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Page 1: Questão de Ordem 2012.1

QuestãodeOrdemJOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Campus Educação Saúde Política Cultura

Nova lei de cotas modificaa dinâmica do vestibular

UFPB no prêmio Jabuti pág. 15DCE de fora pág. 9 Cirurgias interativas pág. 11

entrevista Política saúde esPorte

Foto:Bruna Coutinho

Foto:Flávia Tabosa

Dilma escolheráo novo reitor

Após quatro meses do segundo turno da eleição, a UFPB continua sem reitor definido. A lista trípli-ce encontra-se no MEC para ava-liação e provável validação da no-meação de Margareth Diniz como primeira reitora mulher da insti-tuição. pág. 8

Projeto do HU privilegia idosos

A terceira idade que utiliza os serviços do Hospital Universitário encontra tratamento humanizado no Projeto Cuidar. O grupo é man-tido por alunos de diversos cursos de saúde da UFPB e visa revolu-cionar o atendimento nos hospitais públicos do Brasil. pág. 10

Conflitos marcam relações na UFPB

Relações entre servidores e alu-nos são marcadas pelo desconten-tamento mútuo. De um lado, os alunos questionam a qualidade do serviço prestado. Enquanto que, na outra ponta, os servidores se queixam da falta de compromisso dos acadêmicos. pág. 5

Cinema da PB ganha incentivos

Produções cinematográficas da Paraíba têm obtido cada vez mais relevância em festivais na-cionais e internacionais. Cine-astas de gerações distintas ex-põem suas visões a respeito da situação do audiovisual em nos-so estado. pág. 13

Foto:Divulgação

Foto: Divulgação / G. G. Carsan

Matrícula online causa transtorno

Com seis anos de implementa-ção, o sistema de matriculas onli-ne continua a apresentar erros que contribuem para grandes filas nas coordenações de cursos a cada no-vo semestre. Alunos e servidores apresentam queixas e fazem um balanço dos problemas. pág. 7

Atletismo modernizado pág. 15

INFRAESTRUTURAGREVES

Foto:Arquivo / Marina Cavalcante

Foto:Melissa Fontenele

Foto: Flávia Tabosa

APROVADA PELA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, A LEI DAS COTAS GARANTIRÁ METADE DAS VAGAS DE INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR A ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS ATÉ 2016 | PAG. 06

CONTRATEMPOS

Obras atualizam e inauguram novos espaços da UFPB| pag. 04 Greves alteram rotina da comunidade acadêmica | pag. 03

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2 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPB

Juliny Barreto

Embora esteja numa sociedade cada vez mais deslumbrada com grandes eventos, defini-tivamente não me engrandece dizer que vivi a mais longa paralisação da história das universi-dades federais do Brasil. Pelo contrário, tomada por senti-mento de vergonha, me esfor-ço para entender a engrena-gem de descaso e irresponsa-bilidade que me roubou qua-tro meses de vida acadêmica.

Desde seus primórdios, na revolução francesa e nos pri-meiros movimentos no Brasil, quando foram admitidas timi-damente através de um decre-to de lei, em 1946, as greves nasceram como um ato social e tornaram-se um direito tra-balhista, assegurado na consti-tuição. Portanto, não caberia a mim discorrer sobre a polêmi-ca e recorrente discussão a cerca da eficiência dos movimentos paredistas.

Eu, na condição de aluna e sobrevivente do ár-duo e complicado processo que me permitiu o

acesso à universidade (a qual meus pais, familia-res, vizinhos e todos nós mantemos com implacá-veis impostos) não posso simplesmente dissimular que cento e vinte dias não existiram. Apesar desta ser, aparentemente, a especialidade do Governo vi-gente, já que, com um mês de gestão, foi em rede

nacional dizer que viveríamos “a grande hora da educação brasilei-ra”, mas que na verdade fechou os olhos e ouvidos para o eco que vi-nha das salas vazias, e das univer-sidades fechadas.

Não existe novidade na evi-dência que, no Brasil, a educa-ção não seja prioridade, embora, ornamente opulentos discursos e jogadas estratégicas de ilustres governantes.

Não existe dinheiro, dizem eles, enquanto seus salários são reajus-tados de maneira vergonhosa, im-preterivelmente, todos os anos. Brincam de inconsequentes, mani-pulam vidas e conduzem o futuro

de uma nação para um abismo de ignorância, co-mo quem lança as cartas quando lhe é convenien-te, sem se importar que haja revanche. Já que, nesse jogo, os perdedores sempre são os mesmos.

Luan Barbosa

“Ao poder público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercí-cio de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdên-cia social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômi-co”. Este trecho está regido na Lei nº 7.853, do ano de 1989, artigo 2º. Os desafios, porém, que um deficiente vivencia desencantam os direitos estabelecidos no papel e ignorados na prática.

A acessibilidade é um direi-to de ordem assegurado por nos-sa constituição, mas as institui-ções públicas ainda rastejam, len-tamente, no sentido de atendê-las. Os espaços físicos das instituições federais de ensino superior, em sua maioria, não dão condições alguma, ou dão muito pouco, de livre acesso às pessoas com necessidades especiais.

Docentes, servidores e estudantes com algum tipo de deficiência ainda passam por sentimentos como constrangimento, revolta e minimização do seu es-pírito de cidadão universitário. São pequenas situa-ções que podem ser ignoradas por um cidadão co-mum, mas que fazem toda diferença para eles. E o mais relevante: eles também são cidadãos comuns.

Foi-se o tempo em que o preconceito clássico,

impregnado na cultura da sociedade, era o maior obstáculo de um cadeirante, ou de um deficiente visual. Hoje, este preconceito tem um efeito sub-jetivo e é meramente minimizado, pois aprende-mos, ou estamos aprendendo, a conviver e respei-tar as divergências gritantes que assolam o nosso país. O preconceito institucional sim é um alarme, pois tem um efeito impeditivo do exercício da ci-dadania, é ele o grande inimigo do deficiente, que

deve ser, acima de um cidadão comum, um militante em bus-ca das possíveis melhorias den-tro do seu ambiente de trabalho e/ou estudo.

Há de se perder ainda mui-to tempo e suor na construção de uma sociedade com espaço aces-sível a todos, na construção de uma instituição de ensino capaz de abraçar todas as demandas. O de-ficiente físico sempre existiu em nosso meio e a sociedade, a par-tir de certo momento, recente cla-ro, teve que repensar em como in-

seri-lo dentro do contexto social democrático. São os mesmos direitos, os mesmos deveres, mas particulari-dades que podem e devem ser toleradas e respeitadas.

O deficiente físico deixou de ser o coitado e pas-sou a ser mais um brasileiro, como outro qualquer, mas, repetindo, com a sua individualidade, que tenta manter íntegro os seus direitos e tem cons-ciência da sua capacidade coexistente com as suas responsabilidades sociais.

opinião

A deficiência em ser cidadão

Xeque mate na educação do país

editorial

Tudo o que é relevanTe

Greve! A paralisação de mais de 90% das institui-ções federais de ensino no Brasil - a maior já realizada no país até então - começou em maio deste ano, atingin-do diretamente o cotidiano de muitas universidades, in-clusive da UFPB. Além dos professores e servidores, os estudantes também tiveram que se adaptar à nova reali-dade, que só acabou no fim de setembro, mesmo com os grevistas não obtendo os acordos propostos ao Esta-do com tanta luta.

Dadas essas circunstân-cias, a produção do Ques-tão de Ordem, realizada pelos alunos do curso de Jor-nalismo, no período 2012.1 se concretiza nesta edição única, com a mudança no planejamento inicial de um total de quatro edições, o que costumeiramente é feito na disciplina laboratorial de jornalismo impresso. Nem por isso, o jornal perde sua qualidade. A decisão de condensar os fatos e notí-cias da comunidade acadê-mica ocasionou na elabora-ção de um conceito diferen-ciado, dando prioridade às opiniões e pontos de vista dos estudates, procurando analisar e observar tudo o que é relevante.

É no calor dos aconteci-mentos e da necessidade de mudanças que este jornal se concretiza, sem que sua simplicidade comprometa a qualidade informativa e analítica das reportagens.

Entre levantar mais uma discussão sobre o que gerou a greve, por exemplo, pre-

ferimos mostrar como este acontecimento influenciou não só a vida dos alunos, como também a situação econômica dos muitos es-tabelecimentos comerciais situados ao redor da UFPB, além daqueles que se man-teram funcionando, mesmo com as dezenas de salas vazias.

É justamente nas sugestões iniciais de temas - pautas - que apesar de haver mui-tas controvérsias e o dese-jo de expor a opinião, todas as matérias têm o equilíbrio de lados. Vejam-se a nova lei das cotas que estampa a primeira página, a relação entre acadêmicos e servido-res, o panorama sobre as obras que estão se concre-tizando em todos os campus da Paraíba ou a inédita tec-nologia de cinema 4K, que pertence a grupos de pes-quisa desta instituição.

Apesar das facilidades, uma vez que esta é a pri-meira turma que tem um la-boratório com novos com-putadores e nova estrutu-ra, foi com muito trabalho e apuração que as questões muitas vezes não acessíveis ou devidamente discutidas pela população acadêmica se transformaram em textos que foram lidos, relidos, mo-dificados, adaptados, reor-ganizados, diagramados e, finalmente, impressos.

Assim como toda a equi-pe se sentiu livre para dis-correr sobre diversos assun-tos, o leitor esteja confortá-vel para ler este experimen-to que trabalhou unicamen-te com a realidade.

O preconceito institucional, sim, é um alarme, pois tem efeito impeditivo do

exercício da cidadania

Não existe dinheiro, dizem eles, enquanto

seus salários são reajustados de

maneira vergonhosa

Charge

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3JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

campus

André Luiz, proprietário do On The Rocks Pub, localizado no bairro de Tambaú

Marina Cavalcante

Diariamente, servidores, funcionários e cerca de 40 mil alunos e professores circulam pelos cinco campi da Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB): Areia, Bananeiras, João Pessoa, Mamanguape e Rio Tinto. Po-rém, a partir de 17 de maio deste ano, este contingente mudou e a universi-dade se viu paralisada diante da gre-ve docente. Esse panorama crítico e duradouro resultou em modificações que vão muito além das salas de au-la, chegando inclusive a afetar o setor econômico da capital.

Sem sua rotina diária, a realida-de do Campus I da UFPB ficou aper-tada: “Caiu 90% do movimento. Só aparecia o pessoal da pesquisa, Mes-trado”, lamentou a vendedora de uma das lanchonetes da Central de Aulas, Miriam Vieira. Renata Macedo, co-proprietária da lanchonete do Cen-tro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), observou uma queda signi-ficante em sua renda: “Chego a com-prar seis remessas de salgados todo dia, e na greve comprava no máximo três. O que entrava de dinheiro era praticamente básico do básico, não ti-nha condições de suprir tudo”.

BARESQuem estuda ou ensina no Cam-

pus I da UFPB sabe que é típico da vi-da universitária freqüentar os bares

localizados no entorno da comunida-de universitária.

Durante as atividades normais, o movimento constatado nesses ba-res é tão intenso que “toda segun-da parece uma sexta-feira”, anali-sa Orlando Arruda, proprietário do Orlando’s Bar. Diante da greve de quase quatro meses, os estabeleci-mentos vizinhos à universidade tam-bém sofreram prejuízos econômicos. Claldenice Araújo, proprietária do Bar do Elvis, disse que 70% do movi-mento caiu, e só obteve algum lucro por causa de sua clientela variada de outras universidades próximas.

Se nas redondezas do Campus I o público estudantil diminuiu signifi-cativamente, nos locais de lazer pró-prios dos finais de semana, o entra e sai foi intenso. “Foi praticamente um movimento de férias no período de greve inteiro”, observa o comercian-

te André Luiz Gondim, do On the Rock’s Pub. Já Charles, do estabele-cimento vizinho, comenta que, ape-sar do crescimento no lucro ter ocor-rido durante a paralisação, o mês de agosto é “sempre ruim pro comér-cio”. Assim como nesses bares, o Em-pório Café também é alvo da vida no-turna universitária. Os três estabele-cimentos ficam localizados em Tam-baú, bairro litorâneo de João Pessoa bastante movimentado. “Normal-mente segundas e terças - dias obvia-mente fracos pro comércio noturno - não aparece muita gente aqui. Mas nessa época de greve, o pessoal apare-ceu bastante”, declara Rodrigo Cabral, proprietário do Empório.

REtORNOApós 120 dias de paralisação dos

docentes, foi decretado em 12 de se-tembro o fim da greve na UFPB. Contudo, o retorno oficial só se deu quase uma semana depois, no dia 17. Essa notícia se mostrou positiva espe-cialmente aos funcionários de circu-lação interna da universidade, e du-rante o período de volta às aulas e re-ajuste do calendário, as atividades co-tidianas da universidade e a vida no-turna regularizaram-se, “principal-mente porque estudante tem gasto com material, com xerox, passagem”, relembra André Luiz. “Até por que es-se pessoal tem que estudar, não é?”, conclui Charles.

Alunos produzem durante a greveRuan Luca, Marina Cavalcantee Ravi Freitas

Reinvidicações propostas pelos professores e não atendidas pelo Governo Federal fizeram com que 57 das 59 universidades fede-rais do Brasil parassem suas ativida-des por completo e iniciassem um comando de greve sem perspecti-va de volta. A paralisação teve iní-cio em 17 de maio e se estendeu por mais quatro meses, alterando dire-tamente os calendários escolares de todos os cursos de graduação.

Assembléias e reuniões com re-presentantes do governo e membros do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), órgão representativo da maioria do corpo docente de to-do país, não foram suficientes para antecipar a volta às aulas, apesar de terem levantado importantes dis-cussões sobre as propostas de rees-truturações na carreira de trabalho, valorização do piso com incorpora-ção das gratificações e uma conside-rável melhoria nas condições de tra-balho docente.

Caracterizada uma das greves mais longas que o país já enfrentou, o sindicato do ensino superior en-viou um comunicado às instituições anunciando o fim da paralisação, e as aulas voltaram ao normal em 17 de setembro. Mas este longo perío-do sem aulas trouxe mudanças cru-ciais para um dos principais pilares das universidades: os alunos.

PRODUtiviDADE Ao primeiro anúncio de paralisa-

ção das aulas na Universidade Fede-ral da Paraíba (UFPB), parte dos alu-nos confessaram que uma ou duas semanas de folga cairiam bem para

reorganizar os estudos e colocá-los em dia. Contudo, a greve estendeu--se por quase quatro meses - fator que não era esperado pela comuni-dade discente. E o que inicialmente se apresentou como um descanso rá-pido tornou-se um sossego sem fim.

A estudante de Ciências Bioló-gicas Raianna Boni, voluntária em um projeto que estuda o efeito da radiação ultravioleta na ativida-de de proteínas das células embrio-nárias de ouriços-do-mar, decidiu usar a greve para passar mais tempo no laboratório e adiantar seus estu-

dos. “Eu ficava lá pela manhã, tar-de e às vezes até à noite, dependen-do do experimento”, conta.

Priorizar a formação profissio-nal foi uma das prioridades de Marco Antonio, estudante de Jor-nalismo. Durante a greve, ele con-quistou uma vaga de estágio no Jornal da Paraíba, como diagrama-dor. “Na verdade, o que mais me pressionou foi o fato de a sala in-teira estar conseguindo estágio, o que me passou a sensação de estar ficando pra trás. A greve foi mais ‘a gota d’água’, porque eu ficava em

casa sem fazer nada e a consciência começou a pesar”, confessa.

CONtRAtEMPOSApesar de a falta de aulas ter am-

plificado o ritmo de produção de al-guns alunos, muitos acabaram preju-dicados, já que a paralisação atrasou seus compromissos acadêmicos. Pres-tes a receber seu diploma, o estudante de Rádio e TV Felipe Matheus se viu obrigado a adiar o fim de sua gradua-ção para abril de 2013. “Durante esse período eu poderia ter iniciado uma pós-graduação, mas, ao invés disso,

fiquei na universidade ainda tentando me formar”, lamenta.

Recém-formada em Ciências Bio-lógicas, Maria Talita Pacheco iria re-alizar a prova de mestrado no mes-mo mês em que receberia seu diplo-ma. Mas, com a greve, sua graduação atrasou. “Foram necessárias voltas e voltas até conseguir, junto à coorde-nação e à reitoria, dar entrada num processo de conclusão de curso ur-gente”. Só após este processo, ela con-seguiu realizar as provas e defender a monografia. “E ainda tivemos que co-lar grau sem solenidades”, brinca.

A greve mudou a rotina para os alunos de todo o país e na UFPB não foi diferente; muitos estudantes colaboraram com o QO mostrando fotos relatando o que fizeram neste período

Foto: Arquivo

Mudanças na rotina atingem comercianteseconoMia

Maior paralisação de universidades públicas afetou a vida acadêmica e estudantes mostram os prós e contras do movimento

Bar do Elvis, localizado próximo ao Campus I, teve prejuízos no período de paralisação

Fotos: Arquivo/Lara Lessa

Foi praticamente um movimento de

férias no período de greve inteiro

Fotos: Arquivo/Lara Lessa

André Luiz Gondim

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4 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPBcampus

Flora Fernandes

Por possuir uma estrutura mul-ticampi, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) distingue-se das de-mais universidades federais do siste-ma de ensino superior do país, que em geral têm suas atividades concentra-das em um só espaço urbano. Nos úl-timos anos, com a aprovação e adesão ao novo Plano de Reestruturação e Ex-pansão das Universidades (REUNI), do governo Federal, a UFPB dobrou de tamanho tornando-se a instituição de ensino superior do Norte e Nordes-te a oferecer o maior número de va-gas no seu processo seletivo. O Con-selho Universitário (CONSUNI) apro-vou o projeto REUNI em 2007, e des-de então houve algumas mudanças re-levantes. A começar pelo número de cursos que passou de 57 para 101. “Os ambientes físicos construídos com os recursos totalizaram 226 salas de au-la, 122 laboratórios, 125 ambientes de professores, 169 órgãos administrati-vos e outros”, informa a Coordenadora do REUNI UFPB, Ana Cristina Taygi.

Em nível de importância, há obras que não tem um preço elevado, mas que tem um enorme valor para a so-ciedade. Como exemplo, um dos la-boratórios do Instituto de Desenvolvi-mento Regional (IDEP), que sua fun-ção é centralizar a internet em toda re-gião sul de João Pessoa. Em contradi-ção, há o Centro de Arte e Cultura, lo-calizado em frente à reitoria, que se trata de uma das obras com valor mais elevado e uma das mais esperadas, pois será um grande avanço não só pa-ra a universidade, mas para a Paraíba. Há ainda o caso do Restaurante Uni-

versitário com prazo para conclusão das obras vencido em julho deste ano e prorrogado por uma série de questões de ordem técnica, como a rede ótica, elétrica, de água encontrada ao come-çar a escavação.

PrazosUm ponto muito debatido é a

questão dos prazos das obras. Hou-ve um caso de muita repercussão em que os alunos de Comunicação em Mídias Digitais, ao reproduzirem um videoclipe parodiando a música ‘ora-ção’, da “A Banda mais bonita da ci-dade”, chamaram atenção justamen-te à falta de compromisso da institui-ção em relação às obras. O diretor da Divisão de Obras da Prefeitura Uni-versitária, William Fernandes, explica

que isso acontece devido às licitações. “Existem empresas que não cumprem a meta e pedem um aditivo de pra-zo, se não conseguem terminar a obra por algum motivo, seja financeiro, empregatício, entre outros, acaba que o contrato é rescindido causando pre-juízo para a universidade. É a realida-de da obra pública, infelizmente. Não se pode escolher a empresa, é contra lei, aquela que propor o preço menor é a que ganha à licitação.

O estudante do 7º período de en-genharia ambiental da UFPB, Alex Backer, descreve as mudanças que viu ao longo do seu curso em rela-ção às obras estruturais da instituição. “O começo do curso foi difícil, pois não tínhamos uma estrutura adequa-da, que amparasse todos os estudan-

tes. Os prédios não tinham um plane-jamento inteligente. Hoje, apesar de acontecer devagar, as coisas estão mu-dando. Vemos que quase todos os de-partamentos têm blocos novos e in-teligentes. Inteligente no sentido de funcionais e acessíveis”, comenta.

Ainda segundo o departamento de divisão de obras da prefeitura univer-sitária, há obras que se iniciaram no ano de 2009 e ainda não foram conclu-ídas. “Quando um processo para por descumprimento da empresa licitada tudo desanda. Temos obras de 2009, 2010 e 2011 que estão em fase de aca-bamento. Nós procuramos executar nosso papel para que a comunidade acadêmica não seja prejudicada, mas nem sempre é possível cumprir os pra-zos”, conclui ele.

Flora Fernandes

tendo em vista a necessi-dade de ampliação do seu espa-ço físico, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) resolveu criar um novo Campus.

Localizado no bairro de Mangabeira, o campus foi no-meado de Reitor Lynaldo Ca-valcanti Albuquerque e lá fun-cionará o Centro de Tecnolo-gia e Desenvolvimento Regio-nal (CTDR), o Centro de Infor-mática (CI), o Centro de Inicia-ção Tecnológica (CIT) e o Insti-tuto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba (IDEP).

O Campus de Mangabei-ra não terá suas obras finaliza-das, nem será inaugurado em 2012. As obras são feitas através de contratação, possuem enge-nheiros, mas toda obra tem que ser orçada e licitada. “Entrei em 2009 e de lá para cá houve mui-tas empresas que começaram obras e que não tiveram condi-ções financeiras para continuar, então abandonaram. Não exis-te mão de obra suficiente devi-do ao BOOM na construção ci-vil”, diz William Fernandes, dire-tor da Divisão de Obras da Pre-feitura Universitária.

Os cursos que funcionarão no Campus de Mangabeira estão provisoriamente no Campus I, onde o CTDR contempla os cur-sos de Tecnologia em Gestão Pú-blica, Tecnologia de Alimentos e Tecnologia Sucroalcooleira. Ju-liane Patrício, 22 anos, aluna de Tecnologia em Gestão Pública expôs os pontos negativos e po-sitivos em relação à transferência de seu curso, ‘‘Entre os alunos essa mudança não é bem vis-ta devido a uma série de fatores. Por ser um local pouco habitado torna-se perigoso, principalmen-te pela questão da iluminação. A locomoção também nos prejudi-ca, pois os ônibus que circulam até lá são inexistentes. Mas há o lado positivo relacionado ao es-paço que vamos adquirir, pois temos problemas estruturais que podem ser resolvidos’’, afirma.

Segundo o reitor da institui-ção, professor Rômulo Polari, as obras do Campus V estariam prontas até o final do ano, mas não será possível devido a pro-blemas com licitações e proble-mas infraestruturais. A maior parte dos blocos está concluída, mas falta a urbanização para fi-nalizar. Urbanização esta que, se-gundo Ana Cristina Taygi, Co-ordenadora do Reuni, preserva-rá a arborização dentro do no-vo campus, ‘‘ O nosso interes-se é proteger a área de vegeta-ção, inclusive fazendo projeto de urbanização em que faremos uma ponte de acesso ao Núcleo de Processamento de Alimen-tos (NUPPA), a parte mais baixa com a parte alta do novo campus que estamos criando’’, diz a Co-ordenadora.

Deficientes pedem mais adaptaçõesLuan Barbosa

Os espaços físicos da Universida-de Federal da Paraíba (UFPB) deixam a desejar quando se trata de acessibili-dade. No campus I, os alunos que ne-cessitam de alguma adaptação nas ins-talações queixam-se do descaso das autoridades responsáveis por assegu-rar o bem estar social do acadêmico, seja ele deficiente ou não.

Mariana Maia é estudante de Le-tras com licenciatura em espanhol pela UFPB, tem 31 anos e foi vítima de ar-trite reumatoide juvenil aos três anos de idade, tendo hoje como condição para se locomover uma cadeira de ro-das. “Nunca sofri preconceito algum, ingressar na UFPB foi fácil, mas tem sido difícil permanecer nela, é uma ba-talha diária”, desabafa ela, que desde o início do curso, tem lutado para ter os seus direitos atendidos. “São peque-nas coisas que me tiram o sentimento de cidadã, como o fato de eu precisar de uma mesa adaptada para assistir às aulas e ter que me humilhar para con-segui-la ou, mais fundo, não poder as-sistir a uma aula porque um professor, mesmo ciente da minha limitação, in-sistiu em dar aula em uma sala no pri-

meiro andar e me negou, direta ou in-diretamente, a possibilidade de estu-dar”, revela.

A professora do Centro de Comu-nicação, Turismo e Artes (CCTA), Jo-ana Belarmino, é deficiente visual e diz que as coisas hoje melhoraram bas-tante comparadas à quando ela entrou na universidade como estudante. “Eu não posso dizer que não existe acessi-bilidade na UFPB, claro que há, mas há também diversos problemas rela-cionados a ela. A UFPB ainda tem al-guns ambientes físicos bastante hostis para um deficiente, mas esse e outros

problemas já se tornaram uma questão de gabinete, quer dizer, os governan-tes de nossa instituição estão preocu-pados com isso. A acessibilidade não é um problema particularizado, é uma questão social e ela vem sendo provo-cada pelas leis. O serviço público fe-deral, em geral, ainda não conhece os seus servidores com deficiência, por isso ainda fica devendo, principalmen-te nas universidades”, afirma Joana.

Dentro da UFPB, a Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (PRAPE) tem um programa de apoio ao aluno com deficiência. “O ‘Progra-

ma de Apoio a Aprendizagem’ garante a aquisição de equipamentos pedagó-gicos que se adequem às necessidades dos alunos e a disponibilidade de um aluno apoiador, que recebe uma bol-sa e acompanha e auxilia o estudante com deficiência. Hoje há na UFPB um total de 21 alunos com deficiência fí-sica, visual ou auditiva e cada um de-les tem um apoiador”, diz Severino Ra-mos de Lima, pró-reitor da PRAPE.

O QO observou pontos divergen-tes que dizem respeito à acessibilida-de na UFPB. Positivos, como rampas e corrimãos em alguns centros, e ne-gativos, como bebedouros inacessíveis a um cadeirante e falta de marcações no chão. A prefeitura universitária in-formou que, por lei, todos os projetos da instituição são pensados com aces-sibilidade. “Estamos melhorando em relação à acessibilidade. Há um projeto que prevê a criação do Centro de In-clusão e Acessibilidade da UFPB, on-de teremos amparo social, psicológico e financeiro. As novas obras são pensa-das para todos e os prédios antigos es-tão sendo adaptados à condição de to-dos também”, afirmou William Vieira Fernandes, diretor da divisão de obras da prefeitura.

Foto: Melissa Fontenele

Foto: Marina Cavalcante

Após implantação do programa, obras estão em ritmo acelerado e trazem benefícios para a universidade

Estudantes com deficiência sentem a necessidade de pontos acessíveis

estrutura

Mais uma das obras previstas para inauguraçãpo em breve: Centro de Arte e Cultura, que está sendo construído ao lado da Reitoria

Mangabeira terá campus

do CtDR em breve

Reuni acelera construção de novos centros na UFPB

Page 5: Questão de Ordem 2012.1

5JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

campus

Virginia Duan

Quando o assunto é direitos hu-manos (DH), muita confusão sobre seu real significado ainda é feita na comunidade acadêmica da Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB). Du-rante uma entrevista em 2009, o então coordenador da Anistia Internacional para assuntos brasileiros, o britâni-co Tim Cahil, declarou que em nos-so país “existe um conceito infeliz de que os direitos humanos só defendem bandidos”. Apesar de ter consciência do pensamento errôneo em relação ao conceito de DH, a estudante de Letras da UFPB Edina Araújo acredita que tais direitos só possuem repercussão na mídia quando estão em prol de de-tentos, como foi o caso da denúncia de maus tratos com os presos do Presídio Doutor Romeu Gonçalves de Abran-tes, mais conhecido como PB1.

No intuito de conscientizar a co-munidade acadêmica sobre um as-sunto de interesse social – sobretudo, humano –, organizações de alunos e docentes foram formadas no campus de João Pessoa da UFPB. Liziane Cor-reia, além de ser estudante do curso de Direito, é integrante do Coletivo Desentoca que, nas palavras da pró-pria entrevistada são “estudantes or-ganizados que discutem a sociedade como um todo, incluindo os Direitos Humanos”. Ela acredita que esta visão deturpada pode estar sendo melhor entendida pela nova geração que já começa a assimilar o papel do DH na sociedade desde cedo. “O discurso de DH está cada vez mais no conscien-te social, mesmo que, erroneamente,

de forma pejorativa; até as crianças do ensino básico já têm uma noção inicial quando aprendem sobre o Es-tatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, comentou.

DiscussãoPara aprofundar a discussão no

universo acadêmico, do dia 20 a 23 de novembro será realizado o VII Seminário Internacional de Direitos Humanos da UFPB que traz como tema “Justiça de Transição – Direito à Justiça, à Verdade e à Memória”. Um de seus coordenadores, o professor do Centro de Ciências Jurídicas da insti-tuição, Eduardo Fernandes, informou que o evento tem também como ob-jetivo ir mais a frente nas discussões acadêmicas. “O evento, além de trazer debates, mesas redondas e apresenta-

ção de artigos, contará com a presença da Caravana da Anistia, que irá à au-diência pública ouvir pessoas e cole-tar documentos da época da ditadura militar”. Desenvolvendo um papel ímpar na luta pelos direitos humanos, a Anistia Internacional Brasileira pro-cura, através de cartas, campanhas, manifestações e vigílias junto às pes-soas com poder e influência, combater à violação de tais direitos.

Em uma pesquisa realizada pelo Questão de Ordem, dos 20 estudan-tes entrevistado na UFPB, ficou com-provado que 80% deles associam a discussão de direitos humanos à algo exclusivo ao campo jurídico. O fato é que este assunto é de interesse social e acima de qualquer ciência, é destina-do à discussão humana.

A falta de inclusão do tema na edu-cação básica pode ser um dos moti-vos da confusão que os estudantes da UFPB – e grande parte da sociedade paraibana – ainda fazem. “Esta dis-cussão deve ser transversal em várias matérias desde o ensino fundamental; é impossível discutir geografia, histó-ria, literatura e até outras matérias do campo das ciências naturais sem tocar em aspectos que tratam do processo histórico de opressão contra grupos vulneráveis. Não temos uma cultura de formação de professores que pos-sam cotidianamente trazer debates com essa articulação de questões em uma sala de aula”, comentou Eduardo. É durante o VII Seminário Interna-cional de Direitos Humanos da UFPB que a comunidade acadêmica terá a rara oportunidade de discutir e tirar suas dúvidas sobre o assunto.

Foto: Bruna Coutinho

conflitos

Diogenes Freire

A relação entre servido-res públicos federais e alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem sido mo-tivo constante de reclamações entre as duas partes. De um lado, os funcionários da insti-tuição indicam a intempérie e a falta de espírito acadêmico dos alunos como fonte princi-pal dos desentendimentos. Por outro lado, os alunos reinvidi-cam dos servidores mais com-promisso com os problemas dos centros acadêmicos e mais zelo na execução do trabalho.

Dentre os motivos dessa tensão, a falta de qualificação para as funções desempenha-das aparece na lista dos dois grupos indicando a aparen-te deficiência educacional dos servidores refletida nos mo-dos e na forma mal elabora-da de expressão no relaciona-mento, ou sugerindo a ante-rior má preparação escolar do aluno pelo outro. Essa situa-ção fica ainda mais aguda du-rante a época de matrículas e avaliações finais, quando é co-mum o não cumprimento de regras e prazos pelos alunos e o abandono da liturgia do car-go pelos servidores.

Não raros são os momen-tos onde um simples ato de sensatez poderia evitar uma situação desagradável. Co-mo exemplo, temos o caso em que uma professora do Centro de Ciências da Saú-de (CCS) negou a uma aluna o direito de fazer a reposição de uma determinada prova. A aluna, por sua vez, recor-reu ao coordenador do curso, que se eximiu de sua respon-sabilidade e, verbalmente, ou-torgou total poderes à profes-sora. Vendo-se prejudicada, a aluna se valeu de expedientes jurídicos, através de especia-lista que elaborou uma carta

endereçada ao coordenador do curso, solicitando que o di-reito da aluna fosse assegura-do. Por fim, sob fortes pres-sões, a professora foi compe-lida a ceder. Mas, a aluna, que prefere não se identificar por medo de represálias, afirma que desde então tem sido ví-tima de sutis atos de persegui-ção cometidos pela professora.

Como a relação entre alu-nos e funcionários é um fator permanente e necessário ao funcionamento da instituição, dois servidores tiveram uma iniciativa que visa esclarecer, identificar e sugerir medidas para melhorar a prestação do serviço público na UFPB. Os técnico-administrativos do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) Thia-go Magno e Vitória Régia fo-ram premiados no 7º CON-SUB - Congresso de Secretá-rias das Universidades Brasi-leiras – com uma pesquisa in-titulada “A satisfação no am-biente de trabalho e os prin-cipais fatores que a (in)vibia-lizam”. A partir dos resultados da pesquisa, é possível desta-car como principais geradores da insatisfação, os seguintes pontos: a atribuição de falta de tato administrativo aos chefes de setor; más condições físi-cas estruturais de trabalho; tí-midos investimentos da UFPB em qualificação profissional; e, finalmente, a tensão entre alu-nos e servidores.

“Na maioria das entre-vistas, os servidores sabiam apontar os problemas, mas is-so não era suficiente para ge-rar mudanças significativas no comportamento individu-al”. Pontuou a pesquisadora Vitória Régia.

“A essa passividade se atri-bui o temor de mudar e per-der as vantagens salariais al-cançadas ao longo do tempo”, completou Thiago Magno.

Pesquisa levantou os principais motivos de desentendimentos entre os dois grupos

Foto: Bruna Coutinho

insatisfação marca relação entre servidores e alunos

Rafael Andrade

A Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB) ao longo dos anos vem oferecendo serviços e ativida-des de extensão à comunidade por diversos cursos do campus, fazen-do um importante trabalho nas áre-as da saúde e educação, tanto para alunos como para pessoas de fora da comunidade acadêmica, engloban-do curso como Ed. Física, Fisiotera-pia, Psicologia, Odontologia, Direito e Contabilidade.

Um dos mais antigos é o do pro-fessor Antonio Gomes Filho, do De-partamento de Educação Física, que ministra aulas de hidroginástica há mais de 20 anos. “A gente já tinha a atividade de natação e a havia a pro-posta também de atender as pessoas de maior idade. Hoje a gente atende uma média de 400 alunos por dia”, relembra. Antonio ainda destaca a contribuição para a saúde: “Hoje sa-bemos que as pessoas idosas se iso-

lam, então elas precisam dessa ajuda a se interagir mais”.

Outro ponto a favor é que se pode fazer essa atividade física e não ter lesões. “A água amortece o impac-to e as pessoas que sofrem de proble-mas de coluna e articulações não te-rão dificuldades”, explica. Desde se-tembro, Michelle Barbosa é uma das alunas de Antonio. “Gosto muito da aula. O professor tem consciência do limite de cada um. Ainda mais por-que as aulas acontecem com pesso-as mais velhas. Acredito que melho-rei 80% desde que comecei”, confes-sa a estudante. Para participar bas-ta preencher a ficha de inscrição no Departamento de Ed. Física, sendo aberta ao público em geral.

CLÍNiCASA UFPB, assim como a maioria

das universidades, dispõe de clíni-cas onde os atendimentos são pres-tados por estagiários em supervisão de professores-mestres nas áreas es-

pecíficas de tratamento. O Campus I já contempla duas instalações. São elas:

A clínica Escola de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que atualmente conta com quatro consultórios, salas equipadas e uma piscina terapêutica. “Oferecemos serviços nas áreas da ortopedia, trau-matologia, obstetrícia, ginecologia e cardiorrespiratória através do Sis-tema Único de Saúde, o qual atende gratuitamente a comunidade”, fala o gestor da clínica Jerônimo Alencar.

E a clínica Escola de Psicologia trata crianças, adolescentes e alu-nos da UFPB com problemas emo-cionais, comportamentais de afeti-vidade e de relacionamento pessoal. “Para se fazer o acolhimento de uma criança é necessário o preenchimen-to de uma ficha de inscrição pré-de-finida pelos pais ou responsável no qual é descrito o problema apresen-tado”, explica a psicóloga Maria de Lourdes. Encontra-se no CCHLA.

Direitos humanos são rediscutidos no universo acadêmico

UFPB oferece cursos abertos ao público

extensão

Conceito ainda gera controvérsias entre alunos e professores, e seminário que acontece no campus I traz de volta a questão para debate

Professor Eduardo Fernandes, do CCJ

Page 6: Questão de Ordem 2012.1

6 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPB

A lei aprovada pela presidenta Dilma Housseff prevê a reserva de 50% das vagas das instituições federais para as cotas até 2016

Mudanças no PSS afetam estudantes

educação

Flávia Tabosa

A recente aprovação da lei que garante 50% das vagas em instituições públicas federais de ensino superior ou técnico de nível médio para as cotas implicou no cancelamento temporário do calendário de 2013 da Universida-de Federal da Paraíba (UFPB), assim como adiamento da aplicação do Pro-cesso Seletivo Seriado (PSS) para sele-ção de candidatos. O objetivo é a ade-quação, através do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Con-sepe), das normas sobre ingresso por reserva de vagas à nova legislação. Até o fechamento desta edição, não foram publicados novos editais com a atuali-zação destes calendários.

“O objetivo, com essa lei, é ampliar o acesso às nossas universidades e aos nossos institutos federais para os jo-vens das escolas públicas, para os ne-gros e para os índios”. Este foi o comu-nicado da presidenta Dilma Housseff, ao oficializar a nova regra. O primeiro corte das cotas é destinado àqueles que cursaram todo o ensino médio em es-colas públicas e, em segundo corte, os que se enquadram nas cotas étnico-ra-ciais. A Universidade Federal da Para-íba (UFPB) adota o sistema de cotas para 30% de suas vagas desde o PSS de 2011 e se adaptará completamente às normas, reservando 50% de suas vagas

para as cotas, até 2014, dois anos antes do prazo final decretado por lei.

Dentro da nova regulamenta-ção, o censo de educação superior de 2011, feito pelo Ministério da Educa-ção, aponta para o aumento no nú-mero de alunos auto-declarados par-dos e pretos (nomenclatura do Insti-tuto Brasileiro de Geografia Estatís-tica - IBGE) nas instituições de ensi-no superior - grupo que, segundo os dados, representa 8,8% do total que

freqüenta ou concluiu a graduação nas universidades públicas federais. Em 2004, essa proporção era de ape-nas 5%. Com a aplicação da lei que implanta metade das vagas de insti-tuições públicas para as cotas, estas porcentagens tendem a aumentar.

DivERGêNCiASA facilidade de acesso às universi-

dades públicas gera muitas divergên-cias de opinião: em contrapartida ao

discurso do governo, surgem as crí-ticas e o medo de que a qualidade do ensino esteja comprometida, uma vez que a deficiência no ensino público anterior à graduação, de fato, existe. “Basicamente, as cotas são uma ferra-menta que o governo utiliza para aco-bertar a deficiência na educação públi-ca em nível primário e médio”, afirma Yuri Lessa, aluno do curso de Ciências da Computação na UFPB.

“A presença massiva dos negros no

ensino público é fato. As cotas que fa-cilitam a acessibilidade destes estudan-tes me parecem justas, mas as étnico--raciais parecem uma afronta.”, diz El-len Farias, aluna de Educação Física, auto-declarada negra, mas que não en-trou na universidade pelas cotas.

Discordando daqueles que enxer-gam problemas sociais no sistema de reserva de vagas para estes grupos es-tá o professor do Centro de Ciências Sociais, Frederico Silva. Por curiosida-de, Frederico fez um quadro compa-rativo em todas as suas turmas, sepa-rando os grupos de estudantes cotis-tas e não-cotistas. Na prática, aqueles que cursaram sua disciplina e estão na UFPB através das cotas tem média su-perior em 2,3 pontos acima da média de notas dos estudantes selecionados em ampla concorrência.

Apesar das divergências de opinião, é lei. Até 2016, todas as instituições pú-blicas federais de ensino superior ou técnicas de nível médio devem dispo-nibilizar metade de suas vagas para as cotas, sob fiscalização do Comitê de Acompanhamento e Avaliação das Re-servas de Vagas, formada por dois re-presentantes do Ministério da Educa-ção, dois representantes da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualda-de Racial da Presidência da República e um representante da Fundação Na-cional do Índio.

Jovens estudantes, de diferentes raças, se preparam para ingressar na universidade federal através da nova política de cotas

Foto: Flávia Tabosa

Ravi Freitase Jéssica figueiredo

Após o anúncio de que a concor-rência do PSS seria modificada, devido ao aumento das vagas disponíveis para alunos de escolas públicas, muitos alu-nos acreditaram que esse seria o único efeito em grande escala. Porém, para se adequar às novas normas referentes ao ingresso por reserva de vagas, o ca-lendário do PSS foi suspenso. As pro-vas, que iriam ser realizadas no dia 18 e 19 de novembro, serão remarcadas e aplicadas em data ainda não definida.

Apesar de essa dúvida preocupar os estudantes, o presidente da Comis-são Permanente do Concurso Vestibu-lar (Coperve), João Lins, explica que as inscrições do PSS serão reabertas. “Es-tamos preparando um novo edital de inscrição para assim poder reabrir, in-clusive para aqueles que não se inscre-veram, para todos aqueles que se en-caixam na nova lei de cotas possam participar e realizar as provas. Para isso é necessário um tempo para que o sis-tema eletrônico de inscrições também seja atualizado dentro desses parâme-tros, pois só assim será possível uma definição de datas e reabertura de ins-crições, mas por enquanto isso é im-possível”.

Além do PSS-2013, os processos se-letivos para os cursos de graduação em Música, Teatro, Artes Visuais, Tradu-ção e Cursos Sequenciais em Música também foram suspensos. Mais de 41 mil candidatos estavam inscritos para o PSS e disputam 5.136 vagas em cur-sos superiores da UFPB e no Curso de Formação de Oficiais (CFO), e segun-do João Lins, é impossível prever o au-mento de inscritos no processo a par-

tir do novo edital. Os candidatos que já haviam se inscrito no vestibular se-riado de 2013 ficam isentos dopaga-mento de taxa na reinscrição e, se op-tarem por desistir do processo, serão ressarcidos.

Para a estudante Andrezza Carva-lho, essa é uma nova chance. “Eu não achava que conseguiria entrar na uni-versidade, mesmo me esforçando mui-to. Com essa ajuda, eu que estudo em escola pública, posso tentar cursar En-genharia, que é algo que eu sempre quis fazer”, confessa.

ENEMNo entanto, tais mudanças no ca-

lendário do vestibular seriado da uni-versidade não afetaram a realização das provas do Exame Nacional do En-sino Médio (Enem), cujas provas fo-ram efetivadas em 3 e 4 de novembro. A dificuldade maior dos alunos nes-te exame se deu devido à porcentagem de cotas, que de 10% em 2011, subiu para 40% - tornando o ingresso na ins-tituição ainda mais complicado.

Concorrência, alterações nas datas das provas, cancelamentos e reinscri-ções foram algumas dos aspectos que

interferiram diretamente no ritmo de estudo dos alunos. Este é o caso da es-tudante do terceiro ano do Colégio Marista Pio X, Laís Barbosa. Para ela, a principal dificuldade é a “inconstância da COPERVE” - instituição responsá-vel pela aplicação do processo seria-do. “Em 2011, época do meu primei-ro vestibular, eu estava preparada ape-nas para o PSS. No final deste ano, foi divulgado que, quando chegássemos à terceira série, só teríamos que fazer o Enem. Mas no fim segundo ano, eu descobri que existiria os dois proces-sos. E agora, com essas suspensão das datas, estou sem saber para qual prova preciso dedicar mais meus estudos.”

Além do curto período para rea-lizar as provas, os alunos também so-frem com a quantidade de conteúdo a ser estudado. A estudante Mirella Be-zerra presta vestibular há quatro anos e explica que sua maior dificulda-de, além da sempre crescente concor-rência, é a diferença nas temáticas das provas. “O Enem não é tão difícil, mas a prova é muito longa, cansativa. Já no PSS, as questões são mais objetivas, dá pra fazer mais rápido”, analisa.

É por conta dessas diferenças que muitos alunos preferiam que a univer-sidade realizasse apenas um dos mé-todos. “É bom ter as duas provas, por que cada pessoa tem mais facilidade com um tipo específico de avaliação”, considera a aluna Mariana Chrevollier.

Segundo o presidente da Coper-ve, os alunos também não precisam se preocupar com o início das aulas. “A mudança na data das provas não irá interferir na data de início do semes-tre letivo 2013”, disse João Lins. As au-las estão previstas para começar no dia 16 de maio do próximo ano.

Metade das vagas serão para as cotas

vestibular

Luciana Nobre

O Processo Seriado Seleti-vo (PSS), forma de ingresso na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), oferecerá 180 novas vagas neste ano. O aumento no núme-ro se deu pelo surgimento de três cursos de graduação: Biotecnolo-gia, Engenharia de Energias Reno-váveis e Dança.

Aprovado por unanimidade pe-lo conselho universitário, o Cen-tro de Energias Alternativas Reno-váveis (CEAR) abriga os cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energias Renováveis, sendo es-te último uma das mais recentes novidades da universidade. Este, quando foi autorizado, terminou aparecendo como oferta de reop-ção para os candidatos aprovados no PSS-2012 que não conseguiram classificar-se para os cursos de sua escolha inicial. No total, 80 vagas estiveram disponíveis.

Já em relação ao corpo docen-te, Marcos Wanderley, coordena-dor do CEAR, comenta: “Estamos realizando concurso publico para seleção e contratação de docentes qualificados. É um processo que, por sua própria natureza, deman-da tempo para cumprir os prazos legais”. As instalações do CEAR são originárias do Laboratório de Energia Solar e as que serão pró-prias encontram-se em construção. Com o curso, espera-se aumentar o número de pesquisas na área.

O mesmo aconteceu com o cur-so de Biotecnologia, que também foi aberto como reopção para os candidatos não classificados e está com o primeiro período em anda-mento, com 35 vagas por semestre. A coordenadora do curso, Fabio-la da Cruz Nunes, diz que o corpo

docente ainda não está completo, mas que estão abrindo cerca de 10 vagas para professores. O objetivo é ter de 22 a 23 professores. “Imagi-namos que será um vestibular bem concorrido, pois estamos sendo bastante procurados”, comenta.

Fabíola afirma que existe uma demanda no mercado de traba-lho por esse tipo de profissional, que irá trabalhar em indústrias co-mo alimentícia, farmacêutica, entre outras. “O mercado aqui pode não absorver todos, mas, se pensarmos em cidade como Recife, que tem um polo industrial maior, imagina-mos que esses profissionais sejam contratados rapidamente”, finaliza.

CAPACitAçãOPrevisto para iniciar no segundo

período de 2013, o curso de dança vai disponibilizar 15 vagas por se-mestre. “Esperamos que a constru-ção da escola de artes cênicas esteja pronta no início do ano que vem. Ela será dotada de teatro e salas es-pecificas”, explica Davi Fernandes, chefe do Departamento de Comu-nicação.

Além disso, a UFPB pretende abrir o curso de Cinema. As aulas iniciam-se neste segundo semes-tre que, pelo novo calendário, co-meça em novembro. Estima-se em 30 o número de de vagas ofertadas por ano. “Estamos adquirindo to-dos os equipamentos, comprando câmeras, ilhas de edição e labora-tórios específicos da área. Contare-mos, também, com um cinema em 3D”, afirma Davi. “O curso ainda não tem uma estrutura, completa, mas com força de vontade e empe-nho dos estudantes conseguiremos seguir adiante”, entusiasmou-se o professor Everaldo Vasconcelos, do corpo docente de Cinema.

Novos cursos na UFPBoPortunidade

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gastou 3,6% do PiB com a saúde

pública em 2008

Page 7: Questão de Ordem 2012.1

7JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

educação

Sistema online de matrículas causa transtornos aos alunos

AEtC desobedece Lei da CarteirinhaSarah Sarmento

Em 30 de agosto, os estudantes paraibanos foram beneficiados com a lei que dispõe sobre a regulamenta-ção da cobrança da meia entrada nos estabelecimentos comerciais.

De acordo com o deputado esta-dual Gervásio Maia, autor da lei, a medida é uma forma de garantir que toda e qualquer pessoa que compro-ve sua condição de estudante, seja por meio de carteirinha ou apresen-tação de declaração do curso acom-panhado por documento oficial com foto, tenha direito ao benefício.

Segundo informações do depu-tado, só no ano passado mais de 300 mil alunos da rede estadual, principalmente dos municípios de pequeno porte, perderam o direi-to a meia entrada por não possuí-rem condições de comprar a car-teirinha. Os mesmos são obriga-dos a esperar meses para receber uma nova carteira, tendo que, por exemplo, pagar o valor inteiro da passagem de ônibus.

Apesar da lei de regulamentação da meia entrada ter sido aprovada, o que está ocorrendo na prática é que os estudantes continuam sofrendo restrições, como na Associação das Empresas de Transportes Coletivos

Urbanos (AETC), que está impondo critérios à aplicação da medida.

Dos nove postos de recarga de passe existente na cidade, apenas um é autorizado pela empresa a fazer a recarga com o uso da declaração – o posto do centro da cidade. “A AETC está se negando a vender a passagem com desconto em alguns postos, isso é crime. Eles não podem fazer isso, estão lesando o direito dos estudan-tes”, afirmou Gervásio Maia.

Relatos de estudantes da UFPB, ao tentar realizar a recarga den-tro do posto da universidade com a declaração, os atendentes di-

zem não ser autorizados a realizar a operação. “Me senti prejudicado com as medidas da AETC. Já tinha pago uma passagem inteira para ir a UFPB, esperado vinte minutos na fila, tive que pagar outra para di-rigir-me ao centro e esperar mais 40min para ser atendido”, declarou o estudante do curso de física Ca-milo Duarte.

Os órgãos responsáveis por fisca-lizar o cumprimento da lei seriam os PROCON’s estadual e municipal. O que, no entanto, chamou atenção foi a completa ignorância do PROCON municipal sobre o tema.

Ao procurar o órgão para esclare-cer se as ações adotadas pela AETC estavam dentro da legalidade, o ad-vogado do PROCON-JP, Djalma Fa-rias, informou que havia um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado entre o Ministério Públi-co, AETC e entidades estudantis, que permitia a AETC restringir a aplica-ção da lei. . O PROCON-JP, no en-tanto, não tinha acesso ao TAC, mes-mo sendo ele teoricamente o respon-sável por fiscalizar o acordo.

A existência de tal Termo foi ne-gada pelo Ministério Público, por meio do procurador Ranieri Dan-tas. Não só isso, de acordo com Sér-gio Calliza, chefe do cartório da 1ª Procuradoria do Consumidor, as medidas adotadas pela AETC, fo-gem do que determina a lei e devem ser investigadas.

A orientação do Ministério Pú-blico é para que os estudantes que se sintam lesados com o não cumpri-mento da lei envie suas denuncias junto a Ouvidoria do órgão. Além disso, os estudantes que foram lesa-dos com tais restrições também po-dem entrar com ação de indeniza-ção por dano moral. Esses mecanis-mos devem ser acionados pelos alu-nos como forma de reivindicações dos seus direitos.

Juliny Barreto

Até 2006, os estudantes de gradu-ação da Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB) enfrentavam filas na coordenação de seus respectivos cur-sos com um formulário preenchido a mão, para realizar cada matrícula de um novo semestre. Atualmente, com a informatização do processo de ma-trículas através de um sistema desen-volvido pelo Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da instituição, o formulário ganhou versão digital, mas o cenário de filas e contratempos parece vencer o tempo e o avanço da tecnologia.

A graduada no curso Serviço So-cial, Raphaella Ramalho, acompa-nhou as fases de pré e pós matricula on-line, porém a modernização, ao contrário do era esperado, não trou-xe grandes benefícios. “Em seis anos de curso pouco utilizei o sistema. A única vez que tentei, tive que ir à co-ordenação para refazer a matricula. Para mim, e para muitos colegas, era um ferramenta inútil”, enfatizou.

Com o ingresso de cerca de 8 mil novos alunos a cada vestibular, e so-mando em média 30 mil alunos ati-vos, os transtornos durante o perío-do de matriculas, não se limita aos alunos. Segundo Soraia Miranda, funcionária da coordenação do cur-so de Administração, no período de matriculas, as inúmeras falhas do sistema ocasionam tumulto e estres-se, agravados pela falta de suporte e ouvidoria por parte do NTI.

“Não existe suporte ou informa-ção sobre como proceder com os er-ros do sistema. O período que deveria ser para reajuste, acaba sendo para fa-zer a matricula, já que muitos alunos não conseguem pela internet”, declara

a funcionária. “Parece contraditório, mas apesar do trabalho ser manual, antes tínhamos muito menos estresse e tumulto”, relembra.

Na coordenação do curso de Edu-cação Física, as queixas são seme-lhantes, segundo o funcionário Jo-sé Rafael Brandão, o sistema deixa muito a desejar. “Muitos alunos che-gam aborrecidos com a ineficiên-cia do sistema e acabam descontan-do em nós. Como o departamento possuí três cursos o problema é ain-da maior”, desabafa.

PROBLEMASO representante do NTI, Emerson

Diego Costa Araújo, responsável pe-las análises do sistema de matrícu-las on-line afirma que “a maioria dos problemas no sistema ocorrem pe-

la falta de alimentação de informa-ções.” Isso se dá, por exemplo, quan-do um professor deixar de lançar as notas no sistema; como consequên-cia o aluno, no período de matrícu-la, não conseguirá visualizar as disci-plinas que necessitam das notas não lançadas como pré-requisito.

Quanto ao suporte, Emerson ex-plica que o Núcleo dispõe de um sis-tema de chamadas on-line, onde re-cebe uma média de 20 solicitações diárias, respondidas em até 48 horas. Entretanto, questionado sobre atua-lizações da plataforma ele afirma que nos seis anos de atividade o sistema nunca passou por nenhuma grande atualização, apenas ajustes pontuais. “Já enfrentamos problemas técnicos, mas estes foram sanados com o tem-po”, reforça.

NOvO MétODOPara os próximos anos, o NTI es-

ta investindo no desenvolvimento de um novo sistema. Com uma interface mais moderna, a plataforma agregará os serviços já oferecidos como matri-cula e consulta ao histórico de notas, além de novos recursos como fórum de debates e certificação digital.

“Para validar o histórico, é preciso pegar assinaturas no departamento. Com a certificação digital o aluno po-derá imprimir o certificado já autenti-cado. No fórum, criaremos um espa-ço onde alunos e professores poderão interagir em tópicos de discussões”, adianta Emerson Diego Costa Araú-jo, analista de sistema do NIT.

Após seu desenvolvimento, o sis-tema passará por testes; a previsão de lançamento entre 2013 e 2014.

Em seis anos de atividade, serviço de matrícula online da universidade ainda é falho e nunca passou por uma atualização

Foto: Melissa Fontenele

Estudantes enfrentam grande fila em posto de recarga da AETC no Campus I

Foto: Melissa Fontenele

desresPeito

A cada semestre, falhas recorrentes infernizam a vida dos estudantes com filas para correções

Censo do Ensino Superior 2011

Ítalo Rômany

ExpansãoDe acordo com o no-

vo Censo do Ensino Su-perior de 2011, promovi-do pelo INEP (Instituto Na-cional de Estudos e Pes-quisas Educacionais), exis-tem 6,7 milhões de univer-sitários matriculados em to-do o país, um crescimen-to de 5,7% em relação ao ano de 2010. Na Univer-sidade Federal da Paraíba (UFPB), estão matriculados mais de 32 mil estudan-tes no ensino presencial e 7 mil na educação a distân-cia. Neste ano, serão ofere-cidas 8.274 vagas através do Processo Seletivo Seria-do (PSS) e Enem.

Públicoe privado

Desse total, 1,7 milhão estudam em universidades públicas e 5 milhões em instituições privadas. A Pa-raíba é o único estado do Nordeste onde o número de matriculados é maior na esfera pública do que na privada. São 67.000 con-tra 44.600. A Coordena-dora Acadêmica do Reu-ni (Restruturação e Expan-são das Universidades Fe-derais), Uyguaciara Velô-so, ressaltou a importância do programa nesse aumen-to. “Isso só foi possível pela estruturação da universida-de, contratação de profes-sores, melhorias dos labo-ratórios etc”, afirmou.

ConclusõesOutro fator importan-

te, apontado pelo Censo, foi o aumento no número de estudantes que concluí-ram o ensino superior. No total foram 1.022.711 alu-nos, um aumento de 4,3% no período 2010-2011. Na UFPB, foram 4.000 concluintes. O número de mulheres também aumen-tou dentro das universida-des: de 1997 para 2011, o crescimento foi de 12,7%. Juntando o número de pes-soas de baixa renda, nor-destinos e mulheres nas universidades, esses seg-mentos somam juntos 55% de todos os estudantes.

InclusãoEm 1964, só existiam

120 mil estudantes nas universidades. Esse núme-ro pulou para 500 mil em 1970, devido o bom cresci-mento econômico que pas-sava o Brasil. De acordo com o Pró-Reitor de Gra-duação da UFPB, profes-sor Valdir Barbosa, estes números exaltam o cresci-mento das universidades no país. “É a oportunidade de todos no acesso ao ensino superior”, disse.

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8 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPB

Provável reitora fala sobre suas propostasentrevista

Sarah sarmento

Professora Associada do Departamento de Ciências Farma-cêuticas do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, Margareth é graduada em Farmácia e Medici-na, com pós-doutorado em Biotec-nologia. Caso seja confirmada sua vitória, será a primeira mulher a assumir a reitoria da Universidade Federal da Paraíba.

O Questão de Ordem procurou a candidata mais votada nas elei-ções, Margareth Diniz, para co-mentar seu plano de governo.

Questão de Ordem: O que a comunidade acadêmica pode es-perar da gestão “UFPBMais”?

Margareth Diniz: Acima de tu-do respeito e decência no trato com a coisa pública e no atendi-mento aos anseios da comunidade universitária. Queremos devolver à UFPB as posições no ranking na-

cional das federais e avançar, bus-cando estar entre as melhores uni-versidades brasileiras.

QO: Quais serão as ações prio-ritárias da sua gestão?

MD: Reformatar administrati-vamente a UFPB através do novo estatuto e regimento, fazer valer os investimentos do Reuni, revitalizar os cursos de graduação tradicio-nais, fazer frente às altas taxas de evasão nas graduações é o grande desafio. A estratégia será somar es-forços e abrir a UFPB para a Para-íba através de parcerias com todas as instâncias de poder e recursos.

QO: Que avaliação a senhora faz da gestão anterior?

MD: A gestão anterior perdeu uma grande oportunidade de fazer a UFPB avançar. A visão do inaca-bado pontua todos os campi. Co-mo toda a comunidade universi-tária, estou esperando o balanço e

a prestação de contas do reitorado que finda. Tornarei públicas as me-didas de continuidade. Esse lega-do será a pista e o ponto de parti-da de como iremos lidar com as si-tuações já criadas, apenas asseguro que a UFPB vai progredir.

QO: Como será a relação pro-fessor, estudante e funcionário com a reitoria?

MD: Pretendemos a abertu-ra de canal direto. Visitarei com a equipe cada setor da UFPB. Ou-virei e encaminharei todas as vo-zes que já contribuem, valorizan-do-as para continuar contribuin-do. Nosso gabinete estará atento e aberto. Estaremos atentos às opi-niões, necessárias no processo de construção da excelência.

QO: Uma das grandes discus-sões dentro da UFPB é a privati-zação do HU. Qual a sua opinião sobre o assunto?

MD: Somos contra a privatiza-ção. O HU pode e vai funcionar. O reitorado deve buscar recursos. Ve-mos que os corredores do HU es-tão cheios de equipamentos encai-xotados. O HU, além de enfrentar

problemas intrínsecos à saúde pú-blica do Brasil foi vítima do des-caso administrativo e político do atual reitorado. Não é essa a nossa prática. Posso garantir que o nosso HU reviverá.

Foto: Marina Cavalcante

Professora Margareth Diniz: “Visitarei com a equipe cada setor da UFPB”

Luan Barbosa

Em 16 de maio de 2012, a Univer-sidade Federal da Paraíba (UFPB) abria os portões da instituição pa-ra uma consulta acadêmica. Ocorria, naquela data, o primeiro turno que deveria definir o novo reitor para a gestão 2013-2017. Cinco meses de-pois e diversos conflitos, internos e externos, a UFPB ainda não conhe-ceu, de fato, o seu novo reitor.

Após sair vitoriosa do 1º turno com 7.801 votos e 49,66% da prefe-rência, a professora Margareth Di-niz, candidata da oposição, enfren-taria a segunda colocada, a profes-sora Lúcia Guerra. Um dia após o pleito, os docentes da instituição deflagraram a greve que atingiu to-do o país e esvaziou os principais espaços da universidade. O Conse-lho Universitário (CONSUNI), ór-gão deliberativo superior e máxi-mo em matéria de política geral da universidade, se reuniu e decidiu que, por conta da paralização e des-ta desocupação da universidade, o segundo turno só poderia ocorrer após a finalização da greve e nor-malização da instituição.

Após esta decisão, começou um longo processo de escolha do novo reitor. A professora Margareth não concordou com a ordem do CON-SUNI e acionou a justiça, pedindo que o segundo turno acontecesse imediatamente. O desembargador federal Edilson Pereira Júnior aca-tou o pedido da chapa “UFPBMais” e ordenou a realização imediata da segunda consulta à opinião acadê-mica. A procuradoria da UFPB en-trou com recurso para reverter o quadro, mas perdeu por unanimi-dade no Tribunal Federal Regional da 5ª Região, em Recife.

Como resposta à decisão judicial, a chapa da candidata Lúcia Guer-ra propôs à comunidade acadêmi-ca o não comparecimento às ur-nas, como forma de protestar con-tra o que consideraram como que-bra da autonomia da UFPB. Com o boicote aceito pelos eleitores de Lú-cia Guerra, a vitória esmagadora de

Margareth Diniz a confirmou como vencedora da segunda etapa, com 94,61% dos votos válidos.

A abstenção, porém, teve um regis-tro de 88% dos eleitores. “O nosso boi-cote foi uma posicionamento político, um protesto, mas não surtiu tanto efei-to a ponto de fazer com que 88% dos eleitores não votassem. Não houve a participação massiva do pleito porque a universidade se encontrava vazia de-vido à greve, isto é bem claro”, afirma a professora Lúcia Guerra.

O processo foi ainda marcado por muitas acusações entre os can-didatos, e estas vão desde a má ges-tão de recursos da universidade ao uso da máquina pública na campa-nha eleitoral, a interferência da po-lítica externa, a quebra da autono-mia e outros assuntos que afunila-ram a qualidade do processo elei-toral. “A disputa numa instituição universitária é, por natureza, entre propostas e perfis concorrentes. Es-se discurso de uso de qualquer ou-tro expediente só exalta a pobre-za do grupo perdedor por votos nas urnas que não souberam conquis-tar”, esquiva-se a professora Marga-reth de qualquer acusação.

Margareth Diniz é tida por mui-tos como a nova reitora da UFPB. Nas redes sociais de sua equipe a respeito da comunicação do pro-cesso “UFPBMais”, fica explicita-do que foi ela a vencedora deste grande embate. “Você já adicionou o perfil de Margareth Diniz entre seus amigos do facebook? Conheça o perfil daquela que logo se torna-rá a primeira mulher a administrar a UFPB”, diz uma publicação na pá-gina oficial da candidata, no dia 14 de outubro. “Eu cumpri todo o ri-tual democrático para validação do meu nome como a nova e primeira reitora mulher da UFPB. Obedeci aos ditames do CONSUNI e da co-missão e calendário eleitorais que de lá foram determinados. Entendo que, como fui eleita, serei empossa-da reitora da nossa UFPB”, reforça.

A afirmação, porém, é contes-tada. “A UFPB, hoje, não tem um novo reitor. Pode ser que amanhã

ela tenha, mas hoje eu posso afir-mar que ela não tem, pois o proces-so ainda não foi concluído”, enfatiza Lúcia Guerra, que assegura que ain-da não entregou os pontos e não foi, de fato, derrotada.

OPiNiãO Para o presidente do Sindicato

dos Trabalhadores em Ensino Supe-rior do Estado da Paraíba (SINTES-PB), Severino Ramos, o processo-de escolha do novo reitor da UFPB já foi encerrado. “Acredito que pe-la normalidade do 1º turno e pe-la ocorrência do 2º, mesmo que por ordem judicial, temos uma nova reitora. Nosso sindicato aprovou a nomeação de Margareth Diniz por-que, para nós, a greve não esvaziou a universidade, já que entendemos

este período como um processo de mobilização das massas”, afirma.

O estudante do 4º período de di-reito da UFPB, Davyd Soares, é ca-tegórico ao dizer quem são os novos gestores da instituição ao qual estu-da. “Margareth Diniz é a nova reito-ra, ela ganhou, mas acredito que de-ve ser elaborado um novo proces-so eleitoral. Acho que esta eleição foi marcada por um forte radicalis-mo. Situação se defendia demais e oposição destrinchava frequentes acusações Penso que seria possível construir, em meio a este paralelo, uma campanha mais amena e mais objetiva”, opina.

SitUAçãOAtualmente, o processo encon-

tra-se encaminhado em duas ver-

tentes: há recursos no Supremo Tribunal de Justiça, que pedem a invalidação do segundo turno, ale-gando que a UFPB teve o seu po-der de decisão quebrado por uma ordem judicial. E há a lista trípli-ce, que após ter sido encaminha-da pelo CONSUNI ao Ministério da Educação e Cultura, contendo os nomes dos três candidatos mais votados no primeiro turno, confor-me outra ordem judicial movida pela professora Margareth e con-cedida pela juíza federal, Cristiane Mendonça Lage, encontra-se agora nas mãos da presidente da Repú-blica, Dilma Rousseff, que nomea-rá o novo reitor da UFPB.

A expectativa é que o nome do novo reitor seja anunciado nos pró-ximos dias deste mês.

política

Foto: Flora Fernandes

Boicote proposto pela chapa da situação para impedir a realização do segundo turno no dia 6 de junho

Lista tríplice está nas mãos da presidente Dilma, que deve manter a tradição de escolher a mais votada: Margareth Diniz

Novo reitor será definido este mês

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9JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

política

Complicações impugnaram o processo eleitoral de 2011 e, por consequência, os estudantes estão há um ano sem representatividade

Novas eleições para o DCE acontecem ainda este ano

flávia tabosa

O Diretório Central dos Es-tudantes (DCE) tem a respon-sabilidade de atuar como porta--voz dos alunos e suas causas, mo-bilizando a população acadêmi-ca a procurar melhorias estrutu-rais e educacionais. Na Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB), não é convocada uma nova repre-sentatividade há mais de um ano por causa de uma decisão judicial que impugnou o processo eleito-ral de 2011. A situação, que pare-cia estática, finalizou seu processo de judicialização neste dia 31 de outubro; até dezembro deste ano, o Conselho de Entidades de Base (COEB) deverá agendar as etapas de um novo processo eleitoral pa-ra a gestão 2013/2014.

Tudo começou quando a cha-pa “Viramundo”, última a gerir o DCE, deu inicio, no dia 21 de agosto de 2011, às eleições diretas e não obrigatórias para anunciar o próximo grupo que administraria o DCE. Na apuração da votação, uma série de conflitos e acusações gerou a impugnação de uma das quatro chapas candidatas, a “Jun-tos Somos Mais”, que havia ganha-do a eleição com 2.700 votos. As-sim, com cerca de 400 votos a me-nos, a segunda colocada, a “Chapa Limpa”, se tornou vencedora.

Porém, no dia 29 de setembro do mesmo ano, foi anunciada a de-cisão da juíza Leila Cristiani Cor-reia de Freitas e Sousa suspenden-do as eleições devido a uma acusa-

ção de que o processo eleitoral te-ria se dado de forma fraudulenta, acompanhado de possíveis irregu-laridades, uma vez que uma cha-pa foi impugnada (Juntos Somos Mais) quando a contagem dos vo-tos já havia sido iniciada, o que fo-ge as regras da comissão eleitoral. A limiar que julgou a eleição invá-lida também impediu o avanço de novas ações do diretório e quan-do estava sendo convocado um no-vo processo eleitoral, a greve foi de-clarada na UFPB, paralisando todo

e qualquer funcionamento dentro da instituição. Com a volta das ati-vidades, o processo judicial teve sua continuidade com a audiência que aconteceu recentemente, onde o Juiz Brâncio Barreto Suassuna homolo-ga a desistência da chapa impugnada (Juntos Somos Mais) e a que tomaria posse (Chapa Limpa), para só então acontecer uma nova eleição.

REPRESENtAtiviDADEHector Abdal, representante da

última chapa que administrou o

DCE, a “Viramundo”, explica as conseqüências desse ano sem ges-tão: “além da falta de representa-tividade formal, sem uma chapa atuante junto às demais entida-des e coletivos organizados, o mo-vimento estudantil segue pulveri-zado, sobrevivendo de iniciativas isoladas”, afirma.

Desta forma, a cultura de força e luta em questões educacionais, es-truturais e até sociais, atribuída em muitos casos mais aos estudantes do que à sociedade acadêmica ge-

ral, sofre o mal que vai além das críticas dos órgãos: a falta de repre-sentatividade e, por consequência, a desorganização para novas ações. “Uma entidade geral que tenha le-gitimidade para articular os deba-tes e as ações é fundamental para o fortalecimento de uma cultura po-lítico-organizativa que resgate a ca-pacidade do corpo discente pensar os rumos da universidade pública”, conclui Hector.

SitUAçãO AtUALO processo que acarretou o

cancelamento das eleições do DCE foi iniciado por Leogildo Al-ves, representante da chapa 2, a “Juntos somos mais”. Após con-ferir o edital das eleições, Leogil-do percebeu que a impugnação de sua chapa foi realizada de forma irregular, e recorreu à justiça pa-ra as devidas providências serem tomadas. Hoje, ele comemora os avanços da volta legal de uma re-presentatividade para os estudan-tes. “Pode ser que a chapa 2 ganhe novamente, depende de nosso en-gajamento”, comenta, uma vez que a decisão do Juiz Brâncio Barreto Suassuna cancela todo o processo eleitoral realizado há mais de um ano e convoca uma nova eleição.

“Ter uma representação efeti-va dos interesses dos estudantes na UFPB é fundamental. Sem DCE es-ses interesses ficam à deriva”, co-menta o estudante de Direito da UFPB, Diego Rocha. Até dezem-bro, será marcada uma nova eleição, com data a ser definida pela COEB.

Foto: Flávia Tabosa

Prédio do DCE, inaugurado após decisão judicial que impugnou eleição, ainda não abrigou nenhuma gestão da entidade

debate

Bruna Coutinhoe Vanessa Mousinho

Como parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), evento que a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sediou entre os dias 17 e 21 de outubro, o Centro Acadêmi-co de Comunicação Vladmir Her-zog (CA), da UFPB, realizou, no dia 17, uma me-sa redonda com a intenção de discutir jornalis-mo político.

Contando com a participa-ção de especia-listas como Gu-temberg Cardo-so, diretor da rá-dio Paraíba FM, e de Luís Torres, diretor de jorna-lismo do sistema Arapuan, a me-sa redonda foi mediada pelo escri-tor e colunista do Jornal da Paraíba Helder Moura.

Cobertura de eleições, relacio-namento com políticos, experiên-cias pessoais e acontecimentos po-lêmicos foram alguns dos assuntos debatidos entre os participantes. No entanto, o assunto “política no

jornalismo”, sugerido por um dos espectadores, tornou-se o tema de destaque do evento. Ambos os jor-nalistas concordaram que não há imparcialidade na profissão. “Um jornalista sempre tem uma opinião e não vejo isso como um problema. O problema está em não admitir isto”, explica Helder Moura.

Os participantes também co-mentaram sobre a relação do jor-

nalista com o público. Luís Torres explicou que “o jorna-lista se destaca pela quantida-de de notícias exclusivas, que só serão adqui-ridas com fon-tes seguras, que são seus ami-gos.” E comple-mentou: Inde-pendente da re-lação que vo-

cê cultivou com determinado po-lítico, é seu dever como jornalista passar a informação.

Para o mediador da mesa o evento trouxe aos jornalistas a oportunidade de trocar experiên-cias de forma democrática e aber-ta. “Os dois jornalistas consegui-ram atingir seus objetivos e pas-

saram para o público o cotidiano de cada um em suas empresas de comunicação, além do aprendiza-do, do ponto de vista pedagógico”, avaliou. O colunista ainda comen-tou: Não existe jornalismo impar-cial, existe jornalista ético e aéti-co, aquele que mente, falseia e que omite detalhes.

Segundo Philipe Phaustino,

membro da atual gestão do CA e organizador do evento, o tema foi escolhido pela carência de profis-sionais especializados no mercado paraibano. “Os principais meios de comunicação do estado dão gran-de exclusividade a esse tema, mas muitas vezes nos perguntamos se a forma apresentada é o modo cor-reto de fazer jornalismo político”,

afirmou Philipe.A SNCT, cujo tema proposto foi

“Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”, foi orga-nizada pelo Programa de Ação Co-munitária (COPAC), órgão liga-do à pró-reitoria de Extensão e As-suntos Comunitários (PRAC) da UFPB, e contou com diversas pa-lestras, mostras e oficinas.

Um jornalista sempre tem uma

opinião e não vejo isso como um

problema

Bruna Coutinho

Gutemberg Cardoso, Helder Moura e Luís Torres (dir. para esq.) debatem jornalísmo político com os estudantes universitários

Mesa redonda discute jornalismo político

Helder Moura

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10 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPBsaúde

União com empresa prometemelhora no Lauro Wanderley

Gabriella Mayara

Após a aprovação da lei que criou a Empresa Brasileira de Ser-viços Hospitalares (Ebserh), cada Conselho Universitário (Consuni) de instituições federais que tenham um hospital terá que avaliar se vai aceitar ou não a empresa para a ad-ministre dos serviços de saúde.

O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB) te-ve o último concurso público reali-zado há quase um ano e apresenta um quadro de funcionários traba-lhando com recursos mínimos pa-ra atender ao público carente da ca-pital e das regiões próximas. Estes fatores apontam para uma parceria entre HULW e Ebserh.

Como resultado, a empresa vin-culada ao Ministério da Educação (MEC) teria que cobrir as necessi-dades do Lauro Wanderley e me-lhoraria o serviço prestado, além da possibilidade de maior cobran-ça dos funcionários, pois os faltosos sofreriam punições que chegaria até a demissão, e não apenas advertên-cias verbais e administrativas.

Os Hospitais Universitários, ao longo dos anos, têm sofrido carên-cias administrativas, de mão de obra e também de recursos finan-ceiros. Essa parceria possivelmen-te cobriria as necessidades e melho-raria o serviço, que é alvo de mui-tas reclamações de pacientes com o atendimento, que muitas vezes nem acontece. Os médicos faltam, os

serviços são mal prestados, há fal-ta de informação e de equipamen-to mínimo para manter os pacien-tes no hospital que acabam prejudi-cados, pois vêm de longe em busca desse tratamento na rede pública.

A Ebserh é uma empresa pública de direito privado que foi criada em dezembro de 2011 e tem por finali-dade a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, am-bulatorial e de apoio diagnóstico e te-rapêutico à comunidade, assim co-

mo às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino. As ativi-dades de prestação de serviços de as-sistência à saúde estão inseridas inte-gral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Já aprovada em 18 de julho de 2012 pelo conselho deliberativo do HU, a parceria é questionada pelo Sindicato dos Trabalhadores em En-sino Superior do estado da Paraíba (SINTESPB), que alega falta de dis-

cussão com a comunidade universi-tária e que os prejuízos, como a pos-sível privatização do hospital, seriam maiores que os benefícios. O Sindica-to já está movimentando a comuni-dade há quase um ano, com protestos pacíficos fazendo distribuição de ma-terial informativo e levantando a dis-cussão diante dos acadêmicos. Afinal, seria melhor mesmo a parceria?

Quem responde em favor é o su-perintendente do HULW, João Batis-ta da Silva, que diz: “Nós temos 1059

servidores atualmente, e a deman-da é muito grande, há ainda aqueles profissionais descompromissados e a falta de pessoal, por que quando se realizam os concursos é apenas um mínimo possível de servidores que são efetivados, estamos precisando dobrar os atendimentos, com mais profissionais, e não com os mesmos médicos fazendo mais plantões. Nós entendemos como necessária, a par-ceria, pois melhoraríamos com mais afinco aquilo que é reclamado pelos usuários”.

Embora haja uma necessidade la-tente de melhora do Hospital, o as-sunto é tema de discussões na Uni-versidade e divide opiniões de alu-nos e mestres que questionam qual seria a melhor opção para comuni-dade e público paciente, a possibi-lidade dessa nova parceria também poderia afetar os estágios que os es-tudantes prestam no HU, causando um certo receio, pois a falta de in-formação é grande.

O SINTESPB, possui uma posi-ção contrária a da superintendência do Hospital e realizou uma audiên-cia pública para discutir a questão que ainda será levada ao Conselho Universitário (Consuni). O diretor do Sindicato, Severino Ramos Men-donça, afirma: “A nossa posição é de que a EBSERH não resolve, não é uma opção para a necessidade do HU, pelo contrario, ela agrava, por-que intensifica o processo de priva-tização dessa unidade”. Essa posição é tomada também por alguns médi-cos e professores da UFPB.

terceira idade

Projeto Cuidar traz benefícios a idosos no HURavi Freitas

Comemorado no dia 30 de se-tembro, o dia do idoso chamou a atenção este ano para o número de pessoas, de idade avançada, que ocu-param os leitos do Hospital Universi-tário Lauro Wanderley (HU). Eles re-presentam mais que metade da popu-lação de pacientes internados naque-le hospital, mesmo que este não dis-ponha de um sistema de tratamen-to voltado especificamente para es-te grupo. Por falta de um cuidado in-tegral do idoso, pessoas como a dona de casa Inês Souza de Miranda, 71, sofrem as consequências. “Já hou-veram vezes em que tive que ficar horas numa fila para ser atendida. Meu marido tem mais sorte, nun-ca demorou muito para ser atendi-do. Ele tem Alzheimer, então preci-sa de cuidado especial.”

Com o aumento da quantidade de idosos acometidos com doenças de-generativas, tornou-se necessário a criação do Projeto Cuidar, que vem funcionando desde 2003. Este proje-to trabalha de acordo com as diretri-zes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que busca manter e pro-mover a autonomia e a independên-cia dos idosos, principalmente aque-les vítimas de doenças crônico-de-generativas, prestando vários tipos apoio aos idosos com incapacidades,

bem como aos seus cuidadores. Para isso, o Projeto conta com uma equi-pe multidisciplinar, especializada em terapia ocupacional, fonoaudio-logia, educação física, nutrição, en-fermagem, medicina, assistente so-cial e psicólogos, o que caracteriza, mesmo que primariamente, um tra-balho educativo.

Segundo Maria do Amparo, ide-alizadora e coordenadora, um dos maiores problemas para o tratamen-to do idoso no HU é a falta de uma atenção direcionada. “Trabalhamos com medidas preventivas e educati-va e ajudamos o cuidador, mostran-do como lidar com a patologia, com as restrições e limitações. Tentamos também diminuir a sobrecarga so-bre ele, principalmente a emocional e a de trabalhos, muitos até deixam de trabalhar”, explica.

Buscando trabalhar em linhas de cuidado, a iniciativa pretende mu-dar a forma como a saúde é vista dentro da universidade. Isso signifi-ca dar uma atenção integral aos ido-sos, focando em determinadas pes-soas, sem deixar que o atendimen-to seja fragmentado ou interrompido por outros clientes. Dessa forma, fica possível a manutenção e recupera-ção da autonomia e a independência dos idosos durante o internamento, bem como a sua capacitação para o prosseguimento dos cuidados após

a alta hospitalar. A equipe desenvol-ve ações propondo a valorização do sujeito, influenciando novas práticas que humanizam o serviço, tornando assim possível a atenção ao usuário de forma singular, através do exer-cício da escuta e da valorização dos vínculos e afetos.

O aposentado Pedro José de Mi-randa, de 74 anos, elogia o proje-to: “Eu já fui tratado por pelo Projeto Cuidar por causa do Alzheimer, e os rapazes são muito bons mesmo. Me

ajudaram, e ajudaram também mi-nhas filhas, que moram com a gente.” Já para a aposentada Maria do Car-mo, apesar do bom tratamento, o ido-so ainda leva muito tempo para ser atendido. “Eu já esperei tantas vezes por várias horas aqui nessas cadei-ras. Mas eu vou continuar vindo aqui, gosto de todos os médicos, até os que não conheço, e no fim das contas é o único lugar que posso vir”, confessa.

Os alunos são parte importan-te em qualquer setor do HU. E esse é

um dos principais pontos internos do Cuidar: permitir a experiência dos es-tudantes. Maria do Amparo comple-ta: “Todos temos dificuldades, mas nós trabalhamos numa lógica de res-peito. A gente consegue ter menos di-ficuldade porque nos conseguimos trabalhar em equipe, o que é bem im-portante. Apesar da minha função ser coordenar, os alunos são tão im-portantes quanto eu. Eu sou só mais uma assistente social em meio a todos eles”, completa.

Dividindo opiniões, a parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares ainda é vista com desconfiançaFoto: Melissa Fontenele

A possível parceria com a Empresa vinculada ao Ministério da Educação propõe um aumento na quantidade de atendimentos

Idosos se informam e são atendidos por alunos do curso de Medicina em pequenos stands espalhados por todo Hospital Universitário

Foto: Melissa Fontenele

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11JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Gabriela Muniz

A ausência de restaurantes nos arredores do campus I, da Universida-de Federal da Paraíba (UFPB), assegu-ra a maior procura do público univer-sitário pelo comércio de alimentos rá-pidos, as cantinas. Os produtos são, ge-ralmente, fornecidos através de comér-cio informal terceirizado, o que ajuda a baixar o custo da comida. Esta, por sua vez, não apresenta data de valida-de. O problema deste tipo de serviço é que não há órgão responsável, den-tro da instituição, que fiscalize as con-dições em que os alimentos são prepa-rados ou comercializados.

Segundo a Secretaria da Prefeitura da universidade, as cantinas só po-dem ser fechadas por dois motivos: se o local estiver ocupando uma área de interesse para a construção civil, ou a inadimplência do recinto com o aluguel. Quanto à higiene e fiscali-zação dos alimentos, até o momento, não há um órgão responsável dentro da instituição, e os comerciantes se firmam sem o perigo de interdição por este motivo.

No Centro de Ciências Huma-nas, Letras e Artes, Nanci Alves instalou sua cantina há mais de 20 anos na praça da alegria e, ape-sar da falta de fiscalização, afirma: “Não posso vender salgado com validade individual, ficaria muito

caro e inviável para minha maior clientela: os estudantes. Peço uma demanda determinada no dia. Pre-firo que falte salgado, evitando que sobre e fique armazenado para o dia seguinte.” Em contrapartida, a médica Jussara Lucena reafirma a importância de uma boa conserva-ção dos produtos. “A exposição dos alimentos em locais impróprios au-menta o risco de doenças, onde o principal problema é a dissemina-ção de vermes e bactérias.”

E não são raros os casos de clientes dos estabelecimentos dentro da UFPB que sofreram com a má conservação da comida. O estudante de Engenharia Elétrica Felipe Vidal de Negreiros ale-

ga que é muito comum a presença ex-cessiva de bichos que rodeiam o local onde são distribuídos os alimentos. “Já encontrei cabelos na comida e insetos nos sucos, também já tive má aceita-ção do organismo após a alimentação”.

PESQUiSAS Em 2005, o professor Walter Morei-

ra Maia Júnior, do Departamento de Tecnologia Química e de Alimentos, orientou a pesquisa “Avaliação da qua-lidade e segurança alimentar em esta-belecimentos comercializadores de ali-mentos no Campus I da UFPB”, bus-cando atingir um nível de consumo alimentar aceitável. Por um sistema de check-list, desenvolvido com o apoio da Prefeitura Universitária, ficou cons-tatada a não-conformidade das condi-ções de higiene em 80% do total dos estabelecimentos em todo o campus e irregularidade em 82% deste total com relação ao manejo de resíduos.

A pesquisa não foi refeita, logo não se tem dados oficiais de como estão as cantinas da UFPB atualmente. “Inves-ti para que todas as superfícies da mi-nha cantina fossem fáceis de limpar, com vidros e granito. Sempre peço para que meus funcionários utilizem álcool em gel e utilizo organizadores nos freezers, para que alimentos não se misturem”, são cuidados que Nan-ci lista como básicos para os que tem um comércio alimentício.

saúde

tecnologia permite a transmissão de cirurgias eletivas em tempo realFerramenta Arthron, desenvolvida pelo Departamento de Informática, poderá ser utilizada em hospitais universitários do Brasil

Jéssica Figueiredo

Estudantes do curso de Medi-cina da Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB) poderão, em breve, as-sistir a transmissões em tempo real de cirurgias gerais, realizadas por profis-sionais da instituição. É o que propõe a ferramenta Arthron, sistema de áu-dio e vídeo que pretende instalar au-las de medicina audiovisual (teleme-dicina) nos principais cursos de saúde das universidades de todo país.

Criado a partir do grupo de pes-quisa em ambientação audiovisual para saúde, na UFPB, o projeto é co-ordenado pelos professores Tatiana Tavares e Gustavo Bezerra, ambos do Departamento de Informática, e atu-almente conta com a colaboração de estudantes de Ciência da Computa-ção e Engenharia da Computação na equipe. São eles os responsáveis por desenvolver o sistema, realizar os tes-tes e corrigir os erros, garantindo que a Arthron funcione adequadamente.

A coordenadora Tatiana expli-ca que os equipamentos são monta-dos numa sala reservada da univer-sidade, e os alunos podem assistir às cirurgias no exato momento em que ela está sendo executada. Além dis-so, eles também podem interagir com a transmissão, fazendo perguntas e ti-rando dúvidas, a partir de um sistema de áudio. “Temos interatividade em tempo real via áudio para manter a sala de cirurgia conectada a distância com as salas de aula. Aliás, a interati-vidade é um dos diferenciais da nos-sa proposta, pois torna a experiência multimídia mais rica e atrativa, espe-

cialmente no que tange atividades de ensino”, explica Tatiana.

Cirurgias de estômago, de remo-ção de vesícula e de um tumor no fígado, realizadas por doutores do Hospital Universitário Lauro Wan-derley, foram as primeiras a serem transmitidas aos alunos através da Arthron. O objetivo desta ferramen-ta é que, futuramente, possa ser dis-seminada pelos hospitais universi-tários, facilitando assim o acesso das aulas em tempo real aos estudantes.

A principal finalidade é mostrar aos alunos como as cirurgias po-dem ser feitas e quais os procedi-mentos corretos a serem tomados. Seria uma forma de treiná-los, teo-ricamente, evitando que algum im-previsto aconteça e diminuindo a margem de erros que os alunos pos-sam vir a cometer, caso fossem rea-lizar uma cirurgia na prática.

SEGUNDA FASEA ferramenta Arthron ainda está

na sua segunda fase, ou seja, dando início às experimentações de trans-missão. Mas muito já foi desenvol-vido até então. “Toda a parte prin-cipal da aplicação já está pronta, as ferramentas de captura, recebimen-to e exibição de fluxos de vídeo. O que precisamos focar agora é em trabalhar na disseminação do siste-ma para uso em todo Brasil”, expli-ca Hugo Oliveira, aluno do curso de Ciência da Computação e integran-te do grupo de pesquisa.

Hugo também conta que outro diferencial deste sistema é a ferra-menta de controle de fluxos, res-

ponsável por filtrar as imagens cap-tadas pelos vários decodificadores e codificadores localizados na sala de cirurgia, criando automaticamente uma transmissão mais harmônica. Essa ferramenta garante um melhor entendimento da execução da cirur-gia aos alunos, já que mostra clara-mente os procedimentos corretos em cada estágio das operações.

Quando estiver totalmente finali-zada, a Arthron poderá ser instala-da não só nas universidades do pa-ís, mas também em hospitais parti-culares que se interessarem pela ini-ciativa. No entanto, apenas o sis-tema de transmissão das aulas em

tempo real que poderá ser dissemi-nado. “Todo equipamento eletrôni-co, de TV e aparelhagem de som, fi-ca a cargo da instituição ou labora-tório”, esclarece o aluno.

OUtRAS APLiCAçÕESFazer a transmissão em tempo

real de cirurgias para os alunos é apenas uma das múltiplas aplica-ções do projeto. O sistema de tele-medicina também poderá ser usa-do para diagnósticos a distância e monitoramento de pacientes. “A área de aplicação do sistema não é restrita ao ensino. Pode-se utilizar a estrutura para pesquisa, para te-

lediagnóstico ou segunda opinião médica”, informa Tatiana Tavares.

Após passar por experiências com o sistema, um dos parceiros do pro-jeto, o doutor Geraldo Almeida, co-mentou a importância de algumas ferramentas do Arthron. “A nossa experiência com o Arthron tem sido um sucesso. Tanto pela facilitação no ensino da cirurgia, quanto pela pos-sibilidade de trocarmos opiniões em tempo real”, elogia.

Financiado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a ter-ceira fase do projeto está prevista para ser colocada em prática em ja-neiro do próximo ano.

cantinas

Fotos: Flávia Tabosa

Consumidores dividem espaço com animais abandonados em cantinas da universidade

Descaso com a higiene preocupa universitários

Já encontrei cabelos na comida e insetos no suco. também já tive má aceitação do

organismo após a alimentação

Lixeira muito próxima do local de armazenamento da comida sinaliza riscos à saúde

Alunos de medicina da UFPB acompanham cirurgia de remoção de tumor através de transmissão em aula experimental

Foto: Sarah Soares

Felipe vidal

Page 12: Questão de Ordem 2012.1

12 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPBesportes

Richardson Gray

Disciplina alimentar e regula-ridade nos exercícios são indispensá-veis à manutenção da saúde. Tal afir-mação é constantemente evocada por especialistas e atletas para indicar e justificar um modo de vida mais sau-dável. Nesse contexto, cumprindo o seu papel socioeducativo, a Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB) dis-ponibiliza 17 opções de atividades fí-sicas para os alunos da universidade e para as comunidades externas através do Departamento de Educação Física (DEF) no Campus I de João Pessoa.

As atividade disponíveis são: gi-nastica aeróbica, basquetebol, bio-dança, dança, handebol, hidrogi-nástica, natação, natação para be-bês, atividade física e lazer para a terceira idade, karatê, judô, capoei-ra, musculação, tênis, natação para asmático, voleibol e futebol.

Outra forma de praticar ativida-des físicas é a utilização das áreas esportivas que são: dois mini cam-pos de futebol, dois ginásios po-liesportivos cobertos, duas quadras de futsal descobertas e uma quadra de tênis. As piscinas também fazem parte do complexo, mas são exclusi-vas para os projetos de extensão.

O coordenador do curso de Edu-cação Física, Idelbado Grisi, expli-cou que o procedimento para utilizar

qualquer área esportiva é rápido e fá-cil, mas que existem restrições para alguns locais. “Em caso de estudante, deve-se apenas realizar um requeri-mento pedindo o local desejado com data e horário e aguardar que rapida-mente retornaremos”, explicou. Ele ressaltou que alguns áreas são exclu-sivas para os alunos ou para os pro-jetos de extensão realizados semes-tralmente, como a piscina e a acade-mia de musculação. No caso de não aluno, é preciso cadastrar nos proje-tos de extensões em todo começo de semestre, para assim poder utilizar os benefícios.

NA PRÁTICAO aluno do 4º período de Letras,

Édipo Constantino, confirmou o que disse Idelbado e destaca que nun-ca encontrou dificuldades para utili-zar as áreas esportivas do Campus I. “Eu jogo futebol de salão e de cam-po com duas turmas diferentes e nós nunca encontramos dificuldades pa-ra poder utilizá-las. O sistema de re-serva sempre funcionou bem e nun-ca tivemos problemas com isso”.

Mas nem todos consideraram o procedimento rápido e fácil desta-cado pelo coordenador. O estudan-te do 2° período de Administração, Anderson do Santos, teve dificul-dade para conseguir utilizar a qua-dra de tênis, chegando a desistir após tentar varias vezes. “Fui atrás dos responsáveis com o requeri-

mento nas mãos. Falei com o Valter e ele respondeu que tinha que fazer o procedimento para encontrar um horário disponível e esperar, pois todos os horários estavam ocupa-dos. Mas ao sair do departamento vi a quadra vazia e acabei desistindo de tentar novamente. É desmotivan-te querer utilizar um local que é dis-ponível para todos e ser impedido”, finalizou o estudante.

O chefe do Departamento e res-ponsável pela quadra de tênis, Val-ter Azevedo, explicou como o alu-no deve proceder para utilizar a quadra: “O que deve ser feito é re-alizar o requerimento e torcer pa-ra que exista o horário vago”. Ele lembrou ainda, que os horários disponíveis são de segunda a sexta. “Ninguém vai instalar a rede pa-ra você no fim de semana, pois po-de ser roubada e geralmente não fi-ca ninguém, portanto você só po-de jogar de segunda a sexta até às quatro horas”, explicou

Mesmo com todas as facilida-des anunciadas pelo coordena-dor do curso, o que se vê na reali-dade é que o sistema apresenta fa-lhas e precisa ser aperfeiçoado pa-ra atender a todos, pois alguns alu-nos conseguem com facilidade um local e outros não, apesar de ten-tar exaustivamente utilizar uma das áreas disponíveis.

Ítalo Rômany

Após três anos em reforma e R$ 6 milhões investidos, foi inaugurado no último dia 20 de outubro, durante as finais dos Jogos Escolares da Pa-raíba, o novo complexo de atletismo da Universidade Federal da Paraí-ba (UFPB), que conta com uma das pistas de corrida mais modernas do país. A área reformada ocupa 25 mil metros quadrados, e tem como prin-cipais novidades a arquibancada co-berta com 1.106 lugares, pista para salto em distância, arremessos de pe-so, dardo e disco, vestiário, sala an-tidoping e bioquímica, departamen-to médico, sala para aquecimento e depósito para equipamentos. A nova pista de atletismo é o primeiro passo para a implementação da Vila Olím-pica Pessoense, que seguirá com as reformas das piscinas e dos ginásios poliesportivos.

A pista foi reconstruída utilizan-do-se o piso emborrachado spor-tflex, o mesmo usado nos Jogos Olímpicos de Londres deste ano. No Brasil, só existem duas seme-lhantes, uma no estádio do Enge-nhão, no Rio de Janeiro, e outra na Vila Olímpica de Manaus. Des-sa forma, a UFPB ajudará a Paraí-ba entrar na rota para conseguir se-diar eventos esportivos de porte in-ternacional. O primeiro, já confir-mado, será os 18 Jogos Sulamerica-nos Escolares, que serão disputados entre os dias 29 de novembro e 6 de dezembro deste ano em Natal (RN). Como a cidade não possui uma pis-ta adequada, a competição de atle-tismo será disputada em João Pes-soa e contará com de mais de 800 participantes entre atletas, técnicos,

dirigentes e organizadores, de 12 países da América do Sul.

VALORIZAÇÃOO novo complexo terá um papel

essencial na construção da valoriza-ção do esporte e na busca de novos talentos para o atletismo paraibano. É o que ressalta o chefe de departa-mento de Educação Física da UFPB, professor Valter Azevedo. Outro fa-tor importante é que a população de João Pessoa terá a oportunidade de assitir a grandes eventos da modali-dade que antes só eram possíveis pe-la televisão.

O técnico Pedro Almeida (Pe-drinho), que já descobriu e treinou grandes talentos, a exemplo de Ba-sílio Emídio, afirmou que, com a re-forma da pista finalizada, o atletismo ganhará força dentro do estado, já que não existem incentivos na área. “Essa nova pista vai permitir a cria-ção de escolinhas de atletismo para

crianças e adolescentes. Esses novos atletas terão muito mais ânimo pa-ra treinar e eles não precisarão sair do estado para se desenvolver”, disse Pedrinho. Mesmo pensamento te-ve o secretário de Juventude, Espor-te e Lazer da Paraíba, Zé Marco, ao afirmar que investimentos como esse são importantes para a consagração do atletismo no estado. “Esperamos ter atletas, formados aqui, nas Olim-píadas do Rio de Janeiro, em 2016”, comentou.

Entretanto nem todos terão aces-so à pista para a prática do esporte. Segundo o professor Valter Azeve-do, a prioridade será dada aos aca-dêmicos dos cursos de Educação Fí-sica e Fisioterapia da UFPB, aos alu-nos que participam das escolinhas de atletismo e aos atletas profissio-nais. “A população em geral não po-derá fazer caminhadas como fazem na praia, por exemplo”, afirma. O motivo dessa restrição é evitar o des-

gaste prematuro da pista e aumentar sua durabilidade, exigência feita pe-la Confederação Paraibana de Atle-tismo.

A estudante de Educação Físi-ca Vanessa Araújo afirmou que a UFPB vem ganhando diversos espa-ços como este de um tempo para cá. “Muitas pessoas acham que o espor-te não é importante. Com este novo equipamento teremos a oportunida-de de mudar esta realidade em nos-sa cidade”, diz.

Já a estudante do mesmo cur-so Ana Claúdia criticou o valor da obra. “Infelizmente nosso departa-mento necessita de várias melhorias. A UFPB poderia ter investido numa qualidade de pista menor. O dinhei-ro que sobrasse poderia ser usado para recuperar outras áreas, a exem-plo dos ginásios esportivos que es-tão com os pisos desgastados. Torço para que não seja mais um elefante branco”, enfatizou.

estrutura

No Brasil, pista com a mesma qualidade só é encontrada no Rio de Janeiro e em Manaus

Estudante disputa as finais de atletismo dos Jogos Escolares da Paraíba. Obra custou R$ 6 milhões e durou três anos

Handebol feminino leva prata nos JUBS

Marcelo Napolis

A equipe de handebol femi-nino da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conquistou a medalha de prata nas Olimpí-adas Universitárias JUBS 2012, disputado em Foz do Iguaçu, no Paraná entre 18 e 27 de ou-tubro. As meninas foram derro-tadas na final pela forte equipe do Universo, do Rio de Janeiro, por 31 a 10 e ficaram com o vi-ce-campeonato da segunda di-visão, garantindo o acesso para a elite do handebol universitário feminino em 2013.

O treinador Sílvio Lago ficou entusiasmado com o resultado obtido por suas atletas: ”Nossa conquista foi maravilhosa. Não foi fácil. Nós enfrentamos equi-pes fortes, como a do Univer-so, que tem jogadoras atuando na Liga Nacional. Por isso, estou muito contente”, afirmou.

A Paraíba terminou as Olimpíadas Universitárias com a melhor campanha dos últimos dez anos. As equipes que representaram o estado retornaram do Paraná com se-te medalhas conquistadas. Fo-ram três de ouro (futsal mas-culino, futsal feminino e atle-tismo), três de prata (handebol feminino e duas no atletismo) e uma de bronze (atletismo).

A delegação paraibana foi composta por 106 atletas, sen-do 36 da UFPB, que compe-tiram no voleibol masculino e feminino, handebol femini-no, natação e judô. Como com-paração, Amazonas e São Pau-lo foram os estados com as du-as maiores delegações, com um total de 143 atletas inscritos.

A cidade paranaense sediou esse ano pela primeira vez as Olimpíadas Universitárias Brasileiras. Cerca de 4 mil pes-soas, entre atletas, técnicos e dirigentes, desembarcaram na cidade para disputar oito mo-dalidades masculinas e femi-ninas: basquete, futsal, hande-bol, vôlei, atletismo, judô, na-tação e xadrez.

HIsTóRIAOs Jogos Universitários Bra-

sileiros foram regulamenta-dos pelo Decreto-Lei nº 3.617, de 15 de setembro de 1941. No inicio os jogos eram disputados de dois em dois anos. A partir de 1968, eles deixaram de ser bienais e passaram a ser anuais. Na década de 1990 houve pro-blemas financeiros no repasse de dinheiro do Ministério dos Esportes para a realização dos Jogos e eles deixaram de ser re-alizados por alguns anos.

A partir de 2005, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) as-sumiu a organização do even-to em parceria com a Confe-deração Brasileira de Despor-tos Universitários. Nesse ano foi realizado o 53º JUBS em Recife-PE, a partir dessa com-petição os Jogos Universitá-rios passaram a ser chamados de Olimpíadas Universitárias Brasileiras. O objetivo do COB era popularizar e dar maior vi-sibilidade à competição com a mudança do nome.

UFPB inaugura primeirocentro de atletismo do NE

Opções para manter a boa forma

Fotos: Bruna Coutinho

Quadra vazia demonstra que sistema de acesso à área esportiva precisa ser melhorado

Fotos: Bruna Coutinho

Page 13: Questão de Ordem 2012.1

13JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

cultura

Produções paraibanas ganham destaque em festivais de cinema

Phillipe Xavier

O cinema paraibano tem passa-do por grandes transformações. Ini-ciativas de profissionais gabaritados e de jovens cineastas vêm chaman-do a atenção de apreciadores da sé-tima arte, ao mesmo tempo em que garantem fôlego às novas produções.

Como ações que contribuem para essa nova conjuntura, poderiam ser citados os investimentos de órgãos como o Fundo Municipal de Cultura (FMC), o Fundo de Incentivo a Cul-tura (FIC), do Governo do Estado, e de entidades ligadas às artes, além do acesso a tecnologia e da criação de novos cursos superiores que vi-sam capacitar interessados em atuar na área. O resultado é o prestígio e a participação cada vez maior de cur-tas e longas-metragens feitos aqui em festivais no Brasil e no exterior.

Bertrand Lira, professor do de-partamento de Mídias Digitais da UFPB, é um dos exemplos de pa-raibanos renomados que adquiri-ram respeito no meio do audiovisu-al. Um de seus últimos trabalhos, o documentário “O Diário de Márcia”, esteve presente na 14ª edição do Festival Internacional de Cinema LGBT da cidade de Tessalônica, na Grécia, e no 28º Festival Ibérico e Latinoamericano de Lyon, na Fran-ça. “O festival é um espaço, um lu-gar importante para a exibição e pa-ra fazer esses filmes, no caso curtas, chegarem ao público; também é um lugar para contatos e divulgação da sua arte entre outros profissionais”, observa Bertrand.

Segundo ele, grande parte do prestígio que a Paraíba está tendo

no setor vem das participações fre-quentes de obras oriundas daqui em premiações; mais uma razão seria a facilidade do acesso a meios tecno-lógicos e a ascensão de equipamen-tos digitais, que têm impulsionado e gerado interesse de jovens e peque-nos produtores.

“O digital fez com que a produ-ção se democratizasse; hoje, as pes-soas podem se expressar com celu-lares e câmeras amadoras”, consta-ta Bertrand. Ainda sobre o tema, ele exemplifica os efeitos de tais con-figurações: “um aluno do curso de Rádio e TV fez um curta-metragem utilizando apenas uma fita MiniDV

e ganhou o prêmio de 15 mil reais do Canal Brasil no Festival de Cine-ma de Pernambuco”.

Gerações distintasOperando como realizador de am-

pla importância, o cineasta Marcus Vilar, que já desempenhou atividades de grande impacto para o audiovisu-al paraibano, tem no currículo obras notáveis como “A Canga” e “O Senhor do Castelo”. De acordo com ele, a po-sição de destaque alcançada pelo ci-nema de nosso estado não vem de hoje; foram diversas as produções que abriram caminho para o atual contex-to. “As gerações passadas foram fun-

damentais para que o cinema parai-bano atingisse esse patamar; traba-lhos de Walfredo Rodrigues, na dé-cada de 20, e de Linduarte Noronha, cuja obra de maior repercussão foi o premiado ‘Aruanda’, de 1959, encon-tram-se entre os principais materiais que obtiveram reconhecimento no Brasil e no exterior e ajudaram a se-dimentar a arte de novos profissionais do ramo”.

Com filmes como “O Plano do Cachorro” e “Um Fazedor de Fil-mes”, Arthur Lins está entre os jo-vens que vêm se firmando como uma das promessas para a nova fa-se do cinema paraibano. Ele, que é

produtor cultural do Pólo Multimí-dia da UFPB, se diz otimista. “Esta-mos vivenciando um momento bas-tante estimulante em que muitas pessoas querem dedicar-se ao ato de fazer cinema, isso é ótimo”, co-memora. “Além disso, a abertura de editais para captação de recursos e de espaços para profissionalização e capacitação traz entusiasmo e moti-vação àqueles que pretendem viver de sua arte”, reforça Arthur.

Outras iniciativasAções importantes para a afirma-

ção do cinema não ocorrem apenas através da concretização dos proje-tos, mas também pelas formas de di-fusão das obras. O Tintin Cineclu-be, que acontece na Fundação Espa-ço Cultural da Paraíba (Funesc) to-das as quartas-feiras, às 19h30, é um exemplo de iniciativa que permite que curtas e longas-metragens – pa-raibanos, nacionais e internacionais –, muitas vezes produzidos de forma independentes e fora do circuito, es-tejam ao alcance da população.

Liuba de Medeiros, coordenadora do Tintin, explica um pouco da for-ça que a atividade tem entre os ci-néfilos daqui: “nosso cineclube é de grande valor para a cidade e para o estado porque, além de ser o que se mantém há mais tempo, apresentou a muita gente o cinema feito na Pa-raíba”. Com oito anos de existência, o Tintin Cineclube procura, ainda, promover diálogos entre diretores, produtores e os demais interessados. Para juntar-se ao grupo, é só ter boa vontade e estar disposto a conhecer mais sobre a sétima arte; a experiên-cia promete ser enriquecedora

Virgínia Duan

No mercado da tecnologia, os brasileiros encontram-se eu-fóricos para adquirir televisões com resolução em FULL HD, o chamado “cinema em casa”. Mas poucos sabem que uma nova tec-nologia é capaz de reproduzir imagens em uma qualidade cinco vezes superior à da TV mais mo-derna do mercado, seu nome: 4K.

Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) esta tecnologia é um dos focos de trabalho do La-boratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAViD), grupo que reú-ne amantes da informática e do cinema com objetivo de unir téc-nica e arte para um melhor apri-moramento dessa mídia digital.

Manoel Silva, bolsista do Pro-jeto de Cinema ligado ao LAViD, alega que sua maior motivação para trabalhar com a tecnologia 4K foi o fato de ela proporcionar uma maior democratização do acesso ao conteúdo digital.

“A ideia inicial do projeto dos pesquisadores do laboratório foi desenvolver soluções baratas pa-ra armazenamento, transmissão e exibição de vídeos de altíssima resolução que permitissem a dis-seminação de salas de cinema 4K

por todo o país, levando em con-ta as limitações atuais da infra-estrutura da Internet e seu custo elevado de utilização”, afirmou.

A imagem com resolução 4K (4096 linhas por 2160 colunas) representa um avanço de resolu-ção no campo cinematográfico, pois proporciona um maior ar-mazenamento de informações, garantindo uma melhor qualida-de visual do filme. O LAViD es-tá tendo suas pesquisas bem acei-tas em cada evento que participa.

“O nosso projeto relativo ao tratamento de imagens em 4K encontra-se em fase de especifi-cação de um repositório, que irá permitir o armazenamento e a distribuição de vídeos de altíssi-ma qualidade. Nele, serão imple-mentados técnicas que ajudarão a garantir a preservação da inte-gridade das imagens ao longo do tempo; também serão adotadas políticas de segurança para im-pedir cópias não autorizadas no processo de distribuição dos ví-deos para as salas de cinema”, ex-plicou Manoel.

Custo-benefícioComo a tecnologia é voltada

para uma melhor qualidade do cinema, o pesquisador do LAViD

e cineasta Carlos Dowling, tem uma visão teórica e prática do as-sunto. Para ele, esta inovação do vídeo digital veio facilitar a pro-dução do cinema paraibano.

“O cinema digital cria facilida-des em diversos aspectos para o cinema produzido na Paraíba pelo barateamento nos modos de cap-tação e pós-produção de imagens e sons, e, também. pela efetivação de redes digitais de exibição au-diovisual, favorecendo e facilitan-do a propagação e circulação das obras locais”, esclarece Downling.

Sobre o custo de produção através da tecnologia 4K, Mano-el concorda com Dowling e re-afirma o poder econômico des-ta inovação para o cinema: “com a substituição dos filmes em pe-lícula por imagens gravadas no formato digital, o custo de pro-dução de vídeos cai consideravel-mente; os discos rígidos e as me-mórias flash estão continuamente aumentando suas capacidades de armazenamento, tornando viá-vel a utilização de tais meios para a gravação de vídeos de alta reso-lução. A distribuição poderá tam-bém ser barateada com a utiliza-ção de redes de computadores co-mo a Internet”.

Há quem diga que o cinema

digital – principalmente após o desenvolvimento da tecnologia 4K – vá substituir a película, e há pessoas, como Carlos Down-ling que acreditam que esta subs-tituição não irá ocorrer, surgindo apenas um interesse particular na

estética que cada recurso oferece. Mas no meio de tantas discus-

sões, um fato é inegável: a tecno-logia 4K tornou-se preferência para o cinema e sua consolidação no mercado está cada vez mais forte e abrangente.

Professor Bertrand Lira teve muitas de suas produções presentes em eventos cinematográficos de grande importância

Foto: Marina Cavalcante

Manoel Silva, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia 4K

tecnologia promete revolucionar a sétima arte

Cineastas premiados e renomados no meio audiovisual da Paraíba falam sobre a condição atual do setor em nosso estado

Foto: Flávia Tabosa

Page 14: Questão de Ordem 2012.1

14 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPBcultura

Editora Marca de Fantasia lança revista acadêmica sobre HQs

Nova sala de concertos é construída na UFPB

Jéssica Figueiredo

Superman, Batman, Sandman, Hellblazer, X-Men, Liga da Justiça. Esses são apenas alguns dos persona-gens que compõem milhares de his-tórias em quadrinhos publicadas ao redor do mundo. Personagens únicos, que hoje fazem parte do gosto pessoal de milhões de pessoas e as inspiram a criar suas próprias histórias. Foi pro-curando uma forma de publicar e di-vulgar estas novas e independentes histórias que Henrique Magalhães, professor do departamento de Mídias Digitais, criou a Marca de Fantasia, editora paraibana especializada em lançar livros e HQs no mercado.

“A Marca existe desde 1995, publi-cando obras de artistas paraibanos, na-cionais e até internacionais. A edito-ra sempre contou com o apoio da Uni-versidade Federal da Paraíba (UFPB), até porque ela foi fundada a partir do nosso grupo de pesquisa, porém, qua-se nenhuma das publicações que lan-çamos vem de pessoas da universida-de”, conta o professor.

Responsável por promover o diá-logo das produções dos alunos com o universo dos quadrinhos, a Marca de Fantasia lançará neste mês de novem-bro a terceira edição da revista Imagi-nário!, publicação que reúne materiais

produzidos pelos alunos.Artigos, pesquisas concluídas, re-

senhas e ensaios que analisam as HQs sob um ponto de vista acadê-mico e analítico integram a revis-ta, que tem sua divulgação somente no meio virtual. “Fazer a revista ape-nas em versão eletrônica foi uma de-cisão do nosso grupo; nós percebe-mos que, com a revista saindo ape-nas na internet, ela ganharia um al-cance muito maior, além de eliminar os custos com a impressão e divulga-

ção”, explica o professor. A revista também abre espaço pa-

ra alunos de outros cursos da uni-versidade que tenham interesse em argumentar e escrever sobre quadri-nhos e fanzines. “Nós já recebemos materiais de alunos de outros cursos da UFPB, inclusive até de outras uni-versidades, e alguns deles já entra-ram para a revista”, conta Henrique.

O professor afirma que o conteúdo recebido passa por um “crivo edito-rial”, que observa os critérios do tex-

to e seleciona os mais adequados pa-ra aquela edição. Depois, há um pro-cesso de diagramação e a disponibili-zação na internet. “A revista fica aber-ta para divulgação e, quem quiser, é só me mandar um e-mail pedindo as edições antigas, que envio; infeliz-mente, nosso site não tem estrutura para colocar todas”.

viSãO ACADêMiCATanto a revista quanto o grupo de

pesquisa - que discute não só sobre

quadrinhos, mas também sobre hu-mor e jogos de videogame - serve como ponto inicial para os estudan-tes que estão procurando um pri-meiro contato com textos acadêmi-cos. Foi o caso da Paloma Diniz, es-tudante que confessou ter aprendido a escrever resenhas e artigos depois de entrar para o grupo.

“Com apoio deles, eu aprendi a fa-zer projetos e seminários e até fui sele-cionada para apresentar no Congres-so Viñetas Serias, na Argentina; já tive um artigo e uma resenha publicada na revista e isso ajudou muito na minha vida acadêmica”, conta.

A relevância da Marca de Fantasia ultrapassa as extensões da universida-de, e ganha valor também em territó-rio nacional, é o que explica Manassés Filho, dono da principal loja de qua-drinhos da capital, a Comic House. Se-gundo ele, a editora tem uma impor-tância crucial para as publicações da cidade. “A Marca é a porta de entrada para escritores e ilustradores paraiba-nos ganharem reconhecimento nacio-nal, até porque Henrique é um editor cuidadoso que trata o livro como uma obra de arte”, elogia.

A terceira edição da revista Imagi-nário! recebe materiais acadêmicos até o dia15 de novembro e pretende ser lançada em dezembro deste ano.

Rafael Andrade

Até o final deste ano, a escola de música da Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB) terá um grande auditó-rio que servirá como sala de concer-to. Para isso, estão sendo realizadas di-versas obras no local e a intenção é du-plicar as atuais instalações do Departa-mento de Música (Demus) e Departa-mento de Educação Musical (Dem).

O novo espaço, que terá o nome do famoso maestro paraibano Rade-gundis Feitosa, falecido precocemen-te em um acidente de trânsito em ju-lho de 2010, contará com 312 lugares, fosso para orquestra e um grande pal-co; o principal objetivo é que a sala seja utilizada para a realização de diferentes espetáculos musicais.

De acordo com o subchefe do De-partamento de Música, Marcílio Ono-fre, a sala de concerto inaugurará su-as atividades ainda este ano com gru-pos musicais dos Departamentos de Música e de Educação Musical. “Esta-mos marcando eventos para novem-bro com a esperança de que a primeira fase da construção da sala de concerto esteja pronta”, afirma.

O auditório Gerardo Parente, loca-lizado no Demus, é atualmente o úni-co espaço para os alunos se apresenta-rem e tem estado sobrecarregado com a abertura dos novos cursos de músi-ca. Com a nova obra sendo concluída, apenas os pequenos concertos, como recitais, acontecerão no antigo local.

Projeto que está sendo desenvol-vido desde 2008, a Sala Radegun-dis Feitosa será de uma importância

significativa não só para o Demus, mas para toda comunidade musical da Paraíba, pois é a primeira sala de concerto no estado.

“O que a gente quer é, de fato, dar para a sociedade um espaço acolhe-dor, onde todos possam assistir nos-sos concertos de uma maneira confor-tável, e, da mesma forma, oferecer aos nossos alunos um espaço mais próxi-mo de um ambiente real, ou seja, das salas de concertos do Brasil e do exte-rior”, explica Marcílio.

Os alunos Wellinton Lima e Celso Augusto, da Escola de Música, serão alguns dos beneficiados com as novas salas e falam de suas expectativas. “An-tes, a gente possuía apenas um auditó-rio para todos os alunos, com dificul-dade de marcar pauta, tanto para fa-zer ensaio como para apresentação; um espaço a mais vem em boa hora”,

analisa Wellinton. Celso complemen-ta: “musicalmente ganharemos muito porque teremos a experiência de tocar numa sala de concerto onde a acústica foi pensada para favorecer a música”.

ProgramaçãoEnquanto a universidade presencia

poucos eventos musicais, a constru-ção da sala de concerto também pre-tende acrescentar mais atividades no campus durante os finais de semana: “nós queremos fazer concertos aqui aos sábados e domingos sem que se-ja preciso abrir a Escola de Música; ou seja, as pessoas que vão assistir o con-certo não precisarão passar pelo de-partamento, apenas entrarão na sa-la de concerto.”, planeja Marcílio. Os concertos realizados na sala Rade-gundis Feitosa serão gratuitos e aber-tos ao público em geral.

Professor Henrique Magalhães, responsável pela editora Marca de Fantasia; capa da primeira edição da revista Imaginário!

Foto: Giovanna Ismael

Site resgata memória histórica de João Pessoa

Samara Araújo

O site Memória João Pessoa, de-senvolvido por alunos da Univer-sidade Federal da Paraíba (UFPB), promove o resgate histórico cultu-ral da capital paraibana. Em entre-vista ao Questão de Ordem, uma das professoras responsáveis pelo proje-to, Maria Berthilde Moura Filha, do Departamento de Arquitetura, afir-mou que, além do resgate, ele tem como objetivo levar informações a toda a população.

“O que queremos é que este ti-po de informação produzida no meio acadêmico se torne útil pa-ra conscientizar a população so-bre a necessidade de preservar a ci-dade e sua história, fazendo do si-te uma ferramenta de educação pa-trimonial”, afirma. Berthilde ainda relata que a iniciativa surgiu a par-tir do próprio trabalho de gradua-ção que já trazia um inventário so-bre todos os edifícios que são tom-bados na cidade.

O site está no ar desde 2007, mas foi só a partir de 2011 que ganhou colaboradores capacita-dos que puderam melhorar o de-sign da página, solucionando os problemas técnicos que a mesma apresentava por ter sido inicia-da sem o devido apoio de pesso-as da área de informática. Em ca-ráter geral, o conteúdo do portal “é definido mediante pesquisas já desenvolvidas no curso de arqui-tetura da UFPB, ou pela evidên-cia que estão tendo no momento, a exemplo da igreja da Misericór-dia, em função de sua recente res-tauração, ou o Ponto de Cem Réis,

pelo mesmo motivo”, pontua a co-ordenadora Maria Berthilde.

Conhecendo o siteAtravés de um passeio virtual pe-

la página, é possível tomar conheci-mento do patrimônio que registra a história e a memória da cidade de João Pessoa. Os alunos têm a preo-cupação de mostrar detalhadamen-te os edifícios mais significativos e os sítios urbanos que dão identida-de à cidade. Além disso, o site conta com fotos, vídeos produzidos e edi-tados pelos próprios alunos, e, tam-bém, com uma editoria voltada para eventos que acontecerão na cidade.

O Memória João Pessoa con-tém informações que podem ser úteis àqueles que estudam o patri-mônio de João Pessoa, aos cidadãos que desejam conhecer um pouco mais sobre sua cidade e àqueles que aqui chegam atraídos por um local que guarda em sua arquitetura parte significativa da sua história.

O projeto está vinculado ao pro-grama de bolsas de extensão e a se-leção do alunado participante con-ta com prova específica da extensão, avaliação do Coeficiente de Ren-dimento Escolar (CRE) e entrevis-ta com os coordenadores do proje-to, os professores Maria Berthilde e Ivan Cavalcanti Filho.

O site firmou parcerias com o Instituto do Patrimônio Históri-co Artístico e Nacional (Iphan) e o Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), mas apenas a nível divul-gação do site. Ele pode ser acessa-do no endereço: www.memoriajoa-opessoa.com.br.

Primeira fase das obras da sala de concertos deve estar finalizada até o final deste ano

Em sua terceira edição, Imaginário! explora universo dos quadrinhos através de projetos, ensaios, artigos, resenhas e entrevistas

Música Mundo virtual

Foto: Melissa Fontenele

Foto: Marina Cavalcante

Page 15: Questão de Ordem 2012.1

15JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

cultura

Direito e arte se encontram em livro indicado a prêmio

Melissa Fontenele

Em 1959, era realizada a primei-ra edição do Prêmio Jabuti de Litera-tura, promovido pela Câmara Brasi-leira do Livro. De lá para cá, nomes como Jorge Amado, Clarice Lispec-tor, Carlos Drummond de Andra-de e Chico Buarque estiveram en-tre os contemplados com a estatue-ta. São 54 anos de história e 29 cate-gorias que garantem ao Jabuti o títu-lo de maior e mais completo prêmio de literatura nacional.

A lista dos finalistas deste ano in-cluiu “A Cegueira da Justiça – Diálo-go Iconográfico entre Arte e Direito”, livro de autoria do professor da Uni-versidade Federal da Paraíba (UFPB) e procurador Marcilio Franca. A obra, indicada na categoria Direito, faz uma análise de como a venda e a visão de Têmis, a deusa grega da jus-tiça, foram representadas ao longo dos séculos pela arte ocidental.

Em seu gabinete, no Tribunal de Contas do Estado, o professor Mar-cilio recebeu a equipe do Questão de Ordem para uma conversa sobre sua indicação, seu livro e projetos futuros.

Questão de Ordem: “A Cegueira da Justiça” foi eleito um dos dez me-lhores livros jurídicos do ano pe-lo Prêmio Jabuti. Qual foi a impor-tância de estar entre os indicados?Marcilio Franca: Eu fiquei muito feliz, porque é um prêmio de bas-tante prestigio na literatura nacio-nal. Ser um dos dez mais importan-tes do ano já me deixa honradíssi-mo. O fato de não ter escrito exata-mente um livro técnico, e sim um livro que foge do padrão por tra-tar de uma área pouco explorada no Brasil, mostra uma abertura da in-dústria editorial para novas possibili-dades do direito falar com a cultura.

QO: O que a indicação ao Prêmio Jabuti representou na sua vida pro-fissional e pessoal?MF: Profissionalmente, a indicação ao prêmio me deu chance de con-versar com mais pessoas, abriu no-vas janelas de oportunidades, novos diálogos com professores de outras cidades, alunos interessados. Pesso-almente, foi ter meu trabalho reco-nhecido no meio de tantos, como uma legitimidade da minha pes-quisa. Uma indicação como essa dá respaldo, indica que você está no caminho certo.

QO: Em sua opinião, quais foram os itens analisados para que o livro fosse indicado?MF: Eu acho que o júri certamente ficou interessado pelas novas pers-pectivas que eu menciono, detec-tando a contradição de que o direi-to é cada vez mais visual, mas a re-presentação da justiça ainda está de olhos vendados. Por que essa con-tradição? Isso pode ter despertado o interesse do júri.

QO: No livro é abordada a relação entre arte e direito. Como funciona essa interação?MF: Há muito tempo eu me interes-so por esse diálogo e percebi que es-sa relação existe em pelo menos qua-tro modalidades diferentes: o direito que cuida da arte, como normas que dizem respeito à propriedade inte-lectual do artista; a arte que cuida do

direito, com filmes e romances; a ar-te como um direito, em que se pode usufruir da literatura, pintura, etc; e, por fim, aquela que vê o próprio di-reito como uma arte, a arte de con-vencer, de persuadir. O livro trata de como a arte vê o direito e como re-presenta Têmis, a deusa da justiça.

QO: Como foi o processo para construir essa relação? MF: O livro foi sendo amadurecido ao longo dos últimos seis anos. Eu sempre estudei fora, então quando visitava um museu ou uma bibliote-ca e via alguma imagem interessan-te, eu registrava. O livro foi constru-ído com bibliografia de diversas ori-gens, dada a essa multiplicidade de lugares por onde passei. Não é mui-to habitual juristas tratarem dessa re-lação entre arte e direito. Na ver-dade, no Brasil, é raríssimo. Por is-so, o processo de criação do livro foi vagaroso.

QO: O interesse pelo direito co-mo arte surgiu de que forma?MF: O interes-se surgiu a par-tir do momen-to em que eu constato que du-rante muito tempo a deusa da jus-tiça foi retratada com boa visão, e apenas a partir do século XV é que houve uma mudança e a deusa pas-sa a ser costumeiramente mostrada com uma venda. Cada vez mais, ad-vogados e juízes se valem de estraté-gias visuais nas salas de audiências e mesmo assim a justiça continua sen-do representada dessa forma. A par-tir desse paradoxo, me interessei em estudar o porquê dessa venda, em que momento ela desaparece, se é negativa ou positiva.

QO: O seu livro foi escrito em vá-rios lugares, como Paris, veneza, Florença e Londres. Depois des-sas vivências, sua ideia original sofreu mutações?MF: Ah, sim. Ao longo do caminho, o projeto inicial foi completamen-te reformulado. Eu sempre brinco com meus alunos dizendo que a im-portância de um projeto de pesqui-sa não é fixar o seu ponto de chega-da, é fixar seu ponto de partida. Co-mo você vai construir seu caminho, é sua caminhada que vai estabele-cer. A princípio, achei que o livro ia seguir uma direção, mas fui surpre-endido pelo resultado. Um exemplo foi o quadro do pintor paraibano Flávio Tavares. Fui visitar um ami-go e na porta do seu escritório es-tava esse quadro da Justiça, daí saiu

boa parte de um dos capítulos do livro.

QO: O senhor já publicou ou-tros livros, mas nenhum se-gue a linha de “A Cegueira da Justiça”. Como foram recebi-das as críticas?MF: Esse li-vro foge de to-dos os meus li-vros publicados

por causa desse viés cultural. En-tretanto, apesar dos outros serem livros mais técnicos, eles possuí-am influências artísticas. No livro “O Silêncio Eloquente”, eu trato de conceitos jurídicos utilizando exemplos de óperas e artes visuais. Esse último livro, de fato, é o mais cultural, tanto que ele abriu-se a um público não necessariamente jurídico e o retorno que tenho re-cebido é muito interessante. O li-vro, inclusive, foi muito bem rece-bido pelos artistas.

QO: Então isso aproximou os artis-tas dos juristas.MF: Um dos leitores ficou surpre-so, pois nunca imaginou qualquer ti-po de ponto de contato entre artes e direito. No máximo, o fato do direi-to cuidar da censura ou plágio, mas sempre para o lado negativo. Ele foi surpreendido por esse tipo de leitura.

QO: O direito é visto como uma ci-ência racional, enquanto a arte é uma manifestação emocional. O senhor acha que um dia os dois po-derão ser vistos próximos?MF: Eu acho que sim. Essa ideia de que o direito é algo puramente ló-gico, perde a cada dia mais força diante da constatação óbvia de que o direito e a arte tem uma raiz co-mum, a cultura humana. Como fa-lei, há quatro pontos de contato en-tre arte e direito, mas na verdade a principal lição que tirei ao concluir o livro é que há um quinto modelo de interação: a arte que fala ao di-reito, sem falar do direito. É possí-vel tirar uma grande lição para uma questão jurídica qualquer num livro de literatura ou num poema.

QO: Algum novo projeto em vista?MF: Sim, na verdade eu estou me dedicando a alguns outros escri-tos. Esse trabalho inicial sobre as re-lações entre direito e cultura me le-vou a estudar o ponto de ligação en-tre os sistemas comunicacionais es-critos e pictóricos e ao conceito de traço e linha. A princípio pode pare-cer mais uma viagem filosófica, mas é um conceito fundamental ao direi-to e a cultura humana em geral.

QO: O senhor acredita que ainda há espaço para o livro no mundo midiático em que vivemos?MF: Eu acredito que sim. A tecnolo-gia incorpora novas mídias e não as elimina, o prazer físico de ter um li-vro continua perdurado por muito tempo. Eu sou um otimista.

Professor Marcílio Franca, um dos finalistas ao prêmio Jabuti com o livro “A Cegueira da Justiça”, que trata da relação entre Direito e arte

Não é habitual juristas tratarem da relação entre arte e direito. No Brasil, é

raríssimo.

Foto: Melissa Fontenele

“A Cegueira da Justiça”, do professor Marcilio Franca, fica entre os dez melhores livros jurídicos do Jabuti

MilagreApós fazer a “última oração”

para o reitor, em 2011, os alunos do curso de Mídias Digitais tiveram suas preces atendidas: o prédio do Departamento de Mídias Digitais finalmente foi inaugurado em 1º de novembro. A unidade de 1.000 m² atenderá cerca de 180 alunos em estrutura que conta com qua-tro salas de aula, laboratórios de informática, web imagem digital e edição. Na primeira quinzena deste mês, o reitorado de Rômulo Polari encerra, mas ele promete a inaugu-ração de todas as outras obras do Reuni previstas para este ano.

ColoridosLigado ao Programa de Pós-

Graduação em Comunicação, um grupo de pesquisadores ini-ciou um concurso que tem por objetivo fomentar a discussão e a produção artística sobre as rela-ções entre o mesmo sexo, o “HQ e Homossexualidade”. No dia 9 de outubro foram selecionadas 15 histórias entre as 23 inscritas, considerando a pertinência ao tema do concurso, a originalida-de da arte e a clareza narrativa, com autores brasileiros e estran-geiros. As obras entrarão num ál-bum a ser editado ainda este ano pela editora Marca de Fantasia.

SupletivoO Centro de Educação da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) oferece no Campus I o curso de supletivo gratuito, com duração de 1 ano e 2 meses, para pessoas com mais de 18 anos. As inscrições estão abertas de 5 a 26 de novembro no Núcleo de Edu-cação de Jovens e Adultos, entre 8h e 20h. Serão disponibilizadas 100 vagas no período da tarde e 80 no período da noite para aulas que começam em 26 de novembro.

PeriódicosUFPB lançou um novo portal

de periódicos científicos eletrôni-cos. A página, que passou por sua segunda reformulação, tem visual inspirado na pedra de Ingá (PB) e oferecerá aos usuários um layout mais amigável e tráfego mensal de dados, a partir da página, da ordem de 4GB utilizando a última versão do Open Journal System (OJS), software livre. O portal tem como objetivo disponibilizar peri-ódicos científicos elaborados por pesquisadores da instituição para a comunidade científica nacional e internacional. A iniciativa é da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa em parceria com o Pro-grama de Pós-Graduação em Ci-ência da Informação.

Breves

MinicursoSerá realizado de 12 a 14 de

novembro na UFPB o minicurso sobre o cientista político Antônio Gramsci, abordando a sua filosofia da práxis (como ele chama o Mar-xismo). Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas, em parceria com o Nú-cleo de Direitos Humanos (NDH), o evento ocorrerá no auditório da Central de Aulas do CCHLA no campus I. As inscrições são gratui-tas e estão abertas na Secretaria do programa de pós-graduação. Qual-quer interessado pode participar.

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16 JOÃO PESSOA - PARAÍBA5 A 11 DE NOVEMBRO DE 2012Jornal do Laboratório do Curso de

Jornalismo da UFPB passatempo

Quem acompanha as edições do Questão de Ordem deve ter percebido a mudança que ocorreu nesta última página. A equipe, depois de muito refletir e tentar bus-car ideias que pudessem contribuir para a melhoria do jornal, optou por transformar uma seção que antes era

dedicada a textos livres em uma página de lazer. O ob-jetivo desta modificação é proporcionar a você, leitor, momentos de diversão e descontração. Diversos jogos e passatempos que utilizam a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a rotina acadêmica e outros elementos

do cotidiano estudantil como temas foram desenvolvi-dos com o intuito de tornar a experiência deste espaço muito mais agradável. Esperamos que nossa missão seja cumprida e que você consiga tirar o máximo proveito das atividades que propomos aqui. Mãos à obra!

Caça palavrasPalavras-cruzadas

Jogo dos sete erros

Quadrinhos

Você sabia?

ATLETIsMO – CANTINA – CENsO – CINEMA – COTAs ECONOMIA – FIsCAL – GREVE – HIsTóRIA – INTERCÂMBIO

LEI – LIVRO – MATRÍCULA – OBRAs – PEsQUIsA PROFIssIONAL – PROJETO – REITORIA – TENCOLOGIA

Resposta: Janela na esquerda; brasão da UFPB na ambuância; luz vermelha na ambulância; ar-condicionado na parte de cima; aviso de proibição ao fumo; flor no jardim; ar-condicionado embaixo da janela da direita.

A Universidade Federal da Paraíba tem 57 anos.

A área total do campus I da universidade é de

1.616.500 m².

Atualmente, a UFPB tem 29.629 alunos matriculados e

distribuídos em 95 cursos.

A universidade tem 3.885 servidores

técnico-administrativos.

A Biblioteca Central contacom cerca de 400 mil livros.

1- Um dos campi da UFPB; 2- É uma cidade da Paraíba; 3- É como chamamos popularmente a cópia que tiramos de algum material; 4- Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes; 5- Não faça a pro-va sem ela; 6- São trabalhos que muitos apresentam em eventos acadêmicos; 7- Quando as aulas são longas, ele se faz necessário; 8- Programa do Governo Federal brasileiro de apoio a planos de reestruturação e expansão das universidades federais; 9- É uma ati-vidade que muitos desenvolvem durante a graduação; 10- A maio-ria dos alunos de medicina e fisioterapia passam por ela após se formarem; 11- Sentimento que muitos alunos sentem quando o se-mestre está próximo de terminar; 12- Centro de Ciências Exatas e da Natureza; 13- Augusto dos (?), poeta paraibano; 14- Seis meses; 15- Considerado um trabalho de conclusão de curso; 16- Vamos para lá quando precisamos estudar ou pegar algum livro; 17- É o que recebemos quando nos formamos; 18- Meio de transporte que diversos alunos da UFPB utilizam; 19- Muitos, quando ingressam na universidade, passam por ele; 20- Alguns recorrem a ele quan-do precisam fazer trabalhos; 21- Menor nota possível; 22- Quando não fazemos uma das avaliações, podemos apelar para ela; 23- É um tipo de pós-graduação; 24- Para descansar, todos esperam an-siosamente por ele; 25- Cuidado, ela pode nos fazer reprovar.

Foto: Melissa Fontenele

Respostas: 1- Bananeiras; 2- Cabedelo; 3- Xerox; 4- CCHLA; 5- Caneta; 6- Artigos; 7- Intervalo; 8- REUNI; 9- Estágio; 10- Residência; 11- Deses-pero; 12- CCEN; 13- Anjos; 14- Semestre; 15- Monografia; 16- Biblioteca; 17- Diploma; 18- Ônibus; 19- Trote; 20- Google; 21- Zero; 22- Reposição; 23- Mestrado; 24- Feriado; 25- Falta.