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Sociologia dos Mercados Financeiros Breves notações sobre o livro

“The Sociology of Financial Markets”

Aluno: Ricardo Abreu Nº 14707UC: Sociologia da Inovação

(Mestrado em Estudos Sociais da Ciência) Docente: Professora Doutora Luisa Oliveira

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Sumário

Duas visões da sociologiaPrincipais autores

“The Sociology of Financial Markets”“How are Global Markets Global?”

Estudo de caso

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Sociologia da Economia

Sociologia da Finança

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Quem é quem?

David LeungMichael Power

Karin Knorr CetinaAlex Preda

Fabian Muniesa

University of Edinburgh Business School

York Mangement School

Écoles des Mines

Harvard University

University of Chicago

Lingnan University

Daniel Buenza

London School of Economics and Political Science

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“The Sociology of Financial Markets”

Inside Financial MarketsThe Age of Investor

Finance and Governance

Secções do livro The Sociology of Financial Markets

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1.The Embeddedness of Electronic Markets: The Case of Global Capital Markets The Age of Investor ,Saskia Sassen

2. How are Global Markets Global? The Architecture of a Flow World, Karin Knorr Cetina

3. How a Superportfolio Emerges: Long-Term Capital Management and the Sociology of Arbitrage, Donald MacKenzie

4. How to Recognize Opportunities: Heterarchical Search in a Trading Room, Daniel Buenza e David Stark

5. Emotions on the Trading Floor: Social and Symbolic Expressions, Jean-Pierre Hassoun

6.Women in Financial Services: Fiction and More Fiction, Barbara Czarniawska

Secção 1 Inside Financial Markets

“The Sociology of Financial Markets”

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1.The Investor as a Cultural Figure of Global Capitalism, Alex Preda

2.The Values and Beliefs of European Investors, Werner De Bondt

3. Conflicts and Interests of US Brokerage Industry, Richard Swedberg

Secção 2 The Age of Investor

“The Sociology of Financial Markets”

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1.Interpretative Politics at Federal Reserve, Mitchel Y. Abolafia

2.The Return of Bureaucracy: Managing Dispersed Knowledge in Global Finance, Gordon Clark e Nigel Thirft

3. Enterprise Risk Management and the Organization of Uncertainty in Financial Institutions, Michel Power

4. Managing Investors: How Financial Markets Reshaped the American Firm, Dirk Zorn, et al

5.Nothing but Net? Networks and Status in Corporate Governance, Gerald Davis e Gregory Robbins

Secção 3 Finance and Governance

“The Sociology of Financial Markets”

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“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

Mercado da Divisa

Mercado não linear

Dois tipos de mercado

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Arquitectura de Fluxo

Arquitectura de redes sociais

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

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Mecanismos de observação

Redes de relacionamento

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

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“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

Diferentes zonas globais

Mecanismos de projecção e reflexão

Hardware e Software

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GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

“if agents can calculate their decisions, irrespective of the degree of uncertainty concerning the future, it is because they entangled in web of

relations and connections; they do not have to open up the world because they contain their world. Agents are actor-worlds”

Michel Callon, 1986

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Analise abstracta

Configurações de ecrãs

Capacidades e conteúdos

Componentes técnicos, visuais e comportamentais

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

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GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

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GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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5 tipos de informação nos monitores:

•“Electronic Broker” EBS

•“Reuters Conversation Dealing”

•Preços inter-bancários

•Própria posição face ao mercado

•Noticias e boletins internos

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Dependência da infra-estrutura electrónica

Mercado das divisas é interbancário

Reuters e Bloomberg Noticias e Infra-estrutura

Reuters 300 mil e Bloomberg 150 mil

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Redes de Coordenação e Reflexão

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Redes de Coordenação e Reflexão

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Redes de Coordenação e Reflexão“being in the market”

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Informação é guardada e criada

Contribui para relações entre pares

80% EBS e 20% “offline”

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Mercado tem presença

Duas realidades de conversação

Mercado tem perfil e propriedades próprias

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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“The market is everything”

O monitor financeiro aumenta a realidade do mercado económico

Os monitores são idênticos e replicados por todas as instituições do sistema financeiro

Os monitores são o grande espelho e equipamento de transacções que todos se revêm

GRS - Global Reflexive System

“How are Global Markets Global? ”The Architecture of a Flow World

sistema duplamente reflexivo

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Sistema de Créditos de CarbonoAlterações Climáticas e os Mercados Financeiros

Mesmos níveis de emissão de GEE

-15% -5%

Compromisso em reduzir em 10% a emissão de GEE

Paga para reduzir as emissões

€€€€€€€€

direitos de emissão

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Sistema de Créditos de CarbonoAlterações Climáticas e os Mercados Financeiros

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Sistema de Créditos de CarbonoAlterações Climáticas e os Mercados Financeiros

European Union Emissions Trading System (EU ETS)

Chicago Climate Exchange (CCX)

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How are Global Markets Global? The Architecture of a Flow World

The Sociology of Financial Markets, Karin Knorr Cetina e Alex Preda

Review

___SLIDE 3____Introdução

Porquê o pouco interesse nos mercados financeiros? Porque a sociologia tem dado mais interesse a certos aspectos da economia. O economistas tem definido as actividades económicas como o resultado do Homem procurar todos os recursos possíveis para satisfazer as suas próprias necessidades. E estas actividades são divididas em produção, consumo e troca. A sociologia económica também enquadra a economia nestas funções, de produção de consumo e distribuição social. Procura entender a estrutura e funcionamento da produção em toda a sua cadeia de valor, a organização interna das empresas e perceber os mecanismos do capitalismo.

Os mercados financeiros não estão preocupados na forma como os bens são produzidos ou comercializados pelos consumidores. Estes mercados focam o seu interesse na comercialização de instrumentos financeiros não propriamente para consumo. Não existe um esforço de produção dos instrumentos por parte dos traders (negociadores), quando certos instrumentos financeiros são negociados como opções ou futuros, os seus valores são definidos pelos negociadores mas este processo não requer qualquer fabrica de produção. podemos afirmar que os mercados financeiros pertencem a uma economia de segunda ordem, onde os bens são contratos (equities,bonds,currencies, derivatives) que circulam em vez de serem canalizados para consumidores finais.

___SLIDE 4___Os mercados financeiros associados a instituições diferem em muito das economias nacionais. Os mercados financeiros tendem a serem mercados globais, aliás o sistema financeiro é sem dívida um sistema global. As economias por outro lado são caracterizadas por

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se localizarem num território bem definido e são economias de uma Estado. Dependem dos sistemas legais nacionais como também dos seus impostos e intervenções governamentais. A arquitectura global dos mercados financeiros está situada em grandes centros globais fazendo pontes entre si e cidades. Nem todos os mercados financeiros são totalmente globais. Existem níveis de globalização, por exemplo o mercado das divisas (moedas) são inerentemente transnacionais, as acções e obrigações são menos globais mas com uma crescimento rápido de difusão.

Outline of the book

__slide 7___Secção 1, Inside Financial MarketsNesta secção os autores propõe uma visão sobre as práticas de transacções em diversos mercados financeiros, pelos mercados em geral e pelos mecanismos de coordenação e integração. Por fim é abordado as questões de género numa perspectiva cultural do papel das mulheres nos mercados financeiros. Esta secção é constituida por 6 capitulos:

1. The Embeddedness of Electronic Markets: The Case of Global Capital Markets

1. A autora Saskia Sassen, aborda a transformação e integração tecnológica por detrás dos emergentes mercados e como tem crescido o fluxo de capitais desde 1980.

2. How are Global Markets Global? The Architecture of a Flow World

1. A autora Karin Knorr Cetina explia a diferença entre os mercados como rede e fluxo. Analizando em concreto o mercado das divisas estrangeiras.

3. How a Superportfolio Emerges: Long-Term Capital Management and the Sociology of Arbitrage

1. O autor Donald MacKenzie apresenta um estudo sobre as práticas de gestão no mercados financeiros e sua arbitragem. Ele foca o seu estudo na Gestão de Capital a Longo Termo (LTCM - Long-Term Capital Management). Estuda o caso de um Hedge Fund que teve muito sucesso

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mas foi à bancarrota por volta de 1998. Explicando sociologicamente as estratégias e insucessos.

4. How to Recognize Opportunities: Heterarchical Search in a Trading Room

1. Os autores Daniel Buenza e David Stark abordam também a questão de arbitragem do mercado na perspectiva de uma sala de negociações de um grande banco de investimentos em Wall Street. O autor analisa como banco está organizado para o processo de descoberta do preço. Os autores conceptualizam a sala de negociações como um laboratório caracterizado por uma hierarquia plana em que os processos de avaliação da informação (intelligence) num grupo (desk) é difundido rapidamente por outros grupos na mesma sala.

5. Emotions on the Trading Floor: Social and Symbolic Expressions

1. O autor Jean-Pierre Hassoun, tem como objecto de estudo as salas de negociações mas desta feita numa perspectiva da gestão e no impacto das emoções nos processos das negociações (trading). Analisa as metáforas utilizadas pelos traders, e apresenta ainda uma tipologia de emoções de mercados conjugados pelos contextos a que elas emergem (performance, violência, jogos e apostas).

6. Women in Financial Services: Fiction and More Fiction 1. A autora Barbara Czarniawska, providencia uma reflexão

sobre os mercados financeiros como estes são vistos pela cultura popular. Ela compara o retrato da analista Elin Friman em novelas e peças jornalisticas com representações dos homens em filmes e autobiografias. Análise dos esterotipos.

___slide 8__Secção 2, The Age of InvestorNesta secção é abordada a questão do investidor. Numa perspectiva histórica e contemporanea da auto-compreensão do investidor. Deixando a perspectiva que os mercados, empresas e governos tem do investidor como “egoísta” para uma compreensão das atitudes e comportamentos do investidor. Esta secção tem 3 capítulos:

1. The Investor as a Cultural Figure of Global Capitalist

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1. O autor Alex Preda, faz uma retrospectiva história do investidor, pelos séculos 18 e 19. Descrevendo o investidor como uma figura cultural ligada ao capitalismo, comparados à figura do empreendedor e capitalista. O autor argumenta que o investimento, que originalmente era visto como um jogo de sorte (apostas) tornou-se legitimo na primeira grande vaga de globalização (19850-1914). E os investidores tornaram-se individuos que procuram a sua posição social (status) e são individuos com um grau de competências elevados que actuam num mercado com regras e direitos.

2. The Values and Beliefs of European Investors1. O autor Werner De Bondt, verificou por via de um estudo

extensivo a mais de 3100 investidores europeus( 6 países), que certas estratégias de investimento e a percepção de classes de investimento são influenciados por valores e crenças dos investidores. O autor indentificou ainda que os valores e crenças dos investidores estão (co)relacionados com o carácter nacional, de genero e religião e são indicadores da escolha de portfolio e estratégias de investimento.

3. Conflicts of Interests in the US Brokerage Industry 1. O autor Richard Swedberg analisa os direitos do investidor

em casos de conflitos e escândalos em empresas. O autor parte da base sociológica que os interesses são definidos e construídos socialmente e que só podem ser realizados por relações sociais. Verifica que no caso de escandalos de empresas os investidores estão sujeitos ao “interesse geral do investidor” e que as relações sociais e as instituições tomam um papel central nos resultados do conflito influenciando os resultados dos investidores conforme o resultado do conflito. (nem sempre os investidores saem a ganhar o que investiram).

___slide9___Secção 3, Finance and GovernanceNesta secção estão presente dois tipos de processos socioculturais. um relativo à mediatização e controlo dos mercados e outro em que o mercado financeiros afecta a estrutura e a organização das empresas. A secção é constituída por 5 capitulos:

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1. Interpretive Politics at the Federal Reserve1. O autor Mitchel Y. Abolafia transcreve e analisa as reuniões

feitas no Comité para os Mercados Abertos do Sistema de Reserva Federal (Open Market Committee of the Federal Reserve System). O autor analisa os movimentos dos participantes nestas reuniões na construção de novos quadros legais e políticos para os mercados. Uma análise politica como um processo de interação entre diversos actores sociais.

2. The Return of Bureaucracy: Managing Dispersed Knowledge in Global Finance

1. Os autores Gordon Clark e Nigel Thrift, deixam cair o fenomeno de mediatização que os bancos tem nas salas de negociações e nas transações financeiras de mercado para compreender definitivamente qual o controlo efectivo que os bancos exercem. É descrito todo o processo burocrático e controlo da gestão do risco financeiro que depende do acesso a um conhecimento disperso sobre o mercado e das empresas a nivel global. Este controlo burocrático é essencial para a integridade e perfomance das empresas financeiras e para a estabilidade do mercado financeiro em geral.

3. Enterprise Risk Management and the Organization of Uncertainty in Financial Institutions

1. O autor Michael Power analisa também a questão do risco mas argumenta a utilidade global dos novos instrumentos de analise dos riscos, baseados em métricas financeiras sofisticadas, que são adoptadas como instrumentos de regulação por diversas entidades nacionais e internacionais. Esta adopção generalizadas não é conferida pela sua tecnicidade mas porque incorporam uma nova concepção de relacionamento entre as empresas e os mercados financeiros (conceito de shareholder nas empresas).

4. Managing Investors: How Financial Markets Reshaped the American Firm

1. Os autores Dirk Zorn, Frank Dobbin, Julian Dierkes e Man-shan Kwok, argumentam que este novo modelo de shareholder (accionistas) existente nas empresas surge nos anos 60 a 90 pelo facto da existência de 3 grupos de

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interesses nas empresas, os investidores institucionais, os analistas financeiros e pelas acções hostis de outras empresas. É verificado como os profissionais dos mercados financeiros conseguem ter um poder de influenciar as estruturas accionistas das empresas por via do preço e das recomendações que fazem junto do mercado.

5. Nothing but Net? Networks and Status in Corporate Governance

1. Gerald Davis e Gregory Robbins também analisam o poder de influencia destes profissionais. Verificam que os boards empresariais procuram encontrar directores bem relacionados quando pretendem obter ou mostrar algum nivel de status. Isto acontece quando as empresas são constituidas por investidores institucionais ou quando os accionistas propõem uma alteração na governança das empresas. A análise foi feita em 4 periodos de intervalo durante 12 anos a centenas das maiores empresas norte-

americanas. ___slide10___

NOTICIA DO JORNAL DE NEGÓCIOS - MOTIVAÇÃO

How are Global Markets Global? The Architecture of a Flow World

Introdução

___slide 11____Este trabalho concerne aos fenómenos de globalização contudo os autores não pretendem efectuar uma visão geral da globalização que identifica os estados dominantes ou outros factores que criam a chamada aldeia global. Este artigo centra-se na actividade dos mercados financeiros em especial o mercado de negociação de divisas, ou seja no mercado da moeda global. Um mercado que engloba diversos actores, como participantes activos, economistas, e por vezes cientistas sociais. “São mercados genuinamente globais”.

Na verdade os mercados da negociação de divisas são sistemas sociais globais em que os principais actores deste mercado internacional estão interligados em tempo real por tecnologias de

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informática e comunicações altamente sofisticadas. O autor refere-se a estes mercados numa perspectiva de não linear (“discontinuist”).

___slide 12____

Na qual propõe uma divisão em dois tipos de mercados: Um baseado na arquitectura da rede em que as relações sociais dependem em muito do comportamento e resultados do próprio mercado, e outra em que o mercado se dissocia e separa-se das tradicionais redes e exibe uma arquitectura de fluxo.

Os mercados globais de divisa tal como outros mercados financeiros são mercados de fluxo em contra ponto com os mercados em rede. E diferem em muito dos mercados que são racionalmente estruturados. O autor utiliza também a noção de fluxo para distanciar a relação entre o mundo físico e mundo temporal (“timeworld”). O mundo espacial tem uma estrutura distintiva e própria que difere do que se passa nos mercados financeiros. Contudo o que é importante é verificar o que se passa precisamente nos pontos de contacto entre as arquitecturas de rede e de fluxo.

___slide 13___A visão dos cientistas sociais relativamente às redes assenta no conceito relacionamentos entre diversos actores que entre si conduzem comunicações, recursos e outras instituições de cordenação que asseguram e organizam estas ligações. Cooperações, alianças estratégicas, trocas, ligações emocionais e pessoais, a formação de grupos diferentes podem ser vistos pelas malhas das redes de relacionamentos. Contudo devemos também olhar para este sistema de uma forma reflexiva de mecanismos de observação e projecção em que a perspectiva relacional não se adequa. Este sistema actua como um mecanismo de centralidade e mediatização onde as coisas passam e fluem.

___slide 14___Nos mercados financeiros os mecanismos de projecção e reflexão são os ecrãs de computadores e os hardware e software que com ele advém. E providenciam um leque abrangente de observação, apresentação e capacidades de interacção, alimentado por informações e serviços profissionais de empresas especializadas nos mercados financeiros. Estes sistemas tecnológicos que são parte da vida mundana também a projectam simultaneamente realidades das

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diferentes zonas globais. O autor afirma que estes sistemas se situam nas salas de negociações financeiras localizadas nas principais cidades, a que designa por GRS “Global Reflexive System”. Espaços de negociação que servem de centros ligação da arquitectara de fluxo dos mercados financeiros.

____slide 15___O sistema de reflexividade global, a que autor designa por GRS, corresponde a um sistema que eleva a análise a um nível de abstracção (ver nota de Callon), a uma configuração dos ecrãs, e a capacidade e conteúdos que os negociadores (“traders”) utilizam nos mercados financeiros. De facto este nível de coordenação sai fora dos parâmetros das consideradas formas de redes tradicionais que são pré-reflexivas em geral. As redes estão incorporadas em espaços territoriais e não sugerem a existência de mecanismos reflexivos de projecção que agregam, contextualizam e aumentam as actividades de relacionamento.

___slide 16___Com o conceito de GRS o autor contempla num único plano os componentes técnicos, visuais e comportamentais numa plataforma global comum em que os participantes do mercado financeiro partilham e participam nos seus ecrãs de computador. Estes sistemas que constroem o GRS são hoje quase totalmente providenciados externamente por empresas especializadas nos mercados financeiros que já actuavam neste mercado no período que não existia a computorização.

___slide 17___As principais empresas são a Reuters, a Bloomberg e a Telerate que alimentam continuamente os ecrãs mas também partilham essa função com os restantes operadores como os negociadores que colocam as suas ofertas e observações do mercado.

Os participantes além de incorporarem no sistema as suas notações e observações são também consultores para as empresas que obtém destes elementos para melhorar os seus sistemas de projecção de informação. Podemos afirmar que o universo financeiro é um sistema duplamente reflexivo. Por um lado o mecanismo GRS projecta continuamente a realidade financeira que emerge e por

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outro lado os participantes contribuem para projecção do mercado imediato. Este universo é puramente informacional. É baseado em informações. os negociadores não encontram objectos que possam ser alvo tangível de estudo cientifico ou transformação tecnológica. O que surge nos ecrãs não são seres vivos são somente momentos de oportunidade que podem ser consumadas em series de negociações que surgem a uma velocidade vertiginosa. Negociações estas que podem ser de investimento ou especulação.

The Mirrored Market: GRS illustrated

___slide 20___O autor apresenta este trabalho com base na sua observação de duas salas de negociações, uma em Zurick outra em Nova York. Estes espaços especializados em negociação de acções, hipotecas (bond), e divisas onde são utilizadas diversas técnicas e instrumentos. Os traders estão normalmente agrupados por tipo de negociação. Cerca de 20% destes traders negoceiam divisas estrangeiras por via de transações inter-bancárias. Utilizam diversos monitores que projectam as informações/noticias e também lançam as suas ofertas e aquisições, ou seja os mercados estão reflectidos nestes monitores.

Os monitores mostram diferentes tipos de informação: Um monitor central a que designamos por negociador electónico (“electronic broker”) onde os preços das negociações são projectados segundo as melhores ofertas e apostas em pares de divisas (€ vs $). É neste electronic broker que normalmente os traders negoceiam em substituição do voice broker (por telefone). Podemos afirmar que o electronic broker system é aquilo a que chamamos fazedores de mercado (“market makers”).

Um outro monitor a que designamos por “Reuters Conversation Dealing” os traders efectuam as negociações e materializam conversações bilateriais por via de mensagens tipo email.

Noutro monitor os traders observam os preços que os diversos bancos, à volta do mundo, atribuem às divisas de forma meramente indicativas ou especulativa.

Em outra workstation, os negociadores observam a sua própria posição no mercado, se estão curtos ou longe do valor da divisa.

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Finalmente existe um outro monitor em que as principais noticias provenientes dos media são projectadas em formas de headlines, como comentários económicos e políticos, boletins internos que são utilizadas para a tomada de decisão que normalmente é muito rápida.

___slide 21___É explicito que os mercados financeiros estão dependentes das infra-estruturas electrónicas. Nomeadamente o mercado das divisas que assenta sobre plataformas de comunicações electrónicas que ligam os diversos bancos e operadores numa rede digital que negoceia preços de moedas estrangeiras. Empresas como a Reuters ou Bloomberg apoiam esta infra-estrutura não só com noticias mas também com equipamentos. Em 2003 a Reuters tinha instalado em todo o mundo cerca de 300 mil terminais e a Bloomberg uns 150 mil. Só em 2001 o volume de negócio destas empresas ultrapassaram os 2 mil milhões de euros.

___slide 22___Esta realidade leva-nos a definir as diferenças entre as redes de coordenação e reflexiva.

A primeira é que a infra-estrutura material dos mercados financeiros é mais do que redes digitais, cabos ou satelites de comunicação, são também as praças financeiras (salas de negociação) que estão nas principais cidades como Londres, Nova York ou Singapura. Estas salas de negociação são as pontes do mercado financeiro internacional e movem-se conforme o fuso horário no movimento do Sol. Contudo não podemos descurar a importância do hardware e software das próprias salas de negociação e os terminais existentes para verdadeira negociação.

___slide 23___Em Segundo lugar, as interligações de comunicação entre os diversos participantes dos mercados incluído o serviço prestado pelas empresas externas (Reuters, Bloomberg, etc) não são coincidentes com a redes sociais criadas durante o fluxo de transacções. As redes electrónicas tem uma construção diferente daquela existente na construção social das redes sociais e financeiras. Como é o exemplo do

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Electronic Broker System em que os traders respondem a vendas anónimas ou efectuam vendas automáticas no sistema.

___slide24___Em terceiro, os terminais são mais do que janelas que ligam os diversos participantes, projectam também a realidade dos mercados financeiros. “being in the market” estar no mercado é uma afirmação levada à letra. Os tradrers movem-se dentro deste mercado, partilhando literalmente a sua tecnologia e sistemas. Os monitores providenciam o core do mercado e o seu contexto em três círculos de informação: Negociações de preços e conversações; segundo circulo com preços indicativos, informações de contas e algumas noticias; e um terceiro que inclui as principais noticias e comentários. Tudo reunido numa forma que dá sentido à navegação dos diversos participantes, proporcionando um sistema global de reflexivo (GRS).

___slide 25___Existem dois aspectos essenciais deste sistema global.

Um é que GRS reúne não só informação como também cria e produz informação por via das performance transacções, ou seja o sistema é reflexivo e perfomativo. Contribuindo também para as relações entre os pares. No GRS 80% das relações fazem-se anonimatamente pelo Electronic Broker (EBS) e 20% por contacto telefónico com clientes e “amigos”.

___slide 26___Outro aspecto a salientar é que o mercado espelhado nos monitores tem uma presença, perfil e propriedades próprias, “os mercados são tudo”. Os traders confrontam-se com duas realidades de conversação uma por via das transações ou por telefone e outra realidade demonstrada pela “vida própria” do mercado.

__slide27___ conclusões____A noção de “mercado” é discutida pela economia, sociologia e psicologia que culmina na expressão o “mercado é tudo”. Esta expressão é configurada em todas as coisas que passam no ecrã financeiro dando uma percepção de aumento de mercado em vez de projectar o mercado real. Os ecrãs deste mercado são idênticos e replicados por todas as instituições que fazem parte do sistema de negociações. Podemos afirmar que os monitores são um grande espelho e equipamento de transacções em que todos se revêm.


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