Professor: Marcus Magarinho
Registrado na Sede do Escritório de Direitos Autorais – EDA/FBN: 630168
DEDICATÓRIA
Este material é fruto de dez anos de muita pesquisa e dedicação.
Meu intuito, com a sua construção, é unicamente a de ajudar aos meus alunos do pré-vestibular público,
oferecido gratuitamente e de forma satisfatória, pela Prefeitura Municipal de Macaé.
Todos aqueles que tiverem acesso a esta apostila e que não sejam alunos do curso, seja por meio da internet
ou de meus alunos, que também fiquem à vontade de fazer o bom uso dele. Portanto, não estarei cobrando
nada pelo trabalho aqui exposto.
Essa é a forma que encontrei de contribuir com muitos, já que a vida me oportunizou ter tudo que desejei
incluindo o nível superior tão almejado.
Acredito que muitas pessoas que desejam alcançar o sonho de ingressar em uma Universidade não teriam
condições financeiras de adquirir livros ou apostilas e que desta forma estarei ajudando a todas elas, dando-as
a moeda mais valiosa: o conhecimento. Esta ninguém poderá furtar, mas podemos sim multiplicar.
Nesta vida, existem “valores” muito maiores do que o papel dinheiro ou qualquer tipo de bem material e que
são os primeiros, que levaremos ao partirmos desse Mundo.
Faço aqui um único pedido, de que todos que tiveram a oportunidade de usufruir deste material e que de
alguma forma tenha se sentido beneficiado lembre-se sempre de retribuir deste benefício fazendo igualmente
o bem a outrem. Teremos aí um excelente ciclo iniciado.
Neste Mundo que nos encontramos tão complicado onde as pessoas em sua maioria somente vislumbram o
benefício próprio, urge por atitudes altruístas e desapegadas.
Lembre-se de nunca permitir que os ganhos financeiros estejam acima da moral e do amor ao próximo. Não se
corrompa. Não deixe que a vaidade ou orgulho de ter conquistando um nível superior envenene sua alma,
dando-te a ilusão de ser superior aos que não conquistaram este título como muitos fazem. A verdadeira
sabedoria, acredito, está em fazer, acima de tudo o bem. Ajudar ao outro e não pré-julgar a ninguém como
indigno do nosso respeito e compaixão.
Lembre-se sempre disso!
Tenha perseverança e fé no seu potencial, pois o futuro está unicamente em suas mãos.
Abraços fraternos.
Professor Marcus Magarinho
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ÍNDICE
Capítulo 1 - Origem da vida ------------------------------------------------------------------------------------ página 4 Geração Espontânea ------------------------------------------------------------------------------ página 4 Biogênese -------------------------------------------------------------------------------------------- página 5 Needham e Spallanzani -------------------------------------------------------------------------- página 5 Experiência de Redi ------------------------------------------------------------------------------ página 5 Experiência de Pasteur --------------------------------------------------------------------------- página 6 Hipóteses sobre a Origem da Vida ------------------------------------------------------------- página 7 Capítulo 2 - Classificação dos Seres Vivos ------------------------------------------------------------------- página 9 Vírus ------------------------------------------------------------------------------------------------- página 12 Vacina e Soro -------------------------------------------------------------------------------------- página 14 Doenças Causadas por Vírus ----------------------------------------------------------------- página 14 Moneras ------------------------------------------------------------------------------------------ página 15 Doenças Causadas por Bactérias ------------------------------------------------------------- página 17 Eutrofização -------------------------------------------------------------------------------------- página 18 Capítulo 3 – Protoctistas --------------------------------------------------------------------------------------- página 19 Protozoários -------------------------------------------------------------------------------------- página 19 Algas ----------------------------------------------------------------------------------------------- página 20 Maré Vermelha --------------------------------------------------------------------------------- página 22 Doenças Causadas por Protozoários -------------------------------------------------------- página 22 Fungos --------------------------------------------------------------------------------------------- página 23 Líquens ---------------------------------------------------------------------------------------------- página 24 Capítulo 4 – Vegetais -------------------------------------------------------------------------------------------página 25 Briófitas -------------------------------------------------------------------------------------------- página 25 Pteridófitas --------------------------------------------------------------------------------------- página 26 Gimnosperma ------------------------------------------------------------------------------------- página 27 Angiosperma---------------------------------------------------------------------------------------página 29 Mono e Dicotiledônea ------------------------------------------------------------------------- página 29 Tecidos Vegetais -------------------------------------------------------------------------------- página 30 Frutos e Pseudofrutos -------------------------------------------------------------------------- página 31 Absorção de água -------------------------------------------------------------------------------- página 32 Condução das Seivas ---------------------------------------------------------------------------- página 32 Transpiração -------------------------------------------------------------------------------------- página 33 Hormônios ------------------------------------------------------------------------------------------ página 33 Capítulo 5 – Animais Invertebrados ------------------------------------------------------------------------página 34 Poríferos -------------------------------------------------------------------------------------------- página 34 Cnidários ------------------------------------------------------------------------------------------ página 34 Platelmintos -------------------------------------------------------------------------------------- página 35 Anelídeos ------------------------------------------------------------------------------------------ página 36 Nematelmintos ---------------------------------------------------------------------------------- página 36 Artrópodes ---------------------------------------------------------------------------------------- página 37 Moluscos ------------------------------------------------------------------------------------------ página 38 Equinodermos ----------------------------------------------------------------------------------- página 39 Capítulo 6 – Animais Vertebrados -------------------------------------------------------------------------- página 40 Capítulo 7 – Componentes Químicos das Células -------------------------------------------------------- página 42 Substâncias Inorgânicas ------------------------------------------------------------------------ página 43 Substâncias Orgânicas -------------------------------------------------------------------------- página 43 Capítulo 8 – Membrana Plasmática ------------------------------------------------------------------------- página 47 Transporte Passivo ------------------------------------------------------------------------------ página 47 Difusão Simples ----------------------------------------------------------------------------------- página 47 Osmose --------------------------------------------------------------------------------------------- página 48 Difusão Facilitada ------------------------------------------------------------------------------- página 48 Transporte Ativo ---------------------------------------------------------------------------------- página 48 Fagocitose e Pinocitose -------------------------------------------------------------------------- página 49
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Capítulo 9 – Citoplasmas e Organelas --------------------------------------------------------------------- página 50 Ribossomo -------------------------------------------------------------------------------------- página 51 Retículo Endoplasmático -------------------------------------------------------------------- página 51 Complexo de Golgi ---------------------------------------------------------------------------- página 52 Lisossomo --------------------------------------------------------------------------------------- página 52 Peroxissomo ------------------------------------------------------------------------------------ página 53 Vacúolo ------------------------------------------------------------------------------------------ página 53 Mitocôndria ------------------------------------------------------------------------------------ página 54 Cloroplasto -------------------------------------------------------------------------------------- página 55 Capítulo 10 – Núcleo Celular ---------------------------------------------------------------------------------página 58 Cromossomos Homólogos e Cariótipo ---------------------------------------------------- página 59 Replicação do DNA --------------------------------------------------------------------------- página 61 Transcrição -------------------------------------------------------------------------------------- página 62 Tradução e Síntese de Proteína ------------------------------------------------------------ página 63 Capítulo 11 – Divisões Celulares ----------------------------------------------------------------------------- página 63 Mitose --------------------------------------------------------------------------------------------- página 64 Meiose ------------------------------------------------------------------------------------------- página 65 Capítulo 12 - Histologia --------------------------------------------------------------------------------------- página 68 Tecido Epitelial -------------------------------------------------------------------------------- página 68 Tecido Conjuntivo ----------------------------------------------------------------------------- página 68 Tecido Muscular -------------------------------------------------------------------------------- página 71 Tecido Nervoso --------------------------------------------------------------------------------- página 71 Capítulo 13 – Reprodução ------------------------------------------------------------------------------------ página 75 Gametogênese --------------------------------------------------------------------------------- página 76 Hormônios -------------------------------------------------------------------------------------- página 78 Ciclo Menstrual -------------------------------------------------------------------------------- página 78 Capítulo 14 – Sistema Respiratório -------------------------------------------------------------------------- página 79 Sistema Circulatório --------------------------------------------------------------------------- página 81 Sistema Digestório ----------------------------------------------------------------------------- página 83 Sistema Excretor ------------------------------------------------------------------------------- página 86 Capítulo 15 – Genética -1ª Lei de Mendel ---------------------------------------------------------------- página 89 Cruzamento Teste ----------------------------------------------------------------------------- página 90 Heredograma ----------------------------------------------------------------------------------- página 90 Ausência de Dominância ------------------------------------------------------------------- página 91 Genes Letais ----------------------------------------------------------------------------------- página 91 Alelos Múltiplos ------------------------------------------------------------------------------- página 91 Capítulo 16 – Genética - 2ª Lei de Mendel --------------------------------------------------------------- página 92 Sistema AB0 e Rh ------------------------------------------------------------------------------- página 94 Transfusão sanguínea ------------------------------------------------------------------------- página 95 Eritroblastose ----------------------------------------------------------------------------------- página 95 Sistema XY --------------------------------------------------------------------------------------- página 96 Daltonismo ---------------------------------------------------------------------------------------- página 97 Hemofilia ----------------------------------------------------------------------------------------- página 97 Capítulo 17 – Evolução ----------------------------------------------------------------------------------------- página 99 Homologia e Analogia -------------------------------------------------------------------------- página 99 Órgãos Vestigiais --------------------------------------------------------------------------------página 100 Lamarck ------------------------------------------------------------------------------------------ página 100 Darwin -------------------------------------------------------------------------------------------- página 100 Teoria Sintética da Evolução ----------------------------------------------------------------- página 102 Isolamento Geográfico ----------------------------------------------------------------------- página 104 Isolamento Reprodutivo ---------------------------------------------------------------------- página 104 Capítulo 18 – Ecologia I ------------------------------------------------------------------------------------- página 105 Fatores Biótico e Abióticos ------------------------------------------------------------------ página 105 Cadeia Alimentar ----------------------------------------------------------------------------- página 106 Fluxo da Matéria ------------------------------------------------------------------------------ página 107 Fluxo de Energia ------------------------------------------------------------------------------- página 108 Pirâmides Ecológicas ------------------------------------------------------------------------- página 108
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Reciclagem da Matéria --------------------------------------------------------------------- página 111 Ciclos Biogeoquímicos ------------------------------------------------------------------------ página 111 Capítulo 19 – Ecologia II -------------------------------------------------------------------------------------- página 117 Relações Harmônicas ----------------------------------------------------------------------- página 117 Relações Desarmônicas --------------------------------------------------------------------- página 121 Sucessão Ecológica --------------------------------------------------------------------------- página 122 Inversão Térmica ----------------------------------------------------------------------------- página 123 Chuva Ácida ----------------------------------------------------------------------------------- página 124 Efeito Estufa ----------------------------------------------------------------------------------- página 125 Camada de Ozônio --------------------------------------------------------------------------- página 125 Eutrofização ------------------------------------------------------------------------------------ página 126 Magnificação Trófica ----------------------------------------------------------------------- página 127 Capítulo 20 – Biotecnologia --------------------------------------------------------------------------------- página 128 Alimentos Transgênicos -------------------------------------------------------------------- página 128 Clonagem e Engenharia Genética -------------------------------------------------------- página 129 Células-tronco -------------------------------------------------------------------------------- página 130 Câncer ------------------------------------------------------------------------------------------ página 131
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CAPÍTULO I
ORIGEM DA VIDA
Como explicar o aparecimento de animais dentro de outros animais? Não é tarefa fácil. É
preciso conhecer o ciclo reprodutivo dos vermes, conhecimento do qual, infelizmente, nem todos
têm acesso. Na falta da possibilidade de construir uma explicação baseada em conhecimentos sobre
como vivem e se reproduzem os vermes, o ser humano - criativo que é - apela para outras
explicações. Assim, os vermes passam a simplesmente "surgir" dentro de nós e, como esse
surgimento tem que ter alguma razão, o fator estimulador passa a ser o açúcar que está nos doces
(talvez porque as pessoas com verminoses tenham mais fome e tendam a ingerir mais alimentos,
inclusive os doces).
Não vamos nos esquecer dos bichos de goiaba. Você pode até não saber como eles surgem
na fruta, mas a esta altura, já deve estar pensando que eles não podem aparecer lá
espontaneamente, tem que ter havido algum processo reprodutivo que explique seu surgimento. Os
bichos de goiaba são larvas de insetos. Fêmeas adultas desses insetos depositam seus ovos nos frutos
e vão embora. Dos ovos saem as larvas. Elas entram no fruto e se alimentam da própria goiaba até
completarem seu desenvolvimento e poderem sair voando por aí, como seus pais.
Repare que, apesar de aceitarmos facilmente que a reprodução é o único meio de gerar
vida, nos confundimos em algumas situações e, sem perceber, construímos explicações que acabam
negando esse fato. É bom lembrar que cometemos esses erros hoje, no século XXI, época em que já
são bem conhecidos os ciclos de vida de inúmeros seres.
Imagine os homens dos séculos passados, que dispunham de pouquíssimos conhecimentos
sobre os seres vivos. Até o século XIX não eram só as pessoas leigas que achavam que seres vivos
podiam surgir espontaneamente em determinados lugares. Para os próprios cientistas ainda não
estava claro que um ser vivo só pode se originar de outro ser vivo. Era opinião vigente na
comunidade científica que, em determinadas circunstâncias, era possível que seres vivos fossem
gerados espontaneamente, sem a necessidade da existência de seres da mesma espécie para se
reproduzirem e gerarem os novos indivíduos.
Até os cientistas chegarem à idéia aceita atualmente de que, em qualquer situação, seres
vivos só se originam de outros seres vivos, foi muito difícil. Muitas investigações, experimentações e
discussões foram realizadas até ficar provado que só a vida gera vida.
GERAÇÃO ESPONTÂNEA OU ABIOGÊNESE
A idéia de que os seres vivos poderiam surgir não só a partir da reprodução, ou seja, da
matéria viva, mas também a partir da matéria bruta (sem vida) é conhecida como geração
espontânea ou abiogênese (a = negação; bio = vida; gênese = origem). A abiogênese constitui uma
maneira de explicar o surgimento da vida que, embora cientificamente ultrapassada, ainda está
presente no cotidiano das pessoas.
Os defensores dessa hipótese se fundamentavam na idéia de que haveria um "princípio
ativo" ou força vital “em determinada matéria bruta”. Esse "princípio" ou "força" seria capaz de fazer
com que a matéria bruta se transformasse em matéria viva: assim, explicava-se a geração espontânea
dos seres vivos. O "princípio ativo" (algo bastante abstrato) estaria presente, por exemplo, em
determinados alimentos ingeridos pelo homem, o que explicaria o surgimento “dos vermes em seu
sistema digestivo”. Estaria presente também nos restos de comida jogados no lixo, o que explicaria o
aparecimento de larvas de insetos no lixo. A crença na possibilidade de gerar vida a partir da matéria,
sem vida era tão forte que alguns defensores, da abiogênese chegavam a apresentar procedimentos
para se conseguir a geração espontânea de seres vivos. Um médico belga, Von Helmont (1577 -1644)
tinha uma receita para obtenção de ratos:
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"Enche-se de trigo e fermento um vaso, que é fechado com uma camisa suja, de preferência
de mulher. Um fermento vindo da camisa, transformado pelo odor dos grãos, transforma em ratos o
próprio trigo”. (Sonia Lopes. Bio. V.1. Ed. Saraiva).
BIOGÊNESE
O estabelecimento da hipótese da biogênese levou séculos e se deve ao trabalho de vários
cientistas insatisfeitos com as explicações sobre a geração espontânea da vida e dispostos a se
oporem a uma idéia aceita pela maioria. Muitos cientistas realizaram experiências que foram, passo a
passo, minando a certeza depositada na abiogênese.
Francesco Redi realizou a seguinte experiência: Pedaços de carne crua foram colocados em
vários frascos. Alguns foram deixados abertos e outros foram fechados com gaze. Ele verificou que a
carne atraía moscas, que entravam nos frascos abertos. Depois de algum tempo ele observou a
presença de larvas nos frascos abertos. Observando as larvas verificou que se transformavam em
moscas.
Redi resolveu, então, estudar os tais "vermes". Observou que após algum tempo, os animais
ficavam imóveis e recobertos por uma casca. Depois de alguns dias, dessa casca saia uma mosca.
O experimento elaborado por Redi é simples e é fácil que você chegue às mesmas conclu-
sões a que ele chegou há mais de trezentos anos atrás. Pense um pouco, analise você mesmo os
fatos. Redi conseguiu mostrar que a carne em putrefação não era capaz de originar vida. A vida tinha
como fonte outros seres vivos: as moscas que já existiam. Este estudo promoveu um forte abalo na
hipótese da geração espontânea. Entretanto, a idéia não foi completamente derrubada.
Figura 1 – Experiência de Redi
NEEDHAM X SPALLANZANI
Até por volta do século XVII, não se tinha a menor idéia da existência de vida microscópica.
Tal conhecimento só se tornou possível à medida que o homem foi capaz de criar um modo de ver as
coisas tão pequenas que seus olhos não são capazes de enxergar. O homem inventou instrumentos
capazes de aumentar as imagens, os chamados microscópios. Embora os primeiros microscópios
datem do século XVI, eles só foram aperfeiçoados no século XVIII e utilizados com finalidades de
demonstrar abiogênese dos microrganismos. O cientista inglês John Needham (1713-1781) realizou
vários experimentos nos quais fervia vários frascos contendo substâncias nutritivas (já se sabia que a
fervura mata os microrganismos). Em seguida, fechava os frascos com rolhas.
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Após alguns dias, observou o material ao microscópio: havia microorganismos nas soluções
nutritivas. Esses fatos levaram Needham a um raciocínio lógico: A fervura matou os microrganismos
presentes nos frascos. A tampa impediu a entrada de novos microrganismos. Conclusão: os
microrganismos observados ao microscópio eram os resultados do processo de geração espontânea.
Esse experimento contribuiu bastante para que a geração, espontânea continuasse sendo
uma idéia aceita. Alguns anos mais tarde, ainda no século XVIII, um pesquisador italiano, Lazzaro
Spallanzani (1729-1799), repetiu a experiência de Needham, mas fez algumas modificações. Colocou
a solução nutritiva em balões de vidro. Fechou os balões hermeticamente e os submeteu à fervura
por uma hora. Depois de alguns: dias, a análise do conteúdo dos balões revelou a ausência de
microrganismos. Deixando os frascos abertos, os microrganismos tornavam a aparecer. Spallanzani
concluiu que não havia a geração espontânea dos microrganismos e que estes só haviam aparecido
nos frascos fechados de Needham porque a fervura não havia sido feita pelo tempo necessário para
matar todos os microrganismos. Agora parece que a abiogênese está derrubada. Só parece, houve
contra argumentação por parte dos adeptos dessa idéia. Needham apelou para a questão do
"princípio ativo". Respondeu que a fervura por tempo prolongado em recipientes fechados tornava o
ar desfavorável para o aparecimento da vida, destruindo o tal "princípio".
Segundo esses cientistas, os microrganismos surgiam espontaneamente em todos os
lugares, independentemente da presença de outro ser vivo. Essas controvérsias duraram até meados
do século XIX, quando Pasteur conseguiu comprovar definitivamente que os microrganismos surgem
a partir de outros microrganismos.
Figura 2 - Experimento de Pasteur
EXPERIMENTOS DE PASTEUR
A ausência de microrganismos nos frascos do tipo “pescoço de cisne”, mantidos intactos, e a
presença deles nos frascos cujo “pescoço” havia sido quebrado mostram que o ar contém
microrganismos e que eles, ao entrarem em contato com o líquido nutritivo e estéril do balão,
desenvolvem-se. No balão intacto, esses microrganismos não conseguem chegar até o líquido
nutritivo e estéril, pois ficam retidos no “filtro” formado pelas gotículas de água surgidas no pescoço
do balão durante o resfriamento. Já nos frascos em que o pescoço é quebrado, esse “filtro” deixa de
existir e os micróbios presentes no ar podem entrar em contato com o liquido nutritivo, onde
encontram condições adequadas para o seu desenvolvimento e proliferarem. A hipótese da
biogênese passou, a partir de então, a ser aceita universalmente pelos cientistas.
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Essa nova teoria gerou novo questionamento: se todos os seres vivos surgem de outros pré-
existentes, como foi que surgiu o primeiro?
Para responder a essa pergunta temos que retomar a história da evolução de nosso planeta.
Nosso planeta não surgiu apresentando as mesmas condições ambientais que temos hoje e sim
condições muito distintas. Segundo os registros encontrados nas rochas, foram necessários cerca de
um bilhão de anos para que as condições ambientais se tornassem propícias ao aparecimento da
vida. Como, então, teriam surgido os primeiros seres vivos nas condições ambientais de nosso
planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos? Pelo menos três possibilidades têm sido levantadas para
responder a essa pergunta.
HIPÓTESES SOBRE A ORIGEM DA VIDA
Origem extraterrestre
Os seres-vivos não se originaram na Terra, mas em outros planetas, e foram trazidos para cá
por meio de esporos ou formas de resistência, aderidos a meteoritos que caíram em nosso planeta e
que ainda continuam a cair. Essa hipótese não é muito esclarecedora. Se a vida não se formou na
Terra, mas em outro planeta, como foi que surgiu a vida nesse outro planeta? Continuamos sem
resposta. Nos meteoritos que caem atualmente na superfície terrestre têm sido encontradas algumas
moléculas orgânicas, indicando que a formação dessas moléculas no Universo é mais comum do que
se imaginava. Isso pode nos dar um indício de que há vida em outros planetas.
Origem por criação divina
Essa é a mais antiga de todas as idéias sobre a origem da vida e tem um forte cunho
religioso. Até hoje é aceita por fiéis de várias religiões. Na década de 1970 floresceu principalmente
nos Estados Unidos da América o chamado “Criacionismo Científico” com muitos adeptos. Essa
corrente afirma que a Terra surgiu há apenas alguns poucos milhares de anos, que os seres vivos
foram criados individualmente por uma divindade e que desde então possuem a mesma forma com
que foram criados. Eles não mudam ao longo do tempo: é o que se chama de imutabilidade das
espécies. Os cientistas apontam evidências contra duas das idéias dessa corrente: os dados disponí-
veis até hoje sugerem fortemente que a Terra se formou há muito mais tempo, cerca de 4,5 bilhões
de anos atrás; e os seres vivos mudam ao longo do tempo, ou seja, os seres vivos evoluem.
Origem por evolução química
A vida deve ter surgido da matéria inanimada, com associações entre as moléculas,
formando substâncias cada vez mais complexas que acabaram se organizando de modo que origina
os primeiros seres vivos. Essa hipótese foi inicialmente levantada na década de 1920 pelos cientistas
Oparin e Haldane e vem sendo apoiada por outros pesquisadores. As condições da Terra antes do
surgimento dos primeiros seres vivos eram muito diferentes das atuais. As erupções vulcânicas eram
muito abundantes, liberando grande quantidade de gases e de partículas para a atmosfera. Esses
gases e partículas ficaram retidos por ação da força da gravidade e passaram a compor a atmosfera
primitiva. Embora ainda não exista um consenso, os cientistas concordam que a atmosfera primitiva
era composta principalmente por metano (CH4), amônia (NH3) hidrogênio (H2) e vapor d’água. Não
havia o gás oxigênio (O2)nem ozônio (O3). Nessa época, a Terra estava passando por um processo de
resfriamento, que permitiu o acúmulo de água nas depressões da sua crosta, formando os mares
primitivos.
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As descargas elétricas e as radiações eram intensas e teriam fornecido energia para que
algumas moléculas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais
complexas: as primeiras moléculas orgânicas. O acumulo dessas moléculas orgânicas nos mares
primitivos formaram o que denominamos de “sopa orgânica”. Essas moléculas orgânicas se
agregaram, formando os COACERVADOS, que ainda não eram seres vivos. Posteriormente com o
surgimento de um ácido nucléico esses aglomerados de moléculas orgânicas ganhariam a capacidade
de se reproduzirem, tendo então, surgido o primeiro ser vivo semelhante a uma bactéria atual.
A possibilidade de ter ocorrido evolução gradual foi testada pela primeira vez pelo químico
americano Stanley L. Miller, em 1953. Ele construiu um aparelho que simulava as condições da Terra
primitiva e utilizando os componentes que provavelmente constituíram a atmosfera naquela época.
Miller conseguiu comprovar que é possível, em laboratório, obter moléculas orgânicas a partir das
inorgânicas.
Figura 3 – Hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos
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CAPÍTULO II
SERES VIVOS – CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS, VÍRUS E REINO MONERA
CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
Há milhares de anos, os cientistas decidiram que era necessário classificar os seres vivos.
Quer dizer, organizar os seres vivos em grupos para facilitar seu estudo. Porém, naquele tempo, os
cientistas não tinham aparelhos como o microscópio; que permitem estudar com detalhes como os
seres vivos funcionam por dentro. Assim, no começo da Biologia, os seres vivos eram classificados
apenas pela aparência e pelo seu modo de vida. Por exemplo, as baleias e golfinhos eram
classificados como peixes, pois parecem peixes (pelo menos por fora) e vivem na água como os
peixes. Hoje, porém, já sabemos que, por dentro, as baleias e golfinhos não funcionam como os
peixes, e sim como os mamíferos (como o homem, cachorro, boi, etc.) Antigamente também se
pensava que os seres vivos ou eram plantas ou eram animais. Com o uso do microscópio foram
descobertos os seres unicelulares (formados por apenas uma célula) como as bactérias e os
protozoários, que não se comportam exatamente nem como plantas nem como animais. Com essas e
outras descobertas, as formas de classificar os seres vivos também foram mudando. Até que,
finalmente, chegamos ao modelo atual de classificação. Hoje, para classificar qualquer ser vivo, é
importante:
Sua morfologia (aparência ou forma externa);
Sua forma de vida;
Sua anatomia (forma interna);
Sua fisiologia (funcionamento das suas células e órgãos);
Sua reprodução (multiplicação);
Sua embriologia (formação de um novo ser vivo, desde o cruzamento dos pais até o
nascimento).
O MODELO ATUAL DE CLASSIFICAÇÃO
As regras que são usadas no modelo atual de classificação dos seres vivos foram sugeridas
há mais ou menos 250 anos por um cientista de nome Lineu, e foram um pouco modificadas por
outros cientistas. O atual modelo classificatório é dividido em sete grupos, chamados: Reino, Filo,
Classe, Ordem Família, Gênero e Espécie. Nesses grupos, os seres vivos são classificados de acordo
com as semelhanças que discutimos no final da introdução acima. Do Reino até a Espécie, a
semelhança entre os seres vivos será cada vez maior.
CONCEITO DE ESPÉCIE
A espécie é o grupo básico a classificação. Dentro de uma espécie teremos o maior grau de
semelhança entre os seres vivos. Para ser de uma mesma espécie, dois seres vivos devem poder se
cruzar e gerar descendentes (filhos) totalmente normais e férteis, ou seja, descendentes que quando
ficarem adultos também poderão cruzar com outros da mesma espécie e também terão
descendentes. Se cruzarmos dois seres que não são da mesma espécie, eles não terão descendentes,
ou seus descendentes serão estéreis (inférteis).
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Veja um exemplo: O cão pastor-alemão e o cão dobermann são diferentes na aparência
externa, porém, se eles cruzarem, terão filhotes totalmente normais e férteis. Por isso, o pastor-
alemão e o dobermann são considerados da mesma espécie. Por outro lado, o cavalo e a égua são
muito parecidos (por fora) com o jumento e a jumenta. Mas, se cruzarmos a égua com o jumento, ou
o cavalo com a jumenta, nascera o burro (se for macho), ou a mula (se for fêmea). Tanto o burro,
como a mula são estéreis, ou seja, nunca conseguem ter filhotes. Por isso, o cavalo e a égua não
podem ser considerados da mesma espécie que o jumento é a jumenta. Já o burro e a mula serão de
uma terceira espécie, diferente das duas anteriores. Em alguns casos, dois seres vivos podem ser da
mesma espécie, mas serem diferentes na cor, no tamanho, etc., ou viverem em locais diferentes, Se
as diferenças forem apenas essas, usam-se os termos subespécie ou raça. É o caso, por exemplo, de
uma ave chamada ema (parente do avestruz). Existe apenas uma espécie de em a, mas essa espécie
se divide em três subespécies (a ema branca, a ema cinza e a ema grande). Os cachorros também são
todos da mesma espécie, porém, são de raças diferentes.
Figura 4 – Classificações dos seres em grupos
Resumindo: um Reino é um grupo de Filos; um Filo é um grupo de Classes; uma Classe é um
grupo de Ordens; uma Ordem é um grupo de Famílias; uma Família é um grupo de Gêneros; um
Gênero é um grupo de espécies e, por fim, uma espécie é um grupo de seres vivos tão semelhantes
que podem cruzar entre si e ter filhotes totalmente normais e férteis. Portanto, há três pontos sobre
este modelo de classificação que você deve entender e guardar:
1 - À medida que caminhamos de um Reino até uma espécie, a semelhança entre os
indivíduos de cada grupo é cada vez maior.
2 - À medida que caminhamos de um Reino até uma espécie, o numero de seres vivos em
cada grupo é cada vez menor. Isso ocorre justamente por que o nível de semelhança exigido é cada
vez menor
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3 - Se dois seres vivos estão em um mesmo grupo, eles podem não ser parecidos o suficiente
para estar no mesmo grupo anterior, onde o nível de semelhança exigido é menor. Por exemplo: dois
seres vivos que são parecidos o suficiente para estar no mesmo filo, podem ou não, ser parecidos o
suficiente para estar na mesma classe, onde o nível de semelhança é maior. Mas dois seres vivos que
forem parecidos o suficiente para estar no mesmo filo, com certeza estarão também no mesmo
reino, onde o nível se semelhança é menor.
OS CINCO REINOS
Como dissemos no início, faz vários anos que os biólogos já sabem que os seres vivos não
são apenas plantas ou animais. Pensando nisso, e usando o modelo de classificação que acabamos de
estudar, um cientista norte-americano chamado R.H. Whillaker fez, em 1969, uma proposta. Ele
propôs que os seres vivos poderiam ser divididos em cinco diferentes Reinos. Essa idéia foi aceita e é
usada até hoje. Vejam agora quais são esses cinco Reinos:
REINO MONERA
Nesse Reino encontramos os seres vivos classificados como bactérias e algas azuis. São todos
unicelulares (formados por uma só célula) e procariontes (não possuem membrana nuclear). Algumas
são autótrofas e outras heterótrofas.
REINO PROTOCTISTA
Nesse Reino encontramos os seres vivos classificados como protozoários que são
eucarióticos (possuem membrana nuclear), unicelulares e heterotróficos e algas que são unicelulares
ou pluricelulares (formados por várias células), eucariontes e autotróficos fotossintetizantes.
REINO FUNGI
Nesse Reino encontramos os seres vivos classificados como fungos, cogumelos, bolores ou
mofos e fermentos. Podem ser unicelulares ou pluricelulares e eucariontes.
REINO PLANTAE OU METAPHITA
Também chamado de Reino Vegetal. Aqui encontramos todos os seres vivos que são
classificados como vegetais ou plantas. São pluricelulares, autotróficos fotossintetizantes e
eucariontes.
REINO ANIMALIA OU METAZOA
Também chamado de Reino Animal. Aqui encontramos todos os seres vivos classificados
como animais. São todos pluricelulares, heterotróficos e eucariontes.
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Figura 5– Filogenia das espécies
NOME CIENTÍFICO (CLASSIFICAÇÃO BINOMIAL)
Como se dá o nome da espécie de qualquer ser vivo? O nome da espécie de qualquer ser
vivo é binomial, ou seja, formado por dois termos ou epítetos (palavras). O primeiro termo indica o
gênero e o segundo indica a espécie.
Estes nomes sempre são escritos em latim e apenas a primeira palavra (gênero) começa com
letra maiúscula. O nome também deve ser destacado. Este destaque costuma ser feito passando-se
um traço em baixo das palavras que formam o nome, ou então escrevendo estas palavras com uma
letra diferente (geralmente usa-se o itálico, fazendo as letras ficar um pouco inclinadas). Como já
vimos no exemplo à cima. O nome da espécie do cão doméstico é escrito Canis familiaris ou Canis
familiaris.
O nome das espécies também é conhecido como nome científico. Isso por que esse nome
sempre é usado nos trabalhos escritos por cientistas.
Em alguns casos o nome científico é formado por três termos. O terceiro termo geralmente
indicará a subespécie ou raça. Por exemplo, Rhea americana alba (ema americana branca). Os nomes
científicos serão sempre iguais em qualquer parte do mundo Isto é importante para facilitar a troca
de idéias entre os cientistas e estudantes. Por exemplo, em inglês, o nome popular do cão é dog, em
francês é chien e em espanhol é perro. Mas, nos Estados Unidos, na França ou na Espanha, o nome
científico do cão será sempre Canis familiaris. Assim, um cientista no Brasil pode ler um trabalho feito
em qualquer parte do mundo que ele saberá de qual ser vivo está se falando. No caso do homem
atual, a espécie (e, portanto, o nome científico) é Homo sapiens sapiens.
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VÍRUS
Os vírus não são classificados em nenhum Reino, mas formam um grupo muito interessante
de seres vivos. Os vírus são os únicos seres acelulares. Ou seja, seu corpo não chega a formar nem
mesmo uma célula. O corpo do vírus é formado por uma capa de proteína (e algumas vezes gordura).
Dentro desta capa encontra-se um dos dois tipos de ácidos nucléicos (DNA ou RNA, nunca os dois
juntos). Como não possuem estruturas celulares, os vírus não conseguem produzir energia nem se
reproduzir (multiplicar) sozinhos. Para que possam viver, os vírus têm que estar obrigatoriamente
dentro de alguma célula de outro ser vivo, ou seja, os vírus são sempre parasitas intracelulares.
Assim, usando as estruturas da célula que foi invadida, os vírus conseguem fazer copias idênticas
deles mesmos. Esse processo, porém, acaba destruindo a célula hospedeira, causando diferentes
doenças.
Quando não estão dentro de alguma célula, os vírus nem parecem seres vivos. Na verdade,
fora das células eles podem ser muito parecidos com cristais e sais minerais, como o sal de cozinha,
por exemplo. Os vírus são muito estudados porque causam varias doenças, como: raiva, paralisia-
infantil, sarampo, varíola, rubéola, caxumba, AIDS, gripe e resfriado.
Com o passar do tempo os vírus sofrem mutações. O fato de eles mudarem muito
rapidamente torna mais difícil criar remédios e vacinas para combater e prevenir as doenças
causadas por eles. Os vírus só são considerados seres vivos por que têm a capacidade de produzir
descendentes com as mesmas características (hereditariedade) e porque podem evoluir (por meio
das mutações).
Existem basicamente dois tipos de ciclos reprodutivos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. Esses
dois ciclos iniciam-se com os vírus aderindo à superfície da célula hospedeira. A seguir, o material
genético do vírus é introduzido no interior da célula. A partir desse momento, começa a
diferenciação entre o ciclo lítico e o lisogênico. No ciclo lisogênico o DNA viral incorpora-se ao DNA
bacteriano e não interfere no metabolismo da bactéria, que se reproduz normalmente, transmitindo
o DNA viral aos seus descendentes. No ciclo lítico o DNA viral passa a comandar o metabolismo
bacteriano e a formar vários DNAs virais e cápsulas protéicas, que se organizam formando novos
vírus. Ocorre a lise da célula, liberando vários vírus que podem infectar novas bactérias.
TIPOS DE VÍRUS
DNA RNA síntese protéica
RNA RNA síntese protéica
RNA DNA RNA síntese protéica (retrovírus – ex. HIV. Esses vírus possuem
enzimas como a transcriptase reversa que é capaz de transcrever DNA a partir do RNA, a integrase
responsável pela integração do DNA viral no cromossomo da célula hospedeira e as proteases que
cortam longas cadeias polipeptídicas, originando as diversas proteínas presentes no vírus).
Figura 6 – Vírus
13
VACINA X SORO
Há vacinas contra vírus, bactérias e outros parasitas. Elas podem ser fabricadas com partes
dos micróbios ou com micróbios mortos. Podem ser usados também micróbios atenuados, que não
causam a doença, mas estimulam o organismo a produzir anticorpos. (imunização ativa)
O soro é extraído do sangue do cavalo, que recebeu previamente o antígeno que ativou a
produção de anticorpos. Sendo assim a pessoa que recebe o soro, na verdade está recebendo o
anticorpo já pronto. (imunização passiva)
RESPOSTA IMUNOLÓGICA
Primária – quando o indivíduo recebe o antígeno pela primeira vez. (resposta lenta)
Secundária – quando o indivíduo recebe o mesmo antígeno pela segunda vez
(resposta rápida)
PRÍONS
São moléculas de proteínas infectantes resistentes à inativação, por procedimentos que
normalmente degradam proteínas e ácidos nucléicos. Os príons alteram a forma de outras proteínas,
que passam a se comportar como príons (partículas protéicas infecciosas). Essas proteínas provocam
a morte de neurônios, que levam a perda de memória recente, orientação espacial, incontinência
urinária, demência e morte. Doenças causadas por príons são chamadas de encefalites
espongiformes por que o sistema nervoso central adquire um aspecto esponjoso. No gado essa
doença é conhecida como “doença da vaca louca”.
DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS
Catapora ou varicela Gripe
Modo de transmissão: saliva ou contato com
objetos contaminados pelas lesões
Características da infecção: pequenas e
numerosas feridas no corpo
Medidas profiláticas: vacinação, tratar doentes e
evitar contatos.
Modo de transmissão: gotículas de saliva
espalhadas pelo ar de pessoas contaminadas
Características da infecção: coriza, tosse,
fraqueza e dores musculares.
Medidas profiláticas: vacinação, tratar doentes e
evitar contato direto com eles.
Caxumba Febre amarela
Modo de transmissão: saliva; uso comum de
copos, garfo e etc.
Características da infecção: inflamação das
glândulas salivares, testículos, ovários, pâncreas
e cérebro.
Medidas profiláticas: vacinação, tratar doentes e
evitar contatos com objetos contaminados com
salivas de doentes.
Modo de transmissão: picada das fêmeas do
mosquito Aedes aegypti
Características da infecção: de aparente até
fulminante, afetando o fígado a pessoa fica com a
aparência amarelada.
Medidas profiláticas: vacinação, erradicação do
vetor, tratamento do doente.
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Dengue Varíola
Modo de transmissão: picada das fêmeas do
mosquito Aedes aegypti
Características da infecção: febre alta, dores de
cabeça, dores nas juntas, fraqueza, falta de
apetite, manchas avermelhadas na pele e
pequenos sangramentos.
Medidas profiláticas: não deixar caixas- d’água
ou reservatórios sem tampa. Tratar doentes
Modo de transmissão: gotículas de saliva e uso
de objetos contaminados pelo vírus
Características da infecção: feridas grandes e
numerosas na pele, que deixam cicatrizes. Hoje é
considerada erradicada
Medidas profiláticas: vacinação, tratamento do
doente.
Poliomielite Resfriado
Modo de transmissão: provavelmente gotículas
de saliva de pessoas contaminadas ou ingestão
de água ou alimentos contaminados pelas fezes
de pessoas doentes
Características da infecção: afeta o sistema
nervoso e a musculatura. Pode levar à morte. O
caso mais conhecido é a paralisia infantil.
Medidas profiláticas: vacinação com a Salk e a
Sabin.
Modo de transmissão: gotículas de saliva
espalhadas pelo ar de pessoas contaminadas
Características da infecção: o vírus infecta o trato
respiratório, e seus efeitos são menos intensos
que o vírus da gripe.
Medidas profiláticas: tratamento do doente e
evitar contato com ele.
MONERA
Este é o Reino onde encontramos os seres vivos celulares mais simples que existem. São
todos seres unicelulares (formados por apenas uma célula). Na maioria são heterótrofos, mas alguns
são autótrofos. Um ser heterótrofo é aquele que não consegue produzir seu próprio alimento. Já um
ser autótrofo produz seu alimento através de reações químicas como a fotossíntese ou
quimiossíntese, que é uma reação de oxirredução de compostos inorgânicos (quimioautótrofa) ou
orgânicos (quimioheterótrofa) para obtenção de energia.
As heterotróficas podem realizar fermentação (que é anaeróbia) do tipo: Alcoólica que
origina gás carbônico e álcool etílico ou láctica que origina ácido láctico. Podem realizar também a
respiração celular (sendo aeróbia) onde o aceptor final é o gás oxigênio e o produto final o gás
carbônico e a água Os moneras são procariontes, ou seja, têm células procarióticas.
Algumas espécies atuam como decompositoras, degradando organismos mortos e com isso
contribuindo para a reciclagem da matéria orgânica do planeta. Podem viver livres ou parasitando
outros seres vivos. Podem viver sozinhos ou em colônias (grupos).
Sua reprodução é, na maioria das vezes, assexuada (sem sexo masculino e feminino). Sua
multiplicação ocorre, normalmente, por cissiparidade ou bipartição (uma célula se divide em duas).
Algumas bactérias apresentam mecanismos que aumentam a variabilidade genética, como ocorre na
conjugação, onde duas bactérias se unem e estabelecem entre si uma ponte de transferência. Uma
delas chamada de “macho” duplica parte de seu DNA e doa essa parte para outra bactéria, que é
chamada de “fêmea”. Outras bactérias podem ainda apresentar a transdução, que é a transferência
de genes de uma bactéria para outra por intermédio de um vírus. Estes quando se formam dentro de
uma bactéria, podem incorporar ao seu próprio DNA pedaços do DNA bacteriano. Ao infectar outra
bactéria transmitem esses genes. Caso essa bactéria sobreviva à infecção viral, passará a ter novas
características. Além da transdução existe a transformação, onde a bactéria absorve moléculas de
DNA disponíveis no meio e incorpora-as ao seu DNA.
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A maior parte dos procariontes possui parede celular, cuja composição química é diferente
da encontrada nas plantas (celulose) e nos fungos (quitina) ela é formada principalmente de
peptidoglicano, que são moléculas de açúcares, ligados a aminoácidos. Algumas bactérias possuem
flagelos relacionados ao deslocamento. O citoplasma das células procarióticas não possui
citoesqueleto nem organelas membranosas, mas possuem ribossomos.
No citoplasma de muitas espécies existem moléculas menores de DNA circular, chamadas
plasmídeos. Estes contêm genes que, apesar de não serem essenciais à sobrevivência da bactéria,
trazem vantagens. É o caso de genes que comandam a síntese de proteínas capazes de degradar
moléculas de certos antibióticos, conferindo resistência à bactéria.
Figura 7 – Morfologia das bactérias
MORFOLOGIA
COCOS – formato arredondado
BACILOS – formato de bastão
ESPIRILOS – formato de um espiral
VIBRIÕES – formato de vírgula
FILO ESQUISÓFITA (BACTÉRIAS)
As bactérias podem ser encontradas no ar, na água, na terra, nos objetos e dentro e fora do
corpo do homem e outros animais. As bactérias são muito estudadas porque muitas são parasitas e
causam doenças como meningite, pneumonia, tuberculose, cólera, tétano, sífilis e gonorréia. Mas
também há bactérias úteis, que são usadas na produção de alimentos como o vinagre e o iogurte.
Também existem bactérias que vivem dentro do nosso intestino, sem causar doenças, e que
produzem vitamina K e vitaminas do complexo B. Porém, as bactérias mais importantes são as que
garantem a reciclagem do nitrogênio, elemento químico indispensável a todos os seres vivos. As
bactérias são divididas de acordo com sua forma, que podem ser do tipo: cocos, diplococos,
estreptococos, estafilococos, bacilos, vibriões e espirilos.
Entre as bactérias encontramos um grupo especial. São conhecidos como riquétsias,
micoplasmas ou PPLO. Embora sejam menores e mais simples que as bactérias, os PPLO são
unicelulares procariontes. Por isso, são classificados no Reino Monera. Seu estudo é importante, pois,
também são causadores de doenças, como certos tipos de pneumonia, por exemplo. As bactérias
podem ser autotróficas ou heterotróficas. As heterotróficas podem realizar a fermentação ou a
respiração celular.
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FILO CIANÓFITA (CIANOFÍCEAS OU ALGAS AZUIS)
As cianofíceas ou algas azuis são representantes clorofilados do Reino Monera. Ou seja,
possuem clorofila; e com essa clorofila realizam fotossíntese. Com relação a esses seres apesar do
nome algas azuis é importante desatacar dos pontos:
As cianofíceas são diferentes das algas verdadeiras.
As cianofíceas não são apenas azuis. Também podem ser vermelhas, marrons ou
pretas. As algas azuis não são tão estudadas como as bactérias, pois não têm importância médica ou
econômica.
DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS
Botulismo Cólera
Agente etiológico: Clostridium botulium
Modo de transmissão: ingestão da toxina
liberada pela bactéria, principalmente em
alimentos enlatados e conservas artesanais.
Características da infecção: a toxina bloqueia a
transferência dos sinais nervosos para os
músculos.
Medidas profiláticas: cuidados higiênicos ao
processar alimentos; não consumir alimentos em
latas estufadas.
Agente etiológico: Vibrio cholerae
Modo de transmissão: ingestão de água ou
alimentos contaminados pela bactéria.
Características da infecção: diarréia acentuada,
vômitos e cãibras. Podendo levar à morte.
Medidas profiláticas: tratamento dos doentes,
saneamento básico, higiene básica, água clorada
ou fervida.
Tétano Tuberculose
Agente etiológico: Clostridium tetani
Modo de transmissão: os esporos desse bacilo
são encontrados principalmente no solo. Podem
penetrar no corpo humano quando ocorre uma
lesão causada por objetos contaminados.
Características da infecção: os bacilos liberam
uma neurotoxina que desencadeia
principalmente fortes contrações musculares;
pode ocorrer parada respiratória e/ou cardíaca.
Medidas profiláticas: vacinação com reforço a
cada 10 anos; evitar ferimentos, especialmente
com objetos sujos de terra ou esterco; cuidados
no parto.
Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis
Modo de transmissão: inalação de gotículas
espalhadas pelo ar pela fala, espirro, e tosse de
pessoa contaminada pela doença.
Características da infecção: atinge os pulmões,
provocando infecções, e pode passar para o
sangue e a linfa, atingindo, através deles, outras
estruturas do corpo, como fígado, baço, medula
óssea, rins e sistema nervoso.
Medidas profiláticas: vacinação e tratamento de
doentes.
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EUTROFIZAÇÃO
Essa matéria orgânica que se acumula na água é decomposta, resultando em sais minerais,
nutrientes que aceleram a reprodução de algas e bactérias aeróbias. As algas tornam a água turva,
impedindo que a luz solar penetre. Quando morrem, são decompostas, aumentando mais ainda o
número de bactérias decompositoras aeróbias. A grande quantidade de seres consumidores faz com
que diminua drasticamente a quantidade de oxigênio disponível. Isso acarreta a morte dos peixes e
outros seres que vivem ali. E propiciando o desenvolvimento de bactérias anaeróbias. Esse fenômeno
denominasse eutrofização. Ela pode ser natural ou provocada por resíduos urbanos, industriais ou
agrícolas.
Figura 8 - Eutrofização
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CAPÍTULO III
SERES VIVOS – REINO PROTOCTISTA E FUNGI
PROTOCTISTA
Características gerais:
São eucariontes. Ou seja, suas células são eucarióticas.
Também são unicelulares ou pluricelulares.
Podem ser heterótrofos ou autótrofos.
Também podem ser de vida livre ou parasitas causadoras de doenças
Vivem sozinhos ou formando colônias.
E também têm reprodução assexuada, principalmente por cissiparidade (divisão
binária ou bipartição). Alguns poucos se reproduzem por conjugação (união) de células, um tipo de
reprodução sexuada ou até por formação de gametas.
PROTOZOÁRIOS
Os protozoários são os protoctistas mais estudados. Isso porque, embora alguns sejam de
vida livre, muitos são parasitas. Os protozoários parasitas podem causar doenças como disenteria,
doença de Chagas, úlcera de Bauru e malária. Costuma-se dividir os protozoários de acordo com sua
forma de locomoção (movimentação) conforme a tabela a seguir:
FILO RHIZOPODA ou SARCODÍNEOS
Locomovem-se por pseudópodos. Os pseudópodos se formam por esticamento e
encolhimento da célula que forma o corpo do protozoário. EX.: amebas
FILO ZOOMASTIGOPHORA OU FLAGELADOS
Locomovem-se por flagelos. O flagelo é uma espécie de cauda. Ex.: Trypanossoma cruzi
(Doença de Chagas) e o Leishmania brasiliensis (leishmaniose).
FILO CILIOPHORA OU CILIADOS
Locomovem-se por cílios. Os cílios cobrem toda a célula que forma o corpo do protozoário.
Ex.: Paramecium caudatum
FILO APICOMPLEXA OU ESPOROZOÁRIOS
Não tem estruturas de locomoção próprias. Movem-se levados pelo ar, ou por algum líquido
(água, sangue etc.) uma estrutura chamada de esporos Ex.: Plasmodium (malária) e o Toxoplasma
gondii (toxoplasmose).
FILO ACTINOPODA OU RADIOLÁRIOS OU HELIOZOÁRIOS
Apresentam pseudópodes filamentosos, os axópodes, sustentados por um eixo
central e que se projetam como raios em torno das células. Ex.: Actinophys sp
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FILO FORAMINIFERA
Reúne protozoários dotados de uma carapaça externa, constituída de carbonato de
cálcio ou quitina, de onde se projetam finos e delicados pseudópodos, que servem para a captura de
alimentos EX.: Bolivina soluta
Figura 9 – Morfologia dos protozoários
ALGAS
Nas algas não aparecem raízes, caules, folhas, vasos condutores, flores, sementes e frutos. O
corpo da maioria das algas é formado apenas por um talo. Às vezes aparecem estruturas parecidas
com raízes (chamadas rizóides), estruturas parecidas com caules (chamadas caulóides) e estruturas
parecidas com folhas (chamadas filóides) As algas são quase todas aquáticas, podendo ser encon-
tradas tanto na água doce quanto na água salgada. Algumas poucas podem viver em pedras, troncos
ou mesmo na terra, em locais úmidos.
Por serem fotossintetizantes, as algas são importantes na produção de oxigênio para os
ecossistemas. Além disso, constituem a base da alimentação de animais aquáticos e algumas espécies
são também utilizadas na alimentação humana.
Certas espécies de algas produzem grande quantidade de substâncias utilizadas
comercialmente. É o caso dos alginatos, substâncias viscosas produzidas por certas espécies de algas
pardas, que são usados na fabricação de papel e como estabilizadores em cremes dentais e sorvetes.
A reprodução das algas pode ser:
Por esporos: que são células de reprodução assexuadas. Os esporos saem das algas e,
encontrando boas condições, irão formar novas algas;
Por conjugação: união de células sexuadas (masculinas e femininas);
Por hormogonia: o corpo da alga simplesmente se parte, e os pedaços formam novas
algas.
Por divisão binária: as algas unicelulares podem se dividir ao meio.
Por alternância de gerações: muitas algas alternam entra a reprodução sexuada e
assexuada. (com indivíduos haplóides e diplóides) Ex.: Ulva
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Outros exemplos são o ágar e a carragenina, encontrados em certas espécies de algas
vermelhas e usados para finalidades diversas: na indústria farmacêutica, na fabricação de cosméticos
e de gelatinas, no preparo de meios de cultura para bactérias, e como emulsionante, estabilizante e
espessante em alimentos.
ALGAS UNICELULARES
A - Euglenophyta (euglenas)
B - Dinophyta (dinoflagelados)
C - Bacillariophyta (diatomáceas)
Todas as algas têm o pigmento verde clorofila, responsável pela fotossíntese. Porém,
algumas algas têm outros pigmentos de outras cores.
ALGAS PLURICELULARES
ALGAS VERDES OU CHLOROPHYTA
Possuem grande quantidade de clorofila, dai sua cor verde, Podem ser também unicelulares.
São também chamadas clorofíceas. São as algas que existem em maior quantidade no nosso planeta.
Garantem alimento para muitos peixes e outros animais aquáticos. Mas, a principal característica das
algas verdes é que elas são as que mais contribuem para a renovação do oxigênio do nosso planeta,
por meio da fotossíntese.
ALGAS VERMELHAS OU RHODOPHYTA
São algas que, além da clorofila, possuem grande quantidade do pigmento vermelho
chamado ficoeritrina. Daí a sua cor vermelha. Também são chamadas de rodofíceas. As algas
vermelhas são mais desenvolvidas que as algas verdes, embora existam em menor quantidade. As
indústrias utilizam algas vermelhas para a fabricação de laxantes (remédios para prisão de ventre),
gelatinas e sorvetes.
ALGAS PARDAS OU MARRONS OU RHODOPHYTA
São algas que, além da clorofila, possuem grande quantidade do pigmento castanho
chamado fucoxantina. Daí sua cor parda (marrom). Também são chamadas de algas marrons ou
feofíceas. As algas pardas são as algas mais desenvolvidas que existem, podendo atingir vários metros
de tamanho. São muito usadas na alimentação humana, principalmente em países como Japão, China
e Coréia. Também podem ser usadas como alimento para o gado e como adubo para outras plantas.
Importante:
Como muitas algas são formadas apenas por um talo, estas também são conhecidas como
talófitas. Por serem as plantas mais simples que existem, as algas às vezes são chamadas de vegetais
inferiores.
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MARÉ VERMELHA
É um fenômeno relacionado principalmente com a intensa proliferação do dinoflagelado
Gonyaulax, que sob determinadas condições, forma populações extraordinariamente grandes. Essas
populações dão origem a extensas manchas avermelhadas na superfície do mar, donde o nome de
maré vermelha. O grande problema está na elevada toxidade da neurotoxina eliminada pelo protista,
que leva à morte de animais marinhos. Os principais fatores ecológicos relacionados ao surgimento
das marés vermelhas incluem o aumento da temperatura e da quantidade de nutrientes da água do
mar, redução da salinidade (que ocorre em períodos de muitas chuvas) e mar calmo.
Figura 10 – Maré vermelha
DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
Toxoplasmose Doença de Chagas
Agente etiológico: Toxoplasma gondii
(esporozoário)
Características: doença geralmente
assintomática, mas em alguns casos pode causar
cegueira, é grave em gestante, pois o parasita
pode passar para o feto, afetando seu sistema
nervoso.
Modo de transmissão: ingestão de cistos do
parasita presente nas fezes dos gatos, que são os
hospedeiros naturais e ingestão de carne crua
mal cozida contaminada pelo parasita.
Medidas profiláticas: além de medidas de higiene
pessoal e evitar contato com animais
contaminados e ingestão de carne bem-cozida.
Agente etiológico: Trypanosoma cruzi (flagelado)
Características: hipertrofia de órgãos afetados
pelo parasita, principalmente a do coração.
Modo de transmissão: os principais
transmissores são insetos da espécie Triatoma
infestans, vulgarmente conhecido como barbeiro.
Ao picar uma pessoa esses insetos defecam, e em
suas fezes estão as formas infectantes do
parasita. Ao coçar o local, a pessoa facilita a
penetração do parasita através da pele.
Medidas profiláticas: Tratar os doentes. Impedir
a proliferação do barbeiro, usar telas em portas e
janelas, cuidados nas transfusões de sangue. Não
construir casa de pau-a-pique.
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Giardíase Disenteria amebiana (amebíase)
Agente etiológico: Giárdia lamblia (flagelado)
Características: afeta principalmente o intestino
delgado, provocando diarreia e dores
abdominais.
Modo de transmissão: ingestão de alimentos ou
de água contaminada por fezes que contenham
cistos do parasita
Medidas profiláticas: implementar saneamento
básico, além de medidas de higiene pessoal.
Tratar os doentes.
Agente etiológico: Entamoeba histolytica
(ameboide)
Características: diarreias intensas, com muco e
sangue.
Modo de transmissão: ingestão de alimentos ou
de água contaminada por fezes que contenham
cistos do parasita
Medidas profiláticas: implementar saneamento
básico, além de medidas de higiene pessoal,
como beber água filtrada e/ou fervida e lavar
bem frutas e verduras antes de ingeri-las. Tratar
os doentes.
Malária Úlcera de Bauru ou Leishmaniose de pele
Agente etiológico: Plasmódium vivax (febre
terçã) ou Plasmódium malarie (febre quartã) ou
Plasmódium falciparum (irregular)
Características: acessos febris cíclicos e atinge o
fígado
Modos de transmissão: mosquito Anopheles,
conhecido também como mosquito-prego, ou
transfusões de sangue.
Medidas profiláticas: eliminar insetos, usar
inseticida e telas nas janelas.
Agente etiológico: Leishmania brasiliensis
Características: ulcerações graves na pele
Modos de transmissão: mosquito-palha ou
birigui.
Medidas profiláticas: eliminar insetos (vetor) e
usar inseticidas e telas nas janelas.
FUNGI
Neste Reino encontramos os seres vivos conhecidos como fungos. Esse grupo tem várias
características muito interessantes. São seres unicelulares (formados por uma célula), mas também
encontramos seres pluricelulares (formados por várias células), sendo sua célula chamada de hifa e o
seu conjunto de micélio. Os fungos têm características iguais às das plantas como a falta de
movimentação própria. Mas também têm características iguais às dos animais (como o fato de não
terem clorofila e por isso não conseguirem realizar fotossíntese). Ou seja, como os animais, todos os
fungos são heterótrofos por absorção, processo conhecido também como saprofagia, onde o micélio
libera enzimas digestivas, que agem extracelularmente, degradando moléculas orgânicas. (não
conseguem produzir seu próprio alimento). Os fungos também têm características muito próprias.
Tudo isso fez com que os fungos fossem classificados dentro de um reino só deles. As células dos
fungos são sempre eucarióticas (da mesma forma que acontece também com as plantas e animais).
Durante o processo de reprodução sexuada, muitas espécies formam hifas especiais que crescem em
agrupamentos compactos chamados de corpo de frutificação dos quais os cogumelos e o orelhas-de-
pau são exemplos. A reprodução dos fungos é assexuada, e pode ser de três tipos diferentes:
Por brotamento: Quando seu corpo forma um broto, que se solta e dá origem a um
novo fungo.
Por fragmentação: Quando seu corpo se divide em vários pedacinhos e cada
pedacinho forma um novo fungo.
Por esporos: É a forma mais comum. São células especiais que são produzidas pelos
fungos e carregadas pelo vento ou pela água. Se as condições no local onde os
esporos caírem forem boas, então eles darão origem a novos fungos.
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Os ciclos de vida dos fungos são divididos em duas fases: uma sexuada e outra assexuada. A
fase assexuada é caracterizada pela formação de esporos por mitose, e os esporos formados são
denominados assexuados. A fase sexuada é caracterizada pela formação de esporos por meiose, e os
esporos formados são denominados sexuados. Estes são sempre imóveis disseminados pelo vento.
Existem varias fungos de interesse para o homem. Entre os quais podemos citar:
Figura 11 – Estrutura dos fungos
Os mofos ou bolores, que aparecem em lugares úmidos ou em alimentos que estão em
decomposição (apodrecendo);
As leveduras, usadas na produção de bebidas alcoólicas (vinho e cerveja) e como
fermento na produção de pães e bolos;
Os cogumelos, sendo alguns comestíveis (como o champignon) e outros venenosos
(como o orelha-de-pau);
Há espécies capazes de produzir substâncias que atuam como antibióticos e que,
portanto, combatem bactérias. Algumas dessas espécies têm sido usadas na produção comercial de
antibióticos, como é o caso do Penicillium notatum que sintetiza penicilina.
Os fungos causadores de doenças chamadas micoses (como o sapinho e a frieira, por
exemplo).
Figura 12 - Líquens
LÍQUENS
São associações mutualísticas entre fungos e algas verdes ou cianobactérias. A alga sendo
autótrofa realiza a fotossíntese e, assim, produz alimento para ela e para o fungo. Este, que é
heterótrofo, oferece proteção à alga, além de reter sais e umidade, necessários a ambos. Eles podem
ser encontrados em árvores, troncos, pedras ou muros. Eles são muito sensíveis à poluição
ambiental. Assim a presença de liquens sugere baixo índice de poluição, enquanto seu
desaparecimento sugere agravamento da poluição ambiental.
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CAPÍTULO IV
SERES VIVOS – REINO VEGETAL
Nem todas as plantas têm todos os órgãos possíveis. Ou seja, nem todas elas têm raiz, caule,
folhas, vasos condutores de seiva bruta e seiva elaborada, flores, sementes e frutos. O Reino Vegetal
é dividido, justamente, de acordo com os órgãos que as plantas podem ter. Vejamos, agora, os
principais grupos do Reino Vegetal e exemplos de plantas de cada um desses grupos.
BRIÓFITAS
As briófitas são plantas menos evoluídas que as outras plantas que veremos a seguir. Nas
briófitas não aparecem raiz, caule, folhas, vasos condutores, flores, sementes e frutos. Mas em todas
elas seu corpo é formado por um talo, dividido em: rizóides, caulóides e filóides. São sempre plantas
de pequeno tamanho. Secretam em sua epiderme substâncias impermeabilizantes e protetoras. Nos
gametófitos existem poros e nos esporófitos estômatos que por onde ocorrem as trocas gasosas com
o ar. As briófitas, em sua grande maioria não são aquáticas, mas ainda dependem totalmente da
água, principalmente para a reprodução Por isso vivem sempre em lugares úmidos e de sombra.
A reprodução das briófitas ocorre por um sistema chamado de alternância de gerações.
Nesse tipo de reprodução, uma geração se reproduz por esporas (assexuadamente), a geração
seguinte se reproduz com gametas masculinos e femininos (sexuadamente), depois vem outra
geração com reprodução assexuada, e assim alternadamente.
Na alternância de gerações, as plantas que se reproduzem por esporas são chamadas
esporófitos. E as plantas que se reproduzem por gametas são chamadas gametófitos. Nas briófitas,
na fase de gametófito a planta é mais desenvolvida e dura mais que na fase de esporófito. As
briófitas são divididas em três grupos:
MUSGOS
São as briófitas mais conhecidas. Os musgos são aquelas plantinhas bem verdes que formam
um tipo de tapete aveludado e escorregadio em pedras, nos locais onde há bastante umidade.
HEPÁTICAS
Não são tão conhecidas como os musgos. Receberam o nome de hepáticas porque têm a
forma aproximada de um fígado (hepato = fígado).
ANTÓCEROS
São também pouco conhecidas. Os antóceros são bem parecidos com as hepáticas, embora
não tenham a semelhança com o formato dos fígados.
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Figura 13 - Musgo
As briófitas não são muito conhecidas porque além de serem poucas espécies, não têm
importância para a alimentação e nem para as indústrias. As briófitas às vezes são chamadas de
vegetais intermediários, por serem mais evoluídas que as algas e menos evoluídas que as plantas
superiores.
Figura 14 – Ciclo de vida dos musgos
PTERIDÓFITAS
Também chamadas de filicíneas as pteridófitas são um grupo muito importante dentro do
Reino Vegetal. Isso porque as elas são as primeiras plantas que apresentam raiz, caule e folhas
verdadeiros. E, mais importante ainda, são as primeiras plantas que apresentam vasos condutores de
seiva bruta (água e sais minerais) chamados de xilema e vasos condutores de seiva elaborada
(solução de açúcar e outros compostos) chamados de floema. Porém, as pteridófitas ainda não
apresentam flores, sementes nem frutos.
A reprodução delas também ocorre por alternância de gerações, como nas briófitas. A
diferença principal é que nelas, na fase de esporófito (assexuada), a planta é mais desenvolvida e
dura mais que na fase de gametófito (sexuada).
A samambaia, a avenca, a renda-portuguesa e o xaxim são os exemplos mais conhecidos de
pteridófitas. Todas muito usadas como plantas de enfeite nas casas.
26
Nas folhas grandes da samambaia (fase de esporófito), podemos ver algumas bolinhas,
geralmente de cor marrom. Essas bolinhas são chamadas soros, e dentro delas existem os
esporângios. Quando estão maduros, os esporângios se abrem, e deles saem os esporos. Os esporos,
por sua vez, são as células de reprodução assexuada que produzirão novas plantas (gametófitos).
Figura 15 – Ciclo de vida das samambaias
GIMNOSPERMAS
As gimnospermas são plantas que, além da raiz, caule, folhas e vasos condutores,
apresentam pela primeira vez duas estruturas muito importante: a flor e a semente. Porém, as
gimnospermas ainda não são capazes de produzir frutos. As flores das gimnospermas são feias, sem
cor nem perfume e com aparência de madeira. Também chamadas de estróbilos, as flores das
gimnospermas não protegem as sementes que ficam presas a elas, ou seja, suas sementes ficam à
vista. Daí justamente vem o nome gimnosperma (gimno == nua, sperma == semente).
Um exemplo bem conhecido de flor de gimnosperma são as pinhas, dos pinheiros, que
usamos como enfeites de Natal. Um exemplo de semente de gimnosperma são os pinhões, que
comemos nas festas juninas. A reprodução das gimnospermas é sexuada, e ocorre da seguinte forma:
As gimnospermas podem ter estróbilos (flores) masculinos e femininos;
Os estróbilos masculinos produzem grãos de pólen, que são os gametas (células
sexuais) masculinos;
Os estróbilos femininos produzem óvulos, que são os gametas (células sexuais)
femininos;
Os grãos de pólen passam através do tubo polínico fecundam os óvulos, dando
origem ao embrião. Este embrião ficará protegido e alimentado dentro da semente;
Quando as sementes caem ao chão, ocorre o brotamento (desenvolvimento do
embrião) e a formação de uma nova planta.
27
As gimnospermas se dividem em dois grupos:
CICADÍNEAS
São as gimnospermas mais simples e menos conhecidas que existem. Seus principais
representantes são as cicas. As cicas são arbustos (árvores bem pequenas).
CONÍFERAS
As coníferas são bem mais desenvolvidas e conhecidas que as cicadíneas. Recebem este
nome porque suas flores (pinhas) têm forma de cone. Dentro do grupo das coníferas encontramos:
Todos os pinheiros: pinheiro comum, pinheiro de natal, cedro, araucária (pinheiro-do-
paraná), cipreste, etc.;
As sequóias: típicas da América do Norte são as maiores árvores do mundo e podem viver
aproximadamente 3.000 anos
Figura 16 – As pinhas são estróbilos (flores) das gimnospermas
28
As gimnospermas têm enorme importância para o homem, pois fornecem:
Madeira: para os mais variados fins;
Celulose: para a fabricação de papel;
Substâncias químicas: para a fabricação de perfumes, desinfetantes e bebidas;
Alimento: na forma dos pinhões.
Atenção: Como você pode ver, os pinhões são sementes e não frutas. Lembre que os
pinhões são produzidos pelas gimnospermas e as gimnospermas não produzem frutos.
ANGIOSPERMAS
As angiospermas são as plantas mais evoluídas que existem. Possuem raiz, caule, folhas,
vasos condutores, flor e semente. Porém, o mais importante é que as angiospermas são as primeiras
e únicas plantas que produzem frutos. Os frutos são reservas de alimentos que se formam nos
ovários das flores após a fecundação.
A reprodução das angiospermas também é sexuada. As flores produzem grãos de pólen e
óvulos. Os grãos de pólen e os óvulos se unem, dando origem aos embriões, que ficam dentro das
sementes, que por sua vez ficam dentro dos frutos. Os embriões se desenvolvem e formam as novas
plantas. As angiospermas se dividem em dois grandes grupos: as monocotiledôneas e dicotiledônea.
As plantas desses dois grupos têm diferenças nos tipos e raízes, folhas e flores. Etc. Porém, a principal
diferença entre elas está nas sementes.
MONOCOTILEDÔNEAS
As monocotiledôneas são plantas angiospermas que têm apenas um cotilédone em cada
semente (mono =1). Como vimos anteriormente, o cotilédone é a estrutura que transfere os
alimentos da semente para o embrião.
DICOTILEDÔNEAS
As dicotiledôneas são plantas angiospermas que têm dois cotilédones em cada semente.
Atualmente, as angiospermas são as plantas Que dominam nosso planeta. Existem mais espécies de
angiospermas do que de todas as outras plantas juntas. Logicamente, esse sucesso das angiospermas
se deve ao fato de elas serem as plantas mais evoluídas que existem. Principalmente pela presença
de sementes e frutos. Como já vimos, as sementes e os frutos ajudam essas plantas a se espalharem,
pois podem ser levados para longe pelo vento, pela água ou por animais. Por serem as plantas que
existem em maior quantidade, as angiospermas são também as plantas mais utilizadas na
alimentação do homem e dos animais que servem de alimento para o homem. As angiospermas são
também as plantas mais usadas no fornecimento de madeiras e de várias substâncias utilizadas nas
indústrias.
29
OS TECIDOS PRIMÁRIOS DAS PLANTAS
A partir dos meristemas apicais formam-se os meristemas primários, que são a protoderme,
o meristema fundamental e o procâmbio.
TECIDOS
PRIMÁRIOS
ORIGINA FUNÇÃO
PROTODERME Epiderme Tecido que reveste o corpo da planta, impede a perda excessiva de
água e permite trocas de gases necessários à respiração e a
fotossíntese. É geralmente uni estratificada, formada por células
justapostas, achatadas, aclorofiladas e com grande vacúolo. Na
superfície externa pode haver deposição de cutina ou cera, que são
substâncias impermeabilizantes. Diferenciam-se na epiderme
estruturas como estômatos (é formado por duas células
clorofiladas e uma abertura chamada de ostíolo que controla a
transpiração e trocas gasosas na planta), tricomas (controlam a
perda de água ou secretores de sustâncias oleosas, digestivas ou
urticantes) e os pelos (na epiderme da raiz responsável pela
absorção de água e sais minerais) e acúleos (são estruturas
pontiagudas com função de proteção da planta contra predadores,
são frequentemente confundidos com espinhos, que são folhas ou
ramos modificados. Os “espinhos” das roseiras na realidade são
acúleos, que são facilmente destacáveis o que não ocorre com os
espinhos).
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MONOCOTILEDÔNEAS DICOTILEDÔNEAS
COTILÉDONE Um cotilédone Dois cotilédones
FOLHAS Nervuras paralelas e folhas
invaginantes
Nervuras reticuladas e folhas
pecioladas
FLORES Compostas de três elementos
ou múltiplos
Compostas de quatro ou cinco
elementos ou seus múltiplos
FRUTOS Frutos com três lojas ou
múltiplos
Frutos com duas ou cinco lojas
ou múltiplo
ESTRUTURA INTERNA DO
CAULE
Feixes vasculares espalhados
pelos caules
Feixes vasculares dispostos em
torno de um cilindro central
(xilema no centro e floema em
volta)
SISTEMA RADICULAR Fasciculado Pivotante
EXEMPLOS Alho, cebola, abacaxi, bambu,
arroz, trigo, centeio, aveia, cana-
de-açúcar, milho, gengibre,
palmeiras, coco-da-baía etc.
Eucalipto, rosa, morango, pêra,
maçã, feijão, ervilha, goiaba,
algodão, cacau, mandioca,
tomate, café etc.
MERISTEMA FUNDAMENTAL Parênquimas, colênquimas e
esclerênquima
Parênquimas (formados por
células vivas e classificados
como: parênquima clorofilado,
aquífero, aerífero amilífero),
pelo colênquima (é um tecido
de sustentação formado por
células vivas, geralmente
alongadas e com paredes
espessadas, ricas em celulose) e
pelo esclerênquima (é um
tecido de sustentação formado
por células mortas, com parede
celular espessada em função de
depósito da lignina).
PROCÂMBIO Sistema vascular primário:
Xilema (lenho) e floema (líber)
Xilema ou lenho (é um tecido
responsável pelo transporte de
seiva bruta – água e sais
minerais) e o floema ou líber
(condutor de seiva elaborada –
substância orgânica derivadas
da fotossíntese) no caule de
dicotiledôneas, os feixes
vasculares dispõem-se
formando um círculo ao redor
da medula; nas
monocotiledôneas, esses feixes
encontram-se difusamente
distribuídos pelo parênquima.
Os feixes vasculares do caule
são formados por floema, mais
externo, e xilema, mais interno.
FRUTOS E PSEUDOFRUTOS
Os frutos são estruturas auxiliares no
ciclo reprodutivo das angiospermas: protegem
as sementes e auxiliam em sua disseminação.
Eles correspondem ao ovário amadurecido, o
que geralmente ocorre após a fecundação. Nos
casos em que o ovário origina o fruto sem que
tenha ocorrido a fecundação, não há formação
de sementes e o fruto chama-se partenocárpico,
caso da banana e da laranja-da-baía.
Os pseudofrutos são estruturas
suculentas que contém reservas nutritivas, mas
que não se desenvolvem a partir do ovário.
Podem ser: simples (provenientes do
desenvolvimento do pedúnculo ou do
receptáculo de uma só flor – maçã e caju),
compostos (provenientes do desenvolvimento do
receptáculo de uma única flor, com muitos
ovários - morango) e múltiplos (provenientes do
desenvolvimento de ovários de muitas flores de
uma inflorescência, que crescem juntos numa
única estrutura – amora, abacaxi e figo).
31
ABSORÇÃO
A absorção de água e sais minerais do meio ocorre principalmente na região dos pêlos
absorventes da raiz. Existem duas vias por meio das qual a água e os sais atingem o cilindro central.
As substancias atravessam o citoplasma das células do córtex da raiz; os sais são transportados por
transporte ativo de uma célula para outra, criando um gradiente de concentração que resulta no
fluxo da água também de célula para célula por osmose. Além passar por entre as paredes celulares e
não atravessam o citoplasma das células; neste caso, os sais são transportados por difusão. Ao chegar
ao cilindro central, os sais minerais são transferidos por processo ativo para dentro do xilema, e a
água é transferida por osmose. Forma-se assim a seiva bruta, que será distribuída pelo xilema das
raízes até as folhas.
CONDUÇÃO DA SEIVA BRUTA
O xilema apresenta os elementos de vaso e os traqueídes, células mortas que se dispõem
de modo a formar longos e estreitos canais desde a raiz até as folhas. Sendo estreitos, a água
ascende por capilaridade, devido à propriedade de adesão e coesão que as moléculas de água
possuem. A ascensão cessa quando o peso da coluna líquida torna-se maior que a adesão das
moléculas de água à parede do tubo (chega até 1 metro do solo).
A pressão positiva ou impulso da raiz está relacionado com o transporte ativo de sais para o
interior do xilema da raiz, o que provoca o aumento da concentração osmótica em relação à solução
aquosa do solo. Com isso, há grande entrada de água por osmose no xilema da raiz, impulsionando
a seiva bruta para cima. Quando o solo está muito úmido, pode ainda ocorrer um fenômeno
chamado de gutação que consiste em perda de gotículas de água pelos hidatódios localizados nas
pontas das folhas.
A pressão da raiz não explica a condução da seiva bruta até a copa das árvores altas. O que
melhor explica essa condução é a teoria da coesão-tensão, formulado por Dixon, chamada de teoria
de Dixon. Segundo ela a perda de água por transpiração nas folhas atuaria como uma forma de
sucção da água. A perda de água por transpiração nas folhas faz com que as suas células fiquem com
força de sucção aumentada. Com isso, tendem a absorver, por osmose, água do xilema onde a
concentração é menor.
CONDUÇÃO DA SEIVA ELABORADA
A condução da seiva elaborada é chamada de translocação. A teoria de fluxo em massa ou
pressão ou equilíbrio osmótico, diz que a seiva elaborada move-se através do floema, ao longo de um
gradiente decrescente de concentração, desde o local que é produzida até o local em que é
consumida. Retirando-se um anel completo da casca de um tranco (anel de malpighi), pode-se notar,
após algumas semanas, que a casca logo acima do corte fica com acúmulo de seiva elaborada. As
folhas continuam a receba a seiva bruta, mas as raízes e demais partes abaixo do corte deixarão de
receber a seiva elaborada, que irá morrer.
32
TRANSPIRAÇÃO
Na folha, a transpiração pode ocorrer através da cutícula que reveste a epiderme, recebendo
o nome de transpiração cuticular, ou através dos estômatos, sendo denominada transpiração
estomática. A cuticular é pouco intensa e independe do controle do organismo. Já a estomática é o
principal de perda de água pela planta e depende do controle do organismo. A abertura e o
fechamento dos estômatos são controlados por diversos fatores, sendo o principal deles a água. Se as
planta estiverem com um suprimento adequado de água, as células estomáticas permaneceram
túrgidas, mantendo o ostíolo aberto; com o suprimento insuficiente, as células perdem água e
consequentemente o turgor, e fecham o ostíolo.
HORMÔNIOS VEGETAIS
Existem vários tipos de auxinas produzidas pela própria planta. Elas promovem o
crescimento da raiz em concentrações baixas. Por outro lado grandes concentrações promovem o
crescimento do caule. As auxinas controlam os tropismos, que são movimentos orientados por um
estímulo e que ocorrem em função do crescimento. São exemplos de estímulos à luz (fototropismo) e
a força da gravidade da Terra (geotropismo). Controla também a queda das folhas, fenômeno
chamado de abscisão. O etileno é um gás produzido por varias partes das plantas, e que atua no
amadurecimento de frutos.
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HORMÔNIO LOCAL DE PRODUÇÃO E EFEITO
GIBERELINAS Produz folhas jovens, sementes imaturas e frutos. Estimulam o alongamento
e a divisão celular. Promove alongamento caulinar, germinação de sementes,
crescimento de folhas, produção de flores e frutos.
CITOCININAS Produzida nas raízes e conduzida para toda a planta. Estimulam à divisão e a
diferenciação celular, a diferenciação e o crescimento de raízes; induzem o
desenvolvimento de gemas laterais e retardam o envelhecimento da planta.
ETILENO Gás produzido em várias partes da planta. Atua na indução do
amadurecimento de frutos e promove a abscisão foliar.
ÁCIDO ABSCÍSICO (ABA) Produzido nas folhas, no caule e no ápice radicular. Inibe o crescimento das
plantas, Induzindo a dormência de gemas e de sementes. Induz o fechamento
dos estômatos.
CAPÍTULO V
ANIMAIS INVERTEBRADOS
PORÍFEROS
As esponjas ou poríferos não possuem tecidos bem definidos nem órgãos estabelecidos. Sua
organização é muito simples. Realizaram digestão intracelular. A respiração e a excreção ocorrem por
difusão direta entre as células e a água circulante através dos canais do corpo.
A parede do corpo é formada pela epiderme, pelo mesênquima e pelo revestimento interno
de células flageladas com colarinho transparente, chamadas coanócitos. No mesênquima,
encontram-se os amebócitos. Existem poros inalantes (óstios), por onde a água entra no corpo do
porífero, e um poro exalante (ósculo), por onde a água sai do porífero. A cavidade central, forrada de
coanócitos, é o átrio ou espongiocele. No mesênquima, podem ser encontradas as espículas calcárias
ou silicosas, que fazem a sustentação do corpo do animal. Há, contudo, esponjas sem espículas. Sua
reprodução pode ser do tipo sexuada, por meio de fecundação cruzada e interna ou assexuada por
bipartição. Do ovo resulta uma larva, que é eliminada pelo ósculo, nada e vai fixar-se ás rochas,
originando outra esponja.
Figura 17 – Esquema de um porífero
CNIDÁRIOS
Fazem parte desse grupo às anêmonas, corais, água-vivas e caravelas. Também chamados de
celenterados, são mais evoluídos que as esponjas. Possuem tecidos e alguma evidencia de órgãos.
Embora façam a digestão intracelular, promove muito mais intensamente a digestão extracelular.
Possuem gônadas, onde são formados os gametas. Têm um rudimento de sistema nervoso difuso.
Revelam movimentos ativos notáveis graças às células epiteliomusculares. Podem mostrar-se na
forma de pólipos ou de medusas. O corpo possui duas camadas: a epiderme e a gastroderme. Entre
elas, há uma camada gelatinosa – a mesogléia. A cavidade central e interior do corpo é a cavidade
gastrovascular. Alguns se reproduzem por metagênese: as medusas reproduzem-se sexuadamente
dando pólipos, e estes se reproduzem assexuadamente dando novas medusas. Outros celenterados
reproduzem-se apenas sexuadamente. E há, também, os que se reproduzem assexuadamente por
brotamento ou por fragmentação do corpo. A parede de seu corpo possui cnidócitos, células
especiais para a defesa, que contém nematocistos (cápsulas com filamento extensíveis inoculador de
toxina).
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Figura 18 – Ciclo de vida dos cnidários
PLATELMINTOS
Compreendem os vermes achatados dorsoventralmente e abrangem as planárias,
esquistossomos e solitárias. São mais evoluídos que as esponjas e celenterados porque são
triblásticos, apesar de serem acelomados e revelam simetria bilateral. Possuem sistema nervoso
simples, com gânglios cerebróides comandando filetes nervosos que correm ao longo das partes
laterais do corpo. Sistema excretor constituído de células–flama, que eliminam o excesso de água e
os catabólitos para o exterior através do sistema de canais. Sua respiração é por difusão.
Quanto à reprodução a maioria é hermafrodita, podendo ou não fazer a autofecundação. Os
esquistossomos, entretanto, são dióicos (têm sexos separados). As solitárias podem atingir a vários
metros de comprimento, possuem ventosas na cabeça para a fixação. Não há qualquer rudimento de
sistema digestivo. Nutrição por difusão através da superfície corporal. As tênias podem ser de dois
tipos a solium (carne de porco) e a saginata (carne de vaca). As tênias evoluem até a fase de larva no
hospedeiro intermediário e concluem a evolução do hospedeiro definitivo. A larva é denominada
cisticerco. Quando o homem se contamina com os ovos e fazem assim o papel de hospedeiro
intermediário evolui uma doença mais agressiva que é a cisticercose.
A esquistossomose, também conhecida como doença do caramujo, desenvolve-se até a fase
de larva (cercaria) no caramujo, que penetra na pele humana e vai terminar a sua evolução nas veias
do intestino e do fígado.
Figura 19 - Planária
35
ANELÍDEOS
Possuem o corpo segmentado em anéis e a segmentação externa corresponde à
segmentação interna. Alguns possuem apêndices locomotores não articulados chamados cerdas, que
se implantam em nódulos carnosos denominados parapódes. Há os que não possuem cerdas. E há
até os que são fixos, vivendo no interior de tubos calcários, no fundo do mar. Respiração cutânea nos
de hábitat terrestre; branquial, nos de hábitat aquático.
Dividem-se em poliquetas (nereide), oligoquetas (minhoca) e aquetas ou hirudíneos
(sanguessuga). Em poliquetas ocorre reprodução assexuada. Mas a forma mais comum de
reprodução é a sexuada, por meio de cruzamento e fecundação interna. As minhocas são
hermafroditas de fecundação cruzada.
Figura 20 – Fecundação cruzada das minhocas
NEMATELMINTOS
Formam a principal classe do filo dos Aschelminthes. Com corpo cilíndrico, recoberto por
uma cutícula resistente, com sistema bilateral e dotado de pseudoceloma. Numerosas espécies de
vida livre, porém muitas outras, parasitas de animais e plantas. Não possuem sangue nem sistema
circulatório, muito menos sistema respiratório. A respiração é anaeróbia e todos são dióicos. São
eles: Áscares lombricóide, Ancylostoma duodenale, Wuchereria bancrofti e Ancylostoma brasiliensis.
Figura 21 – Bicho Geográfico
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Ascaris lumbricoides (lombriga) Ancylostoma duodenale
Modo de transmissão: ingestão de alimentos
ou água contaminada por ovos da lombriga.
Medidas profiláticas: saneamento básico,
lavar bem os alimentos, as mãos, e
tratamento dos doentes.
Sintomas: cólicas intestinais e náuseas,
manchas brancas pelo corpo, bronquite e
pneumonia em decorrência da migração das
larvas pelos brônquios e pulmões.
Modo de transmissão: penetração ativa de larvas
do parasita, presentes no solo, no corpo humano
através da pele.
Medidas profiláticas: saneamento básico; evitar
contato da pele com solos contaminados,
tratamento de doentes.
Sintomas: anemia, por perda de sangue, ficando a
pessoa pálida (amarela), daí chamada de amarelão.
Pode ainda provocar bronquite, porque o verme
percorre o corpo da pessoa atingindo o pulmão.
Wuchereria bancrofti (filaria) Ancylostoma brasiliensis (bicho geográfico)
Modo de transmissão: picada de mosquitos
do gênero Culex, que transmitem as larvas
desse parasita para o ser humano.
Medidas profiláticas: controle da população
do vetor, uso de repelentes de insetos, uso de
telas em janelas e tratamento de doentes.
Sintomas: inchaço causado pela obstrução dos
vasos linfáticos, que são os responsáveis pela
remoção do excesso de líquidos nos tecidos.
Em casos mais graves, causa a elefantíase:
grande aumento principalmente das pernas,
do escroto ou das mamas.
Modo de transmissão: penetração ativa de larvas
na pele humana.
Medidas profiláticas: evitar contato da pele, com
solo ou areia contaminados. Evitar levar cães e
gatos para praias ou tanques de areia.
Sintomas: forte irritação na pele, com coceira
intensa, especialmente à noite, o que pode causar
insônia.
ARTRÓPODES
Possuem membros locomotores articulados em numero par. Corpo protegido por
exoesqueleto rígido de quitina e com tubo digestivo completo, inclusive com glândulas salivares,
fígado e pâncreas, estes últimos fundidos em um único órgão chamado de hepatopâncreas. Esse
exoesqueleto sofre muda ou ecdise toda vez que o artrópode precisa crescer. Existe um sistema
respiratório, sendo a maioria com respiração traqueal, embora os de hábitat aquático tenham
respiração branquial. A circulação é aberta, isto é, o sangue circula primeiramente por vasos e, a
seguir, é projetado para lacunas no meio dos tecidos, de onde volta depois para os vasos. O sangue
tem características mistas de sangue e linfa, daí preferivelmente ser chamado de hemolinfa.
A excreção se faz por meio dos tubos de Malpighi (na maioria deles) estruturas mais
evoluídas que as nefrídicas de uma minhoca. Possuem um sistema nervoso ganglionar, ventral, bem
desenvolvido.
Aparecem também, órgãos dos sentidos muito especializados situados na cabeça (órgãos
auditivos, olhos e antenas) alguns sofrem metamorfose durante o seu desenvolvimento. Os
artrópodes dividem-se em crustáceos, insetos, aracnídeos, diplópodes e quilópodes.
Crustáceos: quase todos aquáticos (dulcícolas ou marinhos); número de patas variável;
dois pares de antenas; cefalotórax e abdome; alguns com revestimento calcário. Divididos em duas
subclasses: entomostráceos e malacostráceos
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Insetos: hexápodes, ápteros (sem asas como as formigas, piolho, pulga e traça);
dípteros (com um par de asas como os mosquitos e moscas) e tetrápteros (dois pares de asas);
díceros (cabeça com um par de antenas); com cabeça, tórax e abdome. Alguns são transmissores de
doenças infecto-contagiosas. Diversas ordens.
Aracnídeos: octópodes; áceros (sem antenas); com cefalotórax e abdome. Alguns são
peçonhentos (aranhas e escorpiões); outros ectoparasitos de animais e do homem (carrapatos).
Algumas espécies são inofensivas.
Diplópodes: corpo dividido em cabeça e tronco. Tronco com numerosos anéis, cada
um com dois pares de patas; díceros (cabeça com um par de antenas); Inofensivos (não
peçonhentos).
Quilópodes: cabeça e tronco. Um par de patas em cada anel. São díceros (cabeça com
um par de antenas); Peçonhentos
Figura 22 – Ecdise da cigarra
MOLLUSCA
O filo compreende animais de corpo mole, portadores, na maioria das vezes, de uma concha
calcária. Muitos são consumidos na alimentação, alguns produzem pérolas e outros, ainda, atuam
como hospedeiros intermediários de parasitas. Com exceção das ostras, mexilhões e mariscos, todos
possuem uma espécie de aparelho mastigador chamado rádula. O corpo é dividido em cabeça, pé e
manto (que é o revestimento da massa visceral, com função de produção da concha).
Os moluscos se dividem em cinco classes:
Anfineuros – marinhos recobertos por oito placas transversais. Quítons.
Escafópodos – concha afunilada e recurvada como um dente. Marinhos. Dentalium
Gastrópodes – divisão do corpo nítida em cabeça, pé e massa visceral. Pé em forma de
palmilha. Massa visceral coberta pela concha da maioria das espécies. A concha é produto de
secreção do manto. Concha univalva. Alguns são marinhos, outros são dulcícolas e outros, ainda são
terrestres. Vulgarmente: caramujos, caracóis e lesmas.
Pelecípodes – compreendem as ostras, mariscos e mexilhões. Concha bivalve. Pé em
forma de lâmina de machado. As brânquias filtram partículas alimentares e algas microscópicas, que
conduzem à boca, razão pela qual são considerados animais filtradores.
Cefalópodes – o corpo possui massa visceral (num saco pendente da cabeça, como se
observa nos polvos), cabeça e pés em forma de tentáculos. Estes ficam ligados diretamente à cabeça.
Não há concha externa, mas as lulas possuem uma concha interna calcária. Aliás, elas também
possuem um sifão que lhes permite o deslocamento por jato-propulsão.
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Figura 23 - Molusco
ECHINODERMATA
Abrange invertebrados estritamente marinhos, com endoesqueleto calcificado e espinhos
que ressaltam na superfície do corpo, cobertos pela epiderme. Possuem simetria radial na face adulta
e simetria bilateral na fase embrionária. Classificam-se como os únicos invertebrados deuterostômios
(o blastóporo fica reduzido com a função de ânus). O tubo digestivo é simples. Nas estrelas e nos
ouriços, a boca fica voltada para baixo (face oral) e o ânus fica voltado para cima (face aboral). Nos
ouriços existe junto à boca um órgão chamado de lanterna-de-aristóteles, organizado por cinco
dentes calcários fortes e afiados. Já nas estrelas não existe. O principal sistema desenvolvido pelos
equinodermos é o sistema aqüífero ou ambulacrário. Os equinodermos se dividem em cinco classes:
Crinóides – quase todos fixos às pedras, com aspecto de flor. Conhecidos como lírios-
do-mar. Poucas espécies nadantes.
Ofiuróides – corpo pequeno em forma de moeda, com cinco braços muito móveis e
finos. Vulgarmente chamados de serpentes-do-mar.
Asteróides – aqui se enquadram às estrelas-do-mar. São animais exclusivamente
bentônicos (só vivem no fundo). Número de braços variável de acordo com a espécie.
Holoturóides – corpo cilíndrico com alguns tentáculos ao redor da boca. Movimentam-
se lentamente no fundo do mar. São também bentônicos, como as estrelas-do-mar. Seu nome
popular; pepinos-do-mar.
Figura 24 – Estrutura da estrela-do-mar
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CAPÍTULO VI
FILO DOS CORDADOS
No filo dos cordados encontramos os animais considerados mais evoluídos do nosso planeta.
A característica principal deste filo é a presença da notocorda na fase embrionária. Na fase
embrionária, ou fase de embrião, é a primeira fase de vida dos animais, dentro ovo ou do corpo da
mãe. A notocorda que aparece somente nos animais do filo dos cordados é um cordão especial de
células que fica no interior do corpo do embrião e pode se transformar na coluna vertebral, também
chamada de espinha. A coluna, como se sabe, é o eixo do esqueleto interno destes animais. O Filo
dos cordados é dividido em quatro subfilos; desses grupos merece destaque o subfilo dos
vertebrados.
SUBFILO DOS VERTEBRADOS
Dentro do subfilo dos vertebrados encontramos os animais nos qual a notocorda se
transforma na coluna vertebral durante o desenvolvimento do embrião. Os animais vertebrados são,
portanto, os possuidores de esqueleto. O subfilo dos vertebrados é um grupo muito grande, com
animais bastante variados. Neste subfilo encontramos os peixes, os anfíbios, os répteis, as aves e os
mamíferos. Encontramos animais vertebrados nos mais diferentes ambientes terrestres, de água
salgada e de água doce. Abaixo estão as principais divisões do subfilo dos vertebrados.
Figura 25 - Équidna
Figura 27 - Ornitorrinco
Figura 26 – Ovo de arraia
Figura 28 - Pinguim
40
41
Peixes
(Condrictes)
Peixes
(osteíctes) Anfíbios Répteis Aves Mamíferos
Temperatura
do corpo
Ectotérmicos
Pecilotérmicos
Ectotérmicos
Pecilotérmicos
Ectotérmico
s
Pecilotérmic
os
Ectotérmicos
Pecilotérmicos
Endotérmicos
Homeotérmicos
Endotérmicos
Homeotérmico
s
Sustentação e
locomoção
Esqueleto
cartilaginoso
Esqueleto
ósseo Tetrápodes Tetrápodes
Bípedes, ossos
ocos
(pneumáticos)
Tetrápodes
Tegumento
Escamas
placóides e
glândulas
mucosas
Pele coberta
por escamas e
glândulas
mucosas
Pele úmida
com
glândulas
mucosas
Pele seca sem
glândulas.
Escamas ou
placas córneas
queratinizadas
Pele seca e
delgada, com
penas
queratinizadas
Pele com pêlos
queratinizados
e glândulas
Nutrição e
digestão
Vários
filamentos de
dentes
substituídos
frequentemen
-te
e intestino
com cloaca
(reprodução e
excretas), que
se comunica
com o ânus.
Dentes que
não são
substituídos e
intestino com
ânus
Boca sem
dentes e
cloaca
Dentes
substituídos
continuamente
nos
crocodilianos,
ausentes nas
tartarugas e na
maioria dos
lagartos e
intestino com
cloaca.
Ausência de
dentes, tubo
digestivo com
papo, moela e
cloaca.
Intestino com
ânus
Circulação
Coração com
um átrio e um
ventrículo
Circulação
simples
Coração com
um átrio e um
ventrículo
Circulação
simples
Coração com
dois átrios e
um
ventrículo
Circulação
dupla e
incompleta
Coração com
dois átrios e um
ventrículo
Circulação dupla
e incompleta
(exceto nos
crocodilianos)
Coração com dois
átrios e dois
ventrículos
Circulação dupla
e completa
Coração com
dois átrios e
dois
ventrículos
Circulação
dupla e
completa
Respiração Brânquias
Brânquias e
bexiga
natatória
Brânquias
nas larvas e
pulmões e
cutânea nos
adultos
Pulmonar Pulmonar e sacos
aéreos Pulmonar
Sentidos Linha lateral Linha lateral
Visão bem
desenvolvid
a
Fosseta loreal
nas cobras
peçonhentas
Audição acurada
e visão a cores
Todos bem
desenvolvidos
Reprodução
Fecundação
interna.
(órgão sexual
masculino –
clásper)
Ovovivíparos e
ovíparos.
(ovos sem
casca)
Desenvolvime
nto direto
Fecundação
externa na
maioria
Maioria
ovípara. (ovos
sem casca)
Desenvolvime
nto
geralmente
direto
Fecundação
externa.
Desenvolvim
ento
indireto.
(ovos sem
casca)
Fecundação
interna.
Desenvolviment
o direto.
Ovíparos, (ovos
com caca)
vivíparos e
ovovivíparos.
Fecundação
interna (a maioria
não possui órgão
copulador. A
cloaca masc.
Libera SPTZ para a
cloaca feminina).
Ovíparos (ovos
com casca)
Desenvolvimento
direto.
Fecundação
interna.
Desenvolvimen
to direto.
Vivíparo ou
ovíparo. (ovos
com casca)
Exemplos Tubarão e raia
Sardinha,
baiacu,
lambari.
Sapo, rã,
perereca,
salamandra.
Lagartos, jacaré,
tartaruga,
lagartixa.
Ema, avestruz,
galinha, pombo,
pinguim.
Ornitorrinco,
équidna,
homem cão,
gato.
CAPÍTULO VII
COMPONENTES QUÍMICOS DA CÉLULA
As células, independente da função e da forma que possuam, têm componentes químicos
que formam suas estruturas e que participam de seus processos vitais. Estes componentes podem
ser de natureza inorgânica ou orgânica. Lembramos a você que as substâncias inorgânicas são mais
simples que as orgânicas, estas últimas, constituídas de vários átomos de carbono. No quadro abaixo,
damos exemplo de cada um dos dois tipos de substâncias que compõem as células:
SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
Água Carboidratos
Sais minerais Lipídios
Aminoácidos e proteína
Ácidos nucléicos
SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS
A ÁGUA
A água é o componente inorgânico mais presente nas estruturas celulares. Suas
características favorecem uma série de processos desempenhados pela célula. Por não ser ácida nem
básica (ela é, portanto, neutra), dissolve vários tipos de substâncias, transportando-as dentro e fora
das células.
Como as substâncias nela dissolvidas estão em constante movimento, propicia-se, assim, o
encontro e as reações químicas entre essas substâncias. Outra característica interessante - a
capacidade de reter grande quantidade de calor sem esquentar muito - torna a água um dos
responsáveis pela manutenção da temperatura de seres vivos. Veremos, ainda nessa unidade, que
isto é fundamental para as reações enzimáticas.
SAIS MINERAIS
Os sais minerais podem estar dissolvidos em água, sob a forma de íons (positivos ou
negativos) ou formando cristais. Quando formam íons, são responsáveis por processos fundamentais
para a vida da célula como a permeabilidade da membrana plasmática (capacidade de permitir a
entrada e a saída de substâncias da célula), pela maior ou menor fluidez do conteúdo celular
(citoplasma), pela capacidade de responder a estímulos externos, entre outros. Quando formam
cristais, são componentes estruturais de esqueletos, carapaças, cascas de ovos.
42
A tabela abaixo mostra alguns dos principais sais minerais presentes em vários processos
importantes para as células:
SAIS
MINERAIS FUNÇÕES PRINCIPAIS ALIMENTOS
Ajuda no equilíbrio dos líquidos Sal de cozinha e sal natural dos
SÓDIO do corpo e na condução do alimentos
impulso nervoso.
POTÁSSIO Funções semelhantes as Frutas, verduras, feijão, leite,
do sódio. cereais
Forma ossos e dentes atua no Laticínios e hortaliças verdes
CÁLCIO funcionamento dos músculos, (brócolis, espinafre)
nervos e coagulação do sangue.
Forma a clorofila; ajuda na Hortaliças de folhas verdes,
MAGNÉSIO formação dos ossos e cereais, peixes, carnes, ovos,
funcionamento de nervos e soja, banana
Músculos.
Forma a hemoglobina, que leva Fígado, carnes, gema de ovo,
FERRO oxigênio; participa da respiração legumes e hortaliças verdes
Celular.
Adaptados de tabela dos livros: "Biologia" - volume único - César e Sezar e "Biologia" - programa
completo S. Linhares e F. Gewandsznajder.
SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
AÇÚCARES E GORDURAS
Tanto os açúcares, que formam os carboidratos, quanto os lipídios são moléculas que
guardam energia nas suas ligações químicas. São, portanto, moléculas energéticas. Enquanto os
carboidratos fornecem um tipo de energia de uso imediato, os lipídios são reservas energéticas para
as células. Ao ingerirmos alimentos ricos em carboidratos (pão, macarrão, biscoito, arroz etc.)
estamos comendo longas cadeias de açúcares simples. Estas cadeias, chamadas de Polissacarídeos,
sofrerão várias "quebras" engendradas pelas enzimas digestivas, resultando em moléculas bem
menores, os MONOSSACARIDEOS. Entre eles, destacamos a glicose, a frutose, a galactose, a ribose e
a desoxirribose, facilmente assimiláveis pelas células. Repare nas figuras abaixo
Os lipídios são moléculas que compreendem óleos, gorduras e ceras (todos os lipídios
simples), fosfolipídios (lipídios compostos) e esteróides como o colesterol e os hormônios sexuais.
Além de terem, como função, servir de reserva energética para as células e para o organismo, alguns
deles têm outros papéis importantes.
PRINCIPAIS POLISSACARÍDEOS LOCAL E FUNÇÃO
Polissacarídeo
estrutural
Celulose Mais abundante na natureza.
Encontrado nas plantas (parede
celular)
Polissacarídeo
estrutural
Quitina Parede celular de fungos e
exoesqueleto de artrópodes
Polissacarídeo
energético
Amido Encontrado nas plantas e alguns
protistas; tem função de reserva
Polissacarídeo
energético
Glicogênio Encontrado em fungos e nos
animais, tem função de reserva
43
PROTEÍNAS E ÁCIDOS NUCLÉICOS
Estas substâncias formam importantes estruturas que constituem as células. Enquanto os
ácidos nucléicos participam da formação do material nuclear e dos ribossomos, as proteínas são as
"argamassas" das células. Estão presentes em todas as estruturas, desde o envoltório celular
(membrana plasmática), até as organelas no seu interior. O metabolismo celular é regulado por
enzimas (proteínas com funções específicas) produzidas pela célula. A identidade da célula bem como
suas funções é na verdade caracterizadas pelos tipos de proteína que ela produz. Por exemplo, as
hemácias (células sangüíneas) transportam o oxigênio, devido ao fato de possuírem hemoglobina
(um tipo de proteína) que pode se combinar com esse gás. Podem ser também do tipo: anticorpos ou
hormônios como a insulina e o glucagon ou simplesmente a queratina que impermeabiliza o tecido
que se localiza. As proteínas são formadas por longas cadeias de AMINOÁCIDOS, moléculas orgânicas
mais simples. Na natureza existem 20 tipos diferentes de aminoácidos e, as proteínas são formadas
por inúmeros arranjos dessas moléculas mais simples. Os aminoácidos têm algo semelhante entre si.
Os aminoácidos produzidos por um organismo são denominados naturais e os que necessitam ser
ingeridos, são chamados de essenciais.
Os aminoácidos se unem formando o que chamamos de LIGAÇÕES PEPTÍDICAS.
Polipeptídeos é o termo que designa moléculas formadas por vários aminoácidos. Quando o
polipeptídeo é constituído por mais de 70 aminoácidos, chama-se PROTEÍNA. Quando analisamos
uma proteína do ponto de vista dos aminoácidos que a formam, estamos estudando sua estrutura
primária. Nenhuma proteína se apresenta de forma linear, ou seja, ela se dobra em forma de hélice,
formando o que chamamos de estrutura secundária.
Algumas proteínas podem, além de enrolar-se linearmente em hélice, curvarem-se várias
vezes sobre si mesmas, formando uma estrutura tridimensional. São as proteínas globulares e este
tipo de disposição é chamado de estrutura terciária. As enzimas se comportam dessa forma como no
esquema a seguir:
Figura 29 – Estruturas das proteínas
44
Já que falamos em enzimas, vamos lembrar seu papel no metabolismo celular. As reações
químicas que ocorrem nas células são mediadas por enzimas, uma vez que, sem elas, tais reações
demorariam muito mais tempo para ocorrerem e necessitariam de altas temperaturas. As enzimas
funcionam, então, como Catallsadores. São específicas, ou seja, existe um tipo de enzima para cada
tipo de reação. Sua especialidade é tamanha, que ela se encaixa anatomicamente ao formato da ou
das substâncias nas quais ela vai atuar, formando o chamado encaixe da "chave na fechadura".
Temos, a seguir, um modelo que ilustra bem o que dissemos.
Figura 30 – Efeito chave fechadura
Duas substâncias chamadas de substratos (onde a enzima vai atuar) encaixam-se em
determinados sítios da enzima que funciona como molde, promovendo a reação entre elas. Ao final
da reação, a enzima se desprende do substrato e está pronta para repetir o processo com outras
moléculas. Vários fatores podem afetar a atividade enzimática dentro das células, tais como a
temperatura, a concentração de substrato, o grau de acidez do meio e de certas substâncias. Caso
ultrapassem o limite suportável pela enzima, passam a destruir sua estrutura espacial e terminam por
DESNATURÁ-LA, quer dizer, a enzima perde seu poder catalisador. Por essa razão, a vida não se
mantém em temperaturas muito elevadas.
Os ÁCIDOS NUCLÉICOS são moléculas orgânicas relacionadas à hereditariedade e ao controle
das atividades celulares. Há dois tipos de ácidos nucléicos, que chamaremos pelas suas siglas: o DNA
(ácido desoxirribonucléico) e o RNA (ácido ribonucléico). São moléculas "gigantes", comparadas as
outras (é lógico que estamos tratando de um nível molecular. Elas cabem dentro de uma célula, são,
portanto, microscópicas). São formadas de pequenas unidades, chamadas de NUCLEOTIDEOS.
Abaixo, você verá algumas representações (modelos) de nucleotídeos. Existem cinco tipos diferentes
de nucleotídeos, todos, porém, têm em sua fórmula um radical fosfato - HPO4 - um açúcar ribose no
caso do RNA ou desoxirribose, no caso do DNA e uma base nitrogenada.
45
Figura 31 – Nucleotídeos
A diferença entre os nucleotídeos está justamente em suas bases nitrogenadas. Estas bases
podem ser maiores (púricas - formadas por um anel duplo de carbono e nitrogênio) ou menores
(pirimídicas - formadas por um anel simples). São bases púricas: a adenina (A) e a guanina (G), e de
bases pirimídicas: a timina (T), a uracila (U) e a citosina (C). Na molécula de DNA, encontramos a
adenina, a guanina, a timina e a citosina. Na molécula de RNA, a ti mina é substituída pela uracila. O
DNA é o material formador dos cromossomos onde são guardadas todas as informações acerca da
célula. Essa característica do DNA assegura que as células filhas sejam semelhantes à que as gerou.
Sob o comando do DNA, o RNA faz a "leitura" dessas informações e sintetiza substâncias necessárias
à célula.
Há um modelo que descreve como os nucleotídeos se dispõem para formar a molécula de
ácido nucléico. É um modelo interessante, proposto em 1953, pelos cientistas americanos Watson e
Crick, e confirmado posteriormente através de alguns experimentos. Segundo esse modelo, o DNA é
formado por cadeias de nucleotídeos que se dispõem uns acima dos outros, ligados entre si pelo
grupo fosfato. Esta cadeia de nucleotídeos é pareada (faz "par") com outra, lembrando o modelo de
uma escada (volte ao esquema acima). Esse pareamento acontece basicamente em função das bases
nitrogenadas. Repare só: se de um lado, há uma timina, do outro lado encaixa uma adenina (e vice-
versa); se há uma guanina, na outra cadeia encontra-se uma base citosina (e vice-versa). Os
diferentes códigos genéticos encontrados nas células dos seres vivos resultam das inúmeras
combinações e seqüênciações desses quatro nucleotídeos. Esse modelo "escada" torce-se em forma
de uma hélice dupla.
Figura 32 - DNA
46
CAPÍTULO VIII
MEMBRANA PLASMÁTICA
A membrana plasmática é o envoltório mais externo das células animais (os vegetais além
dela, têm a parede celular). Além de individualizar a célula do meio externo, a membrana plasmática
controla a entrada e a saída de substâncias da célula. Este fenômeno é denominado
PERMEABILlDADE SELETIVA. Isto acontece por causa de sua constituição. Ela é formada por um tipo
especial de lipídio - os FOSFOLlPÍDIOS. Eles estão dispostos formando duas camadas; uma mais
interna, em contato com o citoplasma da célula e, outra, mais externa, em contato como exterior.
Sua ultraestrutura só é perceptível com o auxílio da microscopia eletrônica de transmissão.
No modelo atualmente aceito (ver figura abaixo) os fosfolipídios formam um tapete
"oleoso", no qual estão inseridas moléculas de proteínas.
Figura 33 – Estrutura da membrana plasmática
Estas moléculas são dotadas de grande mobilidade, devido à fluidez proporcionada pelos
fosfolipídios (diz-se que esse modelo de membrana é o do "mosaico fluido"). Se os fosfolipídios
formam a estrutura básica da membrana, as proteínas são responsáveis pelas características seletivas
da membrana. Algumas proteínas servem de poros para a passagem de substâncias não solúveis em
lipídios (impedidos de passar pelos fosfolipídios), outras são transportadoras específicas de certas
moléculas, para dentro e para fora da célula. Há também açúcares associados a proteínas, na parte
externa da membrana - as glicoproteínas. Ao conjunto de glicoproteínas da membrana, chamamos de
glicocálix. O glicocálix está ligado ao reconhecimento de uma célula por outra do mesmo tecido, de
forma a torná-lo coeso. O glicocálix é comum em células que revestem cavidades. Existem em
animais e muitos protistas.
O TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS PELA MEMBRANA
As substâncias que podem entrar na célula, penetram através da membrana plasmática
basicamente de duas maneiras diferentes: ou elas são transportadas (com ou sem gasto de energia)
ou são envolvidas (englobadas) pela membrana.
A DIFUSÃO SIMPLES é o movimento de partículas de onde há maior concentração delas, para
onde elas estão em pouco número. Observe o desenho a seguir, ele mostra a entrada de pequenas
partículas por difusão na célula. Essas partículas poderiam ser sais, oxigênio, gás carbônico e certos
íons.
47
Figura 34 - Difusão
A OSMOSE é um caso particular de difusão, quando a substância difundida é a água. Ela
passa de um local de menor concentração de soluto (hipotônico), para outro de maior concentração
(hipertônico), ou seja, de onde tem maior quantidade de água proporcional (soluto /solvente) para
onde tem menor quantidade de água proporcional (soluto/solvente).
Figura 35 – Osmose
No TRANSPORTE POR DIFUSÃO FACILITADA, a membrana plasmática, que permite a entrada
de uma substância que demorariam a entrar pela difusão simples, mediada por uma proteína
transportadora. Essa é a forma de entrada de alguns aminoácidos, vitaminas, açúcares simples,
alguns íons, como cálcio, cloro, sódio e potássio. As proteínas transportadoras são específicas e só
"permitem" a entrada de substâncias que elas reconhecem. Nesse caso, não há gasto de energia,
uma vez que a substância irá de um meio em que se encontra em maior número, para outro
(intracelular), onde sua concentração é pequena.
Figura 36 – Difusão facilitada
Quando uma substância deve ir de um meio onde ela está em menor número, para outro
onde há grande concentração da mesma, esse transporte ocorre contra a lei da difusão. Nesse caso,
há gasto de energia. É o que ocorre, por exemplo, com os íons Na+. Eles são muito pequenos, e
acabam penetrando facilmente pela membrana plasmática. Para que uma série de eventos ocorra
dentro da célula, no entanto, é necessário que os íons Na+ sejam expulsos. Como sua concentração é
maior fora da célula, ele é transportado para o exterior por uma proteína, com gasto de energia. Esse
processo é chamado de TRANSPORTE ATIVO.
48
Figura 37– Transporte ativo
A FAGOCITOSE é um processo corresponde ao englobamento de partículas sólidas de grande
porte. A célula se aproxima da partícula, emite projeções de sua membrana plasmática
(pseudópodos: pseudo = falsos; pódos = pés) e a engloba, formando uma vesícula no interior da
célula, o vacúolo alimentar. Esse fenômeno é próprio de certas células, como a ameba, que utiliza o
processo para se alimentar, ou de glóbulos brancos, que englobam bactérias e vírus, protegendo o
organismo contra invasores estranhos a ele.
Quando o fenômeno de captação de substância do exterior para dentro da célula envolve
partículas bem pequenas, chamamos esse processo de PINOCITOSE. Todas as células são capazes de
realizá-lo. As vesículas formadas por esse processo podem receber enzimas digestivas.
Figura 38 – Fagocitose e pinocitose
49
CAPÍTULO IX
CITOPLASMA E ORGANELAS
A célula como unidade formadora de qualquer ser vivo seja ele unicelular ou pluricelular,
funciona basicamente como um organismo inteiro. Ela se alimenta a partir da digestão das partículas
que absorve do meio, tem mecanismos de obtenção de energia, reproduz-se, enfim, guarda
proporcionalmente uma complexidade semelhante à observada num organismo pluricelular. Esta
unidade tratará do estudo do conteúdo celular, ou seja, de suas estruturas internas e de como atuam
de forma a possibilitar a sobrevivência da célula. O núcleo, apesar de ter papel fundamental na
dinâmica celular, não estará presente nesta unidade, pois, devido à sua importância, terá uma
unidade inteiramente dedicada a ele.
O estudo da célula só progrediu graças aos avanços tecnológicos proporcionados pela
microscopia. Com o surgimento do microscópio eletrônico, estruturas celulares, antes invisíveis ao
microscópio óptico, foram descobertas. Métodos modernos de investigação bioquímica desvendaram
o papel desempenhado por tais estruturas. De qualquer forma, há ainda muito que se pesquisar.
Existe uma dificuldade dos livros em apresentar a célula como um corpo tridimensional. Os
desenhos, esquemas ou fotos, geralmente apresentam fatias de células, em que suas estruturas
internas são representadas por pequenas vesículas ou pontos. Muitas vezes, as vesículas são na
verdade estruturas tubulares cortadas na transversal. Isso significa dizer que o que tem a forma de
um tubo aparece, após o corte, como uma pequena bolsa arredondada.
Esses equívocos refletem as dúvidas dos próprios pesquisadores. A ciência, porém, está mais
à frente do que podemos supor. O que está sendo investigado por ela, agora, só fará parte da
literatura didática daqui a alguns anos, ou seja, estudamos agora um conteúdo que já foi descoberto
há décadas.
Lembre-se, portanto, que as figuras que apresentarmos nas duas dimensões do papel devem
ser vistas como algo que também possui volume, profundidade. Com essa idéia tridimensional, o
estudo aproxima-se mais da realidade.
A CÉLULA - UMA VISÃO GERAL
Observe o desenho a seguir. Nele estão representadas algumas estruturas celulares que
abordaremos nessa unidade. Tente localizar cada estrutura apresentada pela lista abaixo no desenho
da célula. Ele apresenta a célula em cortes longitudinais e transversais.
Figura 39 – Célula
50
RIBOSSOMOS
Os ribossomos aparecem no microscópio eletrônico como grânulos. São constituídos na
verdade, por duas subunidades (uma maior que a outra) que se encaixam. O RNA entra na sua
composição química. Os ribossomos estão presentes em todos os tipos de células, das mais primitivas
às mais complexas. Isso porque sua função é fundamental para a célula. Eles participam da síntese de
proteínas a partir da união de aminoácidos. Os ribossomos podem estar soltos no citoplasma ou
aderidos à face externa do retículo endoplasmático.
Figura 40 – Ribossomo
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
Volte à figura da célula, no início dessa unidade. Localize o retículo endoplasmático. Ele se
apresenta como sacos achatados, dispostos uns em cima dos outros. Trata-se de um sistema de
membranas (semelhantes à membrana plasmática) que se dobram, aumentando assim a superfície
de contato e de trocas entre a célula e o meio externo. Se reparar na figura da célula, você verá que
existem dois tipos de retículo – o RUGOSO e o LISO. O primeiro apresenta na face externa, grânulos
que correspondem a ribossomos associados ou aderidos. O retículo liso, com aspecto de cisternas
interligadas, não apresenta ribossomos aderidos. Ambos têm funções importantes no metabolismo
celular.
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO RUGOSO
Síntese de proteínas que serão exportadas (secretadas pela célula como as enzimas, por
exemplo).
Síntese de proteínas da membrana plasmática
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO LISO
Síntese de lipídios (exemplo: hormônios como a cortisona e a testosterona)
Produção de fosfolipídios que formarão a membrana plasmática
Armazenamento de substâncias produzidas
Figura 41 – Retículo endoplasmático
51
COMPLEXO DE GOLGI
À semelhança do retículo, o complexo de Golgi é um conjunto de sacos achatados e de
vesículas, formados por dupla membrana lipoprotéica. Sua função é sintetizar glicídios e adicionar
açúcares simples a proteínas sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso, razão pela qual estão
sempre próximos um do outro, em estreita colaboração. O complexo de Golgi também "empacota"
as substâncias produzidas pelos dois organóides, concentrando-as em vesículas, que desembocam
fora da célula ou em lisossomos.
Pelas características descritas acima, você pode concluir que o complexo de Golgi está
intimamente ligado à secreção de substâncias. Células secretoras (como as que formam as glândulas)
têm um grande número dessas vesículas no citoplasma.
Observe as figuras abaixo. Numa delas, há o desenho do aspecto do complexo de Golgi,
como sacos achatados e empilhados. Na outra figura, vê-se uma foto da imagem do complexo de
Golgi, aumentado em 240.000 vezes, pela microscopia eletrônica. Estão as cisternas e as vesículas
que brotam no complexo.
Figura 42 – Complexo Golgi
LISOSSOMOS
O lisossomo é um tipo de vesícula que brota do complexo de Golgi. Em seu interior são
encontradas enzimas digestivas, razão pela qual esse organóide está ligado á digestão intracelular. Só
ocorrem em células animais. A célula vegetal não apresenta lisossomos e a digestão, nesse caso,
ocorre no vacúolo de suco celular. O processo de digestão intracelular é muito dinâmico, por isso
vamos seguir o esquema abaixo para que possamos compreendê-lo:
Figura 43 – Lisossomos e a fagocitose
52
Os lisossomos estão ligados a alguns eventos interessantes que ocorrem com as células: a
autofagia e a autólise. A autofagia é um fenômeno que ocorre quando a célula não consegue
alimento por um longo período. Os lisossomos, então, digerem alguns organóides da própria célula, a
fim de que esta não morra de fome. Esse processo também ocorre na destruição de organelas velhas.
Na autólise, os lisossomos são rompidos dentro da célula, digerindo-a e destruindo-a (isso acontece
em alguns casos). No desenvolvimento dos girinos até a fase adulta (quando viram sapos ou rãs), a
cauda vai desaparecendo por autólise das suas células.
Outro exemplo: quando o organismo morre, os lisossomos das células que o constituem se
rompem, iniciando a destruição celular, ao mesmo tempo em que o corpo entra em decomposição
pela ação das bactérias. O fenômeno da autólise também está ligado a uma doença pulmonar
chamada silicose. Ela é causada pela inalação do pó de sílica, principalmente por pessoas que
trabalham em pedreiras e minas. As agulhas de sílica, inaladas, perfuram as células pulmonares,
rompendo seus lisossomos, que destroem parte do tecido pulmonar, que é substituído por fibras de
colágeno e outras proteínas. Esse material fibroso impede o pulmão de funcionar normalmente.
OS PEROXISSOMAS
Peroxissomas também são vesículas, bem parecidas com os lisossomos. Diferem no
conteúdo e na função. Enquanto o lisossomo está ligado à digestão intracelular, o peroxissomo
relaciona-se à oxidação de algumas substâncias tóxicas ao organismo. Também possui enzimas, só
que de natureza oxidativa. Muitos processos metabólicos do organismo resultam em substâncias
tóxicas, como o álcool, que não podem acumular-se nas células. São, então, encaminhadas ao
peroxissomos, que possuem enzimas que oxidam (adicionam oxigênio) esses compostos orgânicos,
convertendo-os em peróxido de hidrogênio (H2O2) ou simplesmente água oxigenada. A água
oxigenada, por sua vez, também tóxica para a célula, é decomposta, por ação da CATALASE (enzima
presente somente no peroxissoma) em água e oxigênio. As células do fígado e dos rins são as que
possuem maior número de peroxissomas, evidenciando a atuação direta desses órgãos na
desintoxicação de substâncias nocivas ao organismo, muitas delas ingeridas pelo homem, como o
álcool e as drogas.
Figura 44 - Perossixomo
VACÚOLOS
Vacúolos são grandes vesículas (como se fossem bolsas circundadas por membranas),
visíveis ao microscópio óptico. Existe uma variedade de vacúolos:
VACÚOLOS DIGESTIVOS
Resultantes da união de vesículas de fagocitose (fagossomos) com lisossomos.
53
VACÚOLOS DE SUCO CELULAR
Presentes em células vegetais servem de depósito de substâncias como pigmentos (que dão
cor às flores, por exemplo), material nutritivo (proteínas, vitaminas, carboidratos).
VACÚLOS CONTRÁTEIS
Presentes em protozoários de água doce. Como esses seres vivos têm maior concentração
de determinadas substâncias do que o meio em que vivem tende a ganhar muita água desse meio
(que penetra na célula por osmose). Essa água acumula-se no vacúolo contrátil que, quando cheio,
contrai-se, expulsando o excesso de água de volta para fora da célula.
Figuro 45 - Vacúolo
MITOCÔNDRIAS
As mitocôndrias são organóides visíveis ao microscópio óptico. Têm formas variadas: podem
ser arredondadas ou cilíndricas. No segundo caso, podem até ramificar-se. Essa característica da
mitocôndria dificultou, um pouco, a definição de seu formato e do número desses orgânulos nas
células. Algumas células, observadas em cortes finos ao microscópio eletrônico, apresentavam um
número grande de mitocôndrias. Esse foi o caso, por exemplo, de protozoários flagelados (com
flagelo). Com o aprimoramento das técnicas de microscopia, verificou-se que se tratava de apenas
uma mitocôndria grande, com ramificações. O corte da célula em fatias finas acabava por também
cortar esse orgânulo em vários pontos diferentes de sua ramificação, dando a idéia de
descontinuidade. A mitocôndria é um dos poucos organóides que apresenta dupla membrana: uma
mais externa, lisa, e uma mais interna, tão extensa que se dobra várias vezes para caber dentro da
primeira, e acaba criando as chamadas cristas mitocôndrias. Acompanhe nas figuras abaixo.
Figura 46 - Mitocôndria
54
ATP - A MOLÉCULA RECEPTORA DE ENERGIA
A energia liberada, tanto na fermentação quanto na respiração, fica guardada em uma
molécula orgânica especial o ATP (adenosina trifosfato). Ele é formado por um açúcar (ribose), uma
base nitrogenada (adenina) e por três radicais fosfatos, ligados entre si à custa de quantidades
razoáveis de energia. É justamente a energia liberada na quebra da molécula de glicose, que vai unir
os radicais fosfatos entre si na molécula de ATP. Armazenada dessa forma, a energia está mais
disponível para a célula, que pode se utilizar dela sempre que precisar.
A MITOCÔNDRIA E O PROCESSO DE RESPIRAÇÃO
O processo de respiração envolve uma série de etapas, todas elas catalisadas por enzimas
específicas. Apresentaremos essas etapas de forma simplificada, evidenciando a essência de cada
uma delas.
GLICÓLISE
A glicólise (Lise = quebra; glicólise = quebra de moléculas de glicose) acontece no
hialoplasma e é um processo semelhante à fermentação. Células mais simples, que não têm
mitocôndrias (como as bactérias, por exemplo), aproveitam a energia de moléculas orgânicas dessa
forma. A glicose é parcialmente quebrada, havendo liberação de uma pequena quantidade de
energia. Podemos dizer que o "saldo" energético é de duas moléculas de ATP. Na glicólise, não se
forma o álcool etílico, mas outra molécula orgânica - o ácido pirúvico.
CICLO DE KREBS
O ácido pirúvico é uma molécula orgânica constituída de três átomos de carbono. Trata-se,
portanto, de uma molécula energética. Essa substância é encaminhada para a mitocôndria. Na matriz
mitocôndria, o ácido pirúvico sofre a ação de enzimas mitocôndrias, sendo continuamente
"quebrado", resultando na liberação de hidrogênios e formação de CO2 (que sai da célula). Esse
processo é chamado de ciclo de Krebs.
CADEIA RESPIRATÓRIA
Nas cristas mitocôndrias, o hidrogênio liberado na decomposição do ácido pirúvico combina-
se com átomos de oxigênio, existentes no meio, formando moléculas de água. Ao combinar-se com o
oxigênio, o hidrogênio libera energia, formando várias moléculas de ATP. Cada molécula de glicose
decomposta na respiração celular resulta em 38 moléculas de ATP, contra duas moléculas de ATP
formadas na fermentação. A respiração é, evidentemente, um processo mais eficiente de obtenção
de energia.
Nos seres pluricelulares dotados de pulmões, o oxigênio que recebe os hidrogênios na
cadeia respiratória, é proveniente da inspiração. As moléculas de CO2 que vão se formando durante
o processo de respiração celular, são levadas para fora do organismo através da expiração.
CLOROPLASTOS
Cloroplastos são as maiores organelas, facilmente vistas ao microscópio óptico. Talvez por
essa razão, tenham sido as primeiras estruturas celulares a serem estudadas. Elas chegam a ser
maiores que algumas células, como por exemplo, as hemácias (glóbulos vermelhos do sangue). Outra
particularidade é que o cloroplasto é a única organela constituída de três membranas. A maioria dos
cloroplastos tem a forma de amêndoa.
55
Vamos observar a estrutura interna do cloroplasto:
Figura 47 - Cloroplasto
O cloroplasto é envolvido por duas membranas (a externa e a interna). A natureza dessas
membranas é semelhante à da membrana plasmática. No seu interior, há um espaço - o estroma -
que contém água, sais minerais e enzimas dissolvidas. No estroma, há membranas dispostas em
"prateleiras" - as lamelas. Empilhadas em cima das lamelas, há estruturas membranosas em forma de
disco, os grana. Cada disco é chamado de tilacóide. No grana que se concentra a clorofila, pigmento
que participa da fotossíntese.
CLOROPLASTOS E A FOTOSSÍNTESE
Os cloroplastos estão presentes na maioria dos seres autótrofos - os vegetais. Estes
organóides são responsáveis pelo fenômeno da fotossíntese, ou seja, a síntese de matéria orgânica
através da luz. Os vegetais conseguem converter moléculas inorgânicas simples (C02 e H2O) em
moléculas orgânicas, como a glicose. Repare na equação da fotossíntese:
6 CO2 + 12 H2O + LUZ C6H12O6 + 6 02 + 6 H2O
Além de produzir seu próprio alimento (que também servirá de alimento aos seres
heterótrofos), os vegetais também liberam o gás oxigênio. O oxigênio liberado pelas plantas é
captado pelos seres vivos aeróbicos (inclusive as plantas) e encaminhado até as mitocôndrias das
células, para servirem de receptores de hidrogênio na respiração celular, fenômeno que acabamos de
estudar. Na verdade, os dois fenômenos - respiração e fotossíntese - se complementam na natureza.
Repare no esquema abaixo que integra a atividade dos cloroplastos, na fotossíntese e a atuação das
mitocôndrias, na respiração celular. O processo de fotossíntese se resume, basicamente, em duas
etapas: uma fase que depende diretamente da luz por isso mesmo chamada de fase clara, e outra
que acontece independente desse tipo de energia, chamada de fase escura. Abaixo apresentamos,
resumidamente, as reações que ocorrem em cada uma das duas etapas:
56
FASE CLARA
Ocorre nas partes do cloroplasto que possuem clorofila - as lamelas e a grana (conjunto de
tilacóides). A clorofila é um pigmento vegetal que serve de "antena", captando a energia luminosa e
convertendo-a em energia química, através da excitação de seus elétrons. Sob a ação dessa energia
captada pela clorofila, há formação de moléculas de ATP. O ATP armazena nas ligações entre seus
fosfatos, parte da energia luminosa, convertida em energia química. Esse processo denomina-se
FOTOFOSFORILAÇÃO (foto = luz; fosforilação = adição de fósforo em presença de luz).
Outro processo importante ocorre na fase clara - FOTÓLlSE DA ÁGUA. Nele, a água captada
pela planta é "quebrada" sob a ação da energia luminosa, liberando O2 (gás oxigênio) que sai da
planta e vai para a atmosfera e hidrogênio. O hidrogênio livre se combina com uma molécula
receptora desses íons (NADP) e ele é encaminhado até o estroma do cloroplasto, onde participa da
fase escura. (NADPH2)
FASE ESCURA
Como dissemos, ela ocorre de dia ou de noite, pois independe da luz. Inicia-se com a
presença dos hidrogênios no estroma. Lá existem enzimas que catalisarão todo o processo. Haverá
gasto de energia, fornecida pelas moléculas de ATP produzidas durante a fase clara da fotossíntese.
Nesse momento, o CO2 captado pela planta do ar atmosférico combina-se com os hidrogênios
provenientes da fotólise da água (na fase clara), e formam-se compostos orgânicos. Essas moléculas
orgânicas mais simples são levadas, então, para o citoplasma celular (hialoplasma), onde o processo
de síntese de glicose e outros compostos se completarão.
Figura 48 – Fotossíntese
57
CAPÍTULO X
NÚCLEO CELULAR
COMPOSIÇÃO DO NÚCLEO
É no núcleo celular que se encontra o material genético, responsável pela transmissão das
características hereditárias. Além disso, é o núcleo que controla todas as atividades celulares. Vamos
começar conhecendo a composição desta importante parte da célula. Sabe-se que as células podem
se dividir, fenômeno chamado de divisão celular. O aspecto do núcleo muda conforme a célula esteja
se dividindo ou esteja em interfase, nome dado ao intervalo entre duas divisões celulares. Para
falarmos da composição do núcleo, vamos considerar o núcleo interfásico, ou seja, o núcleo no
período em que a célula não está se dividindo. Também estaremos considerando aqui as células com
núcleo individualizado, ou seja, as células eucarióticas. O núcleo interfásico de uma célula eucariótica
apresenta os componentes descritos a seguir:
CARIOTECA - é a membrana nuclear que envolve o material genético, separando-o do
citoplasma. Assim como a membrana celular é uma estrutura lipoprotéica. Possui inúmeros poros
que permitem a comunicação entre o material nuclear e o citoplasma. Tal comunicação é química: as
substâncias que passam do núcleo para o cito plasma (e vice-versa) é que "carregam mensagens",
permitindo o funcionamento celular.
CARIOLINFA - é o líquido que preenche o núcleo. Assim como o hialoplasma, que
preenche o citoplasma, a cariolinfa é composta em grande parte por água e proteínas.
CROMATINA - é o material genético. É formada pela associação entre moléculas de
proteínas e moléculas de DNA. No núcleo interfásico, a cromatina tem o aspecto de um emaranhado
de fios longos e finos, chamados de cromonemas. Quando a célula entra em divisão celular, os
cromonemas se espiralizam, ou seja, se condensam, tornando-se mais curtos e grossos, com o
aspecto de bastões que recebem o nome de cromossomos.
NUCLÉOLO - é um corpúsculo constituído basicamente por RNA.
Figura 49 - Os componentes do núcleo celular
O uso de corantes permite observar a cromatina ao microscópio (daí o nome cromatina:
croma = cor). Nessas observações, aparecem pontos mais escuros e pontos mais claros, o que
corresponde a áreas em que a cromatina está mais condensada e menos condensada:
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EUCROMATINA - regiões menos condensadas da cromatina: o filamento está mais
esticado. A eucromatina corresponde às regiões do DNA nas quais os genes estão ativos.
HETEROCROMATINA - regiões mais condensadas da cromatina: o filamento está mais
dobrado;
CROMOSSOMOS
Quando o longo filamento de cromatina, o cromonema, se dobra várias vezes sobre si
mesmo, assumindo a forma de um bastão, dizemos que ele se espiralizou e forma-se o cromossomo.
A espiralização da cromatina só ocorre quando a célula está em processo de divisão.
A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO
Como já foi dito, o núcleo está relacionado com a hereditariedade e com a regulação da
atividade celular.
O NÚCLEO E O CONTROLE DO METABOLISMO CELULAR
Já no final do século XIX ficou demonstrado que o núcleo era vital para a célula, através de
experimentos realizados por um cientista chamado Balbiani.
Balbiani dividiu amebas em duas partes, de modo que uma delas ficasse com o núcleo.
Observou que o fragmento nucleado sobrevivia e se reproduzia, enquanto o fragmento anucleado
morria. Se o fragmento anucleado tivesse um núcleo reimplantado, ele sobrevivia e até voltava a se
dividir. Fragmentos de células sem o núcleo vão, pouco a pouco, deixando de realizar as funções
vitais: para a respiração, a digestão, a excreção... Os experimentos de Balbiani, assim como outros
feitos posteriormente, sugerem que o núcleo controla o metabolismo celular, de alguma forma. Mas
como? De que maneira o núcleo exerce seu poder controlador sobre a própria vida da célula? O
desvendamento deste maravilhoso mistério exigiu muita pesquisa, muita investigação científica.
O NÚCLEO E A HEREDITARIEDADE
Quando a cromatina se espiraliza e formam-se os cromossomos, o material genético fica
organizado em "porções individuais", sendo possível contar o número de bastões, ou seja, de
cromossomos que existem em uma célula, ao analisá-la ao microscópio.
Essas análises revelaram que o número de cromossomos é o mesmo para todos os
indivíduos da mesma espécie. (Os indivíduos de uma mesma espécie têm o mesmo numero de
cromossomos)
CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS E O CARIÓTIPO
Em um cromossomo existem vários genes dispostos linearmente. O local que cada gene
ocupa no cromossomo é denominado lócus gênico.
Os cromossomos geralmente ocorram aos pares nas células. O cromossomo de cada par
possui os mesmos locai gênicos (locai = plural de lócus) e são denominados cromossomos
homólogos. Essas células que possuem cromossomos aos pares são denominadas células diplóides ou
2n. Os gametas, que são células relacionadas com processos sexuados de reprodução, apresentam
apenas um cromossomo de cada par de homólogos, sendo por isso denominada célula haplóide ou n.
59
Na espécie humana, por exemplo, as células somáticas possuem 46 cromossomos (23 pares)
e os gametas possuem 23 cromossomos, não havendo ocorrência de pares.
Corando e fotografando os cromossomos, é possível obter o cariótipo de um indivíduo, a
partir do qual se pode observar o tamanho, a forma e o número de cromossomos de suas células.
Para isso, interrompe-se a divisão celular na metáfase, que é o momento em que os cromossomos
apresentam o máximo de condensação.
A figura a seguir exemplificam c cariótipos de homem e de mulher. Analisando-as verifica-se
que dos 23 pares de cromossomos, 22 são semelhantes em ambos os sexos. Eles recebem o nome de
autossomos. O último par é diferente e cada sexo, e os cromossomos são chamados sexuais. A
mulher possui dois cromossomos sexuais idênticos entre si chamados cromossomos X. O homem
possui um cromossomo X e outro muito diferente que recebe o nome de Cromossomo Y.
Figura 50 – Cariótipo
Os cromossomos dos eucariontes são formados por DNA e proteínas. Estudos experimentais
comprovaram que a molécula de DNA é que contém os genes e, portanto, é ela que comanda e
coordena toda a função celular. Esses estudos demonstraram também que cada gene comanda a sín-
tese de determinada proteína ou polipeptídeo e que desse processo participam moléculas de RNA.
Na síntese de determinada proteína, um gene é transcrito em moléculas de RNA que vão ser
traduzidas em moléculas de proteínas no citoplasma.
Segundo o modelo de Watson & Crick, cada molécula de DNA é uma dupla hélice em que
duas cadeias de nucleotídeos dispõem-se espiraladamente em tomo de um eixo. Essas cadeias estão
unidas entre si por pontes de hidrogênio que se formam entre as bases nitrogenadas. Essa união não
é aleatória: a adenina de uma cadeia pareia-se sempre com a timina da outra; a citosina de uma
cadeia pareia-se sempre com a guanina da outra. Diz-se que A e T são bases complementares, assim
como C e G. Isso significa que, se em um trecho de uma molécula de DNA uma das cadeias apresenta
a seqüência de bases TCAGTC, a cadeia complementar AGTCAG, respectivamente. Cada cadeia da
molécula de DNA tem seus nucleotídeos dispostos linearmente, e a ordem em que eles ocorrem
pode variar. Uma molécula de DNA difere de outra pela ordem com que os nucleotídeos se dispõem.
Cada nucleotídeo possui uma molécula de ácido fosfórico (P), uma molécula do açúcar desoxirribose
(D) e uma molécula de base nitrogenada. Um nucleotídeo difere do outro apenas pela base
nitrogenada, que pode ser adenina (A), guanina (G), citosina (C) ou timina (T).
60
Figura 51 – Trechos complementares de duas cadeias de nucleotídeos de uma molécula de DNA.
Observe que uma cadeia se dispõe de modo invertido em relação à outra
DUPLICAÇÃO DO DNA
A partir de uma molécula de DNA formam-se duas outras iguais a ela. Todos os DNA recém-
formados possui uma das cadeias da molécula-mãe. Por isso fala-se em duplicação semiconservativa.
Essa forma de duplicação do DNA garante que as células resultantes de um processo de
divisão celular recebam o mesmo material genético.
SÍNTESE DE RNA: TRANSCRIÇÃO
O RNA é formado por um processo denominado transcrição: o trecho da molécula de DNA
que contém um gene a ser transcrito abre-se e nesse ponto inicia-se o pareamento de nucleotídeos
do RNA. Completado o pareamento, o RNA se solta.
Na formação do RNA, o pareamento de nucleotídeos ocorre de forma definida, pois as bases
nitrogenadas são complementares. Assim, se um trecho do DNA tiver a seqüência ATCG, o RNA que
se formará terá a seqüência UAGC.
A combinação das quatro bases nitrogenadas em grupos de três dá um total de 64 trincas
possíveis. Esse número é muito maior do que o número total de aminoácidos. Entretanto, provou-se
experimentalmente que um mesmo aminoácido pode ser codificado por mais de uma trinca,
havendo, assim, trincas sinônimas. Por isso, diz-se que o código genético é degenerado, pois um
aminoácido pode ser codificado por mais de uma trinca. Além disso, existem trincas que não
codificam aminoácidos, mas determinam o fim do polipeptídeo.
Figura 52 – Síntese Proteica
61
SÍNTESE DE PROTEÍNA: TRADUÇÃO
O processo de síntese de proteínas denomina-se tradução e dele participam três tipos de
RNA:
RNA RIBOSSÔMICO (Rnar): ocorre associado a proteínas formando os ribossomos;
RNA MENSAGEIRO (Rnam): formado por um filamento simples que contém várias
seqüências de três bases nitrogenadas. Cada conjunto de três bases é chamado códon. A seqüência
de códons determina a seqüência de aminoácidos da proteína;
RNA TRANSPORTADOR (Rnat): é o menor RNA da célula. Tem o formato de folha de
trevo e em uma extremidade livre de sua molécula possui sempre a seguinte seqüência de bases
nitrogenadas: É nesse local que ocorre a associação com o aminoácido. Em outra região da molécula
existe uma seqüência de três bases denominada anticódon, que reconhece a posição do aminoácido
no Rnam, unindo o seu anticódon ao códon do Rnam. Havendo necessidade de determinada
proteína, será formado um RNAm por transcrição de um gene específico do DNA, sendo que este
RNAm conterá a "mensagem" para aquela proteína. Toda molécula de RNAm possui um CÓDON DE
INICIAÇÃO seguido por vários CÓDONS que determinam a SEQUÊNCIA dos aminoácidos no
polipeptídio e um CÓDON DE TERMINAÇÃO, que marca o final daquela cadeia polipeptídica. Assim, a
tradução ocorre em três etapas sucessivas: iniciação, alongamento e terminação.
Figura 53 – Tabela de aminoácidos
62
CAPÍTULO XI
AS DIVISÕES CELULARES
Nos organismos multicelulares, podemos identificar como regra geral, dois tipos de células:
as somáticas (do corpo) e as reprodutoras (gametas). As somáticas dividem-se por um processo
denominado mitose. As reprodutoras são formadas por um processo de divisão denominado meiose.
Por mitose, uma célula dá origem a duas outras idênticas e com o mesmo número de cromossomos
da célula inicial. Por meiose, uma célula dá origem a quatro outras, cada uma com a metade do
número de cromossomos da célula inicial. Na espécie humana, as células somáticas possuem 46
cromossomos, distribuídos em 23 pares de homólogos; são diplóides (2n). Cada uma delas, ao sofrer
mitose, origina duas outras com 46 cromossomos.
Na formação de gametas, cada célula origina por meiose quatro células haplóides (n) com 23
cromossomos. Nesse processo, os homólogos separam-se. Na fecundação, um óvulo une-se a um
espermatozóide, restabelecendo o número 2n típico da espécie.
Figura 54 – Mitose e meiose
CICLO CELULAR
No ciclo de vida das células, chamado ciclo celular, devemos considerar dois momentos: a
intérfase e a mitose. A célula permanece em intérfase a maior parte de sua vida. A mitose é
importante na reprodução assexuada, no crescimento dos organismos multicelulares e na
regeneração de tecidos. Nos unicelulares, é o tipo de divisão que ocorre quando há reprodução
assexuada por bipartição (cissiparidade ou divisão binária).
63
Tanto a intérfase como a mitose apresentam-se subdivididas em períodos ou fases, apesar
de serem processos contínuos. As fases nos auxiliam a entender cada passo do ciclo celular. Os
períodos da intérfase são denominados G1, S e G2. As fases da mitose são: prófase (Pro= primeiro),
prometáfase (meta = meio) metáfase, anáfase (ana = separação) e: telófase (tela = fim). Muitas
vezes os eventos da prófase e da prometáfase são descritos como pertencentes a uma única fase, sob
o nome de prófase. Nesse caso, as fases da mitose seriam apenas quatro: prófase, metáfase, anáfase
e telófase. A separação final, em que as células individualizam-se, é chamada citocinese.
Figura 55 - Intérfase
INTÉRFASE
É na fase S (síntese) da intérfase que ocorre a duplicação das cromátides. Nas fases G, a
quantidade de DNA celular mantém-se constante em função do tempo. Essa letra vem da palavra
inglesa gap, que significa intervalo. Em G2 a quantidade de DNA é o dobro da verificada cada em G1.
Após o período G2, inicia-se a mitose quando a quantidade de DNA retoma ao valor inicial.
AS FASES DA MITOSE
PRÓFASE
Na prófase, cada cromossomo formado por duas cromátides-irmãs unidas pelo centrômero
começam a se condensar tornando-se visíveis. Ao mesmo tempo, o nucléolo começa a se tornar
menos evidente, desaparecendo ao final dessa fase.
Ocorre ainda a duplicação do centro celular, que é acompanhada da duplicação do centríolo,
quando este está presente. A partir do centro celular forma-se o áster, conjunto de microtúbulos que
se irradiam lembrando a figuras de uma estrela.
Inicialmente, um áster está próximo do outro, mas aos poucos algumas de suas fibras
crescem e empurram o centro celular em direção aos pólos da célula. Essas fibras maiores
constituem as fibras polares. No final da prófase formam-se, na região de cada centrômero,
complexos protéicos especializados: os cinetócoros. Ocorre a ruptura da carioteca e a formação das
fibras cromossômicas ou cinetocóricas, que orientam os deslocamentos dos cromossomos em
direção à região equatorial da célula. Ao conjunto de fibras do áster, fibras polares e fibras
cinetocóricas, dá-se o nome de fuso mitótico. Quando os autores não consideram a prometáfase,
seus eventos são descritos como pertencentes à prófase.
64
METÁFASE
Na metáfase, os cromossomos atingem o máximo de condensação e alinham-se em um
mesmo plano, formando a placa equatorial ou placa metafásica. Durante a metáfase, ocorre no
citoplasma intensa movimentação de organelas que se dirigem eqüitativamente para pólos opostos
da célula.
ANÁFASE
A anáfase inicia-se com a divisão longitudinal dos centrômeros, que permite a separação
completa das duas cromátides de cada cromossomo. Assim que se separam, as cromátides passam a
ser chamadas cromossomos-irmãos e deslocam-se para pólos opostos da célula, orientados pelas
fibras do fuso.
TELÓFASE
Na telófase ocorre praticamente o inverso do que ocorreu na prófase e início da
prometáfase: a carioteca se reorganiza, os cromossomos se descondensam, o cinetócoro e as fibras
cinetocóricas desaparecem e o nucléolo se reorganiza. Termina, assim, a mitose, que resulta na
divisão do núcleo, também denominada cariocinese, e inicia-se a citocinese.
CITOCINESE
A divisão do citoplasma, ou citocinese, geralmente está associada à cariocinese, mas podem
ser eventos independentes. Neste último caso, ocorrem várias divisões do núcleo, sem haver divisão
do citoplasma, dando origem a uma massa citoplasmática única, onde se encontram imersos muitos
núcleos. A esse tipo de organização dá-se o nome de sincício.
Na maior parte das vezes, no entanto, a citocinese ocorre associada à cariocinese, e inicia-se
geralmente ao final da anáfase ou na telófase.
Em células animais há invaginação na membrana plasmática, que se aprofundam
gradualmente até as duas células-filhas separarem-se.
AS FASES MEIOSE
A meiose é a divisão celular que ocorre na formação dos gametas ou na formação de alguns
tipos de esporos, reduzindo o número de cromossomos à metade. Assim, a célula-mãe diplóide gera
células-filhas haplóides.
A meiose ocorre por duas divisões celulares sucessivas: a meiose I, reducional (reduz ao
meio o número de cromossomos), e a meiose n, equacional (os cromossomos duplicados se separam
passando a ficar com fitas simples).
As fases das duas etapas da meiose são:
meiose I: prófase I, metáfase I, anáfase I, telófase I;
meiose II: prófase II, metáfase II, anáfase II, telófase II.
65
A prófase I da meiose I foi dividida, para facilidade de estudo, em cinco subfases
consecutivas: leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese.
Na Interfase ocorre a duplicação do DNA e, conseqüentemente, dos cromossomos,
formando, assim, as cromátides-irmãs. Após a duplicação dos cromossomos, inicia-se a divisão
celular.
PRÓFASE I
A) leptóteno
Cada cromossomo, no leptóteno (lepto = fio fino), é formado por duas cromátides-irmãs e,
nessa fase, inicia-se a sua condensação. Pode-se notar a presença de regiões mais condensadas, cha-
madas cromômeros, que têm a mesma distribuição ao longo de cromossomos homólogos.
B) Zigóteno
A condensação dos cramossomos progride, e os homólogos emparelham-se, num processo
denominado sinapse. O início do emparelhamento ocorre no zigóteno (zigo = único) e se completa no
paquíteno (Paqui = grosso). Na mitose não há emparelhamento de homólogos.
C) Paquíteno
Os cromossomos homólogos já estão perfeitamente emparelhados, sendo possível, agora,
visualizar melhor que cada par de cromossomos homólogos possui quatro cromátides, constituindo
uma tétrade, ou bivalente, formada por:
cromátides-irmãs: as que se originam de um mesmo cromossomo;
cromátides homólogas: as que se originam de cromossomos homólogos.
Duas cromátides homólogas podem sofrer uma ruptura na mesma altura, e os dois pedaços
podem trocar de lugar, realizando, assim, uma permutação ou crossing-over. Como os cromossomos
são portadores de genes, ocorre, em virtude da permutação, recombinação gênica, processo
importante no aumento da variabilidade gênica da espécie.
Figura 56 – Crossing-over
66
D) Diplóteno
Os cromossomos homólogos começam a se afastar, mas permanecem ligados pelas regiões
onde ocorreu o crossing-over. Tais regiões constituem os quiasmas (do grego chi = letra X; quiasma =
disposição em forma de X). O número de quiasmas fornece, então, o número de permutações
ocorridas. Apesar de as permutações ocorrerem no paquíteno, os quiasmas são visíveis somente a
partir do diplóteno (diplo = duplo).
E) Diacinese (dia = através; cinese = movimento)
Continua a ocorrer condensação dos cromossomos e separação dos homólogos. Com isso, os
quiasmas vão escorregando para as pontas das cromátides, processo denominado terminalização dos
quiasmas. Os cromossomos homólogos só separam-se completamente quando os quiasmas
desaparecem, o que ocorre na anáfase I. As modificações descritas até agora se referiram aos
cromossomos. Entretanto, é também possível notar que, à medida que as fases evoluem, o nucléolo
e a carioteca desaparecem. No citoplasma ocorre duplicação do centro celular e do centríolo e início
da formação das fibras polares. Os centríolos atingem os pólos da célula na diacinese.
METÁFASE I
Os cromossomos duplicados e emparelhados dispostos no equador da célula, atingem o
máximo de condensação.
ANÁFASE I
A anáfase I caracteriza-se pelo deslocamento dos cromossomos para os pólos. O par de
cromossomos homólogos separa-se, indo um cromossomo duplicado de cada par para um polo da
célula. É importante salientar que não ocorre divisão do centrômero, como acontece na anáfase da
mitose. Essa é uma diferença fundamental entre a anáfase da mitose a anáfase I da meiose. Além
disso, na mitose, ao final da anáfase, encontra-se n cromossomos não duplicados em cada polo da
célula, e na meiose I encontram-se n cromossomos duplicados. A esses cromossomos da meiose I,
isto é, às duas cromátides ligadas pelo centrômero dá-se nome de díades.
TELÓFASE I
Com a chegada das díades aos pólos termina a anáfase I e tem início a telófase I.O que
ocorre na telófase I da meiose é bastante semelhante ao que acontece na telófase da mitose: os
cromossomos desespiralizam-se e a carioteca e o nucléolo reorganizam-se. Ocorre a citosinese.
RESUMO COMPARATIVO DAS FASES DA MITOSE COM AS DA MEIOSE I
Figura 57 – Quadro comparativo
67
CAPÍTULO XII
HISTOLOGIA
TECIDO HUMANO
A associação das células para formar organismos multicelulares constituiu um passo á frente
na evolução das espécies. Um organismo multicelular tem mais condições para sobreviver do que um
organismo unicelular.
Nos tecidos, as células se organizam com distribuição de trabalho. Há um acentuado grau de
interdependência vital entre as células de um tecido organizado.
A formação dos tecidos ocorre durante o desenvolvimento embrionário, à custa do processo
de diferenciação celular. Podemos definir um tecido como um grupamento de células diferenciadas,
harmonizadas e às vezes integradas com substâncias intercelulares para a realização de uma
determinada função. Os tecidos se dividem em tecidos animais e vegetais. Muitos tecidos têm
substancias intercelulares, as quais podem ser amorfas ou figuradas.
Os TECIDOS EPITELIAIS compreendem epitélios de revestimento e glandulares. Os epitélios
de revestimento têm as funções de proteção, absorção e trocas gasosas com o meio ambiente.
Podem ser simples ou estratificados. As glândulas têm origem em epitélios de revestimento e podem
ser glândulas unicelulares e multicelulares.
O TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO é rico em substância intercelular e
apresentam vários tipos de células. Entre estas, destacam-se os fibroblastos, os macrófagos, os
plasmócitos e os mastócitos, além de células sangüíneas em trânsito, como os linfócitos. A substância
intercelular compreende uma parte amorfa e uma parte figurada, com fibras colágenas, fibras
elásticas e fibras reticulares. Tem a finalidade de preenchimentos de espaços vazios.
Figura 58 - Pele
68
O TECIDO ADIPOSO é uma variedade de tecido conjuntivo que, além das estruturas
mencionadas no TCPD, tem franco predomínio de células adiposas, ricas em gotículas de gordura,
mostrando o protoplasma deslocado para a periferia. É um reservatório de lipídios, com a finalidade
energética além de atuar como isolante térmico, impedindo a perda de calorias do organismo para o
meio ambiente.
Figura 59 – Células adiposas
O TECIDO CARTILAGINOSO tem células especiais chamadas de condrócitos, que se
alojam em pequeninos grupos dentro de cápsula. A substância intercelular é rica em
mucopolissacarídeos ácidos e em colágeno. Tem função modeladora, dando forma e sustentação a
certas partes do corpo, sem a rigidez do osso Ás vezes serve de molde para a formação do tecido
ósseo.
Figura 60 - Tecido cartilaginoso
O TECIDO ÓSSEO é o principal tecido de sustentação. Suas células chamadas de
osteócitos ficam dentro de lacunas (osteoplastos) em meio a uma grande massa de substância
intercelular rica em colágeno e outras proteínas e sais de cálcio e magnésio, como carbonatos e
fosfatos. Os osteócitos se originam a partir dos osteoblastos. As trocas nutritivas e respiratórias entre
os osteócitos e o sangue são feitas por difusão, através de fina rede de canalículos interlacunares que
se comunicam com os canais de Havers e Volkmann. O tecido ósseo pode ser compacto ou
esponjoso.
69
Figura 61 – Tecido ósseo
O SANGUE é formado de elementos figurados e substância intercelular. Os
elementos figurados são; hemácias, leucócitos e plaquetas. Mas são células apenas as hemácias e os
leucócitos. As plaquetas são fragmentos de células. As hemácias são anucleadas nos mamíferos, e
nucleadas nos demais vertebrados. Estão relacionadas com o transporte de gases respiratórios. Na
espécie mostram-se numa taxa aproximadamente 4,5 milhões/mm3 de sangue e sua diminuição é
conhecida como anemia. Os leucócitos dividem-se em granulócitos e agranulócitos. Os primeiros têm
citoplasma granuloso e núcleo em lobos. Compreendem os eosinófilos, os basófilos e os neotrófilos.
Têm intensa atividade fagocitária e originam-se da medula óssea os agranulócitos ou mononucleados
têm citoplasma não granuloso e núcleo sem estrangulamentos. Abrangem monócitos e linfócitos. Os
linfócitos têm função importante na produção de anticorpos. Neutrófilos e monócitos fazem
diapedese. As plaquetas são fragmentos de megacariócitos delimitados por membrana e portadores
de vesículas contendo tromboplastina. Têm papel de destaque no mecanismo da coagulação
sangüínea. O plasma é rico em água, sais minerais, íons e proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas,
hormônios, anticorpos e gases respiratórios, além dos produtos finais do metabolismo celular, como
a uréia e outros.
Figura 62 – Células sanguíneas
70
Os TECIDOS MUSCULARES são constituídos por células em forma de fibras especializadas na
função de contração. Distingue-se em três variedades de fibras musculares:
Fibra muscular lisa – é uma célula fusiforme pequena, uninucleada, com o núcleo
central, citoplasma homogêneo, sem estrias transversais e com capacidade de contração lenta e
involuntária. São encontradas nas vísceras e em vasos sangüíneos.
Fibra muscular estriada esquelética – é uma célula em grande parte cilíndrica, muito
longa. Revela numerosos núcleos que são periféricos. E o citoplasma apresenta diversas estrias
transversais. Sua contração é rápida e voluntária.
Fibra muscular estriada cardíaca – é também uma célula cilíndrica dotada de estrias
transversais. Difere, no entanto, da fibra muscular esquelética por ser uma célula com bifurcações,
por ter um único núcleo que é central, por revelar os discos intercalares e por realizar rápidas
contrações, ainda que involuntárias.
Figura 63 – Sarcômero
O TECIDO NERVOSO possui células condutoras do tecido nervoso – os neurônios – e células
de preenchimento e sustentação, não condutoras de impulsos nervosos, que em conjunto formam a
neuroglia ou glia. O neurônio possui o corpo celular e ramificações de dois tipos: os dendritos e o
axônio. Com relação ao sentido de condução do estímulo nervoso ele vai do dendrito para o corpo
celular para o axônio. O ponto de vizinhança entre neurônios é a sinapse nervosa. Os mediadores
químicos (acetilcolina e adrenalina) são responsáveis pela a transmissão do estímulo nervoso através
das sinapses. O impulso nervoso corresponde a uma “onda de inversão de polaridade” que corre ao
longo da membrana do neurônio. Diante do estímulo nervoso, grande parte dos íons de sódio passa
de fora para dentro da membrana plasmática, determinando uma inversão de polaridade. Antes, a
membrana era positiva do lado de fora e negativa do lado de dentro. Agora, ela se mostra negativa
do lado de fora e positiva do lado de dentro. Essa inversão aciona a porção imediatamente vizinha da
membrana, onde também se dá a inversão. Assim, a onda corre como uma reação em cadeia.
O sistema nervoso juntamente com o sistema endócrino atua na coordenação e integração
das funções das células dos tecidos, órgãos e sistemas, para que funcionem de forma coordenada
como uma unidade. As principais células do sistema nervoso são os neurônios responsáveis em
receber e transmitir o impulso nervoso.
71
No homem, como nos demais vertebrados, o sistema nervoso ocupa posição dorsal e está
protegido pela caixa craniana e pela coluna vertebral. O sistema nervoso é dividido em:
Sistema nervoso central (SNC).
Sistema nervoso periférico (SNP).
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Ambos são protegidos por
estruturas ósseas encéfalo pela caixa craniana e a medula pelas vértebras
Tanto o encéfalo quanto à medula estão envolvidos por membranas – as meninges –
denominadas dura-máter, aracnóide e pia-máter. Entre a aracnóide e a pia circula o líquido
cefalorraquidiano, que protege e nutre o sistema nervoso.
ENCÉFALO
O encéfalo tem origem do desenvolvimento embrionário de cinco vesículas (telencéfalo,
diencéfalo, mesencéfalo, metencéfalo e mielencéfalo).
No ser humano o telencéfalo é a que mais se desenvolve, originando o cérebro. Além do
cérebro o encéfalo se divide ainda em cerebelo, ponte e bulbo.
CÉREBRO
É a parte mais volumosa do encéfalo. Dividem-se em duas metades denominadas
hemisférios cerebrais. Sua superfície externa é chamada de córtex cerebral.
Nos vertebrados, de peixes até aves, os hemisférios cerebrais têm superfície lisa. Por isso
esses animais são chamados de lisencéfalos. Nos mamíferos, principalmente os primatas, a superfície
cerebral é dotada de uma série de circunvoluções que aumentam consideravelmente essa superfície
e comportam um maior número de neurônios. Por essa razão, os mamíferos são denominados
girencéfalos.
As principais funções do cérebro são:
Centro de motricidade voluntária.
Centro psíquico da inteligência, vontade, memória, imaginação, consciência, criatividade.
Centro de sensibilidades olfativas, táteis, visuais, auditivas, gustativas etc.
CEREBELO
Situa-se logo abaixo do cérebro. Suas principais funções estão relacionadas à manutenção
do equilíbrio corporal e controlar a tonicidade e o vigor muscular.
BULBO
Localiza-se acima da medula espinhal e abaixo da ponte. Seus centros nervosos são
responsáveis pelos movimentos da musculatura do coração e do tubo digestivo e dos músculos
respiratórios. É também o bulbo o responsável pelos reflexos de vomitar, tossir, lacrimar, piscar,
deglutir e mastigar. O bulbo participa ainda de movimentos corporais como caminhar e correr.
72
PONTE
É formada principalmente por fibras nervosas que fazem a ligação entre o córtex cerebral e
o cerebelo. Participa de algumas atividades do bulbo, como o controle da respiração. É também
centro de retransmissão de impulsos para o cerebelo.
MEDULA ESPINHAL
É a continuação do bulbo. É cilíndrica, achatada e desce pelo interior da coluna vertebral. A
medula conduz impulsos sensitivos para o cérebro e traz impulsos motores. Exerce também a função
de centro nervoso responsável por muitos atos reflexos, principalmente os relacionados com o
instinto de conservação e defesa. O caminho do impulso nervoso no ato reflexo é denominado arco
reflexo. Existem no SNC dois tipos de substâncias formando os órgãos: cinzenta e branca. A
substância cinzenta é formada pela concentração dos corpos celulares dos neurônios, enquanto que
a substância branca é formada pela concentração dos axônios dos neurônios. Quanto à posição
destas substâncias, notamos que no cérebro a substância cinzenta é periférica, enquanto que na
medula é interna; já a substância branca é interna no cérebro e periférica na medula.
Figura 64 – Neurônio
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
O SNP é formado por uma rede de nervos, que podem ser cranianos, quando partem do
encéfalo e raquidianos, quando partem da medula espinhal.
No homem, assim como nos demais mamíferos existem 12 pares de nervos cranianos e 31
pares de nervos raquidianos. Os nervos fazem à comunicação dos centros nervosos com órgãos
sensoriais (receptores) e com os músculos e glândulas (efetores). De acordo com a direção da
transmissão do impulso nervoso, os nervos classificam-se em:
Nervos Sensitivos: Transmitem ao cérebro as impressões colhidas na superfície do
corpo
Nervos Motores: Conduz a resposta elaborada pelos centros nervosos a um órgão
efetor, geralmente um músculo.
Nervos Mistos: Levam e trazem estímulos dos centros nervosos.
73
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
É formado por nervos que funcionam independentemente da nossa vontade. Por exemplo: o
coração, o estômago, o intestino, a secreção de algumas glândulas. São comandados pelo SNA, sem
influência da nossa vontade. O SNA divide-se em dois tipos e cada órgão por ele controlado recebe
nervos dos dois sistemas.
SNA Simpático
Funciona como um "chicote", ativando o órgão; seu neurotransmissor é o hormônio
adrenalina.
SNA Parassimpático
Funciona como um "freio", inibindo a ação do órgão. Seu neurotransmissor é a acetilcolina.
Os nervos do simpático originam-se na região mediana da medula; os nervos parassimpáticos saem
do bulbo e da extremidade final da medula. O efeito de cada um desses sistemas varia de órgão para
órgão. O coração, por exemplo, é estimulado pelo simpático e inibido pelo parassimpático. Já com a
musculatura do tubo digestivo ocorre o contrário.
74
CAPÍTULO XIII
REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO DOS SERES VIVOS
São vários os tipos de reprodução que os seres vivos apresentam, mas todos eles podem ser
agrupados em duas grandes categorias: a reprodução sexuada e a assexuada.
Os indivíduos que surgem por reprodução assexuada são geneticamente idênticos entre si,
formando o que se chama de clones. Esses indivíduos só terão um patrimônio genético diferente se
sofrerem uma mutação ou uma alteração de seqüência das bases nitrogenadas na molécula de DNA.
Figura 65 – Bipartição
Os eucariontes unicelulares, ao se dividirem em dois, por mitose, estão apresentando um
tipo de reprodução assexuada chamada de bipartição (bi = dois). O processo de bipartição também
ocorre nos procariontes, mas, nesse caso, não há uma mitose típica como a verificada nos
eucariontes. Nas plantas pluricelulares a reprodução assexuada pode ser do tipo propagação
vegetativa. Um dos tipos de reprodução assexuada que ocorre nos animais é o brotamento ou
gemiparidade (de um indivíduo inicial brota outro indivíduo que se destaca e passa a ter vida
independente, como o exemplo da hidra).
A reprodução sexuada está relacionada com processos que envolvem troca e mistura de
material genético entre indivíduos de uma mesma espécie. Os descendentes assemelham-se aos pais,
mas não são idênticos eles. Esse modo de reprodução, apesar de mais complexo e energeticamente
mais custoso que a reprodução assexuada, traz grandes vantagens aos seres vivos e é o mais
amplamente empregado pelos diferentes grupos.
Na maioria dos animais, os espermatozóides são produzidos por um indivíduo masculino e o
óvulo é produzido por um indivíduo feminino. Nesse caso os sexos são separados. Alguns animais
como é o caso da minhoca, são hermafroditas, pois óvulos e espermatozóides são produzidos por um
mesmo indivíduo. Nos hermafroditas pode ocorrer a autofecundação, ou seja, a fecundação do óvulo
pelo espermatozóide do mesmo indivíduo. Entretanto, geralmente existem mecanismos que
impedem a autofecundação. Nesses casos, os óvulos de um indivíduo são fecundados pelos
espermatozóides de outro indivíduo da mesma espécie. Fala-se, então, em fecundação cruzada.
A fecundação pode ser externa (quando ocorre fora do corpo do indivíduo, no meio
ambiente) e interna (quando ocorre no corpo do indivíduo que produz os óvulos).
Em algumas espécies, é comum ocorre o desenvolvimento do óvulo sem que haja
fecundação. Esse processo é denominado partenogênese (parthenos = virgem; gênesis = origem). O
indivíduo resultante, portanto, é haplóide. A partenogênese pode ser considerada um caso particular
de reprodução sexuada, pois envolve gametas; no caso, só o feminino.
75
A partenogênese ocorre em alguns sapos, salamandras, répteis e especialmente no grupo
das abelhas, que nesse caso, o zangão que é o macho provém do desenvolvimento direto do óvulo
sem fecundação; óvulos fecundados dão origem ao às fêmeas, que são as rainhas e as operárias.
Figura 66 – Partenogênese
GAMETOGÊNESE
A reprodução sexuada começa com a formação dos gametas, processo denominado
gametogênese. Como são os dois tipos de gametas, existem dois tipos de gametogênese: a
espermatogênese que é o processo de formação dos espermatozóides e a ovulogênese que é a
formação do óvulo. Os espermatozóides são formados nas gônodas masculinas (testículos) e os
óvulos, nas gônodas femininas (ovários).
ESPERMATOGÊNESE
Figura 67 – Espermatogênese humana
76
OVOGÊNESE OU OVULOGÊNESE
Figura 68 – Ovulogênese humana
FECUNDAÇÃO
Quando liberado no ovário, o ovócito encontra-se envolto pela zona pelúcida, formada por
uma rede de filamentos glicoprotéicos. Externamente à zona pelúcida há a corona radiata, formada
por células foliculares.
Na fecundação, o espermatozóide passa pela corona radiata e ao atingir a zona pelúcida,
perfura-a graças à liberação de enzimas do capuz acrossômico. A seguir, a membrana do
espermatozóide funde-se à membrana do ovócito. Nesse momento, a zona pelúcida sofre alterações
formando a membrana de fecundação, que impede a penetração de outros espermatozóides no
ovócito.
Ao mesmo tempo, há finalização da meiose, dando origem ao óvulo e formando-se o
segundo corpúsculo polar. Ocorre então a fusão dos dois núcleos, formando o núcleo de fecundação.
Figura 69 - Fecundação
77
HORMÔNIOS REPRODUTIVOS E SUA AÇÃO NO ORGANISMO
GLÂNDULA HORMÔNIO ÓRGÃO-ALVO PRINCIPAIS AÇÕES
HIPÓFISE FSH OVÁRIOS E
TESTÍCULOS
Na mulher estimula o desenvolvimento do folículo, a secreção de
estrógeno e a ovulação. No homem, agem sobre os testículos,
estimulando a produção de testosterona. Em conjunto com a
gonadotrofina, a testosterona ativa a produção de Sptzs.
HIPÓFISE LH OVÁRIOS E
TESTÍCULOS
Na mulher estimula a ovulação e o desenvolvimento do corpo
amarelo. No homem, agem sobre os testículos, estimulando a
produção de testosterona.
HIPÓFISE PROLACTINA MAMAS Estimula a produção de leite (após estimulação prévia das
glândulas mamarias por estrógeno e progesterona)
OVÁRIO ESTRÓGENO DIVERSOS Crescimento do corpo e dos órgãos sexuais; estimula o
desenvolvimento das características sexuais secundarias.
OVÁRIO ESTRÓGENO SISTEMA
REPRODUTOR
Maturação dos órgãos reprodutores; preparação do útero para a
gravidez.
OVÁRIO PROGESTERONA ÚTERO Completa a preparação da mucosa uterina e a mantém
preparada para a gravidez
OVÁRIO PROGESTERONA MAMAS Estimula o desenvolvimento das glândulas mamarias.
TESTÍCULO TESTOSTERONA SISTEMA
REPRODUTOR
Responsável pelo aparecimento das características sexuais
secundárias masculinas, amadurecimento dos órgãos genitais e
promove o impulso sexual. Começa a ser produzido na fase
embrionária, o que determina o desenvolvimento dos órgãos
sexuais masculinos do embrião.
VILOSIDADES
CORIÔNICAS
GONADOTROFINA
CORIÔNICA
CORPO AMARELO A presença desse hormônio no sangue da mulher grávida
estimula a atividade do corpo amarelo, o que mantém elevada as
taxas de estrogênio e progesterona, não ocorrendo na
menstruação.
Figura 70 – Ciclo menstrual
78
CAPÍTULO XIV
SISTEMAS RESPIRATÓRIO, CIRCULATÓRIO, DIGESTÓRIO E EXCRETOR
RESPIRATÓRIO
O termo respiração tanto pode ser utilizado para designar o processo pelo quais moléculas
orgânicas do alimento reagem com as moléculas do gás oxigênio e liberam energia para o
metabolismo celular (respiração celular) ou para designar o conjunto de processos que levam a
obtenção do oxigênio atmosférico pelo organismo e a eliminação do gás carbônico para o ambiente
também chamado de trocas gasosas. O local do corpo onde ocorrem as trocas gasosas com o meio é
denominado superfície respiratória.
No ser humano as trocas gasosas são realizadas através do sistema respiratório, que é
formado pelos seguintes órgãos: fossas nasais, faringe, laringe, traquéia brônquios, bronquíolos e
pulmões, onde estão os alvéolos que realizam as trocas gasosas.
Figura 71 – O sistema respiratório humano.
FOSSAS NASAIS
As fossas nasais são duas cavidades que se abre-para o meio externo e terminam na faringe.
São separadas internamente pelo septo nasal. Além de umedecer, aquecer e filtrar o ar que entra no
organismo, ainda são responsáveis pela percepção dos odores.
FARINGE
É um órgão comum ao sistema digestório e respiratório. Recebe o ar das fossas nasais e
passa para a laringe
LARINGE
É o chamado "órgão da voz", pois é na laringe que vamos encontrar as cordas vocais, que
vibram à passagem de ar emitindo sons, que são modulados na boca e fossas nasais. A abertura
superior da laringe chama-se glote. Sobre a glote há uma cartilagem denominada epiglote. A glote dá
passagem ao ar sempre que a epiglote está fechada
79
TRAQUÉIA
E um tubo de aproximadamente 10 cm em de comprimento por 1,5 cm de diâmetro,
formado por anéis cartilaginosos. Possui em seu interior cílios vibráteis que auxiliam na purificação
do ar.
BRÔNQUIOS
São bifurcações da traquéia que penetram no interior dos pulmões, direito e esquerdo.
PULMÕES
São dois órgãos de natureza esponjosa, elástica e de cor rósea, situados na caixa torácica, o
direito, mais desenvolvido, com três lobos e o esquerdo com apenas dois lobos. No interior dos
pulmões, os brônquios se ramificam progressivamente, em tubos cada vez menores, reduzindo-se
finalmente a finíssimos canais denominados bronquíolos. Na extremidade dos bronquíolos existem
estruturas semelhantes a pequenos sacos, chamadas de alvéolos, muito vascularizadas, em que o
oxigênio do ar é trocado pelo gás carbônico do sangue. Envolvendo os pulmões, encontram-se duas
membranas denominadas pleuras.
Figura 72 - Alvéolos
INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO
No mecanismo respiratório é fundamental a participação do diafragma (músculo achatado
que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal) e dos músculos intercostais (localizam-se
entre as costelas). Quando o diafragma é abaixado e as costelas são levantadas, o volume dos
pulmões aumenta e o ar é forçado a entrar em seu interior. Esse movimento é chamado de inspi-
ração.
A expiração ocorre devido a movimentos inversos, quando o diafragma é levantado e as
costelas são abaixadas. Isso faz com que o volume da caixa torácica diminua e pressione os pulmões
que, então, eliminam o ar de seu interior.
TRANSPORTES DE GASES RESPIRATÓRIOS
Nos alvéolos pulmonares, o oxigênio do ar difunde-se para os capilares e penetra nas
hemácias, células sangüíneas que apresentam um pigmento denominado hemoglobina que se
combina com o oxigênio formando a oxiemoglobina, forma pela qual o oxigênio será transportado a
todas as células do organismo.
80
Na medida em que o O2 se combina com a hemoglobina das hemácias, ocorre também a
liberação de gás carbônico, presente em grande quantidade no sangue venoso. O CO2 difunde-se
para o interior dos alvéolos, sendo eliminado durante a expiração. Este mecanismo de trocas de
gases que ocorre nos alvéolos pulmonares é denominado hematose.
Nos tecidos ocorre um processo contrário ao da hematose pulmonar. A alta concentração de
CO2 no líquido ao redor das células força a dissociação do O2 da hemoglobina. Assim o O2 pode
então se difundir para os tecidos, sendo absorvido pelas células.
Simultaneamente uma pequena parte do CO2 combina-se com a hemoglobina, enquanto a
maior parte desse gás dissolve-se no plasma, por onde será transportado até os pulmões para ser
eliminado. A composição do ar que entra nos pulmões é diferente da composição do ar que sai dos
pulmões
CIRCULATÓRIO
Os processos vitais que ocorrem no organismo exigem o suprimento constante de alimento
e oxigênio a todas as partes do corpo. Em nosso organismo o sistema circulatório se encarrega desse
transporte, bem como da remoção das substâncias inúteis (C02, amônia, uréia, etc.) que se formaram
durante os processos metabólicos. Além destas funções o sistema circulatório atua ainda no
transporte de células de defesa e de anticorpos e no transporte de hormônios produzidos pelas
glândulas endócrinas.
O sistema circulatório humano é formado pelo coração e pelos vasos sangüíneos, que são
tubos cuja função é conduzir o sangue bombeado pelo coração através do corpo. São classificados
em artérias, veias, capilares, arteríola e vênulas.
Nos seres humanos a circulação é fechada, dupla e completa. O coração apresenta quatro
câmaras: dois átrios (aurículas) e dois ventrículos. Os átrios são as cavidades superiores e recebem o
sangue que chega ao coração. Os ventrículos, que são as cavidades inferiores, expulsam o sangue do
coração.
No átrio direito chegam às veias cavas, que trazem o sangue venoso do organismo; no átrio
esquerdo chegam às veias pulmonares, que trazem o sangue arterial dos pulmões.
Do ventrículo direito sai a artéria pulmonar, que leva ao pulmão o sangue venoso; do
ventrículo esquerdo parte a maior artéria do nosso corpo: a aorta, que leva do coração o sangue
arterial a todas as partes do organismo. Os átrios, assim como os ventrículos. Não apresentam
comunicação entre si.
Existe comunicação entre o átrio e o ventrículo da direita e entre o átrio e o ventrículo da
esquerda. Essa comunicação é feita por uma válvula de cada lado, que permite a passagem do sangue
somente no sentido do átrio para o ventrículo.
Válvula tricúspide - Entre o átrio direito e o ventrículo direito.
Válvula bicúspide ou mitral - Entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.
81
Figura 73 – Coração humano
CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA
Graças aos movimentos do coração: diástole (dilatação das cavidades do coração; recebem o
sangue) e sístole (contração; expulsa o sangue), o sangue é impulsionado para as diferentes partes do
organismo. Temos dois tipos de percurso: pequena e grande circulação.
PEQUENA CIRCULAÇÃO OU CIRCULAÇÃO PULMONAR
Ocorre entre o coração e os pulmões. O sangue venoso sai do ventrículo através da artéria
pulmonar e retoma ao coração até o átrio esquerdo (já oxigenado nos pulmões) através das veias
pulmonares.
GRANDE CIRCULAÇÃO OU CIRCULAÇÃO SISTÊMICA
A saída do sangue arterial do ventrículo esquerdo, através da artéria aorta; atingindo todo o
corpo, sua volta até o átrio direito, através das veias cavas, corresponde a grande circulação.
Figura 74 – Pequena e grande circulação
82
O CORAÇÃO HUMANO
A função do coração é bombear o sangue para todos os tecidos e células do corpo. É um
órgão musculoso, oco, de forma cônica um pouco maior do que uma mão fechada. Situa-se na caixa
torácica, entre os dois pulmões, sobre o músculo diafragma, em uma região chamada mediastino. O
músculo que forma o coração é chamado miocárdio que é revestido por uma membrana dupla
denominada I pericárdio.
Ao contrário dos demais músculos do nosso organismo o miocárdio não depende do sistema
nervoso para funcionar. Ele é auto estimulável. O ponto de origem de todos os estímulos que
determinam as contrações cardíacas situa-se no nódulo sino-atrial ou marca passo, região do átrio
direito próximo a ponto de penetração da veia cava superior.
CIRCULAÇÃO LINFÁTICA
Além da circulação sangüínea, existe nos vertebrados a circulação linfática, que ocorre
através de veias e artérias linfáticas. Os capilares linfáticos apresentam fundos cegos, isto é, sua
extremidade é fechada, não se comunicando com outros vasos.
Os capilares linfáticos ocorrem em todos os tecidos do corpo, onde reabsorvem o líquido
tissular que não retomou aos capilares sanguíneos. Os capilares linfáticos se unem, formando vasos
de calibres cada vez maiores, que desembocam nas veias cavas.
A linfa, líquido que circula dentro dos vasos linfáticos apresenta, assim como o sangue,
glóbulos brancos, produzidos e lançados na circulação pelos nódulos linfáticos ou linfonodos.
DIGESTÓRIO
Digestão é o processo pelo qual as macromoléculas orgânicas como os carboidratos, as
proteínas e os lipídios, adquiridos através da alimentação são desdobradas em moléculas menores,
mais simples e mais solúveis, para que possam ser assimiladas mais facilmente pelas células do
organismo.
No ser humano a digestão é realizada no interior do tubo digestivo e envolve processos
mecânicos e químicos. São processos mecânicos a mastigação, a deglutição e os movimentos
peristálticos. Os processos químicos ocorrem com a participação de enzimas digestivas, que
hidrolisam as macromoléculas, transformando-as em moléculas menores, que possam ser absorvidas
pelo tubo digestivo e cair na circulação sangüínea. O sistema digestório humano é formado pelos
seguintes órgãos: boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Ocorrem
ainda as seguintes glândulas anexas: glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
Figura 75 – Sistema digestório
83
DIGESTÃO NA BOCA
A digestão no ser humano tem início na boca através da mastigação é da atuação da enzima
amilase salivar ou ptialina, responsável pela digestão do amido e do glicogênio, em maltose, um
açúcar com apenas duas moléculas de glicose.
A saliva é produzida pelas glândulas salivares (parótidas, submaxilares e sublinguais) e
contêm além de ptialina, água e muco, que umedecem e lubrificam o alimento, facilitando a ação da
amilase salivar e a deglutição.
Após a deglutição o alimento passa para a faringe e daí para o esôfago. A entrada correta do
alimento no esôfago é controlada por uma válvula existente no final da faringe, denominada epiglote.
Quando o alimento é deglutido a epiglote fecha a entrada da laringe evitando que o
alimento vá para as vias respiratórias. Do esôfago até o estômago, o alimento é ativamente
transportado por contrações musculares denominadas movimentos peristálticos. Esses movimentos
ocorrem também no estômago e nos intestinos e é graças a ele que a massa alimentar desloca-se ao
longo de todo o tubo digestivo. Na porção final do esôfago existe uma válvula denominada cardia,
que controla a passagem do alimento deste para o estômago.
DIGESTÃO NO ESTÔMAGO
O estômago é uma região dilatada e musculosa do tubo digestivo, onde o alimento é
armazenado e sofre a ação do suco gástrico, que é composto basicamente por ácido clorídrico e
enzimas digestivas. O ácido clorídrico é responsável pela acidez do estômago (PH em torno de dois), o
que facilita a ação das enzimas do suco gástrico. Tem ainda a ação antisséptica, matando bactérias e
outros microorganismos que penetram no tubo digestivo junto com o alimento.
A principal enzima gástrica é a pepsina, que atua sobre as proteínas. Ela decompõe as
proteínas do bolo alimentar em pequenas moléculas formadas por poucos aminoácidos, os
oligopeptídios. Além da pepsina, há produção no estômago de lipase, com atuação sobre os lipídios e
em crianças de renina, que determina a coagulação do leite, facilitando a ação da pepsina sobre as
proteínas que compõem o leite. A transformação química que ocorre no estômago denomina-se
quimificação. Esta faz o bolo alimentar transformar-se em outra massa denominada quimo.
A entrada do quimo no intestino estimula a liberação no sangue do hormônio
enterogastrona, que diminui os movimentos peristálticos do estômago.
DIGESTÃO NO INTESTINO DELGADO
O intestino delgado se inicia na válvula pilórica (que o comunica com o estômago) e mede
cerca de 6 metros de comprimento e três cm de diâmetro. Subdivide-se em duodeno, jejuno e íleo.
Assim que chega ao duodeno, o quimo estimula o pâncreas e o fígado a liberarem suas secreções. O
pâncreas lança no duodeno o suco pancreático, que contém água e bicarbonato de sódio, que dimi-
nui a acidez do quimo. Além dessas substâncias, existem ainda as enzimas como a amilase
pancreática, que continua a digestão do amido, a lipase pancreática, que digere gorduras (lipídios),
tripsina e a quimiotripsina, que continuam a digestão de proteínas iniciadas no estômago.
O fígado produz a bile, que é armazenada na vesícula biliar. Não possui enzimas digestivas e
sim sais biliares que atuam como "detergentes", transformando as gorduras em pequenas partículas
que se misturam com a água e formam uma emulsão. Isto aumenta a superfície de contato dos
lipídios com a lipase, facilitando sua ação no intestino delgado.
84
Além disso, os sais biliares tornam solúveis os produtos da digestão lipidica, isto é, os ácidos
graxos e os gliceróis, possibilitando a absorção dessas substâncias pela mucosa intestinal. O intestino
delgado é ainda responsável pela produção do suco entérico, ou suco intestinal, produzido por sua
mucosa.
ABSORÇÃO DOS ALIMENTOS
As pequenas moléculas que resultam da digestão os nutrientes (aminoácidos, glicose, ácidos
graxos nucleotídeos, etc.) são absorvidos ao longo do intestino delgado por suas paredes e lançados
no sangue. Facilitando o trabalho de absorção pelo intestino, há dobras na parede intestinal, as
vilosidades. Além disso, cada célula possui pequenas expansões digitiformes da membrana
plasmática, denominadas microvilosidades que aumentam ainda mais a área de absorção dos alimen-
tos.
INTESTINO GROSSO
O intestino grosso mede aproximadamente 1,5 m de comprimento e sete cm de diâmetro
formado por três partes o ceco, o colo e o reto. No ceco ocorre uma projeção denominada apêndice
vermiforme. O colo é a parte mais longa do intestino grosso e está dividido em colo ascendente, colo
transverso, com a descendente e colo sigmóide. Aí ocorre absorção de água e sais minerais não
absorvidos pelo intestino delgado. As fezes, formadas por água, restos não digeridos de alimentos,
como a celulose e um grande número de bactérias são eliminadas pelo reto, um tubo musculoso que
se abre para o exterior através do ânus.
Figura 76 - Esquema de um corte intestinal, mostrando as vilosidades.
Figura 77 – Insulina e glucagon
85
EXCRETOR
A excreção tem como objetivos principais a remoção e a eliminação dos resíduos de origem
celular como as excretas nitrogenadas (amônia, uréia e ácido úrico) formadas principalmente pela
degradação dos aminoácidos e dos ácidos nucléicos. Além da remoção destes resíduos a excreção
também tem por função manter a regulação osmótica, isto é, o equilíbrio hidrossalino dos fluidos
corpóreos.
No ser humano as excretas nitrogenadas bem como outros resíduos do metabolismo celular
são eliminados do corpo através das glândulas sudoríparas e do sistema urinário.
O sistema urinário humano é composto pelos rins e pelas vias urinárias (ureteres, bexiga e
uretra). Os rins têm formato de um grão de feijão, com coloração vermelho-escura, localizados na
região dorsal da cavidade abdominal.
Cada rim humano é formado por uma cápsula de revestimento externo, pelo córtex e pela
medula, localizada mais internamente. Na região do córtex, estão localizados os néfrons, que são
suas estruturas funcionais, responsáveis pela filtração do sangue e coleta das impurezas. Cada néfron
por sua vez, inicia-se por uma estrutura em forma de cálice denominada cápsula de Bowman. A
cápsula de Bowman está ligada a um longo túbulo contorcido denominado túbulo proximal, este, por
sua vez desemboca em uma estrutura em forma de U chamada Alça de Henle, a partir da qual se
estende o túbulo contorcido distal. Vários túbulos distais, de vários néfrons, desembocam em um
tubo coletor, onde lançam a urina já formada.
86
SUCO DIGESTIVO ENZlMA SUBSTRATO PRODUTOS
Saliva Ptialina Polissacarídeos Maltose
Suco gástrico Pepsina proteínas Peptídeos
Quimiotripsina Proteínas Peptídeos
Tripsina Proteínas Peptídeos
Suco pancreático Amilase Polissacarídeos Maltose
RNase RNA Ribonucleotídeos
DNAse DNA Desoxirribonucleotídeos
Lipase Lipídios Glicerol e ácidos graxos
Carboxipeptidase Peptídeos Aminoácidos
Aminopeptidase Peptídeos Aminoácidos
Suco intestinal Dipeptidase Dipeptideos Aminoácidos
Maltase Maltose Glicose
Sacarase Sacarose Glicose e frutose
Lactase Lactose Glicose e galactose
Figura 78 – sistema urinário
VIAS URINÁRIAS
As vias urinárias conduzem à urina dos rins ata o meio externo. São constituídas por dois
ureteres, bexiga e uretra.
URETERES
Em número de dois (um para cada rim), têm por função transportar a urina dos rins até a
bexiga.
BEXIGA
Bolsa destinada a armazenar a urina, até o momento de expulsão, que é feita através da
uretra Quando cheia a bexiga pode comportar de 200 a 400 ml de urina.
URETRA
Canal único que leva a urina da bexiga ao meio externo
URINA
Em condições normais um adulto elimina diariamente aproximadamente 1,5 litros de urina.
Sua produção é denominada diurese e seus componentes principais são: água, uréia, cloreto de
sódio, ácido úrico, etc.
87
FORMAÇÃO DA URINA
A formação da urina-líquido de excreção no interior do rim - ocorre em duas fases: filtração
glomerular e reabsorção renal. Por decorrência do metabolismo celular as células, eliminam gás
carbônico e amônia. Os vasos sangüíneos transportam para o fígado estes dois compostos que são
modificados até uréia (menos tóxica) e água.
A ureia produzida no fígado atinge os rins pelas artérias renais. No interior do rim, a artéria
renal ramifica-se formando as arteríolas aferentes.
No interior das cápsulas de Bowman, as arteríolas ramificam-se muito, formando massas de
capilares, denominadas glomérulos de Malpighi. A pressão do sangue ao nível do glomérulo força a
ultrafiltração do plasma. O líquido que passa para a cápsula de Bowman é o filtrado glomerular ou
urina inicial (alto teor de água, Na+, K, glicose, aminoácidos, vitaminas e excretas nitrogenadas). No
trajeto pelos túbulos, ele sofrerá a reabsorção tubular. Mais de 95% da água serão reabsorvidos e
juntamente com ela, a glicose, os aminoácidos, as vitaminas e parte dos sais. O líquido que chega aos
tubos coletores já é a urina.
A reabsorção tubular é altamente influenciada pelos hormônios aldosterona e ADH ou
hormônio antidiurético, produzido pela neuro-hipófise.
Figura 79 - Néfron
88
CAPÍTULO XVI
GENÉTICA – 1ª LEI DE MENDEL
É a ciência que estuda o material hereditário e os mecanismos de sua transmissão ao longo
das gerações. Gregor Mendel vivia num convento na Áustria, e deu início à genética por volta de
1866. Ele cultivou ervilhas (Pisum satium) e analisou sete características bem definidas dessa planta,
como a cor da flor, posição das flores, cor da semente, forma da semente, formato das vagens, cor
das vagens, cor das vagens e altura da planta.
Para explicar Mendel propôs que cada caráter é determinado por um par de fatores ou
partículas. E na formação dos gametas esses fatores se separam.
Figura 80 – Primeira lei de Mendel
1ª LEI DE MENDEL:
“Cada caráter é determinado por um par de fatores que se separam na formação dos
gametas, indo um fator do par para cada gameta, que é, portanto, puro”. Quando Mendel disse isso
ainda não havia sido descoberta a meiose. Esta só foi estudada em 1902.
89
TERMOS DA GENÉTICA
Homólogos: São dois cromossomos que formam um par.
Lócus gênico: É a posição onde o gen ocupa no cromossomo.
Alelos: são genes que apresentam mesma posição ou lócus.
Homozigoto: Quando os alelos são idênticos.
Heterozigoto: quando os alelos não são idênticos (híbridos).
Genótipo: conjunto total de genes.
Fenótipo: é a expressão de um genótipo, tanto em homozigose quanto em
heterozigose.
Alelo dominante: é aquele que determina o mesmo fenótipo, tanto em homozigose
como em heterozigose.
Alelo recessivo: é aquele que só se expressa quando está em homozigose.
CRUZAMENTO-TESTE
O cruzamento-teste permite determinar o genótipo dos indivíduos com fenótipo dominante,
pois eles podem ser homozigóticos ou heterozigotos. Para isso, são cruzados com indivíduos
recessivos para características, e a descendência é analisada.
RETROCRUZAMENTO
Refere-se ao acasalamento de indivíduos da geração F1 com um de seus genitores ou com
indivíduos de genótipo idêntico a um de seus genitores.
GENEALOGIA OU HEREDOGRAMA
Figura 81 - Heredograma
90
AUSÊNCIA DE DOMINÂNCIA
Ocorre quando não há relação de recessividade e dominância entre os dois alelos. Pode ser
dividida em dois tipos:
Herança intermediária – ocorre manifestação dos dois alelos no heterozigoto. Ex.
planta Mirabilis jalapa.
FLOR BRANCA FLOR VERMELHA
FLOR RÓSEA
Herança codominância – os dois alelos se manifestam não tendo intermediário. Ex.
gado da raça Shorthon
PELAGEM
VERMELHA (VV)
PELAGEM BRANCA
(BB)
PELAGEM BRANCA E VERMELHA (VB)
GENES LETAIS
São os genes que levam a morte de alguns indivíduos, antes mesmo do nascimento.
Pesquisadores descobriram que não nasciam camundongos amarelos homozigóticos (AA).
CAMUNDONGO: AMARELO (Aa) X AMARELO (Aa)
AA Aa
Aa aa
Onde, (AA) morria, (Aa) é amarelo e (aa) é preto.
ALELOS MÚLTIPLOS
Quando há mais de dois alelos para o mesmo lócus, fala-se em alelos múltiplos ou polialelia.
(sendo, dois alelos por vez). Ex. pêlos de coelhos.
C – selvagem ou aguti
ch – chinchila
h – himalaia
c – albino
GENÓTIPO FENÓTIPO
CC, Cch, Ch, Cc selvagem ou aguti
ch ch, ch h, ch c Chinchila
hh , hc Himalaia
Cc albino
91
CAPÍTULO XVI
GENÉTICA - 2ª LEI DE MENDEL, SISTEMA XY E AS SÍNDROMES
Mendel continuou seus trabalhos analisando dois caracteres ao mesmo tempo. Por
exemplo: textura e cor da semente. O esquema ao abaixo resume os resultados de cruzamentos,
realizados por Mendel entre ervilhas lisas e amarelas e ervilhas rugosas e verdes, todas em
homozigose para os dois caracteres.
Figura 82 – Segunda lei de Mendel
Em F1, 100% das sementes são lisas e amarelas. Sabendo que existe dominância entre os
genes alelos, esse resultado coincide com o que Mendel esperava. Em seguida, ele deixou que as
plantas da geração F1 se autofecundassem, e obteve em F2 o seguinte resultado:
92
A proporção fenotípica obtida foi:
9/16 lisas e amarelas;
3/16 lisas e verdes;
3/16 rugosas e amarelas;
1/16 rugosa e verde.
A análise desses resultados mostra que a textura da semente não depende da cor que ela
apresenta e vice-versa. Assim, esses dois caracteres transmitem-se independentemente um do outro.
É o que estabelece a Segunda Lei de Mendel:
NA FORMAÇÃO DOS GAMETAS, O PAR DE FATORES RESPONSÁVEL POR UMA
CARACTERÍSTICA SEPARA-SE INDEPENDENTEMENTE DE OUTRO PAR DE FATORES RESPONSÁVEL POR
OUTRA CARACTERÍSTICA.
Pode-se dizer, hoje, já com novos conhecimentos, que “os pares de alelos localizados em
cromossomos não homólogos separam-se independentemente na formação dos gametas”. Quando
se analisam dois, três ou vários caracteres ao mesmo tempo, fala-se em diibridismo, triibridismo e
poliibridismo, respectivamente.
A RELAÇÃO ENTRE MEIOSE E SEGUNDA LEI DE MENDEL
O esquema a seguir mostra a meiose em uma célula hipotética que possui dois pares de
genes localizados em cromossomos não homólogos:
Figura 83 – Relação meiose e a 2ª lei de Mendel
O indivíduo, que possui nas gônadas muitas dessas células, pelo processo de meiose, produz quatro
tipos de gametas, todos em proporções iguais: 25 RV, 25% rv, 25% Rv e 25% rV.
93
CALCULANDO OS TIPOS DE GAMETAS DE ACORDO COM A SEGUNDA LEI
Quando se deseja saber apenas o número de tipos diferentes de gametas, pode-se utilizar a
seguinte fórmula:
2n, onde n = número de pares de alelos em heterozigose
Aplicando-se a fórmula aos seguintes exemplos dados:
AaBb número de pares de genes em heterozigose = 2 2n = 22 = 4
AabbCc número de pares de genes em heterozigose = 2 2n= 22 = 4
A HERANÇA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS DO SISTEMA ABO
Na espécie humana, existem cerca de vinte sistemas de classificação dos grupos sangüíneos.
Vamos analisar apenas três principais: ABO, Rh e MN.
O sistema ABO é um exemplo de alelos múltiplos. Os alelos envolvidos são IA, IB e i. A
representação por meio da letra I deve-se à palavra isoaglutinação, que se refere à aglutinação do
sangue ocorrida na transfusão entre indivíduos de mesma espécie com tipos de sangue
incompatíveis.
A seguir, a tabela com os genótipos e fenótipos para o sistema ABO.
TIPO SANGUÍNEO GENÓTIPO AGLUTINOGÊNIO
(NAS HEMÁCIAS)
AGLUTININAS
(NO PLASMA)
A IAIA ou IAi A Anti-B
B IBIB ou IBi B Anti-A
AB IAIB AB Nenhuma
O ii Nenhum Anti-A e anti-B
Nas hemácias humanas pode ocorrer outro antígeno, conhecido como fator Rh. Atualmente,
sabe-se que não se trata de um fator, mas de um grupo de fatores, razão pela qual se costuma falar
em sistema Rh. A expressão Rh foi tirada das primeiras letras do nome de uma espécie de macaco na
qual esse fator foi inicialmente estudado: rhesus.(atualmente é classificado como Macaca mullata.)
As pessoas que possuem esse fator são chamadas de Rh positivo (Rh+) e as que não o
possuem são chamadas Rh negativo (Rh-). Os indivíduos Rh- são homozigóticos recessivos.
Os indivíduos Rh podem ser heterozigóticos ou, então, homozigóticos dominantes. No
sistema Rh não existe o anticorpo anti-Rh já pronto no plasma. Esse anticorpo só é produzido se uma
pessoa Rh- receber sangue de uma pessoa Rh+. A presença do fator Rh nas hemácias do doador
estimula a produção de anticorpos anti-Rh no indivíduo receptor.
GENÓTIPO FENÓTIPO
RR ou Rr Rh+
rr Rh-
94
TRANSFUSÃO DE SANGUE
As transfusões de sangue devem ser feitas de preferência entre pessoas de mesmo grupo
sangüíneo para que não ocorram problemas de incompatibilidade. É muito importante que o
aglutinogênio presente nas hemácias (antígeno) do doador seja compatível com a aglutinina presente
no plasma (anticorpo) do receptor. Caso contrário ocorrerá aglutinação das hemácias recebidas,
causando sérios problemas ao receptor.
Figura 84 – Transfusão sanguínea
ERITROBLASTOSE FETAL
Também chamada de doença hemolítica do recém-nascido, é provocada pelo fator Rh,
caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido, podendo levar a criança à
morte. Ela só ocorre quando mulheres Rh- tem filho Rh+, o que pode acontecer quando o pai é Rh+.
Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, apenas do plasma da mãe para o sangue
do filho e vice-versa. Entretanto, durante o parto, quando a placenta se descola do útero, os capilares
deste se rompem, permitindo a passagem de hemácias do feto para o sangue da mãe. Se o filho é
Rh+, ele possui nas hemácias fator Rh que, ao entrar em contato com o sangue da mãe Rh-, estimula a
produção do anticorpo anti-Rh, que fica no plasma da mãe.
Aproximadamente 15 a 20 dias após essa passagem, a mãe desenvolve os anticorpos anti-
Rh. Na primeira gestação, portanto, não há perigo de ocorrer à doença, a não ser que a mãe já tenha
sido sensibilizada anteriormente por meio de transfusão de sangue Rh+.
A partir da segunda gestação, se o filho for Rh+ novamente, a mãe já estará sensibilizada, e
seu plasma contendo anti-Rh, ao entrar em contato com o sangue do filho, provocará a destruição
das hemácias do feto. A eritroblastose fetal pode ser prevenida injetando-se, na mãe Rh-, soro
contendo anti-Rh, logo após o nascimento do primeiro filho Rh+. Isso provoca a destruição das
hemácias que passaram do filho para o sangue da mãe, evitando, assim, a sensibilização da mãe e a
conseqüente produção de anticorpos. Essa prática deve ser repetida após cada parto, a fim de
diminuir a sensibilização da mãe.
95
Figura 85 – Eritroblastose fetal
SISTEMA XY
Os cromossomos que diferem nos dois sexos denominam-se cromossomos sexuais, e os
cromossomos que são idênticos nos dois sexos denominam-se autossomos. No sistema de
determinação do sexo denominado sistema XY, o sexo feminino é definido pela presença de dois
cromossomos sexuais iguais, chamados cromossomos X, e o sexo masculino, pela presença de dois
cromossomos sexuais diferentes.
ANOMALIAS RELACIONADAS AOS CROMOSSOMOS SEXUAIS
Durante a meiose pode ocorrer não disjunção de cromossomos homólogos e, em
conseqüência, haver produção de gametas anormais.
O zigoto 2AY0 não chega a se desenvolver.
Os indivíduos portadores do cariótipo 2AXXX são do sexo feminino, são férteis e
raramente apresentam anormalidade.
Os com cariótipo 2AXXY são do sexo masculino e apresentam a síndrome de
Klinefelter: são altos, estéreis e com testículos pequenos; em alguns casos apresentam mamas mais
evidente. Vivem normalmente.
Os indivíduos portadores do cariótipo 2AX0 são do sexo feminino e apresentam a
síndrome de Turner: baixa estatura, esterilidade e, em alguns casos, pescoço muito curto e largo.
Vivem normalmente.
Existem ainda indivíduos com cariótipo 2AXYY: são do sexo masculino, geralmente
alto, e apresentam acne acentuada na adolescência.
96
GENES LOCALIZADOS NOS CROMOSSOMOS SEXUAIS
Os cromossomos sexuais emparelham-se na meiose. Como os cromossomos X e Y têm
formas e tamanhos diferentes, seu emparelhamento na meiose é parcial. Podem-se distinguir, assim,
duas regiões nesses cromossomos, em função do emparelhamento nas células masculinas.
Considerando o sistema XY, temos:
Região homóloga, onde há emparelhamento entre o cromossomo X e o cromossomo Y;
Região não homóloga, onde não há emparelhamento entre o cromossomo X e o cromossomo Y.
Figura 86 – Emparelhamento dos cromossomos sexuais nas células masculinas
Os genes que se encontram na região não homóloga do cromossomo X apresentam um tipo
de herança que chamamos de herança ligada ao sexo ou herança ligada ao X. Nesse caso, como os
machos possuem apenas um cromossomo X, não há alelos dos genes localizados não região não
homóloga desse cromossomo, sendo, por isso, chamados hemizigóticos. As fêmeas, entretanto,
podem ser homozigóticas ou heterozigóticas, pois apresentam dois cromossomos X que se
emparelham completamente.
Genes recessivos localizados nessa região não homóloga do cromossomo X expressam-se
fenotipicamente com maior freqüência nos machos, pois basta o alelo estar presente para seu efeito
se manifestar. Nas fêmeas, esses alelos recessivos só se manifestam em dose dupla (homozigose
recessiva).
Os genes localizados na região não homóloga do cromossomo Y holândricos (holo = todos;
andrico = masculino) e condicionam um tipo de herança chamado herança restrita ao sexo ou
herança ligada ao Y, que só ocorre nos machos. Nesse caso, também se fala em indivíduos
hemizigóticos.
HERANÇA LIGADA AO X
DALTONISMO
Caracteriza-se por o indivíduo não conseguir distinguir o verde do vermelho. Para a mulher
manifestar o daltonismo, ela precisa ser homozigótica recessiva, ou seja, o alelo d precisa estar em
dose dupla. Para o homem, uma vez presente o alelo d, o daltonismo se manifesta. Por isso, a
freqüência de homens daltônicos na população é maior do que a de mulheres daltônicas.
97
Sexo masculino Sexo feminino
XdY
Fenótipo: daltônico
Xd Xd
Fenótipo: daltônico
XDY
Fenótipo: normal
XD XD; XD Xd
Fenótipo: normal
HEMOFILIA
Outra anomalia determinada por um gene recessivo ligado ao X é hemofilia A, doença que se
caracteriza pela ausência de uma das proteínas que agem na coagulação do sangue. Para os
hemofílicos, um pequeno corte na pele pode determinar hemorragia.
98
Sexo masculino Sexo feminino
XhY
Fenótipo: hemofílico
Xh Xh
Fenótipo: hemofílico
XHY
Fenótipo: normal
XH XH; XH Xh
Fenótipo: normal
CAPÍTULO XVII
EVOLUÇÃO
Até meados do século XIX defendia-se que as espécies eram imutáveis, princípio chamado
de fixismo. Somente a partir do início do século XX a evolução passou a ser mais aceita, e é hoje,
considerada o eixo central da biologia.
HOMOLOGIA E ANALOGIA
No estudo comparado dos seres vivos deparamo-nos com estruturas semelhantes em
diferentes espécies. Essas semelhanças podem ser por analogia ou por homologia.
Estruturas análogas são as que se assemelham simplesmente por exercerem a mesma
função, mas não derivam de modificações de estruturas semelhantes já existentes em um ancestral
comum exclusivo. São estruturas semelhantes quanto à função, mas que não tem a mesma origem
embriológica. São análogas, por exemplo, as asas das aves e a dos insetos: ambas desempenham a
mesma função, que é o vôo, mas não são derivadas das mesmas estruturas presentes em um
ancestral comum exclusivo entre aves e insetos. As estruturas análogas são frutos do que se chama
evolução convergente (ou convergência evolutiva). Nesse processo, em função da adaptação a uma
condição ecológica semelhante, determinadas estruturas evoluem independentemente em dois ou
mais grupos de seres vivos que não possuem um ancestral comum exclusivo.
Estruturas homólogas são aquelas que derivam de estruturas já existentes em um mesmo
ancestral comum exclusivo, podendo ou não estar modificadas para exercer uma mesma função. São
exemplos de estruturas homólogas entre si: os ossos dos braços dos seres humanos, dos membros
anteriores dos cavalos, das asas dos morcegos e das nadadeiras das baleias. Essas estruturas são
homólogas porque derivam do membro anterior presente no grupo ancestral que deu origem aos
mamíferos. Nesse caso, elas não desempenham a mesma função, falando-se em divergência
evolutiva. Existem, no entanto, estruturas homólogas que também estão adaptadas a uma mesma
função. É o caso das nadadeiras anteriores das baleias e dos golfinhos, ambos mamíferos com os
membros anteriores modificados para a vida em ambiente aquático.
Figura 87 – Homologia
99
ÓRGÃOS VESTIGIAIS
São aqueles que em alguns organismos são de tamanho reduzido e geralmente não têm
função, mas que em outros organismos são maiores e exercem função definida. A importância
evolutiva desses órgãos vestigiais é a indicação de parentesco evolutivo. Um exemplo bem conhecido
de órgão vestigial no ser humano é o ceco e o apêndice vermiforme (ou apêndice cecal). Nos
mamíferos roedores, o ceco é uma estrutura bem desenvolvida, onde o alimento parcialmente
digerido é armazenado e a celulose, abundante nos vegetais ingeridos, é degradada pela ação de
bactérias especializadas. Em alguns desses animais, como coelho, o ceco apresenta uma extremidade
final mais estreita denominada apêndice, que corresponde ao apêndice vermiforme (apêndice cecal)
humano.
IDÉIAS DE LAMARCK
Naturalista francês foi o primeiro a propor uma teoria sistemática da evolução. Sua teoria foi
publicada em 1809, no livro filosofia zoológica. Ele dizia que formas de vida mais simples surgem a
partir da matéria inanimada por geração espontânea e progridem a um estagio de maior
complexidade e perfeição.
Em sua teoria Lamarck sustentou que a progressão dos organismos era guiada pelo meio
ambiente: se o ambiente sofre modificações, os organismos procuram adaptar-se a ele.
Segundo Lamarck, portanto, o princípio evolutivo estaria baseado em duas leis
fundamentais:
Lei do uso e desuso: no processo de adaptação ao meio, o uso de determinadas
partes do corpo do organismo faz com que elas se desenvolvam, e o desuso faz com que atrofiem;
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: alterações no corpo do organismo
provocadas pelo uso ou desuso são transmitidas aos descendentes.
Vários são os exemplos de abordagem Lamarckista para a evolução. Um deles se refere às
aves aquáticas, que se teriam tornado pernaltas devido ao esforço que faziam para esticar as pernas
e assim evitar molhá-las durante a locomoção na água. A cada geração esse esforço produziria aves
com pernas mais altas, que transmitiam essa característica à geração seguinte. Após varias gerações,
teriam sido originadas as atuais aves pernaltas. Na época, as idéias de Lamarck foram rejeitadas, não
porque falavam na herança das características adquiridas, mas por falarem em evolução. Não se
sabia nada sobre herança genética e acreditava-se que as espécies eram imutáveis. Somente muito
mais tarde os cientistas puderam contestar a herança dos caracteres adquiridos. Uma pessoa que
pratica atividade física terá musculatura mais desenvolvida, mas essa condição não é transmitida aos
descendentes. Mesmo estando enganado quanto ás suas interpretações, Lamarck merece ser
respeitado, pois foi o primeiro cientista a questionar o fixismo e defender idéias sobre evolução. Ele
introduziu também o conceito da adaptação dos organismos ao meio, muito importante para o
entendimento da evolução.
DARWIN E A TEORIA DA SELEÇÃO NATURAL
Entre dezembro de 1831 e outubro de 1836 o naturalista inglês Charles Darwin realizou uma
viagem ao redor do mundo a bordo do navio H. M. S. Beagle. Com muitas observações da natureza e
em especial da fauna do arquipélago de Galápagos, Darwin começou a contestar a imutabilidade das
espécies. Foi então que suas idéias sobre evolução começaram a ser elaboradas.
100
Em 1838, Darwin leu o ensaio de Thomas Malthus (1766-1834) sobre os princípios que
regem as populações humanas, escrito em 1798. Malthus argumentava que o crescimento sem
controle da população humana levaria à fome, pois, enquanto a população cresce em escala
geométrica, a produção de alimentos cresce em escala aritmética.
Darwin imaginou que esses argumentos poderiam ser aplicados para as populações dos
demais seres vivos, em que o crescimento populacional seria controlado por limites impostos pelo
meio. A falta de recursos disponíveis para todos levaria a disputas entre os organismos, e apenas
àqueles com características mais vantajosas teriam condições de sobreviver e deixar descendentes.
Assim, o meio atuaria selecionando naturalmente os organismos mais adaptados a ele. Somente em
1856 começou a escrever o livro que seria o mais importante de sua vida e um dos mais importantes
da história da biologia: A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a preservação das
raças favorecidas na luta pela vida. Esse livro só foi publicado em 1859. O livro A origem das espécies
apresenta duas idéias centrais:
Todos os organismos descendem, com modificações, de ancestrais comuns;
O principal agente de modificações é a ação da seleção natural sobre as variações
individuais.
Figura 88 – Lamarck e Darwin
101
A TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO
De 1900 ate cerca de 1920, os adeptos da genética mendeliana acreditavam que apenas as
mutações eram responsáveis pela evolução e que a seleção natural não tinha importância nesse
processo. Depois disso vários cientistas começaram a conciliar as idéias sobre seleção natural com os
fatos da genética, o que culminou com a formulação da teoria sintética da evolução, às vezes
chamada também de Neodarwinismo.
Cada população apresenta determinado conjunto gênico, que pode ser alterado de acordo
com fatores evolutivos. O conjunto gênico de uma população é o conjunto de todos os genes
presentes nessa população. Assim, quanto maior for o conjunto gênico da população, maior será a
variabilidade genética.
Os principais fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto gênico da população podem ser
reunidos em duas categorias:
Fatores que tendem a aumentar a variabilidade genética da população – mutação e
permutação;
Fatores que atuam sobre a variabilidade genética já estabelecida – migração, deriva
genética e seleção natural.
Sabe-se que uma população está evoluindo quando se verificam alterações na freqüência de
seus genes.
MUTAÇÕES
As mutações podem ser cromossômicas ou gênicas. As cromossômicas podem ser alterações
no numero ou na forma do cromossomo. As gênicas podem ser alterações na seqüência de bases
nitrogenadas de determinado gene durante a duplicação da molécula de DNA. Essa alteração pode
ocorrer por perda, adição ou substituição de nucleotídeos, o que pode originar um gene capaz de
codificar uma proteína diferente da que deveria ter sido codificada.
As mutações gênicas são consideradas as fontes primárias da variabilidade, pois aumentam
o número de alelos disponíveis em um lócus, incrementando o conjunto gênico da população.
Embora ocorram espontaneamente, podem ser provocadas por agentes mutagênicos, como
radiações e certas substâncias químicas (a droga ilegal LSD, por exemplo).
As mutações não ocorrem para adaptar o indivíduo ao ambiente. Elas ocorrem ao acaso e,
por seleção natural, são mantidas quando adaptativas (seleção positiva) ou eliminadas em caso
contrario (seleção negativa). Podem ocorrer em células somáticas ou em células germinativas; neste
último caso as mutações são de fundamental importância para a evolução, pois são transmitidas aos
descendentes.
PERMUTAÇÃO
Além da segregação independente dos cromossomos na meiose, que por si só já gera
diferentes tipos de gametas, nas permutações há troca de partes de cromossomos homólogos,
estabelecem-se novas combinações entre os genes, aumentando, ainda mais, a variedade de tipos de
gametas que podem ser produzidos essa maior variedade de gametas que podem ser produzidos.
Essa maior variedade de gametas traz como conseqüência o provável aumento da variedade
genotípica nos indivíduos das gerações seguintes, o que representa um fator evolutivo importante.
102
MIGRAÇÃO
Corresponde à entrada ou à saída de indivíduos em uma população. A entrada denomina-se
imigração e a saída, emigração.
Pelos processos migratórios é possível que genes novos sejam introduzidos em uma
população. Assim, se indivíduos emigrarem de uma população para outra da mesma espécie,
poderão introduzir genes que não ocorriam na população para a qual imigraram, contribuindo para o
aumento da variabilidade genotípica dessa população. Por meio das migrações é estabelecido um
fluxo gênico, que tende a diminuir as diferenças genéticas entre as populações da mesma espécie.
SELEÇÃO NATURAL
A ação da seleção natural consiste em selecionar indivíduos mais adaptados a determinada
condição ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para essa mesma condição. A expressão mais
adaptado refere-se à maior probabilidade de determinado indivíduo sobreviver e deixar
descendentes em determinado ambiente. São exemplos de seleção natural:
Resistência a antibióticos ou inseticidas;
Coloração de advertência;
Figura 89 – Coloração de advertência
Camuflagem; (seres semelhantes à forma e a cor de estruturas do meio onde vivem.
Ex. bicho-pau e bicho-folha).
Figura 90 - Camuflagem
Mimetismo (passam a se assemelhar a outras espécies. Ex. borboleta-vice-rei faz
mimetismo em relação à borboleta-monarca.).
103
Figura 91 – Cobra coral verdadeira e a falsa
ISOLAMENTO GEOGRÁFICO
Uma determinada população pode sofrer alterações bruscas, como modificações climáticas
ou eventos geológicos (terremotos, formações de montanhas etc.) esses eventos poderiam formar
faixas no território que separariam a população em duas ou mais. Essas afixas são as barreiras
ecológicas ou geográficas. As barreiras ecologias impedem a troca de genes entre indivíduos das
populações por elas separadas, fazendo com que novas variabilidades genéticas surgidas em umas
das populações não sejam transmitidas para a outra.
Figura 92 – Isolamento geográfico
ISOLAMENTO REPRODUTIVO
Populações reprodutivamente isoladas passam a ter historias evolutivas próprias. Todos os
fatores evolutivos que atuam sobre populações de uma mesma espécie terão uma resposta que pode
ser bem diferente da resposta manifestada por populações de outras espécies. Dessa forma, o
isolamento reprodutivo é um importante fator determinante da enorme diversidade do mundo
biológico. Os mecanismos de isolamento reprodutivo podem ser classificados do seguinte modo:
Mecanismos pré-zigóticos que impedem a fecundação:
Isolamento estacional (diferenças nas épocas reprodutivas);
Isolamento de hábitat ou ecológico;
Isolamento etológico (padrões de comportamento);
Isolamento mecânico (diferença nos órgãos reprodutores);
Mortalidade gamética (fenômenos fisiológicos que impedem a sobrevivência de
gametas masculinos de uma espécie no sistema genital feminino de outra espécie).
Mecanismos pós-zigóticos que estão relacionados ao que ocorre com o zigoto híbrido e o
indivíduo que pode vir a ser formado a partir dele:
Mortalidade do zigoto;
Inviabilidade do híbrido;
Esterilidade do híbrido.
104
CAPÍTULO XVIII
ECOLOGIA - CONCEITOS ECOLÓGICOS, CICLOS BIOGEOQUÍMICOS, PIRÂMIDES, CADEIAS E TEIAS
ALIMENTARES
COMPONENTES DE UM ECOSSISTEMA
Cada ser vivo, cada indivíduo, se relaciona de várias maneiras com outros seres: nenhum ser
vive isolado, sem contato com outras formas de vida. Então, entre os níveis de organização dos seres,
há os níveis ecológicos, aqueles que consideram não só os indivíduos, mas os indivíduos e o
ambiente.
População - conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma região;
Comunidade - conjunto das populações de uma região;
Ecossistema - conjunto formado pela parte viva (comunidade) e pela parte não viva
(fatores ambientais) de uma região;
Biosfera - conjunto de todos os ecossistemas da Terra.
O ecossistema é formado pelos seres e pelo ambiente. Podemos dizer que o ecossistema
envolve o mundo vivo (seres vivos - comunidade) e o mundo físico (os fatores que formam o
ambiente - elementos não vivos).
Os elementos vivos de um ecossistema recebem o nome de fatores bióticos e os elementos
não vivos são chamados de fatores abióticos.
FATORES ABIÓTICOS
Os fatores abióticos que estudaremos são aqueles que têm interferência direta na
adaptação dos seres ao ambiente: água, temperatura e luz.
FATORES BIÓTICOS
As relações básicas mantidas pelos seres em um determinado ecossistema são de natureza
alimentar (uns servem de alimentos a outros). Em relação à forma de obtenção de alimentos, os
seres são classificados em autótrofos ou heterótrofos. Ao serem analisados sob o ponto de ecológico,
os seres são classificados em produtores e consumidores, havendo ainda uma terceira categoria, os
decompositores (tipos especiais de consumidores). Cada um desses seres tem um papel na
manutenção da dinâmica alimentar do ecossistema e do próprio equilíbrio ecológico.
Produtores - são os seres autótrofos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes;
produzem matéria orgânica (alimento) dentro de suas próprias células, utilizando matéria inorgânica
adquirida do ambiente;
Consumidores - são os seres heterótrofos; precisam consumir matéria orgânica pronta
no meio ambiente, podendo ser herbívoros (alimentam-se de vegetais) ou carnívoros (alimentam-se
de outros animais), estes são também chamados de predadores;
Decompositores - são seres heterótrofos; são consumidores que se nutrem da matéria
orgânica morta: "desfazem" a matéria orgânica, transformando-a novamente em matéria inorgânica,
que é devolvida ao ambiente.
Produtores, consumidores e decompositores formam as chamadas cadeias
alimentares.
105
CADEIAS ALIMENTARES
Figura 93 – Cadeia alimentar
Existem algumas considerações fundamentais que precisam ser feitas a respeito das cadeias
alimentares:
Cada elemento da cadeia representa uma população do ecossistema; assim, o
elemento lagarto, por exemplo, não diz respeito a um indivíduo e sim ao conjunto de lagartos do
ecossistema;
Cada população que faz parte da cadeia alimentar recebe o nome de nível trófico: a
vegetação constitui o primeiro nível trófico, os gafanhotos formam o segundo nível trófico e assim
por diante;
As setas entre os níveis tróficos indicam o caminho do alimento ao longo da cadeia (da
vegetação para os gafanhotos, destes para os lagartos); não se pode representar uma cadeia
alimentar sem setas e nem colocá-las na direção inversa;
O primeiro nível trófico de qualquer cadeia alimentar é sempre um produtor os
produtores são os únicos seres que não dependem dos outros que lhes sirvam de alimentos um
consumidor jamais pode iniciar uma cadeia, já que precisa se alimentar de outro ser vivo; esse
conhecimento não pode ser esquecido;
Os consumidores são classificados como primários, secundários ou terciários (podem
ocorrer também consumidores quaternários, mas a maioria das cadeias não tem mais do que três
consumidores); no exemplo citado, os gafanhotos são os consumidores primários os lagartos são os
secundários e os gaviões são os terciários;
Os consumidores primários são herbívoros; os demais são carnívoros;
Os decompositores não variam nos diferentes ecossistemas: são sempre bactérias e
fungos
Eles não são representados nas cadeias alimentares, mas sempre estão lá: não existem
cadeias sem decompositores; eles se alimentam de todos os níveis tróficos, já que age sobre a
matéria orgânica morta.
106
Normalmente, os consumidores não se alimentam de uma só espécie de seres vivos próprios
produtores geralmente não servem de alimento a um único consumidor. Ocorre que um mesmo ser
vivo acaba participando de várias cadeias alimentares. Tais cadeias se cruzam, formando uma espécie
de "rede" de cadeias alimentares: é o que chamamos de teias alimentares. Elas ocorrem em todos os
ecossistemas.
Figura 94 – Teia alimentar
Através das cadeias e teias alimentares, o alimento passa de um ser vivo para o outro,
havendo, em conseqüência, um fluxo contínuo de energia e matéria ao longo dos ecossistemas.
O FLUXO DE MATÉRIA
A matéria passa constantemente do mundo físico (ambiente) para o mundo vivo (cadeias
alimentares) e do mundo vivo para o físico. Os produtores absorvem matéria inorgânica do meio
ambiente: gás carbônico do ar e água do solo. Eles utilizam essas duas substâncias simples para
produzir matéria orgânica, através do processo da fotossíntese. Ao comerem os produtores, os
consumidores adquirem a matéria orgânica produzida. Assim, a matéria orgânica Circula ao longo da
cadeia alimentar. Quando os organismos morrem, os decompositores transformam a matéria
orgânica novamente em matéria inorgânica, que pode ser aproveitada pelos produtores e entrar de
novo na cadeia alimentar. Não deixe de observar que a matéria tem um fluxo cíclico: a matéria é
"reciclada" pela ação dos decompositores e fica novamente disponível para os produtores.
Uma questão para você pensar: poderia haver vida na Terra sem os animais? Pense no fluxo
de matéria antes de responder. Nos ecossistemas, a matéria flui dos produtores para os
decompositores, passando ou não pelos consumidores. Produtores e decompositores são os
elementos indispensáveis para que haja um ciclo de matéria: os produtores produzem a matéria
orgânica, que será utilizada por todos os seres vivos e, os decompositores a reciclam, impedindo que
a matéria acabe na natureza. Portanto, mesmo que os consumidores não existissem (entre eles, nós
mesmos) a Terra poderia ser planeta cheio de vida (vegetais, fungos e microrganismos).
107
FLUXO DE ENERGIA
A energia também passa continuamente do mundo vivo para o mundo físico e vice-versa. Já
dissemos que o Sol é a fonte de energia que mantém o funcionamento de todos os ecossistemas. Os
produtores absorvem a energia luminosa do Sol e a utilizam para fazer as ligações entre os átomos
das moléculas que são produzidas durante a fotossíntese. Os produtores transformam energia
luminosa em energia química. Essa energia química é passada para todos os componentes das
cadeias alimentares, pois está contida na matéria orgânica. Os diversos seres vivos utilizam à energia
química e a transformam em energia térmica (calor), que passa para o ambiente. Acontece que os
produtores não conseguem captar energia térmica para utilizá-la na fotossíntese. Portanto, a energia
não pode ser reciclada: uma vez utilizada pelos seres, não pode mais ser reaproveitada (ao contrário
do que ocorre com a matéria).
Não deixe de perceber que todos os seres vivos dependem direta ou indiretamente da
energia dó Sol: toda a energia química contida em qualquer alimento, já foi energia luminosa.
Observe que no caso da energia não há um ciclo: o fluxo de energia é acíclico.
Figura 95 - Fluxo de energia
PIRÂMIDES ECOLÓGICAS
A estrutura de uma cadeia alimentar pode ser expressa na forma de pirâmides, chamadas de
pirâmides ecológicas. Nas pirâmides ecológicas, pode-se visualizar a quantidade de energia, de
matéria viva (chamada de biomassa) ou o número de indivíduos em cada nível trófico da cadeia. Os
níveis tróficos são representados por retângulos, cujo comprimento é proporcional à quantidade de
energia ou à quantidade de biomassa ou ao número de indivíduos. Portanto, existem três tipos de
pirâmides ecológicas:
PIRÂMIDES DE ENERGIA
Figura 96 - Pirâmide de energia.
108
Como você pode observar pelo comprimento dos retângulos, a quantidade de energia
diminui ao longo da cadeia alimentar. Os seres vivos consomem, com suas próprias atividades,
grande parte da energia que adquirem. Por isso, cada nível trófico só pode passar para o nível
seguinte, uma pequena parte da energia adquirida do nível anterior. Um exemplo: os sapos recebem
energia dos insetos; gastam grande parte dessa energia recebida (a perdem na forma de calor);
passam para as cobras apenas uma parte da energia que receberam dos insetos. Os ecólogos
(especialistas em ecologia) estimam que, qualquer nível trófico, passa para o nível seguinte apenas
cerca de 10% da energia recebida do nível anterior. Esse dado ilustra bem o decréscimo de energia
nas cadeias alimentares.
O FLUXO DE ENERGIA É DECRESCENTE
Como o fluxo de energia é sempre decrescente, em qualquer cadeia, as pirâmides de energia
sempre apresentam o vértice voltado para cima.
PIRÂMIDES DE ENERGIA: VÉRTICE VOLTADO PARA CIMA (SEMPRE)
PIRÂMIDES DE BIOMASSA
Figura 97 - Pirâmides de biomassa.
Note que, como acontece com a energia, a quantidade de biomassa também decresce ao
longo das cadeias alimentares. Grande parte da biomassa adquirida por cada nível trófico é usada
como fonte de energia e também perdida na forma de resíduos (gás carbônico, urina, fezes), de
maneira que não é incorporada ao organismo dos seres vivos. Portanto, apenas uma pequena parte
da biomassa adquirida de um nível trófico é passada para o nível seguinte. De um modo geral, os
vértices das pirâmides de biomassa apresentam-se voltados para cima. Há raríssimos exemplos
contrários a essa regra e eles ocorrem em cadeias alimentares formadas por microrganismos
marinhos.
PIRÂMIDES DE BIOMASSA: VÉRTICE VOLTADO PARA CIMA (EM GERAL)
109
PIRÂMIDES DE NÚMEROS
Em geral, o número de indivíduos em cada nível trófico diminui ao longo da cadeia
alimentar. Por exemplo, se cobras comem ratos, deve haver mais ratos do que cobras para que o
equilíbrio ecológico seja mantido.
Entretanto, há inúmeros exemplos em que o número de indivíduos não diminui de um nível
trófico para o outro. Esse fato ocorre principalmente nas cadeias alimentares em que há relações de
parasitismo. O parasito costuma ser bem pequeno em relação ao hospedeiro, de modo que inúmeros
parasitas podem se alimentar de um único hospedeiro. Pode até haver casos de pirâmides de
números com o vértice voltado para baixo.
Figura 98 - Pirâmide de números
PIRÂMIDES DE NÚMEROS: VÁRIAS POSSIBILIDADES
COMUNIDADES MARINHAS
Nas comunidades marinhas, os seres podem ser divididos em três categorias:
Plâncton - é o conjunto dos seres que se locomovem passivamente na água, levados
pelas correntes; não possuem estruturas que permitam a locomoção ativa ou essas estruturas não
permitem movimentos capazes de vencer a força das águas; a maior parte do plâncton é composta
por seres microscópicos; o plâncton pode ser dividido em fitoplâncton - seres autótrofos - e
zooplâncton - seres heterótrofos.
Nécton - é o conjunto de seres que locomovem ativamente pelas águas, como os
peixes e os mamíferos aquáticos;
Bentos - é o conjunto de seres que vivem no fundo do mar; alguns se locomovem
(como as estrelas e caranguejos), outros são fixos (como as esponjas).
Os organismos do fitoplâncton, que são as algas microscópicas, formam a base das cadeias
alimentares marinhas, sendo, portanto, essenciais para o equilíbrio ecológico dos mares. Além disso,
possuem uma grande capacidade de realização da fotossíntese, produzindo a maior parte do oxigênio
da Terra, sendo indiscutivelmente essenciais para o equilíbrio de todo o planeta. Portanto, a poluição
das águas é uma séria agressão à natureza como um todo. O derramamento de petróleo, por
exemplo, impede a penetração de luz na água, determinando a morte do fitoplâncton e o
comprometimento de várias cadeias alimentares marinhas.
CICLOS BIOGEOQUIMICOS - "Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".
110
A RECICLAGEM DA MATÉRIA
A conhecida frase acima, do químico francês Lavoisier, expressa bem o assunto desta
unidade: a matéria sofre infinitas e contínuas transformações, de modo que nenhuma molécula é
"criada" - toda e qualquer molécula que se forma na natureza é resultado de algum processo de
transformação sofrido por outras moléculas. A natureza é extremamente dinâmica: ela não pára de
transformar e transformar e transformar.
Já vimos que a matéria possui um fluxo cíclico. Ou seja, ocorrem transformações de umas
substâncias em outras, o que permite que a matéria circule pela natureza, passando do mundo físico
para o vivo e fazendo também o caminho contrário.
Os seres vivos são feitos basicamente de matéria orgânica. Os principais átomos que
constituem as diferentes moléculas orgânicas são o carbono (C), o oxigênio (O), o hidrogênio (H) e o
nitrogênio (N). Portanto, são os ciclos desses elementos químicos que nos interessam, pois eles são
indispensáveis à vida. Os ciclos da matéria costumam ser chamados de ciclos biogeoquímicos.
Figura 99 – Fotossíntese
"A fotossíntese consiste em transformar substâncias simples (inorgânicas) em substâncias
complexas (orgânicas = alimento)”. Por isso, dizemos que a fotossíntese é o processo de produção de
alimento da planta (nutrição autotrófica), alimento esse que é passado para todos os seres através
das mais variadas cadeias alimentares. Se a planta vai produzir matéria orgânica, ela precisa absorver
do ambiente, moléculas inorgânicas que tenham os átomos necessários para "montar" as moléculas
orgânicas. Durante a fotossíntese, os vegetais produzem uma molécula orgânica específica: a
molécula de glicose (um glicídio). Ela contém átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. A fórmula
química da glicose é C6H12O6 Então, não é à toa que as plantas só fazem fotossíntese se tiverem gás
carbônico (C02) e água (H2O). A equação simplificada da fotossíntese:
6 CO2 + 6 H2O C6H1206 + 6 O2
Portanto, é através da fotossíntese que o carbono, o hidrogênio e o oxigênio passam do
mundo físico para o mundo vivo, sendo usados na produção de moléculas orgânicas que circulam por
toda a cadeia alimentar.
111
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
CICLO DO CARBONO
O carbono é um elemento básico para a produção de moléculas orgânicas. Por ser
tetravalente (forma quatro ligações químicas), ele constitui o "esqueleto" das moléculas orgânicas,
pois cada átomo de carbono pode se ligar a outros quatro átomos, o que possibilita a formação de
longas e complexas moléculas.
De maneira simplificada, podemos dizer que os átomos de carbono ligam-se entre si e ao
redor desse "esqueleto carbônico básico" ligam-se outros átomos. Não é à toa que a química
orgânica é também conhecida como "a química do carbono".
Todo o carbono presente em todas as moléculas orgânicas vem do gás carbônico. Vimos que
a fotossíntese produz glicose. As moléculas de glicose são utilizadas pelas plantas para montar
moléculas maiores, como a maltose (glicídio formado pela união de duas moléculas de glicose,
encontrado nos cereais) e o amido (que é uma enorme cadeia de moléculas de glicose). Essas
substâncias são passadas pelos animais (consumidores) através das cadeias alimentares, chegando
até os decompositores.
Para que o ciclo do carbono se complete, os seres vivos precisam devolvê-lo ao ambiente,
para que possa ficar novamente à disposição dos produtores.
Os seres vivos digerem os glicídios conseguidos ao se alimentarem e os transformam
novamente em glicose. Nas células, as moléculas de glicose são totalmente "quebradas" para a
liberação de sua energia, de modo que ela é reduzida a moléculas de gás de carbônico! Não é
incrível? Tudo se encaixa! Os seres vivos eliminam o gás carbônico produzido por eles, resultado do
processo de respiração celular, e o ciclo do carbono recomeça. O carbono contido nos corpos dos
seres vivos também é devolvido à natureza através da decomposição, quando as moléculas orgânicas
são "desmontadas" e o gás carbônico é devolvido à atmosfera.
CICLO DO OXIGÊNIO
O elemento químico oxigênio está à disposição de todos os seres vivos na atmosfera, sob a
forma de gás oxigênio (02), Os seres consomem esse gás constantemente, pois precisam dele para a
realização da respiração celular.
O estoque de oxigênio atmosférico logo acabaria se não houvesse a renovação desse gás
que ocorre através da fotossíntese. Os vegetais produzem constantemente oxigênio, ao produzirem
glicose. Portanto, a fotossíntese garante a devolução do oxigênio à atmosfera, permitindo a
ocorrência do ciclo do oxigênio. O ciclo do carbono e o ciclo do oxigênio estão diretamente
relacionados:
A fotossíntese consome gás carbônico e libera oxigênio;
A respiração consome oxigênio e libera gás carbônico.
O aumento da radiação ultravioleta pode interferir na fotossíntese, reduzindo a
produtividade das colheitas. Pode também destruir o fitoplâncton, comprometendo o equilíbrio dos
ecossistemas marinhos. No homem, a exposição a este tipo de radiação pode aumentar o número de
casos de cataratas e, principalmente, de câncer de pele.
112
Figura 100 – Ciclo do oxigênio e do carbono
CICLO DA ÁGUA
Já vimos que a molécula de água é a fonte de átomos de hidrogênio para a produção de
moléculas orgânicas. Portanto, a água é uma substância essencial e sua renovação é vital. O chamado
ciclo da água já deve ser seu conhecido.
A energia solar provoca a evaporação da água que se encontra na superfície terrestre;
O vapor d'água se mistura à atmosfera e sobe;
Nas camadas altas da atmosfera, o vapor d'água encontra temperaturas baixas e sofre
condensação (volta ao estado líquido): formam-se minúsculas gotículas de água suspensas na
atmosfera, que dão origem às nuvens;
O acúmulo de gotículas provoca a precipitação da água: ela cai na forma de chuva,
retomando à superfície e recomeçando o ciclo.
Os seres vivos também participam do ciclo da água. Eles possuem água dentro de seus
corpos, água essa que é perdida com as fezes, com a urina e com a transpiração e que também
evapora e se integra ao ciclo. A água perdida precisa ser reposta e os seres a obtêm, de variadas
maneiras, constantemente.
A água é um recurso natural renovável, mas não é inesgotável. É verdade que o planeta
Terra contém muita água (cerca de % da superfície terrestre são cobertos de água). Mas também é
verdade que a maior parte dessa água não está disponível para os seres vivos: cerca de 97 % de toda
a água do planeta está nos mares, ou seja, é água salgada e não pode ser utilizada pelos seres vivos.
Dos cerca de 3% de água doce, uma grande parte se encontra sob a forma de geleiras ou corresponde
à água subterrânea. As águas dos rios e lagos são as que podem, efetivamente, ser usadas pelas
inúmeras espécies de seres vivos. O próprio homem tem se utilizado quase exclusivamente dos rios
para obter água ao longo de sua história.
Portanto, a água realmente à disposição dos seres vivos corresponde a uma porcentagem
mínima da água do planeta. Essa água precisa ser preservada. Se ela se tornar imprópria para o
consumo, a própria existência de vida na Terra fica ameaçada.
113
Apesar de tudo isso, a pouca água doce de que os seres vivos dispõem tem sido
contaminada pelo homem, que despeja nela um número incontável de substâncias poluentes,
destruindo mananciais de água.
Uma das maiores preocupações dos cientistas é com a distribuição de água. Com o atual
ritmo de poluição, estima-se que no futuro faltará água potável. Essa será uma péssima herança
deixada por nós para as gerações futuras.
Figura 101 – Ciclo da água
CICLO DO NITROGÊNIO
O nitrogênio é um elemento químico necessário para a produção de proteínas (substâncias
orgânicas que têm nitrogênio em sua molécula).
Os vegetais fabricam suas proteínas, que são passadas aos outros seres vivos através das
cadeias alimentares. Mas, como os vegetais conseguem nitrogênio? Sabemos que durante a
fotossíntese eles não absorvem nenhuma substância que contém nitrogênio. Vamos tentar
desvendar o mistério.
A atmosfera tem uma imensa reserva de nitrogênio, que está sob a forma de gás nitrogênio
(N2). Esse gás corresponde a cerca de 78 % da atmosfera: é muito nitrogênio! Será que é do ar que as
plantas retiram o nitrogênio de que necessitam para a produção de proteínas? Acontece que as
plantas não conseguem absorver nitrogênio do ar para transformá-lo em matéria orgânica - dizemos
que elas não conseguem fixá-lo. A maioria dos seres vivos também não consegue fazer essa fixação.
Estamos diante de um problema.
Os vegetais só podem utilizar o nitrogênio que estiver sob a forma de amônia (NH3) ou de
nitratos (N03). Os animais só utilizam nitrogênio na forma de aminoácidos (moléculas que compõem
as proteínas): eles precisam comer o alimento, ingerir as proteínas e delas obter os aminoácidos para
fabricar as suas próprias proteínas.
Então, o nitrogênio do ar tem que ser transformado em amônia ou em nitratos, para que
entre nas cadeias alimentares através dos vegetais. É aí que entram as bactérias. Entre elas estão os
únicos seres capazes de fixar o nitrogênio do ar, ou seja, de absorvê-lo e utilizá-lo para produzir
substâncias nitrogenadas (que contêm nitrogênio) utilizáveis pelos vegetais.
114
FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO
As bactérias fixadoras de nitrogênio são aquelas que conseguem utilizar o nitrogênio do ar
para produzir amônia ou nitratos. Entre elas destacam-se as do gênero Rhizobium. Tais bactérias
vivem no solo e penetram nas raízes de plantas leguminosas (uma classificação botânica que inclui o
feijão, por exemplo), passando a. viver em associação com elas.
Nas raízes, as bactérias fixam o nitrogênio atmosférico. Com isso, elas funcionam como
verdadeiros adubos vivos, pois o fornecimento de substâncias nitrogenadas à planta acelera seu
desenvolvimento.
AMONIFICAÇÃO
É o processo de formação de amônia feita pelos decompositores. A decomposição das
proteínas existentes nos cadáveres resulta na formação de amônia. Essa é uma forma de devolver
nitrogênio para o meio ambiente sob a forma de uma substância utilizável pelos produtores.
NITRIFICAÇÃO
É a transformação da amônia em nitratos, feita por determinados tipos de bactérias. As
bactérias que realizam a nitrificação são seres produtores quimiossintetizantes, ou seja, produzem
matéria orgânica através da quimiossíntese.
Durante a quimiossíntese, ocorrem as mesmas transformações que na fotossíntese. A
diferença está na forma de energia utilizada para transformar matéria inorgânica em matéria
orgânica: enquanto a fotossíntese utiliza energia luminosa, a quimiossíntese utiliza energia liberada
por certas reações químicas. A reação química de transformação de amônia em nitratos libera
energia. É por isso que determinadas bactérias realizam essa transformação: elas captam a energia
liberada e a utilizam para produzir seu alimento, através da quimiossíntese. Observe os esquemas a
seguir, para entender melhor o processo de quimiossíntese e o de transformação da amônia.
A transformação da amônia em nitritos libera energia, que é utilizada para a realização
da quimiossíntese:
Amônia nitrito + ENERGIA
/
Gás carbônico + água + ENERGIA glicose + oxigênio (quimiossíntese)
Os nitritos são transformados em nitratos, o que também libera energia, permitindo que
outras bactérias realizem a quimiossíntese:
Nitrito nitrato + ENERGIA
/
Gás carbônico + água + ENERGIA glicose + oxigênio (quimiossíntese)
Note que a amônia não é transformada diretamente em nitratos: temos a transformação da
amônia em nitritos e destes em nitratos. Os dois processos são realizados por bactérias diferentes, o
que permite que mais de um tipo de bactéria se beneficie da possibilidade de ter uma fonte de
energia para a sua quimiossíntese.
115
Os nitratos ficam à disposição dos vegetais, que os absorvem do solo e utilizam o nitrogênio
para fabricar as proteínas, passadas para os outros seres através das cadeias alimentares.
DESNITRIFICAÇÃO
Determinadas bactérias utilizam o oxigênio contido nas moléculas de nitratos. O nitrogênio
da molécula é liberado para a atmosfera, sob a forma gás nitrogênio. A desnitrificação é a devolução
do nitrogênio à atmosfera, o que permite que o ciclo continue.
Sem as bactérias que agem no ciclo do nitrogênio, não seria possível produzir proteínas, o
que impossibilitaria a vida, pois as proteínas são substâncias essenciais para todos os seres vivos.
Figura 102 – Ciclo da água
CONCLUINDO
Sem os ciclos biogeoquímicos a vida se extinguiria, pois em algum momento não haveria
mais substâncias para servir de matéria-prima para formar novos seres vivos. Esses ciclos fazem com
que a biosfera tenha autonomia e a vida se mantenha ao longo dos tempos.
116
CAPÍTULO XIX
ECOLOGIA – RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS,
SUCESSÃO ECOLÓGICA, FENÔMENOS DA NATUREZA E DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO
Cada organismo tem plena capacidade de auto regulação e de lutar para a sua sobrevivência.
Os organismos vivos guardam uma organização complexa entre os vários sistemas que os constituem,
de forma a propiciar que a vida, enquanto fenômeno biológico se estabeleça. Perguntamos, então: é
possível que um ser vivo, a partir de sua organização interna, tenha condições de sobreviver sozinho,
sem manter relação alguma com outro ser, seja da mesma espécie ou de espécie diferente?Não! É
fácil perceber que um ser depende de outros para a manutenção de sua sobrevivência. Sobrevivência
se traduz em: alimento, reprodução, entre outras formas de interdependência.
VISÃO GERAL
Como dissemos acima, as relações se estabelecem entre seres da mesma espécie ou de
espécies diferentes. No primeiro caso, as relações são intraespecíficas (intra = dentro); no segundo
caso, são relações interespecíficas (inter = entre).
Modernamente, estabeleceu-se que, quando a relação não causa prejuízo para os seres nela
envolvidos, denomina-se relação positiva ou harmônica e quando há prejuízo de uma das partes da
relação, ela é chamada de relação negativa ou desarmônica. Porém, percebamos que o que parece
prejudicar um indivíduo, na verdade, é benéfico para a sua espécie. Na natureza, as inter-relações
entre seres viventes (parte biótica dos ecossistemas) e entre eles e o meio abiótico (condições
ambientais), concorrem para uma harmonia perfeita, tanto que, apesar da ocupação desordenada e
inconsciente dos vários ambientes terrestres por parte dos seres humanos, a natureza, em função
das conexões entre os indivíduos que a constituem, teima em recompor-se e continuar fornecendo
aos seres vivos condições de manutenção e evolução. Entendemos, portanto, ser um contra-senso
encarar como negativas, relações que promovem o equilíbrio ecológico. Equilíbrio esse que é
dinâmico, construído a partir, muitas vezes, da competição entre os seres vivos. Veremos que,
mesmo a competição, por exemplo, encarada como relação desarmônica, é um dos elementos da
seleção natural, que privilegia os seres vivos mais bem adaptados e favorece a evolução das espécies
e a biodiversidade.
Pelas razões acima citadas, chamaremos relações harmônicas de relações sem prejuízo dos
seres vivos e relações desarmônicas de relações com prejuízo de um dos seres vivos, lembrando que,
se a relação desfavorece um dos seres vivos nela envolvido, muitas vezes favorece sua espécie e
mantém o equilíbrio ecológico.
RELAÇÕES HARMÔNICAS - INTRAESPECÍFICAS
SOCIEDADE
Entende-se por sociedade um grupamento de indivíduos da mesma espécie que vive junto e
tem tarefas específicas. Algumas vezes, em função do tipo de trabalho que desempenham
apresentam diferenças morfológicas. Como exemplo desse tipo de relação, temos as formigas, os
cupins e as abelhas.
117
COLÔNIA
Também se trata de um grupamento de indivíduos da mesma espécie. A diferença entre a
colônia e a sociedade é que no primeiro caso há uma ligação anatômica entre os indivíduos,
tornando-se impossível viverem isoladamente. Há divisão de tarefas e em função disso, apresentam
grandes diferenças físicas. Na caravela, um tipo de colônia do filo dos cnidários, alguns indivíduos são
responsáveis pela defesa da colônia, enquanto outros se encarregam da flutuação e do deslocamento
pelo mar, ou da reprodução. Outros exemplos de colônia: cracas, esponjas e corais, estes últimos
representados na figura seguir:
Figura 103 - Colônia de antozoários (corais)
RELAÇÕES HARMÔNICAS - INTERESPECÍFICAS
MUTUALlSMO
Observando troncos de árvores em locais sem poluição, como por exemplo: uma floresta,
vêem-se manchas acinzentadas com bordas retorcidas. Essas mesmas manchas podem ocorrer em
rochas. Algumas delas são avermelhadas ou esverdeadas. Trata-se de uma associação entre dois
seres vivos de espécies diferentes que vivem em tamanha interdependência que um não vive
separadamente do outro. É uma relação de mutualismo entre protistas clorofilados (algas
unicelulares) e fungos ou cianobactérias e fungos. Eles formam o que chamamos de LÍQUEN. Ambos
têm vantagens. Nesse caso, a alga sintetiza através da fotossíntese, matéria orgânica, que serve de
alimento para ela e para o fungo. Recebem do fungo, sais minerais que ele absorve do meio e
umidade. Abaixo, fornecemos outros exemplos de mutualismo:
A) Cupins e protozoários:
O cupim só consegue alimentar-se de madeira porque vive em mutualismo com um tipo de
protozoário que digere a celulose para ele, recebendo em troca abrigo, proteção e alimento, já que
estes protozoários vivem no tubo digestivo do cupim.
B) Leguminosas e bactérias:
As plantas leguminosas como o feijoeiro, o trevo e a vagem, são os vegetais mais ricos em
proteínas. Isso porque vivem em mutualismo com bactérias que habitam suas raízes, formando
nódulos (como bolinhas). Essas bactérias são um dos raros seres vivos que conseguem captar o
nitrogênio do ar, fixando-o no solo.
118
Assim, as plantas dispõem desse nutriente para produzirem suas proteínas. Em troca,
fabricam hemoglobina, um composto que absorve o oxigênio, facilitando a vida das bactérias, que
são sensíveis à presença do mesmo no ambiente.
Figura 104 – Leguminosas e bactérias
PROTOCOOPERAÇÃO
Figura 105 – Ermitão e anêmona
Quantos seres vivos você diria que consegue observar? Se disser que parece uma montagem
de vários animais, não está errado. Ela mostra um crustáceo chamado PAGURO ou HEREMITA. Apesar
de ter garras, seu corpo é mole. Ele então, para proteger-se do perigo, utiliza-se de conchas de
moluscos vazias (cujo animal morreu) como abrigo. Para aumentar sua proteção, coloca uma ou mais
anêmonas sobre a concha.
A anêmona, um tipo de cnidário, tem células urticantes (que secretam substâncias que
provocam queimaduras) nos tentáculos. Assim, o paguro evita os predadores, que não se aproximam.
A anêmona (também conhecida como actínia), por outro lado, beneficia-se com a protocooperação,
uma vez que, apesar de ser um animal fixo, pode mudar de ambiente, através da "carona" do paguro.
Ao contrário do mutualismo, na protocooperação os indivíduos podem viver
separadamente, sendo, porém, mas vantajoso para ambos que permaneçam unidos. Vejamos outros
exemplos de protocooperação:
A) Pássaros e mamíferos:
É comum vermos alguns pássaros no dorso de bois, elefantes ou rinocerontes. Eles estão se
alimentando de carrapatos que parasitam esses mamíferos (sugam seu sangue). O pássaro tem o
alimento e, o mamífero, além de livrar-se do parasita, é alertado dos perigos pelos gritos e vôos
repentinos do pássaro.
119
B) Formigas e pulgões:
Pulgões, insetos que parasitam plantas, alimentando-se de sua seiva, vivem quase sempre
cercados de formigas. Elas eliminam o excesso de seiva pelo ânus. As formigas gostam desse líquido.
Estão sempre a tocar no abdômen dos pulgões a fim de que eles liberem seiva para que elas se
alimentem. Em troca, eles são protegidos dos predadores pela presença das formigas.
C) Pássaro-palito e crocodilo:
Ao dormir com a boca aberta, o crocodilo (uma espécie que vive no Rio Nilo, no Egito)
permite que um tipo de pássaro penetre em sua boca e se alimente de pequenos parasitas que ali se
encontram. O pássaro ganha alimento e o crocodilo uma "higiene bucal".
COMENSALlSMO
Neste tipo de associação, há o benefício de uma das espécies, sem o prejuízo da outra.
Observe a figura abaixo, ela mostra um tubarão, com um pequeno peixe acoplado a ele. É a rêmora,
um peixe dotado de ventosa na boca, que permite que ele se prenda ao tubarão. Com isso, para onde
ele vai, leva a rêmora que acaba aproveitando-se dos restos do alimento do tubarão. Não há prejuízo
do tubarão e o ganho é da rêmora.
Figura 106 – Tubarão e a rêmora
INQUILINISMO
Nesse tipo de relação um ser utiliza outro ser vivo como moradia sem causá-lo prejuízo. O
peixe fieráster que habita sem "pagar aluguel" o intestino do pepino-do-mar, que serve de abrigo
para o peixe é um exemplo. Ele nada tira do pepino-do-mar, mas é o único a sair ganhando com a
associação.
Figura 107 – Pepino–do- mar e fieráster.
120
RELAÇÕES DESARMÔNICAS - INTRAESPECÍFICAS
CANIBALISMO
Algumas espécies praticam o canibalismo, ou seja, matam e acabam por ingerir outro animal
da mesma espécie. Entre os artrópodes, temos alguns exemplos: insetos e aracnídeos, como a aranha
viúva-negra, que devora o macho após o acasalamento.
COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA
Seres vivos da mesma espécie podem competir por espaço e por alimento. Alguns animais,
como aves e mamíferos, costumam defender seu território, uma região por eles demarcada,
principalmente por ocasião da reprodução, de outros indivíduos da mesma espécie. É comum que o
território seja delimitado por gritos ou sons emitidos, ou mesmo pelo odor da urina do animal,
deixado no local.
RELAÇÕES DESARMÔNICAS - INTERESPECÍFICAS
COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA
Quando duas espécies diferentes competem pelo mesmo alimento, por exemplo, quase
sempre uma delas conseguirá suplantar a outra, que tenderá a ser eliminada. Em outras palavras:
duas espécies diferentes que habitem o mesmo local não podem ter o mesmo nicho ecológico, pois
haverá competição entre elas e uma sairá vencedora, provocando o desaparecimento ou a emigração
(saída para outras regiões) da outra espécie.
AMENSALlSMO
No amensalismo, uma espécie prejudica o crescimento de outra. Além do exemplo, já citado
no quadro do início da unidade, temos o pisotear de animais grandes sobre as plantações,
destruindo-as e aos pequenos animais que se encontravam ali quando os maiores passaram.
Figura 108 – Amensalismo entre as borboletas
121
PREDATISMO
No predatismo estabelece-se uma relação entre o predador (caçador) e a presa (seu
alimento). Há, portanto, prejuízo para a presa, uma vez que ela acaba morrendo. Como exemplo de
predador, temos os carnívoros, que devoram os herbívoros, suas presas. Como dissemos no início
dessa unidade, o predatismo prejudica o animal que serve de presa, mas, sendo um importante fator
de seleção natural (visto que são caçadas as presas mais fracas, menos aptas à vida), acaba por
aprimorar os mecanismos adaptativos da espécie predada, promovendo sua evolução. A seleção
natural acaba por fazer surgir uma série de adaptações, tanto em predadores quanto em presas que
facilitam o ataque ou a defesa. Tanto vegetais quanto animais podem apresentar essas adaptações.
No esquema abaixo, você fica sabendo de algumas adaptações das quais animais ou vegetais, por
vezes, se utilizam para facilitar sua sobrevivência numa relação de predatismo:
PARASITISMO
Essa palavra não deve soar estranha a você. Usamos a expressão "parasita", por exemplo,
para caracterizar uma pessoa que não trabalha ou não se esforça e vive à custa dos outros. O
significado científico é mais ou menos o mesmo. Existem seres microscópicos (algumas espécies de
bactérias, vírus ou fungos) ou insetos, vermes ou vegetais que, muitas vezes, vivendo dentro de
outros seres vivos, tiram deles parte do alimento que conseguem, prejudicando seu
desenvolvimento. O animal prejudicado chama-se hospedeiro. O parasita, geralmente, não mata sua
vítima, mas mina suas forças, enfraquecendo-a. As doenças infectocontagiosas, como gripes, doenças
infantis, as micoses (causadas por fungos parasitas), ou as verminoses, são exemplos de doenças
causadas por parasitas.
Alguns sugam o sangue do hospedeiro, como carrapatos, piolhos e mosquitos. Até mesmo
certos vegetais, ou por não possuírem clorofila, (cipó-chumbo) ou por se utilizar a seiva bruta de
outras plantas (erva-de-passarinho) são considerados parasitas.
Por serem prejudiciais a lavouras, por exemplo, insetos e outros animais parasitas são
combatidos utilizando-se venenos (agrotóxicos) em doses, por vezes, elevadas. Os agrotóxicos
inicialmente são eficazes. Com o tempo, porém, tornam-se inócuos, pois vão sendo "selecionados"
(em função do ambiente com veneno) insetos que apresentam resistência à droga. Isso faz com que
doses cada vez mais fortes sejam necessárias para se chegar aos mesmos resultados. Muitos insetos
benéficos às lavouras, que auxiliam na reprodução de espécies vegetais, acabam morrendo também,
causando desequilíbrio no ecossistema. Soluções mais inteligentes têm sido tentadas, de forma a não
causar tanto dano, como, por exemplo, o controle biológico. Ele consiste na utilização de um animal
que seja predador do parasita. Essa técnica não polui o ambiente, não prejudica outras espécies, pois
o animal só ataca determina da espécie (no caso a do parasita) e não causa desequilíbrio ecológico.
Como exemplo, temos a joaninha (aquele inseto - uma espécie de besouro - geralmente colorido,
com bolinhas de cores contrastantes no dorso), utilizada no combate aos pulgões, parasitas de
plantas.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
A comunidade estável, autorregulada, que não sofre alterações significativas em sua
estrutura, é denominada comunidade clímax e a seqüência de estágios de seu desenvolvimento é
chamada sucessão ecológica. Cada estágio da sucessão, ou seja, cada comunidade estabelecida
durante o desenvolvimento da comunidade clímax é denominado estágio seral ou sere.
122
Uma sucessão ecológica pode ser definida em função de três características básicas:
É um processo não sazonal, dirigido e contínuo;
Ocorre como resposta às modificações nas condições ambientais locais, provocadas
pelos próprios organismos dos estágios serais;
Termina com o estabelecimento de uma comunidade clímax, que não sofre mais
alterações em sua estrutura, desde que as condições macroclimáticas não se alterem.
A sucessão ecológica pode ser primária ou secundária, dependendo de seu estágio inicial. A
sucessão é primária quando o início da colonização ocorre em regiões anteriormente desabitadas,
que não reúnem condições favoráveis à sobrevivência da grande maioria dos seres vivos. É o que
acontece, por exemplo, em superfícies de rochas nuas, de dunas de areia recém-formadas e de lavas
vulcânicas recentes; poucas espécies conseguem suportar as condições adversas desses locais.
A sucessão é secundária quando o desenvolvimento de uma comunidade tem início em uma
área anteriormente ocupada por outras comunidades bem estabelecidas, como terras de cultura
abandonadas, campinas, aradas e florestas recém-derrubadas.
As sucessões primárias em geral demoram mais tempo do que as secundárias para atingir ao
clímax. Estudos de sucessão primária em dunas ou em regiões de derramamento de lava estimam
que sejam necessários pelo menos 1000 anos para o desenvolvimento de uma comunidade clímax.
Por sua vez, a sucessão secundária em terras onde houve derrubada das matas pode levar
apenas 100 anos em clima úmido e temperado. As espécies que iniciam o processo de sucessão são
chamadas espécies pioneiras.
Figura 109 – Sucessão ecológica
FENÔMENOS DA NATUREZA
A INVERSÃO TÉRMICA
Comum nas grandes cidades, como São Paulo, em época de inverno, ela causa o acúmulo
repentino de gases poluentes no ar. Acontece o seguinte: o ar normalmente se aquece na superfície
da Terra, fica mais leve e sobe. Como ele, leva os resíduos poluentes gasosos, que escapam para
camadas mais elevadas da atmosfera, diluindo-se. Ao chegar às camadas mais elevadas, esse ar se
resfria, fica "pesado" e desce. Esse movimento de subida e descida do ar provoca uma corrente que
facilita a dispersão dos agentes poluentes.
123
No inverno, ocorre que o ar que está em contato com a superfície da Terra não se aquece o
suficiente para criar a tal de corrente de convecção. Conclusão: o ar não se renova e acumulam-se
poluentes no ar que os habitantes das grandes cidades respiram. Isso causa problemas respiratórios
típicos dessa época do ano, como bronquites, asma e alergias, principalmente em pessoas idosas e
crianças.
Figura 110 - Inversão térmica
A CHUVA ÁCIDA
Alguns dos resíduos que compõem os gases poluentes são os óxidos de enxofre e de
nitrogênio. Estes gases, em contato com a água da chuva, reagem e transformam-se em ácido
sulfúrico e ácido nítrico, caindo, com as chuvas, no solo e nos rios. É a chamada chuva ácida, que
modifica a solubilidade dos sais minerais (a sua dissolução em água e, conseqüentemente, sua
absorção pelos vegetais). Por conta disso, florestas são destruídas (isso aconteceu na Europa, por
exemplo), animais aquáticos têm sua reprodução prejudicada, pois espermatozóides e óvulos ficam
afetados pela acidez da água e monumentos históricos são destruídos, pois esses ácidos corroem o
mármore e o cimento que os constituem.
Observe o esquema a seguir:
Figura 111 – Chuva ácida
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O EFEITO ESTUFA
Alguns poluentes, como o gás carbônico e o monóxido de carbono, presentes em grande
quantidade na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis e a queimadas (queima de troncos
e árvores), impedem a dispersão do calor irradiado da superfície da Terra. Criam como se fosse uma
barreira invisível, que faz com que esse calor da superfície, ao invés de escapar da atmosfera, volte à
Terra, aumentando sua temperatura ano após ano. No desenho abaixo, compara-se o efeito estufa
da Terra com o que ocorre dentro de uma estufa, em que o vidro, que não impede a entrada da luz,
mas sim a saída do calor, provoca o aquecimento ambiental tal qual o acúmulo de gases poluentes na
atmosfera. Em conseqüência disso, ocorrem mudanças no clima terrestre, na distribuição das chuvas,
bem como o derretimento das geleiras, ocasionando inundações em cidades costeiras ou mesmo o
seu desaparecimento daqui a algum tempo.
Figura 112– Efeito estufa
CAMADA DE OZÔNIO
Nos primeiros capítulos, você ficou sabendo que, com o surgimento dos seres vivos
autótrofos, o oxigênio passou a fazer parte da atmosfera terrestre, sob a forma de gás oxigênio, que
muitos seres vivos absorvem e utilizam em seu metabolismo, e gás ozônio, que se acumulando nas
camadas superiores da atmosfera terrestre, serve de barreira a grande parte dos raios ultravioletas
emitidos pelo Sol.
Esses raios têm o poder de penetrar no núcleo das células, alterando seu código genético e
provocando mutações ou destruição da célula. Nos últimos anos, em alguns pontos do globo, há
verdadeiras interrupções dessa camada, formando como que buracos. O da Antártida é o maior que
existe. Verifica-se, então, uma maior incidência de câncer de pele em pessoas mais claras (elas têm
menor proteção contra os raios solares), provocado por mutações das células da epiderme, devido à
ação dos raios ultravioletas que não são barrados e conseguem atingir a superfície da Terra.
A destruição da camada de ozônio é provocada por um tipo de gás chamado
clorofluorcarbono (CFC), utilizado em geladeiras, aparelhos de ar condicionado e alguns sprays
(aerossóis). Esse gás, ao escapar para a atmosfera, reage com o ozônio, convertendo-o em moléculas
de oxigênio. O pior é que cada átomo de cloro desse composto é capaz de destruir 100 mil moléculas
de ozônio.
125
Figura 113 – Camada de ozônio
EUTROFIZAÇÃO
Alguns dos maiores desastres ecológicos dos últimos anos estão relacionados ao despejo
criminoso de petróleo nos oceanos, intoxicando animais e impedindo a renovação de oxigênio da
água, bem como a penetração da luz solar, o que prejudica a fotossíntese das plantas e seres
autótrofos, base da cadeia alimentar desses ecossistemas. Outro agente poluidor da água é a matéria
orgânica, sob a forma de fezes (esgoto), restos de usinas de açúcar ou papel. Junto às fezes, vão
alguns microorganismos nocivos à saúde humana, eliminados por portadores de doenças como a
hepatite. Sem falar dos ovos de vermes parasitas que, ao serem ingeridos, contaminam outras
pessoas. É muito importante que a água que chega aos nossos lares seja potável, quer dizer, passe
por um tratamento químico (geralmente com adição de cloro) a fim de que bactérias e outros
microorganismos parasitas possam ser eliminados. Isso nem sempre é possível, principalmente
porque nem todos os habitantes de um município podem contar com rede de água e esgoto. Como,
no entanto, é direito dos cidadãos terem condições dignas de moradia, já que uma parte dos
impostos é destinada à implantação de saneamento básico, é preciso que a cidadania seja exercida
no sentido de exigir-se das autoridades um maior comprometimento social. Cerca de 80 % das
doenças da população relacionam-se à falta de saneamento básico.
Essa matéria orgânica que se acumula na água é decomposta, resultando em sais minerais,
nutrientes que aceleram a reprodução de algas e bactérias aeróbias. As algas tornam a água turva,
impedindo que a luz solar penetre. Quando morrem, são decompostas, aumentando mais ainda o
número de bactérias decompositoras aeróbias. A grande quantidade de seres consumidores faz com
que diminua drasticamente a quantidade de oxigênio disponível. Isso acarreta a morte dos peixes e
outros seres que vivem ali. E propiciando o desenvolvimento de bactérias anaeróbias. Esse fenômeno
denomina-se eutrofização. Ela pode ser natural ou provocada por resíduos urbanos, industriais ou
agrícolas.
Figura 114 – Eutrofização
126
MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA
A cobertura vegetal natural protege o solo das chuvas, que carregariam seus nutrientes, da
erosão provocada pelo vento. O desmatamento das florestas para o cultivo agrícola tem acelerado a
erosão do solo e o processo de desertificação (formação de desertos onde antes havia vegetação).
Um problema grave, decorrente da substituição das matas nativas pela agricultura (muitas
vezes a monocultura - cultivo apenas de um tipo de vegetal em grandes áreas) é o uso indiscriminado
de pesticidas (chamados também de agrotóxicos), substâncias venenosas que destroem predadores
ou parasitas das plantas. Um exemplo clássico é o DDT, famoso inseticida, utilizado em larga escala.
Ele mata as pragas, mas também mata outros insetos benéficos às plantas, como os agentes
polinizadores (abelhas, por exemplo) ou insetos que se alimentam de parasitas. Como resultado, há
um desequilíbrio ecológico. Outro agravante é o acúmulo de pesticida ao longo da cadeia alimentar,
fazendo com que os animais do topo da cadeia apresentem índices assustadores de DDT em seu
organismo, principalmente no cérebro e no fígado, intoxicando-os.
127
CAPÍTULO XX
BIOTECNOLOGIA, ALIMENTOS TRANSGÊNICOS, CLONAGEM, CÉLULAS TRONCO
E CÂNCER
BIOTECNOLOGIA
É tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura, ciência dos
alimentos e medicina. A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU possui uma das muitas
definições de biotecnologia:
“ "Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e
sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de
utilidade." ”
A definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos vivos ou parte deles, para a
produção de bens e serviços. Nesta definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem
vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho,
iogurte, cerveja, e outros). Por outro lado a biotecnologia moderna se considera aquela que faz uso
da informação genética, incorporando técnicas de DNA recombinante.
A biotecnologia combina disciplinas tais como genética, biologia molecular, bioquímica,
embriologia e biologia celular, com a engenharia química, tecnologia da informação, robótica,
bioética e o biodireito, entre outras.
Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, biotecnologia significa “qualquer
aplicação tecnológica que use sistemas biológicos, organismos vivos ou derivados destes, para fazer
ou modificar produtos ou processos para usos específicos.”.
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
Os alimentos transgênicos são geneticamente modificados com o objetivo de melhorar a
qualidade e aumentar a produção e a resistência às pragas, visando o lucro.
O DNA desses alimentos é modificado.
Em algumas técnicas, são implantados fragmentos DNA de bactérias, vírus ou fungos no DNA
da planta. Esses fragmentos contêm genes que codificam a produção de herbicidas. As plantas que
receberam esses genes produzem as toxinas contra as pragas da lavoura, não necessitando de certos
agrotóxicos. Algumas são resistentes a certos agrotóxicos, pois em determinadas lavouras precisa-se
exterminar outro tipo de vegetal, como ervas daninhas, e o mesmo agrotóxico acaba prejudicando a
produção total.
Alguns produtos são modificados para que contenha um maior valor nutricional, como o
arroz dourado da Suíça, que é muito rico em betacaroteno, substância precursora de Vitamina A. O
arroz é um alimento muito consumido em todo o mundo, e quando rico em betacaroneto, ajuda a
combater as doenças por deficiência de vitamina A.
Alguns vegetais são modificados para resistirem ao ataque de vírus e fungos, como a batata,
o mamão, o feijão e banana. Outros são modificados para que a produção seja aumentada e os
vegetais sejam de maior tamanho. Existem também alimentos que têm o seu amadurecimento
prolongado, resistindo por muito mais tempo após a colheita.
128
PONTOS POSITIVOS
1. Aumento da produção
2. Maior resistência às pragas (vírus, fungos, bactérias e insetos)
3. Resistência aos agrotóxicos
4. Aumento do conteúdo nutricional
5. Maior durabilidade e tempo de estocagem
PONTOS NEGATIVOS
1. A seleção natural tende a ser maior nas plantas que não são transgênicas.
2. Eliminação de populações naturais de insetos, animais e outras espécies de plantas.
3. Aumento de reações alérgicas em determinadas pessoas
SEGURANÇA
Muitas plantas são cultivadas e analisadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), porém a comercialização dessas especialidades ainda não está autorizada.
Muitos transgênicos ainda não são autorizados para serem comercializados em decorrência
da polêmica gerada pelo impacto ambiental e reações alérgicas já observadas em algumas pessoas.
A empresa responsável pela autorização do plantio e comercialização é a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio).
ROTULAGEM
Muitos transgênicos estão chegando à mesa dos consumidores sem as devidas informações.
Todos os consumidores têm o direito de saber o conteúdo do produto que está consumindo e as
consequências disso, inclusive qual foi a técnica empregada para a melhoria daquele alimento.
CLONAGEM E A ENGENHARIA GENÉTICA
A clonagem é um processo de reprodução assexuada onde se tem a produção de indivíduos
geneticamente iguais a partir de uma célula-mãe.
Figura 115 – CLONAGEM
129
Clonar um DNA significa produzir inúmeras cópias idênticas de um mesmo trecho da
molécula de DNA.
A engenharia genética é a área da biologia responsável pela manipulação das moléculas de
DNA, e foi no ano de 1971 que o biólogo norte-americano Paul Berg, da Universidade de Stanford,
Califórnia, obteve a primeira molécula de DNA recombinada, resultado da inserção do DNA de um
vírus oncogênico, produtor de tumores em macacos, no DNA de um bacteriófago, vírus que ataca
bactérias. Tais estudos levaram o biólogo a ganhar, em 1980, o Prêmio Nobel.
A partir daí a engenharia genética se tornou uma promissora, mas também polêmica,
ciência, pois a partir de técnicas, o ser humano seria capaz de “criar” novas formas de vida e utilizar
organismos para obter produtos de seu interesse.
Em julho de 1996 nasceu o primeiro mamífero clonado, batizado de Dolly. Esse projeto
gerou inúmeras reações contrárias e favoráveis à sua realização, e inúmeros países, inclusive o Brasil,
estabeleceram medidas jurídicas para impedir que esse processo fosse utilizado em humanos.
Vários vírus, bacteriófagos, bactérias como a Escherichia coli e levedos como o
Saccharomyces cerevisae receberam genes de outras espécies e se tornaram organismos
geneticamente modificados (OGMs), também chamados de transgênicos. Esses organismos
transgênicos expressam genes de outra espécie, apresentando características que não possuíam
antes.
A Escherichia coli, por exemplo, começou, a partir de técnicas de engenharia genética, a ser
utilizada na produção de hormônio do crescimento e de insulina em escala industrial. Antes dessa
descoberta, o hormônio do crescimento era retirado da hipófise de cadáveres, e a insulina utilizada
por diabéticos era retirada do pâncreas de bois e de porcos. Apesar de a insulina desses animais ser
muito semelhante à de humanos, ela pode provocar reações alérgicas em algumas pessoas que a
utilizam. Por outro lado, a insulina sintetizada pelas bactérias é idêntica à do pâncreas humano, não
causando reações alérgicas e devendo substituir definitivamente a insulina animal.
A cada dia aumenta o número de organismos geneticamente modificados que são criados
em laboratórios de todo o mundo. Esses organismos variam desde microrganismos de interesse
ecológico, médico, industrial e agrícola, até plantas que são importantes para o consumo humano, os
famosos transgênicos, como milho, soja, tomate, batata, abóbora e arroz.
CÉLULAS-TRONCO
As células-tronco, células-mães ou células estaminais são células que possuem a melhor
capacidade de se dividir dando origem a duas células semelhantes às progenitoras.
As células-tronco de embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo
também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos,
músculos e sangue. Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente
na aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças
cardiovasculares, neurodegenerativas, Diabetes mellitus tipo 1, acidentes vasculares cerebrais,
doenças hematológicas, traumas na medula espinhal e nefropatias.
O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos
danificados por essas doenças e traumas. No Zoológico de Brasília (Brasil), uma fêmea de lobo-guará,
vítima de atropelamento, recebeu tratamento com células-tronco. Este foi o primeiro registro do uso
de células-tronco para curar lesões num animal selvagem.
130
São encontradas em células embrionárias e em vários locais do corpo, como no cordão
umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico, conforme
descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest, no estado
norte-americano da Carolina do Norte, noticiada pela imprensa mundial nos primeiros dias de 2007.
Há três possibilidades de extração das células-tronco. Podem ser adultas, mesenquimais ou
embrionárias:
Embrionárias – São encontradas no embrião humano e são classificadas como
totipotentes ou pluripotentes, devido ao seu poder de diferenciação celular de outros tecidos. A
utilização de células estaminais embrionárias para fins de investigação e tratamentos médicos varia
de país para país, em que alguns a sua investigação e utilização é permitida, enquanto em outros
países é ilegal. O STF autorizou as pesquisas no Brasil.
Adultas – São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado,
cordão umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células-tronco têm uma
limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos a partir
delas.
Mesenquimais – Células-tronco mesenquimais, uma população de células do estroma
do tecido (parte que dá sustentação às células), têm a capacidade de se diferenciar em diversos
tecidos. Por conta desta plasticidade, essas células têm sido utilizadas para reparar ou regenerar
tecidos danificados como ósseo, cartilaginoso, hepático, cardíaco e neural. Além disso, essas células
apresentam uma poderosa atividade imunossupressora, o que abre a possibilidade de sua aplicação
clínica em doenças imunomediadas, como as auto-imunes e também nas rejeições aos transplantes.
Em adultos, residem principalmente na medula óssea e no tecido adiposo.
CÂNCER
Cancro (português europeu) ou Câncer (português brasileiro) é uma doença caracterizada
por uma população de células que cresce e se divide sem respeitar os limites normais, invade e
destrói tecidos adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo, através de um
processo chamado metástase. Estas propriedades malignas do câncer o diferenciam dos tumores
benignos, que são auto-limitados em seu crescimento e não invadem tecidos adjacentes (embora
alguns tumores benignos sejam capazes de se tornarem malignos). O câncer pode afetar pessoas de
todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos de câncer aumenta com o acréscimo da idade. O
câncer causa cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os cânceres de pulmão, estômago,
fígado, cólon e mama os que mais matam.
Médicos do Egito antigo (3000 a.C.) registraram doenças que, dadas suas características,
provavelmente podiam ser classificadas como câncer. Hipócrates (377 a.C.) também descreveu
enfermidades que se assemelhavam aos cânceres de estômago, reto, mama, útero, pele e outros
órgãos. Portanto, a presença do câncer na humanidade já é conhecida há milênios. No entanto,
registros que designam a causa das mortes como câncer passaram a existir na Europa apenas a partir
do século XVIII. Desde então, observou-se o aumento constante nas taxas de mortalidade por câncer,
que parecem acentuar-se após o século XIX, com a chegada da industrialização.
131
Quase todos os cânceres são causados por anomalias no material genético de células
transformadas. Estas anomalias podem ser resultado dos efeitos de carcinógenos, como o tabagismo,
radiação, substâncias químicas ou agentes infecciosos. Outros tipos de anormalidades genéticas
podem ser adquiridas através de erros na replicação do DNA, ou são herdadas, e consequentemente
presente em todas as células ao nascimento.
As interações complexas entre carcinógenos e o genoma hospedeiro podem explicar porque
somente alguns desenvolvem câncer após a exposição a um carcinógeno conhecido. Novos aspectos
da genética da patogênese do câncer, como a metilação do DNA e os microRNAs estão cada vez mais
sendo reconhecidos como importantes para o processo.
As anomalias genéticas encontradas no câncer afetam tipicamente duas classes gerais de
genes. Os genes promotores de câncer, oncogenes, estão geralmente ativados nas células
cancerígenas, fornecendo a estas células novas propriedades, como o crescimento e divisão
hiperativa, proteção contra morte celular programada, perda do respeito aos limites teciduais
normais e a habilidade de se tornarem estáveis em diversos ambientes teciduais. Os genes
supressores de tumor estão geralmente inativados nas células cancerígenas, resultando na perda das
funções normais destas células, como uma replicação de DNA acurada, controle sobre o ciclo celular,
orientação e aderência nos tecidos e interação com as células protetoras do sistema imune.
O câncer é geralmente classificado de acordo com o tecido do qual as células cancerígenas
se originaram, assim como o tipo normal de célula com que mais se parecem. Um diagnóstico
definitivo geralmente requer examinação histológica da biópsia do tecido por um patologista,
embora as indicações iniciais da malignidade podem ser os sintomas ou anormalidades nas imagens
radiográficas. A maioria pode ser tratada e alguns curados, dependendo do tipo específico,
localização e estadiamento. Uma vez diagnosticado, o câncer geralmente é tratado com uma
combinação de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Com o desenvolvimento das pesquisas, os tratamentos estão se tornando cada vez mais
específicos para as diferentes variedades do câncer. Ultimamente tem havido um progresso
significativo no desenvolvimento de medicamentos de terapia específica que agem especificamente
em anomalias moleculares detectáveis em certos tumores, minimizando o dano às células normais. O
prognóstico para os pacientes com câncer é muito influenciado pelo tipo de câncer, assim como o
estadiamento, a extensão da doença. Além disso, a graduação histológica e a presença de
marcadores moleculares específicos podem também ser úteis em estabelecer o prognóstico, assim
como em determinar tratamentos personalizados.
Figura 116 – (A) Células normais danificadas de modo irreversível são eliminadas através de
um mecanismo conhecido como apoptose. (B) Células cancerígenas evitam a apoptose e continuam a
multiplicar-se de maneira desregulada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sônia Lopes – Bio (Volume único) – Editora Saraiva
Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder – Biologia Hoje - Editora Ática
www.wikipedia.org
www.infoescola.com
www.mec.gov.br
Todas as imagens foram retiradas da internet
Que a perseverança e a dedicação estejam com você, para
que o sonho da Universidade possa se tornar uma
realidade.
Muito boa sorte!
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