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parir. Sendo assim, a questão de gênero está diretamente ligada à definiçãodeste papel social: Mãe e Mulher, sob a perspectiva das relações familiares sãoindissociáveis.

O senso comum, ajudado no século XX pela mídia, construiu econsolidou o estereótipo da mulher como o sexo frágil, o ente familiar queprecisa da proteção masculina. Primeiro quem garante esta proteção é o pai –senhor da casa – posteriormente tal legado cabe ao marido – o senhor da casa.

 À mulher cabe a obediência e o subjugo de suas determinações, assim como ocumprimento das obrigações que lhes pertencem “naturalmente”.

Tais concepções formam um escopo de dizeres e práticas sobre o papelda mulher na Família que ganham grande complexidade quando observadosmais profundamente. Vê-se que

Elas também dispõem de possibilidades de ação nãodesprezíveis, tanto mais que a esfera privada e ospapéis femininos conhecem uma constante

revalorização no século XIX, aos olhos de umasociedade interessada no utilitarismo, preocupada comos filhos e atormentada por suas próprias contradições(PERROT, 1991).

 A modernidade e as urgências materiais trazem à tona uma mulher, uma mãede família bem diferente daquela impressa nos romances Românticos dosséculos XVIII e XIX. A mãe/mulher – pelo menos a proletária e a pequenaburguesa – é também força de trabalho, em relação ao homem deve serigualmente produtiva na sociedade industrial. Porém, ao mesmo tempo têm degarantir a manutenção do lar, a criação dos filhos e os cuidados com o marido...Sim! Está-se falando da mulher europeia do século XIX e não da mulherbrasileira do século XX! Percebe-se dessa forma como o processo deindustrialização e a necessidade produtiva alteram as relações familiares e ospapéis sociais da mulher na Família.

Mesmo nas casas onde as mulheres têm um ganhofinanceiro maior do que os maridos, ou mesmonaquelas onde os maridos estão desempregados, elasrealizam uma quantidade muito maior de atividades notrabalho doméstico que eles. Ademais, homens emulheres ainda desempenham distintas tarefasdomésticas como se tais atividades fossem próprias decada um deles. Assim, as mulheres seguem realizandotarefas como cozinhar, lavar e passar enquanto oshomens desempenham tarefas como carpintaria epequenos consertos (WAGNER e COLS., 2005)

Mais do que isso, a grande contradição que se vive hoje:mãe/mulher/trabalhadora/esposa; não é algo recente e nem menoscontraditório do que há quase dois séculos atrás. A industrialização

 “acrescentou” ao papel da mulher na família, a condição de também “sustentar”o lar, de dividir com o marido as obrigações do trabalho “fora” de casa. Noentanto, nesse ínterim, o homem não “dividiu” nenhuma outra função familiar,a não ser timidamente.

 Ainda que a mulher tenha rendimentos maiores que o homem, estes

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ainda são considerados no discurso familiar como um complemento aoorçamento.

Por outro lado, as tarefas domésticas desempenhadas pelos maridos sãopercebidas como uma “ajuda”, expressando a isenção deste da responsabilidadeno desempenho de tais atividades (2005).

Grande parte das funções antes exclusivas das mulheres foi delegada aoEstado: creches, escolas, assistência social, saúde entre outros papéis que antespertenciam quase que exclusivamente à mulher/mãe são divididos com oEstado, este último provém o bem-estar das novas gerações para que asfamílias do presente possam produzir e as proles  futuras mantenham-sesaudáveis física e psiquicamente, garantindo a reposição da força de trabalho.

Os direitos trabalhistas são mais do que conquistas... a licençamaternidade permite à mãe a dedicação exclusiva ao filho sem que lhe falte osrendimentos, é também a garantia de que os todos os cuidados iniciais serãodispensados àqueles que dentro em breve farão parte da população

economicamente ativa! Em países europeus como França, Suécia, Holanda,dentre outros, a licença maternidade pode chegar a 18 meses consecutivos,visto que alguns Estados Nacionais colocaram a conta na posta do lápis e viramque é menos dispendioso fornecer à mãe uma licença prolongada do que terque construir e manter creches para que elas possam voltar ao trabalho. OEstado de Bem-Estar Social pode ser custoso em curto prazo, mas em longoprazo permite a consolidação de uma mão de obra altamente qualificada eemocionalmente equilibrada.

No Brasil, algumas conquistas trabalhistas vêm ao encontro de taisperspectivas, a ampliação facultativa  da licença maternidade, a garantia daamamentação de duas em duas horas, a obrigatoriedade dos municípios emassistir à população com a oferta do ensino infantil de 0 a 5 anos. Todos essesbenefícios garantidos pelo Estado permitem à mãe trabalhar também “fora” decasa, suprir as necessidades da prole e continuar a desempenhar seus papéis.

Percebe-se a relação industrialização e complexidade dos papéis damulher, observando os dados do Censo 2000 no Brasil. Verificou-se que nas unidades da Federação mais industrializadas, o percentualde mulheres que são responsáveis pelo sustento do lar é maior ;

O século XIX e a industrialização criaram uma nova mulher. Para as burguesas: “agora, administram a casa, o grande número de empregados e a famíliaigualmente numerosa” (PERROT, 1991). Já a mãe proletária: precisa multiplicarsuas funções para dar conta dos inúmeros trabalhos que lhe competem. Nagrande cidade, prover o lar não é papel exclusivo do homem, é preciso dividi-locom a mulher e, em alguns casos (no Brasil a média é de 17%) é ela, amulher/mãe, a “chefe” da família – já que esta expressão está intrinsecamente

ligada à questão econômica.,  Para melhor compreender e aperfeiçoar seu conhecimento sobre o tema

reflita leia o capítulos da parte I de seu Livro-Texto, a família sofreumudanças estruturais, principalmente em seu papel para as políticassociais, a assistência à família tem como princípio o respeito àsdiferenças e particularidades de cada contexto, tal como a perspectivados impactos gerados pelas transformações econômicas e sociais noBrasil das últimas décadas, correspondente ao tema 8.

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  Faça a Leitura Complementar que se apresenta no PLT 267 , PolíticaSocial, Família e Juventude, dos autores Mione Apolinário Sales, MaurílioCastro de Matos e Maria Cristina Leal, editora Cortez, 2010.

.  Realize as atividades propostas no Caderno de Atividades para o Tema

8: “Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como FiguraEstruturante”. As atividades são um valioso instrumento para que vocênão apenas fixe os conceitos abordados pelo tema, mas os transformeem competências sólidas na sua formação profissional.

Bibliografia Básica

Política Social, Família e Juventude, dos autores Mione Apolinário Sales, Maurílio Castro de Matos eMaria Cristina Leal, editora Cortez, 2010, Livro-Texto n. 267

Bibliografia Complementar

LÉVI-STRAUSS, Claude. As Estruturas Elementares do Parentesco . Vozes: São Paulo, 1976. ENGELS. F.  A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Bertrand Brasil: São Paulo,

1995.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os

homens . São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BOURDIEU. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de; ALMEIDA, Paulo Henrique. Família e Proteção Social. In: São

Paulo em Perspectiva , 17 (2): 109-122, 2003.

PERROT, Michele. “Os Atores”. In: História   da vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira

Guerra. vol. 4; Cia das Letras: São Paulo, 1991.

Quer saber mais sobre o assunto? Então:

Leia o Artigo:

NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Famílias e patriarcado: da prescrição normativa à

subversão criativa. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 18, n. 1, Apr. 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

71822006000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 8 out. 2014