 que "a saúde é um direito de todos e uma responsabilidade
do Estado", garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução dos riscos
de doenças e outros males, e para fornecer igualdade de acesso aos serviços e ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde. Assim como a saúde, o meio ambiente também é
um direito de todos, expresso no artigo 225 da mesma CF (1988) que estabelece que “todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, [...] cabendo–se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Lefrèvre et al. (2007) salienta ainda a importância da integração entre o poder público e a
população para executar ações no controle social da doença, reformulando ações educativas,
devido à distância entre o conhecimento e a mudança de hábitos/costumes por parte da
população, enquanto para Fappi (2014) a participação da população no combate ao mosquito é
primordial em qualquer município que pretende minimizar a quantidade de casos. Dessa forma,
é necessária uma intervenção educativa na população local, com o objetivo de implantar
conceitos, com discussões acerca do combate à doença, sendo indispensável à construção de
uma mudança de paradigmas e hábitos em relação à Dengue.
Atualmente, as práticas de controle da dengue consistem em ameaças ao meio ambiente,
devido ao potencial poluidor do uso de produtos químicos em larga escala (GOMES, 2014),
mesmo sabendo-se que uma das maneiras mais eficazes para o combate à Dengue é o combate
químico ao vetor do mosquito Aedes Aegypti. Assim, no que concerne os controles mecânico e
químico, observa-se que as ações de equipes mata-mosquito não conseguem acabar totalmente
com os depósitos de água parada onde os mosquitos vetores da doença se multiplicam, e a
aplicação de inseticidas não consegue eliminar todos os mosquitos na fase adulta, além da
possível geração de resistência por parte dos vetores ao inseticida sendo aplicado. Observa-se
também que estas duas estratégias além de terem custo financeiro elevado, possuem impacto
ambiental e eficiência de difícil mensuração (HONÓRIO, (2009a), (2009b); MAIA, 2013).
Assim, o controle biológico é vantajoso pela não contaminação do ambiente com produtos
químicos, e na maioria das vezes pelo tratamento em locais de difícil acesso onde as outras
formas de controle não conseguem agir (PAIXÃO, 2007). Nesse sentido, a promoção da
2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988: atualizada até a
Emenda Constitucional n° 39, de 2001. Brasília, DF: Senado Federal, 1998.
16
educação para saúde tem um papel integrador, realizando articulações entre diversos setores do
governo e promovendo o trabalho em rede com a sociedade, o que impulsiona políticas públicas
voltadas para a defesa da vida.
As políticas públicas de saúde afirmam que a escola é um espaço privilegiado para o
desenvolvimento de ações promotoras, preventivas e de educação para saúde (BRASIL,
2009a:12). O Ministério da Saúde (2002) compreende que o período escolar é fundamental para
se trabalhar Saúde na perspectiva de sua promoção, desenvolvendo ações para a prevenção de
doenças e para o fortalecimento dos fatores de proteção. Segundo NAGAKAWA (2013), a fase
escolar na qual as atividades de promoção da saúde são desenvolvidas, sobretudo no ensino
fundamental, é um período onde as concepções de saúde ainda não são abordadas como
conteúdos disciplinares, o que viabiliza a compreensão de modos de viver mais integrais e
permite, por meio de ações de promoção bem estruturadas, a perspectiva de uma ação educativa
mais adequada às realidades de saúde e às complexidades nelas implicadas.
Na educação infantil e no início do ensino fundamental é importante enfatizar a
sensibilização com a percepção, interação, cuidado e respeito das crianças para com a natureza
e cultura, destacando a diversidade dessa relação. Desse modo, a CF de 1988 elevou ainda mais
o status do direito à educação ambiental, ao mencioná-la como um componente essencial para
a qualidade de vida ambiental. Atribui-se ao Estado o dever de “promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”
(art. 225, §1º, inciso VI), surgindo, assim, o direito constitucional de todos os cidadãos
brasileiros a terem acesso à educação ambiental.
Assim, e tendo em vista a magnitude e relevância deste problema, essa pesquisa visa
realizar uma primeiríssima abordagem piloto e avaliar a eficácia prática em saúde do Projeto
Futuro Verde que tem como ponto crucial diminuir os focos do Aedes aegypti através da
Educação ambiental do cultivo de Crotalaria juncea no bairro Arapoanga da Região
Administrativa (RA) de Planaltina no Distrito Federal (DF), conscientizar os estudantes, através
do projeto a importância dos cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue.
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a eficácia de ações de promoção em saúde do Projeto Futuro Verde (PFV) da
Escola Classe Frigorífico Industrial (ECFI), tendo a Educação ambiental como base para a
distribuição e plantio de mudas e sementes de Crotalaria juncea como uma possível abordagem
para controle do Aedes aegypti, assim como a redução de riscos de infecção no bairro
Arapoanga, na RA de Planaltina-DF.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Levantar e comparar dados relacionados à presença do Aedes aegypti e a Dengue,
referentes à RA de Planaltina-DF, especificamente no bairro Arapoanga no período de 2016 e
2017.
Observar e relatar condutas frente às mudanças ocorridas no ambiente em questão
(doméstico) propostas pelo projeto, assim como as mudanças e condutas comportamentais e
socioculturais de todos os sujeitos envolvidos no projeto.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 SAÚDE E MEIO AMBIENTE
As sociedades evoluíram, mas não perceberam que são dependentes do meio natural, como
aponta Branco (1997, p. 22) apud Mariano et al. (2011).
O Homem, quer queira quer não, depende da existência de uma natureza
rica, complexa e equilibrada em torno de si. Ainda que ele se mantenha
isolado em prédios de apartamentos, os ecossistemas naturais continuam
constituindo o seu meio ambiente, e a morte desses ecossistemas
representará a morte do planeta (BRANCO, 1997, p. 22 apud
MARIANO et al., 2011, p. 159).
Segundo o entendimento de Freitas (2003), os problemas ambientais são
simultaneamente problemas de saúde, uma vez que os seres humanos e as sociedades são
afetados em várias dimensões. Conforme Vianna (2011):
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“A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o
sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos
pelo corpo subjetivo que adoece”.
Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de
vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no
meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles
fatores do meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e
futuras (OMS, 1999; RIBEIRO, 2004; REZENDE, 2011).
Portanto, o termo “saúde” engloba uma série de condições que devem estar apropriadas
para o bem-estar completo do ser humano, incluindo o meio ambiente equilibrado (SILVA,
2005; REZENDE, 2011: 8). Meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos,
biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo,
sobre os seres vivos e as atividades humanas. Este conceito foi referendado na Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, celebrada em Estocolmo no ano de 1972.
Independente da ação e presença humana, a natureza física-biológica do
sistema terrestre organiza-se ao nível dos ecossistemas e geossistemas.
Todavia, essas abordagens passam a integrar e considerar as atividades
humanas, que são os fatores influindo nas características e nos fluxos de
matéria e energia, modificando o equilíbrio natural dos ecossistemas, e
geossistemas (MONTEIRO, 2002; REZENDE 2011).
A Constituição Federal Brasileira (CFB), em alguns de seus artigos já traz a preocupação
no sentido da saúde e do meio ambiente. Entretanto, o modelo de crescimento econômico
brasileiro tem gerado fortes concentrações de renda e infraestrutura, com exclusão de
expressivos segmentos sociais de um nível satisfatório de qualidade ambiental, com decorrentes
problemas de saúde tais como doenças infecto-parasitárias nos bolsões de pobreza das cidades
do país, onde são precárias as condições sanitárias e ambientais (REZENDE, 2011: 9).
19
3.2 VETORES DA DENGUE: Aedes aegypti e Aedes albopictus
O Aedes aegypti é o único vetor reconhecidamente transmissor desses vírus, de
importância epidemiológica nas Américas. A luta contra o mosquito Aedes aegypti, vetor bem
adaptado ao ambiente urbano, tem sido intensa desde os tempos de Oswaldo Cruz3. Porém,
mesmo após várias tentativas de erradicação, o vetor continua presente em todo o território
nacional brasileiro, causando seguidas epidemias de dengue (TEIXEIRA et al., 1999;
BARBOSA et al., 2010). No momento, Aedes albopictus não foi caracterizado como vetor de
dengue no Brasil (DEGALLIER, 2003; SANTOS, 2008) o que não exclui a possibilidade do
seu envolvimento com outras arboviroses. A capacidade de colonizar ambientes urbanos, rurais
e silvestres apresentada por este culicídeo tem chamado a atenção, especialmente em países
como o Brasil, onde a febre amarela silvestre ocorre de forma endêmica, porque tal
comportamento pode favorecer o deslocamento de mosquitos infectados deste ambiente para o
urbano, aumentando assim, o risco de reurbanização da febre amarela no território brasileiro
(ALBUQUERQUE et al., 2000; SANTOS, 2008). Esta espécie tem sido encontrada em grandes
centros urbanos, desenvolvendo-se nos mesmos criadouros usados por Aedes aegypti
(LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 2001, SANTOS, 2008).
Existem algumas diferenças significativas entre Aedes aegypti e Aedes albopictus que
devem ser consideradas no desenvolvimento de vigilância e de procedimentos de controle.
Aedes aegypti está mais estreitamente associado com o homem e as suas casas, alimentando-se
preferencialmente em seres humanos. O mosquito adulto Aedes aegypti encontra-se, geralmente,
dentro dos domicílios humanos e outros tipos de imóveis onde a presença humana é frequente
nas cidades e os habitats das larvas são, frequentemente, recipientes localizados nesses mesmos
ambientes ou ao seu redor (NUNES, 2015). O Aedes (Stegomyia) aegypti e Aedes (Stegomyia)
albopictus são espécies introduzidas no Brasil, com ampla distribuição geográfica. Aedes
aegypti é encontrado predominantemente em ambientes urbanos, enquanto Aedes albopictus em
ambientes rurais, semi-silvestres e silvestres. Estes se destacam hoje como causadores de
problemas em saúde pública, devido aos seus papéis como transmissores da dengue e
3 Oswaldo Gonçalves Cruz (São Luiz do Paraitinga, 5 de agosto de 1872 — Petrópolis, 11 de fevereiro de 1917)
foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro. Foi o pioneiro no estudo das
moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no
bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz e, hoje, respeitado
internacionalmente.
20
chikungunya (LEANDRO, 2012). Entre os agentes de contaminação, o Aedes aegytpi é o que
tem a capacidade de transmitir a maior variedade de doenças (BARIFOUSE, 2015).
Segundo Lopes (2015), a transmissão ocorre principalmente em áreas tropicais de alcance
do vetor e a disseminação do vírus ocorre mais frequentemente durante o verão. A temperatura
que favorece o desenvolvimento da larva é entre 25 a 30º C abaixo e acima destas temperaturas
o mosquito diminui sua atividade. Ambientes que acumulam água limpa, como plantas
(bromélias e outras), vasos, pneus, cisternas, lajes, caixas d'água, entre outros, são importantes
criadouros do mosquito. Muitos fatores como o rápido crescimento da cidade, a falta de estrutura
urbana, as péssimas condições de vida de determinadas populações, a fragilidade dos serviços
de saúde, transporte, recipientes artificiais expostos e população desmotivada e
educacionalmente desinformada, têm contribuído para a explosão de epidemias de Dengue
(MENDONÇA et al., 2009; LOPES, 2015).
Conforme Nunes (2015), esses mosquitos apresentam um curto ciclo biológico (média
812 dias) em regiões tropicais, apresentando as seguintes fases: ovo, quatro estádios larvais,
pupa e adultos. As fêmeas são hematófagas vorazes e atacam durante o dia, têm a capacidade
de fazer ingestões múltiplas de sangue durante um único ciclo gonadotrófico, o que amplia sua
capacidade como vetor. Um aspecto que também favorece a reprodução é o fato de a fêmea
colocar em média cem ovos de cada vez, mas não fazer isso em um único local. Em vez disso,
ela os distribui por diferentes pontos. Mantidas as condições ambientais propícias, ocorre a
eclosão dos ovos e liberação das primeiras larvas que, em condições adversas, entram em
diapausa por períodos prolongados, permanecendo viáveis e resistentes à dessecação por
aproximadamente um ano (SANTOS, 2003).
O ambiente úmido é fundamental para os estágios pré- adultos, pois ovos, larvas e pupas
têm o seu desenvolvimento em coleções hídricas e possuem capacidade de adaptação ao meio
ambiente urbano, onde seus criadouros são recipientes preenchidos por água das chuvas, como
calha e lajes das casas (RAMALHO, 2008). Alguns autores definem os reservatórios em dois
tipos: naturais e artificiais. Os naturais são bromélias, tronco de árvores, xaxins, entre outros, e
os artificiais são os produzidos pelo Homem, como pneus, latas, caixas d’água destampadas,
garrafas, lixo, etc. Os reservatórios principais são os produzidos pelo Homem, até mesmo os
que são naturais, como por exemplo área verde próxima às residências com a função de
embelezamento. É por isso que a maior forma de controle contra o vetor é eliminando os
possíveis criadouros do mosquito (OLIVEIRA, 2008; LOPES, 2015).
21
Desde o ressurgimento da Dengue no Brasil, as principais estratégias adotadas para
controlar a proliferação do mosquito têm sido atividades educativas e a fiscalização das
residências, por agentes de saúde, em busca de criadouros para eliminar os focos de reprodução
do Aedes aegypti. A aplicação ou nebulização dos inseticidas organofosforados e piretróides –
cujos efeitos deletérios ao Homem e, especialmente, ao ambiente são bastante conhecidos - tem
sido utilizada em situações epidêmicas (GUIRADO & BICUDO, 2009). Outros aspectos da
biologia desta espécie, como elevada taxa de fecundidade e fertilidade, curto ciclo de vida,
capacidade adaptativa às mudanças ambientais e resistência dos ovos à ausência de água,
contribuem para seu rápido crescimento populacional (SANTOS, 2008). A expansão geográfica
da dengue e o aumento da incidência de casos têm sido frequentemente relacionados a fatores
climáticos, como o aquecimento global e os fenômenos El niño e La niña, que influenciam na
intensidade das chuvas e produzem alterações na biodiversidade dos países em
desenvolvimento, nas regiões tropicais e subtropicais, facilitando a permanência do seu
principal transmissor.
3.3 DENGUE
A importância da dengue está relacionada à sua morbidade, mortalidade e necessidade de
várias estratégias para o seu controle (PESSANHA et al., 2002; FERREIRA et al., 2007). Segundo
Paixão (2007), são conhecidos quatro sorotipos do vírus causador da doença (DEN-I, DEN-II, DEN-
III e DEN-IV), e quando um indivíduo contrai um desses tipos fica imunizado para infecções
posteriores provocados por vírus de mesmo sorotipo que o infectou antes. Entretanto, ainda pode se
infectar com um sorotipo diferente, podendo desenvolver manifestações clínicas mais graves, os
surtos normalmente ocorrendo com a introdução de um novo sorotipo. Na dengue hemorrágica o
quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque,
podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas. Quando a pessoa adquire um tipo da doença fica
imune, mas esta imunidade pode trazer malefícios, como salienta COSTA et al. (2009) abaixo:
Apesar de tornar-se imune ao soro tipo viral ao qual foi exposto, após
um certo período as pessoas tornam-se mais sensíveis aos outros
sorotipos, podendo então depois de ter uma Dengue Clássica, um tipo
mais grave da doença.
Neste caso, quando uma pessoa é infectada pelo vírus, deve-se redobrar o cuidado e alerta
para evitar o contágio por uma forma mais grave da doença, que pode trazer transtornos maiores.
22
A Dengue é uma infecção transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado
em humanos suscetíveis. A doença não é transmissível de pessoas para pessoas, ocorre somente
pela picada do mosquito infectado (vetor). A dengue, por ser uma doença grave, pode resultar
até na morte do indivíduo e, portanto, exige constante atenção das entidades responsáveis, para
que não surjam novos surtos da doença. Para Braga & Valle (2007), a incidência de dengue tem
aumentado nas últimas décadas; a doença ocorre em mais de 100 países e expõe mais de 2,5
bilhões de pessoas ao risco ambiental de contraí-la nas áreas urbanas, periurbanas e rurais dos
trópicos e subtrópicos. Evidentemente, esse panorama indica uma necessidade de revisão da
estratégia de controle, já que os números demonstram claramente a premência de adoção de um
novo olhar para a contingência desta doença (FERREIRA et al., 2007).
Segundo Tauil (2002), os motivos do mosquito Aedes aegypti multiplicar-se e disseminar-
se nos dias atuais de forma rápida e contínua, dizendo que nos últimos trinta anos, o fluxo rural-
urbano, resultou em uma grande concentração populacional em médias e grandes cidades, onde
80% da população brasileira vive atualmente. Deste modo, as cidades receberam essa grande
demanda e não conseguiram oferecer condições satisfatórias de habitação e de saneamento
básico a essa fração de 17 habitantes. Afirma que cerca de 20% da população vivem em favelas,
invasões, mocambos ou cortiços, onde o abastecimento de água e a coleta de dejetos são
irregulares, aumentando o risco de contaminação e incidência de casos (TAUIL, 2002).
Para alguns autores “a saúde e os problemas de saúde, são construídos socialmente,
mediante processos” (PEITER et al., 2006). Desta maneira, os fatores que participam desses
processos podem ser definidos na biologia humana, no modo de vida das pessoas, nos sistemas
de serviços de saúde, e principalmente no ambiente em que estão inseridas. Portanto, o ambiente
influencia diretamente no crescimento desse vetor e faz da dengue uma doença urbana, ou seja,
que está inserida nas localidades onde a densidade populacional é mais elevada. A taxa de
incidência de casos de dengue também é favorecida de acordo com as condições do tempo
atmosférico, ou seja, ao aumento de temperatura, pluviosidade e umidade do ar (YOKOO, 2010;
LOPES, 2015).
Dengue é uma doença de notificação compulsória, portanto todos os casos suspeitos devem
ser comunicados às autoridades de saúde pelos profissionais de saúde ou responsáveis pelos
estabelecimentos de saúde, públicos ou privados (BRASIL, 2014). A uma simples suspeita de
dengue deve-se notificar a doença, sem aguardar a confirmação laboratorial, pois a informação
para a Vigilância Epidemiológica (VE) é o ponto de partida para a tomada de decisões e o
23
desencadeamento das ações de controle (BRASIL, 2009a). Independentemente da forma como é
realizada a comunicação, a notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN), onde seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do
Sistema Único de Saúde (SUS), no intuito de elevar a consciência dos indivíduos para a
necessidade de se manter um ambiente domiciliar e peridomiciliar livres de criadouros potenciais
do vetor.
Contudo, estudos recentes têm revelado que apesar dessas iniciativas terem sido capazes
de elevar o nível de informações sobre a forma de transmissão da doença, geralmente não
modificam permanentemente os hábitos e as práticas dos indivíduos para manter o ambiente
livre dos criadouros (RANGEL, 2008). Como ainda não existe vacina para a Dengue, o controle
se baseia principalmente em políticas de redução da população do seu transmissor principal, o
mosquito Aedes aegypti (MAIA, 2013).
3.3.1 DENGUE NO BRASIL E NO DISTRITO FEDERAL
Segundo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), os primeiros relatos de dengue datam do final
do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ). No início do século
XX, o mosquito já era um problema, mas não por conta da dengue; na época a principal
preocupação era a transmissão da febre amarela. Em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti
como resultado de medidas para controle da febre amarela. No final da década de 1960, o
relaxamento das medidas adotadas levou à reintrodução do vetor em território nacional. Hoje, o
mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros. Segundo dados do Ministério da Saúde,
a primeira ocorrência do vírus no país, documentada clínica e laboratorialmente, aconteceu em
1981-1982, em Boa Vista Roraima, causada pelos vírus (DENV-1 e DENV-4). Após um silêncio
epidemiológico, em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro foi a porta de entrada para a
dengue com o subtipo DEN-1 e em algumas capitais do Nordeste. Desde então, a dengue vem
ocorrendo no Brasil de forma continuada (MACIEL, 2008; NUNES, 2015).
Os aspectos epidemiológicos do Aedes aegypti encontraram no Brasil e no mundo
contemporâneo condições socioambientais favoráveis para sua rápida expansão. Diante desta
situação evidencia-se a necessidade de se incorporar as lições das experiências nacionais e
internacionais de controle da dengue, enfatizando a necessidade de mudança nos modelos pré-
concebidos, particularmente no que diz respeito ao fortalecimento da vigilância epidemiológica
24
na ampliação da capacidade de predição dos fatores de risco e de detecção precoce de surtos da
doença, além do aperfeiçoamento da qualidade das ações de combate ao vetor. Além do
aprofundamento do conhecimento dos fatores ambientais (especialmente climáticos), é
essencial, aprofundar a compreensão acerca das condições sociais e combater a pobreza e a
miséria urbana (MENDONÇA et al., 2009). Além do mais, o vetor desenvolve resistências cada
vez mais evidentes às diversas formas de seu controle (ALMEIDA et al., 2009; MENDOÇA et
al., 2009).
Os primeiros casos de dengue em Goiás foram registrados em 1994, decorridos 13 anos
da epidemia de Roraima e 8 anos da epidemia no Rio de Janeiro. Os três subtipos virais foram
detectados inicialmente em Goiânia (capital do estado de Goiás) com sequência similar à
circulação viral (DENV-1, DENV-2 e DENV3), conforme havia ocorrido no Rio de Janeiro. O
Distrito Federal localiza-se no centro do país é uma importante rota comercial e esta situação
contribuiu para um diversificado e intenso movimento de pessoas, caminhões, carros e cargas,
que facilita a dispersão do vetor e propagação de doenças transmissíveis (MACIEL et al., 2008).
E a incapacidade de eliminá-lo fez com que esse se instalasse no DF, infestando todas as Regiões
Administrativas e produzindo casos autóctones (CATÃO et al., 2009).
Somente na metade da década de 90 é que as regiões Centro-Oeste e Norte do país
registraram epidemias de dengue. A partir de 1999 a sazonalidade das infecções pelos vírus de
dengue torna-se muito evidente na maioria dos estados. Este padrão sazonal, que nem sempre é
observado em outros países, tem sido explicado pelo aumento na densidade das populações do
Aedes aegypti, em virtude das condições de altas temperaturas, altitudes, ventos e umidade da
estação, observadas em grandes extensões do território nacional (TEIXEIRA et al.,1999;
DONALÍSIO, 2002; MENDONÇA et al., 2009).
No DF, a dengue apresenta em um padrão cíclico anual e as variações climáticas são
intensas, o que pode contribuir para a proliferação do vetor. Segundo Barcellos et al. (2009), “as
flutuações climáticas sazonais produzem um efeito na dinâmica das doenças vetoriais, como por
exemplo, a maior incidência da dengue no verão[...]”. Geralmente, há incidência dos casos no
período de janeiro a maio, visto que é quando as ondas de calor e chuva se intensificam
(OLIVEIRA, 2008; LOPES, 2015). O DF localiza-se numa região elevada, com clima tropical
e estação seca, caracterizado pelas chuvas no verão, que são interrompidos por outros períodos
de seca; além da seca acentuada nos invernos, há pouca umidade no ar, em especial no inverno.
Os meses mais quentes e chuvosos são os que ocorrem o maior número de casos de dengue, e
25
os meses de seca quase não apresentam, porém nesse período os ovos ficam dormentes, mas não
se extinguem também (OLIVEIRA, 2008; LOPES, 2015).
3.4 EPIDEMIOLOGIA
Segundo BRAGA (2008), nas Américas a reemergência de dengue sob forma de epidemias
de Dengue Clássica (DC), Febre Hemorrágica de Dengue (FHD) e Síndrome de Choque de
Dengue (SCD), coloca essa virose como um dos mais graves problemas de Saúde Pública (SP) do
continente, sendo o Aedes aegypti o único transmissor desse vírus com importância
epidemiológica. Essa espécie de mosquito é originária da África subsaariana, onde se domesticou
e se adaptou ao ambiente urbano, tornando-se antropofílico, e suas larvas foram encontradas em
depósitos artificiais. Esse processo adaptativo vem permitindo a sua rápida difusão espacial
utilizando os mais diversos meios de transporte e o seu explosivo crescimento nas áreas urbanas
(BARRETO & TEIXEIRA, 2008).
O Brasil é hoje o país responsável pelo maior número de casos anualmente reportados de
dengue no mundo, com cerca de 80% a 85% da sua população vivendo em áreas de média ou
alta endemicidade para a doença. Em relação à distribuição regional por sorotipos, o DENV1
foi sempre o mais prevalente, entretanto, na região Norte o segundo mais predominante foi o
DENV-4, no Nordeste foi o DENV-3 e no Sudeste e Centro-Oeste, o DENV-2. Ou seja, predizer
a prevalência dos sorotipos para o próximo ano é tarefa muito difícil (SÁFADI, 2016).
A dispersão ativa em busca de sítios de oviposição e de hospedeiros representa um
mecanismo pelo qual a fêmea do mosquito pode adquirir e disseminar agentes causadores de
doenças ao Homem, aspecto de grande importância epidemiológica (HONÓRIO et al., 2003;
SANTOS, 2008).
3.5 PREVENÇÃO E CONTROLE
Para alguns autores, em razão da complexidade das infecções provocadas pelos quatro
sorotipos do vírus da dengue, o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz para uso em
populações ainda deve superar muitos obstáculos e esclarecer muitas das incertezas que se
26
colocam em razão das lacunas no conhecimento científico sobre a epidemiologia e
fisiopatogenia dessas infecções (BARRETO & TEIXEIRA, 2008; GUIMARÃES, 2015 p.44).
Atualmente não se fala em erradicação do mosquito vetor, apenas no controle
populacional do mosquito, sem elevar o risco aos seres humanos. Ao longo dos anos, as medidas
de controle têm apresentado inúmeras restrições, sendo necessário o envolvimento da
comunidade (STEFFLER et al., 2011). Os programas de controle e prevenção da doença
baseados na eliminação de focos (criadouros) para a reprodução do vetor, bem como na
eliminação do vetor adulto tem fracassado no Brasil e em outros países (LIMA et al., 2010;
CRUZ, 2014).
As medidas de controle atuais têm por objetivo eliminar esse mosquito em suas diferentes
fases; porém, de modo geral, a efetividade dessas intervenções tem sido muito baixa, não
conseguindo conter a disseminação do vírus e as epidemias se sucedem, em grandes e, mais
recentemente, também em pequenos centros urbanos (DIAS, 2006). Temos também de
considerar que, além da baixa efetividade das ações de controle, há altos custos e implicações
desfavoráveis, associadas ao uso de inseticidas (BARRETO et al., 2008).
O controle da dengue na atualidade é uma complexa atividade, tendo em vista os diversos
fatores externos ao setor da saúde que são importantes determinantes na manutenção e dispersão
tanto da doença quanto de seu vetor transmissor. Dentre esses fatores, destacam- se o surgimento
de aglomerados urbanos, inadequadas condições de habitação, irregularidade no abastecimento
de água, destinação imprópria de resíduos, o crescente trânsito de pessoas e cargas entre países
e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global (BRASIL, 2009b; MARTINS,
2013).
Alguns estudos têm chamado a atenção para a importância do período de transição entre
as estações e seu papel na manutenção e aumento inicial do crescimento populacional, sobretudo
em áreas onde os criadouros mais frequentes são reservatórios domésticos do tipo tonel, tanque,
caixa d’água, calhas e outros tipos de recipientes, que estão sempre presentes no ambiente
domiciliar (RÍOS-VELÁSQUEZ et al., 2007; REGIS et al., 2008; SANTOS, 2008), supõem que
a alta precipitação verificada em determinadas regiões brasileiras durante os meses mais quentes
do ano seja o elemento desencadeador do crescimento populacional do Aedes aegypti, cuja
4 Dr. Anthony Érico Guimarães, PhD, pesquisador titular do Laboratório de Díptera Entomologia do Instituto Oswaldo
Cruz - IOC/Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ) – IAC (2015).
27
tendência é o aumento exponencial em função da ativação dos ovos quiescentes, à medida que
as chuvas se tornam mais frequentes (REGIS et al., 2008; RÍOS-VELÁSQUEZ et al., 2007). A
expansão da dengue e sua ocorrência endêmica e as epidemias vivenciadas no Brasil foram
determinantes para institucionalização de programas de combate ao Aedes.
Segundo Braga (2008: 24), a partir de 1997 foi criado o Plano Diretor de Erradicação do
Aedes aegypti (PEAa), porém o mesmo não alcançou sua meta principal de erradicação do vetor
da dengue, e foram consideradas como principais causas do fracasso a não implementação das
ações em todos os municípios e a descontinuidade na execução das atividades de combate ao
Aedes aegypti, embora o foco principal das ações de prevenção ainda fosse o uso de inseticidas
e a eliminação de criadouros. , um programa de cunho vertical, idealizado e centralizado ao nível
federal, que tinha por objetivo eliminar esta espécie do território nacional, em um período de
cinco ano. As ações de “combate” ao vetor estavam direcionadas à eliminação de criadouros e
à aplicação de inseticidas químicos para eliminação de larvas. Estas ações alcançaram pouco
êxito em termos de contenção da dispersão geográfica do vetor e de redução da transmissão da
doença. (BRAGA& VALLE, 2007; SANTOS, 2008).
Segundo Santos (2008) em julho de 2001 o MS abandonou oficialmente a meta de
erradicar o Aedes aegypti do país e passou a trabalhar com o objetivo de controlar o vetor. Foi
implantado o Plano de Intensificação das Ações de Controle de Dengue (PIACD), que não mais
focalizava todas as ações de controle para todos os municípios do país, e sim mediante
estratificação epidemiológica, concentrando as ações voltadas à redução dos níveis de infestação
vetorial em municípios com maior transmissão da doença, sobretudo nas áreas consideradas
críticas (FUNASA, 2002). Independentemente da mudança de objetivo, a prática de controle
vetorial no programa permaneceu centrada, quase que exclusivamente, na aplicação de
inseticidas químicos organofosforados (BRAGA & VALLE, 2007). Naquele mesmo ano, o país
vivenciou a mais severa epidemia de dengue, com notificação de 776 mil casos clássicos da
doença (CORDEIRO; SANTOS, 2008).
Uma nova versão do programa foi lançada em 2002, intitulada Programa Nacional de
Controle da Dengue (PNCD), o MS aumentou o repasse de recursos a municípios brasileiros
para descentralizar e reorganizar ações de eliminação dos vetores e educação em saúde. O
PNCD, vigente até hoje, deu continuidade às propostas do PIACD, trabalhando com
estratificação epidemiológica e municípios prioritários (FUNASA, 2002; BRAGA, 2008: 2425).
O Programa deixou de ser exclusivamente direcionado ao combate do vetor e sugeriu
28
adequações condizentes com as especificidades locais, inclusive com a possibilidade de
elaboração de planos sub-regionais (BRASIL, 2002; ZARA et al., 2016).
O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), o programa surgiu em
2003, é uma metodologia que ajuda a mapear os locais com altos índices de infestação do
mosquito e, consequentemente, alertar sobre os possíveis pontos de epidemia da doença. Com
as informações do LIRAa, a população toma conhecimento da incidência do mosquito em seu
bairro e pode tomar medidas para se prevenir a doença (BRASIL, 2013, NUNES, 2015). O
LIRAa é considerado um instrumento fundamental para nortear as ações de combate do Aedes.
Os índices mais utilizados para o monitoramento de Aedes aegypti em programas de controle
no mundo são o Índice de Infestação Predial (IIP) e o Índice de Breteau (IB). Ambos estão
baseados na presença/ausência de recipientes contendo larvas/pupas do mosquito (criadouro) na
unidade territorial de amostra (imóvel) e não consideram a densidade/produtividade destes
criadouros (GOMES, 1998; SANTOS, 2008).
O levantamento de infestação do Aedes aegypti passa a ser obrigatório, 100% dos
municípios do país terão de informar a situação de infestação do Aedes. Municípios com número
de imóveis inferior a 2 mil, deverão fazer o Levantamento de índice Amostral (LIA). A
ferramenta é importante aliada no combate ao mosquito, pois ajuda a levantar dados
significativos em pouco tempo, e tomar medidas eficazes e pontuais para resolver o problema.
Segundo Rodrigo Lins Frutuoso, coordenador da Sala Nacional de Coordenação e Controle
(SNCC), explica que este é um importante passo na luta contra dengue, zika e chikungunya.
“Existindo a obrigatoriedade, em nível local, estadual e federal, a gente consegue ter uma leitura,
e consegue auxiliar melhor o gestor municipal naquilo que é possível para combater o Aedes”.
Os municípios que não realizarem o levantamento, não receberão a segunda parcela do Piso
Variável de Vigilância em saúde, recurso extra utilizado apenas para ações de combate ao
Aedes. Ao longo do ano, os municípios deverão realizar ao menos um levantamento até o dia
30 de junho e encaminhar as informações para o nível estadual, que faz o repasse dos índices
para o MS (FIOCRUZ, 2017).
A pesquisa proporciona informação qualificada para atuação, já no segundo semestre,
entre os meses de outubro e novembro, acontece o LIRAa nacional. A data antecede a estação
chuvosa em boa parte das regiões do Brasil, e é possível ter um panorama das regiões com estado
crítico com antecedência. “Assim temos um tempo maior para acionar as nossas ações de
controle”, explica Frutuoso. Depois que o levantamento está pronto, os dados são divulgados
29
para a população, que pode atuar de maneira integrada com as políticas do município, propondo
alternativas para acabar com os focos do mosquito, e cuidando da residência (FIOCRUZ, 2017).
De acordo com Fernandes et al. (2014), as ações preconizadas para a vigilância e controle
do vetor concretizam-se em visitas a imóveis domiciliares e não residenciais (casa a casa, pontos
estratégicos e imóveis especiais), empregando as medidas para a eliminação do mosquito, e
também em períodos de transmissão de dengue desencadeia as medidas de bloqueio da
transmissão, e realiza os levantamentos de índices larvários (índices de breteau e predial), que
têm por objetivo monitorar a infestação e direcionar as ações para a redução da proliferação do
vetor. Esse conjunto de ações é desenvolvido concomitantemente com ações educativas
envolvendo diferentes segmentos da comunidade.
3.5.1 TIPOS DE CONTROLE
Inovações tecnológicas de controle vetorial: diversas tecnologias têm sido desenvolvidas
como alternativas no controle do Aedes aegypti, utilizando-se diferentes mecanismos de ação,
tais como medidas sociais, monitoramento seletivo da infestação, dispersão de inseticidas, novos
agentes de controle químico e biológico e procedimentos moleculares para controle
populacional dos mosquitos, inclusive considerando-se combinações entre técnicas (ZARA et
al., 2016). A tecnologia atualmente disponível abrange medidas de controle mecânico, químico
e biológico, sendo os dois primeiros grupos mais intensamente utilizados.
Para Maia (2013), o controle mecânico é um método eficiente na redução da população
de Aedes, mas o seu sucesso depende muito da conscientização e participação da comunidade,
que deve obedecer às recomendações das entidades responsáveis pelo controle, o que não
acontece em todos os casos, mesmo com uma intensa fiscalização. Além disso, o resultado da
aplicação do controle mecânico é de longo prazo e não tem a capacidade de eliminar totalmente
todos os pontos de reprodução de mosquitos. Durante uma situação emergencial de epidemia de
dengue, por exemplo, o método se torna ineficiente no combate imediato, pois sua aplicação
tem impacto de longo prazo com a redução da quantidade de vetores ao longo do tempo. Muitas
das ações desenvolvidas são comuns aos dois profissionais, como a educação em saúde,
mobilização comunitária, identificação de criadouros, entre outras.
Entretanto, algumas ações são específicas ao Agente Comunitário de Saúde (ACS), como
a identificação das pessoas doentes e busca ativa de casos novos, enquanto outras são específicas
30
do Agente de Combate às Endemias (ACE), como a destruição de criadouros de difícil acesso
ou utilização de inseticida (BRASIL, 2009c: 29). Os ACS e ACE em parceria com a população,
são responsáveis por promover o controle mecânico e químico do vetor, cujas ações são
centradas em detectar, destruir ou destinar adequadamente reservatórios naturais ou artificias de
água que possam servir de depósito para os ovos do Aedes. Outra estratégia complementar
preconizada pelo MS é a promoção de ações educativas durante a visita domiciliar pelos Agentes
Comunitários, com o objetivo de garantir a sustentabilidade da eliminação dos criadouros pelos
proprietários dos imóveis, na tentativa de romper a cadeia de transmissão das doenças (ZARA
et al., 2016).
Medida de controle químico com ação larvicida em formulação de liberação lenta vêm
sendo empregadas mundialmente. O tratamento dos criadouros com produtos larvicidas, apesar
de representar uma forma importante de controle, nem sempre é suficiente para manter
populações de mosquitos em baixas densidades por longos períodos, sobretudo Aedes aegypti,
que é capaz de distribuir grupos de ovos em qualquer tipo de recipiente que possa acumular água
(REGIS et al., 2008; SANTOS, 2008). A maioria dos programas de controle de Aedes aegypti
empregam duas modalidades de controle químico adulticida: a pulverização de inseticida de
ação residual denominada de tratamento perifocal e espacial (nebulização) em Volume
Ultrabaixo (VUB), indicada para uso rotineiro específico em imóveis que, além concentrarem
muitos recipientes em condições que favorecem a proliferação de formas imaturas, contribuem
para a dispersão passiva do vetor. Em várias regiões do mundo, usam-se inseticidas
organoclorados, organofosforados, aos inseticidas tem sido um dos problemas do uso desse tipo
de controle em Saúde Pública (SANTOS, 2003).
A pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Denise Valle5 relata sobre o
controle químico quando usado de forma indiscriminada elimina da população apenas os
indivíduos suscetíveis, permitindo a perpetuação dos resistentes. Por outro lado, se o controle
mecânico for usado como a principal forma de combate, os mosquitos resistentes não serão
selecionados e a população permanecerá vulnerável à ação do controle químico quando ele for
necessário, como medida complementar e de forma racional.
O controle biológico que é baseado na utilização de inimigos naturais do vetor como
agentes de controle, resultando na redução da proliferação do mosquito (PAIXÃO, 2007). Ele
pode ser realizado tanto por predação como também por outras formas biológicas de
5 Informações disponíveis em: http://auladengue.ioc.fiocruz.br/?p=86. Acesso em: 07 jun. 2017.
31
interferência biótica na população de Aedes aegypti (utilização de agentes biológicos para
controle dos mosquitos independente de sua fase). Essa medida é vantajosa pela não
contaminação do ambiente com produtos químicos, e na maioria das vezes pelo tratamento em
locais de difícil acesso onde as outras formas de controle não conseguem agir (PAIXÃO, 2007;
MAIA, 2013). É baseado na utilização de predadores ou patógenos com potencial para reduzir
a população vetorial. Entre as alternativas disponíveis de predadores estão os peixes e os
invertebrados aquáticos, que comem as larvas e pupas, e os patógenos que liberam toxinas, como
bactérias, fungos e parasitas, outra alternativa é a utilização do Bacillus thuringiensis israelensis
(Bti), um bacilo com potente ação larvicida, por sua produção de endotoxinas proteicas (ZARA,
2016).
Segundo Santos (2008) a partir do ano 2000 à resistência passou a ser detectada e
produtos biológicos à base da bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis israelensis (Bti)
passaram a ser utilizados como medida de manejo da resistência ao temefós, apenas nos locais
onde foi confirmada a resistência de artrópodes. Para Braga & Valle (2007) Além de ser um
larvicida eficiente contra Aedes aegypti, Bti apresenta mecanismo de ação seletivo e
diferenciado dos inseticidas químicos. Mais de 10 produtos à base de Bti estão disponíveis no
mercado internacional, a maioria deles sob formulação líquida ou em grânulos de sabugo de
milho, consideradas menos apropriada ao tipo de criadouro de Aedes aegypti. Segundo Capalbo
et al. (2008), alguns fatores têm limitado a utilização de produtos biológicos à base de bactérias
entomopatogênicas em programas de controle de insetos vetores no Brasil, entre eles o custo
com a importação, transporte e distribuição. De acordo com estes autores, a produção
local/regional poderia reduzir os custos do produto, além de gerar desenvolvimento tecnológico
pela implantação de indústrias de fermentação.
De alguma forma, a demanda crescente deste biolarvicida tem levado ao engajamento de
instituições brasileiras como a FIOCRUZ6, IPA, EMBRAPA7, UFPE8, UEL entre outras, e em
menor proporção a iniciativa privada, no desenvolvimento de produtos à base de Bti em escala
experimental, semi-industrial e industrial (ARAÚJO et al., 2007; CAPALBO et al., 2008;
MELO-SANTOS et al., 2001a; 2001b; SANTOS, 2008). Desde 2005, a empresa Bthek
Biotecnologia Ltda produz em larga escala (1.000 L/ano) o Bt-horus SC, uma suspensão
concentrada formulada com uma cepa autóctone de Bti, com registro nacional (CAPALBO et
6 Fundação Oswaldo Cruz
7 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
8 Universidade Federal de Pernambuco
32
al.; SANTOS, 2008). O tratamento dos criadouros com produtos larvicidas, apesar de
representar uma forma importante de controle, nem sempre é suficiente para manter populações
de mosquitos em baixas densidades por longos períodos, sobretudo Aedes aegypti, que é capaz
de distribuir grupos de ovos em qualquer tipo de recipiente que possa acumular água (REGIS et
al.; SANTOS, 2008). Entretanto, apesar de o Bti ser eficaz na redução do número de Aedes
imaturos nos recipientes tratados em curto prazo, não há evidências de que esse método isolado
possa impactar na redução da morbidade da dengue em longo prazo (ZARA, 2016).
O controle microbiano é um ramo do controle biológico que se baseia na utilização
racional de entomopatógenos, a fim de reduzir uma população alvo que causa dano, podendo
esta ser uma praga agrícola, florestal ou urbana. Embora o termo entomopatogênico se refira a
patogenia em insetos, sua aplicabilidade vai muito além, sendo utilizado também como
patógenos de outros animais invertebrados de importância médica (DUARTE et al., 2015;
PERINOTTO et al., 2012) e agrícola (IGNOFFO et al., 1976; CAVALCANTI et al., 2008).
Segundo Catão (2016) outra vantagem relevante é a produção de entomopatógenos em
meios artificias de baixo custo, tais como de fungos do gênero Metarhizium e Beauveria, que
atualmente são bastante estudados no controle de diferentes artrópodes. Em comparação com
inseticidas químicos, esses entomopatógenos apresentam uma menor taxa de resistência, baixo
impacto ambiental e baixa toxicidade ao homem e a outros organismos não alvos. Entretanto,
esses microrganismos apresentam limitações na sua utilização, como a necessidade de se ter
condições ambientais favoráveis (umidade, temperatura, radiação UV), para que estes causem
doenças. Além do mais, o tempo de ação é geralmente menor quando se utiliza um inseticida
químico. O estudo com entomopatógenos para o controle de artrópodes não é recente.
Recentemente novos estudos vêm sendo realizados para aprimorar o uso em massa desses
entomopatógenos, para melhorar a estabilidade, formulação e a forma de aplicação (BATTA,
2003; POLAR et al., 2005; JACKSON & JARONSKI, 2009; AGARWAL, et al., 2012; RUIU
et al., 2013; SONG et al., 2014). Entre os agentes entomopatogênicos, os fungos se destacam
como sendo os principais causadores de doenças em insetos (ALVES, 1998; CATÃO, 2016).
Estudos demonstraram eficácia ao utilizar Fungos Entomopatógenos no controle
microbiano de diversos artrópodes. Isolados de Metarhizium anisopliae causaram até 100% de
mortalidade de larvas de segundo estádio de Aedes aegypti (SILVA et al., 2004). Em condições
de laboratório, Metarhizium anisopliae mostrou ter também atividade ovicida em Aedes aegypti
(LUZ et al., 2007, 2008; SANTOS et al., 2009). Lee et al. (2014) estudaram 12 isolados fúngicos
33
pertencentes a cinco gêneros (Beauveria, Cordyceps, Metarhizium, Paecilomyces e Verticillium)
para o controle de Aedes albopictus. Metarhizium anisopliae foi a espécie que mostrou atividade
larvicida mais rápida, cerca de 73 % de mortalidade aos dois dias de inoculação (CATÃO,
2016).
Como controle biológico do vetor, está sendo investigado o uso da Wolbachia, uma
espécie de bactéria simbionte intracelular, inofensiva ao homem e a animais domésticos,
encontrada naturalmente em mais de 60% dos insetos. A Wolbachia é capaz de reduzir pela
metade o tempo de vida de um mosquito adulto e é capaz de produzir incompatibilidade
citoplasmática completa, o que resulta em uma progênie estéril. Esta é uma abordagem
inovadora, cujo objetivo é reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito vetor de
forma natural e autossustentável. A estratégia consiste em infectar o mosquito Aedes aegypti
com cepas específicas da Wolbachia, capazes de produzir mosquitos estéreis. A interrupção do
ciclo reprodutivo do Aedes aegypti ocorre quando mosquitos machos com Wolbachia acasalam
com mosquitos fêmeas sem Wolbachia, Pesquisas de campo para avaliar a interação Wolbachia
Aedes aegypti foram iniciadas na Austrália, em 2008, e estão sendo desenvolvidas no Vietnã e
no Brasil. O método baseia-se na liberação semanal de mosquitos com Wolbachia, para avaliar
a capacidade desses mosquitos infectados de se estabelecerem no meio ambiente e se
reproduzirem com os mosquitos já existentes nos locais (MAIA, 2013; ZARA et al., 2016).
Desde 2012, funcionários da Fiocruz vêm trabalhando em bairros selecionados para o
estudo, realizando intenso trabalho científico de mapeamento dos mosquitos nos bairros de
Tubiacanga, Urca e Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, e de Jurujuba, em Niterói (RJ), e
instalando armadilhas para captura e estudo dos mosquitos da região nas casas de dezenas de
moradores, denominados “anfitriões” do projeto. Além disso, são mantidos contatos regulares
com os moradores, lideranças e associações, para coleta de dados fundamentais ao planejamento
dos estudos de campo (ALBUQUERQUE & FERREIRA, 2014). Inicialmente fez-se um estudo
de laboratório, com infecção de embriões do mosquito Aedes aegypti com uma variante da
bactéria Wolbachia), sem evidências de qualquer risco para a saúde humana ou para o ambiente,
e que impede o desenvolvimento do vírus da dengue no organismo do mosquito. A Fiocruz deu
início a uma importante etapa do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. O projeto conta
com o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro de Pesquisas René Rachou
(Fiocruz Minas) e do Programa de Computação Científica (Procc/ Fiocruz). A iniciativa sem
fins lucrativos integra o esforço internacional que estuda uma abordagem inovadora para reduzir
a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito de forma natural e autossustentável,
34
(especificamente na cidade do Rio de Janeiro) foi realizada a supressão dos criadouros
confirmados do vetor, para reduzir a densidade populacional do mosquito (ALBUQUERQUE
& FERREIRA, 2014).
Outro método biológico que vem crescendo é a utilização de peixes larvófagos (se
alimentam de larvas) para controle da dengue. Neste caso o controle é feito de maneira parecida
ao uso de Mesocyclops: são soltos peixes em grandes recipientes de água (caixas de água,
tanques, entre outros) com o intuito da eliminação das larvas dos mosquitos Aedes aegypti. Com
isso além da diminuição na população de mosquitos, também é observada a redução significativa
na utilização de larvicidas, proporcionando um controle mais barato e ecologicamente correto,
sem poluição ao meio ambiente. No Brasil já existem experiências com a utilização de peixes
larvófagos, como nas cidades de Jardim do Seridó – RN e Piumhi – MG que aderiram a este
método (MAIA, 2013).
Na cidade de Piumhi – MG as espécies de peixes utilizadas são conhecidas popularmente
como lebiste ou guppy (Poeciliareticulata) e o platy (Xiphophorus maculatus), escolhidas pelo
alto grau de reprodução e certa tolerância a poluição. Os objetivos principais deste controle na
cidade além da redução na quantidade de mosquitos e diminuição da quantidade de larvicida
utilizado é a divulgação das vantagens da aplicação de métodos biológicos, servindo como
incentivo para aplicação em outras cidades. Na cidade de Jardim do Seridó – RN os peixes
utilizados são conhecidos popularmente como piabas e tem de 3 a 7 cm de tamanho. A dinâmica
de controle é basicamente a mesma da utilizada em Piumhi, e os resultados adquiridos são
promissores: houve uma redução significativa nos índices de larvas encontradas na cidade. É
importante ressaltar que a utilização deste método não é capaz de erradicar os mosquitos, até
porque existem locais onde não é possível a liberação de peixes, sendo então necessário a
utilização conjunta de outras formas de controle (MAIA, 2013).
3.5.2 CONTROLE BIOLÓGICO PELO USO DE CROTALÁRIA, NÃO TEM
COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA
Como citado por Maia (2013), um exemplo de método biológico utilizado para controle é
a utilização de uma planta leguminosa chamada crotalária. Ela produz flores que atraem um
predador natural dos mosquitos: as libélulas. As libélulas colocam seus ovos nos mesmos locais
que o Aedes aegypti, gerando larvas que se alimentam das larvas do Aedes. Além disso, em sua
fase adulta, as libélulas podem se alimentar de Aedes já adultos. Essa é uma forma inovadora
35
de controle onde utiliza-se uma forma de atração de predadores naturais dos mosquitos, apesar
desse método não ter um impacto muito alto, pois seriam necessários milhares de libélulas para
eliminar todos os mosquitos, mas se aplicado em conjunto a outros métodos traz muitos
benefícios ao combate à Dengue. Este método já está sendo aplicado em algumas cidades do
Brasil como Monte Aprazível e São José do Rio Preto (SP), bem como Sorriso, no Estado de
Mato Grosso (MAIA, 2013).
De acordo com o pesquisador da Unesp9 de Assis, Regildo Márcio Gonçalves da Silva, a
crotalária é uma planta ornamental e não apresenta risco de impacto ambiental porque seria
necessária uma população gigantesca de libélulas para causar algum desequilíbrio. Para o
cientista a ação contribuiu, mas não pode ser considerada a salvação para a epidemia que assola
o Centro-Oeste Paulista. O impacto maior que nós temos é a eliminação do criatório para
eliminar o mosquito (BAURU & MARÍLIA, 2015).
Segundo Andrade & Cabrini (2010), no campus da Unicamp apenas uma vez foram
coletadas ninfas de Gomphidae (libélulas) em pneus-armadilhas para Aedes aegypti e Aedes
albopictus durante um programa de monitoramento que durou 8 anos. Ou seja, foram cerca de
400 avaliações em uma média de 20 armadilhas (cerca de 8.000 coletas), e apenas uma vez
encontraram-se ninfas de libélulas predando as larvas dos mosquitos nas armadilhas. Os autores
enfatizam a esperança que ninguém tenha se baseado naquela frase do trabalho para propor que
as libélulas vão controlar a dengue.
Conforme Wutke et al. (2015:6), a preocupação em relação à divulgação incessante desse
método justifica-se ainda mais porque o assunto é bastante sério, e mesmo que se considere a
boa intenção e possível benefício ambiental, em qualquer sugestão sobre o referido assunto não
há qualquer comprovação científica, necessária e suficiente, do que está sendo sugerido, pois a
dengue é, antes de tudo, um assunto do âmbito da saúde pública. Foram propostos muitos
projetos de lei de âmbito municipal, alguns vetados e outros preocupantemente já aprovados,
para incentivo ao cultivo de crotalária (geralmente de Crotalaria juncea) bem como de citronela,
muitos deles baseados em justificativas no mínimo não adequadas, particularmente no quesito
comprovação científica. A referida demonstração de eficácia não é cientifica ou devidamente
documentada na justificativa.
9 Universidade Estadual Paulista- UNESP de Assis.
36
Outros autores também não apoiaram a prática do cultivo da crotalária para combate à
dengue, considerando-o um método inócuo e sem efeito (ANDRADE; CABRINI, 2010).
Segundo estes autores, seriam necessários milhões de libélulas para combater apenas algumas
larvas do mosquito, além das libélulas serem predadoras inespecíficas, ou seja, não predam
preferencialmente as larvas do Aedes, e é raro que as libélulas sejam constatadas em locais onde
também é comum o mosquito da dengue. Além disso, a libélula faz a postura de seus ovos em
grandes depósitos de água, enquanto o mosquito precisa apenas de uma gota de água (LANGE,
2010).
Em contato telefônico estabelecido em 2 de fevereiro de 2011, a professora Janira
Martins, ex-diretora do Museu Nacional (1994-1997), decana do Departamento de Entomologia
do Museu Nacional e responsável pelo setor de Insetos Aquáticos, relatou à pesquisadora do
IAC10, Elaine Bahia Wutke, que visitara a cidade de Cotia (SP), por volta de 2005 ou 2006,
sendo então informada não haver surtos de dengue naquele município. Atualmente eles existem,
bem como já existiam naquela época em regiões de grande cultivo com cana-de-açúcar e onde
se cultivava Crotalaria juncea na reforma dos canaviais:
“Que fizera observações por apenas três dias em uma grande área
cultivada com a Crotalaria juncea, cujas plantas estavam na floração e
exalavam odor, quando constatou população relevante de insetos da
família Libellulidae predando larvas. Mas ela não comprovou tal efeito
sobre os mosquitos do Aedes e disse ser necessário desenvolver estudos
científicos complementares e comprobatórios sobre o assunto, que ainda
não haviam sido realizados” (WUTKE et al., 2015: 11).
De acordo Oliveira (2014:17), a crotalária talvez seja uma das culturas de cobertura mais
estudadas pois ela ocupa posição de destaque na adubação verde. A crotalária constitui um dos
maiores gêneros da família Fabaceae, com cerca de 690 espécies, distribuídas em regiões
tropicais e subtropicais da Ásia e África, e também com representantes na América do Sul
(GARCIA et al, 2013). Perin (2004) destaca a alta capacidade de fixação de N11 pela crotalária,
de 173 kg/ha, decorrentes tanto da alta produtividade de fitomassa (9,34 ton/ha), quanto do seu
alto teor de N. Esta leguminosa destaca-se pela capacidade de controle de fitonematoides do
solo, consistindo em excelente alternativa para manejo destas pragas (LEANDRO& ASMUS,
10 Instituto Agronômico de Campinas- IAC- 2015. 11 Nitrogênio.
37
2012). Uma das principais contribuições das leguminosas, por exemplo as crotalárias, para o
incremento da fertilidade do solo é o fornecimento de nitrogênio por meio da fixação biológica
do ar atmosférico e da incorporação de biomassa, fatores que proporcionam melhoria da
fertilidade química do solo e economia de fertilizantes nitrogenados (RIBEIRO JÚNIOR &
RAMOS, 2006:356).
Inicialmente o nome comum de crotalária é utilizado para se referir às plantas do gênero
Crotalaria, da família botânica Fabaceae (sin. Leguminosae). A Crotalaria juncea é uma planta
utilizada na produção de fibras e utilização como adubos verdes e plantas de cobertura na
agricultura, e vale ressaltar que a disseminação dessas espécies se dá por sementes e não por
mudas, que são espécies eretas e de ciclo anual. As flores dessas leguminosas (fabáceas) são de
coloração predominantemente amarela, com menos ou mais estrias ou manchas avermelhadas,
dependendo da espécie, o que as tornam bastante atrativas, particularmente para os insetos
polinizadores. Sobretudo, não são carnívoras e tampouco predadoras, como equivocadamente
alardeado em muitas das ações de distribuição das mudas das crotalárias (WUTKE et al., 2015).
A floração da Crotalaria juncea, sobretudo, é dependente de foto período e, portanto, com
período definido ocorre quando os dias ficam mais curtos, de abril até maio ou, eventualmente,
entre novembro e dezembro, após período de veranico, quando semeadas em outubro.
Imagina-se que todos saibam ainda que não havendo criadouro, não há mosquito. Ou seja,
não havendo no ambiente urbano pratos de vasos, garrafas com água, plantas aquáticas, caixas
d´água descobertas, pneus, ralos entupidos, etc., o risco de epidemia de dengue é muito baixo
ou nulo, e isso já é sabido desde 1903 quando o doutor Oswaldo Cruz impôs regras básicas para
erradicar outra doença que esse mosquito transmite - a febre amarela (ANDRADE & CABRINI,
2010).
O controle integrado consiste na interação simultânea de estratégias de diferentes
naturezas, visando diminuir a densidade da espécie alvo e impedir a transmissão da doença, e
tem suas bases na ecologia aplicada. A filosofia que lança as bases do controle integrado
apresenta como argumento não a proibição do uso de inseticidas, mas sim sua utilização
criteriosa, procurando-se reduzir ao máximo sua aplicação. Procura-se, assim evitar a
contaminação ambiental e postergar o aparecimento de resistência dos vetores aos componentes
químicos (NATAL, 1995; SANTOS, 2008).
De acordo com o MS (FUNASA, 1996), os principais métodos de gestão ambiental são
as ações de saneamento básico pela melhoria no abastecimento público de água, com ampliação
38
da cobertura de atendimento; a melhoria do sistema de coleta, transporte e destino final dos
resíduos sólidos e a implantação de Melhorias Sanitárias Domiciliares (MSD), especialmente
para as populações não cobertas por sistemas públicos de abastecimento de água. A educação
em saúde e a participação comunitária são fundamentais para qualquer programa de controle da
Dengue (SANTOS, 2003).
A cooperação dos cidadãos para o controle do vetor depende de um modelo de intervenção
proativo, ecologicamente correto e não paternalista. Porém, a educação e a participação não são
suficientes, fazendo-se necessário promover, concomitantemente, ações de saneamento
ambiental. A ampliação da consciência da população para o problema é fundamental para
modificar as condições de risco que promovem a doença. A população deveria ser corretamente
informada sobre todos os aspectos relacionados à doença (modo de transmissão, quadro clínico,
tratamento, etc.), sobre o vetor (seus hábitos, criadouros domiciliares e naturais) e sobre as
medidas de prevenção e controle no âmbito coletivo e individual, principalmente, as
relacionadas às políticas públicas para o controle da doença (SANTOS, 2003; NUNES, 2015).
3.6 HISTÓRICO DE PLANALTINA-DF
A RA de Planaltina é a mais antiga cidade do Distrito Federal. Fundada em 1859, foi
integrada ao DF em 1960, e, a partir desse momento, considerável contingente populacional
oriundo de invasões, como Vila Vicentina, Setor Residencial Leste (Vila Buritis I, II e III), Setor
Residencial Norte A (Jardim Roriz), foi incorporado à localidade. Em 1964, a Lei nº 4.545, de
10 de dezembro, dividiu o DF em oito Regiões Administrativas (RAs), e Planaltina ficou
configurada como RA VI (PDAD, 2015).
Os primeiros estudos da Comissão Cruls para a implantação da futura Capital do Brasil
incluíram, também a região de Planaltina. Em 1955 a comissão chefiada por Marechal José
Pessoa Cavalcante delimitou definitivamente o quadrilátero do DF que passou a ocupar uma
área de 5.814 K m². Planaltina foi um dos municípios de Goiás que teve seu território dividido,
ficando a sua sede dentro da área do DF. Incorporou-se à estrutura administrativa implantada na
época, perdendo então a condição de município e passando a funcionar como cidade satélite. A
outra parte, fora do quadrilátero, ficou como Planaltina (GO), conhecida também como
Brasilinha (PDAD, 2015; ASSUNÇÃO et al., 2016).
39
Segundo Silva (2014), apesar da cidade de Planaltina ser considerada uma das RAs mais
importantes do DF por abrigar importantes áreas de interesse ambiental, a expansão da sua área
urbana seguiu as mesmas proporções de outras RAs que foram marcadas pela relação permissiva
entre o poder público e loteadores, que agravou as inadequações no uso e ocupação do solo com
forte impacto ambiental e social. O surgimento de novos bairros ou assentamentos em Planaltina
refletiram de forma negativa na qualidade ambiental e na qualidade de vida dos moradores, e
somados à concentração e à desigualdade social provocaram, entre outras consequências, a
ineficiência ou ausência na oferta de infraestrutura e serviços urbanos adequados, como também
a degradação ambiental (MOURA & ROCHA, 2005: 20-21; SILVA, 2014).
De acordo com a pesquisa realizada nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2015
(Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios| PDAD - CODEPLAN12, 2015), a RA abriga
uma população urbana estimada em 189.412 habitantes (Figura 1), e quase metade encontra-se
na faixa etária de 25 a 59 anos (48%). Crianças na faixa de zero a 14 anos somam 22%, e os
idosos representam 11%. Quanto ao nível de escolaridade, a população concentra-se na
categoria dos que têm ensino fundamental incompleto, e os que possuem nível superior
completo representam menos de sete por cento (PDAD, 2015).
Figura 1: População urbana de Planaltina-DF-2015
Fonte: Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Planaltina), PDAD, 2015
O número estimado de domicílios urbanos é de 54.286, e considerando que a população
urbana estimada é de 189.412, a média de moradores por domicílio urbano é de 3,49 pessoas.
12 Companhia de Planejamento do Distrito Federal.
40
Na Região praticamente todas as construções são permanentes. Apenas 2,17%, embora
permanentes, encontram-se em fase de construção; 94,49% dos domicílios são casas e 3,58%,
apartamentos.
Segundo PDAD (2015), entre os vários fatores relevantes para avaliar a condição de
habitabilidade estão o atendimento de serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, coleta de lixo, entre outros. Quase totalidade dos domicílios conta com o
abastecimento de água pela rede geral, exceto 0,26% que tem poço ou cisterna e poço artesiano.
Em relação ao esgotamento sanitário, em Planaltina, 81,74% dos domicílios drenam seus
esgotos na rede geral de coleta e 12,13% em fossa séptica. Ainda foram encontrados 5,49% dos
domicílios utilizando fossa rudimentar e por fim 0,64% usam outras formas.
Nos domicílios desta região, 100% contam com serviços de limpeza urbana. Destes,
65,52% têm o serviço de coleta seletiva. Ruas asfaltadas, iluminação pública, calçadas e meios
fios estão presentes na quase totalidade dos domicílios. Já o sistema de águas pluviais atende
75,73%. Quanto ao fornecimento de energia elétrica, a totalidade dos domicílios conta com
fornecimento pela rede geral. A população ocupada está concentrada essencialmente no comércio
e nos serviços gerais, e 38% trabalham na própria região. A renda domiciliar apurada na localidade
é considerada baixa, 4,04 salários mínimos (SM 13 ) mensais e a per capita de 1,19 14 SM.
Considerando a renda média mensal auferida pelos moradores, os 10% mais ricos absorvem
37,67% da renda e os 10% de menor poder aquisitivo detêm apenas 1,46%. O Coeficiente de Gini
é de 0,47715.
3.7 DENGUE EM PLANALTINA- DF
Conforme os dados disponibilizados pelo NHEP/HRPL16, os casos notificados de Dengue
ocorridos em Planaltina-DF no período de 2007 a 2017 encontram-se ilustrados na (Figura 2).
Como a dengue se mantêm prevalente nesses anos.
13 Em 1º de janeiro de 2015, o valor do salário mínimo passou a ser R$ 788,00. A mudança foi feita por meio do
Decreto Presidencial 8.381, publicado em 30 de dezembro de 2014.
14 Renda per capita mensal foi de R$ 933,80 (1,19 SM).
15 O Coeficiente de Gini representa uma medida relativa da distribuição de renda. Mede a área entre o percentual
acumulado da renda e o percentual acumulado da população. Varia de “zero” (igualdade perfeita) a “um”
(desigualdade perfeita).
16 Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital Regional de Planaltina (NHEP/HRPL).
41
Figura 2: Série histórica de notificação da dengue em Planaltina- DF
Fonte: SINAN17 online/GIASS18/NHEP/ HRPL.
Ao analisar a série histórica de casos notificados de dengue em Planaltina-DF, observa-
se a prevalência desta patologia com incidência constante, sendo que apenas no ano de 2013 os
dados demonstram uma menor ocorrência da infecção. Planaltina se mantem entre as cidades
dos Distrito Federal que lideram casos de Dengue. O ano de 2010 destaca-se como o maior ano
epidêmico na história da dengue no país, superando o número de casos confirmados, incidência
e número de hospitalizações dos anos epidêmicos anteriores, 2002 e 2008 (BRASIL, 2012). A
doença apresenta um padrão sazonal, com maior incidência de casos na estação chuvosa. Pelo
segundo ano consecutivo, Planaltina aparece como a cidade do Distrito Federal com o maior
número de casos de dengue (COSTA, 2015).
No ano passado, Brazlândia, São Sebastião, Ceilândia e Planaltina somaram 55% dos
casos de dengue na capital federal e juntas acumularam 1.049 infecções, e essas cidades também
lideram a lista dos locais onde ocorre o maior número de descartes irregulares de lixo. Apenas
em janeiro, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) recolheu 12.870,25 toneladas de entulho nas
ruas e áreas públicas. Para autoridades sanitárias, o aumento de 375% no índice de chuvas em
relação ao mesmo período de 2015, agravou a ascensão das doenças transmitidas pelo Aedes
aegypti. A falta de atenção do brasiliense com o lixo tem pressionado a saúde pública
(AUGUSTO, 2016).
17 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
18 Gerência de Informação e Análise da Situação da Saúde Vigilância (GIASS).
42
O bairro revela um perfil desordenado, enfrenta diversos problemas de habitação e
saneamento básico, como limpeza urbana, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas que
não atendem todo o bairro, nem todas as ruas são asfaltadas. Moradores queixam-se da falta de
infraestrutura e dos entulhos; as construções nem sempre têm licença e os entulhos de obra de
construção civil são deixados em terrenos baldios. Os resíduos sólidos depositados a céu aberto
atraem insetos, ratos, baratas, moscas, e podem trazer doenças à população. O risco do lixo
espalhado pelas ruas atrai diversos tipos de vetores como insetos, baratas e moscas, as moscas
pousam no lixo e depois nos alimentos que serão ingeridos pela população, e isso pode provocar
diarreias. Com a chuva, o problema é a dengue pois nesses locais de lixo há muito material
acumulado que são potenciais criadouros do Aedes aegypti.
Na atualidade o bairro Arapoanga conta com dois postos de Saúde (CSP 05 e PSU), e os
números de casos notificados de dengue estão relacionados ao local de residência das pessoas,
independentemente do lugar que recebeu a assistência médica. Por se tratar de uma doença de
notificação compulsória, a uma simples suspeita de dengue deve-se notificar sem aguardar a
confirmação laboratorial, pois a informação para a Vigilância Epidemiológica é o ponto de
partida para a tomada de decisões e o desencadeamento das ações de controle.
Tabela1: Série histórica # notificação de dengue no bairro Arapoanga (2007- 2017*)
Fonte: SINAN Online/GIASS /NHEP/ HRPL
Desse modo, dentro da realidade sanitária do bairro Arapoanga e da estreita relação com
a dengue, tema de grande importância que deve ser abordado no âmbito escolar, por causa dos
recorrentes casos identificados no bairro a ECFI incorporou essa temática no PPP19. Portanto, a
importância de inserir temas transversais no currículo escolar se dá por diversos problemas
estruturais e conjunturais apresentados pela sociedade, para a qual uma das soluções é o
empoderamento dos indivíduos, tornando-os capazes de debater sobre os problemas
19 Projeto Político Pedagógico- PPP.
*: SINAN online- Dados atualizados em 19/06/2017 (até a Semana Epidemiológica- SE 27 de 2017).
43
relacionados à saúde e envolvê-los na busca e construção de saberes por meio de estratégias de
promoção da saúde.
4. METODOLOGIA
4.1 TIPO DE PESQUISA E ÁREA DE ESTUDO
Trata-se de trabalho teórico-empírico (pesquisa exploratória), com base em um estudo
comparativo entre o número de infecções pelo vírus da dengue antes e após ações de educação
ambiental e promoção em saúde, conduzidas no âmbito do Projeto Futuro Verde. Este projeto
de cunho pedagógico ambiental foi realizado por uma equipe de docentes da Escola Classe
Frigorifico Industrial do bairro Arapoanga, e foi motivado pela constatação de que parte do
absenteísmo discente decorria do acometimento pela dengue de muitas crianças e/ou seus
familiares. Com o objetivo de conscientizar os pais das crianças sobre os determinantes
ambientais da ocorrência de dengue naquele bairro, e crentes de um suposto potencial da
Crotalaria juncea em atrair libélulas que predam o mosquito vetor da dengue, podendo assim
reduzir a infestação ambiental por esse mosquito, distribuíram-se sementes da referida planta e
encorajaram os pais e as crianças a efetuarem o seu plantio em seus quintais. Dessa forma, e
para fins deste TCC, avaliaram-se as prevalências de soropositividade para o vírus da dengue
em dois momentos chave: antes do plantio de Crotalaria juncea (2016) e após atividades de
plantio da Crotalaria juncea (2017) em alguns domicílios, restringindo-se aos meses de janeiro
a maio desses dois referidos anos (2016-2017).
Na referida RA de Planaltina, e segundo o censo demográfico do IBGE20 de 2010, o
bairro Arapoanga situa-se na porção oeste da cidade, e conta com uma população de 42.580
habitantes (Figura 2).
20 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
44
Figura 3: Caracterização da área de estudo
Fonte: Google Maps
O Arapoanga teve início na década de 1990, quando um proprietário das terras à margem
esquerda do Córrego do Atoleiro na altura da Horta Comunitária e da Vila Buritis iniciou o
parcelamento das mesmas, dando assim início ao bairro Arapoanga e a uma série de
condomínios. Estes parcelamentos, dada sua grande dimensão espacial, têm sido os principais
focos de ocupação urbana na região, e ainda hoje o Arapoanga e os parcelamentos particulares
à margem esquerda do Córrego do Atoleiro não são regularizados em termos fundiários pelo
GDF 21 e a TERRACAP 22 denominou toda área como Setor Habitacional Arapoanga
(ALVESSANTOS, 2013: 26-27).
4.2 PROJETO FUTURO VERDE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
No intuito de promover um futuro melhor voltado para condições saudáveis de vida e
para um Planeta Terra habitável, a Escola Classe Frigorífico Industrial busca alternativas que
fortaleçam essa ideia. Neste contexto, a Educação Ambiental é resposta à minimização dessa
problemática, configurando-se num processo de exposição de conceitos e formação de valores
com respeito à diversidade e à promoção, através da sensibilização e da mudança de atitude em
relação ao meio.
21 Governo do Distrito Federal.
22 Companhia Imobiliária de Brasília.
45
Dentro desse contexto o projeto visou uma ação específica que está associada justamente
a um problema que atualmente atinge todo o Brasil. O vírus da dengue vem causando grandes
transtornos para a sociedade, podendo levar o indivíduo até à morte, dependendo do tipo e da
gravidade com que o mesmo se manifesta nos indivíduos. Assim, o Projeto Futuro Verde
estabeleceu como ponto crucial uma maneira eficiente e natural para diminuir os focos do
mosquito Aedes aegypti. Visto que o mosquito tem evoluído e causado cada vez mais vítimas
em todas as regiões do país, toda e qualquer forma de prevenção e de eliminação se torna um
grande aliado nesta luta.
Foi por esse prisma e observando as necessidades da natureza diante de tantas agressões
que a mesma vem sofrendo por parte do Homem, viu-se a carência de um projeto que estabeleça
critérios para o desenvolvimento de ações direcionadas a atitudes que favoreçam a
sustentabilidade. A proposta do Projeto Futuro Verde, direcionado aos alunos das séries iniciais
do ensino fundamental, foi proporcionar qualidade de vida aos estudantes daquela Instituição
Educacional, oportunizando aos mesmos que multiplicassem esses hábitos junto aos seus
familiares.
Num primeiro momento foram distribuídas sementes e mudas de Crotalaria juncea a
estudantes da ECFI bem no início do ano letivo de 2016, num esforço de conscientização dos
estudantes na preservação do meio ambiente e estimulando a inter-relação entre os seres vivos
e o planeta. Posteriormente aplicou-se um questionário com perguntas fechadas junto aos pais
dos estudantes para mensurar a atuação deles na implementação do projeto em ambiente
doméstico.
Tentou-se descrever a realidade do contexto epidemiológico do bairro Arapoanga,
buscando assim qualificar as possíveis transformações que hipoteticamente ocorreriam a partir
da implementação do PVF, e em termos de redução de risco ambiental de infecção, com base
na distribuição de sementes e mudas aos estudantes da ECFI.
46
4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: QUESTIONÁRIO
A população respondente foi composta a partir da abrangência do PFV, tendo como amostra
a unidade domiciliar dos estudantes matriculados naquela instituição escolar. As questões que
compuseram o questionário foram de múltipla escolha, abertas e dicotômicas. Dentre os vários
fatores relevantes para avaliar a condição de habitabilidade estão o atendimento de serviços públicos
de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, entre outros. O primeiro
questionário foi aplicado com o intuito de coletar dados sobre coleta de lixo, acondicionamento e
separação do lixo doméstico, frequência, inspeção e limpeza das imediações da residência, e o
número de membros da família que haviam tido dengue no ano de 2016.
Um segundo questionário foi administrado a uma população igualmente composta a partir
do PFV, e desta feita foram coletados dados acerca de características sócio demográficas da
população abordada, bem como informações sobre a percepção ambiental das famílias em
relação ao mosquito vetor da dengue. Por fim, registrou-se a presença ou ausência de Crotalaria
juncea nos quintais dos domicílios, e para o ano de 2017 documentou-se a prevalência auto
referida de dengue nas unidades familiares que responderam este segundo questionário durante
o mês de maio do corrente ano de 2017.
4.4 COLETA DE DADOS SECUNDÁRIOS
Tendo como universo a população residente no bairro Arapoanga e tomando, quando
necessário, a RA de Planaltina-DF como referencial. Para tal descrição, foram usadas as seguintes
fontes de informação: dados populacionais (IBGE, 2010); dados socioeconômicos como
abastecimento de água e coleta de lixo, e esgotamento sanitário de Planaltina-DF, extraídos da
Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) do Distrito Federal durante o ano de 2015,
disponíveis na Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN).
Outros dados utilizados nesta pesquisa foram extraídos de bases oficiais nacionais do
Ministério da Saúde, Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A
investigação utilizou-se de dados do banco nominal de dengue- Departamento de Informática
do Sistema Único de Saúde (DATASUS)- SINAN Online (Dengue e Informes Epidemiológicos
mensal) fornecidos pela Gerência de Informação e Análise da Situação da Saúde Vigilância
(GIASS) e Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital Regional de Planaltina (NHEP/
HRPL).
47
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
Os dados primários deste estudo, obtidos por meio dos questionários auto- respondidos
pelos participantes e acima descritos, foram codificados e tabulados em planilhas do Programa
Estatístico Statview 5.0 (SAS Institute), ora como variáveis nominais categóricas ora como
variáveis numéricas continuas. Em seguida, estatísticas descritivas gerais foram calculadas para
as diversas variáveis tabuladas, e para verificar a suposição de normalidade das variáveis
envolvidas no estudo aplicou-se o teste de Shapiro Wilk para se poder escolher a melhor e mais
adequada estratégia de análise estatística inferencial (paramétrica ou não paramétrica).
4.5.1 TESTE DE NORMALIDADE
A distribuição normal é uma das mais importantes distribuições de probabilidade da
estatística, conhecida também como Distribuição de Gauss ou Gaussiana, que foi desenvolvida
pelo matemático francês Abraham de Moivre em 1733 (TRIOLA, 2008). Leotti et al. (2005)
consideram que o teste de Shapiro-Wilk é, aparentemente, o melhor teste de aderência à
normalidade, e este fato também é confirmado pelos autores Cirillo & Ferreira (2003) e Oztuna
et al. (2006). Shapiro & Wilk (1965) desenvolveram o teste de Shapiro-Wilk mostrando que
esse teste é eficiente para tamanhos amostrais menores que 30 observações (LOPES et al., 2013).
Considerando as distribuições assimétricas (não gaussianas) constatadas, optou-se por testar a
hipótese de redução do número de casos de dengue antes e após o plantio das crotalárias (2016–
2017) usando-se o Teste de Wilcoxon Pareado.
4.5.2 TESTE DE WILCOXON PAREADO
O tratamento adotado para a análise comparativa entre a variável ‘número de casos de
dengue’ entre o ano de 2016 e 2017 consistiu na aplicação de um teste de hipótese não
paramétrico, para comparação entre os diferentes períodos analisados, portanto comportando-
se como grupos pareados de prevalência de dengue em 2017 em relação a 2016. As conclusões
foram tomadas tendo como base as comparações das medianas, considerando-se nível de
significância alfa = 5%.
De maneira complementar, os dados de notificação de prevalência de dengue em série
histórica (compreendendo o período de 2007 a 2017) foram obtidos em formato de planilhas
Excel junto aos órgãos oficiais mencionados anteriormente, e inicialmente analisados com fins
48
de elaboração de gráficos e tabelas de distribuição de frequência de casos notificados da doença
em estudo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O perfil geral dos respondentes (65 pessoas) indica uma predominância de participantes
do sexo feminino (73,8%), e segundo levantamento feito pelo PDAD (2015), mais da metade da
população de Planaltina-DF é constituída por pessoas do sexo feminino (~51,1%). A maior parte
dos indivíduos apresentam idade entre 30 e 40 anos, sendo a segunda idade mais frequente 20 a
30 anos. Considerando-se uma subamostra de 26 pessoas que responderam às perguntas sobre
escolaridade, em torno de 50% possui o nível médio completo, seguido de dez pessoas que
possuem o ensino fundamental completo, 1 indivíduo com ensino médio técnico, um superior
completo e um superior-incompleto. Esses graus de escolaridade mostram que existe nesse grupo
uma variedade de saberes, o que possibilita a construção do conhecimento e a transferência de
informações a partir de inúmeros pensamentos. Em relação à ocupação, 26% respondeu trabalhar
no lar e os demais afirmaram ter trabalho remunerado, com uma renda familiar de um salário
mínimo, seguido de até dois salários mínimos.
Quanto o acesso à água, esgoto e recolhimento do lixo, o serviço de distribuição de água
para o consumo humano cobre todo o grupo amostral, e os respondentes afirmam possuir
abastecimento de água em suas casas. Além disso, por meio desta pesquisa pode-se verificar
que a maioria dos domicílios dos entrevistados possui sistema de esgoto sanitário (rede geral da
Caesb23) e uma pequena porção respondeu que utilizam fossa séptica como forma de tratamento
dos esgotos sanitários. A coleta pública do lixo cobre os domicílios de todos os entrevistados, e
em relação ao tipo de serviço de coleta de lixo a maioria (86,3%) respondeu que o tipo de coleta
de lixo da sua residência é pelo caminhão de lixo tradicional; apenas 13,7% informaram praticar
a coleta seletiva. Além disso, a destinação correta do lixo foi relatada por uma importante
parcela da população estudada como sendo uma forma de combater o vetor da dengue,
corroborando assim com Flauzino et al. (2011) e Fappi (2014) que afirmam ser a disposição
inadequada de resíduos sólidos um dos fatores que contribuem para a proliferação de vetores,
23 Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal.
49
haja vista que resíduos sólidos jogados a céu aberto podem acumular água da chuva e tornarem-
se possíveis criadouros.
Segundo Ribeiro e Rooke (2010), o saneamento básico é fundamental na prevenção de
doenças. Além disso, a conservação da limpeza dos ambientes, evitando resíduos sólidos em
locais inadequados, também evita a proliferação de vetores de doenças como insetos e ratos que
são responsáveis pela disseminação de algumas moléstias.
As condições precárias de saneamento básico e a concentração da população de baixa
renda em áreas periféricas das grandes cidades criam um ambiente favorável ao
desenvolvimento e à proliferação do Aedes aegypti. Segundo Tauil, pesquisador da UnB24 e na
época assessor do MS, que foi entrevistado pela Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde: O
saneamento básico, e em especial o abastecimento de água e a coleta de lixo mostram-se
insuficientes ou inadequados nas periferias das grandes metrópoles, fazendo com que haja um
aumento do número de criadouros potenciais do Aedes aegypti. Além disso, registre-se o fato
do sistema produtivo industrial moderno produzir uma grande quantidade de recipientes
descartáveis que têm destino inadequado, sendo, portanto, abandonados em vias públicas,
quintais, terrenos baldios, praias e outros locais, e contribuindo para a proliferação do inseto
vetor (BRASIL, 2008; SILVA et al., 2014).
Quando questionados a respeito da forma que descartam o lixo, 47% relatou utilizar saco
de lixo, 40% reaproveita sacolas de supermercado para desprezar os resíduos sólidos, e 13% usa
tanto saco de lixo como sacola de supermercado para desfazerem-se do lixo. O lixo recolhido é
levado para área de transbordo da RA de Sobradinho-DF, e consequentemente conduzido ao
recém-inaugurado Aterro Sanitário de Brasília, localizado na RA de Samambaia- DF. Lagrotta
et al. (2008) afirmam que produtos industrializados podem contribuir para a dispersão e
densidade do vetor no ambiente antrópico, haja vista que o acondicionamento desses objetos no
ambiente sem o devido tratamento adequado aumenta a quantidade de lixo e favorece o
estabelecimento de populações de insetos indesejáveis.
No que se refere à separação do lixo, a maior parte das pessoas (55%) respondeu que não
faz a separação do lixo, e os outros 45% têm o hábito de separar. O Serviço de Limpeza Urbana
(SLU) suspende coleta seletiva de lixo em cinco regiões do DF: São Sebastião, Paranoá, Itapoã,
Fercal e Planaltina, houve baixa adesão e empresa não quis prorrogar contrato. A companhia
terceirizada responsável por coletar o material nessas regiões recebia por tonelada de dejetos e
24 Universidade de Brasília.
50
não por dia trabalhado, e desde março de 2015 que a população de Planaltina não conta mais
com esse serviço. Porém, isso não impede hábitos sustentáveis de separação do lixo, o que
facilita no momento da triagem dos resíduos durante o processo de reciclagem. É inegável a
importância dos serviços de saneamento básico, tanto na prevenção de doenças quanto na
preservação do meio ambiente. A incorporação de aspectos ambientais nas ações de saneamento
representa um avanço significativo em termos de legislação, mas é preciso criar condições para
que os serviços de saneamento sejam implementados e sejam acessíveis a todos, ou seja, a
denominada universalização dos serviços, princípio maior do marco regulatório do saneamento
básico no Brasil, segundo a Lei 11.445/2007 que dispõe sobre a PNSB25 (RIBIRO & ROOKE,
2010).
A PNSB estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e o define em seu Art. 3º,
conforme abaixo:
I - Saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações
operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades,
infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de
água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos
instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas
e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição
final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o
seu lançamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de
atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do
lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
25 A Lei nº 11.445/2007, de 05 de janeiro de 2007, Política Nacional de Saneamento Básico.
51
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de
atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem
urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o
amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das
águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
A coleta de lixo tem que ser eficiente, evitando assim possíveis criadouros do Aedes em
terrenos baldios. Um eficiente serviço de água também poderá evitar o armazenamento desse
recurso pelas pessoas, pois a falta de água em alguns setores obriga as pessoas a armazenarem
água em recipientes que poderão se tornar ambientes favoráveis ao mosquito Aedes aegypti. A
inspeção domiciliar é importante para o controle do vetor, sendo que os profissionais ACS e
ACE podem ensinar aos moradores meios de evitar a proliferação do mosquito dentro das
residências, além de determinar se está havendo reprodução dos mosquitos. O poder público
deve preparar planos emergenciais de ação, caso aconteçam surtos e epidemias da doença, além
de realizar campanhas escolares e campanhas de limpeza, entre outras ações que objetivam a
obtenção de resultados eficazes no controle do vetor (JS SILVA, 2008).
Além disso, por meio dessa pesquisa pode-se verificar que a maioria dos entrevistados faz
a limpeza do quintal diariamente (61%). Um percentual de 29% inspeciona apenas uma vez por
semana, enquanto outros 7% não responderam e apenas 3% diz limpar o quintal uma vez por
mês. Segundo Silva et al. (2008), durante o processo de oviposição as fêmeas chegam a depositar
entre 150 e 200 ovos, o que pode causar um considerável aumento do risco de infestação
ambiental.
A distribuição dos focos larvários é consequência apenas da pequena oferta de recipientes
com água no intradomicílio ou também da preferência do Aedes aegypti realizar oviposição no
peridomicílio. Nesta perspectiva, a comunidade fica na maioria das vezes como espectadora e
na dependência de ações previamente definidas. Quando solicitada, sua participação se resume
ao desenvolvimento de tarefas pontuais, que não exigem envolvimento para que de fato se dê a
incorporação de práticas de eliminação dos criadouros, a ponto de evitar ocorrência de dengue.
Quanto à presença e frequência de passagem do caminhão fumacê (utilização de inseticidas para
o combate à dengue), este passa nas proximidades das suas casas, onde a maioria (62%) disse
que passa em média uma vez por mês.
52
Um ponto forte ressaltado foi a respeito tanto da ação de anti invasão do mosquito Aedes
aegypti quanto da contribuição ou colaboração da população no combate, a maioria (77%) tendo
afirmado que inspeciona a casa, seguida de 20% que além de inspecionar sua casa e quintais
ainda conversa e incentiva os vizinhos sobre esses cuidados, e apenas 3% respondeu que como
medida de combate conversa com os vizinhos sobre o assunto, o que é algo preocupante pois
apenas conversar com os vizinhos é muito pouco , diante da ameaça que esse vetor representa,
é preciso mais que a comunicação, é necessário também a mobilização social para que a
sociedade adquira conhecimentos sobre como evitar a dengue e combater o vetor, e
principalmente participar efetivamente da eliminação contínua dos criadouros potenciais do
mosquito, cada um precisa fazer sua parte.
É necessário utilizar-se de métodos de mobilização social que promovam a participação
verdadeira e positiva da população nas ações de modificação ambiental que são requeridas para
o controle de vetores causadores de doenças, a escola é um excelente cenário para esse tipo de
promoção em saúde. Atualmente é reconhecido que somente o conhecimento não é garantia de
mudança de comportamento, e segundo alguns estudos as áreas dos bairros urbanos são em geral
distintas em termos de ambientes para o desenvolvimento dos vetores. Alguns quintais
apresentam condições bastante favoráveis para a reprodução dos vetores de doenças urbanas,
enquanto que em outros com maiores cuidados essas condições são reduzidas. Esse fato tende a
favorecer a distribuição agregada ajustada ao modelo binomial negativo que permite auxiliar no
controle do vetor. Uma vez que se sabe que os mosquitos vetores de uma população distribuem-
se de maneira agregada, isso implica que ao se encontrar alguns indivíduos dessa espécie em
um determinado local, é muito provável que outros sejam encontrados nas áreas circunvizinhas.
Dessa forma, há uma grande economia de tempo e recursos ao se aplicar as medidas de controle
(ALMEIDA et al., 2006; PICINATO, 2012).
Tendo uma amostra de 65 entrevistados, 65% respondeu que plantou a semente da
Crotalária em sua casa, ou nas suas proximidades (Figura 3), e 35% relatou não ter plantando.
A maioria colaborou integralmente com a proposta do PFV, reforçando que o desenvolvimento
da educação ambiental como uma ação concreta e contínua para a mudança de hábitos que
auxiliam na tomada de decisões e ações de cada indivíduo, refletindo positivamente no meio
que está inserido, devido os cuidados realizados de forma rotineiras no ambiente doméstico e
peridoméstico E quanto ao local de plantio da crotalária, 52% plantou no vaso, 34% plantou no
solo e 14% plantou em ambos os locais.
53
É importante promover a consciência de preservação do meio ambiente através das
diversas ações voltadas para a sustentabilidade, estimulando a inter-relação entre os seres vivos
e o Planeta Terra, assim como o papel transformador que o Homem exerce sobre o meio
ambiente e estimular ações de caráter preventivo de moléstias. Conforme (Figura 4), sendo este
um dos objetivos da proposta do PFV, educação ambiental e promoção em saúde. Essa parte
prática de ter a crotalária no ambiente doméstico é um resultado positivo em relação à postura
das famílias dos estudantes da ECFI, quanto a importância de colaborar com o projeto. De modo
geral, a planta “representa um alerta” à necessidade de cuidar dos seus quintais e eliminar os
potenciais criadouros dos mosquitos.
Figura 4: Crotalaria juncea plantada no quintal - Arapoanga
Figura 5: Crotalária em meios as diversas plantações
54
Num segundo momento (maio 2017), quando indagados sobre a presença da crotalária em
seus domicílios, 76% respondeu que tem a Crotalaria juncea plantada. A escola é um espaço
privilegiado para o desenvolvimento de campanhas em saúde porque, além de abranger uma
grande parcela da comunidade local, a implementação ocorre através dos próprios professores
nas salas de aula, tornando a abordagem da temática disciplinar, o que permite uma manutenção
contínua dos objetivos a serem alcançados junto à escola. Desse modo, como coloca Rodrigues
(2008) e Nakagawa (2013), a promoção da saúde constitui uma estratégia fundamental no
contexto escolar, onde parte-se da necessidade de buscar desenvolvimento global do indivíduo,
estimulando suas competências e favorecendo sua integração junto à comunidade. Nesse
contexto, a planta é tida como “dever de casa” que é a responsabilidade do estudante e da família
na adesão do PFV envolvidos no combate do vetor causador da dengue e de mais outras doenças.
diante, dessa observação a planta poderia ser qualquer outra não necessariamente a crotalária,
Na análise dos dados de prevalência auto referida da dengue em 2016, a maioria dos
participantes (~ 82%) respondeu não ter havido quaisquer casos no domicílio. Apenas 17,9%
respondeu ter sido acometida por essa moléstia, e outra questão notável é que o mesmíssimo
grupo amostral até o mês de maio deste corrente ano de 2017 não relatou a prevalência da dengue
na unidade familiar.
Tabela 2: Redução do # casos de Dengue estatisticamente significativa
Análises pareadas não paramétricas comparando os dados de prevalência de dengue em
2017 em relação a 2016 indicam uma redução do número de casos de dengue nesse intervalo de
57
2
-2,100
,0357
-2,165
,0304
# 0 Differences
# Ties
Z-Value
P-Value
Tied Z-Value
Tied P-Value
Wilcoxon Signed Rank Test for # Casos de Dengue 2016, # Casos de Dengue 2017
1 3,000 3,000
7 33,000 4,714
Count Sum Ranks Mean Rank
# Ranks < 0
# Ranks > 0
Wilcoxon Rank Info for # Casos de Dengue 2016, # Casos de Dengue 2017
55
tempo, e esta diferença se apresenta estatisticamente significativa, conforme parâmetros do teste
utilizado (Teste Wilcoxon, p < 0,05.
Figura 6: Diferença mediana do # casos de Dengue entre 2016 e 2017.
Representação gráfica conforme (figura 6) acima, comparação da diferença mediana do
número de casos de dengue em subamostra (n=24) da população de estudo (2016 – 2017).
Ao analisar a percepção ambiental das pessoas entrevistadas em relação ao Aedes aegypti
e à dengue (transmissão, procriação, criadouros, ações de combate), tomando-se por base as
leituras e compreensões presentes nos questionários, foi possível observar que algumas pessoas
têm conhecimento preciso da biologia do mosquito. Todos os indivíduos entrevistados foram
unânimes em responder que a transmissão da dengue se dá através da picada do mosquito, e
quanto à procriação é notável que todos têm entendimento que é através de água parada. Apenas
5 pessoas responderam que o mosquito só procria em água limpa, os demais declararam que
água suja também é um potencial criadouro do mosquito. Estudos recentes demonstram que o
Aedes Aegypti é capaz de se adaptar às condições urbanas, onde é endêmico, e se reproduzir em
água com altos níveis de poluição, como o esgoto bruto, diz um estudo da UEPB26.
Conforme os boletins epidemiológicos SE 2127 de Dengue, este ano houve uma redução
nos casos de dengue em relação ao ano de 2016, a taxa de incidência de dengue até a SE 21 de
26 Universidade Estadual da Paraíba.
27 Fonte: SINAN Online Casos de dengue. Dados atualizados em 29/05/2017 (até a Semana Epidemiológica 21 de
2016 e 2017).
0
,05
,1
,15
,2
,25
,3
,35
# Casos de Dengue 2016 # Casos de Dengue 2017
56
2017 permanece baixa na maioria das RAs, No entanto as Regiões de Saúde Sul, Leste, Norte,
Sudoeste, Centro-Sul e Oeste apresentam as taxas mais elevadas. Nestas, destacam-se as RAs
com taxas em ascensão: Estrutural, São Sebastião, Santa Maria, Planaltina, Gama, Samambaia,
Itapoã, Guará, Riacho Fundo II, Brazlândia e Ceilândia. Nota-se que Planaltina mantêm a
prevalência da dengue nos seus registros. Segundo o MS a participação da população nesse
processo é fundamental. Nenhum poder público pode enfrentar sozinho a eliminação dos focos
do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. O cuidado dever ser constante, em especial a
eliminação de locais com água parada e criadouros com mosquito. A redução nos casos dessas
três doenças, apontada no último boletim, pode ser atribuída a um conjunto de fatores, com a
mobilização nacional contra as doenças e a maior proteção pessoal da população, a escassez de
chuvas em determinadas regiões do país, o que desfavorece a proliferação do mosquito, e a
proteção natural que as pessoas adquirem ao ter alguma das doenças em anos anteriores
(BRASIL, 2017).
O Aedes aegypti é capaz de se adaptar às condições urbanas, onde é endêmico, e se
reproduzir em água com altos níveis de poluição, como o esgoto bruto, diz um estudo da UEPB,
a pesquisa liderada pelo biólogo Eduardo Bezerra, analisou o desenvolvimento do mosquito em
água com diferentes graus de poluição. Ela mostra que não é apenas o grau de pureza da água que
determina o desenvolvimento das larvas. “Tinha-se a crença de que os mosquitos só se
reproduziam em água limpa, mas já foram encontradas larvas em águas de esgoto” (RODRIGUES,
2016).
Quanto à melhor forma de combater o mosquito, muitos entrevistados afirmam que é
eliminando o foco de água parada, evitando recipientes expostos de modo que possam acumular
água, prevenindo e acabando com qualquer forma de procriação do mosquito, colocando as
garrafas de boca para baixo, e limpando a casa e o quintal periodicamente, são todas ações
necessárias para combater o Aedes aegypti; são cuidados importantes e necessários para que
passamos contribuir no controle do Aedes.
Por fim, quanto ao momento em que os respondentes mostram a profundidade da sua
participação e colaboração no combate do vetor, constata-se que 92% dos entrevistados
concordam que o combate não deve ser feito somente pela Secretaria de Saúde (SS), mas a
população também tem papel importante no que tange o controle do agente causador de
endemias, e apenas 8% acreditam que deve ser tarefa exclusiva da SS. Nessa interação,
confiança e credibilidade são duas condições necessárias à participação, pois as pessoas
57
precisam estar convencidas de que há um problema, há um risco à sua saúde, para que se
mobilizem e participem de ações de controle em parceria com o poder público. Contudo, de um
lado as relações trabalhistas dos agentes, a falta de capacitação, a violência urbana/insegurança
e outros fatores sociais fragilizam os vínculos de confiança entre agentes públicos e a população.
Além disso, as deficiências nas ações do Estado e a imagem dos serviços públicos de saúde
veiculada pela mídia reforçam a falta de credibilidade nesses serviços. Ademais, as pessoas
tendem a subestimar situações de risco familiares e ficam mais preocupadas com eventos de
maior vulto divulgados pela mídia, que são apresentados dramaticamente e que difundem de
certo modo, no imaginário popular, a ideia de que os riscos estão em algum lugar distante,
afetando grupos específicos, e não ali, em suas vidas cotidianas (RANGEL, 2008).
Ainda com algumas dificuldades, a realização do trabalho, bem como o entendimento do
potencial que o projeto tem, trouxe perspectivas de mudança de hábitos e costumes do grupo
amostral. Diante de todo o contexto, algumas recomendações podem ser feitas no sentido de
melhorar o funcionamento e o alcance do PFV. Na verdade, existem muitas possibilidades para
que o projeto alcance um número maior de habitantes do DF, Além da divulgação na mídia, a
ampliação do campo de atuação do PFV e do alcance de mais pessoas por meio da educação
seria o investimento do PFV nas escolas primárias, sendo um ponto de partida para auxiliar no
processo de formulação de uma estratégia de combate ao vetor. A Educação Ambiental com
crianças possui um poder de propagação muito eficiente. As crianças costumam dar atenção ao
que se aprende e como se aprende e reproduzem isso para os pais e para os adultos com quem
tem contato.
Apesar da evidência observada neste estudo piloto da presença de uma determinada
planta nos quintais como potencial ferramenta para diminuição dos criadouros do Aedes aegypti
no caso à presença da crotalária, a discussão de algumas limitações metodológicas se impõe. A
literatura científica que mostra essa evidencia é bastante incipiente, e não dá grandes créditos
ou importância para alguns relatórios que têm sido lançados na web sem publicação em revistas
cientificas com corpo e revisão editorial por pares. Além disso, o questionário utilizado foi
inicialmente concebido para fins não necessariamente da presente pesquisa de TCC e, portanto,
algumas adaptações e ajustes se fizeram necessários ao longo dos trabalhos de pesquisa de
campo. Ainda há muito a ser estudado e melhorado, desde a coleta de novos dados à observação
da presença da libélula concreta e efetivamente predando o mosquito, em meio ao ambiente
doméstico e peridoméstico.
58
CONCLUSÃO
A principal conclusão deste estudo é que apesar de seu caráter inicial e preliminar,
conseguimos assim mesmo observar que as ações de promoção da saúde propostas pelo Projeto
Futuro Verde no âmbito doméstico e peridoméstico, usando a educação ambiental como
abordagem metodológica, obteve um resultado satisfatório no que concerne as mudanças de
hábitos e adoção de práticas de combate ao Aedes aegypti no bairro do Arapoanga, na Região
Administrativa de Planaltina-DF. O projeto propõe um arranjo inovador capaz de promover a
mudança na rotina e na construção de uma sociedade mais consciente, participante e praticante
nas ações de promoção da saúde. Um projeto com a perspectiva como a do PFV (de educação
para a saúde) deveria ser aplicado aos estudantes da rede pública escolar, e poderia então ter um
efeito muito maior no que diz a respeito ao objetivo principal do projeto, o desenvolvimento
sustentável: reciclar mentes, diminuir impactos, capacitar seres humanos novos em harmonia
com nosso meio ambiente.
Porém, há necessidade de se investir em estudos complementares que usem metodologias
mais apropriadas de epidemiologia ambiental para melhor compreender os mecanismos
ecológicos envolvidos, buscando também sensibilizar a população a praticar estilos de vida
saudável e sustentável, e sobretudo a necessidade de mudanças de comportamento que
objetivem o controle do Aedes aegytpi. Tal fato serve de base para indicar que isto é possível
através da mudança dos hábitos, desenvolvimento do senso de sustentabilidade, que seja pelo
simples fato de ter uma planta no seu quintal ou até mesmo dentro de sua casa.
Independentemente de ser crotalária, girassol, lucena, o que é primordial são cuidados, medidas
adotadas que visem a eliminação dos criadouros, e o controle do Aedes aegypti.
59
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73
APÊNDICE A- MODELO DO PRIMEIRO QUESTIONÁRIO APLICADO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL COORDENAÇÃO REGIONAL DE ENSINO DE PLANALTINA
ESCOLA CLASSE FRIGORÍFICO INDUSTRIAL
Em virtude da construção do Projeto Futuro Verde, que visa potencializar os cuidados com o
meio ambiente e diminuir os casos de dengue na região, a Escola Classe Frigorífico Industrial
pede a sua colaboração no sentido de preencher o questionário, contribuindo com a coleta de
dados, que servirá de sustentação para o projeto em questão.
ENDEREÇO DO PARTICIPANTE DA PESQUISA: ________________________________ 01. Como acontece a coleta de lixo em sua região?
( ) Caminhão de lixo tradicional
( ) Caminhão de coleta seletiva
02. Como acontece a coleta de lixo em sua região em:
( ) Saco de lixo
( ) Sacola de supermercado
( ) Queima o lixo
( ) Enterra o lixo.
03. Você costuma separar o lixo produzido antes de descartar?
( ) Sim ( ) Não
04. Com que frequência você inspeciona a limpeza nas imediações da sua residência?
( ) Todos os dias
( ) Uma vez por semana
( ) Uma vez por mês
( ) Nunca
( ) Outros
(Especifique a quantidade) ______________________________________________
05. Algum membro que reside em sua casa já teve dengue neste ano de 2016?
74
( ) Sim ( ) Não.
Em caso afirmativo, especifique a quantidade: _______________________________________
06. Dos seus filhos, que se encontram matriculados nesta Instituição Educacional, quantos já tiveram dengue este ano?
( ) 01
( ) 02
( ) 03
( ) Nenhum
07. O caminhão com o fumacê (veneno que elimina o mosquito da dengue) passa nas proximidades da sua casa?
( ) Sim ( ) Não
Em caso afirmativo, preencha os campos abaixo:
( ) Nunca passou
( ) Passa pelo menos uma vez por semana.
( ) Passa uma vez por mês
( ) Outros (Especificar a quantidade de vezes que alguém da família já observou o caminhão com o fumacê nas proximidades) _________________________________________________.
08. O que você faz para evitar que o mosquito da dengue invada a sua casa? (Nesta questão você poderá marcar mais de uma alternativa).
( ) Inspeciona a sua casa, verificando acúmulo de água e entulhos
( ) Conversa com vizinhos, incentivando os mesmos a inspecionarem suas casas
09. Você plantou a semente da Crotalária em sua casa ou nas proximidades?
( ) Sim ( ) Não
10. Plantou em vaso ou em solo?
A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve
contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes
e a Natureza (Nagib Anderáos).
75
APÊNDICE B- MODELO DO SEGUNDO QUESTIONÁRIO APLICADO
Bacharelado em Gestão Ambiental
O presente questionário foi elaborado com vistas a alcançar a compreensão do
conhecimento da população de bairro Arapoanga na RA Planaltina- DF, a respeito do Projeto
Futuro Verde para avaliar as condições socioambientais urbanas e a percepção ambiental em
relação ao Aedes Aegypti e a Dengue, a partir da opinião dos pais dos alunos da Escola Classe
Frigorífico Industrial, na qual a colaboração no sentido de preencher o questionário, contribui
com a coleta de dados, que servirá de sustentação para o pesquisa em questão.
ENDEREÇO DO PARTICIPANTE DA PESQUISA: ______________________________
1. Qual seu nome? ___________________________________________________
2. Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino
3. Idade:
( ) 20 – 30 anos
( ) 30 –40 anos
( ) 40 – 50 anos
( ) 50 – 60 anos
( ) acima de 60
4. Grau de instrução? ( ) Nível Fundamental
( ) Nível Médio
76
( ) Superior
( ) Outros:______________________
5. Qual é a sua ocupação/ profissão? ____________________
6. Qual a sua renda?
( ) até 1 salário mínimo
( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos
( ) Mais de 2 a 5 salários mínimos
( ) Mais de 5 a 10 salários mínimos
( ) Outros:_________Salários
7. Possui água encanada em sua residência?
( ) Sim ( ) Não
8. Qual o sistema de esgoto sanitário do seu domicílio?
( ) Fossa séptica ( ) Estação de Tratamento de Esgoto 9. Algum
membro que reside em sua casa teve Dengue no ano de 2015?
( ) Sim ( ) Não.
Em caso afirmativo, especifique a quantidade______________
Em qual mês_________________
10. Algum membro que reside em sua casa teve Dengue no ano de 2016?
( ) Sim ( ) Não.
Em caso afirmativo, especifique a quantidade_____________
Em qual mês_________________
11. Algum membro que reside em sua casa teve Dengue neste ano de 2017?
77
( ) Sim ( ) Não.
Em caso afirmativo, especifique a quantidade_____________
Em qual mês__________________
12. Percepção ambiental em relação ao Aedes Aegypti e a Dengue:
a) Como a Dengue é transmitida?
b) Onde o mosquito se procria?
c) O mosquito se procria somente em água limpa?
d) Qual a melhor forma de combater o mosquito?
13.A destinação correta do lixo é uma forma de combater o vetor da Dengue?
( ) Sim ( ) Não
14. Você colabora no combate do mosquito causador da Dengue?
( ) Sim ( ) Não
De que forma____________________________________________
15. O combate ao Aedes Aegypti, mosquito que transmite o vírus que causa a Dengue e demais
doenças deve ser feito somente pela Secretaria de Saúde?
( ) Sim ( ) Não
16. Você tem a Crotalaria juncea plantada em sua residência?
( ) Sim ( ) Não
PLANALTINA-DF
MAIO 2017
78
ANEXO A - PROJETO FUTURO VERDE
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
COORDENAÇÃO REGIONAL DE ENSINO DE PLANALTINA
ESCOLA CLASSE FRIGORÍFICO INDUSTRIAL
PROJETO FUTURO VERDE
PLANALTINA-DF
MARÇO 2015
79
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
COORDENAÇÃO REGIONAL DE ENSINO DE PLANALTINA
ESCOLA CLASSE FRIGORÍFICO INDUSTRIAL
PROJETO FUTURO VERDE
PLANALTINA-DF
MARÇO 2015
80
PROJETO FUTURO VERDE
1. INTRODUÇÃO
No intuito de promover um futuro melhor voltado para condições de vida saudável e
para um Planeta Terra habitável, a Escola Classe Frigorífico Industrial busca alternativas que
fortaleçam essa ideia. Seguindo essa linha e observando as necessidades da natureza diante de
tantas agressões que a mesma vem sofrendo por parte do homem, viu-se a carência de um
projeto que estabeleça critérios para o desenvolvimento de ações direcionadas à atitudes que
favoreçam a sustentabilidade.
Dentro desse contexto o trabalho visa uma ação específica, dentre outras que serão
relacionadas; que está associada justamente a um problema que atualmente atinge todo o Brasil.
O vírus da dengue vem causando grandes transtornos para a sociedade, podendo levar o
indivíduo até a morte, dependendo do tipo e da gravidade com que o mesmo se manifesta nos
indivíduos. O Projeto Futuro Verde estabelece como ponto crucial, uma maneira eficiente e
natural para diminuir os focos do mosquito, Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue e
adicionalmente, transmissor de outros vírus como o Zika vírus e o vírus CHIKV (que causa a
febre Chikungunya), cujos sintomas são semelhantes ao da dengue. Visto que o mosquito tem
evoluído e causado cada vez mais vítimas em todas as regiões do país, toda e qualquer forma
de prevenção e de eliminação se torna um grande aliado nesta luta.
Ao longo de muitos anos o ser humano não demonstrou muito interesse em cuidar do
meio ambiente. Ultimamente constata-se cada vez mais, de que as alterações observadas na
natureza, em especial as relacionadas às mudanças climáticas (elevação da temperatura,
alteração nos regimes de chuvas) possam estar associadas às atividades antrópicas, ou seja,
aquelas produzidas pelo Homem. Assim, constata-se a gravidade em que o Planeta Terra se
encontra com relação à sua preservação.
Não podemos deixar de citar que algumas situações acontecem devido à falta de
informação por parte dos governantes aliados a uma carência ou mesmo ausência de maiores
esclarecimentos da população. Há algum tempo o universo tem demonstrado um interesse
maior em investir na conservação e preservação da natureza. Após vários alertas em torno do
problema, viu-se a necessidade de um maior investimento no assunto.
81
A Escola Classe Frigorífico Industrial, busca meios para contribuir positivamente e
amenizar a questão da proliferação do mosquito transmissor da dengue – Aedes aegypti, além
de outros vírus que causam sintomas similares à dengue sem deixar de frisar que esta é uma
situação em que a responsabilidade é de todos.
OBJETIVOS
a. Geral
Promover a consciência de preservação do meio ambiente, através das diversas ações
voltadas para a sustentabilidade, estimulando a inter-relação entre os seres vivos e o Planeta
Terra. Assim como o papel transformador que o Homem exerce sobre o meio ambiente. b.
Objetivos específicos
• Desenvolver o senso de sustentabilidade;
• Promover a criatividade;
• Conscientizar sobre a importância da Redução, Reutilização e Reciclagem;
• Sensibilizar sobre a importância do uso consciente da água;
• Oportunizar a experiência de uma alimentação adequada, estimulando o cultivo
da horta na escola.
• Praticar estilos de vida saudável, envolvendo inter-relações pessoais,
sentimentos, considerando as dimensões do ser integral.
• Incentivar o combate ao mosquito Aedes aegypti através do plantio da Crotalária.
2. JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento deste projeto está justamente na necessidade de encontrar maneiras
criativas e eficazes de trabalhar com os alunos o senso de sustentabilidade. É fundamental
despertar nos alunos desde o início da sua vida escolar, a importância da natureza em nossas
vidas e o que pode ser feito pelo homem para a conservação da mesma. Não se pode deixar de
82
considerar que é durante os primeiros anos de escolarização que o aluno tem a oportunidade de
vivenciar experiências significativas de aprendizagem.
Esse aluno adquire experiências e amplia sua estrutura mental e emocional, apropria-se
de maneiras novas de pensar e agrega valores ao seu estilo de resolver problemas e compartilhar
a afetividade. Daí a importâncias de trabalhar valores como estes que estão ligados à
sustentabilidade.
Na tentativa de formar cidadãos preocupados com o futuro e responsáveis pelas suas
ações, esta Instituição Educacional busca fazer a sua parte, contribuindo para uma formação
que estimule iniciativas positivas e desenvolva a consciência de preservação do meio ambiente.
Enfatiza ainda, providencias que são de grande importância para o fortalecimento da guerra
contra a dengue.
4. METODOLOGIA
A proposta do Projeto Futuro Verde, direcionado aos alunos das Séries Iniciais, é
proporcionar qualidade de vida aos estudantes desta Instituição Educacional, oportunizando
aos mesmos que multipliquem esses hábitos junto aos seus familiares.
O desenvolvimento das atividades acontece de forma interdisciplinar, dentro do eixo
sustentabilidade, estabelecido pelo currículo da Secretaria de Educação do Distrito Federal. A
abordagem dos conteúdos acontece em sala de aula, onde os professores regentes desenvolvem
trabalhos através de pesquisas, experiências, teatro, artesanato, entre outros. Esse trabalho
também se estende aos estudantes que participam do período de Educação Integral. Além das
atividades realizadas em sala de aula, o projeto propõe uma pesquisa de campo para que os
educandos adquiram um maior conhecimento através da prática. Durante o período de
desenvolvimento do projeto, o professor trabalha com materiais recicláveis, mostrando aos
alunos a importância dos 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).
A parte direcionada a eliminação do mosquito Aedes aegypti inicia-se com a abertura
do projeto que acontece de forma lúdica, em uma apresentação teatral com a participação de
professores da própria Instituição Educacional, com a finalidade de chamar atenção para o
tema. Em seguida, uma representante da Nippobrás, faz a exposição de como acontece o cultivo
da Crotalária e como ela é utilizada no combate ao mosquito. Em continuação, todos os
estudantes e funcionários da escola recebem um pacote contendo sementes da planta Crotalária
83
para que estes efetuem o plantio em casa e multiplique entre os vizinhos (Projeto elaborado em
parceria com a Nippobrás e Casa Gastronômica Expresso 500). Além de cultivarem a planta
em casa, todos participam do plantio da Crotalária nas proximidades da Instituição
Educacional.
4.1. Roteiro passo a passo do Projeto Bem Viver
Dentro do projeto Futuro verde está inserido outro projeto (Projeto Bem Viver), uma
parceria (Escola Classe Frigorífico Industrial / Nippobrás / Expresso 500) que visa colaborar
com a sociedade na luta contra a dengue. Essa parte do projeto, que é focado especificamente
na redução e eliminação dos casos de dengue, tem um propósito de proporcionar uma maneira
diferenciada, onde não se usa nenhum veneno para eliminação do mosquito. Ao invés do
fumacê lançando produtos químicos, a arma contra a dengue são as flores, que atraem o
predador natural do mosquito.
4.1.1. A Crotalaria juncea e a Libélula
A crotalária é um vegetal leguminoso que leva em média 100 dias para florescer e atrai
muitas libélulas, que são insetos que colocam seus ovos em água parada e limpa, da mesma
forma que o mosquito transmissor da dengue. As larvas da libélula se alimentam de outras
larvas, inclusive as do mosquito Aedes Aegypti. Além disso, a própria libélula adulta se alimenta
do mosquito da dengue. Além de enfeitar os jardins, a Crotalária contribui no controle biológico
e no combate ao inseto. Mesmo assim, seu plantio não dispensa a responsabilidade de cada um
de nós com nossas casas, nem dos Governos (federal, estaduais e municipais) em relação aos
espaços públicos. A planta colabora com o visual, dando flores amarelas. Assim, contra o vírus
da dengue e outros vírus transmitidos pelo mosquito, podemos também usar a própria natureza
no combate.
4.1.2. Como plantar a crotalária
• Reutilize o seu copo poliestireno (PP) 100% reciclável, furando o fundo com o auxílio
de um prego. Esta terra deve ser misturada com um pouco de esterco, que irá ajudar
numa germinação mais rápida da semente;
• Abra o envelope e retire a semente;
84
• Faça um buraco de mais ou menos 01 cm de profundidade na terra para cada semente a
ser plantada;
• Coloque as sementes, uma em cada buraco;
• O cuidado com excesso ou falta de água e exposição à luz natural deve ser constante,
até que a semente vire uma planta. Quando a muda atingir uns 15 cm, escolha um local
onde ela poderá crescer definitivamente.
• A cada grupo de sementes plantadas, será feito um controle, onde as larvas do mosquito
não terão a presença das larvas de libélula, podendo assim, demonstrar a eficiência
prática do controle biológico.
5. Metas
O grande resultado a ser alcançado está em evitar casos de dengue, através da técnica
natural com o plantio da Crotalária e chegar ao ápice da conscientização de preservação do
meio ambiente, evitando danos à natureza. As metas a seguir são de grande relevância na
execução deste projeto:
• Através de ações de caráter sustentável, fortalecer nos estudantes o senso de
cuidados com o futuro do Planeta Terra;
• Desenvolver a criatividade através do teatro, do desenho, de jogos e do
artesanato.
• Reutilizar embalagens e outros materiais, propondo o artesanato como um meio
de reciclagem de materiais que seriam descartados como lixo. Nessa mesma
perspectiva o educando terá a capacidade de trabalhar, além da Reciclagem; a
Redução e a Reutilização;
• Reconhecer a importância da água na vida de todos, dando ênfase neste
momento, a higiene pessoal, aos hábitos saudáveis e o uso consciente da água;
• Estimular uma alimentação mais saudável, utilizando a horta como incentivo,
proporcionando um conhecimento mais amplo sobre a adequada alimentação e
o manuseio dos alimentos;
85
• Conscientizar os estudantes, através do projeto Bem Viver, da importância dos
cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue.
• Proporcionar a condição de interatividade entre os seres e o ambiente,
fortalecendo as relações entre eles, uma vez que tudo e todos precisam estar em
harmonia para que haja o equilíbrio.
A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento
humano que deve contemplar um melhor relacionamento do
homem com os semelhantes e a Natureza. (Nagib
Anderáos).
6. Recursos Disponíveis
• Sementes de Crotalária Juncea;
• Sementes de hortaliças;
• Mudas de plantas em geral;
• Adubo;
• Retalhos de malhas;
• Embalagens (caixa de leite, garrafas plásticas, lata de leite, pote de manteiga, copo
descartável, entre outros);
• Pneus velhos.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que atualmente enfrentamos alguns fatores que ameaçam e comprometem
a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Entre esses fatores podemos citar a
degradação do meio ambiente e o alto índice dos casos de dengue que se espalha por todo o
país.
Essa iniciativa de desenvolver um projeto voltado às questões que geram tanto alarde
na população demonstra um propósito, que propõe indícios com grandes possibilidades de se
obter um resultado muito satisfatório.
86
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TIBA, I. Ensinar Aprendendo. São Paulo. Integrare, 2006.
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TEATRO SOBRE DENGUE
PERSONAGENS: JOANINHA; AEDES; LISBELA.
TRAMA:
A Joaninha entra em cena cantando e dançando ao som de (da música Poeira)
Aedes entra em cena ao som da música “Ele é o bom” empurra e assusta a joaninha que
sai correndo, mas fica escutando.
AEDES: Haham! Meu plano para dominar o mundo está indo de vento em polpa!! Tiro
todos do meu caminho... Até mesmo aquela fada ridícula que é “Puro amor e bondade” Eco!!!
Hum, humanos! Muito bom!! Irão me ajudar! Dominarei a todos!!! Kkkkkkkk (fala meio
escondido)
Quem aqui vai me ajudar? (Fala em tom ameaçador)
(As crianças provavelmente dirão que não ajudarão), Aedes continua:
Claro que ajudarão, vocês humanos são meus maiores aliados, sabe aquele copo
descartável que jogam no chão, quando chove vira a minha casa. E a tampinha de refrigerante,
sabe aquela que jogou semana passada no quintal? Também virou casa para meus filhotes, nos
lixos jogados, nos pratinhos dos vasos de plantas, nos pneus jogados, nas bromélias, nas calhas,
em qualquer lugar que possa juntar um pouquinho de agua, e como vocês são todos
descuidados... kkkkkkkkkkkkkkkkk Me ajudarão com meu plano infalível !!!!! Me aguardem,
eu voltarei e trarei meu exército!!kkkkkkkkkkkkkkkkk
(Sai de cena ao som de É o bom.)
Joaninha entra pé por pé assustada, desconfiada, mas revoltada.
JOANINHA: Olá crianças! Estava vindo pra cá para revê-los, mas um monstro me tirou
do caminho! Queria me machucar, queria me fazer sentir tantas dores até morrer! Não que tenha
ficado com medo, mas preciso me recuperar... Ele ameaçou vocês, não é mesmo? Monstro
horroroso! Agora eu é que vou fazer picadinho dele! O que ele disse, não consegui ouvir todos
os detalhes... (crianças irão contar o que viram, Joaninha interage com elas)
Quem é essa criatura? Alguém tem ideia? (Se ninguém responder uma professora fala:
- Eu conheço joaninha! É o perigoso Aedes, o mosquito! Ele já fez uma vítima na minha
família!)
Nossa! Ele quer dominar o mundo? Ai my Got! E agora? Quem poderá nos defender já
que o Chapolin colorado foi para o país das estrelas?
(Toca a um pedaço da música do chapolin)
Mas eu, como sou muito inteligente vou bolar um plano, podem deixar!
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(Ao som de uma música entra a Lisbela)
JOANINHA: Lisbela, minha amiga, quanto tempo!!!
LISBELA: Fada Jojô!! Que saudade!!! Mas o que houve? Você está amarela? Que
medo é esse?
JOANINHA: Medo? eu? Quem disse? Tive só um contratempo, mais cedo quando
estava vindo pra cá ver meus amiguinhos que voltaram de férias encontrei um monstro pelo
caminho. Era assustador, mas não fiquei com medo, ele quase me pegou, mas eu sou incrível.
E ele prometeu voltar e acabar comigo e pretende dominar o mundo com seu exército! Mas eu
não estou com medo!
LISBELA: Sério Jojô? Mas ...hum... vou pensar no que fazer! Vou te ajudar fica
tranquila. Nossa preciso saber como está minha amiga Crô lá na casa da árvore e pegar algumas
mariposas para comer, estou com uma fome…peraí! Já volto.
JOANINHA: Nossa crianças, o que acham que podemos fazer? Eu sei que sou
fantástica, inteligente maravilhosa, mas alguém tem uma ideia pra acabar com aquele monstro?
(Enquanto isso, de repente, ao som de uma música de perseguição, entra Aedes e tenta
pegar a Joaninha, corre atrás dela, ela se esconde entre as crianças)
AEDES: Cadê aquela fada de araque que vou pega-la e fazer uma sopinha dela.
Kkkkkkkkk
(Enquanto Aedes procura a Joaninha, Lisbela entra ao som da sua música e quando vê
o mosquito grita)
LISBELA: Ahhhh, hum! Que apetitoso prato vejo a minha frente? (Calmamente tira
do bolso um guardanapo, garfo e faca e vai em direção do mosquito- música da missão
impossível)
(Aedes quando escuta a voz da Lisbela fica paralisado e começa a tremer, saindo
correndo logo em seguida tentando se esconder)
AEDES: Socorro, alguém me ajude, essa faminta não me deixará vivo! (Ajoelha)
Senhor protetor dos mosquitos me ajude!!!
(Lisbela corre atrás do Aedes pelo beco e sai do outro lado e volta pela na direção com a barriga
maior e satisfeita e palitando os dentes)
LISBELA: Hum, não sabia que por aqui tinha esse petisco!!!
JOANINHA: (Joaninha fica estática e sem entender) mas... mas... você come
mosquito?!
Eu iria resolver esse problema, mas…Muito obrigada por sua ajuda, essas crianças indefesas agradecem!
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LISBELA: Ah, não foi nada, eu é que agradeço porque estava com uma fome! Mas preciso ir agora, tenho que encontrar minha amiguinha Crô... Sinto a falta dela, seu colorido me dá ânimo!
JOANINHA: Ir embora? Como assim? Você não pode ir? Não que eu tenha medo, mas essas crianças precisam de você!
Esse monstro não está sozinho, tem muitos deles por aqui. Um exército! E eu sou só uma, né?
LISBELA: A não, aqui não tem graça, nem tem nada de interessante! Não vi nada amarelo, muito menos meu prato favorito encontrei por aqui!! Comi apenas um mosquitinho raquítico.
JOANINHA: (pisca para os alunos e diz): Amiga peraí que vou atender o telefone, está tocando (faz o barulho com a boca disfarçadamente e vai para um canto e conversa com os meninos)
Ai, preciso descobrir uma forma de manter Lisbela conosco, o Aedes morre de medo dela.
(Pesquisa no telefone) Ai essa internet está fraca demais... Ah, não tenho paciência! (Joga o pó de pilimpim pim e descobre rapidinho o que a Lis mais gosta, volta a sala e fala com Lisbela)
JOANINHA: Amiga tenho uma proposta pra te fazer: e se eu e as crianças trouxéssemos um monte de amiguinhas iguais a Crô pra você? Você fica? Aumentamos o número de casas nas arvores como você gosta, muitas flores amarelinhas e assim. Muitas mariposas brancas e outros pratos apetitosos que você gosta!
LISBELA: Não posso... Como? (Faz igual a Chiquinha) Bom... Isso tudo com urgência, é pra logo? Quando? Muitas Crô? Mas quem irá ajudar vocês? É difícil!!!
JOANINHA: Ah, não se preocupe, temos bons amigos aqui do Frigorífico, eles nos ajudarão, faremos um mutirão, afinal todos ficaremos protegidos do monstro com sua presença. Muitas Crô, muitas flores amarelinhas com aquele cheirinho gostoso que você adora!! Muitos bichinhos...
LISBELA: Hummm! O mais interessante são os petiscos voadores que as belas flores atraem!! Hummm que fome! Não tem nada ai no seu bolso que eu possa comer?
JOANINHA: Nossa, você só pensa em comer! Desse jeito vai virar uma arara azul!
Mas... então? Assim você fica? Diz que sim, diz que sim.
LISBELA: Bom... se é pro bem de todos, diz ao povo que fico!!
As duas se abraçam e dançam com a música...(escolher).