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Page 1: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Ciência Política e Administração Pública

Curso de Licenciatura em Administração Pública

INCENTIVOS INSTITUCIONAIS PARA PRESTAÇÃO DE CONTAS: PARTIDOS

POLÍTICOS VS TRIBUNAL ADMINISTRATIVO (2005 – 2008).

Trabalho de Fim de Curso

Licenciando: Teles Henry Soares Ribeiro

Supervisor: Adriano Nuvunga, MA

Maputo

Novembro, 2009

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INCENTIVOS INSTITUCIONAIS PARA PRESTAÇÃO DE CONTAS: PARTIDOS

POLÍTICOS VS TRIBUNAL ADMINISTRATIVO (2005 – 2008).

Teles Henry Soares Ribeiro

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência Política e

Administração Pública da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da

Universidade Eduardo Mondlane, como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de licenciatura em Administração Pública.

Supervisor: Adriano Nuvunga, MA

Maputo

05 de Novembro, 2009

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ÍNDICE

DECLARAÇÃO .......................................................................................................................... i

DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... ii

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... iii

ABREVIATURAS..................................................................................................................... iv

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

1.1. JUSTIFICAÇÃO .............................................................................................................. 2

1.2. PROBLEMA .................................................................................................................... 3

Questão de Partida: ................................................................................................................. 5

1.3. OBJECTIVOS DO ESTUDO ........................................................................................... 5

Gerais: ................................................................................................................................ 5

Específicos: ......................................................................................................................... 5

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 6

CAPÍTULO 2: METODOLOGIA ............................................................................................... 7

2.1. APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA ....................................................................... 7

2.1.1. Abordagem Metodológica:......................................................................................... 7

2.1.2. Técnicas: ................................................................................................................... 8

CAPÍTULO 3: ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL ....................................... 10

3.1. QUADRO TEÓRICO ..................................................................................................... 10

3.2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS...................................................................................... 12

CAPÍTULO 4: O POR QUÊ DO FINANCIAMENTO PÚBLICO AOS PARTIDOS? ............... 15

4.1. OBJECTIVO E FORMAS DE FINANCIAMENTO PÚBLICO ...................................... 15

4.2. ARGUMENTOS Á FAVOR .......................................................................................... 17

4.3. ARGUMENTOS CONTRA ........................................................................................... 17

CAPÍTULO 5: QUADRO LEGAL ........................................................................................... 19

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5.1. LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................ 19

5.2. COMPETÊNCIAS DO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO ............................................ 20

CAPÍTULO 6: AS PRÁTICAS ................................................................................................. 21

6.1. AS PRÁTICAS DOS PARTIDOS .................................................................................. 21

6.1.1. Partido FRELIMO ....................................................................................................... 21

6.2.2 Partido RENAMO .................................................................................................... 21

6.2.3 Direcção Nacional De Contabilidade Pública (DNCP): ............................................. 23

6.3. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO ................................................................................. 23

CAPÍTULO 7: CONCLUSÃO .................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS: ........................................................................................ 27

BIBLIOGRAFIA: ..................................................................................................................... 30

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i

DECLARAÇÃO

Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada, na sua essência, para a obtenção de qualquer

grau, e que ela constitui o resultado da minha investigação pessoal, estando indicadas no texto e

nas referências bibliográficas as fontes que utilizei.

Maputo, Outubro de 2009

O Licenciando

__________________________________

(Teles Henry Soares Ribeiro)

O Supervisor

__________________________________

(Adriano Alfredo Nuvunga, MA)

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ii

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado especialmente a minha sobrinha e afilhada Graziele Melannie

Dias Ribeiro, no intuito de que o mesmo um dia lhe sirva de incentivo e inspiração para

alcançar os seus sonhos e no geral a toda a minha família.

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iii

AGRADECIMENTOS

Agradecimento especial vai para o meu supervisor Adriano Nuvunga, pelo tempo que

disponibilizou, pela atenção e paciência que dispensou ao supervisionar este trabalho, expresso o

meu muito obrigado.

Aos meus pais Vasco Faustino Ribeiro e Maria Heleonora Alberto Francisco Soares, pelo

carinho, paciência e incentivo moral e material durante todo o período da minha fomação o meu

muito obrigado do tamanho do mundo. De igual modo e pelos mesmos motivos à Tia Lidia

Soares.

Ao dr. Marcelo Mosse em particular e ao Centro de Integridade Pública no geral pelo apoio e

incentivo na conssecução do trabalho.

Aos meus irmãos, Irina Amélia Soares Ribeiro, Hélia Leopoldina Soares Ribeiro, Adelmar

Geisel Soares Ribeiro e Silvia Merícia Soares Ribeiro. A Marinela Flávio Maluleque, Natércia

Meritânia Dias e a Graziele Melannie Dias Ribeiro, obrigado pelo amor, coragem, paciência e

simplicidade com que me ajudaram na preparação do trabalho.

Aos meus amigos e colegas, Ivo José, Aurélio Ribeiro, Cossa Felipe, Monteiro Suege, Grégorio

Soares, Aguinaldo Araújo, Bento Subuhana, Domingos Mandlate, Carlos Marrove, Abdul

Danane, Iussufo Gafur, Lucrécia Lissenga, Ilda Bernardo, Manuel Chidassicua, Dickson Salé,

Emilio Mara, Dilson Chidengo, Albertino, Machava, Albertina Manjama, Nárcia e Telma

Semente, pelos conselhos e ajuda na efectivação do trabalho.

Aos meus familiares e amigos aqui não mencionados que directa ou indirectamente contribuiram

para a produção do presente trabalho, o meu obrigado.

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iv

ABREVIATURAS

Acordo Geral de Paz (AGP)

Boletim da República (BR)

Centro de Integridade Pública (CIP)

Constituição da República de Moçambique (CRM)

Conta Geral do Estado (CGE)

Direcção Nacional de Contabilidade Pública (DNCP)

Electoral Commissions Forum of SADC Countries (ECF)

Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo)

Institute for Democracy and Electoral Assistance (IDEA)

Orçamento do Estado (OE)

Organização das Nações Unidas (ONU)

Partidos Políticos (PP)

Resistência Nacional de Moçambique (Renamo)

Tribunal Administrativo (TA)

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1

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

O presente trabalho de fim de curso versa sobre os Incentivos Institucionais para a Prestação de

Contas em Moçambique: Partidos Políticos VS1 Tribunal Administrativo (2005-2008), isto é, na

relação entre os partidos políticos (PP) e o Tribunal Administrativo (TA) no que respeita a

prestação de contas dos fundos que os partidos políticos moçambicanos recebem do Orçamento

do Estado (OE) em virtude do seu assento parlamentar.

Desde a aprovação da primeira Constituição multipartidária em 1990, Moçambique vive uma

democracia multipartidária. Este acto ocorreu numa altura em que o país ainda estava em guerra,

a qual só viria a terminar dois anos mais tarde através da assinatura do Acordo Geral de Paz

(AGP), entre o governo da Frelimo e o movimento guerrilheiro da Renamo.

Com a assinatura do AGP, criaram-se as condições para o financiamento dos partidos políticos

em Moçambique através dos Trust Funds da Organização das Nações Unidas (ONU). Assim

sendo, foram criados dois Trust Funds, um para ajudar a Renamo, movimento guerrilheiro a

transformar-se em partido político e o outro para apoiar os partidos e candidatos concorrentes às

primeiras eleições num sistema de democracia multipartidária em Moçambique. Porém, estes

dois Trust Funds não tiveram prestação de contas como estipulava o acordo com a ONU.

Volvidos dezasseis anos de paz, foram criadas no país instituições responsáveis pela

transparência na gestão dos fundos públicos. Uma vez que, os partidos políticos moçambicanos

recebem fundos públicos provenientes do Orçamento do Estado em virtude do assento

parlamentar e não têm prestado contas destes fundos na sua íntegra, como o estipula a Lei 7/91

de 23 de Janeiro, que estabelece o quadro legal para a formação e actividade dos partidos

políticos em Moçambique, como deveria ser num sistema democrático. O presente estudo

procura perceber as possíveis razões deste comportamento.

1 A expressão “VS” no presente trabalho é para significar “visa-à-vis” que em inglês mais comum significa

“no que diz respeito à” ou “em relação à”, não tendo deste modo uma significação de confrontação ou choque entre

estas instituições. Definição disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/vis-a-vis>. Acesso: 03 de Março de 2009.

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1.1. JUSTIFICAÇÃO

A importância do tema em análise, os incentivos institucionais para a prestação de contas entre

os partidos políticos e o Tribunal Administrativo está associada ao facto de esta ser uma área

aparentemente esquecida no que se refere a boa governação e combate à corrupção no país e a

necessidade de se problematizar a questão e de abrir espaço para um debate académico sobre o

assunto. Embora, actualmente seja um tema debatido nos mídia e por algumas organizações da

sociedade civil, nos meandros académicos é um tema pouco estudado.

Com isto, o tema pretende trazer para o debate as questões sobre transparência, accountability e

prestação de contas em Moçambique assentando na relação Partidos Políticos – Tribunal

Administrativo e nos seguintes aspectos: (i) o partido Frelimo esta actualmente no governo e,

nessa qualidade, deveria estar na vanguarda do combate à falta de transparência e, em particular,

da corrupção no país; (ii) a Renamo, segunda maior força política Nacional, é aspirante ao poder

político e, nessa qualidade, devia mostrar agora o que fará quando ou caso chegue ao poder.

E deste modo permitir-nos-á perceber o que se pode esperar do combate a corrupção, um dos

temas prioritários na agenda política nacional, quando o partido governamental e o segundo

maior partido político nacional não prestam contas sobre o dinheiro que recebem dos cofres do

Estado ao Tribunal Administrativo, como estipula a lei.

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3

1.2. PROBLEMA

Um dos eixos principais de qualquer regulação em matéria de financiamento dos partidos

políticos refere-se à proveniência dos fundos que integram os recursos partidários. As opções

incluem o financiamento exclusivamente privado, o financiamento baseado integralmente no

subsídio com fundos públicos e numerosas variantes de financiamento misto.

No que diz respeito ao financiamento político, África fica para trás em relação á outras regiões

do mundo na proporção de países que têm fundos do Orçamento do Estado. Com base numa

pesquisa realizada em 2002, somente 14 estados africanos financiam directamente os partidos

políticos, com ou sem legislação. Estes eram Benim, Burkina Faso, Chade, Egipto, Guiné

Equatorial, Gabão, Malawi, Marrocos, Moçambique, Namíbia, a Seicheles, África do Sul,

Tanzânia e Zimbábue. (IDEA, 2003)2

A ideia do financiamento dos partidos políticos moçambicanos surgiu em 1992 com a criação do

Trust Fund da ONU que visava essencialmente: ajudar a Renamo, movimento guerrilheiro, a

transformar-se em partido político e apoiar os partidos políticos e candidatos concorrentes às

eleições de 1994. Porém, estes dois Trust Funds não tiveram prestação de contas, uma vez que,

como afirma Nuvunga3, não havia tal preocupação, era tempo de conciliação nacional e de

garantir a Paz.

Todavia, desde a primeira legislatura democrática em 1994 já passaram pela AR sete (7)

bancadas. Três (3) em 1994; duas (2) em 1999; e duas (2) em 2004, sendo a Frelimo e a Renamo

os dominadores desta Assembleia e feito um trabalho de exame documental no Notícias e na

Imprensa Nacional, verificou-se que nenhum deles se dignou a informar ao povo moçambican o

2 Uma das conlusões deste estudo apresentado pela IDEA é de que a inexistencia estrutural de principios,

tais como transparência e prestação de contas, em muitos dos países africanos, corrói toda uma estrutra política,

cultural e social.

3 NUVUNGA (2007).

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4

que faz com o dinheiro proveniente dos seus impostos, isto é, prestando contas como estipula a

lei4.

Para este efeito, a Constituição da República, impõe no art. 228 (2) que o controlo da Legalidade

dos actos administrativos e a fiscalização da legalidade das despesas públicas seja da

competência do Tribunal Administrativo (TA).

O TA tem tido um papel fundamental dado que o seu parecer é muito claro e tem a coragem

política de denunciar as práticas desviantes que identifica na CGE, incluindo aquelas que

envolvem figuras bem colocadas na classe política. (Mosse 2008)

A título exemplificativo, o relatório do TA sobre a CGE de 2007 refere que houve o seguinte

perfil de falhas na execução Orçamental, algumas das quais escondem actos de corrupção: (i) a

falta de justificativos da parte das despesas realizadas; (ii) a inscrição das despesas em linhas

orçamentais; (iii) aquisição de bens sem a observação das regras de concurso público; (iv)

realização de despesas sem comprovativos; (v) existência de contas bancárias movimentadas sem

o registo dos valores na conta e contratos de pessoal; e (vi) arrendamento e prestação de serviços

sem obediência às normas e procedimentos legais.

Porém, apesar dos avanços que o TA tem vindo a registar, ainda se verificam algumas questões

no seu desempenho, que necessitam de uma problematização, concretamente a fiscalização da

legalidade das despesas públicas.

As regras e garantias de prestação de contas sobre os fundos públicos são da responsabilidade do

TA, ou seja, o TA é o órgão que deve assegurar que os partidos políticos prestem contas sobre os

subsídios que recebem em virtude da sua representação parlamentar. Neste aspecto o TA é o

guardião da legalidade e, por isso, da democracia. Mas ao longo dos (catorze) 14 anos da

segunda República não registaram nenhum movimento do TA a exigir que os partidos políticos,

em particular a Frelimo e a Renamo, prestem contas sobre o fundo que recebem dos cofres do

4 Feita uma vistoria nos Boletins da República de 2005-2009, nas Ia, IIa e IIIa séries, não se encontrou nada

que se assemelhasse à conta dos partidos políticos, Imprensa nacional dias 4 e 11/03/09; Feita uma revisão no dia

13/03/09, na Imprensa nacional, não se encontrou nada que se assemelhasse à conta dos partidos políticos nos

jornais “Noticias” no período 2005-2009;

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5

Estado. Esta aparente apatia do TA face a esta situação dos partidos políticos é inquietante uma

vez que este organismo desempenha um papel relevante no tocante a transparência na gestão das

finanças públicas, e é nesta vertente que se irá centrar o presente estudo.

Assim sendo o trabalho assentará nas seguintes dimensões: 1) a falta de prestação de contas por

parte dos partidos políticos; 2) a actuação do TA face a esta ausência de prestação de contas dos

partidos políticos.

Questão de Partida:

Nesta conformidade, apresentamos as seguintes questões de pesquisa:

1) Por quê os principais partidos políticos moçambicanos, designadamente a Frelimo

e a Renamo, não prestam contas dos fundos que recebem do OE, em virtude do seu

assento parlamentar?

2) Por quê, em face do exposto em 1, o TA não impõe os actores (partidos políticos)

a prestar contas como tem feito com outros órgãos?

1.3. OBJECTIVOS DO ESTUDO

Gerais:

1) Compreender os incentivos estruturais que movem os partidos políticos na

questão da prestação de contas dos fundos públicos que recebem em virtude da

representação parlamentar;

2) Compreender os incentivos estruturais que movem o TA na imposição das suas

competências, quanto aos princípios a seguir na gestão das finanças públicas.

Específicos:

Discutir os mecanismos de prestação de contas dos partidos políticos dos fundos

provenientes do Orçamento do Estado;

Compreender os mecanismos institucionais de gestão e prestação financeira de

contas nos partidos políticos moçambicanos;

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Discutir a actuação do Tribunal administrativo, no cumprimento dos princípios

que regem a gestão das finanças públicas;

Compreender a capacidade institucional do Tribunal Administrativo;

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

O estudo é constituído por 7 (sete) capítulos: dos quais no primeiro faz-se a introdução,

apresenta-se a delimitação da abordagem do assunto, a justificação, o problema e os objectivos

do estudo, nomeadamente os objectivos gerais e os específicos.

No segundo capítulo apresenta-se a metodologia usada na elaboração do trabalho, onde numa

primeira fase são apresentados os passos seguidos na revisão da literatura, posteriormente é

apresentada a abordagem metodológica utilizada e por ultimo a técnica de pesquisa.

O terceiro capítulo apresenta o enquadramento teórico-conceptual usado na elaboração do

trabalho, nomeadamente como quadro teórico a abordagem Institucionalista e como conceitos

chave: Instituições, Transparência e Prestação de Contas.

O quarto capítulo refere-se ao financiamento político público, os objectivos deste tipo de

financiamento e as formas que ele pode assumir, sendo também apresentado um breve

enquadramento sobre o financiamento político em África e alguns argumentos pró e contra esta

forma de financiamento.

O quinto capítulo refere-se ao quadro legal sobre o financiamento político em Moçambique,

tanto da parte dos partidos políticos através das atribuições da lei dos partidos políticos, como do

Tribunal Administrativo através da legislação que atribui as competências da 3a secção á da

fiscalização das despesas públicas e do visto, de modo a perceber as competências destas duas

entidades.

No sexto capítulo, onde se inicia com a análise e discussão dos resultados da pesquisa, são

apresentadas as práticas tanto dos Partidos Políticos como do Tribunal Administrativo no

processo de prestação de contas destes fundos públicos.

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7

No sétimo e último capítulo, apresentam-se a conclusões gerais do trabalho. Sendo que por

último apresentam-se as referências Bibliográficas e a bibliografia.

CAPÍTULO 2: METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados os passos metodológicos usados na realização do presente

trabalho, de modo a demonstrar o conjunto de processos e operações mentais que foram

empregues na investigação, procurando com isso apresentar a linha de raciocínio adoptada no

processo de pesquisa.

2.1. APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA

Para elaboração deste trabalho, tomou-se como base os métodos e técnicas de investigação em

pesquisa social. A pesquisa envolveu a combinação dos seguintes passos:

O primeiro momento baseou-se na revisão da literatura e os procedimentos técnicos usados

foram a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Materializou-se essencialmente na leitura

e análise de diversas obras, leis, decretos e documentos (relatórios de discussão em workshops),

relacionadas com a questão da Boa Governação em Moçambique, nomeadamente, sobre a

Transparência e a Prestação de Contas dos fundos públicos por parte dos Partidos Políticos.

O segundo momento foi de colecta de dados no terreno. O procedimento técnico usado foi o de

estudo de caso que procura o aprofundamento de uma realidade específica. Nesta etapa

procedeu-se a interpretação e análise dos dados encontrados no terreno, através da digitação,

análise e discussão dos resultados da pesquisa.

Deste modo, para a realização do trabalho foram usados os seguintes métodos e técnicas:

2.1.1. Abordagem Metodológica: a abordagem metodológica é utilizada para a averiguação de

um determinado fenómeno, objecto de estudo, e sua origem. A abordagem a seguir neste

projecto é a abordagem qualitativa.

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8

A abordagem qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,

isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não

pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados

são básicos no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas

estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o

instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente.

O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. Este modelo tem por

finalidade a representação dos objectos ou indivíduos e as relações associadas para formulação

de um modelo interactivo. (Silva, 2004)

No presente trabalho o uso desta abordagem é justificado pela finalidade que tem o mesmo, uma

vez que, consistiu basicamente em entrevistas no sentido de perceber o “por quê?” do

comportamento tanto do Tribunal Administrativo como dos Partidos Políticos no que se refere a

prestação de contas dos fundos que os partidos recebem em virtude do seu assento parlamentar.

Assim sendo o mesmo caracterizou-se pela interpretação dos fenómenos (as práticas) e na

atribuição de significados, não necessitando deste modo de métodos e técnicas estatísticas.

2.1.2. Técnicas:

A técnica usada para a prossecução da pesquisa foi a entrevista. As entrevistas podem ter como

objectivo a recolha de informações sobre dados de facto (entrevistas documentais), ou a recolha de

indicações sobre opiniões, atitudes e comportamentos prováveis (entrevistas de opinião). (Silva &

Menezes, 2001)

Quanto aos indivíduos a que se dirigem as entrevistas podem distinguir-se entre: entrevistas com

personalidades, que visam personalidades eminentes ou dirigentes políticos, etc. e entrevistas com o

homem de rua quando o objectivo é conhecer as opiniões de indivíduos vulgares, que sejam tanto quanto

possível representativos da média do grupo a que pertencem. (Silva, 2004)

Este trabalho, consistiu em entrevistas de opinião, à personalidades (personalidades eminentes)

tanto do TA como dos Partidos Políticos, personalidades estas previamente seleccionadas pelas

instituições e que permitiram uma apreensão mais abrangente sobre o assunto.

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9

Na efectivação das entrevistas não se seguiu a nenhuma estrutura ou padronização dos

questionários, tendo sido definido somente o tipo de informação a recolher e o local onde seriam

realizadas as entrevistas, procurado com isto dar aos entrevistados espaço para uma maior

elaboração sobre o assunto de modo a retirar toda a informação desejada.

Assim sendo definiu-se como informação a recolher:

A existência ou não de documentos comprovativos de que os partidos políticos prestação

contas dos fundos que recebem do Estado em virtude do seu assento parlamentar;

A estrutura orgânica dos partidos políticos (mais concretamente a organização

administrativo-financeira);

O conhecimento ou não das regras de prestação de contas dos fundos provenientes do

Orçamento do Estado por parte dos partidos políticos;

Conhecer a capacidade institucional do Tribunal administrativo (em termos de recursos

humanos qualificados), concretamente na 5a secção;

Perceber se o Tribunal Administrativo tem conhecimento da publicação de contas pelos

partidos políticos, caso a resposta seja não porque não actuam?

E como fontes de Informação de modo a recolher a informação necessária:

Para a alínea a) – na Imprensa Nacional, no “Noticias” e no CIP;

Para as alíneas b) e c) – nos partidos políticos que até hoje se beneficiaram destes fundos

(Frelimo e Renamo);

Para as alíneas d) e e) – no Tribunal Administrativo.

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CAPÍTULO 3: ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Este capítulo caracteriza-se pela apresentação do quadro teórico usado (o Institucionalismo), na

justificação da sua escolha e na apresentação do seu enquadramento com a realidade

moçambicana. Do mesmo modo, são apresentados os conceitos-chave da pesquisa (instituições,

transparência e prestação de contas), conceitos estes que guiam a análise do trabalho.

3.1. QUADRO TEÓRICO

Em termos de marco teórico o trabalho baseou-se na abordagem institucionalista, escolha esta

que se justifica pela adequação ao enfoque que se pretendeu dar ao estudo.

A perspectiva institucional corresponde a uma das formas predominantes de interpretação e de

abordagem de pesquisas teóricas sobre o estudo dos processos e dos mecanismos subjacentes de

transformação e de mudanças, sobre o funcionamento de organizações e da relação ambiente –

organização. Esta perspectiva tem sido adoptada em várias áreas do conhecimento, com

significados e aplicações distintas.

Na área das ciências sociais, onde esse termo é mais tratado, a palavra instituição tende a ser

considerada a partir de dois focos de análise principais, como normas de conduta e como

semelhante a estrutura. Como normas de conduta, o termo instituição diz respeito ao processo de

adopção de normas e de regras de acção, de carácter duradouro, que são desenvolvidas,

socialmente aceitas e legitimadas com o tempo. Neste caso, enfatiza-se o processo de

institucionalização, também denominado desenvolvimento institucional, de normas de

comportamento, por exemplo, de uma colectividade em um dado sistema social ou sociedade. O

segundo foco, como estrutura, compreende a análise de instituições, como organizações ou

agrupamentos de pessoas, que são estruturadas a partir de bases relativamente estáveis, contínuas

e padronizadas de funcionamento, com normas e valores próprios. Sendo assim, as organizações

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11

costumam ser concebidas como associações, grupos de pessoas constituídos e organizados para o

atendimento de determinados propósitos e interesses socialmente definidos5.

Scott (1983) citado por Monteiro (1999), define a instituição como um componente do sistema

de relações inter-organizacionais, afectada não apenas por questões técnicas, económicas e

financeiras, mas, também, por factores normativos de interpretação. Esses factores parecem, por

exemplo, ter constituído determinadas lógicas de acção ou racionalidades que, uma vez

institucionalizadas, orientam a acção de indivíduos no sentido de atender aos interesses e aos

objectivos difundidos pelos e nos grupos. Nessa perspectiva, para o referido autor, a estrutura e o

comportamento organizacional tendem a ser preferencialmente condicionados pelo conjunto de

regras, sistemas de crenças e outras redes relacionais que surgem no contexto social. Tais

elementos tanto podem actuar em harmonia, agregando e convergindo esforços, como actuar de

modo divergente, concorrendo entre si. Além disso, as organizações tendem a incorporar alguns

dos aspectos do ambiente, seleccionados como prioritários. A grande parte das oportunidades e

das ameaças identificadas no meio, assim como de métodos, de técnicas, de instrumentos e de

procedimentos técnicos e administrativos adoptados, normalmente não é idealizada e/ou

produzida pela organização, mas sim desenvolvida e disseminada em torno dela, em suas

fronteiras6.

Por sua vez, Macuane (2000) afirma que “a abordagem institucionalista parte do pressuposto de

que as preferências, as escolhas e o comportamento dos actores podem ser entendidos a partir da

análise dos incentivos e constrangimentos institucionais. O facto dos actores possuírem

diferentes preferências abre espaço à competição entre os mesmos, que pode ter efeitos

disruptivos para a interacção. Daí a existência dos constrangimentos institucionais para limitar

esses efeitos disruptivos.”

No caso vertente, a adopção da Constituição de 1990 e o Acordo Geral de Paz em 1992, serviram

de marco para o país na adopção da democracia multipartidária.

Com a adopção da democracia no país, houve a necessidade de se estabelecer normas de

conduta, de modo a clarificar as regras e mecanismos para a acção e relacionamento entre

5 Disponível em: www.esp.ufcs.br/teses99/monteiro/cap2. Acesso: 31 de Outubro de 2008.

6 Ibidem...

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12

diferentes organizações na sociedade (Instituição como norma de conduta)7. Uma vez

estabelecidas estas normas, houve a necessidade de dotá-las de uma estrutura, de modo a garantir

a sustentabilidade das mesmas, isto é, criação de organizações ou agrupamentos de pessoas que

com funções diferentes na sociedade agem livremente, porém, condicionados pelas normas

previamente estabelecidas.

Deste modo, no presente trabalho, a instituição a que se faz menção é “a democracia

moçambicana” e a estruturas ou órgãos criados (são os partidos políticos e o Tribunal

Administrativo). Assim sendo, o trabalho propõe-se em estudar qual tem sido o papel destes dois

órgãos na solidificação da democracia moçambicana, concretamente, na transparência da gestão

dos fundos públicos, tendo em conta as competências que a legislação lhes confere.

3.2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

Instituições

São organizações ou mecanismos sociais que controlam o funcionamento da sociedade e dos

indivíduos. São produtos do interesse social que reflectem as experiências quantitativas e

qualitativas dos processos sócio-económicos. Organizadas sob a forma de regras e normas, visam

à ordenação das interacções entre os indivíduos e entre estes e suas respectivas formas

organizacionais8.

Tornando mais económicas essas interacções, as instituições (formais ou informais), são

instrumentos indispensáveis à compreensão da lógica evolutiva das partículas sociais, sendo o

seu estudo primordial ao entendimento dos complexos processos pelos quais o Capital se

estrutura. Em essência, as instituições são responsáveis pela organização das interacções sociais,

analisando sua evolução e desenvolvendo métodos que as associem a um ambiente favorável à

alocação racional de recursos que optimizem a satisfação das suas necessidades9.

7 Estas normas de conduta podem ser regras, sistemas de crenças e redes sociais e podem agir tanto de

modo harmonioso, agregando e convergendo esforços, como actuar de modo divergente, concorrendo entre si. 8 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Instituicao>. Acesso: 19 de Outubro de 2008. 9 Ibidem…

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13

Exemplos de instituições:

As instituições políticas incluem os órgãos e os partidos políticos;

As instituições religiosas possuem nomes de acordo com a religião, podendo ser

chamadas de igrejas, templos, sinagogas, mesquitas, centros espíritas ou outras

denominações;

As instituições educacionais são as escolas, universidades, etc.

Certos mecanismos sem uma base física são igualmente considerados instituições,

como o casamento, a pressão social, a linguagem etc.

Transparência

Lindstedt & Naurin (2005) in Nuvunga (2008) notam que o significado literário da transparência

é que “...é possível observar algo, para ver o que se passa [...] a informação esta lá para os que

estão prontos e capazes de procura-la”. Desta maneira, uma organização transparente, por

exemplo, um sistema político é aquele onde seja fácil para qualquer pessoa, externa ou interna,

obter a informação que ele ou ela precisa para tomar decisões ou para formar opiniões. Isto

significa disponibilidade da documentação sobre processos daquela instituição.

Já para Goldsmith (2005) in Nuvunga (2008), transparência significa que “...os cidadãos e a

comunidade empresarial que estão por fora vejam como as instituições políticas trabalham por

dentro [...] deve ser claro para os cidadãos sobre quem é responsável por que acções, isto é, não

deve haver nenhuma dúvida acerca do propósito e conteúdo das políticas públicas.”

Prestação de Contas

Para Nuvunga (2008), “a prestação de contas abrange três formas de prevenção e

constrangimento ao abuso do poder. Isto implica submeter o poder à ameaça de sanções,

obrigando a transparência na forma como este poder é exercido, forçando os que estão no poder

a justificar as opções e as estratégias que eles tomam. Em relação as sanções, a prestação de

contas é sinónimo de responsabilidade (answerability), que é a habilidade para assegurar que os

oficiais do governo sejam responsáveis pelas suas acções”.

Page 22: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

14

“A prestação política de contas (political accountability) vai além da geração de dados e

apresentação de argumentos. Além da sua dimensão informacional (de perguntar o que foi feito e

o que será feito) e a dimensão explicativa (apresentar as justificações e de formar julgamentos),

contém elementos de cumprimento (Governar o bom comportamento e punir o mau

comportamento). Isto significa que os actores que exigem a prestação de contas não só „clamem

por acções‟ como também „eventualmente castigam‟ comportamento impróprio.

Consequentemente, as pessoas responsáveis não só dizem o que fizeram e por que o fizeram,

como também pagam pelas consequências das suas acções, incluindo eventuais sanções

negativas (Schedler et al, 1999)”.

Sintetizando, Nuvunga (2008) afirma que, “a noção de prestação de contas tem três

características principais: a informação, justificação e punição ou compensação. Na realidade, a

prestação de contas é bi-direccional, o que significa os próprios eleitores e/ou cidadãos devem

exigir dos líderes (...) a prestação de contas, porque doutra maneira nenhum mecanismo de

prestação de contas será cumprido, independentemente do quão responsável pode ser o governo

ou os políticos que o operam. Uma outra dimensão de prestação de contas é horizontal.

Fukuyama (2005) entende que a prestação de contas horizontal requer que os detentores de

cargos políticos funcionem legal e correctamente ou que respondam no caso de falharem, por

agir desta forma, não só perante os eleitores/cidadãos mas também perante outros oficiais e

instituições de Estado que têm perícia e autoridade legal para monitorá-los.”

Page 23: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

15

CAPÍTULO 4: O POR QUÊ DO FINANCIAMENTO PÚBLICO AOS PARTIDOS?

No presente capítulo, far-se-á uma breve apresentação do financiamento público aos partidos

políticos, dos seus objectivos e formas que pode assumir de modo a proporcionar uma maior

compreensão sobre esta problemática. De seguida é apresentado um breve diagnóstico sobre as

formas de financiamento político em África, nomeadamente no Gana e na Zâmbia de modo a

fornecer uma percepção sobre a problemática na região. Por último são apresentados alguns

argumentos dos defensores e dos opositores desta forma de financiamento.

4.1. OBJECTIVO E FORMAS DE FINANCIAMENTO PÚBLICO

Em tese, o financiamento aos partidos pode ser público ou privado. O foco do presente trabalho é

o financiamento público. O objectivo do financiamento público é democratizar o acesso dos

Partidos ao Poder e igualar as oportunidades de acesso destes aos fundos do Orçamento do

Estado. (Caldas, 2003).

Para Caldas (2003), qualquer grupo que seja representativo da população deve ter acesso a

fundos públicos, e deste modo o financiamento público aos partidos pode assumir as seguintes

formas:

O Apoio pode ser:

Directo (em dinheiro): pode ser permanente (anual) ou especial para as eleições;

Indirecto (em serviços: uso gratuito de serviços estatais como correio, concessões

públicas (TV ou Rádio), ou isenções de impostos.

Em África somente 14 (catorze) Estados financiam os partidos políticos directamente com

fundos do Orçamento do Estado. Nos restantes países existem formas diferentes de

financiamento, sendo que em muitos deles não existe sequer uma legislação sobre o

financiamento político, isto é inquietante, num contexto de Boa Governação que se pretende no

continente. A título de exemplo:

Page 24: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

16

Em Gana, o financiamento político resume-se somente ao financiamento das campanhas

eleitorais, sendo que existe uma legislação sobre este tipo de financiamento e o órgão

responsável pela execução desta lei é a Comissão Eleitoral do Gana (IDEA, 2003).

De acordo com a legislação, existe uma obrigação para os partidos publicarem as contas; os

partidos políticos têm que revelar todas as contribuições recebidas; os doadores têm a obrigação

de revelar as contribuições feitas; não há um tecto (limite) de contribuição para os partidos

políticos; não há um tecto (limite) específico para um único doador contribuir para os partidos

políticos; não há nenhuma proibição para doações estrangeiras, mas só é permitida se vierem de

Governos e ONG‟s (não indivíduos ou corporações) e é distribuído entre todos partidos pela

CNE; não existe uma proibição em qualquer outro tipo de doações para os partidos políticos; há

uma obrigatoriedade de submeter as contas das despesas das campanhas para serem examinadas

pela CNE, dentro de seis meses depois das eleições; os partidos políticos não recebem o

financiamento público directo (verbas do orçamento), porém recebem o financiamento público

indirecto, que consiste em acesso livre aos mídia, sendo que o critério para a alocação destes

fundos é de tempo igual para todos os partidos (IDEA, 2003).

Por sua vez, na Zâmbia, não há nenhum sistema de regulamentação sobre o financiamento

político, sendo que o partido no poder desfruta de vantagens tendo acesso aos recursos, não

havendo deste modo formas de financiamento público (ECF, 2008)

Uma fonte persistente de conflito durante as eleições é o abuso dos recursos públicos pelos

partidos dirigentes. Os titulares usam transporte estatal e helicópteros de segurança, incluindo

infra-estruturas estatais e para-estatais, para necessidades logísticas e outras necessidades

operacionais para as campanhas. Dinheiro, comida para assistência na seca e incentivos

agrícolas, são geralmente distribuídos como parte da campanha, tirando partido da fome e da

seca que flagelou a região nos últimos anos. (HABASONDA, 2004)

A título de exemplo, foi reportado que todos os veículos e bicicletas, que foram usados durante a

campanha de 2001 em cada uma das 150 circunscrições, vieram de fundos públicos, embora tal

ajuda não tenha sido estendida aos partidos da oposição. O problema foi exacerbado pela

aprovação pelo parlamento de um fundo presidencial, que o presidente tinha a liberdade de

gastar sem qualquer responsabilidade. (Ibidem)

Page 25: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

17

Em Moçambique, no que diz respeito ao financiamento aos partidos com assento parlamentar, o

financiamento é directo e anual durante todo o período da legislatura.

4.2. ARGUMENTOS Á FAVOR

Segundo o Ghana Center for Democratic Development (2005), os defensores do financiamento

público aos partidos políticos argumentam que, este permite:

A redução das desigualdades entre os partidos no que se refere a capacidade de arrecadar

receitas. Evitando que o partido no poder seja o maior beneficiário destes fundos.

Permitindo que todos os partidos tenham acesso ao financiamento e dando espaço para

que se concentrem em oferecer as visões deles sobre como resolver os problemas do país;

O financiamento público reduz a tentação dos partidos políticos aceitarem contribuições

ilegais, aceitarem doações em troca de favores, usarem dinheiro para actividades de

compra de voto, uso de recursos estatais para as campanhas, ou qualquer outra forma de

práticas políticas corruptas;

Reduz a tentação dos partidos políticos aceitarem “dinheiro interessado,” por qual um

partido se torna desproporcionalmente influenciado por uma minoria de pessoas.

Reduzindo a influência de interesses especiais em um sistema político, são representados

melhor os interesses da maioria.

4.3. ARGUMENTOS CONTRA

Por outro lado, os que se opõem10

a este tipo de financiamento fundamentam que este:

Permite o uso impróprio de recursos públicos, isto é, o governo pode gastar grandes

somas de dinheiro com os partidos políticos, em prejuízo de satisfação das necessidades

sociais tais como: pobreza, cuidado médico, nutrição, educação básica, e assim por

diante;

10 Ghana Center for Democratic Development (2005).

Page 26: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

18

De igual modo, há o receio de que está forma de financiamento permita que os partidos

no poder se beneficiem em demasia dos recursos do Estado, permitindo desta forma que

haja uma concorrencia desigual;

Alguns partidos poderiam ficar dependentes destes fundos, isto é, depois que eles

receberem fundo de dívida pública, deixarão de buscar novos membros e fundos. Eles já

não sentirão necessidade para executar as actividades deles uma vez que os fundos

serram providos confortavelmente pelo Estado. Este desvanecimento causará um

relaxamento dos partidos o que os fará perder a eficácia e influência;

Os partidos políticos já têm acesso a bastante dinheiro, eles precisam aprender a

administrar o que eles têm melhor e usar isto mais sabiamente. Eles têm a

responsabilidade de ser mais económicos com o dinheiro do público. O melhor modo

para reduzir corrupção na política será minimizar a influência de dinheiro restringindo a

quantia de dinheiro que geralmente flui no sistema político e no sistema eleitoral em

particular.

Page 27: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

19

CAPÍTULO 5: QUADRO LEGAL

Este capítulo, apresentará o quadro legal sobre a formação e actividade dos partidos políticos no

concernente ao financiamento público, a lei orgânica do Tribunal Administrativo 5/92, que

determina as suas competências e as leis 13/97, 14/97 e 16/97, que estabelecem o quadro legal

sobre a fiscalização e juntamente algumas das competências que a Constituição atribui a estes

dois organismos.

5.1. LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS

O artigo 75 (1) da Constituição da República (CRM) estabelece que, no profundo respeito pela

unidade e pelos valores democráticos, os partidos políticos são vinculados aos princípios

consagrados na Constituição e na lei. O artigo 75 (2) determina que na sua formação e na

realização dos seus objectivos, os partidos políticos devem nomeadamente: (i) ter âmbito

nacional; (ii) defender os interesses nacionais; (iii) contribuir para a formação da opinião pública,

em particular sobre as grandes questões nacionais; e (iv) reforçar o espírito patriótico dos

cidadãos e a consolidação da Nação moçambicana.

A Lei 7/91 de 23 de Janeiro, que estabelece o quadro legal para a formação e actividade dos

partidos políticos em Moçambique, no art. 17, os partidos políticos têm como fontes de

financiamento: (a) quotização dos seus membros; (b) doações e legados; (c) verbas inscritas no

Orçamento do Estado; e (d) outras formas de financiamento.

Uma vez que o estudo se centra no financiamento público aos partidos políticos moçambicanos,

este trabalho centra-se na alínea (c) do parágrafo anterior. A mesma lei no art. 20 (1), estabelece

que estas verbas são atribuídas aos partidos políticos proporcionalmente ao número de deputados

eleitos para a Assembleia da República (AR); e no ponto (2) que as regras de prestação de contas

destas verbas serão idênticas às da Administração Pública. De igual modo, a lei também

estabelece que “as contas dos partidos políticos devem ser publicadas no Boletim da República e

num dos jornais de maior divulgação (neste caso o jornal “Noticias”).

Page 28: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

20

5.2. COMPETÊNCIAS DO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

O art. 230, da CRM enuncia as competências do TA, nomeadamente: (i) julgar as acções que

tenham por objecto litígios emergentes das relações jurídico-administrativas; (ii) julgar os

recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos do Estado, dos seus titulares e agentes

e a apreciar as contas do Estado.

De acordo com a Lei 5/92, Lei Orgânica do Tribunal Administrativo, o TA tem um papel central

na análise da Conta Geral do Estado (CGE), o documento final sobre a execução do Orçamento

do Estado. De acordo com a mesma lei, no seu artigo 30, o das competências da 3a secção – da

fiscalização das despesas públicas e do visto – que no âmbito da fiscalização das despesas

públicas compete ao TA (i) apreciar as contas do Estado; e (ii) julgar as contas dos organismos,

serviços e entidades sujeitas à jurisdição do tribunal.

A lei 13/97, que estabelece o regime jurídico da fiscalização previa das despesas públicas, no art.

2 (âmbito subjectivo da fiscalização previa) dispõe que: estão sujeitos a fiscalização prévia do

TA; a) o Estado e outras entidades públicas, designadamente os serviços e organismos inseridos

no âmbito da Administração Pública Central, Provincial e Local, incluindo os dotados de

autonomia administrativa e ou financeira e personalidade jurídica.

A lei 14/97, que define o regime jurídico da fiscalização sucessiva das despesas públicas, no art.

1 (âmbito da fiscalização sucessiva) estabelece que, estão sujeitos a prestação de contas os

recebedores, tesoureiros, exactores e demais responsáveis, de direito ou de facto, pela gestão das

entidades sujeitas à jurisdição e controlo financeiros do Tribunal Administrativo, qualquer que

seja o grau da sua autonomia, ainda que as suas despesas sejam parcial ou completamente

cobertas por receitas próprias ou que, umas e outras, não constem do Orçamento do Estado.

Por sua vez, no art. 4 (Prestação e Julgamento de Contas) no 1, as contas das entidades sujeitas à

jurisdição e controlo financeiros do Tribunal Administrativo devem dar entrada neste, no prazo

de seis meses, contados a partir da data do termo da gerência.

De acordo com o disposto na alínea a) do número 1 do artigo 10 do Regimento relativo à

organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo, aprovado pela

Lei n.º 16/97, de 10 de Julho, compete ao Tribunal Administrativo dar parecer sobre a Conta

Geral do Estado.

Page 29: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

21

CAPÍTULO 6: AS PRÁTICAS

Neste capítulo far-se-á a apresentação das práticas tanto dos partidos políticos como do Tribunal

Administrativo neste processo de prestação de contas do financiamento público, entrando deste

modo naquilo que é a análise e discussão dos resultados da pesquisa, com base naquilo que

foram as entrevistas.

6.1. AS PRÁTICAS DOS PARTIDOS

6.1.1. Partido FRELIMO

Entrevista com a chefe do Departamento de Finanças, que remeteu mais comentários para o

director financeiro, Aiuba Cuerineia11

que não se encontrava lá, no dia 15/04/2009.

A entrevistada limitou-se a mostrar uma pasta como comprovativo de que o partido

conhece e que faz a prestação de contas, nomeadamente na Direcção Nacional de

Contabilidade Pública, do Ministério das Finanças;

Afirmou que “nunca receberam uma fiscalização por parte do Tribunal Administrativo e

que o partido não é obrigado a prestar contas ao Tribunal Administrativo mais sim a

DNCP”.

Que “não tem conhecimento de que os partidos políticos devem publicar as suas contas

no jornal de maior circulação e no Boletim da República”.

6.2.2 Partido RENAMO

Com base na entrevista feita no dia 14-04-09 na Assembleia da República, com o deputado

Timba, responsável pela contabilidade deste partido no Departamento de Administração e

Finanças.

11 Por indisponibilidade de agenda não foi possível realizar a entrevista.

Page 30: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

22

O partido possui um departamento financeiro, que se situa na Av. 25 de Setembro,

Prédio Cardoso, 10o Andar “C”. E que possui um responsável financeiro e um

contabilista (que é ele);

No concernente ao conhecimento ou não das regras de prestação de contas dos

fundos provenientes do Orçamento do Estado conforme se encontra plasmado na lei 7/91,

o entrevistado mostrou conhecimento da necessidade de se prestar contas ao Estado,

mostrando mesmo um comprovativo de que prestam anualmente contas ao Ministério das

finanças, nomeadamente na Direcção Nacional de Contabilidade Pública;

Porém, demonstrou desconhecimento da necessidade de publicação das contas do

partido no jornal de maior circulação, como a lei impõe, limitando-se na afirmação de

que “não tinha conhecimento deste facto e que nunca havia visto nenhum partido a fazê-

lo e nem ninguém a exigi-lo;

Respondendo a questão sobre se não acha que a prestação de contas deste fundo

(publicação de contas) é uma questão prioritária para o combate a corrupção de que tanto

acusa a Frelimo ou por outra que se a Renamo o fizesse, não seria uma forma de mostrar

transparência na gestão distanciando-se da Frelimo? Timba, afirmou que “no seu ponto

de vista, não é ainda altura para que os partidos políticos possam publicar as suas contas

em jornais, pois tratam-se de instituições „especiais‟ e com estratégias próprias e que

convêm não mostrar a público”;

Com isto, “ele não considera esta atitude uma forma de desrespeito ou de

demonstração de superioridade dos partidos ao aparelho institucional ou ao povo,

preferindo considerar uma questão de preservação estratégica”.

Ele afirma que “este fundo não tem direcções ou regras, o que faz com que as

rubricas possam ser diferentes. Sobre a necessidade de se estabelecer uma certa regra ou

padronização das rubricas, de modo a garantir uma maior transparência na gestão deste

fundo, considera que não há necessidade”;

Finalizando, o entrevistado afirma que “ainda ninguém lhes exigiu que

publicassem as contas e que ao seu entender o TA não tem nisto uma questão prioritária”.

Page 31: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

23

6.2.3 Direcção Nacional De Contabilidade Pública (DNCP):

Uma vez que os dois partidos afirmam categoricamente que prestam contas a DNCP, houve a

necessidade de me deslocar a esta instituição com o intuito de confirmar este facto. Numa

entrevista no dia 03/07/09, com o Sr. Manuel Matavele, director do departamento de bens e

serviços constatou-se que:

Para o entrevistado, “os partidos políticos não prestam contas, o que eles fazem é

um simples informe sobre o que receberam dos cofres do Estado”;

Ao seu entender “seria prestação de contas, se ao se atribuir este fundo, estivesse

claro como é que estes o deveriam usar e posteriormente no acto de entrega das contas, a

DNCP, tivessem o poder de julgar o cumprimento das regras pelos partidos políticos

como o faz com outras instituições públicas”;

O entrevistado demonstrou não conhecer a lei dos partidos políticos no que se

refere a prestação de contas, porém afirmou que “neste caso quem se deve responsabilizar

pela fiscalização destes é o Tribunal Administrativo”.

6.3. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

Feitas diligências no TA, numa entrevista concedida no dia 2 de Outubro, pela Coordenadora da

secção de Contabilidade e Auditoria Financeira, Sra. Brunina, constatou-se que:

“Tem conhecimento de que é da competência do Tribunal fiscalizar a conta de

todas as entidades abrangidas pelo Orçamento do Estado e que uma vez que os partidos

políticos se beneficiam destes fundos devem ser fiscalizados pelo TA”;

Segundo a entrevistada, “o TA tem como objectivo fiscalizar todas as entidades

que se beneficiam destes fundos mas, devido as limitações financeiras e de recursos

humanos, ainda não é possível abarcar a todas elas, afirmando não conhecer se os

partidos já foram fiscalizados alguma vez ou se fazem ou não parte deste plano”;

Ela preferiu não falar sobre os partidos políticos porque segundo ela “não é da sua

competência falar sobre os mesmos uma vez que se trata de um processo específico e ela

só pode falar de uma maneira generalizada sobre o processo de fiscalização. Afirmando

que só o Secretario Geral é que tinha competência para falar sobre o assunto”.

Page 32: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

24

Por outro lado, afirma categoricamente que, “os partidos políticos não têm

prestado contas ao Tribunal Administrativo, como o deveriam fazer independentemente

do facto de serem alvo das fiscalizações”;

As tentativas de entrevistar ao Secretario Geral foram infrutíferas tendo como resposta ao

pedido de audiência que a mesma não seria concedida porque “não é da competência do

TA fiscalizar as contas dos partidos políticos e que quem é responsável pela fiscalização

destes é o Conselho constitucional”.

Page 33: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

25

CAPÍTULO 7: CONCLUSÃO

Tomando como base a pesquisa realizada, as conclusões que se podem tirar da parte dos partidos

políticos são:

Há um desconhecimento da generalidade das formas de prestação de contas existentes em

Moçambique, uma vez que os partidos políticos somente têm-se preocupado em prestar contas

do dinheiro que recebem da DNCP, mostrando o desconhecimento do facto de deverem publicar

as suas contas no BR e num dos jornais de maior circulação – como dispõe a lei dos partidos

políticos 7/91. E do facto de terem de prestar contas ao TA, uma vez que afirmam que a sua

obrigação é de somente prestar contas a DNCP, o que é contraposto pela lei 14/97 no art.1 que

dispõe que estão sujeitos a prestar contas ao TA, todas as entidades sujeitas a este Tribunal,

qualquer que seja o grau de autonomia; e no art. 2, que estas contas devem dar entrada no prazo

de seis meses, contados a partir da data do termo da gerência.

Que a falta de prestação de contas ao TA pode ser justificada pela falta de objectividade da

legislação, que não estabelece claramente qual a entidade responsável pela fiscalização deste

fundo, limitando-se em afirmar que é idêntica a dos órgãos da Administração Pública o que

permite diferentes interpretações sobre o assunto.

Por outro lado, não se justifica a ausência de conhecimento sobre a questão da publicação das

contas, uma vez que se encontra patente na legislação dos Partidos 7/91 e até aos dias de hoje

nenhum dos partidos com assento parlamentar se dignou a fazê-lo.

Da parte do Tribunal Administrativo, verificou-se que:

A capacidade institucional do Tribunal não é das melhores (em termos financeiros e de recursos

humanos), uma vez que segundo a entrevistada, eles têm a noção de que devem fiscalizar os

partidos, mas que não o fazem aos partidos e outras instituições por causa destas limitações.

Analisando a resposta do Secretario Geral, segundo o qual não é da competência do TA fiscalizar

os Partidos, pode-se afirmar que não corresponde a realidade uma vez que, a lei 13/97 no art. 2

(a) que dá competências a 3a secção, na fiscalização prévia, dispõe que estão sujeitos a prestar

contas ao TA o Estado e entidades públicas, designadamente os serviços e organismos inseridos

Page 34: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

26

no âmbito da Administração Pública Central, Provincial e Local. E uma vez que a lei dos

partidos impõe que a prestação de contas destes é idêntica as das outras entidades da

Administração Pública, os partidos políticos devem ser fiscalizados pelo TA.

No que diz respeito a transparência, e buscando a noção de Lidsted & Naurin citados por

Nuvunga (2008), devido as dificuldades apresentadas pela entrevistada em abordar sobre os

partidos políticos e pela resposta do Secretário-geral, pode-se concluir que a gestão do TA neste

processo não é Transparente.

De um modo geral e respondendo aos objectivos propostos, usando como base o quadro teórico,

concretamente a noção de Institucionalismo apresentada por Macuane 2000, sendo que a análise

central do trabalho recai sobre os incentivos institucionais para a prestação de contas em

Moçambique, pode se concluir que as preferências, escolhas e comportamento dos actores

(Tribunal Administrativo e Partidos políticos) derivam da inexistência de incentivos e

constrangimentos para limitar efeitos disruptivos. Isto deve-se ao facto de a lei 7/91 ser bastante

ambígua e permitir que haja diversas interpretações sobre o financiamento político público, uma

vez que não estabelece quais as regras para o gasto destes fundos e qual a instituição responsável

pela monitoria e fiscalização do gasto destes fundos, assim sendo, não existem incentivos

institucionais que obriguem os partidos políticos a prestar contas e nem para que o TA imponha

que os partidos políticos o façam.

Porém é necessário ressaltar que o facto do processo democrático moçambicano ainda ser jovem

deve ser levado em conta, mais que o mesmo não deve servir de consolo ou justificativa para a

inexistência de mecanismos transparentes na gestão pública, mais sim, deve ser tido como um

desafio, uma vez que, é necessario que cada vez mais se potênciem estes valores e príncipios

(tranparência, prestação de contas, accountability) de modo a que se estabeleçam como normas

de conduta e permitam criar princípios éticos e morais de forma estrutural politica, cultura e

sociedade moçambicana. Para com isto concluir que um dos principais problemas de

Moçambique e de muitos dos países africanos (tal como o avança a citanção no 2

) é a inexistencia

estrutural destes principios, o que corrói toda uma estrutra política, cultural e social.

Page 35: TFC Teles Ribeiro - Incentivos Institucionais

27

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