Transcript
Page 1: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

0

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música

Licenciatura em Música

Tétrades: relato de uma experiência de ensino da

improvisação aplicada aos teclados percussivos

Edmilson Ferreira Cardoso

Natal/RN

Junho/2015

Page 2: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

1

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música

Licenciatura em Música

Tétrades: relato de uma experiência de ensino da

improvisação aplicada aos teclados percussivos

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura

em Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN – como requisito

parcial para obtenção do título de licenciado em

Música.

Edmilson Ferreira Cardoso

Orientador: Germanna França da Cunha

Natal/RN

Junho/2015

Page 3: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

2

Page 4: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

3

Tétrades: relato de uma experiência de ensino da

improvisação aplicada aos teclados percussivos

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura

em Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN – como requisito

parcial para obtenção do título de licenciado em

Música.

Orientador: Germanna França da Cunha

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Dra. Germanna França da Cunha

____________________________________________________

Prof. Dr. Jean Joubert Freitas Mendes

____________________________________________________

Prof. Dr. Ranilson Bezerra de Farias

Natal, 01 de junho de 2015.

Page 5: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

4

“Todo professor deve se permitir ensinar diferentemente ou ao menos imprimir, no

que ensina, sua personalidade”.

R. Murray Shafer

Page 6: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

5

AGRADECIMENTOS

Aos seres de luz (encarnados ou desencarnados) que me inspiram, muito

obrigado por mais esta vitória!

Aos meus pais Damião e Iracema, pela minha vida e pelo esforço dedicado à

minha criação! Suas condutas de vida sempre me inspiraram a ser uma pessoa íntegra e

responsável. Muito obrigado!

Ao meu amado filho Yann, fonte de energia inspiradora e luz da minha vida.

Obrigado pela oportunidade de poder rever o mundo através do olhar puro de uma criança.

É imensurável o valor da contribuição de sua simples presença em minha melhoria como

ser-humano. Dondolinho, pequeno, pitch vivos, piúvus, pipióviam, propópiam, pipió,

pivôs, te amo demais! Muito obrigado por existir!

À minha companheira Thaís, pela valorosa presença em bons e maus

momentos de minha vida! Pelo apoio, o carinho, a compreensão e todas as outras pequenas

formas de amor com as quais tens me agraciado durante todo o tempo em que estamos

juntos.

À minhas irmãs Celene e Célia, assim como, à família desta, Roberto, Aline e

Bruninha e ao Meu sobrinho Vitor e sua esposa Nani, muito obrigado, por constantemente

me lembrarem que faço parte de uma família que me ama, que me apoia e que se felicita

com minha evolução pessoal e profissional!

À Pollyanna, e Agamenon, obrigado pelo apoio, a amizade, as sugestões e as

conversas. E ao vosso estimado filho e meu afilhado, Thales, o bebezão! Obrigado pela

carinha linda e o maravilhoso sorriso que sempre me presenteias quando nos encontramos!

À Manoca Barreto (in memorian), meu primeiro professor de harmonia e

improvisação, obrigado por ter plantado uma semente que germinou, cresceu e está

começando a frutificar! Esteja onde estiver, saiba o quanto sou grato pelos conhecimentos

que adquiri em suas aulas. Muito obrigado! E que Deus o tenha em sua orquestra!

Ao professor Joca Costa, obrigado pelos diversos conhecimentos advindos de

nossas poucas aulas e de nossas muitas conversas! Você é para mim, exemplo de um

verdadeiro profissional da área da música e almejar chegar ao teu nível é garantia de uma

longa e agradável caminhada pelo “mundo das notas”. Muito obrigado!`

À professora Germanna Cunha, obrigado pelos conhecimentos que adquiri na

área da percussão erudita durante os doze anos em que fui seu aluno! Muito obrigado por

Page 7: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

6

ter me direcionado à minha profissionalização nesta área e ter me feito despertar o gosto

pelos teclados percussivos. A ti serei eternamente grato!

À Raphael (O Johnna!) pelas valorosas críticas às diversas fases de elaboração

do meu método de improvisação e pelas partidas de xadrez! Jogar com você me torna uma

pessoa mais inteligente. Obrigado!

À Hyran e Paulino pelo apoio durante todo o processo das aulas, obrigado!

À professora Maria Helena, Obrigado pela atenção conferida ao meu trabalho,

Pelas sugestões e correções do mesmo! Grato!

Ao meu gato Jaco (kickin Róvals), obrigado por ter ficado mordendo meus pés

e me acordando para retornar à escrita desta monografia.

A todas as pessoas, animais, plantas e seres invisíveis que me ajudaram e eu

não me recordei de citar os nomes ou que não tenha percebido o benefício da presença!

Obrigado!

Page 8: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

7

RESUMO

Este trabalho objetiva relatar e refletir sobre a experiência de ensino da improvisação em

teclados percussivos desenvolvida com dois componentes do Grupo de Percussão da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, durante dez aulas ocorridas entre os meses

de março e maio do ano de 2015 nesta instituição. A metodologia aplicada foi

fundamentada na “teoria da assimilação” de Jean Piaget, assim como, em obras de autores

da área da harmonia como: Turi Collura e Ian Guest entre outros. Esta metodologia visa o

desenvolvimento do aluno na pratica da improvisação na música popular a partir do estudo

sistemático das tétrades e dos materiais a elas relacionados. Ao final do experimento os

alunos já haviam estudado todas as tétrades do campo harmônico maior e suas respectivas

cifras, assim como, alguns procedimentos para a aplicação deste material na improvisação

sobre os encadeamentos harmônicos básicos do sistema tonal. Além disso, conheceram o

blues de doze compassos e aprenderam técnicas para a construção de melodias simples a

serem aplicadas na improvisação sobre este gênero musical em todos os seus tons

possíveis.

Palavras-chave: Improvisação, Tétrades, teclados percussivos, encadeamentos

harmônicos.

Page 9: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

8

ABSTRACT

This study reports and reflects about the experience of teaching how to improvise on

percussive keyboards. The study was applied in two components from Percussion Group of

the Federal University of Rio Grande do Norte, on ten classes occurred between March and

May of 2015. The methodology used was based on "Assimilation Theory" of Jean Piaget,

as well as on authors of works on Harmony area as Turi Collura and Ian Guest among

others. This methodology aims to develop the student in the practice of improvisation on

popular music from the systematic study of tetrads and materials related to them. At the

end of the experiment the students had already studied all tetrads of the most harmonic

fields and their figures, as well as certain procedures for the application of this material on

improvisation in the basic harmonics progressions of the tonal system. Moreover, they

learned the twelve-bar blues and techniques for building simple melodies to be applied in

improvisation on this musical genre in all possible shades.

Keywords: Improvisation, Tetrads, Percussive keyboards, Harmonic progressions.

Page 10: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

9

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 12 3 O AMBIENTE DE ENSINO ......................................................................................... 18 3.1 ESCOLA DE MÚSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE (EMUFRN) ........................................................................................................... 18

3.2 GRUPO DE PERCUSSÃO DA EMUFRN - GRUPPERC ........................................... 18 3.3 OS COMPONENTES ................................................................................................... 19

3.3.1 Aluno X ...................................................................................................................... 19 3.3.2 Aluno Y ...................................................................................................................... 20 3.3.3 Observações ............................................................................................................... 20

4 AS AULAS ...................................................................................................................... 21 4.1 PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES ................................................................................. 21 4.2 AULA 1 (13/03/2015) ................................................................................................... 22

4.2.1 Observações ............................................................................................................... 22 4.3 AULA 2 (20/03/2015) ................................................................................................... 22

4.3.1 Observações ............................................................................................................... 24 4.4 AULA 3 (27/03/2015) ................................................................................................... 26

4.4.1 Observações ............................................................................................................... 26 4.5 AULA 4 (02/04/2015) ................................................................................................... 27

4.5.1 Observações ............................................................................................................... 27 4.6 AULA 5 (10/04/2015) ................................................................................................... 27

4.6.1 Observações ............................................................................................................... 28 4.7 AULA 06 (17/04/2015) ................................................................................................. 28

4.7.1 Observações ............................................................................................................... 29 4.8 AULA 7 (24/04/2015) ................................................................................................... 30

4.8.1 Observações ............................................................................................................... 30 4.9 AULA 8 (30/04/2015) ................................................................................................... 30

4.9.1 Observações ............................................................................................................... 31 4.10 AULA 9 (08/05/2015) ................................................................................................. 31

4.10.1 Observações ............................................................................................................. 31 4.11 AULA 10 (15/05/2015) ............................................................................................... 33

4.11.1 Observações ............................................................................................................. 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 35

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 37 APÊNDICE A – MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO EM SALA DE AULA ....... 39

APÊNDICE B – COMPOSIÇÕES A SEREM UTILIZADAS EM SALA DE AULA 57 APÊNDICE C – PLANOS DAS AULAS MINISTRADAS ........................................... 61

Page 11: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

10

1 INTRODUÇÃO

Iniciei meus estudos na área da improvisação no ano de 1988 através do Curso

de Harmonia Funcional e Improvisação lecionado pelo professor Manoca Barreto no

Instituto de Música Waldemar de Almeida – Natal – RN. Nesta época, meu conhecimento

de harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não

pude assimilar os conteúdos oferecidos naquele curso de uma forma mais efetiva. No

entanto, no ano de 2006, tive a oportunidade de refazê-lo como disciplina do curso técnico

da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN),

instituição na qual também estudei Harmonia Tradicional.

Através destes cursos conheci autores como: Almir Chediak (1986), James

Abersold (1974), Ian Guest (1996), Walter Piston (1987) e Stefan Kostka (2004) entre

outros e assim, pude enriquecer substancialmente meu conhecimento teórico acerca da

harmonia, no entanto, ainda não conseguia aplica-lo na prática da improvisação. Isto

porque o material que eu tinha acesso era frequentemente direcionado à guitarra ou teclado

e os seus autores, obviamente eram guitarristas e/ou tecladistas. Fator que dificultava o

meu aprendizado e até me desestimulava, uma vez que, não atendia as especificidades dos

instrumentos de percussão de teclado, sobretudo do xilofone, que era o instrumento no qual

eu queria aprender a improvisar. Eu sei que os vibrafonistas Lionel Hampton (1908-2002)

e Gary Burton (1943), ambos grandes nomes do Jazz e ótimos improvisadores, escreveram

métodos de improvisação direcionados ao vibrafone, porém, não tive acesso a estes

materiais devido ao fato de não terem sido lançados aqui no Brasil. Também existem

materiais didáticos escritos para vibrafone relacionados ao estudo da harmonia, porém

estes são frequentemente direcionados à construção de acordes e tratam do aspecto vertical

dos mesmos concentrando-se, sobretudo, na construção de acompanhamentos harmônicos

em vez da criação de melodias. Um exemplo disso é o livro Voicing and Comping for jazz

vibraphone de Thomas L. Davis (1999). Já direcionado não só ao xilofone, mas também ao

vibrafone e à marimba, encontraremos métodos como Mallet Technique de Vic Firth

(1965) que apesar de oferecer uma significativa gama de exercícios técnicos utilizando

escalas tonais e até mesmo alguns arpejos de acordes, que são de certa forma, a base do

estudo da improvisação, não direciona este material para esta prática.

Desta forma, já que o material específico para improvisação em teclados

percussivos era bastante escasso, procurei criar outras maneiras de viabilizar a tarefa de

Page 12: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

11

aprender a improvisar no xilofone e após alguns anos de pesquisa, consegui organizar

minhas ideias e sintetizá-las em um método que denominei Tétrades: uma introdução à

improvisação1. Este traz em seu conteúdo todas as tétrades geradas pelos campos

harmônicos maiores e menores, além das mais comuns notas de tensão que podem ser

adicionadas a cada uma delas. A sua metodologia será pormenorizada em momento

oportuno no decorrer deste trabalho.

Ao me deparar com a responsabilidade de estagiar na EMUFRN, visualizei de

imediato a possibilidade de experimentar a aplicação do supracitado método com os

alunos, sobretudo porque se tratavam de percussionistas. Desta forma, além de poder

testar sua eficácia, eu ainda poderia estimular a prática da improvisação em teclados

percussivos na EMUFRN já que esta não consta nos currículos de seus cursos de

percussão. Posso afirmar isto porque já concluí três cursos de percussão erudita nesta

instituição (o básico, o técnico e o bacharelado) e em todos eles predominavam a prática de

exercícios técnicos, estudos de repertórios característicos e a leitura musical e desta forma,

nenhuma atenção foi conferida à prática da improvisação.

Os detalhes de como ocorreu este processo e as reflexões acerca de seus

resultados encontram-se no decorrer deste trabalho. O mesmo está dividido em quatro

partes: (1) Fundamentação teórica; (2) O ambiente de ensino; (3) As aulas; (4)

Considerações finais. A primeira expõe os pressupostos que embasam a metodologia de

ensino da improvisação utilizada neste processo; a segunda é composta pela

contextualização da instituição de ensino e do perfil dos alunos; a terceira é a descrição das

aulas acompanhada por observações sobre as práticas realizadas nas mesmas, e a quarta

expõe as reflexões acerca dos objetivos alcançados (ou deixados de ser alcançados) neste

processo.

1 Apesar da versão original deste método abarcar as mais comuns notas de tensão adicionadas às tétrades dos

campos harmônicos maiores e menores, a versão que se encontra no apêndice A deste trabalho não inclui esta

parte. Isto porque não houve tempo suficiente para inseri-la no âmbito deste experimento.

Page 13: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Antes de tudo fez-se necessário definir o significado do verbete improvisação,

já que o mesmo varia conforme o autor, a época ou a área que o utilize, a fim de evitarmos

possíveis interpretações que fujam ao âmbito deste trabalho. Partiremos de seu conceito

genérico encontrado em alguns dicionários de língua portuguesa. No dicionário Aurélio,

por exemplo, improvisação é:

S. f. 1. Ato ou efeito de improvisar (-se). 2. Teatr. Conjunto de diálogos,

movimentos e cenas de atores, bem como de efeitos cênicos, realizados sem

prévio ensaio, e destinados ao aprimoramento, pesquisa e enriquecimento da

ação ou da técnica do ator, ou à obtenção de determinados resultados

dramáticos... (FERREIRA, 2009).

Apesar de referir-se predominantemente à sua aplicação teatral, alguns destes

pontos podem ser transpostos para a área da música, mas, antes de discuti-los, vamos

aumentar nosso leque de significados. É mais comum encontrarmos nos dicionários o

verbete improvisar, em vez de improvisação, e muitas vezes, é ao “ato ou efeito de

improvisar” (IMPROVISAR, 2015) a que se resume sua definição. Desta forma, nos

deteremos àquele a fim de encontrarmos sua ligação com a área da música e desta com os

limites de nossa pesquisa.

De acordo com Rios (1999), improvisar significa: “V.t. 1. Fazer imediatamente

e sem preparação; fazer de improviso; 2. Compor (música, discurso, etc.) à hora da

apresentação [...]” (p.322). Já no Dicionário Priberam, seu significado é: “V. i .1. Fazer

improvisos. [...]. (IMPROVISAR, 2015).

Temos aqui uma quantidade satisfatória de significados que mesmo não

estando diretamente ligados à área da música podem ser a esta transpostos. Por exemplo:

podemos dizer que assim como o teatro utiliza seus elementos “[...] sem prévio ensaio, e

destinados ao aprimoramento, pesquisa e enriquecimento da ação ou da técnica do ator”

(FERREIRA, 2009), a música também utiliza aqueles que lhe concernem, para

enriquecimento da ação e da técnica do músico. No entanto, isso não ocorre sem prévio

ensaio, uma vez que nesta área, o material utilizado na improvisação não está

descomprometido com alguns elementos que o limitam e que, portanto, necessitam de uma

“prévia organização” como veremos mais adiante. Seguindo esta linha de raciocínio

também eliminamos de nosso leque de significados “Fazer imediatamente e sem

Page 14: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

13

preparação” (RIOS, 1996, p.322), assim como, “Dizer ou fazer de repente, sem

premeditação ou sem os elementos precisos” (IMPROVISAR, 2015).

Desta forma, de todos os significados supracitados, aquele que mais se

aproxima dos nossos propósitos apesar de não abarca-los em sua totalidade é o que diz que

improvisar é “Compor (música, discurso, etc.) à hora da apresentação [...]” (RIOS, 1999,

p.322), apesar de já termos mencionado a necessidade de organização prévia dos materiais

que o improvisador utilizará na apresentação. Percebemos, assim, a insuficiência destas

definições do verbete improvisação em relação a sua aplicação na área da música, e mesmo

quando a esta nos limitamos, o encontraremos em variadas utilizações conforme o período

histórico e a cultura em que está inserido. Nachmanovitch (1993) comenta algumas destas

possibildades:

A improvisação é a forma mais natural e mais difundida de fazer música. Até o

século passado2, era parte essencial da tradição musical do ocidente. [...] Na

música barroca, a arte de tocar um instrumento a partir de um baixo cifrado (um

arcabouço harmônico que o executante preenchia de acordo com a inspiração do

momento) lembra o jazz moderno, em que os músicos criam a partir de temas ou

mudanças de acordes. Na época clássica, as cadências do violino, do piano e de

outros instrumentos deviam ser improvisadas... (NACHMANOVITCH, 1993,

p.19).

O Dicionário Grove (2009) também menciona as mesmas utilizações da

improvisação nestes distintos períodos históricos acima citados por Nachmanovitch e ainda

acrescenta outras possibilidades, porém, não entraremos em seus pormenores por fugirem

aos nossos propósitos. Por hora, nos basta concluir que a improvisação foi utilizada de

formas diferentes na área da música e que esta variedade ainda persiste até os dias atuais.

A definição de Turi Collura (2008) nos aproxima do “tipo de improvisação” a

que este trabalho se dedica. Este autor divide a improvisação em três diferentes abordagens

que, segundo o mesmo, na prática acabam por misturar-se o que torna tal divisão útil

apenas para fins didáticos, são elas: a improvisação temática, a horizontal e a vertical. Na

temática, “[...] a improvisação se constrói a partir de elementos da melodia dada, os quais

podem ser elaborados de várias maneiras” (p.25). Na horizontal a improvisação “se baseia

na correlação escala/acorde” (p.26), e na vertical, a improvisação “se baseia nos acordes da

música. O acorde se torna elemento principal, a partir do qual propõe-se as elaborações”

(p.27).

2 O autor estava se referindo ao século XIX, já que o livro de onde fora tirada esta citação fora publicado no

ano de 1993.

Page 15: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

14

Finalmente, podemos dizer que esta última abordagem é aquela que se adequa

completamente aos nossos propósitos, uma vez que, a forma que Collura utiliza os acordes

na improvisação vertical é similar àquela que utilizamos a tétrade neste trabalho. Pensando

nesta de acordo com a definição de Ian Guest onde: “Tétrade é o acorde de quatro sons,

separados por terças” (GUEST, 1996, p.34). Encontraremos outras similaridades se

simplesmente, substituirmos a expressão “o acorde” por “a tétrade” no texto abaixo.

Na abordagem vertical, o acorde é, a princípio, considerado de forma

independente do contexto de sua funcionalidade tonal. As suas notas são o centro

ao redor do qual construímos elaborações, usando técnica de abordagem

diatônico-cromática. (Collura, 2008, p.27).

Assim podemos dizer que este trabalho se propõe a apresentar uma

metodologia de ensino que utiliza as tétrades como base para o aprendizado da

improvisação. E para finalizar esta definição, complementamos que esta foi criada a fim de

ser aplicada em gêneros musicais populares, sobretudo, ao blues, ao jazz e à bossa nova

que são gêneros onde o uso de tétrades é predominante. Em outras palavras, poderemos

definir que no âmbito deste trabalho, o verbete “improvisação” significará doravante: a

criação espontânea de uma melodia sobre encadeamentos harmônicos oriundos dos

gêneros musicais supracitados, cujo material utilizado envolve predominantemente as

tétrades.

Para fundamentar a escolha de se trabalhar com as tétrades, em vez das escalas,

como comumente fazem os métodos destinados ao ensino da improvisação, assim como,

para podermos justificar as vantagens oferecidas por suas estruturas, recorreremos à “teoria

da assimilação” de Jean Piaget. Vejamos os preceitos básicos desta teoria encontrada nas

últimas páginas de seu livro “O nascimento da inteligência da criança” (2014), que após

dissertar por todo o desenvolvimento da inteligência ocorrido durante os dois primeiros

anos de vida do bebê, chega a duas conclusões:

A primeira é que a inteligência constitui uma atividade organizadora cujo

funcionamento prolonga o da organização biológica e o supera, graças à

elaboração de novas estruturas. A segunda é que, se as sucessivas estruturas

devidas à atividade intelectual diferem qualitativamente entre elas, nunca deixam

de obedecer às mesmas leis funcionais; a esse respeito, a inteligência sensório-

motora pode ser comparada à inteligência reflexiva ou racional, e esta

comparação estabelece a análise dos dois termos extremos (PIAGET, 1966, p.

379).

Page 16: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

15

A “organização biológica” é o funcionamento peculiar à fisiologia do ser-

humano e no que concerne à inteligência são as características funcionais dos esquemas

básicos a que esta recorre em seu desenvolvimento a partir do nascimento da criança: a

sucção, a audição, a visão e a preensão. Assim, podemos dizer que o aprendizado adquirido

a partir do exercício de tais esquemas, serve como base para a assimilação de

conhecimentos vindouros e que estes, por sua vez, servirão como base para a sua própria

evolução num processo constante de assimilação. Sendo assim, todo novo conhecimento

surge a partir de um mais simples que o antecede e cujos antecedentes possuem sua gênese

na própria fisiologia do ser humano. Em outras palavras, Piaget concluiu através de seus

experimentos que o ser - humano nasce fisiologicamente preparado para “assimilar” o seu

meio, e que este processo de assimilação, apesar de iniciar a partir de reflexos hereditários,

evolui indefinidamente baseando-se no constante exercício cumulativo do conhecimento

anteriormente assimilado pelo indivíduo.

Com base no supracitado, uma metodologia de ensino da improvisação baseada

nos pressupostos de Piaget, almejaria encontrar uma estrutura cujo entendimento lógico

pudesse funcionar como uma base de assimilação para os conhecimentos vindouros a

serem construídos a partir de sua prática sistemática. Sendo assim, o fato da construção das

tétrades, independente da qualidade de seus intervalos internos ocorrerem sempre através

da superposição de terças, sua estrutura satisfez tal pré-requisito. Isto porque suas

similaridades permitem que qualquer combinação melódica possível de ser utilizada em

uma determinada tétrade possa ser transposta para as demais.

Além disso, Podemos pensar na tétrade como uma escala de quatro notas, na

qual se poderá posteriormente adicionar outras na medida em que o aluno esteja preparado

para isto. Desta forma, a tétrade é ao mesmo tempo o acorde e sua própria escala. Sobre os

critérios para a formação das escalas dos acordes Guest (1996) comenta:

A escala do acorde é determinada basicamente por quatro fatores:

1. Cifra (inclui notas do acorde e notas de tensão)

2. Análise (relação que o acorde tem com o tom do momento)

3. Notas melódicas (são decisivas na escolha da escala)

4. Estilo (linguagem simples ou sofisticada, consoante ou

dissonante, folclórica, jazzística, blues etc.). (GUEST, p. 50).

Vejamos em separado cada um dos critérios mencionados, a fim de enriquecer

nossa fundamentação, uma vez que, a relação escala x acorde é a principal ferramenta

pedagógica utilizada pelos métodos de improvisação.

Page 17: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

16

(1) as notas representadas pelas cifras dos acordes são as que formam suas

“tétrades” (ou tríades), e as tensões a elas adicionadas são notas que intercalam as suas.

Partindo do princípio de que as escalas dos acordes, quando construídas via às regras do

sistema tonal são formadas por sete notas, apenas três delas não fazem parte de sua tétrade.

Isto nos autoriza a dizer que estas escalas podem ser visualizadas como resultado da soma

das notas que formam a tétrade do acorde, com as três que as intercalam.

(2) Em relação à análise podemos dizer sob este prisma, que esta se reduz à

definição destas três notas restantes. Mas como já fora mencionado, na improvisação

vertical o acorde é a base para elaborações e assim sendo, as notas que intercalam aquelas

de seu arpejo acabarão sendo introduzidas gradativamente no desenvolvimento deste

estudo, como veremos adiante. Isto não quer dizer que a análise perca sua importância,

apenas que este será necessária posteriormente, quando após ter atingido certa desenvoltura

com as tétrades, o aluno sinta a necessidade de aprofundar seus conhecimentos através do

material sistematizado por renomados autores da área da harmonia. Quando isso acontecer,

a análise lhe será uma aliada na construção de seu conhecimento na área da improvisação,

porém antes disso, muito trabalho a de ser realizado utilizando apenas as notas das tétrades.

(3) Sobre as notas melódicas, tratados de harmonia de autores como: Walter

Piston (1987) e Stefan Kostka (2004), entre outros, concordam que estas funcionam como

elos entre as notas do arpejo de um determinado acorde ou da passagem de um acorde para

outro, e o que é o arpejo do acorde senão sua tríade e em nosso caso, sua tétrade? Mais

uma vez, a tétrade é o ponto de partida. Neste momento, se poderia perguntar o porquê de

em vez da tétrade, não mencionar a tríade que é uma estrutura mais simples? A resposta é

que haveríamos de ter um trabalho duplo, já que nos dedicamos à improvisação sobre

gêneros de música popular como: blues, jazz e bossa nova e nestes, as tríades são pouco

utilizadas, além disso, suas estruturas estão contidas nas tétrades, porém, o mesmo não

pode se dizer do contrário.

(4) sobre estilo da improvisação, podemos dizer que este é definido, entre

outros elementos, pelas escalas peculiares a tal ou qual cultura musical, e estas, apesar de

serem bastante diversificadas, muitas vezes incluem tétrades em sua coleção de notas. É

claro que isto que não pode se constituir como uma regra, já que tais escalas não são

construídas pelos pressupostos do sistema tonal, no entanto, quando as mesmas são

utilizadas sobre encadeamentos harmônicos é porque apresentam alguma similaridade com

os acordes que as acompanham, mesmo que seja para contrastarem-se aos mesmos.

Page 18: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

17

De uma maneira geral, podemos dizer que as tétrades se fazem presentes em

todos os casos acima, o que demonstra a importância do conhecimento das mesmas para o

estudante de improvisação, não só porque lhes servem de base para assimilação de outras

estruturas similares mas também, por lhe facilitar a visualização das escalas dos acordes e

assim abrir o caminho para formas mais elaboradas de improvisação. Os pormenores desta

metodologia serão expostos no capítulo seguinte, por hora, estas definições são suficientes

para podermos entender com mais clareza o seu desenvolvimento.

Page 19: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

18

3 O AMBIENTE DE ENSINO

3.1 ESCOLA DE MÚSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE (EMUFRN)

Localizada na Avenida Passeio dos Girassóis, S/N - Lagoa Nova, Natal – RN,

o prédio da EMUFRN tem dois andares e dispõe de 25 salas, sendo 08 para aulas coletivas

e 16 para estudos individuais de instrumento. A escola possui um estúdio de gravação; um

auditório com 250 lugares, um mini auditório com cerca de 80 lugares, uma biblioteca

especializa em música; uma sala de multimídia e um laboratório de informática. A

estrutura ainda inclui 06 banheiros grandes; acessibilidade para cadeirantes; cobertura de

internet wireless para quase todo o prédio; cantina; espaço comunitário e sala de

professores3.

A EMUFRN oferece os cursos técnico, bacharelado e a licenciatura em música,

além de projetos de extensão através dos quais mantém vários grupos musicais formados

por professores, alunos e ex-alunos. Dentre estes, existe o Grupo de Percussão da Escola

de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (GRUPERC), no qual os dois

alunos que participaram deste experimento são componentes desde a sua fundação e

através do qual os seus vínculos são mantidos com esta instituição. Desta forma, antes de

visualizarmos o perfil destes alunos é importante expor as características deste grupo, já

que na EMUFRN este é o contexto educacional em que os mesmos estão inseridos.

3.2 GRUPO DE PERCUSSÃO DA EMUFRN - GRUPPERC

O GRUPPERC é um projeto de extensão desenvolvido nesta escola, idealizado

e coordenado pela professora Germanna Cunha. É formado por alunos dos cursos Técnico

e Bacharelado, além de percussionistas voluntários e funciona como laboratório de prática

instrumental e grupo de estudo, possibilitando aos alunos tanto a pesquisa de temas

relacionados à percussão quanto à vivência e execução de um repertório específico para

esta formação.

O GRUPPERC realiza ensaios semanais e reuniões periódicas para discussão e

escolha de repertório, bem como pesquisa de temas relacionados à prática da percussão.

3 Disponível em <www.musica.ufrn.br>, acessado em 05/06/2015.

Page 20: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

19

Realiza concertos didáticos destinados a crianças e adolescentes oriundos de projetos

sociais e das redes pública e privada de ensino, nos quais são apresentadas as principais

famílias de instrumentos de percussão, assim como, um repertório característico a estes

instrumentos, tanto de compositores brasileiros, quanto internacionais.

O GRUPPERC possui em seu repertório músicas compostas especificamente

para conjuntos de percussão, bem como temas de filmes e peças populares e sinfônicas

adaptadas ou arranjadas para essa formação, além de obras de autores como Ney Rosauro

(1985) e Alberto Kaplan (1985), entre outros.

3.3 OS COMPONENTES

Concentrar-nos-emos apenas naqueles componentes do GRUPPERC que

participaram deste experimento e a fim de preservarmos suas identidades, os mesmos serão

referidos como: Aluno X e Aluno Y, respectivamente. De uma maneira geral, excetuando-

se o GRUPPERC e a EMUFRN, também não serão citados nomes de instituições em que

os participantes estejam ou estiveram vinculados, nem de pessoas que por algum motivo

venham a ser citadas.

3.3.1 Aluno X

Este aluno participa do GRUPPERC desde sua fundação em 2002. Atua

profissionalmente na área da música erudita há mais de 20 anos. Estudou percussão

através de cursos de extensão e como ouvinte de cursos regulares. Possui boa leitura

musical e seus estudos na área dos teclados percussivos são mantidos principalmente

através da interpretação de músicas do repertório do GRUPPERC cujas partituras lhes são

confiadas. Nunca estudou improvisação antes das aulas ministradas neste experimento,

mas já tinha conhecimentos gerais acerca dos rudimentos da harmonia, sobretudo as

escalas maiores, uma vez que estas compõem uma parte importante dos estudos técnicos

direcionados aos teclados percussivos.

Page 21: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

20

3.3.2 Aluno Y

Este aluno é bacharel em percussão e também é um dos fundadores do

GRUPPERC. Ainda não se profissionalizou na área da percussão erudita apesar de já ter

estagiado em orquestras e bandas sinfônicas. É professor de bateria e mesmo após ter

concluído o bacharelado, permaneceu no GRUPPERC porque este grupo oportuniza a

manutenção dos seus estudos na área da percussão. Tem um contato maior com os teclados

percussivos do que o Aluno X, uma vez que no bacharelado teve a oportunidade de

executar peças de significativo nível de dificuldade escritas para estes instrumentos. Já

havia tentado estudar improvisação, porém, desistira por não haver se identificado com a

metodologia utilizada para o ensino desta disciplina. Segundo o mesmo: “Era mais

direcionada para a guitarra!” e desta maneira, não costumava praticar a improvisação até o

início das aulas ministradas neste experimento.

3.3.3 Observações

A respeito do perfil dos alunos podemos concluir que antes do início destas

aulas ambos: (1) possuíam boa leitura musical; (2) conheciam os rudimentos harmônicos

por já haverem estudado teoria musical outrora, porém, não lembravam completamente dos

pormenores dos mesmos; (3) eram familiarizados com os teclados percussivos e

conheciam as escalas maiores por fazerem parte dos estudos direcionados a estes

instrumentos; (4) Mantinham-se no GRUPPERC porque este grupo os tem auxiliado na

continuidade tanto na pesquisa, quanto na prática da percussão erudita, e por fim, (5) não

haviam começado praticar a improvisação.

Este perfil é bastante convidativo, uma vez que a metodologia proposta nesta

experiência objetivava o ensino da improvisação em teclados percussivos e não das

técnicas necessárias para tocar tais instrumentos, fator que muito ajudou no

desenvolvimento do trabalho realizado. Uma vez contextualizado o ambiente de ensino,

passaremos à descrição das aulas.

Page 22: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

21

4 AS AULAS

4.1 PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES

Este não se tratou de um estágio comum, onde o estagiário interfere em uma ou

mais turmas de um professor e conforme a necessidade, tanto pode dar continuidade ao

programa em andamento, quanto alterá-lo se assim o for permitido. Como eu queria muito

experimentar a aplicação do meu método de improvisação e precisava de 10 aulas para

tanto, não seria possível realizar isto sem comprometer o programa destinado aos alunos no

semestre em questão. Desta forma, eu precisaria conseguir um horário extra e trabalhar

com os alunos que tivessem interesse e tempo disponível para dedicarem-se a estas aulas.

A fim de viabilizar o supracitado experimento, a professora Germanna Cunha -

da qual fui aluno de percussão erudita por 12 anos - sugeriu que eu comparecesse ao ensaio

do GRUPPERC, onde haveria uma significativa concentração de percussionistas ligados a

EMUFRN, uma vez que este grupo é formado por seus alunos e ex-alunos. Desta maneira,

eu poderia apresentar minha proposta metodológica e acertar as possibilidades de horários

com os possíveis interessados, e assim foi feito. Porém, a incompatibilidade de horários

entre aqueles que se propuseram a participar do experimento reduziu o contingente a

apenas ex-alunos da professora Germanna. Mais um motivo para dizer que este foi um

estágio incomum.

Para mim, trabalhar com alunos, ex-alunos ou até mesmo com ambos não faria

muita diferença porque devido ao fato da improvisação não fazer parte do programa destes

cursos, possuíam o perfil desejado: prática na leitura musical, contato com instrumentos

como: xilofone, vibrafone e marimba e conhecimentos gerais acerca de intervalos e

escalas, mas pouca ou nenhuma experiência na área da improvisação.

Assim, ficou acertado para que as 10 aulas propostas para a realização do

experimento ocorressem nas sextas-feiras, das 10 h 30 às 12 h, na sala 8 da EMUFRN, a

saber, uma das salas destinadas ao ensino da percussão nesta instituição. Abaixo, segue a

descrição e observações das atividades realizadas.

Page 23: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

22

4.2 AULA 1 (13/03/2015)

Esta aula ocorreu de forma teórica e foi dedicada ao estudo dos intervalos e

suas particularidades, conforme o plano de aula nº1 (ver Apêndice C). Os alunos já

estavam habituados a esta sistemática de ensino, uma vez que já haviam estudado teoria

musical nestes moldes. O principal assunto abordado nesta aula foi: intervalos naturais.

Isto porque todos os demais intervalos são deles resultantes. Assim, busquei ensinar

procedimentos que facilitassem o entendimento e a memorização das regras que os

englobam para que, quando os mesmos fossem alterados através dos acidentes, os alunos

pudessem perceber as implicações destas mudanças.

4.2.1 Observações

Antes desta aula eu estava convencido de que utilizaria meu método na íntegra

neste experimento, porém, percebi que o conteúdo do mesmo seria muito extenso para ser

assimilado em dez aulas e resolvi não só reduzi-lo como alterá-lo em alguns aspectos. O

fato é que havia lacunas no conhecimento dos alunos em relação aos rudimentos da

harmonia e alguns conteúdos que eu julgava fáceis de serem assimilados devido a minha

experiência precedente no assunto, na verdade, não eram tão simples para eles. Pude

perceber ao questioná-los acerca dos supracitados rudimentos que, de uma forma geral eles

já haviam estudado tais assuntos outrora, mas ainda assim não havia uma efetiva clareza

sobre o processo lógico que os envolvia. Desta maneira, decidi revisar os seus

conhecimentos precedentes acerca de tais rudimentos, que abarcavam além dos intervalos,

os acordes, as escalas (maiores e menores) e o campo harmônico maior. Devido a extensão

dos conteúdos, decidi dividi-los em duas aulas. Sendo assim, como nesta fora contemplada

a parte dos intervalos, os demais rudimentos (acordes, escalas e campo harmônico maior)

ficaram para a aula seguinte.

4.3 AULA 2 (20/03/2015)

Iniciei esta aula de uma forma prática a fim de criar um clima de descontração

entre os alunos, sobretudo porque haveríamos de ter outra aula predominantemente teórica.

Para isso, propus que os alunos arpejassem no vibrafone e no xilofone as notas Dó, Mi, Sol

Page 24: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

23

e Si bemol (arpejo do acorde de dó com sétima) da maneira que quisessem, enquanto eu

fazia um acompanhamento na marimba utilizando para tanto, somente estas notas, em

ritmo de blues. Sendo assim, um aluno teria oito compassos quaternários para improvisar,

enquanto o outro poderia imitar meu acompanhamento, criar um acompanhamento

utilizando tais notas ou, simplesmente, esperar a sua vez de praticar a improvisação.

Após esta prática lhes perguntei o que acharam da atividade e se queriam

perguntar algo sobre a mesma. De uma forma geral eles gostaram da experiência e fizeram

algumas perguntas. Uma das perguntas formuladas pelo aluno X acabou por conduzir a

aula para um assunto que, para a minha sorte, era o seu tema central. Esta foi formulada da

seguinte maneira: “a improvisação acontece sempre assim?” Na hora eu não entendi bem o

sentido da pergunta e pedi que ele me esclarecesse o significado daquela expressão. Ele

então disse que ficou impressionado porque não sabia que era capaz de improvisar e que

achou a tarefa muito simples. Foi então que eu percebi que a real pergunta era: improvisar

é uma ação que ocorre sempre com esta simplicidade? A tarefa de fato não era complexa,

tratava-se simplesmente em tocar um arpejo de um acorde sobre um acompanhamento

formado por suas próprias notas. Obviamente, quando improvisamos na base de uma

música, encontraremos um acompanhamento formado por mais de um acorde e neste caso,

a tarefa seria sempre simples se soubéssemos identificar e executar com facilidade os

arpejos dos acordes que compõe o suposto acompanhamento, respeitando o tempo em que

os mesmos ocorrem na música. Foi aí onde se criou a ligação com o tema do dia, a saber:

acordes, escalas e harmonização de escalas de acordo com o plano de aula nº2 (ver

Apêndice C).

Como na aula anterior, os assuntos foram passados de forma teórica e

representados graficamente no quadro pautado, já que os alunos já eram experientes na

leitura de partitura, assim como os exemplos foram executados na marimba. Paralelamente

a isto, fui introduzindo a maneira como estes acordes eram comumente representados na

cifragem da música popular. Ao fim desta aula os alunos já possuíam os pré-requisitos

necessários ao entendimento do meu método de improvisação, o qual pretendia utilizar a

partir da aula seguinte.

Page 25: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

24

4.3.1 Observações

A partir da aula seguinte eu iniciaria de fato minha proposta metodológica

porque, até então os assuntos abordados consistiram somente na revisão dos conteúdos da

teoria musical pertinentes à harmonia e estes, por sua vez foram passados da forma

tradicional, tal como encontrada em compêndios de teoria, como o “Compêndio de teoria

elementar da música” de Osvaldo Lacerda (1961). Como disse anteriormente, eu pensava

em utilizar o meu método na íntegra, porém, percebi que as oito aulas restantes não seriam

suficientes para abarcar seu conteúdo. Este englobava as sete qualidades tétrades4 oriundas

do campo harmônico das escalas tonais5 em suas doze transposições e as principais

possibilidades de tensão adicionadas às mesmas. Desta forma, reduzi seu conteúdo apenas

às quatro qualidades de tétrades do campo harmônico maior em suas doze transposições.

Apesar disto, ainda totalizava em quarenta e oito6 o número de tétrades a ser assimilado

pelos alunos e, por isso, havia a necessidade de simplificar ainda mais esta base de

assimilação para os mesmos. O estudo das tétrades no meu método iniciava com o acorde

maior com sétima maior, pelo motivo de ser a primeira tétrade do campo harmônico maior,

entretanto, após muito refletir - acerca dos motivos que logo citarei - concluí que a “tétrade

da dominante”, ou seja, o acorde maior com sétima deveria ser o ponto de partida.

Em resumo, as principais mudanças na proposta metodológica inicial foram:

(1) as tétrades a serem trabalhadas foram reduzidas àquelas do campo harmônico maior e o

estudo da adição de tensões foi deixado de fora e (2) alteração da ordem em que

inicialmente se sucediam às tétrades, tendo agora como ponto de partida o acorde

dominante em vez do maior com sétima maior. Afino-me com as palavras de Rêgo (1999)

quando diz: “Acreditamos que todo trabalho deve ter bem definido os pontos de partida e

de chegada, mesmo que a viabilização do percurso venha sendo construído e reconstruído

no processo”. (RÊGO, 1999).

Agora, se faz necessário citar as vantagens de partirmos das tétrades da

dominante para este programa de ensino:

(1) Das quatro qualidades de tétrades a serem trabalhadas neste experimento, a

dominante diferencia-se de duas delas apenas por uma nota, tornando-se assim a mais

4 São elas: O acorde maior com sétima maior, o maior com sétima, o menor com sétima, o menor com sétima

e quinta diminuta, o diminuto, o maior com sétima e quinta aumentada e o menor com sétima maior. 5 Escalas: maior, menor natural, menor harmônica e menor melódica, respectivamente.

6 Este número é resultante da multiplicação do número de qualidades de tétrades (4) e suas transposições

(12).

Page 26: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

25

conveniente para servir de base de assimilação para a construção das demais. Por exemplo:

o que diferencia o acorde de sol com sétima (G7) do acorde de sol maior com sétima maior

(G7M) é apenas a sua sétima (nota fá) que neste é sustenizada, por se tratar de uma sétima

maior, e o que diferencia o sol com sétima (G7) do sol menor com sétima (Gm7) é apenas

a sua terça (nota si) que neste é bemolizada, por ser uma terça menor. Desta maneira, com

apenas uma alteração em sua estrutura, a tétrade da dominante pode facilmente ser

convertida em duas outras tétrades, ao passo que, para transformarmos um acorde maior

com sétima maior em um acorde menor com sétima, por exemplo, precisaríamos alterar

duas de suas notas.

(2) A estrutura harmônica do chamado “blues de doze compassos” é

constituída por uma sequência de apenas três acordes dominantes7. Desta forma, iniciar o

estudo da improvisação com base nesta qualidade de tétrade, possibilita ao aluno a

oportunidade de praticar a improvisação sobre uma estrutura harmônica que serve de base

a um gênero musical importante para esta área e que, portanto possui um sentido musical

completo. Diferente de quando esta prática ocorre utilizando encadeamentos harmônicos

desvinculados de uma composição musical, que por não terem um sentido prático mais

substancial, tornam-se mecânicos e pouco proveitosos para o aluno na construção de seu

conhecimento nesta área. Além disso, eu desconheço outro gênero musical cujas bases

sejam formadas por apenas uma qualidade de tétrade.

(3) O estudo do supracitado gênero musical possibilita ao aluno a assimilação

das tétrades dominantes de uma forma prática e gradativa, uma vez que, a transposição de

sua estrutura por terças menores, gera quatro tons diferentes, cada qual com três acordes

distintos, abarcando assim, todas as doze transposições desta qualidade de tétrade. Os tons

selecionados com este intuito foram: Fá, com os acordes, F7, Bb7 e C7; Lá bemol, com,

Ab7, Db7 e Eb7; Si, com, B7, E7 e F#7 e Ré, com, D7, G7 e E7.

Com base nestes pressupostos, foi estruturado o plano de ensino a ser aplicado

nas oito aulas restantes, ou seja, o estudo do blues como base para a assimilação das doze

tétrades dominantes, e o estudo destas como base de assimilação para a construção das

demais. Vejamos agora a descrição destas.

7 A estrutura harmônica deste tipo de blues é constituída da seguinte maneira: os quatro primeiros compassos

são preenchidos pelo acorde do primeiro grau com sétima; o quinto e o sexto, pelo acorde do quarto grau com

sétima, o sétimo e o oitavo, novamente pelo acorde do primeiro grau com sétima, e os quatro últimos pelos

graus I, IV, V, I, respectivamente, todos com sétima, totalizando assim, em doze compassos.

Page 27: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

26

4.4 AULA 3 (27/03/2015)

Iniciei esta aula apresentando aos alunos a estrutura das tétrades da dominante

e utilizando o acorde de dó com sétima como exemplo. Logo depois, exemplifiquei esta

estrutura com os acordes de D7, G7 e A7, respectivamente, que são os acordes do blues em

ré (ver apêndice B), de acordo com o plano de aula nº3 (ver Apêndice C).

Feito isso, iniciamos alguns estudos técnicos sobre cada uma destas tétrades,

utilizando os exercícios melódicos da parte dois do método “Tétrades: introdução à

improvisação” (ver apêndice A). Estes consistem em padrões formados apenas pelas notas

dos arpejos das tétrades em seus estados fundamentais e em cada uma de suas inversões. O

objetivo destes exercícios é fazer com que o aluno se familiarize com cada uma das partes

da estrutura do acorde, para quando for criar fragmentos melódicos, poder inicia-los não só

a partir da fundamental, mas da terça, da quinta ou da sétima do acorde que esteja servindo

de base aos mesmos.

Após fazer isso com cada um dos três acordes supracitados, eu apresentei aos

alunos as características estruturais do blues de doze compassos e, em seguida distribuí a

partitura do blues em ré, que era formada pelos arpejos dos acordes que acabáramos de

estudar (ver apêndice B). A atividade que deu continuidade a aula consistiu em tocarmos e

improvisarmos neste blues. A base foi executada por Rafael Lacerda e Danilo Veloso, dois

guitarristas convidados para nos auxiliar nesta aula. Cada aluno tinha o espaço de uma base

inteira para improvisar e após isto, tocaria a melodia principal num volume fraco. Como

esta melodia consistia simplesmente na subida e descida do arpejo dos acordes, ela servia

de assimilação sonora para os alunos em relação ao tempo em que cada acorde tinha na

base do blues e desta maneira, a contagem do tempo dos acordes não seria a sua única

referencia, pelo contrário, seria junto à percepção musical um duplo referencial de

assimilação.

4.4.1 Observações

A partir desta aula a metodologia foi se direcionando efetivamente para a

prática da improvisação. Havíamos entrado em um ambiente cíclico da aprendizagem,

assim, seria necessário apenas reproduzir nas aulas seguintes, as atividades que obtiveram

êxito no que concernia aos objetivos almejados. Sendo assim, o que diferenciaria as

Page 28: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

27

atividades das aulas seguintes em relação a esta, seria apenas que não haveria a

necessidade de explicar os pormenores da estrutura do blues, pois esta apenas seria a

reprodução daquela utilizada na aula anterior e que a cada nova aula haveríamos de

trabalhar com um tom distinto. Desta forma, os alunos sempre teriam uma semana para

praticar e assimilar apenas três tétrades antes da tarefa de incluir mais três em seu

repertório de acordes.

4.5 AULA 4 (02/04/2015)

Estava previsto que nesta aula fosse dada sequência às atividades realizadas na

aula anterior, porém, o dia em que esta seria realizada coincidiu com o feriado da sexta-

Feira da Paixão e por este motivo, remarcamos a aula para o dia anterior ao feriado. Apesar

disso, apenas um dos dois alunos participantes compareceu e sendo assim, decidi que

utilizaria esta aula para reforçar a prática realizada na aula anterior e também para tirar as

dúvidas daquele aluno, em vez de dar segmento ao que havia sido programado para aquele

dia.

4.5.1 Observações

Apesar de haver comprometido um pouco o programa, esta aula serviu para eu

conhecer melhor as dificuldades do aluno que esteve presente (aluno Y), assim como,

perceber a evolução de seu conhecimento no que concerne aos conteúdos abordados nas

aulas anteriores.

4.6 AULA 5 (10/04/2015)

Eu havia programado o estudo do blues em Si para esta aula, porém, o aluno

que faltara na aula anterior (aluno X) não havia compreendido bem o blues em Ré e desta

forma não faria sentido partir para outro tom, uma vez que, o objetivo de se utilizar o blues

em cada um dos quatro tons que haveriam de ser trabalhados era que os acordes que

formam os mesmos fossem realmente assimilados pelos alunos, não só em seu estado

fundamental, mas em todas as inversões, assim como, que os mesmos entendessem a

representação destes acordes na cifragem da música popular.

Page 29: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

28

Sendo assim, esta aula funcionou da seguinte maneira: enquanto o aluno X

executava no vibrafone uma melodia composta apenas por arpejos ascendentes e

descendentes dos acordes que formam o blues em Ré (ver apêndice B) a fim de memorizar

suas notas e se familiarizar com o tempo em que os mesmos eram executados naquela

estrutura harmônica, o outro aluno improvisava também em um vibrafone sobre

acompanhamento que eu executava em um xilofone utilizando os mesmos acordes em

ritmo de blues.

4.6.1 Observações

Mais uma vez foi preciso alterar as atividades previstas, fator que

comprometeu a fluência da continuidade do programa, sobretudo porque agora só faltavam

cinco aulas para finalizar o experimento. Por um lado, não havia outro horário disponível

em função da incompatibilidade de horários entre eu e os alunos, uma vez que, nossa

agenda já estava lotada, por ouro lado, o prazo em que a monografia deveria ser entregue

seria extrapolado caso adiasse pelo menos mais uma aula. Mesmo assim, não via sentido

em manter o programa se o que para mim verdadeiramente importava era o aprendizado

dos alunos. Posso dizer, grosso modo, que aquele feriado produziu um efeito bola de neve

que só a partir da aula seguinte começou a ser contornado.

4.7 AULA 06 (17/04/2015)

Nesta aula, finalmente pude dar continuidade ao programa levando o blues em

Si (ver Apêndice B) para que os alunos o estudassem e improvisassem em sua estrutura

harmônica de acordo com o plano de aula nº4 (ver Apêndice C). Os exercícios executados

antes do momento da improvisação ocorreram de maneira similar à aula destinada ao blues

em Ré. Reiterando, exercícios técnicos progressivos utilizando cada uma das partes

estruturais dos acordes presentes no blues em questão, a saber, B7 (si com sétima), E7 (mi

com sétima) e F#7 (fá sustenido com sétima). Utilizei os exercícios melódicos do meu

método (ver Apêndice A) para realizar tal tarefa. Uma vez que estes preparam o aluno para

a execução dos arpejos dos acordes em cada uma de suas inversões, permitem assim, que o

mesmo identifique os acordes do blues em si e tenham mais opções melódicas no momento

da improvisação. Sendo assim, além do aluno dispor da opção de iniciar as frases musicais

Page 30: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

29

a partir de uma nota diferente da fundamental do acorde, ele estará dando o primeiro passo

em direção a criação de elos melódicos entre um acorde e outro, uma vez que, ao finalizar

o tempo que um determinado acorde ocorra na música, poderá seguir a linha melódica se

direcionando a qualquer uma das partes integrantes do novo acorde. Esta ligação tanto

poderá ocorrer em grau conjunto, porque sempre haverá entre as quatro notas disponíveis

no acorde seguinte aquela que estará a um tom ou um semitom de distância da última nota

executada no acorde anterior, quanto poderá ocorrer por saltos, a fim de criar outros tipos

de contornos melódicos.

Desta maneira, a primeira parte da aula foi destinada aos supracitados

exercícios e a segunda à improvisação sobre estes mesmos acordes no blues em Si.

4.7.1 Observações

O esquema utilizado nesta aula tornou-se assim, o padrão para as aulas

seguintes, alterando-se apenas o tom do blues a ser estudado e consequentemente as alturas

dos acordes em que tanto os exercícios técnicos, quanto a improvisação deveriam ser

realizados.

Percebi que o fato dos alunos terem praticado a improvisação no blues em Ré

nas aulas anteriores, já havia proporcionado aos mesmos a compreensão do padrão da

estrutura harmônica deste gênero musical, desta maneira, no momento da improvisação

houve uma sensível evolução no que diz respeito à consciência do número de compassos

em que cada acorde era realizado. Nas aulas anteriores, após executarem os quatro

primeiros compassos preenchidos pelo primeiro acorde da sequência, os alunos eram

inclinados a permanecer o mesmo número de compassos no segundo acorde, que no caso

do blues dura apenas dois. Este erro é comum, uma vez que nosso cérebro assimila o

número de compassos do primeiro acorde e tende assim, a reproduzir este padrão no

segundo. Porém, a experiência adquirida no blues em Ré fizera os alunos assimilarem esta

lógica e aplica-la ao blues em Si.

Os fatos supracitados confirmaram minhas expectativas a respeito do programa

que eu havia elaborado e que a fluência do mesmo fora comprometida pelas intempéries da

vida e não pela ineficiência da metodologia aplicada. Sendo assim, as duas aulas que se

seguiram, passaram a ser a reprodução das atividades realizadas nesta, porém, aplicadas a

Page 31: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

30

um blues de doze compassos em um tom diferente, já que até então, haviam sido estudadas

seis das doze tétrades dominantes às quais estas práticas se destinaram.

4.8 AULA 7 (24/04/2015)

Como havia mencionado, as atividades desta aula se sucederam de maneira

similar àquela ocorrida na aula anterior, só que nesta, os conteúdos aplicaram-se ao

encadeamento harmônico do blues em Fá (ver Apêndice B), que é formado pelos acordes,

F7 (fá com sétima), Bb7 (si bemol com sétima) e C7 (dó com sétima), de acordo com o

plano de aulas nº 5 (ver Apêndice C). Sendo assim, passarei direto às observações.

4.8.1 Observações

Percebi, através das performances dos alunos no momento da improvisação

que suas dificuldades consistiam somente no estranhamento dos mesmos em relação aos

novos acordes da sequência harmônica em questão. Contudo, também pude perceber o

quanto significativa foi a experiência adquirida através do exercício dos blues nos tons de

Ré e de Si, respectivamente, realizados nas aulas anteriores. Tanto no que diz respeito à

compreensão dos encadeamentos dos acordes e da quantidade de compassos em que cada

um deles deveria ser executado, quanto na aplicação das frases criadas a partir do estudo

daqueles, demonstrando assim, que a noção de construção fraseológica adquirida

anteriormente já começara a ser transposta para realidades afins. Mais uma vez

confirmando a teoria da assimilação de Piaget, ou seja, o processo de assimilação é

cumulativo e ocorre através da complicação (evolução) dos conhecimentos adquiridos

através de experiências precedentes.

4.9 AULA 8 (30/04/2015)

As atividades realizadas nesta aula ocorreram tal como na aula precedente,

diferenciando-se apenas pela mudança de tom (e consequentemente dos acordes) do blues

cujo estudo a esta estava destinado de acordo com o plano de aula nº6 (ver Apêndice C). A

saber, o blues em Lá bemol (ver Apêndice B), formado pelos acordes: Ab7 (lá bemol com

Page 32: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

31

sétima), Db7 (ré bemol com sétima) e Eb7 (mi bemol com sétima). Por não trazer maiores

complicações, passarei logo para as observações.

4.9.1 Observações

Esta foi a última aula dedicada ao estudo do blues. Eu havia insistido na prática

deste gênero musical com o objetivo de possibilitar aos alunos uma forma gradativa de

assimilação das doze tétrades dominantes, já que a partir destas, as demais estruturas

poderiam ser facilmente por eles assimiladas. Sendo assim, nesta aula tal tarefa fora

concluída, uma vez que, com o blues em Lá bemol foram inseridos os três últimos acordes

que faltavam para completar a coleção de tétrades dominantes.

De uma maneira geral, confirmaram-se as conclusões tecidas a respeito da

importância da experiência precedente dos alunos na prática da improvisação realizada nas

aulas anteriores, uma vez que ficou perceptível a evolução dos mesmos através das

performances de seus improvisos apresentadas neste dia.

4.10 AULA 9 (08/05/2015)

O objetivo desta aula era discorrer sobre a estrutura da tétrade que caracteriza o

acorde maior com sétima maior, assim como, sobre as funções, Tônica, Subdominante e

Dominante do campo harmônico maior de acordo com o plano de aula nº 7 (ver Apêndice

C). Nesta aula, não houve tempo para a prática da improvisação, uma vez que, foi

necessário revisar todo o assunto relacionado às escalas maiores e a harmonização das

mesmas. A maior parte do tempo foi destinada a tirar as dúvidas dos alunos acerca dos

assuntos que foram abordados nesta aula, assim como, daqueles das aulas anteriores que

ainda lhes estavam obscuros. Todos os conteúdos programados foram abarcados, porém,

infelizmente não tivemos tempo para a prática da improvisação neste dia.

4.10.1 Observações

No que concerne à construção do acorde maior com sétima maior, o que os

alunos haveriam de fazer nesta aula seria simplesmente elevar em um semitom as sétimas

de cada uma das tétrades dominantes vistas até aquele momento. Esta tarefa haveria de ser

Page 33: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

32

simples, uma vez que, os mesmos tiveram a oportunidade de assimilá-las gradativamente,

de três em três, durante seis semanas, através da prática da improvisação sobre a estrutura

do blues de doze compassos nos tons de Ré, Si, Fá e Lá bemol, respectivamente. De fato,

os alunos não apresentaram dificuldades para entenderem a lógica deste processo,

correspondendo assim, às expectativas em relação aos possíveis resultados.

Da mesma maneira que a tétrade dominante serviu de base de assimilação para

a tétrade maior com sétima maior, também serviria de base para a tétrade menor com

sétima. O motivo de ter optado por aquela em vez desta para dar segmento a este

programa, é que o estudo da tétrade maior com sétima maior abre caminho para o estudo

dos acordes harmonizados no primeiro e no quarto graus das escalas maiores, uma vez que,

as tétrades construídas sobre estes graus possuem esta estrutura. Agora os alunos estavam

munidos com duas qualidades de tétrades, cujo conhecimento os habilitava a entender a

importância, assim como realizar em todos os tons um importante encadeamento para a

música tonal. A saber: I – IV – V – I, que em nosso caso corresponde a: I7M – IV7M – V7

– I7M. Collura (2011, p.21) afirma que tradicionalmente este encadeamento chama-se

“Cadência completa” porque é composta “[...] pelos acordes que representam as três

famílias de Tônica, Subdominante e Dominante” (p.21). As três famílias que o autor se

refere são as funções harmônicas dos acordes, o que demonstra a importância do

entendimento do supracitado encadeamento para a compreensão das funções tonais. Estas,

por sua vez, introduzem o aluno nos princípios básicos do que Kostka (2004) chama de

música tonal e o entendimento dos princípios harmônicos que balizam este tipo de música

foi o principal objetivo desta aula. Concordo com as palavras de deste autor quando diz

que:

A maior parte da música popular de hoje em dia está baseada na harmonia tonal,

exatamente como estava a música de Bach, o que significa que ambos os tipos

tem uma boa parte em comum. Primeiro, ambas usam um centro tonal, uma nota

tônica que fornece um centro de gravidade. Segundo, ambas utilizam quase que

exclusivamente escalas maiores e menores. Terceiro, ambas utilizam acordes que

estão estruturados em terças. Quarto, e muito importante, é que os acordes

construídos sobre os vários graus da escala relacionam-se uns aos outros e ao

centro tonal de modos bastante complexos. Devido ao fato que cada acorde tende

a ter mais ou menos papeis, ou funções, dentro de um tom, esta característica é

as vezes referida como harmonia funcional. (2004, p. xix, tradução nossa).

Desta forma, o segundo tema desta aula foi o fio condutor para a segunda fase

deste programa de estudos, ou seja, o conhecimento das demais estruturas de tétrades

Page 34: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

33

oriundas do campo harmônico maior e a utilização das mesmas nos encadeamentos básicos

da harmonia funcional. De certa forma, já estávamos trabalhando com este encadeamento

no blues de doze compassos, com a diferença de que neste gênero musical todos os acordes

envolvidos eram maiores com sétima. Sendo assim, todos os conhecimentos adquiridos

pelos alunos através da prática da improvisação sobre a estrutura harmônica do blues

poderiam ser utilizados sobre a “cadência básica”, bastando para isso que se respeitassem

às devidas alterações das sétimas nos acordes de primeiro e quarto graus, respectivamente,

uma vez que nestes, aquelas são maiores.

4.11 AULA 10 (15/05/2015)

O objetivo desta aula era dar conta das últimas estruturas de tétrades oriundas

do campo harmônico maior de acordo com o plano de aula nº 8 (ver Apêndice C). A saber,

a tétrade menor com sétima menor, a tétrade menor com sétima menor e quinta diminuta,

também conhecida como acorde meio diminuto, bem como dos tradicionais

encadeamentos de acordes de segundo, quinto e primeiro graus das escalas maiores e

menores. (IIm7 – V7 – I7M e IIm7(b5) – V7 – Im7). Na prática sempre utiliza-se o quinto

grau da menor harmônica e o primeiro da menor natural no encadeamento II – V – I do

campo harmônico menor. Por esta razão, utilizamos o acorde menor com sétima no

primeiro grau, em vez do menor com sétima maior que é mais incomum.

Iniciei a aula expondo seus objetivos e ao mesmo tempo inserindo-a no

contexto geral daquilo que havíamos estudado desde o início do curso. Tratava-se da

última aula, então tive que apressar na apresentação dos conteúdos. Estes, por sua vez,

seriam fundamentais para que os alunos pudessem seguir a sua pesquisa na prática da

improvisação por si mesmos dali por diante. A aula ocorreu da mesma forma da anterior:

explanações teóricas orais, exemplificadas graficamente no quadro e sonoramente na

marimba. Apesar de ser extensa a gama de conteúdos, todos foram abordados e acredito

que os alunos entenderam aquilo que era mais importante entre todas aquelas informações.

4.11.1 Observações

O procedimento utilizado para construir o acorde maior com sétima maior a

partir do acorde dominante, apenas alterando uma de suas notas, também foi utilizado para

Page 35: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

34

a construção dos acordes menores com sétima. Só que neste caso, em vez de elevar a

sétima, seria necessário abaixar a terça dos acordes em um semitom. Da mesma forma, o

acorde meio diminuto seria assimilado a partir do acorde menor com sétima, sendo a

quinta daquele abaixada em um semitom em relação à deste. Isto confirma a utilidade de se

iniciar o estudo das tétrades a partir dos acordes dominantes, pois estes acordes puderam

ser gradativamente assimilados através do estudo do blues de doze compassos e os demais

a partir deles.

Mais uma vez, tive que falar sobre o campo harmônico maior e ainda

acrescentar os campos harmônicos das escalas menores naturais, harmônicas e melódicas

para fundamentar a importância dos encadeamentos, II – V – I nas tonalidades maiores e

menores. Porém, conferindo atenção somente aos primeiros, segundos e quintos graus

destas escalas, por serem aqueles que, além fazerem parte dos supracitados encadeamentos,

abarcavam os acordes que acabáramos de estudar. O encadeamento, II – V – I é uma

variação do IV – V – I que havíamos estudado na aula anterior, uma vez que, os segundos

graus das escalas maiores e menores são acordes da área subdominante, ou seja, possuem a

mesma função harmônica daqueles construídos sobre o quarto grau.

Os assuntos abordados nesta aula estavam programados para serem divididos

em duas aulas, porém, isso não foi possível devido a motivos anteriormente citados.

Apesar de não terem inviabilizado a realização, estes fatores comprometeram a fluência do

programa.

Page 36: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fiquei bastante satisfeito com os resultados alcançados nas aulas, primeiro,

porque eu pude verificar a eficácia da metodologia desenvolvida no que concerne ao

alcance dos objetivos educacionais almejados e segundo, porque pude perceber a

empolgação dos alunos em suas conquistas introdutórias na área da improvisação, assim

como a evolução dos mesmos durante o processo.

Ambos os alunos já possuíam conhecimentos gerais acerca de intervalos e das

escalas maiores, inclusive sabiam executá-las em instrumentos como: xilofone, vibrafone e

marimba, porém, não sabiam como aplicar tais saberes na prática da improvisação. Isto se

deve, sobretudo, ao fato de tais instrumentos estarem comumente confinados em ambientes

orquestrais e acadêmicos, e nestes espaços, ainda não foi conferida à prática da

improvisação na música popular sua merecida importância. Apesar de está crescendo o

repertório para teclados percussivos direcionados a gêneros musicais populares, pelo

menos no que concerne a EMUFRN, posso afirmar que a prática da improvisação aplicada

aos teclados percussivos é muito pouco cultuada.

Desta forma, estas aulas foram importantes para os alunos porque adicionaram

aos conhecimentos construídos através dos estudos nos teclados percussivos, uma nova

utilização, que é a improvisação em gêneros musicais populares. Apesar de o estudo ter se

concentrado principalmente no Blues, os conhecimentos por eles assimilados poderão ser

transpostos para outros gêneros, uma vez que, o que lhes fora ensinado os permite

raciocinar acerca dos materiais harmônicos estudados, e de suas implicações na

improvisação. Obviamente, cada gênero de música popular possui particularidades que só

o contato mais efetivo permitirá ao estudante compreendê-las e incorporá-las aos seus

improvisos, porém, os raciocínios básicos da improvisação em todos eles partem da relação

existente entre os materiais melódicos e harmônicos envolvidos.

A metodologia utilizada foi desenvolvida de forma gradativa, no entanto,

acredito que se a quantidade de aulas tivesse sido maior, os resultados alcançados seriam

mais significativos, sobretudo, porque possibilitaria subdividir os assuntos abordados nas

últimas aulas, e principalmente, praticá-los nos instrumentos musicais. Ainda refletindo

sobre a metodologia, concluí que esta ainda precisa melhorar em sua introdução, pois a

abordagem dos rudimentos harmônicos foi por demais teórica, e assim, contrastou-se das

demais aulas, onde a prática nos instrumentos musicais foi a atividade predominante.

Page 37: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

36

Porém, como citado anteriormente, os conteúdos propostos foram todos contemplados e os

alunos terminaram a última aula sugerindo formas de darmos continuidade ao

desenvolvimento deste trabalho. Neste sentido concordo com Schaffer quando diz que: “A

melhor coisa que qualquer professor pode fazer é colocar na cabeça dos alunos a centelha

de um tema que faça crescer, mesmo que esse crescimento tome formas imprevisíveis”.

(SCHAFFER, 1992, p.282). Acredito que a centelha da improvisação foi colocada na

cabeça dos alunos, através do estudo das tétrades e que a teoria da assimilação de Piaget se

demonstrou uma aliada neste processo. Ou seja, todo novo conhecimento adquirido é

assimilado mediante a um mais simples que lhe serve de base.

Quero citar de passagem que o processo de assimilação está diretamente

vinculado com outro o qual Piaget chamou de acomodação. Esta nada mais é do que a

aplicação do que fora assimilado por um indivíduo ao meio externo. Trazendo para esta

experiência, o processo de acomodação se dá quando o conhecimento assimilado acerca

das tétrades é aplicado nos teclados percussivos. O equilíbrio entre a assimilação e a

acomodação é o que Piaget chama de organização. Com base nisso, pode-se dizer que

este trabalho se objetivou a oferecer uma metodologia que ajudasse os alunos a

organizarem suas ideias acerca da improvisação, a partir da assimilação das características

estruturais das tétrades e de suas implicações na improvisação a fim de acomodá-las aos

teclados percussivos.

Para finalizar, quero dizer que este experimento foi para mim o mais

significativo entre os demais vivenciados por mim no curso de licenciatura em música,

porque nele coloquei em prática tudo aquilo que pude assimilar deste curso no que

concerne ao processo de ensino e aprendizagem da música. Além disso, pude ensinar um

assunto de meu total interesse, e por isto, tive bastante clareza acerca dos objetivos

educacionais, fator que me permitiu desenvolver uma metodologia que se mostrou

eficiente ao que se propunha. Refletir acerca dos resultados alcançados me fez repensar as

formas de tornar este processo ainda mais prático e convidativo para meus futuros alunos e

continuar estudando com bastante afinco a improvisação na música popular através dos

teclados percussivos.

Page 38: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

37

REFERÊNCIAS

COLLURA, Turi. Improvisação: práticas criativas para a composição melódica na música

popular. Vol. 1. São Paulo: Irmãos Vitale. 2008.

________. Improvisação: práticas criativas para a composição melódica na música

popular. Vol. 2. São Paulo: Irmãos Vitale. 2011.

IMPROVISAÇÃO. In: Dicionário Grove de música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2009. 1048 p.

GUEST, Ian. Arranjo: método prático. Vol. 1. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.

________. Arranjo: método prático. Vol. 2. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.

FERREIRA, Aurélio Buarque De Holanda. Improvisação. In: Novo dicionário Aurélio da

língua portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positivo, 2009. 2120 p.

IMPROVISAR. In: Dicionário Priberam da língua portuguesa.[Site]. Disponível em

<http://www.priberam.pt/dlpo/improvisa%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 01-05-2015.

RIOS, Dermival Ribeiro. Improvisar. In.: Minidicionário escolar da língua portuguesa.

São Paulo: DCL, 1999. 560 p.

KOSTKA, Stefan; PAYNE, Dorothy. Tonal harmony: with an introduction to twentieth-

century music. 5. ed. Boston: McGraw Hill, 2004.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo: o poder da improvisação na vida e na arte. 5.

ed. São Paulo: Summus, 1993.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Trad. Álvaro Cabral. 4ª ed. Rio

de Janeiro: LTC, 2014.

RÊGO, M. C. F. D. O currículo em movimento. Caderno faça e conte. Natal: EDUFRN,

nº2, 1999.

SCHAFFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 1992.

SCHOENBERG, Arnold; MALUF, Marden Trad. Harmonia. São Paulo: UNESP, 2001.

Page 39: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

38

APÊNDICES

Page 40: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

39

APÊNDICE A – MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO EM SALA DE AULA

Tétrades:

Introdução à improvisação

Vol.1

Tétrades dos tons maiores e menores

Edmilson Cardoso

Mar/2015

Page 41: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

40

Apresentação

“Tétrades: Introdução à improvisação” é um método que direciona o leitor

para a prática da improvisação a partir do estudo sistemático das tétrades8 e dos

materiais a elas relacionados. Sua proposta consiste, em um primeiro momento, a torna-

lo apto a interpretar as cifras dos acordes e a improvisar sobre os mesmos utilizando

apenas as notas nelas representadas, e num segundo momento, a complementar esta

coleção de notas com aquelas que as circundam através de alguns procedimentos que

serão citados no decorrer deste trabalho.

Sua estrutura é composta por três partes: dicionário de tétrades, Exercícios

melódicos para execução instrumental e algumas recomendações para a criação

melódica sobre encadeamentos harmônicos. A primeira contém as 84 tétrades

geradas a partir da harmonização das escalas maiores e menores do sistema tonal

grafadas em uma pauta musical e acompanhadas por suas respectivas cifras. A segunda

contém exercícios melódicos que conduzirão o leitor na execução do material grafado

no dicionário em seu instrumento musical e a terceira, como o próprio nome sugere, é

composta por algumas recomendações de como utilizar o material exposto nas duas

primeiras partes do método na criação de melodias sobre encadeamentos harmônicos.

8 As tétrades são acordes de quatro sons, geralmente formados por superposição de terças (maiores e

menores), mas que também podem ocorrer em estruturas intervalares diferentes. Neste volume serão

utilizadas estritamente as primeiras. Tétrades formadas por outros intervalos, como é o caso dos acordes

maiores e menores com sexta e dos acordes com sétima e quarta, serão abordados no volume 2 e os

acordes dominantes alterados serão contemplados nos volumes 3 deste método.

Page 42: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

41

Parte 1: Dicionário de tétrades

Considerações sobre o dicionário de tétrades:

Este dicionário contém as cifras dos acordes e suas respectivas notas grafadas

em uma pauta musical. É composto pelas sete qualidades de tétrades oriundas dos

campos harmônicos maiores e menores em suas doze transposições9. As notas estão

com suas durações indefinidas e dispostas em ordem ascendente apenas para facilitar a

visualização, uma vez que, tanto o ritmo, quanto o contorno melódico das mesmas, será

determinado pelos exercícios contidos na segunda parte deste método.

Para representar as fundamentais (f) dos acordes, assim como as tríades maiores

que serão sobrepostas a partir destas, são utilizadas as letras maiúsculas: A, B, C, D, E,

F e G, que correspondem respectivamente às notas: lá, si, dó, ré, mi, fá e sol. Ex. A =

tríade do acorde de lá maior que é composta pelas notas: lá, dó# e mi. Para representar

as tríades menores adiciona-se um “m” minúsculo à direita de tal ou qual letra que

represente a tríade maior do acorde. Ex. Am = tríade do acorde de lá menor que é

composta pelas notas: lá, dó (natural) e mi.

Os números 7, 9, 11 e 13, representam respectivamente: a sétima menor, a nona

maior, a décima primeira justa e a décima terceira maior do acorde. Sinais de alterações

(# e b) são utilizados para expandir ou reduzir estes intervalos (incluindo a quinta), com

exceção da sétima maior, que é representada pela utilização da letra “M” maiúscula à

direita do numeral “7”.

Por uma questão de organização visual as tensões do acorde, assim como as

alterações de quinta, serão colocadas entre parênteses. Ex. Cm7 (b5, 13) = dó menor

com sétima, quinta diminuta e décima terceira

9 Cada qualidade de tétrade é transposta para suas doze alturas através do ciclo das quartas, que é um

sistema de transposição por intervalos de quartas justas ascendentes e/ou quintas justas descendentes.

Neste método este ciclo encadeia as notas fundamentais dos acordes, sempre na seguinte ordem: C –Bb –

Eb – Ab – Db - Gb (F#)– B – E – A –D – G.

Page 43: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

42

Tétrades

a) acorde maior com sétima maior

Page 44: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

43

b) acorde maior com sétima

Page 45: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

44

c) Acorde menor com sétima

Page 46: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

45

d) acorde menor com sétima e quinta diminuta

Page 47: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

46

e) Acorde diminuto

Page 48: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

47

f) Acorde maior com sétima maior e quinta aumentada

Page 49: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

48

g) Acorde menor com sétima maior

Page 50: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

49

Parte 2: Exercícios melódicos

Considerações sobre os exercícios

Esta parte é composta por alguns padrões melódicos que ajudarão o leitor a

memorizar e executar em seu instrumento musical o material contido no dicionário de

tétrades. Não se tratam de exercícios de improvisação, e sim, de exercícios que

embasarão o leitor para esta prática.

Todos os padrões melódicos contidos nos exercícios foram compostos utilizando

somente as partes integrantes dos acordes10

, em compasso 4/4, preenchido por uma

sequência de oito colcheias e estão representados sempre pelo acorde de dó maior com

sétima maior e do mesmo com tensões adicionadas.

Os números 3, 5, 7, 9, 11 e 13, serão utilizados abaixo das notas contidas nas

pautas musicais em que os padrões melódicos estão grafados, para representar os

intervalos contidos entre elas e a nota fundamental (f) do acorde. Entretanto, esta

representação acontece de apenas de forma quantitativa, uma vez que, as qualidades

destes intervalos serão determinadas pelas estruturas intervalares das tétrades (contidas

no dicionário) em que os padrões forem sobrepostos11

.

O principal objetivo destes exercícios é fazer com que o leitor seja capaz de

memorizar as notas que formam as tétrades (e suas tensões) para que possa executá-las a

partir de qualquer uma de suas partes (fundamental, terça, quinta, sétima e nota de

tensão) em sentido ascendente ou descendente. Sendo assim, o leitor poderá estudar

estes padrões melódicos de várias maneiras.

Uma maneira bem simples é praticar estes exercícios sobre os acordes de

músicas que o leitor esteja estudando. Desta forma, basta que se monte um repertório

que vá introduzindo sistematicamente cada uma das 84 tétrades geradas pelo sistema

tonal12

, que no fim das contas, abarcará todo o material contido neste livro.

10

A saber, a fundamental (f), a terça (3), a quinta (5), a sétima (7), a nona (9), a décima primeira (11) e a

décima terceira/sexta (13). 11

Desta maneira, o número 3 poderá representar uma terça maior ou menor, o 5, uma quinta justa,

aumentada ou diminuta, o 7, uma sétima maior, menor ou diminuta, o 9, uma nona maior ou menor, o 11,

uma décima primeira ou uma décima primeira aumentada, e o 13, uma décima terceira/ sexta maior ou

menor, conforme a qualidade da tétrade a qual o padrão for sobreposto. 12

Este número é resultante da multiplicação das sete qualidades de tétrades utilizadas neste método pelas

suas doze transposições possíveis.

Page 51: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

50

É de suma importância que a prática destes exercícios ocorra de maneira

consciente, uma vez que, apenas a execução mecânica dos mesmos não oferecerá

fundamento suficiente para a aplicação deste estudo na prática da improvisação.

As páginas que seguem os exercícios melódicos contêm algumas orientações

básicas sobre a aplicação deste material nos encadeamentos harmônicos.

Exercícios

Tétrades

a) Padrões iniciados a partir da fundamental (f) dos acordes

b) Padrões iniciados a partir da terça (3ª) dos acordes

c) Padrões iniciados a partir da quinta (5ª) dos acordes

d) Padrões iniciados a partir da sétima (7ª) dos acordes

Após o leitor ter executado todas as fases dos padrões melódicos, repita seus

exercícios com a “pulsação swingada”, que é o termo que se refere à maneira de se

executar compassos simples no jazz. Na prática, o grupo rítmico formado por duas

colcheias é executado como tercina sendo a primeira colcheia ligada à segunda figura

do grupo:

Para adquirir uma melhor desenvoltura em seu instrumento musical, o leitor

deve procurar executar estes exercícios em tantas quantas sejam as oitavas possíveis em

seu instrumento, até que as tétrades estejam mapeadas em toda a sua extensão. Além

disso, deve experimentar ampliar suas extensões para duas ou três oitavas e utilizar

Page 52: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

51

figuras rítmicas e pausas de valores mais curtos, como a semicolcheia, a sextina, ou até

mesmo a fusa (pensando na semínima como unidade de tempo, é claro).

Page 53: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

52

Parte 3: Algumas recomendações para a criação melódica sobre

encadeamentos harmônicos

Introdução

É importante relembrar que o tipo de “improvisação” a qual este método se

refere é aquele onde uma “melodia” é criada espontaneamente sobre um encadeamento

de acordes. Daí o termo “improvisação melódica”.

A melodia consiste em uma sucessão de notas, cada qual com sua própria

duração, mas que estão relacionadas entre si, não só através de suas durações, mas

também da organização de suas alturas. Sua construção, quando bem arquitetada, sugere

um sentido de unidade e de direção, semelhante ao contar de uma história que tem

começo, meio e fim, e que todas as suas partes se relacionam de maneira coerente em

todo o decorrer da mesma.

Aqui serão apresentadas algumas possibilidades de criação de melodias

utilizando apenas o material grafado nas cifras dos acordes, ou seja, com as notas que

formam suas tétrades e, se for o caso, com a(s) nota(s) de tensão adicionada às mesmas.

Trabalhar a improvisação nestas condições é uma garantia de que todas as notas a serem

utilizadas estarão, pelo fato de pertencerem às cifras dos acordes, em total consonância

com eles, não correndo assim, o risco de produzir sonoridades indesejadas que possam

descaracterizá-los ou chocar-se com suas frequências.

Recomendações e exemplos

O encadeamento a seguir: Am7 / D7(9) / G7/ C7M será utilizado para

exemplificar algumas possibilidades desta prática. As melodias geralmente acontecem

em um número maior de compassos, bem como, sobre uma quantidade maior de

acordes. Entretanto, como aqui nos interessa entender algumas formas de utilizar as

notas das cifras melodicamente conectando-as, tanto no mesmo acorde, quanto na

passagem de um acorde para outro, este fragmento harmônico oferecerá elementos

suficientes à compreensão de como este processo ocorre, podendo este raciocínio ser

facilmente transposto a uma estrutura maior quando necessário.

Os encadeamentos harmônicos geralmente são organizados de maneira que as

sensações de tensão e repouso ocasionadas pelas sonoridades dos acordes, assim como

Page 54: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

53

pelo efeito sonoro provocado na passagem de um acorde a outro, gera no ouvinte a

expectativa de um direcionamento, uma meta de chegada, que neste caso é o acorde de

C7M. Assim, as ideias melódicas a serem criadas sobre este encadeamento devem

contribuir para esta sensação, ou seja, se direcionar para repousar também sobre este

acorde.

Dando segmento a este raciocínio, uma vez estabelecido o encadeamento

harmônico, o primeiro passo é identificar a gama de notas representadas na cifra de

cada acorde. Neste caso teremos as notas: lá, dó, mi e sol no acorde de lá menor com

sétima (Am7); ré, fá sustenido, lá, dó e mi no acorde de ré com sétima e nona (D7(9));

sol, si, ré e fá no sol com sétima (G7) e dó, mi, sol e si no dó com sétima maior (C7M).

O segundo passo é conferir duração às notas escolhidas.

Abaixo, seguem exemplos e comentários sobre algumas possibilidades

melódicas de utilização das notas das cifras na criação de melodias.

Exemplo 1: utilizando figuras rítmicas com a duração de quatro tempos:

No exemplo 1, a melodia foi iniciada com a terça do acorde (mas poderia ser

qualquer outra nota do mesmo) direcionando-se em seguida para a fundamental do

acorde seguinte (que também poderia ser para qualquer uma de suas notas). O motivo

desta escolha é a intenção de direcionar a melodia ascendentemente até o acorde de G7

e repousar na terça do acorde de C7M em movimento descendente.

A maneira em que as notas se direcionam para as que as sucedem, seja de forma

ascendente e/ou de forma descendente gera na melodia o que é chamado de “contorno

melódico”. Na medida em que o improvisador decide optar por outro direcionamento na

escolha das notas da melodia, ele está paralelamente optando por um novo contorno, e

esta escolha varia de acordo com as suas preferências. Observe mais alguns exemplos

ainda com figuras de quatro tempos utilizando outras opções de contornos melódicos.

Exemplo 2:

Page 55: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

54

No exemplo 2, a melodia também é iniciada na terça do acorde, mas, se

direciona por grau conjunto descendente para a quinta do acorde seguinte, e a partir

dela, segue em grau conjunto ascendente até repousar na fundamental do acorde de

C7M. É importante perceber que apesar de serem bastante simples, estes fragmentos

melódicos possuem um direcionamento bem definido que funciona coerentemente do

começo ao fim do encadeamento.

Analise os exemplos abaixo, observando quais as notas das cifras foram

utilizadas e de que maneira elas se direcionam para o acorde final. Observe se a melodia

atinge a meta final com a sensação de repouso, bem como, qual efeito causa nos acordes

iniciar as ideias melódicas a partir de da fundamental, terça, quinta, sétima, ou até

mesmo da nota de tensão dos mesmos.

Exemplo 3:

Exemplo 4:

Crie outras possibilidades com este ritmo utilizando grau conjunto e saltos e

Exemplo 5: exemplos utilizando valores de dois e de um tempo.

Exemplo 6:

Exemplo 7: Exemplo adicionando figuras de meio tempo e tercinas.

Page 56: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

55

Como o leitor pode perceber, as possibilidades de combinação de figuras

rítmicas e as notas das tétrades e das tensões grafadas nas cifras dos acordes são muito

amplas. Uma vez que a improvisação é um ato espontâneo, caberá ao leitor à

experimentação de outras possibilidades melódicas utilizando outras figuras rítmicas,

bem como suas pausas.

Até o momento, só foram utilizadas as notas contidas nas cifras dos acordes para

a criação das melodias sobre os mesmos, entretanto alguns procedimentos melódicos

oriundos do estudo da harmonia tradicional nos oferecem uma maneira de utilizarmos

notas fora dos arpejos dos acordes sem corrermos o risco de provocar sonoridades

indesejáveis, uma vez que estas notas se apoiam nas notas contidas nas cifras destes.

Em alguns compêndios são chamadas de “notas melódicas”, em outros, de “notas

estranhas ao acorde”, e ainda é possível encontramos outras nomenclaturas. Aqui serão

apresentadas apenas aquelas mais úteis ao nosso proposito: criar elos entre as notas das

tétrades.

A primeira é a “nota de passagem”. Esta liga duas notas do arpejo por grau

conjunto, em sentido ascendente ou descendente. Ela pode ser uma nota da escala do

acorde, ou pode ser uma nota de aproximação cromática. A letra “p” será utilizada para

representá-la nos exemplos.

Exemplo 8:

Observe que no exemplo 8, a nota de passagem foi utilizada sempre em parte

fraca do tempo. Este procedimento garante que nos tempos de apoio do compasso

haverá sempre alguma nota da cifra garantindo a consonância com o acorde que a está

harmonizando. Contudo, é possível utilizar notas de passagem em tempo forte, cabendo

ao improvisador o cuidado para não provocar um efeito insatisfatório.

A segunda destas notas melódicas é a “Bordadura”. Esta consiste no movimento

ascendente ou descendente de uma nota do arpejo do acorde em direção a uma nota

melódica por grau conjunto, retornando em seguida para ela mesma. A nota que forma a

bordadura com a nota do arpejo, assim como a nota de passagem, pode pertencer a

Page 57: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

56

escala do acorde ou ser de aproximação cromática. A letra “b” será utilizada para

representá-la nos exemplos.

Exemplo 9:

Perceba que no exemplo 9 ocorre uma bordadura ligando a última nota do

primeiro compasso à primeira nota do segundo compasso. Neste caso, a nota melódica

está ligando as notas do arpejo de dois acordes diferentes. Também é possível formar a

bordadura com a nota estranha ao acorde nos extremos e a nota da cifra no meio,

contudo, assim como a utilização da nota de passagem em tempo forte, esta ação exige

certa reserva para não correr o risco de provocar uma sonoridade indesejável.

O leitor deve procurar observar que na medida em que se adquire o

conhecimento das possibilidades de adição de tensão às tétrades, bem como da

utilização de notas melódicas, naturalmente são formadas as escalas, e estas, são fruto

de sua decisão sobre qual maneira irá ligar as notas que formam às tétrades. Daremos

continuidade a estes assuntos nos próximos volumes.

Bons estudos!

Page 58: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

57

APÊNDICE B – COMPOSIÇÕES UTILIZADAS EM SALA DE AULA

Page 59: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

58

Page 60: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

59

Page 61: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

60

Page 62: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

61

APÊNDICE C – PLANOS DAS AULAS MINISTRADAS

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 1

DATA: 13/03/2015

Identificação

Tema: Rudimentos harmônicos (parte 1)

Duração: 90 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN (GRUPPERC)

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Revisar os conhecimentos acerca dos rudimentos da harmonia

Consolidar e sintetizar informações que facilitem o entendimento e a

memorização de tais rudimentos

2. Conteúdo programático

Intervalos

Intervalos naturais

Ampliação e redução de intervalos

Classificação de intervalos

3. Procedimentos Metodológicos

Questionar os alunos acerca de seus conhecimentos prévios no tocante aos

intervalos.

Page 63: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

62

Revisar os conteúdos referentes a intervalos (harmônico /melódico /ascendente

/descendente /simples e composto), classificação quantitativa e qualitativa dos

intervalos; intervalos naturais, ampliação e redução de intervalos.

Demonstrar a representação gráfica destes intervalos no quadro pautado e suas

sonoridades na marimba.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Conhecimento sobre intervalos e suas características

Estratégias de memorização e classificação de intervalos

Conhecimentos/vivências anteriores sobre harmonia e improvisação

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Questões orais

6. Bibliografia

GUEST, Ian. Arranjo: Método prático. Vol.1, Rio de Janeiro: Lumiar. 1996.

LACERDA, Osvaldo. Compêndio de Teoria Elementar da Música. 11ª Edição. São

Paulo: Ricordi: 1961.

MED, Bohumil. Teoria da música. 4. ed. rev. e ampl. Brasília: Musimed, 1996.

Page 64: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

63

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 2

DATA: 20/03/2015

Identificação

Tema: Rudimentos harmônicos (parte 2)

Duração: 90 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN (GRUPPERC)

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer e/ou revisar os conhecimentos acerca dos rudimentos da harmonia

(continuação da aula anterior).

Consolidar e sintetizar informações que facilitem o entendimento e a

memorização de tais rudimentos

Estimular a prática da improvisação musical

2. Conteúdo programático

Acordes – Tríades e tétrades

Escalas – Maiores e menores

Campo harmônico maior

3. Procedimentos Metodológicos

Praticar a improvisação no xilofone, no vibrafone e na marimba utilizando

apenas as notas do acorde de dó com sétima (C7) de forma livre sobre um

acompanhamento formado por este mesmo acorde

Page 65: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

64

Aula expositiva sobre: acordes, escalas e harmonização de escalas

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Conhecimento sobre acordes, escalas e harmonização de escalas

Criatividade na composição de uma melodia

Habilidade com o teclado do xilofone, do vibrafone e da marimba

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Questões orais

6. Bibliografia

MED, Bohumil. Teoria da música. 4. ed. rev. e ampl. Brasília, DF : Musimed, 1996.

GUEST, Ian. Arranjo: Método prático. Vol.1, Rio de Janeiro, Ed. Lumiar. 1996.

LACERDA, Osvaldo. Compêndio de Teoria Elementar da Música. São Paulo:

Ricordi: 11ª Edição,1961.

Page 66: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

65

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 3

DATA: 27/03/2015

Identificação

Tema: Blues de doze compassos (1ª parte)

Duração: 90 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN (GRUPPERC)

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer a cifragem dos acordes da música popular

Conhecer a estrutura dos acordes de sétima da dominante

Entender as implicações da estrutura do acorde de sétima da dominante em

relação ao tom da música.

Entender a utilização do acorde de sétima da dominante na estrutura harmônica

do Blues de 12 compassos

Conhecer a estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Conhecer a utilidade das notas do acorde dominante como material melódico

para improvisação

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Cifragem

Graus da escala

Acorde de sétima da dominante

Page 67: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

66

Trítono (estrutura e resolução)

Estrutura do blues de doze compassos

3. Procedimentos Metodológicos

Aula expositiva sobre: graus da escala, acorde de sétima da dominante, trítono e

estrutura do blues de 12 compassos.

Praticar exercícios melódicos sobre os acordes: D7 (ré com sétima), A7 (lá com

sétima) e G7 (sol com sétima) no estado fundamental e em suas inversões. Obs.

Exercícios extraídos do método, “Tétrades: introdução à improvisação” de

minha autoria.

Apresentar uma partitura contendo os arpejos dos acordes do blues de doze

compassos no tom de ré, assim como, a cifra destes acordes e explicar a

estrutura harmônica deste gênero musical.

Praticar a improvisação sobre os supracitados acordes através do blues de 12

compassos. Obs. Como a estrutura harmônica deste gênero musical é formada

por três acordes dominantes e a sua transposição por terças menores gerar

acordes distintos, serão necessárias mais três aulas para abarcar todas as

transposições destes acordes. Desta forma, as 3 aulas seguintes consistirão na

exposição e exercícios de improvisação sobre a estrutura harmônica dos blues

nos tons de Si, Fá e Lá bemol respectivamente, de maneira similar a ocorrida

nesta.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Criatividade na composição de uma melodia

Capacidade de improvisação com os acordes de sétima da dominante no blues

Page 68: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

67

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Audição

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação, Vol.1. Natal. 2015.

GUEST, Ian. Arranjo: Método prático. Vol.1, Rio de Janeiro: Lumiar. 1996.

Page 69: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

68

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 4

DATA: 17/04/2015

Identificação

Tema: Blues de doze compassos (2ª parte)

Duração: 60 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMURN

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer a estrutura de mais três (dos doze) acordes de sétima da dominante

Reforçar o entendimento da utilização do acorde de sétima da dominante na

estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar a compreensão da estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar o entendimento da utilização das notas dos acordes dominantes como

material melódico para improvisação

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Cifragem

Acordes de sétima da dominante (B7, E7 e F#7)

Blues em B (si)

Page 70: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

69

3. Procedimentos Metodológicos

Praticar exercícios melódicos sobre os acordes: B7 (Si com sétima), E7 (Mi com

sétima) e F#7 (Fá sustenido com sétima) no estado fundamental e em suas

inversões. Obs. Exercícios extraídos do método “Tétrades: introdução à

improvisação” de minha autoria.

Apresentar uma partitura contendo os arpejos dos acordes do blues de doze

compassos no tom de Si, assim como a cifra destes acordes e reforçar as

características da estrutura harmônica deste gênero musical.

Praticar a improvisação sobre os supracitados acordes através do blues de 12

compassos.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Criatividade na composição de uma melodia

Capacidade de improvisação com acorde de sétima da dominante no blues

Capacidade de assimilar uma estrutura de acorde e poder transportá-la para

outras alturas.

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Audição

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação, Vol.1. Natal, 2015.

Page 71: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

70

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 5

DATA: 24/04/2015

Identificação

Tema: Blues de 12 compassos (3ª parte)

Duração: 60 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de percussão da EMUFRN - GRUPPERC

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer a estrutura de mais três (dos doze) acordes de sétima da dominante

Reforçar o entendimento da utilização do acorde de sétima da dominante na

estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar a compreensão da estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar o entendimento da utilização das notas dos acordes dominantes como

material melódico para improvisação

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Acordes de sétima da dominante (F7, Bb7 e C7)

Blues em Fá

3. Procedimentos Metodológicos

Praticar exercícios melódicos sobre os acordes: F7 (Fá com sétima), Bb7 (Si

bemol com sétima) e C7 (Fá sustenido com sétima) no estado fundamental e em

Page 72: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

71

suas inversões. Obs. Exercícios extraídos do método, “Tétrades: introdução à

improvisação” de minha autoria.

Apresentar uma partitura contendo os arpejos dos acordes do blues de doze

compassos no tom de Fá, assim como a cifra destes acordes e reforçar as

características da estrutura harmônica deste gênero musical.

Praticar a improvisação sobre os supracitados acordes através do “blues de 12

compassos”.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Criatividade na composição de uma melodia

Capacidade de improvisação com acorde de sétima da dominante no blues

Capacidade de assimilar uma estrutura do acorde e poder transportá-la para

outras alturas.

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Audição

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação. Vol.1. Natal. 2015.

Page 73: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

72

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 6

DATA: 30/04/2015

Identificação

Tema: Blues de 12 compassos (4ª parte)

Duração: 60 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN - GRUPPERC

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer a estrutura de mais três (dos doze) acordes de sétima da dominante

Reforçar o entendimento da utilização do acorde de sétima da dominante na

estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar a compreensão da estrutura harmônica do Blues de 12 compassos

Reforçar o entendimento da utilização das notas dos acordes dominantes como

material melódico para improvisação

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Acordes de sétima da dominante (Ab7, Db7 e Eb7)

Blues em Lá bemol

Page 74: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

73

3. Procedimentos Metodológicos

Praticar exercícios melódicos sobre os acordes: Ab7 (Lá bemol com sétima),

Db7 (Ré bemol com sétima) e Eb7 (Mi bemol com sétima) no estado

fundamental e em suas inversões. Obs. Exercícios extraídos do método

“Tétrades: introdução à improvisação” de minha autoria.

Apresentar uma partitura contendo os arpejos dos acordes do blues de doze

compassos no tom de Lá bemol, assim como a cifra destes acordes e reforçar as

características da estrutura harmônica deste gênero musical.

Praticar a improvisação sobre os supracitados acordes através do blues de 12

compassos.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Criatividade na composição de uma melodia

Capacidade de improvisação com acorde de sétima da dominante no blues

Capacidade de assimilar uma estrutura do acorde e poder transportá-la para

outras alturas.

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

Audição

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação. Vol.1. Natal. 2015.

Page 75: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

74

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 7

DATA: 08/05/2015

Identificação

Tema: Acordes maiores com sétimas maiores

Duração: 60 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN - GRUPPERC

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer uma nova estrutura de tétrade

Compreender a construção de outra estrutura de tétrade com base nos acordes de

sétima da dominante anteriormente assimilados

Conhecer um novo encadeamento harmônico

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Campo harmônico maior

Acordes maiores com sétima maior

Cadências harmônicas

Encadeamento IV – V – I

Page 76: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

75

3. Procedimentos Metodológicos

Aula expositiva acerca da construção dos acordes maiores com sétimas maiores

a partir da alteração de um semitom descendente das sétimas de cada um dos

acordes de sétima da dominante estudados.

Revisar o campo harmônico maior concentrando-se nos graus envolvidos no

encadeamento IV – V – I do campo harmônico maior.

Realizar o encadeamento I7M – IV7M – V7 – I7M em várias tonalidades,

demostrando sua similaridade com o encadeamento destes mesmos graus no

blues de doze compassos.

Demonstrar as tétrades maiores com sétima maior no método “Tétrades:

Introdução à improvisação melódica” e passar, como atividade de casa, a prática

dos exercícios melódicos sobre as mesmas.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Capacidade de assimilar uma estrutura do acorde e de compreensão das

implicações quando se altera uma de suas notas (neste caso a sétima).

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação. Vol.1. Natal. 2015.

Page 77: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

76

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – ESCOLA ESPECIALIZADA

ORIENTADOR: MARIA HELENA

PLANO DE AULA Nº 8

DATA: 15/05/2015

Identificação

Tema: Acordes menores com sétima e acordes meio diminutos

Duração: 60 minutos

Estagiário: Edmilson Ferreira Cardoso

Escola: EMUFRN

Turma: Componentes do Grupo de Percussão da EMUFRN - GRUPPERC

Supervisor: Germanna Cunha

1. Objetivos

Conhecer duas novas estruturas de tétrades em suas doze transposições

Compreender a construção de outra estrutura de tétrade com base nos acordes de

sétima da dominante anteriormente assimilados

Conhecer um novo encadeamento harmônico

Estimular a prática da improvisação

2. Conteúdo programático

Campo harmônico maior

Acordes menores com sétima

Acordes meio diminutos

Cadências harmônicas

Encadeamentos IIm7 – V7 – I7M e IIm7 (b5) – V7 – Im7

Page 78: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

77

3. Procedimentos Metodológicos

Aula expositiva acerca da construção dos acordes menores com sétima a partir

da alteração de um semitom descendente das terças de cada um dos acordes de

sétima da dominante estudados, e dos acordes meio diminutos a partir da

alteração de um semitom descendente das quintas dos acordes menores com

sétima.

Revisar o campo harmônico maior, concentrando-se nos graus envolvidos nos

encadeamento II – V – I daquele.

Realizar os encadeamentos: IIm7 – V7 – I7M, assim como o IIm7 (b5) – V7 –

Im7, em várias tonalidades.

Demonstrar as supracitadas tétrades no método “Tétrades: Introdução à

improvisação melódica” e passar, como atividade de casa, a prática dos

exercícios melódicos sobre as mesmas.

4. Recursos Didáticos

Quadro branco

Marimba

Xilofone

Vibrafone

Método

5. Avaliação

5.1 - Aspectos a serem avaliados (nos alunos)

Capacidade de assimilar uma estrutura do acorde e de compreensão das

implicações quando se altera uma de suas notas (neste caso a sétima).

5.2 - Instrumentos de Avaliação

Observação

6. Bibliografia

CARDOSO, Edmilson. Tétrades: Introdução à improvisação. Vol.1. Natal. 2015.

Page 79: Tétrades: relato de uma experiência de ensino da ... · PDF filede harmonia se limitava à execução de alguns acordes básicos ao violão e desta forma, não ... Almir Chediak

Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela

Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito

no Repositório de Monografias da UFRN.

____________________________

Durval da Nóbrega Cesetti

Coordenador de Graduação


Recommended