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EXPEDIENTE

Centro Universitário Vila Velha - ESRua Comissário José Dantas de Mello, 15, Boa Vista - Vila Velha -ES-CEP: 29102-770

ReitorManoel Ceciliano Salles de Almeida

Vice-ReitoraLuciana Dantas da Silva Pinheiro

Pró-Reitor AcadêmicoPaulo Régis Vescovi

Pró-Reitor AdministrativoEdson Franco Immaginario

Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Danielle BrescianiDiretor de GraduaçãoNilton Dessaune Filho

Coordenador de Jornalismo Rodrigo Cerqueira

Professora OrientadoraFlávia Arruda Rodrigues

O Talento é uma produção do NÚCLEO EDITORIAL DA UVVMonitores do Laboratório Gabriel Borges e Mário AzevedoEstagiários do LaboratórioGisele Porto Ribeiro, Lauro Assis e Mariana Cicilioti Textos Alunos da turma J3MEnsaioAlunos das turmas J5M e J5NProfª Orientadora de FotojornalismoElizabeth NaderCapaArte do professor Marcos Spinassé sobre foto do aluno de fotojornalismo Rafael ReisSupervisão de Design GráficoMarcos SpinasséTiragem 500 exemplares

Uma arte novaNa tradução literal, a expressão francesa art nou-

veau equivale, em português, a arte nova. O nome caracterizou uma importante escola de design do sé-culo XX. Influenciou os mais diferentes artistas, do cartazista Henri de Toulouse-Lautrec ao designer de joias René Lalique, entre tantos outros. A proposta dos alunos de Comunicação Social para este número da revista-laboratório Talento também foi, de certa forma, um tipo de arte nova.

Todas as páginas foram desenhadas de forma a re-produzir as linhas-mestras e a tipologia art nouveau, tão comuns nas décadas de 1900 a 1920. O desafio foi casar textos e fotos atuais com padronagens anti-gas, proporcionando uma leitura agradável ao leitor. Um exercício proposto pelos professores que inte-gram o Núcleo Editorial do Curso de Comunicação Social do Centro Universitário Vila Velha (UVV), que contou com a adesão imediata de alunos das ha-bilitações Jornalismo e Publicidade e Propaganda de diferentes períodos.

O cotidiano do bairro da Glória, em Vila Velha, é um dos principais temas desta revista-laboratório Ta-lento que chega às suas mãos. Nela, o leitor também encontra diferentes entrevistas e um ensaio fotográfi-co. Tudo produzido pelos estudantes.

O Núcleo Editorial dá, portanto, continuidade ao projeto iniciado no número anterior, que circulou em abril deste ano. Nele, os alunos trabalharam os conceitos do Psicodelismo, tendência que esteve em voga nos anos 1960. A atividade terá sequencia no próximo semestre, com outras escolas de design a se-rem escolhidas pelos próprios alunos.

Flávia Arruda RodriguesProfessora Orientadora

A professora Elizabeth Nader (à esquerda) e os alunos de fotojornalismo Junnia Cunha (no centro), Rafael Reis, Marcieli Bizi e Aubrey Effgen se protegem da chuva que, repentina-mente, cai sobre o bairro da Glória. Parte do resultado desta atividade pode ser conferida nas páginas centrais desta edição da revista-laboratório Talento.

Flávia Arruda Rodrigues

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O vídeo que mostra a reação de um menino australia-no frente às provocações que vinha sofrendo na esco-la pelos seus "colegas" ficou mundialmente famoso e comentado. Desde então, o bullying ganhou destaque na mídia e vem sendo tema de palestras, debates e re-portagens. Na entrevista a seguir, a psicóloga Larissa Ambrósio, especialista em comportamento e distú-bios da mente, esclarece dúvidas sobre essa prática intimidadora que é o bullying.

Primeiramente, o que é bullying?LARISSA AMBRÓSIO: Bullying tem um significa-do muito vasto mas, dentro dessa totalidade, podemos resumir que é todo tipo de tortura física e psicológica de que são vítimas as crianças e jovens que têm como agressores seus próprios colegas.Qual o perfil de um bullie?LARISSA: Já é comprovado por pesquisas que os praticantes do bullying tem uma personalidade au-toritária e uma forte necessidade de sentir que estão no controle da situ-ação. Eles querem ser populares, se sentirem poderosos e ter uma boa imagem deles mesmos. Os bullies são pessoas que não aprenderam a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Uma curiosidade interessante é que o bullying só aconte-ce se a criança que o pratica tem plateia. Ela precisa mostrar para as outras pessoas que é superior, muitas das vezes por ela mesma se sentir inferior.E essa plateia, pode-se dizer que também pratica bullying?LARISSA: De certa forma, sim. Mesmo sem partici-par, quem assiste à cena e quem usa os meios digitais para divulgá-la legitima a agressão e dá força para que ela aconteça. Como eu disse, a plateia é funda-mental no bullying. É comum pensar que só haja dois envolvidos: o autor e o alvo. Mas há terceiros. No caso, o espectador. Ele se torna uma testemunha do fato, pois não sai em defesa da vítima e nem se junta aos autores. Isso pode acontecer por medo de tam-bém ser alvo de ataques dos bullies. O praticante de bullying, pode ter esse comporta-mento por causa de problemas familiares?LARISSA: Sim, com certeza. Normalmente, ele tem uma relação familiar na qual tudo se resolve através da violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar, por exemplo.

E qual o perfil de uma pessoa que sofre o bullying?LARISSA: Geralmente, as vítimas de bullying são crianças com baixa autoestima e retraídas, tanto na escola quanto no lar. Elas também tendem a se isolar de todos, até da família. E é devido a essas caracterís-ticas que se torna difícil a reação por parte de quem sofre a agressão.No caso do garoto australiano, o que você acha que o levou a reagir?LARISSA: Como em todas as histórias de bullying, acredito que a reação do garoto é o resultado de um processo de humilhação que começou anos antes. Em seu depoimento, ele conta que sofria agressões havia mais de três anos e explica que todo o medo e a raiva que sentia o levaram a uma explosão de agressivi-dade. Reagir ao bullying é um passo importante no combate ao problema. Indignar-se e reagir são ações fundamentais para que a criança aprenda a lidar com

os medos e consiga se impor.O caso de Wellington Mene-zes, o atirador que assassinou 12 crianças no Rio de Janeiro, foi relacionado ao bullying. O transtorno pode levar a atos extremos como esse?LARISSA: O caso do Wellington é um pouco diferente. Ele sofria

de esquizofrenia, uma doença na qual o paciente cria um mundo paralelo para si. Mas ele também era uma vítima do bullying. Isso só agravou mais o quadro de esquizofrenia dele e o ajudou, sim, a chegar ao ponto de assassinar aquelas crianças. Como as escolas, que são os locais onde a incidên-cia de bullying é maior, podem tratar desse assun-to com os alunos?LARISSA: Primeiramente, é importante analisar a questão pelos dois lados. Ou seja, pelo lado do agres-sor e do agredido. Levar os alunos a refletirem sobre como a situação chegou a tal ponto. Também é ne-cessário mostrar aos alunos a gravidade do problema e levá-los a pensar sobre as consequências de "brin-cadeiras" e humilhações que se repetem no dia-a-dia da escola. Tomando por exemplo o caso do menino na Austrália, o professor pode refletir com os seus alunos sobre a história, a fim de evitar justificar o que foi feito. Fazer com que a turma entenda que o bullying leva a atitudes extremas e que é algo que precisa ser levado a sério.

“Bullying é todo tipo de tortura física e psicológica de que são vítimas as crianças ou jovens que têm como agressores seus próprios colegas”

“O bullying tem de ser levado a sério”

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Antigamente, os profissionais dermatologistas traba-lhavam basicamente tratando doenças. Isso mudou. Hoje em dia, o cuidado estético está em alta e a procu-ra por tratamentos dermatológicos aumentou drastica-mente. Foram criados tratamentos que podem ajudar a melhorar casos de pessoas que, durante a juventude, não souberam cuidar da pele. A dermatologista Yara Santos Rosetti esclarece, nesta entrevista, algumas dúvidas a respeito desses tratamentos. Explica, ainda, os cuidados que devem ser tomados no dia-a-dia.Dra. Yara, quais são as preocupações mais fre-quentes de seus pacientes?YARA SANTOS ROSETTI: São referentes à beleza. Do total, 70% deles me procuram para tratar proble-mas de acne. Geralmente são adolescentes que, por razões estéticas, querem cuidar da pele. A segunda maior preocupação é a queda de cabelo.Se uma jovem de 18 anos chegasse em seu consul-tório dizendo que precisa de produto para a pele, mas que só tem dinheiro para comprar um, qual você recomendaria?YARA: O filtro solar. Hoje em dia, ele não tem só a função de proteger a pele contra os danos do sol. Em sua composição, existem produtos que ajudam no re-juvenescimento da pele. É um produto extremamente necessário. Deve ser usado todos os dias.Hoje em dia, o mercado dermatológico está em alta. Quais foram os fatores levaram a isso?

YARA: Antigamente, a dermatologia tratava doen-ças. Quando os problemas causados pelos danos do sol tornaram-se aparentes, a dermatologia desenvol-veu tratamentos. Com as pesquisas sobre os danos que o sol causava na pele, foram estudados vários medicamentos dermocosméticos. Produtos que po-diam amenizar as linhas de expressão, laseres de rejuvenescimento e depilação a laser, por exemplo. Mas o progresso não foi só estético. Tratamentos para doenças também foram melhorados. O laser passou a ser usado para tratar vitiligo. Na verdade, os trata-mentos a laser foram inicialmente criados para |tratar questões estéticas.E quais são os prós e contras desse “boom” der-matológico?YARA: Entre os contras, estão a busca frenética pela beleza exterior. Para mim, a beleza precisa vir de dentro. O que acontece é que profissionais não-quali-ficados realizam procedimentos deformando ou quei-mando o rosto de pacientes. O mercado dermatológi-co é visto como uma “galinha dos ovos de ouro”. Um profissional consciente tem que fazer o que entende. Fazer usando o tempo que for preciso para que o tra-tamento seja bem feito. A obrigação do profissional é o bem-estar do paciente. Houve uma banalização da estética. Os pacientes devem observar seus médi-cos e ver o nível de dedicação. Prestar atenção se o médico explicar ou não os procedimentos e deixar o preço de lado, pois preço nem sempre é qualidade. Os pontos favoráveis estão na evolução da tecnologia. O paciente sente menos dor nos procedimentos, tem mais segurança de resultados sem muitas complica-ções. As substâncias têm maior qualidade e segurança sem tantos efeitos colaterais. A palavra chave, agora, é segurança. Chegar ao resultado sem complicações.Há reclamações de profissionais de sua área a respeito de outros profissionais que tornaram-se pretensos dermatologistas. Não são credenciados. Como isso afeta sua profissão?YARA: Esses profissionais não qualificados degri-nem a profissão. Os procedimentos sem qualidade mancham o nome da dermatologia. Não é justo com os profissionais registrados. Ser dermatologista é estar registrado no Conselho Regional de Medicina. Para isso, ele precisa ter o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia ou ter feito três anos de residência médica em dermatologia. Só nessas condições pode-se registrar como tal. Eu faço parte da

“A beleza é algo difícil de se definir: brota internamente e, depois, aflora”

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Comissão de Ética da Sociedade de Dermatologia do Espírito Santo. Conforme o artigo 4º da Resolução nº 1634/2002 do Conselho Federal de Medicina, “o médico só pode declarar vinculação com especialida-de ou área de atuação quando for possuidor do títu-lo ou certificado a ele correspondente, devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina”. No site www.crm-es.org.br, é possível encontrar todos os profissionais registrados do estado, não apenas na área de dermatologia mas em qualquer área da me-dicina.Assim como a tecnologia avançou, também a der-matologia registrou inovaões. Hoje, utiliza méto-dos tecnológicos para tratar os pacientes. Que tra-tamentos são esses, e quais são suas vantagens ou desvantagens, se comparados aos métodos usados no passado? YARA: O grande avanço tecnológico foram os lase-res, que continuam se aprimorando. Antigamente, po-diam tanto melhorar quanto piorar a pele do paciente. A vantagem de hoje é a maior segurança das máqui-nas, de tratar a pele e proteger ao mesmo tempo. A qualificação do funcionário que a opera também é im-portante para que seja usada com segurança. Porém, todo avanço científico tem seu custo. Antigamente, comprava-se uma máquina para executar cada fun-ção. Hoje em dia, é possível realizar várias funções com uma mesma plataforma. O preço dos tratamen-tos aumentou consideravelmente mas é o preço que se paga pela tecnologia avançada e de qualidade.Aparentemente, nos dias de hoje, muita gente se preocupa mais com a estética do que com a pró-pria saúde. O que você recomenda aos pacientes que desejam passar por variados tratamentos es-téticos?YARA: Saúde é um bem-estar físico, mental, emo-cional e espiritual. Para mim, beleza é tudo que vai além da aparência física, a beleza tem que nascer do interior. E a estética veio para se aprender, com equi-líbrio, a envelhecer bem, pois é algo que não se deve lutar contra, é natural. É preciso achar meios para passar por essa fase de forma harmônica. A beleza é algo muito difícil de se definir, brota internamen-te e depois aflora externamente. Segundo o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, “belo é o que tem harmonia em suas formas, o que não choca a visão, que não destoa no seu conjunto – um conceito muito mutável, varian-do conforme a época”. O que recomendo a meus pa-cientes é procurar ter equilíbrio emocional, entender o procedimento que vai fazer e ter expectativas realistas em relação a ele. Muitos pacientes me procuram com expectativas irreais. Meu trabalho é , também, pre-pará-los para aceitar que nem tudo pode ser feito e os resultados podem não ser exatamente aqueles que eles esperam obter.

Poucos realmente conhecem a história do Espírito San-to. Portanto, não seria ousado dizer que pouquíssimos co-nhecem a história da cidade de Vila Velha. Fomos nós, os canelas-verde, a quem os portugueses encontraram antes de chegar ao município vizinho, Vitória. Assim, é impossível não ter à mente a pergunta: mas se Vila Velha é mais antiga que Vitória, por que é menos desenvolvida? A questão central é a história do nosso estado. No livro “O capitão do fim”, o historiador Luiz Guilherme Santos Neves, explica que Vasco Fernandes Coutinho era um ca-pitão português que recebeu do rei João III estas terras como capitania. Veio para o Brasil, mais precisamente no litoral Sudeste do país para possuí-las como donatário. Trouxe consigo os degredados que passaram a fazer parte da população, e que se miscigenaram aos índios que já moravam aqui.

O capitão português pôs os pés inicialmente no que hoje é Vila Velha. Seu navio atracou na Praia do Ribeiro e foi lá que tudo começou. O que o rei não sabia, segundo o li-vro, era que o donatário a quem estava confiando às terras era um sujeito de vícios e pouco trabalho. Ao que parece, a vida de Vasco Fernandes aqui no Brasil foi de mal a pior, e a capitania não vingou como tal. A capitania fra-cassou. Vasco Fernandes acabou sendo excomungado por Dom Pero Fernandes Sardinha. A partir daí, o capitão só teve desgostos, vindo a falecer. A capitania ficou a Deus dará. A beleza natural de Vila Velha encanta os morado-res e turistas. A aposentada Berta Paixão Pereira diz que quando sai do estado e fala de onde veio, as pessoas logo citam a Glória e dizem que já passaram por lá e tem muitas fábricas, o comércio é bem amplo. Berta também citou a importância histórica do lugar, mesmo não a conhecendo.

O tatuador Sérgio Emanuel, que frequenta a Glória diz que não conhecia a fundo a história de Vila Velha, mas contou um pouco o que aprendeu na escola: “Quando os portugueses chegaram aqui, eles pisaram primeiro em Vila Velha, na Prainha”. Ele disse que o capixaba pouco sabe da sua história. “E isso é ruim até para o turismo”, acrescenta.

Ana Clara Nicolau

Qual foi a Glória de Vasco Fernandes Coutinho?

O bairro da Glória visto do alto: moradores e visitantes não conhecem as origens do lugar

Junnia Cunha

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Glória! O bairro da Glória é um dos maiores polos comerciais do município de Vila Velha. Lá, a atividade econômica está concen-trada no varejo e no atacado. Os alunos da professora Elizabeth Nader fotografaram cenas do cotidiano desse bairro tão impor-tante para a economia capixaba.

Fernanda Augusta

Amanda Léllis

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Simone Justino

Alessandra Santiago

Marcieli Bizi

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O humorista Rossini Macedo, mais conhecido por seu personagem Tonho dos Couros, atualmente reside em Vitória. Seu sotaque não nega as origens do típico nor-destino que é. Nascido na cidade de Picuí, na Paraíba, ele trabalha como profissional de humor há 14 anos. Ao longo de todos esses anos, Rossini tem acumulado inúmeros prêmios. Com o repertório de 16 personagens que compõe seu show, ele destaca Tonho dos Couros como o principal.Aos 30 anos, você decidiu deixar a profissão de em-presário e investir tudo o que tinha em sua carreira de humor. Quais foram os maiores obstáculos en-frentados?ROSSINI MACEDO: A desconfiança da família e dos amigos, que não achavam que essa minha escolha po-deria me levar ao sucesso. Destaco, também, o precon-ceito que o público tinha quando eu ainda não estava na mídia ou não era conhecido. Quando e como despertou esse interesse pelo hu-mor?MACEDO: Ainda criança, eu era um menino muito brincalhão e participava de todas as atividadse que a escola me oferecia, como teatros, musicais, festas. En-fim, eu topava tudo de que pudesse participar. O humor sempre esteve presente na minha vida através de leitura. Eu comprava revistas, livros e LPs de humor. Sempre foram coisas que gostei de ler e de ouvir. Como surgiu o personagem Tonho dos Couros?MACEDO: Quando resolvi levar a sério a profissão de humorista, pensei que tivesse que me caracterizar com

um personagem, por não ter a cara engraçada. O pri-meiro personagem que surgiu foi o Tonho dos Couros. Com esse nome, homenageei um poeta de cordel da minha cidade natal que eu sempre admirei, Seu Anto-nio Henriques Neto. Ele sempre teve esse apelido mas nunca gostou. E até aí teve humor... Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades enfrentadas por um humorista?MACEDO: Como eu disse, o preconceito do público quando não conhece o humorista. Quando isso acon-tece, é preciso ter muita perseverança para poder fazer sucesso na carreira.Você acha que o estado do Espírito Santo proporcio-na condições favoráveis para seus artistas?MACEDO: Não. Não possui nem condições nem apoio nenhum. Eu só consegui sobreviver da minha profissão aqui por ter usado o que aprendi como empresário. Tive que improvisar um lugar para trabalhar, que é o Mr. Picuí, e enfrentar todos os nãos para poder me firmar no rádio e na TV do Espírito Santo. Que fato mais o marcou nesses 14 anos de carreira? MACEDO: Sem dúvida, a minha primeira apresenta-ção na TV nacional. Foi quando venci o 1º Festival de Piadas da TV Brasileira, no “Show do Tom”, na Rede Record. Isso foi em 2004. No ano de 2005, ganhei o troféu de melhor humorista no mesmo programa.De que maneira concluiria esta frase: “O riso é...”?MACEDO: O riso, para mim, pode ser descrito na se-guinte frase: “A certeza de que seus olhos encontraram aquilo que seu coração procurava”.En

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“Tive que enfrentar todos os nãos para me firmar no rádio e na TV do Espírito Santo”

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Capixaba que sonhava ser atriz desde garotinha, Nara Passos, aos 24 anos, segue rumo ao sucesso. Apesar de pequenas, suas participações na televisão foram elo-giadas pela crítica. Interpretou, por exemplo, a perso-nagem Morte, após a saída da atriz Sophie Charlotte de “O apocalipse segundo Domingos de Oliveira”, do diretor homônimo. Na peça, fez também a personagem Vida. Sua atuação foi elogiada pela crítica. Também trabalhou como modelo e já participou de um clipe do cantor e compositor Ruba. Nesta entrevista, ela fala um pouco de sua carreira.

Quando você percebeu que queria ser atriz? Qual foi a reação dos seus pais?NARA PASSOS: Desde criança, já sabia que queria ser atriz. Meus pais não davam muita bola para esse meu projeto. Lembro de falar sobre isso com meus amigos, mas não com meus pais. Hoje, eles me apoiam.Teve dificuldades para começar a atuar?NARA: Não. Procurei um curso de atuação perto da mi-nha casa, quando já estava morando no Rio. Em pouco tempo, fiz um teste para uma participação no Sítio do Pica-Pau Amarelo, na Rede Globo, e passei. Foi assim que meus pais souberam que eu estava estudando inter-pretação: depois do teste. Meu pai ficou meio reticente e minha mãe apoiou. Foi difícil se manter na profissão?Apesar de o início não ter sido difícil, continuar na pro-fissão foi um exercício de coragem e persistência. Acho que, com cinco anos de experiência, estou aprendendo melhor a administrar as fases mais difíceis.Como é a sua preparação para os personagens?NARA: Depende um pouco do trabalho. E principal-mente do tempo que se tem para isso. Preparação de

personagem pra valer até agora, só fiz no teatro. Cha-mamos de trabalho de mesa. Costumo estudar o texto e subtexto antes de qualquer ensaio! Gosto muito de um método que chamamos de “Texto gêmeo”. É uma téc-nica ensinada por Celina Sodré, uma grande mestra. O subtexto é mais importante que o texto. O texto é o que o personagem diz, pode ser verdade, meia verdade... o subtexto é o que ele sente. É o que vai ligar uma frase à outra, desenhar as emoções e dar o que chamamos de camadas de emoção. Por exemplo: a gente sente vá-rias coisas ao mesmo tempo, tristeza, culpa, vontade de levantar, cansaço... Se você só fica triste, a interpreta-ção fica pobre. O mais importante é tornar físico, até a exaustão, o que você imagina. Se você só faz o trabalho intelectual de estudar o texto, na hora sai diferente. Você fez participações especiais na televisão, mas seu trabalho é mais em teatro. O ambiente é muito diferente? Qual dos dois você prefere?NARA: Não cheguei a viver um personagem na TV para opinar. As participações foram sempre pequenas. E costumamos esperar muito pra gravar. O teatro é uma delícia. No palco, vivemos um dia de cada vez. E todos são diferentes. O espetáculo tem vida própria. Num dia é incrível. No outro, nem tanto. Além de os textos serem densos e o espaço para discutir a vida muito maior.Tem algum trabalho favorito?NARA: Meu primeiro papel no teatro, a Morte em “O Apocalipse segundo Domingos Oliveira.”.Quais são seus planos e trabalhos para este ano? Para cinema você tem planos?NARA: Estou me “alimentando” de novos textos, estu-dando, me preparando para projetos meus. O cinema é minha grande paixão. E está nos projetos fazer parte de alguma produção. En

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“Foi assim que meus pais souberam que eu estudava interpretação: depois do teste”

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Paulo Pacheco é heptacampeão brasileiro de caça submarina, dentre outros campeonatos. Figura de destaque na cena capixaba, ele conta, nesta entrevis-ta, como se deu sua iniciação no esporte. E avisa que, apesar de prazerosa e divertida, essa atividade preci-sa ser realizada com muita cautela para que acidentes sérios sejam evitados. Conte como começou sua paixão por pesca sub-marina.PAULO PACHECO: Comecei a mergulhar com máscara aos 11 anos. Um ano mais tarde, já usava na-dadeiras, um respirador e uma fisga de mão, que me permitia pegar alguns peixes. Tudo aconteceu graças ao meu pai, que me ensinou a pescar desde criança.Você sempre quis seguir carreira no mergulho?PACHECO: Estudei economia na UFES. Foi difícil para meus pais aceitarem que eu largasse a faculdade e partisse para a pesca profissional. O que, para mui-tos é lazer, para mim virou fonte de trabalho. Nunca vou me arrepender.Dentre todas as suas competições, qual foi a mais interessante e por quê?PACHECO: Foi uma seletiva mundial em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. É um excelente ponto de mergulho. Eu teria que enfrentar um grande rival e estrategista. Ele era muito gozador, implicava com todos os competidores, inclusive comigo. No final da seletiva, ele pegou uma quantidade significativa de

peixes. Quando perguntou quantos eu havia pegado, tentando se gabar, levou um susto: eu tinha capturado o dobro de peixes.Quais foram os lugares em que você já mergulhou, dentro e fora do Brasil?PACHECO: Itália, Portugal, Tahiti, Peru, Chile, Es-panha, Estados Unidos e Croácia foram alguns. No Brasil, pesquei de Norte a Sul. Conheço praticamente todo o litoral brasileiro. Como é a sua preparação antes do mergulho? Você tem alguma alimentação especial? Como é o seu treino para apnéia?PACHECO: É importante se alimentar bem de manhã, antes do mergulho. Durante as competições, procuro comer frutas, beber muita água e energéticos. Se vou ficar muito tempo embarcado, tento almoçar pouco e não mergulho muito fundo pelo menos após duas horas depois do almoço. Praticar sempre, em média três vezes por semana, ajuda a aprimorar a capacida-de de apnéia que adquiri não só com mergulho, mas também com surfe e natação.Em sua opinião, o que é essencial para um bom pescador-sub?PACHECO: O conhecimento e o bom senso. Não adianta ter os melhores materiais do mercado se não se tem conhecimento sobre aquilo que se está fazen-do. O mergulho de caça-submarina pode ser algo pe-rigoso, se praticado da forma errada.En

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“O mergulho de caça submarina pode ser perigoso, se praticado da forma errada”

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A Secretaria de Esporte e Lazer do Espírito Santo (Sesport) e a Secretaria do Estado e Turismo (Setur), lançaram o projeto Espírito Santo na Copa de 2014, com o objetivo de inserir o estado no mapa da Copa do Mundo do Brasil. A intenção do projeto é abrigar seleções que disputarão a Copa, desenvolvendo os setores de turismo ao oferecer infra-estrutura para as seleções que escolherem o Espírito Santo como esta-dia durante o evento.

O Espírito Santo é o único estado da Região Su-deste que não sediará jogos. Mesmo assim, o gover-no estadual vem tentando participar do circuito de eventos que farão parte da Copa do Mundo. Uma das iniciativas foi a compra do Kleber Andrade, antigo estádio do Rio Branco. No ano passado, as reformas tiveram início. São obras que deverão terminar em março de 2012.

Fazem parte do projeto cinco Centros de Treina-mento. Todos já foram aprovados pelo Comitê Orga-nizador da Copa. Os CT’s ficarão no Hotel Fazenda Parque do China, em Domingos Martins; no Centro de Treinamento Flamboyant, em Guarapari; na Asso-ciação Esportiva e Recreativa Tubarão (Aert) e, em Vitória, funcionarão tanto no Centro de Treinamento Jaime Navarro de Carvalho, quanto no próprio Está-dio Kleber Andrade.

O Kleber Andrade será o novo palco do futebol ca-pixaba e deverá abrigar os grandes jogos dos times do estado, seguindo os modelos do Maracanã, no Rio de Janeiro, e do Mineirão, em Minas Gerais.

De acordo com a engenheira-chefe da obra, o es-tádio será concebido em uma mistura de aço e con-creto. Segundo ela, a estrutura será adequada à escala do entorno. A construção terá cerca de 350 metros de largura, o equivalente a aproximadamente três cam-pos do próprio estádio. O anel coberto alcançará uma altura de 30 metros. O pórtico do estádio, por sua vez, ainda contemplará um edifício educativo. No interior da construção, haverá palco, concha acústica, camarins, espaços para museus e exposições, além de lanchonetes, além das acomodações esportivas previstas, como os vestiários. A ideia é fazer do está-dio um centro de convivência social. Seus usos serão múltiplos: esporte, educação, cultura, atividades re-creativas e sociais.

O projeto ainda conta com o chamado Espaço Ver-de, uma proposta eco-eficiente projetada dentro de um conceito de sustentabilidade. “A proposta, além de valorizar o meio ambiente, visa evitar desperdí-cios, com a utilização da água proveniente das chu-vas e aproveitamento da luz solar” explica Erica.

Vinícius Braga

Erica Crevelin, engenheira-

chefe da obra do estádio: “A proposta, além de valorizar o

meio ambiente, visa evitar

desperdícios”

“O mergulho de caça submarina pode ser perigoso, se praticado da forma errada”

A nova casa do futebol capixaba V

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