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Negócios AgronegóciosTERÇA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2018 � DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOSA8

A queda do consumo interno e dos embarques de frango, além da alta dos insumos têm afetado arentabilidade das empresas, que devem revisar para baixo projeção de crescimento para o ano

Setor de ração animal vê estagnação em 2018INSUMOS

Juliana EstigarríbiaSão [email protected]

� O mercado de ração animalvive a tempestade perfeita.Além da queda dos embarquesda carne de frango, o que der-ruba a demanda do setor, a re-tração do consumo domésticoe o cenário político conturba-do devem levar as empresas auma estagnação em 2018.

De acordo com o vice-pre-sidente executivo do Sindica-to Nacional da Indústria deAlimentação Animal (Sindira-ções), Ariovaldo Zani, no iní-cio deste ano a entidade jáprecisou revisar a projeçãode crescimento dos volumesde 3,5% para 2% em 2018.Mas agora, diante da turbu-lência política e econômicaque o País atravessa, prova-velmente os números do se-tor devem ser revistos.

“A situação é muito grave.Vamos revisar a projeção pa-ra baixo, mas já sabemos quecrescimento não vamos terneste ano”, afirmou Zani em

entrevista ao DCI. Ele explicaque o setor começou 2017 pa-tinando. Depois, ao longo doano, principalmente a pecuá-ria passou a responder de for-ma mais consistente. “Os pre-ços do milho e do farelo desoja, principais insumos da pe-cuária, estavam baixos, esti-mulando a atividade e conse-quentemente toda a cadeia”,explica o dirigente.

No entanto, ele destaca que

o mercado de rações animaiscomeçou 2018 fortemente im-pactado por uma conjunturadifícil. “Os preços pagos aoprodutor caíram, o custo doagronegócio cresceu e o con-sumo doméstico minguou.Além disso, a escalada das ex-portações para a Rússia nãovingou e o embargo da UniãoEuropeia à carne de frangobrasileira veio para sepultarnosso setor”, detalha.

ESTADÃO CONTEÚDO

A queda da demanda dos avicultores impactou fortemente o setor

Segundo Zani, esta conjun-tura dificulta a retomada dasempresas de rações, que agre-gam aproximadamente trêsmil estabelecimentos no País.“As incertezas sobre uma ver-dadeira convulsão social agra-vam o cenário. O mercado to-do está em compasso dee s p e ra”, analisa o dirigente.

Conforme a entidade, emvolumes, metade da demandado setor vem da avicultura(frango de corte e galinhas depostura – ovos), 25% da suino-cultura e o restante da pecuá-ria (incluindo o segmento pet).E em um cenário que a proteí-na do frango, especialmente,está fortemente impactada pe-la conjuntura de queda das ex-portações, decorrente dos des-dobramentos da operaçãoCarne Fraca, da Polícia Fede-ral, e do embargo da União Eu-ropeia, a rentabilidade das em-presas de rações voltadas paraeste mercado estão cada vezmais comprometidas.

Zani conta que grande partedos insumos da indústria derações é importada, já que oschamados aditivos não sãoproduzidos localmente. “Co ma escalada do dólar, nossos

custos cresceram ainda mais esó conseguimos repassar umaparte da alta. O restante temosque absorver, ocasionando umgrande problema de rentabili-dade às empresas.”

Tabelamento do fretePara o vice-presidente executi-vo do Sindirações, a propostade tabelamento do frete vempara aprofundar ainda mais asituação do setor. “Já registra-mos casos em que o frete cres-ceu mais de 40% ou até do-b ro u”, relata Zani.

Neste horizonte, ele defendeque não haja qualquer tipo deimposição de tabelamento dofrete. “O preço da proteína ani-mal continua baixo, os insu-mos estão crescendo e o mer-cado interno não consegueabsorver a oferta. Com um au-mento brutal dos custos de lo-gística, a situação do setor vaificar ainda pior”, destaca.

A greve dos caminhoneirosimpactou fortemente o agro-negócio. Mas para Zani, a si-tuação de penúria das empre-sas pode piorar. “Não sóvivemos uma tempestade per-feita, mas um horizonte semperspectivas positivas”, diz.

Exportação cresce 16% no ano

CARNE BOVINA

� As exportações de carne bo-vina (in natura e processada)nos cinco primeiros meses doano somaram 617 mil tonela-das, com receita de US$ 2,39bilhões, alta de 16% em volu-mes e 13% em valores sobreigual período de 2017, infor-mou nesta segunda-feira (11)a Associação Brasileira de Fri-goríficos (Abrafrigo).

Os embarques em maio to-talizaram 111,5 mil tonela-das, com receita de US$ 462milhões. Em abril, o total co-mercializado foi de 85 mil to-neladas, segundo a entidade.

Ainda de acordo com aAbrafrigo, a greve dos cami-nhoneiros teve algum impac-to na movimentação da carnebovina no mês passado. “Ma s

o mais importante é que se es-perava o reinício das compraspelo mercado russo, o que aca-bou não ocorrendo”, destacoua entidade em nota.

D e st i n o sOs chineses continuam osmaiores compradores do pro-duto brasileiro. Nos cinco pri-meiros meses do ano, importa-ram 267,7 mil toneladas doPaís. Outros crescimentos im-portantes foram do Egito, quejá é o segundo maior cliente doBrasil no segmento, além depaíses da América do Sul, co-mo Chile e Paraguai, porexemplo. Já entre os recuos re-levantes estão a Rússia, Irã eArábia Saudita. Conforme aAbrafrigo, 82 países aumenta-ram as suas aquisições, en-quanto que outros 46 reduzi-ram no período. /Agências

Etanol tem alta em 12 Estados

C O M B U ST Í V E I S

� Os preços do etanol hidrata-do nos postos brasileiros subi-ram em 12 Estados na semanapassada, segundo levanta-mento da Agência Nacional doPetróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP) compila-do pelo AE-Taxas. Em outrosnove Estados e no Distrito Fe-deral, houve queda.

A pesquisa da ANP nãocaptou a variação em cincoEstados – Amapá, Pernambu-co, Roraima, Santa Catarina eTocantins – porque não hou-ve registro de preços na se-mana anterior, por causa daparalisação de caminhonei-

ros em todo o País. Na médiados postos brasileiros pesqui-sados pela ANP, houve alta de0,98% no preço do etanol nasemana passada.

Em São Paulo, principal Es-tado produtor e consumidor, acotação média do hidratadosubiu 1,21% sobre a semanaanterior, de R$ 2,801 paraR$ 2,835 o litro. No período deum mês, os preços do combus-tível dispararam 6,74% nospostos paulistas.

A maior alta no preço dobiocombustível durante a se-mana passada, de 8,49%, foiregistrada no estado de Goiás.A maior queda semanal, de10,70%, ocorreu no Distrito Fe-deral. /Estadão Conteúdo

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