VuJonga - Cadernos Literários | Domingo – 08/12/19, Edição nº 002.
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TESTE de ADN – VOCÊ TEM CORAGEM? por Silvya Gallanni
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Antigamente para se saber de onde vínhamos era difícil. Se fosse teste de paternidade
então, a coisa seria mais difícil ainda. Para se comprovar a filiação bastava o homem ter o
mesmo tipo consanguíneo que já era o pai em questão. Contudo, hoje em dia a ciência tem
outros métodos. Nasceu o teste de ADN que em português significa: Ácido
DesoxirriboNucleico ou… como diz o brasileiro em inglês, DNA - DeoxyriboNucleic Acid.
Porém, a questão hoje não se trata somente do teste de paternidade, mas sim do teste
mais geral para saber por onde andaram os seus genes. Para isso existem muitos laboratórios
genéticos mais especializados que fazem o teste.
Recentemente em Bauru, cidade do interior de São Paulo, no nosso Brasil, um professor
universitário foi vítima de racismo. E, ainda por cima além da agressão verbal foi vítima de
ferimentos de canivete pelo agressor. O autor do delito foi detido, mas… pagou fiança no valor
de um salário mínimo e saiu pela porta da frente da delegacia. Pensando numa punição para o
autor desse atentado fiquei calculando quanto tempo ele pegaria de cadeia. No Brasil? Talvez
pena suspensa, ou algumas cestas básicas, como é da praxe. Talvez, para o sistema, neste caso,
nada demais terá acontecido. E se fosse ao contrário?
Professor universitário em Bauru é vítima de crime de racismo, no Dia da
Consciência Negra | BAURU - CRIME DE RACISMO.
Um professor universitário em Bauru foi vítima de racismo, no Dia da Consciência
Negra. Um homem de cor branca que passava pela rua o ofendeu e ainda o agrediu
com golpes de canivete. (SBT Central 2019, 25 de novembro às 11:38)
https://www.facebook.com/sbtcentral/videos/professor-universit%C3%A1rio-em-bauru-%C3%A9-
v%C3%ADtima-de-crime-de-racismo-no-dia-da-consci%C3%AAn/446445896067132/
Todavia um castigo adicional, maior, para o ato dessa pessoa seria ser obrigado a fazer
o teste de ADN de sua origem como parte da mesma espécie humana de sua vítima. Sim, pois,
ele certamente descobriria de onde veio o sangue que corre nas suas veias.
TESTE de ADN – VOCÊ TEM CORAGEM?
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A tal “raça branca,” ou “raça pura” como dizem por aí, cairiam por terra, porque
cientificamente não existem “raças” humanas…, mas sim e somente, uma única espécie
humana. Somos todos da mesma espécie humana, mas com componentes diferentes em nosso
ADN.
Você, que está aí sentado lendo essa coluna, teria coragem para fazer esse teste e
descobrir de onde veio realmente? O tal sujeito que agrediu o professor deveria ser obrigado
a fazer. Ficaria com certeza surpreso ao descobrir que no seu ADN encontrará vestígios de
várias nações incluindo africanas. Logicamente que ele dirá que é de origem italiana, alemã
ou dinamarquesa. Mas, com esse teste irá perceber que não é bem assim. O brasileiro possui
muitas misturas.
Para começar, temos os ditos ameríndios (mais correto ramos de guaranis e de
aruaques), os portugueses, os escravos raptados da África que abundaram a nossa nação no
tempo da escravatura e se reproduziram mestiçados. Foram 300 anos de escravatura. E você
acha que o chamado “negro” não fez descendentes com suas patroas? As mulheres que
passavam meses sozinhas esperando o marido voltar da viagem além-mar e através do sertão
à capital da capital? Pergunte aos seus avós quem foram os seus pais e assim sucessivamente.
Tente descobrir as suas origens. Volte ao passado. Ou então se olhe ao espelho. Perceba as
suas feições, olhe os seus olhos, nariz, boca. Esqueça a cor de sua pele. Note-se ao espelho e
veja o seu corpo com detalhes. Os seus cabelos ondulados, quando criança era muito crespo?
Porque será? Talvez um bisavô que tenha vindo da África, como da Guiné, Senegal, Nigéria,
Daomé (Benim), Congo, Angola, Moçambique, e tantos outros países desse imenso continente
africano onde cabem quase 3 Brasis e meio.
Por isso, antes de agredir alguém com seu racismo, se puder, faça um teste de ADN.
Tenha essa coragem. Vá descobrir de onde veio. Saber de quantas pessoas foram precisas para
fazerem esse ser que hoje é racista. Pelo menos 6 pessoas diretas foram precisas para fazer
você: seu pai e mãe; e mais 4 avós, dois de cada lado materno e paterno.
E vá recuando no tempo das bisas, trisas… avós… etc… – de Cabral até hoje (1500 a
2019) pelo menos cerca de 110 pessoas ‘circulam’ por seu sangue.
Por isso, antes de apontar o seu dedo para alguém, aponte a si mesmo ou a si mesma.
As expectativas de um teste de ADN eu já lhe digo:
– por mais que você queira dizer que nunca houve um “negro” em sua família, haverá
3% desse sangue correndo em suas veias da origem de há 200 mil anos, no mínimo.
E, no máximo, se for brasileiro ou brasileira de duas ou três gerações atrás, ou mais,
provavelmente a partir do século XIX (1800 e bolinha há pelo menos 131 anos) terá sangue
mais recente afro-descendente e guarani, além de europeu português, italiano, espanhol,
germânico, ucraniano, etc.
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Quem diz isso não sou eu, esta simples cronista que expõe as suas ideias pesquisando
em fontes científicas. É a ciência que prova e comprova através do seu sangue que você
também é filho da ÁFRICA que você nega. Querendo ou não!
Genographic Project - August 2019 Update
Discover the complete story of your ancestors’ journey from 200,000 years ago to today
with National Geographic’s Ancestry DNA kit, Geno 2.0.
https://genographic.nationalgeographic.com/
Se puder descubra seus antepassados até 200 mil de anos para trás. Seguramente não
seria ainda europeu, nem teria cor de pele clara devido à insuficiência de vitamina D de
populações de regiões que de repente ficaram com climas muito frios – idades do gelo,
provocadas pelas bruscas mudanças climáticas e escassez de comida tropical, e fome no ‘norte’
do planeta.
O projeto da National Geographic pode lhe ser útil. Silvya Gallanni © Novembro 2019.
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‘O Reino, a Colônia e o
Poder: o governo Lorena na
capitania de São Paulo –
1788-1797’ de
Adelto Gonçalves, com
Prefácio de
Kenneth Maxwell,
texto de apresentação de
Carlos Guilherme Mota
e fotos de
Luiz Nascimento.
São Paulo: Imprensa
Oficial do Estado de São
Paulo, 408 páginas,
R$ 70,00, 2019.
Site: www.imprensaoficial.com.br
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