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PROJETO
IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DA CADEIA
PRODUTIVA DE COSMÉTICOS DA REGIÃO NORTE:
conhecimento acadêmico em pesquisa, ensino e extensão.
EXECUÇÃO: K3 CONSULTORIA E REPRESENTAÇÃO
RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Silvia Luciane BassoDoutora em Biotecnologia
Eliana Kelly ParejaDoutora em Biologia e Ecologia
Juliana Aguiar de MeloMestre em Desenvolvimento Regional
Marcio Arthur Oliveira de MenesesEngenheiro Agrônomo
PalmasSetembro de 2015
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RELATÓRIO 5
Atividades referentes aos serviços de consultoria para a “Identificação e
Mapeamento da Cadeia Produtiva de Cosméticos da Região Norte”,
visando atender as ações do Projeto Estruturante de Cosméticos,
conforme cronograma previsto no contrato n° 7847/2014.
EXECUÇÃO: K3 CONSULTORIA E REPRESENTAÇÃO
RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Silvia Luciane BassoDoutora em Biotecnologia
Eliana Kelly ParejaDoutora em Biologia e Ecologia
Juliana Aguiar de MeloMestre em Desenvolvimento Regional
Marcio Arthur Oliveira de MenesesEngenheiro Agrônomo
PalmasSetembro de 2015
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INDICE pg
APRESENTAÇAO………………......……………………………...................................4
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………..5
2. NECESSIDADES, LIMITAÇÕES E DIFICULDADES DO PROJETO…...…………..7
3. CAPITULO 1…………………………...………………………………………………..9
3.1 Estrutura Produtiva do Segmento e Cosméticos………………………………………9
3.2 Características da região Amazônica………………………………………………….9
3.3 Aspectos Gerais do Mercado de Cosméticos………………………………………...15
3.3.1 Estrutura produtiva do Segmento de Cosméticos…………………………………20
3.4 Cosméticos da Amazônia e Mercado Justo…………………………………………..28
4. CAPITULO 2…………………………………………………………………………...30
4.1 A pesquisa de Campo………………………………………………………………...30
4.2 Metodologia…………………………………………………………………………..30
4.3 Visitas as Instituições e Pesquisadores Entrevistados………………………………..32
4.3.1 Relação dos Pesquisadores e Instituições Visitadas………………………………51
4.4 Instrumentos Utilizados na Pesquisa…………………………………………………54
5. CAPITULO 3…………………………………………………………………………..55
5.1 Resultados da Pesquisa………………………………………………………………55
5.1.1 EIXO A: Identificação das Instituições………………………………………… 55
5.1.2 EIXO B: Espécies Amazônicas…………………………………………………..59
5.1.3 EIXO C: Aspectos do Mercado Atual e Futuro…………………………………..92
5.1.4 EIXO D: Disseminação Tecnológica……………………………………………100
5.1.5 EIXO E: Visão Estratégica……………………………………………………...109
6. ENCAMINHAMENTOS DESAFOS E OPORTUNIDADES POR ESTADO...…….116
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS…...……………………………………………………..132
8. REFERENCIAS……………………………………………………………………….136
9. ANEXOS………………………………………………………………………………138
8.1 Banco de dados……………………………………………………………………...138
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APRESENTAÇÃO
Apresentamos para avaliação da Sra. Flavia Roberto Donato, gestora do projeto, o quinto e
último relatório referente a consultoria para a “Identificação e Mapeamento da Cadeia
Produtiva de Cosméticos da Região Norte”, visando atender as ações do Projeto
Estruturante de Cosméticos, conforme cronograma previsto no contrato n° 7847/2014.
Este relatório refere-se ao Produto 5 do contrato celebrado entre a empresa Pareja e Leite
LTDA-ME nome fantasia K3 Consultoria e o SEBRAE/TO. Consta neste relatório
validação dos dados apresentados nos relatórios anteriores bem como análise técnica do
Banco de dados referente a pesquisa realizada.
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1. INTRODUÇÃO
É provável que nenhum outro lugar no planeta seja tão essencial para a sobrevivência
humana quanto a Amazônia devido apresentar as maiores florestas tropicais do mundo e a
maior biodiversidade da Terra. A Bacia Amazônica apresenta quase um terço de todas as
espécies existentes no planeta e um quarto de toda a água doce do mundo; Abriga inúmeras
culturas indígenas e tradicionais; Desempenha um papel-chave nos ciclos regionais e
globais de carbono e clima (Disponível em <http//www.tnc.org.br>. Acesso em
15/07/2015).
A Amazônia tem gerado riqueza e isso é assunto indiscutível quando se observa o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia nas últimas décadas. No entanto
e em contrapartida, os recursos naturais da Amazônia vêm sendo explorados com uma
força extraordinária e muitas vezes com grande desperdício, já que é explorado a custo
baixo, ou próximo de zero (como no caso da floresta).
O grande desafio dos dias de hoje é promover a mudança da base produtiva regional,
atualmente apoiada na exportação de produtos semielaborados e oriundos de atividades
tradicionais de baixa produtividade, buscando a verticalização da produção, ou seja,
completar as cadeias produtivas por meio do setor industrial e chegar a um produto final
beneficiado e gerador de riqueza sem exploração humana e da biodiversidade de forma não
sustentável.
Isso somente será possível mediante a intensificação da pesquisa, do estudo do
aproveitamento das espécies da Amazônia, reforçando as equipes de pesquisa e os
laboratórios de universidades e institutos da região, especialmente nas áreas de
biotecnologia, integrando-os com equipes e laboratórios dos centros mais desenvolvidos do
país. Assim se poderá desenvolver um modelo econômico que propicie um real
aproveitamento do patrimônio florestal em favor da sociedade brasileira.
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A pesquisa beneficiará a economia, já que ela permite aumentar a produção de espécies
atualmente com baixa rentabilidade, encurtar o ciclo de cultivos de longa duração, adensar
e enriquecer a floresta com as espécies mais demandadas pelo mercado (LOUREIRO, V.
R. 2002).
Entretanto, a região apresenta inúmeras fragilidades e quando nos deparamos com o
segmento de cosméticos, foco deste projeto, essas fragilidades se destacam entre as
exigências regulatórias e ambientais, a ausência de políticas públicas de incentivos, a baixa
qualidade da matéria-prima, a logística, mão de obra não qualificada, extração com
tecnologia pouco eficiente, entre outros factores que dificultam uma atuação mais forte
deste no segmento.
Hoje entre os principais desafios da região destaca-se o processo de regulamentação do
marco legal, a conservação e proteção do patrimônio genético, a repartição de benefícios e
usos de produtos e imagens regionais. As atividades estabelecidas neste projeto e os
produtos apresentados são resultados do “Mapeamento e identificação do conhecimento
existente nas entidades públicas e privadas da Região da Amazônia (Acre, Amazonas,
Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), com enfoque nas informações geradas
pelas Universidades, Institutos de Pesquisa, pesquisadores, empresas do setor entre
outros".
Como produtos apresentados Citamos: (1) a elaboração de um plano de trabalho; (2)
elaboração de banco de dados com informações da rede de conhecimento acadêmico em
pesquisa, ensino e extensão da cosmetologia Amazônica (3) a promoção de um Seminário
de Cosmético de Bases Florestal Amazônica realizado em Palmas e (4) o fornecimento de
informações estruturantes que contribuirão para o potencial do negócio dos insumos e
cosméticos de base florestal da Amazônia.
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2. NECESSIDADE DO PROJETO, LIMITAÇÕES E DIFICULDADES
O projeto Estruturante de Cosméticos surge da necessidade de se conhecer mais sobre o
setor de cosméticos na Região da Amazônia principalmente visando a tomada de decisão
do SEBRAE que tem como foco apoiar o segmento dado suas potencialidades e vocações.
Nesse sentido a empresa Pareja e Leite LTDA – ME foi contratada com o objetivo de
“Mapear e Identificar o conhecimento existente sobre cosméticos nas entidades públicas e
privadas da Região da Amazônia”. Com os resultados deste trabalho, o SEBRAE poderá
tomar decisões estratégicas de como apoiar o segmento de cosméticos nos Estados de AC,
AM, AP, RR, RO, PA e TO.
Durante a realização do levantamento de dados e aplicação da pesquisa com as instituições
e pesquisadores, foram avaliadas algumas limitações e dificuldades que algumas vezes
interferiram para um melhor resultado da pesquisa.
Com relação ao questionário utilizado para o levantamento das informações, foi aplicado
um pré-teste onde foram sugeridas algumas considerações e que após discussão com
equipe técnica foram feitas alterações visando o melhor aproveitamento dos dados.
Convém ressaltar que houve bastante resistência por parte dos pesquisadores e de alguns
representantes de instituições no que se refere ao preenchimento do questionário e
fornecimento de informações. Acreditamos que isso aconteceu principalmente por falta de
conhecimento do projeto, por receio de disponibilizar resultados da pesquisa, bem como
falta de interesse de participar da pesquisa. Além disso, não conseguimos visitar duas
instituições importantes, que por ora não são citados na pesquisa. Foram elas o Museu
Paraense Emílio Goeldi e FUCAPI no Amazonas, ambos não apresentaram agenda
disponível para receber os técnicos de campo.
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Os pesquisadores brasileiros em geral não reagem muito bem a questionário e perguntas
sobre suas pesquisas, obter sucesso na aplicação do mesmo foi uma tarefa árdua e percebe-
se que os resultados poderiam ter sido mais relevantes caso a participação dos
pesquisadores tive sido mais significativa.
Outra dificuldade encontrada foi referente a divulgação das pesquisas entre as instituições,
ou seja, grande parte das instituições desconhece o que a outra esta pesquisando
proporcionando a duplicidade de estudos uma vez que poderiam ser utilizadas as
informações para complementar e avançar as pesquisas.
Com relação ao produto final das pesquisas e este chegar a ser adequado para o mercado,
observou-se que grande parte dos pesquisadores estão mais interessados na publicação de
artigos científicos para enriquecimento curricular, o que proporciona um entrave quanto a
se ter um produto com potencial para mercado.
Essas considerações ressaltam a importância desse tipo de levantamento para o estado, pois
ainda são incipientes a quantidade de informações que estão disponíveis na área de
cosméticos. Ressaltam também outro ponto importante que foi levantado que é dificuldade
de recursos para pesquisa no âmbito da cosmetologia, limitando assim a quantidade e
qualidade das pesquisas para um produto final consistente e adequado ao mercado tão
exigente.
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3. CAPITULO 1
3.1 PROJETO ESTRUTURANTE DE COSMÉTICOS
Projetos estruturantes de arranjos produtivos desenvolvem ações para melhoria das
diversas variáveis do processo produtivo, como a pesquisa, o fornecimento de matéria-
prima e insumos, a formação e qualificação da mão-de-obra, as questões fiscais e
trabalhistas, o relacionamento com a sociedade e o acesso e manutenção do mercado.
O Projeto Estruturante de Cosmético de Base florestal da Amazônica surgiu de uma
demanda de um estudo anterior, realizado pelo SEBRAE em Parceria com IMAZON –
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o “Projeto de Manejo Florestal da
Amazônia”, aplicado em 20 unidades-piloto selecionadas, contemplando 344 famílias
extrativistas em sete estados. Este projeto antecessor teve como objetivo principal
proporcionar aos gestores públicos e privados, multiplicadores rurais e florestais, uma
visão ampla da cadeia produtiva florestal e agroindustrial dos produtos não madeireiros e
selecionar alternativas e soluções empreendedoras e sustentáveis para desenvolver
pequenos negócios florestais na Amazônia.
Foi identificada a necessidade de promover a matéria-prima à indústria de cosmético, o que
culminou na elaboração do “Projeto Estruturante de Cosméticos”, tendo como primeira
ação a realização de diagnóstico de toda a rede de pesquisa que utiliza a biodiversidade da
Amazônia para a produção de cosméticos, tendo como relatório final este documento.
3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO AMAZÔNICA
A Amazônia é uma imensa região natural, se estendendo por 6,5 milhões de quilômetros
quadrados no norte da América do Sul, sendo uma região internacional (Amazônia
continental) também conhecida como Pan-Amazônia, pois ocupa parte do território de
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vários países: Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e
Guiana Francesa.
Figura 1: Amazônia Internacional.
fonte: www.coladaweb/geografia/amazonia
No Brasil, denomina-se Amazônia Legal a porção da Amazônia no território brasileiro,
com quase 5 milhões de quilômetros quadrados (4.978.247 km2), abrangendo 58,4% da
área total do Brasil. A Amazônia Legal é formada pelos estados da região Norte (Acre,
Rondônia, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Tocantins), pela porção ocidental do
Maranhão e Mato Grosso como pode ser visto na figura 2.
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Figura 2: Amazônia legal.
Fonte: www.coladaweb/geografia/amazonia
A Amazônia representa um terço da reserva mundial de florestas latifoliadas, com clima
equatorial (quente e úmido) e rica hidrografia. Na Amazônia Legal inclui todas as
formações florestais da floresta equatorial (floresta de várzea e igapó, floresta de terra
firme e floresta semiúmida) e áreas de transição para a caatinga e o cerrado.
A ocupação da Amazônia Brasileira, a princípio por povos originais e depois pelos
europeus, tendo uma presença mais marcante com os portugueses, que utilizaram como
estratégia nos séculos XVII e XVIII, a instalação de fortes e missões religiosas, que
levaram os índios a explorar as “drogas do sertão”. Nos séculos seguintes com o processo
de interiorização do país, feita com a expansão agrícola do centro-oeste, a construção de
Brasília e de rodovias nacionais como a BR-153 e BR-364, fatores que causaram uma
devastação desenfreada da Floresta.
A biodiversidade compreende a totalidade de variedade de formas de vida que podemos
encontrar na terra (plantas, aves, mamíferos, insetos e microrganismos). A região
amazônica possui a maior biodiversidade do mundo, isto é, o lugar no mundo que existem
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mais espécies de animais e de plantas, e ressaltando que apenas uma fração dessa
biodiversidade conhecida.
A flora compreende, segundo o site do museu Emílio Goeldi, aproximadamente 30.000
espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000 espécies de
árvores (maiores que 15 cm de diâmetro), enquanto na América do Norte existem cerca de
650 espécies de árvores. A diversidade de árvores varia entre 40 e 300 espécies diferentes
por hectare, enquanto na América do Norte varia entre 4 a 25 espécies diferentes por
hectares (Disponível em <http//www.marte.museugoeldi.br>. Acesso em 10/07/2015).
Segundo o mesmo site a maior diversidade vegetal se encontra em uma faixa que se
estende desde a Colômbia e Venezuela no Alto Rio Negro até Manaus. A região de
Manaus provavelmente é o centro de origem de diversas famílias tais como Sapotaceae,
Meliaceae, Lecythidaceae, Connaraceae e Caryocaraceae. Atualmente, registra-se a
ocorrência de mais de 1600 espécies de monocotiledôneas em aproximadamente 30
famílias, e mais de 7000 espécies de dicotiledôneas em mais de 140 famílias.
São, segundo a Embrapa Amazônia, 13 mil espécies de plantas com potencial das quais
apenas 1% fornecem ativos. Vejam que este é só banco de dados da Embrapa. Podemos
nas instituições de pesquisas locais preparar 10 mil extratos para terem seus ativos
isolados, identificados, quantificados e testados em bases cosméticas e farmacêuticas. A
produção sustentável da floresta, aliada a experiência bem-sucedida de extrativismo das
famílias locais, mostra que é possível obter lucros com a floresta, sem que seja necessário
destruir a vegetação. Espera-se agregar ao produto, a certeza de um bem florestal manejado
poderá trazer diversos benefícios às comunidades, à floresta e à sociedade.
Isto é possível a partir da utilização sustentável da floresta, aproveitando de forma
econômica a biodiversidade, a partir do uso nos segmentos que comercializam produtos
florestais não madeireiros (PFNM) é uma oportunidade de desenvolver a região sem
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degradar e desmatar a floresta, já que as indústrias que buscam ativos vegetais têm uma
carência muito grande de novos produtos e procuram formas de aproveitar ativos, pois, a
floresta está a cada dia sendo mais agredida e espécies que nem conhecemos correndo o
risco de desaparecerem.
Um dos mercados que tem apresentado grande potencial de expansão está relacionado com
a fruticultura, especialmente com o cultivo de produtos regionais como o açaí, cupuaçu,
pupunha, bacuri, guaraná, entre outros. Outro mercado de potencialidade industrial está
vinculado às espécies oleaginosas que são utilizados entre outros pela indústria alimentícia
e de cosméticos, destacando-se espécies como o buriti, babaçu, murumuru, patuá, dendê,
andiroba, babosa, copaíba, pau-rosa, cipó-de-alho e sacacá. E com a crescente busca por
novos alimentos e sabores de origem natural, o setor de corantes e aromatizantes, também
esta se destacando com exemplares das espécies abuta, açafrão, urucum entre outras.
Um dos mercados de produtos não madeireiro que também apresenta elevado potencial é o
medicinal, neste caso, a floresta amazônica contempla a maior reserva de plantas
medicinais do mundo podendo ser citado espécies como a chicória, a erva-de-jararaca,
jaborandi, marupazinho e a unha de gato. Estas produções ainda são poucos desenvolvidos
devidos a fatores como a logística indefinida devido à sazonalidade dos frutos e fluxo das
marés, torna difícil o transporte de matéria-prima, que é feito por barcos na Amazônia e a
navegabilidade em algumas regiões depende das marés, não existindo horários regulares.
A ação do governo na área ambiental para o biocomércio é bastante recente, as poucas
ações tomadas restringiram consideravelmente a atividade clandestina de empresas e
laboratórios internacionais sem nenhuma fiscalização na Amazônia, o que permitiu
empresas nacionais comprometidas com desenvolvimento local terem uma melhor
oportunidade para a pesquisa e desenvolvimento de produtos Amazônicos. Um outro
aspecto é a informalidade dos mercados, pois, não tem como expedir documentação como
notas fiscais ou autorização de órgãos de fiscalização florestal, pois hoje existe um decreto
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lei que proíbe toda e qualquer forma de comércio que envolva a biodiversidade, ir a busca
dos órgãos reguladores é uma tarefa árdua.
Em um outro aspecto tem a população tradicional cujo o habito em não armazenar
produtos em função da abundância existente na região e mesmo em épocas de escassez. De
uma única planta pode ser isolado extratos das folhas, caule, raiz, flores e seiva. No caso
das aromáticas pode ainda ser colhido em diferentes épocas do ano para verificar o nível de
ativos com as variações climáticas.
Apesar de todo este potencial, em nenhum lugar do mundo são derrubadas tantas árvores
quanto na Amazônia. Um levantamento da organização não governamental WWF, com
base em dados da ONU, mostra que a média de desmatamento na Amazônia brasileira é a
maior do mundo, sendo 30% mais intensa que na Indonésia, a segunda colocada no ranking
da devastação ambiental (Disponível em <http//www.wwf.org.br>. Acesso em
11/07/2015).
Na Amazônia a eliminação de florestas cresceu exponencialmente durante as décadas de
70 e 80 e continua em taxas alarmantes. Dados oficiais do INPE, sobre o desmatamento na
região mostram que ele é extremamente alto e está crescendo. Já foram eliminados cerca
de 570 mil quilômetros de florestas na região uma área equivalente à superfície da França,
e a média anual dos últimos sete anos é da ordem de 17,6 mil quilômetros quadrados.
Entretanto, a situação pode ser ainda mais grave. Os levantamentos oficiais identificam
apenas áreas onde a floresta foi completamente retirada, por meio de práticas conhecidas
por corte raso. As degradações provocadas por atividades madeireiras e queimadas não são
contabilizadas (Disponível em <http//www.inpe.br>. Acesso em 15/07/2015).
O grande desafio atual é buscar o máximo de conhecimento sobre os ecossistemas
característicos da Amazônia e apresentar sugestões de como esse conhecimento pode ser
utilizado para o desenvolvimento sustentável.
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3.3 ASPECTOS GERAIS DE MERCADO DE COSMETICOS
Segundo dados da ABIHPEC (2015), (Associação Brasileira da Indústria de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) o Brasil representa 9,4% do consumo mundial de
produtos de HPPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) com um consumo em 2014
de R$ 43,5 bilhões, sendo o terceiro no mercado mundial, ficando atrás apenas dos Estados
Unidos com consumo de R$ 76,3 bilhões e da China de R$ 47,8 bilhões. Na América
Latina o país é o primeiro consumidor perfazendo 17,5% do mercado. O Brasil está no
primeiro lugar em relação ao consumo de desodorantes, fragrâncias e proteção solar,
segundo lugar com produtos das linhas infantil e masculino, cabelos, banho e depiladores,
terceiro lugar em higiene oral e maquilagem e sexto em produtos para a pele.
Com relação a cosméticos, mercado brasileiro é um dos maiores consumidores do mundo,
figurando na terceira posição, devendo chegar ao segundo lugar, atualmente ocupado pelo
Japão. Segundo Francisco Elno, pesquisador da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e
Inovação Tecnológica - FUCAPI se for confirmada essa posição, proporcionará o aumento
da demanda pelas variedades amazônicas, com as maiores empresas buscando ainda mais
matéria prima, implicando na urgente necessidade de organização das comunidades
extratoras. Francisco Elno comenta ainda que esses resultados mostram que na atualidade,
essa indústria avança independentemente de qualquer juízo de valor, sobre tradicionais e
novos recursos da biodiversidade regional, seja planta aromática, alimentícia ou medicinal
(Disponível em <http//www.fucapi.br>. Acesso em 15/07/2015).
Em termos de evolução a indústria brasileira HPPC apresentou um crescimento médio
próximo de 10% a.a, o que é expressivo já que a indústria em geral cresceu apenas 1,9% no
mesmo período, estes são dados médios deflacionados, sendo que em 1996 o faturamento
do setor era de R$ 4,9 bilhões e em 2014 o setor faturou R$ 43,5 bilhões, ou seja, um
crescimento de 800% em 18 anos.
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Segundo a ABIHPEC este crescimento está relacionado com os seguintes fatores: (1) o
aumento da renda das classes D e E, permitindo aos mesmos acesso a este produto, (2) os
da classe C começaram a consumir produtos com valor mais agregado, (3) a participação
da mulher no mercado de trabalho, (4) a redução dos preços devido ao uso da tecnologia de
ponta da indústria nacional, (5) lançamentos constantes atendendo as necessidades de
mercado e (6) o aumento da expectativa de vida da população, que provocou a busca por
produtos para aparência jovial. Em 2014, o setor apresentou um déficit na balança
comercial de R$272 milhões, tendo uma importação de 1.071 bilhões frente a exportação
de 798 milhões, conforme gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1: Balança comercial HPPC, em milhões de reais. Julho de 2015.
798
1071
-273-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
BALANÇA COMERCIAL
exportação importação saldo
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
Os três principais destinos das exportações brasileiros são países do Mercosul, a Argentina
representa 19,5% com R$155.344 milhões, o Chile com R$ 81.772 com 10,1% de
participação na exportação e a Venezuela com R$ 45.207 com 9,5% das exportações.
Conforme gráfico 2 abaixo.
17
Gráfico 2: Exportação HPPC, em milhões de reais. Julho de 2015
15582
45
496
778
-
100
200
300
400
500
600
700
800
900
ARGENTINA CHILE VENEZUELA OUTROS TOTAL
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
No gráfico 3 abaixo, demonstra-se as importações feitas pela Argentina com R$ 288.922,
27% do total importado, depois dos Estados Unidos com 136.842 milhões (12,8%) e
França com R$ 119.270 milhões (11,1%).
Gráfico 3: Importações HPPC, em milhões de reais. Julho de 2015
-
200
400
600
800
1.000
1.200
ARGENTINA EUA FRANÇA OUTROS TOTAL
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
18
Segundo o mesmo relatório, existem 2.540 indústrias, sendo 20 de grande porte, com
faturamento acima R$ 100 milhões, estas empresas concentram 73% de todo o faturamento
do setor. As empresas concentram-se no Sudeste, com 1553 empresas (61,10%), seguidas
por 498 no Sul (19,6%), 262 no Nordeste (10,3%), 179 no centro-oeste (7%) e apenas 48
no Norte (2%) conforme demonstra o gráfico 4 abaixo.
Gráfico 4: Localização das indústrias por região, HPPC. Julho de 2015
Sudeste61%
Sul20%
Nordeste10%
Centro Oeste7%
Norte2%
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
No gráfico 5 pode ser observado a distribuição das indústrias localizadas na região norte,
sendo que 03 industriam funcionam no Acre, 16 no Amazonas, 09 em Rondônia, 13 no
Pará, 06 no Tocantins, 01 Amapá e nenhuma em Roraima.
19
Gráfico 5: Localização das indústrias de HPPC na região norte, julho de 2015.
3
16
9
13
6
1
1
ACRE AMAZONAS RONDONIA PARÁ TOCANTINS AMAPÁ
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
Com relação a geração de emprego, em 2014 o segmento todo emprega 5.620 milhões depessoas, sendo que a indústria empregou 126 mil pessoas, os centros de distribuição 35 milpessoas, as franquias 201 mil pessoas, as consultoras de vendas (porta a porta) 4.053milhões de pessoas e os salões de beleza 1.205 milhões de pessoas, conforme mostra ográfico 6.
Gráfico 6: Geração de emprego em 2014. Julho de 2015.
126
35 200,
7
4053
1205
G E R A Ç Ã O D E E M P R E G O
INDUSTRIA CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO
FRANQUIAS CONSULTORAS
SALOES DE BELEZA
Fonte: Elaboração K3 com dados da ABIHPEC, 2014.
20
3.3.1 ESTRUTURA PRODUTIVA DO SEGMENTO DE COSMÉTICOS
A biodiversidade dos ecossistemas amazônicos, segundo especialistas da área, pode ser
considerada como o maior potencial natural do mundo contemporâneo, servindo de
material para estudos científicos e insumos pertinentes à cadeia produtiva, ambos os
aspectos são importantes no desenvolvimento regional, daí a relevância no domínio da
informação genética, na sua utilização e na conservação da variabilidade dos genes dos
biomas amazônicos (Barata, 2012).
Atualmente, metade dos 25 medicamentos mais vendidos no mundo tem origem em
princípios ativos de plantas, incluindo-se os fungos (Pletsch, 1998). É nessa diversidade
biológica que se apoiará a grande indústria do século XXI, a biotecnologia a qual está
voltada para o crescente mercado mundial de produtos biotecnológicos, que movimenta
entre 470 bilhões e 780 bilhões de dólares por ano. Segundo Barbosa (2001), no Brasil, a
participação desse mercado ainda é pequena, atingindo 500 milhões de dólares por ano.
A Bioeconomia é uma oportunidade para a economia brasileira, uma nova fronteira para o
desenvolvimento econômico, fundada nas possibilidades trazidas pelas Ciências Biológicas
e que traz consigo enorme capacidade de criar empregos, renda e gerar alternativas
econômicas para o país com base na aplicação de conhecimentos e tecnologias,
especialmente com o uso da biodiversidade.
De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE,2009), o desenvolvimento da bioeconomia é impactado pelo apoio público à
regulação, à propriedade intelectual, à atitude intelectual à atitude social e ao esforço de
pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I). As bases para a sua criação passam pelo
conhecimento avançado dos genes e dos processos celulares complexos, do uso de
biomassa renovável e da integração multissetorial da biotecnologia aplicada (CNI, 2014).
21
O segmento de cosméticos engloba-se nesta chamada Bioeconomia e analogamente, seu
desenvolvimento é diretamente impactado pelo apoio público a regulamentação, a
pesquisa, ao desenvolvimento e inovação. Neste sentido, o mapeamento das instituições
públicas e privadas que promovam ensino, pesquisa e extensão com foco no
desenvolvimento de produtos, protótipos e tecnologias para o segmento de cosméticos na
Região Norte é fundamental para se planejar seu desenvolvimento.
A indústria de cosméticos envolve a produção de “preparações constituídas por substâncias
naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema
capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade
oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência
e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado” (ANVISA,
2005).
Do ponto de vista técnico-produtivo, essa indústria se caracteriza por uma base
relativamente simples, envolvendo a manipulação de fórmulas que, em geral, não
apresentam grande complexidade. Embora não se verifiquem grandes barreiras técnicas à
entrada, as empresas do setor podem se aproveitar de grandes economias de escala e
escopo, tanto na utilização de insumos e embalagens, quanto nas atividades de
comercialização, através do aproveitamento comum dos canais de distribuição, campanhas
de marketing e estratégias de fixação de marcas (BRASIL, 2012).
É interessante destacar que as grandes empresas multinacionais são diversificadas e
produzem além de cosméticos, alimentos, produtos de limpeza e produtos farmacêuticos,
exemplos dessas empresas são a Procter & Gamble, Unilever, Colgate e Johnson &
Johnson. Já as grandes empresas mais especializadas, atendem a praticamente todos os
segmentos do setor, tais como produtos para cabelo, maquiagem, perfumes, dentre outros.
A segmentação de mercado ocorre por faixa etária, gênero, renda, etc. Exemplos dessas
empresas são: L’oreal, Avon, Beiersdorf, Esteé Lauder, Shiseido, além das nacionais
Natura e O Boticário (UNICAMP, 2013).
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Os canais de comercialização também são distintos, enquanto as multinacionais
diversificadas utilizam canais tradicionais de varejo, como supermercados e farmácias, as
empresas especializadas procuram controlar outros canais, como a venda direta porta a
porta, salões de beleza, lojas especializadas redes de franquias. As empresas mais
especializadas adotam de forma mais acentuada a estratégia de inovação, de diferenciação
e de lançamento constante de novos produtos (CNI, 2014).
Apesar de não considerar todas as empresas que fabricam cosméticos, as informações do
RAIS, 2014 (Relação Anual de informações), permitem analisar um pouco melhor a
estrutura do setor. Como ressaltado anteriormente, uma das características fundamentais
dessa indústria é a existência de barreiras à entrada pouco significativas, o que permite a
existência de um número elevado de micro e pequenas empresas. Assim, temos
convivendo com esses dois tipos de empresas, existe um vasto conjunto de pequenas e
médias empresas, que não têm dificuldade para entrar no mercado em razão das pequenas
barreiras técnicas, mas que encontram restrições para se expandir em função das limitações
em termos dos ativos comerciais, em especial marcas e canais de distribuição (NEIT,
2014).
Uma questão a se observar em relação à estrutura de produção é que a organização dessas
empresas tende a ser descentralizada e mais próxima ao mercado consumidor, isso ocorre
para adaptar os produtos aos hábitos de consumo de cada região. Por este aspecto,
podemos perceber um grande número de empresas localizadas na Região Sudeste,
principalmente São Paulo. Analisando a Região Norte, fornecedora de insumos, mas que
possui baixa densidade demográfica, baixa renda per capta e ainda enfrenta problemas
relativos a logística essa pode ser uma dificuldade para atração de empresas para a Região.
No entanto, a indústria processadora de matérias primas, ou seja, aquela que produz
insumos para a indústria cosmética como óleos, extratos, manteigas, etc., tende a se
localizar próximo aos centros fornecedores de matérias primas, sendo uma oportunidade
23
para a Região de agregar valor aos insumos amazônicos e ainda gerar um ambiente
favorável, para que no curto prazo aumente o número de pequenas indústrias de cosméticos
e a médio e longo prazo, empresas maiores e multinacionais.
Entender a estrutura do mercado, sua dinâmica de funcionamento e aproveitar as vantagens
competitivas existentes e decorrentes dessas vantagens, para desenvolver o segmento a
partir de uma base estruturada, pode ser uma alternativa viável consolidar a cadeia de
cosméticos de base amazônica. Os mercados se comportam de maneira distinta e conforme
sua estrutura de produção, alguns tendem a se localizar próximos aos centros de produção
de insumos e outros próximos aos centros consumidores e/ou distribuidores do produto
acabado. Todo mercado opera a partir de leis que regulamentam seu funcionamento no
caso do segmento de cosméticos, esta característica é extremamente relevante.
As tendências recentes e estratégias das empresas para atingirem o mercado potencial são
referenciadas a seguir:
Do ponto de vista geográfico: a crescente importância dada aos países emergentes
em razão do maior ritmo de crescimento observado e do potencial de crescimento
futuro;
Do ponto de vista do desenvolvimento de produtos: destaca-se a tendência de
desenvolvimento de princípios ativos e sua incorporação em produtos cosméticos,
especialmente produtos para a pele, como anti-sinais e a anti-celulites;
Do ponto de vista ecológico e ambiental: outra tendência importante tem sido a
crescente preocupação com o desenvolvimento e a utilização de ingredientes
naturais e orgânicos, aliados à preocupação com a segurança na utilização,
fomentada pelas regulamentações associadas das instituições de vigilância
cosmética;
Da adoção do conceito de “química verde”: desenvolvimento de alguns produtos,
com o uso de matérias-primas renováveis, síntese com um número reduzido de
estágios para evitar resíduos e desperdícios e utilização de água como solvente.
24
A base técnica e produtiva do setor apresenta, em geral, grau relativamente baixo de
complexidade. Entretanto, nas empresas mais dinâmicas do setor, o esforço para o
desenvolvimento de novos produtos pode envolver volume significativo de recursos. O
número de pessoas envolvidas nas atividades de P&D também pode ser bastante relevante,
assim como a atividade de patenteamento.
A L’oreal, por exemplo, gastou € 533 milhões em P&D, sendo um terço desse valor em
pesquisa básica. Possui cerca de 3.000 pessoas empregadas nas atividades de P&D, em 16
laboratórios ao redor do mundo, tendo patenteado 569 produtos em 2006. As empresas
nacionais líderes possuem uma intensidade de gastos em P&D bastante significativa. Por
exemplo, a Natura teve uma relação P&D sobre receita líquida de 3,4%, em 2007, maior
do que todas as demais empresas analisadas (UNICAMP, 2013).
Em geral, as áreas mais intensivas em esforços de P&D estão relacionadas à aplicação de
princípios ativos em produtos para a pele, os dermocosméticos. Esses produtos, que
precisam ter sua eficácia comprovada em testes laboratoriais, buscam incorporar efeitos
anti-envelhecimento, anti-sinais, de hidratação e proteção solar, além das funções
cosméticas tradicionais. Ao mesmo tempo, a aproximação da base científica e tecnológica
com a indústria farmacêutica tem estimulado as próprias empresas farmacêuticas a
lançarem produtos cosméticos/dermatológicos (NEIT, 2014).
No Brasil, segundo o IMS/PMB (Valor Econômico, 02/01/2008), os laboratórios
farmacêuticos lançaram entre novembro de 2006 e outubro de 2007, 49 novos produtos e
89 novas extensões de produtos dermocosméticos. Mais recentemente, o desenvolvimento
de aplicações da nanotecnologia aos cosméticos vem ganhando força como um dos campos
prioritários nos laboratórios de P&D das grandes empresas do setor e nos contratos destes
com instituições de pesquisa e universidades.
25
A utilização da nanotecnologia permite um controle muito maior da velocidade com que o
ativo é liberado, assim como a profundidade em que é liberado na pele. Além dos
dermocosméticos, a nanotecnologia também está sendo utilizada para preparações
capilares, uma vez que permite atingir os fios sem destruir a fibra externa que os recobre, e
em produtos de maquiagem, com nanopigmentos pelo maior gama de cores e textura
permitida pela sua utilização. Algumas empresas nacionais têm acompanhado essa
tendência e incorporado produtos que utilizam a nanotecnologia a seu portfólio
(UNICAMP, 2008).
Existem também empresas de menor porte buscando desenvolver aplicações de
nanocosméticos, como, por exemplo, a Chmyunion, empresa especializada em fornecer
matérias-primas para a indústria de cosméticos e farmacêutica e que vende seus produtos
para praticamente todos os grandes fabricantes de cosméticos (Ereno,2008).
A produção e as exportações continuam sendo dominadas pelos países desenvolvidos, que
ao mesmo tempo são a sede das grandes empresas mundiais do setor. Esse é um aspecto
que deve ser destacado, uma vez que ao contrário de várias outras cadeias produtivas, em
especial no setor de bens de consumo não duráveis, onde é visível o aumento da
participação de produtores asiáticos, especialmente da China, observa-se no setor de
cosméticos uma certa estabilidade entre os principais produtores e exportadores mundiais.
Em grande parte, isto se deve ao fato de que além da capacitação produtiva, neste setor é
fundamental o domínio de ativos comerciais importantes, em especial a criação de marcas
e o desenvolvimento de canais de comercialização adequados aos hábitos de consumo de
cada região (NEIT, 2014).
Dentre os países em desenvolvimento, com certeza o Brasil é um dos que conta com um
setor de cosméticos com maior potencial competitivo, tanto pelas dimensões de seu
mercado, quanto pela existência de uma estrutura industrial capaz de atender à maior parte
desse consumo. É um setor onde estão presentes as grandes empresas internacionais
26
produzindo localmente, tanto as empresas de bens de consumo diversificadas quanto as
empresas especializadas no setor de cosméticos, mas que conta também com empresas
nacionais importantes, que conseguiram reunir capacidade de produção relevante e ao
mesmo tempo ativos comerciais, como marcas e canais de distribuição bastante
desenvolvidos. Também estão presentes um grande número de pequenas e médias
empresas, configurando uma estrutura ampla e complexa.
Apesar do dinamismo no mercado interno, o Brasil ainda possui uma participação pouco
expressiva no comércio internacional, mesmo considerando o crescimento observado no
período recente. Essa participação é menor ainda quando se consideram os produtos de
beleza e maquiagem e perfumes, justamente os produtos mais importantes no comércio
internacional de cosméticos, caracterizados por um valor médio bastante superior aos
demais.
Esse desafio depende em grande parte do sucesso das estratégias de internacionalização
das grandes empresas nacionais. Essas empresas estão buscando expandir suas operações
internacionais e montando canais de distribuição no exterior, seja através de franquias, seja
através da organização de estrutura de vendas diretas, ao mesmo tempo em que procuram
fixar suas marcas no mercado internacional. Do ponto de vista de mercado, é importante
ressaltar que existe uma tendência importante de aumento de consumo de cosméticos que
incorporem ingredientes naturais e orgânicos. Esse é um aspecto que merece ser melhor
avaliado, uma vez que pode ser um nicho importante para a penetração de empresas
brasileiras no exterior.
Essa estratégia exigiria, além do esforço de divulgação externa, uma ação paralela para
criar selos de qualidade ou certificações que definam e garantam padrões de produção,
utilização de insumos e manipulação para que os consumidores internos e externos possam
discriminar efetivamente os cosméticos orgânicos dos não orgânicos. Nesse sentido, vale
27
destacar a importância da ANVISA, enquanto agência responsável pela definição das
normas que garantem a qualidade e segurança dos usuários.
A normatização dos cosméticos orgânicos por parte da ANVISA, articulada com entidades
de classe e outras instâncias governamentais, pode ser uma estratégia importante tanto para
o esclarecimento dos consumidores quanto para facilitar a ocupação desse nicho no
mercado internacional. Vale lembrar ainda que a ANVISA vem buscando adequar o
padrão brasileiro ao padrão internacional, o que significa que atualmente as exigências
para o registro de produtos cosméticos no mercado brasileiro não são muito diferentes das
exigências de registro no mercado internacional, o que facilita a atividade de exportação
(ABDI, 2013).
Ao mesmo tempo, a agência tem buscado reforçar a divulgação de normas e procedimentos
para garantia de qualidade e estabilidade dos produtos, métodos de ensaios analíticos e
descarte de materiais. Finalmente, é importante destacar que, do ponto de vista da inovação
e do desenvolvimento tecnológico, existem áreas dentro do setor de cosméticos que são
extremamente dinâmicas e que exigem esforços elevados de P&D, tanto internamente
quanto em interação com laboratórios, instituições de pesquisa e universidades. Uma área
importante, que está diretamente relacionada ao desenvolvimento de produtos naturais e
orgânicos, são as pesquisas que exploram a biodiversidade botânica brasileira como fontes
de matérias-primas. No entanto, atualmente, a área mais dinâmica é a dermocosmética,
onde a aproximação com a base de conhecimento da indústria farmacêutica é evidente
(ABDI, 2008).
O apoio da política pública e a existência de linhas de financiamento a inovação e ao
desenvolvimento científico são de extrema relevância, além do estímulo à maior interação
entre as empresas e os institutos de pesquisa. O enfrentamento desses desafios poderá
resultar na continuidade do processo de melhoria competitiva pelo qual o setor vem
passando no período recente, elevando a capacidade de atendimento da população
28
brasileira com produtos de qualidade e, ao mesmo tempo, melhorando a inserção
internacional dos produtores brasileiros, seja através do comércio, seja através de
operações de investimento internacional (ABDI, 2008).
3.4 COSMÉTICOS DA AMAZÔNIA E O MERCADO JUSTO
Comercio justo significa comercializar tendo como preocupação a qualidade de vida e de
trabalho de pequenos produtores e extrativistas, mantendo um relacionamento de longo
prazo, e assegurando o desenvolvimento sustentável de comunidades marginalizadas pelo
comercio tradicional.
Em um arranjo produtivo como o de cosméticos que demanda cada vez mais ingredientes
da biodiversidade e, consequentemente gera impactos positivos e negativos na preservação
dos recursos naturais é fundamental ter uma comercialização pautada em princípios éticos,
principalmente das matérias-primas provenientes de comunidades tradicionais,
extrativistas, pequenos produtores e povos indígenas, como acontece na Amazônia
Brasileira.
Ao reconhecer os saberes dos povos tradicionais, que conseguem há gerações conciliar a
conservação de seus territórios e florestas com a coleta desses recurso, que são
transmitidos de pai para filhos, que é a base de vida dessas populações, o mercado justo
permite que estas comunidades sejam incluídas no mercado, sem desconfigurar seu estilo
de vida e costumes.
Na Amazônia, a maioria dos produtos ainda é comercializada, em grande parte, de forma
extremamente informal. Em geral, as comunidades recebem de atravessadores baixíssimos
valores pelos produtos, não gerando benefício social e econômico para os povos, gerando
uma frustação em relação a atividade.
29
O ideal seria uma relação direta das empresas com as comunidades, com acompanhamento
de instituições da sociedade civil nos processos de negociação, gerando acordos coletivos,
com estabelecimento de preço justo e de requisitos como prazos, volumes, qualidade e
processamento que respeitem o modo de vida de cada comunidade. Algumas experiências
exitosas neste sentido vem tendo como resultados contratos cumpridos, geração direta de
benefícios econômicos e sociais, transferência de tecnologias, garantia de fornecimento e
origem e contribuição com a conservação dos territórios e florestas.
Se de um lado temos a preocupação com a matéria-prima, a preocupação do consumidor é
crescente, sendo uma tendência no mundo e no mercado brasileiro, principalmente por
empresas que consomem ingredientes naturais da Amazônia brasileira. Os Brasileiros são
apontados como os que mais detêm o maior conhecimento sobre o conceito de
biodiversidade (96%), seguido pela França (95%) e China (94%), segundo estudo lançado
pela União Para Biocomercio Ético - UEBT avalia o conhecimento sobre a biodiversidade
ao redor do mundo. Neste mesmo estudo 84% dos consumidores afirmaram que deixariam
de comprar produtos da indústria de beleza se soubessem que não praticam processos
corretos ambientais e éticos.
Portanto, concluímos que as empresas serão cada vez mais cobradas pelos processos
produtivos e terão que agir de forma transparente, já que ano a ano é notada uma mudança
no consumidor, que são mais exigentes e preocupados com qualidade, ética e impacto
ambiental.
30
4. CAPÍTULO 2
4.1 A PESQUISA DE CAMPO
O trabalho foi desenvolvido nos sete estados que compõem a Região Norte do Brasil a
partir do levantamento de informações secundárias e primárias junto à
instituições/instituições públicas e privadas que desenvolvem pesquisas relacionadas ao
uso da biodiversidade amazônica para fabricação de cosméticos.
4.2 METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho seguiu o guia proposto por Diez Hurtado (2001), tendo as
etapas inerentes àquela metodologia ajustadas para a situação aqui apresentada. A
metodologia adotada consistiu nas seguintes etapas:
a) Definir o que sistematizar: formulação de questões a serem respondidas pela
investigação durante o diagnóstico, destacando os fatores de entraves e êxito,
segundo uma matriz norteadora dos trabalhos.
b) Coletar informações e realizar visitas: os questionários serão aplicados por meio
digital (via e-mail) e ou pessoal (visita presencial) com os pesquisadores de
instituições governamentais e não governamentais, envolvidas com pesquisa e
desenvolvimento de cosméticos na região Norte. Serão também realizadas visitas
técnicas às principais instituições, previamente identificadas, e distribuídas em cada
um dos estados da Região Norte, afim aprofundar e coleta informações mais
precisas através de coleta in situ dos dados.
c) Preparar as informações: Resgatar e ordenar os dados primários e secundários que
constituirão um banco de dados com as informações coletadas na etapa anterior.
d) Obter conclusões: a partir do entendimento, cálculos, análise e explicação dos
dados, destacando os desafios e as oportunidades, tendo como referência a matriz
norteadora do trabalho.
31
e) Difundir informações e colher contribuições: realizar seminário regional para
apresentação dos resultados, a fim de promover um amplo debate sobre o setor de
cosméticos com a participação de especialistas renomados e apresentar um relatório
final contendo todas as informações consolidadas.
Estas etapas foram desenvolvidas com 4 equipes, sendo uma equipe coordenadora, duas
equipes técnicas e uma equipe de apoio. As equipes foram localizadas estrategicamente em
3 estados, sendo eles o Acre, Amazonas e Tocantins. A matriz norteadora dos trabalhos
estabeleceu os componentes da investigação, conforme apresentado a seguir:
EIXOSESTADOS
AC AM AP RO RR TO PA
A. Identificação A-1 A-2 A-3 A-4 A-5 A-6 A-7
B. Espécies Amazônicas B-1 B-2 B-3 B-4 B-5 B-6 B-7
C. Mercado C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-6 C-7
D. Disseminação Tecnológica D-1 D-2 D-3 D-4 D-5 D-6 D-7
E. Visão Estratégica E-1 E-2 E-3 E-4 E-5 E-6 E-7
Foram coletadas informações sobre as pesquisas tendo os eixos da matriz como referência.
A equipe do projeto fez visitas às principais instituições/entidades em cada um dos estados
da região norte.
A: Informações sobre a instituição/entidade, nome, CNPJ, endereço, contato,
responsáveis, etc.;
B: Informações sobre a pesquisa, título, objeto, data de início e fim, fase da pesquisa,
patentes, produto, processo, etc.
C: Informações sobre mercado, produto possui fins mercadológicos, investimentos
público e privado, estudos de mercado, etc.
32
D: Existência de cursos, grade curricular, mercado para recém formados, número de
turmas, cursos de pós-graduação, incentivos e políticas públicas, etc.
E: visão estratégica, motivação para pesquisa, dificuldades enfrentadas, pontos fortes
e fracos para desenvolvimento da cadeia de cosméticos, etc.
4.3 VISITAS AS INSTITUIÇÕES E PESQUISADORES ENTREVISTADOS
Visando promover a interação das instituições de pesquisas e seus pesquisadores com as
ações do projeto e objetivando identificar e conhecer as pesquisas para fins da produção de
cosméticos tendo a utilização de biodiversidade amazônica foram realizadas visitas
técnicas as instituições e pesquisadores. Abaixo relato e encaminhamentos dessas visitas
no período de fevereiro a junho de 2015.
A parte introdutória em todas as visitas se deu em mencionar sobre o trabalho em si e seu
objetivo, reforçando que o nome do profissional, ora entrevistado, havia sido mencionado
pela empresa contratante, fruto de uma pesquisa minuciosa que mesma realizou destacando
profissionais que atuassem em pesquisa, ensino e extensão da cosmetologia amazônica,
deixando claro o principal papel naquela situação, qual seja, o de sensibilizar para o
preenchimento de um questionário on line.
Nessas visitas foi colocada a importância do preenchimento do questionário para a criação
do banco de dados. Com essas informações, o conhecimento dos gargalos enfrentados na
pesquisa científica, busca-se ter subsídios para contemplar futuros editais objetivando
subsidiar as lacunas e fragilidades existentes na cadeia produtiva das essências e óleos
amazônicos.
Abaixo descrição por estado dos pesquisadores e instituições que participaram da pesquisa
de campo e forneceram informações para o banco de dados sobre a pesquisa de cosméticos
da região norte do Brasil.
33
Estado do Amazonas
Dra. Katherine Oliveira
Após contato via telefone, a entrevista foi agendada para o dia 19 de março de 2015 e
aconteceu na sede do Centro de Biotecnologia da Amazônia - CBA. Dra. Katherine
desenvolve, no âmbito da prospecção, Avaliação Tecnológica de Matérias Primas
Amazônicas para Fabricação de Produtos Industriais com foco em cosméticos e fito
cosméticos.
Na entrevista comentou que para um determinado cosmético dizer que serve para
determinado problema precisa de validação junto a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária/ANVISA, então a maior dificuldade não é incorporar o óleo na base do produto
final, mas sim ter a comprovação disso. Por isso para se conseguir colocar o “apelo
amazônico” junto ao rótulo dos produtos precisa ter as validações junto a ANVISA, que
são várias. Citou que o principal gargalo no segmento dos óleos essenciais são os testes de
controle da qualidade e segurança para validação e/ou comprovação da bioatividade, que
necessariamente se necessita de anos de pesquisa aplicada.
A parte tecnológica de formulação de produtos é a mais fácil, o principal gargalo é afirmar
que tal produto tem “atividade terapêutica” ou ainda que tenha “propriedades” que
auxiliam em determinado problema, por exemplo: coibir aparecimento de rugas, ser
rejuvenescedor, relaxante muscular, etc. É extremamente burocrático e demanda anos de
pesquisas, reforçou. Como dito por outro pesquisar, também entrevistado, tudo é um jogo
de palavras.
Nos rótulos não se afirma, mas induz que poderá haver propriedade tais que auxiliam em
tais e tais problemas, comentou Oliveira. Foi demandada pelo CBA para desenvolver
produtos do tipo agente de processo para fabricação de pneu para bicicleta. Pois foi
identificado pela indústria que existe um nicho de mercado para produtos ou subprodutos
de origem orgânica e sustentável. É um nicho de mercado que poderá ser explorado e
34
consequentemente aumenta o valor dos produtos finais. A empresa procura insumos
amazônicos que possam substituir o que hoje é utilizado na fabricação como agente de
processo, ou seja, aquilo que não está na composição final do produto, mas ajuda em
obtenção do produto final.
As principias espécies da biodiversidade amazônica utilizadas para estudo pelo CBA, são
buriti, castanha, tucumã, guaraná, açaí, bacaba, copaíba, andiroba, pupunha e babaçu.
Iniciou-se uma parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas/IPÊ no sentido de
aproximar o CBA de comunidades tradicionais da região do Baixo Rio Negro, em Manaus,
onde o IPÊ tem atuação direta, e em especial, no desenvolvimento comunitário e geração
de renda através valorização dos produtos da sócio biodiversidade local. Entretanto por
questões burocráticas, não foi possível firmar um termo de cooperação técnica. Dra.
Katherine indicou os Professores Dr. Emerson Lima e Dra. Tatiane Souza, ambos da
Universidade Federal do Amazonas/UFAM, para que fossem entrevistados, pois são
profissionais que estão pesquisando sobre a atividade terapêutica de ativos ou bioatividade,
entretanto ambos estavam ausentes da cidade. Dra. Katherine confirmou que iria responder
o questionário on line.
Professor Leandro de Souza
A entrevista ocorreu na sede da Universidade Nilton Lins, especificamente nas
dependências da Coordenação de Saúde Biológica, no dia 19 de março de 2015. O
professor Leandro de Souza leciona para os cursos de farmácia, nutrição, odontologia e
medicina e tem cerca de 600 (seiscentos) alunos. Atuou com pesquisa ainda quando tinha
vínculo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, com subprodutos das
essências amazônicas como o açaí, cupuaçu, andiroba, copaíba e mulateiro.
Também desenvolveu a formulação de produtos junto à Empresa de Cosméticos Pronatus
da Amazônia na linha de creme hidratante corporal, utilizando essência das espécies de
mulateiro e açai. Uma curiosidade que comentou foi sobre seu trabalho junto à Empresa
35
Pronatus e a descrição no rótulo dos produtos formulados. Descrição tal que implica
diretamente no valor e no tempo necessário para o desenvolvimento de um produto que
utiliza essências amazônicas. Como exemplo citou a seguinte descrição: creme hidratante
de óleo de cupuaçu é rejuvenescedor. Afirmar isso necessita de comprovação cientifica e
muitas vezes o tempo é demasiadamente longo para tal resposta, assim rotulava os
produtos como: acredita-se que o óleo de cupuaçu pode rejuvenescer a pele, pois assim
baseava-se apenas em conhecimentos empíricos e pouco, ou muito pouco, de comprovação
científica. Segundo ele tudo é um jogo de palavras no universo mercadológico que envolve
os produtos em questão.
Não chegou a ter relação junto às comunidades tradicionais e atualmente apenas leciona na
Universidade, entretanto se mostrou disposto a responder o questionário. Indicou a
Professora Dra. Sonia Braga, também da Universidade Nilton Lins, para que fosse
entrevistada e comentou sobre o Centro de Pesquisa da própria Universidade. A Professora
Braga não estava na cidade de Manaus, portanto não foi possível realizar a entrevista.
Dr. Adrian Pohlip
O Dr. Adrian Pohlip é pesquisador titular e Coordenador da Coordenação de Tecnologia e
Inovação/COTI do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, em Manaus/AM. É
participante fundador da rede Brasil/Alemanha de pesquisas em produtos naturais para
doenças negligenciadas. É Orientador de alunos de pós graduação nas áreas de
biotecnologia, farmácia e química junto à Universidade Federal do Amazonas/UFAM.
Tem interesse em cadeias produtivas Amazônicas de plantas medicinais desde a
propagação e cultivo de espécies nativas, à extração de produtos naturais com potencial
utilização econômica, à composição e à atividade biológica, com ênfase em plantas e seus
princípios ativos antimaláricos e larvicidas/inseticidas.
Também tem interesse em isolamento de princípios ativos de plantas em escala de gramas,
preparação de derivados semi-sintéticos com potencial utilização medicinal. Conseguir
36
uma entrevista com o pesquisador Pohlip não foi fácil, pois o mesmo é super demandado.
E somente, vale ressaltar, foi possível pois esse consultor foi indicado por um dos diretores
do INPA, Dr. Carlos Bueno, do qual tem relação profissional.
O mais importante da entrevista foi ter a indicação de outros 4 (quatro) profissionais que
responderiam de forma mais aplicada ao objeto do trabalho em si. A área de atuação de
Pohlip é sobre os princípios ativos antimaláricos e larvicidas/inseticidas. A entrevista
aconteceu no período noturno, na sede do INPA, em Manaus no dia 20 de março de 2015.
Dr. Adrian disse que iria responder o questionário on line, especialmente por que é um
tema que tem interesse em desenvolver ações.
Dr. Sergio Nunomuro
O pesquisador Sergio Nunomuro responde atualmente pela coordenação do departamento
de recursos naturais, e tem contato de todos os pesquisadores que desenvolve estudos com
a biodiversidade amazônica. Foi apresentado ao mesmo os objetivos do projeto e a
importância de responder o questionário e divulgar para os demais pesquisadores do INPA.
O pesquisador fez contato com o pesquisador Carlos Bueno, coordenador de extensão do
INPA e foi disponibilizado seus contatos para o envio do link do questionário, onde
mesmo foi disponibilizado havendo retorno com o preenchimento de questionários.
Prof. Sergio Castro
O professor Sergio Castro é docente do curso de química da UFAM (Universidade Federal
do Amazonas), especialista em extração de óleos vegetais, mais voltado para o setor de
biocombustível para geração de energia, um dos grandes desafios da região amazônica
devido a inúmeras comunidades isoladas existentes.
Com relação a pesquisa com cosméticos, o professor desconhece pesquisas na área e
acredita ser muito inexplorado no estado esta área. Indicou que procurássemos o
Pesquisador SERGIO NUNOMURO do INPA (Instituto Nacional de Pesquisa
37
Amazônica). O Professor Castro relatou seu trabalho junto a comunidades extrativistas e
sua experiência na área de desenvolvimento de processos de extração de óleos e ficou
muito interessado no projeto e se colocou à disposição de parcerias nas fases de
levantamento de insumos e comunidades produtoras.
Estado de Roraima
Dr. Aloisio Alcântara Vilarinho
O Dr. Aloisio Alcântara Vilarinho é o chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da
Embrapa de Roraima, depois de feita a apresentada do projeto e os objetivos da visita, o
Dr. Aloisio fez uma explanação sobre as pesquisas desenvolvidas na unidade de Roraima,
e que as mesmas seguem áreas prioritárias de desenvolvimento regional, e que por falta do
conhecimento do potencial do setor dos cosméticos, não possuía nenhuma pesquisa
especifica para este fim. São desenvolvidas pesquisas florestais visando extração de óleos e
essências, porém, não focado ao cosmético. Ficou muito interessado em conhecer as
oportunidades de mercado de cosméticos e futuramente viabilizar novas frentes de
pesquisas no Estado.
Prof. Maria Tereza Mendes
A professora Maria Tereza Mendes, docente do curso de Químicas da Universidade
Federal de Roraima, já tinha conhecimento do projeto estruturante de cosméticos, a mesma
participou de reuniões anteriores junto aos gestores do SEBRAE-RR. Maria Tereza disse
conhecer apenas uma pesquisa de uma mestranda que utilizou a planta andiroba para fazer
shampoo e sabonete especiais. A mesma indicou 03 pesquisadores e ficamos de enviar o
link para que a disponibilizasse na rede da Universidade.
38
Gestores: Katia Machado e Josué Costa da Silva Sebrae Roraima
Foi realizada uma reunião com os gestores do Sebrae, Katia Machado e Josué Costa da
Silva, onde foi apresentado os objetivos das visitas programadas no estado de Roraima. Os
mesmos apresentaram uma lista de instituições e parceiros do projeto, para que fossem
levantadas as informações e enviados o questionário para os pesquisadores.
Estado do Acre
Prof. Dr. Anselmo F. R. Rodrigues
Professor de Física do Departamento de Química na UFAC, coordenador do Mestrado em
Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia – CITA. Tem uma serie de orientações
de mestrado e doutorado com ativos amazônicos principalmente oleaginosas e
nanotecnologia (Mauritia flexuosa) (buriti), Carapa guianensis (andiroba), Calycophyllum
spruceanum (mulateiro), Solanum sp (jurubeba do mato) e Humirianthera ampla
(surucuina), além de um trabalho também com análises físico-química e nanotecnologia de
Arapaima gigas (pirarucu).
Prof. Dr. Frederico Henrique da Silva Costa
Professor no Departamento de Agronomia, Doutor em Fitotecnia, Professor Permanente
do Curso de Mestrado em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia (PPG-CITA),
e do Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Produção Vegetal (M/D) desde fevereiro
de 2014. Trabalha com cultivo vegetal com as espécies Aloe vera (Babosa), Maytenus
ilicifolia (Espinheira santa), Uncaria spp. (Unha de gato), Croton lechleri (sangue de
dragão), Lippia spp. (Erva cidreira), Mikania glomerata (Guaco), Phyllanthus amarus
(Quebra-pedra) e Pfaffia glomerata (Ginseng brasileiro) entre outras.
Prof. Dr. Fernando Sérgio Escócio Drummond Viana de Faria
Engenheiro químico, doutor em biotecnologia, é professor no departamento de química, e
tem vasta experiência em desenvolvimentos de produtos com ativos amazônicos. Trabalha
39
com corantes naturais, fibras, ativos para bioindústrias, cosméticos, fitoterapia e
transformação de produtos naturais. Atualmente se dedica a Nanobiotecnologia com
atividades de síntese de nanopartículas magnéticas e funcionalização para uso medicinal e
terapia fotodinâmica. Trabalha com as seguintes espécies Castanha-do-brasil (Bertholletia
excelsa), Buriti (Mauritia flexuosa), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum), Andiroba
(Carapa guianensis) e Copaíba (Copaifera sp) entre outras. Coordena a Rede BIONORTE
tem vários alunos que orienta no mestrado e doutorado.
Prof. Dr. Igor Anatolievich Degterev
Professor visitante da Rússia, físico, que desenvolve atividades de terapia fotodinâmica
utilizando óleos vegetais amazônicos (açaí, buriti, tucumã, entre outros).
Prof. MCs. Marta Adelino da Silva Faria
Professora Departamento Saúde, Farmacêutica é doutoranda do programa BIONORTE.
Universidade Federal do Amazonas, UFAM, Brasil. Título: Desenvolvimento e
Caracterização de Nanoemulsões Magnéticas com extrato de Tabebuia avellanedeae para
terapia contra o câncer. Utiliza Astrocaryum ulei (murmuru). Área de estudo
farmacotécnica e nanociência. Os professores demonstraram grande interesse e
descreveram a importância do projeto, após a apresentação, foi relatada a importância de
cada pesquisa em sua de coordenação. As instalações do laboratório foram apresentadas e
enfocadas a importância da utilização dos equipamentos e mão de obra especializada
principalmente na área de nanopartículas para a área de cosméticos. Houve interesse de
participação no seminário do Professor Fernando Escócio, o qual foi convidado pelo
SEBRAE Acre.
Embrapa Acre
A visita a sede da Embrapa Acre, ocorreu no dia 27/02/2015 ás 09:00 , foi realizada uma
reunião no departamento de Plantas Medicinais e Horticultura com a presença de três
pesquisadores: Dr.Moacir Haverroth, pesquisador responsável pelo departamento de
40
Plantas medicinais da Embrapa, Coordenador de pesquisa da Rede Biocosmético no qual a
pesquisa esta relacionada diretamente com copaíba e Andiroba. Sua área de trabalho é
focada em Etnobotânica o qual desenvolve uma serie de pesquisas. Dra. Joana Maria Leite
de Souza, Pesquisadora na área da Tecnologia de Alimentos – Desenvolve diversos
trabalhos científicos no controle de qualidade pós-colheita de castanha, açaí, cupuaçu e
Murmuru. Desenvolvem tecnologia para procedimentos destes alimentos amazônicos e
Dra. Andrea Rapouso, Pesquisadora da área de genética coordena o laboratório e as
pesquisas na Embrapa. Foi coordenadora de projeto na Rede Biocosmético onde
desenvolveu estudos genéticos da Andiroba. Foi comentado entre as pesquisadoras que os
focos de suas pesquisas não eram cosméticos propriamente dito, mas entenderam o foco da
pesquisa em seu contexto. E também a importância do banco de dados e do seminário. A
Dra. Andreia ficou de passar o link para seus estagiários e orientadores, incluindo uma
pesquisadora do EUA, que trabalha diretamente com andiroba.
SEBRAE Acre
A reunião ocorreu no dia 30 de março as 14:00 na Fundação de Tecnologia do Acre, onde
o funcionário do SEBRAE e responsável pelo projeto no estado do Acre - Dikison Asfury
Rodrigues transmitiu as informações sobre o andamento das pesquisas, o que tinha sido
avançado, as principais dificuldades e a indicação de nomes de pesquisadores para
participação do evento em Tocantins. As indicações para participação foram do Dr. Moacir
Haverroth da Embrapa. Dr. Fernando Sérgio Escócio. Foi sugerido a participação da SOS
Amazônia no evento, que é uma ONG que tem um projeto aprovado no BNDS para
fomento as extrações de óleo do Juruá, porem informei que este trabalho é mais de
fomento a cadeia e não de pesquisa.
Como era de conhecimento do Sr. Dikison as atividades de pesquisa do Laboratório de
Produtos Naturais da FUNTAC foi apenas informado as mudanças na instituição, bem
como a equipe do Laboratório, mas enfocando que as atividades ainda permanecem as
mesmas.
41
Estado de Rondônia
INOVAM BRASIL
No dia 17 de março foi realizado uma ligação a empresa INOVAM com o Diretor
Comercial José Alexandre Da Lamarta que informou que a Empresa que trabalha com o
beneficiamento da castanha do Brasil e que há princípio tentou trabalhar outras oleaginosas
de origem florestal mas não prosperou uma vez que não teve retorno econômico e hoje
trabalha muito mais com a questão da castanha in natura do que com a produção de óleos a
partir desse fruto ou de outros frutos de origem florestal.
O Diretor comercial afirmou que os testes que se fazem necessários para atestar a
qualidade do óleo que a empresa produz são feitos em parceria com a Universidade de
Campinas (UNICAMP) uma vez que o estado carece de profissionais com conhecimento
para tal e/ou de laboratórios equipados para fazer esses testes de forma precisa. Mesmo
indagado por 3 vezes, inclusive em nova ligação telefônica no dia 18/03 o diretor
comercial da INOVAM evitou mencionar quem é o contato deles da UNICAMP o que
inviabilizou o envio do questionário.
SEBRAE – Rondônia, Instituição de Defesa Etno Ambiental Kanindé
A reunião aconteceu no dia 20/03/2015 nas instalações do SEBRAE com o funcionário
João Machado Neto (SEBRAE/RO) e o Eng. Florestal Luis Carlos Maretto, que representa
a Instituição de Defesa Etno Ambiental Kanindé.
João Machado informou que foi o coordenador do projeto no inicio das coordenações
estaduais, mas que por problemas de intervenção no SEBRAE Rondônia o estado não
participa diretamente do projeto. Somente as atividades serão desenvolvidas no âmbito das
consultorias externas.
42
Foi dito pelos dois participantes que o Estado de Rondônia tem iniciativas isoladas para
produção e comercialização de óleos e são mínimas. Salientou João Machado que não tem
conhecimento de qualquer tipo de trabalho com insumos florestais voltados para a indústria
de cosméticos, existe sim, no âmbito do SEBRAE uma consultoria voltada para a questão
do manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros e nesse sentido um estudo de mercado,
apenas isso.
O Sr. Luiz Carlos, que o instituto trabalhou com manejo e produção de óleo de copaíba,
que o Instituto comercializou nos anos de 2006 a 2011 mais de 1200K de óleo de copaíba.
E que atualmente com engenheiro florestal é dono de uma empresa que faz
comercialização para o exterior de óleo de copaíba. Mas nestes últimos anos a produção
esta em baixa, devido a vários fatores, inclusive a falta de apoio econômico e técnico das
ONGs como exemplo a WWF-BRASIL que fomentou a cadeia da copaíba no Estado.
Universidade Federal de Rondônia – UNIR
Foi realizada uma reunião no Departamento de Biologia onde a representante foi a
pesquisadora: Ana Paula Vasconcelos Rosa, pesquisadora mestre que trabalha com o
desenvolvimento de um anticoncepcional masculino com o ativo amazônico e do
departamento de biologia.
Na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) existem alguns trabalhos interessantes com
insumos florestais (oleaginosas), mas quase todos voltados para a questão de fármacos e
fitoterápicos. Um desses estudos que chamou bastante a atenção e está em estágio bastante
avançado tem como foco a elaboração de anticoncepcional masculino, sendo o projeto de
pesquisa da Ana Paula.
Ainda na Universidade todos os contatos com professores e alunos no sentido de se
localizar algum estudante ou profissional que está desenvolvendo ou desenvolveu algum
estudo ou pesquisa com foco em cosmetologia apontavam para a professora Mariângela
43
Azevedo que atualmente se encontra nos EUA concluindo o Doutorado. Sendo assim
tentamos contatá-la via e-mail em mensagem enviada ainda no dia 23/03. Na mensagem
enviada para ela além da apresentação do projeto convidamos a professora para responder
o questionário on line; ocorre que até o fechamento desse relatório não houve nenhuma
resposta de fato por parte dela.
Embrapa Rondônia
Em contato via e-mail no dia no dia 17/03 com o escritório da Embrapa em Porto Velho
fomos informados pelo Dr. Cléberson Fernandes responsável pelo Núcleo de Produção
Vegetal que em Rondônia pelo menos no âmbito da Embrapa não existe nenhuma linha de
pesquisa na temática de cosmetologia amazônica, mas que poderíamos contratar o
pesquisador Leonardo de Azevedo Calderon professor da UNIR e que trabalha na Fiocruz.
Infelizmente ao contatá-lo também via e-mail no dia 18/03 o mesmo além de colocar
alguns obstáculos de ordem burocrática não se prontificou a nos receber ou a ajudar uma
vez que estaria em aula.
Fiocruz Rondônia
No dia 20/03 fomos recebidos na Fiocruz pelo pesquisador Dr. Roberto Nicolete,
Pesquisador da Fiocruz eu trabalha com doenças negligenciadas e aplicações in vitro de
plantas medicinais. Atualmente é Pesquisador em Saúde Pública, área Imunologia, na
Fiocruz Rondônia, Porto Velho, chefe do laboratório de Biotecnologia Aplicada à Saúde e
gerente de plataformas técnicas. Membro integrante do Leish RIIP (The Institut Pasteur
Leishmania Network). Tem experiência na área de Farmácia, com ênfase em Análises
Clínicas, Farmacotecnia e Imunologia, atuando principalmente nos seguintes temas: micro
e nanopartículas poliméricas, lipossomas, encapsulação, mediadores lipídicos, inflamação,
imunomodulação, plantas medicinais, Micobacterium tuberculosis, Histoplasma
capsulatum e leishmanioses.
44
Na oportunidade na qual apresentamos o projeto e o convidamos a responder o
questionário, o mesmo se prontificou a ajudar no que fosse preciso colocando inclusive sua
equipe e o laboratório a disposição ainda que a temática cosmetologia não seja o principal
foco de trabalho da Fiocruz.
Estado do Pará
● Pesquisador Marcos Valério Santos da Silva/ UFPA
Após contato via telefone, a entrevista foi agendada para o dia 10 de abril e aconteceu na
UFPA (Reitoria). O Prof. Marcos, é representante de trabalhos de pesquisas de extensão,
representou nesta visita, os pesquisadores da instituição: Antônio Carlos Rosário Vallinoto,
Tianny Cristina Trindade Vilhena, Durbens Martins Nascimento, Marcieni Ataide de
Andrade, Ester Roseli Baptista, de ensino envolvidos com projetos e pesquisas
relacionados com Plantas medicinais, fitoquímica, farmacognosia; Fitoquímica e
Cromatografia Líquida de Alta Performance (LC-DAD e LC-MS) e Etnofarmácia
Assistência Farmacêutica em Plantas Medicinais. Algumas limitações foram relatadas no
presente estudo.
A principal delas é a escassez de produção de alguns fitoterápicos durante o período de
coleta dos dados. A despeito dessas limitações, podemos sugerir que existe um cenário
favorável ao Programa Farmácias Vivas desenvolvido na cidade de Belém/PA. Na
entrevista o Dr. Marcos Valério, esclareceu sua colaboração com os projetos relacionados
onde ele procura dar apoio e assistência para os pesquisadores colaborando com recursos e
espaço para as pesquisas e publicações das mesmas. Falou também que todos os
pesquisadores concordaram em responder o questionário online. O mesmo relatou que iria
responder o questionário on line.
45
Ana Sanches - Aromas da Amazônia
Após o contato via telefone a visita foi realizada em 09/04 de 2015, onde foi apresentado a
Dra. Ana o questionário online e a mesma afirmou que o responderia. Ressaltou ainda, que
“O nosso trabalho diário é buscar meios de crescer sem destruir a natureza, por isso
defendemos um desenvolvimento sustentável. Nosso tempo e estabilidade no mercado
prova que é possível ser empreendedor, crescer e desenvolver conservando o meio
ambiente” (Ana Sanches).
Silvio Brienza Junior - Embrapa Pará
O Dr. Silvio Brienza é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa, na visita ao
mesmo foi exposto à proposta de responder o questionário online, onde foi mostrado o
questionário, demonstrando a facilidade de preenchê-lo.
Algumas pesquisas foram citadas do decorrer da entrevista, como por exemplo, o
perfumado molho pesto, fica evidente a utilização do manjericão, uma planta muito
utilizada como condimento na culinária italiana e que aportou, com sucesso, nas cozinhas
brasileiras. Porém, o manjericão tem outras aplicações que extrapolam o universo
gastronômico como o emprego do óleo essencial nas indústrias de cosméticos e de
fragrâncias. Em razão das propriedades antimicrobianas e repelentes, o óleo essencial
também tem serventia como ingrediente de fórmulas utilizadas na agricultura para prevenir
insetos em lavouras ou conservar alimentos após a colheita.
"Há muitas plantas que, além de compor o aroma e o sabor de diversos pratos, são fontes
de princípios ativos utilizados em medicamentos, e matéria-prima de cosméticos, perfumes
e produtos de limpeza ou higiene pessoal", enumera o agrônomo Warley Nascimento ao
pontuar a importância de incentivar a realização de pesquisas científicas que ampliem o
conhecimento sobre essas espécies com múltiplas formas de utilização.
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Gestor do SEBRAE Pará, Marcelo Ribeiro de Araújo
Foi realizada uma reunião com o gerente de Indústria do SEBRAE – PA o senhor Marcelo
Ribeiro de Araújo, onde foram apresentados os objetivos das visitas programadas no
estado de Pará.
Estado do Amapá
Gestores do SEBRAE Amapá: Larissa Vale Queiroz e Lindeti
Foi realizada uma reunião com os gestores Larissa Vale Queiroz e Lindeti, onde foram
apresentados os objetivos das visitas e o projeto para o estado de Amapá. Os mesmos
apresentaram uma lista de instituições e parceiros do projeto, para que fossem levantadas
as informações e enviados o questionário para os pesquisadores.
Prof. Dr. José Carlos Tavares Carvalho
Farmacêutico pela Universidade Federal do Pará –UFPA, Doutor em Fármacos e
Medicamentos pela USP- São Paulo e Pós-Doutor em Farmacologia pelo IFP- Berlim –
Alemanha, é uma das principais referências em pesquisa no estado o Amapá. Ex reitor da
UNIFP é destaque mundial em pesquisa com plantas medicinais e produtos naturais. Ainda
em atividade, coordena o Comitê Técnico de Trabalho da Farmacopéia Brasileira para
Fitoterápicos.
Prof. Dr. Jesús Rafael Rodríguez Amado
Bacharel em Ciências Farmacêuticas e Bacharel em Ciências Químicas pela Universidade
de Havana- Cuba, Mestrado em Medicina Natural e Bioenergética, Mestrado em
Tecnologia e Controle de Medicamentos e Doutor em Ciências da Saúde. Atualmente é
professor visitante de Tecnologia Farmacêutica na UNIFAP.
47
Prof. MSc. Hugo Alexandre Silva Favacho
Farmacêutico pelo CESUPA, Mestre em Farmácia pela Universidade Federal do Pará –
UFPA, atualmente está cursando o Doutorado na USP. O pesquisador é uma referência na
pesquisa de produtos naturais e Nanotecnologia, especificamente com óleo de açaí. O
pesquisador espera que o estado do Amapá possa ser mais bem agraciado com recursos
para pesquisas, desenvolvimento e inovação, dessa forma conseguiremos melhores
resultados científicos.
Prof MSc. Terezinha de Jesus Soares dos Santos
Pesquisadora do IEPA – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do
Amapá. Graduação: Farmácia – UFPA – Universidade Federal do Pará/1991.
Especialização: Toxicologia Ambiental – UFF/1995 e Saúde do Trabalhador e Ecologia
Humana ENSP/FIOCRUZ/1995. Mestrado: Saúde Pública – ENSP/FIOCRUZ/1998.
Especialização Leadership for Environment and Development - LEAD International Based
at Imperial College London, com formação no Brasil, México e Inglaterra, período: 2003 –
2004. Curso de Ferramentas Econômicas para a Conservação – IIEB – setembro 2007 –
Padre Bernardo – GO.
Projetos em execução: O Uso de Plantas Medicinais no Atendimento de Saúde Básica das
Comunidades Rurais (Farmácia da Terra), Aproveitamento Sustentável do Buriti em
parceria com a Associação das Mulheres Produtoras Agroextrativistas da Foz do Rio
Mazagão Velho, Avaliação e Controle de Qualidade de Plantas Medicinais Utilizadas no
Laboratório de Produção de Fitoterápicos do Instituto de Pesquisas Científicas e
Tecnológicas do Amapá – IEPA/Macapá (MCT-CNPQ/MS-SCTIE-DECIT) e
Estabelecimento de Padrão de Qualidade de Matérias-primas Vegetais Utilizadas pelo
IEPA no Projeto de Produção de Fitoterápicos, (SETEC-CNPQ/MS-SCTIE-DECIT).
48
Pesquisadora MSc. Maria Aparecida Correa dos Santos
Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá –
IEPA, do Centro de Plantas Medicinais e Produtos Naturais/Divisão de Fitoterapia.
Graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, bolsista (IC) pelo: Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq. Mestre em Botânica pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq.
Projetos de pesquisa (em andamento): Utilização de matéria-prima vegetal na confecção de
bijuterias, jóias e objetos decorativos e Diversidade botânica na confecção de bijuterias e
jóias artesanais no município de Ferreira Gomes. A pesquisadora acredita que projetos
como o Estruturante de Cosméticos do SEBRAE venha fortalecer a luta dos pesquisadores
local pelo aumento dos recursos para pesquisas, desenvolvimento e inovação, porque da
maneira que está temos pouca chance de melhorarmos o desempenho do Amapá no
ranking das pesquisas científicas do país.
Profª. MSc. Cleia Tereza Lamarão da Silva
Graduação em Farmácia e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal
do Pará. Atualmente é farmacêutica do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do
Estado do Amapá – IEPA, onde desenvolvem atividades e projetos em Farmácia, plantas
medicinais, tecnologia farmacêutica de fitoterápicos e fitocosméticos, controle de
qualidade microbiólogico e físico químico de fitoterápicos, assistência farmacêutica em
fitoterapia. Atualmente ministra a disciplina Farmacognosia no Instituto Macapaense do
melhor ensino superior IMMES.
Prof. Dr.Luciano Araujo Pereira
Biólogo possui mestrado em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa
Catarina e doutorado em Botânica pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
49
Janeiro (2011). Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Etnobotânica,
atuando principalmente nos seguintes temas: etnobotânica, pimentas, Amazônia, plantas
medicinais e conhecimento local. O pesquisador tem esperança em mudanças, mas não
acredita que a pesquisa, desenvolvimento e inovação seja prioridade no país e que o
governo do Estado não dá nenhuma importância a esse tema na política.
Profª. MSc. Elenilze Figueiredo Batista
Possui graduação em QUÍMICA BACHARELADO pela Universidade Federal do Pará
(2004) e MESTRADO EM QUÍMICA ORGÂNICA pela Universidade Federal do Pará
(2007). Atualmente é professora da Universidade Estadual do Amapá (UEAP). Tem
experiência na área de Química, com ênfase em Química Orgânica. A pesquisadora está
pouco tempo no Estado e não quis opinar sobre os rumos das pesquisas.
Pesquisadora Dra. Ana Margarida Castro Euler
Pesquisadora da Embrapa Amapá na área de Uso Sustentável de Recursos Naturais.
Engenheira Florestal possui doutorado em Ciências Ambientais e Florestais na Graduate
School of Environment and Information Science- Yokohama National University, Japão
(2006). Atualmente o foco de sua pesquisa é o manejo de produtos florestais não
madeireiros, com ênfase na castanha-do-brasil. Tem experiência anterior de trabalho com
gestão de projetos comunitários, acompanhamento de projetos de infraestrutura, criação e
implementação de unidades de conservação de uso sustentável, tendo como público alvo
populações extrativistas e indígenas. Trabalhou nos Estados do Acre, Rondônia e
Amazonas em parceria com diversas organizações governamentais e não governamentais.
Busca através do seu trabalho colaborar na construção de alternativas para o
desenvolvimento regional da Amazônia, valorizando sua vocação florestal e os
conhecimentos tradicionais e cultura dos povos desta região. A pesquisadora não acredita
em mudanças no Sistema de C&I&T do país e muito menos no do Estado do Amapá e que
para termos um desenvolvimento do setor, será preciso que as Instituições trabalhem em
conjunto.
50
Pesquisadora Dra. Ana Claudia Lira Guedes
Possui graduação em agronomia [UFRA] Universidade Federal Rural da Amazônia,
mestrado em Ciências Florestais [ESALQ] pela Universidade de São Paulo e doutorado em
Ciências da Engenharia Ambiental pela [EESC] Universidade de São Paulo. Tem
experiência na área de Ciência do Solo, Recursos Florestais e Ecologia Florestal, atuando
principalmente nos seguintes temas: solos de várzea, biologia do solo, ciclagem de
nutrientes em várzea, manejo de andirobeiras, manejo de cipó titica, produtividade de
ecossistema de várzea. É pesquisadora da Embrapa, atuando na área de Produtos Florestais
Não Madeireiros. A pesquisadora preferiu não comentar nada a respeito da situação das
pesquisas aqui no Amapá.
Estado do Tocantins
Universidade Federal do Tocantins
Visita ao campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em Gurupi sendo realizadas
3 reuniões. Na oportunidade foi presentado o objetivo do projeto estruturante de
cosméticos e solicitado que os mesmos fizessem um relato das pesquisas das áreas que
coordenam. Na oportunidade foi feita uma explicação passo a passo do questionário e
enviado o link para que os mesmos respondessem. Pesquisadores participantes das
reuniões:
Gessiel Newton Sheidt – Coordenador da pós-graduação em biotecnologia;
Marcos Gionko – Coordenador do curso de ciências florestais;
Charles Anthony Hoffmann- Mestre em Biotecnologia;
Nadine Cunha Costa – Mestranda em Biotecnologia;
Professor Raimundo Wagner – Coordenador Curso de bioprocessos;
Nas visitas foi apresentada a proposta do projeto, do banco de dados e seminário sobre
cosmético de base florestal amazônica e encaminhado questionário para seu
51
preenchimento. Ficou definido o envio do link com o questionário para alunos dos cursos e
pesquisadores correlacionados com a espécie pesquisada e o envio da programação do
seminário sobre cosméticos a ser realizado nos dias 28 e 29 de abril em Palmas.
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Foram realizadas visitas no Campus universitário de Palmas – CEULP ULBRA, com a
coordenadora do curso de estética e cosmetologia a professora Iolanda Castro, com a
coordenadora do curso de farmácia, Professora Grace Pelissore e a pesquisadora na área de
cosméticos, Professora Juliana Farinelli. Na ocasião todas as pesquisadoras concordaram
em colaborar com o projeto, fornecendo informações sobre as pesquisas na área de
cosméticos que estão e desenvolvimento na universidade.
A professora Juliana ressaltou a importância desse tipo de levantamento para o estado, pois
ainda é incipiente a quantidade de informações que estão disponíveis nessa área. Falou
também da dificuldade de recursos para pesquisa no âmbito da cosmetologia. As
pesquisadoras entrevistadas se comprometeram em responder o questionário colaborando
com o banco de dado.
4.3.1 Relação dos pesquisadores entrevistados e instituições visitadas.
Nome Instituição Profissão/CargoÁrea de atuação
Dra. KatherineOliveira
CBA Química (Pesquisadora)Pesquisa
Prof. Leandro deSouza
Universidade Nilton Lins Farmacêutico Docência
Dr. Adrian PohlipINPA Quimico, PhD em Química
Orgânica.Pesquisa
Dr. Sergio NunomuroINPA Quimico, PhD em Química
Orgânica.Pesquisa
Prof. CastroUFAM Docente curso de química
Docência
52
Dr. Aloisio AlcântaraVilarinho
EMBRAPA – RR Chefe Adjunto de P&DPesquisa
Prof Maria TerezaMendes
UFRR Docente curso de químicaDocência
Katia M.M. V.Machado
SEBRAE – RR Gerente Unidade Técnica Geral– UTGER
Gestor
Josué Costa da Silva SEBRAE – RR Gerente Projeto Estratégico Gestor
Anselmo F.R.Rodrigues
UFAC – AC Professor departamento dequímica e coordenador mestradoCITA
Docência
Frederico Henrique daSilva Costa
UFAC – AC Professor departamento deAgronomia
Docência
Fernando SérgioEscócio DrummondViana de Faria
UFAC – AC Professor departamento dequímica e coordenador programarede BIONORTE
Docência
Prof. Dr. IgorAnatolievichDegterev
UFAC – AC Professor visitante área de físicaDocência
Marta Adelino daSilva Faria
UFAC – AC Professora da área deenfermagem - Docência
Moacir HavrrothEMBRAPA AC Plantas medicinais e
EtnobotanicaPesquisadora
Joana Maria Leite deSouza
EMBRAPA AC Tecnologia de alimentos Pesquisadora
Cleisa Brasil daCunha Cartaxo
EMBRAPA AC Tecnologia de alimentos e pós-colheita Pesquisadora
Marcelo Ribeiro deAraujo
SEBRAE – PA Gerente Unidade Industria Gestor
Dikison AsfuryRodrigues
SEBRAE AC Gerente Unidade Técnica Geral– UTGER
GESTOR
Ana PaulaVasconcelos Rosa
UNIR Mestranda Pesquisadora
Cleberson de FreitasFernandes
EMBRAPA/RO Pesquisador (responsável pelonúcleo de Produção Vegetal)
Pesquisador
João Machado Neto SEBRAE/RO Consultor Técnico Gestor
José Alexandre daLamarta
INOVAM Diretor Comercial Gestor
Leonardo de AzevedoCalderon
Fundação OswaldoCruz/Fiocruz e UNIR
Pesquisador e ProfessorPesquisador
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Luis Carlos MarettoInstituição de Defesa EtnoAmbiental kanindé
Engenheiro FlorestalTécnico
Mariangela Azevedo UNIR Professora e Pesquisadora Pesquisadora
Roberto Nicolete(PhD)
Fundação OswaldoCruz/Fiocruz
PesquisadorPesquisador
Valdir Alves Facundo UNIR – RO Professor Docência
Victor Ferreira deSouza
EMBRAPA/RO Pesquisador (Fisiologia Vegetal) Pesquisador
Marco Valério Santosda SILVA
UFPA – PA Professor e atuação plantasmedicinais, fitoquimica,farmacognosia.
Docência
Larissa Salgado deOliveira
UNAMA – PA Professor Estética, fisioterapia edermatofuncional.
Docência
Ana SanchesPerfumaria Aromas daAmazonia - PA
EmpresáriaEmpresaria
Silvio Brienza Junior EMBRAPA - PA Engenheiro Florestal Pesquisador
Larissa Vale Queiroz SEBRAE-AP Gerente de Projetos Gestor
José Carlos TavaresCarvalho
UNIFAP – AP Doutor área fármacos Docência
Jesus RafaelRodrigues Amado
UNIFAP – AP Doutor Ciências da Saúde Docência
Hugo Alexandre SilvaFavacho
UNIFAP – AP Mestre atualmente fazendodoutorado área nanotecnologia
Pesquisador
Terezinha de JesusSoares dos Santo
IFPA – AP Mestre Pesquisadora
Maria AparecidaCorreia dos Santo
IFPA – AP Mestre Pesquisadora
Cleia Tereza L. DaSilva.
IFPA – AP Mestre Pesquisadora
Luciano AraujoPereira
UEPA – AP Professor Docência
Elenilze FiqueredoBatista
UEPA-AP Professora Docência
Ana Margarida CastroEuler
EMBRAPA - AP Atua na área de manejo deprodutos florestais nãomadeireiros
Pesquisadora
Ana ClaudiaL.Guedes
EMBRAPA - AP Atua na área Ciência do Solo,Recursos Florestais e EcologiaFlorestal.
Pesquisadora
Gessiel NewtonSheidt
Coordenador da pós-graduaçãoem biotecnologia;
Docência
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UFT – TO
Marcos GionkoUFT – TO Coordenador do curso de
ciências florestais;Docência
Charles AnthonyHoffmann
UFT – TO Mestre em Biotecnologia Pesquisador
Nadine Cunha Costa UFT- TO Mestranda em Biotecnologia Pesquisadora
Raimundo WagnerUFT – TO Coordenador Curso de
BioprocessosDocência
Juliane FarinelliULBRA – TO Pesquisadora e professora dos
cursos de farmácia e estéticaPesquisadora edocência
Grace PelissoreULBRA – TO Coordenadora Curso farmácia Pesquisadora e
docência
Iolanda CastroULBRA – TO Coordenadora Curso de estética
e cosmetologiaDocência
4.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA PESQUISA
Para realização da pesquisa de campo, além das visitas as instituições e pesquisadores, foi
elaborado um questionário para aplicação por meio digital (e-mail e redes sociais). Para
publicação online do questionário foi utilizada a ferramenta disponibilizada pelo Google, o
Google Drive. O Google Drive é um serviços de armazenamento e sincronização de
arquivos, apresentado pela Google em 2012. Nele são disponibilizados vários aplicativos
via online, sem que os mesmos sejam instalados no computador da pessoa que os utiliza.
O questionário elaborado pela equipe e aprovado pelo SEBRAE foi inserido no aplicativo
e deu origem a um link para publicação e acesso dos pesquisadores, além disso, o
aplicativo gera uma planilha eletrônica onde todas as respostas são armazenadas conforme
as questões respondidas e de acordo com os eixos definidos na metodologia.
Link do questionário on line:
https://docs.google.com/a/mail.uft.edu.br/forms/d/10RlKuhhJkaVuiKn4AME9hgecpDtxsN
h5P2qx43R_XiA/viewform
55
O link para acessar o questionário foi enviado aos pesquisadores levantados através de
plataforma lattes, sites de universidades, etc. Com a realização das visitas novos
pesquisadores foram identificados e o link para preenchimento do questionário foi
encaminhado.
5. CAPÍTULO 3
5.1 RESULTADOS DA PESQUISA
Os resultados da pesquisa serão apresentados conforme os eixos definidos na metodologia.
São eles:
A - Identificação
B. Espécies Amazônicas
C. Mercado
D. Disseminação Tecnológica
E. Visão Estratégica
5.1.1 - EIXO A: Identificação das Instituições
Nesta seção apresentamos informações que identificam as instituições participantes da
pesquisa, trata-se do levantamento de nome, endereço, contato, dentre outros. Alguns
pesquisadores optaram por não preencher algumas informações.
Na tabela 1 apresentamos as instituições conforme frequência e por Estado, as quais se
vinculam os pesquisadores.
56
Tabela 1 – Instituições Participantes da Pesquisa
INSTITUIÇÃO ESTADO PESQUISADORES1 UFAC AC 7
2 FUNTAC AC 4
3 EMBRAPA AC/ 4
4 FIOCRUZ RO 2
5 UFT TO 2
6 UNIR RO 2
7 INPA PA 2
8 UNESP SP 1
9 IFAC AC 1
10 Kanindé RO 1
11 Empresa Privada Diversos 4
13 UEPA PA 1
14 ULBRA TO 1
15 UFPA PA 1
16 UNIFAP AP 1
17 MCTI DF 1
18 IEPA AP 2
19 UFAM AM 3
20 UFOPA PA 3
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa, 2015.
Participaram da pesquisa um total de 43 instituições, sendo 42 distribuídas nos estados da
Região Norte e 1 (uma) da Região sudeste, Estado de São Paulo. Nenhum pesquisador do
Estado de Roraima respondeu o questionário. O percentual de participação por estado pode
ser observado no gráfico 1.
57
Gráfico 1 – Participação por Estado da Região Norte
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Conforme pode ser observado no Gráfico 1, o Acre foi o estado que envolveu o maior
número de instituições (33%), seguido pelo Amazonas (19%), Pará (17%) e Rondônia
(12%). O Tocantins (10%) e Amapá (10%) são os Estados com menor número de
instituições. Nenhuma instituição de Roraima mobilizou seus pesquisadores a responderem
o questionário.
Em estados onde se tem maior número de grupos de pesquisa houve o menor número de
resposta. A maior porcentagem correspondente ao estado do Acre está relacionada a uma
maior interligação entre as instituições e reduzido número de grupos de pesquisadores. Foi
relatado que alguns pesquisadores não quiseram responder, pois suas pesquisas não
estavam relacionadas diretamente com cosméticos, como no caso dos pesquisadores que
trabalham com óleos vegetais para bicombustíveis. Além desses, alguns pesquisadores
apresentaram outras razões para não participar da pesquisa, tais como não consideraram
importante, questionaram a ação do Sebrae na Região, alegando que não há retorno as
mobilizações e articulações já realizadas e o número elevado de questões.
58
Gráfico 2: Departamentos Responsáveis pela Pesquisa
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Gráfico 2 apresenta os departamentos responsáveis pelo desenvolvimento das pesquisas,
neste gráfico, podemos observar que as pesquisas então concentradas nos departamentos de
Pesquisa e Desenvolvimento, no entanto outros setores também são responsáveis pela
condução das pesquisas. O número de pesquisadores que não souberam ou não
responderam esta questão vinculam-se a 8 (oito) instituições. Não há uma razão observada
para este número. Muitas vezes o nome ou a determinação do departamento não condiz
com a realizada específica como, por exemplo: Centro de Ciência Biológica e da Natureza,
é um local onde esta localizados vários laboratórios de pesquisa de área diferentes como de
química de produtos naturais que é ligado a bioprospecção e o laboratório de
nanotecnologia ligado diretamente com farmacotécnica e desenvolvimento de novos
produtos.
O elevado grau de inovação e de pesquisas necessárias ao desenvolvimento de novos
produtos do segmento de cosméticos pode ser uma das razões para que o maior número de
pesquisas associadas esteja em departamentos relacionados ao desenvolvimento
tecnológico. Ainda assim, laboratórios, núcleos de estudos dentre outros identificam os
departamentos que alocam pesquisas, mostrando inclusive, como potencial para
desenvolvimento de novas e/ou primeiras pesquisas na área.
59
5.1.2 - EIXO B: Espécies Amazônicas
Neste eixo, apresentamos informações sobre as pesquisas desenvolvidas na Região Norte.
Além das informações básicas como título, tempo de duração e fase da pesquisa, são
levantadas dados sobreo produto que será gerado e sua relação com o processo de extração
de óleos, ativos, patentes, origem, qualidade do insumo, objetivo da pesquisa, dentre
outros. Com as informações deste eixo será possível identificar desafios e oportunidades
para a integração entre pesquisa, inovação e mercado.
Uma questão importante refere-se ao principal objeto, ou seja, o que o pesquisador busca
responder com sua pesquisa. Assim, de maneira genérica listamos a frequência de
respostas, tais como apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 - Objeto Principal das pesquisas
OBJETO PESQUISADORES
Fitoterápico 4
Óleos e extratos 6
Repelentes 3
Cosméticos 17
Nanopartículas e nanoemulsāo 3
Bebidas 1
Transferência de Tecnologia 1
Alimentos funcionais 2
NS/NR 10
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
A tabela 2 apresenta o objeto das pesquisas e como pode ser observado 17 pesquisas se
relacionam diretamente ao desenvolvimento de cosméticos, além disso, as pesquisas com
óleos e extratos, nanopartículas e nanoemulsão e transferência tecnológica, estão
60
indiretamente relacionadas a cosméticos. O gráfico 3 apresenta os grupos de objetos das
pesquisas em termos percentuais.
Gráfico 3 – Objeto das pesquisas
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O principal objetivo das pesquisas focam em áreas afins as áreas de cosméticos, ou
fitoterápicos. As pesquisas básicas principalmente na área de botânica, química e ecologia
são mais realizadas, mesmo em uma escala menor que as outras regiões do país. Entende-
se que alta porcentagem, correspondente a NS\NR (21%) refere-se a outras pesquisas, que
utilizam insumos vegetais, principalmente óleos, mas não estão relacionadas diretamente
com produtos cosméticos, é o caso de bicombustíveis, etnobotânicos, estudos agronômicos
de pós-colheita entre outros. Mesmo assim considera-se expressivo o percentual de
pesquisas diretamente relacionadas ao segmento de cosméticos.
61
Quando mencionado pesquisas com óleos, fitoterápicos e alimentos entendemos que estes
itens que corresponde a basicamente 8 pesquisas, entendemos que estas podem ser
subsídios para o desenvolvimentos de insumos para utilização na indústria cosmética. As
pesquisas em nanopaticulas e nanoemulsões entram como tecnologia para a indústria
cosmética, com referencia a utilização de espécies amazônica para este tipo de tecnologia.
Para repelentes, e conforme será observado mais adiante, pesquisas com ação repelente são
importantes para indústrias unicamente deste ramo, que já incluiu outro tipo de notificação
para a produção (Grau de risco 2), onde se cabe necessário comprovação de eficácia (RDC
211/2005).
A etapa que cada pesquisa está executando é fato relevante à análise. As pesquisas
envolvem uma série de etapas, é preciso saber o estágio em que elas se encontram já que
podem estar em uma etapa preliminar, finalizada ou pronta para o mercado de produtos
e/ou de fatores. Temos no Gráfico 5 uma dimensão do andamento das pesquisas
mencionadas.
Gráfico 4 – Fase da Pesquisa
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
62
Para entender o gráfico, é necessário definir o enquadramento de cada etapa conforme
descrito a seguir:
- Fase preliminar: como fase preliminar enquadram-se os estudos preliminares (20%) e a
elaboração de ensaios (24%). A fase preliminar diz respeito aos dados ainda não
conclusivos, em alguns casos são podem ser dados não conclusivos ou que dependem de
autorização do CGEN como exemplo dados de bioprospecção.
- Fase finalizada: Aqui incluímos tanto as Publicações (20%) como os Resultados
Publicados (18%). Como Publicação nos referimos aos dados publicados em revistas,
capítulos de livros, e para os resultados publicados, consideramos os aqueles parciais que
podem ser apresentados em relatório técnico, cartilhas, boletins, etc.
- Mercado: são as pesquisas que geraram algum produto ou serviço e que já estão no
mercado (5%), ou que aguardam algum ajuste, tal como autorizações, registro na
ANVISA, ou mesmo uma patente (7%).
O Gráfico 5 mostra que mais de 40% das respostas demonstram que as pesquisas na
Região Norte ainda se encontram em fase preliminar, que 38% estão fase final e apenas
12% encontram-se em fase de mercado.
Com relação às fases preliminares fica demonstrado que a pesquisa em campo ou no
laboratório é demorada e necessita de recursos financeiros e tecnológicos para sua
conclusão. Na Região Norte, mesmo com os incentivos governamentais focados no
segmento, falta profissional mais especializado. Além disso, como a região Norte
concentra poucas indústrias do ramo de cosméticos, isso dificulta a integração pesquisador-
empresa, concentrando toda informação e fomento em alguns pesquisadores.
63
A fase final, que envolve as etapas de publicações, o que percebemos é que grande parte
das pesquisas não tem o foco no desenvolvimento de produtos para o mercado, elas
possuem forte relação com as etapas iniciais da cadeia de produção, tais como, processos
extrativos e produtividade. Por esta razão são publicadas em outro âmbito, com a
elaboração de cartilhas, informativos, boletins, dentre outros.
Demostra-se com isso a falta de relação entre instituições de ensino e pesquisa com o setor
produtivo, principalmente a indústria. Além do que, para servidores/pesquisadores de
instituições de Ensino e Pesquisa, o que é mais importante, tanto a nível curricular quanto
salarial é o número de publicações e não a inserção do produto ou processo desenvolvido
ao mercado.
Gráfico 5 – Resultados Esperados por Categoria
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O gráfico 5 demonstra respostas amplas que podem subsidiar o objetivo de pesquisas
principalmente na área cosmética. Para facilitar o entendimento foram agrupadas em três
categorias: Produto (51%), Tecnologia (24%) e Difusão Tecnológica (2%), o total de
64
pesquisadores que não informaram foi 23%. Com o agrupamento podemos inserir em cada
grupo itens respondidos pelos pesquisadores. Porém, cabe-se necessário realizar algumas
definições expostas nas legislações nacionais vigentes a fim de facilitar o entendimento e
classificação.
O item “Cosmético” é muito amplo em seu conceito conforme a Resolução da Diretoria
Colegiada da ANVISA - RDC 211/2005 que define Cosmético:
“Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, são preparações constituídas porsubstâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano,
pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranasmucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfuma-
los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-losem bom estado”.
Esta legislação classifica os produtos cosméticos, de higiene e limpeza e perfumes quanto
ao grau de risco:
- Grau 1: produtos com riscos mínimos de efeitos adversos;
- Grau 2: produtos com risco potencial de produzir efeitos adversos.
Diante do conceito exposto, entende-se que repelentes fazem parte dos cosméticos e
poderiam ser inseridos no mesmo item. O Gráfico 4 inclui as duas pesquisas de base
florestal amazônica para produção de repelentes.
Da mesma forma, incluímos os óleos e extratos, pois são insumos utilizados tanto para a
produção de cosméticos quanto de fitoterápicos. Atualmente é utilizado em grande escala,
isolando seus compostos e ativos para serem utilizados diretamente em bases cosméticas a
fim de produzir efeitos mais específicos. Como exemplo, podemos citar o jambu (Acmela
spilantes), espécie herbácia utilizada amplamente na região norte, que contém vários ativos
entre eles o spilantol, substância isolada e ativa em cosmecêuticos – cosméticos com
65
ingredientes bioativos que possuem propriedades terapêuticas de combate a doença ou
curativas.
No item de produtos temos três 3 classes:
a) Cosméticos: engloba de forma geral cosméticos, seus insumos como óleos e
extratos e repelentes;
b) Fitoterápicos: forma farmacêutica que contém ativos naturais e neste sentido são
medicamentos fitoterápicos;
c) Alimentos: que entram bebidas e alimentos funcionais;
d) Com relação a tecnologias agruparam-se:
e) Nanotecnologia e nanoemulsão: são tecnologias que podem ser utilizadas tanto em
formulações cosméticas quanto farmacêuticas.
f) Tecnologia de otimização da matéria prima: Inclui nas respostas secagem
otimizadas para espécies oleaginosas, aumento do rendimento dos óleos fixos;
g) Tecnologias relacionadas com o cultivo: micropropagação; propagação e
conservação e recomendações técnicas para a produção.
Mesmo os pesquisadores que não mencionaram diretamente produtos cosméticos, seu
objeto de estudo gera conhecimento científico que pode vir a se tornar útil para novas
pesquisas ou mesmo em continuidade para o desenvolvimento de novos produtos do
segmento. O resultado também apresenta informações sobre o desenvolvimento
tecnológico para produção de insumos gerando maior rendimento e qualidade, sendo,
portanto de elevada relevância.
Ainda sobre o gráfico 5 é importante observar produtos (51%) não são somente cosméticos
desenvolvidos, mas sim produtos de pesquisa como por exemplo, componente isolados,
matérias primas com qualidade, insumo com valor agregado, etc. Estes são os produtos que
66
vão garantir o desenvolvimento de toda a cadeia de produção e que podem gerar um
produto cosmético.
A Amazônia é um dos maiores detectores da matéria vegetal que vai virar um insumo para
a indústria cosmética ou farmacêutica, por esta razão as pesquisas locais estão focadas
nesta área, já na área de tecnologia existe um destaque para tecnologias de pré-industriais
que inclui principalmente metodologias de extração sustentável, certificações e
rastreabilidade. Um dos exemplos que podemos citar é o manejo florestal de uso múltiplo
dos recursos naturais, este é o elemento fundamental para estabelecer e consolidar uma
economia florestal combinada com as atividades agropecuárias sustentáveis e com a
conservação do ecossistema, este modelo vem sendo desenvolvido no Estado do Acre.
(ACRE, 2006).
Assim como em outras questões já elencadas, um percentual elevado de pesquisadores não
respondeu, ou não souberam responder a questão, o que não torna menos relevante este
resultado. Pelas características já relacionadas, o pesquisador pode simplesmente ter dado
outro enquadramento a sua pesquisa. A tabela 3 complementa a análise do gráfico, uma
vez que apresenta a frequência das pesquisas relacionadas a cosméticos e as tecnologias
em estudo.
Tabela 3 – Resultados Esperados – Dados Desagregados
PRODUTO OU PROCESSO GERADO* PESQUISADORES
Cosméticos 10
Óleos e Extratos 7
Odontológico 2
Nanopaticulas e Nanoemulsão 3
Perfis Físicos Químicos 2
Material de Divulgação 1
Repelente 2
67
Secagem Otimizada para Espécies Produtoras de Óleos 1
Aumento de Rendimento em Óleo Fixo 1
Micropropagação da Flora 1
Tecnologia de Propagação e Conservação 1
Recomendações Técnicas para Produção 1
Perfil de Áreas Produtivas 1
NS/NR 11
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.*As pesquisas com alimentos e bebidas foram excluídas da tabela 3.
Entre os produtos e processos descritos podemos dividir em:
a) Insumos cosméticos: óleos e extratos (3%),
b) Processos: nanoparticulas e nanoemulsões (2%), secagem otimizada, rentabilidade
do óleo, micropropagação e conservação.
c) Informações técnica para subsídios na produção e desenvolvimento: recomendações
técnicas e perfil de áreas produtivas,
d) Produtos: odontológicos, não se enquadram em cosméticos por ter ação específica
(um dos exemplos ação analgésica).
As respostas NS/NR correspondem como na resposta anterior, a pesquisas básicas que dão
suporte a outras, mas não geram produtos e processos.
Com relação a Tabela 3, os produtos e processos gerados mais representativos foram os
cosméticos (10), insumos (7) e a tecnologia em nanoemulsões e nanoparticulas de
produtos. A busca por desenvolvimento de produtos ou mesmo por insumos de qualidade
supera o desenvolvimento de tecnologia mais complexas e biotecnológicas como
nanoemulsões e nanoparticulas, que em muitos casos pode necessitar de equipamentos e
análises não existentes na região ou apenas em alguns estados.
68
Gráfico 6 – Pesquisas com Patente
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
A resposta relacionada no Gráfico 6, que menciona que 73% das pesquisas não possuem
patente, está diretamente relacionada com a dificuldade de conseguir todas as autorizações
necessárias, tanto para pesquisa quanto para o desenvolvimento do produto.
Em 2001 começou a vigorar a Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001,
que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento
tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de
tecnologia para sua conservação e utilização. Convém ressaltar que essa lei trouxe
inúmeras dificuldades e que ampliou os gargalos para pesquisa em bioprospecção e
desenvolvimento de produtos com associação, ou não, ao conhecimento tradicional.
Alguns exemplos são: burocratização-exagero de requisitos condicionantes para a
autorização; indenização pré-fixada, sem preocupação com a proporção/impacto do dano
causado; ausência de norma de transição sobre andamento de processos no Conselho de
Gestão do Patrimônio Genético (CGEN); falta de mecanismos de regularização e multas
69
desproporcionais à lucratividade do produto; atrasos e aumento de custos nos processos de
desenvolvimento; insegurança jurídica no acesso ao conhecimento tradicional associado;
incerteza no modelo de negócio a ser estabelecido e incerteza da indústria sobre futuras
modificações na legislação.
Para o desenvolvimento de um produto, sendo cosméticos ou medicamento, a demora é de
aproximadamente 12 anos, mesmo sem a autorização e utilizando espécies exóticas a
demora era 9 a 10 anos. Esse é um dos fatores determinantes para a dificuldade na
obtenção da patente. Em menor intensidade outros fatores como falta de recursos
financeiros, apoio dos Núcleos de Inovação Tecnológica - NIT - nas universidades e
instituições de pesquisa e até mesmo o apoio jurídico especializado.
Em 2015 a Lei nº 13.123, revoga a medida provisória nº 2.186-16 de 2001, e passa a
regular o acesso à amostra de patrimônio genético do País e ao conhecimento tradicional
associado para fins de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como a repartição dos
benefícios decorrentes da exploração econômica de produto ou material reprodutivo
desenvolvido a partir desses acessos (VASCONCELOS, 2015) O conceito de patrimônio
genético adotado e cuja tutela legal é assegurada pela lei e inclui:
a) Espécies, inclusive domesticadas, encontradas em condições in situ no território
nacional, na plataforma continental, no mar territorial e na zona econômica
exclusiva;
b) Espécies mantidas em condições ex situ, desde que tenham sido coletadas em
condições in situ no território nacional, na plataforma continental, no mar territorial
e na zona econômica exclusiva;
c) Variedades tradicionais, locais ou crioulas;
d) Raças localmente adaptadas ou crioulas;
70
e) Espécies introduzidas no território nacional pela ação humana, que formem
populações espontâneas e que tenham adquirido características distintivas próprias
no País; e
f) Microorganismos isolados de substratos obtidos no território nacional, do mar
territorial, da zona econômica exclusiva ou da plataforma continental.
A Lei nº 13.123, de 2015, promove significativa mudança no marco regulatório nacional,
uma vez que desburocratiza e facilita os procedimentos para acesso ao patrimônio genético
e ao conhecimento tradicional associado, facilitando o desenvolvimento de pesquisas e
tecnologias que envolvem o “uso” da biodiversidade.
Na “Alinea “A”, esta lei, refere-se , que, de acordo com a Lei nº 6.634, de 2 de maio de
1979, é considerada área indispensável à segurança nacional a faixa interna de 150 km
(cento e cinquenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terrestre do território
nacional. Na prática, isso significa que toda instituição sediada em qualquer um das 570
cidades localizadas em área de fronteira ou considerada de segurança nacional tem que
obter prévia autorização do CGEN para executar atividade com patrimônio genético ou
conhecimento tradicional associado. Está também alcançada por essa exigência, a
instituição sediada em outras áreas, mas que venha a instalar experimentos em área
considerada de segurança nacional. Isso responde a um grade numero de municípios
Amazôncos, demandando maior tempo e burocracia.
As pesquisas realizadas com espécies amazônicas, em sua maioria envolve o conhecimento
tradicional associado. As recentes alterações na Lei da Biodiversidade estimulam a
continuidade das pesquisas com espécies nativas, e evita que a indústria cosmética seja
desestimulada a inovar e investir em produtos cosméticos que tenha como base insumos de
base florestal amazônica.
71
De maneira complementar ao Gráfico 6, que apresentou que apenas 18% das pesquisas
possuem patentes, apresentamos informações sobre a situação atual dessas pesquisas.
Temos que 50% encontram-se depositadas, 13% registradas, outros 13% protocolizadas no
Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI. Algumas definições são apresentadas a
seguir para facilitar o entendimento.
Gráfico 7 – Situação Atual da Patente
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Uma patente e um modelo de utilidade são direitos exclusivos que se obtêm sobre
invenções (soluções novas para problemas técnicos específicos), ou seja, é um contrato
entre o Estado e o requerente através do qual este obtém um direito exclusivo, monopólio,
de produzir e comercializar uma invenção, tendo como contrapartida a sua divulgação
pública. As invenções podem proteger-se através de duas modalidades de propriedade
industrial, a patente de invenção e a patente de modelo de utilidade.
72
- A patente de invenção (PI): abrange os inventos de todos os tipos, desde que se
constituam novidade, sejam frutos de atividade inventiva e tenham aplicação industrial.
-A patente de utilidade (PU): garante proteção ao objeto de uso prático, ou parte deste,
suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato
inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
A Lei de Propriedade Industrial estabelece nos seu art. 8 e 9 os requisitos para as invenções
e modelos de utilidade sejam patenteadas:
Art. 8º: É patenteável a invenção que atenda os requisitos denovidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Art. 9º:É patenteável como modelo de utilidade o objeto de usoprático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial,que apresente nova forma ou disposição, envolvendo atoinventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ouem sua fabricação.
O depósito do pedido de patente por invenção, modelo ou desenho junto ao INPI concede
ao depositante, a partir da formulação do pedido, prioridade sobre os que sucessivamente
apresentem pedidos análogos. “O pedido de patente é recepcionado diretamente na sede do
INPI ou nas delegacias e representações de cada estado”. Considera-se depósito o ato pelo
qual o INPI, após proceder ao exame formal preliminar, protocoliza o pedido de patente
mediante numeração própria.
Patente ou registro de patentes é a denominação que se dá a um título temporário
outorgado pelo Estado sob uma invenção ou modelo de utilidade, conferido aos inventores,
com o objetivo de proteger sua criação. O certificado de registro de patente equivale a
uma escritura, a matrícula de propriedade; tendo valor de mercado podendo inclusive ser
negociada ou licenciada à terceiros (royalties). A pesquisa e o desenvolvimento para
elaboração de novos produtos requerem, na maioria das vezes, grandes investimentos. Por
esta razão é preciso Proteger esses produtos através do registro de patente, ou seja,
73
significa prevenir-se de que concorrentes copiem e vendam esse produto, praticando um
preço mais baixo; uma vez que não foram onerados com os custos da pesquisa e do
desenvolvimento do produto.
A proteção conferida pelo registro de patente é, portanto, um valioso e imprescindível
instrumento para que a invenção e a criação industrializável se tornem um investimento
rentável. Basta, no entanto, que a tramitação dos processos sejam mais rápidas, já que o
prazo entre início e fim podem se estender por até 12 anos, o que não acontece em outros
países, como é o caso dos Estados Unidos, em que os processo tem o prazo de
aproximadamente 1 ano para liberação da patente.
O processo inicial para patentear uma invenção ou utilidade é realizar uma consulta prévia,
para certificar-se sobre o ineditismo da mesma. A isso se dá o nome de anterioridade de
Patente. O gráfico 8, apresenta se os pesquisadores utilizam esta consulta para buscar
informações sobre as inovações desenvolvidas.
Diante da exposição técnica, podemos agrupar os resultados do Gráfico 7 em:
1 – Depositada e protocolizada no INPI: que equivale a mesma fase de pedido e que
corresponde a 75%, ou seja, 50% depositada e 25% protocolizada no INPI.
2 – A fase de registro: corresponde a fase de sigilo de patente, exame técnico do pedido,
etapas que levam um maior tempo. Na qual corresponde a 13% das respostas.
3 – Registrada: o pedido é definido e publicado, que após o pagamento é concedida a
patente. No Gráfico 7 corresponde a 13% das pesquisas.
Entretanto, conforme pode ser observado, as pesquisas estão em sua grande maioria na fase
de depósito, aguardado aceite ou no período de realização de exigências, caso estas não
sejam cumpridas não passam para outra fase.
74
Gráfico 8 - Anterioridade de Patente
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
A busca de anterioridade tem como objetivo a verificação do estado da técnica do produto
patenteável, ou seja, faz uma varredura em bases nacionais e internacionais verificando a
existência ou não do produto a que se deseja patentear; caso o produto já exista o autor fica
impossibilitado de patentear seu objeto. Esta atividade é de grande importância para o
pesquisador e também para o INPI, primeiramente para dar continuidade as pesquisas e
depois para patentear.
Os passos básicos para esta busca ocorrem da seguinte maneira: Primeiro realiza-se uma
busca em sites nacionais e internacionais onde se verifica tudo que está relacionado ao
produto. Na sequência realiza-se uma busca na base de patentes do INPI, e nas bases
internacionais, sendo as principais a americana e a europeia que juntas contém mais de
80% das patentes mundial.
Quanto maior a pesquisa, mais certeza que o produto da pesquisa possa ser aceito pelo
INPI. Depois de verificado a inexistência de produtos semelhantes, finda as buscas sem
75
nenhum resultado, conclui-se que seu produto é único e desse modo o NIT elaborará o
processo para ser feito o depósito junto ao INPI. Com início do processo o INPI também
fará a busca de forma mais profunda em base de dados mais avançadas e caso encontre
uma patente idêntica ou no estado da técnica, o inventor será notificado e o produto
depositado indeferido.
Com referência ao gráfico 8 é demonstrado que 43% dos pesquisadores não realizaram
anterioridade de patente e somente 21% realizou este procedimento. Este fato se torna
muito importante, pois se cabe necessário para o procedimento da pesquisa e também com
exigência para deposito de patente.
A anterioridade de patente é recomendável para verificação da existência de tecnologia
semelhante, reivindicações e colidências ou não com o objeto do nosso pedido. É
aconselhável que buscas de patentes sejam realizadas antes e durante o desenvolvimento de
pesquisa, visando o aproveitamento de tecnologias em domínio público, ou evitando o
desenvolvimento de tecnologia já patenteada que não poderá ser utilizada. Esta é uma das
razões que torna a anterioridade de patente tão relevante. A busca prévia pode ser feita
junto ao Banco de Patentes do Centro de Documentação e Informação Tecnológico –
CEDIN.
O levantamento de campo nos mostra a diversidade de espécies que tem sido objeto das
pesquisas. Na Tabela 4, apresentamos o nome popular e o nome científico, assim como a
incidência que aparecem nas pesquisas. Vale ressaltar, que o número de espécies é superior
ao número de pesquisadores que responderam o questionário, essa diferença ocorre dado
que muitas pesquisas envolvem mais de uma espécie.
76
Tabela 4 – Principais Espécies Pesquisadas no Norte
ESPÉCIES PESQUISAS
Copaiba (Copaifera sp) 6
Acaí (Euterpe precatoria e Euterpe oleracea) 4
Bacaba (Oenocarpus bacaba) 2
Andiroba (Carapa guianensis) 5
Orquídea (Oncidium Nanum e Brassia chloroleuca Barb) 2
Citronela (Cymbopogon winterianus) 1
Murumuru (Astrocaryum ulei e Astrocaryum murumuru) 4
Sangue de Dragão (Croton lechleri) 1
Serpentes 1
Unha de Gato (Uncaria tomentosa) 1
Jaborandi (Pilocarpus microphyllus) 1
Capim Limão (Cimbopoga citratus) 1
Babosa (Aloe barbadensis) 1
Algodão (Gossypium hirsutum L) 1
Pau-rosa (Aniba rosaeodora) 2
Cipó-Cruz (Arrabidaea chica) 1
Bacuri (Atallea phalerata Mart.) 1
Mucura-Caá (Petivera alliacea L) 1
Erva-Santa (Eupatorium ayapana) 1
Priprioca (Cyperus articulatus) 1
Cupuaçu (Theobroma grandiflorum) 3
Frutas, sementes e raízes 4
Guaraná (Paullinia cupana Kunth) 1
Jambolão (Syzygium jambolanum) 1
Buriti (Mauritia flexuosa) 3
Inajá (Maximiliana maripa) 2
Patauá (Oenocarpus bataua ou Jessenia bataua) 1
Cocão (Erythroxylum deciduum A.St.) 1
Ouricuri (Scheelea Phalerata) 1
Tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.) 2
Pupunha (Bactris gasipaes Kunth) 1
Mulateiro (Calycophyllum spruceanum) 1
Babaçu (Orbignya phalerata) 1
Espécies aromáticas 1
Flores 1
NS/NR 11
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
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As espécie Copaifera sp (copaíba), Astrocaryum murmuru e Astrocaryum ulei são espécies
de murmruru, Carapa guianensis – andiroba, Euterpe precatoria/Euterpe oleracea são
oleaginosas, óleos fixos, com exceção da copaíba que é considerada um óleo resina, são
utilizados para a produção de insumos diversos como manteigas, hidratados, amônio
quartanários e ésteres, e são utilizados em diversas formulações cosméticas como produtos
de higiene pessoal, dermocosméticos, cosmecêuticos e perfumes. Varias indústrias
nacionais e internacionais utilizam estes produtos, poucas vezes “in natura”, mas em forma
de insumos como ésteres e outros derivados, devido a facilidade de incorporação em bases
cosméticas principalmente aquosas como xampus.
Podemos citar como exemplos de insumos cosméticos da linha Beraca, Amazon oil ente
outros. A empresa Chemyunio temos o Chemyflorest cupuaçu FG que é um excelente
emoliente vegetal e ajuda a reparar a barreira cutânea e proporciona toque macio e, ainda
possui capacidade de absorção de água e colabora na estabilidade das emulsões. Como
exemplo de cosméticos acabados citamos a linha Ekos da Natura que utiliza a copaiba,
andiroba, buriti e açaí na produção de cosméticos como sabonetes, xampus,
condicionadores e hidratantes. A marca Abelha Rainha produz um spray capilar com
citronela e arruda
Já espécies herbáceas, e arbóreas, são utilizadas como fitoterápicos e também cosméticos
(fitocosméticos) são Croton lechleri (sangue de dragão) e Uncaria tomentosa (unha de
gato), Pilocarpus microphyllus (jaborandi); Cimbopoga citratus (capim limão); Aloe
barbadensis (babosa); Gossypium hirsutum L (algodão),além das orquídeas. Citando
exemplos dessas espécies na produção cosmética, temos a Linha Inoar de xampus e
condicionadores que produz uma linha de babosa, jaborandi e capim santo.
As espécies Croton lechleri (sangue de dragão) e Uncaria tomentosa (unha de gato) são do
bioma Amazônia. Já Pilocarpus microphyllus (jaborandi); Cimbopoga citratus (capim
78
limão); Aloe barbadensis (babosa); Gossypium hirsutum L (algodão), além das orquídeas
são espécie exóticas adaptadas em todos os biomas brasileiros.
A utilização das espécies mencionadas na tabela 4, a geração de um produto, um processo.
Assim na tabela 5, apresentamos esta relação.
Tabela 5 – Produto Esperado com a Pesquisa
PRODUTO ESPERADO PESQUISAS
Cosmético 12
Repelentes 3
Boas práticas de produçāo na cadeia produtiva 1
Protocolo para produção de mudas micropropagadas 1
Nanoparticulas 2
Produçāo de mudas em massa 1
Odontológico 1
Óleo 4
Bebidas 1
Produtos farmacêuticos 2
Produtos alimentícios 1
Nanoemulsão 1
NS/NR 15
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa, 2015.
Toda pesquisa tem como objetivo um processo ou um produto, na maioria das vezes
quando as pesquisas estão diretamente relacionadas com a área química e farmacêutica,
seus resultados podem ser o próprio processo definido e padronizado ou o produto
acabado. Levando em consideração os dados da tabela 5, podemos correlacionar as
resposta com dois outros gráficos: os objetivos das pesquisas (Gráfico 3) e tipo de produto
ou processo gerado (Gráfico 5). Realizando esta análise vemos que cosméticos que
englobam produtos cosméticos, sabonetes e óleos totalizando a maioria das pesquisas, já os
processos que são boas práticas na cadeia produtiva, produção de mudas, nanoparticulas e
nanoemulsão tem uma indicação inferior.
79
Entende-se fazendo um apanhado geral das três questões que as pesquisas, seja para gerar
um produto acabado, seja para gerar um insumos encontra-se na frente das pesquisas que
envolvem o processo de produção, mesmo sabendo e ressaltando que nos estados da
Região Norte a maioria das pesquisas estão relacionadas com o desenvolvimento da cadeia
produtiva e com a produção de insumos e matérias primas é, conforme apresentado pelos
participantes, como relativamente menor no desenvolvimento do segmento de cosméticos.
5.1.2.1 O Desenvolvimento das Pesquisas e os Insumos de Base Florestal da Amazônia
para a Produção de Cosméticos
A Região Norte, embora possua grande potencial para o desenvolvimento do segmento de
cosméticos, apresenta como ponto forte o uso de sua biodiversidade para a
extração/produção de insumos para o segmento de cosméticos. Há uma tendência para o
aumento na utilização de insumos de base florestal da Amazônia e também para o aumento
no número de pesquisa para o uso da rica biodiversidade amazônica.
A qualidade, a quantidade, origem, dentre outros aspectos sobre as matérias primas, são
importantes para intensificar as pesquisas, a elaboração de novos produtos e integração
entre produtores/extrativistas com as instituições de pesquisa e com as indústrias.
Nesta seção são apresentadas informações dos pesquisadores sobre as matérias primas e
insumos utilizados para condução das pesquisas e para a produção cosmética. Entende-se
como “sem Origem” a matéria prima que não possui nenhum tipo de identificação, a
mesma pode ter sido doada, comprada ou cedida. A Matéria prima não traz nenhuma
relação com o local, a forma de extração, métodos de coleta, secagem e transporte,
podendo ou não ser prejudicial às questões físico-químicas e microbiológicas da pesquisa.
O laudo de Origem refere-se principalmente aos óleos vegetais, que possuem um laudo
com a descrição da coleta, se possui ou não mapeamento ou plano de manejo e com os
dados físico-químicos do produto, já o Certificado de Origem envolve uma área
80
certificada por uma empresa. Podemos citar como exemplo o Instituto Biodinâmico (IBD),
Ecocert, Cosmebio, dentre outras. Estas certificações podem ser em atividades de inspeção
e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas, orgânicos,
biodinâmicos e de mercado justo (Fair Trade).
A Rastreabilidade é uma etapa importante para se conhecer a origem da matéria-prima,
verificando a natureza da área da qual é oriunda: Área de Preservação, Projetos de
Assentamento, Comunidade Tradicionais, Cooperativas, Associações, entre outras. (FUNTAC,
2015). Além disso, a rastreabilidade permite verificar como está sendo feito o manejo das
espécies, de modo a não ocasionar a extinção ou outros prejuízos para o meio ambiente. Isso só
ocorre quando se tem o inventário das espécies, podendo ou não ter o plano de manejo que é
uma exigência legal apenas para espécies madeireiras, já para não madeireiros é optativo, além
do laudo de qualidade da matéria-prima e o lote do produto.
Gráfico 9 – Origem das Matérias Primas Utilizadas nas Pesquisas
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
81
Conforme os dados demonstrados no Gráfico 9, 43% das pesquisas utilizam insumo
vegetal amazônico procedente do extrativismo, confirmando que esta atividade é de grande
importância econômica e de sobrevivência na Amazônia.
Na Amazônia, o extrativismo pode ser visto como uma opção inviável de desenvolvimento
quando identificado unicamente como uma simples coleta de recursos. Segundo Rego
(1999) há três formas de extrativismo: mercantilista, da pequena produção familiar, e o
extrativismo comunitário. A visão mais realista no caso da Amazônia é do bioextrativismo,
vinculado ao tipo de organização social e a seu universo cultural específico, incluindo não
apenas a coleta de recursos animais e vegetais, mas também as formas de criação, cultivo e
beneficiamento dos produtos, por meio da produção familiar ou comunitária e, por
conseguinte, dentro dos valores e crenças das pessoas que vivem na região (REGO,1999) .
Quando é levada em consideração a inclusão de algumas tecnologias e usos dos recursos
naturais inseridos no modo de vida e na cultura extrativista, surge uma alternativa
econômica e viável à realidade amazônica, denominada neoextrativismo, conceito este
ligado à totalidade social, econômica, política e cultural (REGO,1999),
Em relação a produção de insumos para cosméticos, como os óleos vegetais, sabemos que
a maioria vem do extrativismo, sabemos ainda que a floresta, como provedora de recursos,
possui sazonalidade e que há necessidade de regularidade na produção. Isso se torna cada
vez mais difícil quando sabemos da necessidade de a Região Norte, não seja apenas
fornecedora de matéria prima, mas sim de produtos que agregam valores, tais como as
substâncias transformadas ou isoladas, antioxidades, ésteres entre outros.
Como a maioria dos produtos utilizados na pesquisa vem do extrativismo, devemos incluir
etapas importantes que garantem a rastreabilidade e a qualidade da matéria prima de
origem vegetal. A rastreabilidade é uma etapa importante para se conhecer a origem da
matéria-prima, verificando a natureza da área da qual é oriunda, que pode ser uma área de
82
preservação, projetos de assentamento, comunidades tradicionais, cooperativas,
associações, entre outras. Além disso, a rastreabilidade permite verificar como está sendo
feito o manejo das espécies, de modo a não ocasionar a extinção ou outros prejuízos para o
meio ambiente.
O Gráfico 10 apresenta informações sobre a qualidade da matéria prima, se não possui
origem, rastreabilidade, certificado de origem dentre outros.
Gráfico 10 – Qualidade da Matéria Prima
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Gráfico 10, mostra que 26% das matérias primas não possuem origem, ou seja, não se
espera que a mesma possua qualidade e regularidade em seu fornecimento. Por outro lado,
temos 37% das pesquisas com rastreabilidade, embora essa informação seja importante, é
apenas uma etapa para que a matéria prima possua certificado de origem. Ainda assim,
temos 19% de matérias primas com laudo de origem (5%) e com certificado de origem
(14%). Os pesquisadores que não responderam (7%) ou deram outra origem (12%)
possuem pesquisas relacionadas a etapas tecnológicas.
83
Para ter uma matéria prima de qualidade é necessário adotar boas práticas no campo para
garantir a rastreabilidade, que é uma das etapas da certificação, além do inventário e
mapeamento. No mapeamento é necessário observar a potencialidade e definir as espécies
a serem manejadas, verificando acesso e escoamento da produção da área selecionada. Em
seguida se faz uma delimitação da área com base nas estradas de seringa, castanha ou
delimitação com o GPS, isso deve ser feito de acordo com a distribuição e ocorrência das
espécies, sendo que as palmeiras possuem distribuição espacial agregada. Com estes dados
estabelecidos se faz o mapeamento de todos os indivíduos adultos e produtivos que serão
manejados os frutos para extração de óleo e outras finalidades. Depois deste processo é
realizada a digitalização dos dados e a confecção de mapas. (FUNTAC, 2013)
O conceito de matéria-prima consiste num conjunto de produtos necessários em diversos
processos de produção, que são extraídos ou obtidos diretamente da Natureza (explorações
florestais, agrícolas ou minerais). Estas matérias constituem a primeira fase da cadeia de
transformação e são imprescindíveis para a obtenção do produto (MAZOYER, 2008).
Gráfico 11 – Forma da Matéria Prima Utilizada
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
84
As matérias-primas, em seu estado natural, não possibilita a sua utilização direta pela
maior parte das indústrias, estas usam produtos semi elaborados, obtidos a partir das
matérias-primas, as denominadas substâncias básicas. O Gráfico 11 mostra que 25% das
pesquisas utilizam matéria prima in natura, ou seja, não sofrem nenhum tipo de
processamento. O Extrato vegetal aparece com o uso em 15%, enquanto os óleos resina,
óleos essenciais e óleos fixos, apresentam 12%, 12% e 10% respectivamente. As pesquisas
que utilizam “óleos” como matérias primas, somam 34% do total da amostra. 20% dos
pesquisadores não utilizam matéria prima em nenhuma das formas anteriores, o que pode
estar relacionado ao objeto pesquisado.
Matérias primas vegetais são as sementes, os extratos, as ceras, resinas, etc. Os óleos (fixo,
essencial, resina) que embora sofram algum processamento, também são matérias primas.
Estes, inclusive com maior aplicabilidade na indústria de cosméticos. Para esta
aplicabilidade a matéria prima necessita de um padrão de qualidade, conforme já
descrevemos no gráfico 10.
As matérias-primas para a pesquisa na área de desenvolvimento e produção de protótipos
podem ser encontradas em várias formas:
-in natura: planta fresca;
-extrato vegetal: planta seca ou fresca submetida a um processo de extração que pode ser:
percolação, infusão, maceração e decocção;
-óleos essenciais: compreendem uma mistura de substâncias voláteis extraída de diferentes
partes de uma espécie vegetal. Como exemplo, temos a priprioca, pau rosa, breu, rosas,
citronela, etc. Existem vários métodos de extração de óleo essencial: destilação a vapor,
enfleurage, fluidos supercríticos, hidrolação, prensagem a frio, solventes e
turbodestilalação.
85
- óleos fixos: não são voláteis e são extraídos principalmente de sementes e amêndoas.
Extração ocorre com solventes, à quente e à frio. Exemplo: óleo de andiroba, buriti,
murmuru, patauá, açaí entre outros. Para a obtenção do óleo fixo existem algumas etapas: a
coleta é uma etapa muito importante, nesse período deve-se observar o período de floração,
frutificação e maturação de cada espécie. Os frutos ainda no campo devem ser postos em
sacos de fibra e levados imediatamente para o local de beneficiamento, onde ocorrerá a
limpeza, a despolpagem, a extração da polpa ou amêndoa e a secagem. A extração dos
óleos vegetais ocorre através de duas formas práticas e eficazes. Sendo que a parte usada
para obter o óleo depende se é polpa ou amêndoa. (FUNTAC, 2013)
- Óleo-resina: compreende exsudações das plantas, geralmente líquidas, pois consiste em
resinas dissolvidas em óleos essenciais acumulados em um tipo de aparelho secretor,
constituído por canais secretores localizados no lenho da planta. Exemplo: copaíba.
A comercialização dos insumos amazônicos ocorre conforme apresentado no Gráfico 12.
Podemos observar que 43% dos insumos são comercializados individualmente e
diretamente pelos produtores e extrativistas. Essa informação tem forte associação com o
Gráfico 10, que nos informa sobre a qualidade da matéria prima.
86
Gráfico 12 – Comercialização dos Insumos Amazônicos
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Gráfico 12 ainda nos mostra que 16% da comercialização dos insumos são realizadas
por cooperativas e/ou associações, a indústria de insumos fornece apenas 7% e outras
empresas comercializam apenas 5% dos insumos utilizados nas pesquisas. A origem
comercial das matérias primas em 25% das pesquisas não se refere a nenhumas das
alternativas apresentadas. Isso ocorre pelo objeto da própria pesquisa, ou pelo simples fato
do próprio pesquisador produzir/extrair e/ou preparar seu insumo.
Além das questões já apresentadas, os pesquisadores foram questionados sobre a
dependência que o desenvolvimento das pesquisas tem, em relação aos insumos de base
florestal amazônica. É evidente que por se tratar de pesquisas com este foco a maioria das
pesquisas possui dependência desses insumos (60%), no entanto, para uma pergunta
bastante óbvia o número de pesquisas que não dependem (24%) é elevado. O Gráfico 13.
87
Gráfico 13 – Dependência das Pesquisas aos Insumos Amazônicos
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
5.1.2.2 - As Motivações para Pesquisas em Cosméticos de Base Florestal Amazônica
A Região Norte apresenta enorme potencial para o desenvolvimento de produtos que
utilizam de maneira sustentável, a sua biodiversidade. As tendências do mercado mundial
de higiene e limpeza e perfumaria envolve o uso da biodiversidade brasileira, que ainda é
pouco explorada no próprio país. Essa tendência tem se mostrado como a grande
motivadora para o para pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos.
Ao serem abordados sobre a razão para o desenvolvimento de pesquisas em cosméticos de
base florestal da Amazônia as respostas caminham nesta direção, no entanto, outras razões
são apresentadas e mostram que a expectativa do uso desta biodiversidade vai além da
inovação tecnológica.
88
O Gráfico 14 apresenta os fatores motivadores da pesquisa. É interessante observar 26%
dos pesquisadores apresentaram o desenvolvimento da região como a principal motivação
para a pesquisa.
Gráfico 14 – Motivação dos Pesquisadores
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
A biodiversidade é o segundo fator que mais motiva o pesquisador (21%), o potencial de
inovação é o terceiro fator e representa 18%. A demanda e potencial de mercado é a
motivação para 13% dos pesquisadores. E, por fim a disponibilidade de matéria prima é
responsável pela motivação de 5% das pesquisas, no entanto, esta resposta tem forte
associação com a biodiversidade.
É importante esclarecer que o Gráfico 14 apresenta uma síntese das respostas, pois o
questionário apresentou a questão para resposta dissertativa.
89
O potencial da região desperta o interesse de empresas de outros países na biodiversidade
da Amazônia. Contudo, o pleno desenvolvimento dessa cadeia produtiva na região esbarra
numa série de desafios, tais como a baixa qualidade dos insumos extraídos da floresta e a
ausência de laboratórios e equipamentos para agregar valor aos produtos. Além disso, falta
investimento em pesquisas e equipamentos para extração de óleos e essências, falta
segurança jurídica para explosão de novas matérias primas. O Gráfico 15, mostra as
principais dificuldades citadas pelos pesquisadores.
Gráfico 15 – Dificuldades na Execução de Pesquisas
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
É importante ressaltar que as dificuldades elencadas em trabalhos científicos diversos, nas
visitas realizadas às instituições da Região Norte e mesmo, as dificuldades apontadas pelos
participantes do II Seminário de Cosméticos de Base Florestal, convergem para os
resultados apresentados no Gráfico 15. Temos que 37% das dificuldades com as pesquisas
tem razões ligadas ao processo de produção e a matéria prima, 27% estão relacionadas às
autorizações, 17% a falta de apoio financeiro e 12% relacionadas a falta de infraestrutura.
90
As dificuldades do segmento são claras, e mostram exatamente como deve ocorrer a
alocação de recursos e esforços para supera-las. Para isso é necessário sensibilizar os
governos estadual e federal, assim como os gestores de instituições de ensino, pesquisa e
extensão e empresários do segmento, para que juntos elaborem Políticas Públicas que
auxiliem na superação destas dificuldades.
Apresentamos a seguir, as principais dificuldades levantadas para a pesquisa na Região
Norte:
- Autorizações necessárias: autorização de coleta, transporte e envio de amostras;
autorização de pesquisa; autorização de uso da biodiversidade ligada ou não ao patrimônio
genético associado.
- Apoio financeiro: financiamento governamental (federal ou estadual) que ocorre através
de agências de fomento a pesquisa, CNPq, FINEP, etc. Financiamento privado (empresas e
fundações/instituições privadas) normalmente este apoio se resume ao pagamento de
bolsas e trabalho com pesquisas mais básicas.
Gráfico 16 – Dificuldade dos Pesquisadores com Autorizações
Fonte: Elaboração da k3 com dados da pesquisa, 2015.
91
Embora o Gráfico 15 apresente que 26% dos pesquisadores apresentaram as autorizações
como a principal dificuldade, temos de maneira complementar o Gráfico 16, que nos
informa que 42% das pesquisas não enfrentam dificuldades com as autorizações.
Analisando os dois gráficos, temos que 20% do total das pesquisas que apresentaram maior
dificuldade com as demais alternativas (Gráfico 15) também enfrentam dificuldades para
conseguir autorizações e que 80% desse total, não apresenta dificuldade com as
autorizações. Essa é a análise que resulta neste gráfico 16.
A seguir, na tabela 6, listamos as autorizações que os pesquisadores mencionaram como
necessárias.
Tabela 6 – Autorizações para realização de pesquisas com insumos de base florestalamazônica
Autorizações PESQUISADORES
Acesso ao Patrimônio Genético (CGEN) 16
Coleta de Material Botânico no SISBIO (IBAMA/ICMBio) 13
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 3
Fundação Nacional do Índio 3
Ingresso em Unidades de Conservação
Termos de Anuência Prévia das Comunidades e do Conselho Gestor daUnidade de Conservação
1
Comitê de Ética 1
Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) 1
Ministério da Defesa 1
Ministério da Ciência e Tecnologia 1
Comissão de Acesso Aos Recursos da Biodiversidade do Estado do Amapá(CARB)
1
Associações e Produtores 1
Conselho Deliberativo da RESEX 1
Instituto de Proteçāo Ambiental do Amazonas (IPAAM) 1
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Nacional (IPHAN) 1
Emissāo da Guia Florestal (GF4) 1
NS/NR 10
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
92
Na Tabela 6 temos que as autorizações do CGEN e SISBIO são as que possuem maior
frequência entre os pesquisadores, além delas outras autorizações são mencionadas. A
seguir apresentamos algumas das variadas autorizações para a pesquisa:
- SISBIO: quando envolve a coleta e o transporte de material botânico em áreas de
conservação federal, quando a coleta envolve áreas de conservação estadual a autorização
será emitida por órgão ambiental estadual;
- FUNAI: quando envolve a coleta, transporte e pesquisa em Área Indígena;
- CGEN: quando envolve acesso ao patrimônio genético e/ou aos conhecimentos
tradicionais associados para as finalidades de pesquisa científica, bioprospecção ou
desenvolvimento tecnológico, sendo disponibilizado para o CNPq autorização de pesquisa
e ao IPHAN quando a pesquisa envolve o conhecimento tradicional associado;
- Ministério da Defesa: quando a pesquisa é realizada em área de fronteira;
- ANVISA: somente quando a pesquisa for para desenvolvimento e distribuição de
protótipos.
- Comitê de ética: quando a pesquisa envolve seres humanos ou animais experimentais.
5.1.3 – EIXO C: Aspectos do Mercado Atual e Futuro
Nesta seção apresentamos alguns aspectos relacionados ao mercado. As questões deste
eixo têm como objetivo verificar se as pesquisas têm relação e/ou integração com o
mercado. É sabido que existe pouca integração entre as pesquisas e as indústrias e que este
não é um problema apenas do segmento de cosmético. Por esta razão a primeira pergunta é
se a pesquisa gerou negócio, ou seja, a pesquisa gera algum produto e serviços para ser
ofertado ao mercado? O Gráfico 17 apresenta esta informação.
93
Gráfico 17 – Pesquisa e Geração de Negócios
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Conforme podemos observar no Gráfico 17, apenas 17% das pesquisas gerou algum tipo
de negócio, este percentual, embora pequeno seja importante. No entanto, temos que 42%
das pesquisas não gerou nenhum tipo de negócio, esse dado reflete a falta de integração
entre centro de pesquisas e pesquisadores com o mercado. É preciso realizar estudos que
nos dê subsídios para entender com maior profundidade a dinâmica de funcionamento das
instituições que realizam pesquisa para pensar ações de integração que aumente a sinergia
entre ambos. Dentre os negócios gerados, citam-se o fornecimento de insumos a indústria
local bem como a comercialização de produtos por comunidades quilombolas.
Fazer com que a pesquisa se transforme em produto é mais do que simplesmente fornecer
um produto ao mercado, é gerar divisas para o Estado, gerar emprego e renda para a
população local. Por esta razão é necessário criar políticas que busquem este objetivo.
94
De maneira complementar a questão anterior, o Gráfico 18 nos informa se a finalidade da
pesquisa é mercadológica, ou seja, se a pesquisa em sua concepção já tem a expectativa de
gerar um produto para o mercado.
Gráfico 18 – Mercado como Finalidade da Pesquisa
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O gráfico 18 demonstra que 53% das pesquisas estão vinculadas ao fornecimento de um
bem ao mercado, contra 33% que não tem o mercado como finalidade. 14% dos
pesquisadores não responderam ou não souberam responder. Essa questão não contradiz a
anterior, visto que as pesquisas ainda estão em andamento, o que justifica os 17% das
pesquisas com geração de negócios.
O mercado cosmético é baseado em tendência e os pesquisadores, ou buscam espécies
botânicas pouco estudas, ou optam principalmente na área cosmética , por espécies que
estão em evidência. Atualmente é o Açaí, o qual o mercado está aumentando,
principalmente na área de antioxidantes. Esta resposta esta vinculada principalmente com a
95
questão B9 que cita as espécies mais utilizadas onde se destaca o açaí, murmuru, andiroba
e copaíba.
Para realização de pesquisas é necessário o aporte de recursos para implantação de
laboratórios, compra de equipamentos e materiais, assim como o pagamento de bolsas de
pesquisa para os pesquisadores. Além desses recursos é necessário garantir a continuidade
do aporte para despesas com manutenção dos laboratório e seus equipamentos.
Sabemos que no Brasil o nosso sistemas de compras e aquisições é lento, e que isto
inviabiliza em diversas situações a manutenção de laboratórios modernos. O Gráfico 19
mostra as principais fontes de financiamento das pesquisas em cosméticos na Região
Norte, e aponta para um aporte de 53% dos recursos como públicos.
Gráfico 19 – Fontes de Financiamento
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
96
Este gráfico demonstra 73% das pesquisas na Amazônia é financiada. Embora o aporte de
53% das pesquisas seja de fonte pública, temos que 18% é financiamento privado. É
possível que ocorrendo uma maior integração entre pesquisa e indústria, esse percentual se
eleve. A Região Amazônica possui a menor taxa de doutores do país e em alguma medida
isso implica em números reduzidos de projetos. Ainda assim, existe uma ampla fonte de
instituições financiadoras que vão desde órgãos de fomento como CNPq e FINEP, como os
bancos BASA, Banco do Brasil, BID, BNDS, além de outras fontes como ITTO, Loreal,
KFW entre outras.
É relevante observar que 18% das pesquisas em cosméticos não apresentam fonte de
financiamento, o que demonstra uma das dificuldades enfrentadas. Quando a pesquisa tem
por finalidade desenvolver um produto para ser ofertado ao mercado, é preciso realizar um
estudo, ou mesmo, buscar uma projeção já realizada e adaptá-la ao contexto atual. Temos
no Gráfico 20 as informações sobre a existência de pesquisas de mercado para o produto
em desenvolvimento.
É importante mencionar que o pesquisador ao responder “SIM”, ou seja, afirmar que existe
estudo de mercado para o produto, deveria especificar qual o produto com estudo. No
entanto, nenhum pesquisador especificou.
97
Gráfico 20 – Estudo de Mercado versus Desenvolvimento de Produtos
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Assim temos que 35% dos produtos das pesquisas possuem estudos de mercado, no
entanto, como não foram especificados no banco de dados é possível que sejam estudos
realizados em outras regiões e/ou não desenvolvidos especificamente para as pesquisas em
análise. O que chama a atenção é que a maioria (51%) não possuem estudos de mercado.
Essa informação mostra que é necessário estabelecer parcerias para desenvolver esses
estudos. A prospecção do mercado com estudo da demanda e da oferta, assim como o
levantamento da necessidade de investimento e dos indicadores econômicos e financeiros,
além de permitir uma análise crítica do mercado, fornece subsídios para a introdução do
produto ao mercado, elo fraco do segmento e já abordados em outras seções do relatório.
98
Quando a pesquisa gera um novo produto, a necessidade de estudar e prospectar o mercado
são essencial. Dessa forma, a questão apresentada pelo Gráfico 21, nos mostra se as
pesquisas em análise apresentam algum produto inédito.
Perguntamos aos pesquisadores se seus estudos geram algum novo produto, as respostas
estão ilustradas no Gráfico 21.
Gráfico 21 – Produto Inédito para o Mercado
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Do total de pesquisadores que responderam os questionários, 63% responderam que o
resultado de suas pesquisas gera um novo produto para o mercado, inclua-se aí, insumos
para a indústria de óleos essenciais e novas tecnologias de processamento e manipulação
de insumos. 23% das pesquisas não geram novos produtos e 14% não souberam ou não
responderam essa questão.
99
Os pesquisadores foram questionados se recebem algum tipo de apoio do SEABRE. O
gráfico22, aponta que 81% das pesquisas não tem apoio. É importante esclarecer que o
foco de atuação do SEBRAE é apoiar os micro e pequenos empresários e que, portanto,
essa é a razão do resultado. No entanto, pensando na integração entre as instituições de
pesquisa e as micros e pequenas empresas que atuam no segmento de cosméticos na
Região Norte, é preciso pensar numa estratégia que permita a atuação do SEBRAE para
fortalecer a integração entre esses dois elos da cadeia de produção.
Gráfico 22 – Apoio do SEBRAE às Pesquisas
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é uma entidade
privada sem fins lucrativos. É um agente de capacitação e de promoção do
desenvolvimento, criado para dar apoio aos pequenos negócios de todo o país. Desde 1972,
trabalha para estimular o empreendedorismo e possibilitar a competitividade e a
100
sustentabilidade dos empreendimentos de micro e pequeno porte. Garante o atendimento
aos pequenos negócios, o Sebrae atua em todo o território nacional. (SEBRAE, 2015)
Diante do exposto, entende-se que o SEBRAE apoia o setor produtivo e não as pesquisas
em Universidades e Instituição de Pesquisa. Mesmo assim, focando na integração entre
setor produtivo e instituições de pesquisa, e entendendo que estas instituições são
responsáveis pelo Desenvolvimento e Inovação Tecnológica é preciso uma ação para
promover essa aproximação entre os dois setores. O SEBRAE pode ter um papel
importante neste aspecto.
5.1.4 EIXO D: Disseminação Tecnológica
Neste eixo falaremos sobre as instituições de pesquisas, cujos pesquisadores estão
vinculados. São essas instituições que disseminam o conhecimento gerado, seja através de
ações de extensão, de ensino, de eventos científicos e acadêmicos e publicações científicas
em informativos, jornais e revistas.
A primeira informação sistematizada associa os pesquisadores a estas instituições, ou seja,
são as instituições na qual estão vinculadas as pesquisas apontadas neste relatório. O
Gráfico 23.
101
Gráfico 23 – Pesquisadores e Seu Vínculo Institucional
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Conforme pode ser observado no Gráfico 23, 34% dos pesquisadores possuem vínculo
com instituições de pesquisa, 24% com instituições de ensino, 18% em instituições cuja
finalidade é o desenvolvimento tecnológico, como é o caso da FUNTAC e 19%, mantém
vinculo com instituições de extensão (neste caso inclua-se organizações da sociedade civil
que atual em comunidades extrativistas). Apenas 3% dos pesquisadores estão vinculados a
outros tipos de instituições, que conforme o bando de dados mantém vínculo com empresas
locais.
102
Gráfico 24 – Cursos de Cosmetologia
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Com relação aos cursos ligados a área de cosmetologia, temos que 74% das instituições
participantes da pesquisa não possuem cursos nesta área, 12% possuem curso e 4% não
souberam ou não responderam.
Sabemos que apenas alguns Estados da região possuem cursos de farmácia em
Universidades Publicas. É o caso do Amazonas, Pará e Amapá, os demais estados possuem
cursos em faculdades privadas. As faculdades privadas, com algumas exceções, atuam
mais no setor de ensino e possuem o quadro docente com poucos doutores nas disciplinas
de farmacotécnica e cosmetologia. Os estados que mais se destacam na área de
farmacotécnica e cosmetologia é o Pará e o Amazonas, estados onde se encontram as
principais indústrias.
103
Enquanto as políticas públicas não forem eficientes para fomentar a criação de cursos, a
área de cosméticos sempre ficará a margem de outras atividades. Na Região Norte não
existem cursos de pós-graduação regular de cosmetologia, somente cursos a distância ou
em grupos fechados. Quando há necessidade, o aluno tem que se deslocar para a região
sudeste para capacitação. Apenas o município de Manaus tem um Curso de Pós-graduação
na Faculdade Oswaldo Cruz com duração de 1 ano, cujo objetivo é Habilitar o profissional
graduado que atua no setor e os interessados a desenvolver, aprimorar, criar e entender as
formulações cosméticas da atualidade e as tendências novas e futuras.
O programa do curso aborda desde a concepção do produto, sua formulação, controle de
qualidade, marketing, até a elaboração do Dossiê Técnico atualizado para encaminhamento
aos órgãos competentes para fins de registro.
Gráfico 25 – Mercado de Trabalho para Recém Formados
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
104
Os pesquisadores foram questionados sobre o mercado de trabalho para recém formados na
Região e 52% não souberam ou não responderam a esta pergunta. Este elevado percentual
tem relação com a ausência de cursos específicos em Cosmetologia, dificultando a
resposta. No entanto, e dada a necessidade de mão de obra especializada para o
desenvolvimento do segmento, com elevado potencial de agregação de valor e pelo
desenvolvimento de uma indústria de insumos e de produtos acabados, esta última com
menor força, 30% apontaram que existe mercado de trabalho para os recém formados e
apenas 18% responderam que não há.
Gráfico 26 – Cursos De Especialização Ofertados pelas Instituições de Pesquisas
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Embora o número de cursos em cosmetologia sejam poucos na região, a oferta de
especializações a nível de doutorado e mestrado apresentam números interessantes. Temos
que 26% das instituições levantadas na Região Norte apresentam cursos de Mestrado e
Doutorado relacionados ao desenvolvimento de insumos e cosméticos de base florestal da
105
Amazônia. Este número quando comparado com outras áreas é relativamente pequeno, no
entanto reflete uma informação importante.
O Gráfico 26, nos mostra que além dos mestrados e doutorados 11% das instituições
possuem pós – doutorado, 14% ofertam cursos de especialização e temos um total de 20%
que não souberam ou não responderam, estes compõem as instituições que não ofertam
cursos e que tem sua finalidade apenas em pesquisas, extensão ou outra finalidade.
De forma complementar o Gráfico 27 apresenta a composição técnica dessas instituições
conforme grau de instrução.
Gráfico 27 – Grau de Instrução do Quando Técnico das Instituições
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
106
Temos no quadro técnico- científico das instituições que participaram da pesquisa um total
de 65% de doutores, 33% de mestres e apenas 2% de pós-doutores. Essa é uma informação
que demonstra a qualidade técnica dos pesquisadores envolvidos com a construção do
conhecimento, geração de tecnologia e desenvolvimento de novos produtos, inclusive em
cosmetologia na Região Norte.
A existência de Políticas Públicas de incentivo à pesquisa em cosméticos e ao
desenvolvimento de novos produtos é um fator importante para o desenvolvimento do
setor. O gráfico 28.
Gráfico 28 – Politicas Públicas de Incentivo para o Setor
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Dos participantes da pesquisa 49% informaram não ter conhecimentos sobre políticas
públicas de incentivo ao segmento de cosméticos, 27% possuem conhecimentos sobre
essas políticas e 24% não souberam ou não responderam. É observado com as respostas
107
que os editais que ofertam recursos para pesquisas foram entendidos como políticas de
incentivo, no entanto, não foi verificado nenhum tipo de política de estímulo nem a
pesquisa e nem ao desenvolvimento do setor produtivo.
Uma associação importante para o desenvolvimento do segmento de cosméticos são as
Incubadoras de empresas, ou incubadoras tecnológicas. Elas são uma excelente “ponte”
entre pesquisa e mercado.
As Incubadoras de empresas são organizações que podem estar vinculadas as instituições
de ensino públicas ou privadas, prefeituras, e até mesmo iniciativas empresariais
independentes. A base de sustentação de um programa de incubação está alicerçada na
difusão da cultura empreendedora, do conhecimento e da inovação. Através das
incubadoras é possível apoiar novos empreendimentos de projetos inovadores, por meio da
oferta de inúmeras facilidades e apoio aos empreendedores, tais como: consultorias
especializadas, orientações e capacitações gerenciais, espaço físico e infraestrutura
operacional, administrativa e técnica, (INATEL, 2015).
As incubadoras de empresas, são atores importantes do contexto de infraestrutura de
C&T&I e conhecidas como habitats de inovação. Estas organizações abrigam
empreendimentos nascentes, geralmente oriundos de pesquisa científica e tecnológica, cujo
projeto implica em inovações e oferece espaços e serviços subsidiados aos empresários que
possuem suas empresas, geralmente empresas de base tecnológica – EBT incubadas,
(LALKAKA, 1990).O Gráfico 29 nos mostra que apenas 20% das instituições possuem
esse tipo parceria.
108
Gráfico 29 – Incubadoras de Empresas e Tecnológicas
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Com relação às incubadoras tecnológicas temos que, 57% dos participantes responderam
que suas instituições não possuem incubadores, 20% possuem e 23% não souberam ou não
responderam.
Como quase 60% das instituições não possuem, e pelo fatos destas incubadores terem um
papel importante na difusão e acesso ao mercado, é preciso fomentar a criação de
incubadoras com a finalidade de promover o segmento a partir do conhecimento científico
gerado. A importância das Incubadoras está intimamente relacionada com o
desenvolvimento sustentável que delas resulta devido à sua capacidade de transformar os
resultados da ciência em novas tecnologias inovadoras, especialmente quando se
combinam competências académicas e empresariais.
109
5.1.5 – EIXO E: Visão Estratégica
Neste eixo nosso objetivo é traçar de uma maneira geral o panorama estratégico para o
setor de cosméticos, tendo como base a visão do pesquisador. Para isso, questionamos aos
pesquisadores da Região Norte, quais os fatores motivacionais para a pesquisa, quais os
pontos fortes e fracos do segmento, além de buscar informações sobre as instituições que
atuam em parceria para o desenvolvimento das pesquisas. O Gráfico 30 apresenta os
fatores que motivaram a pesquisa. É importante mencionar que as questões deste eixo
tiveram respostas diversas, por se tratar de uma questão discursiva, no entanto, as respostas
comuns foram agrupadas e são apresentadas no Gráfico 30.
Gráfico 30 – Motivos que Levaram a Pesquisa em Cosméticos de Base FlorestalAmazônica.
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
Com relação aos motivos que levaram ao desenvolvimento de pesquisa na área de
cosméticos, 14% dos participantes responderam que este tipo de pesquisa tem potencial
mercadológico, 21% desenvolveram pesquisa nesta área pensando no Desenvolvimento da
110
Região, 24% tem sua motivação associada à valorização da floresta, 27% ao
desenvolvimento de produtos e 14% citaram outros fatores. A Tabela 7 apresenta as
principais respostas por categoria.
Tabela 7 – Motivação por Categoria
Motivos que Levaram ao Desenvolvimento das Pesquisas no Segmentos deCosméticos de Base Florestal Amazônica
Pot
enci
al d
eM
erca
do
- Desenvolvimento de novos produtos;
- Mercado de Cosméticos Brasileiro;
- Construir uma base de informações necessárias às empresas que desejarem
investir no setor cosmético, utilizando insumos da biodiversidade estudada;
- Oportunidade de desenvolvimento rápido e demanda de mercado.
Des
envo
lvim
ento
Loc
al/R
egio
nal
- Geração de renda para população local;
- Estudo das propriedades biológicas da priprioca visando o desenvolvimento
da região;
- Visão estratégica para desenvolver pesquisa na região amazônica
- Produto de alta relevância socioeconômica
- Desenvolver comunidades da Amazônia e gerar renda
- Fortalecer os laços de cooperação entre as entidades de ensino e pesquisa da
região Norte. Os gestores envolvidos deverão também abrir possibilidades para
linhas de fomento e estruturação em rede de pesquisas com fitoterápicos e
cosméticos.
111
Val
oriz
ação
da
Flo
rest
a
- Valorização dos recursos da floresta, dos povos tradicionais;
- Fomentar os plantios das espécies mais exploradas para evitar a degradação
das populações naturais garantindo produção e conservação do recurso natural;
- Agregar valor aos produtos naturais da Amazônia;
- Gerar conhecimento sobre espécies amazônicas ainda pouco exploradas, mas
que apresentam potencial;
- População e ambiente são promissores para a área;
- Desenvolver métodos de uso e aproveitamento dessas espécies visando criar
alternativas para melhorar a renda familiar;
- Conhecimento sobre a biodiversidade Amazônica.
Des
envo
lvim
ento
de
prod
utos
- O metabolismo secundário de plantas medicinais de diversas Famílias tem
sido revelado como interessantes fontes de bioativos com atividade
antioxidante, antitumoral, antinflamatória, antiparasitária. A Amazônia é a
região de maior diversidade de espécies botânicas no planeta;
- Desenvolver um produto repelente ao mosquito da dengue;
- Parceria com empresas visando a obtenção de produtos inovadores;
- Necessidade de pesquisa de novos produtos para este mercado;
- Estudos sobre a copaíba e ampliar para demais espécies produtoras de óleos
essenciais da Amazônia. Adquirir mais subsídios técnicos para o melhor manejo
da espécie copaíba, aumento da produção e obtenção de renda para os
manejadores indígenas. Conhecer mais a espécie para tomada de decisão.
- Muitos trabalhos com aplicação na área de cosmética. Geração de
conhecimento;
- Visando agregar valor aos óleos vegetais de andiroba foi desenvolvido um
produto de grande utilidade para as comunidades locais e para os consumidores
do mercado local;
- Desenvolver um produto inovador.
112
Out
ros
.- Disponibilidade de óleo de soja para reciclagem;
- Legislação favorável;
- Curiosidade;
- Curiosidade e futuras publicações científicas;
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
De uma maneira geral, analisando o Gráfico 30 e a Tabela 7, podemos concluir que a
motivação para as pesquisas em cosméticos de base florestal amazônica envolve fatores
para além de uma simples tendência de mercado. As motivações elencadas pelos
pesquisadores enfatizam a Valorização dos Recursos da Biodiversidade da Floresta, assim
como a melhoria da qualidade de vida da população local. Neste sentido, o Projeto
Estruturante de Cosméticos idealizado pelo SEABRAE tem elevada relevância e muitos
desafios para consolidar a cadeia de produção na Região Norte.
As dificuldades enfrentadas na Região para o desenvolvimento das pesquisa, estão
descritas no Gráfico 31, a seguir.
Gráfico 31 – Dificuldades Enfrentadas na Região para o Desenvolvimento doSegmento de Cosméticos
Fonte: elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
113
O Gráfico 31 nos mostra as principais dificuldades, conforme apontado pelos
pesquisadores, onde podemos observar que a falta de investimentos e incentivos fiscais
apresentou a maior frequência relativa entre os participantes da pesquisa. Em segundo
lugar apresentaram frequência relativa maior as dificuldades relacionadas a qualificação da
mão de obra local, a falta de integração entre pesquisas e indústrias e a competitividade,
esta última, relaciona-se a dificuldade que as micro e pequenas indústrias tem em concorrer
no mercado local, nacional e transnacional.
Como foi apontado no Capítulo 1 apenas um pequeno número de empresas multinacionais
e Nacional detém quase a totalidade do mercado consumidor, no entanto cabe lembrar que
o Brasil configura no Mercado Mundial como o terceiro maior consumidor de cosméticos.
Outras dificuldades como qualidade da matéria prima, problemas de infraestrutura,
autorizações e elevados custos também foram mencionados.
Para continuar a análise, apresentaremos no Gráfico 32 os Pontos Fortes e o Gráfico 33 os
Pontos Fracos, estes foram agrupados conforme frequência relativa das respostas.
Gráfico 32 – Pontos Fortes para Desenvolvimento do Segmento de Cosméticos
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
114
Como pontos fortes para desenvolvimento do segmento de cosméticos, temos a abundância
de matéria prima e o desenvolvimento intelectual (qualificação da mão de obra) como os
pontos com maior frequência relativa, além disso, a Demanda também foi citada por vários
pesquisadores. Outros pontos como financiamento, preservação da biodiversidade,
desenvolvimento tecnológico, dentre outros são pontos fortes que a Região possui e que
devem ser consolidados.
Gráfico 33 – Pontos Fracos para o Desenvolvimento do Segmento de Cosméticos
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Gráfico 33 apresenta os pontos fracos do segmento de cosméticos e tem forte associação
com o Gráfico 31 e com o Gráfico 33. Ele nos apresenta que o ponto fraco com maior
frequência relativa é a falta de financiamento e investimento no setor. Esta informação,
também ficou em destaque quando apresentamos as principais dificuldades. No Gráfico 32
que nos apresenta os pontos fortes, o financiamento também apareceu com elevada
frequência relativa, ou seja, embora exista dificuldade em obter financiamento, há uma
expectativa que essa dificuldade de reverta para novas captações de recursos.
115
Um ponto fraco apresentado e com elevada frequência relativa é a cooperação e parceria
com outros setores, embora apareça como ponto fraco, o Gráfico 34 apresenta as
instituições que cooperam com as pesquisas e nos mostra que as principais parceiras são as
universidades, as fundações públicas, as associações e as empresas públicas, neste caso a
principal parceira é a EMBRAPA.
Gráfico 34 – Instituições que Colaboram com a Pesquisa
Fonte: Elaboração da K3 com dados da pesquisa, 2015.
O Gráfico 34 nos mostra que as instituições de ensino, pesquisa e extensão são as maiores
colaboradoras no desenvolvimento de pesquisas em cosméticos de base florestal da
Amazônia, as organizações produtivas como associações, cooperativas e incubadoras e
mesmo as associações empresariais, embora apareçam no Gráfico, possuem participação
relativa pequena. Essas informações corroboram com as demais informações deste
relatório, demonstrando que o elo fraco do segmento na Região Norte é baixa integração
entre pesquisas e mercado.
116
6. ENCAMINHAMENTOS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES POR ESTADO DA
REGIÃO NORTE.
O estudo realizado contemplou a primeira etapa do Projeto Estruturante de Cosméticos,
que tem como objetivo desenvolver conhecimento normativo, tecnológico e mercadológico
quanto às oportunidades de negócios sustentáveis e produtivos para a cadeia de cosméticos
de base florestal madeireiro e não madeireiro da Região da Amazônia, o projeto visa
fundamentar uma atuação mais estratégica do SEBRAE quanto ao segmento e para isso
prevê a realização de pesquisas e estudos que fundamente a tomada de decisões
estratégicas para uma atuação mais efetiva no segmento, principalmente na Região Norte.
A etapa do estruturante que norteou os resultados ora apresentados neste relatório versa
sobre a Identificação e o Mapeamento da Rede de Conhecimento Acadêmico em Pesquisa,
Ensino e Extensão da Cosmetologia da Amazônia, cuja finalidade principal foi levantar as
instituições da Região Norte, Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins, que realizam pesquisas relacionadas ao segmento de cosméticos, assim como o
estágio atual dessas pesquisas, qual ou quais as espécies pesquisadas, dentre outras
informações qua auxiliam no desenvolvimento de novos produtos cosméticos de base
amazônica.
A Região Amazônica apresenta inúmeras fragilidades, que são confirmadas pelos
pesquisadores que colaboraram e responderam os questionários. Entre as principais
fragilidades temos as exigências regulatórias e ambientais, a ausência de políticas públicas
de incentivos, a baixa qualidade da matéria-prima, a logística, mão de obra não qualificada,
extração com tecnologia pouco eficiente, entre outros fatores que dificultam uma atuação
mais forte deste no segmento.
As duas etapas da pesquisa contribuíram para os resultados apresentados, no entanto, nem
todos os pesquisadores que receberam nossa visita responderam ao questionário online.
117
Como já mencionado no item 4.3 deste relatório, um dos objetivos da visita era a
sensibilização dos pesquisadores e seus grupos a participarem da coleta de informações, o
que não ocorreu conforme esperado. Por outro lado a realização do II Seminário de
Cosméticos em Palmas/TO, realizado em abril de 2015 que mobilizou pesquisadores e
parceiros de todos os estados da Região Norte sensibilizou um número maior de
pesquisadores, prova disto foi o aumento de 33 para 46 questionários respondidos.
Portanto, a realização de Seminários, Workshops, oficinas para discutir o desenvolvimento
da Cadeia de Cosméticos é uma estratégia interessante para mobilizar e sensibilizar
potenciais parceiros na busca por soluções.
Neste sentido, a título de sugestão, o SEBRAE Nacional e as Unidades Estaduais,
deveriam promover Seminários Locais para apresentar os resultados desta pesquisa, uma
ação neste sentido, estreitaria a relação entre as instituições de pesquisa, SEBRAE e
pequenas e médias empresas em cada estado. Este, certamente poderia ser um passo
importante na composição de uma Rede Estadual de Conhecimentos em Cosméticos de
Base Florestal da Amazônia, assim como uma Rede Regional com a mesma finalidade.
O eixo A do banco de dados apresentou a identificação dos responsáveis pelas pesquisas,
assim como seus contatos (telefone, email, etc.). As instituições, salvo algumas excessões,
não possuem banco de dados de fácil acesso para a obtenção dessas informações. O que
possuem são dados gerais que trazem informações sobre as áreas de pesquisas relacionadas
aos centros de formação e não é possível a aplicação de filtros, como por exemplo,
cosméticos de base florestal da Amazônia. Assim, no banco de dados, complementar a este
relatório, é possível contactar os pesquisadores para participarem de eventos científicos,
tecnológicos e empresariais, ou simplesmente para obter informações sobre as pesquisas
em desenvolvimento.
A equipe de campo visitou um total de 26 instituições distribuídas nos sete Estados da
Região Norte, dessas, apenas 20 instituições apresentaram pesquisas em cosméticos, sendo
118
as Universidades Federais as com maior frequência. Apenas estado de Roraima não contou
com a participação de pesquisadores, uma vez que nenhum respondeu o questionário. Vale
mencionar que a equipe de campo, teve dificuldades para visitar as instituições desse
estado, que informaram não possuir pesquisas na área em questão. O SEBRAE Nacional
poderá realizar uma nova visita as instituições de Roraima, visto que a participação de
todos é importante.
O estado do Acre apresentou maior participação de pesquisadores e essa maior
porcentagem está relacionada a uma maior interligação entre as instituições e reduzido
número de grupos de pesquisadores. Alguns pesquisadores não quiseram responder o
questionário porque suas pesquisas não estavam relacionadas diretamente com cosméticos,
além desses, alguns pesquisadores apresentaram outras razões, tais como não considerou
importante e relevante, questionaram a ação do SEBRAE na Região, alegando que não há
retorno às mobilizações e articulações já realizadas e o número elevado de questões.
Apresentar os resultados aos pesquisadores é uma maneira de buscar uma “re”
aproximação do SEBRAE com a academia reforçando assim a necessidade de disseminar
os resultados dessa etapa do Estruturante de Cosméticos entre os pesquisadores
participantes.
Os resultados que o Eixo B nos traz são essenciais para pensar e refletir sobre o segmento
de cosméticos. É importante mencionar que a pesquisa em questão extrapolou seus
objetivos, trazendo elementos importantes relacionados as espécies amazônicas. Se por um
lado o objetivo era identificar e mapear o conhecimento acadêmico em cosméticos, por
outro, os resultados vão além do mapeamento e mostram gargalos que devem ser
corrigidos e potencializados para geração de um conhecimento científico e tecnológico,
articulado com as necessidades empresariais, sejam elas individuais e/ou coletivas.
Uma questão que este eixo nos mostrou foi que mesmo uma pesquisa que não tenha como
objeto o desenvolvimento de um produto cosmético, pode ser importante para a indústria
cosmética. Isso ocorre, porque são cadeias com uma base produtiva e tecnológica muito
119
próxima e que, portanto geram algum tipo de sinergia. O desenvolvimento de um
medicamento fitoterápico pode gerar informações importantes para o desenvolvimento de
um cosmético, ou vice versa. Um óleo vegetal, ou um extrato pode ser utilizado tanto pela
indústria cosmética, quanto pela indústria farmacêutica. Assim, concluímos que embora
sejam produtos distintos, que seguem processos diferentes, podem ter como base o mesmo
princípio ativo. A integração entre os pesquisadores é fundamental para aproveitar essa
economia de escopo, com capacidade de elevar o valor agregado dos fatores.
Cabe destaque nesta conclusão as informações sobre a fase que se encontra cada uma das
pesquisas. Avaliamos que 45% das pesquisas estão em fase inicial e que 50% foram
finalizadas e dessas apenas 5% geraram um produto ou serviço que estão no mercado. Isso
demonstra a pouca ou quase inexistente articulação entre a academia e o setor produtivo,
grande parte do conhecimento gerado tem um foco em si mesmo. A falta de uma visão
empreendedora do pesquisador, associada a outros aspectos da docência não estimulam
nem privilegiam este tipo de articulação.
Neste sentido, o estabelecimento de parcerias com criação de Programas de Fomento a
Pesquisa e Inovação como elo entre as Universidades e as Empresas poderia gerar bons
resultados. Outra forma de articular os dois setores seria o fortalecimento das incubadoras
de empresas e incubadoras tecnológicas. Temos visto que os programas de incubação têm
obtido bons resultados em diversas universidades, fomentar esses programas com foco em
cosméticos de base florestal na Amazônia pode ser um caminho.
Além das incubadoras, os Núcleos de Inovação Tecnológica devem estar articulados com o
setor produtivo. É importante mencionar que além da criação de novos produtos
cosméticos, temos a “criação” de insumos (novos insumos e ativos) e de novas tecnologias
de processamento como alvo de pesquisas e que assim como o produto acabado cosmético
temos com igual importância o setor de insumos e de tecnologias industriais. Esse também
deve ser alvo da atuação do SEBRAE no âmbito do Estruturante de Cosmético, pois
120
melhora a eficiência da cadeia de produção e ao mesmo tempo cria novas possibilidades na
geração de produtos.
A Lei 10.973/2004, conhecida como Lei da Inovação, trouxe alguns avanços importantes,
como maior aproximação entre academia e indústria, por meio da criação dos Núcleos de
Inovação Tecnológica (NITs) e do compartilhamento de instalações e equipamentos dos
Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) com a iniciativa privada. No entanto é preciso
uma estratégia para consolidação desses NITs como um agente de integração entre a
academia e indústria. Somando-se aos esforços já empreendidos, sugere-se ao SEBRAE
uma aproximação com os Núcleos de cada uma das Universidades da Região Norte para
fomentar um programa de incentivo, em formatos diversos e conforme a realidade de cada
universidade, para apoiar as pesquisas em cosméticos de base florestal da Amazônia.
Aliando aos parágrafos anteriores a questão das patentes, temos que a maioria das
pesquisas não possui patente, (73%) conforme apontado na pesquisa, e que a dificuldade
apontada refere-se a dificuldade em conseguir autorizações tanto para a realização da
pesquisa quanto para o desenvolvimento do produto. Os NITs devem atuar neste aspecto,
auxiliando os pesquisadores a patentearem seus inventos, assim como atuar na discussão
para desburocratização dos processos de registro.
As pesquisas apresentam 35 espécies amazônicas como insumos para a geração de
conhecimento científico e que apresentam potencial para criação de novos produtos e/ou
insumos e ou novas tecnologias de processamento. As espécies mais pesquisadas foram:
Copaiba (Copaifera sp) (6 pesquisas); Andiroba (Carapa guianensis) (5 pesquisas); Acaí
(Euterpe precatoria e Euterpe oleracea)e Murumuru (Astrocaryum ulei e Astrocaryum
murumuru) (4 pesquisas cada); Buriti (Mauritia flexuosa) e Cupuaçu (Theobroma
grandiflorum) (3 pesquisas cada).
Essas são espécies que vem sendo exploradas e que já podemos observar um grande
número de produtos cosméticos consolidados no mercado nacional e internacional.
121
Contudo, é preciso explorar novas espécies já que a Amazônia possui enorme potencial e
que sua biodiversidade ainda é pouco explorada. Fomentar editais para a pesquisa com
novas espécies da biodiversidade via CNPq, Finep e as financiadoras estaduais, seria
importante para incentivas novas pesquisas.
Fazendo um apanhado geral temos que as pesquisas, seja para gerar um produto acabado,
seja para gerar um insumo encontra-se na frente das pesquisas que envolvem o processo de
produção, mesmo sabendo e ressaltando que nos estados da Região Norte a maioria das
pesquisas estão relacionadas com o desenvolvimento da cadeia produtiva e com a produção
de insumos e matérias primas e é, conforme apresentado pelos participantes, como
relativamente menor no desenvolvimento do segmento de cosméticos.
Assim, a visão que deve nortear as ações estratégicas do segmento de cosméticos, deve-se
pelo menos inicialmente, ser pautada no desenvolvimento da cadeia de suprimentos
(insumos e tecnológicos) como mecanismo indutor do desenvolvimento e que seja em
médio prazo um atrativo para desenvolvimento de novas indústrias locais com foco no
produto cosméticos acabado, no fortalecimento das indústrias locais existentes, e por fim,
na atração de indústrias nacionais e transnacionais de médio e grande porte.
Se elencarmos nossas ações na cadeia de suprimentos há que levantar problemas
importantes relacionados às matérias primas e o primeiro deles refere-se à origem da
mesma. Quase 50% da matéria prima utilizada nas pesquisas são procedentes do
extrativismo, o que confere a atividade uma característica local e de grande importância
econômica e de sobrevivência na Amazônia. Fomentar projetos de apoio a iniciativas de
comunidades extrativistas com foco na sustentabilidade e na qualidade da matéria prima.
As incubadoras e o SEBRAE podem ser parceiros estratégicos em viabilizar ações deste
tipo. Cabe ainda ressaltar, que a sustentabilidade e a qualidade da matéria prima estão
diretamente relacionadas à rastreabilidade e ao processo de certificação, sem contar o
122
aumento em seu valor relativo que ao agregar valor remunera melhor às comunidades
extrativistas, culminando com melhoria em sua qualidade de vida.
Ainda sobre as matérias primas, é preciso agregar valor ao produto. Temos que 25% é
utilizada na sua forma in natura, esta não possibilita sua utilização pela indústria, que por
sua vez demanda produtos semi elaborados, ou seja, produtos obtidos a partir das
substâncias básicas. Essa semi elaboração agrega valor e não é uma atividade complexa,
sendo, portanto, algo a ser implementado na região, com ganhos de agregação o que
exigirá por si só, uma postura mais empreendedora dos extrativistas e pode ser apoiado por
pesquisadores de universidades que busquem melhorar a eficiência nos processos de
produção de ativos de base florestal da Amazônia. Os insumos são comercializados por
produtores e extrativistas, essa informação mostra a pequena organização desses
agricultores demonstrando fragilidade no fornecimento das matérias primas nos “moldes”
desejados.
Na análise do Eixo C, que tem como foco a relação da pesquisa com o mercado,
reforçamos nosso argumento anterior que falta interação entre os pesquisadores,
universidade com o setor produtivo. Apenas 17% das pesquisas gera algum tipo de
negócio, é claro que temos obtido avanços neste sentido, mas temos um total de 84% de
pesquisas que não geram nenhum tipo de negócio. Certamente, esses 84% de pesquisas que
atualmente não geram nenhum tipo de negócios, se analisados por uma ótica
mercadológica levariam a criação de novos produtos que poderiam ser lavados ao
mercado, gerando emprego e renda para a população local.
Neste sentido, mais uma vez apontamos como fundamental a criação de programas que
auxiliem neste processo de aproximação entre pesquisadores e empreendedores, entre
universidade e empresas e entre governos, universidade e setor produtivo. Uma parceria
pode gerar movimentos de inputs e outputs continuamente e consolidar uma estratégia de
Ciência, Tecnologia, Inovação e Mercado, este último sendo um importante mecanismo
123
para os inputs e outputs com ganhos em divisas, emprego, dentre outros fatores inerentes
ao desenvolvimento.
Para fortalecer o segmento de cosméticos na Região Norte é preciso sensibilizar os
Gestores para a elaboração de uma Política Pública que viabilize a concessão de crédito
para organização da base produtiva/extrativista e ao mesmo tempo em que apoie a
implantação de infraestrutura que possibilite a ampliação dos cursos nesta área, assim
como possibilite a realização de pesquisas científicas de alto padrão. Uma característica
das Universidades é a sua capacidade de construção de novos conhecimentos, no entanto,
sua excelência só ocorre se a mesma possuir bons laboratórios, equipamentos, etc. Assim,
o lançamento de um edital para modernização dos laboratórios para estudos e
desenvolvimento de ativos da Amazônia poderá auxiliar tanto na evolução das pesquisas,
quanto na abertura de novos cursos para formação de mão de obra qualificada.
Para apoiar a articulação entre Universidades e Setor Produtivo a criação de um Programa
que favorecesse o diálogo e o intercâmbio de informações entre pesquisadores e
empreendedores otimizaria os esforços na geração de negócios. A Universidade Federal do
Tocantins lançou no último mês um programa de inovação tecnológica em parceria com o
SEABRAE, o UFTEC, cujo objetivo é aproximar os dois setores na busca por soluções
para enfrentar os problemas e as adversidades do setor produtivo. O Programa realiza o
credenciamento de pesquisadores da Universidade e credencia as instituições do setor
produtivo, com isso viabiliza a aproximação para resolver problemas e melhorar os
processos com inovação e tecnologia. Este é apenas um exemplo que pode ser adaptado
para outras Universidades do Norte.
Na Região Norte não existe cursos de pós-graduação regular de cosmetologia, somente
cursos à distância ou em grupos fechados. Quando há necessidade, o aluno tem que se
deslocar para a Região Sudeste do Brasil para capacitação. Apenas o município de Manaus
124
tem um curso de pós-graduação na Faculdade Oswaldo Cruz com duração de 1 ano, cujo
objetivo é habilitar o profissional graduado que atua no setor a desenvolver, aprimorar,
criar e entender as formulações cosméticas da atualidade e as tendências novas e futuras. O
programa do curso aborda desde a concepção do produto, sua formulação, controle de
qualidade, marketing, até a elaboração do dossiê técnico atualizado para encaminhamento
aos órgãos competentes para fins de registro. Apresentar este quadro para os Gestores,
assim como as oportunidades do segmento seria uma maneira de conseguir apoio para
incentivar a criação de novos cursos, seja em nível de graduação e/ou pós-graduação.
As políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento de pesquisas em cosméticos de base
florestal para a Região Norte ainda são incipientes. Quando existentes são pouco
divulgadas e apoiam ações pontuais. Falta uma política de incentivo que apresente uma
visão integrada e estratégica. O Sebrae, a partir do Estruturante de Cosméticos pode
aproveitar seus resultados para articular junto ao governo Federal, Estadual e iniciativa
privada editais de financiamento que visem o fortalecimento da cadeia de produção de
cosméticos.
Os Estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará e Tocantins citam como incentivo apenas os
recursos recebidos a fundo perdido para execução de projetos de pesquisa. Nenhum Estado
citou isenção ou redução nas alíquotas de impostos, subsídios, dentre outros instrumentos
que podem ser ferramentas importantes, principalmente por meio do governo estadual,
para incentivar o setor produtivo relacionado ao segmento. A elaboração de estudos
prospectivos pode apontar qual o instrumento com maior custo benefício.
O Eixo E nos apresenta a visão do pesquisador em relação ao desenvolvimento do
segmento de cosméticos e as conclusões serão apresentadas inicialmente de maneira geral
e na sequência apresentaremos os principais pontos de cada um dos Estados como forma
de auxiliar as unidades estaduais do SEABRAE na tomada de decisões.
125
Os pesquisadores têm como principal motivação para realização de suas pesquisas o
Desenvolvimento de Produtos, ou seja, embora com uma visão não muito empreendedora o
pesquisador acredita na potencialidade da biodiversidade amazônica para inovar. Além
disso, a valorização da floresta e o desenvolvimento da região também são aspectos
relevantes e apresentados como motivação. Essa visão do pesquisador reforça o que vem
sendo apresentado nacionalmente e internacionalmente sobre a biodiversidade amazônica,
que aponta a oportunidade da biodiversidade em gerar novos produtos, com
sustentabilidade e desenvolvimento da região.
As principais dificuldades e desafios para o desenvolvimento do segmento de cosméticos
na Região são a falta de investimento e incentivos fiscais, a baixa competitividade das
empresas e indústrias de insumos e de produtos acabados, devido principalmente ao
elevado custo e a distância dos centros consumidores, a ausência de mão de obra
qualificada, reflexo do baixo número de cursos na área, infraestrutura, matéria prima de
baixa qualidade e sem escala, dificuldade na liberação de autorizações para realizar as
pesquisas, utilizar insumos e para registrar patentes, falta de cooperação com outros
segmentos, carga tributária excessiva para negócios inovadores e ausência de estudos
técnicos e de mercado. Esses desafios confirmam nossos apontamentos para ações
estratégias de atuação do SEBRAE.
Entretanto, as oportunidades que a região oferece para o desenvolvimento do setor são
inúmeras e superar os desafios deve tornar-se a grande motivação para uma ação conjunta
das diversas instituições para alavancar o desenvolvimento da região. A primeira
oportunidade se relaciona diretamente com a exploração sustentável da floresta, que oferta
matéria prima com grande potencial para o desenvolvimento do setor de insumos de base
florestal. Além disso, mesmo que moderadamente, vêm constituindo um desenvolvimento
intelectual no campo da inovação e desenvolvimento tecnológico. Outro aspecto relevante
é que o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de produtos cosméticos, o que se
126
apresenta como uma excelente oportunidade para reduzir as importações e favorecer as
indústrias locais.
Por outro lado, ainda no campo das oportunidades, temos que o uso racional da
biodiversidade amazônica contribui para a preservação da floresta e para a aplicação de
boas práticas de manejo e de processamento. A “profissionalização” dos processos de
extração e beneficiamento das matérias primas é a base para a construção de uma indústria
de insumos e de produtos acabados. Aliado a isso temos também a oportunidade de
desenvolver novos produtos, novas tecnologias, qualificar a mão de obra e com isso
promover o aumento do PIB desses estados.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES POR ESTADO
AMAZONAS
Desafios:
Falta de incentivos fiscais, falta de investimentos públicos e privados, ausência de
editais públicos para financiamento; falta de editais de fomento para novas linhas
de pesquisas; falta política pública para garantir a racionalidade da exploração
florestal, assim como controle e fiscalização dos planos de manejo;
Falta mão de obra qualificada; ausência de massa crítica nas empresas;
Ausência de matérias primas padronizadas, ausência de matérias primas e produtos
em escala industrial, ausência de padronização nos extratos, ausência de produção
local de embalagens, principalmente embalagens ecológicas;
Logística para transporte das matérias primas e a distância dos principais centros
consumidores, resultam em baixa qualidade da matéria prima, aumento de custos,
baixa qualidade do produto final, alto custo dos insumos, preço do produto acabado
pouco competitivo e desconexão com mercado consumidor;
Número pequeno de empresas, pouca visão de mercado, centros de pesquisas
atuantes e com pouca interação com as indústrias locais.
127
Oportunidades:
Potencial de exploração racional dos recursos naturais que conferem um importante
diferencial a matéria prima; desenvolvimento de produtos inovadores; matéria
prima abundante,
Desenvolvimento das comunidades locais;
Possibilidade de cultivar plantios de determinadas espécies;
Conhecimento tradicional associado a utilidade das espécies amazônicas para
diversos usos;
A marca “Amazônia” é bem aceita em todos os mercados mundiais;
Contudo temos que o Estado do Amazonas carece de políticas que fortaleçam o segmentode cosméticos, principalmente as que sejam relacionadas ao setor de insumos e seuprocessamento.
ACRE
Desafios:
Competição entre os pesquisadores, falta de divulgação das pesquisas realizadas,
falta de cooperação com Instituições privadas para transferência tecnológica, dentre
outras;
Regularização junto ao CGEN e ANVISA;
Ausência de uma rede de produção que integre a cadeia produtiva de maneira
completa. Ausência de investimentos privados;
O Acre e a Região como um todo, são meros fornecedores de matéria-prima para
as indústrias de outras regiões. Além disso, a situação é agravada pelas dificuldades
de logística (acesso as matérias primas e ao mercado consumidor) e a sazonalidade
das matérias primas. Ausência de infraestrutura nos locais de produção, tais como
armazenamento, meios adequados de transporte e redes de compradores. Visão
128
industrial equivocada pela ausência de mercado consumidor próximo e ausência de
uma política industrial para o setor.
Ausência de profissionais qualificados, tanto na base da cadeia quanto na
elaboração do produto final;
Falta de infraestrutura e investimentos em laboratórios; desconhecimento da
potencialidade de ativos biológicos capazes de gerar novos produtos, ausência de
informação técnica sobre os ativos florestais, falta incentivos para novas pesquisas,
apoio financeiro e estrutura física.
Ausência de indústrias.
Oportunidade:
Materia prima local cuja extração envolve as comunidades locais e garante a
manutenção da floresta; atividade ocorre em áreas com elevado percentual de
conservação, preservação da biodiversidade; utilização de base produtiva
ecologicamente correta;
Empresas estrangeiras interessadas em realizar investimentos na região;
Mercado consumidor crescente;
Desenvolvimento tecnológico relacionado a biotecnologia, possibilidade de novos
produtos com origem da biodiversidade, produção sustentável com certificação,
Formação de pessoal qualificado, formação de equipes multidisciplinares;
Promoção do desenvolvimento local;
AMAPÁ
Dificuldades:
Falta de financiamento, infraestrutura e incentivos fiscais;
Falta mão de obra especializada;
O mercado local é restrito;
129
Baixa qualidade da matéria-prima e carência para abastecimento da produção de
cosméticos; pouca organização dos extrativistas e produtores;
Oportunidades:
Matéria-prima em abundância, ampla disponibilidade do recurso natural.
Organizações comunitárias dispostas a fornecer matéria-prima.
Como pode ser observado nos itens acima, o Estado do Amapá apresenta uma base
produtiva frágil, que carece de apoio em projetos que fortaleçam as organizações
produtivas e melhore a qualidade e a eficiência no processo de extração. Além disso,
polícias de fomentos devem ser utilizadas como mecanismo de motivação.
PARÁ
Dificuldades:
Falta de pesquisas direcionadas para o desenvolvimento de novos ativos florestais,
procedimentos analíticos voltados para ativos florestais inéditos, teste de ativos
para a indústria farmacêutica, falta de estrutura nas universidades para
desenvolvimento das pesquisas;
Falta divulgação dos programas de incentivos existentes;
Ausencia de fornecedores de embalagens;
Ausência de programas de financiamento e de crédito para o segmento de
cosméticos; faltam investidores para produtos e protótipos praticamente prontos;
Falta mão de obra especializada;
Dificuldade com as autorizações no CGEN;
Competição com as empresas maiores já existentes; faltam associações e
cooperativas de incentivo a produção; falta aproximação entre as grandes e médias
empresas com a produção de baixa renda (extrativistas), pouca divulgação dos
produtos locais.
130
Oportunidades:
Demanda crescente, principalmente quando se trata de produtos com origem
florestal da Amazônia; Uso de ativos na composição de produtos Pet.
Disponibilidade de matéria prima; ineditismo de processos e ativos, facilidade de
aplicação cosmética com resultados promissores;
Muitas espécies possuem viabilidade para cultivo;
Conhecimento de toda a cadeia produtiva desde o plantio, composição química e
propriedades biológicas;
RONDÔNIA
Dificuldades:
Poucos estudos das espécies produtoras de óleos e outros insumos exigidos na
produção de cosméticos;
Dificuldades em achar a matéria prima e realizar o manejo dos produtos até o seu
estado final desejado. Dificuldade em encontrar quantidades maiores de matéria
prima;
Falta mão de obra especializada para manipulação de produtos cosméticos.
Elevado custo de investimento inicial; ausência de parcerias com outras
organizações privadas, governamentais e da sociedade civil;
Falta de incentivos do governo na extensão, pesquisa, financiamento da produção e
garantia de preço justo no mercado; ausência de políticas de subsídios e/ou isenções
tributárias;
Oportunidades:
Existência de empresas na Região (Acre e Rondônia); crescimento da demanda;
Conhecimento potencial da produção de óleo-resina por espécies nas áreas de
estudo,
Possibilidade de publicação cientifica e difusão tecnológica;
131
TOCANTINS
Dificuldades:
Falta mão de obra especializada;
Ausência de infraestrutura relacionada à formulação e acesso a equipamentos
específicos; faltam recursos financeiros;
Ausência de investimentos de indústrias, elevado custo laboratorial;
Oportunidades:
Localização geográfica favorável;
Potencial de agregação de valor a biodiversidade;
Disponibilidade de doutores, tecnologia e laboratórios; desenvolvimento
tecnológico; produtos desenvolvidos a partir de recursos naturais.
Atividade atrativa do ponto de vista comercial;
132
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa apresentada neste relatório traz elementos essenciais para o desenvolvimento
da cadeia de produção de cosmético, que envolve a extração, plantio e processamento de
insumos de base florestal da Amazônia. Os resultado oferecem subsídio para a proposição
de Políticas necessárias ao desenvolvimento do segmento, principalmente para a produção
de ativos de base florestal para a indústria de insumos e para indústria de produtos
acabados que já floresce na Região.
A biodiversidade é a grande riqueza que a região possui e seu uso sustentável deve ser o
grande impulsionador do desenvolvimento da região se ocorrer um esforço contínuo de
gestores públicos, empresários, e organizações associativas de comunidades locais, para
convergir esforços para sustentabilidade, agregação de valor e desenvolvimento
tecnológico.
A indústria cosmética está acompanhando a tendência mundial de crescimento do
movimento ecológico de valorização do “natural”, integrando ingredientes naturais a novas
fórmulas de produtos. No mercado nacional, empresas de grande porte utilizam os
produtos originários da flora e frutos da Amazônia como base para muitos de seus
cosméticos, e essa tendência esta em crescimento, se observados produtos oferecidos por
outros laboratórios e outras empresas de diferentes portes.
É necessário buscar a integração entre a pesquisa a indústria e o mercado, a pesquisa ao
mesmo tempo em que gera novos conhecimentos e produtos inéditos, deverá associar
agenda e a demanda das indústrias e esta por sua vez, deverá alocar recursos para o
financiamento das pesquisas.
Nos dias de hoje se observa um movimento das empresas Spin-Off, ou seja, empresa que
nasce a partir de um grupo de pesquisa de uma empresa, da universidade ou centro de
133
pesquisa público ou privado, com objetivo de explorar um novo produto ou serviço de alta
tecnologia. A lei de Inovação tecnológica vem para dar ênfase e fortalecer essas iniciativas,
pois tem o poder de incentivar e regulamentar a formação dessas empresas spin-off através
dos membros de grupos de pesquisa de instituições públicas.
Atualmente o Brasil conta com diversas iniciativas para facilitar a transferência de
tecnologia, destacando-se os Núcleos de Inovação Tecnológica, as Incubadoras de
Empresas e os Parques Tecnológicos ligados às universidades e muitas vezes apoiados pelo
SEBRAE. Essas iniciativas tem a possibilidade de reunir, num mesmo lugar, diversas
atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em áreas de alta tecnologia facilitando os
contatos pessoais e institucionais entre esses meios. O efeito de sinergia existente nesses
processos, tanto da facilita o desenvolvimento de inovações técnicas, novos processos e
novas ideias.
É comprovado o resultado positivo da parceria e transferência de conhecimento entre
universidade e setor produtivo, o que reforça elo entre a ciência e a inovação, mostrando
que é possível alcançar grandes mercados tendo como base os ingredientes que brotam da
floresta, como é o caso das empresas Amazongreen no Amazonas e Amazon Dreams no
Pará, que trabalham com insumos e desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Para concretizar esse cenário, será necessário ainda o estabelecimento de mecanismos
econômicos diferenciados, que integrem governos, empresas e academia, para se alcançar
o tão falado Desenvolvimento Sustentável, possível somente com o uso do conhecimento
cientifico aplicado para a construção de tecnologias e ações não predatórias.
Para tanto, é preciso estar atento a legislação vigente, principalmente a que dispõe da
gestão de florestas públicas a produção sustentável (lei 11.284 de 02 de março de 2006) e a
da Diversidade Biológica ou Biodiversidade (lei 13.123 de 20 maio de 2015) que dispõe
sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento
134
tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável
da biodiversidade. Com a mudança da legislação da biodiversidade é possível que o
pesquisador passe a ser visto como um agente de mudanças e não como mero pesquisador,
que realiza pesquisa com uma função nela mesma.
No Brasil, a maioria dos pesquisadores não passam informações sobre suas pesquisas,
muitas vezes por medo ou desconfiança e esta é uma das razões para não haver integração
com a empresas, e quando existe integração a demora inerente aos órgãos públicos e a falta
de Núcleos de Inovação Tecnológica e apoio jurídico acabam por inviabilizar esta relação.
Para que essa transferência seja feita de forma gerar resultados, existe a necessidade do
maior envolvimento dos pesquisadores, dessa forma sugere-se que as universidades criem
estruturas e mecanismos institucionais que possibilitem aos pesquisadores dedicarem-se a
este processo o tempo que requerido.
Um programa de capacitação para desenvolver habilidades relacionais e comerciais pode
contribuir para o sucesso dessa transferência de tecnologia e informação e essas atividades
podem ser promovidas por intuições parceiras das universidades, pelo SEBRAE e pelas
próprias empresas interessadas nos serviços e produtos gerados pelos pesquisadores e
comunidades.
135
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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cosméticos.
_________. Panorama do setor 2009/2010 – Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.
_________. Panorama do setor 2011/2012 – Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.
ACRE - Governo do Estado do Acre. Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-
Econômico. Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre Fase II Documento síntese –
escala 1; 250.000. Rio Branco, SEMA, 2006, p. 134 - 141.
BARATA, L. E. S.. A Economia Verde-Amazônia. Ciência e Cultura, v. 64, p. 31-35,
2012.
BARBOSA, F. B. C. A moderna biotecnologia e o desenvolvimento da Amazônia.
Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 17, n. 2, p. 4379, maio/ago. 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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Classificação de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, conforme Anexos I
e II desta Resolução. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18
de jul. 2005.
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Laboratório de Produtos Naturais; Fundação de Tecnologia do Estado do Acre –FUNTAC
– Rio Branco, FUNTAC, 2014.
136
FUNTAC, Cartilha de boas práticas de coleta de extração de óleos de espécies amazônicas,36p. 2015.
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http://www.gesventure.pt/servicos/artigos/incubadoras.pdf
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Http://www.marte.museugoeldi.br
MAZOYER, M., and LAURENCE, R. "História das agriculturas no mundo." Do neolítico
à crise contemporânea. São Paulo: Editora UNESP (2008).
Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). Relatório Anual de Informações Sociais
(RAIS), vários anos. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC). Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Estatísticas de Comércio Exterior.
2012.
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preliminares. Econômica, v.1, n.1, p.75-103, 1999.
137
UNICAMP (2008). Relatório de Acompanhamento Setorial, Cosméticos. ABDI, vários
anos.
138
9. ANEXOS
9.1 BANCO DE DADOS
O Banco de Dados consiste em um documento em formato Excel cujas informações
representam as pesquisas em andamento e/ou concluídas nas instituições de ensino,
pesquisa e extensão nos Estados da Região Norte. As informações compreendem os cinco
eixos que compõem a matriz norteadora.
Os eixos da matriz são: A – Identificação dos pesquisadores, B – Espécies Amazônicas, C
– Mercado, D – Disseminação Tecnológica e E – Visão Estratégica. O conjunto dos eixos
nos permitem realizar análises importantes para o planejamento do segmento e a definir as
estratégias a serem traçadas. Além de uma visão integrada, podemos com a aplicação da
ferramenta filtros (barra de ferramentas/dados/filtro) selecionar os dados conforme cada
uma das colunas. Assim é possível realizar a análise por Estado, por espécie pesquisada,
por instituição, por tipo de produto dentre outras e ainda utilizar a mesma ferramenta para
selecionar mais de um atributo qualificando a informação. Podemos citar como exemplo,
os estados que pesquisam Açaí e que possuem patentes; ou as pesquisas de um
determinado estado que utilizam matéria prima com rastreabilidade. Assim, o banco de
dados é um instrumento importante e que deve ser utilizado pelas unidades do SEBRAE
como meio para obtenção de informações setoriais e para o planejamento das ações de
fortalecimento e desenvolvimento do segmento de Cosméticos de Base Florestal da
Amazônia.
Para elaboração de novos gráficos o analista do Sebrae, ou qualquer parceiro que tenha
acesso ao banco de dados, deverá montar sua própria tabela, criada a partir dos filtros
aplicados sob sua demanda. No relatório técnico, apresentamos os gráficos conforme os
eixos da matriz norteadora, no entanto, cada analista e/ou parceiro pode criar seus gráficos
conforme sua necessidade.
139
Ampliar as informações do banco de dados através da busca de novos pesquisadores e a
sensibilização daqueles que não participaram neste momento inicial é fundamental. As
questões apontadas mostram deficiência na relação entre instituições de ensino, pesquisa e
extensão com o mercado e um banco de dados dinâmico e bem gerido pode auxiliar muito
neste aspecto. Além disso, é importante disseminar estas informações junto a
pesquisadores de instituições de pesquisa da região amazônica, nos sete estados envolvidos
no projeto, assim como com os empresários do segmento.
Esta é uma experiência inicial, porém com grande importância e relevância para o
segmento, por esta razão é preciso definir as bases e um sistema de governança para que os
pesquisadores continuem a cadastrar suas pesquisas, a elencar seus desafios, oportunidades
e motivações para as pesquisas em cosméticos de base florestal amazônica.
O banco de dados é um arquivo complementar a este relatório e tem sua funcionalidade em
meio digital não sendo apresentado aqui como fonte de informação. As informações
apresentadas neste relatório técnico foram extraídos do banco de dados.