Download pdf - Reformador 04 abril_2006

Transcript
Page 1: Reformador 04 abril_2006
Page 2: Reformador 04 abril_2006
Page 3: Reformador 04 abril_2006

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Abril, 2006 / N o 2.125

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA e LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: LUIS HU RIVAS

Editorial Compromisso com o Consolador

Presença de Chico XavierDoutrina Espírita – Emmanuel

Entrevista: Rúbia da Costa Guimarães50 anos de dedicação ao livro espírita

Esflorando o EvangelhoEduca – Emmanuel

A FEB e o Esperanto Comovente depoimento, da Hungria, sobreMemórias de um Suicida – Affonso Soares

Páginas da Revue SpiriteA Escola Espírita Americana – Allan Kardec

Seara Espírita

O desenvolvimento progressivo – Juvanir Borges de Souza

O Dia D – Richard Simonetti

O poder da fé para resistir ao estresse –

Aylton Paiva

Homenagem aos 50 anos de Rúbia na FEB

Allan Kardec, discípulo fiel de Jesus –

Adilton Pugliese

Prática Espírita

Mandamento aos Dirigentes Espíritas –

Waldehir Bezerra de Almeida

Retorno à Pátria Espiritual –

Altivo Carissimi Pamphiro

Espiritismo: as causas de sua rápida propagação

– Washington Luiz Fernandes

Fato histórico sobre divulgação da Doutrina –

Oceano Vieira de Melo

O Exorcismo na visão espírita – Carlos Abranches

Em dia com o Espiritismo – Intuição –

Marta Antunes Moura

Comemorações do Sesquicentenário do Espiritismo

Desafios na Casa Espírita – Mário H. de Luna

Retificando...

A hora é avançada – P.-G. Leymarie

A FEB na Bienal do Livro de São Paulo

5

913

17

18

20

22

24

25

27

30

32

35

3839

4041

4

12

15

21

28

36

42

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 3

Page 4: Reformador 04 abril_2006

4 Reformador • Abr i l 2006 112222

Editorial

nalisando o texto do Evangelho de João, onde Jesus promete outro

Consolador para a Humanidade (cap. 14, vv. 15 a 17 e 26), Allan Kardec

fez os seguintes comentários em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap.

VI, item 4):

“Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda

não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai

enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, por-

tanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o

Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este

disse foi esquecido ou mal compreendido.”

“O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao

seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensi-

na todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas.”

“O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem

alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem,

finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que

sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.”

“Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhe-

cimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por

que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela

fé e pela esperança.”

As observações de Allan Kardec evidenciam o compromisso do Espiritismo para

com a Humanidade, na condição de Consolador Prometido, no sentido de “ensinar

todas as coisas e recordar tudo o que Jesus nos disse”. Tornam evidente, também, o

compromisso que os espíritas têm para com o Espiritismo, de trabalhar intensa-

mente com o objetivo de colocá-lo ao alcance e a serviço de todos os homens, pro-

movendo e realizando o seu estudo, a sua divulgação e a sua prática, que estarão

sempre calcados na plena vivência da caridade cristã.

A

Compromissocom o Consolador

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 4

Page 5: Reformador 04 abril_2006

5Abr i l 2006 • Reformador 112233

odos os povos, em todas asépocas, têm recebido o ba-fejo da bondade e da assis-

tência da Divina Providência.Quando dizemos, com Kardec,

que o Espiritismo é de todos ostempos, queremos significar queapenas a Doutrina Espírita codifi-cada é recente, com cerca de umséculo e meio, pois, na realidade, ointercâmbio entre o mundo espiri-tual e o mundo dos encarnados ja-mais deixou de existir.

Sendo o homem essencialmenteum ser espiritual, é lógico que suaparte mais importante nunca setenha desligado da fonte de ondepromana. E como partícula da

Criação Divina, a alma humana,nunca deixou de se voltar, de algu-ma forma, mesmo quando encar-nada, para o Grande Foco criador.

Esse fato pode ser constatadonão só nos períodos históricos.

Mesmo na pré-história, pode-mos afirmar, baseados nos pesqui-sadores, que a idéia de Deus, ou se-ja o sentimento religioso, nasceucom o primitivo homem.

De tal sorte a idéia religiosa estáarraigada no ser humano que po-demos dizer que já era religioso ohomem primitivo das cavernas.

A idéia religiosa não se desliga dohomem em sua marcha ascensional.

Note-se que, quando falamos deidéia religiosa, nem sempre nos re-ferimos à verdadeira religião –àquela que expressa fielmente a ver-

dade e a realidade – eis que o ho-mem, levado por sua ignorância, àsvezes pelas intuições inferiores, nemsempre abraçou o melhor, o verda-deiro; pelo contrário, muitas vezesse transviou nos desvãos da igno-rância, da superstição e do erro.

Entretanto, nem por isso aban-donou a indagação da natureza deseu próprio ser e do seu destino.Não há criatura, por mais atrasadaque seja, que não se tenha interes-sado pelos problemas de sua pro-cedência e de sua destinação. É aeterna indagação: Quem sou? Don-de venho? Para onde vou? Formu-lada bilhões de vezes, por formasdiferentes, de conformidade com oentendimento de cada criatura, noentanto é, na essência, sempre amesma inquirição.

Daí não acreditarmos naquelesmaterialistas puros, nos epicuris-tas, nos niilistas de todos os tem-pos e muito especialmente nos danossa época.

Não que neguemos que emmuitos deles exista sinceridade, aoexpressarem suas crenças, descren-ças ou pseudoverdades.

Mas porque todo homem, seja eleespiritualista ou não, guarda no in-

O desenvolvimentoprogressivo

TJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 5

Page 6: Reformador 04 abril_2006

terior do ser, no íntimo de sua sub-consciência, aquela idéia, aquela pe-quena chama que o religa ao Cria-dor. Assim, por mais que se transvie,por mais que negue o Grande Pai,essa chama íntima jamais se apaga e,mais cedo ou mais tarde, no desen-rolar da própria vida do Espírito,após uma, duas ou muitas experiên-cias reencarnatórias, a criatura sevolta para a realidade.

Não nos preocupemos, pois, emdemasia com o grande problema,do niilismo, do materialismo mul-tifário de nossos tempos. Ele é oproduto natural de um mundo in-ferior que há de se transformar,porque sabemos que a bondade in-finita de Deus permite que haja li-berdade dos seres, dentro do livre--arbítrio com que os dotou, atémesmo para negar o próprio Pai.Mas, dia virá em que todas essascriaturas verificarão seu grande er-ro, seu grande crime contra oCriador, e se arrependerão e reini-ciarão a ingente tarefa de refazi-mento íntimo.

Essa pequena digressão mostra--nos o grande papel da Verdadesob a forma espírita no combate aogrande erro que é o materialismo.

Notemos que a Codificação Es-pírita apareceu no mesmo século eno mesmo cenário em que se for-mularam e se propagaram váriasdoutrinas materialistas. Não pode-mos a isso chamar de coincidên-cia, ou acaso, pois sabemos que talnão existe.

Temos aprendido, com a Dou-trina Espírita, que a Mensagem do

Cristo de Deus contém ensinos demúltiplas naturezas.

Alguns serviram de imediatoàquelas criaturas simples de cora-ção, que o ouviram falar de histó-rias baseadas na própria vida diá-ria a que estavam acostumadas.Ouviram e guardaram as palavras,procurando seguir as lições queelas encerram.

Outros ensinos, entretanto, fica-ram velados sob as parábolas e sedestinavam aos que as pudessemapreender no futuro, que os séculostrariam no seu fluir incessante.

Graças à Revelação Espírita, po-demos hoje compreender muitasdas palavras de sabedoria do Rabi,porque os Espíritos do Senhor des-cerraram o véu que cobria o senti-do mais profundo da mensagemde Amor deixada aos homens.

Por que assim aconteceu? Porque não usou Jesus o ensino diretoe despido do véu da letra?

Muitos de nossos irmãos, aindahoje, não compreendem a necessi-dade do ensino progressivo. Deposse de muitas facetas da Verdade,graças à Revelação Progressiva, es-quecem-se de que outros irmãos,vivendo nesta mesma época, nãoconseguem apreender essa mesmaRevelação, apesar de já ter sido dei-xada pelo Cristo há vinte séculos.

Lembremo-nos, de outro lado,que Jesus, em sua passagem mis-sionária, usou de linguagem diver-sa, conforme se dirigia ao povo, in-discriminadamente, ou ao seu Co-légio Apostólico em especial.

É fato sabido que, mesmo entreos discípulos, espíritos já qualifica-dos para coadjuvar-lhe a missão,

havia dificuldade em apreender-lheos ensinos. Os Evangelhos testemu-nham abundantemente as muitasindagações dos discípulos a respei-to das lições que o Mestre lhes iaministrando.

Não há dúvida de que os Evan-gelhos, repositórios dessas lições eexemplos, que serviram de base àdifusão do Cristianismo e à suaimplantação em grande parte denosso mundo, têm sido entendi-dos principalmente em seu sentidoliteral, sem a preocupação de apro-fundar-lhes os aspectos ocultos e osentido transcendental.

Até o advento da Revelação dosEspíritos e diante das próprias ne-cessidades da humanidade cristã,tornou-se aceitável e suficiente, pro-visoriamente, a interpretação literal,tendo em vista, o grau evolutivo dasgerações, até que as condições deprogresso espiritual dos homens re-clamassem novas perspectivas.

O Espiritismo, considerado aterceira etapa da Revelação Divina,com suas raízes mais profundasfirmadas no Cristianismo, nãodeixa de se apresentar como dou-trina essencialmente evolutiva. Diz--se, com muita procedência, que oEspiritismo não termina com Kar-dec, antes, começa com ele.

A Codificação é a base sólida,firme, incontestável.

Mas, assim como o Cristo nãodisse tudo, nem convinha que o fi-zesse, também o Consolador, porEle prometido e que aí está, assen-tou os fundamentos, as grandes li-nhas mestras do majestoso edifíciodas Verdades Novas; os detalhes viriam depois do mestre lionês.

6 Reformador • Abr i l 2006 112244

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 6

Page 7: Reformador 04 abril_2006

Continuam chegando. Virão aindano futuro, próximo ou remoto.

Cristianismo, em espírito e ver-dade, e Espiritismo, têm como ca-racterística comum, dentre as inú-meras afinidades que os aproxi-mam, o caráter evolucionista, emseu sentido de desenvolvimentogradual e progressivo.

Mesmo nós, espíritas, aindanão nos apercebemos de todos osensinos de Jesus, eis que algumasde suas palavras permanecem sobum véu proposital. A verdade nãose acha totalmente desenvolvida,em certas passagens evangélicas.Alguns acontecimentos futurospermanecem envoltos em dúvi-das, até que a Espiritualidade, aserviço do Governador do Plane-ta, diante de novas conquistas daHumanidade no terreno da Fé edo Amor, julgue poder descerrarcompletamente a cortina, paraque jorre toda a luz.

Como disse o Batista, o precur-sor, precisamos “endireitar nossoscaminhos” isto é, os homens deboa vontade precisam regenerar asestradas do mundo.

Para que alguém sinta a influên-cia retificadora do Cristo necessitacorrigir a própria estrada que tempercorrido, modificando, no senti-do do bem, os impulsos oriundos dehábitos de um passado delituoso,desfazendo assim as sombras que orodeiam.

Precisamos todos afeiçoar aexortação do Batista às nossas pró-prias necessidades.

A evolução da Terra, no sentidodo adiantamento científico, é umfato inegável constatado por todos.

Entretanto, para haver progres-so verdadeiro é necessário acres-centar-se ao progresso científico,diversificado no campo das ciên-cias físicas, da Medicina, da Tecno-logia, da Astronomia, e das ciên-cias aplicadas em geral, o aperfei-çoamento moral do homem – aíestá o grande passo.

A Geologia já comprovou asinúmeras transformações físicasda Terra, desde os tempos primiti-vos de sua formação até os nossos

dias. Antes do aparecimento do ho-mem, sua crosta passou por trans-formações profundas, até que oselementos permitissem o apareci-mento da vida orgânica.

O homem foi o último ser daescala animal a vir habitar a crostaterrestre.

Antes dele, em milhões e mi-lhões de anos, inúmeras espéciesanimais e vegetais apareceram na

face do Orbe e desapareceram pos-teriormente.

A evolução física do globo, por-tanto, é outro fato comprovado,que continua a processar-se inces-santemente.

Os Espíritos do Senhor já nosrevelaram que nossa Terra se trans-formará em Mundo Regenerado.Mas quando?

Não podemos precisar o dia exa-to, nem o ano, nem o século, mas écerto que esse tempo se aproxima.

Para quem tem olhos de ver, osEvangelhos, entendidos em espíri-to e verdade, aí estão a avisar oshomens sobre os acontecimentosde ordem física e de ordem moralque hão de suceder, em cumpri-mento à Lei do Progresso.

No tocante à ordem física, a Na-tureza continuará a processar con-tinuamente a transformação da Ter-ra, até que atinja a condição de glo-bo imerso em fluidos mais puros.

Acompanhando o aperfeiçoa-mento físico do Globo, as raçashumanas serão renovadas, pela en-carnação de Espíritos mais bempreparados. Parte dessa nova po-pulação da Terra Renovada seráconstituída pelos que já aceitaramos caminhos indicados pelo Cris-to, Espíritos que aqui habitam eque aspiram ao Bem. Outra parteserá constituída pelos Espíritosoriundos de outros mundos, cujoadiantamento tenha chegado aomesmo nível do dos novos habi-tantes da Terra.

Os rebeldes, os que persistemnas ilusões da materialidade, osnegativistas encarniçados no mal, aestes só resta o afastamento para

7Abr i l 2006 • Reformador 112255

Os Espíritosdo Senhor já

nos revelaramque nossa Terra se

transformaráem MundoRegenerado

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 7

Page 8: Reformador 04 abril_2006

outro planeta, cujas condições secoadunem com suas próprias con-dições morais.

Será a hora da separação do joiodo trigo, quando o Senhor, que sereserva a colheita, lançará o joio ao fogo do sofrimento e das tarefasmais penosas, tal como se deu hámilênios com os Espíritos que aquiaportaram, oriundos do sistema deCapela, perdendo seu Paraíso.

É a lei irresistível do progressoque determinará a posição de cadaum, de conformidade com as pró-prias obras.

O sinal do Filho do Homem, se-gundo as palavras de Jesus, que háde aparecer no céu, é o advento doreino do Amor. É a Terra Regene-rada, onde, em lugar do predomí-nio da materialidade, haverá o im-pério do Espírito, com a esperançasempre presente, a alegria diantedas graças concedidas pelo Cria-dor, quando o joio, que hoje se

constitui em avassaladora maioria,já não mais poderá perturbar asaspirações de fraternidade e decompreensão, pois não mais cres-cerá junto ao trigo.

Na prestação de contas, a Justi-ça do Senhor será eqüitativa; cadaum receberá de acordo com o pró-prio mérito, tendo em vista a boavontade de cada qual.

O progresso da matéria se daráparalelamente com o do Espírito,através das reencarnações.

“Quando estas coisas começa-rem a suceder – disse Jesus – er-guei a cabeça e olhai para o alto,pois que se aproxima a vossa re-denção.” (Lucas, 21:28.)

Redenção, no pensamento doMestre Jesus, tem o significado deregeneração.

O advento do reinado do amore da fraternidade já está sendo pre-parado por Espíritos enviados peloSenhor à Terra.

O apressamento desse reinodepende, em grande parte, de nósmesmos, dos esforços dos quetêm boa vontade para endireitaros caminhos.

“Passarão o céu e a Terra, masnão passarão minhas palavras.”(Mateus, 24:35.)

Suas palavras não passarão semcumprimento integral, porque elassão os ensinos que se constituemno caminho e na verdade.

Sabemos que é desconhecida ahora predita para a depuração daTerra e da Humanidade.

Por isso mesmo, os que crêem,os que esperam, precisam estaralertas – a vigilância é não só ne-cessária para todos os atos denossa vida, como também ao exa-me de todos os acontecimentosprevistos.

E os Evangelhos enfatizam a necessidade dessa vigilância.

8 Reformador • Abr i l 2006 112266

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 8

Page 9: Reformador 04 abril_2006

9Abr i l 2006 • Reformador 112277

ia D, termo usado nos cír-culos militares, marca oinício de determinada ope-

ração bélica.O mais famoso ocorreu em 6 de

junho de 1944, na maior operaçãomilitar aeronaval da História. Cen-to e cinqüenta e cinco mil homens,dos exércitos dos Estados Unidos,Grã-Bretanha e Canadá, lança-ram-se nas praias da Normandia,região da França atlântica, dandoinício à libertação européia do do-mínio nazista.

Começava o colapso do III Reich,o império que, segundo a propa-ganda de Adolf Hitler, deveriadominar o Mundo por mil anos.

Aquelas operações culminariamcom o fim da Segunda GuerraMundial, cujo início ocorrera cin-co anos antes, com a invasão daPolônia pelas forças nazistas.

Após onze meses, a Alemanharendia-se. O mesmo aconteceriacom seu aliado, o Japão, quatromeses depois.

Terminava, assim, em agosto de1945, a pior de todas as guerras,

com o espantoso saldo de cin-qüenta milhões de mortos, apro-ximadamente.

A Segunda Guerra Mundial foirelativamente curta, se confronta-da com outras que se estenderampor décadas.

A pior de todas tem milhares deanos.

Eclodiu desde o aparecimentodo Homem, envolvendo o embateentre duas concepções, definidaspelo Dicionário Houaiss:

�EspiritualismoDoutrina que remonta às

origens gregas da filosofia, e queconsiste na afirmação da exis-tência ou realidade substancialdo Espírito, e de sua autonomia,diferença e preponderância emrelação ao corpo material.

Tradução: Somos Espíritos imor-tais. Vivíamos antes do berço. Con-tinuaremos a viver depois do tú-mulo.

�MaterialismoDoutrina que identifica, na

matéria e em seu movimento, arealidade fundamental do uni-verso, com a capacidade de ex-plicação para todos os fenôme-nos naturais, sociais e mentais.

Tradução: Somos um agregadocelular que, por razões insondá-veis, adquiriu a capacidade de pen-sar, efemeramente, até que se esgo-te sua vitalidade, retornando aopó, segundo a expressão bíblica.

O materialismo, infelizmente,tem dominado o mundo, não comoidéia, já que a vasta maioria dos ho-mens admite a existência e sobre-vivência da Alma, conforme ensi-nam as religiões, mas como vivên-cia, como maneira de ser.

Raros comportam-se de acordocom a noção de que continuare-mos a viver após a morte física e deque nos pedirão contas, no Além,do que estamos aprontando naTerra.

Isso porque a sobrevivência temsido uma questão de fé, defendida

O Dia DD

RI C H A R D SI M O N E T T I

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 9

Page 10: Reformador 04 abril_2006

pelas religiões, com base em espe-culações que recendem a fantasia.

Nesse milenar conflito há umDia D.

Ocorreu há cento e quarenta enove anos, no dia 18 de abril de1857, com o lançamento de O Li-vro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Incursões ocorreram antes dis-so, envolvendo agentes infiltradosno território inimigo, Espíritos quese manifestavam com o concursode indivíduos dotados de grandesensibilidade, os médiuns.

Com o Espiritismo tivemosautêntica invasão, que tende aampliar-se e multiplicar-se,na medida em que os ini-ciantes aprendam como seprocessa o fenômeno me-diúnico, que permite ointercâmbio com o Além.

Temos no Espiritismoo mais importante esforçode guerra na luta contra omaterialismo, cujo sucesso éde importância vital para quea Terra deixe de ser um planetade Provas e Expiações e seja pro-movida a Mundo de Regeneração,como está em O Evangelho segun-do o Espiritismo.

Há que se considerar as postu-ras dos combatentes espíritas, con-forme a definição de Kardec, em OLivro dos Médiuns:

�Espíritas sem o saberem(...)Sem jamais terem ouvido

tratar da Doutrina Espírita,possuem o sentimento inatodos grandes princípios que dela

decorrem e esse sentimento sereflete em algumas passagensde seus escritos e de seus dis-cursos, a ponto de suporem,os que os ouvem, que eles sãocompletamente iniciados.(...)(Primeira Parte, cap. III, item27.)

Ainda que não engajados, con-tribuem para o esforço de guerra.

�Espíritas experimentadores

Os que crêem pura e simples-mente nas manifestações. Paraeles o Espiritismo é apenasuma ciência de observação,uma série de fatos mais ou me-nos curiosos. (Idem, ibidem.item 28, 1o subitem.)

Meros simpatizantes, não sedispõem a pegar nas armas.

�Espíritas imperfeitosOs que no Espiritismo vêem

mais do que fatos; compreen-dem-lhe a parte filosófica; ad-miram a moral daí decorrente,mas não a praticam. Insigni-ficante ou nula é a influênciaque lhes exerce nos caracte-res. Em nada alteram seus há-bitos e não se privariam de umsó gozo que fosse. O avarentocontinua a sê-lo, o orgulhosose conserva cheio de si, o inve-joso e o cioso sempre hostis.Consideram a caridade cris-tã apenas uma bela máxima.(...) (Idem, ibidem. 2o subi-tem.)

Postura espiritualista;com-portamento materialista.

�Espíritas exaltadosA espécie humana

seria perfeita, se sempretomasse o lado bom das

coisas. Em tudo, o exagero éprejudicial. Em Espiritismo,

infunde confiança demasiadocega e freqüentemente pueril,no tocante ao mundo invisí-vel, e leva a aceitar-se, comextrema facilidade e sem veri-ficação, aquilo cujo absurdo,ou impossibilidade a reflexãoe o exame demonstrariam. Oentusiasmo, porém, não refle-te, deslumbra. Esta espécie deadeptos é mais nociva do queútil à causa do Espiritismo.São os menos aptos para con-vencer a quem quer que seja,porque todos, com razão, des-confiam dos julgamentos de-

10 Reformador • Abr i l 2006 112288

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 10

Page 11: Reformador 04 abril_2006

les. Graças à sua boa-fé, sãoiludidos, assim por Espíritosmistificadores, como por ho-mens que procuram explorar--lhes a credulidade. (Idem, ibi-dem, 4o subitem.)

Soldados despreparados, abremflancos nas fileiras espíritas.

�Espíritas cristãosOs que não se contentam

com admirar a moral espírita,que a praticam e lhe aceitamtodas as conseqüências. Con-vencidos de que a existênciaterrena é uma prova passagei-ra, tratam de aproveitar os seusbreves instantes para avançarpela senda do progresso, únicaque os pode elevar na hierar-quia do mundo dos Espíritos,esforçando-se por fazer o beme coibir seus maus pendores.(...) (Idem, ibidem, 3o subi-tem.)

Disciplinados e firmes em seusideais, esses soldados estão empe-nhados no bom combate, a que sereferia o apóstolo Paulo, o esforçodo Bem aliado ao empenho derenovação.

Notável a expressão espírita cris-tão, que situa na vanguarda daespiritualização da Humanidadeos espíritas que se ligam aos valo-res do Evangelho.

Se aspiramos a essa gloriosa rea-lização, é bom ter sempre presenteuma observação do Espírito La-cordaire, no capítulo V, item 18, deO Evangelho segundo o Espiritismo:

O militar que não é mandadopara as linhas de fogo fica descon-tente, porque o repouso no camponenhuma ascensão de posto lhe fa-culta. Sede, pois, como o militar enão desejeis um repouso em que ovosso corpo se enervaria e se entor-

peceria a vossa alma. Alegrai-vos,quando Deus vos enviar para a luta.Não consiste esta no fogo da batalha,mas nos amargores da vida, onde, àsvezes, de mais coragem se há misterdo que num combate sangrento,porquanto não é raro que aquele quese mantém firme em presença doinimigo fraqueje nas tenazes de umapena moral. Nenhuma recompensaobtém o homem por essa espécie decoragem; mas, Deus lhe reserva pal-mas de vitória e uma situação glo-riosa. Quando vos advenha umacausa de sofrimento ou de contrarie-dade, sobreponde-vos a ela, e, quan-do houverdes conseguido dominar osímpetos da impaciência, da cólera,ou do desespero, dizei, de vós paraconvosco, cheio de justa satisfação:“Fui o mais forte”. (...)

Esses, leitor amigo, os heróisque contribuirão decisivamente pa-ra a vitória dos exércitos espiritua-listas, habilitando-se à supremacomenda: soldados do Cristo!

11Abr i l 2006 • Reformador 112299

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 11

Page 12: Reformador 04 abril_2006

oda crença é respeitável.No entanto, se buscaste a Doutrina Espírita,

não lhe negues fidelidade.Toda religião é sublime.No entanto, só a Doutrina Espírita consegue expli-

car-te os fenômenos mediúnicos em que toda religiãose baseia.

Toda religião é santa nas intenções.No entanto, só a Doutrina Espírita pode guiar-te na

solução dos problemas do destino e da dor.Toda religião auxilia.No entanto, só a Doutrina Espírita é capaz de exo-

nerar-te do pavor ilusório do inferno, que apenas sub-siste na consciência culpada.

Toda religião é conforto na morte.No entanto, só a Doutrina Espírita é suscetível de

descerrar a continuidade da vida, além do sepulcro.Toda religião apregoa o bem como preço do paraí-

so aos seus profitentes.No entanto, só a Doutrina Espírita estabelece a

caridade incondicional como simples dever.Toda religião exorciza os Espíritos infelizes.No entanto, só a Doutrina Espírita se dispõe a

abraçá-los, como a doentes, neles reconhecendo aspróprias criaturas humanas desencarnadas, em ou-tras faixas de evolução.

Toda religião educa sempre.No entanto, só a Doutrina Espírita é aquela em que

se permite o livre exame, com o sentimento livre decompressões dogmáticas, para que a fé contemple arazão, face a face.

Toda religião fala de penas e recompensas.No entanto, só a Doutrina Espírita elucida que to-

dos colheremos conforme a plantação que tenhamoslançado à vida, sem qualquer privilégio na Justiça Divina.

Toda religião erguida em princípios nobres, mes-mo as que vigem nos outros continentes, embora nospareçam estranhas, guardam a essência cristã.

No entanto, só a Doutrina Espírita nos oferece a chave precisa para a verdadeira interpretação doEvangelho.

Porque a Doutrina Espírita é em si a liberalidade eo entendimento, há quem julgue seja ela obrigada amisturar-se com todas as aventuras marginais e comtodos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivosda fraternidade que veicula.

Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liber-ta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para quenão colabores, sem perceber, nos vícios da ignorânciae nos crimes do pensamento.

“Espírita” deve ser o teu caráter, ainda mesmo tesintas em reajuste, depois da queda.

“Espírita” deve ser a tua conduta, ainda mesmo queestejas em duras experiências.

“Espírita” deve ser o nome de teu nome, aindamesmo respires em aflitivos combates contigo mes-mo.

“Espírita” deve ser o claro adjetivo de tua institui-ção, ainda mesmo que, por isso, te faltem as passagei-ras subvenções e honrarias terrestres.

Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo.E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoa-

mento moral em todos os mundos.Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua

responsabilidade mais alta, porque dia virá em queserás naturalmente convidado a prestar-lhe contas.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos. 17. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 227 a 229.

Doutrina Espírita

12 Reformador • Abr i l 2006 113300

T

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Emmanuel

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 12

Page 13: Reformador 04 abril_2006

Evangelista Mateus relataque um homem veio aoencontro de Jesus e, lan-

çando-se a seus pés, pediu que Eletivesse piedade de seu filho que eralunático e sofria muito. Ele adian-ta que já o apresentara a seus discí-pulos e que estes não haviam con-seguido curá-lo. O Mestre Jesus comenta a falta de credulidade e imediatamente cura o menino eadverte os discípulos de que elesnão o haviam curado por falta defé e afirma-lhes: “Se tivésseis a fédo tamanho de um grão de mos-tarda, diríeis a esta montanha:transporta-te daí para ali e ela se

transportaria e nada vos seria im-possível”. (Mateus, 17:14 a 20.)

Allan Kardec tece o seguintecomentário em O Evangelho se-gundo o Espiritismo, cap. XIX, so-bre essa passagem evangélica noitem 2: “No sentido próprio, é cer-to que a confiança nas suas pró-prias forças torna o homem capazde executar coisas materiais, quenão consegue fazer quem duvidade si”. E mais adiante, elucida noitem 3: “(...)entende-se como fé aconfiança que se tem na realizaçãode uma coisa, a certeza de atingirdeterminado fim. Ela dá uma es-pécie de lucidez que permite se

veja, em pensamento, a meta quese quer alcançar e os meios de che-gar lá, de sorte que aquele que apossui caminha, por assim dizer,com absoluta segurança. (...)

A fé sincera e verdadeira é sem-pre calma; faculta a paciência quesabe esperar, porque, tendo seuponto de apoio na inteligência e nacompreensão das coisas, tem a cer-teza de chegar ao objetivo visado.(...)”

Nos dias atuais, estamos preci-sando de fé para vencer o estresseque o modo de viver da civilizaçãonos impõe, pois para resistir aoestresse e administrar a pressão é

O poder da fépara resistir

“Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? – Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah!

quão poucos, dentre vós fazem esforços!” (O Livro dos Espíritos, questão no 909.)

“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a estamontanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.”

– Jesus. (Mateus, 17:20.)

“A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu pontode apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.”

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 3, 2o parágrafo.)

ao estresse

AY LTO N PA I VA

O

13Abr i l 2006 • Reformador 113311

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 13

Page 14: Reformador 04 abril_2006

necessário manter um equilíbriona vida.

As pessoas que acreditam ter ocontrole de seu destino lidam me-lhor com as pressões do que aque-las que acham que tudo está ao sa-bor do acaso.

Para isso é importante ter al-guns parâmetros:

1. Vivamos o presente:Vivamos o “aqui e agora”, com

responsabilidade e equilíbrio, con-centrando-nos naquilo que estáacontecendo no presente, e aumen-taremos nossa capacidade de resis-tir ao estresse, pois não estaremosfixados em coisas do passado ouimaginando futuros problemas,ainda que inexistentes.

Procuremos sentir a realidadeda situação ou do problema e apossível solução para ele.

Para ter o “clima mental” ade-quado, procuremos meditar. A me-ditação pode estabelecer um esta-do mental de calma interior.

2. Tenhamos objetivos cla-ros de vida:

Quando temos um roteiro claropara a direção de nossa vida, fica-mos mais fortes ao sentir peque-nas pressões como foco de estres-se.

Se estabelecemos prioridades efirmeza ou fé em nossas convic-ções, clareando um quadro geraldos objetivos maiores de nossas vi-das, não nos irritaremos com aspequenas coisas.

Pensemos no que é realmenteimportante para nós, levando emconsideração a visão filosófica ou

espiritual da vida, no sentido dasua eternidade.

Assim, se desejamos a auto-reali-zação, o equilíbrio e o bem-estar,uma boa vida familiar, o trabalho,seja qual for, como forma de valori-zação pessoal, não nos estressare-mos, por exemplo, com problemasno trânsito, ocorrências de peque-

nos desentendimentos no lar, notrabalho ou até mesmo no lazer.

3. Sejamos solidários:Ser solidário é ser participativo. É

olhar não só para nós e para nossasnecessidades (reais ou imaginárias),mas, também, olhar para o outro.

Enxergarmos na estrada de nossavida o próximo, como o samarita-no, a que Jesus se referiu, caído comas forças combalidas, assaltado porproblemas, muitas vezes, maioresque os nossos. Ao nos aproximar-mos dele e o agasalharmos na hos-

pedaria do nosso amor solidário efraterno, nossas tensões e mágoasdesaparecerão ou, pelo menos, di-minuirão.

4.Tenhamos momentos dedivertimento:

Ter fé na vida é também ter mo-mentos de diversão, de descontra-ção, de lazer.

Para aliviar o estresse, saibamosdesfrutar os momentos com a famí-lia. Nestes instantes procuremos ti-rar de nossas mentes todas as preocupações do lar ou do trabalho.

Procuremos sentir as pessoasque compõem a nossa família, oque cada uma nos oferece de bom,saibamos sorrir com elas e queelas riam conosco.

Tenhamos alegria com nossosanimais domésticos, com as nossasfolhagens, com as nossas flores.

Tenhamos momentos de humorsadio e energizante.

Procuremos rir, rir faz bem pa-ra a alma e para o corpo físico.

A calma na luta contra o estres-se é sempre um sinal de força e deconfiança; o desespero ou a vio-lência denotam a fraqueza e a dú-vida de si mesmo.

Ouçamos, pois, o Mestre Jesus:“Se tivésseis a fé do tamanho deum grão de mostarda, diríeis a estamontanha: transporta-te daí paraali e ela se transportaria, e nadavos seria impossível”. E digamospara a “montanha do nosso estres-se”: transporta-te daí (do nossomundo mental) para ali (planíciede nossas emoções controladas eprodutivas) e nada nos imporá oestresse.

14 Reformador • Abr i l 2006 113322

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:56 Page 14

Page 15: Reformador 04 abril_2006

Reformador: Quando a senhora co-meçou a trabalhar na FEB?Rúbia: Comecei a trabalhar na FEBainda adolescente, no dia 5 demarço de 1956, e iniciei pela áreade expedição do DepartamentoEditorial, empacotando livros queeram remetidos pelo correio. Na-quela época estavam sendo lança-dos vários livros de Francisco C.Xavier e a FEB encaminhava asnovas obras – as “novidades”– paraum imenso cadastro. Depois passeipara o setor de Almoxarifado e, emseguida, para os setores de Corres-pondência, Direitos Autorais, Ven-das, e fui secretária dos presidentesFrancisco Thiesen e Juvanir Borgesde Souza. Acompanhei algumas

reformas e ampliações do Departa-mento Editorial. Em 1972, quandocomecei a trabalhar no Setor deVendas, entendi que deveria ler to-dos os livros editados pela FEB.Não poderia atuar em vendas semconhecer os livros. Recorri a váriosdiretores da FEB para me ajudaremno entendimen-to de muitasobras.

Reformador: A senhora já era espí-rita?Rúbia: Nasci num lar católico.Mesmo trabalhando há bastantetempo na FEB, só vim a me inte-ressar pela Doutrina Espírita como incentivo da médium Yvonne doAmaral Pereira. Naquela época,como a querida médium encon-trava-se em dificuldades para res-

ponder sua correspondência, apedido do dr. Thiesen, passei a ir à residência dela, no bairro

da Piedade, e a datilografar suascartas. Um belo dia, dona Yvonneperguntou-me como eu voltaria, e

respondi-lhe que seria de ôni-bus. Ela me ofertou o li-

vro Nas Voragens do Pe-cado, sugerindo-me queaproveitasse para ini-ciar a leitura no traje-to. Em seguida, li to-das as obras mediúnicas

de dona Yvonne, apenasMemórias de um Suicidanão consegui chegar aofinal.

50 anos de dedicaçãoao livro espírita

Rúbia da Costa Guimarães, funcionária da Federação Espírita Brasileira até nossos dias,

completou 50 anos de trabalho com o livro espírita. Formada em secretariado, obteve

grande experiência em sua atividade de divulgação e venda do livro espírita. Em entrevis-

ta, relata episódios vividos no Departamento Editorial da FEB

RÚ B I A DA CO S TA GU I M A R Ã E SEntrevista

15Abr i l 2006 • Reformador 113333

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 15

Page 16: Reformador 04 abril_2006

Reformador: A senhora teria algumrelato interessante sobre Yvonne Pe-reira?Rúbia: Dona Yvonne telefonou-meno dia de sua desencarnação, porvolta das 10 horas, e ligou tambémpara dona Yola, esposa do dr. Ju-vanir. Dizia ao telefone que iriapara o hospital, mas estava só sedespedindo porque não voltaria:“Vamos nos encontrar do outrolado. Dr. Bezerra já me avisou queestaria me esperando”. No mesmodia, por volta das 22 horas, ela de-sencarnou.

Reformador: A senhora conheceuChico Xavier?Rúbia: Ainda jovem conheci Chi-co Xavier, pois ele e Waldo Vieiravinham com freqüência ao De-partamento Editorial. Chico gos-tava de andar pelas suas depen-dências. Naquelas ocasiões, ouvimuitas conversas dele, inclusive,transmitindo orientações de An-dré Luiz e Emmanuel sobre oslivros. Chico se hospedava no larde dr. Wantuil e demonstrava umcarinho especial pelo sr. ZêusWantuil. Em 1972, por solici-tação do dr. Thiesen, fiquei naretaguarda de Chico Xavier, du-rante sua visita à FEB para as co-memorações dos 40 anos de lan-çamento do Parnaso de Além-Tú-mulo. Durante muitos anos, re-cebi livros autografados que meeram enviados pelo próprio Chi-co Xavier. E no dia do meu casa-mento recebi uma carta deste fa-moso médium e também umcartão de Divaldo Franco, os quaisguardo com muito carinho.

Reformador: E seus contatos comos presidentes da FEB?Rúbia: Acompanhei o trabalho devários presidentes: Wantuil deFreitas, responsável pela constru-ção do Departamento Editorial,porém, trabalhei mais diretamentecom Francisco Thiesen, JuvanirBorges de Souza e agora NestorJoão Masotti. Dr. Armando Assis,por razões profissionais, vinhamenos ao Departamento Edito-rial. Cada presidente teve suas ca-racterísticas e, dentro das condi-ções de suas épocas, contribuíramcom a área do livro.

Reformador: O que a senhora co-menta sobre a ampliação da difu-são do livro espírita?Rúbia: O principal objetivo daFEB é a divulgação do livro, sejaatravés de venda ou de doação, des-de que a mensagem chegue a quemdela necessita. Então me ocorreuque a maioria dos centros espíritastinha poucas condições de venderlivros. Comecei a visitá-los e a su-gerir que deveriam vender livros,mesmo de uma forma inicial-mente simples. Certo dia, conver-sando com o dr. Thiesen, verifica-mos que não havia distribuição delivros espíritas no Brasil. Concluí-mos que algo deveria ser feito paraaumentar as vendas. Assim, surgiua idéia de criar o mecanismo dedistribuição de livros espíritas noPaís. Dr. Thiesen burilou muito aidéia e considerou que o grandeobjetivo seria ampliar a divulga-ção do Espiritismo. Isso aconteceuem 1973, e o primeiro distribuidorde livros credenciado pela FEB foi

o IDE (Instituto de Difusão Espí-rita), de Araras (SP). Um fatomarcante na vida do Departa-mento Editorial foi a dissemina-ção das distribuidoras, e algumasdelas não eram espíritas. Váriasdistribuidoras de São Paulo foramresponsáveis por um significativoaumento nas vendas de livros. Ocurioso é que na época em que oBrasil tinha inflação alta, e comoas distribuidoras estavam interes-sadas em manter estoques e apro-veitar preços, foi um período dealta vendagem de livros. Depois,com a estabilidade financeira, mui-tas distribuidoras de livros encer-raram suas atividades. Ultima-mente, a qualidade das impres-sões deu um toque especial à lite-ratura excelente editada pela FEB.

Reformador: Quais outras provi-dências contribuíram para o au-mento de vendas de livros?Rúbia: Um fato marcante foi aedição “popular” das obras deKardec, que provocou vendas delivros em grandes quantidades.Na mesma época surgiu o proje-to “Clube do Livro Espírita”. Ri-chard Simonetti esteve conversan-do com o dr. Thiesen e deu inícioà nova proposta conhecida como“o ovo de Colombo”. Cresceu aquantidade de “clubes do livroespírita” em todo o País e surgi-ram as “feiras do livro espírita”que também movimentaram mui-to e propiciaram mais trabalhopara nós. As promoções mensaisde livros, com desconto maior,também ampliaram muito a ven-dagem de livros. Considero a di-

16 Reformador • Abr i l 2006 113344

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 16

Page 17: Reformador 04 abril_2006

vulgação através do marketing umpasso importante.

Reformador: E sobre a presença dolivro espírita em ambientes externos?Rúbia: A participação da FEBnas Bienais Internacionais do Li-vro tem sido bem interessante.Aprendi muito desde as primei-ras, que eram pequenas. A inte-gração e a união dos estandes es-píritas durante a Bienal, com acriação da Rua dos Espíritas, tam-bém contribuiu bastante para adivulgação de um modo geral.Outra coisa boa foi a colocaçãode livros espíritas em livrarias lei-gas. Foi difícil e, de início, houveresistência. De uns três anos paracá é que se ampliou a colocaçãode livros espíritas nessas livra-

rias. Um dos fatores que ajudoumuito, e isto ocorreu num final deano, foi a experiência de oferecer acoleção de obras de Kardec dentrode caixas bem preparadas, seguin-do-se a entrada dos kits que em-belezaram as obras.

Reformador: Como a senhora vê apresença de livros da FEB no Exte-rior?Rúbia: Sobre a participação doslivros da FEB no Exterior, achofantástico, pois, pessoas de todasas nacionalidades necessitam dasmensagens do Consolador Prome-tido. O trabalho em si é um passogigantesco. As obras editadas pelaFEB têm valor capaz de suprir to-das as necessidades espirituais daHumanidade.

Reformador: O que a senhorateria a dizer sobre o Sesquicentená-rio do Espiritismo?Rúbia: Quando recebi as primei-ras informações sobre os prepara-tivos para o Sesquicentenário doEspiritismo, levei um susto por-que me lembrei de que no Cen-tenário eu já trabalhava na FEB!Recordo-me da edição especial deReformador e dos comentários dosespíritas em geral. Será uma honraparticipar dessa nova comemora-ção da publicação de O Livro dosEspíritos. Agradeço muito a opor-tunidade de conhecer a DoutrinaEspírita, e de ter contribuído umpouco com a FEB em sua difusão,e desejo que cada vez mais pessoaspassem a ser auxiliadas através dolivro espírita.

Almoço de confraternização

realizado em 6 de março, no

Departamento Editorial e Grá-

fico da FEB. Da esquerda para a

direita: Altivo Ferreira, Nestor

João Masotti, Rúbia (mostran-

do a placa que lhe foi entregue

como reconhecimento do tra-

balho realizado), Amaury Alves

da Silva, Ilcio Bianchi e José Sa-

lomão Mizrahy.

Homenagem aos 50 anos de

Rúbia na FEB

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 17

Page 18: Reformador 04 abril_2006

18 Reformador • Abr i l 2006 113366

s espiritistas estudiososdevem sempre refletir so-bre os profundos laços que

uniam a Jesus, através dos sécu-los, a individualidade espiritual doCodificador da Doutrina Espírita,Allan Kardec.

Sendo o Espiritismo a concreti-zação da promessa feita diretamen-te pelo Cristo, exarada pelo evange-lista João1 era imprescindível que olíder desse movimento de reno-vação, que teria início na segundametade do século XIX, possuíssefortes vínculos com o Mestre Ga-lileu, com a sua messianidade, como seu projeto de implantação doReino de Deus na Terra.

A preparação e capacitação dofiel discípulo exigiram váriosséculos.

Reencarnações especiais, ani-mando personalidades vigorosas epromotoras de mudanças sociais,certamente foram consolidadas noperpassar dos tempos, podendoser referenciada aquela que ani-mou como mártir e reformadortcheco, consoante informação do

Espírito Vianna de Carvalho, atra-vés da abençoada mediunidade deDivaldo Franco:

“A Divina Providência faz quemergulhe nas sombras da Terra oeminente Espírito de Jan Hus[1369-1415], que se dera em sacri-fício, no século XV, em favor dalibertação do Evangelho de Jesus.Reencarnando-se, em Lyon, a 3 deoutubro de 1804, recebeu o nomede Hippolyte Léon Denizard Rivail,que trouxe a indeclinável tarefa demodificar as estruturas do conhe-cimento e abrir espaços para a res-tauração do pensamento do Cristo,conforme Ele e os seus discípulos ohaviam vivido, dezenove séculosantes, na Palestina.”2

Muito antes, o futuro missioná-rio da revelação espírita tambémestivera exercitando o sacerdóciodruida, nas Gálias antigas, como re-velara o Espírito Zéfiro, com quemmantivera sólida amizade, “que osséculos fortaleceriam ainda mais”.3

Desta forma, ao perceber nosfenômenos das mesas girantes, emParis, pelos idos de 1855, “o surgi-

mento de uma nova lei”, o pedago-go francês Denizard Rivail inicia-ria fascinante jornada em sua vida,impulsionado pelos antigos ideaisde renovação e, a exemplo de Cris-tóvão Colombo (1451-1506), des-vendaria um novo mundo: o Mun-do dos Espíritos.

Seus contatos preliminares comdiversas personalidades espirituaissão momentos em que revela pers-picácia e lucidez; domínio dasemoções; controle perfeito duran-te os formosos diálogos mantidosna intimidade de sua residência edas famílias Baudin e Roustan, emais tarde nos salões de trabalho,de estudo e intercâmbio mediúni-co da Sociedade Parisiense de Es-tudos Espíritas (SPEE), fundadapor ele em 1o de abril de 1858.

O Codificador, sentindo-se am-parado pelo Espírito de Verdade,seu guia e protetor, que se lhe reve-lara em reunião de 25 de março de1856, em casa de senhor Baudin,operando como médium uma desuas filhas, percebe, a partir desseencontro, que a missão que lhe

Allan Kardec,discípulo fiel

de Jesus O

AD I LTO N PU G L I E S E

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 18

Page 19: Reformador 04 abril_2006

fora reservada estava sustentadapor vigorosos pilares. À medidaque recebe os ensinos dos Espíri-tos, de aspectos científico, filosófi-co e ético, deve ter observado e re-fletido que estava amparado porespeciais colunas dos códigos mo-rais do Peregrino da Galiléia.

Deixando-se, então, emocionare estimular pela sutileza, profundi-dade e sentimento de amorosidadedos Espíritos que se movimenta-vam ao seu redor, dedica-se à tare-fa com fervor e espírito de renún-cia, consolidando, em 18 de abrilde 1857, a sua primeira fase, com olançamento, em Paris, de O Livrodos Espíritos, obra básica da Dou-trina Espírita. Em seguida, anima-do pela percepção que passa a terem torno do edifício que estavaconstruindo, estabelece, em O Livrodos Médiuns, publicado em 15 dejaneiro de 1861, os princípios fun-damentais para as relações media-nímicas com os habitantes doMundo Invisível.

Incansável, enquanto edita epublica a Revista Espírita, com oprimeiro exemplar divulgado em 1o

de janeiro de 1858, preocupa-secom a administração da SPEE naqualidade de seu presidente, cuidada vasta correspondência e dedi-ca-se, sob especial emoção,a escrever aquela que seriaa terceira obra do pen-tateuco kardequiano:O Evangelho segundoo Espiritismo, inti-tulado, preliminar-mente, Imitação doEvangelho segundoo Espiritismo, ex-

posto com essa denominação naslivrarias de Paris, na primeira edi-ção de 29 de abril de 1864.

Em 9 de agosto de 1863, apósguardar segredo dessa nova obraque estava escrevendo, resolve ou-vir os Espíritos, deles obtendoaprovação e aconselhamento: “Esselivro de doutrina terá considerávelinfluência, pois que explanas ques-tões capitais, e não só o mundo re-ligioso encontrará nele as máximasque lhe são necessárias, como tam-bém a vida prática das nações hau-rirá dele instruções excelentes (...)”– dizem-lhe as Entidades Amigasatravés do médium Sr. d’A...4

Comunicam-lhe, ainda, que seaproximava a hora de “apresentaro Espiritismo qual ele é, mostran-

do a todos onde se encontra a ver-dadeira doutrina ensinada peloCristo”; e que “o Espiritismo é aúnica tradição verdadeiramentecristã” e a única “instituição verda-deiramente divina e humana”.

Imaginamos o impacto dessarevelação, desse desafio, em tornoda missão de um livro, representan-do um novíssimo noticiário evangé-lico que contemplava diretrizesmorais. Sabendo, de antemão, dasdificuldades que o Codificador en-frentaria e que os “espíritas seriamrepelidos” com o anátema de here-sia, os Orientadores Espirituais pre-sentes na memorável reunião afir-mam-lhe, comovidos: “Ao te esco-lherem, os Espíritos conheciam asolidez das tuas convicções e sa-biam que a tua fé, qual muro deaço, resistiria a todos os ataques”.5

Podemos deduzir que Allan Kar-dec, de forma brilhante e inspirada,após estabelecer os princípios bási-cos da filosofia e da ciência espíri-tas, considerou que todo o corpo dedoutrina que estava elaborando, to-das as suas formulações em tornoda Existência de Deus; das VidasSucessivas e seu mecanismo – a Leide Causa e Efeito; da Imortalidade

da Alma; das revelações pioneirassobre a Pluralidade dos MundosHabitados; das leis que regem a

Natureza, propriedades e funçõesdo perispírito, necessitaria de umaviga mestra que desse sustentação àcompreensão das finalidades desses

Jan Hus

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 19

Page 20: Reformador 04 abril_2006

postulados, em benefício da felici-dade e da evolução do ser humano.

Assim, ele foi buscar nas máxi-mas de Jesus, no seu código moral,os fundamentos comportamentaispara os adeptos e estudiosos da no-vel doutrina, máximas essas atuali-zadas, interpretadas e enriquecidascom as Instruções dos Espíritos inse-ridas nos diversos capítulos.

De suas nobres mãos saiu entãoo livro-luz – O Evangelho segundo oEspiritismo – que contém “a expli-cação das máximas morais do Cris-to, em concordância com o Espiri-tismo e suas aplicações às diversascircunstâncias da vida”.6 Paira essaobra de essência divina, portanto,entre as outras que formam o con-junto da substância doutrináriaespírita, iluminando-as.

Em 8 de agosto de 1865, lança olivro O Céu e o Inferno e, em 6 dejaneiro de 1868, publica A Gênese,última obra do Pentateuco.

Somente um ser em plena sin-tonia com Jesus, desde remotaseras, poderia ter interpretado tãobem os seus pensamentos, como ofez Allan Kardec, exemplo de dis-cípulo fiel e abnegado.

Referências Bibliográficas:1João, cap. XIV, versículos 15 a 17.2FRANCO, Divaldo P. Reflexões Espíritas,

pelo Espírito Vianna de Carvalho. 1. ed.

LEAL, 1991, p. 12.4KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 38. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005, Segunda Parte,

“Imitação do Evangelho”, p. 339.5Idem, ibidem, p. 340.6 Idem. O Evangelho segundo o Espiritis-

mo. 3. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,

2005, p. 3.

20 Reformador • Abr i l 2006 113388

Prática Espírita � Toda a prática espírita é gra-

tuita, como orienta o princí-pio moral do Evangelho:“Dai de graça o que de graçarecebestes”.

� A prática espírita é realizadacom simplicidade, sem ne-nhum culto exterior, dentrodo princípio cristão de queDeus deve ser adorado emespírito e verdade.

� O Espiritismo não tem sa-cerdotes e não adota e nemusa em suas reuniões e emsuas práticas: altares, ima-gens, andores, velas, procis-sões, sacramentos, conces-sões de indulgência, para-mentos, bebidas alcoólicasou alucinógenas, incenso,fumo, talismãs, amuletos,horóscopos, cartomancia, pi-râmides, cristais ou quais-quer outros objetos, rituaisou formas de culto exterior.

� O Espiritismo não impõe osseus princípios. Convida osinteressados em conhecê-loa submeterem os seus ensi-nos ao crivo da razão, antesde aceitá-los.

� A mediunidade, que permi-te a comunicação dos Espí-ritos com os homens, é uma

faculdade que muitas pes-soas trazem consigo ao nas-cer, independentemente dareligião ou da diretriz dou-trinária de vida que ado-tem.

� Prática mediúnica espírita sóé aquela que é exercida combase nos princípios da Dou-trina Espírita e dentro damoral cristã.

� O Espiritismo respeita todasas religiões e doutrinas, va-loriza todos os esforços paraa prática do bem e trabalhapela confraternização e pelapaz entre todos os povos eentre todos os homens, in-dependentemente de sua ra-ça, cor, nacionalidade, cren-ça, nível cultural ou social.Reconhece, ainda, que “o ver-dadeiro homem de bem é oque cumpre a lei de justiça,de amor e de caridade, nasua maior pureza”.

Fonte: Folheto “Conheça o Espiritismo,

uma Nova Era para a Humanidade”,

editado pela FEB – Campanha de Di-

vulgação do Espiritismo, aprovada pelo

Conselho Federativo Nacional da FEB na

Reunião de 1996.

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 20

Page 21: Reformador 04 abril_2006

21Abr i l 2006 • Reformador 113399

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e

que o Espírito de Deus habita em vós?”

– PAULO. (I CORÍNTIOS, 3:16.)

Educaa semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.

No coração da terra, há melodias da fonte.

No bloco de pedra, há obras-primas de estatuária.

Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.

A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se incontaminada.

A jóia de escultura pede milagres do buril.

Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.

Deus está em nós, quanto estamos em Deus.

Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os pro-

cessos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.

Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o heroísmo

santificante.

Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento.

Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e a

voz balsamizante.

Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso acrisolamento.

Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em huma-

nidade e a humanidade em angelitude.

Educa e edificarás o paraíso na Terra.

Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de

manifestá-lo.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 30,

p. 77 e 78.

N

reformador abril 2006 - A.qxp 12/4/2006 14:57 Page 21

Page 22: Reformador 04 abril_2006

22 Reformador • Abr i l 2006 114400

s últimos momentos de in-timidade de Jesus com seusapóstolos foram durante a

ceia de Páscoa. (Mateus, 26:2, 17 a19; Marcos, 14:12 a 17; Lucas, 22:7a 15.) O Nazareno sabia que seaproximava o epílogo de sua mis-são na Terra. Colocava-se, humilde-mente, na condição do Cordeiro deDeus, que seria sacrificado, na es-perança de que seu sacrifício ser-visse de exemplo à Humanidadena busca de sua redenção. Progra-mou viver aquela festa tão signifi-cativa para seu povo somente aolado dos seus fiéis seguidores. (Lc.,22:15.) “A Páscoa era uma festamuito alegre.(...) Esse era tambémum período de intensa meditação,quando cada crente podia sentir oelo místico que o ligava ao povo,e que ele também iria libertar-se –livre de uma maneira que impor-ta – com a alma liberta do domí-nio do pecado. Não foi de maneiraalguma por acaso que o Cristo,usando o pão e o vinho do rito tra-dicional, desse na última ceia pas-cal a seus discípulos o sinal de umalibertação suprema com as pala-vras: ‘Este é o meu corpo... este é omeu sangue’”.1

Jesus solicitou a Pedro e a João

que entrassem na cidade de Jeru-salém e providenciassem a CeiaPascal na casa de um amigo, dizen-do-lhes: “E ele vos mostrará, noandar superior uma grande salaprovida de almofadas (...)”. (Lc.,22: 8 a 13.) Ambiente espaçoso,acolhedor. Raras vezes os apósto-los tinham desfrutado de tanto lu-xo e, ao que parece, o ambiente osinfluenciou, revelando-se neles avaidade, acreditando-se partidá-rios de alguém que tomaria o po-der temporal do mundo. Houveaté uma discussão para decidirquem seria o maior entre eles. (Lc.,22:24.) Deve ter sido extremamen-te doloroso para o Meigo Nazare-no assistir àquela contenda infantilentre os seus apóstolos. Demons-tração cabal de que não compreen-diam muito bem a natureza do seureino, suspeitando que ele seriaimplantado já naqueles tempos...

O Mestre conhecia suas fraque-zas, mas acreditava que poderiacontar com eles. Outros debanda-ram (João, 6:66.), mas os doze per-severaram até aquele momento.Contaria com eles. No futuro da-riam o testemunho do seu amorpor Ele e pela causa. Necessário,portanto, passar-lhes as últimas

lições.“(...) levanta-se da mesa, de-põe o manto e, tomando uma toa-lha, cinge-se com ela. Depois colo-ca água na bacia e começa a lavaros pés dos discípulos (...)”. Ao che-gar a vez de Pedro, este diz peremp-toriamente: “Jamais me lavarás ospés”. Mas o Senhor redargüiu, di-zendo-lhe: “Se eu não te lavar, nãoterás parte comigo”. (Jo., 13:4 a 8.)O pescador humilde consentiu.

Terminada aquela tarefa humil-de, própria dos escravos, Jesusolha-os ternamente, demonstran-do conhecer o coração de cada um.Sabia-os sinceros quando se pron-tificaram a segui-lo, mas tambémreconhecia suas dificuldades paraentenderem que o Reino de Deusdeveria ser implantado no coraçãode cada um e não nas terras de Cé-sar. Pacientemente lembrou a to-dos: “Se, portanto, eu, o Mestre e oSenhor, vos lavei os pés, tambémdeveis lavar-vos os pés uns aosoutros”. (Jo., 13:14.)

O Senhor já lhes ensinara a Re-gra Áurea: “Ama o teu próximocomo a ti mesmo”. (Mt., 22:37 a39.) Mas aquela lição foi dadaquando Jesus estava à frente deuma multidão constituída de sa-duceus, fariseus, publicanos, ju-

Mandamento aos

Dirigentes Espíritas WA L D E H I R BE Z E R R A D E AL M E I DA

O

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 22

Page 23: Reformador 04 abril_2006

deus, gregos, persas e muitas ou-tras nacionalidades. O ensinamen-to fora ministrado a um grupo he-terogêneo, para todos os povos.Mas, ali o novo mandamento seriaoferecido na intimidade, em espe-cial para seus amigos que seriam,depois da sua crucificação, os res-ponsáveis pela vivência e divulga-ção do seu Evangelho. Primeirosensibilizou-os com o “lava-pés” e,em seguida, falou-lhes aos cora-ções pedindo que cada um procu-rasse ser o menor entre eles paraque, pelo cultivo da humildade, setornasse o maior. Foi, então, quelhes disse: “Um novo mandamentovos dou: Que vos ameis uns aosoutros; como eu vos amei a vós, quetambém vós uns aos outros vosameis”. (Jo., 13:34.)

Daquela feita, Jesus não davacomo parâmetro do amor ao pró-ximo o que cada um pudesse ter asi próprio. O padrão era o amor

que Ele lhes oferecera durante to-do o tempo em que estiveram jun-tos. Por isso era “um mandamentonovo”. Merecia uma reflexão maisprofunda. Emmanuel ensina que aRegra Áurea “institui um dever,em cuja execução não é razoávelque o homem cogite da compreen-são alheia. O aprendiz amará o pró-ximo como a si mesmo”, e que onovo mandamento “‘que vos ameisuns aos outros como eu vos amei’assegura o regime da verdadeirasolidariedade entre os discípulos,garante a confiança fraternal e acerteza do entendimento recípro-co”. E acrescenta: “Esse é o novomandamento que estabeleceu a in-timidade legítima entre os que seentregaram ao Cristo, significandoque, em seus ambientes de trabalho,há quem se sacrifique e quem com-preenda o sacrifício, quem ame e sesinta amado, quem faz o bem e quemsaiba agradecer”.2 (Grifo nosso.)

E de que modo Jesus amou osseus apóstolos? A resposta encon-tramos no seu gesto incondicional,aceitando a cada um como era oucomo podia ser naquela contin-gência. Devotou um carinho todoespecial a Pedro, embora sabendoque negaria conhecê-lo antes doamanhecer; amou Judas Escario-tes que, extremamente equivocadocom a sua missão, o entregaria àsautoridades do mundo, na espe-rança de uma revolta armada; de-dicou seu afeto ao evangelista Ma-teus e acreditou na sua intenção dereforma, mesmo sendo um publi-cano odiado pelos conterrâneosem razão dos seus desmandos nacobrança de impostos destinadosao Império Romano; respeitou To-mé, que duvidara da sua ressur-reição e aparição aos apóstolos;amou intensamente o jovem João,apesar da sua inexperiência, che-gando a confiar-lhe, quando in

23Abr i l 2006 • Reformador 114411

“A ceia na casa de Levi”. Veronese, Galeria da Academia, Veneza

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 23

Page 24: Reformador 04 abril_2006

extremis, Maria aos seus cuidados.Jesus amou seus discípulos comtanta fraternidade que os fez seusamigos. (Jo., 15:14.) Amou-os,“não obstante” suas fraquezas, seusdefeitos. Não os amou “porque”fossem perfeitos.

Não há como discordar da in-terpretação do Mentor de ChicoXavier. Aqueles que se reúnem emnome do Cristo para estudar, vi-venciar e divulgar a Doutrina Es-pírita à frente da Casa Espírita,sentem necessidade de se fortale-cer moral e espiritualmente na re-ciprocidade do amor fraterno. Omandamento era “novo” porqueera dirigido especialmente aos res-ponsáveis diretos pela implanta-ção do Reino de Deus no coraçãodos homens. Eis por que será sem-pre oportuno e confortador, quan-do os dirigentes de uma casa espí-rita se reunirem, recordar o Rabida Galiléia com seus apóstolos naÚltima Ceia. Com certeza Ele sefará presente por intermédio de seusMensageiros, relembrando o novomandamento.

Jesus amou a todos os seus após-tolos indistintamente, nada obstan-te as dificuldades e os dramas queportavam na alma, assim como nósque compomos uma casa espírita.Fomos convocados, tal como osapóstolos, e, por isso, devemos nosamar, exercitando a fraternidade,que se constitui de compreensão,tolerância e indulgência. Que naintimidade da faina cristã cultive-mos a reciprocidade do amor cris-tão entre nós, para nos tornarmos

dignos e verdadeiros companhei-ros dos Espíritos do Bem.

O que seria de nós, frente à con-vocação para a escalada espiritual,na direção de uma das suas Casas,sem a tolerância, a compreensão ea amizade do Cristo, se ainda nãotemos as condições ideais para ser-vir na sua Seara?

Referências Bibliográficas:1ROPS, Henri Daniel. A vida diária nos

tempos de Jesus. Tradução Neyd Siquei-

ra. 1. ed. São Paulo: Sociedade Religiosa

Edição Vida Nova, 1983, p. 230.2XAVIER, Francisco Cândido. Caminho,

Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel.

26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, cap. 179,

p. 373 e 374.

24 Reformador • Abr i l 2006 114422

Altivo Carissimi Pamphirodesencarnou, aos 67 anos, no dia17 de fevereiro de 2006, no Riode Janeiro.

Era fundador e presidente doCentro Espírita Léon Denis(CELD), em Bento Ribeiro, e daObra Social Antonio de Aquino(OSAA), na Mallet. Contador doIRB (Instituto de Resseguros doBrasil), aposentou-se nesse cargo.

Sua iniciação na Doutrina Es-pírita ocorreu aos 16 anos, porintermédio de amigos, sendo porum deles convidado a participar

do Culto do Evangelho no Lar,que fazia em sua casa, onde apóso estudo do Evangelho à luz daDoutrina Espírita havia o traba-lho de passes em pessoas que lácompareciam à procura de alíviopara suas dores.

Fundou, com um desses ami-gos, o Lar de Teresa e o CentroEspírita Léon Denis, instituiçõesque primam pelo estudo, pelodesenvolvimento mediúnico epelo trabalho no bem, através deobras sociais.

Desde então, divulgou a Dou-trina Espírita, que abraçou, e ofez por mais de 40 anos. Foi umespírita dedicado na divulgaçãoe prática da Doutrina codificadapor Allan Kardec, divulgada eexemplificada por Léon Denis eoutros.

Em seu retorno à Pátria Espi-ritual, deixou uma obra sólidaem benefício do próximo, apli-cando, dessa forma, os ensina-mentos de Jesus.

Altivo Carissimi Pamphiro

Retorno à Pátria Espiritual

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 24

Page 25: Reformador 04 abril_2006

25Abr i l 2006 • Reformador 114433

ão é difícil constatar-se orápido crescimento daDoutrina Espírita em todos

os recantos do Planeta, ocorridoem pouquíssimo tempo. Em dozeanos o Espiritismo estava presenteem mais de trinta países de quatrocontinentes: na Europa (18 países),nas Américas (8 países), na África(5 países) e na Ásia (6 países).*

Foram quase trezentas localidades,cujos nomes comentamos em arti-go publicado na Revue Spirite,edição em espanhol, 3o trimestrede 2004 (número 4), com discri-minação das mesmas num link dosite do Conselho Espírita Interna-cional (www.spiritist.org/larevis-taespirita); comentamos também arespeito em artigo no jornal Mun-do Espírita, Curitiba (PR), dezem-bro/2004, no 1.445, reconhecendo a

incomparável dimensão que o Es-piritismo adquiriu no Brasil.

No início desta rápida propa-gação, Allan Kardec (1804-1869)reconheceu na Revista Espírita de setembro/1858, este fenôme-no de crescimento doutrinário emerecem reflexão as causas deter-minantes que levaram a esta rápidaexpansão, coisa nunca vista na His-tória.

Devemos lembrar que o Espi-ritismo no Brasil teve a vantagemde não sofrer a estagnação e o “en-colhimento” ideológico ocorridosem muitos países (Europa, Áfricae América), causados principal-mente pela Primeira e SegundaGuerras Mundiais e pelos váriosregimes totalitários que se implan-taram em vários países.

Outro ponto que merece des-taque foi a fundação do Conse-lho Espírita Internacional (28/11//1992), em Madrid (Espanha), quejá promoveu Congressos EspíritasMundiais no Brasil (1995), em Por-tugal (1998), na Guatemala (2001),

além da memorável comemoraçãodo Bicentenário de Allan Kardec(1804-2004), ocorrida no 4o Con-gresso Espírita Mundial, em Paris,em outubro de 2004, que teve aparticipação de 1.763 congressis-tas de 33 países.

Se fizermos uma busca dos sitesdisponíveis sobre doutrinas e reli-giões na Web, os sites espíritas apa-recem entre os mais numerososdentre todos. Isto demonstra queos espíritas estão efetivamente semovimentando no contexto so-cial. Por isso é importante refletir-mos sobre as causas que levaram aesta rápida difusão. Apesar de osmotivos serem bem conhecidos edifundidos no Movimento Espí-rita, é importante neles refletir-mos para melhor assimilá-los.

As causas do sucesso dadifusão espírita

Se bem pensarmos na realidadeda Doutrina Espírita e aproveitar-mos diversas reflexões feitas por

Espiritismo:as causas de sua

rápida propagaçãoWA S H I N G TO N LU I Z FE R NA N D E S

N

*N. da R.: Na Revista Espírita de janeiro de1869, Kardec faz uma estimativa de 4 mi-lhões de espíritas nos EUA, 600 mil naFrança, 1 milhão na Europa e 6 a 7 mi-lhões no mundo inteiro.

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 25

Page 26: Reformador 04 abril_2006

Allan Kardec a respeito, podemosencontrar as causas que explicamsua rápida propagação:

1. Os Espíritos são os verdadeirosautores dos ensinamentos do Espi-ritismo. Este é um dos principaismotivos e a razão para justificarsua rápida expansão. Se é certoque criaturas humanas poderiamser destruídas ou fracassar na mis-são de divulgar um ideal, assimcomo ter seus livros queimados,não menos verdade é que os Espí-ritos não podem ser destruídos. Aslições que os Espíritos podem ofe-recer às criaturas ocorrerão sem-pre, estando assegurada a perma-nência de sua divulgação, uma vezque seu mecanismo faz parte dasLeis da Natureza. A nova revela-ção pode chegar às criaturas deum pólo a outro da Terra, e os Es-píritos podem manifestar-se emqualquer tempo e lugar;

2. Diversas e diferentes são aspessoas (médiuns) que podem re-ceber as informações dos Espíri-tos. Ninguém pode no mundo ali-mentar a pretensão de deter a ver-dade absoluta e por isso os Espí-ritos a revelam para diferentes in-

divíduos e em toda a parte. Se estarevelação ocorresse só a uma pes-soa, ou só em algum lugar, só aum povo, só a uma raça, esta pes-soa ou este grupo de indivíduospoderiam estar ludibriados ou po-deriam enganar-se. Mas isto nãoocorre quando milhões de cria-turas vêem e ouvem a mesmacoisa, em diferentes lugares, rece-bendo os mesmos ensinamentos;

3. Os Espíritos, através de dife-rentes pessoas (médiuns), revelamas mesmas lições e dão as mesmasorientações acerca dos mesmosassuntos. Com isso, o ensino temcaráter universal, não sendo pri-vilégio de ninguém em especial,assumindo portanto feição de ver-dade. Este princípio ficou conhe-cido como a Universalidade doEnsino e é um assunto que o Co-dificador desenvolveu na “Intro-dução”, item II, de O Evangelho se-gundo o Espiritismo, e na RevistaEspírita, (maio/1864), no “Discur-so de abertura do sétimo ano so-cial”;

4. O Espiritismo fala à razão,pois leva a fé raciocinada, que po-de enfrentar a razão face a face em

todas as épocas da Humanidade;tem fundamentos científicos quedemonstram todos os seus postu-lados, não adotando nenhum tipode dogma (postulado que não sedemonstra) em sua Doutrina;

5. O Espiritismo fala ao coraçãoporque, além de esclarecer, racio-nalmente, traz também consola-ção, demonstrando efetivamenteque a morte não faz cessar a vida;

6. O Espiritismo acompanha aCiência; onde esta demonstrasseque ele está em erro, ele o aban-donaria para acompanhar a Ciên-cia;

7. O Espiritismo demonstra eexplica o que outras crenças e reli-giões apenas defendem como hi-pótese; muitos admitem a vidaeterna, a Doutrina Espírita a com-prova.

Enfim, estes são, sem dúvidaalguns dos principais motivos quejustificam a rápida e permanentedifusão do Espiritismo no mundo,uma Doutrina habilitada a trazeruma fé raciocinada ao homemcontemporâneo, fazendo nossas aspalavras de Allan Kardec: “(...) Paratodo homem que estuda esse mo-vimento, torna-se evidente que oEspiritismo marcará uma das fasesda Humanidade (...)”. (Revista Espí-rita, junho/1862, p. 255, Ed. FEB.)

26 Reformador • Abr i l 2006 114444

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 26

Page 27: Reformador 04 abril_2006

27Abr i l 2006 • Reformador 114455

m acontecimento marcan-te na divulgação da Dou-trina Espírita ocorreu no fi-

nal do ano passado, mais preci-samente no dia 2 de dezembro,quando foi disponibilizado para opúblico leigo assistir em casa, atra-vés da TVA Digital, canal por assi-natura do Grupo Abril, o filme OEspiritismo – de Kardec aos Dias deHoje, produzido pela FederaçãoEspírita Brasileira.

“Por que este fato é importantepara o Espiritismo?”, perguntariamprovavelmente alguns confrades.Porque é a primeira vez que um fil-me espírita, produzido por uma en-tidade espírita, neste caso a FEB, éexibido como “um filme espírita”,embora saibamos que isso aconte-ceria, mais cedo ou mais tarde, poisestá escrito nas obras de Kardec queo Espiritismo usaria a arte para sua

divulgação. Quando oferecemos aosexecutivos da TVA Digital os direi-tos de exibição de O Espiritismo – de Kardec aos Dias de Hoje, para suagrade de programação no Pay-Per--View (pague para ver), fizemosquestão de dizer que se tratava de“um filme espírita” produzido sobencomenda da Federação EspíritaBrasileira, e que, quando do seu lan-çamento em DVD, para as come-morações do Bicentenário de Nas-cimento de Allan Kardec (1804--2004), o filme se tornara um gran-de sucesso de vendas junto ao pú-blico, principalmente, o não espírita.

O Espiritismo – de Kardec aosDias de Hoje foi programado, e parasurpresa dos executivos da TVA Di-gital, não para nós, se tornou umgrande sucesso de público no Pay--Per-View.

Logo no primeiro mês de exi-bição, ficou na oitava colocação,superando muitas produções re-centes dos cinemas americano einglês.

Nos anos 40 e 50, os cine-mas americano e inglês pro-duziram alguns filmes comcenas que poderíamos clas-sificar apenas como espiri-tualistas, pois mostravamsituações que envolviam

personagens “do outro lado”, al-guns até com certa seriedade, massempre sob o ponto de vista pura-mente de entretenimento, sem aabordagem adequada que requer o assunto.

Na década de 90, vimos produ-ções made in Hollywood mais sé-rias, como Ghost, do Outro Lado daVida; O Sexto Sentido; Os Outros; eAmor Além da Vida. Elas mostra-ram, “involuntariamente”, cenas esituações que nós identificamoscomo espíritas, embora tenham si-do realizadas sem orientação daDoutrina. Por que espíritas? Por-que tomamos conhecimento dessassituações na Codificação, escrita entre 1857 e 1868, pelo nosso mes-tre Allan Kardec, e, no século XX,nas obras psicografadas por Fran-cisco Cândido Xavier e Yvonne doAmaral Pereira.

Fato histórico sobre divulgação da Doutrina

O C E A N O VI E I R A D E ME LO

U

Capa do DVD

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:04 Page 27

Page 28: Reformador 04 abril_2006

28 Reformador • Abr i l 2006 114466

A FEB e o Esperanto

Comovente depoimento, daHungria, sobre

Memórias de um Suicidatexto que abaixo transcrevemos, em tradu-ção do esperanto, remete-nos a etapas as-saz significativas e edificantes da verdadei-

ra saga vivida pelo sagrado texto mediúnico ditadoà médium Yvonne A. Pereira, até que chegasse à suaversão em língua húngara e en-sejasse o belíssimo fruto objetodesta notícia.

Pelo início da década de 90,instigados por valoroso grupode esperantistas-espíritas do LarFabiano de Cristo, entregamo--nos à árdua empresa de verterpara o esperanto o Memórias deum Suicida.

A edição veio a lume em1998, graças ao esforço hercú-leo, quase sobre-humano, dosvalorosos idealistas da Socieda-de Editora Espírita F. V. Lorenz,à frente o incansável Délio Pe-reira de Souza.

No início do presente século,Tibor Szabadi, esperantista-es-pírita da Hungria, verteu aobra para sua língua nacional,com base na tradução em espe-ranto, cabendo ao idealismo sacrificial de outrogrupo de abnegados e devotados companheiros deBrasília, sob o comando de Aymoré Vaz Pinto, atarefa de editar o volume Egy ongyilkos emlékei

(Memórias de um Suicida), em húngaro, e assimfecundar o pensamento e o sentimento de nossosirmãos magiares com o conteúdo de uma das maisprofundas obras mediúnicas que a Terra tem co-nhecido.

Agora, recebemos de TiborSzabadi o depoimento objetodeste artigo, cujo teor damos aseguir ao leitor:

“Caros Amigos!Gostaria de comunicar-lhes

um depoimento que recebi,em língua húngara, a respeitoda obra Memórias de um Sui-cida. Quem o faz é uma douto-ra em Filosofia, professorauniversitária, interessada noestudo do Espiritismo.

Eis o texto, por mim vertidoao esperanto:

Estimado Szabadi Tibor!Encontrei, na Biblioteca Cen-

tral de Budapest “Szabó Ervin”,o livro “Memórias de um Sui-

cida”. Entreguei-me à leituracom grande curiosidade, pois a

verdade é que até hoje eu absolutamente não com-preendia as implicações espirituais do suicídio.

Sou formada em Língua Húngara e História, sendotambém doutora em Filosofia.

AF F O N S O SOA R E S

O

Capa do livro Memórias de um Suicida em húngaro

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 28

Page 29: Reformador 04 abril_2006

Desde o início de meusestudos universitários,muito me interesso so-bre a origem e a teoriadas religiões, e em mi-nha tese de doutoradotambém abordei essetema.

Afastei-me dasigrejas “oficiais”, pe-lo dogmatismo ne-las reinante. So-mente nos anos90, graças ao sur-gimento, na Hun-gria, de teorias eobras vazadas em

novo estilo, readquiri a crença em doutrinas reli-giosas.

Meu maior interesse é pelo Cristianismo e pelosensinos do Cristo, pois sou de confissão católica roma-na e vejo que as lições de Jesus têm sofrido mui-tas deformações.

Saiba que o livro que o senhor traduziu abalou--me o íntimo pela visão verdadeira que oferece nãosomente do real caráter de erro do suicídio, mas tam-bém do vivo ensino do Cristo.

Compreendi, do ponto de vista espiritual, o grauda falta que o suicida comete contra Deus, bem

como a maneira pela qual ele deverá responder porseu ato.

O livro expõe essa responsabilidade não com base na amedrontação criada pela Igreja, mas com apro-fundamento, respeito a Deus, assim proporcionandobase sólida para a verdadeira crença.

Tocou-me profundamente a realidade do mundoespiritual, vendo Maria e seus auxiliares a se devota-rem ao tratamento desses Espíritos desviados.

Desde quando terminei a leitura da obra, tambémpassei a orar por essas almas.

Gostaria de testemunhar minha gratidão pelo grande empreendimento que significa essa tradução,pois foi graças a ela que pude tomar conhecimento deobra tão importante como é “Memórias de umSuicida”.

Meu agradecimento também se estende a todos osque, contribuindo para a edição do livro, o ajudaramem seu trabalho.

Agradeço a todos os senhores pelo fato de haverconhecido essa obra tão valiosa.

D-ra Minya Klara.”

Continuemos, portanto, queridos companheirosdo tríplice ideal EEE (Evangelho – Espiritismo –Esperanto) nos abençoados serviços com que amisericórdia do Cristo nos honra e favorece, certosde que seus belos frutos dão notícia da excelência daárvore que os produz.

29Abr i l 2006 • Reformador 114477

Capa do livro Memórias deum Suicida em esperanto

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 29

Page 30: Reformador 04 abril_2006

m curso de apenas quatromeses reforçou o exércitodos católicos contra as

forças do mal na Terra.Intitulado “Exorcismo e a oração

da libertação”, ele foi oferecido, pelosegundo ano consecutivo, pela Uni-versidade Pontifícia Regina Apos-tolorum, de Roma.

Entre outubro de 2005 e janei-ro de 2006, cerca de 120 matricu-lados de todo o mundo ouvirampalestras sobre os aspectos pasto-rais, espirituais, teológicos, litúr-gicos, médicos, jurídicos e crimi-nais do satanismo e da possessãodemoníaca.

Segundo a opinião dos coor-denadores do curso, “não há dú-vida de que hoje o diabo está seintrometendo mais na vida dohomem”. A maioria dos alunos éde padres interessados em sabercomo lidar com o demônio nocaso de topar com ele algum dia.

Um dos alunos disse que deci-diu fazer o curso após viver a “ex-periência perturbadora” de ouvira confissão de uma jovem da suaparóquia. “Sua voz mudou, seurosto se transformou e ela come-

çou a falar em uma língua quenão conhecia”, afirmou.

Um dos professores do curso ébastante conhecido na área doexorcismo. O Pe. Gabriele Nannirelacionou quatro sinais definiti-vos de que se trata de uma posses-são demoníaca, e não de proble-mas psicológicos: “Quando al-guém fala ou entende línguas quenormalmente não conhece; quan-do sua força física é despropor-cional ao tamanho do seucorpo ou à idade; quandose torna repentinamenteconhecedor de práticasocultas; quando temuma aversão física acoisas sagradas, comoa hóstia ou as orações”.

O desafio para os futu-ros “exorcistas” da Europaé grande.

Estima-se que só naItália, há até 5.000membros de sei-tas satânicas. Ejovens de 17 a 25anos seriam atétrês quartos dessetotal.

O exorcismo foi assunto de vá-rias reflexões e artigos por partede Allan Kardec em diversos tre-chos da Codificação e da RevistaEspírita. O Codificador deixou cla-ro que seria necessário compreen-der a questão sob a nova roupa-gem conceitual da visão espírita.

No novo contexto, Kardec es-clarece que o espírito das trevas,

CA R LO S AB R A N C H E S

O Exorcismona visão espírita

U

30 Reformador • Abr i l 2006 114488

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 30

Page 31: Reformador 04 abril_2006

31

adversário de Deus na Terra, naverdade é um inimigo de si mes-mo, trabalhando contra a pró-pria paz.

Acrescenta também que notrato com as entidades ainda vin-culadas ao mal, de pouco adian-tam fórmulas e rituais externos,mas sim a autoridade moral dointerlocutor, porque o Espíritotem a possibilidade de perceber asinceridade de propósitos do es-clarecedor e pode aferir sua ho-nestidade pela qualidade das vi-brações e pela elevação de suacongruência, no sentido de sópropor aquilo que tem possibili-dade de sentir com grandeza ehumildade.

Nesse sentido, a técnica dodiálogo com os elementos dassombras constitui uma das valio-sas contribuições do Espiritismopara a melhora das relações entreas realidades material e espiritual.Conversa franca, aberta, centradana honestidade de propósitos eno desejo de melhoria de todosos envolvidos – vítimas, algozes einterlocutores chamados ao ser-viço no bem.

No lugar do ritual externo,uma atitude interna de respeito eafeto sincero pelo comunicante.O que ele precisa é de amor, co-mo conclui com sabedoria Her-mínio Miranda na obra Diálogocom as Sombras.

A ação comunitária dos espíri-tas no que diz respeito às reu-niões de desobsessão é, a meu ver,de grandiosa força revolucioná-ria, por disseminar por milharesde sessões mediúnicas o conviteamorável do Mestre, de servir in-cansavelmente para colaborar coma iluminação da Humanidade, apartir da transformação de um co-ração ferido e disposto a tudo porfazer o mal e vingar-se.

No lugar do “príncipe das tre-vas”, colocamos a figura do irmãoenfermo que, tanto quanto nós, énecessitado de amparo e amor su-blimes.

O diferencial do espírita é este:ao contrário de expulsar o cha-mado demônio da presença dosseres que ele deseja possuir, de-volvendo-o aos ambientes infer-nais, oferece-lhe o oposto, em for-ma de um suave chamado a quevenha fazer parte do rebanho doSenhor, já que ele também é filhode Deus e herdeiro dos tesourosdo Pai...

Por aí trabalhamos, a fim demostrar à Humanidade que todospodemos herdar a terra dos man-sos de coração...

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 31

Page 32: Reformador 04 abril_2006

32 Reformador • Abr i l 2006 115500

um recente levantamentofeito pelo respeitado IIMD(International Institute for

Management Development), comsede na Suíça, obtivemos a infor-mação de que 80% dos 1.312 exe-cutivos entrevistados, em novepaíses, avaliam que a intuição setornou importante para a formu-lação de estratégias e planejamen-tos empresariais. A maioria dosrespondentes (53%) diz que recor-re à intuição e ao raciocínio lógi-co em igual proporção no seu dia--a-dia. “O que eles estão dizendo éque administrar é mais do quecontar, pesar e medir.”1

A palavra intuição apresentatrês significados: a) conhecimentoimediato de alguma coisa, obtidopor meio do entendimento sensí-vel e/ou do intelectual; b) conheci-mento antecipado, caracterizadopor um “pré-sentimento” ou poruma “pré-ciência” de algo que po-derá acontecer; c) conhecimentoda essência das coisas, isto é, capa-cidade de enxergar além das apa-rências.2 O conhecimento imedia-to é reconhecido como um proble-ma de ordem epistemológica queinvestiga ser possível alguém ter o

conhecimento das coisas sem ouso exclusivo da inteligência. Co-mo conhecimento antecipado, aintuição está vinculada à percep-ção extra-sensorial. O terceiro sig-nificado – que trata da apreensãoda essência das coisas – é questãometafísica quando se indaga serpossível alguém enxergar aparên-cias e a realidade das coisas.

O conceito espírita de intuiçãoabrange esses e outros significados:a) resulta da manifestação da fa-culdade anímica; b) decorre dafaculdade mediúnica; c) faz rela-ção com as provações da vida, de-finidas no planejamento reencar-natório; d) reflete aprendizado de-senvolvido em épocas passa-das ou no plano espiritual.

Os fenômenos de eman-cipação da alma ou aními-cos (de anima, alma) sãoproduzidos pelo próprioEspírito encarnado nos mo-mentos de desprendimen-to (desdobramento) docorpo físico. Nestasituação, o Espí-rito desdobradotem consciênciadas ocorrências

desenvolvidas tanto no plano físicoquanto no espiritual, podendo par-ticipar ativamente delas.3 Retor-nando ao corpo físico, a pessoa re-corda-se intuitivamente dos acon-tecimentos vividos. “De ordinário[esclarecem os Espíritos Superio-res], ao despertardes, guardais a in-tuição desse fato, do qual se origi-nam certas idéias que vos vêm es-pontaneamente, sem que possaisexplicar como vos acudiram (...)”4

Os fenômenos mediúnicos (demédium, meio) decorrem da ação

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

IntuiçãoN

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 32

Page 33: Reformador 04 abril_2006

dos Espíritos sobre um instru-mento humano, o médium. A in-tuição manifestada por via me-diúnica é muito sutil. Surgem, namente, idéias sobre um assuntoou acontecimento, cuja origem, arigor, é desconhecida pelo media-neiro. Kardec explica que “o mé-dium intuitivo age como o fariaum intérprete. Este, de fato, paratransmitir o pensamento, precisacompreendê-lo, apropriar-se dele,de certo modo, para traduzi-lofielmente e, no entanto, esse pen-samento não é seu, apenas lheatravessa o cérebro. Tal precisa-mente o papel do médium intuiti-vo”.5 É por este motivo que namediunidade intuitiva “(...) tor-na-se freqüentemente difícil dis-tinguir o pensamento do médiumdo que lhe é sugerido, o que levamuitos médiuns deste gênero a du-vidar da sua faculdade”. 6

A intuição pode ocorrer comolembranças de provas, definidas

no planejamento re-encarnatório. Sãoprovações seme-lhantes às que oEspírito não sou-be aproveitar, re-sultando lutas ne-

cessárias à sua melhoria espiritual.O reencarnante, então, “pede a Es-píritos que lhe são superiores que oajudem na nova empresa que sobresi toma, ciente de que o Espírito,que lhe for dado por guia nessaoutra existência, se esforçará pelolevar a reparar suas faltas, dando--lhe uma espécie de intuição das emque incorreu. (...) Essa voz [ensinaum Espírito Superior], que é a lem-brança do passado, vos advertepara não recairdes nas faltas de quejá vos fizestes culpados”. 7

A intuição é, também, umalembrança de aprendizado desen-volvido pelo Espírito, em vidaspassadas e nos intervalos das reen-carnações. Surge como idéias ina-tas e como tendências instintivas.“(...) os conhecimentos adquiridosem cada existência [e no plano es-piritual] não mais se perdem. Li-berto da matéria, o Espírito sem-pre os tem presentes. Durante aencarnação, esquece-os em parte,momentaneamente; porém, a in-tuição que deles conserva lheauxilia o progresso. Se não fosseassim, teria que recomeçar cons-tantemente.” 8

A evolução histórica do signifi-cado da intuição revela-nos a

existência de uma constantepreocupação, manifestadaem diferentes épocas e áreasdo saber humano, sobre opensamento intuitivo. Osfilósofos da Antigüidade,platônicos e neoplatônicos,defendem a tese de que aintuição é um conhecimen-to ou dom superior, um ti-po de privilégio divino.

A filosofia medieval considerao conhecimento intuitivo comouma forma particular e privilegia-da da consciência humana. Entre-tanto, o filósofo inglês Francis Ba-con (1561-1626) acrescenta quesomente a intuição associada àexperiência deve ser aceita comoum privilégio da inteligência hu-mana. Descartes (1596-1650), poroutro lado, explica que é impor-tante saber distinguir “intuição” –apreensão sensível e vulgar expe-rimentada pelo intelecto – de“intuição evidente” (evidens in-tuitus) que nos conduz ao conhe-cimento verdadeiro. O filósofoalemão Friedrich Hegel (1770--1831), por sua vez, identifica aintuição com o pensamento oucom a capacidade de pensar: “opuro intuir é o mesmo que o puropensar”, afirma.

Os filósofos contemporâneos,sobretudo os matemáticos e oslógicos, relacionam intuição à ca-pacidade inventiva da Ciência. Obiólogo e filósofo francês ClaudeBernard (1813-1878) dizia: “a in-tuição gera a idéia ou a hipóteseexperimental, ou seja, interpretaantecipadamente os fenômenosda natureza”. O francês HenriPoincaré (1854-1912), notável ma-temático e filósofo, repetia, comreferência à matemática, o queBernard dizia sobre as ciênciasexperimentais: “demonstra-se coma lógica, mas só se inventa com aintuição. (...) A faculdade que nosensina a ver é a intuição. Sem elao geômetra seria como um escri-tor bom de gramática, mas vaziode idéias”.9

33Abr i l 2006 • Reformador 115511

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 33

Page 34: Reformador 04 abril_2006

As idéias intuitivas fazem rela-ção com a criatividade, nos diasatuais. A intuição é vista comofaculdade congênita, presenteem alguns indivíduos, mas passí-vel de ser desenvolvida pelo exer-cício. Para os estudiosos, a mentedas pessoas intuitivas desenvol-veu a capacidade de lidar com fi-guras ou configurações. Nestesentido, a intuição é uma formapeculiar do pensamento queemite imagens mentais denomi-nadas não-lógicas.10 Para a Ciên-cia, existem várias maneiras depensar. O pensamento lógico-ra-cional, por exemplo, nos é maisfamiliar, facilitando as nossasinterferências no cotidiano, narealidade objetiva. O valor daintuição estaria na habilidade dea mente produzir e interpretarimagens não-lógicas e, ao mesmotempo, coexistir harmonicamen-te com as emissões do pensa-mento racional-lógico.11 Este é oponto exato que reflete o interes-se dos estudiosos pela intuição epelos intuitivos. Empresários etecnólogos, psicólogos e educa-dores da atualidade incentivamou desenvolvem estudos, pesqui-sas e análises, confiantes em queos insights ou a súbita percepção,próprios dos intuitivos, represen-tam um jeito novo de fazer algo, epodem ser a solução para proble-mas e desafios complexos, exis-tentes na civilização hodierna.11

O Espírito André Luiz nos for-nece uma boa explicação sobre omecanismo básico da intuição:“A aura é, portanto, a nossa plata-forma onipresente em toda comu-

nicação com as rotas alheias, ante-câmara do Espírito, em todas asnossas atividades de intercâmbiocom a vida que nos rodeia (...).

Isso porque exteriorizamos,de maneira invariável, o reflexo denós mesmos, nos contatos de pen-samento a pensamento, sem ne-cessidade das palavras para assimpatias ou repulsões funda-mentais. (...)

Pelas ondas de pensamento a seenovelarem umas sobre as outras,segundo a combinação de fre-qüência e trajeto, natureza e obje-tivo, encontram-se as mentes se-melhantes entre si (...).

A intuição foi, por esse motivo,o sistema inicial de intercâmbio,facilitando a comunhão das criatu-ras, mesmo a distância, para trans-fundi-las no trabalho sutil de tele-mentação, nesse ou naquele domí-nio do sentimento e da idéia, porintermédio dos remoinhos men-suráveis de força mental, assimcomo, na atualidade, o remoinhoeletrônico infunde em aparelhosespeciais a voz ou a figura de pes-soas ausentes, em comunicaçãorecíproca na radiotelefonia e natelevisão.” 12

Emmanuel esclarece que “to-dos os homens participam dospoderes da intuição, no divino ta-bernáculo da consciência, e todospodem desenvolver suas possibili-dades nesse sentido. (...)

A faculdade intuitiva é insti-tuição universal. Através de seusrecursos, recebe o homem terres-tre as vibrações da vida mais alta,em contribuições religiosas, filo-sóficas, artísticas e científicas,

ampliando conquistas sentimen-tais e culturais, colaboração essaque se verifica sempre, não pelavontade da criatura, mas pela con-cessão de Deus.” 13

Referências Bibliográficas:1BLECHER, Nelson. In: Essência da Intui-

ção. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997,

p. 76.2Enciclopédia Mirador Internacional. São

Paulo: Melhoramentos, 1995, vol. 12,

p. 6.181.3KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 76.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. XIX,

item 223, 1o a 5o subitens, p. 278 e 279.4 ______. O Livro dos Espíritos. 86. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005, q. 415, p. 257.5 ______. O Livro dos Médiuns. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2005, cap. XV, item 180, p. 231.6 ______. Obras Póstumas. 38. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2005. Primeira Parte, “Dos

médiuns”, item 50, p. 71.7______. O Livro dos Espíritos. 86. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005, q. 393, p. 243.8Idem, ibidem, q. 218-a, p. 164.9 ABBRAGNANO, Nicola. Dicionário de Fi-

losofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000,

p. 581 a 583.10FISHER, Milton. In: Essência da Intui-

ção. São Paulo: Editora Martin Claret,

1997, p. 59 a 62.11EPSTEIN, Gerald. In: Essência da Intui-

ção. São Paulo: Editora Martin Claret,

1997, p. 30.12XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois Mundos, pelo Espírito

André Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2005, cap. 17, p. 164 a 166.13XAVIER, Francisco Cândido. Caminho,

Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel.

1. ed. especial, Rio de Janeiro: FEB, 2004,

cap. 156, p. 327 a 328.

34 Reformador • Abr i l 2006 115522

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 34

Page 35: Reformador 04 abril_2006

35Abr i l 2006 • Reformador 115533

O Conselho Federativo Nacionalda FEB, em sua Reunião Ordináriade 11 a 13 de novembro de 2005,constituiu Comissão para as come-morações do Sesquicentenário daDoutrina Espírita, considerandoque no dia 18 de abril de 2007 secomemoram 150 anos do lança-mento de O Livro dos Espíritos, porAllan Kardec. Com esse objetivo, oCFN também aprovou que a FEBpromova e coordene a realizaçãodo 2o Congresso Espírita Brasileiro,que ocorrerá em Brasília.

Essa Comissão do CFN ficouintegrada pelos seguintes repre-sentantes: Região Norte – JorgeAlberto Elarrat do Canto e SandraFarias de Moraes; Região Nordes-te – Creuza Santos Lage e SôniaMaria Arruda Fonseca; RegiãoCentro – Maria Túlia Bertoni eSaulo Gouveia Carvalho; RegiãoSul – Jason de Camargo e JoséAntonio Luiz Balieiro; EntidadesEspecializadas de Âmbito Nacio-nal – Gezsler Carlos West e JorgePedreira de Cerqueira; FederaçãoEspírita do Distrito Federal – Cé-sar de Jesus Moutinho; FEB –Altivo Ferreira e Antonio CesarPerri de Carvalho.

Com o lema Espiritismo: 150Anos de Luz e Paz, estão sendoplanejadas várias ações:

Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro: a serelaborado sob a coordenação doConselho Federativo Nacional daFEB. Os estudos para esse “Pla-no de Trabalho” serão iniciadosnas quatro Reuniões das Comis-sões Regionais do CFN, entreabril e junho deste ano, concluin-do-se na Reunião Extraordináriado CFN, que antecederá a abertu-ra do 2o Congresso Espírita Brasi-leiro.

2o Congresso Espírita Brasilei-ro: programado para Brasília, de12 a 15 de abril de 2007, será pro-movido pela Federação EspíritaBrasileira e terá como tema cen-tral O Livro dos Espíritos na Edi-ficação de um Mundo Melhor. An-tecedendo a abertura do 2o Con-gresso serão realizadas em BrasíliaReuniões conjuntas das quatroComissões Regionais do CFN e aReunião Extraordinária do CFN.

Atividades junto ao Movimen-to Espírita: estímulo a ações dasEntidades Federativas Estaduais eAssociações Especializadas junto

às suas áreas de abrangência, emontagem de um cronogramadas programações alusivas ao Ses-quicentenário do Espiritismo, du-rante o ano de 2007, mas comdestaque à promoção de eventosem todas as Instituições Espíritas,em torno da data de 18 de Abril de2007. O encerramento das come-morações do Sesquicentenárioocorrerá na Reunião Ordinária doCFN, em novembro de 2007.

Ações para a difusão espírita:serão criadas peças promocio-nais sobre o Sesquicentenário doEspiritismo e sobre as Obras Bá-sicas da Codificação, estimulan-do-se as edições especiais de li-vros, jornais e revistas, sobre aefeméride.

Edição de Selo Postal Come-morativo: a FEB proporá aosCorreios a emissão de selo postale a preparação de carimbo, come-morativos do Sesquicentenáriodo Espiritismo, com previsão pa-ra lançamento, em Brasília, nodia 18 de abril de 2007, e comlançamento simultâneo em todasas capitais dos Estados, nas sedesdas respectivas Entidades Federa-tivas.

Comemorações do

do EspiritismoSesquicentenário

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 35

Page 36: Reformador 04 abril_2006

36 Reformador • Abr i l 2006 115544

Páginas da Revue Spirite

lgumas pessoas perguntam por que a Doutri-na Espírita não é a mesma no antigo e no no-vo continentes e em que consiste a diferença.

É o que tentaremos explicar.Como se sabe, as manifestações ocorreram em to-

dos os tempos, tanto na Europa quanto na América,e hoje, que nos damos conta da coisa, lembramosuma porção de fatos que tinham passado desperce-bidos, muitos dos quais consignados em escritosautênticos. Mas esses fatos eram isolados; nestes últi-mos tempos eles se produziram nos Estados Unidosnuma escala bastante ampla para despertar a atençãogeral dos dois lados do Atlântico. A extrema liberda-de existente nesse país favoreceu a eclosão das idéiasnovas, e é por isto que os Espíritos o escolheram paraprimeiro teatro de seus ensinos.

Ora, acontece muitas vezes que uma idéia surgenum país e se desenvolve em outro, como se vê nasciências e na indústria. Sob esse aspecto, o gênioamericano deu suas provas e nada tem a invejar àEuropa; mas, se excede em tudo o que concerne aocomércio e às artes mecânicas, não se pode recusar àEuropa o das ciências morais e filosóficas. Em conse-qüência dessa diferença no caráter normal dos po-vos, o Espiritismo experimental ocupava seu espaçona América, enquanto a teoria e a filosofia encontra-vam na Europa elementos mais propícios ao seudesenvolvimento. Assim, foi lá que nasceu, conquis-tando, em poucos anos, o primeiro lugar. Ali os fatosinicialmente despertaram a curiosidade; porém,uma vez constatados e satisfeita a curiosidade, logo

se cansaram das experiências materiais sem resulta-dos positivos. Já o mesmo não ocorreu desde que sedesdobraram as conseqüências morais desses mes-mos fatos para o futuro da Humanidade. A partir daío Espiritismo tomou posição entre as ciências filosó-ficas; marchou a passos de gigante, a despeito dosobstáculos que lhe foram suscitados, porque satisfa-zia às aspirações das massas, porque prontamentecompreenderam que vinha preen-cher um imenso vazionas crenças e resolver oque até então pareciainsolúvel.

A América foi, pois,o berço do Espiritis-mo, mas foi na Euro-pa que ele cresceu e fezsuas humanidades. Istoé motivo para a Amé-rica ficar enciuma-da? Não, porquenoutros pontosela levou van-tagem. Não

A Escola Espírita

A

James Hervey Hyslop foi um dos pioneiros doEspiritismo experimental nos Estados Unidos.

Americana

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 36

Page 37: Reformador 04 abril_2006

foi na Europa que as máquinas a vapor surgiram? enão foi na América que encontraram a sua aplicaçãoprática? A cada um o seu papel, conforme suas apti-dões, e a cada povo o seu, segundo seu gênio parti-cular.

O que particularmente distingue a escola espíritadita americana da escola européia é a predominân-cia, na primeira, da parte fenomênica, à qual se ligammais especialmente, e na segunda, a parte filosófica.A filosofia espírita da Europa espalhou-se pronta-mente, porque ofereceu, desde o princípio, umconjunto completo, mostrando o objetivo eampliando o horizonte das idéias; incon-testavelmente, é a que hoje prevaleceno mundo inteiro. Até hoje os Es-tados Unidos pouco se afastaram desuas idéias primitivas; significaráisto que, isolados, ficarão na reta-guarda do movimento geral? Seriainjuriar a inteligência desse povo.Aliás, os Espíritos lá estão para oimpelir na via comum, ensinandoali o que ensinam alhures; triunfa-rão pouco a pouco das resistênciasque poderiam nascer do amor-pró-prio nacional. Se os americanos re-pelissem a teoria européia, porquevem da Europa, aceitá-la-ão quandosurgir em seu meio, pela própriavoz dos Espíritos; cederão ao ascen-dente, não da opinião de algunshomens, mas ao controle universaldo ensino dos Espíritos, esse poderoso critério, comoo demonstramos em nosso artigo sobre a autoridadeda doutrina espírita; é apenas uma questão de tempo,principalmente quando houverem desaparecido asquestões pessoais.

De todos os princípios da doutrina, o que encon-trou mais oposição na América – e por Américadeve entender-se exclusivamente os Estados Unidos– foi o da reencarnação. Pode mesmo dizer-se que éa única divergência capital, prendendo-se as outrasmais à forma do que ao fundo, e isto porque ali os

Espíritos não a ensinaram. Expliquemos as razõesdisto. Os Espíritos procedem em toda parte com sa-bedoria e prudência; para se fazerem aceitar, evitamchocar muito bruscamente as idéias preconcebidas.(...) Nos Estados Unidos o dogma da reencarnaçãoteria vindo chocar-se contra os preconceitos de cor,tão profundamente arraigados naquele país; o es-sencial era fazer aceitar o princípio fundamental dacomunicação do mundo visível com o mundo invi-sível; as questões de detalhe viriam a seu tempo.

Ora, não é duvidoso que esse obstáculo acabe pordesaparecer, e que um dos resultados da

guerra civil atual seja o gradativo en-fraquecimento de preconceitos, ver-

dadeira anomalia numa nação tãoliberal.

Se, de maneira geral, a idéia dareencarnação ainda não é aceitanos Estados Unidos, ela o é indi-vidualmente por alguns, se nãocomo princípio absoluto, ao me-nos com certas restrições, o que já

é alguma coisa. Quanto aos Espí-ritos, sem dúvida julgando que omomento é propício, começam aensinar com cautela em certos lu-gares e sem rodeios em outros.Uma vez levantada, a questão per-correrá longa distância. Aliás, te-mos sob os olhos comunicações jáantigas, obtidas naquele país, nasquais, sem estar formalmente ex-

pressa, a pluralidade das existências é a conseqüên-cia forçada dos princípios emitidos; aí se vê brotar aidéia. Assim, não é duvidoso que, em pouco tempo,o que hoje ainda se chama escola americana fundir--se-á na grande unidade que se estabelece por todaparte.

AL L A N KA R D E C

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – maio de 1864, 2. ed.

FEB. Transcrição parcial, p. 200 a 202.

37Abr i l 2006 • Reformador 115555

Leonore E. Piper, famosa médium americana. Portadorade vários dons mediúnicos,

prestou-se a estudos científicosde 1885 a 1915

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 37

Page 38: Reformador 04 abril_2006

Desafios naCasa Espírita

uito freqüentemente quei-xam-se os companheirosque militam na Casa Espí-

rita acerca dos distúrbios que seoperam nas engrenagens admi-nistrativas da Instituição, impondoa deserção de vários tarefeiros e aabertura de áreas de guerra intes-tina, em que a maledicência e a re-volta surda, o azedume e o melin-dre surgem por colheita infeliz, fru-to da sementeira invigilante dostrabalhadores envolvidos.

Aqui, aparece a discussão esté-ril, levando os trabalhadores a rui-dosos atritos pessoais, desenca-deando o malogro de idéias louvá-veis, e ao abortamento de projetosde crescimento da própria Casa.Mais adiante, observa-se a frieza decorações no trato uns para com osoutros, estabelecendo nevoento epropício campo para as disputas dearena e os duelos espirituais nasfaixas dos sentimentos inferiores,prenunciando a ruína de tudoquanto já foi construído pelosobreiros da primeira hora.

Mais acolá, a inveja ganha espa-ço entre os servidores da colméiaespírita, onde passa a haver dispu-ta pelo mel das vantagens imedia-tas e dos aplausos do mundo, antea ânsia de se estar nos postos de

comando, abandonando-se a sim-plicidade e a humildade que deve-riam viger por bandeiras de vivên-cia cristã na seara que se escolheupara militar.

E assim vários focos infecciososvão minando a Instituição Espírita,sempre sob a aparência de simplesdivergências de pensamentos, aocultar uma ameaça muito maior,qual seja a evidência perturbadorada inferioridade humana, buscan-do espaço para as alucinações doEgo e para a tirania do espírito.

Nesse meio termo, surgem osque alertam que a Casa Espírita estásob assalto da obsessão coletiva, ne-cessitando de uma maior vigilânciados tarefeiros encarnados, a fim dese minimizar o assédio das sombrassob açodamento das paixões hu-manas. Recomenda-se a prece e avigilância por antídoto a semelhan-te flagelo de natureza espiritual.

Certamente que têm razão osque assim se pronunciam, alertan-do aos demais para que não caiammais profundamente nas malhassutis da influência fascinatória exer-cida pelos Espíritos desencarnadossobre o psiquismo humano emtresvario. O próprio Codificador doEspiritismo, Allan Kardec, já nostinha alertado que a influência ob-

sessiva sempre se dá quando o indi-víduo se coloca predisponente paraque semelhante sintonia se estabe-leça no campo pessoal, ameaçandosoçobrar a tranquilidade e a paz vi-gente na seara espiritista.*

Todas as vezes que a obsessão seinsinua, imperioso é reconhecerque os obsedados vulgares dão re-pasto a semelhante enfermidade daalma. A invigilância aos própriossentimentos, a ausência de autocrí-tica, o despeito em relação aos de-mais companheiros de militância, adisputa por espaços de poder e deinfluência pessoal abrem campopara que a obsessão, seja individualou coletiva, se instale na intimida-de da Instituição qual erva daninhaem solo fértil, sendo esta praga ras-teira disseminada pelos própriossemeadores da Casa Espírita, ante ofascínio de poder e comando quemuitos trazem de existências tran-satas fracassadas.

Necessário que, em vez de umaolhada simplista para a janela doinvisível, ante a investigação me-diúnica, que será simplesmenteconfirmar o que já se sabe e se sus-peita, fundamental se faz que os

*Nota do autor espiritual: O Livro dos Mé-diuns, capítulo 23, “Da obsessão”, Ed. FEB.

M

38 Reformador • Abr i l 2006 115566

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:05 Page 38

Page 39: Reformador 04 abril_2006

causadores do distúrbioabram os portais da almae se voltem para dentrode si mesmos, reavalian-do suas condutas ante adoutrina lida e estudada,mas ainda evidentementenão vivida.

É o Espiritismo o maissublime roteiro de refor-ma íntima e renovaçãomoral que se conhece noscaminhos terrestres, nosconvidando a abandonaros velhos mantos da vai-dade milenar e do egoísmo pri-mitivista, sendo ele poderoso anti-biótico a agir nos tecidos infeccio-nados da alma, ensejando que faça-mos ainda hoje a nossa autocuraatravés da renúncia a propósitoshegemônicos e autoritários, bus-cando uma postura madura e res-ponsável diante das tarefas abraça-das livremente e dos demais irmãosde jornada, a fim de que não nosfaçamos instrumentos da pertur-bação, a introduzir no seio da CasaEspírita os pegajosos tentáculos doescândalo e da viciação, a matar asflorações segadas por mãos abnega-das e dedicadas, escândalo este pe-lo qual responderemos mais tarde.

Que cada trabalhador se cons-cientize de que é importante semser imprescindível.

Que é útil, mas nunca indis-pensável.

Que mais vale ajudar do quedesajudar.

Que toda crítica ao que já existedeve vir acompanhada das possí-veis alternativas ou soluções decomo deveria ser, e que nosso ver-

bo, ao analisar fatos e pessoas, de-ve estar marcado pelo selo da man-suetude e da tolerância, ante a ine-quívoca constatação de que nãosendo perfeitos, não podemos exi-gir dos demais a perfeição que elesigualmente estão a buscar.

Dessa forma, cada um vai per-cebendo sua real posição na CasaEspírita que elegeu para trabalhar,evitando interferências desastro-sas nas lides alheias, e assim ope-rando individualmente para o êxi-to da atividade coletiva, que devesempre refletir o espírito do Cris-to, que nos convida permanente-mente ao combate sem tréguas àsnossas paixões, nos estimulando aevoluir com a ferramenta da Dou-trina Espírita e a conviver harmo-niosamente no meio dos desafiospor que passa periodicamente aCasa Espírita, bem como o Movi-mento Espírita, já que estamoscientes de que não somos melho-res nem piores do que os demaisque comungam conosco a seara aque nos entregamos voluntaria-

mente: somos simplesmente pes-soas diferentes umas das outras,em graus de entendimento pró-prio, em incessante marcha paradias melhores, depois de supe-radas, as refregas da Terra, que nosimpõe a convivência em grupo pa-ra que nos exercitemos na arte deaceitar o companheiro que mar-cha conosco, aprendendo igual-mente a ser feliz.

Mário H. de Luna

(Página psicografada pelo médium

Marcel Mariano, em 11/11/2005, em

Brasília (DF), durante a Reunião do

CFN/FEB.)

39Abr i l 2006 • Reformador 115577

No artigo “Reuniões me-diúnicas no lar”, na legendada página 28 de Reformadorde março de 2006, o nomecorreto da instituição é As-sociação Espírita Beneficen-te “Anjo da Guarda”.

Retificando...

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:06 Page 39

Page 40: Reformador 04 abril_2006

Digníssimos Irmãos.asgada a cortina, a luz es-plende em todo o fulgor dasua liberdade e da sua gló-

ria. Assim também o Espírito, li-bertado, pela morte material, dosgrilhões constringentes e velado-res da carne, vibra na plenitude deseus ideais e dos seus sentimentos,na força plena de sua capacidadede ser e de fazer. Seria, portanto,paradoxal e incompreensível quenós, os modestos, mas sincerosoperários do primeiro século doEspiritismo, só por desenfaixadosdos fluidos densos da vestiduracarnal, nos distanciássemos, indi-ferentes, do campo de lutas terres-tres, onde a idéia sublime, que nosiluminou os mais altos sonhos,trava as suas batalhas decisivas, pa-ra firmar-se e expandir-se na searados corações. Bem ao revés disso,plantamo-nos, vigilantes e indor-midos, na primeira linha dos com-bates, ao lado daqueles que, comoé o vosso caso, dão o melhor de si

mesmos pela grande causa doConsolador, que é a mensagem daredenção e da paz para toda a Hu-manidade. Por inidentificados nãoestamos inativos, nem omissos.Surgem, porém, horas como esta,no relógio do destino, em que oimpositivo do dever maior nos le-va a nos dirigirmos ostensivamen-te a vós outros. Eis por que hoje te-nho a glória amena e doce de es-crever-vos, não para dizer-vos algode minha própria pobreza, mas pa-ra transmitir-vos, com a permissãodo Anjo Tutelar desta Pátria e destaCasa, a palavra de encorajamento ede incentivo do Espírito Estelar doCodificador, a fim de que abraceisdecididamente a tarefa que vos ca-be, de levar a luz do Espiritismo ao mundo inteiro. O Brasil é real-mente, por decreto divino, o paísescolhido para ser o Grande Evan-gelizador do Planeta e esta Subli-me Oficina é a feliz depositária des-te legado crístico. Não temais, pois,dificuldades, nem vos atraseis no

cumprimento de vossos excelsosdeveres, porque a hora já é avança-da e não há mais tempo a perder, afim de que tantos quantos for pos-sível recebam a palavra do CristoRedivivo, antes que a noite apo-calíptica desça sobre os vales daCrosta planetária.

Aproveito para deixar-vos meuamplexo muito emocionado e mui-to agradecido, pelas flores aromaisde vossas lembranças e das home-nagens fraternais que me tendesprestado, pelo meu pouco mereci-mento.

Crede que sou, com Marina etodos os companheiros das pri-meiras horas, o irmão fiel, o amigosincero e o companheiro serviçalde todos os dias, sempre ao inteirodispor de vossos corações.

P.-G. Leymarie

Fonte: SANT’ANNA, Hernani T.

Correio Entre Dois Mundos. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2002, p. 115 e 116.

A hora éavançada

R

40 Reformador • Abr i l 2006 115588

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:06 Page 40

Page 41: Reformador 04 abril_2006

41Abr i l 2006 • Reformador 115599

A participação das editoras es-píritas na 19a Bienal Internacionaldo Livro de São Paulo 2006 foi amais expressiva da última década.Com um estande de 490 metrosquadrados, exatamente na entradado Pavilhão de Exposições Anhem-bi, a Federação Espírita Brasileira(FEB) e a Associação de Editoras,Distribuidoras e Divulgadoras doLivro Espírita (Adeler) receberammilhares de visitantes que busca-vam informações sobre a Doutri-na, a literatura e o Movimento Es-pírita.

O presidente da Câmara Brasilei-ra do Livro (CBL), Oswaldo Sicilia-

no, visitou o estande da FEB no dia11 de março, pela manhã. Ele elo-giou o trabalho das editoras espíri-tas e destacou a qualidade editoriale gráfica dos livros editados pela Fe-deração. Siciliano foi recebido pelopresidente Nestor João Masotti, queo presenteou com o livro O Es-piritismo na sua Expressão maisSimples, de Allan Kardec. O livro,um dos lançamentos da FEB na Bie-nal de São Paulo, foi traduzido porEvandro Noleto Bezerra.

Uma área especial do estandefoi construída especialmente paraatender ao público infantil. Alémde brincadeiras com balões e pin-

tura de rosto, o espaço atraiu cen-tenas de crianças ao encenar umteatro de fantoches baseado nos li-vros O tatu cavaleiro e O papagaioque falava latim, obras de EloyFacco (Tieloy) editadas pela FEB.Com adaptação e direção de Car-los Moreira, a peça foi produzidapela empresa Entrelinhas Comu-nicação e Eventos.

Além de distribuir milhares deprodutos de divulgação do livro, aFEB montou um centro de infor-mações sobre as instituições espí-ritas do Brasil e do Exterior. Os vi-sitantes levaram para casa folhetosexplicativos sobre obras sociais etarefas doutrinárias, além de jor-nais, revistas, cartazes e materialreferente às Campanhas Família,Vida e Paz.

A FEB naBienal do Livro

de São Paulo

Foto do Estande da Federação Espírita Brasileira

Nestor Masotti e Oswaldo Siciliano

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:06 Page 41

Page 42: Reformador 04 abril_2006

42 Reformador • Abr i l 2006 116600

FEB/DF: Monitores e Evangelizadores Nos dias 18 e 19 de fevereiro ocorreu o Encontro deMonitores da Mediunidade e de Evangelizadores doDepartamento de Infância e Juventude, nas depen-dências da FEB, tendo participado cerca de 120 evan-gelizadores e 30 monitores do Curso de Mediunidade.Nos dias 25 e 26 de fevereiro foi realizadao um cursopara os monitores e colaboradores do ESDE, que con-tou com 40 participantes. O Encontro e o curso ti-veram caráter preparatório para as atividades de 2006,cujas aulas regulares começaram em 4 de março, comuma palestra pelo vice-presidente Altivo Ferreira.

M. G. do Sul: Capacitação A reunião de capacitação de dirigentes das CasasEspíritas ocorrida nos dias 18 e 19 de fevereiro, emCampo Grande, sob o patrocínio da Federação Espíritade Mato Grosso do Sul, reuniu um número aproxima-do de 50 pessoas. Participaram os presidentes das CasasEspíritas da URE Campo Grande – à qual estão vin-culadas 31 Casas Espíritas de Campo Grande e 7 de outras localidades –, e os coordenadores das demaisUREs. Foram desenvolvidos pelos expositores JoãoPinto Rabelo e Edmilson Luiz Nogueira, ambos daFEB, os temas: Visão espiritual do Curso de CapacitaçãoAdministrativa de Dirigentes de Casas Espíritas e Asso-ciação de Casas Espíritas com OSCIPs e ONGs.

Macapá (AP): Casa Chico Xavier Uma nova Unidade de Promoção Integral, que utilizao modelo desenvolvido pelo Lar Fabiano de Cristo, foiinaugurada em Macapá, a qual recebeu o nome deCasa Chico Xavier e será administrada pela FederaçãoEspírita do Amapá, em parceria com o Lar Fabiano deCristo. A Unidade está localizada na Rua OdilardoSilva, 1.131 – CEP 68908-100 – Macapá (AP). Telefo-ne: (96) 3251-3633.

M. Grosso: Encontro da Família Famílias espíritas se reuniram entre os dias 25 e 28 defevereiro, na Federação Espírita do Estado de Mato

Grosso (FEEMT), a fim de debater o tema A famílianuma visão sistêmica. O VI Encontro da Família Es-pírita contou com a presença de Alberto Almeida, deBelém (PA). O evento – que ocorre de dois em doisanos, durante o carnaval – permitiu a troca de expe-riências e reflexão para mais de 600 pessoas.

Casa Espíritas centenárias O Centro Espírita “Luz e Caridade”, de Limeira (SP),fundado em 18 de março de 1906, está comemorando100 anos de atividade ininterrupta. A programação,durante o mês do aniversário, consistiu em três pales-tras, por Orson Peter Carrara, Marcos AlbertoFerreira e Marlene Nobre (nos sábados 3, 11 e 18), ena conferência de encerramento, no dia 27, por Dival-do Pereira Franco.

O Grupo Espírita Paz, de Conselheiro Lafaiete(MG), fundado em 31 de março de 1906, está come-morando seu Centenário com um programa de semi-nários e eventos culturais, de temática espírita, que seestende de janeiro a dezembro de 2006, além da par-ticipação, em outubro, na Semana Espírita da AliançaMunicipal Espírita de Conselheiro Lafaiete.

Maranhão: 26a CONESMA Promovida pela Federação Espírita do Maranhão,ocorreu, de 25 a 28 de fevereiro passado, a 26a Con-fraternização Espírita do Maranhão (CONESMA).Com a participação dos palestrantes Ana Guimarães(RJ), Geraldo Guimarães (RJ) e André Siqueira (DF),no Auditório da Faculdade Atenas Maranhense, aConfraternização contou com seminários, palestras,debates e momentos de arte. Foram expostos e debati-dos os seguintes temas: 2000 anos com Jesus; APedagogia de Jesus na formação do Homem Integral;Jesus e a terapia do amor; As várias faces do Cris-tianismo e seu renascimento através da Doutrina Espí-rita; Reencarnação, o elo perdido do Cristianismo; Avisão espírita e o modelo de perfeição de Jesus; e Na pre-sença do Cristo – Aspectos humanos, psicológicos e es-pirituais.

Seara Espírita

reformador abril 2006 - B.qxp 12/4/2006 15:06 Page 42

Page 43: Reformador 04 abril_2006
Page 44: Reformador 04 abril_2006