RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA 2018/2019
Nome: Helena Carolina Ribeiro Dias
Nº aluno: 2013231 | Turma 3
Orientador: Professor Doutor António Panarra
Regente: Professor Doutor Rui Maio
2 Relatório Final de Estágio
Índice
Introdução ..................................................................................................................................... 3
Corpo de Trabalho ........................................................................................................................ 3
1. Cirurgia Geral .................................................................................................................... 3
2. Medicina Interna .............................................................................................................. 4
3. Saúde Mental .................................................................................................................... 5
4. Medicina Geral e Familiar ................................................................................................. 5
5. Pediatria ............................................................................................................................ 6
6. Ginecologia e Obstetrícia .................................................................................................. 6
7. Estágio Opcional ................................................................................................................ 7
Reflexão Crítica ............................................................................................................................. 8
3 Relatório Final de Estágio
Introdução
O Mestrado Integrado em Medicina da Universidade Nova de Lisboa é constituído por um programa de
ensino moderno, que reflete as tendências internacionais da formação médica, integrando longos períodos
de educação científica e profissional. A vertente profissional, que coloca ao dispor do estudante a capacidade
assistencial existente, iniciando-o precocemente em situações de natureza clínica, começa no terceiro ano e
termina no sexto ano, sendo este último o chamado ano profissionalizante.
Assim, o sexto ano do MIM encontra-se dividido em estágios parcelares que abrangem as principais áreas
médicas e cirúrgicas, sendo elas: Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Geral e Familiar,
Medicina Interna, Pediatria e Saúde Mental. Considerando que a formação médica é orientada por objetivos,
destaco os seguintes: 1) consolidar, demonstrar e transpor os conhecimentos das ciências fundamentais para
a realidade clínica; 2) avaliar os doentes de forma adequada, procurando identificar e resolver, ou gerir, os
seus problemas; 3) utilizar uma abordagem biopsicossocial com respeito à natureza e vivência de cada um;
4) conhecer e promover estratégias de prevenção em saúde, aplicando-as a mim própria; 5) comunicar e
interagir eficazmente com doentes, famílias, colegas e restantes profissionais de saúde; 6) utilizar
adequadamente as tecnologias de informação e suportes digitais, cada vez mais presentes na sociedade
atual; 7) demonstrar aptidões de autoaprendizagem, essenciais à formação pós-graduada e exigíveis ao
médico competente.
Com este relatório, pretendo dar a conhecer os objetivos e elementos representativos dos estágios que
realizei e terminarei com uma reflexão crítica, analisando o meu percurso e sinalizando aquilo que na minha
perspetiva traduz o cumprimento ou não das exigências formativas.
Corpo de Trabalho
1. Cirurgia Geral (10/09/2018 – 02/11/2018)
O estágio de Cirurgia Geral decorreu no Hospital Beatriz Ângelo, sob a chefia do Prof. Dr. Rui Maio e tutoria
do Dr. João Grenho.
Os principais objetivos deste estágio consubstanciaram-se em proporcionar: 1) consolidação dos
conhecimentos acerca das patologias cirúrgicas mais comuns; 2) correta identificação de uma urgência ou
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emergência cirúrgica; 3) reconhecimento da patologia de abordagem cirúrgica e adequada referenciação a
um centro com os meios necessários; 4) a aprendizagem e consolidação de conhecimentos relativos à gestão
pós-cirúrgica dos doentes; 5) a execução de técnicas de cirurgia, anestesia e assepsia mais comuns.
O tempo de estágio dividiu-se entre as valências do internamento, consulta externa, bloco operatório e
serviço de urgência (uma semana), sobressaindo o internamento como o elemento mais explorado e onde
consegui pôr em prática a técnica de colheita de história clínica e a realização do exame objetivo orientado
para a situação. Os quadros mais frequentemente observados consistiram em patologia herniária e colo-retal
(neoplasias do cólon e reto e doença diverticular). Assisti ainda a várias reuniões multidisciplinares, com a
Oncologia e Imagiologia, e a sessões clínicas, onde se apresentaram temas e casos de interesse para o serviço,
que muito enriqueceram a minha formação.
No seminário final, em conjunto com os colegas Isabel Fonseca e João Silva e Rocha, palestrei um trabalho,
baseado num caso clínico real com o qual contactámos, intitulado “Um caso de dois em um: neoplasias colo-
retais síncronas”.
2. Medicina Interna (05/11/2018-11/01/2019)
O estágio de Medicina Interna teve lugar no Serviço de Medicina III do Hospital São Francisco Xavier - CHLO,
sob a chefia do Dr. Luís Campos e orientação do Dr. Manuel Araújo.
Destaco como objetivos mais relevantes neste estágio: 1) identificação de problemas e formulação de
diagnósticos provisórios; 2) a consolidação de conhecimentos relativos à prescrição de exames
complementares de diagnóstico e terapêutica adequados; 3) capacitação para identificar e hierarquizar os
problemas de maior emergência para o doente e, se necessário, referenciar às áreas clínicas de maior
diferenciação; 4) a compreensão e adaptação ao modelo de organização interna do meio hospitalar.
As atividades desenvolvidas em estágio passaram pela realização do trabalho diário em enfermaria, pelo
serviço de urgência semanal e pelas consultas externas. A significativa parte dos doentes que acompanhei
encontravam-se em situação paliativa, por ser a área de subespecialização do tutor que me foi atribuído, o
que me proporcionou o contacto com estratégias de controlo da dor, medicamentosas ou não, e de aumento
da qualidade de vida na paliação. Invoco, a título de exemplo, o caso de um doente com antecedentes de
polimiosite e fibrose pulmonar, que dá entrada no serviço com diminuição da força num membro superior
associada a uma massa no ombro ipsilateral, de origem provavelmente neoplásica (ponto de partida
pulmonar). O doente encontrava-se confinado ao leito, com um quadro de dor muito agudizado, obstipação,
dispneia e acumulação de secreções brônquicas. Neste caso, a estratégia utilizada passou pela prescrição de
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morfina e fentanilo para controlo da dor, lactulose e enemas de citrato de sódio para alívio da obstipação e
cinesiterapia para controlo das secreções brônquicas. Assisti ainda a várias sessões clínicas, seminários e
apresentações de trabalhos, tendo eu mesma elaborado uma apresentação intitulada “Doctor, I have
fibromyalgia”.
3. Saúde Mental (21/01/2019 – 15/02/2019)
O estágio de Saúde Mental decorreu no Hospital Júlio de Matos, na Clínica 3, sob a tutela do Dr. António
Bento e orientação da Dra. Joana Regala.
Ao nível do ensino pré-graduado, as metas que considero merecedoras de destaque são: 1) o
reconhecimento da doença mental como problema em cinética ascendente e criador de estigma interno e
externo; 2) atentar aos sinais e sintomas de disfunção precoce, consolidando o método de anamnese
orientado à problemática; 3) consolidar conhecimentos de terapêutica, medicamentosa ou não; 4)
desenvolver e aplicar estratégias de prevenção em saúde mental; 5) identificar e referenciar situações
urgentes, de risco social ou individual, em detrimento daquelas que podem ser geridas em consulta.
O estágio de Saúde mental foi porventura o mais variado, contando não só com as atividades em enfermaria,
consulta externa e serviço de urgência semanal, mas também com a participação no Grupo Psicoterapêutico
Aberto e nas Consultas Abertas ao Mundo – dois momentos de agendamento semanal obrigatório, dirigidos
à comunidade de pessoas em situação de sem-abrigo e migrante. Tive ainda a oportunidade de marcar
presença em sessões de formação, biblioterapia e de realizar uma visita a um sem-abrigo. Numa das sessões
de biblioterapia, apresentei o conto “A Tristeza”, de Tchekóv. Acresce a realização de uma história clínica a
uma doente com um diagnóstico de esquizofrenia.
4. Medicina Geral e Familiar (18/02/2019-15/03/2019)
O estágio de Medicina Geral e Familiar decorreu na Unidade de Saúde Familiar Marginal, sob orientação do
Dr. Mário Santos.
Do vasto leque de objetivos que ambicionei para este estágio, destaco: 1) reconhecer e compreender as
patologias mais prevalentes em Portugal; 2) consolidar conhecimentos de terapêutica e gestão da doença
crónica e aguda, de acordo com a melhor evidência científica e relação custo-benefício; 3) reconhecer
situações que merecerem referenciação a uma área de diferenciação mais específica; 4) aplicar o modelo
holístico em cada utente, atendendo o indivíduo como um todo e a saúde como subjetiva; 5) adotar e
implementar estratégias de prevenção em saúde no indivíduo e na comunidade; 6) refletir acerca da
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importância do médico de família como a única entidade de saúde com conhecimento das várias vertentes
da vida do doente, e da sua importância em todo o ciclo de vida desse indivíduo e da família.
Ao longo deste estágio, participei ativamente nas várias consultas: Saúde de Adultos, Saúde Infantil, Saúde
Materna, Planeamento Familiar e consultas de intersubtituição. Nestas consultas, as queixas mais comuns
eram do foro psiquiátrico, nomeadamente quadros de ansiedade e depressão, mas também o doente
comórbido, com diabetes mellitus 2, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Realizei ainda visitas
domiciliárias e assisti a reuniões semanais da USF. Numa destas reuniões apresentei um contributo que
elaborei para a biblioteca virtual da USF, intitulado “Recomendações para a terapêutica farmacológica da
diabetes mellitus tipo 2”, com base no boletim terapêutico ARSLVT 01/2019.
5. Pediatria (18/03/2019-12/04/2019)
O estágio de Pediatria decorreu no Hospital São Francisco Xavier – CHLO, sob a orientação do Dr. Edmundo
Santos.
Os principais objetivos que estabeleci para este estágio foram: 1) reconhecer as principais patologias da
criança e do adolescente, incluindo urgências e emergências; 2) conhecer os princípios de atuação,
tratamento e orientação de acordo com o problema; 3) trabalhar as técnicas de comunicação com a díade
progenitor-criança; 4) aprender técnicas de prevenção em saúde na Pediatria; 5) avaliar a criança e o
adolescente ao longo do seu desenvolvimento.
Este estágio teve duas semanas alocadas ao internamento de Pediatria e duas semanas dedicadas berçário,
acrescendo o serviço de urgência semanal. As patologias com que mais contactei foram as do foro
gastrointestinal, nomeadamente quadros de gastroenterite aguda, mas também respiratório (bronquiolite
aguda, amigdalite viral/bacteriana e exacerbação de asma). Tive ainda a oportunidade de participar em várias
consultas, nomeadamente, consulta de pediatria geral, consulta de imunoalergologia, consulta de
desenvolvimento e consulta de endocrinologia. Para além destas atividades, assisti a várias sessões clínicas
e reuniões semanais. No final do estágio, apresentei um trabalho intitulado “Um caso de gastroenterite
aguda” e uma história clínica sobre um caso de bronquiolite aguda.
6. Ginecologia e Obstetrícia (22/04/2019 – 17/05/2019)
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia decorreu no Hospital Beatriz Ângelo, sob a chefia do Dr. Carlos
Veríssimo e orientação da Dra. Leonor Aboim.
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O conjunto de objetivos que enumero para este estágio são: 1) reconhecer e compreender as principais
patologias da mulher e da mulher grávida, incluindo urgências e emergências; 2) melhorar as técnicas de
colheita de exame objetivo e de anamnese; 3) consolidar os princípios terapêuticos e de gestão das situações
mais frequentes; 4) desenvolver competências na área do planeamento familiar e vigilância da gravidez.
No decurso do estágio participei ativamente em várias consultas de ginecologia e de obstetrícia, observei a
realização de exames ginecológicos, assisti a ecografias obstétricas e ginecológicas, e passei três dias em
contexto de bloco operatório. No serviço de urgência, com duração de 12 horas semanais, tive a
oportunidade de me confrontar com os motivos mais frequentes de procura de ajuda médica por parte das
mulheres (destaco a hemorragia uterina anómala e dor pélvica aguda) e com as estratégias de resolução dos
problemas. Assisti ainda a várias reuniões de serviço, tendo, numa delas, apresentado um trabalho intitulado
“Síndrome de Alagille”.
7. Estágio Opcional: Serviço de Gastroenterologia – IPO Porto (20/05/2019 –
05/06/2019)
A escolha deste estágio fundamentou-se essencialmente na minha assente identificação com a
especialidade, o desejo de alargar o meu conhecimento na área, conhecer melhor a vertente da oncologia,
assim como treinar e desenvolver as minhas capacidades de comunicação com doentes oncológicos, na sua
maioria com mais de 60 anos, que se encontram em situação de fragilidade.
Neste sentido, contactei o Professor Doutor Mário Dinis Ribeiro, diretor do serviço de Gastroenterologia do
IPO Porto e professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que prontamente
aceitou o meu pedido de estágio.
Durante o estágio acompanhei e participei em diversas atividades com vários elementos da equipa, tais como
primeiras consultas pós-referenciação por lesões malignas/pré-malignas, consultas de seguimento, consultas
de risco familiar, exames endoscópicos de rastreio e tratamento (endoscopias com disseção da submucosa,
mucosectomias e polipectomias) e colocação e encerramento de gastrostomias endoscópicas percutâneas.
Assisti ainda a consultas de grupo com a presença do doente, sendo este sujeito ativo na decisão ponderada
e informada do projeto terapêutico.
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Reflexão Crítica
A formação de um Médico é uma tarefa complexa e exigente. Por um lado, exige-se ao aprendiz capacidades
e qualidades intelectuais e humanas de alguma dimensão; por outro lado, exige-se às instituições que
atestam essa formação uma constante atualização – sublinho isto porque, em 45 anos de Democracia e 39
anos pós-adesão à CEE, a mudança no paradigma nacional foi imensa, e as Ciências não ficaram de fora.
Portugal abriu as portas ao Mundo e a Saúde adquiriu as qualidades da universalidade, gratuitidade e
transversalidade. Tal significa que os cuidados de saúde ministrados passaram a respeitar padrões de
qualidade impostos por instituições transnacionais, com níveis de exigência semelhantes aos países nossos
pares, permitindo o exchange certificado de estudantes, prestadores e cuidados de saúde.
As faculdades de medicina tiveram de fazer face a estas mudanças e a Nova Medical School não foi exceção,
apresentando um programa curricular que muito me agradou na altura de decisão acerca de que instituição
escolher para iniciar e completar a minha formação médica. A agregação da teoria das ciências básicas nos
dois primeiros anos do curso e a iniciação precoce ao ambiente clínico e assistencial no terceiro ano,
constituíram dois elementos que muito distinguem esta faculdade das demais. Sempre com um rácio tutor:
aluno na média dos 2-3:1, com os estágios nas valências públicas e privadas, hospitalares e não hospitalares,
com a aprendizagem e avaliação por resolução de problemas, nomeadamente em contexto de aulas e exame
escrito, e com a utilização de plataformas digitais para fins de avaliação e comunicação, a NMS|FCM
encontra-se ao mais alto nível, devendo servir de exemplo de práticas a instituir.
O sexto ano é o ano profissionalizante por excelência, existindo a obrigatoriedade transversal de o
implementar nos programas formativos de todas as instituições. Neste ano que agora findo, pretende-se que
o estudante aplique em contexto clínico, os conhecimentos e valências que adquiriu ao longo do curso de
Medicina, cimentando conhecimentos e apreendendo técnicas, saberes e modos de estar e comunicar, isto
é, que o estudante seja capaz de estabelecer, transmitir e discutir um diagnóstico, um projeto terapêutico e
um plano de gestão do caso.
De uma forma global, acredito ter cumprido os objetivos estipulados para os estágios parcelares, estando
em crer que as ferramentas que este ano me propiciou, me permitirão cumprir com responsabilidade e
confiança a primeira etapa da pós-graduação e suas sucedâneas.
Passando a tecer algumas considerações particulares acerca de cada estágio, o estágio de Cirurgia Geral, teve
como elementos positivos a possibilidade de contactar mais com a pequena cirurgia, algo que considero
essencial a um médico generalista e pluripotencial; como ponto negativo, destaco a avaliação dos casos
apresentados no mini-congresso, por considerar que os casos deveriam incidir mais sobre o comum do que
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sobre a raridade. Os alunos do 6º ano, que em breve começarão a exercer, vão primariamente ser
confrontados e convocados à resolução dos casos mais frequentes e, só após um tempo longo de experiência,
poderão dar apoio ao que é menos frequente ou, até mesmo, raro. Quero com isto dizer que a raridade ou
infrequência de um caso não o deveria colocar à frente dos demais, assim como a frequência de um caso não
o deveria desprestigiar ou desvalorizar, sobretudo neste momento precoce da aprendizagem em que o
essencial é o domínio do comum. Relativamente ao estágio de Medicina Interna, julgo ter adquirido
confiança e fluidez no dia-a-dia da enfermaria e no trabalho em equipa. A frequência do Serviço de Urgência,
nomeadamente no Inverno, permitiu-me um contacto prévio com a realidade com que vou lidar no ano que
se segue, com pessoas a chegarem incessantemente e uma capacidade de atendimento que por vezes não é
aquela que o público espera, sobretudo pela morosidade da resposta, cujo ónus não se encontra nos
profissionais de saúde, que eram incansáveis. O estágio de Saúde Mental constituiu um momento de enorme
aprendizagem pelo contacto com as situações e histórias de vida mais adversas que alguma vez conheci. Uma
grande parte deste estágio foi dedicado a pessoas em situação de sem abrigo com patologia psiquiátrica,
geralmente pessoas a quem a doença resistente deixou sem teto, e percebi que esta é a história da maioria
dos sem-abrigo porque, como diz o Dr. António Bento, “não existem pessoas pobres, existem pessoas
doentes”. Verificar que existe um núcleo de profissionais disponíveis e atentos a esta população, com
conhecimento dos mecanismos para a auxiliar na recuperação da saúde e do lar, constituiu o ponto mais alto
deste estágio. Como ponto negativo, destaco a falta de contacto com a patologia mais comum,
nomeadamente os quadros depressivos e de ansiedade. O estágio de Medicina Geral e Familiar permitiu-me
colmatar esta falha pelo número exorbitante de doentes com queixas psiquiátricas. Este estágio permitiu-
me abordar o doente sob uma perspetiva holística, como um todo. Contudo, gostaria de ter tido a experiência
da Medicina Geral e Familiar em ambiente não urbano, isto porque, sendo natural de uma freguesia pequena
a Norte, creio que a realidade lá é bastante diferente, que o médico ainda é visto como o ditame do caminho
a seguir, não participando o doente do processo de escolha e decisão. O estágio de Pediatria permitiu-me
contactar com as afeções mais comuns nesta faixa etária, motivo pelo qual escolhi o Hospital São Francisco
Xavier. No internamento, todos os casos que observei constituíam diagnósticos frequentes em Pediatria, o
que creio ter constituído uma mais-valia nesta fase do percurso. O estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi
muito completo, permitindo uma breve, mas esclarecedora, passagem pelas diversas valências, num horário
com rotações pré-definidas, contribuindo para uma melhor organização e distribuição dos alunos. Como
ponto negativo, refiro o facto de tal rotatividade pelo serviço não permitir uma relação mais estreita entre o
tutor e o aluno, que o primeiro tem que avaliar sem suporte técnico, a meu ver, adequado. O Estágio Opcional
no serviço de Gastroenterologia do IPO Porto, foi uma experiência muito enriquecedora, não só pelos
conhecimentos variados que adquiri, mas também pela integração numa equipa extensamente entrosada
em atividades de investigação científica, o que me permitiu contactar com esta vertente da vida de um
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Médico, que cada vez mais tem que fazer investigação, escrever e submeter artigos, na esperança de que
sejam aceites pela comunidade científica.
Atualmente, vivem-se dias de crescente exigência, tanto para aceder a uma Faculdade de Medicina, como
para concluir, como para ingressar numa Instituição e construir uma carreira de sucesso - que contribui tanto
para a realização das ambições pessoais, como para atingir um nível de excelência nos serviços prestados à
população. Assim, os objetivos de outrora sofrem uma transformação, donde nasce a necessidade de pugnar
pelo Serviço Nacional de Saúde, nas suas várias vertentes, e daqui resulta que o Médico deve ser agente ativo
na defesa e promoção do SNS. Considero que este é o maior desafio que a minha geração tem de enfrentar:
lutar pelo direito de se continuar a exercer Medicina, de se responder digna e responsavelmente às
necessidades da pessoa doente - porque a saúde deve ser garantia fundamental e pedra angular de um
Estado Social.
Para terminar, deixo o mais sincero agradecimento a todos os professores, tutores e colegas que, ao longo
dos últimos seis anos, deixaram uma marca indelével na minha formação humana e académica. Se durante
este percurso cheguei a questionar-me quanto às minhas capacidades, foi graças ao exemplo de trabalho,
competência e humanismo das pessoas que conheci, que nunca desisti e que assumo a Medicina como
palavra definidora da minha pessoa, porque eu sou o que faço, e eu quero fazer Medicina.
Em sentimento e em verdade, o mais honesto agradecimento ao Dr. Mário Santos, Dr. António Bento, Dr.
Manuel Araújo, Dr. João Grenho, Dr.ª Leonor Aboim, Dr. Edmundo Santos e ao Prof. Dr. Mário Dinis Ribeiro.
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Anexos
1. Certificado de Participação no Curso TEAM
2. Certificado de Participação no 21º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos
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3. Certificado de Participação nas Jornadas de Cardiologia de Lisboa Ocidental