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Paiva Netto alerta para a ”Covardia contra crianças“ e afirma:“Fechar os olhos para a violência contra as crianças e seus cruéis desdobramentos é uma

barbaridade ainda muito presente no mundo” (leia na íntegra na p. 8)

eNcarte esPecial BOA VONTADE reúne especialistas para analisar a nova realidade do Terceiro Setor

LBV compartilha expressivos resultados das Pedagogias do Afeto e do Cidadão Ecumênico em conferência nas Nações Unidas

ANO 58 • No 237• R$ 7,90

64 anos

CardosoLauraAmor à vida, humildade e alegria: marcas que mantêm a jovialidade desta dama do teatro e da televisão, aos 87 anos

App gratuito da revista

BOA VONTADE

educação em debate

temPlo da boa voNtade Comemorações históricas de Fé, Emoção e Paz no dia 8/11/2014, em Brasília/DF

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DIA 8 De novembro De 2014

Paiva netto celebra com o povo em brasília/DF:

Alziro Zarur e Paiva Netto: amizade firmada em Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista.

• Alziro Zarur (1914-1979)Centenário de nascimento do saudoso Proclamador da Religião do Amor Universal

Duas décadas do Fórum Irrestrito e Ecumênico (1994-2014)

• Parlamundi da Lbv

• Proclamação da religião de Deus, do Cristo e do espírito Santo

41 anos de Fraternidade Real(1973-2014)

TBV: SGAS 915, Lotes 75 e 76, Brasília/DF. Tel.: (61) 3114-1070 • www.tbv.com.br

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25anos

Templo da boa vontadeJubILeu De PrATA

Inscreva-se já nas Caravanas da boa vontade! Informações nas Igrejas ecumênicas da religião Divina

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(1989-2014)

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34 Ruth de Souza: Referência, simpatia e pioneirismo. Na foto, com o saudoso Grande Otelo.

15DOmiNgOs meiRelles

Eleito novo presidente da ABI

13cacá diegues

Trajetória na vida e no cinema

13luciNhA ARAújOOs parabéns por

mais um aniversário

16RONNie vONé tema de biografia

14NAthAliA timbeRg

60 anos de carreira em obra literária

14mAuRiciO De sOusA

Poesia de cordel

12lAuReNtiNO gOmes

Edição revista e ampliada de 1808

18celsO ANtuNes

escreve Sala de aula e

futebol

17mARy Del pRiORe

História do sobrenatural e do

espiritismo

Sumário

8 cOvARDiA cONtRA cRiANçAsPaiva Netto

12 cARtAs, e-mAils, livROs e RegistROs

21 OpiNiãO — espORte por José Carlos Araújo

Racismo nunca mais!

22 ARte e cultuRA Laura Cardoso — exemplo de talento e trabalho

29 OpiNiãO — eDucAçãO por Arnaldo Niskier

A história do vocabulário

30 sAmbA & históRiA por Hilton Abi-Rihan Sururu na Roda — Deu samba!

34 AbRiNDO O cORAçãO Ruth de Souza — Referência e pioneirismo

38 iNteRNAciONAl — empODeRAmeNtO DAs mulheResAtuação da LBV para igualdade de gêneros

44 lbv NA ONu• Educação e sustentabilidade (p. 44)

• Desafios do futuro (p. 50)

56 cOmpORtAmeNtO Quando a ansiedade compromete o seu bem-estar

64 AçãO jOvem lbv Globalização do Amor Fraterno de Jesus

72 empReeNDeDORismOConexão Empresarial

8 Paiva Netto escreve: Covardia contra crianças

4 BOA VONTADE

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73 No encarte especial, os drs. Airton Grazzioli, José Eduardo Sabo Paes e Marcelo Henrique dos Santos escrevem sobre a nova realidade do Terceiro Setor (páginas de 73 a 87)

18betO juNqueyRA

Visita à LBV

116Mal de Alzheimer:

O que fazer para prevenir a doença

que pode triplicar em números de casos

até 2050

21jOsé cARlOs ARAújO

Racismo nunca mais!

29ARNAlDO NiskieR

A história do vocabulário

72máRciO utsch

Palestra no Conexão Empresarial

72pAulO cesAR De

OliveiRAPromove evento

em BH

88NelsON leite

Abradee premia as melhores do setor

energético

73 teRceiRO setOR — eNcARte especiAl• A nova realidade do Terceiro Setor (p. 74)

• Articulação social (p. 84)

• Capacitação e menos burocracia (p. 87)

88 RespONsAbiliDADe sOciAlAbradee premia as melhores

92 eDucAçãO em DebAte Mobilização como estratégia de aprendizagem

103 iNclusãO pRODutivA LBV capacita jovens e adultos para o mercado de trabalho

106 liteRAtuRA23a Bienal Internacional do Livro de São Paulo

112 OpiNiãO — míDiA AlteRNAtivA por Carlos Arthur Pitombeira

Na agenda dos próximos quatro anos

116 sAúDeSerá Alzheimer?

122 melhOR iDADe• O mundo cada vez mais grisalho (p. 122)

• Crise, Aquífero e a urgente atitude (p. 126) por Walter Periotto

128 sOlDADiNhOs De Deus

130 ApReNDeNDO pORtuguês por Adriane Schirmer

Onde estão os meus óculos?

Canais da LBV na internetwww.lbv.org.br

Facebook: LBV Brasil

Twitter: @LBVBrasil

Youtube: LBV Videos

Orkut: LBV

Flickr: flickr.com/lbvbrasil

44 LBV coordena painel temático na sede da Organização das Nações Unidas

BOA VONTADE 5

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Ao leitor

Sempre em foco na Legião da Boa Vontade, o compromisso com a qualidade na educação firma-da na Espiritualidade Ecumênica é pauta de duas importantes reportagens desta edição, além de ser destaque na entrevista com a consagrada atriz Laura Cardoso, capa deste número e um exemplo de talento e trabalho. A primeira aborda a partici-pação da LBV na 65a Conferência Anual de ONGs do Departamento de Informação Pública (DPI, na sigla em inglês) das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos, em agosto. Na oportunidade, a Instituição colaborou para a elaboração de uma “Agenda de Ação” que mobilize as negociações das metas de desenvolvimento pós-2015, conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A LBV realçou a necessidade de se pro-mover educação para impulsionar o exercício da cidadania plena, preparando as futuras gerações para ser protagonistas de uma sociedade solidária e sustentável.

No outro texto, discorre-se sobre o 13o Congres-so Internacional de Educação da LBV, realizado na capital paulista, de 30 de julho a 1o de agosto. Por meio de palestras e oficinas pedagógicas, o tema do encontro, “Mobilização como estratégia de aprendizagem: uma visão além do intelecto”, foi debatido com o público presente sob diversos aspectos, dando-se resposta a problemas antigos na área, entre os quais o analfabetismo funcional e a falta de interesse dos alunos pelos conteúdos transmitidos.

Também em prol da infância e da juventude, o diretor-presidente da LBV, jornalista, escritor e radialista José de Paiva Netto, faz esta contundente advertência ao comentar o relatório “Ocultos à ple-na luz”, do Fundo das Nações Unidas para a Infân-cia (Unicef), divulgado em 4 de setembro: “Fechar os olhos para a violência contra as crianças e seus cruéis desdobramentos é uma barbaridade ainda muito presente no mundo”. Para ele, sem o res-peito aos direitos fundamentais das crianças e dos jovens não haverá futuro para as nações. “E não se cresce, material e espiritualmente saudável, sem afeto, sem Amor Fraterno”, completa.

Na seção “Comportamento”, importante alerta: vivemos atualmente em uma sociedade urgente, rápida e ansiosa. Por isso, a matéria mostra o que fazer para não deixar a ansiedade prejudicar a vida diária da pessoa.

Boa leitura!

Revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica

BOA VONTADE é uma publicação da LBV, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18166 no livro “B” do 9o Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo.DireTor e eDiTor-reSponSável: Francisco de Assis Periotto — MTE/DRTE/RJ 19.916 JPChefe De reDAção: Rodrigo de Oliveira — MTE/DRTE/SP 42.853 JPCoorDenAção gerAl De pAuTA: Gerdeilson Botelho

SuperinTenDênCiA De mArkeTing e ComuniCAção: Gizelle Tonin de AlmeidaJornAliSTAS ColAborADoreS eSpeCiAiS: Airton Grazzioli, Arnaldo Niskier, Carlos Arthur Pitombeira, Daniel Borges Nava, Hilton Abi-Rihan, José Carlos Araújo e Paulo Kramer.equipe elevAção: Adriane Schirmer, Cida Linares, Diego Ciusz, Giovanna Pinheiro, Leila Marco, Leilla Tonin, Mariane de Oliveira Luz, Mário Augusto Brandão, Neuza Alves, Paulo Azor, Silvia Fernanda Bovino, Valéria Nagy, Vivian R. Ferreira, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista e William Luz.proJeTo gráfiCo e CApA: Helen WinklerDiAgrAmAção: Diego Ciusz, Felipe Tonin e Helen WinklerimpreSSão: Mundial GráficaCréDiTo DA foTo De CApA: Vivian R. Ferreira

enDereço pArA CorreSponDênCiA: Rua Doraci, 90 • Bom Retiro • CEP 01134-050 • São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 • CEP 01216-970 • Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected] revista boA vonTADe não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados. A publicação obedece ao elevado propósito de estimular o debate dos temas relevantes brasileiros e mundiais e de refletir as tendências do pensamento contemporâneo.

A N O 5 8 • N o 2 3 7 • M A I / J U N / J U L / A G O 2 0 1 4

Tiragem: 50 mil exemplaresEdição fechada em 27/9/2014

Reflexão de BOA VONTADEPara que nosso planeta sobreviva aos efeitos de

tanta ganância pelos séculos, verdade seja dita, temos visto notáveis esforços de pesquisadores e de cidadãos engajados na melhora da qualidade de vida por todo o globo. Aliados às iniciativas que buscam a alimentação saudável, por intermédio da agricultura orgânica, meios de transporte alternativos e a proteção do meio ambiente, pela reciclagem e pelo tratamento racional do lixo e apro-veitamento das águas da chuva, excelentes trabalhos de cientistas e outros estudiosos prometem bons resultados no curto e no longo prazo. Por exemplo, é intensa a pes-quisa na área energética, sobretudo em relação a fontes renováveis e limpas: biocombustível, biomassa, energia azul, energia geotérmica, energia hidráulica, hidreletri-cidade, energia solar, energia maremotriz, energia das ondas e energia eólica, além de outros objetos de estudo pouco conhecidos e aqueles que nem mesmo sabemos ainda que serão descobertos. A Fé é o combustível das Boas Obras.

Paiva Netto

6 BOA VONTADE

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Covardia contra crianças

Covardia contra

crianças

8 BOA VONTADE

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José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

É diretor-presidente da LBV.

Fechar os olhos para a violência contra as crianças e seus cruéis desdobramentos é uma barbaridade ainda muito presente no mundo.

É o que nos mostra o relatório do Fundo das Na-ções Unidas para a Infância (o Unicef) “Ocultos à plena luz”, divulgado no dia 4 de setembro deste ano.

Segundo esse órgão internacional: “É a maior compilação de dados jamais realizada sobre violência contra a criança”. O trabalho, com núme ros coletados em 190 países, detalha as terríveis e duráveis consequências de agressões sofridas na fase infantojuvenil. As vítimas, pos-teriormente, se tornam adultos mais propensos a ficar sem emprego, a viver na pobreza e a manifes-tar comportamento agressivo. E aqui um ponto que deve ser levado em alta consideração. Os pesqui-sadores observam que o estudo diz respeito apenas aos indivíduos que puderam e quiseram responder aos questionamentos. Ou seja, as estimativas le-vantadas refletem pequena parte do problema.

Isso ocorre, porque as comu-nidades, as escolas, os lares não cumprem devidamente suas obri-gações com os pequeninos. O dr. Anthony Lake, diretor-exe- Anthony Lake

Divu

lgaç

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BOA VONTADE 9

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Covardia contra crianças

cutivo do Unicef, é contundente: “São situações desconfortáveis — nenhum governo ou pai ou mãe quer vê-las”. No entanto, como ele mesmo enfatiza, devemos en-carar os fatos se quisermos mudar a mentalidade que acha normal e permissível essa violência diária, em todos os lugares. E completa: “Embora a maior prejudicada seja a criança, também dilacera o tecido da sociedade, minando a estabilidade e o progresso. Mas essa violência não é inevitável. Pode ser prevenida — desde que nos recusemos a deixar que ela permaneça nas sombras”.

Alguns dos índices apontados pela pesquisa, em contextos mun-diais, nos dizem que crianças e

Ilust

raçã

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V.

Jesus, no Evangelho, segundo Mateus, 19:14, apresentou-se como Segurança Divina para as crianças: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeçais, porque deles é o Reino dos Céus”.

adolescentes com menos de 20 anos representam um quinto das vítimas de homicídio, o que re-sulta em perto de 95 mil mortes em 2012; cerca de 120 milhões de meninas com menos de 20 anos (aproximadamente uma em cada dez) foram forçadas a ter relações sexuais ou a praticar outros atos sexuais; e pouco mais de um em cada três estudantes entre 13 e 15 anos são vítimas frequentes de bullying na escola.

Que providências tomarO Unicef indicou estratégias

para que toda a sociedade, desde as famílias aos governos, possa trabalhar para reduzir tamanha tra-gédia. Elas incluem “prestar apoio

aos pais e desenvolver na criança habilidades de vida; mudar atitu-des; fortalecer sistemas e serviços judiciais, criminais e sociais; e gerar evidências e conscientização sobre violência e seus custos hu-manos e socioeconômicos, visando à mudança de atitudes e normas”.

Dentre as numerosas frentes de trabalho da Legião da Boa Vontade, cuidar bem das crianças é uma de suas mais relevantes e reconhecidas ações. Tenho gran-de esperança na semeadura que fazemos há mais de 64 anos nos corações humanos e espirituais. A Pedagogia do Afeto e a Peda-gogia do Cidadão Ecumênico, que desenvolvemos na rede de ensino da LBV, com o apoio do povo, possuem elevados propó-sitos de salvaguardar a infância e a juventude em risco social. A evasão escolar nas unidades da LBV tem índice zero, informa a diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP, a doutoranda em Educação Suelí Periotto.

Não se tem qualquer garantia de futuro melhor para as nações sem respeito aos direitos funda-mentais das crianças e dos jovens. E não se cresce, material e espi-ritualmente saudável, sem afeto, sem Amor Fraterno.

Cumprir com acerto as res-ponsabilidades que nos cabem é atender ao alertamento de Jesus, o Cristo Ecumênico, portanto, universal. No Seu Evangelho, segundo Mateus, 19:14, Ele diz: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeçais, porque deles é o Reino dos Céus”.

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Antônio Ermírio de Moraes (1928-2014)

Um ser humano bom

[email protected]

www.paivanetto.com

Antônio Ermírio de Moraes (1928-2014), empresário, pre-sidente de honra do Grupo Vo-

torantim e engenheiro metalúrgico, formado pela Colorado School of Mines. Mas, acima de tudo, foi um ser humano de nobres ideais, que promoveu iniciativas em prol das comunidades menos favorecidas. Ele voltou à Pátria Espiritual no dia 24 de agosto (domingo), em São Paulo/SP, deixando-nos louváveis exemplos.

Em 1996, por seu empenho às causas humanitárias, recebeu do ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, na categoria Indústria e Comércio. Sua proximidade com o pensamento altruísta ficou bem evidente em

entrevista que concedeu, certa vez, à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, internet e publicações): “Todo homem responsável desta nação tem de deixar de ser egoísta. Ele tem de se preocupar com uma coisa chamada Humanidade. Tem de se preocupar com seus vizinhos, com as suas aflições, com seus problemas, procurar dar-lhes a mão, ajudá-los com esse espírito comunitário que estamos lançando no Brasil. Sempre que puder, teremos imenso prazer em ajudar a LBV”.

Incentivador da cultura, es-creveu e produziu peças teatrais, destacando os desafios brasileiros. Nessa mesma linha, em 2006, lançou o livro Acorda, Brasil!.

Com satisfação, guardo exemplar autografado pelo ilustre autor: “A José de Paiva Netto, com apreço do Antônio Ermírio de Moraes”.

Fernando Pessoa (1888-1935), notável vate português, com ilumi-nada inspiração retratou: “A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto”. Portanto, conscien-tes dessa verdade, desejamos ao Espírito Eterno Antônio Ermírio de Moraes votos de muita Paz onde estiver, no Mundo Espiritual.

Aos seus familiares e amigos, particularmente à sua esposa, dona Maria Regina Costa de Moraes, e aos nove filhos do casal a solida-riedade dos Legionários da LBV.

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ton

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Cartas, e-mails, livros e registros

O trabalho realizado pelo jornalista Paiva Netto é muito louvável, razão por que nós, pela segunda vez consecutiva, reco-nhecemos os esforços dele como profissional da Comunicação. A LBV tem uma ação excelente em todo o Brasil e em outros países de suma importância, principalmente para as pessoas menos favoreci-das e para os que buscam uma palavra de conforto espiritual. Os artigos de Paiva Netto trazem Paz, Amor, Fraternidade. Curvelo é brindada com a participação dele na condição de colunista. Ele tem engrandecido o nosso trabalho e sido elogiado por parte da popu-lação da cidade e região. (Geraldo Magela, jornalista e radialista, ao comentar homenagem feita ao dirigente da LBV com a entrega do prêmio 7o Mérito Radiofônico João Guimarães Rosa, do jor-nal E Agora?, de Curvelo/MG, periódico do qual é diretor.)

Meus agradecimentos pela revista [BOA VON-TADE 236], cujas re-portagens enriquecem

meus sentimentos. (...) Sobre [o arti-go “Deus, Brasil e

globalização*”], como sempre, Paiva Netto, muito inspi-rado pela Espiritualidade Superior, nos traz essa excelente mensagem como um refrigério para o nosso espírito. Abraços fraternais. (João Baptista do Valle, membro do Con-selho Deliberativo da Federação Espírita do Estado de São Paulo.)

No dia 31 de agosto, o historiador e escritor Laurentino Gomes relançou, na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, seu best-seller 1808 (Globo Livros), em edição revista e ampliada. Nele, traz um capítulo inédito, com informações até hoje pouco conhecidas sobre a criação do Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, em dezembro de 1815.

Na ocasião, ainda foi apresentada a versão em e-book do título, pela primeira vez acessível ao público brasileiro. Cabe destacar que, em 2008, a obra recebeu o Prêmio ABL de Ensaio, Crítica e História Literária, da Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Jabuti de Literatura nas categorias “Reportagem” e “Livro do Ano Não Ficção”.

Laurentino, que escreveu igualmente 1822 e 1889, dedicou um exemplar da recente edição de 1808 ao dirigente da LBV, no qual registrou: “Para Paiva Netto, com um afetuoso abraço e gratidão do autor”.

1808, de Laurentino Gomes, ganha edição

revista e ampliada

Vivia

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Laurentino Gomes em sessão de autógrafos da nova edição da obra literária 1808.

Fico satisfeita em saber que a LBV instrui a nova geração sobre a importância da preservação desse elemento tão precioso: a água. Para-béns! (Leni Cedro, Cabo Frio/RJ.)

É maravilhoso saber que aqueles que representam o futuro estão sen-do preparados e conscientizados desde pequeninos. Parabéns às crianças lindas e inteligentes da

*O artigo “Deus, Brasil e globalização” pode ser encontrado na internet (no site www.paivanetto.com).

12 BOA VONTADE

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Com 74 anos de idade e 52 de carreira, Cacá Die-gues, um dos fundadores do Cinema Novo — movimento que deu início a uma nova maneira de filmar e pensar o Brasil, com foco na realidade nacional e uma linguagem adequada à situação social do período —, apresentou ao público, em 12 de agosto, a autobiografia Vida de cinema — Antes, durante e depois do Cinema Novo (Editora Objetiva). O ato ocorreu na capital fluminense e reuniu personalidades, leitores e amigos do autor.

Na obra, ele conta sua trajetória de sucesso no ci-nema, passando pela infância em Alagoas até o triunfo no Festival de Cannes. O livro é um relato das últimas cinco décadas do Brasil pela voz de Diegues, que traça o panorama de uma época marcada pela modernização do país na década de 1950, pela efervescência cultural dos anos 1960 e pelo processo de redemocratização.

No evento de lançamento do título, o autor encami-nhou um exemplar deste ao dirigente da LBV, no qual escreveu a seguinte dedicatória: “Para Paiva Netto, com o meu abraço”.

Cacá Diegues e a trajetória na vida e

no cinema

Em livro autobiográfico, Cacá Diegues também expõe memórias sobre o cinema brasileiro.

LBV e à Instituição pelo grande trabalho humanitário. (Jandira Maria Pereira, São Paulo/SP.)

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É com muito orgulho que agradeço pelo livro Jesus, o Profeta Divino, cuja leitura do

virtuoso ensinamento me enri-quece profundamente. Sinto--me esclarecido e confortado.

Estudantes do Centro Educacional da Legião da Boa Vontade, situado em Del Castilho, Rio de Janeiro/RJ, visitaram, em 7 de agosto, a Sociedade Viva Cazuza, no bairro Laranjeiras, zona sul da capi-tal fluminense. Na oportunidade, parabenizaram a fundadora da organização e amiga de Boa Vontade, Lucinha Araújo, pelo aniversário dela.

Durante o encontro, a garotada percorreu as dependências da entidade, que ampara crianças e adolescentes portadores do vírus da aids, bem como teve contato com o acervo do cantor e compositor Cazuza (1958-1990), filho de Lucinha. Ela, por sinal, ao receber um buquê de flores das alunas atendidas pela Instituição, disse: “Conheço o traba-lho da LBV. Sei que também é um trabalho lindo”.

Alunos atendidos pela LBV

parabenizam Lucinha Araújo

Crianças atendidas pela LBV são recebidas pela presidente da Sociedade Viva Cazuza, Lucinha Araújo. Ao fim da visita, a anfitriã foi homenageada pela passagem de seu aniversário.

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BOA VONTADE 13

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Para marcar seus 85 anos de vida — 60 deles dedicados à carreira artística —, Nathalia Timberg lançou, em 23 de setembro, sua biografia, escrita pelo jornalista Cacau Hygino. A noite de autógrafos do livro Nathalia Timberg — Momentos (Editora M.Books) ocorreu no bairro de Copacabana, na zona sul da capital fluminense, reunindo personalidades, artistas consagrados, amigos da artista e leitores.

A obra narra fatos marcantes na vida da atriz, entre os quais o início no teatro, nos anos 1930, quando ainda era menina, e os inúmeros papéis na televisão.

Os autores dedicaram um exemplar da obra ao diretor-presidente da LBV, com as seguintes mensa-gens: “Para Paiva Netto, um grande abraço. Nathalia Timberg” e “Querido Paiva Netto, com carinho. Cacau”.

Que tal passear pela história de nosso país de maneira bem divertida? Essa é a proposta do livro O Brasil no papel em poe-sia de cordel (Editora Melhoramentos), de Mauricio de Sousa e Fábio Sombra, lançado no dia 23 de agosto, em São Paulo/SP. Nele, os famosos personagens da Turma da Mônica viajam pelo território nacional para conhecer os costumes e as tradições de vários Estados, retratando as belezas e a diversidade cultural brasileiras por intermédio da literatura de cordel.

Por ocasião do lançamento, Mauricio de Sousa concedeu entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, rádio, internet e publicações) e dedicou um exemplar da obra às meninas e aos meninos atendidos pela Legião da Boa Vontade, no qual regis-trou a seguinte mensagem: “Às lindas crian-ças da LBV, com todo o carinho. Mauricio”.

60 anos de carreira da atriz

Nathalia Timberg

Mauricio de Sousa e Fábio Sombra:

poesia de cordel

Escrito pelo jornalista Cacau Hygino, o livro narra importantes momentos da vida de Nathalia Timberg.

O cartunista Mauricio de Sousa exibe exemplar de livro produzido de parceria com o escritor Fábio Sombra.

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Cartas, e-mails, livros e registros

Que o Grande Arquiteto do Universo mantenha Paiva Netto fazendo transbor-dar tamanha sabedoria, dádiva que muito enobrece o ser humano. (Elias Corrêa de Menezes, Santa Luzia/MG.)

14 BOA VONTADE

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O reality show American Chopper, transmitido pelo canal de TV Discovery Channel, transformou a Orange County Choppers em uma das mais famosas fabricantes de motos customizadas do mundo. Em 24 de agosto, na oficina e set de gravação dos episódios do programa, na cidade de Newburgh, Estado de Nova York, EUA, o fundador da marca, Paul Teutul Senior, teve a oportunidade de conhecer um pouco do trabalho da Legião da Boa Vontade.

Na referida data, o empresário recebeu a visi-ta de representantes da LBV dos Estados Unidos, que lhe entregaram lembranças confeccionadas por alunos do Conjunto Educacional Boa Von-tade, localizado na capital paulista. Feliz com a singela homenagem, ele agradeceu e afirmou: “Vou expô-las na parede de meu escritório”.

Fundador da Orange County Choppers recebe homenagem da LBV

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O jornal ista Domingos Meirelles foi eleito presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) pela Chapa Vladimir Herzog. Pela primeira vez na história da entidade, um repórter assume a Presidência da Casa dos Jornalistas.

Duas chapas concorreram à eleição. A Chapa Vladimir Herzog teve 218 votos e a Chapa Prudente de Morais, neto 147, sendo apurados dois votos nulos. O pleito foi realizado em seis capitais — Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Maceió, Brasília e São Luís.

No maior colégio eleitoral da entidade, no Rio de Janeiro, com 303 eleitores, a Chapa Vladimir Her-

zog conquistou 167 votos e a Prudente de Morais, neto, 134. Após a apuração dos votos, o presidente da Mesa Diretora, Marcus Miranda, proclamou a vitória da Chapa Vladimir Herzog.

Este foi o pleito com a maior participação de associados da história da entidade.

O novo presidente da ABI é também escritor com várias obras publicadas, entre elas As Noite das Grandes Fogueiras

— Uma História da Coluna Prestes (Prêmio Jabuti de Reportagem de 1996), e 1930 — Os Órfãos da Revolução, vencedor do Jabuti de 2006, na categoria “Ciências Humanas”.

Domingos Meirelles é o novo presidente da ABI

Fonte: site da ABI

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BOA VONTADE 15

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ãoEm Ronnie Von: o príncipe que podia ser rei (Planeta do Brasil), escrito pelos jornalistas Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel, o leitor conhecerá a trajetória profissional do cantor e apresentador do programa Todo Seu, transmitido pela TV Gazeta. Lançado em 1o de agosto, o livro está repleto de fotos de diversas fases da carreira de Ronnie Von, entre estas a da Jovem Guarda — movimento do qual foi um dos ícones —, além de publicar sua discografia completa. Para a elaboração da obra, Guerreiro e Pimentel gravaram mais de cem horas de entrevistas com o artista e ouviram mais de cinquenta pessoas que conviveram ou convivem com ele.

Em noite de autógrafos, na capital bandeirante, o biografado e os autores receberam diversas perso-nalidades, amigos e admiradores. Eles dedicaram um exemplar do título ao diretor-presidente da LBV, no qual registraram as seguintes palavras: “Paiva

O professor e escritor português José Pacheco, com a colaboração do professor Samuel Lago, lan-çou, em 22 de agosto, na capital paulista, o livro Crônicas Educação 2: denunciar e anunciar (Editora

Ronnie Von é tema de biografia

Professor José Pacheco reúne experiências educacionais em livro

Ronnie Von é ladeado pelos jornalistas Antonio Guerreiro (D) e Luiz Cesar Pimentel.

Os professores Samuel Lago (E) e José Pacheco autografam exemplares de sua recente obra literária.

Netto, uma honra que nos leia. Obrigado, Luiz”; “Paiva Netto, um abraço. Guerreiro”; e “Ao Paiva Netto, meu abraço, meu carinho! Parabéns pela obra! Ronnie Von”.

Nossa Cultura). A sessão de autógrafos foi bastante concorrida e reuniu personalidades, educadores e amigos dos autores. Antes dela, o público participou de um bate-papo sobre a abordagem educacional que a obra oferece.

Em crônicas, a publicação contribui para a quebra de paradigmas relacionados aos assuntos atuais que são tratados na área educacional, além de expor as experiências técnico-pedagógicas viven-ciadas pelo professor Pacheco na Escola da Ponte, em Portugal. Cabe ressaltar que essa Instituição, idealizada pelo próprio educador, se notabilizou pelo inovador projeto educativo, firmado na autonomia dos estudantes.

Por ocasião do lançamento, os autores dedicaram um exemplar do novo título ao diretor-presidente da LBV. “Para o Paiva Netto, grato. José Pacheco” e “Paiva: reflita, desfrute! Abração do prof. Samuel Lago”, escreveram.

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O jornalista e empresário da área de comuni-cação Ricardo Viveiros lançou, em 12 de agosto, o título A vila que descobriu o Brasil — A incrível história de Santana de Parnaíba (Geração Edito-rial), em livraria da capital paulista. O concorrido evento reuniu personalidades, além de amigos e familiares do autor.

Os mais de quatro séculos desse município, que se orgulha de ser um dos berços mais importantes da brasilidade, são contados nessa obra, com apuro e leveza. Cruzando os episódios na Colônia com os acontecimentos do período na Europa, Viveiros constrói uma narrativa que mostra como a história do pequeno povoado, depois elevado a vila e hoje uma cidade com mais de cem mil habitantes, influenciou e foi impactada pelos momentos vividos no Brasil e na Península Ibérica.

Em um exemplar do livro, o escritor anotou esta dedicatória ao dirigente da LBV: “Ao grande brasileiro Paiva Netto, homem de Boa Vontade, ofereço esta história da história do Brasil. Um abraço do Ricardo Viveiros”.

A renomada historiadora Mary del Priore lançou, em 25 de agosto, na capital paulista, a obra literária Do outro lado — A história do so-brenatural e do espiritismo (Planeta do Brasil). A publicação é uma narrativa instigante sobre um assunto que chama a atenção de todos que desejam conhecer cada vez mais a presença da espiritualidade na história do Brasil.

Além de tratar do desenvolvimento do espiri-tismo, criado por Allan Kardec e assimilado por muitos intelectuais brasileiros no século 19, ela descreve fenômenos populares nesse período, como o sonambulismo, o magnetismo, a atividade de cartomantes e curandeiros.

No evento de lançamento do título, a escri-tora autografou um exemplar deste ao diretor--presidente da LBV, grafando esta dedicatória: “Ao caríssimo dr. Paiva Netto, com a admiração e o abraço de Mary”.

A história do Brasil na ótica de

Ricardo Viveiros

Historiadora Mary del Priore

apresenta história do sobrenatural e

do espiritismo

O jornalista Ricardo Viveiros apresenta a história de Santana de Parnaíba.

Historiadora Mary del Priore lança livro sobre “a história do sobrenatural e do espiritismo no Brasil”.

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A 23ª Bienal Internacio-nal do Livro de São Paulo foi palco do lançamento da nova obra do educador Celso Antu-nes, intitulada Sala de aula e futebol (Editora Vozes). Nela, o professor, que é fascinado por esse esporte, procura mostrar ao leitor a estreita relação entre o jogo e a aula e entre a rotina na escola e a emoção no campo, fazendo com que cada leitor seja um protagonista capaz de pensar identidades e de transferir experiências.

O autor dedicou um exem-plar da publicação ao dirigen-te da Legião da Boa Vontade, com a seguinte mensagem: “Ao amigo Paiva Netto, por sua obra, que nos engrande-ce, e pela condição em ser brasileiro”.

Educador Celso Antunes

escreve Sala de aula e futebol

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Educador Celso Antunes Lançamento de Beto Junqueyra na Biblioteca Bruno Simões de Paiva

Escritor renomado e amigo de longa data da Legião da Boa Vontade, Beto Junqueyra esteve no Instituto de Educação José de Paiva Netto, na capital paulista, para lançar A grande descoberta de Gulliver (Editora IBEP), adaptação de As viagens de Gulliver, obra-prima do escritor irlan-dês Jonathan Swift (1667-1745). Em seu mais recente título, Junqueyra busca fazer a garotada colocar-se no lugar do personagem principal, ora gigante, ora pequenino em comparação aos povos encontrados nas viagens dele, e, com isso, levá-la a vivenciar as duas facetas do bullying, a fim de incentivá-la a lidar com as diferenças com respeito ao próximo.

Antes da sessão de autógrafos, num descontraído bate-papo com os estudantes do 3º ano do ensino fundamental da escola, o autor falou um pouco de sua trajetória e da importância do hábito de ler. “Foi um privilégio lançar o livro aqui e sentir a qualidade das perguntas dos alunos, sabendo que eles leem livros, num país em que há tanta ca-rência de leitura. Ganhei o dia”, declarou na ocasião, em entrevista à BOA VONTADE.

LBV é reconhecida por seu trabalho diferenciadoA Legião da Boa Vontade sempre trabalhou por uma educação de qua-

lidade para seus atendidos. Entre as iniciativas para alcançar essa meta está a realização anual do Congresso Internacional de Educação da Instituição (leia mais sobre o assunto na p. 92). Em reconhecimento a esse trabalho, a Câmara Municipal de São Paulo encaminhou “Voto de Júbilo e Congratulações” à LBV pela 13a edição do congresso, ocorrido entre 30 de julho e 1o de agosto, na capital paulista.

O requerimento partiu da vereadora Edir Sales e foi deferido pelo presidente da Câmara, José Américo.

Beto Junqueyra lança livro em biblioteca escolar

Cartas, e-mails, livros e registros

Edir Sales

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Page 19: Revista Boa Vontade, edição 237

A Agência Nacional de Ener-gia Elétrica (Aneel) reali-zou, em 27 de agosto, em

sua sede em Brasília/DF, a ceri-mônia de recepção dos diretores Romeu Donizete Rufino, André Pepitone da Nóbrega e Tiago de Barros Correia, empossados no Ministério de Minas e Energia (MME), no dia 14 do mesmo mês. Fica completo, assim, o quadro da diretoria da autarquia, do qual já fazem parte os diretores José Jurhosa Junior e Reive Barros dos Santos. O evento foi prestigiado por inúmeras perso-

Aneel recepciona seus diretores

nalidades e empresários do setor elétrico.

Reconduzidos, respectivamente, aos cargos de diretor-geral e diretor, Rufino e Pepitone destacaram, em seus discursos na ocasião, a impor-tância de a agência contar com ser-vidores qualificados e valorizados. Sobre uma atuação mais eficiente ante o atual cenário, Rufino afirmou que “o planejamento estratégico e a autonomia decisória que a Aneel possui também são fatores relevan-tes para enfrentar os desafios de promover a regulação e o desenvol-vimento do setor elétrico”.

Cidadão brasileiro natural de Moçambique, Tiago Correia, mestre em Planejamento de Sistemas Ener-géticos, é o único novo membro da diretoria da entidade. Em seu pronun-ciamento na cerimônia, ele enfocou a importância da autonomia da agência e da comunicação com os diversos envolvidos no setor elétrico. “Acre-dito que teremos períodos intensos, com grandes desafios e oportunida-des, nos quais, com muita humildade para o diálogo, prestarei as minhas contribuições”, disse, referindo-se à sua expectativa de muito trabalho e aprendizado na autarquia.

Romeu Donizete Rufino André Pepitone Tiago de Barros Correia José Jurhosa Junior Reive Barros dos Santos

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Cartas, e-mails, livros e registros

Em sessão de autógrafos na capital paulista, em 28 de agosto, o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, o escritor José Santos e a ilustradora Luyse Costa lançaram o livro O Menino do Dinheiro em cordel (Editora DSOP). O título integra a coleção O Menino do Dinheiro (que inclui os volumes: Sonhos de Família, Vai à Escola e Ação Entre Amigos), na qual um garoto sai pelo mundo ensinando às crianças um jeito todo dele de realizar sonhos, que inclui poupar dinheiro.

No novo trabalho literário, o personagem central vai ao Nordeste e descobre o universo do cordel, presenciando um desafio e tanto entre dois repen-tistas sabidos e cheios de palavras. Representantes da LBV estiveram no evento de lançamento da publicação, que teve um dos exemplares dedicado pelos autores ao dirigente da Instituição, com as seguintes mensagens: “Ao amigo e grande mestre Paiva Netto, que Deus continue lhe usando como instrumento da Paz. Abração do amigo Reinaldo Domingos”; “Ao prezado Paiva Netto, com o ca-rinho do José Santos”; e “Paiva, espero que se divirta! Luyse”.

Menino do Dinheiro aventura-se pela

literatura de cordel

Ao centro, o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos ladeado pelo escritor José Santos (E) e pela ilustradora Luyse Costa (D).

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Escrito por Elias Awad, o livro Oscar Schmidt — 14 motivos para viver, vencer e ser feliz (Novo Século) foi lançado recen-temente em concorrida sessão de autógrafos na capital paulista. O evento reuniu perso-nalidades, esportistas, amigos e familiares do autor e do biografado.

A obra conta a história do ex-jogador de basquete, um dos ídolos do esporte bra-sileiro, abordando de forma transparente a motivação para as vitórias nas quadras, na carreira de palestrante e na luta contra o câncer.

Representantes da LBV prestigiaram o lançamento e receberam de Awad e Schmidt um exemplar da obra para o dirigente da Instituição, com as seguintes dedicatórias: “Caro Paiva Netto, luz divina e sucesso sempre! Abraço especial. Elias Awad” e “Valeu, Paiva! Oscar”.

Livro conta fatos da carreira

e vida de Oscar Schmidt

Elias Awad (E) e o ex-atleta Oscar Schmidt

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Racismo nunca mais!

Racismo nunca mais!

José Carlos Araújo é locutor esportivo na Rádio Transamérica FM do Rio de Janeiro/RJ e apresentador do programa

SBT Esporte Rio, da TV SBT-Rio.

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alOpinião — Esporte

José Carlos Araújo

O futebol evolui a passos lar-gos fora de campo. Maior organização, conforto, re-

ceitas milionárias, ações em bolsas, transações vultosas, profissionalis-mo em todos os setores, desde as categorias de base. Infelizmente, é lamentável constatar que o racismo aflora também em todos os cantos do planeta. Seria um reflexo da sociedade, do novo público-alvo? Enquanto isso, as medidas para combater esse ato repugnante são apenas paliativas.

O nosso país sempre se or-gulhou de sua mistura de raças, da convivência harmoniosa, sem

preconceitos. E, pasmem!, não bas-tando fugir das nossas origens, da nossa escola de futebol, copiando o antigo (e feio) modelo europeu, agora temos atitudes racistas ou, como preferem os juristas, de injúria qualificada. Atitudes des-prezíveis. Sem a união de raças, não teríamos o drible, a alegria, o improviso, a disciplina tática, que compõem o genuíno futebol-arte. Tampouco a festa criativa das ar-quibancadas. Herdamos dos negros o drible, a criatividade; dos índios, o espírito de luta; dos brancos, a disciplina tática. A mistura disso tudo é o Brasil, pentacampeão mundial.

Nos primórdios do nosso fute-bol, nos anos 1920, apenas as elites o praticavam. O Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janei-ro/RJ, pioneiro na luta contra o preconceito, foi desafiado por dar oportunidade a negros e operários. Entre render-se às elites ou lutar pela inserção social, optou pelo caminho mais digno, sendo esta a sua maior glória.

Da verdadeira união Brasil-Por-tugal nasceu o autêntico futebol brasileiro, possibilitando que sur-gissem craques como Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”; Pelé, o “Atleta do Século”; Garrincha, a “alegria do povo”; Romário; Robinho; Ronaldinho Gaúcho, Neymar; entre tantos outros.

Atualmente, indo de encontro ao nosso DNA misturado, copia-mos a insossa fórmula europeia de torneio, paramos no tempo em ter-mos de administração, profissiona-lismo e estrutura. Lamentavelmen-te, tivemos um retrocesso tático e assistimos a um campeonato com escassez de craques.

É preciso valorizar o que te-mos de bom: a criatividade e a arte. O futebol deve voltar a ser a alegria do povo, demonstrada na arquibancada entre todas as raças, classes sociais, bem como dentro do campo, nas comemorações dos gols, nas dancinhas irreverentes, nos dribles imprevisíveis, no respeito entre companheiros de profissão.

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Arte e CulturaAmor à vida, alegria e jovialidade

LauraCardoso

Exemplo de talento e trabalho

A artista encara os desafios profissionais sem demonstrar cansaço e fascinada pela vida.

Rodrigo de Oliveira e Leila Marco Fotos: Vivian R. Ferreira

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Aos 87 anos de idade, a atriz Laura Cardoso não se cansa de interpretar novos papéis e de

se encantar com a vida, para ela “um presente de Deus”. Em mais de 70 anos de carreira, ela, que já participou de 74 telenovelas, 29 longas-metra-gens e dezenas de peças de teatro, está sempre disposta a enfrentar desafios e a dar o melhor de si.

No dia 18 de setembro, a artista foi surpreendida com uma homena-gem pela passagem de seu aniver-sário (celebrado em 13 de setem-bro) no Conjunto Educacional Boa Vontade, formado pela Supercre-che Jesus e pelo Instituto de Edu-cação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP. Laura foi carinhosamen-te recepcionada na sala de música da escola, na qual o Coral Ecumê-nico e o Grupo de Instrumentistas Infantojuvenis Boa Vontade a aguardavam para apresentar al-gumas canções. Foi um momento especial para essa grande dama do teatro e da televisão brasileiros, que, emocionada, disse às meninas e aos meninos que se encontravam no local: “Vocês representam o fu-turo, o que de melhor a gente espe-ra do mundo. Eu amo as crianças.

Eu estou muito feliz de estar aqui, contente. Um beijo no coração para cada um de vocês. Eu não mereço tanto. As crianças são a coisa melhor que Deus coloca na Terra. Elas têm que ser respeita-das, acarinhadas, bem tratadas... Criança é o que há de melhor no mundo. Que pena que a gente cresce! Obrigada, de coração!”.

Depois do singelo tributo, a consagrada atriz concedeu entre-vista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), em que falou da bem--sucedida carreira, da família e da importância de serem incentivadas a educação e a arte nos meios de comunicação.

BOA VONTADE — Logo que a senhora chegou ao Conjunto Educacional Boa Vontade, foi recebida pelas crianças. Esse contato trouxe lembranças de sua infância?

Laura Cardoso — Tenho boas recordações dessa época, da esco-la... Eu sou uma pessoa que ama a escola, o estudo. Acho que o ser hu-mano devia estudar a vida inteira. A escola é um ambiente maravilhoso; é onde você começa a se formar, a ter suas ideias, seus desejos, preo-cupações; enfim, é uma das coisas mais importantes da vida. E desta escola aqui eu tive uma impressão maravilhosa. Parabéns ao Paiva Netto! Parabéns! É um trabalho grandioso, maravilhoso, que ele faz há tantos anos. Eu acompanho há muitos anos a LBV, o trabalho do Alziro [Zarur] — que já foi [para a Pátria Espiritual] — e do Paiva Netto. Então, parabéns! Ele vai ganhar o Céu.

BV — Em várias entrevistas, a senhora destaca que declamava textos desde pequena, que lia bastante...

Laura Cardoso — Eu gosto

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Eu trabalho faz uns 70 anos e ainda

estou aprendendo. Porque a vida é assim mesmo,

você não para de aprender.

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muito de ler. Fui educada num co-légio de freira, no qual entrei com 6 anos. Fiquei algum tempo no Ins-tituto João e Raphaela Passalacqua, na Bela Vista, e eu — não sei por que — era sempre escolhida para contar uma história lendo um livro. Aquilo me fascinava. Acho que o gosto pela leitura, pela represen-tação, pelo teatro, pelo circo, pelo cinema, pela televisão começou aí, bem menina, bem criança. Eu tenho um prazer enorme na leitura e tive

um pai que era autodidata, que me incentivava a ler.

BV — Esse é um dos ingredientes para formar uma atriz talento-sa?

Laura Cardoso — Acho que é muita bondade sua. Eu sou real-mente uma profissional séria. Levo o meu trabalho bastante a sério. Eu não brinco em serviço. Por exem-plo, para fazer um personagem, levo muito tempo. Não sou uma

atriz que pega um papel, um perso-nagem e diz: “Ah, daqui a quinze dias está pronto”. Não. Levo mais tempo. Eu realmente me dedico a fazer um trabalho que me satis-faça e que satisfaça o público. A gente leva a vida inteira a estudar, a querer fazer uma representação maravilhosa, a querer mostrar o que sabe sobre a arte de represen-tar. Eu trabalho faz uns 70 anos e ainda estou aprendendo. Porque a vida é assim mesmo, você não

Além de uma canção de boas-vindas, o Coral Ecumênico Infantojuvenil Boa Vontade interpretou uma música na Língua Brasileira de Sinais (Libras) em homenagem à atriz Laura Cardoso.

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para de aprender. Nós aprendemos com o companheiro de profissão, em casa, vendo televisão, cinema, teatro, circo... Tudo é uma escola. Hoje, tive aula de como as crianças se dedicam ao canto. Os meninos e as meninas que fazem música, que tocam; o maestro ali ensinando... [Tudo isso] é muito bom, bonito, gratificante.

BV — Cinema, teatro ou televi-são? O que mais a atrai?

Laura Cardoso — Principalmen-te o teatro. Ele é sagrado. Você fica mais inteiro. O cinema e a televisão parecem um pouco mais regidos pelo comercial. É lógico que se faz arte em televisão. Eu amo a televisão. Faço TV desde que ela chegou ao Brasil, mas luto para que ela siga aquele

caminho do início, de transmitir educação, cultura, representação, o texto bom, o texto que não seja vazio, bobo. (...) Arte [de todas as formas] é uma coisa muito séria, seja a música, o canto, a dança, a representação, a pintura... É uma coisa sagrada.

BV — Como é a agenda da se-nhora?

(1) A atriz Laura Cardoso foi carinhosamente recepcionada na sala de música do Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista, na qual o Coral Ecumênico e o Grupo de Instrumentistas Infantojuvenis Boa Vontade a aguardavam para apresentar algumas canções. (2 e 3) Alunos, representando todas as crianças que frequentam o estabelecimento de ensino, presenteiam a consagrada artista com um porta-retratos e um cartão confeccionado por estudantes, pela passagem do aniversário da atriz, em 13 de setembro.

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Laura Cardoso — Eu sempre tenho muitos convites para fazer teatro, cinema e agora estou com uma participação pequena numa novela das seis horas. Sou abençoa-da por Deus, porque não me faltam convites, trabalhos...

BV — Por que essa sede de tra-balhar? Qual o segredo para se manter tão ativa?

Laura Cardoso — Acho que vem da vontade de viver, do agrade-cimento a Deus por tudo que [Ele] dá, pelas oportunidades, enfim. A vida é maravilhosa, é um presente de Deus. Você tem que usar esse presente da melhor forma possível e agradecer sempre.

BV — A senhora destaca bastan-te o valor da família. Como é esse convívio?

Laura Cardoso — Eu amo a minha família. Teve gente nela que me ajudou muito; foi a minha

mãe. Minha família tem isso de estar sempre junta, de se gostar, de se respeitar. Briga-se como em toda família, discute-se tudo, mas o fundo é o amor, é o respeito, é a dedicação, é o obrigado pela vida das pessoas. Eu sempre digo que eu amei muito, graças a Deus. E meu último amor é o Fernando, meu bisneto. Sou abençoada por Deus. Fui esposa, mãe, avó e bisavó. Não posso querer mais.

BV — Para os pais que nos acom-panham nesta entrevista, qual o recado que deixaria?

Laura Cardoso — Cuidado, muito cuidado com as suas crian-ças. Muita proteção, atenção com elas em todos os sentidos. A crian-ça também tem que ter um limite para tudo, mas acho que é a prote-ção do pai e da mãe e a atenção em todos os sentidos — fisicamente, moralmente, espiritualmente — que fazem a diferença. Vale a pena

você prestar atenção no seu filho, no seu neto.

BV — Como analisa a nova safra de artistas que vêm despontan-do no mercado?

Laura Cardoso — Eu não gosto de falar um nome, mas tem gente melhor do que eu, muita gente boa. Há também muitos que não deve-riam estar aí, porque todo mundo quer ser ator, sem pensar que é uma carreira feita de renúncia, sacrifício, muito estudo, dedicação; enfim, de bastante trabalho. A pessoa precisa nascer — eu sempre digo isso — com essa vontade, essa chama de fazer arte, seja ela qual for. Há quem tenha uma ilusão sobre a profissão, sobre a televisão... Por exemplo, acha que todo mundo ganha rios de dinheiro, mora num palacete. O ator trabalha muito, seja no cinema, no teatro, na televisão, no circo, no rádio. E é um serviço sério. Se não fica dois, três anos na carreira e pas-

Sempre simpática, Laura Cardoso recebe o carinho dos alunos do Conjunto Educacional

Boa Vontade.

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sa, ninguém sabe mais quem você é, o que fez, de onde veio... Existe hoje aquela ilusão, porque é bonitinho, loirinho, tem o olho azul... Não! Ator não precisa nem ser gordo, nem magro, feio, bonito, novo... Ele é um ser maravilhoso, que se transforma.

BV — Na visita ao Conjunto Edu-cacional Boa Vontade, na hora em que as crianças a homena-gearam com o Parabéns a você, a senhora desejou paz para todos. É disso que o mundo precisa?

Laura Cardoso — De paz, de amor, de compreensão, de justiça... É disso que o ser humano precisa. (...) Eu procuro ter paz com a mi-

Em 2006, Laura Cardoso recebeu a Ordem do Mérito Cultural, em Brasília/DF. A láurea é concedida a personalidades e instituições que se destacam pela contribuição à cultura brasileira.

Depois do tradicional Parabéns a você, a atriz Laura Cardoso recebeu os cumprimentos de alunos do Conjunto Educacional Boa Vontade por seu aniversário. “É muito emocionante ser homenageada por vocês, crianças, aqui na LBV, que eu admiro, respeito e conheço há muito tempo. Sei da Boa Vontade que [vocês da LBV] têm em fazer este trabalho todo com crianças, com mulheres, com homens, com todo mundo, enfim. É gratificante estar aqui. Foi um presente maravilhoso que recebi de vocês: a presença, o bolo... Estou muito contente. Obrigada, de coração!”, declarou.

nha família, com a minha casa... Procuro dar exemplo de paz, de amor, de compreensão, mas quem sou eu? Posso até influenciar algu-mas pessoas, mas isso tem que vir na gente. Nós somos todos iguais. Nós nascemos e morremos iguais. Então, igualdade, gente!

BV — Obrigado pela visita e vo-tos dos maiores sucessos nesta trajetória brilhante.

Laura Cardoso — Um beijo no coração de todos vocês [da LBV] por este trabalho maravilhoso. Ao Paiva Netto, que ele tenha mais 100 anos de vida, de saúde para continuar este trabalho.

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A história do vocabulárioArnaldo Niskier, doutor em Educação, formado em Matemática e Pedagogia, é membro da Academia Brasileira de

Letras e vice-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE Nacional).

Arnaldo Niskier | Especial para a BOA VONTADE

Opinião — EducaçãoArnaldo Niskier

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desde a gestão de Macha-do de Assis (1896-1908), começou-se a insistir, pela

palavra do próprio patrono da Aca-demia Brasileira de Letras (ABL), na criação do “dicionário etimo-lógico”, a ser futuramente produ-zido pela Academia. O assunto Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) sempre esteve presente nas discussões da ABL, dada a sua relevância.

No Natal de 1977, o então pre-sidente Austregésilo de Athayde fez a apresentação da primeira versão completa do VOLP, em ori-ginais cuidadosamente coordenados por Antônio Houaiss. Ele foi o relator da Comissão Acadêmica que cuidou da matéria: Pedro Calmon, Barbosa Lima Sobrinho e Abgar Renault, além do próprio Houaiss. O relatório foi subscrito no dia 20 de dezembro daquele ano.

Na ocasião, referindo-se à Lei no 5.765, de 18 de dezembro de 1971, assinada pelo então presidente da

República Emílio Garrastazu Mé-dici e pelo seu ministro da Educa-ção, Jarbas Passarinho, Athayde afirmou que assim se oferecia à lexicologia e à lexicografia da lín-gua portuguesa “uma recolha tão exaustiva quanto possível do léxico da língua na sua feição escrita ou documentada em letra de forma”.

Na década de 1970, houve um encontro casual em Teresópolis/RJ entre mim, o médico Noel Nutels, meu amigo, e Antônio Houaiss. Nutels, com o seu jeito expansivo, reclamou que nenhuma editora havia manifestado interesse pelo “trabalho patriótico” de Houaiss, que, na época, já havia registrado 350 mil verbetes. Diretor que era da Bloch Editores, levei o assunto ao conhecimento de Adolpho Bloch (fundador do grupo), que logo topou a empreitada e nos designou para as providências cabíveis.

Deve-se afirmar que o verda-deiro ponto de partida do VOLP foi uma proposta do professor Celso Cunha ao acadêmico Josué Montello, na ocasião presidente do Conselho Federal de Cultura (CFC), em que esteve no período de 1967 a 1989. Montello designou o escritor Guimarães Rosa para relator da matéria, que, aprovada no CFC, foi levada à aprovação do Conselho Federal de Educação. Lá, tendo como relator Celso Cunha, mereceu igual aprovação. Daí o assunto veio à ABL, que encami-nhou as conclusões à presidência

da República e desta, ao Congresso Nacional, para aprovação final.

A Comissão Acadêmica do VOLP foi designada no início de 1972. A primeira coleta ficou aos cuidados de um grupo de estudantes de Letras da Pontifícia Universidade Católica (PUC), dirigido pelo professor Evanildo Bechara e secretariado pelo professor Marcos Margulies, já então representante da Empresa Bloch (eu dava cobertura dentro da empresa). Numa segunda fase, que se estendeu pelos anos de 1974 e 1975, o relator agregou à coleta sua recolha pessoal, com a colaboração do filólogo Mauro de Salles Villar. A terceira fase coube a um grupo de trabalho integrado pelo etimólogo Antônio Geraldo da Cunha e os professores Diva de Oliveira Salles, Bruno Palma, Ronaldo Menegaz e Júlio César Castañon Guimarães, todos sob a direção do relator (Antônio Houaiss). Este último grupo trabalhou na antiga sede da TV Manchete (4o andar). A Comissão Acadêmica do VOLP, em 20 de dezembro de 1977, agradeceu formalmente aos funcionários da Bloch Editores, “do seu chefe aos mais modestos auxiliares”. Eu era o chefe.

Devemos um registro especial ao acadêmico Evanildo Bechara, indiscutivelmente, um dos maiores nomes brasileiros como filólogo e gramático, autor de obras funda-mentais na matéria.

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Hilton Abi-Rihan, radialista, jornalista e apresentador do programa Samba & História.*

* Programa Samba & História — É transmitido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV e o canal 989 da Oi TV), aos domin-gos, às 14 e às 20 horas. O telespectador pode vê-las pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY, canal 212 da Oi TV e canal 45.1 da TV digital aberta em São Paulo e região metropolitana), aos domingos, às 14 horas, às segundas-feiras, às 19 horas, e às quintas-feiras e aos sábados, às 22 horas.

sentaram em vários programas de televisão, como na extinta TV-Rio e no Fantástico, da Rede Globo. Com o passar do tempo, puderam mostrar suas aptidões musicais em dezenas de lugares no Brasil e no exterior. Individualmente, já levaram seu samba característico até o outro lado do mundo, como o Japão e a China.

O outro componente, Fabiano, filho de músicos, foi professor de percussão e musicalização, além de ter feito a direção musical de diversos espetáculos, entre eles

Deu samba!Raízes brasileiras inspiram grupo Sururu na Roda e levam-no à conquista de um dos mais destacados

prêmios do gênero no país.

Hilton Abi-Rihan | Especial para a BOA VONTADE

composto de culturas distintas e, mesmo assim, harmoniosas — surgiu. Assim nasceu, em 2000, o Sururu na Roda, formado por Nilze Carvalho (voz, cavaquinho e bandolim), Sílvio Carvalho (voz, percussão e cavaquinho) e Fabiano Salek (voz e per cussão). “Temos timbres diferentes, for-mação musical diferente. É isso que dá esse sururu”, explica a integrante.

Sílvio e Nilze são irmãos e sempre tiveram talento para a música. Quando crianças, se apre-

Foi nos jardins da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) que a ideia de

criar um grupo de samba que trans-mitisse a essência do Brasil —

Samba & HistóriaSururu na Roda

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Page 31: Revista Boa Vontade, edição 237

De Getúlio a Getúlio — A história de um mito, cujo texto foi escrito por Sérgio Britto (1923-2011), de parceria com Clovis Levi. Também participou como músico em apresentações no Brasil e na Europa.

Em um descontraído bate-papo no programa Samba & História, da Boa Vontade TV, o conjunto fa-lou um pouco sobre sua carreira e seus trabalhos. “Esse CD [Se você me ouvisse — 100 anos de Nelson Cavaquinho] proporcionou uma felicidade muito grande, porque a gente foi indicado ao [23o] Prêmio da Música Brasileira na categoria ‘Melhor Grupo de Samba’. (...) É um trabalho todo em homenagem

a Nelson Cavaquinho”, contou Nilze. “A gente colocou todos os clássicos do Nelson e também quis acrescentar aquelas músi-cas que eram menos tocadas”, complementou ela. Lançado em 2011, o disco celebra o centenário do sambista e compositor Nelson Cavaquinho (falecido em 1986) e leva o nome de uma de suas canções menos conhecidas, mas inclui faixas famosas, entre elas Folhas secas e Rugas. Todo o álbum foi produzido pelo grupo e teve a colaboração de outros musicistas.

O Sururu na Roda já esteve nos Estados Unidos da Améri-ca, exibindo-se e ministrando

workshops sobre a vivência no mundo do samba na Universi-dade Estadual de Michigan, no estado homônimo, e na Uni-versidade de Notre Dame, no estado de Indiana. Também fez uma pequena excursão pela América Latina, na qual visitou a Costa Rica e a Guatemala. Apresentou-se com diversos artistas célebres, entre os quais Elza Soares e Sandra de Sá, e da nova geração do samba, entre eles Roberta Sá e Ana Costa. (Leia trajetória desta cantora na revista BOA VONTADE no 235.)

O trio mantém, há mais de dez anos, um espetáculo fixo em uma casa de shows localizada na

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capital fluminense. “O Centro Cultural Carioca antigamente foi o Dancing Eldorado. Era frequentado por Pixinguinha e Elizeth Cardoso. Então é um reduto muito tradicional da mú-sica desde sempre, e nos honra muito esse privilégio de ter uma residência num lugar que foi tão importante para a cultura musical da cidade do Rio de Janeiro”, declarou Fabiano.

Para comemorar os 13 anos de estrada, o grupo lançou, em 2013, o CD/DVD Sururu na Roda ao vivo, gravado no Espaço Tom Jo-bim, que se situa no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro/RJ. O trabalho traz clássicos do sam-ba, a exemplo da canção O Qui-tandeiro, de Monarco e Paulo da Portela, e Pimenta no vatapá,

de João Nogueira e Cláudio Jorge; além de composições pró-prias, entre elas Sururu formado e Ainda posso ser feliz. Também conta com a participação especial dos sambistas Diogo Nogueira, Péricles, Dona Ivone Lara e Monarco.

Aliás, a presença de nomes tão ilustres da música brasileira na gravação do referido disco mui-to emocionou os integrantes do

conjunto, sobretudo quando estes entoaram trechos de canções de uma das grandes damas do samba. “Mais uma felicidade nossa, mais um privilégio de cantar as músi-cas de Dona Ivone. Na verdade, o pot-pourri abre com uma música que não é dela, com uma música do Nei Lopes e do Cláudio Jorge, que foi feita em homenagem a ela. E ela estava ali com a gente!”, disse Nilze.

Foi com esse mesmo CD/DVD que o Sururu na Roda conquistou o título de “Melhor Grupo”, na categoria “Samba”, na 25ª edição do Prêmio da Música Brasileira, realizada em maio deste ano. Nela, o homenageado foi o samba, ritmo que faz bater mais forte o coração de praticamente todos os brasileiros.

Samba & História

“Temos timbres diferentes, formação musical diferente. É isso que dá esse

sururu.”

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RefeRênciA,pioneiRismosimpatia e

Ruth de Souza, um exemplo para as novas gerações de atores

Abrindo o coraçãoRuth de Souza

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Simone Barreto e Leila Marco

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Nascida em 12 de maio de 1921, no Rio de Janei - ro/RJ, época em que eram

mais acentuadas as desigualdades sociais e raciais na sociedade brasileira, Ruth de Souza, ainda criança, provou o amargo pre-conceito. Quando falava de sua vontade de ser atriz, muita gente que a ouvia não lhe dava crédito, afirmando: “Imagina, ela quer ser artista? Não tem artista negro!”, relembra. Apesar de sentir o peso daquelas palavras, Ruth não viu ali o impossível, apenas acreditou no seu sonho e, por isso, se tornou pioneira em diversos momentos da carreira que abraçou, abrindo caminhos para novas gerações de artistas.

Sua estreia nas artes cênicas ocorreu em 8 de maio de 1945, quando foi a primeira atriz ne-gra a subir ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça O imperador Jones, de Eugene O’Neill, numa mon-tagem do Teatro Experimental do Negro (TEN), grupo funda-do por Abdias Nascimento e Aguinaldo Camargo. Em 1954,

foi indicada ao prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cinema de Veneza, na Itália, por sua participação no filme Sinhá Moça, o que lhe deu projeção internacional, concorrendo com as atrizes Katherine Hepburn, Michèle Morgan e Lilli Palmer, perdendo apenas por dois pontos para Lilli.

Na televisão brasileira não foi diferente. Integrou o elenco de programas de variedades e musicais no início das transmissões da Tupi, onde fez, com Haroldo Costa, a adaptação da peça O Filho Pródigo. Em 1965, participou de sua pri-meira novela, A Deusa Vencida, de Ivani Ribeiro, na extinta Excelsior. Três anos depois, era contratada pela Rede Globo, na qual está há mais de quatro décadas e deu vida a diversos personagens de destaque.

Ao longo da carreira, são mais de 30 filmes e 14 peças de teatro; na televisão, teve participação em seriados, minisséries e dezenas de novelas. Nesta entrevista, Ruth de Souza fala sobre a profissão e a magia que é para ela a arte de representar.

BOA VONTADE — A senhora teve a infância marcada entre os Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais...

Ruth de Souza — Nasci no Engenho de Dentro [no Rio de Janeiro/RJ]. Eu fui bebê para o interior de Minas, meu pai tinha um pequeno sítio; nós fomos para lá e voltei quando ele faleceu, eu tinha 9 anos. Minha mãe vendeu o sítio, porque ela não sabia cuidar bem de roça, viemos morar na Rua Quatro de Setembro, que hoje é a Pompeu Loureiro, numa vila que tinha muitas lavadeiras e jardinei-ros que cuidavam dos casarios de Copacabana.

BV — Como se deu seu encontro com as artes?

Ruth de Souza — Minha mãe gostava muito de cinema. Todas as quintas-feiras íamos na sessão das moças, no Cine Copacabana. Eu me apaixonei pelo cinema. Então, eu inventei que queria ser artista. Naquela época, diziam: “Imagina, ela quer ser artista. Não tem artis-ta negro!”. Não tinha mesmo. Só Grande Otelo, muito depois é que

(1) Ruth de Souza em Sinhá Moça (2) Com Regina Duarte, em A Deusa Vencida. (3) Com Abdias Nascimento, em O Filho Pródigo.

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BOA VONTADE 35

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Lá fora estava um carnaval, e nós, fazendo teatro dentro do Municipal.

BV — Quanto tempo par-ticipou do Teatro Experi-

mental do Negro?Ruth de Souza — Durante

cinco anos trabalhei no Teatro Ex-perimental do Negro (TEN), depois me tornei profissional. Lá, ganhei uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller, que o Paschoal Carlos Magno me levou em São Paulo. O Pascoal foi um pai para mim. Fiquei um ano nos Estados Unidos. Foi maravilhoso, valeu muito.

BV — Após essa passagem pelo TEN, o que aconteceu?

Ruth de Souza — Eu tenho sorte, porque fiz uma carreira reta, não tive altos e baixos, comecei trabalhando, não parei nunca. Eu adoro trabalhar, é uma terapia. (...)

Fiz muitas peças, não me lembro quantas, muito cinema também. Depois, apareceu a televisão; fui uma das primeiras a fazer tea-tro na TV, com Haroldo Costa. Sempre inventava coisas e saíam certo. Eu fiz muitas peças boas, a Oração para uma Negra foi a que mais marcou, um ano, com sucesso constante. Ali, trabalhei com Sérgio Cardoso, com Nydia Licia, e, mais tarde, fizemos a peça aqui no Rio.

BV — Por quais mãos chegou ao cinema?

Ruth de Souza — Jorge Ama-do foi meu padrinho de cinema, porque, quando montaram, no Tea-tro Ginástico, Terras do Sem Fim, fiz a peça baseada no livro dele. Quando ele vendeu os direitos para o filme, eu fiz também. Ele era muito brincalhão. Acompanhava nossas peças no teatro, porque

começou. Acho que sou pioneira nisso, porque no cinema, no teatro, naquele tempo, não havia televisão ainda, o negro não participava, não me lembro de ter algum negro antes de Otelo.

BV — Como foi a estreia nos palcos com o grupo de Teatro Experimental do Negro?

Ruth de Souza — No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o negro nem entrava. Então, consegui-mos uma licença do prefeito para a nossa peça. Montamos O Imperador Jones e ali começamos. Foi em 8 de maio de 1945, dia em que ter-minou a Segunda Guerra Mundial.

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(4) Em Memorial de Maria Moura, em 1994. (5) Com Grande Otelo, em Sinhá Moça, em 1986. (6) Cabana do Pai Tomás.

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morava aqui no Rio. Ele era muito divertido, muito bacana, uma pes-soa incrível.

BV — E sua estreia na televisão?Ruth de Souza — Comecei na

TV Tupi fazendo uns programas com o Haroldo Costa; inventamos de montar uma peça que tínhamos encenado com o Teatro Experimen-tal do Negro. Foi O Filho Pródigo, de Lúcio Cardoso. E nós fizemos cenário, câmera, tudo de improviso, tudo como principiantes. Depois, fui contratada pela Record, no tempo dos antigos diretores. Ali, trabalhei com Manoel Carlos, com Maysa Matarazzo.

BV — Foram muitas as dificul-dades como atriz?

Ruth de Souza — Olha, eu fui muito atrevida! Diziam que não havia atriz negra. E nunca me preo cupei muito por ser ne-

gra; não tinha complexo, graças a Deus. Então, eu falava: Eu quero isso assim. Se não me der, paciência, mas eu arrisco. (...) É uma profissão cheia de altos e baixos; nem todo dia tem sucesso, nem todo dia tem oportunidade; depende também muito de sorte, pegar bons papéis.

BV — No cinema, qual persona-gem a consagrou?

Ruth de Souza — Foi o papel em Sinhá Moça. Esse filme foi para o Festival de Veneza, que na época era tão importante quanto o Oscar hoje. Então, quando concor-ri com grandes atrizes, fiquei em segundo lugar.

BV — Que mensagem gostaria de deixar para quem está come-çando na carreira de ator?

Ruth de Souza — Para quem quer ser ator, tem que gostar muito

da profissão, sabendo que não vai ser fácil, é difícil para todo mun-do, bonito, feio, negro, branco, todo mundo. Comigo foi até mais difícil, porque nem sempre tive oportunidade de ter um bom papel, mas, graças a Deus, encontrei au-tores maravilhosos, como Janete Clair, grande saudade, e Benedito Ruy Barbosa. Sou uma pessoa de sorte. Deus foi muito generoso comigo.

7 8

(7) Prêmio Saci por Sinhá Moça, no Theatro Municipal de São Paulo. (8) Ruth de Souza com Jorge Amado.

Para quem quer ser ator, tem que gostar muito da

profissão, sabendo que não vai ser

fácil.

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Internacional – Empoderamento das mulheres

Manaus/AM

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Mulheres

das mudançasà frente

se pode melhorar a qualidade de vida desse público.

Produção sustentávelSanta Cruz de La Sierra, cidade

localizada no planalto do leste boliviano, atualmente vive a pior taxa de desemprego daquele país: 44,8%, de acordo com o Centro de Estudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (Cedla – si-gla em espanhol). Sabedora dessa difícil realidade, a Instituição iniciou na cidade, por meio do programa Capacitação e Inclusão Produtiva, atividades que têm como meta levar o empreendedo-rismo sustentável para a comuni-dade do bairro Plan 3000, um dos mais pobres da região.

No primeiro momento, a ini-ciativa estimulou a criação (em ju-nho de 2013) de uma cooperativa para a capacitação de mulheres na

Ações da LBV promovem a autonomia delas e desperta a consciência ecológica

Dois terços dos adultos analfabetos no mundo são mulheres, e as jovens

mais pobres dos países em desen-volvimento podem não alcançar a alfabetização universal até 2072. Os dados são do 11o Relatório de Monitoramento Global de Educa-ção para Todos, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no início deste ano.

Em sintonia com esse desafio, no ano de 2013, mais de 70% dos atendimentos e benefícios da Legião da Boa Vontade fo-ram direcionados para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Dentro dessa gama de serviços, a reportagem da revis-ta traz a experiência da LBV da Bolívia, um bom exemplo de que com ações simples e inovadoras

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Leila Marco

BOA VONTADE 39

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produção de vassouras ecológicas. Agora, a LBV trabalha para sensi-bilizar empresários e comunidade para colaborar com a captação da matéria-base da pequena fábrica e na venda do produto: “Depois da conclusão da etapa de treina-mento para produzir as vassouras,

Cada vassoura ecológica produzida tira do meio

ambiente oito garrafas PET, que levam entre 100 e 400

anos para se decompor.

Vassouras ecológicas: saída viável para todos!

Cadeia de produção completa

Coleta das garrafas para comercialização de vassouras; diminuição do volume de resíduos em

aterros. Lembrando que plásticos e seus derivados não podem ser utilizados como adubo, porque não

existe na Natureza uma bactéria capaz de decompô- -los rapidamente.

Preços reduzidos

para o produto que tem como base materiais

reciclados.

Geração de empregos e recursos

Evita anos de contaminação

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Internacional – Empoderamento das mulheres

estamos incentivando as senhoras a comercializá-las a particula-res, em centros de abastecimen-tos, mercados e supermercados, pessoalmente e com o apoio da LBV”, afirma o coordenador do programa, Robert Alejandro Pari Flores.

A ideia é movimentar a econo-mia do bairro, dando nova fonte de renda às famílias e, ao mesmo tempo, reduzir a poluição vinda do descarte incorreto do plástico.

As integrantes da cooperativa, além de aprenderem uma nova profissão, já se concientizaram da importância de seu trabalho. Ximena Laura Viracocha, de 33 anos, está desempregada e tem dois filhos; ela é uma das dezenas de mulheres que tiveram a oportu-nidade de fazer o curso. “Fabricar vassouras ecológicas apoia duas causas: colabora para o meio am-biente, já que trabalhamos com a reciclagem de garrafas plásticas, não as jogando no lixo; e ajuda financeiramente as mulheres de baixa renda, que, na maioria das vezes, possuem vários filhos. Es-pero que esse projeto siga adiante, e muito obrigada à LBV”, ressalta.

Bolívia

40 BOA VONTADE

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“Sou mãe e pai para os meus dois filhos, José Manuel, de 4 anos, e Marco David, de 3 anos. Eles são a minha razão de viver. Antes de conhecer a LBV, eu morava em um terreno baldio à margem de um rio. Minha casa era de papelão e nylon; não tínhamos água ou eletricidade.

“Para alimentar meus meninos, trabalhava carregando o mais novo no colo e o mais velho ia andando, percorrendo longas distâncias, batendo de porta em porta para

LBV muda a vida de crianças e mãe

*Marcelina Luis — Empregada doméstica, mãe de duas crianças matriculadas no Jardim Infantil Jesus, da LBV da Bolívia.

conseguir um serviço. Capinava calçadas e me pagavam alguma coisa. Às vezes passavam-se dias sem que conseguisse arrumar algum trabalho. Os meus filhos sofreram muito, e eu não conse-guia um emprego estável, porque ninguém me recebia com eles.

“Um dia, o mais novo estava enfermo, gastei tudo o que tinha; estava desesperada. Uma senhora me falou sobre o Jardim Infantil da LBV. Vim com os dois e pedi que me ajudassem pelo menos

por três dias para poder trabalhar. Desde essa data, a minha vida e a dos meninos mudou. Agora tenho um emprego seguro. A família com quem trabalho deu um quarto onde eu moro com os garotos, e eles podem dormir sem passar frio.

“Agradeço à LBV por me ajudar com os meninos. Eles estão bem, recebem alimentação, educação, e o mais importante é que posso trabalhar tranquila, porque sei que estão em um lugar seguro.”

Na LBV da Bolívia, Marcelina recebeu o apoio de que necessitava para criar seus dois filhos, José Manuel e

Marco David.

Marcelina Luis*, 33 anos.

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“O grupo faz a gente ter fé, acreditar que não há obstáculo que não possa ser superado quando se quer. Além disso, tenho filhos que também são amparados pela Instituição. Esse apoio foi e é muito importante para mim. Graças à LBV, minha filha está segura, aprende bons valores. Eu posso trabalhar sem pressão, tranquila, porque minha filha tem educação e o que comer. Ela recebe o melhor.”

Ruth Melinda OlmedoAos 33 anos, é mãe de cinco filhos e tira seu sustento

do artesanato. Uma das mulheres que frequentam o grupo Fortalecendo Vidas, da LBV do Paraguai, há

quase dois anos.

Ao lado das mães e das novas gerações

O quê? Programa Fortalecendo Vidas.

Onde? LBV do Paraguai.

Quando começou? 2011.

Objetivo? Promover a autonomia e o resgate da autoestima de mulheres, melhorando sua capa-cidade de conviver com os desafios da vida.

Público-alvo? Usuárias dos programas e mães que têm seus filhos matriculados no Jardim Infantil e Pré-Escolar da LBV do Paraguai.

Como ocorre? Depois de uma visita domiciliar, a assistente social as convida para participar das oficinas de artesanato e palestras educativas. A ação é realizada em parceria com a Secretaria Nacional de Crianças e Adolescentes, o Ministé-rio de Assuntos da Mulher, o Instituto Superior de Educação Dr. Raúl Peña (ISE) e a Oxfam Internacional.

Fotos: Raquel Diaz

Paraguai

Internacional – Empoderamento das mulheres

42 BOA VONTADE

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mil220220mil+de+de

7711de atendimentos e benefícios

a famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade

ou risco social.

Além de escolas, Centros Comunitários de Assistência Social e lares para idosos, a LBV utiliza uma rede de comunicação social própria (rádio, TV, internet e publicações) para fomentar educação, cultura e valores de cidadania.

77

LBV BRASILA Legião da Boa Vontade foi criada oficialmente em 1o de janeiro de 1950 (Dia da Confraternização Uni-

versal), na cidade do Rio de Janeiro/RJ, Brasil, pelo jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), sucedido na presidência da Instituição pelo também jornalista, radialista e escritor José de Paiva Netto.

milhõesunidades socioeducacionais

em todo o Brasil.

É a quantidade de pessoas impactadas pelo trabalho da LBV em seus programas socioeducacionais nas escolas, Centros Comunitários de As-sistência Social, lares para idosos, e por suas campanhas institucionais.

Número de atendimentos

e benefícios prestados pela

Legião da Boa Vontade

de 2009 a 2013*

* Há mais de duas décadas, a Legião da Boa Vontade tem seu balanço geral analisado por auditores externos independentes, uma iniciativa de José de Paiva Netto, diretor-presidente da LBV, muito antes de a legislação que exige essa medida entrar em vigor.

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educAçãoe sustentAbilidAde

LBV compartilha expressivos resultados das Pedagogias do Afeto e

do Cidadão Ecumênico em conferência nas Nações Unidas.

o Departamento de Informação Pública (DPI, na sigla em inglês) da Organização das

Nações Unidas (ONU) realizou, entre 27 e 29 de agosto, a 65ª Conferência Anual de ONGs. So-ciedade civil, redes internacionais e ativistas sociais reuniram-se na sede da ONU em Nova York, nos Estados Unidos, para a elaboração de uma “Agenda de Ação” que mobilize as negociações das me-

tas de desenvolvimento pós-2015. Na ocasião, foram discutidos os Objetivos de Desenvolvimen-to Sustentável (ODS), os quais entrarão no lugar dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) — cujo prazo final é no próximo ano —, bem como um novo acordo climático para subs-tituir o Protocolo de Kyoto.

Associada ao DPI desde 1994, a Legião da Boa Vontade oferece

sempre sua contribuição para o debate dos temas relacionados ao progresso mundial propostos pelo organismo internacional e pelos países-membros dele, comparti-lhando sua experiência da edu-cação e da assistência social. Por isso, foi convidada a coordenar, no último dia do evento, o painel temático “Educando cidadãos sus-tentáveis — Melhores práticas do Brasil da Rio+20”. A doutoranda

LBV na ONU65a Conferência Anual de ONGs

Da Redação

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em Educação Suelí Periotto, su-pervisora da linha pedagógica da LBV e diretora do Conjunto Edu-cacional Boa Vontade, localizado na capital paulista, destacou, na oportunidade, o fato de essa linha, criada pelo educador Paiva Netto, promover a educação integral do ser humano ao aliar ao ensino for-mal de excelência a transmissão e a vivência de valores espirituais, ecumênicos e éticos.

(1) Jeffery Huffines (D), presidente da 65ª Conferência Anual de ONGs do Departamento de Informação Pública das Nações Unidas, recebe de Danilo Parmegiani, da LBV, a revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável 2014 em inglês.(2) O representante da Legião da Boa Vontade nas Nações Unidas confraterniza com o psicólogo e psicanalista Joseph DeMeyer (D), copresidente do Comitê de ONGs sobre Educação e representante da Sociedade de Estudos Psicológicos para Assuntos Sociais, ambos integrantes do Sistema ONU.

Também participaram do gru-po de discussão o diplomata Vi-cente Amaral Bezerra, que representou a Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas; o psicó-logo e psicanalista Joseph DeMeyer, copresidente do Comitê de ONGs sobre Educação e representante da Socie-dade de Estudos Psicológicos para Assuntos Sociais (SPSSI, na sigla em inglês), ambos integrantes do Sistema ONU; Sâmara Malaman, mestre em Educação Especial pela Kean University, situada em New Jersey, nos EUA; e Danilo Par-megiani, representante da LBV nas Nações Unidas. Moderador do painel, ele fez questão de salien-tar: “Uma maneira de acelerar o progresso sustentável é o empode-ramento, a capacitação de cada in-divíduo do planeta para agir como

agente na formação de sociedades sustentáveis e solidárias. É por

isso que, como defende o diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, é preciso dar maior foco ao papel da educação com Es-piritualidade Ecumênica como solução transversal

e essencial para o cumprimento de toda a agenda de desenvolvimento global da ONU”.

Preparando os cidadãos para as mudanças climáticas

DeMeyer discorreu, no referido painel sobre o tema “Educação e desenvolvimento sustentável pós-2015 e além: desafios para 2050”. Posteriormente, ao ser entrevistado pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet) no escritório da LBV em Nova

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Vicente Bezerra

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LBV na ONU

A Rádio ONU em língua portuguesa convidou a Legião da Boa Vontade a falar sobre sua linha pedagógica, aplicada nas unidades socioeducacionais da Instituição. Em entrevista conduzida pelo repórter Eleutério Guevane (E), a supervisora dessa linha, Suelí Periotto, ressaltou a preocupação da LBV em promover ensino de qualidade aliado à transmissão de bons valores e a ações que possibilitem às pessoas e famílias atendidas pela Instituição melhorar a qualidade de vida delas. Ao lado da educadora, o representante da LBV nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani.

Baixe o leitor QR Code em seu smartphone ou tablet, fotografe

o código e ouça a entrevista da LBV concedida à Rádio

ONU em língua portuguesa.

A embaixadora dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, Samantha Power (E), conversa com Mariana Tamasan, da LBV.

Os representantes da LBV na conferência Nicholas Beck de Paiva (E) e Mariana Tamasan conversam com o escritor Kurt Johnson, cofundador da organização Diálogo Interespiritual em Ação.

Bircan Ünver (E), fundadora e presidente da ONG The Light Millennium, recebe a publicação especial da LBV para o evento do DPI.

Theresa Cheong, diretora da School of Allied Health, da Parkway College, confraterniza com Sâmara Malaman, da LBV.

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46 BOA VONTADE

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York, ressaltou pontos da palestra que proferira. “Vou falar quais serão as projeções para 2050 em termos de crescimento populacio-nal. Até lá, haverá dez bilhões de pessoas no mundo. Sete em cada dez habitantes do planeta estarão vivendo em megacidades, como Rio de Janeiro e São Paulo. A questão é oferecer uma educação adequa-da para preparar os cidadãos do mundo para 2050”, disse. Ele com-pletou: “Os cidadãos do mundo em 2050 terão que lidar com grandes mudanças provocadas pelas alte-rações climáticas. (...) Precisamos educar as crianças de hoje para serem indivíduos muito habilido-sos e capazes de enfrentar esses desafios. Não apenas expertise em assuntos técnicos, mas pessoas que precisarão saber sobre os direitos humanos, bem como sobre valores, o que significa ser bons cidadãos e como se relacionar uns com os outros”.

Pode-se perceber, pelos trechos destacados de alguns dos discursos feitos no painel, a ênfase destes na necessidade de a educação ser prio-rizada, visto que esta é ferramenta imprescindível para transformar a consciência e a conduta dos seres humanos. Em consonância com essa crença, o copresidente do Comitê de ONGs sobre Educação, ao se referir à proposta pedagógica da LBV, assim se expressou: “A qualidade dos professores vai ser muito importante. Eles também terão que promo-ver o respeito pelos direitos humanos, o respeito pelo próximo, o respeito pelos

O painel temático coordenado pela Legião da Boa Vontade atraiu a atenção de profissionais da área educacional de diversos países, que fize-ram questão de enaltecer o trabalho realizado pela Instituição há mais de seis décadas. A seguir, alguns desses depoimentos.

“Fiquei realmente muito feliz em ver tanto carinho em um sis-tema escolar que não trata apenas de abastecer o cérebro das crianças, mas de realmente educá-las a como viver a vida, como construir uma comunidade, como ser consciente para com o meio ambiente (...). Soube que vocês [da LBV] também têm um programa que inclui as mães. (...) É cientificamente com-

provado: a Educação realmente começa antes do nascimento. Então, por que não incluir as mães? Alguém disse [durante o painel]

‘incluir os pais’, e estou totalmente de acordo” (Julie Gerland, francesa, doutora em Medicinas Holísticas e chefe-representante da Organização Mundial das Associações para Educação Pré-Natal — Omaep — junto às Nações Unidas).

“O que a LBV está fazendo por meio da educação ofere-cida às crianças, [ensinando] esses tipos de valores [éticos, ecumê nicos e espirituais], é muito importante. Estou bastante feliz por ter participado deste painel. Parabéns por organizá-lo. Usarei o vídeo [mostrado durante o painel] com meus alunos, para os quais dou palestras sobre as Nações Unidas e boas práticas” (Celine Paramunda, indiana,

representante da Medical Mission Sisters nas Nações Unidas).

“As informações que obtive neste painel foram sustentáveis, porque formar um aluno para que entenda seu meio ambiente e seu compromisso cívico e participe de sua comunidade é muito relevante. (...) Gostaria de levar esse programa [educacional da LBV] para meu país” (Daniel Méndez, dominicano, mestrando

em Educação).

educando cérebro e coração

A mesa do painel temático foi formada, da esquerda para a direita, pela intérprete Mariana Tamasan; pela supervisora da linha pedagógica da LBV, Suelí Periotto; pelo diplomata Vicente Amaral Bezerra, representante da Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas; pelo moderador do painel, Danilo Parmegiani, representante da LBV na ONU; por Sâmara Malaman, mestre em Educação Especial pela Kean University; e pelo psicólogo e psicanalista Joseph DeMeyer.

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Mariana Tamasan, da LBV, entrega à presidente do Comitê Executivo de ONGs Associadas ao DPI/ONU, Anne- -Marie Carlson (E), publicação especial da Instituição para o evento.

Edward A. Lin, conselheiro da Dharma Drum Mountain Buddhist Association, recebe a revista da LBV para a conferência em inglês.

Casey Gerald, diretor-executivo da MBA’s Across America, recebe do jovem Nicholas Beck de Paiva a publicação especial da LBV para a conferência do DPI.

Andrea Carmen, diretora-executiva do Conselho Internacional de Tratados Indígenas (IITC, na sigla em inglês), e o representante da LBV Alziro de Paiva, com a revista da Instituição para o evento.

Representante da LBV apresenta as recomendações da Instituição para a conferência a Grove Harris, da ONG The Temple of Understanding (O Templo do Entendimento, na tradução para o português).

Kleber Marins de Paulo, presidente da Enactus Brasil, confraterniza com Suelí Periotto, supervisora da linha pedagógica da LBV e diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade.

Simpático, o rabino Roger Ross, diretor-executivo do Seminário Rabínico Internacional, com a revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável 2014 em inglês. Ao lado, Adriana Rocha, da LBV.

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O representante da Associação Universal de Esperanto (UEA) na ONU, Neil Blonstein (segundo, a partir da esquerda), confraterniza com a comitiva da Legião da Boa Vontade presente à conferência.

Eliana Gonçalves (de costas), integrante da equipe da LBV no encontro do DPI, conversa com o presidente da Conferência das ONGs com Relações Consultivas para as Nações Unidas (Congo), Cyril Ritchie.

Clint Carney, secretário da Family Justice Center Alliance, e a representante da LBV Mariana Tamasan.

valores humanos e pelo componente espiritual da vida”.

Linha pedagógica da LBV ganha relevo na ONU

Durante o painel temático, o público teve a oportunidade de conhecer algumas histórias de sucesso que a LBV reuniu no âmbito educacional, resultantes das inovadoras Pedagogia do Afeto (dirigida a crianças de até os 10 anos de idade) e Pe-dagogia do Cidadão Ecumênico (que abrange a educação de in-divíduos a partir dos 11 anos), aplicadas em todas as unidades socioeducacionais da Institui-ção. Entre os materiais apre-sentados, um vídeo com alunos do Conjunto Educacional Boa Vontade chamou a atenção dos presentes. Nele, crianças falam da importância do uso racional da água, consciência trabalhada com os estudantes dos estabe-lecimentos de ensino da LBV desde a mais tenra idade.

Os bons resultados do pro-grama educacional Estudantes de Boa Vontade pela Paz (Good Will Students for Peace , em inglês), desenvolvido em esco-las públicas norte-americanas, também foi compartilhado com todos os que estavam no local. Em recente edição do programa, a LBV aplicou sua linha pedagó-gica na escola Lincoln Avenue, em Nova Jersey, ocasião em que abordou o tema “Minha casa é o planeta Terra — O nosso papel como cidadãos ambientalmente conscientes”.

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do futuroDesafios

LBV na ONUReunião de Alto Nível do Ecosoc

Da Redação

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Todos os anos, o Conselho Econômico e Social (Ecosoc), um dos órgãos principais da

Organização das Nações Unidas (ONU), congrega representantes de países-membros desse importante or-ganismo internacional e de entidades da sociedade civil a fim de abordar assuntos de grande relevância e in-teresse para a Humanidade. Por isso, dos dias 7 a 11 de julho de 2014, em Nova York, EUA, o Ecosoc realizou sua Reunião de Alto Nível, que de-bateu o tema “Discutindo os desafios em curso e os emergentes para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em 2015 e para sustentar os ganhos de desenvolvi-mento no futuro”. Participaram do evento mais de 500 representantes de governo e da sociedade civil.

Uma das instituições que compa-receram à conferência, a Legião da Boa Vontade, da mesma forma que fez em edições anteriores do encon-tro, apresentou suas recomendações e boas práticas socioeducacionais

Evento anual da ONU reúne representantes de dezenas de países para discutir a agenda pós-2015.

referentes ao tópico em pauta. Ainda esteve no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (High-Level Political Forum, em inglês), que ocorreu entre 30 de junho e 9 de julho. Na mesma ocasião, outros dois eventos ocor-reram: a Revisão Ministerial Anual e o Fórum de Cooperação para o Desenvolvimento, nos quais a LBV também marcou presença.

Por meio de várias pesquisas interativas — entre as quais a My World* —, bem como dos fóruns e das assembleias que antecederam à Reunião de Alto Nível, a ONU jun-tou informações necessárias para a elaboração do cronograma pós-2015 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nesses encon-tros foram discutidos diversos temas para ajudar a construir a agenda de desenvolvimento sustentável, entre os quais o consumo e a produção sustentáveis, o papel da ciência e da política e as tendências que afetarão as novas gerações. “Combater a

* My World — Meu Mundo, em português, é a enquete global das Nações Unidas para a construção de um planeta melhor. Os cidadãos podem votar nas seis questões de desenvol-vimento que têm maior impacto na vida deles.

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Em 7 de julho, a LBV foi convidada a se pronunciar na plenária da ONU diante das autoridades internacionais. Na foto, o representante da Instituição nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani, fala sobre o traba-lho da LBV em intervenção transmitida pela Rádio e TV ONU, em tempo real, para todo o mundo.

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tência social, obtida ao longo de mais de seis décadas de atuação, e de en-contros que ela promoveu em 2013 com vários setores da sociedade, em quatro países da América Latina.

As informações contidas nesse material foram igualmente disponi-bilizadas às delegações participantes da Reunião de Alto Nível na edição 2014 da revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável, lan-

Rita Schwarzelühr-Sutter, secretária de Estado Parlamentar para o Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Construção e Segurança Nuclear da Alemanha confraterniza com o representante da LBV nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani.

O diretor-geral da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês), professor Rolf-Dieter Heuer, recebe do jovem Nicholas Beck de Paiva (D), da LBV, a revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável 2014.

O ex-primeiro-ministro da Coreia do Sul, Han Seung-soo, designado pelo secretário-geral da ONU para Redução de Riscos de Desastres e Recursos Hídricos, confraterniza com a representante da LBV Conceição de Albuquerque, que lhe entrega a publicação especial da Instituição.

Os Legionários Mariana e Alex Tamasan apresentam a mensagem da Instituição ao ministro de Finanças da Guiana, Ashni Singh (C).

Revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável disponível nos idiomas inglês, espanhol, francês e português.

desigualdade crescente, em países ricos e pobres, se tornou um desafio definitivo na nossa época”, declarou Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas. Ele completou: “Nossos objetivos pós-2015 devem ser para não deixar ninguém para trás”.

Contribuições da LBVA Legião da Boa Vontade possui,

desde 1999, status consultivo geral no Conselho Econômico e Social (Ecosoc), ao qual expõe, em relatório anual, suas recomendações e boas práticas socioeducacionais, tradu-zidas para os seis idiomas oficiais das Nações Unidas: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. O documento apresentado pela LBV este ano é fruto de sua experiência nos campos da educação e da assis-

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e Nicholas Beck de Paiva, de 23 e 20 anos, respectivamente, e o representante da Instituição nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani, falaram do papel das novas gerações na construção de um futuro melhor para todos e de como a Entidade incentiva essa participação. “Quan-do a ONU abre espaço para que o jovem tenha a sua voz, é muito bom; afinal, nós temos a nossa opinião e também queremos expressar o que vivemos, as experiências que temos, para contribuir para este evento tão importante, que discute o futuro do nosso planeta”, afirmou Felipe.

De acordo com Nicholas, a juventude tem força para ajudar a promover transformações de al-cance global. “A experiência que o jovem passa traz um valor na mu-dança do mundo, na construção de um mundo melhor”, ele salientou.

No dia 9 de julho, a Rádio ONU em língua portuguesa fez uma matéria sobre a participação da Legião Boa Vontade na Reunião de Alto Nível do Ecosoc. Entre os entrevistados estavam os jovens brasileiros Nicholas Beck de Paiva e Felipe Duarte, que comentaram sobre o protagonismo juvenil incentivado na LBV desde a infância, e defenderam a importância da Educação na preparação das novas gerações.

O economista norte-americano Jeffrey D. Sachs (D), diretor do Earth Institute, da Universidade de Columbia, recebe a publicação especial da LBV das mãos do Jovem Legionário Felipe Duarte.

Nana Oye Lithur (D), ministra de Gênero, Crianças e Proteção Social da República do Gana, conversa com a jovem Amanda Vieira, da LBV, que apresenta a mensagem da Instituição especialmente encaminhada ao evento.

Viviana Caro Hinojosa (D), ministra do Planejamento de Desenvolvimento da Bolívia, com a publicação especial da LBV (em espanhol) durante o evento do Ecosoc. Ao lado, Adriana Rocha, da Instituição.

Comitiva jovem da LBV chama atenção da Rádio ONU

O grande número de jovens na comitiva da Legião da Boa Vontade na Reunião de Alto Nível do Ecosoc também mereceu realce durante o evento. Dos 13 integrantes do grupo, dez tinham menos de 28

anos de idade e eram originários de seis países.

Em entrevista à Rádio ONU em português, dois jovens brasileiros que faziam parte da equipe enviada pela LBV ao encontro, Felipe Duarte

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Anúncio Super RBV em atual- ização

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Embaixador Martin Sajdik (D), presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) e representante da Missão Permanente da Áustria na ONU, recebe mensagem da LBV.

A publicação especial da LBV é entregue à Shahira Wahbi, chefe da Divisão de Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável da Liga dos Estados Árabes, pelo representante da Instituição Nicholas Beck de Paiva.

Martin Chungong, secretário- -geral da União Interparlamentar (UIP), recebe a mensagem da LBV de Eliana Gonçalves, representante da Instituição no evento.

Lígia Figueiredo, do Ministério de Assuntos Exteriores de Portugal, recebe a mensagem da LBV das mãos do jovem Felipe Duarte, da Instituição.

William Colglazier, conselheiro para Assuntos de Ciência e Tecnologia do Departamento de Estado dos Estados Unidos, com a representante da LBV no evento, Sâmara Malaman.

çada na ocasião (nas versões em português, inglês, francês e espa-nhol). O destaque da publicação é a mensagem “Solidariedade e direitos humanos no mundo”, do diretor--presidente da Instituição, José de Paiva Netto, na qual ele evidencia a importância não só da solidariedade para a construção de um mundo melhor, mas também do papel da

mulher na defesa dos direitos e de-veres do ser humano.

Convidada a fazer um pronun-ciamento na plenária da ONU no primeiro dia de debates, a LBV le-vou ao evento iniciativas de sucesso da sociedade civil, em especial os bons resultados alcançados com a aplicação de sua proposta pedagó-gica. O discurso foi proferido por

Danilo Parmegiani, representante da Instituição nas Nações Unidas, às autoridades internacionais pre-sentes e transmitido pelos meios de comunicação da ONU em tempo real para todo o mundo. “(...) Uma coesa e impactante linha de ação, que promove a Educação com Espiritua-lidade Ecumênica como a chave do desenvolvimento da cidadania plena, preparando novas gerações para uma sociedade mais solidária e sus-tentável. (...) Nosso foco é promover um modelo de educação que seja ca-paz de formar líderes solidários, por meio do empoderamento de cérebro e coração, conforme define o diretor--presidente da LBV, o educador Paiva Netto”, declarou ele.

Danilo ainda ressaltou que, neste momento em que as nações estabele-cem prioridades comuns para a reso-lução de problemas mundiais, a LBV defende a educação como a principal ferramenta no cumprimento dos objetivos pós-2015, sendo a mais eficiente na formação de cidadãos solidários e fraternos.

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Web: www.boavontade.com/tv

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NET No Estado de São Paulo: Itapetininga (canal 66);

Sertãozinho (canal 98); Americana, Araras, Hortolândia, Limeira, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Nova Odessa, Rio Claro,

Santa Bárbara D’Oeste e Sumaré (canal 192).

OUTRAS TVS POR ASSINATURACANAL 24 — Telec NE: São Luís/MA; CANAL 33 — Cabo Serviços de Telecomunicações: Natal/RN e Mossoró/RN;

CANAL 29 — TV Costa do Sol: Cabo Frio/RJ; CANAL 26 — TVC Assis: Assis/SP; CANAL 29 — TVC Ourinhos: Ourinhos/SP; CANAL 26 — Pontal Cabo: Penápolis/SP; CANAL 39 — TVCA

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Comportamento

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Ponto de equilíbrio

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A quanto anda a sua saúde emocional e mental? Você já parou para fazer essa pergunta a si mesmo? Um sinal de alerta

tem sido dado por trabalhos e estudos nacio-nais e internacionais: vivemos atualmente em uma sociedade urgente, rápida e ansiosa. Dados divulgados pela Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental (em inglês, World Health Mental Survey), uma iniciativa da Organi-zação Mundial da Saúde (OMS), que reuniu dados epidemiológicos de 24 países, mostra que cerca de 20% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo*¹ apresentaram algum transtorno de ansiedade.

A psicóloga Sâmia Aguiar Brandão Simurro, vice-presiden-te da Associação Bra-sileira de Qualidade de Vida (ABQV), explica que, na medida certa, a ansiedade não é uma patologia, ela passa a ser prejudicial quando está excessiva e compromete a vida diária da pessoa. “A Organização Mundial da Saúde define o ‘transtorno de ansiedade’ como um estado elevado de ansiedade no qual a pessoa ex-perimenta sintomas físicos e psíquicos como palpitações, suor, tensão e pensamentos negativos diante de perigos que existem em nossos pensamentos e simulam uma situa-ção de ameaça. Quando esses sintomas não conseguem ser controlados ou minimizados, ou começam a prejudicar a nossa saúde, está na hora de buscar um especialista”.

De acordo com a psicóloga, “às vezes a gente não percebe quando chega esse ‘de-

Dra. Sâmia Simurro

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*¹ Os dados do relatório internacional restringiram-se à Grande São Paulo e foram gerados por meio da pes-quisa São Paulo Megacity Mental Health Survey. Em âmbito global, o estudo foi coordenado por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos).

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Page 58: Revista Boa Vontade, edição 237

Comportamento

são aconselhadas, em geral, sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC), método que procura modifi-car padrões de pensamentos e com-portamentos associados. Em pacien-tes mais graves, há uma combinação de remédios e TCC.

Esse processo de reflexão pode ser um grande aliado para novos apren-dizados e passa pela interveniência da razão. “No processo terapêutico é assim, tem de ficar no hoje, uma coisa de cada vez. Você precisa ler o jornal interno, saber o seu ponto de equilí-brio, se conhecer bastante, saber os seus limites. Em geral, quando se está ansioso, a pessoa fica pensando que alguma catástrofe iminente vai acontecer; e ter consciência de que 95% das coisas que temos medo não ocorrem, então, a gente sofre, em geral, desnecessariamente”, diz.

O medo que paralisaUm temor inexplicável do futu-

ro, dependendo do grau, prejudica o sono do indivíduo, deixa-o mais predisposto a sofrer de enfermidades cardiovasculares e o impede de fazer coisas comuns à maioria das pessoas. Fobias de diferentes ordens podem instalar-se, como, por exemplo, a síndrome do pânico, muito comum nos dias de hoje. Clara dos San-tos*², 54 anos, sabe bem o que é isso. Os primeiros sintomas começaram a aparecer ainda na infância. Ela co-menta que já era um pouco agitada, ansiosa, preocupada com as coisas. “Lembro-me de uma vez que minha irmã fez um vestido para mim, eu era menina, e pediu que experimentasse. Vesti e ele ficou muito apertado, não conseguia tirá-lo, a minha irmã teve

O psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury afirma que uma das formas de proteger a emoção dos pequeninos e filtrar os estímulos estressantes é “desenvolver o prazer por meio de atividades lúdicas, participar de processos criativos que envolvam melhor elaboração, como esporte, música, pintura e relacionamento com a Natureza”.

Para ele, é fundamental não superproteger os filhos. E faz uma série de apontamentos em seu trabalho: “É fundamental que os pais não deem presentes e roupas em excesso aos filhos nem os coloquem em múltiplas atividades. É igualmente fundamental que conquistem o território da emoção deles e saibam transferir o capital de suas expe-riências (...). Não devem deixá-los o dia inteiro conectados em redes sociais e usando smartphones. A utilização ansiosa desses aparelhos pode causar dependência psicológica como algumas drogas”.

Outro conselho do psiquiatra, esse para crianças e adultos, é evitar tais aparelhos à noite ou mesmo dormir próximo deles, porque a tela produz um comprimento de onda azul que dificulta a liberação, no me-tabolismo cerebral, de substâncias que induzem ao sono.

Filhos mais criativos e menos ansiosos

mais’; alguém precisa dar um toque para que se possa entender isso”.

Os sintomas das crises de ansie-dade trazem muito sofrimento ao paciente. “Se não houver nenhuma patologia física, o melhor especia-

lista para se procurar é o psicólogo, ou, eventualmente, dependendo da intensidade, um psiquiatra, para aprender a lidar com suas dificul-dades diárias”, ressalta a dra. Sâmia Simurro. Nos casos mais simples,

*² Nome fictício, para preservar a identidade do paciente.

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de rasgar o vestido, porque fiquei muito nervosa, parecia que a roupa ia me sufocar”.

Com o tempo e uma sucessão de acontecimentos, como a perda dos pais (bem próximo um do outro) e a ameaça de desemprego, os sintomas foram ampliados. “Você acha que não tem luz no fim do túnel, acumula tudo, não se abre, não conversa com ninguém e fica guardando para você, e é como uma panela de pressão: chega uma hora que explode”.

Depois desses episódios, os sinais ficaram mais evidentes, e, graças ao apoio de familiares e amigos, Clara percebeu que pre-cisava de ajuda especializada. Ela havia desenvolvido a síndrome do pânico. “Tinha medo em ambientes fechados, em elevador, em avião, em meio à multidão. Sentia um grande desconforto, um aperto no peito, falta de ar. Tinha a sensação de que ia morrer”, conta.

Atualmente, ela convive melhor com esses sentimentos. Fez três anos de terapia, tomou medicamentos, aprendeu a controlar a respiração com exercícios de ioga e adotou pensamentos mais positivos. “Já consigo andar de elevador, viajei de avião. Quando estou nesses lugares e vem essa sensação de medo, procuro respirar fundo, ficar tranquila, calma e pensar que não vou ficar ali presa, que há saída dali. A Espiritualidade, conhecer o meu eu interior e, acima de tudo, o amparo de Deus foram também muito importantes para mim. Li bons livros, a exemplo de Reflexões da Alma, do escritor Paiva Netto, que me deu um conforto muito grande, um bem-estar, uma sensação de saúde, de cura mesmo”, completa.

O mal do séculoO alerta vem do psiquiatra

e psicoterapeuta Augusto Cury, autor da obra Ansiedade — Como vencer o mal do século. No tra-balho, ele apresenta a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), segundo ele, um dos problemas mais comuns da atualidade, que atinge, em níveis diferentes, mais de 80% dos indivíduos em todas as idades. “Sem perceber, a sociedade moderna — consumista, rápida e estressante — alterou algo que deveria ser inviolável, o ritmo de construção de pensamentos, ge-rando consequências seriíssimas para a saúde emocional, o prazer de viver, o de-senvolvimento da inteli-gência, a criatividade e a sustentabilidade das rela-ções sociais. Adoe cemos coletivamente”, explica o escritor.

O autor argumenta que no pas-sado o número de informações dobrava a cada dois ou três séculos; hoje, isso ocorre a cada ano. Para ele, “(...) mesmo se o conteúdo for positivo, culto, interessante, o ace-leramento do pensamento por si só

gera um desgaste cerebral intenso, produzindo a mais importante an-siedade dos tempos modernos, com a mais rica sintomatologia”.

Cury expõe que mesmo crianças e adolescentes já sentem os efeitos dessa síndrome, conforme pôde perceber em suas palestras em escolas, onde os alunos, ao serem indagados sobre os sintomas da SPA, afirmavam, em sua maioria, sentir dores de cabeça e musculares. “Foi surpreendente. Quase todos também acenaram positivamente quando perguntei se acordavam cansados, se se sentiam irritadiços e intole-rantes a contrariedades, se sofriam por antecipação, se tinham déficit de concentração e de memória.”

A fim de fugir de uma das características mais marcantes da síndrome, a angústia por fatos e circunstâncias que ainda não aconteceram, o livro dispõe-se a ensinar a pensar com consciência, a gerenciar seus pensamentos, a pen-sar antes de reagir, a ser resiliente. “O maior inimigo não está fora, mas dentro de você”, diz o autor.

De acordo com Augusto Cury, a SPA tem levado ao para-doxo de termos, apesar de atualmente uma vida mais longa biologicamente, a impressão de que o tempo passa mais rápido. São tantas atividades mentais e profissionais que não

há espaço para desfrutar, digerir e assimilar experiên cias existenciais. “Estamos na era do fast-food emo-cional; engolimos nosso nutriente. Não sabemos amar, dialogar, ouvir, sonhar, interiorizar, jogar conversa fora”, afirma, na obra, o escritor.

Augusto Cury

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“Sem perceber, a sociedade moderna (...) alterou algo que

deveria ser inviolável, o ritmo de construção de

pensamentos.”Augusto Cury

Psiquiatra e psicoterapeuta

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Page 60: Revista Boa Vontade, edição 237

Especialistas já listaram pelo menos dez tipos de problemas ligados à ansiedade. Todos esses transtornos e fobias prejudicam a qualidade de vida das pessoas e as impedem, muitas vezes, de exercer atividades corriqueiras. A seguir, alguns deles.

tiposde transtornosde ansiedade

23

Fobia socialcaracteriza-se pelo

medo excessivo de humilhação ou

embaraço em vários contextos sociais,

entre os quais falar em público, comer em

restaurantes e usar toalete público.

Fobias específicassão medos irracionais que

geram reação desproporcional a algo, como a fobia de

aranhas, tempestades, sangue ou lugares pequenos.

Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)consiste em pensamentos, ideias ou imagens que invadem a consciência insistentemente, sem que a pessoa queira. A única forma de

livrar-se deles por algum tempo é realizar um ritual, como, por exemplo, verificar se trancou

a porta ou se apagou a luz.

11

Comportamento

60 BOA VONTADE

Page 61: Revista Boa Vontade, edição 237

Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

é o estado em que o paciente deve ter

passado por um evento grave, com grande estresse emocional. Esse tipo de trauma

inclui experiências de combate, de catástrofes naturais, de agressão física, de estupro, de acidentes graves etc., e leva a pessoa a ter

medo de situações que, de alguma maneira, se assemelham ao

momento traumático.

Fonte: site Psiquiatria Geral (www.psiquiatriageral.com.br) e Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Norte-Americana de Psiquiatria (DSM-IV).

44 5Transtorno de ansiedade induzido por substâncias

consiste no distúrbio causado por uso de

drogas e álcool. Várias dessas substâncias são

capazes de produzir ansiedade.

6

7

Transtorno ou síndrome do pânicocaracteriza-se por intensa ansiedade e medo, acompanhados de sintomas físicos (taquicardia, dispneia, sudorese e palpitações), com duração breve.

88Transtorno

de ansiedade generalizadaé um estado

de ansiedade e preocupação

abrangente, acompanhado por sintomas

somáticos, entre os quais irritabilidade,

dificuldade de concentração,

fadiga e depressão.

Agorafobiaé o estado em que se evidenciam

comportamentos de esquiva, que aparecem quando a pessoa

se encontra em situações ou locais dos quais seria difícil ou embaraçoso escapar ou mesmo

receber socorro se algo de errado acontecesse.

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Page 62: Revista Boa Vontade, edição 237

EspiriTUALiDADE E FOrçA iNTEriOrajudam a vencer a ansiedade

Vivian R. Ferreira

Comportamento

62 BOA VONTADE

Page 63: Revista Boa Vontade, edição 237

Um dos mais conceituados hospitais da capital paulista, o Albert Einstein, tem in-

vestido em diversas ações a fim de oferecer serviços centrados no paciente, em ambientes sau-dáveis e propícios para a cura. Entre algumas das medidas estão a eliminação do horário de visita na UTI, o apoio religioso e a possibilidade de que pacientes recebam a visita de animais de estimação. Para isso, foi desenvolvida uma política de seguran-ça. Dentre outras coisas, é preciso ter autorização do médico responsável pelo paciente e o ve-terinário deve fazer um laudo atestando as boas condições de saúde do animal.

Um dos responsáveis por essa mentalidade no hospital é o cirurgião Paulo de Tarso Lima, que coor-dena o Serviço de Me-dicina Integrativa, uma prática médica nascida na década de 1970, que objetiva favorecer a recuperação dos pacientes em todos os níveis: físico, mental, emocional, social e espiritual. “A ideia é mostrar que a pessoa é a detentora da capacidade de cura da própria doença”, destaca. Ele também explica que o trabalho do hospi-tal é muito focado na gestão do estresse, que está intimamente associado à piora ou à má função dos processos biológicos. “A literatura médica sustenta isso. Há pesquisas mostrando que a

relação com animais leva, por exemplo, a

diminuir a ansiedade”.Quem já se beneficiou com esse

serviço sabe o bem que ele traz. A dra. Cristiane Isabela de Almeida expe-rimentou, como paciente, essa situação. Em 2011, a complicação em uma cirurgia a fez ficar 35 dias

internada. A experiência de estar “do outro lado” levou-a a entrar em contato com “a fragilidade, a dependência e a incerteza que o paciente sente e de que muitas vezes não nos damos conta”, relata a médica.

Ela percebeu que o processo de recuperação é bem mais amplo do que parece ser. “O próprio hospi-tal torna-se um ambiente de cura, onde a construção se une aos medicamentos, aos procedimentos e, especialmente, às pessoas. As-

A dra. Cristiane com seu cão Twister. No destaque, a cadela Clara recebe o abraço afetuoso de seu dono, Ennio Araújo. Ambos receberam a visita de seus animais de estimação enquanto estavam internados.

pectos relacionados à espiritua-lidade, ao toque, ao bem-estar e à alegria interior assumem uma importância vital”, ressalta.

A oportunidade de receber o seu cachorrinho no hospital foi muito importante. Cristiane lem-bra que ele era o único que não “sabia” o que tinha acontecido. Ela simplesmente havia sumido da vida dele. “Para a visita do Twister, todos se uniram: enfer-magem, segurança, comissão de infecção hospitalar... E ele veio! Com toda a doçura que os ani-mais sabem ter nesses momentos, entrou como um principezinho pela porta principal do hospital, abanou o rabo com aquela ale-gria de quem não guarda mágoas da separação e pulou, pedindo colo, carinho e um tempo só com ele. Aquela visita preencheu minha alma! O amor sem pala-vras...”, conclui.

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Dr. Paulo de Tarso Lima

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Page 64: Revista Boa Vontade, edição 237

Globalização do

de jesusAmor fraterno

O 39o Fórum Internacional do Jovem Ecumênico Militante da Boa Vontade de Deus compartilha ideias e atitudes para a

construção de um mundo melhor.Da Redação

Ação Jovem LBV

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GRANDE REPERCUSSÃO Palestra do diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, é transmitida, via satélite, por rádio, televisão e internet para o Brasil e exterior.

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mais de 7 bilhões de pessoas habitam o planeta, cada uma com a própria percepção de

mundo, e o que se vê atualmente é a escolha de culturas e pontos de vista para servir de padrão. Tal preferência, consequentemente, direciona todas as outras formas de expressão, consideradas muitas ve-zes como marginais ou de importân-cia secundária. Desse modo, ainda um número reduzido de indivíduos beneficia-se do progresso social, por exemplo, enquanto a maioria sofre com os prejuízos da miséria globalizada.

Para José de Paiva Netto, diretor--presidente da Legião da Boa Von-tade, jornalista, radialista e escritor,

Jesus, o Cristo Ecumênico, portanto, universal, o Divino Estadista, apre-sentou, com Sua existência terrena, há mais de dois mil anos, valores que conduzem a uma globalização sem seres prejudicados, por meio de Seu Novo Mandamento: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35). É nessa base deixada pelo Administrador Celeste que o dirigente da LBV se inspira, traduzindo-a em frentes de ação por um mundo melhor. Há dé-cadas, ele tem defendido veemente-mente, em seus escritos e discursos, a tese da Globalização do Amor

Fraterno de Jesus. O próprio Paiva Netto uma vez disse, em entrevista, ao jornalista italiano radicado no Brasil Paulo Parisi Rappocio em 10 de outubro de 1981: “(...) À glo-balização da miséria contrapomos a globalização da Fraternidade, que espiritualiza e enobrece a Economia e solidariamente a disciplina, como forte instrumento de reação ao pseu-dofatalismo da pobreza”.

O assunto foi escolhido pela Juventude Ecumênica Militante da Boa Vontade de Deus para ser abor-dado em um ano intenso de estudos e atividades, realizados em dezenas de cidades do Brasil e no exterior. A conclusão desses trabalhos ocorreu no dia 21 de junho de 2014, com o 39o Fórum Internacional do Jo-vem Ecumênico Militante da Boa

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Vontade de Deus, que congregou pessoas de todas as idades para refletir sobre o tema “Globalização do Amor Fraterno –– A construção de um mundo melhor”. O ponto alto do encontro, que teve lugar nas unidades socioeducacionais da LBV (escolas e Centros Comunitários de Assistência Social) e nos espaços culturais e ecumênicos da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, foi o discurso, de improviso, de Paiva Netto, transmitido ao vivo, via satélite, pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet). A mensagem teve grande

audiência e repercussão em muitas partes do globo, sendo acompanha-da, em tempo real, por internautas da Bolívia, dos Estados Unidos, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, de Portugal e de outros países, além de ter sido alvo de numerosas mani-festações de apreço e gratidão.

O dirigente abriu sua prédica falando da mídia diferenciada da LBV: a Comunicação 100% Jesus. “Ora, a meta, pelos milênios, é glo-balizar. Mas o quê? Costumo dizer que a reforma do social, portanto do humano, vem pelo espírito. Esse é o diferencial que apresentamos

à Humanidade”, fez questão de ressaltar.

Fraternidade no alto sentido

Paiva Netto também salientou a importância de o Supremo Criador não ser reduzido à noção do deus antropomórfico, feito à imagem e semelhança dos homens, conforme destacava o saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur (1914-1979). Para o diretor-presiden-te da Instituição, esse conhecimento é imprescindível para que não se crie a impressão perigosa de um deus pessoal, um deus com todos os erros e pecados dos seres humanos.

Ainda de acordo com esse en-tendimento, explicou que é preciso buscar promover a “globalização do que Jesus, o Celeste Estadista, quer que seja globalizado: o pensamento de Deus, que é Amor (Primeira Epístola de João, 4:8); logo, é fra-ternidade no mais alto sentido. Mui-ta gente ainda pensa que ela seja apenas entre o seu grupo, entre a sua tribo. E aí as nações se dividem, os seres humanos se matam, nem as crianças se salvam (...)”.

A fim de continuar sua reflexão, ele pediu que fosse exibida gravação histórica, na voz de Alziro Zarur, em que este interpreta a página Deus, de Eurípedes Barsanulfo*, na qual o autor escreve sobre a abrangência da Presença Divina (reproduzida a seguir).

Deus“O Universo é obra inteligen-

tíssima; obra que transcende a mais genial inteligência humana; e, como todo efeito inteligente tem

ecumenismo sem fronteiras

O dirigente da Legião da Boa Vontade ainda ressaltou a presença da Instituição em importante seminário da ONU, ocorrido em junho, sob o seguinte título: “O Trabalho Espiritual das Nações Unidas: avançando em direção a uma transformação planetária de consciência”. Nesse evento, o representante da LBV nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani, fez um pronunciamento, no qual destacou trecho do subtítulo “Ver além do intelecto”, constante do livro É Urgente Reeducar!, do escritor Paiva Netto. A obra é uma das bases da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, as quais compõem a linha educacional da LBV.

Também mereceu relevo especial no seminário a revista Globaliza-ção do Amor Fraterno. A publicação, que ajudou a orientar os estudos e as discussões acerca do tema do 39o Fórum Internacional do Jovem Ecumênico Militante da Boa Vontade de Deus, já foi traduzida para vários idiomas (alemão, espanhol, esperanto, francês, inglês e portu-guês) e recebeu o endosso do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

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uma causa inteligente, é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência; é a inteligência das inteligências; a causa das cau-sas; a lei das leis; o princípio dos princípios; a razão das razões; a consciência das consciências; é Deus! Deus! Nome mil vezes santo, que Newton jamais pronunciava sem descobrir a cabeça!

“Ó Deus que vos revelais pela natureza, vossa filha e nossa mãe, reconheço-vos eu, Senhor, na poe-sia da criação; na criancinha que sorri; no ancião que tropeça; no mendigo que implora; na mão que assiste; na mãe querida que vela;

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*Eurípedes Barsanulfo (1880-1918) — Nasceu no dia 1o de maio de 1880, em Sacramento, Estado de Minas Gerais, e fa-leceu na mesma cidade, aos 38 anos, em 1o de novembro de 1918. Em 1902, parti-cipou ativamente da fundação do Liceu Sa-cramentano, onde passou a lecionar. Tam-bém atuou na criação do jornal semanal Gazeta de Sacramento, no qual publicava artigos sobre economia, literatura e filoso-fia, estreando, assim, como jornalista. Em 31 de janeiro de 1907, fundou o Colégio Allan Kardec. Atendeu indistintamente os mais pobres e os necessitados que o pro-curavam em busca de ajuda. Foi dedicado servidor do Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da gripe espa-nhola, pandemia que assolou o mundo de 1918 a 1919.

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no pai extremoso que instrui; no apóstolo abnegado que evangeliza as multidões.

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no amor do esposo; no afeto do filho; na estima da irmã; na justiça do justo; na misericór-dia do indulgente; na fé do homem piedoso; na esperança dos povos; na caridade dos bons; na inteireza dos íntegros.

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! no estro do vate; na elo-quência do orador; na inspiração do artista; na santidade do mestre; na sabedoria do filósofo e nos fogos eternos do gênio!

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! na flor dos vergéis, na relva dos vales; no matiz dos campos; na brisa dos prados; no perfume das campinas; no murmúrio das fontes; no rumorejo das franças; na música dos bosques; na placidez dos lagos; na altivez dos montes; na amplidão dos oceanos e na majestade do firmamento!

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, nos lindos antélios, no íris multicor; nas auroras polares; no argênteo da Lua; no brilho do Sol;

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na fulgência das estrelas; no fulgor das constelações!

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Se-nhor! na formação das nebulosas; na origem dos mundos; na gênese dos sóis; no berço das humanida-des; na maravilha, no esplendor e no sublime do Infinito!

“Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, com Jesus, quando ora: ‘Pai Nosso, que estais nos Céus...’ ou com os Anjos quando cantam: ‘Glória a Deus nas Alturas, Paz na Terra aos Homens [e Mulheres] da Boa Vontade de Deus’”.

E completou o dirigente da LBV: “Eis aí esta magistral página do velho Eurípedes. Assim fica mais fácil entendermos o Amor verda-deiramente solidário que urge seja universalizado: o que alimenta, que educa, que dá segurança, que proporciona saúde, e que, acima de tudo, espiritualiza os povos em sua totalidade”.

Jesus renasce nos corações de Boa Vontade

Na sequência, o diretor-presidente da LBV preparou o ambiente para a Oração Ecumênica do Pai-Nosso e enfatizou, mais uma vez, a importân-cia do legado do Cristo Ecumênico para os povos, citando o seguinte trecho de seu livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade, a ser lançado em breve: “Jesus nasce e re-nasce todos os dias nos corações de Boa Vontade. E igualmente volta, por antecipação, nas ações das criaturas que cultivam o seu ideal no Bem”.

Após a prece, para encerrar sua preleção, desejou que todos recebessem as bênçãos do Cristo de Deus.

Nos meses que antecederam a realização do 39o Fórum Inter-nacional do Jovem Ecumênico Militante da Boa Vontade de Deus, os integrantes da Juventude Ecumê nica participaram de diver-sos debates, nos quais analisaram aspectos ambientais, sociais, culturais e espirituais relativos ao assunto do referido evento. A partir dessas discussões surgiu a música-tema do encontro, A força da Fraternidade.

Em uma das ações que inte-gram o fórum, jovens apresenta-ram as próprias composições no Festival Internacional de Música da LBV, por meio das quais se expressaram e promoveram re-flexões acerca do tópico em foco. Além disso, fundamentados no lema “Compartilhe, comunique, vivencie”, eles se serviram da tecnologia em favor da propagação do ideal da Legião da Boa Vontade ao utilizar a hashtag #Geração-Jesus nas mídias sociais. Com o ato, estas foram tomadas pelos registros de pessoas de todas as idades que lutam por um mundo justo e fraterno.

Cabe mencionar que o fórum reuniu milhares de participantes não só no Brasil, mas também em Nova Jersey, em New Hampshire, na Flórida, na Carolina do Norte, em Massachusetts e em Washing-ton D.C., nos Estados Unidos; em Montevidéu, no Uruguai; em Assunção, no Paraguai; em Buenos Aires, na Argentina; em Coimbra, em Lisboa e no Porto, em Portugal; e em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

debates e atividades culturais

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A empresa VB Comunicação, com seis anos de existência, mantém no mercado produ-

tos que conquistaram credibilidade e se tornaram referência nos campos da informação, do entretenimento e da prestação de serviços. Um dos grandes sucessos do grupo é o evento Conexão Empresarial, que tem o objetivo de propiciar o compartilhamento de experiências, a criação de negócios e as parcerias entre executivos das mais importantes organizações do Brasil.

No dia 22 de agosto, em Nova Lima/MG, o encontro, que reúne

Conexão EmpresarialEvento facilita troca de experiências e geração de negócios

Elvira Trindade | Fotos: Tião Mourão

(2) O diretor-geral da VB Comunicação, jornalista Paulo Cesar de Oliveira (D), ao lado do representante da LBV, Ronei Ribeiro.

(3) Márcio Utsch (E), diretor-presidente da Alpargatas, com o representante da LBV e (1) palestrando durante o evento.

as principais lideranças de Minas Gerais e do país, brindou os pre-sentes com palestra do diretor--presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, acerca do tema “A evolu-ção da marca Havaianas”. Ele fa-lou sobre a trajetória da entidade, as conquistas e os novos desafios dela, além de apresentar estraté-gias para o sucesso da empresa: “Você não pode batalhar todas as batalhas. A primeira forma de ganhar é escolher de quais você deve participar. Há as perdidas... Você vai entrar na bola dividida pra quebrar o pé. Olhe no seu

painel de controle: ‘Eu tenho aqui dez batalhas e posso vencer nestas sete’. Batalhe nas sete”.

Utsch também afirmou que a prioridade hoje da Alpargatas é tra-balhar “nos embates de crescimento de marca; de rentabilidade; de pere-nização; de valor de marca; de uma cultura empresarial que preconiza a simplicidade, a rapidez; de uma cul-tura muito próxima e quente com os clientes, consumidores, fornecedores, que privilegia muito a brasilidade”. E concluiu: “Foram essas as batalhas que a gente escolheu, e, nessas, a gente venceu”.

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2 3

Empreendedorismo

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TERCEIROSETOR

E N C A R T E E S P E C I A L

A nova realidade

do Terceiro Setor ..........74

Articulação social .........84

Capacitação e menos

burocracia ...................87

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A nova realidadedo Terceiro Setor

ESTudo dA LEi no 12.868/13

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por Airton Grazzioli, José Eduardo Sabo Paes e Marcelo Henrique dos Santos

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Oprocesso de gestão no Terceiro Setor — vale dizer, dos recursos humanos nele encontrados — apresenta várias peculiaridades, passando

pelo tipo de serviço prestado, pela coexistência de diferentes atividades e pela complexidade dos desafios inerentes à sociedade civil, na medida em que é direito dela protagonizar com eficiência as tratativas que lhe dizem respeito, no âmbito social. Mas, sem qualquer dúvida, o fator mais importante nesse contexto é o ho-mem, agente fundamental nos processos sociais e, ao mesmo tempo, objeto de todas as ações de tal natureza.

É fato incontroverso que o Primeiro e Segundo Setores experimentam sensível retração e até mesmo certa crítica quanto às motivações de suas ações e grande discussão sobre seus modelos, especialmente por causa do adensamento populacional urbano e da escassez de recursos naturais, que têm produzido crescente exclusão social. Nessa conjuntura, o Ter-ceiro Setor tem-se apresentado como uma força viva

José Eduardo Sabo Paes, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em Direito Constitucional pela Universidad Complutense de Madrid. É procurador de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; membro do Ministério Público; coordenador do Núcleo de Estudo e Pesquisa Avançada no Terceiro Setor (Nepats) da Universidade Católica de Brasília; e vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores e Promotores de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social (Profis).

Marcelo Henrique dos Santos, bacharel em Direito, especialista em Processo Civil e Processo Penal pela Universidade Federal de Goiás (UFG), especialista em Direito Sanitário pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Ciências Ambientais pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEvangélica). É membro do Ministério Público de Goiás, titular da Promotoria de Fundações e Entidades de Fins Sociais em Anápolis e de Defesa da Saúde, além de ser coordenador do curso de Direito na UniEvangélica.

apta a concorrer para a mitigação do largo fosso de miserabilidade que assola nosso país de forma real, e promove o recrudescimento da insegurança e dos alarmantes e terríveis aspectos da violência, vistos não apenas em nossas metrópoles, mas até nas mais interioranas cidades.

É importante salientar que, sob o enfoque da segurança na qualidade de política pública, não se pode descartar a enorme relevância das entidades do Terceiro Setor, cujas inúmeras interfaces dialogam, de maneira significativa, com a cidadania inclusiva, nas áreas e demandas sociais de inegável influência e, por via indireta, no próprio cenário da criminalidade e da violência.

Mais incontestável ainda é o fato de ser a adequada administração dos recursos humanos o fator essencial para estabelecer estratégias que aproveitem o máximo de qualificação daqueles que deslocam o amor de seu coração para o preenchimento das lacunas sociais.

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Airton Grazzioli, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo (ESMP-SP). É mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, promotor de Justiça, e curador de fundações de São Paulo e vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores e Promotores de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social (Profis).

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Assim, no presente trabalho, pretendemos traçar os principais pontos referentes à remuneração de dirigen-tes estatutários e não estatutários das organizações do Terceiro Setor de assistência social, tema que recebeu permissão expressa do legislador pátrio e concorre para suprir lacuna indesejável e tormentosa para os que atuam nesse setor. Trataremos também de tópicos relacionados a tal inovação legislativa, entre os quais a imunidade tributária na percepção constitucional.

Da construção De uma socieDaDe mais participativa

O Brasil anda a passos largos, no afã de construir uma sociedade moderna e efetivamente preocupada com suas demandas sociais. No entanto, apesar da ocorrência de um considerável avanço nessa área nas últimas décadas, a verdade é que o povo brasileiro ainda convive com muitos problemas, que o afetam diretamente. O Terceiro Setor, nesse nível, tem sido importante para a mutação desse panorama, pois a so-ciedade civil organizada tem fomentado a consciência crítica de um pensamento uniforme de responsabili-dade social — mesmo porque não há dúvida de que o exercício pleno da cidadania é uma forma de melhoria da qualidade de vida das pessoas e da comunidade vista de maneira difusa.

Registre-se que, apesar de a democracia estar pre-sente na maioria das anteriores concepções de Estado, o cenário atual passa por uma nova roupagem, com a participação popular não somente no processo político, mas também nas decisões do governo e na execução de políticas públicas, especialmente na área social. Nessa linha, o Grupo de Trabalho do Marco Regula-tório do Terceiro Setor, liderado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, iniciou suas atividades no fim de 2011, com o intuito de implantar uma nova realidade nas parcerias entre o Poder Público e as organizações da sociedade civil (OSCs). Objetiva-se,

com o Marco Regulatório, a construção de uma relação entre as OSCs e o Estado que valorize efetivamente a importância das organizações como parceiras deste na edificação de uma sociedade justa.

Várias são as frentes que estão sendo trabalhadas pelo Marco Regulatório, merecendo destaque a que pretende a edição de novas regras para o repasse de recursos públicos, para a sustentabilidade e para buscar novos instrumentos de parceria que verdadeiramente atendam ao interesse público*1; e a que trata do “Sim-ples Social”, da problemática da sustentabilidade das entidades, do fomento à cultura de doação, dos incen-tivos fiscais e dos fundos patrimoniais*2.

Da possibilidade de remuneração de

dirigentesaspectos históricos e normativos

A possibilidade ou não de as instituições sem fins lucrativos remunerarem seus dirigentes é, sem dúvida alguma, um dos assuntos de maior interesse e que geram incertezas nas pessoas que, de alguma forma, se encontram ligadas às entidades do Terceiro Setor, seja na condição de dirigentes, seja na condição de integrantes de algum órgão da pessoa jurídica, seja na condição de agentes fiscalizadores. De fato, a matéria não é de fácil compreensão, uma vez que seu completo entendimento exige análise das legislações tributária e previdenciária aplicáveis ao contexto e dos títulos e certificados concedidos pelo Poder Público, além de outras exigências advindas do próprio ordenamento jurídico.

Certamente, em seu nascedouro — e, particular-mente no Brasil, até duas décadas atrás, essa questão

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

*1O Projeto de Lei nº 7.168, de 2014, originado do Projeto de Lei do Senado nº 649/2011 e apensado ao Projeto de Lei nº 3.877/2004, estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a Administração Pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e nº 9.790, de 23 de março de 1999. É considerado o marco regulatório para convênios com entidades sem fins lucrativos. Foi aprovado no Congresso Nacional recentemente e encontra-se em fase de sanção presidencial. Caso sancionado, tornar-se-á lei.

*2 De acordo com o Projeto de Lei nº 4.663/2012, de autoria da deputada federal Bruna Furlan.

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não despertava maiores questionamentos, em razão da pouca dimensão ocupada pelo Terceiro Setor, fato este que lhe impunha algumas características bastante singulares, entre elas a preponderância do voluntariado e do espírito altruístico, os quais tinham — e ainda hoje têm — grande repercussão na forma de administração das organizações*3.

Porém, à medida que o novo modelo de Estado e a própria sociedade civil organizada imprimiram maior participação dessas organizações na prestação de serviços de interesse da comunidade, verificou-se, de pronto, a necessidade de dar perfil mais profissional às entidades integrantes do Terceiro Setor, surgindo daí a questão inerente ao assunto tratado: a imprescindibi-lidade de que as pessoas jurídicas sem fins lucrativos remunerem seus administradores.

De fato, quase que como um senso comum, liga-se a remuneração à ideia de que as pessoas jurídicas sem fins lucrativos, por terem essa natureza, não podem ter em seus quadros contratados para geri-las e/ou

administrá-las mediante remuneração. Isso, contudo, é um grande equívoco, tendo em vista que no direito brasileiro não há — e nunca houve — dispositivo legal de vedação do pagamento de remuneração aos administradores dessas entidades, desde que obser-vados determinados requisitos e, principalmente, a possibilidade de pôr em prática essa medida.

A primeira questão que deve ser observada é a de que a decisão de remunerar ou não os dirigentes deve estar expressa no respectivo estatuto, ou seja, este documento deve conter artigo específico prevendo a possibilidade de remuneração ou, em caso contrário, vedando-a. Essa exigência é obrigatória em razão do que se afirmou quanto à inexistência de dispositivo legal sobre a matéria; portanto, a norma estatutária é o referencial a ser observado. É fundamental ressaltar que a omissão de dispositivo portador de norma dessa natureza não permite qualquer pagamento a título de remuneração. Porém, antes mesmo dessa previsão estatutária, devem os dirigentes analisar o custo-

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

*3 É interessante, para a compreensão do tema, a leitura do capítulo XII, p. 508-511, da obra de José Eduardo Sabo Paes Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social (Rio de Janeiro: Forense, 8ª edição, 2013).

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-benefício de adotar tal medida, uma vez que ela tem repercussão direta nos benefícios fiscais e nos títulos de que é portadora a pessoa jurídica.

De modo geral, a legislação tributária, sobretudo a federal, não permite que as entidades remunerem seus dirigentes e sejam beneficiárias de impostos e contribuições.

contornos Da jovem Lei nº 12.868Contornos legais foram implantados com a Lei

nº 12.868, de 15 de outubro de 2013. Essa legislação modifica o artigo 29 da Lei nº 12.101, de 27 de no-vembro de 2009, com o propósito de permitir, sem perda de eventuais benefícios fiscais, a remuneração dos dirigentes estatutários e dos não estatutários das organizações do Terceiro Setor de assistência social, assim definidas as reconhecidas e certificadas como entidades beneficentes nessa área.

É importante averiguar especialmente se a inovação legislativa, por ter sido introduzida no mundo jurídico mediante lei ordinária, não conflita com norma cons-titucional ou com outras normas que lhe sejam supe-riores. Para tanto, será necessário trazer à discussão alguns conceitos jurídicos, notadamente os referentes à imunidade tributária.

No contexto da abordagem, saliente-se que somente serão consideradas como organizações da sociedade civil e integrantes do Terceiro Setor as fundações privadas e as associações de interesse social, a saber: as entidades cujas ações são de interesse da sociedade

civil, vista de forma difusa, nas áreas educacional, assistencial, de saúde, cultural etc.

Serão considerados como dirigentes, igualmente, as pessoas participantes da alta administração das OSCs. Estão nesse contexto os responsáveis pela gestão. Com efeito, a estrutura de poder usual das associações é composta de uma Assembleia Geral integrada por todos os associados, de um Conselho Administrativo e de um Conselho Fiscal (muito embora não obriga-tórios pela legislação, absolutamente recomendados pelas melhores regras de governança corporativa) e de uma Diretoria Executiva, esta incumbida de executar a gestão. A estrutura de poder das fundações privadas é similar, com a coexistência de um Conselho Curador, de um Conselho Fiscal e de uma Diretoria.

Deve-se considerar, do mesmo modo, porque é importante para a compreensão do tema, a existência de duas modalidades de dirigentes: estatutários e não estatutários.

Dirigentes estatutários e não estatutários

O dirigente estatutário é aquele cujas atribuições são definidas no estatuto social e faz parte do centro de poder principal da OSCs. Sua autonomia de fazer ou deixar de fazer em nome da organização é defini-da no estatuto social, evidentemente subordinada à observância do ordenamento jurídico. Em regra, ele não tem vínculo empregatício com a OSC e recebe, como contraprestação aos serviços prestados, uma

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espécie de pró-labore, definido pelo próprio estatuto ou em deliberação da Assembleia Geral ou do Conse-lho Administrativo, tratando-se de associação, ou do Conselho Curador ou de órgão similar, tratando-se de fundação privada.

O dirigente não estatutário é aquele responsável pela gestão, cujas atribuições não são necessariamen-te definidas no estatuto social. Geralmente, ele não faz parte do centro de poder principal da OSC e tem vínculo empregatício com esta, em regime celetista. Como tal, deve manter contrato de emprego com a organização, atendendo aos requisitos do referido acordo, quais sejam: a pessoalidade, a subordinação, a onerosidade e a habitualidade. Nessa condição, deve ser subordinado a um dos órgãos da estrutura de poder da OSC e prestar os serviços pessoalmente (não por meio de pessoa jurídica) e com habitualidade, ou seja, com jornada regular de trabalho.

É imperioso considerar, também, a possibilidade do exercício de atividade profissional do dirigente, para execução de tarefas que não se confundem com suas atribuições enquanto dirigente. É o exercício da ativi-dade da profissão daquele que ocupa o cargo de gestor.

Esclareça-se, ab initio desde o início, que a pos-sibilidade de remuneração por tais serviços nunca enfrentou problemas com a legislação nem mesmo com os agentes de fiscalização das OSCs, entre os quais o Ministério Público, o INSS, a Receita Federal e os Tribunais de Contas.

Para exemplificar o exercício da atividade pro-fissional dos dirigentes, pode-se citar o caso de uma OSC com atuação na área de saúde cujo dirigente seja médico e, nessa condição, preste serviços para a entida-de. Ou, ainda, o caso de uma OSC cuja atividade seja educacional e cujo dirigente acumule as funções de diretor ou de professor na respectiva unidade escolar. A remuneração por tais atividades, no entanto, não pode ser destoante do quanto praticado pela organização para os demais profissionais da mesma categoria.

A possibilidade jurídica da remuneração de diri-gente não é uma novidade na ordem legal, na medida em que existe essa possibilidade desde 1999, com a edição da Lei nº 9.790 para a OSC qualificada como organização da sociedade civil de interesse público (Oscip).

O artigo 4º, inciso VI, da lei apontada prevê a possi-bilidade de instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestem serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado na região correspondente a sua área de atuação.

A Lei nº 12.868/2013, regulamentada pelo Decreto nº 8.242/2014, por sua vez, trouxe a possibilidade da remuneração para os dirigentes das entidades beneficentes de assistência social que também atuem efetivamente na gestão executiva, explicitando que a opção não importará em prejuízo à entidade para fins tributários. Ainda, como inovação legislativa, ela não definiu um parâmetro de valor máximo para remunerar um diretor não estatutário, mas prescreveu patamar salarial máximo para o dirigente estatutário.

Porém, muito embora a lei não tenha definido o valor máximo para remuneração do diretor não es-tatutário, parece óbvio que a OSC deve respeitar o padrão salarial praticado pelo mercado em sua área de atuação e um valor compatível com a política salarial da própria organização. Em outras palavras, a entidade não pode remunerar seu diretor não estatutário com valor superior ao praticado na região para atividades similares nem com valor excessivamente superior ao maior salário dos empregados da própria OSC, sob pena de caracterizar a distribuição de seu patrimônio de forma disfarçada.

Em relação ao diretor estatutário, por outro lado, a Lei nº 12.868/2013 foi expressa em estabelecer parâ-metros legais claros e objetivos. Com efeito, estabelece ela que, para preservar o status tributário da entidade, os “dirigentes estatutários” só devem receber remune-ração inferior, em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a remuneração dos servidores do Poder Executivo Federal. Atualmente, a maior remuneração praticada para os servidores pú-blicos federais é de R$ 28.059,29. A remuneração dos dirigentes, portanto, deve ser inferior a R$ 20.623,57.

Ademais, as mesmas recomendações apresentadas para o diretor não estatutário valem para o estatutário, na medida em que, muito embora respeitados os requi-sitos fixados claramente pela lei, se devem observar o padrão salarial praticado pelo mercado na área de

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atuação e um valor compatível com a política salarial da própria entidade.

O dirigente também, para ser beneficiado com a possibilidade de remuneração, sem implicações tribu-tárias para a OSC, não pode ser cônjuge parente até terceiro grau (sanguíneo ou por afinidade) dos institui-dores, conselheiros, benfeitores ou equivalentes. Nesse rol são incluídos pais, avós, bisavós, filhos, netos, bisnetos, tios, sobrinhos, sogro, cunhado, enteado etc. Trata-se de salutar regra, que desestimula o nepotismo no Terceiro Setor.

A OSC também não pode pagar, a título de remu-neração de dirigentes (estatutários e não estatutários) valor igual ou superior a cinco vezes o limite individual para a remuneração de seus outros empregados.

A nova lei foi clara ao dispor que a remuneração do dirigente estatutário ou não estatutário não impede o exercício de atividade profissional cumulativa, salvo se houver incompatibilidade de jornadas de trabalho. O texto legal é importante, pois confere segurança jurídica para as entidades.

situação Da remuneração no âmbito Da imuniDaDe tributária

Interessante indagar, na sequência, em primeiro lugar, se a inovação legislativa traz segurança jurídica para as OSCs de assistência social, especialmente para remunerar seus dirigentes sem riscos para a imunidade tributária, e, em segundo lugar, se as novas regras são constitucionais ou não.

Vejamos, primeiramente, a questão da imunidade tributária. A Constituição Federal, nesta matéria, pos-sui a natureza analítica, na medida em que demarca

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

competências legislativas. O artigo 195, parágrafo 7º, dispõe: “São isentas de contribuição para a seguri-dade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”.

A imunidade tributária, nesse sentido, é uma garan-tia constitucional dirigida diretamente ao legislador, definindo a proibição de exercício da competência tributária no âmbito do direito material permitido pela própria Constituição Federal. Em outras palavras, é uma garantia, com verdadeiro status de direito funda-mental, declarando a impossibilidade de o legislador tributar determinado fato.

É questão pacífica na doutrina e na jurisprudên-cia que, ao utilizar o termo “isenção” no artigo 195 da Constituição, o legislador constituinte quis dizer “imunidade”. Houve emprego inadequado do termo, posto que não se questiona tratar-se de imunidade de contribuições para a seguridade social por parte das entidades beneficentes de assistência social, atendidos os requisitos estabelecidos em lei. A imunidade em questão é vinculante, pois alcança todas as contri-buições para o custeio da seguridade social, devidas pelas entidades de assistência social que atendam aos requisitos estabelecidos em lei. É chamada de imunidade específica (na medida em que limitada a um único tributo), objetiva (visto que beneficia as entidades de assistência social) e condicionada (aos requisitos definidos em lei).

A Constituição Federal é clara ao dispor que a garantia constitucional depende do atendimento de requisitos estabelecidos em lei. A esse propósito, é imperioso concluir que o artigo 146, inciso II, do Texto Constitucional prescreve que, para a regulação da limitação ao poder de tributar imunidade, esta deve ser feita mediante lei complementar, para disciplinar a respeito de seu conteúdo. Nesses termos,

“Cabe à lei complementar:(...)II — regular as limitações constitucionais ao poder

de tributar”.A lei complementar, por sua vez, ao regular a imu-

nidade tributária, não tem liberdade plena para tanto. A regulação não poderá inviabilizar a desoneração prevista na Constituição. Ela deve tratar de aspectos

A inovação legislativa traz segurança jurídica para as

OSC(s) de assistência social, especialmente para remunerar seus

dirigentes sem riscos.

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Com efeito, tanto para a OSC certificada como Oscip quanto para a certificada como de “assistência social”, com dispositivos legais expressos autorizando a remuneração dos dirigentes, garantiu-se maior segu-rança jurídica para os administradores.

A clareza do novo texto legislativo também tem importância singular, pois desmoraliza a tese — equivocada, conforme anotado — de que a remu-neração dos dirigentes das organizações sem fins lucrativos importa em distribuição do patrimônio ou das rendas. Independentemente de a OSC ser certificada ou não, quer seja como de utilidade pública (federal, municipal ou estadual), quer seja como organização social (OS), quer seja como or-ganização da sociedade civil de interesse público (Oscip), quer seja como de assistência social, é legítima (não só sob a ótica da moral, mas também da lei) a remuneração do dirigente que efetivamente preste serviços para a entidade, pois a contrapres-tação pelo trabalho realizado é valor protegido, até mesmo constitucionalmente.

No contexto desse exercício de reflexão jurídica, cabe avançar no debate sobre o segundo aspecto já antecipado há pouco, ou seja, se as novas regras são constitucionais ou não. Poder-se-ia indagar se a remu-neração do dirigente estatutário e não estatutário pode ser interpretada como distribuição do patrimônio, na forma prevista no artigo 14, inciso I, do CTN, ou se, tendo em vista que a Constituição exige lei comple-mentar para regulamentar a imunidade, pelo fato de ser lei ordinária, a Lei nº 12.868/2013 teria poder para tratar da matéria. Por ser lei ordinária, ela garantiria segurança jurídica para as OSCs aplicarem-na sem

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

formais, ou seja, elencar medidas capazes de assegurar a eficácia da imunidade constitucional.

A propósito, a Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional — CTN), foi recep-cionada pela Constituição Federal de 1988 com status de lei complementar, uma vez que estabelece normas gerais em matéria tributária e regulamentar à limitação constitucional ao poder de tributar. Nesse sentido, é unânime o entendimento doutrinário e jurisprudencial.

Atualmente, a imunidade tributária garantida no artigo 195, parágrafo 7º, da Constituição Federal, é regulamentada pelos artigos 9º e 14 do Código Tribu-tário Nacional, da seguinte forma:

“Art. 9º — É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)IV — cobrar imposto sobre:(...)c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos

políticos, inclusive suas fundações, das entidades sin-dicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo.”; e

“Art. 14 — O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I — não distribuírem qualquer parcela de seu pa-trimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

II — aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institu-cionais;

III — manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão”.

As novas regras jurídicas são de relevância superla-tiva, pois conferem maior segurança para as OSCs de assistência social (assim entendidas aquelas certificadas e tituladas como entidades beneficentes de assistência social), as quais, até pouco tempo, conviviam com en-tendimentos, muito embora equivocados, de alguns dos próprios órgãos de fiscalização do Estado, postulando que a remuneração podia significar distribuição de par-cela do patrimônio ou das rendas, pois a norma se refere “a qualquer título”, podendo, em tese, subentender a contraprestação por atividade de diretor estatutário.

Trata-se de importante passo na senda positiva para que as OSCs e seus dirigentes

comecem a ser mais valorizados.

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Page 82: Revista Boa Vontade, edição 237

risco de ter a imunidade questionada, especialmente pelos órgãos de fiscalização?

A esse respeito, para o dirigente no exercício de sua profissão, o entendimento é uniforme, e não há divergências, nem mesmo perante os órgãos de fisca-lização, quanto à possibilidade de remuneração, sem qualquer implicação para a imunidade ou a isenção tributárias. Recomenda-se, no entanto, que o estatuto seja claro a esse respeito, estabelecendo, até mesmo, o órgão responsável pela fixação da contraprestação pecuniária pelo trabalho profissional.

Para o dirigente não estatutário, é importante ob-servar, ainda, que ele deve ter vínculo empregatício sob a égide da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Muito embora não tenham sido fixados parâ-metros pela Lei nº 12.868/2013, é de rigor também atentar para quanto foi recomendado anteriormente.

Para o dirigente estatutário, imperioso é o cumpri-mento do padrão remuneratório da região e da própria OSC, além daqueles regramentos definidos pela Lei nº 12.868/2013.

Ainda no âmbito do debate sobre a constitucio-nalidade da lei em foco, é muito importante destacar que, até recentemente, vigoravam termos da Lei nº 12.101/2009, que, em seu artigo 29, inciso I, expressa-mente vedava a remuneração dos dirigentes. Tratava-se de uma norma de conteúdo negativo.

Cabe ressaltar também que a inovação legislativa trazida pela Lei nº 12.868/2013, de forma diametral-mente oposta, autoriza, de modo expresso, a remune-ração mediante norma de conteúdo positivo. Em outras palavras: enquanto antes se proibia a remuneração, hoje se a permite de maneira explícita. Mais: enquanto antes a opção do legislador era por uma norma negativa (proibitiva), hoje a escolha é por uma norma positiva (com conteúdo de permissão).

Em tal contexto, muito embora o Supremo Tribunal Federal ainda não se tenha pronunciado definitivamen-te*4, por causa da composição integral de seus minis-tros, sobre a possibilidade ou não de a lei ordinária regular imunidade tributária, o Texto Constitucional é claro nesse sentido, e é certo que já há posiciona-mento parcial da Suprema Corte que permite concluir a respeito da constitucionalidade da lei em comento.

A esse propósito, o STF pronunciou-se neste sentido:— os requisitos para constituição e funcionamento

das entidades imunes podem ser regulados por lei ordinária; e

— os limites e requisitos da imunidade devem ser regulados por lei complementar*5.

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

*4 Ressalte-se que, em 4 de junho de 2014, foi iniciado o julgamento de um conjunto de processos em que são questionadas as regras sobre a imunidade tributária das entidades beneficentes de assistência social. Começaram a ser julgados, com quatro votos proferidos em favor dos contribuintes, o Recurso Extraordinário (RE) nº 566.622, com repercussão geral reconhecida, e as Ações Diretas de Inconstitu-cionalidade (ADIs) nos 2.028, 2.036, 2.228 e 2.621. As ações, movidas por hospitais e entidades de classe das áreas de ensino e saúde, questionam modificações introduzidas no artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, trazendo novas exigências para a concessão da imunidade. O ministro Marco Aurélio, relator do RE 566.622, votou no sentido de dar provimento ao recurso interposto por um hospital de Parobé/RS e foi acompanhado pelos ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso, havendo, em seguida, pedido de vista do mi-nistro Teori Zavascki. O relator das ADIs, ministro Joaquim Barbosa, julgou parcialmente procedente as ações, reconhecendo a inconstitu-cionalidade da quase totalidade dos dispositivos impugnados, e foi acompanhado por Cármen Lúcia e Roberto Barroso. Houve o pedido de vista do ministro Teori Zavascki também nas ADIs. Segundo o entendimento adotado pelos ministros que já se manifestaram, as restrições inseridas na legislação relativa à imunidade para entidades beneficentes e de assistência social não poderiam ter sido introduzidas por lei ordinária, mas por lei complementar. De acordo com o artigo 146, inciso II, da Constituição Federal, cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.

*5 RE no 93.770/RJ, relatado pelo ministro Soarez Munhoz, julgado em 17 de março de 1981 e publicado no DJ de 3 de abril de 1981, p. 02.857.

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Na mesma linha é a orientação firme da doutrina*6.Portanto, pode-se concluir que, enquanto a proi-

bição de remunerar os dirigentes das OSCs seja um requisito para usufruir da imunidade tributária e, por isso, deve vir ao mundo jurídico por meio de lei complementar, a permissão para o pagamento é mero requisito de funcionamento de entidade imune e, como tal, pode ser tratada em lei ordinária.

Há, pois, segurança jurídica, atualmente, para a remuneração dos dirigentes das OSCs tituladas como Oscips, por força das disposições da Lei nº 9.790/1999, assim também para as OSCs tituladas como “entidades de assistência social”, ante a autorização expressa contida na Lei nº 12.868/2013.

Trata-se, pois, de importante e salutar norma jurídica, que veio à realidade por meio do Marco Regulatório do Terceiro Setor, na qualidade de ins-trumento de conformação das OSCs como parceiras imprescindíveis do Poder Público na execução de políticas sociais.

Permite-se verificar, nesse contexto, que há se-gurança jurídica para a remuneração dos dirigentes, estatutários e não estatutários, das OSCs certificadas como de assistência social, sem que a iniciativa possa ensejar prejuízos à imunidade ou à isenção tributárias.

concLusõesO Terceiro Setor vivencia no Brasil uma fase de

grande e significativo crescimento, assumindo papel de relevo na construção de uma sociedade mais parti-cipativa. Essa mutação, em verdade, vem ocorrendo especialmente nos últimos trinta anos, de forma mais acentuada nesta década.

Esse processo de mudança, por sua vez, tem exigido das OSCs um novo perfil de gestão e, consequentemen-te, a possibilidade de angariar gestores profissionais, que necessitam do pertinente pagamento.

No contexto da elaboração de um Marco Regula-tório do Terceiro Setor e entre inúmeras outras ini-ciativas em discussão e construção, a possibilidade de remuneração dos dirigentes, estatutários e não estatutários, das OSCs certificadas como entidades

de assistência social, sem prejuízo à imunidade e à isenção tributárias, é instrumento que veio em boa hora. Ademais, trata-se de importante passo na senda positiva para que as OSCs e seus dirigentes comecem a ser mais valorizados e identificados como vetores relevantes da desobstrução dos en-traves que as têm posto em situação de insegurança jurídica e social.

Tal situação é absolutamente equivocada e ina-propriada, notadamente quando se pensa na extrema necessidade de fortalecer vínculos para a edificação de uma sociedade, de fato, menos injusta e mais solidária, não apenas como retórica vã, mas como anseio sincero e impostergável.

referências bibLiográficasPL no 7.168, de 2014, originado do PLS nº 649/2011

e apensado ao PL nº 3.877/2004.PL no 4.663/2012, de autoria da deputada Bruna

Furlan.PAES, José Eduardo Paes Sabo. Fundações, Asso-

ciações e Entidades de Interesse Social. Rio de Janeiro: Forense, 8ª edição, 2013.

Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013.Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.Decreto nº 8.242/2014.BOTTALLO, Eduardo. Imunidade de instituições de

educação e de assistência social e lei ordinária: um intrincado confronto. In: ROCHA, Valdir de Oliveira (coord.). Imposto de renda: alterações fundamentais. V. 2. São Paulo: Dialética, 1998, p. 58.

T E R C E I R O S E T O R E M F O C O — O p i n i ã o

*6 BOTTALLO, Eduardo. Imunidade de instituições de educação e de assistência social e lei ordinária: um intrincado confronto. In: ROCHA, Valdir de Oliveira (coord.). Imposto de renda: alterações fundamentais. V. 2. São Paulo: Dialética, 1998, p. 58.

A clareza do texto legislativo desmoraliza a tese de que a

remuneração dos dirigentes das organizações sem fins lucrativos

importa em distribuição do patrimônio ou das rendas.

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Page 84: Revista Boa Vontade, edição 237

Da esquerda para a direita: Marcelo Henrique dos Santos, presidente da PROFIS; Sueli Maria Baliza Dias, secretária municipal de Educação de Belo Horizonte; Valma Leite da Cunha, presidente da CAO-TS; Carlos André Mariani Bitencourtt, procurador geral de Justiça do Estado de Minas Gerais; Renata Vilhena, secretária de Estado de Planejamento e Gestão; Tomáz de Aquino Resende, presidente do Conselho Consultivo CeMAIS; Luiz Antônio Sasdelli Prudente, corregedor geral do Ministério Público de Minas Gerais; Marisa Seoane Rio Resende, presidente do CeMAIS; Leonardo Leopoldo Costa Coelho, presidente da FUNDAMIG; Dora Silva, presidente da CEBRAF — Confederação Brasileira de Fundações; e Paulo Stumpf, diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara.

O Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais (CeMAIS), de parceria com a Federação Mineira de Fundações e Associações de Di-

reito Privado (Fundamig) e aliado ao Centro de Apoio Operacional às Alianças Intersetoriais do Ministério Público de Minas Gerais (CAO-TS), realizou em 2 e 3 de junho de 2014, no auditório da Escola Supe-rior Dom Helder Câmara, o 10º Encontro Nacional do Terceiro Setor. Representantes de organizações

Articulaçãosocial

E S P E C I A L T E R C E I R O S E T O R — E n c o n t r o N a c i o n a l d o Te r c e i r o S e t o r

Em sua décima edição, Encontro Nacional do Terceiro Setor comemora uma década de fomento ao setor e consolida-se como

importante ferramenta para a expansão da intersetorialidade.Elvira Trindade

sociais e das áreas empresarial, jurídica e governa-mental participaram do evento, que incluiu em sua programação debates acerca do tema “Agenda de Cooperação Intersetorial”.

Na oportunidade, a Associação Nacional dos Procuradores e Promotores de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social (Profis) reuniu pro-fissionais do Ministério Público de diversos Estados a fim de traçar estratégias que contribuam para uma

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E S P E C I A L T E R C E I R O S E T O R — E n c o n t r o N a c i o n a l d o Te r c e i r o S e t o r

atuação segura e transparente do Terceiro Setor. “É imprescindível que haja um marco legal que disponha com clareza a respeito da autonomia das entidades, da transparência na utilização de recursos públicos. E mais: que as entidades tenham liberdade para melhor fazer uso desses recursos, liberdade com responsabilidade. Os membros do Ministério Público entendem também que a sustentabilidade é imprescindível. É preciso aprimorar as parcerias

com o Estado (o Primeiro Setor) e com o mercado (o Segundo Setor)”, declarou o procurador de Justiça do Ministério Público do Distrito Fe-deral, dr. José Eduardo Sabo Paes.

O promotor de Justiça de Funda-ções do Ministério Público de São

Paulo, dr. Airton Grazzioli, ressaltou a importância do desenvolvimento de práticas que impulsionem a articulação social entre as empresas privadas, o Poder Público e a sociedade civil organizada. “Há uma

`conspiração mineira` em favor do Bem, tentando pautar uma política de alianças intersetoriais, para que se construa um ambiente social, em termos de gestão, e um ambiente jurídico com segurança, para que as entidades possam bem cumprir

as suas finalidades”, acrescentou.Para a diretora-presidente do CeMAIS, Marisa

Seoane, uma das organizadoras do 10o Encontro Na-

cional do Terceiro Setor, “o evento foi todo pensado para proporcionar aos três setores [empresarial, social e governamental] esse espa-ço de diálogo, para que as ações sejam feitas cada vez mais em conjunto”. Ela concluiu: “Todos precisam reunir recursos, compe-tências, conhecimentos, para que a sociedade avance”.

“A gente vê a grande necessidade que existe no Terceiro Setor de qualificação, profissionalização. Profissionalizar é uma palavra de ordem.”

Sueli BalizaSecretária de Educação de Belo Horizonte/MG

Dr. José Eduardo Sabo Paes

Dr. Airton Grazzioli

Marisa Seoane

Márcia Cristina Alves, Comitê Local de Proteção à Criança em Grandes Eventos/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; ilveu Cosme Dias, Centro de Promoção e Assistência Social Ana Bernardina — Cepas; Fábio Cezar Aidar Beneduce, Instituto Tecnológico e Vocacional Avançado — ITEVA; Coordenação da mesa: Leila Ferreira, jornalista; Marisa Seoane Rio Resende, Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais — CeMAIS; e Sueli Baliza, Secretária Municipal de Educação.

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temente ao assunto. “A gente vive de transparência, de credibilidade. Não teríamos 200 mil voluntários no Brasil se o pessoal não acre-ditasse que estamos aplicando o recurso de uma maneira honesta, transparente e com resultados. (...) A prestação de contas da Pastoral, há mais de 20 anos, é sempre igual, a mais rígida possível”, afirmou.

Presente também ao acontecimento, a secretária estadual de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Renata Vilhena, salientou: “Desde 2003, temos uma legislação que nos permite fazer parcerias com o Terceiro Setor. (...) Este encontro já se tornou um local onde experiên-cias são trocadas. Há um intercâm-bio muito grande de informações, de novidades, de dificuldades que foram superadas. Isso é importante para que nós possamos avançar”.

Os palestrantes ainda destacaram a necessidade de as organizações investirem em transparência, gestão profissional e sustentabilidade para o fortalecimento do próprio setor. Sobre a questão, comentou a dra. Valma Leite da Cunha, promotora de Justiça de Fundações da capital mineira: “Que as entidades criem suas próprias receitas e tenham a preocupação com a gestão profis-sional, a qualificação, a ética e a transparência”. Valma da Cunha

Renata Vilhena

“O Terceiro Setor é essa força pujante, geradora de emprego e renda, de atendimento de demandas vocacionais, assistenciais (...). Ele é o grande mobilizador, é o que tem a força e a capilaridade de fazer as coisas mudarem no núcleo dos bairros, das vilas, das cidades. (...) A Legião da Boa Vontade dá o exemplo de que basta a gente se unir e se esforçar para mudar a realidade.”

Dr. Tomáz de Aquino ResendeAdvogado e ex-procurador de Justiça

Nelson Neumann

Otávio Martins Maia, Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão de Minas Gerais — SEPLAG; Coordenação da mesa: Luiz Fernando Rocha, jornalista; Luiz Guilherme Gomes, Fiat Chrysler América Latina; Thiago Alvim, Nexo Investimento Social; Luzia Fernandes Fortes, Obras Sociais da Pampulha; e Janice Salomão de Andrade, Conviver Saber Social.

Com vasta experiência em gestão profissional e transparência institucional, o coordenador nacio-nal adjunto da Pastoral da Criança, Nelson Arns Neumann, compartilhou o êxito da entidade referen-

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O Ministério Público do Distrito Federal e Ter-ritórios (MPDFT) e o Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal (CRC-DF)

promoveram, em 24 de junho, o seminário Terceiro Setor: Participação Social e Transparência. O evento reuniu mais de 130 pessoas entre procurado-res e promotores de Justiça, profissionais contábeis e representantes de organizações sem fins lucrativos da região, para debater como as entidades podem apresentar as contas do trabalho realizado à socieda-de e de que forma o Ministério Público e os órgãos fiscalizatórios podem colaborar para que a prestação de contas seja simplificada.

Para o dr. José Eduardo Sabo Paes, procurador de Justiça do MPDFT, o dever do Ministério Público não é só fiscalizar, “mas acompanhar e amparar essas entidades, entender o que estão fazendo, com-plementando e até suplementando atividades estatais nas áreas da saúde, da educação e da assistência”. O procurador destacou também a presença das Insti-tuições da Boa Vontade nesses debates: “Esse evento está sendo apoiado pela LBV e pela Fundação José de Paiva Netto, que são integrantes desse grande escopo social, sem o qual a reconstrução do Terceiro Setor não existiria”.

Realizado na sede do MP, o seminário contou com quatro painéis temáticos por meio dos quais representantes dos setores envolvidos e entidades sociais expuseram as principais normas e demandas atuais da área. O representante da procuradoria geral do MPDFT, dr. Gladaniel Palmeira de Carvalho, observou que tanto “o Ministério Público como o Estado têm a preocupação de fomentar as boas ações,

Capacitaçãoe menos burocraciaSeminário debate prestação de contas mais eficiente e simplificada

de fazer com que a sociedade perceba o quanto o Terceiro Setor é importante”.

Para a promotora de Justiça de Fundações do MPDFT, dra. Rosana Viegas e Carvalho, “uma das fragilidades das entidades é com relação à prestação de contas. Muitas vezes, elas ficam com problemas contábeis por desconhecimento. Daí o Ministério Público, de parceria com o Conselho Regional de Contabilidade, ter firmado um termo de cooperação para ajudar na capacitação contábil das entidades”.

Nesse sentido, a presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal, Sandra Maria Batista, ressaltou: “Vejo que a maior dificuldade dos contabilistas não é a parte técnica, mas compreender melhor os gestores da entidade, que têm uma lingua-gem e uma forma próprias de agir. Hoje a prestação de contas é uma exigência não só dos órgãos fisca-lizatórios, mas da sociedade e dos doadores — ela está associada até à sobrevivência da entidade”.

Da mesma forma, os palestrantes Vilson Ma-galhães, analista de Contabilidade e perito, e o dr. Thiago Pierobom, coordenador do Núcleo de Direitos Humanos, ambos expositores do MPDFT, falaram das recentes atualizações nas regras rela-tivas às prestações de contas. “As Portarias 303 e 304 representam as alterações das Portarias 445 e 448 (...). O principal foco delas é a simplificação da documentação exigida para a prestação de contas”, explicou Vilson. Segundo Thiago, isso fará com “que as entidades recebam todas as informações em um único momento [para] que possam, adequadamente, se preparar para cumprir toda a atividade de pres-tação de contas sem burocracia”.

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Abradeepremia as melhores

16a edição do Prêmio Abradee destaca eficiência das distribuidoras de energia elétrica no país

Texto e fotos: José Gonçalo

A partir da esquerda, compuseram a mesa da entrega do prêmio: Francisco Anuatti, coordenador de Projetos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe); Luiz Barata, presidente do Conselho de Administração e superintendente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE); Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); José Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME); Nelson Fonseca, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee); Romeu Rufino, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); Jairo Martins, superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ); Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Ludimila Calijorne, diretora de Pesquisas de Mercado do Instituto Innovare.

Responsabilidade social16o Prêmio Abradee

A Associação Brasileira de Distribuidores de Ener-gia Elétrica (Abradee)

realizou, em 17 de julho, a 16a edição do Prêmio Abradee. O

mais respeitado reconhecimento do setor elétrico brasileiro, uma forma de estimular a cooperação e a melhoria da gestão das dis-tribuidoras associadas (estatais e

privadas), que, em conjunto, são responsáveis pelo atendimento de aproximadamente 98% dos consu-midores. A cerimônia de entrega dos troféus ocorreu no auditório

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Page 89: Revista Boa Vontade, edição 237

Empresas com até 500 mil consumidores•Responsabilidade Social: Companhia Nacional de Energia Elétrica;•Avaliação pelo Cliente: Companhia Nacional de Energia Elétrica;•Gestão Operacional: CPFL Leste;•Abradee Nacional: Companhia Nacional de Energia Elétrica.

Empresas com mais de 500 mil consumidores•Abradee Nacional: Elektro;•Região Sul: RGE;•Regiões Norte/Centro-Oeste: Enersul;•Região Nordeste: Energisa Paraíba;•Responsabilidade Social: Elektro e Coelce;•Qualidade da Gestão: Elektro;•Avaliação pelo Cliente: Copel;•Gestão Operacional: CPFL Paulista, CPFL Piratininga e Elektro;•Gestão Econômico-Financeira: Cosern e CPFL Paulista;•Evolução de Desempenho: Energisa Paraíba.

da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília/DF.

Este ano, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o Instituto Innovare de Pesquisa Opinião e Mercado, a Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe) e o Instituto Ethos foram responsáveis por avaliar a prestação de serviço das 46 distribuidoras de energia elétrica associadas.

Entre as empresas com mais de 500 mil consumidores de distri-buição, a premiação máxima ficou com a Elektro, de São Paulo, com destaque nas categorias “Respon-sabilidade Social”, “Qualidade da Gestão” e “Gestão Operacional”.

Já as com até 500 mil unidades consumidoras espalhadas pelo Brasil, a grande vencedora foi a Companhia Nacional de Energia Elétrica de São Paulo, que recebeu a premiação em três categorias: “Abradee Nacional”, “Responsabilidade Social” e “Avalia-ção pelo Cliente”.

No grupo das distribuidoras de menor porte, o Prêmio Abradee de Gestão Operacional ficou com a CPFL Leste, do interior paulista. Com o prêmio Abradee Região Norte/Centro-Oeste, a Enersul foi escolhida, representando o estado sul-mato-grossense.

Entre as perso-nalidades que par-ticiparam da ceri-mônia, marcaram presença Romeu Rufino, diretor--geral da Agência

Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o secretário-executivo do Ministério de Minas e Ener-gia, e Márcio Zimmermann,

Vencedoras em cada categoria

que ressaltou: “O Prêmio Abradee é um dos eventos mais importantes do setor elétrico. (...) Esta é uma disputa saudável, que só traz melhorias”.

Na oportunidade, o pre-sidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, parabenizou no seu discurso as distribuidoras pelo melhor re-sultado desde 1999 na Pesquisa de

Satisfação do Cliente Re-sidencial. “Mesmo com as adversidades vividas pelas distribuidoras em 2013 e 2014, principalmente com a situação conjuntural do cenário hidrológico que

elevou substancialmente as despesas com a compra de energia, os inves-timentos na melhoria da qualidade foram mantidos”, disse.

Márcio Zimmermann

Romeu Rufino

O presidente da Abradee,

Nelson Fonseca Leite

(C), ladeado por Sidemar de Almeida (E) e Paulo Medeiros,

representantes da LBV que

prestigiaram o evento.

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Educação em Debate

como estratégia de aprendizagem

Mobilização

Educadores do Brasil e de diversos países marcam

presença em congresso de educação da LBV.

Mariane de Oliveira Luz | Fotos: Vivian R. Ferreira

13o Congresso Internacional de Educação da LBV

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Ocorreu, entre 30 de julho e 1º de agosto, o 13º Congresso Internacional de Educação da

LBV, que tem o objetivo de con-tribuir para a formação continuada de docentes, discentes, pesquisa-dores e profissionais da educação e de áreas afins, bem como para o impulsionamento de um ensino que alie à qualidade pedagógica a Espiritualidade Ecumênica, cujos valores ajudam na construção da Cultura de Paz. No decorrer de três dias, os congressistas, originários de diversas cidades brasileiras e do exterior, participaram, no Espaço Cultural e Ecumênico da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e no Conjunto Educacional Boa Vontade — ambos localizados em São Paulo/SP —, de palestras e oficinas pedagógicas acerca do tema “Mobilização como estratégia de aprendizagem: uma visão além do intelecto”.

Durante a cerimônia de abertura

Educação em Debate

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“Vou contar um pouco da minha história de vida, comum à maioria dos professores. (...) Comecei a ser professora muito jovem,

praticamente criança, ajudando algumas pessoas da redondeza da minha rua que tinham alguma dificuldade. Minha casa

vivia cheia de crianças que queriam saber alguma coisa a mais do que a escola dizia. Era pelo teatro que eu me comunicava com elas.

“Odiei a escola. Comecei a gostar um pouco quan-do fiz o ensino médio, porque tive uma professora de Psicologia que falava sobre assuntos que me interes-savam e que não havia aprendido na escola. Ela falava

de sonhos, da importância deles. Dizia: ‘Conte alguns dos seus sonhos para a classe’. E, naquele compartilhar

de sonhos, ela ganhou a turma. Fiquei extremamente im-pressionada com aquilo.

“Quando me tornei professora de pré-escola, desenvolvi essa mesma técnica com os meus alunos e ia anotando os sonhos deles. Depois de um tempo, percebi que tinha um material fantástico, que eram os sonhos daquelas crianças, que poderiam se transformar em ensinamentos, a serem divulgados para os pais. Muito mais tarde, decidi colocar esse trabalho no papel. Foi aí que nasceu o livro Tá pronto seu lobo: didática prática na pré-escola.

“Essa professora me marcou para o resto da vida. Nunca imaginei que aquilo que ela fazia pudesse ser teoria, e da melhor qualidade. (...) Continuei contando sonhos e fazendo com que os meus alunos contem sonhos. (...)”

Ivani Catarina Arantes Fazenda Professora doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP),

mestre em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e livre-docente em Didática pela Universidade Estadual

Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e pesquisadora da Unesco.

Dividindo sonhos

“Estar aqui [na LBV] é a realização de um sonho maior, vir a um lugar que eu admiro. Estou

felicíssima. (...) Quando venho à LBV, vejo que é possível [trabalhar com os bons valores]. (...)

Espero que vocês continuem divulgando o Bem e criando ilhas de Paz neste mundo tão conturbado,

em que a Paz é rara. Aqui ela existe.”

do evento, Alziro Paolotti de Paiva, representando o educador José de Paiva Netto, diretor-presidente da Legião da Boa Vontade e criador da Pedagogia do Afeto (dirigida a crianças de até os 10 anos de idade) e da Pedagogia do Cidadão Ecumê-nico (que abrange a educação de in-divíduos a partir dos 11 anos), cum-primentou os pre-sentes. “Minhas cordiais saudações a vocês, que transfor-mam vidas diariamente. Muito nos honra poder contar com a participação dos senhores e das senhoras, que comparecem para dar um brilho todo especial à nossa abertura, cuja finalidade é compartilhar experiências peda-gógicas de sucesso, que julgamos de fundamental importância nos tempos de grandes transformações pelas quais passa a Humanidade”, salientou.

Na sequência, a diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade e supervisora da linha pedagógica da LBV, Suelí Periotto, destacou: “Na pedagogia da LBV, temos Jesus como referência de educador. Conforme apregoa o criador dessa pedagogia, o Cristo é nosso exemplo de educador, falava aos desiguais; por meio de parábolas, se comuni-cava com ʻalunosʼ tão diferentes, letrados ou não”. Ela completou: “Quando a gente mobiliza e con-quista a atenção do educando, a aprendizagem de qualquer saber se torna significativa. Por isso, vamos trazer nesses dias de congresso di-

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Educação em Debate

versificadas sugestões de como mobilizar a sala de aula”.

O público acom-panhou também a palestra da profes-sora Ivani Cata-rina Arantes Fa-zenda, doutora em

Antropologia pela Universidade de São

Paulo (USP), mestre em Filosofia da Educação pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e livre-do-cente em Didática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Ela, que é pesqui-sadora da Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unes-

co), desde 1986, abriu o ciclo de palestras da 13ª edição do con-gresso (leia trechos no boxe). Logo nas palavras iniciais, a

educadora fez ques-tão de cumprimentar o

dirigente da Instituição, propositor desse espaço de

reflexão. “O desejo maior meu é o abraço compartilhado com o Paiva Netto, um queridíssimo amigo com quem tenho dialogado, muitas vezes à noite, na leitura de seus textos. (...) Não teríamos jamais este auditório lotado se não houvesse o sonho dele. Contudo, entre o sonho e a realidade, há o esforço, o processo científico, não de uma ciência só do intelecto, mas a que permite o sen-timento, como vemos na Pedagogia da LBV”, declarou.

Ainda no discurso, compartilhou com todos a vasta experiência na

“Se você me pergunta ‘O que posso fazer para ajudar o meu aluno a viver melhor?’, já fico feliz, porque a sua preocupação não pode ser só com os conteúdos. A escola tem de fazer com que o estudante viva melhor. Mas como? Começa com o seu olhar humano.

“Para ter esse olhar, você pode manter quatro ‘as’ na sua vida. O primeiro, vou tirar desta frase do Paiva Netto: ‘Façamos tudo com Amor e Verdade, e o trabalho ficará para todo o sempre’. Falou em Amor, já deu certo. (...)

“O segundo ‘a’ é Alegria. Quando a gente se sente alegre, o corpo libera substâncias que são positivas. Por que a escola tem de ser chata? Por que o professor tem de ser sério, não fazer brincadeiras? Ele pode e deve. (...)

“Autoestima é outro ‘a’ importante. Melhore a autoestima do seu aluno. (...) Paulo Freire falava das ‘escolas gaiolas’ e das ‘escolas asas’. Você prende o aluno no seu raciocínio ou o deixa voar e criar coisas? Pense nisso!

“E tem o ‘a’ de atenção. Todos nós queremos atenção. (...) Se pararem para analisar, todo mundo é carente hoje em dia. O aluno é a mesma coisa.

“Não se esqueçam destes quatro ‘as’: Amor, alegria, autoestima e atenção. Se você se preocupa com a formação do homem, uma citação do poeta Carlos Drummond de Andrade: ‘(...) Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem’. Até porque a educação tem de ser uma ajuda para a vida. Quem disse isso foi Maria Montessori.”

Valéria Bussola MartinsProfessora doutora em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

Educação para uma vida melhor

“É de grande importância para o Brasil que uma entidade como a LBV, que tem largo campo de ação em todo o nosso país, possa trazer grandes especialistas de todo o Brasil e de fora para se debruçar sobre aquilo que é patrimônio de toda a Humanidade: Cultura e Paz.”

Dr. Nelson CalandraDesembargador

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área da educação, mostrando o valor de mobilizar e de levar o estudante a gostar do conteúdo ensinado. “Quando você acredita em alguém e oferece a ele a oportunidade, con-segue mover multidões. (...) Então, este Brasil tem jeito, porque as pes-soas vibram e, por isso, criam e inovam. Foi isso que eu vi em cada cômodo da LBV, em cada sala que visitei, em cada criança acolhida, em cada refeição que eu vi”, comentou.

Presente ao encontro, o diretor da Editora Cortez, José Xavier Cortez, ressaltou a atuação da Legião da Boa Vontade na área educacional. “Sabemos que educa-ção é a base de tudo. Quero para-benizar a LBV por este evento in-ternacional. (...) Tenho a felicidade de poder beber das discussões que estão sendo feitas neste evento. Não tenho dúvidas: ensinar às crianças desde cedo a Cultura de Paz tem uma importância grande para o desenvolvimento do ser humano. O que vimos aqui cria em nós uma ex-pectativa muito boa de que, como a professora Ivani falou, o Brasil tem jeito. Fico agradecido a vocês por mais este evento, que faz com que o nosso país cresça e se conscientize.”

O desembargador Nelson Calandra esteve igualmente no congresso, represen-tando o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembar-gador José Renato Nalini. Calandra afirmou que o ensino, “nas suas mais diversas vertentes, é

“A educação com Espiritualidade Ecumênica busca o que há dentro do Espírito Eterno de

cada indivíduo, uma bagagem que ele já pos-sui e que agrega ao conhecimento que os educadores mediam. Alguém pode conside-rar que pessoas espiritualizadas devam ser passivas, sem criticidade e que aceitam tudo o que ouvem. Pelo contrário. Hoje, o que a

gente não quer são alunos passivos. Para isso, a Espiritualidade Ecumênica é determinante,

porque, quando o coração de uma criança e de um jovem é enriquecido com valores éticos, ecumênicos

e espirituais, maior facilidade eles têm de lidar com os desafios, para dizer ‘não’ à droga, à marginalidade, a tantas coisas a que, infelizmente, está sujeita. Educar com Espiritualidade Ecumênica é enriquecer o interior do educando, levando-o a um saber solidário. O educador Paiva Netto diz que ‘Espiritualidade Ecumênica depre-ende ética no seu mais exalçado sentido e correspondente ação’.”

Suelí Periotto Supervisora da linha pedagógica da LBV e diretora do Conjunto

Educacional Boa Vontade (formado pela Supercreche Jesus e pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto), localizado na capital paulista, e doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP)

“Vocês já devem ter ouvido falar da ‘geração nem-nem’, que corresponde a um percentual de jovens no Brasil

que nem estuda, nem trabalha. São pessoas que não se sentem atraídas pela escola e que, por causa da baixa qualificação, são impedidas de ocupar vagas no mercado de trabalho. Como é que a gente faz para despertar o interesse desses jovens para que não se sintam afastados pela escola? (...) É preciso fazer com que o educando coloque a ‘mão na mas-

sa’, que se veja como protagonista do aprendizado. Trabalhar com histórias, teatro, vídeos é outra prática

bem-sucedida que contribui para a mobilização.”Daniel Guimarães

Professor e cientista social

Uma visão além do intelecto

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Educação em Debate

“A LBV faz parte da minha vida. Entrei muito novo, com 2 anos, na Escola de Educação Infantil Alziro Zarur. Naquela época, jamais passou pela minha cabeça que eu retornaria

como professor. Lembro-me que todos os professores nos recebiam com um sorriso no rosto, e eu tinha prazer em ir para a LBV. Hoje em dia, quando dou aula, vejo-me naquelas crianças. Um dia, se Deus quiser, quero encontrar-me com um aluno e [ouvir] ele dizer: ‘Você foi meu professor lá na LBV. Fez parte da minha vida, me ensinou valores. Hoje eu sou um advogado, por exemplo, e lembro que você me en-sinou o respeito, o trabalho em equipe...’. Esse vai ser meu maior reconhecimento.”

Douglas Pereira Dias, 28 anos, professor de Educação Física da Escola de Educação Infantil Alziro Zarur, em Taguatinga/DF.

“A LBV contribuiu na minha vida despertando em mim a preocupação social com o mun-do. Recordo-me de aprender sobre valores solidários, éticos e espirituais num ambiente

de muito respeito, fraternidade e ecumenismo. Esse tipo de reflexão nos leva a uma visão crítica e proativa sobre o mundo em que vivemos e até sobre as nossas atitu-des. (...) Foram experiências que influenciaram as minhas escolhas acadêmicas e profissionais. Cursei Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, universidade pública e gratuita com o vestibular mais concorrido do país. Hoje, atuo na área de comunicação da LBV e como educador no Conjunto Educacional Boa Vontade, onde

tive a felicidade de estudar.”Daniel Guimarães, 28 anos, professor e apresentador do programa Sociedade

Solidária, da Boa Vontade TV*².

“A LBV preocupa-se com o nosso futuro. A gente aprende que o meio ambiente é im-portante, que a Natureza interfere [na nossa vida]. Então, vai plantar árvores, participa de eventos... A maioria das escolas faz você só assistir às aulas. Pude ver isso pelos meus colegas de faculdade. Esse diferencial da LBV foi muito importante. Participei de atividade sobre a Feira de Inovações*¹ na escola, e cada turma do ensino médio teve de trabalhar com um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Nesse ano, surgiu a discussão sobre o aquecimento global. Aí, eu me interessei pela questão e decidi cursar Ciências Biológicas.”

Daiana Evaristo de Oliveira, 24 anos, bióloga, ex-aluna do Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista.

*¹ Trata-se do 4º Fórum Intersetorial Rede Sociedade Solidária — 1ª Feira de Inovações em suporte à Revisão Ministerial Anual do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc/ONU), ocorridos em 2007.*² A emissora pode ser sintonizada pelo canal 20 da SKY, pelo canal 212 da Oi TV ou pelo canal 45.1 da TV digital aberta em São Paulo/SP e na região metropolitana da capital paulista.

A formação diferenciada oferecida pela Legião da Boa Vontade, graças à aplicação das Pedagogias do Afeto e do Cidadão Ecumênico, tem melhorado a vida dos milhares de atendidos. Inúmeras são as his-tórias de sucesso, as quais orgulham todo educador que sonha e trabalha por um Brasil justo e fraterno, em que qualquer pessoa tenha acesso à educação de qualidade.

De alunos a eDucaDoresL B V T R A N S F O R M A V i D A S

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“(...) A leitura é um estímulo incrível para a criança, mas só é significativa se for um ato de carinho,

de amor. E quem melhor do que a família para transmitir esse primeiro aprendizado? Se à família cabe a responsabilidade de alavancar esse gosto, à escola compete trabalhar competências especí-ficas de leitura. (...)

“Hoje, infelizmente, temos muita gente que se diz alfabetizada, mas lê uma coisa e não compreen-

de o que lê. (...) O desafio da escola é proporcionar aos alunos o domínio da língua culta por meio de textos

inteligentes, que deem margem a discussões, que causem curiosidade... Para torná-lo um leitor competente, tenho que trazer textos reais, que acrescentem à vivência dele.

“Às vezes, a gente tem aquela preocupação de despejar conteúdo e não cobra a participação da criança, do ser que vai construir o próprio conhecimento. O conteúdo não precisa nem deve chegar só pelo professor. Isto a escola precisa fazer: ensinar as técnicas de como ler. A família desperta, a gente ensina.

“Tenho que trazer [para a sala de aula] diferentes tipos de gênero e ensinar como é ler cada um. (...) Trabalhar competência leitora nas diversas áreas de conhecimento é pegar o gênero textual que mais aparece na sua disciplina e ler com o aluno, destacar, chamar a atenção dele para o vocabulário... É essencial ensinar os alunos a fazer a leitura crítica. Para que atinjam esse nível, é preciso ensiná-los a ler.”

Eloisa Bombonatti GianiniJornalista, psicopedagoga e licenciada em Letras, mestre em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e especializada em alunos com problemas

de aprendizagem e em gestão escolar.

Leitura, curiosidade e aprendizado

“Educação é carinho, e mobilização é abrir um espaço na sua vida para o outro. Esta proposta

da LBV é fantástica, porque a formação integral, a mobilização de toda a sociedade, não só a escolar, realmente vai além do intelecto, formando um ser cada vez mais humano.”

a única ferramenta capaz de resga-tar tantos brasileiros excluídos (...). A LBV está no caminho certo. Vamos edificar templos para o saber, para a paz e para a reconciliação de todo o nosso povo. (...) A LBV tem sido, através de seu presidente, Paiva Netto, esse luzeiro para o Brasil em ma-téria de educação, de cultura, de paz e de entendimento”.

Estudantes de Boa Vontade pela Paz

O representante da LBV dos Estados Unidos, Danilo Parmegiani, compartilhou com os participantes do 13º Con-gresso Internacional de Educação importantes resultados que a linha pedagógica da Instituição tem pro-duzido em escolas americanas por meio do programa Estudantes de Boa Vontade pela Paz. Leia trechos da palavra dele.

“Há mais ou menos dois anos, participando do 13o Congresso Internacional de Educação da LBV, pensávamos em como levar a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico a escolas públicas norte-americanas, que são muito bem estruturadas fisica-mente, mas que precisam avançar no desenvolvimento dos valores espirituais e humanos dos alunos.

“Quero contar uma história que muito nos emocionou. Toda sexta--feira à noite, no Centro Comunitário da LBV em New Jersey, a gente leva alimentos a abrigos, por meio da Ronda da Caridade. Em dezembro, estávamos realizando esse trabalho,

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Educação em Debate

oficinas pedagógicas

oficina: “O Jogo no educar: mobilizando para o processo de ensino e aprendizagem”. oficineiros: glaucia camargo elias e

ricardo santiago, graduados em Educação Física.

oficina: “A arte de despertar para aprender: vencendo dificuldades das necessidades educacionais especiais”.

oficineiras: Karen ribeiro e Leilany da rocha, pedagogas.

oficina: “Brincar como estratégia para subsidiar a mobilização dos conteúdos pedagógicos”. oficineiras:

cintia dos santos, pedagoga, e francielly cristina do nascimento, especialista em Recreação e Brincadeiras.

oficina: “Dramatização: estratégia lúdica, mobilizadora e facilitadora de uma aprendizagem significativa”. oficineiras: andréia Luana martins e patrícia simões, graduandas em Pedagogia.

oficina: “Mobilizando o raciocínio para brincar com a lógica”. oficineiras: silvana burato e tatiane ventura, pedagogas.

oficina: “Fantoche: da construção à animação — Arte sem idade”. oficineiros: aline Dantas e marcelo rafael, pedagogos.

oficina: “O despertar dos sentidos por meio da Arte”. oficineira: catarina rosália nery, pedagoga.

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“É muito importante saber, exata e profundamente, o que signifi-ca mobilização. Será que, se mobilizo, motivo? Vou tentar mostrar a

diferença entre os dois: mobilizar significa levar alguém ou um grupo à ação com profunda força interior; e motivar é dar

um motivo para a ação. Então, apenas motivar, isto é, dar um motivo, é muito frágil [se comparado] a mobilizar. Muitas vezes, nós, professores, apenas motivamos. (...)

“O que diferencia o elemento mobilizador de um elemento apenas motivador? O modelo de aprendiza-gem, o de ensino e o de avaliação da aprendizagem. No modelo de aprendizagem tradicional, o estudante

aprende à medida que recebe e guarda as informações que o professor lhe passa e devolve na hora da prova.

No modelo atual, o aluno aprende à medida que recebe informações, delas se apropria — e não apenas acumula —,

dando-lhes significados e construindo o próprio conhecimento (...).“Ensinar dentro dessa nova visão é oportunizar a construção do

conhecimento. (...) Os nossos alunos não se motivam e, às vezes, não se mobilizam porque não entendem o que estão aprendendo. E quem não entende o que está fazendo não se mobiliza para aprender. Vai achar tudo chato. Então, mobilizar o aluno para a aprendizagem é ajudá-lo a apropriar-se de conhecimentos socialmente construídos, tornando-os seus, incorporando na sua vida individual e na social.

“E qual o último passo? O modelo de avaliar. O novo modelo de prova que queremos é para mobilizar o aluno, e não deixá-lo aterrori-zado. Passe uma prova inteligente. A avaliação é um obstáculo quando é um momento de acerto de contas, e não um momento privilegiado de aprendizagem.”

Vasco Pedro Moretto Licenciado em Física pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em

Avaliação Institucional pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e mestre em Didática das Ciências pela Universidade Laval, em Quebec, no Canadá.

Muito mais que motivar

“Encontramos o que viemos buscar: mo-tivação para trabalhar com os nossos alunos, de maneira que ampliemos o conhecimento deles, que demos espaço para que cresçam não somente na parte acadêmica, mas como pessoas.”

Silvana BrasileiroPedagoga e diretora da Escola Ideal de Educação Infantil

e Ensino Fundamental, de Telêmaco Borba/PR.

“Estou participando pela primeira vez do congresso e amando. Está sendo de uma validade enorme. Tem bastante material positivo para levar para a minha escola. Superou as minhas expectativas em todos os pontos. O trabalho da LBV é excelente em tudo.”

Maria das GraçasEducadora de Mauá/SP

e um menininho, que residia no abrigo, puxou o nosso avental, com o coração da LBV, e falou: ‘Sou um estudante de Boa Vontade pela Paz. Tenho o distintivo! Vou lá no meu quarto buscar’. Quando ele voltou, afirmou: ‘Estou pronto para ajudar. O que é que eu posso fazer?’. Coloca-mo-lo para servir chocolate quente, e ele, com 7 anos de idade, foi entregan-do todo orgulhoso, com a maior respon-sabilidade e seriedade, o chocolate para os coleguinhas residentes naquele abrigo. Aquilo foi a grande recompensa do trabalho. Percebemos que a criança, quando se sente empoderada, percebe o potencial maravilhoso que tem. Sai da condição de assistido e busca o poder que tem de não só ela própria vencer, mas também de ajudar os outros a vencer. Esse elemento é marcante na proposta da LBV, que transforma os indivíduos, fazendo-os líderes solidários numa sociedade que precisa urgentemente mudar o seu comportamento coletivo para vencer em comunidade e vencer em paz.”

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Educação em Debate

oficina: “Mobilizar: a Arte de enxergar o mundo da linguagem”. oficineiras: Daniela fávaro e tatiana

chamma, pedagogas.

oficina: “Mobilização: criando, SucaTOCANDO e enCANTANDO, como estratégias interdisciplinares de

motivação e construção do conhecimento”. oficineiras: claudiane mendes e tatiane do rosário, pedagogas.

oficina: “O ato de sensibilizar para criar e transformar”. oficineiros: iara dos santos, pedagoga, e roberto

Davi marcinari, graduado em Ciências Biológicas.

oficina: “A arte da criação por meio da expressão: criando cartões artesanais”. oficineiras: agnes dos santos, graduanda em Música, e amanda perucci, pedagoga.

oficina: “O que há de Arte aqui?”. oficineiras: Larissa brugnolo, licenciada em Artes Visuais, e mayla ferreira, graduada em Artes Plásticas.

oficina: “Mobilizar valores para formar talentos”. oficineiras: ana carla peres, com MBA em Gestão Escolar, e renata brasílio, pedagoga.

oficinas pedagógicas oficina: “Parceria família–escola: mobilização de

pais para aprendizagens artesanais”. oficineira: elizabeth de mac Lean, licenciada em Música.

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Programa da LBV oferece capacitação profissional a jovens e adultos de baixa renda

Inclusãono mercado de trabalho

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Mariane de Oliveira Luz

Inclusão produtivaTransformando a realidade das famílias

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Page 104: Revista Boa Vontade, edição 237

Inclusão produtiva

Conseguir uma boa oportuni-dade no mercado de trabalho é preocupação constante en-

tre os jovens. No relatório Tendên-cias Mundiais do Emprego Juvenil 2013 — uma geração em perigo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) constatou que, em 2013, mais de 73 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados, 3,5 milhões a mais que em 2007. A previsão é que a taxa de desemprego juvenil chegue a 12,9% em 2019.

Dentre os motivos que cola-boram para esses altos índices, a falta de capacitação e experiência profissional das novas gerações são destaque, principalmente nos países emergentes e em desenvolvimento. Por isso, a Legião da Boa Vontade criou o programa Capacitação e Inclusão Produtiva, por meio do qual são oferecidos palestras, cursos gratuitos, atendimento social e en-caminhamentos aos que vivem em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa tem por objetivo preparar jovens e adultos para a entrada ou reinserção no mercado de trabalho, de modo a potencializar os talentos por meio da educação.

A ação tem produzido excelen-tes resultados, a exemplo do que ocorre no Centro Comunitário de Assistência Social da LBV em São Gonçalo/RJ. No município, mais de 4.400 jovens de baixa renda foram beneficiados por esse programa, desenvolvido no local desde 2007. Ao todo, são mais de 14 cursos profissionalizantes, entre os quais se destacam os de Turismo e Ho-telaria, Eletricista, Cerimonial e Informática.

“Enfatizamos sempre para os alunos que o mercado de trabalho é competitivo e que, por isso, é necessário ter uma boa formação escolar e a certificação de cursos profissionalizantes. (...) Ficamos muito felizes quando nossos es-tudantes retornam dizendo que o curso na LBV foi o diferencial na conquista da tão sonhada vaga de emprego”, conta Magda Passos, responsável pelo Centro Comuni-tário na cidade.

Um desses casos é o da jovem Thamires Nascimento Veiga, 21 anos, que precisava incrementar a renda na residência. “Minha fa-mília é de origem humilde e o que minha mãe ganhava, infelizmente, não supria as nossas necessidades. Após terminar o ensino médio, quis trabalhar para contribuir para a renda familiar, mas não possuía a qualificação exigida pelo mercado”, relembra. Assim que soube do programa da Instituição, inscreveu-se na turma de Recursos Humanos.

A tão sonhada oportunidade, então, não tardou a aparecer. “Logo que concluí os cursos, acabei fazendo também os de As-sistente Administrativo, Logística, Administração de Medicamentos, Recepção Hospitalar, Recepção Comercial, Secretariado Executi-vo e Administrativo. Consegui uma vaga efetiva na área de Lo-gística do setor de Farmácia da Secretaria Municipal de Saúde. Mas só consegui o trabalho por causa dos cursos, que contribuí-ram para a minha contratação”, afirma Thamires.

O programa da LBV igual-

“Faço faculdade de Administração, área que escolhi para exercer por

causa do curso da LBV (...) A Legião da Boa Vontade foi um grande

divisor de águas para mim. Acredito

que o excelente atendimento prestado será um diferencial na vida de tantas outras

pessoas.”

Thamires Nascimento Veiga

21 anos, beneficiada com o programa Capacitação e Inclusão

Produtiva, em São Gonçalo/RJ.

mente influenciou a escolha da carreira. “Hoje, faço faculdade de Administração, na Universi-dade Federal Fluminense (UFF), área que escolhi para exercer por causa do curso da LBV, que me deu uma orientação profissional. A Legião da Boa Vontade foi um grande divisor de águas para mim. Acredito que se continuar com o excelente atendimento prestado, será um diferencial na vida de tantas outras pessoas”, ressalta.

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profissional. “Há algum tempo, fi-quei sabendo que ia funcionar uma escola de cabeleireiro na LBV e já estou cursando o meu último ano. Fiz há 12 meses um estágio em um salão e o proprietário gostou do meu desempenho e me convidou para trabalhar com ele. Com empenho

Graças ao curso de cabeleireiro, oferecido gratuitamente à comunidade, Mahaira já está empregada. A iniciativa faz parte do programa de Capacitação Profissional, fruto da parceria entre a LBV do Uruguai e a Intercoiffure — Associação Internacional de Mestres Cabeleireiros.

e responsabilidade, podemos che-gar aonde sonhamos. Estou muito feliz”, comentou.

Agradecida por tudo o que tem conquistado, a jovem deixa uma mensagem aos colaboradores da Obra: “O trabalho que a LBV do Uruguai realiza é muito grande, ajuda muitas famílias que não têm recursos e que, graças à Institui-ção, conseguem seguir adiante. Eu e meus irmãos somos pessoas de bem, em decorrência dos valo-res aprendidos na Legião da Boa Vontade. Apostem, conheçam os programas que a LBV promove, visitem as instalações do Instituto e verão os rostos felizes das crian-ças... Saibam que estão ajudando a transformar o mundo de muitas pessoas”, atestou.

Dedicada, a jovem Mahaira durante o curso de cabeleireiro, desenvolvido em espaço especialmente preparado para a realização da atividade.

O desafio no UruguaiEm Montevidéu, Mahaira

Rodríguez, de 21 anos, é uma das centenas de jovens que procuram apoio na Legião da Boa Vontade do Uruguai. De família simples e sendo a filha mais velha, ainda menina precisou ajudar a mãe, que provia o sustento da família sozinha, a cuidar dos cinco irmãos.

Na LBV, a jovem encontrou um caminho para crescer. “Vivíamos em um assentamento onde a si-tuação era muito difícil. Quando minha mãe matriculou três dos meus irmãos no Jardim Infantil Jesus, nossa família começou a seguir em frente. Íamos para a es-cola e minha mãe podia trabalhar com a certeza de que seus filhos estavam em boas mãos. Foi uma grande ajuda que recebemos da LBV”, recordou a jovem.

Hoje, casada e mãe da pequena Maiara Ayleen, de 4 anos, só tem a agradecer as oportunidades que ela e sua família continuam a ter na Instituição, tanto na educação de sua filha, aluna do Instituto Educativo José de Paiva Netto, quanto na própria capacitação

Foto

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reira

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Literatura

106 BOA VONTADE

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Um público das mais diver-sas idades foi transpor-tado para o mundo das

palavras entre os dias 22 e 31 de agosto, período em que ocorreu a 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o maior aconteci-mento do mercado editorial da América Latina. Nos dez dias da feira, 720 mil visitantes, originá-rios de várias partes do Brasil e do exterior, ocuparam os corredores do Pavilhão de Exposições do Anhembi, localizado na zona norte da capital paulista.

Neste ano, o objetivo do evento foi ir além da obra literária. Por isso,

Bienal Internacional do Livro de São Paulo encerra 23a edição com público

de 720 mil pessoas.

Giovanna Pinheiro | Fotos: Vivian R. Ferreira

os organizadores — a Câmara Bra-sileira do Livro (CBL) e a empresa Reed Exhibitions Alcantara Macha-do — firmaram parceria com o Ser-viço Social do Comércio do Estado de São Paulo (Sesc-SP), que ficou responsável pela curadoria da pro-gramação cultural da feira. O tema “Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado” foi traba-lhado em apresentações de música, teatro, dança e circo; em sessões de cinema; em quadrinhos; bem como em debates com grandes nomes do campo literário e personalidades de outras áreas, ações essas que ocor-reram em um total de oito espaços

Pavilhãopalavras

das

BOA VONTADE 107

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culturais. “Nesta edição, o Sesc São Paulo consolidou sua parceria com a CBL ao assumir o compromisso de realizar uma programação cultu-ral com a proposta de acolhimento e oferta de atividades que ampliam a experiência do visitante, e, para isso, tomamos o livro como ponto de partida e suporte para diversas linguagens artísticas”, explicou Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP.

A presença juvenil foi signi-ficante: cerca de 120 mil alunos, de duas mil escolas diferentes, estiveram no local. “Foi um mo-mento de orgulho, para todos, trazer jovens, fazer com que to-dos tenham esse convívio com os livros”, ressaltou Karine Pansa, presidente da CBL. Juan Pablo de Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado, reforçou a importância de apro-ximar a juventude da literatura e discordou da afirmação de que os jovens estão distantes da cultura. “Todos nós vimos esta semana que isso não é verdade”, disse.

Não foram apenas os jovens que percorreram os corredores do Pavilhão de Exposições. Avós, pais e crianças foram ver as novidades do mercado editorial. Além da pro-gramação, o que atraiu os visitantes à feira foi o preço dos livros. A es-tudante Ester Silva, que estava pela primeira vez no evento, comentou: “É muito mais barato [adquirir títulos literários na Bienal] e com-pensa. Há obras de R$ 2, R$ 10”. Mesma opinião manifestou o con-sultor Antonio Carlos Gonçalves, de 45 anos, do Rio Grande do Sul. “Comprar o livro na Bienal é mais

A coleção infantil ecumênica “Os milagres de Jesus”, do Selo Sol-dadinhos de Deus, da LBV, foi destaque na edição de 24 de agosto do Jornal Nova Era, veiculado pela Rádio Boa Nova (da Fundação Espírita André Luiz) e transmitido para emissoras na Grande São Paulo e no interior paulista, além de para a internet. Apresentado por Guiomar Sant’anna (C) e Vanessa Cavalcanti, o programa entrevistou ao vivo William Luz, autor dos títulos infantis que integram a referida coleção.

Na oportunidade, o escritor relatou que, desde que foi lançado no mercado editorial, o Selo Soldadinhos de Deus, da LBV tem como ob-jetivo transmitir a todas as crianças — independentemente de crenças e filosofias — os ensinamentos e valores do Evangelho-Apocalipse de Jesus e oferecer, de maneira didática e lúdica, orientações sobre como as pessoas podem ser solidárias e conscientes dos próprios deveres e direitos, vivendo em um mundo em constante transformação. Ele ainda revelou que as histórias impressas, ricamente ilustradas, logo conquistaram o lar de milhares de famílias.

Cabe mencionar que entre os oito itens que fazem parte do conjunto estão cinco livros (A pesca milagrosa, A cura do filho de um oficial, Jesus caminha sobre as águas, O samaritano agradecido e No tanque de Betesda), os quais contêm lições sagradas do Educador Celeste e são acompanhados por caderno de atividades. Compõem ainda o kit um DVD com desenhos animados musicais sobre essas conhecidas passagens bíblicas, legendados e em versão karaoke, e com extras (dois desenhos e quatro videoclipes); um CD com a trilha sonora; e um divertido jogo de tabuleiro, que convida o leitor, toda a família e os amigos a ir ao encontro de Jesus.

Selo Soldadinhos de Deus, da LBV, é destaque na Rádio Boa Nova

Literatura

108 BOA VONTADE

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barato do que na loja, pois podemos negociá-lo”, declarou na ocasião.

Leitura para o equilíbrio do corpo e da Alma

Cada vez mais constante tem sido a procura das pessoas por obras que proporcionem, além de leitura

agradável, o fortalecimento do eu interior, bem como o equilíbrio do corpo e da Alma. Os milhares de lei-tores que foram ao estande da WRC Livros em busca de lançamentos na área puderam adquirir títulos no gênero Espiritualidade Ecumênica, publicados pela Editora Elevação ou

pelo Selo Soldadinhos de Deus, da LBV. Um deles, o best-seller Jesus, o Profeta Divino, do escritor Paiva Netto, foi sucesso de vendas nesta Bienal, repetindo o bom desem-penho alcançado em importantes encontros literários do Brasil, entre os quais a 15ª Bienal Internacional

Bienal em números

720visitantes

mil horas1.500

de programação

+ de

400atrações

selos

nacionais

internacionais

186

22

autores

autoresexpositores300

75070

paísespresentes

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do Livro do Rio de Janeiro e a 57ª Feira do Livro de Porto Alegre. Na publicação — o quarto volume da série “O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração” —, o autor registra o conteúdo de suas pesquisas e palestras sobre temas bíblicos, fruto de quase sessenta anos de estudos e reflexões. É um livro que esclarece, conforta e apresenta aos leitores, com base em exame aprofundado do Apocalipse, ensinamentos que ajudam a enten-der as transformações em curso no

planeta. Paiva Netto, que já vendeu mais de 5,4 mi-

lhões de exemplares de suas obras, apon-ta o conhecimento da vida espiritual como elemento capaz de alterar

o comportamento antiético que arrasta

o ser humano para a autodestruição.

Livros para todas as idades

Dois outros produtos também foram muito bem recebidos pelo público da feira: a coleção infantil ecumênica “Os milagres de Jesus”, do Selo Soldadinhos de Deus, da LBV, e o kit Como vencer o so-frimento, composto da obra que dá nome ao conjunto — título do escritor Paiva Netto — e da radio-novela Memórias de um suicida*, adaptação do livro homônimo, psicografado pela médium Yvonne do Amaral Pereira.

O policial civil Romes Zauli, de 54 anos, foi um dos que adquiriram o kit. “Tenho uma amiga que está

UMA MENSAgEM DE PAz Leitora fotografa QR Code no estande da WRC Livros, expositora de títulos da Editora Elevação e do Selo Soldadinhos de Deus, da LBV, para baixar, gratuitamente, a versão digital do livro Ao Coração de Deus, do escritor Paiva Netto. Promoção realizada durante a Bienal permitiu que as pessoas que passassem pelo local compartilhassem com familiares e amigos a obra, que contém 50 orações das mais diversas tradições religiosas. A proposta era a de estimular um número crescente de indivíduos a adquirir o hábito da leitura diária de preces, o qual constitui uma maneira valiosa de buscar inspiração para vencer os desafios do cotidiano. Vale registrar que a edição impressa do título já vendeu mais de 200 mil exemplares.

Literatura

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No dia 25 de agosto, cerca de 150 alunos, de seis séries diferentes, do Conjunto Educacional Boa Vontade visitaram a 23a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Eles percorreram os corredores do Pavilhão de Exposições do Anhembi, ansiosos pelos últimos lançamentos literários, e conheceram o estande da WRC Livros, que estava expondo títulos da Editora Elevação e do Selo Soldadinhos de Deus, da LBV. No local, tiveram a oportunidade de levar para casa as obras infantis desse selo, as quais, em linguagem própria para a faixa etária deles, transmitem bons valores e mensagens ecumênicas positivas, a fim de promover a convivência harmoniosa dos seres humanos na própria família e na sociedade. Convém ainda citar que a LBV incentiva o hábito da leitura em todas as idades, por meio de seus programas socioeducacionais.

O best-seller Jesus, o Profeta Divino, do escritor Paiva Netto,

registra o conteúdo de pesquisas e palestras sobre temas bíblicos,

fruto de quase sessenta anos de

estudos e reflexões do autor. É um livro que esclarece e conforta.

passando por um momento difícil, pois perdeu uma filha. Na hora que eu vi o título, pensei nela”, afirmou, explicando o motivo da compra. Ele completou: “Acredito que vai ajudá-la, e muito. Estou levando dois [kits], um para ela e um para mim”.

A professora Izaurina Maria Leite fez a aquisição de alguns exemplares da coleção “Os mi-lagres de Jesus” para enviá-los a

uma amiga de Uberlândia/MG, que já havia comprado os livros, mas precisava de mais. À Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet), ressaltou a importância das lições constantes nas obras dessa série. “Jesus dei-xou os ensinamentos, e nós temos que segui-los. O caminho para a evolução começa na criança”, destacou.

* A radionovela Memórias de um suicida, adaptação do livro homônimo, psicografado pela médium Yvonne do Amaral Pereira, foi radiofonizada pela Fundação José de Paiva Netto, que recebeu gentilmente a autorização para sua radiofonização da Federação Espírita Bra-sileira (FEB), à qual pertencem os direitos autorais da obra literária.

BOA VONTADE 111

Page 112: Revista Boa Vontade, edição 237

Durante campanha à presidência da República, os candidatos viajaram por todo o país e

defenderam teses que variaram da economia à educação, da saúde à habitação, estendendo-se pelos programas sociais. Com relação à grande mídia, sobre a qual havia campanha antiga defendendo o seu controle, nenhum deles assumiu o compromisso de arquivar essa questão. Outro ponto que precisa entrar na agenda presidenciável no próximo mandato é o cuidado com as mídias do interior.

Uma oportunidade poderia ter sido aproveitada para isso, quan-

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Carlos Arthur Pitombeira, jornalista.

Carlos Arthur Pitombeira | Especial para a BOA VONTADE

Na agenda dos próximos quatro anos

Opinião — Mídia Alternativa

As expectativas de apoio à mídia comunitária para seguir na tarefa de zelar pela cidadania

do foi mencionada por um dos candidatos a necessidade de pros-seguir o incentivo aos pequenos trabalhadores para que deixem sua condição marginal. Houve outra proposta, inclusive, comprometi-da em ampliar esse aporte. Essas circunstâncias se concretizam a partir de duas possibilidades: a do enquadramento na categoria de Microempreendedor (aquele que só paga o imposto fixo mensal de R$ 41,20) ou na do Supersimples (com alíquota inicial de 16,93% por mês).

No entanto, ao não menciona-rem os milhares de donos de jor-

112 BOA VONTADE

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nais do interior (atividade que vai exigir estudo à parte, considerando a modalidade do serviço que pres-tam e da receita variável com que operam), perderam a oportunidade de reafirmar esse importante apoio à categoria. Justamente porque reconhecemos que o imposto fixo de R$ 41,20 (importante a traba-lhadores com faturamento mensal de até R$ 5.000,00 por mês e R$ 60.000,00 anual) não se aplica à mídia comunitária do interior. Tampouco é possível fortalecer esses veículos, convivendo com o compromisso de pagar uma alí-quota de 16,93%, que começa a ser

aplicada a partir da receita mensal de R$ 15.000,00 ou R$ 180.000,00 por ano, e que cresce à medida que o faturamento aumenta.

Embora haja a proposta de não

interferência na mídia, permane-ce a expectativa de significativa parcela dos cidadãos quanto ao resgate da firme atuação da mídia comunitária impressa, dos jornais do interior que, desde 1808, pres-tam relevantes serviços à cidadania e à liberdade de imprensa e de comunicação. E isso passa por analisar como dar sobrevida a estes valiosos meios.

Sem qualquer tipo de financia-mento oficial (não confundir com publicidade do governo) e ainda, em muitos casos, perseguidos nos municípios por juízes de primeira instância que se colocam a servi-

O jornalismo, para ter

credibilidade, precisa ser livre

em todos os sentidos.

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Page 114: Revista Boa Vontade, edição 237

ço dos poderosos do lugar, esses pequenos jornais, caminho natural para a tão sonhada democratização da comunicação e expressão, estão dividindo espaço agora com outros canais poderosos: os portais de internet e os blogs.

Para ter meios de prosseguir sua firme atuação, a mídia alternativa impressa precisa de apoio. Uma possibilidade é que o governo abra para esses veículos linhas oficiais de crédito pela Caixa Econômica, Banco do Brasil ou BNDES. Basta que se estabeleça, por exemplo, que os empréstimos (com carência míni-ma de cinco anos e auditados a cada seis meses, para que sua finalidade

não seja desvirtuada) sejam conce-didos apenas aos pequenos jornais que comprovem mais de dez anos de circulação. Será com a garantia desses empréstimos que esses veícu-los do interior poderão melhorar seu conteúdo e sua apresentação gráfica, concorrendo entre si, deixando a regulação por conta do mercado.

Isso certamente facilitará para que se legalize e, assim, se tenha uma ideia do que ela representa em quantidade e força de informação em todas as partes do país.

Preparação dos profissionais

Quem está à frente desses mi-

lhares de jornaizinhos quer, tam-bém, promover cursos técnicos a partir do ensino profissionalizante, e formar novas equipes cada vez mais bem preparadas para o tra-balho. Seus dirigentes sabem que somente aprimorando sua mão de obra é que poderão oferecer um produto melhor.

E é dessa forma que vai ganhar quem mais se empenhar, até mes-mo na disputa das publicidades oficiais junto às agências de pro-paganda. Essa pequena mídia, para ter credibilidade, precisa ser livre em todos os sentidos.

O Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou com a exigên-

Opinião — Mídia Alternativa

114 BOA VONTADE

Page 115: Revista Boa Vontade, edição 237

cia do diploma de jornalista para o exercício da profissão, viu-se, de repente, confrontado pelo Con-gresso Nacional. E os reflexos desse confronto refletem na mídia do interior, que fica perdida, deses-timulada. Recuados, os pequenos jornais e revistas veem avançarem os portais da internet e os blogs, além dos comerciais em cinemas, carros de som, barcos e outdoors.

Parece haver um movimento contra essa mídia presente no Brasil desde o século 19, e cabe a cada um de nós lutar pelo resgate da sua dignidade.

Talvez diante desse novo con-fronto de quem é contra e a favor do diploma de jornalista, tenha chegado a hora de se criar uma nova categoria de trabalhadores dentro da área de Comunicação Social, garantindo-se às pessoas envolvidas com a mídia comuni-tária impressa e eletrônica (rádio e televisão) do interior um registro próprio. Assim, a questão do diplo-ma de nível superior não seria mais um “fantasma” para ninguém. O seu sentido seria o de qualificar o profissional.

O reconhecimento da carreira

de Técnico em Comunicação Comunitária contemplaria todos aqueles envolvidos com essa mo-dalidade do jornalismo. Isso ajuda-ria muito no resgate dessa mídia.

Um curso de caráter profissio-nalizante para formação desse novo profissional garantiria ao aluno outro registro. E diploma também. O Ministério do Trabalho cuidaria da criação da carreira; ao Ministério da Educação caberia apresentar a grade de matérias para um curso dessa natureza que, com duração mínima de 18 meses, não estaria muito distante dessa aqui: Língua Portuguesa (redação e estilo); Geo-grafia política e econômica; produ-ção gráfica; fotografia; História do Brasil contemporâneo; realidade re-gional e cultural do país; introdução à Sociologia e à Filosofia; noções de Publicidade e Marketing; e capítulo V da Constituição Federal, que trata da Comunicação Social. As aulas, retratando a realidade social do país, seriam ministradas por jornalistas aposentados pagos com verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Estaria, assim, dado o primeiro passo para o resgate da dignidade

Quem está à frente desses milhares de jornaizinhos quer, também, promover cursos técnicos a partir do ensino

profissionalizante, e formar novas equipes cada vez mais bem

preparadas para o trabalho.

da mídia comunitária impressa no que diz respeito ao conteúdo e à apresentação gráfica. O segundo passo ficaria por conta de quem viesse a assumir a presidência da República, enviando ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria-ria, além da categoria profissional de Técnico em Comunicação Co-munitária, um tipo de imposto para essa mídia dentro da realidade por ela vivida nas diferentes regiões do Brasil.

Page 116: Revista Boa Vontade, edição 237

SaúdeNa luta contra o mal de Alzheimer

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Page 117: Revista Boa Vontade, edição 237

SeráAlzheimer?

uem nunca, por um momento que seja, se esqueceu do dia da semana, do nome de um conhecido ou de algo que iria realizar em um determinado momento? Pois é, situações como essas são mais comuns do

que se imagina, mas é preciso atenção: quando esse tipo de ocorrência, aparentemente inofensiva, deixa de ser esporá-dica e tira a autonomia do indivíduo de realizar atividades habituais, é a hora de procurar ajuda médica, pois pode ser indício de um problema sério que, a cada dia, afeta mais pes-soas no mundo todo: o Alzheimer, doença neurodegenerativa que provoca a perda de funções cognitivas, como a memóriade fatos recentes e antigos, dificuldades na linguagem e desorientação espaço-temporal.

Quanto mais rápido for feito o diagnóstico e o tratamento da doença, melhores serão os resultados.

Mariane de Oliveira Luz

BOA VONTADE 117

Page 118: Revista Boa Vontade, edição 237

em Rio das Ostras, no Rio de Ja-neiro, e o meu pai, que sempre foi uma pessoa ativa, acabou ficando perdido quando dava uma volta pela cidade. Lembro que, na épo-ca, achamos estranho, mas tanto nós quanto o médico que o acom-panhava acabamos atribuindo o fato à idade dele”, contou a filha.

Segundo ela, a falta de conhe-cimento sobre o mal dificultou associar os sintomas apresentados pelo pai ao Alzheimer. “Ele fazia tudo sozinho, mas, aos poucos, re-alizar pequenas tarefas foi fican-do difícil, porque foi esquecendo as coisas, palavras, os hábitos de higiene... Começamos a nos preocupar e procuramos ajuda médica. Ele até chegou a ser diag-nosticado com o mal de Parkin-son, por causa dos tremores nas mãos. Nesse tempo, o Alzheimer não era tão conhecido como agora”, disse.

O resultado efetivo só veio à tona após lon-ga investigação clínica. A partir de então, além do tratamento médico, que ajudou a retardar o avanço da doença, a família teve que se adaptar à nova realidade: “Contratamos uma pessoa para ajudar minha mãe a cuidar do meu pai. Também nos revezávamos. Era muito triste vê-lo daquele jeito. Víamos que ele também sofria com a sensa-ção de que estava perdido. Ele dizia: ‘Eu não estou entendendo nada’”.

Márcia relata que a evolução do quadro deixou a família um pouco desorientada, com uma sensação de impotência ao ver

“Em qualquer idade, você pode ter lapsos de memória, até quando criança, mas o que se vê em pessoas que estão começando a desenvol-ver a doença é que eles são mais frequentes e começam a interferir no dia a dia de-las”, alerta o neurologista Paulo H. F. Bertolucci, chefe do setor de Neurolo-gia do Comportamento da Escola Paulista de Medici-na (Unifesp).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam no mundo aproximadamente 36 milhões de pessoas que sofrem de demências, a maioria ligada ao mal de Alzheimer, podendo chegar a 115 milhões até 2050.

No Brasil, calcula-se que haja 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnós-tico, isso porque os sintomas da doença tendem a ser confundidos

com o processo de en-velhecimento natural do indivíduo e outras enfer-midades, dificultando o reconhecimento precoce da patologia.

Márcia Maria Corrêa dos Santos, do Rio de Janeiro/RJ, sabe bem o que é isso: em 2002, seu pai, Jorge Eugênio dos San-tos (1925-2012), na época com 76 anos, dava os primeiros sinais da doença, que só veio a ser identifi-cada pela família anos mais tarde. “Estávamos numa casa de praia

Saúde

Efeitos do Alzheimer no cérebroAlém das mudanças comportamentais, sabe-se que o cérebro

do indivíduo diagnosticado com Alzheimer diminui drasticamente de tamanho de acordo com a progressão da doença. O encolhi-mento do córtex cerebral afeta quase todas as suas funções e é especialmente grave na zona do hipocampo, área importante na formação de novas memórias.

Normal Alzheimer

Fonte: www.cuidamos.com

Dr. Paulo BertolucciAr

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Page 119: Revista Boa Vontade, edição 237

Estímulo mentalManter a mente ativa é uma excelente forma de combater o Alzheimer e a senilidade precoce. A dica é aprender todo dia algo novo. Ler diariamente, es-tudar, conhecer outras culturas e brincar com jogos que desafiem sua mente. Sudoku, palavras cruzadas etc. são algumas das inúmeras atividades que

cumprem esse propósito. Estudo realizado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que pessoas com maior grau de escolaridade correm menos riscos de desenvolver sintomas resultantes de lesões cerebrais, a exemplo da perda de memória. Alimentação saudávelIngerir doses diárias recomendadas de minerais e vitaminas reduzem

em 55% as chances de desenvolver o mal de Alzheimer. Os micro-nutrientes mais indicados para a manutenção de uma alimen-tação saudável e equilibrada são as vitaminas: E, encontrada em óleos vegetais, cereais integrais e nozes; C, presente em

frutas como a laranja e a acerola; B6 e B12, encontradas nas carnes, na soja e no amendoim, e demais produtos de origem

animal, incluindo os laticínios. Verduras, fígado e peixes, como o salmão, rico em Ômega-3, também devem ser consumidos.

Atividade físicaPraticar exercícios físicos reduz em 50% o risco de desenvolver o mal de Alzheimer, concluiu pesquisa da Universidade de Rush, de Chicago, EUA, incluindo nessa es-tatística o público que realiza atividades comuns como subir escadas, caminhar e varrer. De acordo com os pesquisadores, exercitar-se faz bem para o corpo e a mente. Cientistas da Universidade da Califórnia, também nos EUA, afirmam que a atividade física pode manter saudáveis pequenos vasos sanguíneos cerebrais e diminuir a concentração da proteína amiloide, que se acumula no cérebro de pessoas com a doença, além de proteger contra a pressão alta e o diabetes. Mesmo aqueles que possuem tendência genética podem reduzir em 60% os riscos.

SocializaçãoManter uma vida social ativa melhora as habilidades cognitivas do ser humano. O simples gesto de conhecer pessoas novas, fazer novos amigos, contribui para

uma vida saudável.

Bom para o corpo e a menteAdotar hábitos saudáveis é imprescindível para quem deseja minimizar os riscos de desenvolver o mal de Alzheimer, doença silenciosa, que tem início vários anos antes de o paciente apresentar os primeiros sintomas. Veja, a seguir, práticas que não só ajudam a preveni-lo, como também proporcionam melhor qualidade de vida.

BOA VONTADE 119

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a perda da autonomia dele, sem saber se tinham feito o melhor. Para ela, a resposta a esses ques-tionamentos veio muito forte na última semana de vida do pai: “Na grandeza da Providência Divina, pude ficar com ele no último dia antes da internação, que culmi-nou com sua morte. E ele, em um momento de lucidez, no leito do hospital (antes de entrar para o CTI), segurou minhas mãos e disse: ‘Me desculpa, tá?’. Essa mensagem soou como um agra-decimento, lavando minha alma.

Agradeço a Deus por isso”.De acordo com a especialista

em gerontologia social Vera Pedrosa Caovilla, membro-fun-dadora da ABRAz — Associação Brasileira de Alzheimer, traba-lhar em parceria é o segredo para lidar com a situação. “É muito comum ter a figura do ‘familiar--cuidador’, aquela pessoa que fica mais tempo com o parente com Alzheimer, mas ela não pode ser a única responsável durante as 24 horas do dia. É preciso ter todos os envolvidos cuidando

Mitos sobre o Mal de Alzheimer

Os idosos são as únicas vítimasÉ verdade que o Alzheimer atinge mais essa população, porém não existe estudo científico que confirme que esta é uma doença

própria da velhice, até porque existem registros de jovens diagnos-ticados com esse mal.

Tem curaAinda não foi descoberta a sua cura. O que existe são tratamen-tos que retardam o progresso da doença, melhorando a qualidade

de vida do paciente.

É hereditáriaEmbora não seja considerada hereditária, a herança genética é considerada um fator importante, principalmente quando atinge

pessoas com menos de 65 anos. Essas ocorrências correspondem a 10% dos pacientes com a patologia.

Esclerose e Alzheimer são nomes diferentes para a mesma doençaErroneamente conhecida como esclerose e caduquice — talvez

por se manifestar mais entre indivíduos da Terceira Idade —, a doença de Alzheimer, na verdade, é um tipo de demência, enfermi-dade mental que consiste no prejuízo cognitivo do ser humano. Além dela, existem outros tipos de demência, entre os quais a vascular e a com corpos de Lewi.

desse paciente, todos cuidando de todos”.

Fatores de riscoDesde a descrição da doença,

feita em 1906 pelo psiquiatra e neuropatologista Alois Alzheimer (1864-1915) — daí a origem do nome —, diversos estudos foram realizados com o objetivo de en-contrar as suas verdadeiras causas e como detectá-la ainda em estágio inicial. Recentemente, passo im-portante foi dado nessa direção: um grupo de cientistas britânicos identificou dez proteínas no sangue que podem sinalizar a presença da enfermidade no organismo humano, avanço que futuramente permitirá a sua identificação por exame de sangue simples.

Outros estudos apontam a exis-tência de fatores de risco para o surgimento da patologia. O princi-pal deles, de acordo com a ABRAz, é a idade. Para se ter ideia, a partir dos 65 anos, as possibilidades de ter esse mal dobra a cada cinco anos. Além disso, pessoas com histórico familiar têm mais chan-ces de desenvolvê-la no futuro, se comparadas com aqueles sem antecedentes.

Hipertensão, diabetes, obesi-dade, tabagismo e sedentarismo são outros fatores que podem contribuir para que a enfermida-de se manifeste precocemente. “Se você corrige isso, pode fazer com que a doença aconteça mais tarde. É possível também que a pessoa viva sem ela e morra por outra razão, sem ter passado pelo Alzheimer”, afirma o neurologista Paulo Bertolucci.

Saúde

Fonte: www.abraz.org.br

120 BOA VONTADE

Page 121: Revista Boa Vontade, edição 237

Receber a notícia de que um ente querido tem o mal de Alzheimer não é fácil; afinal, são muitos os desafios e as mudanças pelos quais a família pas-sará ao longo do avanço da doença. Encará-la com bom humor e leveza foi a estratégia utilizada pelo jovem Fernando Aguzzoli, de 22 anos, que resolveu trancar a faculdade de Filosofia e o projeto de abrir sua própria empresa para se dedicar exclusivamente à avó (falecida em dezembro de 2013), ou vovó Nilva, como carinhosamente ele a chamava. “[No início,] achava que era algo semelhante à amnésia, esquecimentos. Fui à busca de conteúdo e descobri que seria muito pior. Foi de fato assustador, mas ela continuava sendo minha avó, a mesma de sempre”, contou à BOA VONTADE.

O motivo para lidar com a enfermidade positiva-mente, ele mesmo explica: “Eu ia enlouquecer se levasse a doença a sério, porque é muito ruim e pesada. Optando por um olhar em que a leveza e o bom humor tomassem conta, tudo seria possível — eu e meus pais não iríamos enlouquecer e minha avó iria gargalhar muito no tempo que nos restava na jornada”.

De neto a paiCom leveza e bom humor, jovem gaúcho deixa emprego, carreira e estudos para cuidar de sua avó com Alzheimer.

Foram seis anos convivendo com a vovó Nilva e o Alzheimer. Durante esse período, a relação entre neto e avó estreitou-se ainda mais: “O Alzheimer, em muitas famílias, vem para uni-las. Minha avó e eu sempre fomos próximos e também muito amigos, mas, depois da doença, passamos a melhores amigos e, mais tarde, construímos uma relação semelhante à de pai e filha”, disse Aguzzoli, que, recentemente, lançou a obra Quem, eu? Uma avó. Um neto. Muitas lições de vida!, por meio da qual compartilha inúme-ras histórias que viveu ao lado dela nesse período.

Feliz por ter tido a oportunidade de cuidar de quem cuidou dele, Fernando deixa uma mensagem a todos os que passam por situação semelhante à sua: “Às vezes, pode parecer que, nos afastando, tudo será diferente e não sofreremos, mas uma consciência limpa não tem preço nem retorno (...). Levem a vida de uma forma mais alegre, alto-astral. Se não compartilharmos sorrisos com quem amamos, toda dificuldade que encontrarmos será intransponível. Paciência é necessária, muita paciência, mas, tendo Boa Vontade e amando a pessoa que cuidamos, tudo é possível!”.

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Lar da LBV em Volta Redonda/RJ

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LBV propicia qualidade de vida e valoriza a experiência dos idosos

o mundo

grisalho

cada vez mais

Giovanna Pinheiro

BOA VONTADE 123

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nos últimos anos, o número de idosos no mundo tem crescido gradativamente.

Vários foram os fatores que deram oportunidade a essa mudança, dentre eles, os avanços da Ciên-cia, a melhora do acesso à água tratada e ao esgoto, o aumento do consumo, entre outros. Dados do relatório “Envelhecimento da População Mundial: 1950-2050”, produzido em 2009 pela Divisão de População do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), mostram que o processo de enve-lhecimento aumentará mais rápido que qualquer outro segmento da população global até 2050.

Em outro documento, sobre a Situação da População Mundial 2011, elaborado pela Divisão de Informações e Relações Externas do Fundo de População das Na-ções Unidas (UNFPA), o desafio é reconhecidamente grande nos países em que a longevidade é alta, embora também seja senti-do em lugares de renda média e baixa, com “percentuais popu-lacionais nas faixas de 60 anos ou mais, 70 ou mais, e, mesmo em alguns casos, de 80 ou mais, estão em constante ascensão”.

Diante dessa perspectiva, tornou-se imprescindível investir na qualidade de vida da Tercei-ra Idade (ou jovens da Melhor Idade). Por isso, a Legião da Boa Vontade, há décadas, propor-ciona apoio aos vovôs e às vovós em situação de vulnerabilidade

A Legião da Boa Vontade de Portugal desenvolve seu trabalho socioeducacional há 25 anos. As pessoas com mais de 60 anos já são cerca de 20% da população e, em 2050, esse percentual deve chegar a 38%, ou seja, quase quatro milhões de idosos. Com o programa Viva Mais!, a LBV de Portugal proporciona à Terceira Idade atividades como ginástica e artesanato, sessões de beleza, passeios e palestras, e voluntaria-do, sendo que nesta última eles ajudam na preparação e distribui-ção de alimentos e confeccionam roupas para os atendidos do programa Cidadão-Bebé.

Maria Isabel Garcia, 60 anos, participa

há quatro anos desse programa, na c idade do Porto, e viu sua vida transforma-

da: “Estava com depressão, então,

pedi ajuda aqui e me convidaram para o Viva Mais!. Entrei e estou contente; gosto da companhia e de estar apoiando os outros”.

A voluntária Maria se divide nas várias atividades oferecidas pela Instituição, o que deu a ela outra perspectiva para o dia a dia: “Faço ginástica, [aprendo] música, (...) preparo sopa para a Ronda da Caridade e gosto muito de lidar com as crianças na entrega do enxoval dos bebés. Sinto-me feliz na Legião da Boa Vontade”.

DO OUTRO LADO DO ATLâNTiCO

Melhor Idade

social, por meio de programas que trabalham as capacidades cognitivas e físicas, e o diálogo, visando melhorar a autoestima e o bem-estar desses cidadãos, para um envelhecimento ativo e sau-dável. As atividades têm função proativa e preventiva, com o ob-jetivo de reintegrar esses idosos, a fim de que possam enfrentar as dificuldades próprias da idade, mantendo em boa forma o corpo e o Espírito.

Nos Centros Comunitários de Assistência Social, presentes em vários Estados brasileiros, a ação se dá por meio do programa Vida Plena. A LBV também possui La-res para Idosos em Teófilo Otoni (que completa 51 anos este ano) e Uberlândia no Estado de Minas Gerais, e em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Nos lares, os abrigados recebem atendimento e atenção 24 horas por dia, sendo que em Volta Redonda, além do regime de longa permanência, existe a modalidade Centro-Dia, no qual os vovôs e vovós ficam no lar pela manhã e pela tarde, de segunda a sexta-feira, e, depois, voltam para suas casas para passar a noite e o fim de semana com seus familiares.

As atividades nos lares e Centros Comunitários incluem ginástica, artesanato, dança e passeios, além de palestras, todas acompanhadas por profissionais da Instituição, com o objetivo de fortalecer a cidadania e garantir os direitos da Melhor Idade.

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Lar Alziro Zarur, em Teófilo Otoni/MG — em mais de meio século de atuação, notabilizou-se pela dedicação ao amparo à Terceira Idade, propriamente ao idoso afastado do convívio familiar e/ou em situação de vulnerabilidade. O residente Joaquim Lacerda, 84 anos, se afeiçoou ao lugar e às pessoas: “Eu moro aqui há mais de 20 anos. Este é meu lar e todos aqui são minha família. É um lugar muito bom, todos nos tratam com muito carinho”.

Lar Alziro Zarur, em Uberlândia/MG — inaugurado em 1961, também possui o regime de longa permanência. Lá, os jovens da Melhor Idade recebem o cuidado e o suporte necessários para que tenham uma vida saudável e participativa. Para isso, contam com alimentação balanceada, assistência médica e atendimento social, além de participarem de atividades recreativas e físicas regulares, de acordo com a necessidade do atendido.

Lar Vovó Ássima e Vovô Elias Zarur, em Volta Redonda/RJ — é o mais antigo, fundado em 1957, e implantou a modalidade Centro-Dia. Além do ambiente acolhedor, destaca-se pela qualidade do serviço e acessibilidade. As salas de serviço social e de terapia ocupacional possuem revestimento, piso antiderrapante e portas largas para facilitar o acesso de cadeirantes.

Unidades de abrigagem da LBV

Fotos: Vivian R. FerreiraPa

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an Walter Periotto é jornalista. Foi representante da LBV dos Estados Unidos da América, na década de 1980.

Walter Periotto | Especial para a BOA VONTADE

Melhor idade

A crise hídrica na Grande São Paulo e em municípios do inte-rior paulista serve de exemplo

para outras cidades brasileiras, assi-nalando que o cuidado com as reser-vas naturais não é mais uma escolha, e sim algo de suma relevância para a sobrevivência de cada cidadão. Ao se observar esse episódio, alguns aspec-tos ficam evidentes, merecendo séria reflexão de todos nós. O primeiro

é o de que os seis reservatórios do Sistema Cantareira, que abastecem essas regiões, não conseguem mais acompanhar o crescimento do con-sumo. Além disso, pesam nessa balança a degradação sofrida pelos rios da maior capital do país, a per-da ainda grande de água na rede de distribuição desse líquido precioso e um desperdício inconcebível dele por parte da população.

Crise, aquífero e a urgente atitude

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Page 127: Revista Boa Vontade, edição 237

Se pensarmos no futuro, perce-beremos que as coisas tendem a ser piores, caso nada seja feito agora, pois a demanda por recurso só deve aumentar. É necessário investir ur-gentemente em sistemas de recicla-gem e de reúso de água, bem como procurar novas fontes de abasteci-mento. Nesse particular, uma das mais promissoras — claro, se for utilizada com inteligência e bus-

cando-se métodos sustentáveis — é o Aquífero Guarani, enorme lençol subterrâneo de água locali-zado entre o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, que abrange cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados.

Embora estudo recente do geólo-go José Luiz Flores Machado, do Serviço Geológico do Brasil, mostre que esse aquífero tem capacidade menor do que se supunha — em 1996, o geólogo uruguaio Danilo Anton chegou a considerar que ele seria capaz de abastecer a população brasileira durante 2.500 anos —, isso não invalida o importante papel das águas subterrâneas na minimiza-ção dos problemas do cenário de escassez de chuvas que vivemos atualmente. Na pesquisa, José Luiz afirma que não existem ainda traba-

lhos detalhados sobre toda a área de ocorrência do aquífero e que “teria sido melhor denominá-lo ‘Sistema Aquífero Guarani’, já que se trata de um conjunto heterogêneo de ‘unidades hidroestratigráficas’ que podem conter muita, pouca ou ne-nhuma água”.

Uma boa notícia para os pau-listas é a de que “São Paulo está entre os Estados mais privilegia-dos, pois é onde a potencialidade do Aquífero Guarani mais se aproxima da noção divulgada pela imprensa”, declara. No en-tanto, a utilização desse grande reservatório exige que sejamos racionais e fraternos, para que o Brasil se beneficie dele, progrida e, ao mesmo tempo, preserve tão magnífico patrimônio ambiental para as novas gerações.

Localização do Aquífero Guarani

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Page 128: Revista Boa Vontade, edição 237

A ESPERANçA NãO MORRE NUNCA Paiva Netto

A Esperançanão morre nunca!

Nunca!Não morre, não!

Pois, como a vida,que é eterna,

mãe tão fraterna,pode morrer?!Não, não morrenunca!Não morre, não,a Esperança no coração!

Sou um Soldadinho de Deus alegre, porque aprendo que Deus e Jesus trazem Paz e

Amor para todos nós.É com Jesus que aprendo a

amar. O Amor é Paz para nós. Eu

Daniel Muniz Pacheco, 7 anosCampos Altos/MG

SOU UM SOLDADiNhO DE DEUStambém aprendi que quando estou com Jesus nada de mau acontece.

O Irmão Paiva nos fala que “Jesus é o Grande Amigo que não abandona amigo no meio do caminho”.

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Copyright © desenho: William Luz

Soldadinhos de Deus

Desenho constante do livro Jesus e os doutores da lei, da coleção “Os Milagres de Jesus”.

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(1) Victoria Franchi, 3 anos, com a mamãe, Angelina Gaona. Buenos Aires, Argentina; (2) Wemerson de Aquino Ramos, 9 anos. Del Castilho, Rio de Janeiro/RJ; (3) Pedro de Freitas Alves, 1 ano, com a mamãe, Cristina Freitas. Curitiba/PR; (4) Letícia Capi-che Campos, 4 anos. Vila Velha/ES; (5) Davi Hiroshi Freire Tengan, 7 anos. Brasília/DF; (6) Maria Clara de Jesus Mota da Cruz, com 1 mês. Pais: Jaqueline de Jesus e Alex Mota da Cruz. Rio de Janeiro/RJ; (7) Tamara Gallo Leopoldino, aos 3 meses. Pais: Sílvia e Paulo Leopoldino.Vista Alegre do Alto/SP; (8) Elisa Gabrielle Amiranda, 10 anos. Atibaia/SP; (9) Sophia Helena Mauro Alves, 7 anos. São Paulo/SP; (10) os irmãos Matheus Vinícius, 12 anos, e Pedro Gabriel de Matos Andrade, 1 ano. Salvador/BA; (11) Henrique Gomes Mendes, aos 9 meses. Pais: Gisele Aparecida e José Franklin Mendes. São Paulo/SP.

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Ajude as formigas a encontrar suas colegas de trabalho.

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Adriane Schirmer, professora.

Adriane Schirmer | Especial para a BOA VONTADE

Ao notar que eles não estão ao seu alcance, o que você deve perguntar: “Onde está

o meu óculos ou Onde estão os meus óculos?”. Acertou quem escolheu a segunda opção. E a explicação é simples: o substantivo óculos só apresenta a forma plural. Então, o correto é uns óculos, assim como um par de óculos, meus óculos.

O mesmo vale para núpcias, pêsames, cumprimentos, para-béns, entre outras. Observe o exem-plo extraído do artigo “Sejamos

Aprendendo Português

Onde estão meus óculos?

sempre como namorados”, no qual o jornalista Paiva Netto nos ensi-na: “O Amor provém da Alma. Do contrário, pode morrer na noite de núpcias... Mas, se tiver como alicerce o Espírito e o coração de ambos os amantes, aí a lua de mel se repetirá por toda a vida, apesar das rusgas que sempre ponteiam a convivência de um casal”.

Também ficam no plural as pa-lavras que concordam com esses termos (pronomes, artigos, adjeti-vos), como nas frases:

“Hoje é aniversário de Nina. Logo pela manhã, dei os parabéns a ela”;

“Meus cumprimentos pela conquista”;

“Meus sentimentos pelo la-mentável ocorrido”;

“Aos seus estimados familia-res, as nossas condolências”.

Para finalizar, transcrevo a nota “Utilidade Pública”, extraída do artigo “Santiago Andrade” (feve-reiro de 2014), na qual Paiva Netto

alerta: “O verão este ano e a falta de chuva em vários Estados reforçam a necessidade de economizarmos água, energia elétrica, enfim, não sermos perdulários. E, com as altas temperaturas, cuidados básicos para preservar a saúde não podem ser ignorados. Além de manter uma alimentação saudável e hidratar-se, é preciso atenção com o sol, princi-palmente ao ar livre, na praia, na piscina. O dr. Adilson Costa, chefe de serviço de dermatologia da PUC de Campinas/SP, recomendou: ‘Pri-meiro: evitar exposição solar entre 10 e 16 horas. Segundo: aplicar fo-toprotetores na pele de forma muito exagerada a cada duas horas. Nós orientamos um fotoprotetor com FPS de no mínimo 30. E de pre-ferência que a pessoa use óculos escuros, chapéus de abas largas, aquelas roupas que tenham fatores de proteção solar nas suas formas (...)’”.

Bom estudo e até a próxima!

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Page 131: Revista Boa Vontade, edição 237

SUSTENTABILIDADE.E s t e é u m d o s n o s s o s v a l o r e s .

A Celpe, empresa do Grupo Neoenergia, trabalha para fornecer energia elétrica com qualidade e confi abilidade. É por isso que a concessionária investe cada vez mais em tecnologias inovadoras e sustentáveis.

A construção de usinas solares, em São Lourenço da Mata e na Ilha de Fernando de Noronha, o desenvolvimento do Projeto de Redes Elétricas Inteligentes e dos programas Vale Luz, Nova Geladeira e Energia Verde são apenas alguns exemplos de uma gestão orientada para a sustentabilidade em todos os seus processos. Iniciativas como essas contribuem para o crescimento econômico do Estado, gerando desenvolvimento com qualidade de vida e preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

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