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Jérôme Souty é pesquisador, autor e tradutor. Doutor em Antropologia Social na EHESS (Paris), com pós-doutorados no IMS e no PPCIS (UERJ – Rio de Janeiro). De nacionalidade fran-cesa, vive e trabalha no Brasil desde 2005. Desenvolve pes-quisas nas áreas de antropolo-gia urbana, arte/antropologia, re l ig iões e culturas afro-brasileiras, relações de gênero, patrimônio cultural/natural. No Brasil publicou também Pierre Fatumbi Verger — Do olhar livro ao conhecimento iniciá�co (Terceiro Nome, 2011), Foz Afora — Residência ar�s�ca no Rio Doce (com o cole�vo Líquida Ação, 2017) e vários ar�gos.

Se as heterotopias, apreendemos com Foucault, são lugares com múl�plos significados, complexos e capazes de emaranhar espacialidades, temporalida-des e sen�dos, os motéis, nos mostra Jérôme, são lugares de interrupção do co�diano; públicos porque fáceis de reconhecer, mas repletos de técnicas, arquiteturas e rituais que garantem o anonimato. Eles respondem à hiperssexu-alização ou, inversamente, à necessidade de ocultar o sexo? Pergunta-se o autor, nos oferecendo uma boa oportunidade para interpretar as formas fluidas em que convivem a norma e a transgressão. As complexidades estão colocadas ao longo das páginas deste livro que, oferecendo dados históricos sobre a instauração des-ses locais no Brasil, discorre sobre hierar-quias, arranjos, discursos e transforma-ções em matéria de gênero e sexualidade.

(PPGAS/Museu Nacional/UFRJ)

Eles estão aí, em zonas comerciais e de lazer, em meio a bairros residenciais, ao longo das estradas que conectam as cida-des. Todos temos visto os motéis, ou temos entrado, ou temos imaginado como são. Eles fazem parte de nossa pai-sagem e de nossas fantasias. Fantasias de consumo ou de imagens sobre outras épocas e de outros mundos, traduzidas em decorações e em nomes apela�vos a um ero�smo que “é diferente”. Diferente, porque corresponde a esse espaço e a esse tempo específico que existem após atravessar o “umbral”, e porque, como diz Jérôme, mesmo que visitados por casais cons�tuídos, a fantasia instaura a expec-ta�va do sexo não ro�neiro ou de relações “ilegí�mas”, isto é, aquelas rela�vas à infidelidade ou aos encontros e às transa-ções do mercado do sexo.

María Elvira Díaz-Benítez

Tirem suas conclusões e visitem o Motel Brasil, análise densa e pioneira nas Ciências Sociais brasileiras sobre essa icônica “ins�tuição”.

JÉRÔ

ME S

OUTY

MO

TEL BRA

SIL

UMA ANTROPOLOGIA CONTEMPORÂNEA

CRIAÇÃO: PAULO VERMELHODATA: 11/9/2019

www.paulovermelho.com21 98887-6122 / 21 2143-8492

No Brasil, os motéis fazem parte da paisagem urbana contempo-rânea. Facilmente reconhecíveis e acessíveis, eles são des�nados a abrigar, com toda discrição, relações amorosas e sexuais. Muito populares, esses estabelecimentos se tornaram uma realidade incontornável na sociedade brasileira e formam um importante setor econômico. Porém, con�nuam situados em um espaço liminar, associado à transgressão.

Motel Brasil analisa as metamorfoses recentes da sociedade bra-sileira a par�r da suíte de motel. Esse lugar é considerado um indicador das mudanças comportamentais ocorridas desde o fim dos anos 1960 até hoje. Usos do corpo, relações entre gêneros, paixão român�ca e prá�cas transgressivas, novas formas de consumo e de lazer, esté�ca e imaginário urbanos, são analisados a par�r dessa perspec�va inédita.

A sociedade brasileira a par�r dos motéis

Como o modelo de motel norte-americano — um simples hotel de beira de estrada — transformou-se em love hotel ao chegar ao Brasil, no fim dos anos 1960? Por que a maioria dos brasileiros, adultos de todas as idades, meios sociais ou orientação sexual, é atraída por esses estabelecimentos? De que imaginário se trata? A experiência do casal no motel reforça a tradicional assimetria e desigualdade entre os gêneros feminino e masculino ou consegue subvertê-la? Esses drive-in do amor, emblemá�cos de uma ideo-logia consumista, podem também ser considerados reflexo de uma sociedade hedonista e permissiva ou, ao contrário, pudica e conservadora? O que se revela nessa ar�culação singular entre arquitetura, tecnologia e sexualidade?

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Jérôme Souty é pesquisador, autor e tradutor. Doutor em Antropologia Social na EHESS (Paris), com pós-doutorados no IMS e no PPCIS (UERJ – Rio de Janeiro). De nacionalidade fran-cesa, vive e trabalha no Brasil desde 2005. Desenvolve pes-quisas nas áreas de antropolo-gia urbana, arte/antropologia, re l ig iões e culturas afro-brasileiras, relações de gênero, patrimônio cultural/natural. No Brasil publicou também Pierre Fatumbi Verger — Do olhar livro ao conhecimento iniciá�co (Terceiro Nome, 2011), Foz Afora — Residência ar�s�ca no Rio Doce (com o cole�vo Líquida Ação, 2017) e vários ar�gos.

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