SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...................................................................................................02
ATIVIDADE 1: HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE
AGROPECUARIA...................................................................................................03
ATIVIDADE 2: A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA................06
ATIVIDADE 3: AGRICULTURA E INDÚSTRIA UM CAMINHO SEM VOLTA........09
ATIVIDADE 4: CONSEQÜÊNCIAS DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA................11
ATIVIDADE 5: MÃO-DE-OBRA..............................................................................14
ATIVIDADE6: AS TRANSFORMAÇÕES PROVOCADAS PELA MODERNIZAÇÃO
DA AGRICULTURA................................................................................................16
ATIVIDADE 7: DO CAMPO PARA A CIDADE UM CAMINHO SEM VOLTA.........17
REFERÊNCIAS......................................................................................................20
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Apresentação
Este trabalho é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional
promovido pelo Governo do Estado do Paraná, que proporcionou um retorno dos
profissionais da educação básica aos estudos acadêmicos, possibilitando uma
troca coletiva com nossos pares.
A pretensão desta Unidade Didática é demonstrar a importância da
agricultura para a vida do homem, buscando subsídios para o desenvolvimento de
uma consciência critica no educado e valorizar o trabalho e trabalhador rural.
O estudo aborda a modernização da agricultura ocorrida, principalmente, a
partir da década de 70, no norte do Paraná e suas consequências; entre elas a
substituição de lavouras perenes como café e a introdução de lavouras
temporárias como a soja, milho e trigo, que hoje dominam a paisagem rural e que
provocam uma rápida urbanização do município. Este estudo visa proporcionar
aos alunos a análise dos efeitos da modernização da agricultura, destacando a
revolução verde e o pacote de tecnologias implantado no país, bem como os
danos ao meio ambiente e à vida das pessoas que isso gerou ao país.
Além disso, ressalta a importância do trabalho rural para produção de
alimentos, para geração de riquezas e para a criação de empregos que a cadeia
do agronegócio proporciona ao país, mostrando aos alunos a importância da
agricultura para o desenvolvimento.
Isso melhora a auto-estima dos educandos moradores da área rural ou que
moram na cidade e trabalham com a família em atividades ligadas ao campo, que
muitas vezes, sofrem com imagens negativas que ainda se têm, pois alguns ainda
vêem o campo como símbolo do atraso. Fato este comprovado pelas brincadeiras
feitas pelos colegas do meio urbano com aqueles que vivem na área rural.
Por isso, a implementação desta Unidade Didática é pertinente, uma vez
que, os alunos tendo o conhecimento e a consciência de que muitas vezes o
espaço urbano se confunde com o espaço rural, deixarão der rotular os colegas,
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compreendendo a importância do papel desempenhado por todos na sociedade.
Essa interação dos espaços é discutida por Graziano da Silva (1999) que
afirma estar cada vez mais difícil delimitar o que é rural e urbano, para o autor
esses espaços são uma continuidade. Nas regiões de maior modernização da
agricultura estão surgindo novas atividades que quase não têm mais a ver com as
tradicionalmente ali desenvolvidas; como, soja, milho, trigo, café, surgindo agora
atividades como turismo rural, pesque-pague, produção de flores, produção de
mudas de hortaliças, levando a uma especialização do trabalho. Isso demonstra
claramente que rural e urbano estão integrados.
Histórico sobre a evolução da atividade agropecuária:
Agricultura é o conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o
objetivo de obter alimentos, fibras energia, matéria-prima para roupas,
construções, medicamentos ou apenas para complementação estética.
A agricultura surgiu a mais ou menos 12000 A.C. e até o século XVII, a
agricultura era uma atividade rudimentar, instável e de baixa produtividade. Foi a
partir da Revolução Industrial (Século XVIII), que a agricultura teve um
desenvolvimento espetacular.
Podemos dividir a agricultura considerando o ponto de vista técnico e
cientifico em três etapas.
Agricultura Antiga ou Arcaica?
Atividade agrícola que utiliza técnicas rudimentares de produção é a
atividade agrícola mais antiga de subsistência e de baixa produtividade,
caracterizada pela utilização da força humana e animal e não usava métodos
científicos de organização, neste tipo de agricultura a produção era destinada
somente à alimentação humana.
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Agricultura moderna
Surgiu com a Revolução Industrial na Inglaterra entre o final do século XVIII
e o final do século XIX. Caracteriza-se pelo aperfeiçoamento dos instrumentos de
trabalho agrícolas como o arado de aço, pelo uso de adubos e corretivos do solo.
A partir do século XX com aumento da população ouve a necessidade de
aumentar a produção, para que isso acorresse a aplicação de ciência e tecnologia
foi muito importante, esse período da agricultura ficou conhecido como Revolução
Verde.
Agricultura contemporânea.
É a fase mais evoluída da agropecuária, pois apresenta um elevado grau
de modernização e integração industrial, com uso intenso de capitais e apoio da
ciência. Utilizam-se cada vez mais tecnologia, máquinas modernas, intensa
utilização de herbicidas, inseticidas e sementes geneticamente modificadas, pouca
mão-de-obra, com grande dependência do setor industrial.
Atividades
As atividades serão desenvolvidas tendo como base o levantamento teórico
feito pelo professor-PDE além de outras situações-problema levantadas, cuja
resolução necessitará de pesquisas feitas pelos alunos. Tendo como escopo levar
os alunos a compreenderem a evolução histórica da agricultura e por
conseqüência despertar o interesse deles pelas atividades agropecuárias.
A implementação das atividades em sala será feita por meio de imagens,
mostrando aos alunos as fases pela qual a agricultura passou além de discussões
pertinentes ao tema, tendo como foco o meio rural local e, para tanto, é necessário
levantar algumas questões como:
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Você conhece a área rural do seu município?
Analisando a evolução histórica da agricultura, qual é a fase em que a
agricultura local se encontra? Por quê?
Você sabe quais são os elementos da natureza que interferem na atividade
agropecuária? Por quê?
Agora, produza um texto dissertativo, discutindo os temas levantados no
debate realizado.
Avaliação: avaliar a participação e a organização de idéias dos alunos na
forma oral e escrita.
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A modernização da agricultura brasileira
No Brasil, o processo de modernização iniciou-se na década de 50, com as
importações de máquinas e equipamentos mais avançados para produção
agrícola, com objetivo de aumentar a produção do País, bem como a de substituir
as importações. Na década de 60 incorporou-se no País um setor industrial.
Essa fase monopolista do capital se instala no país no final do
período JK (1961), que marca a última fase da industrialização, ocorrendo
mudanças significativas na agricultura brasileira, pois, foi nesse período que se
instalaram no país as principais indústrias de insumos e de implementos agrícolas
(tratores, máquinas, fertilizantes, agrotóxicos, etc) que necessitavam de
consumidores, os agricultores.
A partir de meados da década de 1960, a agricultura brasileira inicia o
processo de modernização, com a chamada revolução verde, e o governo adota
um modelo agrícola voltado ao consumo de capital e tecnologia externa, passando
a incentivar os produtos destinados à exportação, e que consumissem produtos
industrializados no processo de produção, como é o caso da soja, milho, trigo,
cana de açúcar. Surgiu neste período, ainda, novos objetivos e formas de
exploração agrícola com transformações tanto na pecuária, quanto na agricultura.
"A agricultura foi drenada nas duas pontas do processo produtivo: na do
consumo produtivo, pelos altos preços que teve que pagar pelos produtos
industrializados (máquinas e insumos) que é praticamente obrigada a consumir; e
na da circulação, onde é obrigada a vender sua produção a preços vis."
(OLlVEIRA,1990,p.52)
Segundo Guimarães (1982), surgem no Brasil leis disciplinares e
estimuladoras do crédito rural em meados de 1960, as quais buscam incentivar a
produção de culturas compatíveis com a tecnologia disponível na indústria para os
agricultores. Porém, o que ocorreu com o crédito rural subsidiado, iniciado em
1960, foi o fato de que algumas culturas foram estimuladas e outras deixadas de
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lado.
"(...) o café de 1970 à 1979 tem a sua participação no total do crédito de
custeio reduzida de 44% para 13%. Por outro lado, a soja e o trigo que em 1970
utilizavam em conjunto 10% do crédito de custeio, saltam para 40%
(IPARDES,1982 p.34).
Segundo Moreira (1990), a concessão de crédito subsidiado por meio do
sistema nacional de crédito rural (1965), o investimento em pesquisa agronômica
e extensão rural foram os principais instrumentos para promover a industrialização
do campo.
Para BRUM (1988) o crédito rural introduziu de forma rápida o ‘pacote
tecnológico’, que tornou o agricultor dependente do mercado. Agora ele faz parte
de um processo industrial, onde é obrigado a comprar e vender para as indústrias
que formam o agronegócio.
FLEIZCHFRESSER (1988) sintetiza duas idéias sobre modernização da
agricultura, uma assume um caráter funcionalista, concebe as transformações
como passagem da agricultura tradicional (atrasada) para um estágio moderno
(desenvolvido) reflexo do próprio desenvolvimento econômico. Outra interpreta a
modernização como alterações de acumulação da economia e subordinação da
agricultura ao capital industrial. A autora adota o segundo conceito por ser aquele
que mais explicita a modernização e as transformações do espaço rural.
Modernização da agricultura significa modificação na organização de
produção que vai ocorrendo através do progresso técnico da agricultura,
substituindo o burro pelo trator, intensificando a utilização de mão de obra volante
“bóia fria”, expulsando os pequenos proprietários, que vão dando lugar aos
grandes latifúndios de modelos empresariais.
A modernização da agricultura não é outra coisa senão o processo de
transformação capitalista da agricultura, que ocorre cada vez mais integrada ao
sistema de mercado. Tal modernização busca fazer aumento de propaganda para
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aumentar o lucro, visando poder aumentar a apropriação da mais valia.
Atividades
O objetivo desta atividade é analisar o processo de tecnificação e de
substituição da mão de obra, como conseqüência da modernização da
agropecuária. Saber o que é modernização agrícola e como esse processo
ocorreu no Brasil.
Após a exposição do conteúdo feita pelo professor, por meio de textos e
imagens do passado e do presente agrícola, os alunos serão instigados a fazer
perguntas para que possíveis dúvidas sejam dirimidas.
Usando o laboratório de informática os alunos serão divididos em equipes
onde farão uma pesquisa sobre revolução verde, agrotóxicos, bóia-fria, crédito
subsidiado, agronegócio. Nesta pesquisa deverá estar bem detalhado o
significado de cada item pesquisado.
O processo avaliativo desta etapa consiste na participação dos alunos nos
questionamentos feitos durante a aula e no resultado alcançado com as
pesquisas.
Agricultura e indústria um caminho sem volta
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(Imagem produzida pelo autor)
O setor industrial influencia muito a agropecuária, muitas vezes
determinando as formas de cultivo, os produtos a serem produzidos e as técnicas
a serem empregadas. Este setor industrial encontra-se quase que totalmente
dominado por grandes empresas multinacionais, que, geralmente oferecem
assistência técnica gratuita, com o objetivo de fazer propaganda de seus produtos.
Isso acaba provocando a "venda de sementes, adubos, tratores, colheitadeiras,
etc.”.
A verdadeira assistência técnicas é aquela preocupada em valorizar o
homem do campo, propiciando-lhe melhores condições de vida, ajudando a
encontrar o caminho para mantê-lo na atividade rural, dando-lhe uma vida digna.
No processo de transformação tecnológica dos últimos tempos, o Brasil
privilegiou alguns produtores (os grandes) e algumas atividades (os produtos
de exportação) em algumas regiões (centro sul). Esta modernização também
trouxe transformações nas relações capitalistas de produção, com o
surgimento da mão de obra volante, pessoas que agora moram na cidade e
trabalham na zona rural conhecidos como bóias-frias.
Hoje, a atividade agropecuária é altamente dependente do setor industrial,
principalmente dos grandes grupos estrangeiros: as chamadas multinacionais, que
são produtoras de tecnologia agrícola, tanto maquinários como insumos,
juntamente com as empresas processadoras de matérias-primas e alimentos.
Muitos produtos são produzidos de maneira integrada entre indústria e
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agropecuária, é o caso, por exemplo, do frango, porco, madeira, laranja, etc.
Neste sistema, é a indústria quem fornece todos os insumos, determina as formas
de produção e o preço a ser pago ao produtor, que acaba tornando-se um
assalariado, mas dono dos meios de produção, e dependente da indústria que
fornece os insumos e compra sua produção.
A modernização da agropecuária não melhorou as condições de vida da
população rural, e sim piorou, contrariando as teorias econômicas e sociológicas
que apontavam que a modernização da agricultura elevaria o padrão de vida da
população.
O homem é o único ser da natureza que faz sua própria história,
modificando as condições naturais de vida, para situações que possam lhe trazer
conforto. Mas estas mudanças provocadas ao longo dos séculos podem trazer
conseqüências sérias à própria existência do homem.
No mundo atual, onde predomina o modo de produção capitalista, a
exploração dos recursos naturais tem sido praticada de forma irracional, muitas
vezes colocando em perigo a própria espécie humana. No sistema capitalista,
onde existe a exploração do próprio homem pelo homem, tem-se aumento de
produção com grande destruição dos elementos da natureza.
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Atividade
O objetivo desta atividade é demonstrar a influência da atividade industrial
no meio rural e na vida do homem do campo.
Vamos testar seu conhecimento:
Você consome algum produto totalmente natural? Quais?
Você saberia descrever as etapas de produção do feijão e arroz até ele
chegar à sua mesa? Explique.
Descreva os problemas ambientais que você conhece, causados pela
atividade agrícola.
Consequências da modernização agrícola.
(imagem do autor)
Com a modernização da agricultura a dinâmica populacional foi
intensificada pelo fluxo migratório em conseqüência do êxodo de pequenos
proprietários, arrendatários e parceiros, provocando o aumento das médias e
grandes cidades e esvaziamento das pequenas cidades.
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As demandas do agronegócio tornam os agricultores vulneráveis,
pois estes acabam por se integrar ao mercado de commodities, tornando-se
dependentes da disponibilidade de insumos, de assistência técnica e de uma
especialização produtiva das regiões, as quais acabam sendo alvo de disputa e
controle pelas empresas que intermedeiam o ciclo de produção agrícola, do
consumo produtivo à comercialização final.
Esse novo modelo de desenvolvimento econômico tem demonstrado
exclusão do homem do campo, com diminuição da renda, desemprego, entre
outros, ocasionando cada vez mais uma dependência em relação aos produtos
industriais (herbicidas, inseticidas, adubos, máquinas, etc.) que aumentam a
produção, produção, mas causam problemas sociais e ambientais cada vez mais
graves como: rápida urbanização, desemprego, erosão dos solos, poluição das
águas e destruição da biodiversidade.
Nas últimas décadas, podemos dizer que existe um re-ordenamento do
espaço, as cidades não podem mais ser identificadas apenas com a atividade
industrial e prestação de serviços e, nem os campos, com as atividades
pecuárias e agrícolas, pois temos uma agricultura moderna que se utiliza da
tecnologia industrial produzida nas cidades para aumentar a produção,
responsável por mudanças profundas na produção agrícola e na vida do
planeta.
Precisamos urgentemente discutir o papel do campo e, o trabalho rural
para que as pessoas do campo possam sentir orgulho do seu trabalho,
desconstruindo pré-conceitos quanto ao seu modo de vida, que muitas vezes é
tratado como um trabalho inferior.
A precariedade das condições de vida, problemas climáticos e a
modernização das técnicas agrícolas levaram milhares de pequenos e médios
agricultores a abandonar o campo e buscar trabalho na cidade. Essa intensa
migração do campo para as cidades, de forma rápida e com curto espaço de
tempo, é conhecida como êxodo rural.
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A modernização da agropecuária não melhorou as condições de vida da
população rural, e sim piorou, contrariando as teorias econômicas e
sociológicas que apontavam que a modernização da agricultura elevaria o
padrão de vida da população.
Atividades
Será realizada uma aula de campo para conhecer o espaço rural e as
transformações que nele ocorreram. A qual aula ocorrerá da seguinte maneira:
No contra-turno das aulas, será realizada uma visita a uma propriedade
rural do município de Ibiporã, com o objetivo de conhecer as práticas do cultivo
adotado atualmente. No caminho, os alunos serão estimulados a refletir sobre
questões fundamentais como a flora, fauna, a água e a inter-relação entre os
elementos da natureza e as principais transformações que houve no meio
ambiente.
No espaço rural os alunos serão convidados a fazer silêncio para ouvir os
sons da natureza e perceber as diferenças entre o rural e o urbano. Na
propriedade rural os alunos deverão conversar com os produtores para poder
conhecer os fatos históricos que ocorreram nesta região e entender os métodos
de produção utilizados na agricultura local. Os alunos serão previamente
orientados sobre como era a região, o processo de ocupação deste espaço e
as transformações que ocorreram desde o período de colonização até os dias
atuais. Também mediados pelo professor serão orientados como elaborar um
relatório de campo onde possam fazer uma descrição dos fatos que irão
ocorrer neste trabalho de campo, por isso, serão orientados a registrar por meio
de fotos, filmagens, desenhos e produção de texto todo o processo do trabalho de
campo.
Após a realização desta aula de campo, a sala será dividida em equipes que farão
um relatório acerca da experiência, juntando as informações, as fotos e filmagens,
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enfim, todo o material coletado em campo com as produções de textos.
O professor irá intermediar mostrando fatos do passado e do presente para
comparações, onde os alunos irão analisar as transformações ocorridas no
espaço geográfico.
Atividades
Como você descreveria o espaço rural de seu município?
Você conhece as atividades rurais praticadas em seu município? Descreva.
A atividade agropecuária é importante? Por quê?
Você sabe a origem de sua família? Ela era rural ou urbana?
O professor avaliará os alunos por meio de questões dissertativas, visando
dimensionar a amplitude do trabalho realizado.
MÃO DE OBRA
Podemos dizer que hoje estamos vivendo no Brasil um período bem
diferente do nosso passado recente, a nossa agricultura ocupava a grande maioria
de nossa mão-de-obra e o local de moradia da maior parte de nossa população
era o espaço rural.
O crescimento urbano-industrial, os atrativos urbanos a lei do trabalhador
rural, a precariedade das condições de vida, problemas climáticos e a
modernização das técnicas agrícolas levaram milhares de pequenos e médios
agricultores a abandonar o campo e buscar trabalho na cidade. Essa intensa
migração do campo para as cidades, de forma rápida e com curto espaço de
tempo, é conhecida como êxodo rural.
No Brasil a mecanização do campo e o rápido êxodo rural ocorreram de
forma muita rápida, diferente do que ocorreu em outros países, como EUA.
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Essa rápida mudança de estilo de vida e de local de moradia trouxe sérias
conseqüências sociais e ambientais ao país. Sociais, pois, não havia trabalho nas
cidades para todos, principalmente porque o trabalho urbano não era compatível
com a sua qualificação, levando muitos ao trabalho na zona rural como bóias frias.
Ambientais, falta de infra-estrutura urbana (água encanada, asfalto, rede de
esgoto, transporte, escolas, creches) surgimento de muitas favelas principalmente
as margens dos rios, passando a haver uso indiscriminado de agrotóxicos e
equipamentos agrícolas para substituir o trabalho manual. Hoje a cidade e
composta por grande parcela da população vinda da zona rural que ocupam
diferentes profissões, pedreiros, motoristas, moto taxistas empregadas,
domésticas, garis, etc, e ainda temos muitas profissões novas que estão
aparecendo no meio urbano para suprir a falta de trabalho, para todos.
Atividades
Objetivo é levar ao conhecimento dos alunos que a grande maioria das
pessoas que hoje vivem na cidade teve sua origem no meio rural.
Elaborar um questionário junto aos alunos para saber a origem de suas
famílias e ainda, fazer um levantamento de dados sobre aquelas que
permaneceram na área rural e qual o motivo que determinam esse local de
moradia.
Constituir equipes de 10 alunos para entrevistar pessoas ligadas à
agropecuária, com o objetivo de saber o que leva as pessoas a abandonar o meio
rural e procurar trabalho na cidade. Esta pesquisa deverá ser feita em órgãos
governamentais como EMATER (Empresa Brasileira de Extensão Rural),
PREFEITURA, SEAB (Secretaria de Estado e do Abastecimento), para obter
informações sobre as transformações provocadas pela modernização da
agricultura no período de 1970 a 2010.
As transformações provocadas pela modernização da agricultura
A partir da década de 1970, as atividades agrícolas passaram a contar com
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muito mais tecnologia para aumentar a produção, usando menos mão de obra, a
produção rural passa a fazer parte do complexo agroindustrial que fornece as
maquinas e insumos para produção e o agricultor torna-se parceiro e consumindo
dos produtos industriais, fornecendo matérias-primas para indústrias de
transformação ou simplesmente exportando seus produtos in natura.
Quando falamos em agricultura, logo pensamos nos alimentos que
consumimos diariamente, mas existem muitos outros produtos que necessitam do
trabalho rural ou são produzidos graças ao produtor rural e que muitas vezes não
percebemos, como a madeira dos móveis, o algodão das roupas, o álcool dos
automóveis. Podemos dizer que, a atividade agrícola e fornecedora de alimentos,
mas também de matérias primas para a indústria.
A importância econômica da agricultura por meio da rede de relações que
se estabelece ao redor da cadeia produtiva e muito importante para qualquer país
do mundo. Em 2003, a agropecuária foi responsável por cerca de 6% do PIB
brasileiro, mas se considerarmos todas as atividades industriais, comerciais e
serviços ligados ao agronegócio, a participação de todo complexo agroindustrial
sobe para quase 40% do PIB brasileiro.
Isso não acontece somente no Brasil, mas também nos países do 1º
mundo, cuja agropecuária produz em média, 3% do PIB, mas os agronegócios são
responsáveis por cerca de um terço dele. Nestes países, a agropecuária e
fortemente subsidiada, e impõe muitas barreiras tarifarias e não-tarifarias, para
proteger seus agricultores.
Barreiras tarifarias ou não tarifarias – são mecanismos criados pelos
governos, em defesa da economia interna do país, contra a concorrência de um
produto estrangeiro mais barato e acessível. Ex: Se o Brasil não criar uma barreira
tarifária ou alfandegária contra a concorrência de produtos chineses (roupas,
tecidos, brinquedos e eletrodomésticos etc.), produzidos e vendidos mais baratos,
devido à mão-de-obra “escrava” daquele país comunista, a indústria desses bens
irá à falência, causando crise e mais desemprego neste país.
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Atividades
Em equipe, usando o caderno econômico da folha de Londrina, os alunos
irão analisar quais são os produtos agrícolas que o compõem. Pesquisando vários
meses do ano analisarão os preços praticados em cada praça, e se ouve variação
entre os meses do ano o porquê dessa variação? Buscarão entender as
diferenças de preços que ocorrem dentro do próprio estado, além de pesquisar os
preços praticados na bolsa de Chicago.
O objetivo deste trabalho é mostrar aos alunos como os preços agrícolas
são manipulados em nível local, em outras partes do estado e do próprio país,
entendendo o que interfere nos preços e por que isso ocorre. Esta é uma forma
clara de mostrar aos alunos como o mercado manipula os preços agrícolas e
também os agricultores.
Do campo para cidade um caminho sem volta.
O norte do Paraná especialmente a cidade de ibiporã vive nos últimos anos
um grande êxodo rural, provocado principalmente pela modernização da
agricultura, mudanças na legislação trabalhista, que estabelece garantias e
encargos que os proprietários de terras não queriam assumir, dispensando os
trabalhadores e a geada de 1975 que queimou os cafezais estão entre os fatores
que mais contribuíram para a saída do homem do campo. O trabalho pesado, as
condições precárias a desvalorização das pessoas do campo, e a falta de políticas
públicas explicam, também, a migração dos agricultores para as áreas urbanas
das grandes cidades.
A saída do campo é um problema. O pequeno agricultor é expulso do
campo e vem para cidade em condições péssimas. O médio e grande produtor
vem para cidade, pois os filhos já não querem mais continuar na profissão dos
pais. Fica a pergunta quem vai trabalhar na atividade? Quem vai produzir
alimentos? Vamos importar mão de obra?
Segundo o jornal de londrina (JL) dados do ministério da agricultura
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revelam que 80% dos itens que compõem a cesta básica são produzidos em
pequenas propriedades. Com a saída de pessoas do campo Sérgio Luiz Carneiro,
da Emater, ressalta, em longo prazo, os custos dos alimentos aumentarão para o
consumidor final e pode haver substituição de culturas. O novo proprietário (rural)
já enfrenta a falta de mão de obra. Principalmente no cultivo de hortaliças, que são
quase exclusivamente de trabalho braçal.
O cientista social Daniel Delatin vê com preocupação uma possível
concentração de terras. Segundo ele, isso aumenta a necessidade de se pensar o
futuro do campo como um setor estratégico, formulando políticas de longo prazo,
para manter e valorizar as pessoas ligadas a esta atividade tão importante e que
tem ficado de lado tanto pelos governantes quanto pelos moradores urbanos.
“Os pais dos produtores de hoje foram os pioneiros do campo. Eles estão
no campo há mais de 50 anos. Por isso, temos que pensar na geração futura do
campo daqui a 20 anos, 30 anos. Essa é uma questão de extrema importância e
não se pode ficar pensando em pequenos projetos.”
Daniel Delatin ainda aponta que essa migração dos jovens para cidade
resulta como consequência, no envelhecimento da população da área rural. Para
ele a fixação do jovem no campo está diretamente relacionada a políticas públicas
integradas. “Uma capacitação tecnológica desse jovem, mostrando para ele como
administrar a propriedade; capacitação de gerenciamento, para se buscar
alternativas de renda será essencial para se criar uma perspectiva de viabilidade
no campo”.
Sem uma mão de obra rural como poderemos ter uma agropecuária sustentável.
Atividade:
Elaborar pesquisa via internet, livros, revistas e as informações coletadas
nos questionários e entrevistas realizadas na zona rural e urbana, verificando os
aspectos positivos e negativos de correntes da modernização da agricultura,
gerando um relatório final.
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Realizar um seminário, apontando os pontos positivos e negativos da
modernização do campo, fazer uma analise critica com os alunos sobre os
estereótipos sofridos pelos moradores de origem rural e buscar alternativas que
possam valorizar o trabalho e trabalhador rural.
Objetivo; entender quais são os aspectos positivos e negativos da
modernização do campo e buscar alternativas que possam valorizar o trabalho e
trabalhador rural, mostrando a importância desta atividade e seus trabalhadores.
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