Pronome LHE substituindo objeto indiretoSubstitua a expressão em negrito pelo pronome pessoal adequado. (Use os pronomes LHE e LHES)
Exemplo:Quando informaram ao gerente a sua demissão, o gerente recusou-se a acreditar.Quando lhe informaram a sua demissão, o gerente recusou-se a acreditar.
1. O secretário estava de saída, quando alguém deu ao secretário a notícia de sua nomeação.2. Fizeram várias propostas ao velhinho, mas o velhinho recusou-se a vender o terreno.3. Quando informaram ao gerente que havia sido demitido, o gerente recusou-se a acreditar.4. Os viajantes já se consideravam perdidos, quando um sertanejo indicou um atalho aos viajantes.5. O presidente da República concedeu uma entrevista coletiva. Durante a entrevista, os jornalistas perguntaram ao presidente da República se ele viajaria novamente ao exterior.6. Todos os funcionários pediram ao diretor que voltasse atrás de sua decisão, mas o diretor mostrou-se irredutível.7. Quando o inspetor deu o tempo por terminado, os alunos entregaram a prova ao inspetor imediatamente.8. Os alunos estavam interessados em literatura hispano-americana, e o professor indicou aos alunos um livro de Manuel Puig.9. Falei aos meninos vigorosamente, permitindo aos meninos que criticassem também.10. O redator estava trabalhando muito rápido. Interessava ao redatorterminar antes dos outros.11. Logo após o deputado ter apresentado o projeto, disseram ao deputado que este seria vetado pela maioria.12. Ao ser comunicada ao ministro do Planejamento a escassez de recursos para os novos credenciamentos de empresas estrangeiras, o ministro do Planejamento declarou considerar este financiamento prioritário.13. Em sua visita ao Cairo, o governo egípcio concedeu ao eminente cientista suíço uma condecoração, o que muito agradou ao cientista.14. Segundo a opinião do bispo, a declaração que fora atribuída ao bispo é totalmente improcedente.15. A notícia de que ontem a associação de entidades jornalísticas denunciou transgressões às normas constitucionais, criou à associaçãoum clima de intimidação.
RESPOSTAS 1. O secretário estava de saída, quando alguém lhe deu a notícia de sua nomeação. 2. Fizeram lhe várias propostas, mas o velhinho recusou-se a vender o terreno. 3. Quando lhe informaram que havia sido demitido, o gerente recusou-se a acreditar. 4. Os viajantes já se consideravam perdidos, quando um sertanejo indicou-lhe um atalho. 5. O Presidente da República concedeu uma entrevista coletiva. Durante a entrevista, os jornalistas lhe perguntaram se ele viajaria novamente ao exterior. 6. Todos os funcionários pediram-lhe que voltasse atrás de sua decisão, mas o Diretor mostrou-se irredutível. 7. Quando o inspetor deu o tempo por terminado, os alunos entregaram-lhe a prova imediatamente. 8. Os alunos estavam interessados em literatura hispano-americana, e o professor indicou-lhes um livro de Manuel Puig. 9. Falei aos meninos vigorosamente, permitindo-lhes que criticassem também. 10. O redator estava trabalhando muito rápido. Interessava-lhe terminar antes dos outros. 11. Logo após o deputado ter apresentado o projeto, disseram-lhe que este seria vetado pela maioria. 12. Ao lhe ser comunicada a escassez de recursos para os novos credenciamentos de empresas estrangeiras, o Ministro do Planejamento declarou considerar este financiamento prioritário. 13. Em sua visita ao Cairo, o governo egípcio concedeu ao eminente cientista suíço uma condecoração, o que muito agradou-lhe.
14. Segundo a opinião do Bispo, a declaração que fora lhe atribuída é totalmente improcedente. 15. A notícia de que ontem a Associação de Entidades Jornalísticas denunciou transgressões às normas constitucionais, criou-lhe um clima de intimidação.
"Lhe" é pronome de objeto indiretoPor Thaís Nicoleti
"As famílias dessas pessoas não têm o direito de ver punidos os brutais assassinos que lhes privaram de entes queridos?"
Não são poucos os que hesitam no momento de escolher entre o "lhe" e as formas "o" e "a", todos pronomes pessoais do caso oblíquo átonos. É bom lembrar que todas essas formas pertencem à terceira pessoa do discurso e se empregam, bem como seus plurais, na posição de complementos verbais.
Em outras palavras, embora seja muito comum na oralidade, uma frase como "Encontrei ela na rua", a norma culta ainda a condena, porque o pronome do caso reto ("ela") deve ocupar apenas a posição de sujeito, não a de objeto, como faz nessa construção.
A questão será, então, escolher o pronome oblíquo adequado. Ora, "encontrar" é um verbo transitivo direto (encontrar algo ou alguém), portanto os pronomes que o completam são "o", "a", "os" e "as". No lugar de "encontrei ela", "encontrei-a".
Os pronomes "lhe" e "lhes" substituem o objeto indireto dos verbos que regem complemento encabeçado pela preposição "a". Assim "obedeceu ao regulamento" equivale a "obedeceu-lhe", por exemplo.
Os verbos que admitem dois objetos normalmente se constroem com um só pronome átono ("entregou o documento a ele" equivale a "entregou-lhe o documento" ou a "entregou-o a ele"). Existe a possibilidade de fazer a substituição simultânea dos dois objetos por pronomes átonos, o que, entretanto, gera formas hoje inusuais ("entregou-lho", em que "lho" é a contração do pronome "lhe" com o pronome "o").
O fato é que, na prática, o pronome "lhe", cada vez mais, vem universalizando-se tanto na posição de objeto indireto (que lhe é própria) como na de objeto direto, quando este é representado por uma pessoa. A norma culta, porém, ainda não acolhe esse uso.
Cumpre, então, distinguir os verbos transitivos diretos dos transitivos indiretos, o que nem sempre é tão fácil.
O que pode ajudar é apassivar o verbo - se isso for possível, estaremos diante de um transitivo direto: uma pessoa é privada de algo, outra pessoa é beneficiada por outrem, há quem seja favorecido por algo etc. Nesses casos, estamos diante de transitivos diretos, que não admitem o "lhe". Assim: privou-o, beneficiou-o, favoreceu-o etc.
Abaixo, o fragmento corrigido:
As famílias dessas pessoas não têm o direito de ver punidos os brutais assassinos que as privaram de entes queridos?
emprego do lheCaro professor, minha dúvida é a respeito do uso do pronome oblíquo LHE com determinados verbos.
Consultei várias gramáticas e todas afirmam que os verbos assistir, visar e aspirar, quando transitivos
indiretos, não aceitam o pronome oblíquo LHE, mas sim os complementos a ele, a ela, a eles, a elas.
Sinceramente não compreendo o motivo de tal regra, já que com a maioria dos verbos transitivos indiretos
se usa normalmente o pronome LHE. Gostaria de esclarecimentos a esse respeito.
Marcelo Esteves M. — São Paulo
Meu caro Marcelo: acontece que acabas de esbarrar em mais um daqueles recifes em que os gramáticos
tradicionais costumam naufragar: eles apenas relacionam os fatos (“o pronome LHE não pode ser usado
com os verbos assistir, visar e aspirar” — o que é verdade) sem explicar por que é assim. Essa
deficiência dos gramáticos que se formaram antes dos anos 60 é a maior responsável pela opinião,
infelizmente generalizada, de que o Português é uma língua complicada, “cheia de regrinhas”, “repleta de
exceções”. Eles até hoje dominam o mundo editorial (principalmente dos livros didáticos), e o nosso pobre
país sofre com isso.
No entanto, a explicação é simplíssima: o LHE (representante do objeto indireto) não é um pronome de
uso universal, como é o caso do seu parceiro O (representante do objeto direto). Ele tem uma
importantíssima restrição de seleção: só pode ser usado com referência a pessoas (em linguagem mais
técnica, diríamos “com substantivos +humanos”) — da mesma forma que o pronome relativoquem. Se o
antecedente destes dois pronomes não tiver o traço “humano”, seu emprego fica bloqueado. Ora, esses
três verbos que mencionaste (assistir, visar e aspirar) nunca têm objeto indireto de pessoa: eu aspiro ao
cargo, aspiro à vaga, aspiro ao posto, mas não posso *aspirar a alguém — o que elimina, aqui, o uso
do LHE.
Nesses casos, o objeto indireto é representado pelo pronome oblíquo tônico (acompanhado de sua
respectiva preposição): a ele, a ela, etc. Para deixar mais claro o que estou tentando explicar, peço-te
que compares as seis frases abaixo:
1. Obedeço ao professor
2. Obedeço a ele
3. Obedeço-LHE
4. Obedeço ao governo.
5. Obedeço a ele.
*6. Obedeço-LHE
Pois a (2) e a (3) são frases sinônimas, e o falante pode decidir livremente se quer substituir o objeto
indireto ao professor pelo oblíquo tônico (a ele) ou pelo átono (lhe). A frase (6), contudo, é considerada
agramatical, embora pareça idêntica à (3): é que o objeto indireto, aqui, não é uma pessoa, e o falante só
pode substituir ao governo por a ele. Como vês, é o sistema do nosso idioma funcionando como um
reloginho, e não, como nos fazem crer, muitas vezes, um punhado de “casos especiais”. Abraço. Prof.
Moreno
O - Lhe - Dele?1) Um leitor indaga por que alguns verbos não admitem o uso do pronome oblíquo lhe, ainda que transitivos indiretos.2) Ora, quanto aos pronomes pessoais oblíquos átonos, uma primeira regra a ser fixada é que o, a, os e as funcionam como objetos diretos, enquanto os pronomes lhes e lhesservem para funcionar como objetos indiretos. Exs.: I) "O juiz sentenciou o caso"; II) "O juiz sentenciou-o"; III) "O documento pertence aos autos"; IV) "O documento pertence-lhe".3) Nem todos os verbos transitivos indiretos, contudo, permitem que seus objetos indiretos sejam substituídos por lhe.4) Assim, o verbo assistir, no significado de presenciar, ver, é transitivo indireto, pede a preposição a e não admite lhe como complemento. Exs.: a) "O estagiário assiste a vários debates e audiências"; b) "O estagiário assiste-lhes" (errado); c) "O estagiário assiste a eles" (correto).5) Para Laudelino Freire, "na língua portuguesa existem verbos cujos complementos indiretos são representados pela forma a ele em lugar de lhe. Isto ocorre, entre outros, comassistir (estar presente), aspirar (desejar), recorrer (pedir auxílio), que, recusando a forma lhe, têm os seus objetos indiretos expressos pela forma a ele".1 Exs.: a) "O estagiário aspirava ao cargo"; b) "O estagiário aspirava-lhe" (errado); c) "O estagiário aspirava a ele" (correto); d) "Naquele hora, recorreu a Deus"; e) "Naquela hora, recorreu-lhe" (errado); f) "Naquela hora, recorreu a ele" (correto).6) Além da discriminação do ilustre gramático, outros verbos transitivos diretos repelem os pronomes lhe e lhes, de modo que são construídos com as formas preposicionadas: aludir, depender, referir-se. Exs.: a) "Aludi ao autor"; b) "Aludi-lhe" (errado); c) "Aludi a ele"; d) "Dependo da lei"; e) "Dependo-lhe" (errado); f) "Dependo dela" (correto); g) "Referi-me a Deus"; h) "Referi-me-lhe" (errado); i) "Referi-me a ele" (correto).7) Os gramáticos não trazem as razões históricas para esse modo peculiar de construção de alguns verbos. Nem precisariam fazê-lo, assim como não precisam justificar o motivo de um determinado verbo ser hoje transitivo direto e outro, transitivo indireto. Às vezes, os verbos são sinônimos, mas apresentam diferentes transitividades. Em verdade, a função primordial da Gramática não é fixar regras impositivas de cima para baixo, mas sistematizar os fatos e as condutas que encontra na língua como manifestação. E as peculiaridades que tomam certas construções numa ou noutra direção nem sempre se submetem a regras.