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Teatro

Define o ato de interpretar, principalmente a palavra, criar personagens e vivenciar a obra poética.

Nasceu com o próprio homem e seus anseios.

Surge na Grécia antiga: Theatron e é incorporado no latin: Theatrum. Indica o edifício, o espaço ou construções ao ar livre para a encenação de espetáculos, Como afirmou Nelson de Araújo na História do Teatro, todas as tentativas de definição do teatro convergem para um ponto comum, onde são eliminadas as dificuldades do terreno, quando ao ar livre, ou acústica, visando a comunhão do público com um espetáculo vivo.

Vale dizer que é por excelência uma arte em comunidade e de comunidade.

As primeiras manifestações cênicas eram predominantemente religiosas do ponto de vista de sua imagem histórica, mas também e, tal como cerimônia, o ato era portador de mensagens sociais, como exigimos hoje, vinte e cinco séculos depois.

Teatro de ArenaE foi também o ano em que surgiria o Teatro de Arena, uma antiga aspiração de José Renato Pécora. O espaço pequeno, com capacidade para 150 pessoas e muito próximo dos atores, exigia de cada intérprete, uma criação interiorizada. Surge "Marido Magro Mulher Chata" de Augusto Boal, foi a peça que marcou a abertura do inovador espaço. Vários espetáculos foram montados como: "Só o Faraó tem Alma" e "Chapetuba Futebol Clube" de Oduvaldo Vianna Filho. Tudo isso para se chegar ao grande momento. A montagem de "Eles não usam Black-Tie" de Gianfrancesco Guarnieri. No elenco: Lélia Abramo, Eugênio Kusnet, Gianfrancesco Guarnieri, Riva Nimitz, Celeste Lima, Francisco de Assis, Milton Gonçalves, Henrique César, Flávio Migliaccio, Xand’o Batista e Nelson Xavier. Lélia Abramo interpretando Mariana, recebeu todos os prêmios em São Paulo e Rio de Janeiro. O sucesso de crítica e público graças a receptividade de "Eles não usam Black-Tie", aliviou o Teatro de Arena de uma situação difícil que vinha atravessando. E foi naquele espaço mágico que foram encenados anos mais tarde grandes musicais como: "Arena Canta Zumbi" e "Arena Canta Tiradentes". Depois de 45 anos continua em pé, com o espaço aberto a grupos de todo o Brasil, graças a dinâmica administração da FUNART.

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O Teatro no Brasil

Pe. José de Anchieta Beatificado pelo papa João Paulo II, em 22 de junho de 1980, Padre José de Anchieta, o apóstolo do Brasil, fundador do nosso teatro, contava apenas 19 anos quando deixou Lisboa.

Em missão de Companhia de Jesus, chegou à Bahia no dia 8 de junho de 1553, na comitiva de 2º governador-geral Duarte de Costa.

Embora muito jovem, era considerado um dos mais cultos da congregação, daí ter sido enviado ao novo continente, descoberto há apenas 47 anos.

Poeta dos mais admirados em Coimbra e escritor e autor de mistérios, utilizava-se do latim, português, espanhol e tupi.

Nasceu em 1534 em Tenerife, uma das ilhas Canárias, tendo ingressado ainda garoto na Companhia de Jesus, daí sua profunda formação religiosa e cultura. Escrevia cartas, contos, sermões e poemas religioso e textos dramáticos.

Expressava-se na linguagem popular e erudita. Quando permaneceu como refém dos índios tamoios, escreveu o famoso poema, "De Beata Virgine dei Matre Maria" que continha 5902 versos.

Como dramaturgo, Anchieta deixou originais modelos: "Na Festa de São Lourenço", "Pregação Universal", "A Santa Inês", "Na Vila da Vitória". "Mistério de Jesus" e "O Rico Avarento e o Lázaro Pobre", esta última encenada em Pernambuco em 1575.

As primeiras platéias que assitiam as apresentações dos jesuitas, sempre abordando obras de Anchieta e por ele mesmo dirigidas eram formadas por tribos, atraídas pelo acontecimento, europeus, e mal feitores de toda casta, para cá enviados em degrêdo. Familias já formadas aqui e nobres, faziam-se presentes, como também figurões pertencentes à administração, quer como funcionários ou chefes.

Estátua do Pe. José de Anchieta

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Entre os intérpretes das obras teatrais, era comum figurarem índios catequizados como: Guiaxara. Aimbire e Saravana que, foram personagens de relevo do célebre auto: "Mistério de Jesus". Ao lado do Pe. Manoel da Nóbrega. No dia 25 de janeiro de 1554, O Pe. José de Anchieta tomou parte atuante na fundação de São Paulo e com justos fundamentos, é considerado "Fundador de São Paulo", já que defendeu Piratininga do ataque dos Tamoios, durante a realização da primeira missa celebrada no planalto. Vibrante como poucos, 13 anos depois, em 1567, teve importante desempenho na explusão dos franceses do Rio de Janeiro. Com produção incessante, em 1595, foi publicada em Coimbra, a sua Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil".

No dia 9 de junho de 1597, em Reritiba no Espirito Santo (hoje Anchieta) falece o Venerável jesuita. Dos seus 63 anos de existência, 45 foram vividos na Companhia de Jesus; 3 em Portugal e 25 no Brasil.

Nossa DramaturgiaCom o desaparecimento do Pe. José de Anchieta em 1597, e a constante preocupação dos portugueses com as invasões ao cobiçado novo continente, o início da escravatura e o nascimento dos latifundiários, poucas manifestações literárias e artísticas ocorreram no século XVII.

A não ser a poesia do baiano Gregório de Matos e a obra teatral de Manoel Botelho de Almeida, também baiano, e considerado o primeiro brasileiro a escrever para teatro.

Só no início do século XVIII, ou seja em 1705, nasceria Antônio José da Silva o Judeu, um dos precurssores do teatro brasileiro

Chegaram até nós: "A vida de D. Quixote", "Encantos de Medéia" e "O Anfitrião". No início do século XIX é que se revela a gêneses dramática com as obras de Gonçalves de Magalhães nascido em 1811 e que escreveu: "Antônio José ou o Poeta e a Inquisição" e "Olgiato".

Com Luiz Carlos Martins Pena, nascido no Rio de Janeiro a 5 de novembro de 1815 e, tendo falecido em Lisboa a 7 de dezembro de 1848, com apenas 33 anos, vítima da tuberculose, é que surge a comédia de costumes.

Entre inúmeras escritas entre 21 e 31 anos, citamos: "O Juiz de Paz na Roça", "O

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Judas em Sábado da Aleluia", "O cigano", "Irmão das Almas", "Ciúme de um Pedestre", "Os Dous ou o Inglês Maquinista" e "O Noviço", esta última estreada no Rio em 1843 e nos últimos anos a obra teve três versões. Uma com Bibi Ferreira, interpretando o protagonista; montagem do Teatro de Arena e recentemente do grupo TAPA. Tipicamente brasileiro.

Ainda no século XIX e por ordem cronológicas tivemos os seguintes dramaturgo: Joaquim Manoel de Macedo, 1820-1882; Gonçalves Dias, 1823-1864; Qorpo-Santo, 1833-1883; França Junior, 1838-1890 e Artur Azevedo, nascido em 7 de julho de 1855.

É considerado o pai da burleta, gênero tipicamente brasileiro, já que graças aos seus textos, nasceria a revista musical em nosso país, ainda hoje em pleno vigor na Argentina.

Embora tenha vivido somente até os 43 anos, sua obra é muito extensa. Entre as mais conhecidas: "Capital Federal", dirigida por Flávio Rangel e grande elenco, encabeçado por Etty Frazer, Chico Martins, Suely Franco e Eliana kwasinski. Temos ainda "Uma Véspera de Reis". "O badejo", "Almanjarra" e "Mambembe", já encenada por Fernanda Montenegro e o Teatro dos Sete.

Deve-se a Artur Azevedo a Construção do Teatro Municipal do Rio, inaugurado no dia 14 de julho de 1909, com a presença do prefeito Nilo Peçanha que, na ocasião descerrou uma placa: Teatro Municipal Artur Azevedo. O dramaturgo falecera um ano antes na sua querida São Luiz do Maranhão.

Gastão TojeiroSeguindo a ordem cronológica de nascimentos, temos agora: Gastão Magalhães Tojeiro que viveu entre 1880 e 1965. Simboliza bem o espirito, o clima da transição do século. Escreveu mais de cem peças e, uma delas sucesso de Walmor Chagas e Lilian Lemmertz: "Onde Canta o Sabiá". É o patrono da Sociedade Lítero-Dramática, pioneira na apresentação de leituras públicas há sete anos.

Nascido em 1892, Oduvaldo Viana foi um dos mais dinâmicos e criativos de sua época. Além de ter escrito textos como: "Feitiço", "Canção de Felicidade", "Manhãs de Sol", "Amor", "Castagnero" e "O Vendedor de Ilusão". Homem versátil, dirigiu Vicente Celestino e Gilda de Abreu no filme, "Bonequinha de Seda" e foi o pioneiro em rádionovelas na década de 40. Faleceu no Rio de Janeiro em 1972.

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Silveira Sampaio que nasceu em 1914 e faleceu muito cedo em 1964, foi o primeiro one-man-show do Brasil e responsável pelo gênero Talk-show, tendo agora um seguidor que é o Jô Soares. Autor de uma dramaturgia muito original, atuou em quase todos seus espetáculos. Talento cômico, sempre teve plateias cativas. "A Inconveniência de ser Esposa", "Da Necessidade de ser Polígamo" e "A Garçoniere de meu Marido", fazem parte da "Trilogia, do Heroi Grotesco". "Só o Faraó tem Alma"fez sucesso no Teatro de Arena.

Fase ModernaEmbora o teatro, a dramaturgia não fizessem parte das manifestações da "Semana de 22", foi Mário de Andrade, poeta, folclorista e contista, um dos que primeiro usaram em suas obras a língua nacional, libertando as formas literárias brasileiras, das regras gramaticais da língua de portugal. Quanto ao grande ator João Caetano, nascido no Rio de Janeiro em 1808, foi um dos pioneiros na criação de uma dramaturgia e, de uma arte de representar, autenticamente nacionais.

O ano de 1948, foi muito importante para a cena brasileira. Enquanto no Rio de Janeiro Pascoal Carlos Magno, fundador do Teatro do Estudante do Brasil, estreava "Hamlet", com Cacilda Becker e Sérgio Cardoso, aqui em São Paulo era inaugurado o Teatro Brasileiro de Comédia, no dia 11 de outubro com o monólogo "A Voz humana" de Gean Cocteau, interpretado por Henriette Morineau num espetáculo que era complementado com "A Mulher do Próximo" de Abilio Pereira de Almeida. Era o início da nova fase do teatro brasileiro em nosso país. A inauguração do TBC surgiu graças as iniciativas de Franco Zampari, Francisco Matarazzo Sobrinho e Paulo Álvaro Assunção.

Assim como a fundação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. O primeiro filme a ser produzido foi "Caiçara", com direção de Tom Payne tendo no elenco Eliane Lage e Ruth de Souza nos principais papéis.

DinamismoCom a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia em São Paulo e o Teatro de Estudantes no Rio, seguidas depois pelos "Os Comediantes", a dramaturgia e encenações no Brasil adquirem novo impulso e surgem espetáculos de impacto, principalmente com a vinda dos diretores italianos ao nosso país.

Eis os nomes dos nossos principais dramaturgos que hoje são os responsáveis pela renovação das nossas encenações"Abilio Pereira de Almeida, Alcides Nogueira, Alcione Araújo, Ana Maria Dias, Analy Alvarez, Antônio Bivar, Antônio Chaves, Ariano Suassuna, Augusto Boal, Benedito Rui Barbosa, Bosco Brasil, Carlos

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Alberto Soffredine, Carlos Queiros Telles, Celso Luiz Paulini, Chico de Assis, Claudia DallaVerde, Consuelo de Castro, Dias Gomes, Domingos de Oliveira, Ênio Gonçalves, Fernando Melo, Flávio Márcio, Gianfrancesco Guarnieri, Isabel Câmara, Isaias Almada, Jandira Martini, João Falcão, Jorge Andrade,José Antônio de Souza, José Celso Martinez Correia, José Eduardo Vendramini, José Rubens Siqueira, Juca de Olivera, Leilah Assupção, Leo Lama, Luiz Alberto de Abreu, Luiz Marinho, Luis Carlos Cardoso, Marcelo Rubens Paiva, Marcílio de Morais, Marcos Caruso, Maria Adelaide Amaral, Mauro Chaves, Mauro Rasi, Miguel Falabella, Naomi Marinho, Naum Alves de Souza, Nelson Rodrigues, Nery Gomide, Oduvaldo Viana, Oduvaldo Viana Filho, Paulo César Coutinho, Paulo Pontes, Plínio Marcos, Renato Borghi, Roberto Athayde, Ronaldo Ciambroni, Silveira Sampaio, Timotchenco, Whebi, Walter Quaglia e Wilson Souza Filho, Wladimir Capella, Zeca Capellini, Zeno Wilde e muitos outros. Como vemos, uma renovação rara já que tudo começou na década de 1950.

uem Foram os Diretores do Passado?Embora João Caetano, considerado um dos nossos maiores atores, tenha estreado em 1831 e, Leopoldo Fróes tenha feito grande sucesso entre 1917 e 27 em todo o Brasil, e Itália Fausta e Miroel Silveira, quer traduzindo ou dirigindo, tenham sido os responsáveis pelas encenações de grandes montagens, nem sempre o nome do diretor vem à tona. Quantos trabalhos desenvolveram?

Entre 30-40, concretamente temos o trabalho de Pascoal Carlos Magno ao fundar o Teatro do Estudante do Brasil em 1938, vinda de Mariam Z. Ziembinski em 1941, e a chegada ao nosso país de grandes diretores italianos.

Carlos Magno teve atuação como diretor definitiva entre os anos 40 e 50 e o repertório do seu jovem grupo, era todo voltado para as obras de Shakespeare. Entre inúmeras; "Romeu e Julieta"e "Hamlet" que, lançou Cacilda Becker e Sérgio Cardoso.

Ziembinski que, depois de ter atuado durante 15 anos nos principais teatros poloneses, como dissemos, chegou ao Rio de Janeiro em 1941 e uniu-se ao grupo "Os Comediantes". Foi o responsável pela encenação de "Vestido de Noiva" em 1943. A montagem é considerada o início do moderno teatro brasileiro. Em 1950 já estava dirigindo e atuando no Teatro Brasileiro de Comédia ao lado de outros grandes diretores italianos.

Sobre essa fase a revista Dyonysos nº 32, traz uma matéria, resultado de uma pesquisa realizada pela atriz Betti Rabetti que, aborda justamente a atuação no Brasil de grandes personalidades italianas a partir dos anos 40 e 50. "Na área da crítica do ensaismo e do ensino, destaca-se a contribuição de Alberto D’Aversa e

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Ruggero Jacobbi, que, além das suas experiências como diretores, atuaram na imprensa, na Escola de Arte Dramática e outros centros de ensino no Brasil. Através do Teatro Brasileiro de Comédia vieram: Luciano Salce, que atuou como diretor do TBC e como diretor cinematográfico na Companhia Vera Cruz. Já Adolfo Celi, se firmou como ator, diretor e empresário teatral, tendo formado a Companhia Tonia-Celi-Autran tendo à frente do elenco Tonia Carrero e Paulo Autran. Flaminio Bollini Cerri, destacou-se como diretor do TBC e em outros grupos teatrais. Acrescente-se além desses, o nome de Gianni Ratto, que, veio ao Brasil convidado pelo Teatro Popular de Arte, fundado por Sandro Poloni e Maria Della Costa. Ratto dirigia o já histórico, "O Canto da Cotovia" de Anouilh".

Foram encenados no TBC: "Arlequim Servidor de Dois Amos" com direção de Ruggero Jacobbi; "A Dama das Camélias" com direção de Luciano Salce e tendo Cacilda Becker como protagonista; "Ralé" de Máximo Gorki com direção de Flávio Bollini, tendo no elenco: Ziembinski, Maria Della Costa, Carlos Vergueiro e Paulo Autran; "Inimigos Íntimos" de Pierre Barillet e J.P.Gredy; "Um Panorama Visto da Ponte" com direção de Alberto D’Aversa com: Leonardo Vilar, Nathalia Timberg, Miriam Mehler e Egydio Eccio; "Senhorita Júlia" com Tereza Rachel e Felipe Wagner; e muito outros. Seguiu-se no TBC a apresentação de um grande repertório, incluindo-se autores e diretores brasileiros, como exemplo "Paiol Velho" de Abílio Pereira de Almeida em 1951.

E os Diretores Brasileiros?Ao mesmo tempo que o TBC fazia sucesso impressionante com o público cativo, os brasileiros iam se firmando no cenário artístico como é o caso de José Renato que, em 1955 fundou o Teatro de Arena. Abolindo, devido principalmente ao espaço e, proposta, o grupo optou por uma dramaturgia participante, visando valorizar o autor nacional e expressar a realidade brasileira.

Surgiram autores como: Augusto Boal, Oduvaldo Viana Filho, Flavio Migliaccio e Gianfrancesco Guarnieri que, em 1958 estreava "Eles não usam Black-Tie", um verdadeiro marco na dramaturgia e estilo de representação, lançando no teatro profissional, Lélia Abramo, um talento raro que até então representava com grupos amadores em língua italiana. Antunes Filho depois de muitos estudos e pesquisas, estreava, "Plantão 21" de Sidney Kingsley, uma versão teatral do filme "Chaga de Fogo" com Eleonor Parker e Kirk Douglas. Foi um marco, graças à direção, cenário e interpretações inovadoras na linha dramática-intimista. Flávio Rangel em a Flávio Rangel magníficos trabalhos como: "Capital Federal" de Artur Azevedo com Etty Frazer e grande elenco, "Depois da Queda", de Artur Miller, também responsável pela tradução ao lado de Enio Silveira. Direção ainda de Cyrano de Bergerac e o magnífico "Piaf" com Bibi

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Ferreira. O comovente e último trabalho interpretado por Cacilda Becker foi dirigido por Flávio Rangel. Como sabemos, "Esperando Godot" de Samuel Becket em versão Clown. Osmar Rodrigues Cruz que, depois de ter estreado com "Cidade Assassina" de Antonio Calado com o Teatro Popular do SESI e, no início, ocupando vários teatros, alugando as salas, fixou-se no belo Teatro na Avenida Paulista, 1313. O Teatro Popular do SESI construído pela FIESP e, hoje um centro cultural. Alguns dos melhores espetáculos brasileiros foram montados naquele endereço como: "Feitiço" de Oduvaldo Viana, a vida de Chiquinha Gonzaga e Noel Rosa. Mas antes de chegar definitiva na Paulista, Osmar Rodrigues Cruz mostra a vida e luta de Helen Keller num elenco encabeçado por Nize a Odavlas Petti Silva e Elizabeth Hartman. Outros diretores: Jorge Takla, Kiko Jaess, Antonio Abujanra, mesclando atividades de intérprete e direção, Roberto Vignati, Roberto Lage, Marcio Aurélio, Ademar Guerra, responsável pela direção de "Hair" e espetáculos memoráveis, Victor Garcia que dirigiu as grandes produções de Ruth Escobar, Odavlas Petti, Benedito Corsi, Bráulio Pedroso, Fauze Arap e Eduardo Tolentino de Araújo entre dezenas.

Espetáculos InfantisNo dia 15 de julho de 2000 a Rede Globo colocou no ar "50 anos de TV Infantil" e, nos palcos de São Paulo temos 30 espetáculos em cartaz. Isso vem comprovar o interesse que o gênero desperta e o espaço que se reserva às crianças. Mas nem sempre foi assim.

Como o cinema sonoro chegou ao nosso país em 1930 e a pioneira Tupí foi inaugurada em 1950, com exceção da eterna arte circense, poucas ou quase nenhuma oportunidade de entretenimento era oferecido à infância e adolescentes.

Foi com Monteiro Lobato, nascido em 1882 e falecido em 1948, que teríamos vasta e maravilhosa literatura.

Como Maria Clara Machado a autora de "Pluft, o Fantasminha", só surgiria anos mais tarde as opções de lazer às crianças, chegariam através de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky, com o inesquecível programa "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", no ar por mais de 15 anos.

Com o elenco formado pelo Teatro-Escola São Paulo - TESP, o famoso casal formou várias gerações, tanto de interpretes como de apreciadores. A TV Globo e, mais tarde a Cultura, levaria ao ar outro grande sucesso: "Vila Sésamo", com Sônia Braga, Aracy Balabanian, Laerte Morrone, Armando Bogus, e muitos outros.

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Nos últimos anos a série "Castelo Rá-Tim-Bum", através da cultura e, em versão também para o teatro e cinema, vem alcançando excelentes índices de audiências e conquistando novíssimas gerações.

Sem ser um dramatrugo, mas escrevendo e realizando magníficas ilustrações, Ziraldo muito tem contribuido com o teatro e cinema. "O Menino Maluquinho" fez grande sucesso em todo o Brasil e, "O Bichinho da Maçã" também de Ziraldo é o cartaz do Espaço Cultural Moema.

Não se pode esquecer de Maurício de Souza, criador da Mônica e sua turma. Hoje em dia com um parque fixo no Shopping Eldorado.

É, independente de todos os programas de TV que possuímos hoje, voltados às crianças, o teatro infantil tão relegado até a década de 60, hoje em dia possui a mesma força e receptividade destinados aos espetáculos adultos.

Lobato no Teatro ImprensaE como todos sabemos do pioneirismo da obra de Monteiro Lobato nos meios de comunicação, Cintia Abravanel Diretora do Teatro Imprensa está de parabéns, pois o famoso autor, faz-se presente naquela importante casa de espetáculo desde 1998. Foi em março naquele ano que estreou a primeira montagem: "No Reino das Água Claras", adaptação do livo, "Reinações de Narizinho". Montagem e produções espetaculares, a encenação obteve grande sucesso de crítica e público e permaneceu um ano e meio em cartaz. Ganhou seis categorias das onze a que foi indicado ao prêmio da APETESP (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo). Melhor espetáculo, cenários, figurinos, iluminação, coreografia e melhor atriz - protagonista. Ganhou também o prêmio AVON de melhor maquiagem de 1998. A dispendiosa e bela produção levou mais de 105.000 pessoas ao teatro, encantando e fazendo com que crianças que não conhecia as personagens de Lobato, passassem a admirar e viajar com sua imaginação nesse universo rico de uma obra grandiosa e genial. E para a alegria da produtora e toda a equipe, perceberam que os adultos resgatavam o sonho de sua infância, mergulhando nas emoções das histórias de um grande mestre.

Terror dos MaresInspirada e confiante na sua produção de "No Reino das Águas Claras", Cintia Abravanel deu continuidade ao seu repertório, e produziu mais uma vez para o Teatro Imprensa outra de Monteiro Lobato, "O Terror dos Mares", uma adaptação

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do livro "A Geografia de Dona Benta", adaptação de Ronaldo Ciambroni e direção de Cesar Pezzuoli. O numeroso elenco é encabeçado por: Amanda Acosta, Ana Saguia e Armando Filho.

Musical coloca em cena os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, realizando uma viagem de faz-de-conta por diversos estados brasileiros. A nova produção já foi vista por mais de 60.000 e se transformou em outros sucessos de crítica e público. Novamente uma obra de Monteiro Lobato, graças a produção do Teatro Imprensa, é considerado APCA o melhor espetáculo infantil de 1999.

Pela dedicação de grandes profissionais e de um trabalho que prima pelo que é bom teatro significa, as produções em teatro infantil do Teatro Imprensa se diferenciam em todos os aspéctos, levando ao público o que há de melhor em teatro, tanto técnica quanto culturalmente, não sendo apenas um teatro infantil, mas sim o bom teatro.

O Panorama do Teatro PaulistaSe tomarmos como ponto de partida, uma rara publicação ocorrida na gestão de Mário Covas, quando era prefeito de São Paulo, entre 1982 e 1986, ficaremos sabendo, principalmente através do documentário fotográfico, o que aconteceu no Teatro Paulista entre 1900 e 1985, graças a edição de: Imagens do Teatro Paulista. A iniciativa desse resgate cênico partiu do ator Gianfrancesco Guarnieri, então Secretário Municipal de Cultura. José Geraldo Martins de Oliveira era diretor do Centro Cultural São Paulo e a jornalista e crítica teatral, Mariângela Muraro Alves de Lima, diretora da Divisão de Pesquisas.

Entre 30-40, concretamente temos o trabalho de Pascoal Carlos Magno ao fundar o Teatro do Estudante do Brasil em 1938, vinda de Mariam Z. Ziembinski em 1941, e a chegada ao nosso país de grandes diretores italianos.

O belo exemplar foi editado na Imprensa Oficial do Estado a IMESP, graças a Audálio Dantas, Diretor Superintendente. Com uma tiragem de dois mil exemplares hoje em dia, é uma obra rara que encantou aos que tiveram o privilégio de obtê-la.

Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com "Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na

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mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda BeckerCocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4 mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32 francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas, 1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC. "Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que, surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior impacto.

Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com "Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda BeckerCocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4 mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32 francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas, 1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.

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"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que, surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior impacto.

Alfredo Mesquita e Décio de Almeida PradoQuando os estudiosos ou apreciadores da arte teatral paulista pretenderam descobrir o verdadeiro início, a valorosa semente que foi lançada bem antes da inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia em 1948, temos que lembrar dos grupos amadores dirigidos por Alfredo Mesquita e Décio de Almeida Prado. "Noites de São Paulo" de autoria e direção de Alfredo Mesquita foi apresentada no Teatro Municipal em 1936. O belo cenário e figurinos eram de autoria de Westh Rodigues. "Casa Assombrada" e "Dona Branca" do mesmo autor e diretor, foram encenadas respectivamente nos anos de 1936 e 39. Em 1943, o respeito do grupo amador da época, retornava ao Municipal com "A Sombra do Mal" de autoria de H. Lenormand e com o mesmo alto nível de produção. Também em 1943, o Grupo Universitário de Teatro sob a direção de Décio de Almeida Prado estreava com "Os Irmãos das Almas" de Martins Penna. Dois anos mais tarde voltam ao Municipal com "Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro". A cenografia e figurinos eram de autoria de Clóvis Graciano. Cacilda Becker fazia parte do elenco. Como vemos, os grupos da época tinham acesso ao palco do Teatro Municipal, devido ao nível, à qualidade dos espetáculos. Em 3 de maio de 1948 Alfredo Mesquita funda a Escola de Arte Dramática, nesse mesmo ano Alfredo Mesquita dirigia "A Margem da Vida" de Tenesse Wiliams apresentado no Teatro Municipal.

Fatos HistóricosSegundo edição de Imagens de Teatro Paulista, constatamos que bem antes da criação da Escola de Arte Dramática e do Teatro Brasileiro de Comédia em 11 de outubro de 1948, em 1922, Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com "Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse texto, interpretado no cinema em versão

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Argentina por Arthuro de Córdoba durante boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda BeckerCocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4 mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32 francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas, 1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC. "Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que, surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior impacto.

RepertórioAs próximas montagens de casa de espetáculos de rua Major Diogo em 1950 foram: "Entre Quatro Paredes" de Jean-Paul Sartre, com tradução de Guilherme de Almeida e direção de Adolfo Celi. No elenco: Cacilda Becker, Nydia Lícia e Sérgio Cardoso; "Do Mundo Nada se Leva" de G. Kaufman e Moss Hart. Direção de Luciano Salce e no elenco: Ziembinski, Célia Biar, Sérgio Cardoso e como vemos, atuando em duas peças num só ano, Waldemar Wey e Jurema Ranzani. Nesse final de 50, Cacilda Becker retorna com "Anjo de Pedra" de Tennessee Williams.

Na seqüência e, em 1951 é um ano histórico para a recém inaugurada casa de espetáculos.É que foram produzidos sete espetáculos sendo que, "A Dama das Camélias" de Alexandre Dumas Filho, um dos grandes trabalhos de Cacilda Becker, foi apresentada no Teatro Municipal. As demais montagens foram: "Convite ao Baile" de Jean Anouilh, já com direção de Luciano Salce e com dois incríveis atores estrangeiros: Eugênio Kusnet, russo e Ziembinski polonês, Figurinos de Carlos Thiré; "Grilo na Lareira" de Charles Dikens, com tradução de Brutus Pedreira e

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direção de Ziembinski; "Arsênico e Alfazema" de Joseph Kesselring, com: Paulo Autran, A. C. Carvalho, Rui Afonso e Mauricio Barroso; "Seis personagens a Procura de um Autor" de Luigi Pirandello,também com Cacilda Becker, Clayde Yaconis, Sérgio Cardoso e Maria Augusta. Sérgio Cardoso em 51 apareceria em mais um espetáculo: "O Inventor do Cavalo" de Achille Campanile. Finalmente, "Harvey" de Mary Chase com Marisa Prado e Mário Sérgio com direção de Ziembinski.

Em 1952 teremos três montagens: "Diálogo dos Surdos" de Clô Prado, já com direção de Flaminio Bollini Cerri e com: Cleyde Yaconis e Elizabeth Henraid. "Antígone" de Jean Anouilh na interpretação de Cacilda Becker e Direçãode Adolfo a Paulo Autran. Jardel Filho e Cacilda Becker em: Leito Nupcial Celi e cenografia e figurinos de Aldo Calvo. "Inimigos Íntimos", de Pierre Barrilet e J. L. Grédy é o próximo trabalho de Cacilda e Mauricio Barroso. Surge uma peça comercial para preencher todo o ano de 1953: "Uma Certa Cabana" de André Roussin, Tradução de Brício de Abreu e mais uma vez direção de Adolfo Celli. Com toda sua beleza Tônia Carrero era a protagonista. Cenografia bem tropical de Mauro Francini e, figurinos audaciosos para a época, de Aldo Calvo.

No ano de 1954, um outro grande sucesso comercial.

Agora é com "Leito Nupcial" de Jan de Hartog, tendo como únicos intérpretes: Cacilda Becker e Jardel Filho. Direção de Luciano Salce e cenografia de Mauro Francini. Um imenso leito, uma vez que toda ação se passava na alcova.

Dois Grandes AcontecimentosO público que já vibrava com dois acontecimentos importantes: a receptividade do repertório do Teatro Brasileiro de Comédia e a programação da TV Tupi, em 1954, comemorou mais dois eventos. O IV Centenário de São Paulo, eternizado na composição de Mário Zan e a inauguração do Teatro Maria Della Costa. Depois do Teatro Municipal inaugurado em 1911, era a primeira casa de espetáculos planejada e projetada para grandes encenações e a valorização dos textos.

O Teatro surgia na rua Paim, na época com poucos prédios ao redor. A nova casa de espetáculos trazia muitas inovações. Palco com grande boca de cena, altura e profundidade, inclinação ao estilo grego e poltronas recuáveis, permitindo melhor visão do palco, única até hoje. Para a inauguração um texto e espetáculo grandioso: "O Canto da Cotovia" de Jean Anouilh. A direção foi de Gianni Ratto, jovem talento e, um dos melhores do Piccolo Teatro de Milão, trazido ao nosso país, graças a um feliz encontro com Sandro Polonio e Maria

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Della Costa na Itália.

Sandro foi um dos fundadores do Teatro do Estudante do Brasil em 1939, e estreou em "Romeu e Julieta" de Shakespeare ao lado de Italia Fausta de quem era sobrinho.Seguiram-se inúmeras montagens graças aos espetáculos produzidos por Pascoal Carlos Magno. Em 1946 com o grupo "Os comediantes", Sandro torna-se profissional. Convidado por Ziembinsky interpretou um dos principais papeis em "Desejo", ao lado de Olga Navarro. Em 1948, desliga-se do grupo e funda o Teatro Pupular de Arte, estreando no Teatro Fênix do Rio e a seguir, ao lado de Italia Fausta e Maria Della Costa que conhecera em "Inês de Castro", excurssionam por todo o Brasil. teatrochik / história / Repertório 2 Repertório

Maria Della Costa em O Canto da Cotovia Sandro Poloni renuncia a carreira de ator e a condição de galã e começa a formar o que é hoje considerado o melhor repertório do teatro brasileiro.

"Anjo Negro" de Nelson Rodrigues, especialmente escrita para Maria Della Costa causa grande impacto. Seguem-se "Tabacco Road" de Claudwell; "Tereza Raquin" de E. Zola; "A Prostituta Respeitosa" de Jean Paul Sartre; "O fundo do Poço" de Helena Silveira, "A Família Barret"de R. Bessier; "Sonata a Quatro Mãos" de G. Cantini, "Woyzeck" de G. Buchener, "Anel Mágico" de Rabelo de Almeida, lançando o gênero infantil, "Escola de Cocotes" de Armont Gerbidon. "Manequin" de Henrique Pongetti e Finalmente, "O Canto da Cotovia", que, como a Maria Della Costa e Artur Miller vimos, inaugurou o Teatro Maria Della Costa. Seguiram-se o que Lélia Abramo e a jornalista Tânia Brandão, denominam, "o mais raro repertório"; "Com a Pulga Atras da Orelha" de G, Feydeau, "A Moratória" de Jorge Andrade, lançando Fernanda Montenegro como

Maria Della Costa e Artur Miller protagonista, "Mirandolina" de Goldoni, "Ilha dos Papagaios" de Sérgio Tofani, "A Casa da Bernarda Alba" de Garcia lorca; "Rosa Tatuada" de T. Willians; "Moral em Concordata" de Abilio Pereira de Almeida; "A Lição" e "Cantora Careca" de Ionesco; "Gimba" de Gianfrancesco Guarnieri, "O Marido Vai à Caça" de Georges Feydeau, "Armadilha para um Homem Só" de Robert Thomaz; "Pindaura Saia" de

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Graça Mello; "Depois de Queda" de Arthur Miller; "Tudo no Jardim" de a Maria Della Costa e esposa de Brechet Eduard Albee, "Alma Boa de Setsuan de Bertold Brechet "As Alegres Comadres de Windsor" de Shakespeare e "Alice que Delicia" e "Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro da Manhã" de

Maria Della Costa e esposa de Brechet Antonio Bivar; "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emele Bronté; "Rebeca a Mulher Inesquecível" de D. de Maurier; " A Carreira de Zazá" de Armont e Gebidos; "Volta a Mocidade" de W. Inge; "Esses Fantasmas" de Eduardo Filipo; "Sociedade em Pijama" de Henrique pongete; "Maria Entre os Leões" de Aldo de Benebette; "A Próxima Vítima" de Marcos Rey; "Homens de Papel" de Plínio Marcos; "Bodas de Sangue" de Garcia Lorca e "Tome Conta de Amelie" de George Feydeau e muitos outros textos, que, era apreciado não somente pelo público brasileiro, mas principalmnte pelo europeu. Maria e Sandro gozavam de grande popularidade em Portugal, Italia e França.

Novos GruposNos seus sete anos de existência, o Teatro Brasileiro de Comédia crescera, tanto e, era tão respeitado e admirado que, artistas de todo o país desejavam ingressar no elenco do famoso centro gerador de cultura. Mas quem fazia parte do elenco, sentia que já estava na hora de fundar sua própria companhia, escolher seu próprio repertório, ter vida independente.

Em 1956, Sérgio Cardoso e Nydia Licia formam sua própria companhia.

Como sede recuperam um cinema desativado na rua Conselheiro Ramalho, nascendo no local o Teatro Bela Vista. Com direção do próprio Sergio Cardoso, reestréia seu antigo sucesso e lançador de seu talento: "Hamlet, Príncipe da Dinamarca".No mesmo ano estrearia um espetáculo que seria um dos grandes sucessos comercial da empresa: "A Raposa e as Uvas", uma fábula de Guilherme de Almeida. Sérgio Cardoso convidou a Bibi Ferreira, nosso talento universal, e co-dirigiram o espetáculo. Em 1957 surgem dois grandes sucessos na Cia Nidya Licia-Sérgio Cardoso: "Chá e Simpatia"de Robert Anderson, na época também sucesso na Brodway. No elenco: Nydia Licia, Carlos Zara e Jorge Fischer. "Henrique IV" de Luigi Pirandello com tradução de Brutus Pedreira foi a segunda produção.

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Direção de Ruggero Jacobbi e cenários e figurinos de Aldo Calvo. No elenco: Sérgio Cardoso, Berta Zemel, Carlos Zara,Córdula Reis e Raymundo Duprat. Até ser demolido e dar lugar ao atual Teatro Sérgio Cardoso, grandes produções foram encenadas no Teatro Bela Vista, algumas inesquecíveis: "Oh Que Delícia de Guerra" e "Marat-Sade", ambas dirigidas por Ademar Guerra. Não poderemos esquecer que o Teatro Bela Vista foi ainda o responsável por duas temporadas de Dulcina de Morais: "Chuva" e "Tia Mame", sucessos absoluto de público já que Dulcina e Odilon faziam sucesso desde 1940 no Rio de Janeiro quando marcaram a adesão do teatro profissional ao movimento renovador. Na ocasião encenaram: "César e Cleópatra" e "Santa Joana" ambas de Bernard Shaw. Depois de "Chuva" foi apresentada a peça "As Visões de Simone Machard" de Brecht com Lelia Abramo, Miriam Mehler e grande elenco.

Teatro Cacilda BeckerTambém Cacilda Becker e Walmor Chagas, como já tinham feito Sérgio Cardoso e Nydia Licia, desejaram ter sua própria companhia, escolher seu repertório. E assim em 1961, fundam o Teatro Cacilda Becker que instala-se num espaço no primeiro andar no prédio da Federação Paulista de Futebol. A estréia ocorreu com "Raízes", de Arnold Wesker. Direção de Antonio Abujamra e no elenco Cacilda Becker e Lélia Abramo entre outros, No mesmo ano seguiram-se: "Rinoceronte" de Eugênio Ionesco com tradução de Luiz de Lima e grande elenco encabeçado por Walmor Chagas e Cacilda Becker. Ainda em 61, a montagem de Oscar de Claude Magnier, tradução de Gert Meyer e direção de Cacilda Becker. Nos principais papeis: Walmor Chagas e Jô Soares. Em 1962 a montagem de "A Terceira Pessoa..." de Andrew Rosenthal. Direção de Walmor Chagas que também estava no elenco e mais: Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Célia Biar, Fred Kleemann e a menina Elisabeth Becker. Na época Walmor afirmou: "Nos propusemos a montar o drama, uma densa obra teatral, sobre os problemas do homossexualismo estreado no Arts Theatre Club, sendo recebido com agrado pela crítica e publico de Londres". Ainda em 62, a companhia encena "A Visita de Velha Senhora" de Friedrich Durrenmatt e direção de Walmor Chagas. Mais de 20 atores em cena, encabeçado por Sérgio Cardoso e Walmor Chagas. A temporada aconteceu no Teatro Record. As próximas atrações foram: "Calígula", "César e Cleópatra", "Onde Canta o Sabiá" e "O Santo Milagroso" esta de Lauro César Muniz. Em 1964 foi encenado, "Noites de Iguana" de Tennesse Willians. "Isso Devia Ser Proibido", um musical de autoria de Bráulio Pedroso, foi o penúltimo trabalho de Cacilda Becker. Na vesperal do dia 6 de maio de 1969, durante a encenaçõa da peça, "Esperando Godot" de Samuel Becket, Cacilda Becker sofre um derrame cerebral em cena, em consequêcia do rompimento de um aneurisma. Permaneceu 38 dias em coma no Hospital São Luiz, quando veio a falecer. Agora é um intenso ponto luminoso de luz no firmanento.

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Teatro OficinaEm fins da década de 50, um jovem autor chega em São Paulo, vindo da intelectual Araraquara. "Incubadeira", um de seus textos, foi encenado no Teatro de Arena. Falamos de José Celso Martinez Correa. Em 1961 com Etty Frazer e Renato Borghi, funda o Teatro Oficina. Antes de alguns trabalhos de grande impacto que seriam lançandos, após ter inaugurado um espaço com duas platéias, lembrando o teatro grego. Embora sua primeira peça, "A Vida Impressa em Dollar" de Cliffod Odets tivesse estreado em palco italiano, no Teatro Cacilda Becker, seu espaço na rua Jaceguai estava sendo preparado. Em julho de 1962 O Teatro Oficina é inaugurado com "Um Bonde a Maria Fernanda em Um Bonde Chamado Desejo Chamado Desejo" de Tenesse Williams com Maria Fernanda, Mauro Mendonça, Célia Helena nos principais papéis. Veio a seguir, "Todo Anjo é Terrível" de John Osborne, tendo Henriette Morineau no principal papel. Em janeiro de 1963 surge "Quatro num Quarto" de Valentim Kataiev e tradução de Eugênio Kusnet. No elenco: Rosa Maria Murtinho, Ronaldo Daniel, hoje em São Paulo dirigindo Raul Cortez em "Rei Lear", Miriam Mehler, Renato Borghi, Libero Ripoli Filho, Moema Brun e outros. A peça permaneceu oito meses em cartaz. Surge "Os Pequenos Burgueses" de Máximo Gorki, tendo estreado em setembro de 1963. No elenco: Etty Frazer como Akoulina, Célia Helena, Eugênio Kusnet, Fernando Peixoto, Ítala Nandi, Miriam Mehler, Raul Cortez, Renato Borghi, Ronaldo Daniel e Rosa Maria Murtinho. A peça foi um marco na história do teatro brasileiro e permaneceu vários meses em cartaz. Na seqüência, José Celso Martinez Correa foi apresentando seus trabalhos e inovações : "Os Inimigos", também de Gorki em 1966; "O Rei da Vela" em 1967; "Roda Viva", agora no Teatro Ruth Escobar em 1968. Em 1973, "As Três Irmãs" de Anton Tchecov, quando aconteceu uma interrupção nas atividades do grupo.A reforma no espaço durou anos, até que em 1993, o original e novo espaço foi inaugurado com "Hamlet" de Shakespeare. Agora com o nome de Uzina-Uzona, o grupo continuou com suas atividades: "Mistérios Gozozos" de Oswald de Andrade; "As Bacantes" de Euripedes; "Os Sertões" de Euclides da Cunha; "Acordes" de Bertold Brecht e "Cacilda", um dos trabalhos mais premiados do autor, ator e diretor. O espaço criado por Lina Bo Bardi e Edílson Elito é único no mundo inteiro.

TBC – 16 Anos DepoisCom a saída de Sérgio Cardoso e Nydia Lícia em 1956, de Cacilda Becker e Walmor Chagas em 1961 e a ausência de Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celli que também haviam formado companhia própria, a direção do TBC como era natural, foi acolhendo outros diretores e intérpretes. Cleyde Yaconis foi uma das

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poucas atrizes que participou da inauguração e que continuou atuando no TBC.

Fernanda Montenegro fez grande sucesso ao interpretar "Vestir os Nus" de Pirandello e "Nossa Vida com Papai". Ao lado de Felipe Wagner, Tereza Rachel teve excelente atuação em "Senhorita Julia"de Strindberg em 1959.

Grandes espetáculos e nomes valorosos continuaram a atuar no tradicional espaço. Em abril de 1962, fazia sucesso uma versão de "A Morte do Caixeiro Viajante" com Cleyde Yaconis, Leonardo Vilar, Dionísio de Azevedo e Juca de Oliveira. A peça de Arthur Miller permaneceu vários meses em cartaz. Seguiu-se a apresentação de "Yerma" de Garcia Lorca com direção de Antunes Filho com um elenco formado por: Cleyde Yaconis, Lélia Abramo, Dina Lisboa, Nilda Maria e muitas outras.

Em agosto de 1962, estreava "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes com Natalia Timberg e Leonardo Vilar. Seguiu-se "Revolução dos Beatos", também de Dias Gomes e com direção de Flávio Rangel. A próxima atração foi "Tiro e Queda" de Marcel Achard, tendo no elenco Raul Cortez, Monah Delacy, Maria Helena Dias e outros. Um grande sucesso de público e crítica.

Devido ao sucesso de Tonia Carrero, só em fevereiro de 1963 é que estrearia "Os Ossos do Barão" de Jorge Andrade com direção de Maurice Vaneau e com : Otelo Zeloni, Lélia Abramo, Silvio Zilber, Rubens de Falco, Cleyde Yaconis, Aracy Balabanian, Áurea Campos, Hedy Toledo, Dina Lisboa, Carmem Silva, Lea Surian e Sylvio Rocha. A peça permaneceu um ano em cartaz, transformando-se a seguir em novela da Globo, também de grande sucesso e tendo no elenco Lélia Abramo. No final de 1964, infelizmente a companhia encerra suas atividades. O edifício permaneceu. Passou por algumas reformas, diferentes diretrizes e até decadência.

Só 34 anos depois é que o empresário Marcos Tiderman Duarte, decide arrendar a casa. Submete-se a reforma e restauração, reequipa suas 4 salas de espetáculo e reinaugura o novo TBC em 28 de setembro de 1999.

Desde o início do ano a direção artística é de Gabriel Vilela. O público redescobriu o novo endereço. Quem o conheceu há 10, 20 anos atrás, não dirá que é o mesmo prédio. A impressão que temos é que tudo surgiu dos alicerces, agora da estaca zero. Com uma programação dinâmica e muito diversificada o novo TBC transformou-se novamente no centro das atenções.

Dois grandes sucessos da casa de espetáculos: "Replay" de Max Miller com direção de Gabriel Vilela e com: Raul Gazolla, Vera Zimmermann, Cláudio Fontana, Mateus Carrieri e outros. Uma outra atração é a versão carioca de "O Rei

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da Vela" de Oswald de Andrade. Grande sucesso do Oficina em 1967 e que vale à pena ver ou rever.

Cenografia e FigurinosSugerido pelo próprio autor, as peças de Nelson Rodrigues, vem sendo encenadas num palco despido. No máximo alguns tablados, figurinos planejados e criativa iluminação.

Muitas obras como: "Dois Perdidos Numa Noite Suja". "Zoo Story", "Dias Felizes" e "Morte e Vida Sereverina", também dispensam cenários, entre tantas outras.

E por incrível que possa parecer, foi graças aos planos criados por Santa Rosa e a original iluminação de Ziembinski que "Vestido de Noiva", do próprio Nelson, foi um marco na encenação do teatro brasileiro.

Outras entretanto, não existiriam sem a criação de um magestoso cenário, como foi o caso de "Canto de Cotovia" de Jean Anouilh, com direção e cenários de Gianni Ratto ou "A Dama das Camélias" de Alexandre Dumas Filho, dirigido por Luciano Salce e com cenários e figurinos de Aldo Calvo.

"Deus lhe Pague" de joracy Camargo, protagonizado por Procópio Ferreira em 1932, teve cenografia de Henrique Manzo. Clóvis Graciano criou inúmeros cenários e figurinos para os espetáculos de Alfredo mesquita e Décio de Almeida Prado, entre 1936 e 45.

Nossas homenagens: Lívio Abramo, Flavio Império, Hélio Oiticica, José Agrippino de Paula, José de Anchieta, Flávio Phebo, Elifas Andreato, Bassano Vaccarini, Carlos Giacchieri, Túlio Costa, Mauro francini, Clara Hethenyi, Eduardo Suhr, Irênio Maia, Cyro del Nero, Joaquim Guedes, Kleber Macedo, Jean Gillon, Napoleão Moniz Freire, Hélio Martinez, Maurice Vaneau, Marcos Weinstock, Marcos Flaksman, Hélio Eichbauer, Wladimir Pereira Cardoso, Victor Garcia, Pernambuco de Oliveira, Olavo Saldanha, Maria Bonomi, Darcy Penteado, Zecarlos Andrade, Marcio Tadeu, Germano Blum, Regina Casé, Patricia Travassos, Aderbal Junior, Analu Prestes, Pedro Ivan, Carlos Eduardo Andrade, Ricardo de Almeida, Felipe Crescenti, Marilena Ansaldi, Domingos Fuschini, Irineu Chamisio, Anisio Medeiros, Murilo Sola, Luiz Carlos Mendes Ripper, maria Cecília Motta, Cissa Carvalho, Marcio Colaferro, Kalma Murtinho, Cláudio Luchesi, Lina do Bardi,

Cena de "Roda Viva", figurino e cenários de Flávio Império.

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Ângelo Lazary, Wasth Rodrigues, Carlos Thiré, Mauro Junqueira, Francini Nieta, Ded Bourbonais, Edgard Koetz, Anísio Medeiros, Janice Lôbo, Paulo José Gomes de Souza, Joel de Carvalho, Marcos Weinstock, Chico Petraco, Ennio Passebon, Ilo krugli, Naum Alves de Souza, Otávio Donasci, Chico Ozanan, jr. Clodovil Hernandez, Murilo Sola, Jorge Takla, Murtinho, Márcio Colarerro, Alfredo Mesquita, Anísio Medeiros, Norman Westwater, José Armando Ferrara, Clóvis Bueno, Fuad Jorge, Alzira Andrade, Francisco Padilha, Renato Scripiliti, J. C. Serroni.

Teatro Durante a RepressãoComo arte viva e contundente, desde que se concretizou há dois mil e quinhentos anos, o teatro foi muito perseguido e censurado.

Felizmente no dia 27 de março de 1985, Fernando Lira, Ministro da Justiça declarou. "A partir desta data declaro uma nova era entre Estados e intelectuais".

A data é histórica e foi muito comemorada por todos os meios de comunicação. Além da censura à imprensa, os produtores teatrais na maioria das vezes, não podiam estrear na data prevista.

Além de ter por obrigação levar quatro textos para que os censores os lessem com antecedência, exigia-se o ensaio geral.

Mas antes disso os textos já vinham com os cortes, extirpando-se, não só frases, como cenas inteiras. Isso quando o texto não era definitivamente proibido segundo expressão na época de ser encenado. Oduvaldo Viana, Dias Gomes, Plinio Marcos estiveram entre os mais visados. Eis o que diz o grande intelectual o Sábato Magaldi estudioso do nosso teatro que, ao lado de Maria Thereza Vargas, está escrevendo "Cem anos de Cena Brasileira". Com relação ao período de repressão diz no seu livro, Panorama do Teatro Brasileiro, "O florescimento da literatura dramática brasileira tornou-se signo da nossa maturidade artística e eis que o Golpe Militar de 1964, desastroso em todos os sentidos, trouxe para o palco a hegemonia da censura. Ela não veio de repente, como se houvesse outras prioridades a cumprir. A sobrevivência do teatro tonou-se dificílima com a edição do Ato Institucional nº 5 e o advento do governo Médici, que sufocou o que ainda restava de liberdade. No palco só se passou a respirar de novo com a abertura política

Cena de "Macunaíma", Cenário e figurinos de Naul Alves de Souza.

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iniciada no governo Geisel e prosseguida no governo Figueiredo".

Algumas companhias como o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro Popular de Arte, de Sandro e Maria Della Costa, preferiram encerrar suas atividades.

AlternativasJá o Teatro Oficina lançou obras traduzidas como: "Andorra" de Max Frish em 66 e "Quatro Num Quarto" de Valentin Kataiev, em 1967. Mas mesmo com a pressão da censura, o Teatro Oficina conseguiu montar "O Rei da Vela" de Oswaldo de Andrade. No Teatro Bela vista em 69. "O Assalto" de José Vicente e direção de Fauze Arap. Em 1971 tivemos a apresentação de "Corpo a Corpo" de Oduvaldo Viana Filho com direção de Antunes Filho e Juca de Oliveira como protagonista. Em 1976, Fernanda Montenegro e Fernando Torres optaram por "Seria Cômico se não fosse Sério" de F. Durrenmatt. No ano seguinte o Teatro a Corpo a Corpo com Juca de Oliveira Augusta optou por "Volpone" de Ben Jonson com Laura Cardoso, principal papel. Ainda nesse ano, Marilena Ansaldi surge com "Escuta Zé Ninguém", baseado no livro Wilhelm Reich. Em 1977, ainda a encenação de "O Último Carro" de João das Neves, encenado no pavilhão da Bienal. Marilia Pera que começou no teatro ainda criança em 1978 surgiria com o monólogo, "Apareceu a Margarida" de Roberto Athayde. Teve direção de Aderbal Junior em 1978 e como vimos sempre driblando a censura estavam em cartaz os seguintes espetáculos: "Salada Paulista" pelo grupo Pod Minoga, "Gata em Teto de Zinco Quente" com direção de Kiko Jaess e Cléo Ventura no principal papel. Autoria de Tennessee Wiliams. "Zoo Story" com Lorival Pariz e Marco Nanini. Em 1979 Fernanda Montenegro e a É... com Fernanda Montenegro e Fernando Torres Fernando Torres retornam a São Paulo com "E..." de Millor Fernandes e fazendo grande sucesso. Em 1980, cinco anos antes da liberação total da censura, mas já tenho certa abertura, tivemos a apresentação de alguns espetáculos até então proibidos: "Rasga Coração" de Oduvaldo Vianna Filho, direção de José Renato e tendo no elenco Raul Cortez; "Calabar" de Chico Buarque de Holanda e Rui Guerra e finalmente uma das mais proibidas, "Abajur Lilás" de Plínio Marcos com Walderez de Barros e direção de

Arena Conta Zumbi com Dina Sfat

Corpo a Corpo com Juca de Oliveira

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Fauzi Arap. E o Teatro Brasileiro de Comédia que havia fechado suas portas em 1964, em 1981 reabre para acolher o espetáculo: "Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani" de Eliana Rocha e Jandira Martini, também responsável pela direção. No elenco: Zecarlos Andrade, Naria Hilma, Paulo Herculano, Walter Breda, Eliana Rocha e Luiz Roberto Galizia.

Lembrar é ResistirUm dos grandes sucessos de público e crítica do momento foi destinado ao espetáculo "Lembrar é Resistir", de autoria de Analy Alvarez e Izaias Almada. Encenada no antigo DOPS representa por inteiro o que foi a repressão, a censura, a perseguição no Brasil. Marcos Mendonça, secretário de cultura afirmou - "A Era do Silêncio, instituída no Brasil com a instalação do governo autoritário, fez calar aqueles que lutavam pela volta da liberdade democrática, mas fez também ecoar todas as vozes que abominavam aquele sistema de organizar pela força: comandar sob violência e controlar mediante tortura, muitas vezes até a morte. Jovens estudantes, trabalhadores, artistas, líderes sindicais, intelectuais, facções religiosas e políticas, enfim, brasileiros queriam o País livre e não se pouparam nem mesmo do próprio sangue para fazer soar aquela voz que ansiava pelo direito de simplesmente viver, desfrutando da livre escolha de pensamento. Desde 1964, o Brasil foi brutalmente coberto pelo manto da proibição. Pela imposição do autoritarismo, peças de teatro e jornais foram censurados, músicas foram banidas das emissoras de rádio, pessoas presas, torturadas e muitas desapareceram, políticos foram cassados ou exilados. O País que ostentava na sua bandeira, desejo pela "Ordem e Progresso" inscrevia, com o sangue dos cidadãos, as páginas que a História jamais deixar apagar da memória do seu povo".

Quanto aos autores, Analy Alvarez e Izaias Almada afirmam: "Construída guerilheiramente para ser apresentada no âmbito das comemorações dos 20 anos de anistia, em setembro de 1999, LEMBRAR É RESISTIR, ultrapassou todas as expectativas do seus

É... com Fernanda Montenegro e Fernando Torres

Capa do programa

Lembrar é Resistir

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criadores. Além de resgatar para as atividades culturais, um espaço que durante anos foi usado para reprimir a livre manifestação do pensamento, a peça acabou por reunir pessoas que não se viam há muitos anos e que, de uma ou de outra maneira, reencontraram-se com um passado, não muito distante e puderam refletir sob a luz de novos tempos... "E como é gostoso ver nos olhinhos vermelhos dos expectadores no final de cada sessão que valeu à pena. Valeu à pena exorcizar os fantasmas de um prédio maldito, que nos ajuda ainda como protagonista de um drama de milhares de brasileiros que por aqui passaram a contar suas histórias, mas que agora quer se mostrar para São Paulo, no novo milênio que se aproxima, não como uma casa de horrores, mas como um espaço livre, democrático e humano. Humano na melhor acepção que essa palavra possa ter, por vezes tão esquecida em tempos de frias estatísticas... ".

"Lembrar é Resistir" foi dirigida por Silney Siqueira, o mesmo diretor de "Morte e Vida Severina", de João Cabral Melo Neto e apresentada em 1966, no Teatro da Universidade Católica. A música era de Chico Buarque de Holanda.

No elenco: Nilda Maria, Luiz Serra, João Acaiabe, Lourdes de Moraes, Tin Urbinati, Carlos Meceni, Amaury Alvarez, Malú Rocha, Pedro Pianzo, Emerson Caperbat, Luti Amgelli, Ia Santos, Walter Mendonça, Neusa Velasco e José Ferro. Direção musical de Murilo Alvarenga. Produção e administração de Annita Malufe e Efren Colombani. Supervisão geral de Analy Alvarez. "Não se trata de conservar o passado, mas de resgatar as esperanças do passado" Adorno/Horkheimer.

Sete anos de Leituras DramáticasQuando lemos o roteiro teatral dos jornais americanos ou estamos na Broadway, estranhamos os horários: sessões de terça a domingo às 14 e 19 horas. O sistema visa facilitar a vida de quem mora distante, outros estados e, principalmente o turista.

No Brasil e principalmente em São Paulo, até 1970, as companhias apresentavam seus espetáculos de terças às sextas às 21 horas sendo que na quinta havia uma vesperal às 16 horas. No sábado às 20 e 22 hs e aos domingos às 16 e 21 horas.

Com o passar dos anos aboliu-se as terças feiras. De cinco anos para cá, com raras exceções, espetáculos somente às sextas, sábados e domingos.

Mais uma cena da peça

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Antigamente os atores só descansavam, na segunda.

Como agora trabalham menos durante a semana, adotaram a segunda-feira como uma noite de leituras, entretenimento e confraternização.

Estamos falando da Sociedade Lítero-Dramática Gastão Tojeiro. As leituras acontecem no Teatro Maria Della Costa na Sala Sandro Polloni. Tem início às 21 horas e a entrada é franca.

No ano passado o projeto, "O que a Gente fez nesses 500 anos..." resgatou, selecionou 22 dos mais representativos autores teatrais do período e organizou um ciclo de leituras dramáticas. Os textos foram lidos de 5 de julho a 29 de novembro de 1999.

Para registrar o evento, tão significativo nas comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil, a Sociedade Lítero Dramática Gastão Tojeiro, contou com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo para a produção de todo o material gráfico, que resultou em importante documento no resgate da história da nossa dramaturgia.

Pioneira na apresentação de leituras dramáticas públicas, que realiza há sete anos consecutivos, a Gastão Tojero aproveitou a oportunidade para agradecer a adesão recebida da classe teatral, autores, diretores, atores e estudiosos. O comparecimento em massa sem dúvida contribui para o êxito das leituras e, conseqüentemente para o engrandecimento do panorama do teatro brasileiro.

A sociedade é composta por Silnei Siqueira, Luiz Guilherme, Izaias Almada, Geraldine Quaglia, Ernê Vazfregni, Luiz Serra, Fernando Bezerra, Marcus Carelíquio, Yara Grey, Diaulas Ulisses, Solange Moreno, Lourdes de Moraes, Raffaella Pouppolo, Neusa Velasco, Annita Malufe, Analy Alvarez, Inajá Bevilácqua, Zecarlos Andrade, Lúcia Capuani, Amaury Alvarez, Efren Colombani, Luti Angelelli, José Ferro, Will Damas, André Latorres, Pedro Pianzo, Malu Rocha, Mariana Guarnieri, Leonal Prata, Ewill Rebouças e Mauro de Almeida. Como vemos, uma equipe que forma um grande elenco.