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W"L---= do estado de goiás

tribunalde justiça

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL — JUIZ 2

1

Autos no.: 84114-33.2013.8.09.0051 (201300841146).

SENTENÇA

PREMIERSPORTS GERENCIAMENTO E

MARKETING LTDA propôs ação de cobrança em face de CARLOS

GILBERTO DO NASCIMENTO SILVA; afirmam que pactuaram

contrato de representação de atleta de futebol, por prazo

determinado de 24 (vinte e quatro) meses; findo o prazo

estabelecido, não houve manifestação de nenhuma das partes

quanto à sua extinção; realizada a prestação de serviços de

agenciamento, a contraprestação do atleta era o pagamento

mensal à autora de 10% (dez por cento), incidentes sobre os

seus rendimentos; havendo inadimplemento desta obrigação,

pretende a condenação ao pagamento das importâncias

referentes ao período em que o atleta laborava no exterior,

dentro daquele lapso temporal de 24 (vinte e quatro) meses; e

considerando ainda o tempo em que voltara ao país, pAsando a

Per7s -ntezuma - JD.

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Utribuna!de justiçado estado de goiásdo estado de goiás

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA73 VARA Cá/EL — JUIZ 2

exercer suas atividades no ESPORTE CLUBE CORINTHIANS

PAULISTA até a presente data, ainda, pediu o pagamento da

comissão referente ao contrato verbal realizado na transferência

do requerido para o Cruzeiro Esporte Clube, porquanto teria

havido sua intervenção na referida transferência.

Houve determinação para conversão do rito

sumário para ordinário - fls. 87/89.

Contestou o requerido arguindo, em

preliminar, incompetência absoluta em razão da matéria, porque

litígio que deva ser submetido às entidades desportivas

competentes; no mérito, sustentou a impossibilidade legal do

contrato, do vício de vontade, da validade do contrato com

vigência máxima de 1 (um) ano, da ilegitimidade da parte autora

para prestar serviços como agente, da irregularidade formal do

contrato em discussão, da não prestação de serviços referidos

nos contratos; e postulou a improcedência dos pedidos.

Em petitório, a parte ré argumentou sobre a

reabertura do prazo da contestação, ante o erro nas informações

na primeira fase processual - fls. 124/125, indicando a certidão

narrativa - fls. 126/127 - e a intimação para impugnação à

contestação - fl. 140.

Péricliet D1-1,415-fitezuma - JD.

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tribunalde justiça

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL — JUIZ 2

Impugnação à contestação - fls. 142/164;

nova certidão narrativa - 165/166; determinação para emenda

da petição inicial, a fim de adequar-se o valor da causa - fls.

167/169; a demandante providenciou a adequação do valor da

causa - fls. 175/176; desacolhida a preliminar arguida; declarado

saneado o processo; determinação para realização de audiência

concentrada - fls. 181/185; as partes indicaram testemunhas-

fls. 187/190; a parte ré requereu a remarcação da audiência

designada - fls. 192/198; acolhida aquela justificativa e

redesignado o ato processual complexo para nova data;

..iideterminada expedição de carta precatória - fl. 199; novo

pedido para re arcação da audiência - fls. 202/211; justificativa

aceita para no a designação - fl. 212.

O demandado requereu nova data para a

audiência concentrada - fls. 218/219; determinada nova

designação para a realização da audiência de conciliação,

instrução e julgamento - fl. 217; devolvida a carta precatória,

ante a ausência de requisitos específicos - fls. 222/227; termo de

audiência; indeferido o pedido de apresentação de documentação

pela parte autora; deferida a expedição de ofício ao Sport Club

Corinthians Paulista; determinação de medida para que o

Cruzeiro Esporte Clube informasse sobre a transação com o

requerido; deferida a expedição de carta rogatória; dispensadas

inquirições das demais testemunhas; expedição de novas cartas

Périclez Dr I1e-rrfezuma-

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3‘

4

precatórias - fls. 229/238; resposta ao ofício expedido ao Sport

Club Corinthians Paulista - fls. 243/244; termo de audiência não

realizada - fl. 245; a parte autora requereu nova designação de

audiência para inquirição de testemunha - fls. 247/249.

Indeferida a expedição de nova carta

precatória para a Comarca de São Paulo - SP e de carta rogatória

a autoridade na França; intimação do requerido para indicar

documentalmente o processamento das demais cartas

precatórias, redesignação de audiência para inquirição de

testemunha; renovação do ofício ao Cruzeiro Esporte Clube - fls.

250/252; a parte ré requereu a suspensão do processo até o

retorno das cartas precatórias, e a reconsideração do

indeferimento de expedição de nova carta precatória;

interposição de recurso de agravo de instrumento - fls. 254/270.

Em sede de audiência, houve a inquirição da

testemunha Romeu, deferida a inquirição das testemunhas

arroladas pela parte ré - fls. 272/274; resposta ao ofício

expedido ao Cruzeiro Esporte Clube - fl. 278; o requerido informa

sobre a impersibilidade do comparecimento da testemunha

Carlos Alberto Cardoso Leite, e requereu fosse mantido o

cumprimento da carta precatória expedida - fls. 282/283; em

audiência, houve a inquirição da testemunha Francisco Pereira de

Araújo; indeferida inquirição da testemunha Carlos Leite/houve a

Péricl Dl/ é-zuma - J

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tribunalde justiçado estado de goiás

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5

interposição de recurso de agravo retido; mantida a decisão

agravada por seus próprios fundamentos; fixação de prazo para

apresentação dos memoriais - fls. 285/288; respostas das partes

em relação ao ofício do Cruzeiro Esporte Clube - fls. 295/308 e

311/323; apresentação de memoriais em fls. 350/362 e 363/370;

determinação para certificar-se sobre o cumprimento da

precatória expedida - fl. 371; juntada a carta precatória de

inquirição de testemunha devidamente cumprida - fls. 373/385;

intimação das partes para manifestarem sobre a carta precatória

juntada - fl. 386.

é o relatório. Decido.

Houve saneamento do processo, com análise

de preliminar arguida pela parte ré, e da alegação da parte

autora sobre a intempestividade da contestação, ou revelia, as

quais foram afastadas em decisão já preclusa.

Contrato, em sentido lato, é acordo de

vontades, na conformidade com a lei, com finalidade de produzir

efeitos jurídic s; trata-se de convenção de interesses que

pressupõe aquiescência à ordem legal; o codificador de 2002-

artigos 710a 21 - conceitua-o na espécie: no contrato de

agenciamento, "uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem

vínculo de dependência, a obrigação de promover, por conta jle outra,

Péricly5 ritezuma - 3D.

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-)53

6

mediante retribuição, a realização de negócios, em zona determinada,

caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a

coisa a ser negociada.", estabeleceu-se seu regime jurídico. Dita o

doutrinador Sílvio de Salvo Venosa:

"A confiança recíproca é elemento importante no pacto. Nesse

sentido, este art. 712 reforça que o agente deve agir com

toda diOência, obedecendo às instruções recebidas do

proponente. A boa -fé objetiva, como cláusula aberta,

decantada no art . 422 do corrente Código, e a boa - fé

subjetiva, decorrente do exame da conduta específica das

partes, desempenham importante papel quando se examina a

transgressão do contrato". (Código Civi l Interpretado - 2a Edição

- ed i to ra At las S.A - 2011 - São Pau lo - pag. 755) .

Necessário é destacarmos a validade do

contrato verbal, se lícito e atendidos os requisitos legais;

passíveis são seus termos de prova por testemunho, como de

fato houve no caso - e copilados trechos adiante, documentos ou

outros meios permitidos em direito; a ausência de instrumento,

contudo, não afasta o dever jurídico principal do agente,

consistente em promover efetivamente a realização do negócio-

artigo 710 do CC, assim a par de outros laterais, com o de

informar.

Em tese e em sentido amplo, "promover"

envolve atividades cujos conteúdos, v. g., sejam o de4ontatar

Péricl s DT/ ézuma — JD.

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do estado de goiás

tribunalde justiça

P O D E R J U D I C I Á R I OC O M A R C A D E G O I Â N I A7 a V A R A C Í V E L - J U I Z 2

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possíveis adquirentes de direitos, captando-os, expor a

conveniência na conclusão do contrato com o agenciado, realizar

as tratativas à conclusão do contrato, e transmitir propostas ao

agenciado. De tais atividades típicas nasce correlatamente o

dever do agenciado, consistente na "remuneração" em sentido

amplo - art igo 714 do CC, a qual comporta o pagamento de

comissão em razão de negócio concluído com terceiro; surge o

direito à rentiuneração, portanto, concomitantemente com a

conclusão do contrato entre o agenciado e terceiro, mas como

resultado da efetiva atividade de promoção do agente; senão

vejamos a lição de Gustavo Haical:

" O d i r e i t o à c o m i s s ã o n a m o d a l i d a d e d i r e t a e s t á i m p l í c i t o

n o a r t . 7 1 4 d o C C / 2 0 0 2 . S u r g e q u a n d o o c o n t r a t o c o n c l u í d o p e l o

a g e n c i a d o t e n h a t i d o c o m o c a u s a a a t i v i d a d e d e p r o m o ç ã o d o

a g e n t e . D e v e h a v e r , p o r t a n t o , o n e x o c a u s a l e n t r e a a t i v i d a d e d e

p r o m o ç ã o d o a g e n t e e a c o n c l u s ã o d o c o n t r a t o . E n t r e t a n t o , o n e x o

c a u s a l e x i s t e n t e n ã o h a d e s e r e x c l u s i v o e o ú n i c o d e t e r m i n a n t e

p a r a a c o n c l u s ã o d o c o n t r a t o . O â m b i t o d e p a r t i c i p a ç ã o d o a g e n t e

n a c o n c l u s ã o d o c o n t r a t o a p e r m i t i r o a d v e n t o d o d i r e i t o à c o m i s s ã o

n ã o n e c e s s i t a s e r p r e d o m i n a n t e , b a s t a n d o q u e a c o n c l u s ã o d o

c o n t r a t o , i n d e p e n d e n t e m e n t e d a i n t e n s i d a d e , t e n h a t i d o a

;i n t e r f e r ê n i a d e s u a a t i v i d a d e d e p r o m o ç ã o . É p r e c i s o q u e a

a t i v i d a d e d o a g e n t e t e n h a s i d o u m a c o n c a u s a à c o n c l u s ã o d o

c o n t r a t o . s s i m , s e o c o n t r a t o e n t r e o a g e n c i a d o e o c l i e n t e e s t a v a

j á p r e p a r d o , m a s f o i c o n c l u í d o s o m e n t e d e p o i s d e e x i s t i r o

c o n t r a t o d e a g ê n c i a , s e m t e r t i d o q u a l q u e r a t u a ç ã o d o a g e n t e , n ã o

s e p o d e p e n s a r e m d i r e i t o à c o m i s s ã o . " ( " O C o n t r a t o d e A g ê n c i a

Péricles/DI Itt-erfilezuma - 3D.

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do estado de golas

tribunalde justiça

P O D E R J U D I C I Á R I OC O M A R C A D E G O I Â N I A7 a V A R A C Í V E L — J U I Z 2

1

- s e u s e l e m e n t o s t i p i f i c a d o r e s e e f e i t o s j u r í d i c o s " ; E d i t o r a

R e v i s t a d o s T r i b u n a i s , S ã o P a u l o - S P , 2 0 1 2 , p s . 1 5 9 / 1 6 0 ) .

A lei privilegia a boa -fé das partes no negócio

jurídico, desde que demonstrada por meios legais a formulação

contratual e respeitada as vontades - artigo 107 do CC. Assim,

eis o ensinamento do Prof. Dr. Gustavo Tepedino:

" O C C m a p t e v e o p r i n c í p i o d o c o n s e n s u a l i s m o o u d a l i b e r d a d e d e

f o r m a p a r a o s a t o s j u r í d i c o s e m g e r a l - d e v e n d o s e n o t a r q u e ,

e n q u a n t o o C C 1 9 1 6 d i s c i p l i n a v a e m c a p í t u l o p r ó p r i o a f o r m a d o s

a t o s j u r í d i c o s e d a s u a p r o v a , o C C t r a t a d a p r o v a n a s d i s p o s i ç õ e s

g e r a i s d o s n e g ó c i o s j u r í d i c o s . O p r i n c í p i o p r e t e n d e a s s e g u r a r o

r e s p e i t o à p a l a v r a , a o r e a l c o n t e ú d o d a v o n t a d e , i n f o r m a n d o p e l o

s e n t i d o d a a u t o n o m i a d a v o n t a d e ( f r a n c i s c o A m a r a l , D i r e i t o C i v i l , p .

3 8 8 ) , c u j o s e f e i t o s s e f a z e m s e n t i r e m s i g n i f i c a t i v a e x t e n s ã o n a

r e g u l a m e n t a ç ã o d a s r e l a ç õ e s p r i v a d a s . O o u t r o p r i n c í p i o q u e

p o d e r i a i n f o r m a r e s t e t e m a é o d o f o r m a l i s m o o u d a f o r m a

o b r i g a t ó r i a , p o d e n d o e s t a s e r i m p o s t a p e l a l e i o u p e l a v o n t a d e d a s

p a r t e s . N ã o s e p o d e d e i x a r d e l e m b r a r , c o n t u d o , q u e o f o r m a l i s m o

n ã o m a i s s e a p r e s e n t a c o m a m e s m a i m p o r t â n c i a d o d i r e i t o

r o m a n o , m s s i m c o m o " e x i g ê n c i a s u p l e m e n t a r " n e c e s s á r i a à

e f i c á c i a d o s a t o s e n e g ó c i o s j u r í d i c o s . ( F r a n c i s c o A m a r a l , D i r e i t o

C iv i l , p . 3 8 9 ) . O s e n t i d o d e f o r m a e s p e c i a l e m p r e g a d o p e l o

l e g i s l a d o r r 4 n e t e à e x c e ç ã o d a r e g r a g e r a l , n o c a s o d o s n e g ó c i o s

s o l e n e s , q u a n d o a f o r m a p r e s c r i t a p a s s a a s e r r e q u i s i t o l e g a l p a r a oi

n e g ó c i o ( v . c o m e n t á r i o a o s a r t s . 2 1 2 e s s . ) . O c o n s e n s u a l i s m o é ,

p o r t a n t o , a r e g r a ; o f o r m a l i s m o , a e x c e ç ã o . " ( Có d ig o Civ i l

Interpretado - Parte Geral e Obrigações - arts. 1° a 420 - Volume

I - 3a edição - editora Renovar - 2014 - pag. 222 e 223).

395

Péricles DY151-erraezuma - JD.

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39j

tribunal PODER JUDICIÁRIOde justiça COMARCA DE GOIÂNIAdo estado de goles 7a VARA CÍVEL — JUIZ 2

2

k(

O primeiro ponto a ser perscrutado é o da

possível existência de pactuação verbal de agenciamento e de

respectiva prestação de serviço; intimamente indagamos e

perseguimos elementos de convicção sobre a efetiva contribuição

da demandante na negociação para a transferência do atleta

requerido do tlético Clube Goianiense para o Cruzeiro Esporte

Clube.

Do contrato referente à contratação do atleta

pelo Cruzeiro Esporte Clube - fls. 35/47 - não depreendemos

promoção sua como agente; não obstante oportunizado, dentro

de sistema de distribuição dinâmica do ônus probatório, a

demandante não logrou demonstrar sua participação direta e

exclusiva na negociação com o clube mineiro. Nem mesmo

percebemos indícios de conversa com a diretoria do Cruzeiro; não

se vê indicativo de tal na petição inicial e demais interlocutórias,

não o há em seu depoimento pessoal. Que apontasse ao menos

pessoas com quem negociou naquele clube!; mas não o fez. A

circunstância de estar presente no momento da assinatura do

contrato, como informado pelo demandado, por si só, não

estrutura uma sua participação nas tratativas e formalização

daquele contrato. Transcrevemos parte dos depoimentos

pessoais:

PériclI

Montezuma - J ./

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W"1-3 do estado de goiás

tribunalde justiça

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL - JUIZ 2

"(...); 9UE antes teve um conhecimento com o Requerido,

quando ele jogava no Atlético Goianiense, foi a partir dai que

contrataram, inclusive com uma peculiaridade do contrato,

em função da distribuição de percentuais de pagamento, 50%

para o clube e 50% para o jogador e o empresário dele que

na época era o Júlio Fortes; QUE iniciou negociação de forma

verbal com o Cruzeiro para o Requerido, isto autorizado pelo

Requerido, pois sempre estava com o depoente; QUE então

finalizou esse contrato, enfrentando várias situações com o

Cruzeiro no percentual de 10% para o depoente; QUE não

teve negócios com o clube e o Requerido nunca passou

qualquer percentual para o depoente;(...)." (Depoimento

pessoal do autor - fl. 229).

"(...); QUE do Atlético foi para o Cruzeiro de Minas, sendo que

o último dia o Autor participou da conversa, mas quem fez a

negociação toda foi o BMG, o Cruzeiro e o Atlético Goianiense;

(...); QUE Ornar disse que não receberia nada do depoente,

mas sim do Clube; (...); QUE recebeu orientação do Ornar

para ficar me Caldas Novas porque o pessoal do Atlético

queria forçá-lo a assinar um contrato, pois o Atlético

Goianiense ia comprá-lo para um clube americano; QUE, para

assinar com o Cruzeiro, exigiu a presença do Ornar, tendo

assinado esse contrato com o Cruzeiro em agosto de 2009;

QUE o contrato que estava pronto para assinar não foi

alterado depois que o Ornar chegou; (...); QUE o depoente não

sabe sobre se estaria perdendo 25% quando da negociação do

Atlético com o Cruzeiro; (...)." (Depoimento pessoal ,do

requerido - fls. 232/233).

PéricItis DV-Nrcintezuma - 3

39;)

3

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I I tribunal PODER JUDICIÁRIOde justiça COMARCA DE GOIÂNIAdo estado de goiás 7a VARA CÍVEL — JUIZ 2

4

Reforçando-os, houve juntada de Instrumento

de Assunção de Obrigação de Pagar, formalizado pela

demandante e o Cruzeiro Esporte Clube; nele informa-se o

percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor líquido, em

caso de cessão onerosa definitiva dos direitos federativos do

atleta requerido - fl. 308, datado de 3 de agosto de 2009.

Qualquer que seja a relação entre as partes,

cotejando-se provas documentais e orais, o valor cobrado pela

transferência do Atlético Clube Goianiense para o Cruzeiro está

embutido naquele percentual dos direitos federativos; compõe-

no; logo, já fora pago/adimplido, como faz prova quitação de fl.

278; entenda-se constatável que a parte autora adquiriu parte

dos direitos federativos, como pagamento pelo agenciamento ou

pelo trabalho realizado, tanto no negócio supradito, como para

negócios futuros.

No segundo ato, há divergência entre as

partes sobre o pagamento de comissão pela transferência do

requerido para o Valenciennes FC - clube de futebol francês;

vislumbramos existência de contrato de agenciamento por

escrito, devidamente assinado pelas partes - fls. 48/51, com

vigência de 7.6.2010 à 7.6.2012, e cláusula de excluividade.

Contudo, caoa-nos estranheza as argumentaçges da

Péri s D ntezuma - JD. /

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`55iL)

tribunal PODER JUDICIÁRIOde justiça COMARCA DE GOIÂNIAdo estado de goiás 7a VARA Cá/EL — JUIZ 2

5

demandante, alega que não recebera quantia alguma pela

referida transação; mas não promoveu e nem coparticipou das

negociações com o clube francês. E nada obstante, consta que já

teria havido, como de fato houve, pagamento referente aos

direitos federativos por parte do Cruzeiro Esporte Clube. Para que

não haja dúvida, transcrevemos seus argumentos e os cotejamos

com o depoimento pessoal:

"O contrato de agência em tela tem cláusula de exclusiv idade

de zona, e de acordo com o ar t . 714 do CC o agente t e rá d i re i t o a

remuneração correspondente aos negócios concluídos dentro de sua zona,

o que ocorreu na espécie, ainda que sem a sua interferência." (Trecho

descrito na petição inicial — fl. 19).

"(...); QUE realmente recebeu um v alor que não sabe precisar do

Presidente do Clube, o Zezé Perrela, em relação ao Gil, mas não recebeu

sobre o cont rato que tem com o Gi l ; QUE esse v alor que recebeu em

relação as:1) Gil é o fato de ter levado ele para o Cruzeiro; QUE não sabe

esclarecer em que consiste a cláusula 6.4 do seu contrato, que quando

recebe do clube não receberá do atleta; QUE não recebeu comissão por

Direito Econômico do GIL; (...)" (Depoimento pessoal da parte autora

— fls. 229/230).

"Nesse diapasão, de modo a ev itar que a requerida possa assim

invocar su própria torpeza, tudo no intuito de ev itar erro de julgamento e

interpreta ão quanto à causa de pedir e pedido, mister se faz dizer que a

presente ção de cobrança decor re do I nst rum ento de Assunção de

Obrigação de Pagar, devidamente assinado em 03/08/2009, exigível com a

transferên ia do at l eta para cer to c l ube do ex ter i or , sem qualquer

conotação portanto, quanto ao contrato de intermediação, esse, sim, já

dev idame4e l iquidado.

P é p(cles—D I Montezuma - J .

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aweW"--= do estado de piás

tribunalde justiça

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL - JUIZ 2

Ç

6

Assim é que, ao efetivar a transferência dos diretos federativos

a certo c lube da França - Valenciennes FC - consumando-se pretér i ta

cont ratação, a obr igação de pagar o percentual de 15% sobre o v alor

l íqu ido que o Cruzei ro Espor te Clube v iesse a receber passou a ser

exigível.1

A parte requerida recebeu de forma líquida 3.000.000 NET (três

m i l hões de Euros NET) , sendo assi m dev i do o percentua l de 15%. "

(T rech o s d escr i t o s n a p e t i ção i n i c i a l d o p ro cesso n o 2611023-

28 . 2012. 8 . 13 . 0024 - Belo Horizonte/MG - fls. 3 0 1 e 305 -

documento juntado pela parte autora).

Neste contexto probatório, não temos dúvida:

a parte autora não promoveu - ou participou - das negociações

de transferência do atleta requerido para o clube francês; e mais,

recebeu o pagamento sobre os direitos federativos, no percentual

de 15% (quinze por cento), como ela própria o admite, no valor

negociado de R$ 230.000,00 (duzentos e trinta mil reais). Ora,

como previsto em contrato, os referidos direitos federativos

satisfizeram-no, em substituição alternativa de obrigação, ficando

o atleta promovido quites, ou desobrigado de efetuar qualquer

outro pagamento; vejamos:

"6. CLÁUSULA SEXTA

6.1. Em contrapartida ao trabalho de representação objeto deste contrato,,

a REPRESENTANTE terá direi to a uma remuneração equivalente a 10%

) /(dez por cento) sobre o valor pago ao ATLETA por ocasião do fecha )ánto

ou renovação de contratos de trabalho e outros (tais como, por e 'moio,

Péri e Montezuma-

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tribunal PODER JUDICIÁRIOde justiça COMARCA DE GOIÂNIAdo estado de goiás 7a VARA CÍVEL —JUIZ 2

7

aqueles que tenham com o ob je to a cessão dos d i re i t os econôm icos

relac ionados, aos di rei tos cont ratuais e f ederat i v os do ATLETA, seus

direitos de imagem, bem como quaisquer outros aqui não especif icados),

cabendo 'a REPRESENTANTE efetuar tais operações.

( ).

6.4 Os percentuais previstos no item 6.1, fica expressamente

conv encionado que a REPRESENTANTE poderá estabelecer e negociar

valores para a remuneração de seus serv iços diretamente com os clubes

ou tercei ros com os quais o ATLETA vem a f i rmar ou renovar contratos,

sendo que, nesta hipótese, não será dev ido pelo ATLETA o percentual

ajustado o 6.1, nenhum qualquer out ro v alor a t í tu lo de remuneração

relativamente a este negócio especif ico." (Contrato de Representação

de Atleta de Futebol — fls. 48/51).

A fim de esgotarmos toda a matéria; ainda

que fosse outra a interpretação das cláusulas, dos fatos e das

provas, que se concebesse obrigação de pagamento da obrigação

pecuniária pelo agenciamento, o contrato escrito deveria

respeitar os ditames da Lei no 9.615/98 (Lei Pelé); na época da

concretização cl.a referida negociação, havia a obrigatoriedade do

credenciamento do agente de jogador de futebol na FIFA-

Regulamento de Agente de Jogadores da FIFA, de 29 de outubro

de 2007, vigente à época do presente instrumento em discussão

-, para poder -ealizar negócios internacionais.

E não obstante tenha a parte alegado em

depoimento p soal que a negociação foi realizada p5)yterceiro

11:4-151P é r i c , I t s 0 I J A - e r i l l e z u m a - J D .

Page 15: Sentenca omar gil

tribunalde justiçado estado de goiás

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL — JUIZ 2

8

intermediário, deixou de provar os fatos constitutivos de seu

direito; não provou a realização efetiva da prestação de serviço

no contrato de agenciamento, condizente com atividade de

promoção - artigos 710 do CC, c/c 333, I, do CPC; concretizou

seu interesse apenas no percentual que possuía sobre os direitos

federativos do requerido - Lei no 9.615/98, com alteração em

parte dada pela Lei no 12.395/11. Assim afirmou a parte autora:

"(. . . ) ; QUE exerce a função de empresário de jogador desde de 2004;

QUE sabe que essa função hoje é regulamentada, pois foi extinto o agente

FIFA, sendo que quem exerce essa função de Presidente de Clube; QUE

hoje e nem antes o depoente t inha autorização para exercer a função de

agente F IFA. ( . . . ) ; QUE sabe que no cont rato tem que ter o nome do

agente FIFA, ou pai, ou advogado; (. . .); QUE sabe que a FIFA prevê um

contrato padrão, obv iamente, di f erente o cont rato no Brasi l com o da

França; QUE não é usado o padrão da FIFA nesses contratos; QUE sabe

que o Direito Federativo pertence ao atleta; (...)." (Depoimento pessoal

da parte autora — fl. 230).

Nesse sentido, anotados em casos análogos,

colacionamos algumas jurisprudências:

EMENTA: "CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Agenciamento

de jogador de futebol. Pretensão à rescisão cumulada com

pagamento de cláusula penal ou ao reembolso das despesas além

de indenização pela perda de uma chance. Insurgência contra

sentença de improcedência. 1. Contrato de agenciamento. Nulidade

mantida. Evidência, pelos termos do contrato e da procuração,

quanto è existência de agenciamento. Agente, todavia, sem

qualificação exigida. Ausência de licença, nos termos de Resolução

Péricleg DI/Ito-Att-zuma - 3D.

Page 16: Sentenca omar gil

tribunalde justiçado estado de goiás

P O D E R J U D I C I Á R I OC O M A R C A D E G O I Â N I A7 a V A R A C Í V E L - J U I Z 2

9

d a C B F e m c o n s o n â n c i a c o m e x i g ê n c i a d a F I F A . A d e m a i s , j o g a d o r

d e f u t e o l q u e n ã o p o d e r i a c e l e b r a r c o n t r a t o c o m c e s s ã o t o t a l d o s

d i r e i t o s f e d e r a t i v o s a p e n a s m e d i a n t e r e p r e s e n t a ç ã o d e s e u g e n i t o r .

E x e g e s d o a r t . 1 6 9 1 d o C C . C l á u s u l a p e n a l i n c a b í v e l . P e d i d o n ã o

a c o l h i d . 2 . R e e m b o l s o das d e s p e s a s p a g a s . A in d a q u e

f u n d a m e n t a d a n o e n r i q u e c i m e n t o s e m c a u s a , o p e d i d o d e v e s e r

r e j e i t a d o . A u s ê n c i a d e d e c l a r a ç ã o v a l i d a d e v o n t a d e d o r é u . R i s c o

da a t iv idade d o a u to r . Ped ido n ã o a c o l h i d o . 3 . H o n o r á r i o s

a d v o c a t í c i o s . R e d u ç ã o d e t e r m i n a d a . F i x a ç ã o c o m b a s e n a e q u i d a d e .

Ped ido a c o l h i d o . Re c u r s o p a r c i a l m e n t e p r o v i d o . " (T.ISP - 3a

CÂMARA DE DIREITO PRIVADO - APELAÇÃO CÍVEL N°0153829-12.2011.8.26.0100 - REL. DES. CARLOS ALBERTODE SALLES - DATA DE REGISTRO EM 11.2.2015).

E M E N T A : " A Ç Ã O D E C O B R A N Ç A - A G E N C I A M E N T O D E J O G A D O R D E

F U T E B O L - Ô N U S D A P R O V A - A U T O R - I M P R O C E D Ê N C I A . N o s

t e r m o s d o a r t . 3 3 3 , i n c i s o I , d o C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l , o ô n u s d a

p r o v a i n c u m b e a o a u t o r q u a n t o a o s f a t o s c o n s t i t u t i v o s d o s e u

d i r e i t o . N ã o d e m o n s t r a d a a e fe t i v a p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o s d e

a g e n c i a m e n t o e r e p r e s e n t a ç ã o d e j o g a d o r d e f u t e b o l , d e v e s e r

j u l g a d o i m p r o c e d e n t e o p e d i d o i n i c i a l . " (T3MG - 12a CÂMARACÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL N° 0048774-45.2006.8.13.0024-

REL. DES. ALVIMAR DE ÁVILA - DATA DA PUBLICAÇÃO DASÚMULA EM 4.4.2011).

E M E N T A : " A P E L A Ç Ã O C Í V E L . A Ç Ã O O R D I N Á R I A D E C O B R A N Ç A D E

D I R E I T O S F E D E R A T I V O S D E A T L E T A S J O G A D O R E S D E F O O T B A L L .

C A B E A O A U T O R P R O V A R O S F A T O S C O N S T I T U T I V O S D O S E U

A L E G A D O D I R E I T O , N O S T E R M O S D O I N C I S O I D O A R T I G O 3 3 3 D O

C Ó D I G O DE PROCESSO C I V I L . N Ã O C O N S E G U I N D O SUPORTE

1 0P R O B A T Ó R I O P A R A T A N T O , C O R R E T A A S E N T E N Ç A Q U E J U L U

I M P R O C E D E N T E O P E D I D O D E S P R O V I M E N T O D O A G R A V O R 4 ( 30 .

Périclís DX1:te1tlezuma - JD.

Page 17: Sentenca omar gil

I I

tribunalde justiçado estado de goiás

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7 a V A R A C Í V E L — J U I Z 2

10

D E S P R V I M E N T O D A S A P E L A Ç Õ E S . " ( U R ] — 1 8 a C Â M A R A C Í V E L

— A P E Ç Ã O C á / E L N ° 0 1 4 8 0 2 4 - 2 6 . 2 0 0 4 . 8 . 1 9 . 0 0 0 1 — R E L .

D E S . O R G E L U I Z H A B I B — D A T A D A P U B L I C A Ç Ã O E M

7 . 1 1 . 2 O 8 ) .

Em último pedido, persegue o pagamento de

10°/o (dez por cento) sobre a renda anual bruta de todo o

contrato de trabalho, referente à transferência do requerido do

Valencienses FC para o Sport Club Corinthians Paulista, por

exclusividade contratual. Contudo, padece de direito quanto a

tanto, porquanto o contrato escrito de agenciamento tem

validade de 24 (vinte quatro) meses, ou seja, do dia 7.6.2010 à

7.6.2012 - previsto na "Cláusula Quarta"; não há previsão

contratual de prorrogação tácita; expressamente clausularam

que: "O prazo do contrato poderá ser modificado e renovado pelas partes,

se, de comum acordo, entenderem conveniente". Ora, o retorno do

requerido ao futebol brasileiro ocorreu em janeiro de 2013, data

posterior ao encerramento do contrato de representação; e, a seu

turno, não logrou êxito sequer em demonstrar que cooperou na

promoção ou intermediou a negociação com o Corinthians. Ao

contrário, a prova oral ilumina total desvinculação do requerente

ao negócio citado. Transcrevemos partes de depoimentos:

"(...); QUE o depoente não foi ao Corinthians intermediar o

passe do Requerido, pois eles tiraram ele fora, mas deu

autorização para o Carlos Leite intermediar essa transação;

PéricÁs DL 4ntezuma - JD. )

Page 18: Sentenca omar gil

Lics

do estado de goiás

tribunalde justiça

P O D E R J U D I C I Á R I OC O M A R C A D E G O I Â N I A7 a V A R A C Í V E L - J U I Z 2

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Q U E o C a r l o s L e i t e P r e c i s o u d a a u t o r i z a ç ã o d o d e p o e n t e , p o i s

1:o d e o e n t e era o e m p r e s á r i o d o R e q u e r i d o ; QU E d e u

a u t o r i a ç ã o p a r a o C a r l o s L e i t e 1 a n o e m e i o a t r á s , a n t e s d a

n e g o c i a ç ã o s e e f e t i v a r , i s t o e m m e a d o s d e 2 0 1 0 ; ( . . . ) ; Q U E j á

t i n h a n e g ó c i o s c o m o F r a n c i s c o d e A r a ú j o , i n c l u s i v e s o b r e a

v e n d a , d e o u t r o j o g a d o r , p o r isso o f e r e c e u a e le pa r a

i n t e r r r u b d i a r j u n t o a o C a r l o s L e i t e a v i n d a d o G i l p a r a o

C o r i n t i a n s . " ( D e p o i m e n t o p e s s o a l d a p a r t e a u t o r a - f l s .

2 3 0 / 2 á 1 ) .

" ( . . . ) ; a f i r m a q u e p a r t i c i p o u d a t r a n s f e r ê n c i a d o r e q u e r i d o d o

c l u b e f r a n c ê s p a r a o C o r i n t h i a n s , a t r a v é s d e p e d i d o d o S r .

C a r l o s L e i t e ; n ã o h o u v e c o n t a t o c o m o S r . O r n a r n e s t a

n e g o c i a ç ã o ; q u e p o s s u í a a u t o r i z a ç ã o d o a g e n t e f i f a , C a r l o s

L e i t e p a r a t r a n s a ç ã o n o e x t e r i o r ; n ã o s a b e i n f o r m a r s e o S r .

O r n a r p a r t i c i p o u d a s n e g o c i a ç õ e s ; s o b r e a i m p o s s i b i l i d a d e d e

a g e n t e n ã o c r e d e n c i a d o na FIFA p a r a n e g o c i a ç õ e s d e

j o g a d o r e s d e f u t e b o l ; q u e a v a l i d a d e d e u m c o n t r a t o d e

a g e n c i a m e n t o é a t e d o i s a n o s ; a F I F A a c e i t a a p e n a s c o n t r a t o

p a d r ã o ; ( . . . ) ; o S r . C a r l o s L e i t e p a r t i c i p o u d i r e t a m e n t e d a

n e g o c i a ç ã o d o V a l e n c i e n s e s F C p a r a o C o r i n t h i a n s ; ( . . . ) ; n a

c o n c r e t i z a ç ã o d o n e g ó c i o , o Sr. C a r l o s L e i te e f e t u o u o

p a g a m e n t o d a s d e s p e s a s d e v i a j e m d a t e s t e m u n h a ; ( . . . ) ; o

p r o c u r a d o r d o r e q u e r i d o era o Sr. J ú l i o F o r t e s ; ( . . . ) "

( D e p o i m e n t o d a t e s t e m u n h a F r a n c i s c o P e r e i r a d e

A r a ú j o - M í d i a d e á u d i o e v í d e o - t r a n s c r i ç õ e s a p a r t i r

d e 7 m i n 2 0 s e c ) .

Périxles D4-14ontezuma - JD.

Page 19: Sentenca omar gil

tribunal PODER JUDICIÁRIOde justiça COMARCA DE GOIÂNIAdo estado de goiás 7a VARA CÍVEL - JUIZ 2

12

"participou, como intermediário, de transferência do atleta Gil,

represntando o Corinthians; que não teve nenhum contato

com O ar representante legal da Premier Sport; que não teve

autorização de Ornar pra fazer a transação, até porque

representava o Corinthians; que o declarante foi informado de

que o jogador não t inha agente; que na época, não era

permitido que agentes não credenciados a Fifa participassem

da intermediação de jogadores entre clubes; (...); que o

período máximo do contrato de agenciamento é de 2 anos;

que na época, a regra da Fi fa sobre a remuneração do

intermediário determinava que a comissão fosse arcada pelo

jogador ou pelo clube, não sendo permitido a duplicidade de

pagamento; (...)". (Depoimento da testemunha Carlos

Alberto Cardoso Leite - Carta precatória - fl. 384).

Portanto, trata-se de contrato por tempo

determinado - art. 720 do CC, há expressa pactuação no

contrato de não prorrogação tácita - Cláusula Quarta do contrato

em discussão; e não houve continuidade do contrato de

agenciamento, como demonstrado pelas provas produzidas nos

autos.

Por todas as alegações enfrentadas e pelo

conjunto prob tório dos autos, concluímos inclusive que possa ter

havido na rela ão entre as partes, durante o decorrer dos anos,

com a vênia devida, abuso de direito vinculado a comportamento

contraditório, na modalidade supressio, porquanto seria

Périckés ~tezuma - JD.

Page 20: Sentenca omar gil

I I

tribunal PODER JUDICIÁRIOdoe j u s t i ç aestadode g las 7COMARCAVARA CÍVELD E JUIZGOIÂNIAd 2

1403

13

justificável até a supressão da posição jurídica do agente autor,

que não a teria exercido por longo tempo, a ponto de constituir a

crença, por parte do atleta requerido, que não mais passível de

exercício; mormente por que se veda a contradição a uma

omissão ao cumprimento dos contratos, de relevância suficiente a

suscitar a legítima confiança do agenciado; não obstante tenha

este cumprido com suas obrigações, como demonstramos.

Axiomático foi o pagamento pelos serviços

prestados nos contratos pactuados, ante o recebimento de 15%

(quinze por cento) sobre os direitos federativos do requerido-

forma de pagamento antes permitida pela Lei Pele (Alteração pela

Lei no 12.395/11). Nada obstante, a parte autora utilizou-se de

argumentos paradoxais para afirmar suas exposições de

existência de débitos, por suposto descumprimento de

obrigações, incorreu em contradições e, com dupla vênia, apoiou-

se em argumentos falaciosos.

O princípio da boa -fé objetiva - artigo 422,

do Código Civi , sobre o qual o grande jurista alagoano Paulo Luiz

Netto Lôbo as esta: "a boa -fé objetiva é regra de conduta dos indivíduos

nas relações jurídicas obrigacionais. Interessam as repercussões de certos

comportamentos na confiança que as pessoas normalmente neles

depositam. Confia-se no significado comum, usual, objetivo da conduta ou

comportamento reconhecível no mundo social. A boa -fé objetiv importa

t

conduta honesta, leal, correta. é a boa -fé de comportamen " (LOBO,i

ri

Péri tezuma - JD.

Page 21: Sentenca omar gil

--= do estado de goiás

tribunalde justiça

PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE GOIÂNIA7a VARA CÍVEL - JUIZ 2

14

Paulo Luiz Netto. Princípios Sociais dos Contratos no Código de

Defesa do Consumidor e no Novo Código Civil. In: Revista de Direito

do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, abril -junho, 2002,

v. 42, p. 193.).

E em igual sentido elucida Cláudia Lima

Marques: "boa -fé objetiva significa, portanto, uma atuação 'refletida', uma

atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando

seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo

com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou

desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações:

o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das

partes" (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do

Consumidor. 3a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, v. I,

p. 106-107).

Ante o exposto, julgo improcedentes os

pedidos - arts. 107, 422, 710 e seguintes, do Código Civil; 333,

I, do CPC; Lei nO9.615/98 (Lei Pelé) e 12.395/11.

Condeno a parte autora ao pagamento das

custas processuais e dos honorários advocatícios, que arbitro em

R$ 5.000,00 (cinco mil reais) - artigo 20, § 40 do CPC.

Goiânia, 09 de março de 2016.

PéricIps al,fvrõntezuma -71 3D.

Péricles DI Montezuma - 3D.

Page 22: Sentenca omar gil

JUNTADAAos. _ _ _ _ _ _ _ _

jtIfIrD fwn frente: (7--- ) Petição ( ) Mandado

( ) C. Pre:-.3tri3i(j ) Oficio ( ) Cane