FACULDADE DE CIENCIAS JURIDICAS E SOCIAIS APLICADAS DO ARAGUAIA – FACISA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO
ALEXSANDRO HIGINO DA SILVAMARA RUTI SOUSA RAMOS
MARCELLO HENRIQUE MARQUES PEREIRAOLAVO JÚNIOR SANTOS LIMA
SAMUEL GOMES MACHADO DE SOUZAWILKER FELIPE FRANÇA ALVES
GARANTIAS QUIROGRAFARIAS X DIREITOS REAIS DE GARANTIAS
Barra do Garças-MT
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Novembro - 2014
ALEXSANDRO HIGINO DA SILVAMARA RUTI SOUSA RAMOS
MARCELLO HENRIQUE MARQUES PEREIRAOLAVO JÚNIOR SANTOS LIMA
SAMUEL GOMES MACHADO DE SOUZAWILKER FELIPE FRANÇA ALVES
GARANTIAS QUIROGRAFARIAS X DIREITOS REAIS DE GARANTIAS
Trabalho elaborado sob orientação do Prof. Josemar Lorenzoni para fins de avaliação parcial na disciplina de Direito Civil - Coisas Alheias do curso de Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA.
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Barra do Garças-MTNovembro – 2014
Sumário
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................32. CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS....................................................................................43. DAS GARANTIAS QUIROGRAFÁRIAS E DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA....54. NOTA PROMISSORIA..........................................................................................................75. DUPLICATA..........................................................................................................................86. NOTAS DE CRÉDITO...........................................................................................................9
6.1 Nota de Credito Industrial...............................................................................................106.2 Nota de Credito à Exportação.........................................................................................106.3 Nota de Credito Comercial.............................................................................................126.4 Nota de Credito Rural.....................................................................................................12
7. LETRAS IMOBILIÁRIAS...................................................................................................128. CÉDULAS HIPOTECÁRIAS..............................................................................................139. CERTIFICADO DE DEPOSITO.........................................................................................1310. CÉDULA DE PRODUTO RURAL (CPR)........................................................................13
10.1. Cédula de produto rural financeira..............................................................................1411. LETRA DE CREDITO IMOBILIÁRIO.............................................................................1512. CÉDULA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO.........................................................................1513. CÉDULA DE CREDITO BANCÁRIO..............................................................................1814. WARRANT........................................................................................................................2015. CHEQUE............................................................................................................................22
15.1 Endosso no Cheque.......................................................................................................2515.2. Prescrição.....................................................................................................................27
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................2817. REFERENCIAS..................................................................................................................29
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1. INTRODUÇÃO
A pesquisa em epígrafe, trata-se da analise do instituto das garantias
quirografárias comparando-a com os direitos reais de garantia, onde quirografário é um
credor de uma empresa falida que não possui qualquer tipo de garantia para receber seus
créditos. Garantias quirografárias não oferecem privilégio ou preferência sobre o ativo do
emissor. Sendo assim um credor concorre em igualdade de condições com outros credores
não preferenciais, em caso de falência da companhia.
A palavra Quiro significa mão, credor sem qualquer tipo de garantia real ou
pessoal, ou seja, de mãos vazias.
Entende-se por quirografário sendo a massa de credores de um devedor que, uma
vez falido, terá seu patrimônio distribuído entre os credores apenas após o pagamento
daqueles que gozem de direitos de preferência ou de garantias reais. Estes credores
quirografários serão prejudicados caso o patrimônio do devedor seja diminuído e com isso sua
garantia de recebimento dos créditos também.
Em regra todos os créditos são quirografários, e a lei é quem diz aqueles que são
os preferenciais, concedidos a certos credores, em detrimento a demais concorrentes no
recebimento do crédito.
O objetivo da pesquisa é apresentar a classificação dos créditos e as garantias
quirografárias existentes no ordenamento jurídico e sua relação com os direitos reais de
garantias.
Por ter por objetivo a conceituação, caracterização e aplicabilidade do instituto
acima exposto será realizada na modalidade exploratória, tendo como método de abordagem o
dedutivo, visto que a pesquisa baseia-se na analise de leis especiais e doutrinas sobre o
assunto.
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2. CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
A ordem das preferências, entre as diversas classes de credores, divide-se em duas
categorias: os créditos extraconcursais e os créditos concursais,assim expostos nos Artigos 83
e 84 da Lei 11.101/2005.
Créditos extraconcursais (art. 84): São os relativos à administração da massa
falida, e são pagos com procedência sobre todos os demais, como a remuneração do
administrador, despesas com arrecadação, certas custas judiciais, tributos de responsabilidade
da massa falida, salários a serem pagos pela massa etc.
Créditos concursais (art. 83,I a VIII): a) Créditos trabalhistas (limitados a 150
salários mínimos por credor) e de acidentes do trabalho.Nos trabalhistas, o que exceder da
quantia limite passa para a classe dos créditos quirografários.b) Créditos com garantia real,
como no penhor ou na hipoteca, até o limite do valor do bem gravado. c) Créditos tributários
(exceto multas tributarias).
a) Créditos com privilegio especial sobre determinados bens, como direito de
preferência sobre a coisa salvada por despesas do salvamento, e outros, inclusive os previstos
no art. 964 do Código Civil.
b) Créditos com privilégio geral, como as debêntures e outros créditos previsto no
art, 965 do Código Civil.
c) Créditos quirografários (art. 83, VI). São créditos comuns, sem as garantias
legais ou convencionais dos créditos acima mencionados, como cheques, duplicatas, notas
promissórias etc. Passam também para esta classe, dos quirografários, os saldos dos créditos
trabalhistas acima de 150 salários mínimos, os créditos trabalhistas cedidos a terceiros, os
saldos dos créditos não cobertos pelo produto da venda dos bens vinculados ao sei pagamento.
d) Créditos subquirografários–A (art. VII). São pagos somente após satisfeitos os
quirografários.Referem-se a multas contratuais e penas pecuárias por infração de leis penais
ou administrativas, inclusive multas tributárias.
e) Créditos subordinados em lei pode ser a responsabilidade por evicção, prevista
no art. 447 do Código Civil. Subordinado em contrato será a debênture sem garantia, com
clausula de subordinação aos credores quirografários, prevista no art. 58 parágrafo 4º da Lei
6.404/76.
De modo geral, créditos subordinados são os que Caio Mario da Silva Pereira
2014 denomina “dependentes, acostados ou adjetos, em que originalmente há um devedor
efetivo e um devedor potencial. A segunda obrigação só é exigível no inadimplemento da
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primeira, como ocorre na fiança ou na garanti hipotecária dada por terceiro”. (PEREIRA,
2014).
Mas a subordinação pode também ser entendida como mera colocação em grau
mais baixo, dentro de determinada escala, como fez a lei em relação aos sócios da falida, que
só recebem quando houver sobras, depois de pagos todos os outros credores situados em
escala superior na ordem das preferências. Nesse sentido, todos os créditos seriam
subordinados, exceto o colocado no topo da classificação.
3. DAS GARANTIAS QUIROGRAFÁRIAS E DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA.
Os conhecidos créditos quirografários estão previstos no inciso VI,
compreendendo aqueles sem qualquer garantia; os saldos das instituições financeiras
superiores à garantia real e os trabalhistas acima dos 150 salários mínimos, nessa ordem.
Encontram-se no artigo 83, inciso VI, da lei 11.101/2005 que diz:
“a) aqueles que não previstos nos demais incisos deste artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo”. (BRASIL, 2005).
Os créditos quirografários correspondem à grande massa das obrigações do falido.
São dessa categoria os credores por títulos de créditos, indenização por ato ilícito (salvo
acidente de trabalho), contratos mercantis em geral etc. Após o pagamento desses créditos,
restando ainda recursos na massa, deve o administrador judicial atender às multas contratuais
e penas pecuniárias por infração à lei, inclusive multas tributárias.
Artigo 83, inciso VII da lei 11.101/2005, diz que: “as multas contratuais e as
penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas
tributárias”. (BRASIL, 2005).
Já as reais são garantidas por bens do Ativo da companhia, especificados nos
documentos de emissão. O valor de emissão é limitado a 80% dos bens dados em garantia, da
companhia emissora ou de terceiros, quando o valor da emissão superar o capital social da
companhia emissora.
Encontram-se no artigo 83, II, da lei 11.101/2005 que diz: “créditos com garantia
real até o limite do valor do bem gravado”. (BRASIL, 2005).
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Quanto ao inciso II, muitos estão dispensando-lhe uma interpretação equivocada,
ao afirmarem que as instituições financeiras estão, a partir de agora, totalmente garantidas. Os
créditos com garantia real são aqueles em que a satisfação do direito do credor encontra-se
garantida, por uma hipoteca incidente sobre imóvel do falido ou penhor sobre móvel dele.
Ocorre que o privilégio que a escoram limita-se ao valor do bem oferecido em garantia real
(hipoteca, penhor, alienação fiduciária etc.), cujo valor será conhecido somente com a sua
alienação, depois de arrecadado.
Aliás, conforme autoriza o art. 111, o bem poderá ser alienado ou adjudicado
pelos próprios credores de imediato a arrecadação, não sendo mais necessário se esperar a
formação do quadro de credores, evitando-se a natural depreciação e conseqüente
desvalorização, prejudicial a todos.
A preferência está limitada ao valor do bem onerado. Vendido este na liquidação
da falência, destina-se o produto da venda à satisfação do credor titular da garantia. Se os
recursos aferidos pela massa com a venda do bem gravado não forem suficientes ao
pagamento integral do crédito garantido, o saldo concorrerá juntamente com os
quirografários.
Assim, o crédito bancário pode ser muito superior ao valor do bem ofertado em
garantia real, cujo resíduo em pecúnia será classificado como quirografário, só que na ordem
de classificação antes até mesmo do resíduo trabalhista, de acordo com a alínea b, do inciso
VI, do artigo 83 da lei 11.101/2005, Esse privilégio especial que se tem criticado.
A seguir, o inciso III, do artigo 83 da da lei 11.101/2005 diz que: “créditos
tributários, independente da sua natureza e tempo de constituição, executadas as multas
tributárias”. (BRASIL, 2005).
Dívida ativa, de natureza tributária ou não tributária excetuada as multas (arts. 186
do CTN e 4º parágrafo 4º, da lei nº 6830/80; LF, art.83, III);
Os créditos tributários, de qualquer natureza e tempo de constituição, inclusive
das autarquias. As multas tributárias estão excluídas dessa classificação inicial, passando a
fazer parte do rol dos créditos quirografários, juntamente com as multas penais e
administrativas.
São credores por dívida ativa a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas autarquias. Essa dívida pode ter origem tributária ou não. Estabelece a lei
(LEF, art. 29, parágrafo único) uma ordem interna de pagamento entre os credores desta
categoria.
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Assim, primeiro são satisfeitos os créditos da União e suas autarquias; em
seguida, os dos Estados, Distrito Federal, Territórios e suas autarquias, conjuntamente;
finalmente, os Municípios e suas autarquias, conjuntamente; São exemplos de créditos
incluídos nesta categoria: impostos, taxas, contribuição devida à Seguridade social (Lei nº
8212/91, art.51), anuidade de órgão profissional (Conselho Regional dos Representantes
Comerciais Autônomos) e outros.
Os chamados créditos parafiscais, ou seja, as contribuições para entidades
privadas que desempenham serviço de interesse social, como o SESC, SESI etc, ou para
programa social administrado por órgão do governo, como o PIS e O FGTS, gozam da mesma
prioridade da dívida ativa federal.
4. NOTA PROMISSORIA
É uma promessa de pagamento de certa soma em dinheiro feita por escrito, por
uma pessoa em favor de outra a sua ordem.
A Nota Promissória é um título de dívida líquida e certa cuja origem não se
discute, sendo, portanto, um título de crédito autônomo que vale por si só,
independentemente, e não possibilitando maiores indagações ou questionamentos quanto à
sua causa ou origem.
Na nota promissória figuram inicialmente, apenas dois elementos pessoais, o
emitente e o tomador. Por se tratar de um título abstrato, não é necessário comprovar sua
origem. Ou seja, a nota promissória é promessa de pagamento e não uma ordem de
pagamento.
A denominação “Nota Promissória”, expressa na língua empregada para a redação
do título Chama cláusula cambiária, semelhante à que deve conter a letra de câmbio. Serve
para identificar o título, mostrando que a sua natureza diverge da de qualquer outro título de
crédito, cambial ou não. Por tal razão, deve o nome completo do título vir expresso no
contexto, “a denominação Nota Promissória inserta no próprio texto do título e expressa na
língua empregada para a redação desse título”, A promessa pura e simples de pagar uma
quantia determinada.
A nota promissória, ou seja, a promessa de pagamento, deve ser indicada e
figurar no contexto juntamente com a importância a ser paga. Essa importância deve ser
determinada, isto é, certa, exata e pode figurar no contexto quer por letra, quer em algarismo,
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observando a regra do art. 6º da Lei Uniforme, havendo divergência valerá a importância
escrita por extenso. Se a importância estiver escrita mais de uma vez, apenas por extenso ou
apenas em algarismos, havendo divergência, com a importância menor.
Na nota promissória o emitente cria uma obrigação direta para com o tomador,
prometendo pagar determinada importância em dinheiro. Assim sendo, do título deve constar
expressamente o nome do credor, não se admitindo nota promissória ao portador. Se bem que,
na prática, muitas vezes circulem notas promissórias sem que esteja expressamente
mencionado o nome do tomador, essa circulação é irregular e, por ocasião de se tornarem
exeqüíveis as obrigações contidas no título, a nota promissória só terá validade legal se dela
constar o nome do tomador. A menção do tomador constará do seu nome civil ou comercial,
ou seja, será o nome sob o qual o beneficiário poderá assumir obrigações ou exercer direitos.
Deverá a nota promissória trazer, também, obrigatoriamente, a assinatura do
subscritor ou emitente. Essa assinatura deve ser de próprio punho, admitindo-se, entretanto,
sua substituição pela de mandatário com poderes especiais. É essa assinatura que obriga o
subscritor, tornando-o devedor principal do título, já que, sendo esse uma promessa de
pagamento, não sujeito a aceite.
Poderá, como foi dito, o emitente obrigar-se através de mandatário, mas, para
isso, necessário se torna que esse esteja munido de poderes especiais. Se assim for, a
assinatura do mandatário não obriga, mas ao mandante, de acordo com as normas comuns do
mandato.
5. DUPLICATA
A Duplicata é um título de crédito, pelo qual o comprador se obriga a pagar
dentro do prazo a importância representada na fatura. A Duplicata ou duplicata mercantil é
um documento nominal emitido pelo comerciante, com o valor global e o vencimento da
fatura.
É uma ordem de pagamento emitida pelo credor, ao vender uma mercadoria ou
serviço que prestou e que estão representados em uma fatura, que deve ser paga pelo
comprador das mercadorias ou pelo tomador dos serviços. Uma duplicata só pode
corresponder a uma única fatura e deve ser apresentada ao devedor em no máximo 30 dias.
Regulamentada pela lei 5.474/1968 a duplicata é uma espécie de título de
crédito que constitui o instrumento de prova do contrato de compra e venda. É título de
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crédito constituído por um saque vinculado a um crédito decorrente de contrato de compra
e venda mercantil ou de prestação de serviços igualado aos títulos cambiários por
determinação legal. É título causal, formal, circulável por meio de endosso e negociável.
Geralmente é título de crédito assinado pelo comprador em que há promessa de pagamento
da quantia correspondente à fatura de mercadorias vendidas aprazo.
A duplicata deve ser apresentada ao devedor dentro de 30 dias de sua emissão,
e ele deverá devolvê-la dentro de 10 dias, com a sua assinatura de aceite ou declaração
escrita esclarecendo por que não a aceita. A duplicata paga, para segurança do devedor,
deve ser retirada de circulação, com quitação no próprio título, para que ele não possa ser
cobrado por algum endossário de má-fé.
A duplicata de prestação de serviços é título emitido por profissionais ou por
empresas, para cobrança de serviços prestados. É obrigatória nas vendas mercantis a prazo
e pode ser protestada por falta de pagamento, quando vencida.
A execução da duplicata prescreve em: três anos a partir do vencimento para a
cobrança do devedor principal (sacado) e seus avalistas; um ano a partir do protesto, para a
cobrança de co-devedores; um ano a partir do pagamento para co-devedor cobrar co-
devedor em direito de regresso.
O conjunto de duplicatas é chamado de carteira, ou seja, um conjunto de ativos
financeiros,que tem como portador, tanto a pessoa física como a jurídica.
A diferença entre a duplicata e os outros títulos de crédito é que ela está
sempre ligada à fatura, portanto sempre tem uma causa de emissão, uma transação de
compra e venda ou de prestação de serviços. Esse vínculo é fundamental para o
comerciante amparar o recebimento do crédito, seja na justiça ou de forma amigável.
6. NOTAS DE CRÉDITO
Notas de créditos são títulos em tudo semelhantes às cédulas de crédito, apenas
sem oferta de bens em garantia. Nessa linha temos respectivamente, reguladas pela mesma
sistemática e pelas mesmas leis acima referidas, a Nota de Credito Industrial, a Nota de
Credito à Exportação, a nota de Credito Comercial e a Nota de Credito Rural.
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6.1 Nota de Credito Industrial
A nota de crédito industrial difere da cédula de crédito industrial, no que toca à
falta de garantia real, pois é conceituada pela Lei como promessa de pagamento em dinheiro
sem garantia real.
Aplicam-se às notas de crédito industrial todas as disposições referentes à cédula
de crédito rural, excetuando-se as referentes a garantias e a inscrição. Os requisitos exigidos
para a nota de crédito industrial vêm disciplinados no art. 16 do Decreto-lei nº 413, e são os
seguintes:
I – denominação 'Nota de Crédito Industrial; II – data de pagamento; se a nota for
emitida para pagamento parcelado, acrescentar-se-á a cláusula discriminando valor e data de
pagamento das prestações; III – nome do credor e cláusula à ordem; IV – valor do crédito
diferido, lançado em algarismos e por extenso, e a forma de sua utilização; V – taxa de juros a
pagar e comissão de fiscalização, se houver, e épocas em que serão exigíveis,podendo ser
capitalizadas; VI – praça de pagamento; VII – data e lugar da emissão; VIII – assinatura do
próprio punho do emitente ou de representante, com poderes especiais. (BRASIL, 1969).
Por não oferecer garantia real, a nota de crédito industrial não está sujeita a
registro no Cartório de Registro de Imóveis. Trata-se de um título de crédito que independe de
informalidades, consolidando sua aparência e materialização na medida em que tem
enraizamento na operação bancária, mostrando usa autonomia na respectiva negociação com
terceiros, nos princípios causais que lhe retiram o efeito da abstração.
Desprovida de garantia real, a nota de crédito industrial, a exemplo dos títulos
cambiários a cambiariformes, encerra um calor determinado e as somas que repercutem no
vencimento da obrigação, traduzindo a operação de natureza lucrativa.
Considera-se privilegiado o crédito resultante da nota industrial, tanto na sua cobrança
individual como no atinente ao concurso universal de credores, cogitando-se da respectiva
impenhorabilidade dos bens que asseguram a garantia em faze da emissão do título,
sobressaindo forte fator de estímulo à atividade produtiva.
6.2 Nota de Credito à Exportação
Tentando viabilizar as atividades relacionadas à exportação, surgiram dois
institutos no Direito Bancário, quais sejam a Nota de Crédito à Exportação e a Cédula de
Crédito a Exportação. Referidos institutos são abarcados pelos dispositivos da Lei nº 6.313,
de 16 de dezembro de 1975, que preceitua sobre os títulos de crédito à exportação.
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Conforme disposto no artigo 1º da referida lei, "As operações de financiamento à
exportação ou à produção de bens para exportação, bem como às atividades de apoio e
complementação integrantes e fundamentais da exportação, realizadas por instituições
financeiras, poderão ser representadas por Cédula de Crédito à Exportação e por Nota de
Crédito à Exportação com características idênticas, respectivamente à Cédula de Crédito
Industrial e à Nota de Crédito Industrial, instituídas pelo Decreto Lei nº 413, de 9 de janeiro
de 1969".
Extrai-se do referido dispositivo que o financiamento abrange as seguintes
atividades: exportação, produção de bens para exportação e atividades de apoio e
complementação fundamentais à exportação.
Tanto a Cédula de Crédito à Exportação quanto a Nota de Crédito à Exportação
podem ser emitidas por pessoas físicas ou jurídicas, desde que as mesmas se dediquem a
qualquer atividade englobada pelo setor de exportação, denotando a preponderância face ao
desenvolvimento de atividades de exportação de mercadorias e serviços mencionados alhures.
Assim, para privilegiar essa modalidade de operação, ocorre isenção de impostos
sobre operações financeiras, auferindo vantagens conforme a dicção do artigo segundo da Lei
nº 6.313/75, que possui a seguinte redação: "Os financiamentos efetuados por meio de Cédula
de Crédito à Exportação e da Nota de Crédito à Exportação ficarão isentos do imposto sobre
operações financeiras de que trata a Lei nº 5.143, de 20 de outubro de 1966."
A Cédula de Crédito à Exportação, bem como a Nota de Crédito à Exportação,
obedecerão aos mesmos modelos da Cédula de Crédito Industrial, devendo conter, "além de
sua denominação própria, a data dados, fatos designação de certo momento do tempo,
normalmente é o número ou o nome de um dia, mês ou ano, ou na forma numérica (ou na
forma cursiva de pagamento e, se este for parcelado, cláusula à ordem; o valor do crédito, por
extenso e em algarismos, e a forma de sua utilização; a taxa de juros a pagar; a praça do
pagamento; a data dados, fatos designação de certo momento do tempo, normalmente é o
número ou o nome de um dia, mês ou ano, ou na forma numérica ou na forma cursiva e lugar
da emissão e assinatura do próprio punho do emitente ou representante com poderes especiais.
Por sua vez, a Nota de Crédito à Exportação, além dessa denominação, deverá
mencionar, no contexto, a data dados, fatos designação de certo momento do tempo,
normalmente é o número ou o nome de um dia, mês ou ano, ou na forma numérica ou na
forma cursiva do pagamento, ou, se for parcelado, cláusula determinando a data designação
de certo momento do tempo, normalmente é o número ou o nome de um dia, mês ou ano, ou
na forma numérica ou na forma cursiva do pagamento das prestações, o nome do credor e a
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cláusula à ordem, o valor do crédito, em algarismos e por extenso, e a forma de sua utilização,
a taxa de juros a pagar, a praça de pagamento, data designação de certo momento do tempo,
normalmente é o número ou o nome de um dia, mês ou ano, ou na forma numérica ou na
forma cursiva e lugar da emissão e assinatura de próprio punho do emitente ou representante
com poderes especiais.
Algumas características comuns nessa modalidade de financiamento consistem na
garantia representada pelo aval visando evitar inadimplemento, além do fato de que os
recursos disponibilizados devem ter a destinação mencionada no instrumento.
6.3 Nota de Credito Comercial
Nota de crédito industrial é a promessa de pagamento sem garantia real, mas com
privilégio especial sobre os bens do Art. 1.563 do Código Civil São aplicáveis aos Títulos de
Crédito Comercial as normas dos Títulos de Crédito Industrial.
6.4 Nota de Credito Rural
São requisitos da nota de crédito comercial: Denominação "Nota de Crédito
Comercial". Data do pagamento; se a nota for emitida para pagamento parcelado, acrescentar-
se-á cláusula discriminando valor e data de pagamento das prestações. Nome do credor e
cláusula à ordem. Valor do crédito deferido, lançado em algarismos e por extenso, e a forma
de sua utilização. Taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização, se houver, e épocas em
que serão exigíveis, podendo ser capitalizadas. Praça de pagamento. Data e lugar da emissão.
Assinatura do próprio punho do emitente ou de representante com poderes especiais.
O crédito possui privilégio especial sobre os bens discriminados no Art. 1.563 do
Código Civil :o bens móveis do devedor não sujeitos a direito real de outrem. imóveis não
hipotecados; saldo do preço dos bens sujeitos a penhor;. valor do seguro e da desapropriação,
ressalvados na hipótese, os credores hipotecários
7. LETRAS IMOBILIÁRIAS
A Letra imobiliária é uma promessa emitida por sociedade de credito imobiliário.
Assemelha-se às debêntures.
Conforme o art. 44. Parágrafo 2º da Lei 4.380/64, As letras imobiliárias emitidas
por sociedades de credito imobiliário terão preferência sobre os bens do ativo da sociedade
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emitente em relação a quaisquer outros créditos contra a sociedade, inclusive os de natureza
fiscal ou parafiscal.
8. CÉDULAS HIPOTECÁRIAS
As cédulas hipotecarias foram instituídas para hipotecas inscritas no Registro de
Imóveis, como instrumento hábil para a representação dos respectivos créditos hipotecários ,
nas operações compreendidas no Sistema Financeiro de Habitação (DL 70, DE 21.11.66).
9. CERTIFICADO DE DEPOSITO
Conforme o art. 30 da Lei 4.728/1965, certificado de deposito é um título de
credito, equiparado à nota promissória, que pode ser emitido nos depósitos bancários a prazo
fixo. Deposito pecuniário, ou deposito, é a quantia entregue pelo cliente ao banco, para que
este lhe abra um crédito correspondente.
10. CÉDULA DE PRODUTO RURAL (CPR)
A cédula de produto rural é um título representativo de uma obrigação com
promessa de entrega de produtos rurais, regulada pela Lei 8.929, de 22 de agosto de 1994.
Trata-se de título cambial assemelhado, negociável no mercado e que permite ao
produtor rural ou suas cooperativas obterem recursos para desenvolver sua produção ou
empreendimento, com comercialização antecipada ou não.
A promessa de entrega de produto rural constante na cédula, não é gratuita e sim a
título oneroso, advindo de relação comercial em que o credor teve anteriormente que suportar
ao pagar pela aquisição do bem prometido pelo emitente do título.
Essa promessa traduz uma relação contratual em que o credor já satisfez sua parte,
restando ao emitente da CPR à satisfação da promessa assumida.
A CPR ingressou no mundo jurídico com a finalidade de alcançar apenas a classe
rural, por essa razão sua emissão está limitada às determinadas pessoas. Podem emitir a
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cédula de produto rural o produtor rural e suas associações, inclusive cooperativas, em favor
uns dos outros, ou de terceiros.
A cédula de produto rural é um título regulado por lei, devendo atender as
especificações legais na sua formação, de modo que sua estrutura formal não é deixada às
partes. O artigo 3º da Lei n.º 8.929/94, elenca os requisitos que devem ser lançados em seu
contexto:
I - denominação "Cédula de Produto rural"; II - data da entrega; III - nome do credor e cláusula à ordem; IV - promessa pura e simples de entregar o produto, sua indicação e as especificações de qualidade e quantidade; V - local e condições da entrega; VI - descrição dos bens cedularmente vinculados em garantia; VII - data e legar da emissão. (BRASIL, 1994).
No artigo 4º da Lei n.º 8.929/94, fica demonstrado o caráter cambial da cédula de
produto rural, pois o legislador expressamente afirmou constituir ela título líquido e certo,
exigível pela quantidade e qualidade de produto nela previsto.
O cumprimento parcial da obrigação de entregar produto rural, não descaracteriza
este grau de liquidez, certeza e exigibilidade e na sua ocorrência deve ser anotado,
sucessivamente, no verso da cédula, tornando-se exigível apenas o saldo.
10.1. Cédula de produto rural financeira
A Cédula de produtor rural financeira é um título representativo de uma obrigação
em dinheiro cujo índice de apuração do débito é o valor do produto especificado na cédula.
A CPR financeira difere da cédula de produto rural pela forma de pagamento, pois
na primeira o pagamento se dá em dinheiro e na segunda com o produto prometido e
devidamente especificado na cédula.
Para garantir o adimplemento da obrigação estipulada na CPR, o legislador
possibilitou a instituição de garantia no próprio título, evitando-se que estas garantias fossem
instrumentalizadas em documentos à parte. Assim a CPR admite a hipoteca, penhor e
alienação fiduciária como forma de garantia do pagamento da obrigação lançada no título.
Por certo que os artigos em apreço estabelecem os tipos de garantia real passíveis
de figurar na CPR sem, contudo, restringir ou mesmo impedir que o título tenha também
garantia fidejussória.
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Por certo que os artigos em apreço estabelecem os tipos de garantia real passíveis
de figurar na CPR sem, contudo, restringir ou mesmo impedir que o título tenha também
garantia fidejussória.
Importante notar que a cédula de produto rural poderá ser firmada sem a presença
de garantia real, pois, como preceitua o artigo 1º da Lei 8.929, de 22 de agosto de 1994, a
CPR poderá ser firmada sem a presença de garantia real. Note-se que a CPR tendo ou não a
presença de garantia real não muda seu nomen iuris, o mesmo não ocorre com a cédula de
crédito rural tratada pelo Decreto lei 167/67, em que a ausência de garantia real faz com que o
título se denomine Nota de Crédito Rural.
É cabível como garantia da cédula de produto rural a alienação fiduciária. O
instituto da alienação fiduciária foi criado pela Lei 4.728/65, e sofreu nova redação pelo art. 1º
do Decreto-Lei n.º 911/69, ficando assim disciplinado:
"A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal." (BRASIL, 1965)
11. LETRA DE CREDITO IMOBILIÁRIO
Segundo a Lei 10.931, de 02/08/20014, em seus Artigos 12 a 17, as Letras de
Créditos Imobiliários podem ser emitidas por bancos comerciais e similares, lastreada por
créditos imobiliários, garantida por hipoteca ou alienação fiduciária de imóveis. Sendo assim,
elas conferem direito de credito pelo valor nominal, juros, e sendo estipulada também a
atualização monetária. (BRASIL, 2004).
12. CÉDULA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
Segundo a Lei 10.931/2004, em seus artigos 18 a 25, a cédulas de créditos
imobiliários representam os créditos imobiliários, podendo ou não ser garantida por direito
real. Pode ser de valor integral ou fracionado.
Sendo assim, os critérios para a emissão da CCI ocorrerá: Quando a CCI
representar a totalidade do crédito, ou fracionária, quando representar parte dele, não podendo
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a soma das CCI fracionárias emitidas em relação a cada crédito exceder o valor total do
crédito que elas representam.
As CCI fracionárias poderão ser emitidas simultaneamente ou não, a qualquer
momento antes do vencimento do crédito que elas representam. Outro ponto importante é que
segundo a Lei 10.931/2004 em seu Artigo 18 § 3º, “a CCI poderá ser emitida com ou sem
garantia, real ou fidejussória, sob a forma escritural ou cartular”. (BRASIL, 2004).
Ademais, no § 4 do mesmo Artigo 18 da Lei 10.931/2004 diz que a “emissão da
CCI sob a forma escritural far-se-á mediante escritura pública ou instrumento particular,
devendo esse instrumento permanecer custodiado em instituição financeira e registrado em
sistemas de registro e liquidação financeira de títulos privados autorizados pelo Banco Central
do Brasil.” (BRASIL, 2004).
Sendo o crédito imobiliário garantido por direito real, a emissão da CCI será
averbada no Registro de Imóveis da situação do imóvel, na respectiva matrícula, devendo dela
constar, exclusivamente, o número, a série e a instituição custodiante.
Outro aspecto importante consta no § 8o do Artigo 18º da Lei 10.931/2004, onde
o “credor da CCI deverá ser imediatamente intimado de constrição judicial que recaia sobre a
garantia real do crédito imobiliário representado por aquele título”. (BRASIL, 2004).
Já nos casos de a CCI ser emitida sob a forma escritural, segundo o § 9o do Art.
18 da Lei 10.931/2004,”caberá à instituição custodiante identificar o credor”, para o fim da
intimação prevista no § 8º. (BRASIL, 2004).
O Art. 19 da Lei 10.931/2004 apresenta o que deverá conter na CCI. Sendo assim
apresentamos in verbis:
I - a denominação "Cédula de Crédito Imobiliário", quando emitida cartularmente; II - o nome, a qualificação e o endereço do credor e do devedor e, no caso de emissão escritural, também o do custodiante; III - a identificação do imóvel objeto do crédito imobiliário, com a indicação da respectiva matrícula no Registro de Imóveis competente e do registro da constituição da garantia, se for o caso; IV - a modalidade da garantia, se for o caso; V - o número e a série da cédula; VI - o valor do crédito que representa; VII - a condição de integral ou fracionária e, nessa última hipótese, também a indicação da fração que representa; VIII - o prazo, a data de vencimento, o valor da prestação total, nela incluídas as parcelas de amortização e juros, as taxas, seguros e demais encargos contratuais de responsabilidade do devedor, a forma de reajuste e o valor das multas previstas contratualmente, com a indicação do local de pagamento; IX - o local e a data da emissão; X - a assinatura do credor, quando emitida cartularmente; XI - a autenticação pelo Oficial do Registro de Imóveis competente, no caso de contar com garantia real; e XII - cláusula à ordem, se endossável. (BRASIL, 2004).
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Vale ressaltar que no Art. 20 da Lei 10.931/2004, o doutrinador deixou claro que
a CCI é título executivo extrajudicial, podendo ser exigível pelo valor apurado de acordo com
as cláusulas e condições pactuadas no contrato que lhe deu origem.
Ademais, no parágrafo único do referido Artigo, consta outro dado importante que
deve ser destacado no que diz respeito a execução, onde o “ crédito representado pela CCI
será exigível mediante ação de execução, ressalvadas as hipóteses em que a lei determine
procedimento especial, judicial ou extrajudicial para satisfação do crédito e realização da
garantia”. (BRASIL, 2004).
O art. 21. DA Lei 10.931/2004 apresenta a forma de emissão e negociação da
CCI, sendo que esta “independe de autorização do devedor do crédito imobiliário que ela
representa.” (BRASIL, 2004).
O Art. 22. Da Lei 10.931/2004 traz um ponto importante que é o da cessão do
crédito representado por CCI, sendo que este “poderá ser feito por meio de sistemas de
registro e de liquidação financeira de títulos privados autorizados pelo Banco Central do
Brasil”. (BRASIL, 2004).
Nesta feita, com base no § 1 do referido Art. 22, “a cessão do crédito representado
por CCI implica automática transmissão das respectivas garantias ao cessionário, sub-
rogando-o em todos os direitos representados pela cédula, ficando o cessionário, no caso de
contrato de alienação fiduciária, investido na propriedade fiduciária”. (BRASIL, 2004)
Com relação a cessão de crédito garantido por direito real, quando representado
por CCI emitida sob a forma escritural, o § 2 do Art. 22 informa que “está dispensada de
averbação no Registro de Imóveis, aplicando-se, no que esta Lei não contrarie, o disposto nos
Arts. 286 e seguintes da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil Brasileiro”.
(BRASIL, 2004).
Com relação a CCI sendo objeto de securitização nos termos da Lei n. 9.514, de
20 de novembro de 1997, o Art. 23 da Lei 10.931/2004 expõe que esta será “identificada no
respectivo Termo de Securitização de Créditos, mediante indicação do seu valor, número,
série e instituição custodiante, dispensada a enunciação das informações já constantes da
Cédula ou do seu registro na instituição custodiante”. (BRASIL, 2004)
O Art. 24. Da Lei 10.931/2004 fala sobre o resgate da dívida representada pela
CCI, onde esta deverá ser provada mediante “a declaração de quitação, emitida pelo credor,
ou, na falta desta, por outros meios admitidos em direito”. (BRASIL, 2004).
O Art. 25. Da Lei 10.931/2004 apresenta uma vedação no que tange a “averbação
da emissão de CCI com garantia real quando houver prenotação ou registro de qualquer outro
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ônus real sobre os direitos imobiliários respectivos, inclusive penhora ou averbação de
qualquer mandado ou ação judicial”. (BRASIL, 2004).
13. CÉDULA DE CREDITO BANCÁRIO
A Cédula de Crédito Bancário é aquela emitida por pessoa física ou jurídica, em
favor de instituição financeira ou similar e representa uma promessa de pagamento que
dispensa protesto para garantir a cobrança contra endossantes, seus avalistas e terceiros
garantidores e está regulamentada nos artigos. 26 a 45 da Lei 10.931/2004.
O § 1º do Art. 26 da Lei 10.931/2004, diz que “A instituição credora deve integrar
o Sistema Financeiro Nacional, sendo admitida a emissão da Cédula de Crédito Bancário em
favor de instituição domiciliada no exterior, desde que a obrigação esteja sujeita
exclusivamente à lei e ao foro brasileiros”. (BRASIL, 2004).
Sendo assim, no §2º do Art. 26 da referida lei, autoriza que a “Cédula de Crédito
Bancário em favor de instituição domiciliada no exterior poderá ser emitida em moeda
estrangeira”. (BRASIL, 2004).
Acerca da discussão da emissão da Cédula de Crédito Bancário com ou sem
garantia real ou fidejussório, o Art. 27. Esclarece a permissão desde que esteja cedularmente
constituída. Para isso a garantia constituída será especificada na Cédula de Crédito Bancário.
O Art. 28.da Lei 10.931/2004 expõe que “A Cédula de Crédito Bancário é título
executivo extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela
soma nela indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos
extratos da conta corrente”. (BRASIL, 2004).
Poderão ser pactuados na Cédula de Crédito Bancário conforme o §1º do Art. 28
da Lei 10.931/2004 in verbis:
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de sua incidência e, se for o caso, a periodicidade de sua capitalização, bem como as despesas e os demais encargos decorrentes da obrigação; II - os critérios de atualização monetária ou de variação cambial como permitido em lei; III - os casos de ocorrência de mora e de incidência das multas e penalidades contratuais, bem como as hipóteses de vencimento antecipado da dívida; IV - os critérios de apuração e de ressarcimento, pelo emitente ou por terceiro garantidor, das despesas de cobrança da dívida e dos honorários advocatícios, judiciais ou extrajudiciais, sendo que os honorários advocatícios extrajudiciais não poderão superar o limite de dez por cento do valor total devido; V - quando for o caso, a modalidade de garantia da dívida, sua extensão e as hipóteses de substituição de tal garantia; VI - as obrigações a serem cumpridas pelo credor; VII - a obrigação do credor de
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emitir extratos da conta corrente ou planilhas de cálculo da dívida, ou de seu saldo devedor, de acordo com os critérios estabelecidos na própria Cédula de Crédito Bancário, observado o disposto no § 2o; e VIII - outras condições de concessão do crédito, suas garantias ou liquidação, obrigações adicionais do emitente ou do terceiro garantidor da obrigação, desde que não contrariem as disposições desta Lei. (BRASIL, 2004).
O Art. 29 da Lei 10.931/2004, apresenta os requisitos essenciais da Cédula de
Crédito Bancário, apresentado in verbis:
I - a denominação "Cédula de Crédito Bancário"; II - a promessa do emitente de pagar a dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível no seu vencimento ou, no caso de dívida oriunda de contrato de abertura de crédito bancário, a promessa do emitente de pagar a dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, correspondente ao crédito utilizado; III - a data e o lugar do pagamento da dívida e, no caso de pagamento parcelado, as datas e os valores de cada prestação, ou os critérios para essa determinação; IV - o nome da instituição credora, podendo conter cláusula à ordem; V - a data e o lugar de sua emissão; e VI - a assinatura do emitente e, se for o caso, do terceiro garantidor da obrigação, ou de seus respectivos mandatários. (BRASIL, 2004).
O § 1º do Art.29 da Lei 10.931/2004, expõe sobre o endosso da Cédula de Crédito
Bancário, onde fica permitido o endosso, “ao qual se aplicarão, no que couberem, as normas
do direito cambiário, caso em que o endossatário, mesmo não sendo instituição financeira ou
entidade a ela equiparada, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos, inclusive cobrar
os juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula”. (BRASIL, 2004).
Os §2º e 3§º do mesmo Art. 29 fala sobre a quantidade de vias da Cédula de
Crédito Bancário, “sendo em tantas vias quantas forem as partes que nela intervierem,
assinadas pelo emitente e pelo terceiro garantidor, se houver, ou por seus respectivos
mandatários, devendo cada parte receber uma via” e que “Somente a via do credor será
negociável, devendo constar nas demais vias a expressão "não negociável". (BRASIL, 2004).
Com relação a garantia da Cédula de Crédito Bancário, o Art. 31 da Lei
10.931/2004 informa que esta “poderá ser fidejussória ou real, neste último caso constituída
por bem patrimonial de qualquer espécie, disponível e alienável, móvel ou imóvel, material
ou imaterial, presente ou futuro, fungível ou infungível, consumível ou não, cuja titularidade
pertença ao próprio emitente ou a terceiro garantidor da obrigação principal”. (BRASIL,
2004).
Ademais, o Art. 32 da Lei 10.931/2004, autoriza a constituição da garantia “na
própria Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado, neste caso fazendo-se, na
Cédula, menção a tal circunstância”. (BRASIL, 2004).
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14. WARRANT
Warrant é o título de crédito causal, emitido exclusivamente pelos armazéns
gerais, que representa o crédito e o valor das mercadorias depositadas. Warrant é instrumento
equiparado e considerado com título de crédito, endossável, que se emite, sob garantia
pignoratícia, juntamente com o conhecimento de depósito de mercadorias nos armazéns-
gerais. O nome warrant tem o sentido dos verbos assegurar, garantir, certificar, autorizar.
“Warrant” é uma palavra do idioma inglês, que significa penhor, garantia,
confiança. Como é um título garantido pela mercadoria depositada, que constitui um penhor
para ele, justifica-se a adoção desse nome. Não é mais permitida a utilização de palavras
estrangeiras na nossa legislação, mas como o Decreto Lei n. 1.102 é de 1903, conservou-se
esse nome em nossa lei.
Cada um desses títulos deve ser à ordem e conter, além da sua designação
particular: a denominação de sua emitente, a empresa de armazéns gerais e sua sede; o nome,
qualificação e domicílio do depositante ou de terceiro por este indicado; o lugar e o prazo do
depósito, facultado aos interessados acordarem, entre si, na transferência posterior das
mesmas mercadorias de um para outro armazém da emitente, ainda que se encontrem em
localidade diversa da em que foi feito o depósito inicial.
Em tais casos, far-se-ão, no conhecimento de depósito e warrant respectivamente,
as seguintes anotações: local para onde se transferirá a mercadoria em depósito; as despesas
decorrentes da transferência, inclusive as de seguro contra todos os riscos; a natureza,
quantidade e qualidade das mercadorias em depósito, designadas pelos nomes mais usados
nas atividades e todas as marcas e indicações próprias para estabelecerem a sua identidade,
ressalvadas as peculiaridades das mercadorias depositadas a granel; qual a companhia de
seguro e o valor do seguro; a data da emissão e assinatura da emitente, a empresa de armazéns
gerais.
As mercadorias que lastrearem os títulos não poderão sofrer penhora ou quaisquer
outros gravames. Poderá, porém, haver a penhora dos títulos. Esses títulos são bens
penhoráveis.
O conhecimento de depósito e “warrant” podem ser transferidos por endosso,
unidos ou separadamente. O endosso pode ser em branco ou em preto, nos moldes da nota
promissória e da letra de câmbio. Se os dois títulos se separarem, a função deles provocará
efeitos bem diversos. Se o beneficiário dos títulos endossar os dois, transferirá para o
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endossatário o crédito e a propriedade das mercadorias. O endossatário poderá então endossá-
los novamente ou transferir apenas um deles.
Se transferir apenas o warrant, transfere o crédito, mas a mercadoria permanece
como penhor do warrant. O endossatário poderá então cobrar o valor do warrant no
vencimento ou poderá transferi-lo por endosso. O endossante, por sua vez, transferiu só
o warrant, ficando com o conhecimento de depósito, o que lhe dá direitos de propriedade
sobre as mercadorias depositadas, mas não poderá retirá-las, porquanto elas estão apenhadas
ao warrant. Poderá endossar o conhecimento de depósito a outra pessoa, mas o novo
endossatário não poderá também entrar na posse da mercadoria, pois continua ela vinculada
ao warrant, embora seja ele o proprietário dela. Se a mercadoria se destruir, a empresa de
armazéns gerais receberá o seguro que garante o pagamento do warrant.
O beneficiário dos títulos poderá, por outro lado, endossar apenas o conhecimento
do depósito, ficando só com o warrant. Nesse caso, o endossante poderá obter crédito com
o warrant, pois é o titular do crédito incorporado no título.
Entretanto terá transferido os direitos sobre a propriedade das mercadorias. O
endossatário do conhecimento de depósito tornou-se assim o proprietário da mercadoria, mas
não poderá entrar na posse dela; continuará ela em depósito na empresa de armazéns gerais e
só será retirada com a apresentação de dois títulos: o warrant e o conhecimento de depósito. O
portador do conhecimento de depósito só poderá retirar a mercadoria se consignar na empresa
de armazéns gerais o valor do respectivo warrant.
Pelo exposto, percebe-se que a emissão do warrant e do conhecimento de depósito
não é obrigatória, mas facultativa e a pedido do depositante. Ao receber a mercadoria em
depósito, a empresa de armazéns gerais dará ao depositante um recibo, declarando nele a
natureza, quantidade, número e marcas. Esse recibo prova o contrato de depósito. Quando o
depositante retirar a mercadoria, devolvê-lo-á à empresa de armazéns gerais. Mesmo depois
de emitido o recibo, o depositante poderá pedir a sua substituição pelo warrant e o
conhecimento de depósito.
Chega o dia do vencimento do warrant e deverá ele ser pago. Geralmente, a
comercialização do warrant opera-se como se fosse uma duplicata, podendo ser utilizado
numa operação de desconto bancário. Se não for pago no vencimento, seu portador poderá
protestá-lo. De posse do instrumento de protesto, pedirá à empresa de armazéns gerais o leilão
da mercadoria depositada e com o dinheiro da arrematação será pago o warrant. Não é preciso
execução judicial. Recebendo o valor do warrant, seu portador o entregará à empresa de
armazéns gerais, com a quitação. Se a mercadoria arrematada em leilão não produzir dinheiro
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suficiente para o pagamento do valor do warrant, o portador poderá então promover execução
judicial, contra todos os endossantes, que responderão solidariamente, como é próprio dos
títulos de crédito.
O vencimento do warrant é um só e a dia fixo. Corresponde ao prazo do depósito
da mercadoria na empresa de armazéns gerais, que é de seis meses, começando a correr da
data de entrada da mercadoria nos armazéns gerais. Entretanto, esse prazo poderá ser
prorrogado por acordo entre as partes.
15. CHEQUE
Para entendermos bem o que é o cheque inicialmente é necessário falar sobre sua
origem, que possui as suas raízes na Antiguidade, onde, segundo alguns doutrinadores, teriam
existido ordens de pagamento em favor de terceiros, no Egito, na Grécia e na Roma antiga.
Esse pensamento não goza de unanimidade já que existem outros doutrinadores
que negam a possibilidade da origem do cheque estar ligada a tais documentos, e reconhecem
que, na Idade Média, em razão do aparecimento dos bancos de depósito, teriam surgido
ordens de pagamento com algumas características dos cheques atuais, mas não que fosse o
cheque como tal conhecemos.
Já alguns pensadores mais modernos entendem que, não se pode atribuir a origem
do cheque a um único povo e a um determinado instante, pois as características atuais do
título derivam de anos e anos de aprimoramento e influências de vários lugares.
De outra forma, a maioria dos autores concorda ao citar a Inglaterra como sendo o
provável lugar onde o uso do cheque difundiu-se e tomou impulso, já no Século XVIII,
através da prática bancária adotada naquele país.
Cabe salientar, que o cheque, naquela época em questão, era confundido com a
Letra de Câmbio, e ainda hoje é considerado pelo sistema inglês, como uma “Letra de Câmbio
à Vista”, sacada contra um banqueiro; O cheque então foi para a França, onde se destacou da
Letra de Câmbio, tomando características próprias com a criação da primeira lei que passou a
disciplinar especialmente o cheque, em 14 de junho de 1865.
No Brasil a primeira referência aos cheques é de 1845, com a promulgação do
Decreto nº 438/45, que determinava que as instituições financeiras poderiam receber dinheiro
de qualquer pessoa e verificariam os pagamentos e as transferências por meio de cautelas
destacadas dos talões.
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Porém a atualmente, no Brasil, vigora a Lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985, a
qual surgiu para acabar com os conflitos introduzidos no país pela adesão do Brasil à
Convenção de Genebra, que trouxe a dúvida para a comunidade jurídica quanto à aplicação da
Legislação Interna (Lei nº 2.591 de 7/8/1912) ou as normas da Lei Uniforme (inserida em
nosso direito interno pelo Decreto nº 57.595, de 7 de janeiro de 1966). Essa nova lei é, na
verdade, uma consolidação dos princípios da Lei Uniforme sobre o cheque e das leis que
anteriormente regularam esse título, principalmente a Lei nº 2.591 de 1912.
A Lei nº 7.357/85, conhecida pelos usuários do direito como lei do cheque, não
conceitua o cheque. Ela apenas determina os pressupostos e requisitos necessários para que o
“título” passe a valer como cheque, e é a partir desses dispositivos que os doutrinadores
retiram o seu conceito.
Sendo assim, conceitua-se cheque como uma ordem de pagamento a vista, em
favor próprio ou de terceiros, contra fundos disponíveis em poder de instituição financeira
conhecido como sacado. Ou seja, é um título de crédito de modo vinculativo, cuja forma é
fixada pelo Banco Central do Brasil, através de um catálogo de documentos – CADOC.
Também é definido como um título causal, sendo que sua causa é a existência de
um contrato de depósito de fundos existente entre o sacador e a instituição financeira. Estes
conceitos tem fulcro nos artigos da Lei 7.357/85, principalmente no Art. 32 que dispõe: "O
cheque é pagável à vista"; no Art. 1º, inciso II, que determina: "O cheque contém: (...) II – a
ordem incondicional de pagar quantia determinada;" (BRASIL, 1985).
Conseguinte, no Art. 3º prevê que o cheque deve ser sacado contra um banco ou
uma instituição assemelhada; e no Art. 4º, que exige a existência de fundos disponíveis, e nos
outros tantos artigos da Lei do Cheque; dessa forma o conceito de cheque é formulado de
forma universal e unitária.
Outro aspecto também bastante interessante e que ele tem forma de uma cártula
padronizada pelo próprio sacado, para atender a requisitos de segurança, evitando assim a
falsificação da cártula.
O cheque deve apresentar os seguintes requisitos, legalmente estabelecidos, a
saber:
a) denominação “cheque” deve estar inscrita no título: Conforme a Lei do Cheque,
que em seu Art. 1º, Inciso I, dispõe: “Art. 1º - O cheque contém: (...) I – a denominação
“cheque”, inscrita no contexto do título e expressa na língua em que é redigido”. (BRASIL,
1985).
24
b) ordem incondicional de pagar quantia determinada: A Lei 7.357/85 determina
que o cheque deve conter "ordem incondicional de pagar quantia determinada". A mesma
coisa fala a Lei Uniforme, só que usando outra expressão, a saber: "O mandato puro e simples
de pagar quantia determinada."
c) indicação do valor a ser sacado deverá estar escrito por extenso e em
algarismos.
d) o nome do banco ou da instituição financeira a qual deve fazer o pagamento
mediante a apresentação do titulo. A Lei nº 7.357/85, em seu Art. 1º, Inciso III, determina que
o cheque “deve conter o nome do sacado, que é o banco ou instituição financeira equiparada
onde o sacador possui fundos disponíveis”. (BRASIL, 1985).
e) indicação do lugar do pagamento: A Lei 7.357/85, em seu Art. 1º, Inciso IV,
determina que o cheque deve conter a indicação do lugar de pagamento. Essa indicação tem
por finalidade fixar o local onde o portador deve apresentar o cheque para receber a
importância do mesmo. Esse lugar deve, em princípio, constar do texto do título, mas se no
cheque não contiver designação especial, entende-se que é o lugar constante junto ao nome do
sacado. Se forem indicados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles. Não
existindo qualquer indicação, o cheque deve ser pago no lugar de sua emissão, conforme o
Art. 2º, I da Lei 7.357/85.
f) indicação da data e do local da emissão: A data de emissão do cheque é um
requisito exigido pelo Inciso V do Art. 1º da Lei 7.357/85. O Art. 2º da lei não supre a sua
falta, no título, por isso entende-se ser esse um requisito essencial para o documento produzir
efeito como cheque. A indicação da data da emissão é importante porque permite determinar
se na ocasião o sacador tinha capacidade de se obrigar e, além disso, é essencial para se
calcular o prazo de apresentação {Lei do Cheque, Art. 33}, o prazo de prescrição {Lei do
Cheque, Art. 59} e a preferência no caso de concurso de dois ou mais cheques em soma
superior aos fundos disponíveis {Lei 7.357/85, art. 40}, a data deve indicar o dia, mês e ano,
devendo o nome do mês ser escrito por extenso conforme determinação do Decreto nº 22.393,
de 25 de janeiro de 1933.
g) assinatura do sacador: O cheque deve conter a assinatura do emitente, sacador,
ou de seu mandatário com poderes especiais {conforme o Art. 1º VI Lei 7.357/85}. Para
alguns doutrinadores este é o requisito mais importante do cheque e que nele não pode faltar.
O cheque pode ser emitido por mandatário desde que o mandato contenha poderes
especiais e expressos, conforme o Art. 1.298 do CC "o mandante deve ser capaz de dispor de
25
seus bens, mas o mandatário pode ser relativamente incapaz, isto é deve ser apenas maior de
16 anos." (BRASIL, 2002).
15.1 Endosso no Cheque
No cheque é presumida a existência da cláusula à ordem, o que significa que o
cheque é transferível por endosso. Porém, se inserida a cláusula “não à ordem”, a
transferência do cheque será regida pelas regras do direito civil referentes à cessão civil de
crédito.
Se, contudo, o emitente do cheque não deseja que o mesmo seja transmitido por
meio de endosso, poderá por no título a cláusula não à ordem. O cheque com cláusula não à
ordem só se transfere por cessão ordinária de crédito, ou seja o cessionário não terá direito
regressivo contra os obrigados anteriores do título, como acontece num cheque à ordem.Nesse
caso o cedente apenas garante ao cessionário a existência do crédito, por ocasião da cessão.
O endosso deve conter a assinatura do endossante, seja pessoa física ou jurídica,
de maneira que tal assinatura o identifique. Pode assim, ser uma assinatura com o nome
completo ou abreviado do endossante, sendo pessoa jurídica deverá constar a firma ou
denominação social seguida do nome de quem lança essa designação, para saber se esta
pessoa tinha ou não poderes para usá-la validamente. O endosso deve ser puro e simples,
qualquer condição em contrário considera-se como não escrita conforme o Art. 18, Lei
7.357/85.
É importante notar que a Lei do Cheque não determina que o endosso deva ser
datado. O endosso sem data presume-se feito antes da expiração do prazo de apresentação ou
antes do protesto conforme Art. 27 da Lei 7.357/85. Entretanto, esta presunção é dita juris
tantum, podendo o interessado comprovar que, apesar de não ter data, o endosso foi lançado
após o protesto ou o prazo de apresentação.
O endosso feito após decorrido o prazo de apresentação ou de protesto é chamado
endosso póstumo, tal endosso não produz mais os efeitos normais do instituto, e sim, apenas
os efeitos de uma cessão ordinária de crédito.
Desta forma, o endossatário só terá ação contra o endossante, não podendo agir
regressivamente contra os outros obrigados. Entretanto, se o endossante pagar ao
endossatário, terá direito de ação contra o emitente do cheque, se esta for interposta no prazo
previsto na Lei.
26
Segue também que o endosso parcial é nulo conforme o Art. 18, §1º, Lei do
Cheque, porém de acordo com o Art. 38, parágrafo único, da mesma lei, "o portador não pode
recusar pagamento parcial, e nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do
cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação." (BRASIL, 1985).
No caso do pagamento parcial feito pelo sacado, parte da dívida é satisfeita, mas
contendo o cheque uma importância determinada, ao portador cabe o direito de receber o
valor total do cheque, podendo cobrar a parte não paga pelo sacado dos obrigados regressivos
ou do emitente, a quem transferirá o cheque com quitação, sem que isso seja considerado
endosso parcial.
O cheque pode ser endossado a duas ou mais pessoas, conjunta ou
alternadamente. No caso do endosso alternativo, qualquer delas pode receber o cheque. Se,
porém, o endosso é feito a duas ou mais pessoas, conjuntamente, não se considera como um
endosso parcial, apenas essas pessoas devem receber o cheque conjuntamente, como se
fossem um só endossatário, a não ser que, ao endosso, seja adicionada a cláusula de
solidariedade, caso, em que qualquer um deles pode receber a totalidade do cheque.
È importante atentar para a forma adequada para se realizar o endosso, pois o
mesmo deve ser lançado no cheque ou na folha de alongamento, e assinado pelo endossante,
ou seu mandatário com poderes especiais, assim como apresenta o Art. 19, Lei do Cheque.
A doutrina majoritária entende que, o endosso pode ser lançado no verso ou no
anverso do cheque, sendo que no anverso do cheque só vale o endosso em preto, pois o
endosso em branco, que consiste na simples assinatura do endossante, poderia ser confundido
com o um aval.
Ademais, a lei Art. 19, § 1º, Lei 7.357/85 é clara ao determinar que o endosso em
branco só é válido quando lançado no verso do cheque, ou na folha de alongamento. O cheque
só pode ser endossado uma vez, de acordo com o Art 17 da Lei nº 9.311/96, que instituiu a
Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e
Direitos de Natureza Financeira CPMF no Brasil, também não é admitido o endosso caução.
Contudo o endosso pode ser feito ao emitente ou qualquer outro obrigado, que
podem validamente reendossá-lo, dentro do prazo de apresentação conforme art. 17, §2º, Lei
do Cheque.
Entretanto, o endosso ao sacado vale apenas como quitação, salvo se o endosso
tenha sido feito a um estabelecimento do sacado que seja diverso daquele contra o qual o
cheque foi emitido, conforme art. 18, §2º, Lei do Cheque.
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15.2. Prescrição
A atual Lei 7.357/85, em seu art. 59, determina que o prazo de prescrição da ação
de execução do cheque pelo beneficiário prescreve em 6 (seis) meses contados a partir da
expiração do prazo de apresentação. O prazo de prescrição deve ser contado a partir do dia
seguinte ao que marca o início do prazo, segundo a regra do direito especial, aplicável ao
cheque por força do Art. 64, parágrafo único, da Lei do Cheque.
Normalmente a prescrição é conceituada como sendo a "perda da ação pela inércia
do titular do direito." O prazo de prescrição refere-se a ação executiva que o portador pode
mover contra o sacador, endossantes ou avalistas. O portador do cheque que não foi satisfeito
pelo sacado tem o prazo de seis meses, contados do termo do prazo de apresentação, para
mover ação executiva contra o sacador e seu avalista, independente de protesto do título; ou
contra endossantes e seus avalistas, se o cheque tiver sido apresentado em tempo hábil e a
recusa do pagamento for comprovada pelo protesto ou por declaração escrita do sacado ou da
câmara de compensação, conforme previsão do Art. 47, II da Lei do Cheque.
Tratando-se de ação de um obrigado que pagou contra outro obrigado anterior, o
prazo prescricional é, igualmente, de seis meses. Entretanto, o professor Fran Martins 2012
afirma que:
"(...) o início desse prazo será o dia em que o obrigado que pagou anteriormente foi acionado para pagar, ou, tendo sido o pagamento feito amigavelmente, sem necessidade de ação judicial, do dia em que tal pagamento foi efetuado." (MARTINS, 2012)
Prescrita a ação executiva, ainda caberá a cobrança pela via ordinária, cujo prazo
de prescrição é de vinte anos, em conformidade com o art. 177 do Código Civil. Quanto ao
pagamento do cheque pelo sacado, existem doutrinadores que defendem que pode ser
efetuado até a prescrição, com base no Art. 35, parágrafo único, da Lei 7.357/85.
De outra forma entende Rubens Requião 2007, defende o pagamento do cheque
prescrito, a menos que o emitente apresente contra-ordem alegando a prescrição do título. O
professor Fran Martins 2012 lecionava que "a prescrição pode ser interrompida por qualquer
dos meios do direito comum, tais como a citação pessoal feita ao devedor e o protesto
judicial”. (MARTINS, 2012).
A interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para a qual a
interrupção foi feita. Esta regra decorre do Art. 60, da Lei do Cheque, e do princípio da
autonomia das obrigações previsto no Art. 13, da mesma lei.
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16. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já foi dito quirografário é a massa de credores de um devedor que, uma vez
falido, terá seu patrimônio distribuído entre eles (credores) apenas após o pagamento daqueles
que gozem de direitos de preferência ou de garantias reais. Estes credores quirografários serão
prejudicados caso o patrimônio do devedor seja diminuído e com isso sua garantia de
recebimento dos créditos também.
Em regra todos os créditos são quirografários, e a lei é quem diz aqueles que são
os preferenciais, concedidos a certos credores, em detrimento a demais concorrentes no
recebimento do crédito. A Lei 11.101/2005, por exemplo, determina a formação de um quadro
geral de credores nos casos de Falência e Recuperação Judicial.
Na Falência entretanto, deve-se observar a ordem de pagamento prevista nos
artigos 83 e 84, sendo que os créditos quirografários são encontrados apenas no inciso VI, ou
seja, antes do credor quirografário ainda há cinco espécies de credores com privilégios
especiais para recebimento dos créditos do devedor falido, quais sejam:
I) os derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 salários mínimos por
credor, e de acidentes do trabalho; II) com garantia real; III) tributários; IV) com privilégio
especial; V) com privilégio geral. Já na hipótese de Recuperação Judicial a observação da
ordem legal não é obrigatória, de forma que os credores podem pactuar o recebimento dos
créditos de forma diversa, desde que observada à preferência dos créditos trabalhistas.
O direito de garantia acontece de uma relação jurídica unilateral, formada somente
em benefício do credor, a pessoa em benefício de quem se faz a garantia. Há, assim, sempre
uma obrigação subjacente por trás de uma garantia, seja real ou fidejussória. O dever do
proprietário do bem gravado é tolerar o ânus do titular do direito real de garantia.
Nesses direitos, a relação obrigacional não está encravada no direito, como ocorre
na renda constituída sobre imóvel. O direito pessoal de garantia remanesce, enquanto não
extinguida a obrigação, e o direito real, enquanto não averbada a extinção da hipoteca ou
anticrese no registro imobiliário e não liberado o bem sob penhor. Extinta a obrigação, ainda
que não cancelado o registro, perde eficácia a garantia real, ao menos entre as partes, o que
demonstra seu caráter acessório, pois sua razão de ser é a existência da obrigação.
Quando temos um bem separado e determinado do patrimônio do devedor para
responder por obrigação, deparamo-nos com o fenômeno da especialidade da garantia.
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Diante do exposto a regra geral é que todo patrimônio do devedor responde por
suas dívidas, quando há direito real de garantia, especializa-se um bem, e determina-se o que
a princípio era indeterminado, respondendo ele, preferencialmente por determinada dívida. O
direito real de garantia admite ao credor alcançar satisfação de seu crédito com o valor ou a
renda de um bem afetado exclusivamente à obrigação.
17. REFERENCIAS
ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 9. ed. São Paulo : Saraiva, 2005.
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.
BRASIL. Lei n. 5.172. institui o Código Tributário Nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 25 de outubro de 1966.
BRASIL. Lei n. 9.514. Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, 20 de novembro de 1997.
BRASIL. Lei 11.101. Lei de Recuperação Judicial e Extrajudicial e de Falência. Publicada no Diário Oficial da União, 9 de fevereiro de 2005
BRASIL. Lei Nº 4.380. Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, 21 de Agosto de 1964.
BRASIL. STF Súmula nº 670 24 de setembro de 2003.
BRASIL. Lei n. 4.728. Disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. Publicada no Diário Oficial da União, 14 de julho de 1965.
BRASIL. Lei n. 8.929. Institui a Cédula de Produto Rural, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, 22 de Agosto de 1994
BRASIL. Lei n.10.406. Institui o Código Civil. Publicada no Diário Oficial da União de 10 de janeiro de 2002
BRASIL. Decreto lei 167. Dispõe sobre títulos de crédito rural e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, 14 de Fevereiro de 1967.
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BRASIL. Lei 10. 931. Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei no 911, de 1 de outubro de 1969, as Leis no4.591, de 16 de dezembro de 1964, n. 4.728, de 14 de julho de 1965, e n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, 02 de Agosto de 2004.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial - Direito de Empresa, 26ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
FACULDADES CATHEDRAL. Orientações para elaboração e apresentação do Projeto de Pesquisa. Barra do Garças: Cathedral, 2009.
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário, 10. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial, 35.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2012.
REQUIÃO, Rubens, 1918- Curso de direito comercial, 2º volume. 25. ed. rev. e atual. por Rubens Edmundo Requião. São Paulo: Saraiva, 2007.