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Cultura Empreendedora: um estudo com artesãos vinculados a incubadora

Amazonas Indígena Criativa – AmIC em Parintins/AM

Elder Campos da Silva1

Rodrigo Batista de Oliveira2

Mírian de Araújo Castro3

Sandra Helena da Silva4

Resumo: Esse estudo teve por objetivo identificar como se propaga a cultura empreendedora

no município de Parintins/AM, a partir dos relatos de experiência de artesãos assessorados

pela Incubadora Amazonas Indígena Criativa – AmIC. A estratégia metodológica pautou-se

em uma abordagem quanti e qualitativa, valorizando os dísticos proferidos pelos informantes

desse estudo. Para a coleta dos dados foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro de

perguntas junto aos empreendedores incubados pela AmIC, além da técnica da observação

direta e do diário de campo, sobre a organização produtiva dos informantes. Os resultados

indicaram a necessidade de se promover no município de Parintins e demais municípios do

território do Baixo Amazonas uma cultura empreendedora, além da necessidade urgente de

políticas públicas voltadas a esse segmento.

Palavras-Chave: Empreendedorismo Criativo, Cultura, Incubadora.

1

Acadêmico de Administração. Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM, Rua Doutor Afonso

Maranhão nº1096 – São Francisco, (92) 99374-7637, [email protected] 2

Acadêmico de Administração. Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM, Rua Murituba nº4311

– Djard Vieira, (92) 993747734, [email protected] 3 Bacharel em Serviço Social e Licenciada em História. Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM,

Rua Tomazinho Meireles nº4071 - Itaúna I, (92) 992369388, [email protected] 4 Doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Incubadora Amazonas Indígena Criativa,

ICSEZ-UFAM, Rua Pecuarista Osmar Farias s/n – Jacareacanga, [email protected]

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Entrepreneurial Culture: a study with artisans linked to incubator Amazon

Indigenous Creative - AMIC in Parintins / AM

Elder Campos da Silva¹

Rodrigo Batista de Oliveira²

Mírian de Araújo Mafra Castro³

Sandra Helena da Silva4

Abstract: This study aimed to identify how it is spread the entrepreneurial culture in

Parintins/AM district, from assisted craftsmen experience reports by Incubator Indigenous

Amazon Creative - AMIC. The methodological strategy was guided in a qualitative approach,

valuing the couplets delivered by the informants in this study. To collect the data interviews

were conducted from a script of questions among entrepreneurs incubated by AMIC, in

addition to the technique of direct observation and field diary, on the productive organization

of informants. The results indicated the need to promote the city of Parintins and other

municipalities of the territory of the Lower Amazon an entrepreneurial culture, in addition to

the urgent need for public policies aimed at this segment.

Keywords: Creative Entrepreneurship, Culture, Incubator.

1 Acadêmico de Administração.

Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM, Rua Doutor Afonso

Maranhão nº1096 – São Francisco, (92) 99374-7637, [email protected] 2 Acadêmico de Administração.

Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM, Rua Murituba nº4311

– Djard Vieira, (92) 993747734, [email protected] 3

Bacharel em Serviço Social e Licenciada em História. Incubadora Amazonas Indígena Criativa, ICSEZ-UFAM,

Rua Tomazinho Meireles nº4071 - Itaúna I, (92) 992369388, [email protected] 4 Doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia.

Incubadora Amazonas Indígena Criativa,

ICSEZ-UFAM, Rua Pecuarista Osmar Farias s/n – Jacareacanga, [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é a possibilidade de se criar novas oportunidades de trabalho e

renda a partir de uma ideia inovadora e criativa, fundamentado em estratégias de gestão

eficientes e eficazes. Em tempos de crise empreender em novos negócios se torna uma

alternativa atraente para se integrar novamente a um mercado economicamente ativo.

Contudo, o empreendedorismo não pode estar atrelado somente a esses momentos, é preciso

promover políticas voltadas para o desenvolvimento de uma cultura empreendedora nos

diversos espaços e segmentos sociais.

O município de Parintins no Amazonas é reconhecido mundialmente pelo seu festival

folclórico, o qual ocorre no mês de junho. Nesse período há uma supervalorização da cultura

amazônica nas alegorias e artes criadas pelos artistas e empreendedores desse munícipio. Esse

município pode ser reconhecido como uma cidade com grande potencial para se tornar uma

cidade criativa, visto possuir belezas naturais próprias da Amazônia, assim como um capital

humano altamente criativo, faltando desenvolver na localidade uma cultura empreendedora

em seu povo e políticas públicas de fomento a esse segmento.

Em Parintins/AM destacam-se inúmeros empreendedores do ramo do artesanato,

sendo esse um dos segmentos da Economia Criativa. Esses empreendedores produzem sua

arte juntamente com seus familiares, caracterizando essa atividade como estritamente

familiar, sendo essa extremamente valorosa para atender as necessidades de sobrevivência de

seus membros.

Com as incertezas de uma economia de um país em desenvolvimento, o empreender

novos negócios pode ser uma alternativa viável como estratégia de sobrevivência para aqueles

que se encontram à deriva do mercado de trabalho. Esse por não ser um empreendedor nato

ou qualificado para tal fim, e nem mesmo a sua região apresentar uma cultura empreendedora

notável e ascendente, tendem a gerir seus negócios de forma frágil e equivocada, gerando

prejuízos e perdas de capitais.

Os programas governamentais de desenvolvimento empresarial atendem parte dos

segmentos de empreendedores, estando localizados nas capitais dos Estados brasileiros,

ficando empreendedores e empresários em potencial nos interiores reféns de sua própria sorte.

Em Parintins, interior do Amazonas, uma das atividades mais importantes é o artesanato, este

sendo um dos eixos da Economia Criativa. Em sua maioria os empreendedores criativos

envolvem toda família no processo produtivo, trabalham com instrumentos e técnicas de

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trabalho ainda rudimentares e artesanais, tendo como matéria prima os recursos naturais. Esse

é o perfil dos empreendedores hoje incubados no Amazonas Indígena Criativa, uma

incubadora vinculada a Universidade Federal do Amazonas, com apoio do Ministério da

Cultura.

O fomento a uma cultura empreendedora é fundamental ao desenvolvimento

econômico, de uma dada localidade, potencializando a inovação e a criatividade de seu povo,

fazendo com que o capital humano possa ser valorizado e transformado em produto ou

serviços a serem comercializados. A Amazônia apresenta uma diversidade de riquezas,

podendo ser criadas estratégias para que sejam utilizadas de maneira sustentável e ao mesmo

tempo geradora de renda monetária para seu povo. Esse é um grande desafio, num cenário

onde as industriais se tornam cada vez mais enxutas e os serviços e produtos ecologicamente

corretos tomam a frente dos empreendimentos.

Empresas voltadas para o incentivo da cultura empreendedora conseguem visualizar e

aproveitar novas oportunidades fortalecendo seu negócio e região, além de capacitar e dar

características de empreendedor aos seus colaboradores. Além disso, por meio desse ambiente

inovador tem a possibilidade de trabalhar baseando-se em estratégias e planejamento, que são

os alicerces da cultura empreendedora, diminuindo as incertezas nas oportunidades de

negócios e gerando uma forte vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.

Os artesãos parintinenses detêm talentos e potenciais para ser tornarem

empreendedores de sucesso. É notório o desempenho e sucesso destes trabalhadores a nível

local e até mesmo nacional e internacionalmente, visto seus produtos serem comercializados

no período do Festival Folclórico dos Bumbas e alguns também na rota de navios turísticos

que visitam o município a cada ano. A inovação e a criatividade são competências básicas dos

artesãos ao elaborarem seus produtos, visto estarem sempre atentos as necessidades de seus

clientes, na elaboração de um novo design para seu produto, de maneira a torna-lo mais

atrativo. Porém, em relação ao vetor administração dos empreendimentos os artesãos ainda

apresentam fragilidades, em especial na parte técnica e no gerenciamento de recursos

materiais e financeiros. Neste sentido, a incubadora AmIC vem trabalhando na captação de

parceiros para sanar as deficiências desses empreendedores na gestão de seus negócios.

Os artesãos assessorados pela incubadora AmIC estão cientes da necessidade de

capacitação e buscam sempre se profissionalizar, de forma ampliar o conhecimento sobre

novas técnicas para novos e melhores produtos sem fugir da essência da economia criativa, e

da valorização da cultura Amazônica.

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A partir desta perspectiva, justifica-se a importância do estudo sobre o incentivo e

promoção da cultura empreendedora a nível local, considerando as especificidades do

desenvolvimento econômico no município. O objetivo desta pesquisa foi identificar como se

promove a cultura empreendedora no município de Parintins/AM, a partir dos relatos de

experiência de artesãos assessorados pela Incubadora Amazonas Indígena Criativa – AmIC.

Esta pesquisa é de natureza quanti e qualitativa, do tipo exploratória, sendo pautada na

observação e pesquisa de campo, tendo como instrumento de coleta de dados a entrevista

semiestruturada com perguntas abertas direcionadas a quatro artesãos, incubados na AmIC,

sendo um indígena da etnia Sateré-Mawé e três não indígenas. Esses artesão produzem uma

diversidade de materiais, valorizando a cultura amazônica, por meio de seus produtos que em

geral são feitos de materiais recicláveis e orgânicos retirados da própria natureza. A

observação direta foi realizada por meio de visitas e da realização de oficinas de formação,

assim como reuniões com os artesãos assessorados. A pesquisa bibliográfica foi o suporte

teórico para compreensão das categorias estudadas, possibilitando uma compreensão dos

fenômenos investigados em todo processo de construção deste trabalho até a análise dos

dados.

A incubadora AmIC hoje assessora quatro empreendedores do ramo do artesanato, os

quais produzem uma variedade de produtos como Biojoias, canetas, portas trecos, objetos

decorativos, entre outros, sempre tendo destaque a cultura amazônica de raiz indígena. São

identificados como Arte Poranga Nativa – empreendedores indígenas da etnia Sateré-Mawé;

Murumuru; Martins Artesanatos e Kbças Geniais, sendo esses três últimos não indígenas.

Os resultados foram analisados qualitativamente dando ênfase aos dísticos proferidos

pelos entrevistados. Primeiramente esses foram descritos, posteriormente codificados e por

fim interpretados e analisados à luz da teoria apreendida durante a revisão de literatura.

1. CULTURA EMPREENDEDORA

Para uma melhor compreensão sobre a cultura empreendedora e seu valor para o

desenvolvimento local, vale desvelar sobre o conceito de cultura. Essa é todo um conjunto de

característica formada por conhecimentos, artes, costumes, crenças, hábitos, artefatos,

tecnologias, que apresentam particularidades e identidades de um povo, podendo diferencia-lo

de outros. Cada localidade apresenta peculiaridades que estão relacionadas a cultura, a qual é

agregada ao ser e fazer dos seres humanos desde o seu nascimento, por meio das interações

humanas.

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Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias,

comportamentos, símbolos e práticas sociais, reproduzidos geracionalmente por meio da vida

em sociedade. Os saberes, costumes e tradições que são repassados podem sofrer

transformações ao longo do tempo, pois a cultura não é estática, ela está em constante

mudança de acordo com os acontecimentos vividos por seus integrantes.

De acordo com Santos (1987) cultura é uma preocupação contemporânea em entender

os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas

perspectivas de futuro. Laraia (2001) aponta que o conceito de cultura não é consenso entre

os teóricos que estudam esta categoria de analise, ainda assim postula ideias gerais sobre o

tema considerando a tecnologia, a economia de subsistência e os elementos da organização

social diretamente ligada à produção constituintes do domínio mais adaptativo da cultura. Este

domínio, usualmente indica as mudanças adaptativas que depois se ramificam.

Diante dos conceitos apresentados por Oliveira (2003), pode-se definir três tipos de cultura:

cultura de massa - não está ligado a nenhum grupo específico, pois é transmitida de maneira

industrializada para um público generalizado, ou seja, abrange um campo social muito amplo

envolvendo diferentes níveis, dessa forma pegando grade parta da sociedade.

Cultura Erudita - é a cultura que se adquire de maneira organizada, como nas escolas e

nos livros, ou pela aceitação de instituições como o Estado, a Igreja, ou ainda por meio de

jornais, revistas, televisão, rádio, cinema.

Cultura Popular - trata-se da cultura mais simples, que se adquire com a experiência do

contato entre pessoas; é a chamada cultura espontânea, mais próxima do senso comum;

transmitida em geral oralmente, registra as tradições e os costumes de um determinado grupo

social. Da mesma maneira que a cultura erudita, a cultura popular é representadas pelas

formas artísticas expressivas e significantes. Esses tipos de cultura são as mais comuns de

serem observadas, pois estão presentes de forma mais expressiva na sociedade.

Para Dornelas (2003), a cultura empreendedora é o pano de fundo na busca e

identificação de oportunidades, no fomento à inovação e no trabalho criativo e integrado. Para

a promoção desse modelo de cultura é necessária uma série de ações com foco nos processos,

e principalmente nas pessoas. Essas devem sentir motivadas para agirem de forma

empreendedora, sendo recompensadas pela proposição de inovações, sendo essas muitas

vezes acompanhadas de riscos e a possibilidade de erros e acertos.

Com a acentuada atuação do empreendedorismo no cenário brasileiro, observa-se uma

conquista de espaços cada vez mais amplos, englobando as médias, microempresas e

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empreendimentos, seja familiar, artesanal e até mesmo informal, incidindo em uma parcela

significativa no mercado, abrindo novas oportunidades de geração de trabalho e renda e

contribuindo com o desenvolvimento econômico nos diversos níveis.

O empreendedor brasileiro tem conquistado espaços no contexto social, político e

principalmente econômico. Dolabela (1999) evidencia o fato de o empreendedor estar

constantemente diante do novo, evoluindo através de um processo interativo de tentativa e

erro, avançando em virtude das descobertas realizadas, como novas oportunidades, novas

formas de comercialização, vendas, tecnologias e gestão.

Na visão de Chung e Gibbons (1997) os atores detentores da cultura empreendedora

conseguem trabalhar melhor em diferentes ambientes, de forma a criar uma fonte de

vantagem competitiva para suas empresas. Em Parintins/AM, a questão da cultura

empreendedora é muito forte entre as pessoas, pois é visivelmente notada nos

empreendimentos, que a todo instante procuram inovar seus produtos buscando sempre

chamar a atenção de seus clientes, além de ter o cuidado em oferecer um produto de

qualidade.

Essas características são comuns aos empreendedores criativos assessorados pela

Incubadora- AmIC, onde cada um tem sua particularidade, mas o fator cultura empreendedora

os tornam comum, pois compartilham do mesmo ambiente, conseguindo lidar com a

diversidade de grupos, aproveitando a cada momento as oportunidades oferecidas. Na

concepção de Dornelas (2001) e Cruz et al. (2003) os aspectos culturais, os fatores temporais

e o lugar são variáveis que impactam diretamente nas iniciativas empreendedoras.

Para Dreher (2004) a cultura empreendedora é a essência do empreendedorismo, uma

vez que é caracterizada pela concentração de duas ou mais formas de empreender, quais

sejam: perfil empreendedor; gestão empreendedora; intra-empreendedorismo;

empreendedorismo coletivo.

A partir desse breve enunciado referente a cultura empreendedora depreende-se que a

cultura envolve uma série de atores, tendo como competências fundamentais a capacidade de

gestão do empreendimento e a inovação. Essas são variáveis relevantes para o empreendedor

objetivar o sucesso, quando esses possuem a assessoria de incubadoras se ampliam as

condições para o crescimento do empreendimento.

1.1. EMPREENDEDORISMO

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Empreendedorismo é uma das áreas em ascensão na economia brasileira, em especial

pela motivação das transformações econômicas, sociais e tecnológicas ocorridas em tempos

recentes. Essas mudanças ocorreram principalmente a partir do século XX, quando foi o auge

das invenções que revolucionaram mudando totalmente o cenário econômico e o estilo de

vida das pessoas. As inovações foram criadas por pessoas visionárias em busca de produtos e

serviços diferenciados e facilitadores do viver em sociedade. Foi nesse contexto onde se

elaborou o conceito de empreendedor sendo ele descrito como uma pessoa diferenciada, com

motivações singulares e sempre em busca de estratégias criativas e inovadoras, resultando em

geração de trabalho e renda.

De acordo com Dornelas apud Shumpter (2013), o empreendedor é mais conhecido

como aquele que cria novos negócios, mas pode também inovar dentro de negócio já

existente; ou seja, é possível ser empreendedor dentro de empresas já constituídas. Neste caso

o termo que se aplica é o empreendedorismo corporativo.

Após o período consolidação do empreendedorismo no mercado, passou então a se

disseminar e ser praticado pelo mundo, chegando no Brasil e tomando força a partir dos anos

de 1990, quando entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio Às Micros e

Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para exportação de Software) foram

criadas. Em anos anteriores o país não possuía nenhum tipo de projeto, política pública ou

órgão que pudesse incentivar a criação de empresas e auxiliá-los quando necessário, com isso

dando um direcionamento plausível para o empreendedor. Hoje no Brasil o SEBRAE é uma

das instituições mais conhecidas e reconhecidas pelo pequeno empresário brasileiro, pois o

mesmo atua diretamente no fortalecimento dos empreendimentos em todo país, contribuindo

significativamente para o fortalecimento da economia.

O SEBRAE é a instituição mais atuante no Brasil com relação a abertura de empresa,

como por exemplo, A Lei Complementar 128/2008 criou a figura do Microempreendedor

Individual – MEI, com vigência a partir de 01/07/2009. Essa lei permite ao empreendedor ter

receita bruta de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e fazer parte desta categoria, com isso

obtendo seguro de todos seus direitos legais de uma empresa, deixando a informalidade. Uma

das iniciativas do SEBRAE no cenário atual tem sido o incentivo aos empreendimentos do

segmento criativo, o qual tem na economia criativa sua principal vertente.

1.2. ECONOMIA CRIATIVA

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Para Reis (2008) o conceito de economia criativa origina-se do termo indústrias

criativas, por sua vez inspirado no projeto Creative Nation, da Austrália, de 1994. Entre

outros elementos, este defendia a importância do trabalho criativo, sua contribuição para a

economia do país e o papel das tecnologias como aliadas da política cultural, dando margem à

posterior inserção de setores tecnológicos no rol das indústrias criativas.

Sendo um conceito novo e ainda em desenvolvimento, a economia criativa nasceu da

importância de valorizar a cultura e o entretenimento e poder extrair deles um valor

econômico. Ao relacionar economia e cultura pode ser identificado um meio de comercializar

a cultura de determinada região promovendo um alto grau de reconhecimento à ela. No caso

dos artesãos da Incubadora – AmIC, esses levam por meio de sua arte um pouco da história e

cultura Amazônica, aproveitando o reconhecido nome do Festival Folclórico de Parintins/AM

e das matérias-primas da rica flora da região. Suas características são a cultura, a criatividade

e a economia que fundidas formam a economia criativa, tudo isso atrelado a uma produção

sustentável.

De acordo com Mariana Madeira (2012) economia criativa resulta da soma da

produção e do comércio de bens e serviços que possuem o conhecimento e a criatividade, ou

seja, o conteúdo simbólico e intangível como elemento diferenciador. Explica também como

foi o impacto da aplicação da economia criativa nas cidades e o surgimento do termo cidades

criativas.

A aplicação da economia criativa à economia das cidades resultou no conceito de

cidade criativa, cuja obra pioneira, de mesmo nome e autoria de Charles Landry,

ressalta que o recurso crucial das cidades são as pessoas. A ideia de cidade criativa

remonta ao final da década de 1980 e implica um sentido bastante amplo da

reestruturação urbana, em que a criatividade estaria presente não apenas nas

escolhas individuais, mas também nas instituições, na infraestrutura, nas esferas

pública, privada e comunitária. Landry cita a necessidade de uma criatividade

sistêmica, ou seja, que retrata toda uma comunidade, sintetizada em uma espécie de

ânimo coletivo (MADEIRA, 2012).

Parintins/AM tem potencial para ser uma cidade criativa, pelo valor da cultura, a arte

produzida pelo seu povo, as ideias inovadoras propostas a cada festival e exportada para

outras regiões brasileiras. Entretanto, faltam estratégias a participação do poder público em

reconhecer, incentivar e incrementar esse segmento.

No Brasil a economia criativa se consolidou em 2004, em decorrência da 11ª edição

do Encontro Quadrienal da UNCTAD. A partir desta iniciativa, o governo a partir do

Ministério da Cultura pode investir e criar programas de desenvolvimento da economia

criativa, que logo mais tarde virou uma secretaria deste ministério - Secretaria de Economia

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Criativa. Em consequência disso, as estatísticas apontaram um crescimento de empresas no

ramo criativo gerando emprego e renda (REIS, 2012).

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – FIRJAN tem se empenhado no

desenvolvimento de pesquisas referente as Indústrias Criativas. Em seu último levantamento

em 2014, identificou a área da Cultura como a menor em termos de trabalhadores formais,

contudo obteve o maior índice de crescimento em todos os segmentos de expressões culturais,

com destaque para as áreas da gastronomia e artesanato

Uma das principais estratégias do governo federal para incentivar a Economia Criativa

no Brasil, foi a criação de observatórios e incubadoras desse segmento. A incubadora

Amazonas Indígena Criativa em Parintins fez parte desses processo.

2. INCUBADORA DE EMPRESAS – NOVAS POSSIBILIDADES PARA O

EMPREENDEDORISMO

Uma incubadora é uma entidade que tem por objetivo oferecer suporte a

empreendedores dando a eles condições para desenvolver, acelerar ou potencializar ideias

inovadoras transformando-as em empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece

infraestrutura, capacitação e suporte gerencial, orientando os empreendedores sobre aspectos

administrativos, comerciais, financeiros e jurídicos, entre outras questões essenciais ao

desenvolvimento de uma empresa (ANPROTEC, 2016). O principal resultado de uma

incubadora de empresas deve ser a formação de novos e preparados empreendedores que, por

meio de suas empresas, possam gerar riqueza, emprego e renda, contribuindo decisivamente

para o desenvolvimento econômico do Brasil. O principal objetivo de uma incubadora de

empresas deve ser a produção de empresas de sucesso, em constante desenvolvimento,

financeiramente viáveis e competitivas em seu mercado, mesmo após deixarem à incubadora,

geralmente em um prazo de dois a quatro anos (DORNELAS, 2002). Ao oferecer suporte ao

empreendedor, uma incubadora possibilita que ele tenha mais chances de ser bem sucedido e,

além disso, desenvolver econômica e socialmente a região em que destina o seu trabalho.

Existem diversos tipos de incubadoras podendo ser com ou sem fins lucrativos: as de

base tecnológica (abrigam empreendimentos que realizam uso de tecnologias); as tradicionais

(dão suporte a empresas de setores tradicionais da economia); as mistas (aceitam tanto

empreendimentos de base tecnológica, quanto de setores tradicionais) e as sociais ou

populares (que têm como público-alvo cooperativas e associações populares). Na última

pesquisa realizada em 2011 pela ANPROTEC e MCTI o Brasil possuía 384 incubadoras em

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operação, abrigando 2.640 empresas, e a geração de 16.394 postos de trabalho. Essas

incubadoras também já graduaram 2.509 empreendimentos, que hoje faturam R$ 4,1 bilhões e

empregam 29.205 pessoas.

As incubadoras de empresas no Brasil têm história recente. Elas começaram a ser

criadas a partir de uma iniciativa do CNPq, na década de 1980, com a implantação do

primeiro Programa de Parques Tecnológicos no País. Essa iniciativa, que semeou a noção de

empreendedorismo Inovador no Brasil, desencadeou o surgimento de um dos maiores

sistemas mundiais de incubação de empresas. Diversas incubadoras também se tornaram o

embrião de parques tecnológicos em anos recentes, quando o ambiente brasileiro se tornou

mais sensível à inovação. Inicialmente, as incubadoras estavam focadas apenas em setores

intensivos em conhecimentos científico-tecnológicos, como informática, biotecnologia e

automação industrial.

Habitualmente denominadas incubadoras de empresas de base tecnológica, ou

incubadoras tecnológicas, tinham como propósito, assim, a criação de empresas com potencial

para levar ao mercado novas ideias e tendências tecnológicas. Atualmente, além do objetivo

inicial, elas têm o propósito de contribuir para o desenvolvimento local e setorial.

A incubadora AmIC é a 14º a fazer parte da rede de Incubadoras Brasil Criativo, sendo

esses centros de inovação, empreendedorismo, formação, fomento e promoção. São espaços

de convívio e interação multissetorial entre empreendedores criativos e multi-institucional que

reúne governos, bancos, universidades, sistemas e sociedade civil, promovendo o

compartilhamento de experiências e fortalecimento de redes e coletivos.

As Incubadoras Brasil Criativo ofertam aos agentes culturais cursos e consultorias,

planejamento estratégico, assessoria contábil, jurídica e de comunicação, marketing,

elaboração de projetos e captação de recursos, e acompanhamento contínuo. As incubadoras

sediam balcões de crédito, formalização, formação técnica e realização de cursos. As

atividades são desenvolvidas por equipes locais, em diálogo com as potencialidades criativas

de cada região.

Atualmente a rede comporta treze incubadoras formadas localizadas em estados

distintos, são elas: Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná,

Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e por

último a Incubadora Amazonas Indígena Criativa-AmIC, localizada no município de

Parintins-Am.

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A AmIC está localizada em Parintins, no Baixo Amazonas a 369 km da capital,

Manaus-Am. É um projeto vinculado à Universidade Federal do Amazonas que tem como

principal parceiro o Ministério da Cultura (Governo Federal) e está inserido no segmento da

Economia Criativa.

O programa do Governo Federal contava com investimento de R$ 40 milhões e tinha

como princípios norteadores a diversidade cultural e inclusão social. São parceiros do

programa, dentre outras instituições, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério da Educação, Ministério do

Turismo, as secretarias estaduais e municipais de Cultura, secretarias de Desenvolvimento

Econômico, SEBRAE, SENAC, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Universidades.

A Rede Incubadoras Brasil Criativo visa potencializar os empreendimentos nesses

setores, posicionando a cultura como um dos principais eixos estratégicos de desenvolvimento

do país.

A AmIC também faz parte da Rede Amazônica de Incubadoras – RAMI, implementada

em Abril de 2001 durante o 1º Encontro da RAMI, promovido pelo Programa de Incubação

de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará - PIEBT/UFPA, em

parceria com diversas Instituições de Desenvolvimento Tecnológico da Região Norte.

Conta hoje com 13 associados contribuintes, 07 associados colaboradores e 01 associado

honorário. Com a missão de Integrar as Incubadoras, Polos e Parques Tecnológicos da Região

Norte para articular e representá-los junto às Instituições de apoio ao desenvolvimento

regional e global.

No momento, a AmIC atua somente em Parintins/AM e em comunidades rurais desse

município, tendo como objetivo futuro atender empreendimentos do demais municípios do

Baixo Amazonas, visto que o projeto tem a proposta de atender as sete cidades dessa região,

sendo: Parintins (sede da incubadora), Nhamundá, Maués, Barreirinha, Boa Vista do Ramos,

São Sebastião do Uatumã e Urucará.

As empresas na cidade de Parintins/AM em sua maioria são reconhecidas e

classificadas no mercado local como micro e pequenas, e pelo seu pouco tempo de existência

e o pequeno porte das mesmas, enfrentam inúmeras fragilidades, dificultando a sua

manutenção nesse segmento. Segundo Lopes e Amaral (2008), os principais problemas

apresentados pelas empresas desse porte estão relacionadas: as dificuldades de acesso ao

credito, à tecnologia e à inovação de processos; falta de capacitação gerencial; baixa

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capacidade para obter informação de orientação tributária e burocrática para a condução dos

negócios no mercado interno e externo.

Nesse sentido, a Incubadora Amazonas Indígena Criativa-AmIC apresenta um papel

significativo no cenário Parintinense, visto estimular o processo de criação e desenvolvimento

dos micros e pequenos empreendimentos, e potencializar os negócios dos empreendedores

locais. Vale destacar a Incubadora - AmIC como uma organização de aprendizagem, visto sua

estrutura organizacional ser formada por discentes, técnicos e professores da Universidade

Federal do Amazonas- UFAM. Assim, proporciona um ambiente adequado para o

desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores, na oportunidade, os discentes e

pesquisadores envolvidos direta ou indiretamente.

A Incubadora - AmIC desenvolve uma série de ações voltadas a atender diretamente

as necessidades dos empreendedores incubados e daqueles que buscam informações e

orientações quanto a gestão de seus negócios, inclusive. Na figura 1 pode-se visualizar as

áreas de atuação da incubadora.

Figura 1: Representação dos serviços oferecidos pela AmIC

Fonte: Incubadora-AmIC, 2015

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Essas ações não são estanques, mas a todo momento os consultores da AmIC, técnico, e

discentes estão difundindo as informações relativas a incubadora, em feiras de negócio, sites,

e na própria “Fanpage”. Cita-se ainda as oficinas de formação como ótima oportunidade para

divulgar os objetivos da incubadora.

Todas essas ações estão associadas e estão interdependentes, visto que a incubadora

trabalha junto aos empreendedores de forma integrada e holística, observando o negócio como

um todo, abordando questões tanto internas quanto externas aos empreendimentos.

3. EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS: O ARTESANATO EM PARINTINS

Os artesãos assessorados pela AmIC apresentam em seu perfil uma característica

essencial para o sucesso de seus empreendimentos- a cultura empreendedora. Entende-se pela

cultura empreendedora esse processo de reprodução de saberes, valores, ideias e ações de

empreendedorismo tanto no âmbito das relações produtivas estabelecidas nas famílias como

om aqueles envolvidos na organização produtiva. Contudo essa cultura empreendedora não é

observada entre outros empreendedores presentes no município de Parintins.

Durante as oficinas de sensibilização promovidas pela AmIC no primeiro semestre de

2015 onde foram realizadas oficinas de capacitação e difusão dos conceitos de economia

criativa, empreendedorismo e incubadoras. Participaram uma média de 50 (cinquenta)

empreendedores ativos do segmento de artesanato, biojoias e turismo. Nesses encontros foi

possível observar a busca por resultados imediatistas e a não preocupação na produção de

uma arte de valorização da cultura amazônica.

A cultura empreendedora criativa em Parintins/AM ainda é pouco difundida, não há um

incentivo das escolas e da gestão pública no desenvolvimento do empreendedorismo como

alternativa eficaz para geração de trabalho e renda. Em tempo de redução dos postos de

trabalho no mercado formal, empreender pode se tornar um bom negócio, mas para tanto faz-

se necessário incentivos locais para tal ação. Os artesãos incubados já tinham uma ideia do

que era o empreendedorismo e no decorrer das atividades realizadas pela incubadora esse

conceito se difundiu incorporando outros membros da sociedade e da família.

Empreender é um grande desafio, os incubados da AmIC o faziam por necessidades de

sobrevivência, por perceber em seu trabalho a possibilidade da geração de uma renda

diferenciada, mas não havia por parte deles um reconhecimento da necessidade de gerir o seu

negócio. Os empreendedores incubados desconheciam o significado e o papel de uma

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incubadora para potencializar seu empreendimento a partir de suas necessidades especificas.

Os dísticos dos incubados indicam essa realidade:

A incubadora, é um projeto que [...] que vem sendo desenvolvido, assim, dando

outra visão a cerca de meu trabalho, bem como um conhecimento bem mais amplo

com relação à organização do meu empreendimento (M.MARTINS, PARINTINS,

2016).

“Deste quando começamos o plano de negócios, podemos ter mais visibilidade sobre

nosso empreendimento, tipo, a questão das finanças [...] que não tínhamos muito

controle sobre nossos gastos e ganhos” (G. BRITO, PARINTINS, 2016).

Segundo os empreendedores que atualmente fazem parte do projeto, a Incubadora

AmIC é o primeiro trabalho de apoio e assessoramento realizado aqui no município com os

mesmos. Desconheciam tal possibilidade, indicando uma oportunidade de crescimento no seu

segmento de atuação. Outro dado importante é a ausência de uma política pública efetiva de

incentivo a prática do empreendedorismo, assim deixando-os à deriva com pouca ou nenhuma

expectativa de melhoria de suas condições de trabalho e vida.

Segundo Lopes e Amaral (2008), políticas públicas podem ser definidas como um

conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da

sociedade. Dito de outra forma é a totalidade de ações, metas e planos que os governos

(nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o

interesse público.

Ações e programas voltados para o desenvolvimento do empreendedorismo ainda são

destinados a uma pequena parcela de empreendedores, estando mais situados nas grandes

cidades e capitais do país. No interior do Estado do Amazonas, essas ações ainda são

escassas, tornando iniciativas como da Incubadora – AmIC, uma ótima oportunidade para o

desenvolvimento local dos empreendedores criativos. K. Silva uma artesã assessorada pela

incubadora afirma:

O único incentivo que a gente tem é no período do Festival, que vem a SETRAB

(Secretaria do Trabalho do Estado do Amazonas), traz o Shopping Catedral, coloca

os artesãos lá naquilo lá e pra vender seus produtos e nós somos uns dos que se

destaca bastante nisso, mas isso é só no período do Festival, incentivo do governo

assim, só pelo período do festival (K. SILVA, PARINTINS,2016).

Os empreendedores quando perguntados sobre os incentivos do poder local para o

desenvolvimento do empreendedorismo na cidade, os quatro empreendedores indicam haver

pequenas e pontuais ações somente no período que antecede o festival folclórico, onde a

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cidade recebe inúmeros turistas. Fora esse período os mesmos dependem das próprias

iniciativas e dos próprios recursos para buscar inovar e desenvolver produtos criativos para

atender a demanda dos clientes.

Relatam ainda as dificuldades em envolver os jovens na produção artesanal, até mesmo

para se tornar um empreendedor, visto essas atividades terem períodos de altos e baixos, não

dando uma garantia na renda a ser auferida, o que gera insegurança e falta de interesse para os

jovens se manterem nessas atividades.

É preciso que a gestão pública local aliada ao SEBRAE, institutos e universidades

promovam conjuntamente ações direcionadas a incentivos aos jovens desde o período escolar

a produzirem ideias inovadoras e criativas, fomentando o empreendedorismo local, além do

que criar estratégias para que os empreendedores criativos não fiquem reféns de apenas um

festival folclórico, mas possa ter continuidade durante todo o ano. Para tanto, faz-se mister

abrir novos mercados e oportunidades.

A incubadora AmIC foi um projeto criado pensado justamente nos anseios dos

empreendedores criativos da região do Baixo Amazonas, pois os mesmos vinham passando

por situações de descasos por parte do poder público que não tomava nenhuma medida para

sanar essa questão. Com as falas de empreendedores informantes desse estudo identifica-se as

fragilidades locais para o desenvolvimento de seus negócios, valendo de um esforço e

perseverança dos empreendedores para manter suas atividades.

Nesse sentido a Incubadora - AmIC tem atuado de forma planejada e organizada,

procurando seguir as instruções de trabalho propostas pelo CERNE (Centro de Referência

para Apoio a Novos Empreendimentos), no aspecto relativo a formatação, instrumentalização

e organização de todos os processos de trabalho, procurando manter a qualidade nos serviços

prestados.

4. CONCLUSÃO

Em tempos hodiernos empreender tem um significativo valor na sociedade, criar e

prospectar novas ideias de forma a tornar a vida em sociedade mais eficiente e com maior

qualidade em todas as dimensões. Contudo, ainda são poucas as iniciativas no sentido de

promover a constituição de uma cultura empreendera. O empreendedorismo está mais

atrelado a necessidade do que a oportunidade. Nas escolas públicas e privadas são escassas as

iniciativas para se incentivar os jovens a pensar criativamente e empreender em suas ideias

tornando-as lucrativas.

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Em Parintins/AM essa realidade também se reproduz, ainda que seja reconhecida pela

criatividade de seus artistas, criadores de exemplares alegorias que contribuem para uma

diversidade de festivais e carnavais pelo mundo, ainda não é possível encontrar ações voltadas

para incentivar o empreendedorismo nos diversos cenários locais, aproveitando da bio-socio-

diversidade de seu região.

Os empreendedores assessorados pela Incubadora AmIC vem percebendo a

necessidade de se ampliar a cultura empreendedora para além dos muros de seus ateliês e

casas, fazendo com que sua família, parceiros de trabalho, concorrentes passem a pensar e

refletir sobre o valor do empreendedorismo criativo para o desenvolvimento econômico local,

deixando de atrelar sua produção apenas ao festival folclórico, mas que essa seja continua e

lucrativa por todo ano.

Para tanto, a Incubadora – AmIC tem contribuído significativamente para mudar o

cenário do empreendedorismo em Parintins/AM envolvendo a comunidade acadêmica e

trazendo transformações para toda uma futura geração.

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