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    Concursos de Crimes

    1. Definio:

    Ocorre quando um ou mais agentes, por meio de uma ou mais aes ou omisses

    prtica dois ou mais delitos, sejam eles idnticos ou no.

    1.1. Conceito

    Concurso de crimes o instituto que se verifica quando o agente, mediante uma

    ou vrias condutas, pratica duas ou mais infraes penais. Pode haver, portanto, unidade ou

    pluralidade de condutas. Sempre sero cometidas, contudo, duas ou mais infraes penais.

    1.2. Espcies

    O concurso de crimes pode se manifestar sob trs formas: concurso material,

    concurso formal e crime continuado.

    1.3. Sistemas de Aplicao da Pena no Concurso de Crimes

    Destacam-se, no Brasil, trs sistemas de aplicao da pena no concurso de

    infraes penais: cmulo material, exasperao e absoro. Passemos anlise de cada um

    deles.

    1.3.1. Sistema do cmulo material (ou acumulao material)

    Aplica-se ao ru o somatrio das penas de cada uma das infraes penais pelas

    quais foi condenado. Esse sistema foi adotado em relao ao concurso material (art. 69), ao

    concurso formal imperfeito ou imprprio (art. 70, caput, 2 parte), e, pelo texto da lei, ao

    concurso das penas de multa (art. 72). O concurso material vale-se do sistema da cumulao

    material para a fixao da pena ao agente que, tendo praticado mais de uma ao ou omisso,

    cometeu dois ou mais crimes. Entretanto, o sistema que impe a acumulao (soma) de penas

    tambm est presente em outras hipteses, quando expressamente recomendada a sua

    utilizao pela lei.

    o que ocorre nos casos dos tipos penais prevendo a aplicao de determinada

    pena, alm de outra, advinda da violncia praticada em conjunto. Por exemplo, o disposto no

    art. 344 do CP (coao no curso do processo), estipulando a pena de 1 a 4 anos de recluso, e

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    multa, alm da pena correspondente violncia. O juiz utiliza a regra do concurso material

    (soma das penas), ainda que tenha havido uma nica ao.

    Coao no curso do processo

    Art. 344 Usar de violncia ou grave ameaa, com o fim de favorecer interesse

    prprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou

    chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juzo arbitral:

    Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, alm da pena correspondente

    violncia.

    Outro exemplo pode ser encontrado nos delitos previstos no art. 161 (alterao de

    limites, usurpao de guas e esbulho possessrio invaso de bem imvel alheio), conforme

    prev o 2 (se o agente usa de violncia, incorre tambm na pena a esta cominada).

    Alterao de limites

    Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha

    divisria, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imvel alheia.

    Pena deteno, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.

    1. Na mesma pena incorre quem:

    Usurpao de gua

    I desvia ou represa, em proveito prprio ou de outrem, guas alheias;

    Esbulho possessrio

    II invade com violncia a pessoa ou grave ameaa, ou mediante concurso de mais de duas

    pessoas, terreno ou edifcio alheio, para o fim de esbulho possessrio.

    2. Se o agente usa de violncia, incorre tambm na pena a esta cominada.

    Assim, o concurso material ocorre quando o agente mediante mais de uma

    conduta (ao ou omisso) pratica dois ou mais crimes idnticos ou no. Exemplo: Fulano,

    armado com um revolver, atira em Cicrano e depois atira em Beltrano, ambos morrem. Neste

    exemplo, h duas condutas e dois resultados idnticos. Quando os resultados so idnticos,

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    utiliza-se o termo homogneo e quando os resultados so diversos utiliza-se o

    termo heterogneo. No concurso material, o agente deve ser punido pela soma das penas

    privativas de liberdade.

    Guilherme Nucci explica quanto ao critrio para a aplicao da pena torna-se

    imprescindvel que o juiz, para proceder soma das penas, individualize, antes cada uma. Ex.:

    trs tentativas de homicdio em concurso material. O magistrado deve, em primeiro lugar,

    aplicar a pena para cada uma delas e, no final, efetuar a adio

    Obs.: Importante observar que se houver a soma das penas antes da individualizao ocorrer

    inobservncia do princpio da individualizao da pena, e consequentemente a anulao da

    sentena.

    No caso da sentena cumular pena de recluso e deteno, aquela dever ser

    cumprida primeiramente. Em relao ao juiz competente para aplicar a regra do concurso

    material, Fernando Capez explica que se houver conexo entre os delitos com a respectiva

    unidade processual, a regra do concurso material aplicada pelo prprio juiz sentenciante.

    Em no havendo conexo entre os diversos delitos, que so objeto de diversas

    aes penais, a regra do concurso material aplicada pelo juzo da execuo, uma vez que,

    com o trnsito em julgado, todas as condenaes so reunidas na mesma execuo, momento

    em que as penas sero somadas (LEP, art. 66, III, a).

    Art. 66, LEP. Compete ao Juiz da execuo:

    [...]

    III - decidir sobre:

    [...]

    a) soma ou unificao de penas;

    [...]

    1.3.2. Sistema da exasperao

    Aplica-se somente a pena da infrao penal mais grave praticada pelo agente,

    aumentada de determinado percentual (1/6 at metade). o sistema acolhido em relao ao

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    concurso formal prprio ou perfeito (art. 70, caput, 1 parte) e ao crime continuado (art. 71). O

    sistema da exasperao da pena o critrio que permite, quando o agente pratica mais de um

    crime, a fixao de somente uma das penas, mas acrescida de uma cota-parte que sirva para

    representar a punio por todos eles. Trata-se de um sistema benfico ao acusado e adotado,

    no Brasil, nos arts. 70 (concurso formal) e 71 (crime continuado).

    1.3.3. Sistema da absoro

    (obs.: no adotamos este sistema expressamente aqui no Brasil, mas h casos em

    que a jurisprudncia, levando em conta o critrio da consuno (absoro) o autoriza).

    Aplica-se exclusivamente a pena da infrao penal mais grave, dentre as diversas

    praticadas pelo agente, sem qualquer aumento. Esse sistema foi consagrado pela

    jurisprudncia em relao aos crimes falimentares praticados pelo falido, sob a gide do

    Decreto-lei 7.661/1945, em virtude do princpio da unidade dos crimes falimentares. Isso,

    porm, no impedia o concurso material ou formal entre um crime falimentar e outro delito

    comum. Com a entrada em vigor da Lei 11.101/2005 (nova Lei de Falncia), a situao deve

    ser mantida, mas ainda no h jurisprudncia consolidada sobre o assunto. O sistema da

    absoro leva em considerao que, no caso de concurso de crimes, possa haver a fixao da

    pena com base apenas na mais grave, restando absorvidas as demais.

    No adotamos esse sistema expressamente, mas h casos em que a jurisprudncia,

    levando em conta o critrio da consuno (absoro), no conflito aparente de normas, termina

    por determinar que o crime mais grave, normalmente o crime-fim, absorve o menos grave, o

    denominado crime-meio, por exemplo, art. 12 do CP. Evita-se, com isso, a soma de penas.

    Art. 12. A regra geral deste Cdigo aplica-se aos fatos incriminados por lei

    especial, se esta no dispuser de modo diverso.

    Critrio da absoro (consuno): quando o fato previsto por uma lei est previsto

    em outra de maior amplitude, aplica-se somente esta ltima. Em outras palavras, quando a

    infrao prevista na primeira norma constituir simples fase de realizao da segunda infrao,

    prevista em dispositivo diverso, deve-se aplicar apenas a ltima. Trata-se da hiptese do

    crime-meio e do crime-fim.

    Ocorre a consuno quando determinado tipo penal absorve o desvalor de outro,

    excluindo-se este da sua funo punitiva. A consuno provoca o esvaziamento de uma das

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    normas, que desaparece subsumida pela outra. o que se d, por exemplo, no tocante

    violao de domiclio com a finalidade de praticar furto a uma residncia. A violao mera

    fase de execuo do delito patrimonial. O crime de homicdio, por sua vez, absorve o porte

    ilegal de arma, pois essa infrao penal constitui-se simples meio para a eliminao da vtima.

    O estelionato absorve o falso, fase de execuo do primeiro (nesse caso, o disposto na Smula

    17 do Superior Tribunal de Justia: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais

    potencialidade lesiva, por este absorvida).

    Sob outro ponto de vista: TRF4: luz do princpio da consuno, quando um

    delito apresentar-se como meio para realizao de outro, o crime-meio resta absorvido pelo

    crime-fim. Todavia, nas hipteses em que o crime-meio estabelecer penas mais graves que o

    crime-fim, este restar absorvido por aquele.

    (Ap. Crim. 0001329-17.2005.404.7116-RS, 8 T., v.u., rel. Artur Csar de Souza,

    10.02.2011, v.u.).

    A diferena fundamental entre o critrio da consuno e o da subsidiariedade

    que, neste ltimo caso, um tipo est contido dentro de outro (a leso corporal est includa

    necessariamente no crime de homicdio, pois ningum consegue tirar a vida de outrem sem

    lesion-lo). Enquanto na outra hiptese (consuno) o fato que est contido em outro de

    maior amplitude, permitindo uma nica tipificao (o homicdio absorve o porte ilegal de

    arma porque a vtima perdeu a vida em razo dos tiros disparados pelo revlver do agente, o

    que demonstra estar o fato portar ilegalmente uma arma em outro de maior alcance tirar

    a vida ferindo a integridade fsica de algum).

    Ocorre que possvel matar algum sem dar tiros, isto , sem portar ilegalmente

    uma arma. Assim, a consuno envolve fatos que absorvem fatos, enquanto a subsidiariedade

    abrange tipos que, de algum modo, contm outros. Outro exemplo: STJ: Em razo do

    princpio da consuno, a leso corporal culposa no trnsito (art. 303 do CTB) absorve o

    delito de dirigir sem habilitao (art. 309 do CTB), em face da menor lesividade do ltimo

    (HC 25.084-SP, 5 T., rel. Jorge Scartezzini, 18.05.2004).

    Art. 303. Praticar leso corporal culposa na direo de veculo automotor:

    Penas - deteno, de seis meses a dois anos e suspenso ou proibio de se obter a

    permisso ou a habilitao para dirigir veculo automotor.

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    Art. 309. Dirigir veculo automotor, em via pblica, sem a devida Permisso para Dirigir ou

    Habilitao ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

    Penas - deteno, de seis meses a um ano, ou multa.

    Portanto, so requisitos do concurso material de crimes: a pluralidade de condutas e a

    pluralidade de resultados.

    Exemplo de concurso material

    Ex: X decide roubar Y em um beco escuro. Aps subtrair, com grave ameaa, a bolsa,

    X resolve estuprar Y. Haver concurso de crimes, considerando que houve a prtica de

    dois crimes (roubo e estupro). Esses dois crimes foram praticados com duas condutas.

    O concurso material pode ser homogneo ou heterogneo. Ser homogneo o concurso

    material de crimes se estes forem da mesma espcie. Por outro lado, constata-se um concurso

    material heterogneo se os crimes so de espcies distintas. Vale lembrar que h discusso

    sobre o que se consideram crimes da mesma espcie. Sobre o assunto prepondera na

    doutrina o entendimento de que crimes da mesma espcie so os previstos no mesmo tipo

    legal, no importando se um delito simples e o outro qualificado ou se um consumado e o

    outro tentado. Frise-se, entretanto, existir corrente minoritria de acordo com a qual, para a

    identificao de crimes da mesma espcie, leva-se em conta o bem jurdico afetado.

    O STF ao se manifestar no julgamento do HC 97057-RS, relatado pelo Ministro

    Gilmar Mendes, fixou entendimento de que os crimes de roubo e furto (embora protejam o

    mesmo bem jurdico patrimnio) no so da mesma espcie.

    Comentrios: H dois critrios clssicos (pelo menos) sobre o assunto:

    a) so crimes da mesma espcie os previstos no mesmo dispositivo legal; (corrente

    majoritria)

    Concurso Material

    produzem 2 ou mais

    criemes

    Sistema do Cmulo Material (Penas somadas)

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    b) so crimes da mesma espcie os que afetam o mesmo bem jurdico.

    A primeira corrente legalista e formalista. A segunda substancialista

    Preponderou no julgamento do STF a primeira corrente, mas importante notar o

    voto do Min. Lewandowsky que sublinhou a necessidade de examinar cada caso. Cada caso

    um caso. Raciocinando dessa maneira ele foge do clssico leito de Procusto que trabalha com

    a ideia do tipo legal (secamente). Na opinio de LFG: chegado o momento de alterar a

    velha jurisprudncia formalista (e legalista). O que importa no Direito Penal, em primeiro

    lugar, o bem jurdico afetado (porque todo Direito, incluindo o penal, fato, valor e norma,

    consoante clssica lio de Miguel Reale). A norma existe para a tutela de um bem jurdico

    (de um valor), que critrio orientativo e interpretativo.

    Portanto, se o bem jurdico o mesmo:

    Logo, se os fatos so cometidos em sequncia, da mesma maneira, forma de

    execuo etc., no h como deixar de reconhecer o crime continuado. Para ns, enfim, tudo

    depende do caso concreto. O que no se pode aprioristicamente, j eliminar a possibilidade

    de continuidade delitiva nesses casos, s em virtude do tipo legal. Esse critrio

    (exageradamente) formalista pode levar a injustias enormes (como sublinhou o Min. Peluso).

    Crimes da mesma espcie

    Para DAMSIO E. DE JESUS so crimes da mesma espcie os previstos no

    mesmo tipo penal, aqueles que possuem os mesmos elementos descritivos, abrangendo as

    formas simples, privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas. (DIREITO PENAL,

    vol. I, pg. 526, Saraiva) Por essa forma de pensar, somente haveria crime continuado entre

    um homicdio simples e um privilegiado, ou uma tentativa de homicdio, ou um homicdio

    qualificado. Igualmente haveria entre um furto simples e um furto qualificado. E no seria

    possvel falar em crime continuado na hiptese de um crime de estelionato e um de

    apropriao indbita. E tampouco entre uma calnia e uma difamao. Deve-se pensar

    diferente: so crimes da mesma espcie aqueles cujos tipos tiverem o mesmo objeto jurdico.

    A ideia de espcie pressupe a existncia de gnero. No se pode falar em gnero

    de furto, do qual seriam espcies o furto simples e o qualificado, mas em gnero de crimes

    contra o patrimnio, do qual so espcies o furto, simples e qualificado, o roubo, prprio e

    imprprio, a extorso, o estelionato, a receptao, dolosa e culposa etc. Poder haver

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    continuidade entre quaisquer crimes contra o patrimnio, ou entre mais de um dos crimes

    contra a pessoa, ou entre os vrios crimes contra a administrao pblica, enfim, poder haver

    continuao entre todos os crimes que tiverem como objeto o mesmo bem jurdico, desde que

    os demais pressupostos sejam realizados.

    Logo, ser possvel continuidade entre corrupo passiva e peculato, ou entre

    roubo e estelionato. A aplicao da pena no concurso material de crimes deve ser feita de

    maneira que o juiz primeiro aplique a pena de cada crime isoladamente e depois as some. Isso

    porque a prescrio de cada crime ser considerada isoladamente, por orientao do Cdigo

    Penal:

    Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extino da punibilidade incidir sobre a pena de

    cada um, isoladamente.

    Concurso de crimes (concurso material) e prescrio: cada delito tem a prescrio calculada

    isolada e individualizadamente.

    STF: A Turma deferiu habeas corpus para declarar extinta, por efeito da consumao da

    prescrio da pretenso punitiva, a punibilidade de prefeito condenado, em ao penal

    originria, pelo tribunal de justia local, pena de 4 anos de recluso pelos crimes previstos

    no art. 1, I, do Decreto-Lei 201/67, duas vezes, em concurso material. [...]

    Art. 1, do Decreto-lei 201/67. So crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,

    sujeitos ao julgamento do Poder Judicirio, independentemente do pronunciamento da

    Cmara dos Vereadores:

    I - apropriar-se de bens ou rendas pblicas, ou desvi-los em proveito prprio ou alheio;

    Frise-se, ainda, que inexistindo conexo (relao) entre as diversas infraes

    penais, tendo sido elas objeto de aes penais distintas, as disposies sobre soma ou

    unificao das penas sero aplicadas pelo juzo das execues, conforme preceitua a Lei de

    Execuo Penal:

    Art. 66. Compete ao Juiz da execuo:

    III - decidir sobre:

    a) Soma ou unificao de penas;

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    A segunda espcie de concurso - concurso formal se d quando o agente mediante

    uma s ao ou omisso comete dois ou mais crimes idnticos ou no. Neste caso, ser

    aplicada a mais grave das penas cabveis se as infraes forem distintas ou apenas uma delas

    se as infraes forem iguais, mas em um ou em outro caso, elas sero aumentadas de um sexto

    at a metade (1/6 at ).

    Art. 70, caput, primeira parte - Quando o agente, mediante uma s ao ou

    omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas

    cabveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto at

    metade (...).

    Aplica-se o chamado sistema de exasperao e a jurisprudncia tem entendido que

    quanto maior o nmero de infraes, maior deve ser o aumento. Porm, se a soma das penas

    (nos moldes do concurso material) se mostrarem mais benfica ao ru deve o juiz proceder ao

    cmulo (concurso material benfico). Trata-se da regra denominada de concurso material

    benfico, prevista no artigo 70, pargrafo nico do CP: No poder a pena exceder a que seria

    cabvel pela regra do art. 69 deste Cdigo.

    Ateno!

    Se a soma das penas (sistema do cmulo material) for melhor para o ru, deve o

    juiz som-las. A isso se d o nome de concurso material benfico. O concurso continua

    formal, mas a pena aplicada como se fosse um concurso material (por ser mais benfico para

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    o ru). Da mesma maneira como no concurso material de crimes, no concurso formal tambm

    possvel se falar em concurso formal homogneo (crimes de mesma espcie) e concurso

    formal heterogneo (crimes de espcies distintas). E mais. H tambm concurso

    formal perfeito e concurso formal imperfeito. O concurso formal perfeito aquele no qual o

    juiz dever aplicar uma s pena, se idnticas as infraes, ou a maior, quando no idnticas,

    aumentada de um sexto at a metade em ambos os casos. Ocorre quando no h desgnios

    autnomos em relao a cada crime. Leia-se: haver concurso formal perfeito quando o

    agente pretendia mesmo praticar apenas um crime e com apenas uma ao ou omisso d

    causa a mais de um crime.

    Por outro lado, fala-se em concurso formal imperfeito quando, embora mediante

    uma ao ou omisso, havia por parte do autor desgnios autnomos para cada crime. Neste

    caso, as penas devero ser somadas.

    Art. 70, caput, segunda parte: (...) As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a

    ao ou omisso dolosa e os crimes concorrentes resultam de desgnios autnomos,

    consoante o disposto no artigo anterior.

    Saliente-se, por oportuno, que no h concurso formal imperfeito na conduta

    praticada em erro na execuo (aberratio ictus: uma modalidade de erro acidental, no

    excluindo a tipicidade do fato). Nela o agente com uma nica conduta pratica dois crimes,

    mas o segundo culposo, no h desgnio autnomo em pratic-lo. Nesta hiptese, o agente

    responde por concurso formal perfeito.

    Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuo, o agente, ao invs de

    atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse

    praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 3 do art. 20 deste Cdigo. No

    caso de ser tambm atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.

    70 (1 parte) deste Cdigo.

    Art. 20, 3, do CP - O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de

    pena. No se consideram, neste caso, as condies ou qualidades da vtima, seno as da

    pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

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    Por fim, tem-se o crime continuado. A continuidade delitiva pode ser genrica ou

    especfica. O artigo 71, caput, do Cdigo Penal indica a continuidade delitiva genrica com o

    seguinte texto: quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais

    crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras

    semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuao do primeiro (...).

    Reviso de D. Penal - I Classificao dos Crimes

    Crime Habitual: Trata-se de uma classificao autnoma, solitria, na qual de

    acordo com a conduta prevista o tipo penal exige uma prtica reiterada, habitual

    (habitualidade) da conduta para que haja consumao.

    Ex.: exerccio ilegal da medicina, arte dentria ou farmacutica art. 282 no qual o verbo

    exercer, o que exige uma prtica habitual, um nimo reiterado.

    Exerccio Ilegal da Medicina, Arte Dentria ou Farmacutica

    Art. 282 Exercer, ainda que a ttulo gratuito, a profisso de mdico, dentista ou

    farmacutico, sem autorizao legal ou excedendo-lhe os limites:

    Pena deteno, de seis meses a dois anos.

    Pargrafo nico Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se tambm multa.

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    Delinquncia habitual ou profissional: no se aplica o crime continuado ao

    criminoso habitual ou profissional, pois no merece o benefcio afinal, busca valer-se de

    instituto fundamentalmente voltado ao criminoso eventual. Note-se que, se fosse aplicvel,

    mais conveniente seria ao delinquente cometer vrios crimes, em sequncia, tornando-se sua

    profisso, do que faz-lo vez ou outra. No se pode pensar em diminuir o excesso punitivo

    de quem faz do delito um autntico meio de ganhar a vida. Convm expor a posio da

    jurisprudncia:

    STF: No se aplicam as regras do crime continuado ao criminoso habitual (HC

    101003-RS, 1 T., rel. Crmen Lcia, abril 2010).

    A descaracterizao da continuidade delitiva pela habitualidade criminosa justifica-se pela

    necessidade de se evitar a premiao de criminosos contumazes (constitui hbito, costumeiro,

    habitual), que acabam tornando-se profissionais do crime, inclusive com especializaes em

    determinadas modalidades delituosas (ROHC 93.144-SP, 1 T., rel. Menezes Direito,

    18.03.2008).

    Se os vrios crimes de estelionato forem praticados em datas distintas e contra vtimas

    diversas, restando patenteado o desgnio autnomo de cada uma das infraes, no h que se

    falar em continuidade delitiva, mas sim, em habitualidade criminosa (Ag. Em Execuo

    873.013.2/2, rel. Ren Nunes, 29.03.2006).

    Posicionamento isolado Mario Petrone

    Crime habitual continuado: diferente da hiptese retratada na nota anterior, que se

    refere ao criminoso que, habitualmente, pratica vrios delitos instantneos ou permanentes,

    possvel haver crime habitual em continuidade delitiva. Assim, o agente pode cometer um

    crime habitual ex.: manter casa de prostituio, havendo uma interrupo qualquer, seguida de

    outro delito habitual idntico, o que configuraria o crime continuado.

    Crime Permanente: aquele em que o momento de consumao se prolonga por

    determinado perodo de tempo, isto , ele se consuma com a simples privao da liberdade, e

    o estado de consumao se prolonga pelo tempo.

    Ex.: sequestro (art. 148 do CP), pois enquanto a pessoa estiver tendo a sua liberdade

    privada o crime estar em consumao. Importante lembrar que essa a razo pela qual o

    crime permanente permite a priso em flagrante a qualquer momento.

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    Diz-se ento que para esses crimes o momento de consumao se protrai, prolonga no tempo.

    Sequestro e Crcere Privado

    Art. 148 Privar algum de sua liberdade, mediante sequestro ou crcere privado:

    Pena recluso, de um a trs anos.

    [...]

    Confuso entre crime habitual, crime permanente, crime continuado.

    Trata-se de trs figuras absolutamente distintas. Crime continuado no

    classificao de crime, mas modalidade de concurso de crimes, e qualquer delito poder ser

    realizado dessa forma; uma forma de praticar infraes penais para considerar vrios crimes

    como um s, para efeito de aplicao da pena (art. 71 do CP). O crime permanente aquele

    em que o momento de consumao se prolonga pelo tempo. Por fim, o crime habitual, que

    aquele em que se exige uma prtica reiterada de atos para que se caracterize a conduta

    prevista e o tipo em abstrato ocorra. Nosso Cdigo adotou a teoria da fico jurdica: quando

    se constatam as condies acima ditadas, para efeito de pena, todos os crimes so

    considerados um s. Ressalte-se: consideram-se um s crime apenas para efeito de pena, j

    que se aplica a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave aumentada, se

    diversas.

    Ateno!

    Para efeito da aplicao da pena acolheu-se a teoria da fico (os vrios crimes perdem sua

    identidade, compondo infrao penal nica).

    No que toca aos requisitos que devem se fazer presentes para o reconhecimento da

    continuidade delitiva, temos:

    a) pluralidade de condutas,

    b) pluralidade de crimes da mesma espcie e

    c) elo de continuidade.

    A pluralidade de condutas exige condutas subsequentes e autnomas. O elo da

    continuidade se d pelas condies de tempo (de acordo com orientao majoritria h

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    14

    continuidade quando as infraes se distanciam uma da outra em at 30 dias), lugar (quando

    cometidos na mesma comarca ou vizinhas), maneira de execuo (modus operandi) e outras

    circunstncias semelhantes.

    Requisitos do crime continuado genrico:

    1) Pluralidade de condutas: Note-se que as condutas so subsequentes e autnomas.

    Ex.: vrios furtos cometidos de forma continuada pela mesma pessoa.

    2) Pluralidade de crimes da mesma espcie:

    Prepondera na atualidade a doutrina de que crimes da mesma espcie so crimes

    previstos no mesmo tipo penal.

    Ateno! Roubo (art. 157, caput) e latrocnio (art. 157, 3), seguindo essa doutrina, seriam

    da mesma espcie. Mas o STF tem jurisprudncia em sentido contrrio, argumentando que,

    apesar permanecerem ao mesmo tipo, possuem bens jurdicos distintos.

    3) Elo de continuidade: Que se d:

    Pelas condies de tempo (segundo a jurisprudncia atual, s existe crime

    continuado quando as infraes se distanciam uma da outra at trinta dias);

    Lugar (apenas os delitos cometidos na mesma comarca ou em comarcas

    vizinhas admitem o crime continuado);

    Maneira de execuo (mesmo modus operandi (maneira de agir), mesmos

    parceiros etc.) e

    Outras semelhantes (mesmo instrumento do crime, mesma regio da cidade etc.)

    Critrio para a fixao da pena no crime continuado genrico, comum ou simples:

    Na fixao da reprimenda no crime continuado genrico o juiz leva em conta uma

    s pena, se idnticas, ou a maior, quando no idnticas, aumentando-a de um sexto a dois

    teros. Para tanto leva em considerao, sobretudo o nmero de infraes. Quanto mais

    infraes, maior deve ser o aumento. Com relao ao crime continuado especfico (crimes

    dolosos, contra vtimas diferentes, cometidos com violncia ou grave ameaa a pessoa), vale

    dizer, est previsto no pargrafo nico do artigo 71 do CP, conta, alm dos requisitos

    supramencionados, com outros, rotulados como especializantes:

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    15

    1) crimes dolosos;

    2) praticados contra vtimas diferentes;

    3) cometidos com violncia ou grave ameaa pessoa.

    Obs.: os critrios para fixao da pena no crime continuado especfico:

    Nesse caso, o juiz segue o mesmo raciocnio do caput, mas o aumento pode ir de um

    sexto at o triplo.

    Art. 71 - Pargrafo nico - Nos crimes dolosos, contra vtimas diferentes, cometidos com

    violncia ou grave ameaa pessoa, poder o juiz, considerando a culpabilidade, os

    antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as

    circunstncias, aumentar a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se

    diversas, at o triplo, observadas as regras do pargrafo nico do art. 70 e do art. 75 do

    Cdigo Penal.

    Pargrafo nico do art. 70 No poder a pena exceder a que seria cabvel pela regra do art.

    69 deste Cdigo.

    Art. 75 O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade no pode ser superior a

    30 (trinta) anos.

    1 - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior

    a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite mximo deste artigo.

    2 - Sobrevindo condenao por fato posterior ao incio do cumprimento da pena, far-se-

    nova unificao, desprezando-se, para esse fim, o perodo de pena j cumprido.

    De acordo, com jurisprudncia do STF, Em caso de fuga do condenado do

    estabelecimento prisional, o limite de 30 (trinta) anos deve ser contado a partir do inicio do

    cumprimento da pena, e no de sua eventual recaptura. Em outras palavras, a fuga no

    interrompe a execuo da pena privativa de liberdade. Provoca apenas sua suspenso.

    Crimes da mesma espcie: h duas posies a esse respeito:

    a) so delitos da mesma espcie os que estiverem previstos no mesmo tipo penal.

    Nesse prisma, tanto faz sejam figuras simples ou qualificadas, dolosas ou culposas,

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    16

    tentadas ou consumadas. Assim: Hungria, Fragoso, Frederico Marques com a ressalva

    de que no precisam estar no mesmo artigo (ex.: furto e furto de coisa comum, arts. 155 e

    156 CP) - Damsio, Jair Leonardo Lopez embora admita, excepcionalmente, casos no

    previstos no mesmo tipo penal.

    Pacfico no STF: Continuidade delitiva dos crimes de roubo e furto. Impossibilidade.

    Espcies distintas.

    Furto e Roubo: Continuidade Delitiva

    A Turma reafirmou jurisprudncia da Corte no sentido de no haver continuidade

    delitiva entre os crimes de roubo e de furto. Em consequncia, indeferiu habeas corpus

    impetrado contra acrdo do STJ que, ao prover recurso especial, interposto pelo Ministrio

    Pblico estadual, reputara no configurada a continuidade delitiva entre os crimes de roubo

    majorado e de furto qualificado.

    No se admite a continuidade delitiva entre os crimes de furto qualificado e roubo majorado,

    uma vez que, apesar de estarem inseridos no rol dos crimes contra o patrimnio, so de

    espcies diferentes, o que afasta a aplicao do art. 71, caput, do Cdigo Penal. (Precedentes

    do STJ e do Pretrio Excelso). Recurso provido. (STJ 5 T. REsp. n 704.941-RS Rel.

    Min. Felix Fischer j. 07.04.05 v.u. DJU 30.05.05, pg. 411).

    Art. 155 Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel:

    Pena recluso, de um a quatro anos, e multa.

    Furto qualificado

    4 - A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido:

    I com destruio ou rompimento de obstculo subtrao da coisa;

    II com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

    III com emprego de chave falsa;

    IV mediante concurso de duas ou mais pessoas.

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    17

    Art. 157 Subtrair coisa mvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaa ou

    violncia a pessoa, ou depois de hav-la, por qualquer meio, reduzido impossibilidade de

    resistncia.

    2 - A pena aumenta-se de um tero at metade;

    Considerou-se que os referidos delitos so de espcies distintas, uma vez que o

    furto tem como bem jurdico violado somente o patrimnio, enquanto o roubo, crime

    pluriofensivo e complexo, ofende o patrimnio, a liberdade individual e a integridade fsica da

    vtima, o que afasta o nexo de continuidade e enseja a aplicao da regra do concurso

    material. Alguns precedentes citados: HC 70360/SP (DJU de 3.6.94); RE 85425/SP (DJU de

    15.4.77). HC 97057/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.8.2010. (HC 97057) corrente

    majoritria

    b) so crimes da mesma espcie os que protegem o mesmo bem jurdico, embora previstos em

    tipos diferentes. Neste sentido, Basileu, Fragoso, Delmanto, Paulo Jos da Costa Jr, Walter

    Vieira do Nascimento.

    Assim, seriam delitos da mesma espcie o roubo e o furto, pois ambos protegem o

    patrimnio. Apesar de ser amplamente majoritria na jurisprudncia a primeira, Jair Leonardo

    Lopez traz um importante ponto para reflexo. Imagine-se um balconista que, para fazer o

    lanche, durante vrios dias, deixa de colocar diariamente na gaveta R$ 2,00, de parte das

    vendas realizadas. Depois disso, durante vrios outros dias, aproveitando-se da ausncia do

    patro, tire da mesma gaveta R$ 2,00, para o mesmo fim. A primeira ao, que seria

    apropriar-se, est prevista no art. 168, 1, II, do Cdigo Penal, enquanto a segunda (furto)

    est prevista no art. 155, 4, II, do Cdigo Penal. justo que lhe seja considerada a

    existncia do crime continuado, pois a aplicao do concurso material seria extremamente

    severa.

    Art. 168, 1, II, do CP. Apropriar-se de coisa alheia mvel, de que tem a posse ou a

    deteno.

    Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

    1. A pena aumentada de 1/3 (um tero), quando o agente recebeu a coisa.

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    18

    II na qualidade de tutor, curador, sndico, liquidatrio, inventariante, testamenteiro ou

    depositrio judicial;

    Art. 155, do CP. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel:

    Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

    4. A pena de recluso de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime cometido:

    II com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

    Ateno!

    Confiana: um sentimento interior de credibilidade, representando um vnculo subjetivo de

    respeito e considerao entre agente e vtima. A simples relao empregatcia, por exemplo,

    no suficiente para configurar a relao de confiana, sendo indispensvel um vnculo

    subjetivo. Existindo pluralidade de agentes e sendo do conhecimento de todos a existncia de

    uma relao de confiana entre um dos agentes e vtima, esta ser concedida a todos os

    demais agentes.

    Fraude: a utilizao de artifcio, estratagema ou ardil (Manha; astcia) para vencer a

    confiana da vtima. Ou seja, criar uma situao que consiga enganar a vtima e facilitar ou

    permitir a subtrao da coisa por parte do sujeito ativo do delito. Ex.: Fazer-se passar por

    funcionrio da Fundao Nacional da Sade, em campanha de combate ao mosquito da

    dengue, para conseguir adentrar a casa da vtima e de l, sem que esta perceba, subtrair

    objetos.

    Segundo a jurisprudncia do STJ, o agente que, a pretexto de experimentar carro

    que pretende comprar, foge com ele, dever responder por furto mediante fraude (art.155,

    4, II, CP) e no estelionato, pois no caso, houve efetiva subtrao do bem.

    Escala: a penetrao no local do furto por meio que demanda um esforo incomum. No

    implica necessariamente subir, podendo estar configurada com a conduta de saltar fossos,

    rampas ou adentrar subterrneos.

    Destreza: a habilidade especial destinada a impedir que a vtima perceba a subtrao da

    coisa. o famoso batedor de carteira, pois muitas vezes consegui subtrair a coisa sem que a

    vtima sequer perceba que a conduta est sendo praticada.

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    Estupro e atentado violento ao pudor: no eram considerados crimes da mesma espcie,

    mas do mesmo gnero, motivo pelo qual no se configurava a continuidade delitiva,

    majoritariamente na jurisprudncia. Entretanto, com o advento da Lei 12.015/2009,

    unificaram-se as duas infraes penais (art. 213, estupro; art. 214, atentado violento ao pudor)

    em uma s figura tpica, intitulada estupro (art. 213). Portanto, no mais se pode impedir a

    continuidade delitiva entre eventos criminosos baseados no art. 213, pois, se ocorrerem, sero

    da mesma espcie.

    Note-se: alm dos requisitos acima mencionados, o crime continuado especfico possui mais

    trs especializantes:

    a) crimes dolosos,

    b) vtimas distintas e

    c) cometidos com violncia ou grave ameaa.

    Se o concurso de crimes for o crime continuado genrico o juiz aplicar o sistema

    da exasperao, aplicando a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se

    diversas, aumentada em qualquer caso, de um sexto a dois teros. No crime continuado

    especfico h varivel no aumento a ser aplicado: at o triplo. Finalmente, insta constar que as

    regras atinentes ao concurso de crimes so importantes necessria individualizao da pena,

    como forma de garantia dos direitos individuais do acusado, em obedincia aos preceitos

    constitucionais art. 5, inciso XLVI, da CF: a lei regular a individualizao da pena e

    adotar, entre outras, as seguintes: (...).

    1.4. Sistemas de Aplicao da Pena

    Cmulo Material (Art. 69 / Art. 70 2 parte):

    Determina a soma das penas aplicadas para cada um dos crimes, ou seja, ser feita

    a dosimetria da pena de cada crime separadamente e depois essas penas sero somadas.

    Exasperao (Art. 70 1 parte / Art. 71 CP):

    Caracteriza-se pela aplicao de uma s pena, qual seja a do crime mais grave, e

    essa pena ser aumentada de um certo valor determinado pela Lei.

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    20

    1.5. Espcies de Concurso de Crimes

    1.5.1. Concurso Material, tambm chamado de Real (Art. 69 do CP)

    a mais simples das modalidades de concurso de crimes, sendo tambm a mais

    obvia, j que o agente devera praticar cada crime atravs de uma conduta (ao ou omisso),

    sejam esses crimes idnticos ou no, sem se exigir qualquer outro requisito mais especfico.

    Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais

    crimes, idnticos ou no, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em

    que haja incorrido. No caso de aplicao cumulativa de penas de recluso ou de deteno,

    executa-se primeira aquela.

    1. Na hiptese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de

    liberdade, no suspensa, por um dos crimes, para os demais ser incabvel a substituio de

    que trata o art. 44 deste Cdigo.

    2. Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprir

    simultaneamente as que forem compatveis entre si e sucessivamente as demais.

    H pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. O agente, por meio de

    duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes, pouco importando se os fatos ocorrem ou

    no no mesmo contexto ftico.

    1.5.2. Espcies

    O concurso material pode ser homogneo ou heterogneo. Homogneo, quando os

    crimes so idnticos, e heterogneo, quando os crimes so diversos.

    Requisitos:

    Mais de uma conduta (ao ou omisso);

    Dois ou mais crimes (idnticos ou no).

    Aplicao da Pena:

    Sero somadas as penas e aplicadas cumulativamente (sistema do cmulo material).

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    21

    Obs.: a) Se forem aplicadas de forma cumulativa uma pena de recluso e outra de

    deteno executa-se primeiro a recluso e depois a deteno, j que a primeira permite os

    trs regimes de cumprimento de pena (fechado, semi-aberto e aberto) possibilitando assim

    que em certos casos o agente inicie o cumprimento da pena no regime fechado).

    b) Se houver converso da pena privativa de liberdade em duas ou mais penas restritivas

    de direito, elas podem ser cumpridas simultaneamente, se compatveis, ou

    sucessivamente, se incompatveis.

    De acordo com a natureza dos crimes praticados o Concurso Material pode ser:

    Homogneo: crimes idnticos (ex.: Furto + Furto)

    Heterogneo: Crimes diferentes (ex.: Homicdio + Furto)

    Art. 69, do CP Concurso material Quando o agente, mediante mais de uma ao ou

    omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, aplicam-se cumulativamente as penas

    privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicao cumulativa de penas de

    recluso e de deteno, executa-se primeira aquela.

    1.5.3. Momento adequado para a soma das penas

    Se houver conexo entre as infraes penais, com a consequente unidade

    processual, a regra do concurso material aplicada pelo juiz que profere a sentena

    condenatria. O magistrado, em respeito ao princpio constitucional da individualizao da

    pena, deve fixar, separadamente, a pena de cada uma das infraes penais. Em seguida, na

    prpria sentena, procede soma de todas elas. Caso, porm, no exista conexo entre as

    diversas infraes penais, sendo elas, consequente, objeto de aes penais diversas, as

    disposies inerentes ao concurso material sero aplicadas pelo juzo da execuo. Com o

    trnsito em julgamento das sentenas, todas as condenaes so reunidas na mesma execuo,

    e a se proceder soma das penas, na forma prevista no art. 66, III, a, da Leia de Execuo

    Penal (L.7.210/84).

    Lei de Execuo Penal (L.7.210/84)

    Art. 66. Compete ao Juiz da execuo:

    III - decidir sobre:

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    22

    a) soma ou unificao de penas;

    1.5.4. Imposio cumulativa de penas de recluso e deteno

    Se for imposta pena de recluso para um dos crimes e de deteno para o outro,

    executa-se inicialmente a de recluso (art. 69, caput, 2 parte, do CP).

    1.5.5. Cumulao de pena privativa de liberdade com restritiva de direitos

    O 1. do art. 69 do Cdigo Penal revela a possibilidade de se cumular, na

    aplicao das penas de crimes em concurso material, uma pena privativa de liberdade, desde

    que tenha sido concedido sursis, com uma restritiva de direitos.

    Definio de sursis art. 77 e ss. do CP

    Suspenso ou adiamento da sentena condenatria ou da execuo da pena com a

    finalidade de reeducar o criminoso, impedindo que delinquentes condenados a penas de

    reduzida durao fiquem privados da liberdade,

    restrio que se agrava pelo convvio com outros de maior periculosidade. Por lgica, tambm

    ser admissvel a aplicao de pena restritiva de direitos quando ao agente tiver sido imposta

    pena privativa de liberdade, com regime aberto para seu cumprimento, eis que ser possvel o

    cumprimento simultneo de ambas.

    1.5.6. Cumprimento sucessivo ou simultneo de penas restritivas de direitos

    De acordo com o art. 69, 2, do Cdigo Penal, o condenado cumprir

    simultaneamente as penas restritivas de direitos que forem compatveis entre si, e

    sucessivamente as demais. Admite-se, por exemplo, o cumprimento simultneo de prestao

    de servios comunidade e prestao pecuniria. Se forem, todavia, duas penas de limitao

    de final de semana, sero cumpridas sucessivamente.

    1.5.7. Concurso material e suspenso condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/1995),

    que dispe sobre os Juizados Especiais Cveis e Criminais.

    A suspenso condicional do processo somente admissvel quando, no concurso

    material, a somatria das penas impostas ao acusado preencha os pressupostos do art. 89 da

    Lei 9.099/1995. O total das penas mnimas, portanto, deve ser igual ou inferior a 1 (um) ano.

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    23

    1.5.8. Concurso Formal (Art. 70 do CP)

    Diferentemente do Concurso Material, o Concurso Formal decorre da prtica de

    uma nica conduta (ao ou omisso) por parte do agente, sendo que dois ou mais resultados

    tpicos se produzem, idnticos ou no. Estes resultados podem ter sido desejados

    individualmente pelo agente atravs de Dolos independentes, ou ser produto de um nico

    objetivo ao atuar, o que pode se dar atravs de um nico Dolo, ou mesmo atravs de uma

    conduta culposa que venha a gerar vrios resultados.

    Requisitos bsicos do Concurso Formal:

    Uma s ao ou omisso;

    Dois ou mais crimes (idnticos ou no);

    De acordo com a natureza dos crimes produzidos o Concurso Formal pode ser:

    Homogneo: crimes idnticos (ex.: Homicdio + Homicdio)

    Heterogneo: crimes diferentes (ex.: Homicdio + Leso corporal)

    Espcies de Concurso Formal:

    O concurso formal se divide em duas grandes espcies, sendo que isso se d de

    acordo com o nmero de objetos (desgnios) que o agente possui ao atuar. Como j dissemos,

    em certos casos esse, ou esses desgnios podem se referir a seu Dolo, mas em alguns casos

    podemos estar falando de seu objetivo de atuar culposamente, faltando com o cuidado

    crimes culposos (ex.: um nico objetivo de avanar um sinal e acabar atropelando duas

    pessoas).

    a) Concurso Formal Perfeito (Art. 70 1 parte)

    Modalidade mais comum e evidente de Concurso Formal, j que o agente atravs

    de sua nica conduta acaba produzindo dois ou mais resultados, porm ao agir possua um

    nico objetivo, que pode ser um nico dolo, ou mesmo uma conduta culposa. Dissemos que

    a forma mais evidente e comum de Concurso Formal, pois normalmente quando se prtica

    uma s conduta se tem em mente um s objetivo, uma nica finalidade. Assim fica mais fcil

    de guardar o nome desta modalidade de Concurso Formal, pois o normal, perfeito quando

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    24

    algum prtica uma s ao ou omisso ter um nico objetivo em mente, pois quando se

    quer vrios resultados o mais comum agir vrias vezes, praticando vrias condutas.

    Ex.: A querendo matar seu desafeto B dispara arma de fogo contra ele, atingindo-o,

    porm a bala acaba acertando tambm C que passava pelo local naquele momento.

    Ex.2: A querendo chegar mais cedo no trabalho avana um sinal de transito, mas acaba

    atingindo um carro que passava pelo cruzamento matando dois passageiros.

    Requisitos do Concurso Formal Perfeito:

    Uma s conduta (ao ou omisso) gerando vrios resultados.

    b) Unidade de desgnios, objetivos (ter em vista um s fim)

    Forma de aplicao de Pena no Concurso Formal Perfeito:

    Aplica-se a pena do crime mais grave aumentada de 1/6 a (Sistema da

    exasperao), se as penas forem iguais aplica-se uma s tambm aumentada.

    Obs.: No Concurso Formal Perfeito a pena aplicada no poder ser maior do que se fosse

    hiptese de Concurso Material, ou seja, se as penas fossem aplicadas separadamente e depois

    somadas Art. 70 pargrafo nico.

    c) Concurso Formal Imperfeito ou Imprprio (Art. 70 2 parte CP)

    Modalidade anmala de Concurso Formal de crimes, j que o agente embora

    realize uma s conduta e produza dois ou mais resultados, deseja, querer e tem a inteno

    (dolo) de produzir os vrios resultados (desgnios autnomos). Dissemos modalidade

    anmala, pois normalmente quando se quer produzir dois ou mais resultados, o comum

    praticar vrias aes. Assim fica mais fcil de guardar o nome desta modalidade de concurso

    de crime, pois pode-se dizer que algo imperfeito querer gerar dois ou mais resultados mas

    atuar uma s vez.

    Ex.: A querendo matar dois executivos de uma grande empresa explode uma bomba no

    carro em que eles se encontram.

    Requisitos do Concurso Formal Imperfeito:

    Uma s conduta (ao ou omisso) e vrios resultados.

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    25

    d) Possui desgnios autnomos, vontades independentes (dolos distintos), ou seja, a

    vontade consciente de obter fins diversos.

    Forma de aplicao de Pena no Concurso Formal Imperfeito:

    Aplica-se a pena como se fosse um concurso material, ou seja, somando-se as

    penas de cada um dos crimes praticados (sistema do Cmulo Material). Na verdade o

    fundamento para se aplicar as penas separadamente e somadas da mesma forma que ocorre no

    concurso material, est no fato de que se no concurso formal imperfeito o agente

    necessariamente possui vrios dolos independentes de gerar vrios resultados lesivos, no h

    diferena no grau de reprovabilidade de se querer vrios resultados e atuar vrias vezes

    (concurso material), ou de querendo vrios resultados se praticar uma nica conduta.

    1.5.9. Crime Continuado (Art. 71 do CP)

    Modalidade de concurso de crimes que tem como principal objetivo evitar a

    aplicao do Concurso Material e sua forma de aplicao da pena (soma Cmulo Material),

    para evitar penas muito altas e desproporcionais gravidade dos fatos praticados. Na verdade,

    o crime continuado surge em situaes que inicialmente poderiam gerar o concurso material

    de crimes, pois decorre da prtica de vrias condutas pelo agente gerando assim vrios

    resultados, vrios crimes. Porm, se percebeu que muitas vezes, de acordo com certas

    caractersticas especficas inerentes situao concreta, ficaria desproporcional aplicar penas

    em somatria, j que o agente repete as condutas em um processo contnuo, de continuidade,

    sempre com caractersticas muito semelhantes, principalmente no que tange s circunstncias

    de tempo, lugar e modo de execuo dos fatos.

    Surge assim a ideia de se ignorar que na verdade o agente realizou vrios crimes e

    cria-se o instituto do Crime Continuado, para que se considere, atravs de uma fico jurdica,

    que estes vrios crimes, que devem ser da mesma espcie, sejam considerados e tratados

    como um nico crime, realizado em continuidade, para efeitos de aplicao da pena.

    Requisitos do Crime Continuado:

    O agente realiza varias aes ou omisses produzindo vrios crimes

    Todos os crimes devem ser da mesma espcie.

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    26

    Obs.: De acordo com posicionamento dominante no STJ e no STF crimes de mesma

    espcie so aqueles presentes no mesmo artigo de Lei, independentemente se nas formas

    simples, qualificadas aumentadas ou privilegiadas previstas em seus pargrafos ou incisos.

    (Ex.: Um Furto simples Art. 155 caput + Furto privilegiado Art. 155, 2)

    H posicionamento divergente afirmando que crimes de mesma espcie se refere

    ao mesmo bem jurdico tutelado (Ex.: crimes contra honra). Circunstncias de tempo, lugar e

    modo de execuo semelhantes, o que no significa idnticas, mas apenas parecidas. (Ex.:

    uma caixa de supermercado que todo dia, no horrio de almoo da gerente, subtrai pequenas

    quantias de dinheiro, no mesmo caixa em que trabalha.)

    Obs.: Embora no haja previso legal para isso, o limite mximo entre cada uma das

    condutas realizadas de 30 dias para que se reconhea o Crime Continuado, caso contrario,

    passando mais 30 dias entre uma e outra ao aplica-se normalmente o Concurso Material e a

    somatria das penas independentemente de cada crime. (Majoritria STF)

    Espcies de Crime Continuado:

    Comum (Art. 71 caput, CP):

    Nada mais do que a prpria definio bsica do crime Continuado de acordo

    como os requisitos fundamentais desta modalidade de concurso de crimes, quais sejam:

    A pluralidade de condutas;

    Crimes de mesma espcie, ou mesmo crimes iguais;

    Circunstncias (tempo/lugar/modo de execuo) semelhantes.

    Formas de aplicao da Pena:

    Aplica-se a pena de um s dos crimes, qual seja o mais grave (se houver mais

    grave) aumentada de 1/6 a 2/3. (sistema de exasperao). Estes valores de aumento sero

    apurados de acordo com o nmero de crimes que o agente realizou, ou seja, quanto maior o

    nmero de crimes maior deve ser o aumento da pena.

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    Especfico (Art. 71, pargrafo nico)

    Alm dos requisitos bsicos descritos acima para o Crime Continuado Comum deve-se

    preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos especficos:

    Todas as condutas devem ser dolosas (no cabe em crimes culposos).

    Pluralidade de vtimas

    Emprego de violncia ou grave ameaa pessoa em todas as condutas.

    Formas de aplicao da Pena:

    Aplica-se a pena de um s dos crimes aumentada de at o TRIPLO (de acordo com

    STF o mnimo deve ser tambm de 1/6).

    Obs.:

    O valor da pena aumentada no se pode exceder a pena que seria aplicada no Concurso

    Formal Perfeito (Art. 70, pargrafo nico).

    Smula do STF inerente ao Crime Continuado:

    Smula 605 STF perdeu aplicao, em face do Crime Continuado Especfico, logo

    nada impede que se aplique o Crime Continuado (Art. 71, pargrafo nico) crimes

    de Homicdio. (Ex.: Serial Killer)

    Smula 711 STF A Lei penal mais severa aplica-se ao Crime Continuado quando

    surgir entre a realizao das condutas criminosas realizadas em continuidade.

    Ex.: A prtica um Furto hoje, e outro 15 dias depois em continuidade delitiva, s que entre

    um crime e outro vem uma Lei nova que aumenta a pena do Furto. Neste caso a pena a ser

    aplicada ser a nova pena mais grave aumentada de acordo com as regras do crime

    continuado.

    Smula 723 STF No cabe suspenso condicional do processo (Lei n 9.099/95) se

    em hiptese de crime continuado a pena mnima (abstrata) do crime aumentada do

    mnimo referente ao concurso de crimes (1/6) ultrapassar 1 ano.

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    Crime Continuado # Crime Permanente # Crime Habitual

    No se pode confundir o Crime Continuado, que apenas uma modalidade de

    concurso de crimes, ou seja, uma forma especfica de se aplicar a pena quando uma agente

    realiza vrios crimes de acordo com certos requisitos, com Crime Permanente e com Crime

    Habitual, que so classificaes de crime, ou seja, classificaes dadas a certos crimes

    previstos abstratamente na legislao penal, devido a suas caractersticas estruturais. No

    existe um crime continuado, mas apenas a forma de cometer vrios crimes em continuidade,

    ou seja, a modalidade de concurso entre crimes chamados de Crime Continuado. Porm,

    podemos dizer que h certos Tipos Penais que so crimes permanentes, pois sua

    consumao ocorre e permanece durante certo perodo de tempo. (Ex.: Sequestro Art. 148

    do CP), e tambm podemos dizer que h certos Tipos Penais que so crimes habituais, pois

    para que se caracterize a conduta narrada no Tipo se exige que o agente realize vrios atos de

    forma reiterada e habitual. (Ex.: Exerccio Ilegal da Medicina Art. 282 do CP)

    6. Concurso de Crimes em Pena de Multa (Art. 72 do CP)

    No que tange a pena de multa, estas so aplicadas distinta e integralmente para

    cada crime, mesmo sendo hiptese de Concurso Formal Perfeito ou Crime Continuado. Logo,

    a regra para penas de multa sempre que se faa o clculo de cada multa separadamente, para

    que depois estas sejam somadas e seus valores cobrados integralmente do condenado.

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    MAPA MENTAL CONCURSOS DE CRIMES

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