8/15/2019 Resenha sobre o filme O nome da rosa
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O monge franciscano William de Baskerville fica responsável pela investigação
de uma série de assassinatos ocorridos em um monastério. Na empreitada, William se
depara com duas soluções distintas: atribuir as mortes recorrentes às forças malignas do
Diabo, ou, usar da razão – atributo condenado pela Igreja – para descobrir o culpado.
Este dualismo, atual para os homens da época (século XII), embasa o enredo do filme
“O nome da Rosa”, homônimo do livro de Umberto Eco.
No decorrer do filme, fica evidente a apreciação de William pelas obras e
ensinamentos de Aristóteles. Através dos diálogos estabelecidos com o seu assistente, é
perceptível sua paixão pelos livros e pela razão. Sua postura esclarecida – exemplo da
sua ligação com a escolástica – dava-lhe a capacidade de separar sua fé da razão, o
sobrenatural dos fatos, mesmo sendo um cristão. Enquanto todos os fiéis do mosteiro
acreditavam que os assassinatos que estavam ocorrendo eram obra do mal, William
começa a reunir provas para dizer ao contrário: por trás dos assassinatos havia uma
explicação empírica, baseada em fatos e comprovadas pela razão.
Neste momento, William descobre que há algo estranho na biblioteca,
principalmente, por não conter os livros e porque havia uma porta, na qual ninguém
tinha acesso. A Idade média, como representante da Idade das Trevas, deixou a imagem
da ignorância por privar as informações e restringi-las aos poucos que representavam o
poder. No decorrer da história, William descobre que todos os assassinatos se dão por
conta de um livro de Aristóteles, no qual cita o riso como instrumento da verdade. O
mesmo teve suas páginas envenenadas por um dos monges que odiava a comédia e a via
como possibilidade dos fiéis duvidarem de Deus. Sendo assim, todos que liam o livro,
ao virar as páginas, levavam o veneno à boca e morriam.
Portanto, a obra “O Nome da Rosa” procura evidenciar um período cujo limite
entre o sobrenatural e o real, o mundo físico e não físico não era tão comprovado.
Dentre as questões, a postura do monge William demonstrava a força crescente de um
pensamento escolástico procurando resolver e lidar com os impasses entre a fé e a
razão. Como franciscano e, portanto, ministro da Igreja, William não duvidada da
existência de Deus, mas como amante dos livros, ponderava a realidade das expressões
da força do Diabo, uma das principais preocupações do temido Tribunal do Santo
Ofício da Inquisição.