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Carlos Drummond de Andrade
(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Sua trajetória.
Carlos Andrade é mineiro e nasceu em 31 de outubro de 1902. Sua família eram fazendeiros em decadência. Estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental".
De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.
Obras...
Trecho do livro ''contos de um aprendiz''.
Nunca pensei dizer um dia à você para ir embora. Pensei que seria para sempre, como nos contos de fada, nos quais Príncipe e Princesa sempre
acabam bem. Esqueci que somos pessoas comuns, as quais estão sujeitas a todo tipo de tempestades. Você nunca me quis de verdade,
assim como eu te quis demais. Então para sanar o problema te mando embora, matando todo dia
um pedaço de você dentro de mim. As vezes doses mais lentas são mais precisas que
overdoses.
Trecho do livro ''O avesso das coisas''.
Sentimos saudade de momentos de vida e momentos de pessoas. Também temos saudade
do que não existiu, e dói bastante.
A saudade tem algo de auto-acusação e arrependimento.
Trecho do livro ''Poema de sete faces''
Eu não devia te dizermas essa lua
mas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.
Trecho do livro ''Corpo''
Não, meu coração não é maior que o mundo.É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponhocruamente nas livrarias:
preciso de todos.
As poesias mais famosas com a nossa interpretação
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedrano meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminhotinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminhono meio do caminho tinha uma pedra
INTERPRETAÇÃO
A pedra a qual ele se refere são as ilusões pelas quais ele já passou e que nunca esquecerá, pois
de certa forma o ajudou.
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
braços,que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim.
MEMÓRIA
Amar o perdidodeixa confundido
este coração.
Nada pode o olvidocontra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveistornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findasmuito mais que lindas,
essas ficarão.
INTERPRETAÇÃO
Ele passou tanto tempo convivendo com esse sentimento que passou a aceitá-lo como um
sentimento normal, comum. A AUSÊNCIA FAZ PARTE DA VIDA.
INTERPRETAÇÃO
Que independente dos acontecimentos, bons ou ruins, eles ficam na memória, sendo que os bons sempre vale a pena lembrar, enquanto os ruins
preferimos esquecer!
Equipe
Ana Thalita Nº 05Carlos Werisson N°15
Sthefanie Oliveira N°26Tamíres Souza N°49