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Ações que geram resultadosAA aposta no crescimento da empresa novamente foi a base

para investimentos agora feitos em novas estruturas e reformas de unidades de atendimento. São ações que geram resultados de forma direta e indireta. Os usuários, clientes e colaboradores são beneficiados com espaços mais amplos, padronizados e que refletem o sucesso desta instituição com 17 anos de uma história embasada no trabalho, planejamento e com visão de futuro.

As manifestações positivas sobre esses projetos são essenciais para nós. Impõem-se novos desafios e vontade de seguir crescendo e, principalmente, atender melhor. O que é garantido pela sintonia perfeita entre boa estrutura física, tecnologia e a melhor equipe profissional, na ponta, atendendo clientes, e na retaguarda, dando o suporte necessário. Arrumamos a casa, mais uma vez, de modo a retornar a quem confia a vida e a saúde de pessoas queridas às nossas mãos – tenha certeza de que esta é sim nossa prioridade.

Atualmente, são mais de cinco mil clientes f inais (pessoas físicas e jurídicas) e 220 mil usuários be-neficiados pelos planos de saúde do CCG. Cifras que demonstram o crescimento de nossa instituição, mas, sobretudo, a base de relacio-namento que criamos – calcada no ser humano e pautada na ética e na responsabilidade com a vida. Além disso, também traçamos objetivos que nos fortalecem e, acreditamos, sejam nossos deveres. Campanhas de comunicação buscam cons-cientizar nossos públicos nos cuidados com a saúde e também na preservação dos bens naturais, ambos finitos. Queremos uma comunidade sadia e consciente das atitudes que pode tomar para colaborar com a construção de dias melhores.

Este ano foi de inúmeras realizações e trouxe resultados. Nossa proposta foi cumprida: sermos a melhor operadora de planos de saúde do Rio Grande do Sul. No entanto, nosso perfil empreendedor e comprometido com quem acredita em nosso trabalho não se aco-moda. Sabemos que é possível evoluir ainda mais, crescer e satisfazer quem nos faz grandes e, por isso, buscamos a vanguarda, a solidez empresarial e o futuro, já é notório, temos garantido.

Carlos Eduardo RuschelSuperintendente

Índice

Humanauma Revista do CentRo ClíniCo GauCHo

ano 2 - no 6 - out/nov/dez - 2008

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editoRial

seções

Editorial ....................................................3EntrEvista - Maria da PEnha ...................... 18CrôniCas ..........................................28 E 30EsPaço livrE ............................................29

mediCina e saúde

atEnção - hErPEs oCular PodE CEgar ........... 7

talassEMia - a vida EM transfusão ..............8

CânCEr dE MaMa - a Cura tEM PrEssa ......... 10

orElhas dE abano - QuEixa EstétiCa ..........11

EsClErosE MúltiPla - sorratEira E iMPrEvisívEl.... 12

aliMEnto funCional - gostoso E faz bEM ....14

odontologia dEsPortiva - sorriso vitorioso .... 16

vEnda dirEta - dE Porta EM Porta ..............17

nEuroCistiCErCosE - ContaMinação E infECção ... 25

vigorExia - ExagEros do Culto ao CorPo ....27

Gestão da mediCina em GRupo e neGóCios

invEstiMEntos 2008 ..................................4CliEntE saudávEl – JaCkwal s/a ................6Profissionais dE dEstaQuE – dr. José luiz fattorE Júnior E lídEr dE unidadE karinE ElizabEth haag ........................................31novidadEs CCg ................................32 E 33Por dEntro da rEdE – radiMagEM ..............34

Unidades de Atendimento Alvorada - Cachoeirinha - Canoas - Esteio

Gravataí - Guaíba - Porto AlegreSão Leopoldo - Viamão

Confira endereços acessando o site www.centroclinicogaucho.com.br

Centro Administrativo Rua Coronel Frederico Linck, 25

Porto Alegre - RS - CEP 90035-010Fone (51) 3287-9200

Os usuáriOs, clientes e cOlabOradOres sãO beneficiadOs cOm espaçOs mais amplOs, padrOnizadOs e que refletem O sucessO desta instituiçãO

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Expansão em 2008

Ocrescimento dos negócios, de-corrente do aumento no número de clientes, e a necessidade da

uniformização das estruturas físicas e dos processos de trabalho das 25 Unidades de Atendimento do Centro Clínico Gaúcho (CCG) são os motivos das reformas, ampliações e construção de novos espaços. Desde março deste ano, a instituição investe nestas obras. “Ao se preparar para crescimentos populacionais futuros, a empresa se mantém atenta aos seus clientes e às possibilidades que o mercado apresen-ta”, diz o gerente de Unidades, José Alberto Reinicke.

As novidades passam pela inaugu-ração da Central Odontológica em São Leopoldo (rua Lindolfo Collor, 816), que oferece atendimento de duas no-vas especialidades: endodontia (para usuários que precisam de ações sobre as enfermidades na polpa dental, como

Novos espaços, reformas e ampliações nas Unidades do Centro Clínico Gaúcho garantem padronização de

estruturas e processos e conforto aos usuários

Reflexo dos bons negócios

tratamentos de canal) e odontopedia-tria (destinado a crianças), além dos serviços que já eram prestados, como os de clínica geral odontológica.

O espaço abriga seis consultórios e o local da antiga Unidade (situado na mesma rua, no número 834) foi reorganizado para acolher a Central de Diagnósticos, com exames de eletroencefalograma e ecograf ia, medicina do trabalho, posto de coleta do Laboratório Marques D’Almeida e uma área para realização de pequenas cirurgias.

De acordo com o gerente da Uni-dade, Leandro Antônio de Paula, a Central de Diagnosticos traz atendi-mento diferenciado, ampla recepção, ambientes exclusivos e oferece alguns tipos de tratamento que antes não eram disponibilizados. No mês de outubro, mais uma inauguração tam-bém contemplou a cidade, a Unidade

Pediátrica (rua São João, 1147) abriga três consultórios, sala de nebulização e pequenos curativos e recepção, e funciona de segundas a sextas-feiras, das 7h às 19h.

Em Alvorada foi inaugurada, em setembro, a segunda Unidade de Atendimento na cidade, a Central de Especialidades (av. Presidente Getúlio Vargas, 1221). Ginecologia, dermatologia, psicologia, urologia, fonoaudiologia, otorrinolaringologia e nutrição são as especialidades dis-poníveis para atendimento com hora marcada – são cerca de 100 consultas diárias. Além disso, a Central mantém ainda um posto de coleta do Laborató-rio Marques D'Almeida e disponibiliza exames de ecografia. O atendimento acontece de segundas a sextas-feiras, das 7h às 19h.

unidades de poRto aleGReTrês Unidades da capital gaúcha

receberam melhorias. A Central de Especialidades (av. Alberto Bins, 391) foi revitalizada e salas de espera para o setor de autorização de exames e

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Na Central de Diagnósticos em Porto Alegre as reformas na estrutura física vieram acompanhadas de melhorias no atendimento e nos horários

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para consultas de especialidades mé-dicas foram criadas. Com a instalação de mais oito consultórios médicos, o atendimento clínico está sendo rea-lizado no segundo andar.

Na Central de Diagnósticos (av. Alberto Bins, 799) as reformas na estrutura física da unidade vieram acompanhadas de melhor ias no atendimento e nos horár ios. Os ambientes f icaram mais claros e em conformidade com o padrão do CCG para suas áreas de assistência à saúde. Novas salas de consultórios médicos foram construídas e a capa-cidade de atendimento das áreas de ecografia, fonoaudiologia, nutrição e exames de raio X foi ampliada em cerca de 30%.

“As recepções gerais foram des-centralizadas, toda a estrutura física foi melhorada e o número de serviços de diagnóstico foi ampliado”, conta a gerente da Unidade, Márcia De Nardin. Segundo ela, os benefícios são percebidos pelos usuários e cola-boradores da empresa, que elogiam e usufruem das novas instalações.

O espaço físico da Unidade Zona Norte (av. do Forte, 171) teve aumento de 620 m². Entre as novidades, estão 12 novos consultórios médicos – to-talizando 33 salas de atendimento –, a criação do setor de autorização de exames, mais uma sala de raio X e reforços no atendimento de urgência. A área do Laboratór io Marques D’Almeida será transferida para a frente do prédio. Entre os serviços oferecidos na unidade, estão a co-lonoscopia, eletrocardiograma, eco-cardiograma, endoscopia, ecografia e análises clínicas.

RelaCionamento Com ClientesAs reestruturações também foram

estendidas a Central de Marcação de Consultas, que passou por reformas físicas, recebeu contratações de profis-sionais e novos equipamentos e refor-mulou seus horários de funcionamento. O número de posições de atendimento passou de 28 para 35 e o espaço para descanso foi ampliado. Mais 19 opera-dores foram contratados, totalizando a equipe de 75 atendentes.

Todas as melhorias resultaram em a instituição ter o segundo maior call center próprio do Rio Grande do Sul, enumera a coordenadora do Relacio-namento com Clientes, Márcia Santos. A Central de Marcação de Consultas atende de segundas a sextas-feiras, das 7h às 22h, e aos sábados das 8h às 16h pelo telefone (51) 3287 9222

ReCuRsos Humanos

Decorrente do processo de expan-são, foram contratados profissionais. Os colaboradores que ingressaram na instituição passaram por treinamento de integração com o objetivo de co-nhecer a filosofia empresarial, com-preender os processos e compartilhar informações. Os médicos também re-cebem acompanhamento de um líder médico durante sua fase de adaptação à empresa, disseminando as diretrizes e os procedimentos operacionais de trabalho da área.

“O setor de RH realiza o planeja-mento, elaboração e operacionaliza-ção de todas as etapas do Programa de Integração de Colaboradores (PIC). O desenvolvimento da força de traba-lho é entendido como premissa para o alcance da melhoria contínua da empresa. Por estar em uma área de prestação de serviços de saúde, o foco é na capacitação, desenvolvimento e retenção dos talentos da empresa”, destaca a gerente de Recursos Hu-manos, Simone Chaiben Furini. Além disso, os colaboradores recebem o treinamento denominado “Atender

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bem faz bem”, que tem o objetivo de preparar a equipe para a excelência no atendimento ao paciente da área da saúde.

Um MBA com duração de 18 me-ses vai capacitar gestores em Gestão Estratégica da Saúde. As aulas devem iniciar no primeiro trimestre de 2009. O grupo inicial terá 30 participantes e o formato adotado é in company, em uma parceria com o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS), da capital gaúcha.

investimentos em tiCerca de R$ 300 mil foram investi-

dos na melhoria da rede de sistemas do CCG desde 2007. A migração do sistema operacional para a plataforma Microsoft, backup de dados com autoloader IBM, software de backup Symantec e novos switches Cisco Catalyst foram algumas das melhorias instauradas segundo o gerente de TI, Leandro Müller.

Além desses equipamentos, para o suporte do Datacenter foram adquiri-dos dois nobreaks com desempenho para até 120 minutos sem energia elétrica e implantados três servido-res com Windows Terminal Services que atendem 150 usuários de sites. “Os serviços desenvolvidos junto aos clientes e colaboradores se tornaram ainda mais qualificados com estes investimentos, agregando segurança, rapidez e a preservação de informa-ções armazenadas e a recuperação. Trata-se de investimentos sólidos e constantes”, explica Müller. P

A Central Odontológica em São Leopoldo oferece atendimento de duas novas especialidades: endodontia e odontopediatria

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Cliente saudável

Cliente há 13 anos

Com mais de 200 colaboradores, a Jackwal S/A, indústria do Estado que atende o mercado brasileiro e internacional, conta com o Centro

Clínico Gaúcho para assistir sua equipe

e a busca constante pelo aperfeiçoa-mento tecnológico”, justifica.

Também em sintonia com seu tempo, possui responsabilidade social, segue o diretor-presidente. “Desenvolvemos ações visando a atender normas ambientais, preser-vando o meio ambiente. Efluentes potencialmente poluidores são tra-tados e a água transita em circuito fechado. Os materiais sólidos gerados, como plásticos, papelão e metais, são separados, acondicionados e enviados para reciclagem”, relata. Ao longo de sua história, foram sendo recupera-dos bosques nativos na área onde está instalada e plantadas centenas de árvores.

Com 210 colaboradores, a propos-ta é oportunizar um ambiente interno harmônico e instigante. “Queremos que encontrem aqui desafios e opor-tunidades de crescimento”, coloca. “Também cuidamos do ambiente físico, dos uniformes, da refeição ofe-

Fundada em 1930, a Jackwal S/A fabrica artigos de gás e acessó-rios para banheiro no Distrito

Industrial de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Idealizada pelo gaúcho J. Aloys Griebeler, iniciou-se em uma pequena oficina, fabricando fogareiros e maçaricos de querosene à pressão. Atualmente, seus produtos chegam a todo o Brasil e exporta para países da América Latina e África.

Em maio deste ano, o engenheiro mecânico Evandro Rech Pereira da Costa assumiu o cargo de diretor-presidente. Com passagens por em-presas como Tramontina e Estaleiro Só, o diretor já havia trabalhado na Jackwal S/A entre 1993 e 1996, retor-nando em 2002.

O avanço da indústria é baseado no compromisso com a satisfação do cliente e o desenvolvimento de pro-dutos de qualidade, segundo Costa. “Agimos em harmonia e adotamos a ética nas relações com nossos públicos

recida, da segurança, do treinamento e da saúde.”

Há 13 anos, a Jackwal S/A oferece à equipe o plano de saúde do Centro Clínico Gaúcho. “São 550 pessoas, ao todo, entre funcionários e depen-dentes. O atendimento prestado pelo Centro Clínico Gaúcho se dá de forma tranqüila e nossos beneficiários estão satisfeitos”, finaliza. P

Acessórios para banheiro estão entre os produtos da empresa

A indústria está localizada na rua J. Aloys Griebeler, 20, Distrito Industrial de Gravataí (RS). O site é www.jacwkal.com.br

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Esta infecção por vírus pode se repetir quando se passa por períodos de estresse

herpes tipo 1 nos olhos. “Existem dois tipos de herpes: o zóster e o simples. O herpes zóster, também conhecido por cobreiro, é causado pelo mesmo vírus responsável pela catapora (varicela). Trata-se de uma doença de pele caracterizada por vesículas que acometem o trajeto de um nervo, at ingindo grande estrutura, com vermelhidão em sua base. Esse vírus pode aparecer em qualquer parte do corpo, causa muita dor e pode ser o primeiro sinal de doenças mais graves como câncer, Aids ou diabetes”, explica a especialista.

Já o herpes simples, mais comum, divide-se em tipo 1 e tipo 2. O pri-meiro acontece prevalentemente na boca, mas pode se manifestar em várias partes do corpo, e o tipo 2 atinge principalmente a área genital, tanto no homem como na mulher. “O vírus do herpes simples, Herpesvirus hominis, tem quadro clínico que varia de benigno a grave. A transmissão da infecção ocorre por contato social e as partículas virais infectam pela mucosa. A primo infecção herpética é encontrada em indivíduos que nunca tiveram contato prévio com

Tudo começa com uma infecção na córnea, muitas vezes con-fundida com conjuntivite ou

uma simples inflamação bacteriana. Os olhos começam a incomodar, doem, lacr imejam e a fotofobia (sensibilidade à luz) é intensa. Po-dem aparecer vesículas – pequenas bolhas, com base avermelhada – e erosões na conjuntiva ou na córnea, que provocam ardor e dor. Esses são os principais sintomas de um tipo de herpes que pode levar a complica-ções sérias: herpes ocular.

Essa virose se manifesta por um período de duas a seis semanas na chamada “primo infecção”, ou em sua primeira aparição. A partir daí, o vírus se instala nos gânglios dos nervos cranianos e espinhais e pode voltar a se manifestar outras vezes, depois de períodos de muito estres-se, problemas de saúde recorrentes, queimaduras de sol e, conseqüente-mente, da queda de resistência do organismo.

os váRios tipos de HeRpes Segundo a dermatologista De-

nise Steiner, o herpes ocular nada mais é que uma manifestação do

Atenção

Herpes ocular pode cegaro vírus sem proteção imunológica”, completa Steiner.

Os tipos 1 e 2 do herpes simples apresentam as mesmas características. Para Cláudio Fernandes Corrêa, dire-tor do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital Nove de Julho, as lesões provocadas pelo herpes tipo 1 se configuram como um grupo de vesículas. Na fase final do surto, surge uma casquinha, parecendo um machucado. Esse tipo de herpes é precedido por uma estomatite no tipo 1 ou vulvite (tipo 2).

Os pacientes infectados pela pri-meira vez não estão isentos de desen-volver a doença novamente. O que deve ser controlado é a queda de resistência da pessoa para que não haja recidivas. “Quando reativado por várias causas relacionadas à imunossupressão, ele pode reaparecer na pele e na mucosa. O vírus pode ser transmitido mesmo na ausência de lesões clínicas, sem sinal de infecção”, acrescenta Steiner, para quem a infecção deve ser tratada o mais rápido possível, pois pode causar ulcerações profundas, comprometendo os nervos.

Quando o quadro evolui para úlceras e crostas, precisa ser dife-renciado da Síndrome de Stevens-Johnson e infecções bacterianas. A infecção na área dos olhos torna o problema mais grave por causa da sensibilidade das estruturas na região. O comportamento da região ocular não é o mais freqüente, mas tem repercussão mais comprome-tedora, pois pode haver pressão, ardência e dor que muitas vezes se confundem com enxaqueca ou conjuntivite.

De acordo com os especialistas, é imprescindível tratar essa patolo-gia com medicamentos específicos, como pomadas of talmológ icas antivirais ou colírios, que ajudam a combater o vírus impedindo-o de se multiplicar. Mas, mesmo com tratamento adequado, pode haver seqüelas c icatr ic iais na córnea, com diminuição da intensidade

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Neusa PiNheiro

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visual. Dependendo da localização e extensão da úlcera, acontece uma necrose do tecido corneal por causa da invasão de microorganismos da córnea. Se a infecção atingir uma das camadas mais profundas da córnea várias vezes, de forma mais agressiva, pode levar à cegueira.

A dermatologista Denise Steiner ressalta que, em alguns casos, a prescrição de cremes para uso local pode ajudar, mas, na verdade, não existe ainda um creme específico para esse caso. Sabe-se, no entanto, que há um medicamento em desen-volvimento. “Trata-se de uma droga

denominada Resiquimod, do grupo dos imunomoduladores, que não ataca diretamente o vírus, mas faz com que o paciente fique mais resis-tente a ele, ou seja, o seu mecanismo imunológico irá defendê-lo de novos surtos.” [email protected]

Atenção

Talassemia

A vida em transfusão Forma mais grave deste tipo de anemia necessita que o paciente seja transfundido periodicamente

No Brasil, predomina a beta-ta-lassemia apresentada em três tipos: minor (ou traço talassêmico), inter-média e major. “Na [anemia] major o paciente necessita de constantes transfusões de sangue. Já a inter-média, a pessoa tem uma discreta anemia e ocasionalmente recebe uma transfusão e, por fim, o que chamamos de traço talassêmico ou minor, a pessoa não sente nenhum sintoma ou às vezes tem uma fraque-za quando faz algum exercício, por exemplo”, afirma Veríssimo.

“No estágio mais grave, a criança tem um aumento do baço, fígado ou deformações ósseas, devido a problemas na medula, o que lhe acarreta receber sangue. Em razão das constantes sessões [dependendo do paciente ocorrem a cada 20 dias], os transfundidos acumulam ferro no organismo e é necessária sua retirada. Se não é feito isso, pode-se lesionar órgãos importantes, como o coração”, completa a especialista.

Para a remoção de ferro do orga-nismo, o paciente é submetido ao tra-tamento de quelação. Em média, são de 8 a 12 horas recebendo a medicação por meio de uma bomba infusora, com o quelante parenteral acoplado ao cor-po. Cabe ao hematologista recomendar o(s) quelante(s) necessário(s) para cada caso. Atualmente existem três tipos de quelantes: um injetável (por meio de bomba infusora) e dois orais. O governo federal, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dispõe gratuitamente de dois destes quelantes, exceto as bombas infusoras.

Grécia e Itália, a talassemia carac-teriza-se por uma anemia crônica, hereditária, que afeta a capacidade da produção de hemoglobina, pig-mento dos glóbulos vermelhos que responde pelo transporte de oxigênio para o organismo. “Quando ocorre um desequilíbrio da cadeia de pro-teína alfa e beta (são duas de cada), há a mutação do tamanho das he-moglobinas. Esse problema impede a fabricação da hemoglobina normal, além dos glóbulos vermelhos serem menores”, explica Mônica Veríssi-mo, hematologista responsável pelo banco de sangue do Centro Infantil Boldrini, de Campinas, interior de São Paulo (SP).

OMinistério da Saúde iniciou em julho último uma cam-panha de conscientização sobre a importância da doa-

ção de sangue. Em números, o Brasil não tem muito a comemorar: apenas 1,8% da população é doadora regular, número aquém de países como Cana-dá e Inglaterra que ultrapassaram os 5% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cada bolsa de sangue disponível nos hemocen-tros do país ajuda pessoas em situa-ções de risco, em especial um seleto grupo de brasileiros que sofre de uma rara anemia: a talassemia.

Conhecida como anemia do Me-diterrâneo, por incidir em regiões da

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Se um dos pais tem o traço talassêmico (• minor), há probabilidade de 50% de nascer uma criança com talassemia minor e 50% de chance de a criança nascer sem talassemia.

Entretanto, se ambos os pais têm talassemia • minor, existe a chance de 25% de gerarem um filho portador de talassemia major, forma mais grave da doença.

Outra esperança está no trans-plante de medula óssea, mas ainda requer estudos e há restrições aos pacientes, explana a hematologista: “A quelação oral, aliada aos quelantes injetados, proporciona um tratamen-to personalizado ao paciente, garan-tindo qualidade de vida e a adesão adequada. Existem também estudos sobre o transplante de medula óssea, mas, para que seja realizado com sucesso, é preciso que o doador seja aparentado (irmão) e não portador de talassemia. Quem sabe no futuro se descobrem outras soluções, além das existentes, ou novidades sobre o transplante de medula óssea. Pes-quisas são feitas e avanços foram conquistados na área genética, mas há ainda muito para se fazer”.

Segundo dados da Associação Brasileira de Talassemia (Abrasta), há pouco mais de 600 portadores de talassemia cadastrados. A falta de informação é o principal obstá-culo na vida do talassêmico. Paulo Furstenau, analista de Comunicação da Abrasta, comenta que alguns médicos não têm um entendimento pleno do assunto. “Fizemos neste ano uma ação nas universidades,

levando profissionais e portadores de talassemia para que contassem aos alunos sobre diagnósticos e tra-tamentos. Nosso enfoque foram os cursos de Medicina, principalmente os residentes de hematologia e pe-diatria. Não sabemos o porquê, mas muitos deles acabam por diagnosti-car na criança nos primeiros anos de vida um quadro de talassemia como de uma anemia forte”, diz.

Não é fácil o diagnóstico da disfunção, pois os sintomas, já men-cionados pelos entrevistados, são confundidos com os de uma anemia

pRobabilidade das foRmas de talassemia

mais acentuada: fadiga, irritabili-dade, vulnerabilidade a infecções, atraso no crescimento, respiração curta, palidez e falta de apetite. Nesta investigação, o exame eficaz para a identificação da talassemia, segundo os especialistas, é a eletro-forese de hemoglobina. A análise, feita com uma pequena amostra de sangue (entre 3 e 5 ml), está disponí-vel em vários laboratórios, inclusive na rede pública. Furstenau fr isa sobre a importância deste exame, principalmente para as gestantes. “Se os pais têm traço talassêmico, as chances de o filho nascer com talassemia major são de 25% [veja quadro]. Pesquisa da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto (SP) mostrou que 0,5% a 1,5% dos brasileiros têm talassemia minor, o que equivale a quase 3 mi-lhões de pessoas. A gestante e o pai devem pedir ao seu médico o exame de eletroforese de hemoglobina. Incentivamos isso para que propor-cionem o tratamento o mais breve possível ao filho. Seguindo todo o procedimento, a criança terá uma vida normal”, analisa.

A Abrasta, fundada em 1982, em São Paulo, oferece suporte com atendimento jurídico e psicológico gratuito aos familiares dos pacientes, divulga o tema em conferências (aos profissionais de saúde) e jornadas (direcionadas a pacientes, familiares e interessados), além de pertencer à Federação Internacional de Talasse-mia (TIF). Os membros da associação também vão aos hemocentros no Dia Internacional da Talassemia, 8 de maio, presentear doadores sangüí-neos. “Fazemos ao longo do mês de maio campanhas nos hemocentros como gesto de agradecimento ao doador. No ano passado entregamos cartão feito por um artista plástico portador de talassemia e neste ano um marcador de livro. Isso frisa a fidelidade à doação e conscientiza que o sangue doado ajuda outras pessoas”, conta Furstenau. Gestos simples que estimulam a oferta de gotas de vida. [email protected]

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Câncer de mama

A cura tem pressaO diagnóstico precoce aumenta as chances de cura

e a maioria não sabe como detectar a doençaMama (Femama) encomendou uma pesquisa ao Instituto DataFolha, que ouviu mais de 500 mulheres. O sinal de alerta soou quando se constatou que o auto-exame, sempre muito es-timulado pelas campanhas nacionais de saúde, é considerado pela maioria das entrevistadas como suficiente para o diagnóstico do câncer de mama, ignorando a mamografia.

Segundo a presidente da entidade, a mastologista Maira Caleffi, a mamo-grafia permite que se identifique o tumor de mama em uma fase em que ele ainda não é percebido pelo toque, o que aumenta significativamente as chances de o tratamento interromper o ciclo da doença. Por isso, a médica alerta para os resultados da pesquisa que revelam que as brasileiras têm apenas informações parciais sobre a doença.

“As mulheres sabem que o câncer de mama é grave, traz riscos à saúde e que as chances de cura aumentam com o diagnóstico precoce. Mas o que preocupa é que elas desconhe-cem o principal exame disponível para detectar a doença logo no início”, diz Maira.

A médica lembra que existem alguns fatores de risco já conhecidos, como a obesidade, o tabagismo, não ter engravidado ou ter engravidado tardiamente, consumo de álcool e o uso excessivo de hormônios exó-genos. “Outras causas estudadas estão relacionadas aos fatores emo-cionais, como depressão e estresse; ao sedentarismo e à alimentação”, completa.

Estudos divulgados recentemen-te pelo Journal of the National Can-cer Institute confirmam que os hábi-tos de vida interferem na incidência da doença. Segundo a instituição, mulheres que realizam exercícios físicos regularmente e mantêm uma dieta sadia têm menos depósitos de gordura na pós-menopausa (fase em que é maior a incidência da doença) e, conseqüentemente,

doença. Com diversos casos de câncer na família, ela sabe que teve sorte, mas o final feliz no seu caso se deve princi-palmente ao diagnóstico precoce, que aumenta em 50% as chances de cura.

Não é sempre que isso acontece, pois a ignorância a respeito da doença, somada à falta de acesso a tratamentos de ponta, se reflete nas estatísticas. O tumor de mama ainda é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo – o primeiro entre as mulheres – e deve atingir 49 mil brasileiras ainda este ano, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O índice de maior incidência está na região Sudeste, com estimativa de 71 casos para cada 100 mil habitantes. Calcula-se que 134 casos são diag-nosticados por dia no país – ou cinco novos casos por hora – e que cerca de dez mil mulheres morrem anualmente no Brasil em decorrência das neoplasias mamárias.

sinal de aleRtaPreocupada com esses dados, a

Federação Brasileira das Entidades Filantrópicas de Apoio à Saúde da

Rose tomou anticoncepcionais por dez anos e é um tanto se-dentária. Mesmo assim, man-tém o peso equilibrado, nunca

fumou, foi mãe com pouco mais de 30 anos e amamentou sua única filha. Ela não difere da maioria das mulheres da sua geração, mas tem um bom plano de saúde e a possibilidade de realizar exa-mes periódicos. Isso fez a diferença na hora de enfrentar um câncer de mama, detectado pela mamografia.

Graças ao procedimento, foi des-coberto um carcinoma lobular in situ, grau 3 nuclear, na mama esquerda, considerado de difícil diagnóstico, uma vez que não apresenta sintomas e não havia sido identificado nos exames realizados 14 meses antes. Parte das células cancerígenas foi retirada ainda na biópsia a vácuo (mamotomia) e o restante foi removido em uma cirur-gia, sem a necessidade da retirada da mama ou de uma grande extensão do tecido sadio.

Da experiência restou uma pequena cicatriz e o tratamento com tamoxi-feno, medicação que deve tomar por cinco anos, para evitar a recidiva da

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Orelhas de abano

Queixa estética de efeito psicológicoParte do corpo que não pára de crescer, as orelhas

proeminentes mexem com a auto-estima

Os principais incomodados são os adolescentes. Sofrem em si-lêncio por conta de um simples

detalhe na aparência, mas que pode render brincadeiras e gozações dos coleguinhas. As orelhas muito abertas ou protuberantes são um defeito que não costuma causar danos, mas psi-cologicamente pode ser um problema perturbador. Há casos em que esses adolescentes até evitam o convívio social na tentativa de se esquivar de comentários maldosos.

A orelha de abano é resultado de uma ou mais deformidades associa-das, entre as quais as mais comuns são a ausência ou diminuição da an-télice (dobra mais externa da orelha) hipertrófica da concha e do lóbulo

da orelha proeminente e de tamanho desproporcional.

Segundo a cirurgiã plástica e professora da Unifesp – Universi-dade Federal de São Paulo, Lydia Masake Fer reira, o diagnóst ico desse tipo de deformidade envolve muita conversa e exame f ísico. “No primeiro contato deve-se levar em conta a queixa estética do pa-ciente, julgando-se a existência e o tamanho real do defeito. Muitos pacientes apresentam distorções na auto-imagem e na auto-estima desproporcionais ao tamanho real do defeito”, diz ela.

Pacientes com esse perfil tendem a projetar suas frustrações e angústia num defeito físico e acabam por gerar expectativas irreais ao resultado da cirurgia. “Se não forem tomados os devidos cuidados em relação à indica-ção, a orientação e o esclarecimento sobre os resultados esperados podem

menor produção de estrógeno, um dos hormônios associados ao câncer de mama.

“A doença é mais rara em mulhe-res com idade abaixo dos 35 anos, mas pode ocorrer. Todas as mulheres com mais de 40 anos apresentam algum risco, que cresce de acordo com o aumento da idade”, alerta a presidente da Femama.

Por essa razão, a Comissão de Saúde da Câmara de Deputados discute o projeto que deve reduzir a faixa etária das mulheres atendidas gratuitamente pelo SUS. Atualmente, a mamografia na rede pública só é disponível para mulheres a partir dos 50 anos.

pesquisa e tRatamentos

A pesquisa realizada pelo Insti-tuto DataFolha, no início do ano, para avaliar o conhecimento das brasileiras sobre o câncer de mama, revelou que, apesar de a maioria das

mulheres reconhecer que o diagnós-tico precoce aumenta a possibilidade de cura, apenas 35% apontam a ma-mografia como a principal forma de diagnóstico disponível. Do total das entrevistadas, 82% se lembraram do auto-exame e 31% do médico, apesar de 79% reconhecerem o câncer de mama como uma ameaça à saúde.

Realizada nas quatro cidades que apresentam o maior número de casos da doença, conforme o ranking do INCA – Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, a pesquisa também revelou que para 68% das entrevistadas a quimioterapia ainda é a principal forma de tratamento e apenas 4% citaram as novas terapias existentes.

RessonânCia maGnétiCaDesde março de 2007, a Socieda-

de Americana de Câncer recomenda o exame anual de ressonância mag-nética para pacientes que, por terem

histórico de casos na família, apre-sentam maior risco de desenvolver câncer de mama. No Brasil essa não é a regra, mas a indicação vem se tornando cada vez mais freqüente. A informação é do radiologista Jacob Szejnfeld, médico chefe do Cura, laboratório paulista de diagnósticos. Ele explica que a técnica também é muito eficiente para os casos com-provados de neoplasias e em pacien-tes com mamas densas.

O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Diógenes Baségio, acredita no crescimento da prática nos próximos anos. “O ideal é que já fosse rotina, mas o alto custo ainda impede”, diz. O exame custa cerca de R$ 1,5 mil, valor acima das possibilidades da maioria da popula-ção, “mas, quando existe a indicação com embasamento, muitos planos autorizam sua realização”, garante Baségio. [email protected]

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Esclerose múltipla

Sorrateira e imprevisívelDoença inflamatória do sistema nervoso central atinge

principalmente adultos jovens entre 20 e 40 anos

As primeiras manifestações da do-ença são esporádicas, acontecem sem aviso, duram cerca de uma

semana ou dez dias e desaparecem. Visão turva, falta de sensibilidade em um dos membros do corpo de um só lado, tremores. E a esclerose múltipla pode voltar anos depois. É exatamente pela sua imprevisibilidade e sutileza nos sintomas que a esclerose múltipla se torna difícil de ser diagnosticada. Isso sem falar no fato de que os sinto-mas vão e voltam independentemente do tratamento.

A incidência é maior entre as mu-lheres e pessoas de raça branca e de países do hemisfério Norte. Aí, o índice de prevalência é de cem doentes por cem mil habitantes/ano. No hemisfério Sul, a incidência cai para um a cinco doentes por cem mil habitantes. No Brasil, a EM atinge cerca de 22 mil pessoas. Se descoberta logo no início, é possível mantê-la sob controle pro-porcionando vida normal ao paciente por muitos anos.

se tornar problemáticos no pós-operatório”, alerta a especialista.

Histórico de cicatrização hipertró-fica e quelóide deve ser pesquisado dada a grande presença e tendência de alteração de cicatrização nessa região. O exame físico deve ser minu-cioso, pois visa identificar as altera-ções existentes nas diversas unidades anatômicas. A documentação básica é feita por fotos, explica a professora Lydia Masake Ferreira.

inCidênCia e tRatamento Orelhas de abano (ou em abano,

como dizem alguns especialistas) representam a deformidade mais freqüente na região da cabeça e do pescoço, estando presente em cerca de 5% das crianças com um ano de idade. A cirurgia plástica consiste em um dos procedimentos médicos mais freqüentes. Atualmente existem mais de 200 técnicas corretivas des-critas no mundo, que se aplicam em diferentes casos graças às diferentes causas de deformações possíveis nessa região. Elas variam de simples incisões na cartilagem, recessão, su-turas, à moldagem das orelhas com materiais plásticos e metálicos.

Embora não acarretem problema funcional, as deformidades da orelha provocam importantes distúrbios psi-cossociais. Essas alterações estéticas expõem os portadores a repetidas situações de zombaria, principalmente na infância, o que pode acarretar di-minuição nos níveis de auto-estima, confiança e nas relações sociais, preju-dicando seu desenvolvimento social.

O cirurgião plástico Edmar da Fontoura esclarece que a correção seja feita cedo para evitar problemas que surgem na fase escolar. “Às vezes, um pequeno defeito na aparência da criança pode render apelidos, brin-cadeiras e gozações dos amiguinhos e colegas”, diz ele. Os mais afetados pelo problema são os adolescentes, que podem se tornar arredios, calados e anti-sociais. As crianças evitam a companhia dos colegas para fugir dos comentários críticos e maldosos.

O problema é geralmente provoca-do por uma deformidade congênita. É

muito comum outras pessoas da família apresentarem o mesmo defeito. “Estu-dos científicos mostram que aos três anos as orelhas já atingem 85% do seu desenvolvimento e continuam a cres-cer até os 13 anos em espessura e até os 15 em tamanho” explica a doutora Masake Ferreira. Segundo ela, indica-se a otoplastia (cirurgia das orelhas) com segurança a partir dos cinco anos.

“A orelha em abano pode se ori-ginar no desenvolvimento excessivo da cartilagem conchal (posterior) que projeta a orelha para fora. Ou, ainda, na dobra da antélice, que faz a ore-lha parecer maior do que é, ficando, além disso, inclinada para fora. Há também o mau posicionamento do lóbulo”, explica o cirurgião Fontoura

que esclarece ainda: “O ideal é que a correção seja feita logo cedo, para evitar aborrecimentos que surgem na fase escolar. No caso de bebês, mães e avós acreditam que o problema pode ser corrigido com o uso de espara-drapo ou fita crepe, mas os médicos desaconselham essa prática. Há até quem use adesivos para não dobrar as orelhas do bebê.

Para os especialistas, um plane-jamento cirúrgico adequado deve considerar as deformidades e cada parte da orelha separadamente para que, quando tratada individualmen-te, produza resultado harmonioso e natural. O certo é quando as orelhas não apresentam nenhum sinal de terem sido operadas. P

Orelhas de abano

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De acordo com Dagoberto Cal-legaro, coordenador do Ambulatório de Esclerose Múltipla do Hospital das Clínicas, presente no Serono Symposia International, que aconteceu em maio último, em São Paulo, com a partici-pação de neurologistas brasileiros e internacionais, fatores como lumino-sidade, sexo e cor da pele estão rela-cionados à incidência da doença. “Nos países do Norte, onde a luminosidade é menor, a prevalência da esclerose múltipla é maior. O motivo é a falta da vitamina D3, acarretada pela baixa luminosidade. Essa vitamina funciona como um monomodulador que inibe as células inflamatórias e protege as que seriam atacadas. Há maior inci-dência da doença nas pessoas que nasceram no verão e que tiveram a maior parte da gestação em meses com menor luminosidade”, diz o especia-lista, para quem outros fatores, como o tipo de dieta, também influenciam a prevalência da doença.

Embora não se conheçam as causas dessa doença crônica, lentamente pro-gressiva, sabe-se que ela se caracteriza pela chamada desmielinização – perda da substância mielina, que envolve os nervos. Ou seja, por algum motivo ainda não descrito, o sistema imunoló-gico passa a agredir a bainha de mie-lina do sistema nervoso central como se “desencapasse” os filamentos dos nervos, formando-se, então, placas

disseminadas de desmielinização no crânio e medula espinhal.

Como se manifesta de diver-sas maneiras, a esclerose múl-tipla pode não ser reconhecida de imediato e, assim, levar a terapias equivocadas. A doença chega a causar debilidade em pernas e braços, redução visual unilateral, falta de coordenação motora, incontinência urinária, andar hesitante, perda de audi-ção e dor facial. E esses sintomas podem aparecer isoladamente ou não.

Apesar de a doença atingir principalmente adultos jovens, entre 20 e 40 anos, crianças e adolescentes também podem desenvolver esclerose múltipla.

Atualmente, ela atinge cerca de dois milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com o professor Alain Gab-bai, da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, um único estudo – feito em 1997, na cidade de São Paulo, pelos centros de esclerose múltipla da Santa Casa, Hospital das Clínicas e Escola Paulista de Medicina – apontou de dez a quinze casos da doença em cada cem mil habitantes.

tRatamento Com ConfoRtoTrabalhos apresentados durante o

Serono Symposia International foram unânimes em afirmar que os esfor-ços das pesquisas científicas estão voltados para tornar o tratamento da esclerose múltipla mais eficaz e mais confortável para o paciente. “Entre os avanços previstos para os próximos anos, está o uso de medicamentos orais que poderão unir a eficácia dos tratamentos já existentes ao conforto

da medicação oral, o que eliminará a utilização de injeções”, diz Callegaro.

Segundo o neurologista Ludwig Kappos, chefe do ambulatório de neu-rologia da Universidade de Basel, na Suíça, presente àquele evento, “além de eliminarem os inconvenientes da medicação subcutânea, os medica-mentos orais permitirão a combina-ção entre drogas e o tratamento de diferentes padrões de manifestação da doença”.

“Com a medicação oral, pode-se combinar drogas entre si e avaliar seu efeito. Os medicamentos que estão em fase de estudos têm diferentes níveis de ação e permitem a combinação de outras drogas como os imunomodu-ladores, o que pode aumentar a sua eficácia em cada paciente”, acrescen-tou o neurologista suíço.

Ainda não existe um tratamento definitivo para a cura da esclerose múltipla. Entre os tratamentos dis-poníveis estão os imunomodulares, imunossupressores e corticosteróides. Durante os primeiros anos o paciente tem surtos freqüentes que podem impedi-lo de andar ou enxergar.

Passado o surto, o paciente se recupera. Porém, depois de dez anos, cerca de 50% dos portadores sofrem danos progressivos e irreversíveis no sistema nervoso. Se o tratamento for instituído no início da doença, esta fase grave pode ser retardada, preservando a qualidade de vida do paciente.

Nos períodos de piora da doença são utilizados corticóides. Condutas fisioterápicas e de reabilitação também são muito úteis em alguns casos. O Ministério da Saúde fornece a medi-cação gratuitamente aos portadores da doença. P

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Alimento funcional

O ato de alimentar-se pode ser um grande aliado na prevenção de doenças

natureza. São esses antioxidantes que ajudam a prevenir as doenças inflamatórias, como as doenças do coração”, explica.

Segundo Daniela, além de as frutas, verduras e legumes apre-sentarem preço acessível à grande parte da população, os efeitos para o organismo são sentidos rapidamente. “Essa é uma grande vantagem da dieta. Normalmente, os pacientes reclamam da demora em perceber os resultados, mas com os alimentos funcionais é possível verificar melho-ras no equilíbrio do peso corporal, do bem-estar, do funcionamento intestinal”, exemplifica.

De acordo com a SBAF, os alimentos funcionais não possuem contra-in-dicação e seu consumo não necessita de acom-panhamento médico. Mas Daniela tem uma opinião ligeiramente diferente. Segundo ela, apesar de praticamente não haver problemas com os alimentos fun-cionais, é importante observar as caracte-r ísticas específ icas de cada indivíduo, prin-cipalmente para otimizar os resul-tados. “Jamais vou recomendar a ingestão de peixe para um paciente com problemas de cicatrização, por exemplo, por causa do ômega 3. As pessoas apresentam organismos diferentes, metabolismos diferentes. Sou a favor do acompanhamento de um profissional”, afirma. Por outro lado, Daniela lembra que pessoas com depressão, normalmente, apre-sentam níveis plasmáticos menores de

Funcionais (SBAF), está presente em vegetais, frutas, cereais integrais e peixe. O consumidor pode ainda recorrer aos alimentos processados pela indústria. Mas, para isso, precisa estar atento às informações constan-tes dos rótulos nas embalagens. De qualquer maneira, é importante res-saltar que, para obter os benefícios dos alimentos funcionais, é preciso consumi-los de maneira regular.

Já a nut r ic ionista Daniela Jobst , pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional, tem uma opinião um pou-co diferente. Para ela, o ideal é consumir os al imentos func ionais como verduras, legumes, frutas e peixe, evitando os industrializados. “Há

boas opções como o atum enlatado, porém os alimentos processados apresentam conservantes, corantes e espessantes, que não são saudá-veis para o organismo”, explica. E a nutricionista dá uma dica valiosa. Para obter uma boa mistura das substâncias presentes nos alimentos funcionais, procure fazer um prato colorido. Cerca de cinco cores dife-rentes, somando legumes e verduras, resultam em um prato bastante nu-tritivo. “Os alimentos roxos, como amoras, morangos, framboesas, são

grandes depósitos de antioxi-dantes, que são produzi-

dos pelos vegetais como forma de defesa contra

os predadores da

Comer, sem dúvida, é um dos grandes prazeres da vida. E o que dizer se a comida, além de saborosa, contribuir

efetivamente para a diminuição da incidência de doenças oxidativas e inflamatórias? Assim são os alimen-tos funcionais. Integram essa classe aqueles que, além de nutrir, afetam de maneira benéfica uma ou mais funções do corpo. Esses alimentos são capazes de melhorar a saúde e o bem-estar, redu-zindo o risco de doenças e, até mesmo, diminuindo os sintomas daquelas que já estão instaladas.

Para ser considerado fun-cional – e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa) está de olho nisso –, um alimento deve conter em sua composição substâncias como: ácidos graxos ômega 3, esteróis, flavonóides, antocianinas, limonóides, resveratrol e quercetina, catequinas, isoflavo-nas, betaglucana, isotiocianatos e indol, licopeno, luteína e zeaxantina, lignanas, sulfetos alílicos, fibras e probióticos. E a primeira pergunta que vem a cabeça é: como identificar substâncias de nomes tão complexos na simples alimentação cotidiana? O cenário não é tão difícil quanto parece.

A maior parte dessas substân-c ias , segundo a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a de Alimentos

liliaNe simeão

Gostoso e faz bem

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ômega 3, em comparação a pessoas sadias. Assim, a ingestão de peixes de águas profundas e geladas como atum, salmão, arenque, sardinha e da semente de linhaça poderia

ajudar sobremaneira a evitar o agravamento do quadro ou o surgimento da doença em pes-

soas saudáveis. Segundo ela, a combinação de uma dieta balan ceada, acompanhamento psicológico e a prática de exercícios físicos pode ser a chave para a prevenção e até cura da depressão.

O cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração, de São Paulo, Daniel Magnoni , faz coro com Daniela. Para ele, a alimentação fun-cional encontra lugar especial na medicina preventiva na medida em que pode reduzir as lesões decorrentes da

doença cardiovascular. Isso porque interfere diretamente no desenvolvi-mento e progressão da aterosclerose. “Os alimentos funcionais, como a soja e o azeite de oliva, atuam na redução do LDL-colesterol. O uso rotineiro de ômega 3, por exemplo, pode atuar na redução dos triglicérides”, explica. Entre as doenças mais investigadas que podem ser prevenidas por esses alimentos estão as cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, doen-ças inflamatórias, intestinais, afec-ções reumáticas e mal de Alzheimer, entre outras.

Mas o cardiologista é ponderado e lembra que os alimentos funcionais não são milagrosos. Segundo ele, a eficácia na prevenção de doenças do coração só será de fato atingida quando uma série de novos hábitos for adotada. “Só com a dieta não é possível evitar as doenças cardio-vasculares. É preciso manter o peso corporal baixo, reduzir o nível de

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estresse, não fumar e incorporar a atividade física no dia-a-dia. Para os diabéticos, é fundamental manter controlados os níveis de açúcar no sangue”, detalha.

Com relação à legislação, quando o assunto são os alimentos fun-cionais industrializados, há duas resoluções (no 18 e nº 19, de 30 de abril de 1999) editadas pela Anvisa que determinam as regras a serem respeitadas. Os registros demandam relatórios técnicos que comprovem a eficácia e a segurança dos produtos. E é preciso seguir, ainda, as regras referentes às embalagens. O rótulo deve conter as mesmas informações nutricionais de um produto comum e é permitido o uso de alegações, ou seja, frases que indiquem o benefício diante do consumo por quantidade de determinado produto. [email protected]

Algumas substâncias naturais que podem prevenir, evitar ou curar enfermidades e distúrbiosComponente Propriedades benéficas Alimentos

Bífido-bactérias Favorecem as funções gastrointestinais, produzem vitaminas B12 e K Iogurtes e produtos lácteos fermentados

Carotenóides Antioxidantes, antioncogênicos, reduzem o acúmulo de plaquetas

Tomate, cenoura, abóbora, espinafre, acelga, frutas cítricas, melão, pêssego

Catequinas Reduzem a incidência de câncer do intestino, estimula o sistema imunológico Chás, cerejas, uva, vinho tinto, chocolate

FlavonóidesAt iv idade ant ioncogênica. Espasmolít icos, vasodilatadores, antiinflamatórios, antiulcerosos e antioxidantes

Soja, cenoura, frutas cítricas, pepino, tomate, pimentão, berinjela, cereja, salsa

Licopeno Antioxidante, antioncogênico, tolerância à radiação UV Tomate, pimentão, melancia, cenoura, mamão

Oligossacarídeos Ativam a microflora intestinal Frutas e cereais

Ftálidos Simulam a produção de enzimas benéficas, que possuem atividade anticarcinogênica Cenoura, salsa

Tanino Antioxidantes, anti-sépticos, vasoconstritores Maçã, manjericão, uva, caju, manga* Fonte: Decio Luiz Gazzoni - engenheiro agrônomo - Embrapa

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Odontologia desportiva

Sorriso vitoriosoA competitividade nos esportes é alta, e a saúde

bucal perfeita pode definir um campeão

sofrido; logo, para um esportista, o melhor é a restauração em resina. O uso de um aparelho ortodôntico para alinhar os dentes e combater a respiração bucal pode tornar-se uma arma contra o esportista caso ele sofra alguma pancada na região, ainda que utilize o protetor bucal.

Quando pensamos em prevenção na Odontologia Desportiva, a primeira cena que nos vem à cabeça é a do boxeador com os lábios protuberantes decorrentes do protetor bucal e os punhos erguidos. Essa imagem não é infundada, pois, segundo a National Youth Sports Foundation (NYSSF), dos EUA, nos chamados esportes de con-tato, como boxe, judô, caratê, jiu-jítsu, futebol, basquetebol e outros, o risco de o atleta sofrer lesões orofaciais varia de 33% a 56% durante a carreira. De acor-do com a Academia Norte-Americana de Odontologia Desportiva, o uso do protetor bucal no esporte reduz em até 80% o risco de perda dentária.

Atualmente há três tipos de prote-tores bucais no Brasil: o pré-fabricado, que não tem boa adaptação à boca, interfere na fala, na respiração e até na tensão do atleta, que acaba mordendo o protetor constantemente para que ele não saia do lugar; o termoplástico, que é o chamado “ferve e morde”, pois, para adaptar-se melhor aos dentes, é colocado na água quente para amolecer, podendo causar queimaduras na boca; e o protetor personalizado, feito pelo dentista após a moldagem da arcada dentária. Este modelo não atrapalha na respiração e ainda permite ingerir líquidos sem ter que tirá-lo da boca.P [email protected]

o desempenho do atleta. “A Abrodesp realizou todo o tratamento dos meus dentes, eliminando as cáries e inflama-ções. O fato de o atleta não ter uma boca saudável faz com que ele tenha uma perda significativa no rendimento, atra-palhando a busca de resultados”, disse o pugilista George Arias. O boxeador tem 34 anos e é o atual campeão brasileiro de boxe na categoria peso pesado, além de professor de Educação Física. Ele recebeu assistência da associação.

Entre os problemas bucais que podem afetar o desempenho dos espor-tistas estão: má oclusão, que pode gerar problemas na mastigação, prejudicar a absorção de nutrientes e provocar dores de cabeça; problemas na articulação e dentes ou gengivas infeccionadas, que podem ser a porta de entrada de bac-térias. Além da respiração bucal, que pode diminuir o rendimento físico em comparação aos atletas que respiram pelo nariz, hábitos viciosos como roer unhas e bruxismo causam desgaste dos dentes e sobrecarga muscular no sistema mastigatório, podendo gerar dores de cabeça crônicas, entre outras conseqüências.

Esses problemas têm os efeitos expandidos nos desportistas. Por exemplo, restaurações metálicas são mais duras e podem levar à fratura dos dentes dependendo do impacto

Imagine se a ginasta Daiane dos Santos, após anos de treinamento para as Olimpíadas, no dia da com-petição tivesse dor de dente. O que

ela faria? Agora pense no jogador de futebol Kaká sem o dente da frente, será que ainda assim ele seria garoto-propaganda de grandes marcas?

Além da importância estética, a saúde bucal de um atleta serve como garantia de um bom desempenho, pois tem relação direta com outros proble-mas de saúde, como respiratórios e circulatórios. Com base nisso muitos clubes já dispõem de cirurgiões-dentistas nas equipes médicas para tratar seus desportistas.

A Odontologia Desportiva, como é chamada, ainda é recente no Brasil e trabalha em parceria com a Medicina, visando melhorar o rendimento do esportista por meio da saúde bucal, pre-venindo e tratando possíveis lesões na boca decorrentes da prática esportiva.

Segundo Hilton Gurgel Rodrigues, consultor em Odontologia Desportiva da ABO – Associação Brasileira de Odontologia, a educação e a saúde caminham juntas na Odontologia do Esporte. Os atletas, técnicos, dirigentes e professores de Educação Física rece-bem orientação quanto à prática segura do esporte e conscientização de hábi-tos para uma boa saúde da boca e os cirurgiões-dentistas avaliam a condição bucal do atleta a fim de prevenir, tratar e reduzir os traumas orofaciais decor-rentes da atividade esportiva, além de ter conhecimento de substâncias que possam causar doping.

Há cerca de sete anos foi criada a Abrodesp – Associação Brasileira de Odontologia Desportiva –, que surgiu com o interesse de unir a Odontologia com a Educação Física e ainda oferecer uma equipe multidisciplinar com dentis-tas, médicos, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais, para melhorar

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Relacionamento é tudo para os revendedores autônomos

atividade. Uma das maiores virtudes da venda direta é sua capacidade de abraçar profissionais de perfil varia-do”, observa Cipriani.

A ABEVD reúne hoje 28 empresas que comercializam seus produtos exclusivamente pela venda direta. Segundo as projeções do Comitê de Pesquisa desta Associação, o merca-do total de vendas diretas no Brasil tende a ser cerca de 30% maior que o volume de negócios gerado pelos associados da entidade. “O mercado brasileiro está entre os maiores do mundo. É o quinto maior em volume de negócios e o décimo colocado no ranking de número de revendedores”, afirma o presidente da ABEVD.

Entre as associadas da ABEVD, estão as tradicionais Avon, Natura, Tupperware e Yakult. Todas elas têm na venda direta a única forma

de comercialização de seus produtos. Por isso, inves-tem forte em treinamento, reuniões periódicas e tro-cas de experiências entre as revendedoras. Af inal, elas são o cartão de visita das marcas. “Quando o revendedor passa a ser a única forma do cliente obter os produtos, a em-presa tem mais controle sobre a maneira como os itens são apresentados ao consumidor, pois é alto o investimento do setor no treinamento do canal de vendas. No caso da venda pelo varejo, o produto fica simplesmente exposto ao lado de seus concorren-tes”, explica Cipriani.

Já para os vendedores, a autonomia é um dos maiores atrativos da ativi-dade. Quem atua com venda

Há 50 anos, a Avon trazia para o Brasil uma nova e diferente profissão, com foco principal

no público feminino: a venda dire-ta. O tempo passou, quase nada foi alterado na forma de atuar, mas essa maneira de obter renda continua firme e forte, independentemente das oscilações da economia.

Os dados de mercado comprovam essa afirmação. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), no primeiro trimestre deste ano, o mercado mo-vimentou R$ 3,7 bilhões, represen-tando um crescimento nominal de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

O crescimento também pode ser visto no número de profissionais que atuam no setor. De acordo com a ABEVD, no Brasil, existem hoje cerca de 1,9 mi lhão de revendedores autônomos comercializando produtos pelas vendas diretas. “Esta soma tem se expandido em ritmo acelerado: em 2007, a taxa de cres-cimento do chamado ‘canal’ de vendas diretas foi de 17,8%, a maior já registrada”, conta o presidente da entidade, Lírio Cipriani.

Esse exército de ven-dedores é dominado am-plamente por mulheres, entre donas de casa, es-tudantes, aposentados e todos aqueles que con-ciliam as vendas diretas com outra atividade para complementar a renda. “Em menor número, tam-bém existem as pessoas de perfil empreendedor, que se dedicam integralmente à

Venda direta

De porta em portadireta não tem vínculo empregatício com as empresas, pode comercializar quantas marcas quiser, gerenciar seu tempo e montar sua própria estraté-gia. Tudo isso baseado em um grande alicerce, o relacionamento.

“Só vendo para as pessoas que conheço ou para aquelas que são bem indicadas. Prefiro não correr o risco de deixar de receber”, conta Viviane Cardoso, consultora da Avon. Viviane é analista de negócios de uma multinacional americana e se apóia na venda direta para seu sus-tento. “Meu dia-a-dia na empresa é muito corrido. Sou pai e mãe, não posso deixar faltar nada para meu filho”, revela Viviane, mãe de Allan, de 4 anos.

A principal estratégia utilizada por ela é conhecer bem os produtos que vende. Viviane sabe o que suas clientes gostam e, principalmente, conhece o que lhes cai melhor. Hoje, tem cerca de 20 clientes fiéis, que aguardam o catálogo todos os meses para fazerem suas escolhas. “Deixo o catálogo cir-culando entre elas. Dou uma dica ou outra e depois entrego meus pedidos. É uma ótima forma de completar o orçamento”, acrescenta.

No caso da Avon, as revendedoras como Viviane compram os produtos para revender aos seus clientes e obtêm, em média, um lucro de 30%. Entretanto, todas têm a liberdade de negociar sua margem revendendo por preços diferentes dos sugeridos. As empresas atuam como substitu-tas tributárias, calculam e recolhem todos os impostos incidentes sobre a atividade, enquanto o revendedor está desobrigado da emissão de notas fiscais.

Para se ter uma noção da dimen-são dos negócios da Avon, a empresa possui mais de cinco milhões de revendedoras autônomas no mundo e está presente em mais de cem mercados em todo o planeta. E já começa a despertar o interesse dos homens para a atividade. P

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foto: dreamstime.com

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Entrevista

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Antídoto contra covardia

"C ontra a covardia, só há um antídoto: a coragem.” Esta é a

lição que Maria da Penha Maia nos ensina com sua história de vida. Considerada símbolo do combate à violência doméstica no Brasil, ela sofreu, aos 38 anos de idade, duas tentativas de homicídio praticadas pelo seu ex-marido. Sobreviveu, mas ficou paraplégica. Desde então, esta farmacêutica cearense não descansou um só minuto na busca por justiça. A batalha judicial para punir o seu agres-sor — o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia — começou em 1983 e durou quase duas décadas. A primeira condenação saiu em 1996, mas Heredia recorreu da decisão e permaneceu em liber-dade. Sua prisão só aconteceu em 2002, depois que Maria da Penha denunciou o Estado brasileiro por negligência à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organi-zação dos Estudos Americanos. Além de acolher a denúncia, a OEA recomendou ao governo brasileiro indenizá-la. Em 7 de julho deste ano, a farmacêutica recebeu, enfim, a indenização

da Central de Atendimento à Mulher (telefone 180) de janeiro a junho deste ano, 121.891 víti-mas foram atendidas; enquan-to no mesmo período de 2007 o número de atendimentos chegou a 54.417. O aumento corresponde a 107%. “Isto de-monstra que as mulheres estão se sentindo mais confiantes e seguras para tomarem a de-cisão de denunciar”, explica Maria da Penha. Leia a seguir a íntegra da entrevista exclusiva concedida por essa guerreira a esta revista.

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paga pelo governador do Es-tado do Ceará. Mas esta não foi sua maior conquista. A verdadeira vitória veio antes, em 2006, com a promulgação da Lei 11.340, que tipifica a vio-lência doméstica como crime. Batizada como Lei Maria da Pe-nha, o instrumento legal já fez crescer o número de denúncias de agressão. Segundo dados

Quem diz que a lei é inconstitucional são

pessoas que possuem um comportamento

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Maria da Penha

Como está a situação de violência contra a mulher, hoje, comparada à década de 80, quando a senhora iniciou a sua luta?

Sem dúvida alguma, tivemos um avanço significativo em relação às políticas públicas para as mulheres. Para se ter uma idéia, quando fui vitimada em 1983 não existia nem a Delegacia da Mulher aqui em Forta-leza. A Lei Maria da Penha veio suprir a demanda de anos de reivindicações dos movimentos de mulheres.

Quais foram as principais políti-cas públicas introduzidas a partir da Lei Maria da Penha?

A criação de Delegacias Especia-lizadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), Centros de Referência da Mulher, Casas Abrigo e Juizados Especiais de Violência Doméstica e

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Familiar. Contamos ainda, em vários Estados, com Hospitais da Mulher, além de Centros de Reabilitação do Agressor. Mas, para que essas políticas públicas se concretizem, é importante que os movimentos de mulheres, junto com a sociedade civil, estejam, sempre, cobrando dos ges-tores de seus Estados e municípios a implantação destes equipamentos e outros serviços necessários à luta contra a violência doméstica.

Cresceu, então, a estrutura insti-tucional de apoio à mulher?

Hoje a mulher vítima de violência conta com os equipamentos que atendem à lei, como, por exemplo, os Centros de Referência da Mulher, onde ela pode se inteirar de seus di-reitos, além de receber atendimento de uma equipe multidisciplinar (com psicólogas, assistentes sociais e ad-vogadas) para que encontre suporte e possa romper com o ciclo de vio-lência no qual vive.

Todos os municípios são obriga-

dos a ter esses centros de referên-cia? Como eles funcionam?

Sim, todas as cidades devem implantar os equipamentos pú-blicos previstos na lei. Os Centros de Referência assistem as vítimas encaminhadas pelas Delegacias da Mulher ou pelos serviços públicos de saúde. E, de maneira geral, aten-dem qualquer mulher que queira esclarecimentos sobre a Lei Maria da Penha e outros direitos relacionados também à saúde.

Após dois anos de existência da Lei Maria da Penha, já é possível apurar os resultados?

Só possuo dados do meu Estado. Aqui no Ceará, o maior hospital de atendimento público — o Instituto

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Dr. José Frota — registrou, em 2007, redução de mais de 50% na entrada de mulheres vítimas de violência em relação ao ano de 2006. O número de denúncias na Delegacia da Mulher de Fortaleza aumentou em 45% e os casos de reincidência diminuíram em aproximadamente 80%.

A imprensa divulgou, em julho, uma pesquisa mostrando que o número de ligações para o telefone 180 dobrou no primeiro semestre de 2008 comparado ao mesmo período do ano passado. Qual é sua avalia-ção a respeito desses dados?

O aumento das denúncias de-monstra que as mulheres estão mais confiantes por terem um instrumento legal que garante seu direito de não serem agredidas. A prisão dos agres-sores serve de exemplo para que futuras violências deixem de existir e os agressores comecem a repensar suas condutas.

A violência doméstica atinge as

mulheres de todas as classes sociais ou há predominância entre as clas-ses mais pobres?

Costumo dizer nas minhas pales-tras sobre o tema que infelizmente a violência doméstica é bastante democrática e atinge todas as clas-ses sociais, níveis culturais, raças e religiões. E acontece em todos os lugares do mundo, não somente no

Brasil, mas também em países ricos e desenvolvidos. Acreditar que só as mulheres pobres e analfabetas apanham do marido é um mito que precisa ser desconstruído e a denún-cia tem que ser feita em qualquer circunstância.

Por que a mulher moderna, que trabalha e é independente, ainda se submete à agressão masculina dentro do lar?

Vários são os fatores que fazem com que a mulher não denuncie ou não comente que sofre violência: vergonha de dizer que isso aconte-ce com ela; medo de criar os filhos sozinha, pois sabemos que quase sempre o agressor é o provedor da família; a cultura machista que im-põe à mulher a condição de "rainha do lar" que suporta tudo calada, e há ainda crenças do tipo "ruim com ele, pior sem ele". Às vezes, a mulher, por ter sido criada em um ambiente de violência, vendo seu pai agredir sua mãe, tem maior dificuldade de se libertar de um relacionamento em que também passa por agressão, pois acha que é "normal" passar por isso. Daí porque a violência domés-tica, segundo a Lei Maria da Penha, passou a ser considerada um delito de ação pública incondicionada. Isto significa que, se a vítima não denunciar o agressor, o Ministério Público poderá mover a ação.

Existe algum tipo de trabalho sendo desenvolvido no sentido de mudar o modelo de masculinidade que dá origem à agressão?

Bem, esse é um fator sociocultu-ral que não se consegue mudar de um dia para o outro. Entretanto, a Lei Maria da Penha prevê a adoção de uma abordagem sobre gênero e relações entre homens e mulheres

O Brasil foi negligente em relação ao meu

caso que, na realidade, era o modelo da

impunidade existente quanto à violência doméstica no país

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nos currículos escolares do ensino fundamental. O objetivo é que as crianças aprendam, desde cedo, o respeito ao próximo e não reprodu-zam o modelo machista (no qual o homem manda e a mulher obedece) que, hoje, impera na sociedade. Es-tamos lutando para que mais esse aspecto da Lei Maria da Penha seja colocado em prática.

Além da aplicação da lei, o que é necessário fazer para mudar os va-lores sociais que consideram natural o domínio masculino?

Essa desconstrução se dá de for-ma lenta e gradual, mas esse aspecto deve ser trabalhado com persistência de forma a “empoderar” as mulheres para que elas possam conhecer seus direitos e desenvolver suas poten-cialidades nas áreas profissionais, sociais, culturais e afetivas.

Alguns (poucos) juízes se re-

cusaram a aplicar a Lei Maria da Penha, afirmando que a lei é in-constitucional. Como a senhora vê essa reação?

Não é possível negar a consti-tucionalidade de uma lei que foi aprovada por unanimidade no Con-gresso Nacional. Simplesmente dizer que uma lei é inconstitucional não é suficiente para que ela seja. Quem diz que a lei é inconstitucional são pessoas que possuem um compor-tamento machista. Acho que essas atitudes são por motivação única e exclusivamente pessoal, pois não cabe aos juízes julgarem uma lei como constitucional ou inconstitu-cional. Cabe ao juiz aplicar a lei para a qual foi criada.

Após longa luta, a senhora obteve conquistas importantes, como a in-denização por parte do governo do

Ceará. Essa vitória repara os danos sofridos?

Essa vitória, na verdade, é represen-tativa, não repara os danos sofridos, mas é a coroação de 25 anos de luta por justiça. Ela me foi destinada por causa da pressão internacional. O Brasil foi negligente em relação ao meu caso que, na realidade, era o mo-delo da impunidade existente quanto à violência doméstica no país. Para mim, no entanto, a maior vitória é saber que minha luta culminou com a promulga-ção de uma lei que permite toda mulher viver dignamente, sem medo, sem dor e sem opressão. Essa, sem dúvida al-guma, é a maior conquista.

Como fica a vida afetiva da mu-

lher que consegue se libertar de um parceiro violento?

Essa mulher resgata sua vida. Quando a violência acaba, a vida recomeça!

A mídia pode contribuir na luta contra a violência doméstica?

A mídia é responsável pelo con-teúdo que entra em nossas casas diariamente pela televisão. Então, considero o papel social da mídia muito relevante e, por isso, é impres-cindível a termos como uma aliada na divulgação da Lei Maria da Penha e dos direitos humanos.

Uma das novelas da TV Globo

apresenta um caso de violência

Entrevistadoméstica (Catarina e Léo). Esses tipos de personagens ajudam a combater a agressão masculina contra a mulher?

Acho que isso dependerá do desfecho que a Catarina terá. É de fundamental importância o autor mostrar, por meio desta per-sonagem, que, hoje no Brasil, as mulheres contam com uma lei que veio libertá-las dessa vida de so-frimento e opressão. A personagem Catarina pode servir de exemplo positivo para muitas mulheres que se encontram nessa situação, para que vejam outra saída: elas podem denunciar, podem viver com os fi-lhos sem medo, pois agora o Estado brasileiro lhes garante isso. Tam-bém o marido violento, Léo, pode ser visto como exemplo para que os homens agressores repensem suas condutas.

A sua coragem também serviu

de exemplo para outras mulheres em situação semelhante à sua. Como se sente sendo considerada símbolo de combate à violência doméstica no Brasil?

A Lei 11.340 significa o coroa-mento de uma trajetória nascida da dor e do sofrimento. Eu nunca pen-sei que a minha luta desencadeasse tudo isso e chegasse aonde chegou. O importante para mim é saber que eu participei dessa mudança, dei a minha contribuição. É uma grande honra emprestar o nome a essa lei que veio resgatar a cidadania e resguardar a dignidade da mulher. Mas é bom que se diga que a lei, cujo nome me presta homenagem, não veio para punir homens, mas para educar cidadãos e cidadãs e prevenir a prática de situações que ferem o desenvolvimento, a auto-estima e a integridade da mulher.

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É uma grande honra emprestar o nome a essa lei que veio

resgatar a cidadania e resguardar a dignidade

da mulher

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Emprego

Oportunidade e eficiência

CapaCitação e qualifiCaçãoApesar de tudo isso, não é simples

a inserção de profissionais portadores de deficiência no mercado de traba-lho. E também não fica apenas no fator acessibilidade: a falta de quali-ficação e capacitação são alguns dos principais problemas para a contrata-ção. De acordo com dados do Censo 2000 do IBGE, a taxa de alfabetização das pessoas com deficiência foi de 72%, e 32,9% delas tinham pouca (estudaram mais de três anos) ou nenhuma instrução. Somente 10% concluíram o ensino médio. Vale lembrar que as empresas não podem justificar a falta de capacitação para não contratação da pessoa portadora de deficiência, elas não serão isentas de multa por isso.

Desde 2005, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo (APAE–SP) desenvolve metodologias para a inclusão de por-tadores de deficiência intelectual. O Centro de Capacitação e Orientação para o Trabalho (CCOT) promove treinamento aos jovens a partir dos 16 anos nos ramos da indústria, ser-viços e administração, com duração

A histór ia de Brasil, no entan-to, não é igual à de muitos por-tadores de defi-ciência que bus-cam um lugar no mercado de trabalho no país . Segundo o Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística) de 2000, 14,5% da população brasileira é portadora de def iciência – 24,6 milhões de pessoas – e apenas 9 milhões delas estavam inser idas no mercado de trabalho na época. Em 2007, 22.314 t rabalhadores nessas condições conquistaram vagas, quase 12% a mais que no ano anterior. O Sistema Nacional de Emprego (SINE) ofereceu 36.837 oportunidades em todo o país para este público, mas apenas 20% dos postos foram preenchidos no ano passado.

De acordo com a Lei de Cotas (Lei 8.213 de 1991), as empresas com mais de 100 funcionários devem re-servar uma porcentagem (que varia de 2% a 5%) de vagas para profis-sionais portadores de deficiência. Essa porcentagem varia de acordo com o porte da firma. Isto é, uma cota de 2%, para organizações de 100 até 200 colaboradores, e cota de 5% para aquelas empresas com mais de mil funcionários. Essa lei prevê multa – definida no artigo 133 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, calculada por meio de critérios defi-nidos na Portaria no 1.199, de 28 de outubro de 2003 – às companhias que não cumprirem aquelas cotas.

"Meu últ imo emprego foi como agente de viagens. Programava passeios, via-

jei por vários lugares do Brasil, às vezes dava uma de guia turístico, fazia pacotes de viagens. Trabalhei nove anos no ramo. Também trabalhei na bolsa de valores na área de câmbio e depois montei uma loja onde vendia miniatura de carros.” O depoimento é de Manoel Carlos Brasil, 40 anos, tetraplégico. Há 10 anos, durante um mergulho numa piscina, ele quebrou duas vértebras da coluna cervical.

Brasil é um exemplo, já traba-lhou em vários segmentos. Hoje, ele complementa a renda convertendo gravações de fitas VHS para DVD – e há seis meses atua como profissional liberal em casa, na venda de peças automotivas pela Internet. Para adaptar os dedos – tiveram paralisia em decorrência do acidente – ao teclado, ele, com a ajuda da mãe, utiliza cotonetes e esparadrapo para que fiquem sobressalentes e possa digitar. “Um amigo conseguiu o com-putador adaptado, que até então não tinha, e montamos uma ‘loja virtual’ para venda de peças automotivas. Respondo os e-mails dos interessados e fecho algumas vendas. Não estou ganhando nada, faço isso como uma forma de pagar o computador, coisa que queria muito. Isso ‘abriu minha mente’ e me sinto útil”, diz.

Keli VascoNcelos

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A inclusão de profissionais com deficiência no mercado de trabalho depende de

qualificação e capacitação

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de dois anos, conforme o desenvol-vimento de habilidades e compe-tências do aluno. Maria Aparecida Baptista Soler, coordenadora do CCOT da APAE–SP, conta sobre os requisitos para ingressar no progra-ma. “O CCOT oferece capacitação para jovens e adultos com defici-ência intelectual, preferencialmente com locomoção independente para transporte coletivo e sem problemas de saúde que incapacitem para o trabalho. Desde a avaliação inicial e durante o processo de capacitação profissional, toda a programação é voltada para desenvolver o perfil de empregabilidade.”

Segundo a coordenadora, a participação no programa divide-se em 15% na educação conti-nuada, com foco em atividades de cidadania, além da alfabetização; 15% de intervenção técnica, como aprimoramento de quesitos como pontualidade, colaboração, iniciativa e responsabilidade, e, por fim, 70% de atividades práticas, com simula-ção real de trabalho com resultados de produção, regras, compromisso e organização.

“Outro foco de atuação é a fa-mília, parte integrante na formação desse futuro trabalhador, que recebe orientações e informações acerca das dificuldades e do potencial destes jovens com deficiência intelectual”, completa Maria Aparecida.

A entidade assessora empresas, por meio de convênios, na promoção de mapeamentos e identificação de postos de trabalho, além do canal

Emprego

aberto com a chefia imediata de companhias. Feitos os contatos e detectadas as vagas compatíveis, o CCOT seleciona e encaminha para contratação via Consolidação de Leis de Trabalho (CLT) ou estágio aqueles que passaram pelas oficinas.

Para Maria Aparecida, o mercado para o portador de deficiência está em expansão, mas há ainda muitos obstáculos a serem superados. “É evidente o aumento do número de vagas, cursos, equipamentos e ser-viços, muito em razão da lei, mas a maioria das empresas dá preferência

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ação às deficiências mais leves e visíveis,

discriminando os candidatos com deficiências mais limitantes, onde existe a exigência do investimento em adaptações ou mudanças comporta-mentais.” E afirma: “Acredito que a lei favoreça a contratação do deficiente no mercado de trabalho competitivo e, principalmente, dá oportunidade para o deficiente intelectual mostrar seu potencial de trabalho”.

Manoel Carlos Brasi l recebe atualmente assistência domiciliar fisioterápica – o que o auxilia na adaptação a atividades que outro-ra eram rotineiras, especialmente o manuseio no computador, seu instrumento de trabalho e de rela-cionamento. Brasil tem perspectivas de novas oportunidades: “Depois que consegui o computador, este trabalho na loja v irtual me deu uma injeção de ânimo e é uma experiência muito boa para mim. Outro amigo que tem uma agência de turismo está com planos para que eu trabalhe com telemarketing. Fiquei 10 anos off-line, agora tenho que aproveitar”, finaliza. P

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tudo o que o médiCo queRia sabeR Advogado e pós-graduado pela Univer-

sidade de São Paulo, Ernesto Lippmann está lançando o Manual dos Direitos do Médico. No livro ele reúne os casos que acompanhou como consultor jurídico do Conselho Regio-nal de Medicina do Estado de São Paulo, além da experiência acumulada ao longo dos anos de profissão. O autor aborda temas como erro médico, responsabilidade solidária dos planos de saúde, hospitais e seguradoras e o crescimento de ações contra os profis-sionais da área. Cheio de detalhes, o manual dá dicas sobre cobrança de honorários médicos, questões tributárias e o uso ético da propaganda para ganhar clientes, entre outros assuntos de interesse.

Lippmann também é autor dos livros Você tem todo o direito, Assé-dio sexual nas relações de trabalho: danos morais e materiais após a Lei 10.224/01 e Os direitos fundamentais da Constituição de 1988, interpretados e anotados pelos Tribunais.

A nova publicação está disponível no site www.segmentofarma.com.br e também pode ser encontrada nas livrarias ou em sites de compra.

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ofensas, aCusações, aGRessões moRais

Assédio moral

Relações perigosasO tema ganha destaque nos tribunais muitas vezes

envolvendo indenizações vultosas

viola direitos fundamentais, segundo a médica do trabalho Margarida Barreto, autora do livro Uma jornada de humi-lhações – resultado da tese de doutora-do em psicologia social, publicado em 2000. Apoiada em pesquisa nacional, com mais de dois mil trabalhadores, a autora afirma que o fenômeno não é

eli sereNza

Oassédio moral se define pela exposição do trabalhador a situ-ações vexatórias, constrangedo-

ras e humilhantes durante o exercício de sua função, de forma repetitiva e prolongada. Isso caracteriza atitude desumana, violenta e sem ética nas re-lações, afeta a dignidade, identidade e

novo e está diretamente relacionado ao modelo pelo qual foram estabelecidas as relações de trabalho.

“As empresas precisam preparar seus departamentos de Recursos Humanos para que se estabeleça um procedimento próprio quando o em-pregado denunciar que é vítima de assédio moral. Devem contar com pro-fissionais que saibam visualizar e lidar com essas situações, além de avaliar aqueles que pretendem escolher para cargos de chefia, porque nem sempre quem tem um ótimo currículo tem a postura adequada para a função.” A afirmação é da advogada Joana Paes de Barros, que atua como consultora de empresas em eventos de treinamen-tos e capacitação de profissionais de Recursos Humanos para um problema cada vez mais em evidência.

Essa também é a opinião do advogado e psicólogo José Roberto Heloani, autor do livro Gestão e orga-nização no capitalismo globalizado – História da manipulação psicológica no mundo do trabalho, reforçando a tese de que o fenômeno é conseqüência da exploração da mão-de-obra, cujo principal objetivo é o lucro, acrescido

Nos últimos anos alguns casos ga-nharam notoriedade nos tribunais, com sentenças indenizatórias que envolveram também caráter educativo, visando coibir abusos e estabelecer uma relação mais respeitosa entre empresas e empregados. Alguns casos chegaram a sentenças de indenização de até R$ 600.000,00 e duras reprimendas que caracterizavam o ato de assédio moral como “ilícito por danos de direito, lesivo à honra, à integridade física e psíquica dos trabalhadores”.

Veja a seguir alguns casos mais co-nhecidos e as atitudes incorretas pratica-das por empresas brasileiras de pequeno, médio e grande porte.

Funcionários foram chamados de “ja-•vali”, alusão a “já vali alguma coisa”, porque não quiseram aderir ao plano de demissão voluntária de uma em-presa estatal em fase de privatização. Os funcionários ganharam o apelido e ainda foram isolados em uma sala especial, apenas por se recusarem a seguir a decisão da empresa em demitir “voluntariamente” os seus colaboradores. Além de alta indeni-

zação paga às vítimas, a sentença do Tribunal Superior do Trabalho julgou procedente a ação coletiva por “dano moral, decorrente do assédio moral a que os trabalhadores foram delibera-damente expostos”.Demitir por justa causa um funcioná-•rio, acusando-o de desvio de vales-transporte no mesmo valor de um roubo ocorrido seis meses antes, foi o subterfúgio usado por uma empresa de transporte para tentar se ressarcir do prejuízo. A empresa de transportes foi condenada e, na sentença, o juiz considerou que a acusada não de-monstrou a procedência da acusação, “devendo reparar o dano moral contra a honra, a integridade e a imagem do trabalhador”. Obrigar funcionários a desfilar vestin-•do roupas femininas ou submetê-los a “corredor polonês”, enquanto são xingados pelos próprios colegas, são punições que uma grande empresa de bebidas aplica quando seus cola-boradores não atingem as metas de vendas. O parecer do TST classificou

o ato como “ilícito por abuso de direito, lesivo à honra, à integridade física e psíquica dos trabalhadores”, determinando a indenização por as-sédio moral.A flatulência como motivação para •a demissão de uma funcionár ia pode parecer cômica, mas é também “abusiva”, como definiu um juiz: “a presunção patronal de submeter o organismo humano ao ‘jus variandi’, punindo indiscretas manifestações da flora intestinal sobre as quais em-pregado e empregador não têm pleno domínio”. Um banco conhecido nacionalmente •foi obrigado a pagar um total de R$ 600 mil de indenização aos funcioná-rios que se sentiram prejudicados pelo programa que tinha como lema “sau-dável obsessão pela qualidade”. Na sentença o juiz destacou que o banco, “ao tomar conhecimento das queixas de assédio moral contra a gerente no setor de ouvidoria da instituição, não tomou as providências necessárias para resolver a situação”.

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das exigências de competitividade e produtividade no mercado de trabalho atual. Segundo ele, no Brasil o conflito é agravado pela herança da escravi-dão, em que a submissão à vontade do patrão sempre foi regra, incluindo os “favores sexuais”.

O assédio atinge principalmente as mulheres, os trabalhadores mais idosos, os negros e os homossexuais. Também inclui gestantes, mães sol-teiras, obesos e portadores do HIV. O grande número de advogados es-pecializados no assunto evidencia o destaque que o tema vem ganhando nos tribunais, muitas vezes envolvendo indenizações vultosas, pois os cálculos consideram não apenas os danos sub-jetivos, como também a capacidade da empresa envolvida compensar os prejuízos financeiros da vítima de as-sédio, que na maioria das vezes perde o emprego ou fica afastada do mercado de trabalho. Apenas no Estado de São Paulo, o Ministério Público abriu 920 processos para apurar denúncias desse tipo nos últimos sete anos, somando 263 ações em curso em 2007. Por conta dessa realidade, há cerca de um ano, foi lançado no Brasil o primeiro seguro garantindo o pagamento de in-denizações por assédio moral, sexual e

por discriminação no trabalho, voltado para as empresas.

A melhor forma de evitar ações trabalhistas, no entanto, é a prevenção, segundo o advogado cível e trabalhista, Ernesto Lippmann, ex-consultor do Conselho Regional de Medicina/SP. “Hoje em dia a maioria das empresas está preocupada e muitas adotaram manuais de procedimentos”, afirma Lippmann, para quem a iniciativa é mais acentuada nas empresas multi-nacionais, principalmente as de ori-gem norte-americana, em que ações desse tipo envolvem muito dinheiro e repercussão. “A American Express, por exemplo, disponibiliza um telefone na matriz, que tem atendimento em português, para registrar as denúncias de seus funcionários que se sintam assediados.”

Manuais e normas de conduta são uma boa forma de prevenir o assédio, concorda Margarida Barreto. “É preciso que fique claro a todos os funcionários que não será tolerada a prática de assédio em qualquer nível e esse posicionamento deve ser acom-panhado de campanhas de esclareci-mento e sensibilização, com material informativo e estabelecimento de normas organizacionais que evitem

o conflito e o estresse e estimulem atitudes respeitosas nas relações in-terpessoais”, enfatiza.

Esse é o caso dos médicos gineco-logistas, que já dispõem da resolução do Conselho de Medicina determi-nando que todos os exames sejam realizados com o acompanhamento de auxiliar do mesmo sexo, antecedidos da explicação do que vai ser feito e do consentimento da paciente. “Isso evita mal-entendidos ou situações de constrangimento entre médico e paciente, que podem resultar inclusive em punições por atentado ao pudor”, esclarece o advogado Ernesto Lipp-mann, tendo como base a Lei Federal no 10.224, de 2001, que se aplica aos casos do assédio sexual.

Para o assédio moral ainda não há legislação federal específica, embora já existam diversos dispositivos legais em nível municipal e estadual tratando do assunto. Os processos que correm na Justiça se apóiam principalmente no artigo 5, inciso V, da Constituição Federal, que determina que todos são iguais perante a lei e assegura o “direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. [email protected]

Neurocisticercose

Contaminação e infecção por vermes A relação de duas doenças, causadas por parasitas, cuja transmissão é pouco conhecida da população

Muitos ainda acreditam que não comer carne de porco é vital para se evitar a neurocisti-

cercose, também conhecida como “doença do porco” - uma infecção por parasita que atinge o cérebro. Por outro lado, muitos não levam a sério quando um parente está com uma tênia, parasita chamada tam-bém de solitária ou lombriga, que se aloja no intestino e se alimenta de nutrientes do nosso organismo.

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No entanto, as duas doenças estão relacionadas.

Em pleno século XXI, a população desconhece a relação entre essas duas enfermidades. Isto é, para se contrair a “doença do porco”, é ne-cessário que a pessoa tenha contato direto ou indireto com a tênia. E mais: o ciclo de transmissão é longo e tem ingredientes que denotam a falta de medidas preventivas simples e essenciais.

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um lonGo CiCloAntes mesmo de acometer o ho-

mem (hospedeiro final do parasita), a tênia segue seu ciclo evolutivo em bovinos e suínos, que serão seus hospedeiros intermediários. A tênia (solitária) é classificada de acordo com o hospedeiro intermediário: a Taenia solium realiza seu ciclo no porco e a Taenia saginata, no boi. No entanto, somente a primeira pode causar a neurocisticercose. O fato de aquele tipo de tênia (a Taenia solium) se desenvolver no porco leva as pessoas a associarem a doença com a carne do porco.

Segundo Annette Foronda, médi-ca especialista em pediatria e dou-torada em parasitologia, somente o conhecimento sobre o ciclo desses parasitas, aliado a medidas de pre-venção efetivas, poderá diminuir a incidência daquelas patologias. Isso porque os humanos infectados são os responsáveis por liberarem os ovos da tênia nas fezes que, por sua vez, são lançadas ao solo e na vegetação.

O ciclo tem início quando suínos e bovinos se alimentam da vegetação contaminada. No interior do tubo digestivo, os parasitas penetram na parede intestinal, migrando, em se-guida, através dos vasos sangüíneos e linfáticos, para vários órgãos e te-cidos destes animais, em especial, na musculatura esquelética e no sistema nervoso central.

A teníase, infecção humana por vermes adultos, decorre da ingestão de carne bovina ou suína, crua ou malpassada, contendo os chamados cisticercos viáveis (ou vermes com capacidade de causar a infecção). O homem é, nesse caso, o hospedeiro final do parasita.

O suco gástrico e os sais biliares auxiliam na liberação e fixação do verme na mucosa do jejuno (parte do intestino delgado). O verme atin-girá sua fase adulta entre a quinta e a décima segunda semana após a contaminação. Aí, os sintomas da doença são: dores abdominais (mais intensas no início do dia), fraqueza, perda de peso e redução ou aumento

no apetite – o que irá dificultar, ainda mais, a identificação da doença.

A especialista lembra que as crianças são as mais infectadas pelos parasitas e, em alguns casos, os mé-dicos desconfiam da patologia pelo discreto aumento da taxa de eosinó-filos (células que compõem o sangue), associado àqueles sintomas.

CistiCeRCose e neuRoCisteRCosePor outro lado, a cisticercose – a

infecção humana causada pelos ovos da tênia que se alojaram nos músculos ou em outros tecidos do organismo - tem início quando o homem ingere ovos de Taenia solium. “O homem, nesse caso, assume a função dos suínos na transmissão dos vermes”, diz Annette.

A ingestão dos ovos ocorre na forma orofecal, ou seja, quando os indivíduos, em contato com as fezes contaminadas, desprezam as assepsias necessárias e, por descui-do, põem a mão na boca, podendo contaminar a si, outras pessoas e até os alimentos.

Já a neurocisticercose ocorre quando as larvas com propriedade metabólica ativa atingem o cére-bro, em especial o córtex cerebral, meninges e ventrículos do homem/hospedeiro. Aí, os sintomas comuns são convulsões, distúrbios motores e visuais - além de cefaléia e náuseas, geralmente associadas ao aumento da pressão intracraniana.

Assim, é evidente que não comer carne de porco não é a única me-dida de controle da patologia. Por outro lado, fica claro que a teníase é uma doença impor-tante para ser diagnosticada e tratada, prevenindo-se, então, as duas infecções por vermes: cisticercose e neurocisticercose.

pRevençãoAnnette Foronda

esclarece que me-didas preventivas simples são impor-tantes para evitar as duas doenças.

Lavar bem as mãos após a evacuação ganha especial destaque. A utilização de redes de esgoto adequadas também é fundamental. Lavar bem as frutas, legumes e verduras, principalmente as de vegetação rasteira, contribui sobre-maneira para o controle da enfermida-de. Após o manuseio de carnes, deve-se lavar bem os utensílios domésticos e o local onde a carne foi manuseada. E, ainda, é importante evitar o consumo de carnes cruas e/ou malpassadas.

Outra importante medida de pre-venção deve ser observada por mães com crianças que não são capazes de se limpar após a evacuação: “Elas devem lavar bem as suas mãos após auxiliar a criança a fazer o mesmo, orientando os filhos, desde pequenos, sobre a necessidade de tal procedi-mento”, afirma a pediatra.

Além disso, a especialista re-comenda a realização per iódica de exames de fezes, procedimento importantíssimo para a prevenção e controle da teníase e, conseqüente-mente, da cisticercose e da neurocis-ticercose. [email protected]

Neurocisticercose

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Vigorexia

Exageros do culto ao corpoO planejamento inadequado do treinamento

esportivo pode comprometer a sua saúde

Você passa mais de quatro horas por dia malhando pesado, é ob-cecado por se olhar no espelho

e ainda assim fica deprimido achando que não está tão sarado quanto deve-ria?! Cuidado! O problema pode não estar no corpo, mas na sua cabeça. Uma doença cada vez mais comum entre homens de diversas idades, pode ter lhe afetado: a vigorexia ou síndrome de Adônis.

O principal sintoma da vigorexia é a preocupação excessiva com a apa-rência. “A pessoa busca de maneira constante e obsessiva o aumento de massa muscular, não considerando os meios e os exageros para conseguir seu objetivo”, explica a médica psiquiatra Jocelyne Rosenberg. Além disso, eles vivem insatisfeitos com seu físico e querem ficar cada vez mais fortes. “Existe uma distorção da imagem cor-poral”, acrescenta.

A busca por padrões estéticos exa-gerados leva essas pessoas a passarem muitas horas, em vários dias da semana, se exercitando. A linha que estabelece o limite entre o exercício saudável e o obsessivo é tênue. “A prática de ativida-de física requer um respeito aos limites de cada um. Atletas e indivíduos ativos podem prejudicar a saúde devido ao exagero nos treinamentos e provocar sintomas negativos para o organismo”, alerta Carolina Rivolta Ackel, biomédi-ca, mestre em Reabilitação.

A falta de informação é a princi-pal causa para o desenvolvimento da vigorexia, ou, em inglês, overtraining. O problema é mais comum no início da adolescência, período em que as pessoas tendem a ser mais insatisfei-tas consigo mesmas. A maior parte dos vigoréxicos é do sexo masculino, na faixa de 18 a 35 anos, que dedica entre três e quatro horas diárias às atividades físicas.

sintomas da vigorexia, a “redução ou interrupção do treinamento, além de tratamento psicológico e nutricional adequados, se faz necessária”, res-salta Carolina.

Para quem não quer interromper o treinamento, há a recuperação ativa – isto é, a manutenção de outros tipos de exercício, diferentes dos habituais. Após o período de recuperação, o in-divíduo deve reiniciar o treinamento muito lentamente e aumentar a carga de exercícios gradativamente.

O acompanhamento psicológi-co profissional se faz necessário, pois a depressão é um dos maiores problemas entre os indivíduos com vigorexia, sendo necessário, às vezes, o uso de antidepressivos e psicotera-pêuticos. Estes ativam a serotonina – neurotransmissor que controla os hormônios responsáveis pelo humor, depressão, ansiedade e fome.

A situação de um portador de vi-gorexia se agrava quando inclui o con-sumo de esteróides e anabolizantes. Com o fim de conseguir um resultado melhor e mais rápido, sofrem efeitos que podem ser devastadores e, em alguns casos, irreversíveis. O consumo dessas substâncias amplia o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, apresentar disfun-ções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos, além de aumentar a propensão ao câncer de próstata.

Para não colocar a saúde em ris-co, antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, procure orientação médica e respeite os limites de seu corpo. [email protected]

GustaVo sierra

Eles geralmente não têm acompanhamento adequa-do. Estipulam suas séries de exercícios e pesos, além de montar a própria dieta. Desprezam a planilha de treinos, dicas de nutri-cionistas e não consultam o médico. A compulsão e a pressa em queimar etapas do treinamento, ignorando os intervalos necessários para a re-cuperação do organismo, prevalece sobre o cansaço e o bom senso. “É comum o uso indiscriminado de antiinflamatórios para suportar as dores provocadas pelos excessos”, informa Jocelyne. E completa: “Esse abuso pode causar gastrite e úlceras, em decorrência do mau uso do me-dicamento”.

Causas e ConseqüênCias"A principal causa da vigorexia é

o desequilíbrio entre o treinamento e a recuperação", afirma Carolina Ackel. Os vigoréxicos podem apre-sentar redução de desempenho, dores musculares, incapacidade de completar as sessões de exercício, perda do estímulo competitivo e de determinação, alterações de apetite, mudanças no padrão de sono, distúr-bios do humor e maior suscetibilidade a gripes e resfriados. "No entanto, é importante ressaltar que nem todos esses sintomas precisam ser detecta-dos para o diagnóstico da síndrome,” afirma a especialista.

Carolina Ackel alerta sobre a im-portância de se realizar um check-up com um médico especialista antes de iniciar um treinamento físico. E recomenda que o treinador avalie os hábitos do indivíduo, a fim de desen-volver as melhores e mais adequadas atividades para aquela determinada pessoa. Se, apesar de todos os cui-dados tomados, alguém apresentar os

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fláVio tiNé

Na juventude, ao tentar descobrir qual seria minha verdadeira vo-cação, os testes indicaram Direito

e Psicologia como as áreas em que poderia ter algum sucesso. A primeira hipótese por causa da insistência com que procurava defender os mais hu-mildes, seguindo, aliás, o discurso a que me acostumara na igreja católica. Nunca esqueci os sermões em que o saudoso Cônego Elias, da paróquia de Santana, em Gravatá (onde fui acóli-to), condenava ao fogo do inferno os insensíveis ricos, que jamais gozariam das benesses do Paraíso. “É mais fácil um camelo entrar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino do Céus", repetia nas missas que eu aju-dava a celebrar. Nem desconfiava que, além do mamífero, camelo também era uma peça de artilharia da Antigüidade. Não entendia bem essa história, mas a fé, como se sabe, é dogmática. Na segunda hipótese, o teste acolhia certa facilidade de entender o comporta-mento das pessoas. Uma facilidade meramente intuitiva, é verdade, mas o que é a Psicologia se não isso?

Parto dessa premissa para afirmar que os exemplos mais marcantes de nossas vidas são os mais próximos,

quantidade de amigos que me tele-fonaram ou me procuraram pesso-almente para resolver problemas de saúde, próprios ou de algum familiar, como pai, avô, sogra ou empregada doméstica. À medida do possível, tentei ajudar a todos, sem qualquer tipo de discriminação.

Se Pelé fez seu milésimo gol, talvez eu pudesse entrar no livro de recor-des como ouvinte. Durante 21 anos assisti a centenas, talvez milhares, de palestras médicas do mais alto nível. A propósito do assunto em pauta, lembro de uma aula do professor Adib Jatene que falava da sorte de quem tem amigo na área de saúde pública. Quem não tem a quem recorrer nessa hora, corre mais riscos. Ele não disse o que escrevo a seguir, mas é como se tivesse dito. Está sujeito a morrer à míngua, pois, embora os técnicos do serviço público preguem o atendimen-to universal, gratuito, humanitário etc., o moribundo do serviço público nem sempre recebe o tratamento de um serviço particular.

A leitura apressada dessas consi-derações não deve levar ao entendi-mento de que estou condenando o serviço público. Ao contrário. Militei muitos anos ao lado desses heróis da Medicina, antigamente chamados de sanitaristas. Hoje, a Medicina é con-duzida também por gestões menos filosóficas, como as pregadas, por exemplo, pela Fundação Getúlio Var-gas. Ao paciente pobre, geralmente sem informações a respeito, resta a esperança de melhorias do serviço público. Os convênios funcionam como alternativa, nesse complexo mundo em que a saúde é negligen-ciada pela maioria. P

O autor é jornalista e ex-assessor de imprensa do HCFMUSP, www.tine.blog-se.com.br

Crônica

Saúde negligenciadaBebia socialmente até desenvolver diabetes ou

começar a perder equilíbrio à toa

que nos afetam diretamente. São pa-rentes, vizinhos, amigos ou colegas de trabalho que nos dão lições de vida, para o bem ou para o mal. Não preciso desenvolver nenhuma pesquisa para tirar minhas conclusões – digamos – intuitivas.

Uma terceira possibilidade de abraçar uma carreira seria a Medicina, o que não foi possível exatamente pela falta de exemplos oriundos dessa proximidade, algo que despertasse, desde cedo, o interesse pelas ciências médicas. À falta dessas influências, fui ao sabor da sorte, ou do que pudesse viabilizar.

Isso não impediu que me tornasse também uma vítima dessa tendência comum ao ser humano, segundo a qual de médico e louco todos temos um pouco. Daí a imprevidência de esperar a instalação de uma doença para em seguida procurar tratamento. Fui fumante dos 20 aos 40 anos, até sentir que não conseguia nadar sem cansaço mais que cem metros. Bebia socialmente até desenvolver diabetes ou começar a perder equilíbrio à toa. Fui o mais burro gourmet até adquirir uma obesidade que incomoda ou agrava as dores na coluna, provocadas pelos bicos de papagaio. Priorizava o apetite, ao invés da alimentação balanceada.

Muitos executivos estão atentos ao menor sinal de prejuízo de suas empresas, mas nem sempre prestam atenção aos sinais do corpo, seja

do própr io ou dos seus funcionários. Uma

tendência muito comum, quando advém uma do-ença, é recorrer

aos amigos . Ao longo de 20 anos

num hospital públi-co, não contabilizei a

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cecy saNt’aNNa

Depressão em idosos - Segundo estudo de cientistas holandeses da Universidade Vrije, em Amsterdã, a falta de vitamina D pode aumentar o risco de depressão em idosos. Os observadores acompanharam 1.282 pessoas com idade entre 65 e 95 anos e constataram que a taxa de vitamina D em 169 idosos vítimas de depressão leve era 14% menor do que nos outros participantes da pesquisa.

Uma maçã por dia - Segundo pesquisadores espanhóis, a maçã é ótima para proteger o coração. Ela ajuda a controlar níveis de coles-terol, triglicérides e glicose no sangue. Isso se deve à ação de pectina, uma fibra que está na polpa da fruta e é capaz de arrastar gorduras para fora do organismo.

Espinafre faz o mús-culo crescer - Espe-cialistas da Univer-sidade de Rutgers,

em Nova Jersey (EUA), verificaram que o espinafre

acelera em 20% a velocidade do crescimento muscular. Os cien-

tistas extraíram esteróides encontrados nas folhas da

verdura e avaliaram sua ação quando em contato com amostras de tecido muscular humano. O estudo publicado pela New Scientist mostrou que o esteróide age diretamente sobre as proteínas do corpo transformando-as em massa muscular.

Variação genética ligada à esquizo-frenia - A revista Nature publicou pes-quisas mostrando variações genéticas ligadas à esquizofrenia. Descobriu-se que os doentes apresentavam 15%

mais alterações em três áreas lo-calizadas nos cromossomos 15 e

1. Confirmou-se também que uma supressão conhecida no cromossomo 22 também influencia no desenvolvimen-

to da doença. A terceira pesquisa mostra a re-

lação entre a doença e as mudanças nos nucleo tídeos do DNA.

Viagra para tratamento de dis-trofia - Pesquisadores canadenses mostraram, em estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, que o Viagra, medicamento para tratar impotência sexual, pode proteger o coração de portadores de distrofia muscular.

Estatina pode ser útil contra Alzhei-mer - As estatinas usadas para baixar o colesterol podem contribuir para proteger contra o mal de Alzheimer e outros tipos de demência, revela um estudo publicado na revista Neurology. O grupo que consumia o medicamento apresentou 50% do risco de desenvol-ver a doença em relação aos que não a utilizavam.

Estresse e obe-sidade - Pessoas estressadas en-gordam com mais facilidade. Além de f icarem mais ansiosas e descontarem as emoções na comida, o organismo de uma pessoa estressada produz cortisol, substância que aumenta o apetite e a produção das células de gordura e impede a queima de gordu-ras que já estavam armazenadas no organismo.

Mantenha o pique - Pesquisadores britânicos do Hospital Universitário NHS, em Yorkshire, na Inglater-ra, observaram os bons efeitos do chocolate amargo em um grupo de pacientes com a síndrome da fadiga crônica. O chocolate tem o poder de excitar, mas também traz sensação de bem-estar. Ele concentra compostos estimulantes, como a cafeína e teo-bromina, ingredientes que agem no sistema nervoso central e renovam a disposição.

Cérebro revela tomada de de-cisão - Estudos com primatas demonstraram que observar ati-

vidade neuronal permite conhecer a decisão que será tomada, o que possibitará entender o que leva a

doenças como psicose ou esquizo-frenia. O resultado foi analisado pela Academia Nacional de Medi-

cina da Espanha e o diretor Enrique Blázquez é quem explica que a estru-tura molecular do cérebro é a base fundamental e imprescindível para que possam ser realizadas todas as funções cerebrais.

Vitaminas podem en-curtar a vida - Um estudo americano publicado na Cochrane Library apontou que o uso de suplementos antioxidantes não retarda o envelhecimento. Além de não surtirem efeito sobre a taxa de mortalidade de um grupo de estudo com cerca de 250 mil participantes, descobriu-se que o uso indiscriminado de altas doses de vitamina A aumenta em 16% o risco de morte. O estudo sugere a realização de mais pesquisas sobre a vitamina C.

Exercício físico ajuda a conter Alzheimer - Estudo apresentado re-centemente em uma conferência inter-nacional sobre o mal de Alzheimer, em Chicago, EUA, chegou à conclusão de que os pacientes que estão no primeiro estágio da doença e praticam exercí-cios físicos regularmente conseguem manter por mais tempo a memória e o equilíbrio, retardando a deterioração dos tecidos do cérebro que controlam essas habilidades. Os pesquisadores querem saber agora como a boa forma física influi diretamente nos danos causados ao cérebro.

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Espaço Livre

ilustrações: Moriconi

Parar de fumar - Um estudo publicado na revista New England Journal of Me-dicine afirma que a decisão de deixar de fumar pode ser contagiosa. É uma atitude que acontece em grupos e não um ato individual. Ao analisarem gran-des redes sociais, os pesquisadores descobriram que há pessoas que sem se conhecer lar-gam o cigarro ao mesmo tempo.

Reconstrução da mama - O Hospi-tal Clínico de Barcelona (Espanha) apresentou uma nova técnica de re-construção da mama de mulheres que tiveram câncer, utilizando enxertos de gordura do próprio corpo. Dizem os cientistas que esse procedimento não deixa grandes cicatrizes e exige uma recuperação bem menor.

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Marluce ainda era uma des-sas coroas cheias de vigor quando Valério partiu dessa

para melhor. Aos sessenta anos, a vida parecia estar completa; filhos criados, aposentadoria e seguro do falecido abarrotando a conta bancária. Na carteira, três cartões de crédito, duas folhas de cheques, seguro-saúde e re-tratos 3x4 dos netos. A fotografia do Valério saiu da carteira no pri-meiro dia em que saiu com um colega de repartição para jantar. Quando abriu a carteira para fingir que queria divi-dir a conta, a foto caiu constrangendo o amigo que estava todo animado para terminar a noite em um motel. Foi um balde d’água na fervura.

Durante o perío-do de viuvez fechada, passeou pelos cantos do país para não cons-tranger os filhos. Olhou cada lugar, buscando aquele que poderia ser o seu defini-tivo. Quando voltou, renovada e disposta a sumir do mapa, disse à família que iria se mudar para uma praia do Nordeste. Não demorou 30 dias até resolver todas as questões burocráticas: vendeu o apartamento, os dois carros, de-volveu o cachorro para o amigo que presenteara o marido dias antes do infarto fulminante. Organizou uma “Garage Sale”, distribuiu uns quadros e alguns objetos para os filhos, jogou o celular no lixo e sumiu.

Durante t rês meses não deu notícias. Finalmente, no aniversário do neto telefonou: – Estou morando numa pequena cidade da Paraíba. É linda. Qualquer dia desses apareço. E desligou. O filho mais velho ainda ouviu uma voz masculina chamar:

Paulo castelo BraNco

mulher aparentando idade próxima à sua. – Meu nome é Marlene. E o seu? – Marluce. – Se ficar sentada aí não vai aparecer ninguém para dançar com você. É preciso peneirar – disse Marlene. Surpresa, Lu indagou do que se tratava. – As mulheres devem ficar ao lado da mesa movimentando o corpo como se estivessem dentro de uma peneira. O homem só tira para dançar quem estiver peneirando, demonstrando que quer ser escolhida. Tente, você vai ver como dá certo.

Foi assim que conheceu Eteval-do, um pescador de Maceió que se perdera no mar e acabou parando na cidade. Era um homem forte, pele curtida pelo sol e um olhar de carên-cia afetiva que mexeu com o ânimo de Lu. Rosto colado, corpos roçan-do no balanço do forró; nenhuma palavra. A banda não parava. Mar-luce, apertada para ir ao banheiro, aproveitou uma nota mais baixa na sanfona e pediu licença. – Volto já. Peça uma cerveja para nós. Na volta, lá estava Etevaldo. Cerveja gelada dentro do isopor, uns espetinhos de carne, copo com guardanapos, paliteiro, saleiro e vidro de pimenta. Olhou Etevaldo nos olhos e disse: – Meu nome é Marluce. As pessoas me chamam de Lu. – Sou Etevaldo – abrindo um sorriso sem um dente na boca. – Gostei de tu, fia! Marluce começou a rir. Não havia imaginado em bamburrar uma pedra tão precio-sa numa única peneirada.

Meses depois, os filhos aparece-ram para ver como a mãe estava.

– Este é meu par de danças, Ete-valdo. O companheiro, metido numa calça jeans, tênis branco e camisa de seda aberta no peito mostrando a medalha de São Jorge Guerreiro, abriu um sorriso branco cheio de dentes recém-implantados. P

O autor é escritor. www.paulocastelobranco.adv.br, [email protected]

Organizou uma "Garage Sale", jogou o celular no lixo e sumiu

Crônica

Peneirando

– Lu, vamos embora que o pessoal já chegou!

Era assim a nova vida de Marlu-ce. Acordava às seis da manhã, fazia uma pequena refeição e saía para andar na praia. Uma hora depois, mergulhava no mar de águas tépidas e nadava por quinze minutos. Refei-ta, sentava-se à mesa de um bar e deliciava-se com uma tigela de frutas

da região acompanhada de suco de mangaba e uma

porção de tapioca. Ali, sob a tosca cobertura de palha, lia um trecho do romance mais re-cente e conversava com

turistas. Fez amizades em outros estados e quase

sempre recebia convites para conhecer algum lugar.

Anotava tudo para um dia ir até lá. Depois do meio-dia, tomava um banho, colocava uma roupa leve e saía para

almoçar numa pensão perto de casa. Voltava, dor-

mia até as cinco horas. Via a novela das nove e se aprontava

para dançar no único salão da cidade.

Na cidade pequena e de res-peito, percebeu que deveria manter

uma postura austera para não ser confundida como uma destruidora de casamentos. Sentava-se e aguardava ser tirada para dançar. Durante dias, ninguém se aproximou. Observando o ambiente, notou que as outras mulheres não ficavam sentadas. Ao lado das mesas, balançavam o corpo no ritmo das músicas. Pra cá e pra lá, num vai-e-vem interminável. De vez em quando, um rapaz se aproximava e tirava uma das moças e o casal rodopiava pelo salão.

Como sempre, aguardando sua vez, percebeu a chegada de uma

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"O exemplo estava em casa”, resgata José Luis Fattore Júnior sobre sua escolha

pela Medicina. Formado pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fattore convivia com a profissão diariamente desde pequeno, pois seu pai José Luiz Fattore é médi-co, há trinta anos, no Hospital Con-ceição. Com essa bagagem, durante o período acadêmico, veio a opção pela especialização em pediatria, também uma referência familiar.

Já com dez anos de diploma, é casado com a ginecologista e obstetra Glenise de Andrade há nove anos, que conheceu na faculdade. Para 2009, o casal planeja o primeiro herdeiro.

Morador de Porto Alegre, gosta de ver filmes e ler sobre vinhos nas

Profissionais de destaque

horas de lazer. “Sou enófilo. Tenho em casa mais de cinco mil rótulos, do mundo inteiro.” Quanto aos fil-mes, assiste a no mínimo cinco por semana. “Um dos mais recentes que vi e me chamou muito a atenção foi Antes de Partir, que conta a história de dois homens com câncer em fase terminal.”

O médico atende no Centro Clí-nico Gaúcho, Unidade de Canoas, de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h, e tem um consultório na mesma cidade. Ele destaca em sua trajetória de uma década na empresa o bom relacionamento que cultiva com colegas. “Seja do setor que for, me dou bem com todos”, coloca. “Além disso, aprecio assistir as crianças e seus pais”. P

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Amor pela profissão e pelo trabalho

Karine Elizabeth Haag resume sua dedicação pela empresa numa frase: “Paixão pelo que

faço”. Há 14 anos no Centro Clíni-co Gaúcho, a líder de Unidade em Cachoeirinha, iniciou sua carreira como recepcionista, passando a encarregada de recepção até chegar ao cargo atual. “Visto a camiseta. Sinto-me bem no local em que trabalho e com minhas atividades”, exprime.

Aprender a ouvir críticas e levar para o “lado construtivo”, estar aberta às mudanças e disposição para apren-der são as dicas dela aos colegas que igualmente buscam crescer na vida profissional. Focada na carreira, está no quarto semestre do curso de ad-ministração de empresas. “Pretendo

crescer junto com o Centro Clínico Gaúcho, motivo pelo qual estou me capacitando”, relata.

Karine mora em Gravataí com a mãe Elze Haag. Nas horas de lazer, lê, vai ao cinema e sai para dançar. O livro A Menina que Roubava Livros e o filme Anjos da Vida são os que destaca. Quando tem mais tempo de folga, visita a Casa de Repouso Nossa Senhora dos Anjos, onde adotou a senhora Ilsa. “Depois de uma ação no local para a campanha do agasalho, continuei a freqüentar e, sempre que possível, compareço.”

Para o futuro, planeja concluir a faculdade e conquistar mais oportuni-dades em seu emprego. “Aprendi com minha mãe a atingir objetivos sem abrir mão dos meus valores”, finaliza. P

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Dr. JoSé lUiS FAttore Júnior PeDiAtrA

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Gaúcho durante a competição no Havaí.

O ano de 2009 se aproximando e uma ´cara nova´ na web será a porta de entrada virtual da

empresa. A previsão é virar o ano com o site renovado. A ferramenta de co-municação terá linguagem dinâmica, será adequada ao mundo digital dos dias atuais e passará por atualização constante.

Com o pat roc ínio of ic ial e exclusivo do CCG, o triatleta porto-alegrense Thiago Me-

nuci, de 26 anos, participou no dia 11 de outubro da disputa mundial de resistência física Ironman, no Havaí. O atleta conquistou o 34º lugar na categoria Amador, rea-lizando um tempo de prova de 9 horas, 53 minutos e 22 segundos. “Foi a primeira vez que participei

As publicações impressas da empresa (Informativo Centro Clí-nico Gaúcho e Revista Humana) estarão disponíveis para serem lidas e baixadas e serão postados artigos de profissionais da área da saúde. “A idéia é contribuir com a quali-dade de vida das pessoas através da disseminação de informações

de saúde”, coloca Tatiana Moojen Canevese, coordenadora de marke-ting, responsável da condução das mudanças junto à diretoria e dos fornecedores envolvidos (produção de conteúdo - Doxxa Inteligência e Conteúdo; criação visual e adminis-tração – TH Comunicação), ambos de Porto Alegre. P

da competição e tive o terceiro melhor desempenho entre os bra-sileiros”, conta.

Na etapa class if icatór ia da América Latina, que ocorreu no Brasil em maio deste ano, o atleta conquistou o 3º lugar, garantindo part ic ipação na disputa inter-nacional. P

Campanha estimula preservação

Novo site no ar

Triatleta patrocinado pelo CCG vai ao Ironman

Novidades Centro Clínico Gaúcho

Com o objetivo de conscienti-zar colaboradores e clientes, o Centro Clínico Gaúcho (CCG)

lança campanha “Preserve CCG”. A idéia é mostrar a importância da natureza e a preservação de seus recursos. Para a coordenadora de marketing, Tatiana Moojen Cane-vese, a ação mostra que a preo-cupação da empresa ultrapassa o foco das vidas que assiste, e tem relação com toda a comuni-dade, que deve e pode viver mais e melhor. “A ação se caracter iza por ser um complemento às ativida-des e demais programas de educação, bem-estar,

informação e prevenção que CCG desenvolve”, diz.

A marca escolhida para este projeto baseia-se em três elementos da natureza: água, sol (energia) e árvores (folhas), As cores utilizadas (azul, amarelo e verde) estão rela-cionadas aos elementos escolhidos. As peças de comunicação apresen-tam conteúdo direto

e simples e o intuito é alertar para mudar atitudes do cotidiano.

A primeira fase da campanha consiste em cartazes e simpáticos lembretes adesivos af ixados nas Unidades de assistência à saúde do CCG, com mensagens que incenti-vam as pessoas a apagarem as luzes, fecharem bem a torneira e não faze-

rem uso desnecessário de papel. “É aos poucos que fazemos grandes mudanças, é uma questão de conscientiza-ção, de educação”, coloca

Tatiana. Confira nesta edição da revista Humana um anún-cio alusivo a este projeto de

comunicação. P

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Incentivando melhoriasNovidades Centro Clínico Gaúcho

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O paciente Nelson Tegel, 67 anos, convidado a falar para a re-portagem da revista Humana, con-tou sobre como está comemorando resultados de sua participação no grupo de diabéticos no projeto De Bem com a Vida até hoje. Passados três meses continua fiel às orienta-ções. “Tinha prazer em assistir as palestras. Minha vida mudou por completo em alguns quesitos com o auxílio destes profissionais excelen-tes”, afirma. Provas disso estão nos diversos exames médicos realizados e na perda de peso. “Independente da idade, todos devem estar abertos para mudar, principalmente quando envolve a melhoria da saúde. Além

da qualidade de vida que adquiri, sou multiplicador deste trabalho e grato à equipe pelo que aprendi”, relata.

Nos grupos de diabéticos, 25 pacientes adquirem conhecimentos sobre fatores de risco modificáveis, como o sedentarismo e práticas para uma alimentação adequada, entre outros temas. Com reuniões semanais, o grupo se estende por seis meses.

O CCG segue oportunizando aos interessados o ingresso em grupos de portadores de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e pa-cientes oncológicos. Também há vagas sempre abertas para grupos de tabagistas, obesos e gestantes. A equipe composta por médicos, nutricionistas, enfermeiras, psicó-logas e fisioterapeutas, que orien-tam pacientes a viverem de forma mais saudável e independente com suas doenças, contam com a coordenação de Cristina Macedo, que atua na Sede Administrativa da empresa, em Porto Alegre. Informações pelo telefone (51) 3287-9290. P

Fale com a redação da Revista Humana

[email protected]ção:

Tatiana Moojen Canevese (Departamento de Marketing)

Apoio: Priscila Araújo

Reportagem e edição: Influence (Porto Alegre/RS)

www.influence.com.brJornalista responsável:

Maria Inês Möllmann Registro profissional MTb/RS 8472

Reportagem: Cristina Cinara

Arte: Morganti Publicidade (São Paulo/SP)

Capa: TH Comunicação (Porto Alegre/RS)

Tiragem: 7 mil exemplares

Distribuição: Gratuita para empresas-cliente,

serviços de saúde que integram a rede de assistência do Centro Clínico Gaúcho,

autoridades da área da saúde, jornalistas e formadores de opinião

A revista Humana é uma parceria entre o Centro Clínico Gaúcho e

a Abramge nacional

A adesão a campanha “Parto é Normal" da Abramge/Nacional e a aprovação de pacientes ao programa de acompanhamento dirigido de saúde são exemplos de ações que promovem a saúde.

Implantada há pouco mais de um mês no Centro Clínico Gaúcho (CCG) a campanha “Parto é Nor-

mal”, uma iniciativa da Abramge/Nacional a qual a empresa aderiu com entusiasmo, incentiva a prática com a meta de reduzir 15% o índice de cesarianas. Obstetras da insti-tuição participaram de encontros e receberam material informativo. “A receptividade da equipe superou as

expectativas”, conta Jorge Vascon-cellos, supervisor médico.

As gestantes recebem escla-recimentos do Programa Saúde em Dia de maneira sistemática, de forma a sensibilizá-las para a importância da opção pelo parto normal, seus benefícios para a mãe e para a criança. “São movimen-tos interligados que, esperamos, contribuam para o sucesso dessa

campanha que merece elogios e todo apoio. Quiçá nossa prática a adote sempre que for bom para

a gestante e seu f ilho, e que os fu-turos pais assim a vejam com bons olhos, a conside-rem em sua de-c isão quanto ao parto”, coloca.

Gestantes que aderirem ao parto normal recebem do Centro Clínico Gaúcho pingente folheado a ouro. O desenho, estilizado, representa a gravidez, peça-símbolo da campanha “Parto é Normal”.

Agradecimento pela experiência vivida

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Por dentro da rede

Compromisso com a comunidade

clientes de segundas às sextas-feiras, das 7h30 às 21h, e nos sábados, das 8h às 12h.

“A empresa é muito organizada do ponto de vista gerencial e te-mos um cuidado com a seleção dos profissionais que vêm para cá. Além disso, mantemos nosso parque de equipamentos atualizado com as tecnologias mais avançadas”, destaca a coordenadora.

Entre os diferenciais da clínica está a agenda de exames pela inter-net, no site www.radimagem.com.br. “O paciente deixa registradas suas preferências de data e horário e uma de nossas agendadoras faz a confirmação por telefone”, explica Beatriz. Outras inicia-tivas da clínica estão voltadas para os cursos de atualização para médicos que traba-lham com diagnóstico por imagem. Estes têm duração de 25 horas e são divididos em dois módulos: um prático e outro teórico.

A clínica também oferece outros servi-

Cerca de 160 exames são rea-lizados todos os meses pela Radimagem em usuários do

Centro Clínico Gaúcho (CCG) por meio de uma parceria que já dura 15 anos. Tomografia, medicina nuclear, ecografia, mamografia, densitome-tria óssea, procedimentos invasivos na mama, ecocardiografia, ecografia vascular, raio X, teste ergométrico e eletrocardiograma são os serviços oferecidos pela clínica aos pacientes conveniados ao CCG.

De acordo com a coordenadora do Setor de Diagnóstico por Imagem da Mulher, a radiologista e membro da Academia Riograndense de Medi-cina, Beatriz Bohrer Amaral, o CCG é uma das empresas da área médica que mais cresceu nos últimos anos. “Temos certeza de que os serviços prestados pela nossa equipe são importantes na consolidação dessa realidade”, analisa.

Fundada em 1980, ano em que o raio X era um dos únicos exames possíveis de serem realizados, a Radimagem sempre prezou pela incorporação de novas tecnologias. Atualmente, são 23 médicos e cerca de 60 funcionários que atendem os

ços à comunidade. “Além disso, a Radimagem promove cursos para médicos por meio do Inst ituto Radimagem de Ensino e Pesquisa e mantém o programa Mulher & Saúde, voltado a informar o público leigo sobre assuntos médicos”, relata a radiologista.

O projeto Mulher & Saúde foi lançado em 1996 e conta com a cola-boração de renomados profissionais de diferentes áreas, que repassam informações em palestras para o público feminino. O programa, que arrecada alimentos não-perecíveis para instituições beneficentes, já rendeu dois prêmios à clínica: o ECO 2006 e o Racine 2004. P

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“Desenvolvemos os serviços de saúde baseados em processos que garantam a qualidade e a segurança dos pacientes”,

coloca a coordenadora do Setor de Diagnóstico por Imagem da Mulher, a

radiologista Beatriz Bohrer AmaralA clínica está situada na av. Cristóvão Colombo, 1691, em Porto Alegre, site www.radimagem.com.br

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