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UNIDADE III

UNIDADE III

ESTRUTURA DA ADMINISTRAO PBLICA E A PRESTAO DE SERVIOS PBLICOS

3.1 SERVIO PBLICO

3.1.1 DefinioServio pblico todo aquele desenvolvido pela Administrao ou por quem lhe faa as vezes, mediante regras de direito pblico previamente estabelecidas por ela, visando preservao do interesse pblico (SPTIZCOVSKY, Celso, Direito Administrativo, 10 ed., So Paulo: Editora Mtodo, 2008, p. 148).Para o Desembargador WELLINGTON PACHECO BARROS, do Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul, servio pblico a atividade exercida pelo Poder Pblico, direta ou indiretamente, no desempenho de suas atividades institucionais, polticas e administrativas, visando atender s necessidades bsicas da coletividade (Manual de Direito Administrativo, Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008, p. 257).

So exemplos de servios pblicos:

- transporte coletivo;

- telefonia;

- fornecimento de gua;

- captao e tratamento de esgoto e lixo;

- ensino bsico, mdio e superior (educao);

- polcia judiciria e polcia ostensiva;

- defesa nacional;

- fornecimento de energia eltrica;

- assistncia mdica e hospitalar (sade);

- distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos;

- compensao bancria;

- controle de trfego areo.

Nota: Distino entre SERVIO PBLICO e SERVIO ADMINISTRATIVOSegundo CRETELLA JNIOR, Todo servio administrativo um servio pblico, se bem que a recproca no verdadeira. (...) Somente se pode falar de servio administrativo quando a atividade exigida para lev-lo a termo seja atividade administrativa

Como exemplo de servio administrativo, recordo o desempenhado pela Imprensa Oficial.

3.1.2 Formas de prestao de servios pblicos

H trs FORMAS/MODOS DE PRESTAO dos servios pblicos: 1) prestados diretamente pelo Poder Pblico, em seu prprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade = SERVIOS CENTRALIZADOS; 2) prestados pelo Poder Pblico, por seus rgos, mantendo para si a responsabilidade na execuo = SERVIOS DESCONCENTRADOS; e 3) prestados por terceiros, para os quais o Poder Pblico transferiu a titularidade ou a possibilidade de execuo, seja por outorga (por lei a pessoas jurdicas criadas pelo Estado), seja por delegao (por contrato- concesso ou ato unilateral permisso e autorizao) = SERVIOS DESCENTRALIZADOS.

Ateno!!!

Distino entre MODO/FORMA DE PRESTAO DOS SERVIOS PBLICOS e MODO/FORMA DE EXECUO DOS SERVIOS PBLICOS

No h confundir modo de prestao dos servios com FORMA DE EXECUO DOS SERVIOS PBLICOS, esta pode ser: EXECUO DIRETA quando do Poder Pblico emprega meios prprios para a sua prestao, ainda que seja por intermdio de pessoas jurdicas de direito pblico ou de direito privado para tal fim institudas; ou EXECUO INDIRETA quando do Poder Pblico concede a pessoas jurdicas ou pessoas fsicas estranhas Entidade Estatal a possibilidade de virem a executar os servios, como ocorre com as concesses, permisses e autorizaes.

Retomando o raciocnio, a atividade administrativa vale dizer, a prestao de servios pblicos - pode ser, como acima referido, exercida de forma CENTRALIZADA ou DESCENTRALIZADA.

Todavia, - na centralizao - h sempre a possibilidade de a entidade estatal DESCONCENTRAR o exerccio da atividade.

A desconcentrao ocorre sempre que a competncia para exerccio da atividade repartida, dividida ou espalhada por diversos rgos da entidade estatal (v.g., ministrios, secretarias e outros rgos despersonalizados).

A descentralizao ocorre quando a atividade administrativa deferida a outras entidades dotadas de personalidade jurdica, seja por outorga (lei), seja por delegao (contrato).

No h confundir desconcentrao com descentralizao da atividade administrativa, a primeira est ligada ao princpio da hierarquia, ao passo que, a segunda, ao princpio da especializao.

Em resumo: Da desconcentrao resulta a criao dos rgos pblicos, proveniente da aplicao obrigatria do poder (ou princpio) da hierarquia. A funo atribuda para a entidade estatal repartida internamente, estabelecendo-se subordinao interna. Da descentralizao resulta a atribuio da funo para outras entidades ou pessoas jurdicas ou fsicas, sendo informada pelo princpio da especializao quando tange formao da Administrao Indireta.

A distino entre descentralizao e desconcentrao vem muito bem pontuada por CELSO SPITZCOVSKY no seu Direito Administrativo, 10 ed., So Paulo: Editora Mtodo, 2008, p.p. 150-153, merecendo transcrio:

... o fenmeno da descentralizao, que tem lugar sempre que a execuo de um servio pblico for retirada das mos da Administrao direta, sendo transferida para terceiros que com ela no se confundem, como dito.

Dessa forma, no se pode confundir a figura da descentralizao com desconcentrao, que significa a transferncia de competncias de um rgo para outro, mas dentro da Administrao direta mediante diversos critrios, como o territorial, o geogrfico, o hierrquico, por matria, como se verifica, a ttulo de exemplo, com a criao de administraes regionais e subprefeituras.

Com efeito, embora nas situaes mencionadas haja uma transferncia de competncias para outros rgos, situar-se-o estes dentro da estrutura da Administrao direta, no se podendo, portanto, cogitar de descentralizao, mas, sim, de desconcentrao.

De mencionar-se que essa transferncia de competncias, caracterstica da desconcentrao, pode verificar-se tambm dentro de um mesmo rgo, desde que no extrapole os limites da Administrao direta.

(...)

Por seu turno a transferncia da execuo de servios pblicos pode ocorrer para terceiros que estejam dentro ou fora da estrutura da Administrao Pblica.

Nesse sentido, quando realizada para terceiros que esto dentro da Administrao, mas no se confundem com a Administrao direta -, surgem as figuras das autarquias, fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista e, mais recentemente, as agncias reguladoras e executivas.

Frisa o referido autor a existncia de duas modalidades de descentralizao, como segue: Oportuno registrar que essa descentralizao na prestao de servios pblicos pode ser feita sob duas modalidades: por outorga ou por delegao.Quando for feita por outorga implicar transferncia da titularidade e da execuo dos servios, o que s poder ocorrer para pessoas integrantes da Administrao indireta que tenham personalidade de Direito Pblico, a exemplo do que se verifica com as autarquias e fundaes pblicas, e por meio de lei.Por seu turno, quando for realizada por delegao importar transferncia to-somente da execuo dos servios para pessoas jurdicas de Direito Privado integrantes da Administrao indireta e para particulares, sendo suficiente um simples contrato para viabiliz-la.

De outra parte, quando a transferncia ocorre para terceiros que estejam fora da estrutura da Administrao, vale dizer, para particulares, surgem as figuras dos permissionrios, concessionrios e autorizatrios.

* Nota sobre outorga e delegao: imprescindvel distinguir OUTORGA de servio pblico de DELEGAO de servio pblico.

Os servios pblicos so de titularidade do Poder Pblico (por suas entidades estatais ou seja: Unio, DF, Estados-Membros e Municpios).

Na outorga h transferncia pelo ente estatal da titularidade do servio pblico e, por isto, s pode ser feito por lei -; j, na delegao o que ocorre a mera transferncia da execuo do servio pblico e, por isto, pode ser feita por contrato (concesso) ou ato negocial (permisso e autorizaco).

Memorizar as seguintes assertivas:

- H outorga quando a titularidade do servio transferida por lei pelo Estado e s por lei pode ser retirada ou modificada, e h delegao quando a execuo do servio transferida a terceiro, por ato administrativo.

- As entidades que realizam servios por delegao do Poder Pblico (ou seja, concessionrias, permissionrias ou autorizatrias) tm as mesmas obrigaes de prestao regular aos usurios, e, consequentemente, os mesmos encargos indenizatrios que teria o Estado se os prestasse diretamente, inclusive a responsabilidade objetiva por danos causados a terceiros.

- S possvel outorga a pessoas jurdicas, ao passo que a delegao pode ser feito pessoa jurdica ou pessoa fsica.

3.1.3 Competncia legiferante

A competncia legiferante sobre servios pblicos ordinariamente objeto de questionamento nas provas de concursos pblicos.No h em matria de servios pblicos competncia legislativa concorrente entre Unio, Estados e DF (vide art. 24).

Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e urbanstico; II - oramento; III - juntas comerciais; IV - custas dos servios forenses; V - produo e consumo; VI - florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio; VII - proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico; IX - educao, cultura, ensino e desporto; X - criao, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matria processual; XII - previdncia social, proteo e defesa da sade; XIII - assistncia jurdica e Defensoria pblica; XIV - proteo e integrao social das pessoas portadoras de deficincia; XV - proteo infncia e juventude; XVI - organizao, garantias, direitos e deveres das polcias civis. 1 - No mbito da legislao concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais. 2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados. 3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais suspende a eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio.A competncia para legislar da Unio e das demais entidades estatais. Todavia, nos termos do art. 22, XXVII, Unio compete legislar sobre NORMAS GERAIS e aos Estados, DF e Municpios o dever de adequarem-se a estas normas gerais, bem assim legislarem disciplinando a matria.

Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; II - desapropriao; III - requisies civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - guas, energia, informtica, telecomunicaes e radiodifuso; V - servio postal; VI - sistema monetrio e de medidas, ttulos e garantias dos metais; VII - poltica de crdito, cmbio, seguros e transferncia de valores; VIII - comrcio exterior e interestadual; IX - diretrizes da poltica nacional de transportes; X - regime dos portos, navegao lacustre, fluvial, martima, area e aeroespacial; XI - trnsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalizao; XIV - populaes indgenas; XV - emigrao e imigrao, entrada, extradio e expulso de estrangeiros; XVI - organizao do sistema nacional de emprego e condies para o exerccio de profisses; XVII - organizao judiciria, do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica do Distrito Federal e dos Territrios, bem como organizao administrativa destes; XVIII - sistema estatstico, sistema cartogrfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupana, captao e garantia da poupana popular; XX - sistemas de consrcios e sorteios; XXI - normas gerais de organizao, efetivos, material blico, garantias, convocao e mobilizao das polcias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competncia da polcia federal e das polcias rodoviria e ferroviria federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educao nacional; XXV - registros pblicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII normas gerais de licitao e contratao, em todas as modalidades, para as administraes pblicas diretas, autrquicas e fundacionais da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas pblicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa martima, defesa civil e mobilizao nacional; XXIX - propaganda comercial. Pargrafo nico. Lei complementar poder autorizar os Estados a legislar sobre questes especficas das matrias relacionadas neste artigo.3.1.4 Classificao dos servios pblicosRelevante a classificao dos servios pblicos preconizada por HELY LOPES MEIRELLES.

Quanto essencialidade:

a) SERVIOS PBLICOS PROPRIAMENTE DITOS (OU ESSENCIAIS) no admitem delegao ou outorga (v.g., polcia, sade, defesa nacional, etc). So chamados de PR-COMUNIDADE. So servios INDELEGVEIS.

b) SERVIOS DE UTILIDADE PBLICA no so essenciais, logo, podem ser prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiro, mediante remunerao paga pelos usurios e sob constante fiscalizao (v.g., transporte coletivo, telefonia, fornecimento de energia eltrica e de gua encanada, etc.) So denominados PR-CIDADO.

Quanto adequao:

c) SERVIOS PRPRIOS DO ESTADO so aqueles que s podem ser adequadamente prestados por rgos ou entidades pblicas (sem delegao particulares), pois relacionam-se intimamente com as atribuies do Poder Pblico (v.g., segurana, polcia, higiene e sade pblicas, defesa nacional, polcia judiciria, etc.). Quase sempre, para sua execuo, a Administrao usa da sua supremacia sobre os administrados.d) SERVIOS IMPRPRIOS DO ESTADO pode ser adequadamente prestados pela administrao direta ou indireta, ou delegado concessionrios, permissionrios ou autorizatrios, pois no so essenciais comunidade, mas, apenas, satisfazem interesses comuns de seus membros.

Quanto finalidade:

e) SERVIOS ADMINISTRATIVOS so os que a Administrao executa para atender a suas necessidades ou preparar outros servios que sero prestados ao pblico, tais como os de imprensa oficial, das estaes experimentais e outros dessa natureza.

f) SERVIOS INDUSTRIAIS ou COMERCIAIS produzem renda para quem os presta (tarifa ou preo pblico).

* Os servios industriais so IMPRPRIOS DO ESTADO, por consubstanciarem atividade econmica que s poder ser explorada diretamente pelo Poder Pblico quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (CF, art. 173).

g) SERVIOS SOCIAIS so servios essenciais, mas convivem com a iniciativa privada, como exemplo, os servios de educao e de sade que podem ser prestados tanto pelo Poder Pblico como por particulares -.

Quanto aos destinatrios dos servios:

h) SERVIOS GERAIS, ou de fruio geral (UTI UNIVERSI) so os que no possuem usurios ou destinatrios especficos e so remunerados por tributos (v.g., calamento pblico, iluminao pblica, defesa do territrio, etc.).

*Servios uti universi so aqueles que a Administrao presta sem ter usurios determinados, para atender coletividade no seu todo.

i) SERVIOS INDIVIDUAIS, ou de fruio individualizvel (UTI SINGULI) so os que possuem de antemo usurios conhecidos e predeterminados, como os servios de telefonia, de iluminao domiciliar, fornecimento de gua, servios notariais e registrais, etc. So remunerados por taxa ou tarifa (preo pblico).

*Servios uti singuli so aqueles prestados com o propsito de satisfazer as necessidades das pessoas e da comunidade de forma individual e direta.

Ateno!!!SERVIO DE ILUMINAO PBLICA: O servio de iluminao domiciliar uti singuli e, por isso, remunerado por tarifa de energia eltrica.

Todavia, o servio de iluminao pblica porque no um servio especfico e divisvel prestado ao contribuinte ou posto a sua disposio (ou seja, porque no um servio uti singuli, mais sim, uti universi), no pode ser remunerado por taxa ou tarifa (preo pblico).

Alis, este o enunciado da Smula 670 do STF:

SMULAN670O SERVIO DE ILUMINAO PBLICA NO PODE SER REMUNERADO MEDIANTE TAXA.Devido este entendimento do Pretrio Excelso, foi emendada a CF (EC n 39/2002) para autorizar os Municpios e o DF a instituir a COSIP - contribuio para o custeio do servio de iluminao pblica -, como segue: Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir contribuio, na forma das respectivas leis, para o custeio do servio de iluminao pblica, observado o disposto no art. 150, I e III. (Includo pela Emenda Constitucional n 39, de 2002) Pargrafo nico. facultada a cobrana da contribuio a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia eltrica. (Includo pela Emenda Constitucional n 39, de 2002)A COSIP, segundo recentssimo julgado do STF, um tributo sui generis, que no pode ser considerado nem imposto, nem taxa.

Confira-se a ementa do julgamento de mrito da repercusso geral no RE n 573675/SC:

RE 573675 / SC - SANTA CATARINA RECURSO EXTRAORDINRIORelator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKIJulgamento: 25/03/2009 rgo Julgador: Tribunal PlenoPublicao

REPERCUSSO GERAL - MRITODJe-094 DIVULG 21-05-2009 PUBLIC 22-05-2009

EMENT VOL-02361-07 PP-01404

RDDT n. 167, 2009, p. 144-157

Parte(s)

RECTE.(S): MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

RECDO.(A/S): MUNICPIO DE SO JOS

ADV.(A/S): WILLIAM RAMOS MOREIRA

INTDO.(A/S): MUNICPIO DE BELO HORIZONTE

ADV.(A/S): CAROLINA CARDOSO GUIMARES LISBOA

Ementa

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. RE INTERPOSTO CONTRA DECISO PROFERIDA EM AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. CONTRIBUIO PARA O CUSTEIO DO SERVIO DE ILUMINAO PBLICA - COSIP. ART. 149-A DA CONSTITUIO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR 7/2002, DO MUNICPIO DE SO JOS, SANTA CATARINA. COBRANA REALIZADA NA FATURA DE ENERGIA ELTRICA. UNIVERSO DE CONTRIBUINTES QUE NO COINCIDE COM O DE BENEFICIRIOS DO SERVIO. BASE DE CLCULO QUE LEVA EM CONSIDERAO O CUSTO DA ILUMINAO PBLICA E O CONSUMO DE ENERGIA. PROGRESSIVIDADE DA ALQUOTA QUE EXPRESSA O RATEIO DAS DESPESAS INCORRIDAS PELO MUNICPIO. OFENSA AOS PRINCPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INOCORRNCIA. EXAO QUE RESPEITA OS PRINCPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINRIO IMPROVIDO. I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia eltrica do municpio no ofende o princpio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficirios do servio de iluminao pblica. II - A progressividade da alquota, que resulta do rateio do custo da iluminao pblica entre os consumidores de energia eltrica, no afronta o princpio da capacidade contributiva. III - Tributo de carter sui generis, que no se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade especfica, nem com uma taxa, por no exigir a contraprestao individualizada de um servio ao contribuinte. IV - Exao que, ademais, se amolda aos princpios da razoabilidade e da proporcionalidade. V - Recurso extraordinrio conhecido e improvido.

Deciso

O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,

conheceu e desproveu o recurso extraordinrio, vencido o Senhor

Ministro Marco Aurlio, que conhecia e o provia, declarando

incidentalmente a inconstitucionalidade da norma. Votou o

Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o

Senhor Ministro Joaquim Barbosa e, neste julgamento, a Senhora

Ministra Ellen Gracie. Falou pelo interessado o Dr. Eduardo

Augusto Vieira de Carvalho, Procurador do Municpio. Plenrio,

25.03.2009.

Indexao

- VIDE EMENTA E INDEXAO PARCIAL: APURAO, CONTRIBUIO PARA O

CUSTEIO DO SERVIO DE ILUMINAO PBLICA (COSIP), RATEIO, CONSUMIDOR,

TOTALIDADE, DESPESA, MUNICPIO, ILUMINAO PBLICA. BASE DE CLCULO,

AUSNCIA, IDENTIDADE, IMPOSTO SOBRE CIRCULAO DE MERCADORIAS (ICMS),

FATO, AUSNCIA, INCIDNCIA, CONSUMO, ENERGIA ELTRICA.

- VOTO VENCIDO, MINISTRO MARCO AURLIO: INCONSTITUCIONALIDADE,

INOVAO, EMENDA CONSTITUCIONAL, OFENSA, CLUSULA PTREA,

COMPETNCIA EXCLUSIVA, UNIO, REGULAMENTAO, CONTRIBUIO SOCIAL,

CONTRIBUIO DE INTERVENO NO DOMNIO ECONMICO (CIDE).

Quanto liberdade do usurio: j) SERVIOS COMPULSRIOS - so os que no podem ser recusados pelo destinatrio, como os servios de esgoto ou coleta de lixo. Ficam disposio do usurio e so remunerados por taxas.

l) SERVIOS FACULTATIVOS o usurio pode aceitar ou no us-lo (ex: servio de transporte pblico; fornecimento de energia eltrica; fornecimento de gua encanada, etc.).

CUIDADO!!!

SERVIO LOCAL DE GS CANALIZADO

Malgrado os servios locais de gs canalizado constituam servios de interesse local e, portanto, devessem ser explorados pelos Municpios (CF, art. 30, V) -, houve um lobby fortssimo dos Estados quando da elaborao da CF/88 e restou garantida a estes (Estados-membros) a explorao privativa do servio pblico de gs canalizado (ART. 25, 2, CF: Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concesso, os servios locais de gs canalizado, na forma da lei, vedada a edio de medida provisria para a sua regulamentao).

3.1.5 Princpios relacionados prestao de servios pblicos

A CF, em seu art. 175 (TTULO VII DA ORDEM ECONMICA E FINANCEIRA), assim preconiza:

Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, DIRETAMENTE ou SOB REGIME DE CONCESSO OU PERMISSAO, sempre atravs de licitao, a prestao de SERVICOS PBLICOS.

Pargrafo nico. A lei dispor sobre:

I o regime das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos, o carter especial de seu contrato e de sua prorrogao, bem como as condies de caducidade, fiscalizao e resciso da concesso ou permisso;

II os direitos dos usurios;

III poltica tarifria;

IV a obrigao de manter servio adequado.

Por sua vez, colhe-se do art. 6, 1, da Lei n 8.987/95 (Lei de Concesses e Permisses), que regulamenta o art. 175 da CF:

DO SERVIO ADEQUADO Art. 6o Toda concesso ou permisso pressupe a prestao de servio adequado ao pleno atendimento dos usurios, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. 1o Servio adequado o que satisfaz as condies de regularidade, continuidade, eficincia, segurana, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestao e modicidade das tarifas. 2o A atualidade compreende a modernidade das tcnicas, do equipamento e das instalaes e a sua conservao, bem como a melhoria e expanso do servio. 3o No se caracteriza como descontinuidade do servio a sua interrupo em situao de emergncia ou aps prvio aviso, quando: I - motivada por razes de ordem tcnica ou de segurana das instalaes; e, II - por inadimplemento do usurio, considerado o interesse da coletividade.Do dispositivo legal retiram-se os seguintes princpios:

1) PRINCPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIO PBLICO a execuo de servios pblicos, como regra, no pode ser interrompida, o que implica: a) a impossibilidade de deflagrao de movimentos grevistas que impliquem a paralisao integral da atividade, em maior proporo, ainda, se se tratar de servios essenciais elencados no art. 10 da Lei 7.783/89 (v.g.: transporte coletivo, telecomunicaes, assistncia mdico-hospitalar, etc).

A Lei 7.783/89 regulamenta o direito de greve no setor privado:

Art. 10 So considerados servios ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de gua; produo e distribuio de energia eltrica, gs e combustveis; II - assistncia mdica e hospitalar; III - distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos; IV - funerrios; V - transporte coletivo; VI - captao e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicaes; VIII - guarda, uso e controle de substncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a servios essenciais; X - controle de trfego areo; XI compensao bancria. Art. 11. Nos servios ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestao dos servios indispensveis ao atendimento das necessidades inadiveis da comunidade. Pargrafo nico. So necessidades inadiveis, da comunidade aquelas que, no atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivncia, a sade ou a segurana da populao. Art. 12. No caso de inobservncia do disposto no artigo anterior, o Poder Pblico assegurar a prestao dos servios indispensveis.Ressalte-se que o direito de greve do servidor pblico, malgrado previsto expressamente nos incs. VI e VII do art. 37 da CF/1988, no norma constitucional auto-aplicvel e, at hoje, ainda no foi regulamentado pelo Poder Legislativo.

Face esta contingncia, o Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do MANDADO DE INJUNO N. 708/DF, em 19.09.2007, adotando a posio concretista geral, supriu a lacuna legislativa e regulamentou o direito de greve dos servidores pblicos, determinando a aplicao da legislao existente para o setor privado (Lei n. 7.783/89).

Eis a ementa do v. acrdo:

MI 708 / DF - DISTRITO FEDERAL MANDADO DE INJUNORelator(a): Min. GILMAR MENDESJulgamento: 25/10/2007 rgo Julgador: Tribunal PlenoPublicao

DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008

EMENT VOL-02339-02 PP-00207

Parte(s)

IMPTE.(S): SINTEM - SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAO DO

MUNICPIO DE JOO PESSOA

ADV.(A/S): JALDEMIRO RODRIGUES DE ATADE JNIOR E OUTRO(A/S)

IMPDO.(A/S): CONGRESSO NACIONAL

Ementa

EMENTA: MANDADO DE INJUNO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5, INCISO LXXI). DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUO DO TEMA NA JURISPRUDNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIO DOS PARMETROS DE COMPETNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAO NO MBITO DA JUSTIA FEDERAL E DA JUSTIA ESTADUAL AT A EDIO DA LEGISLAO ESPECFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVNCIA AOS DITAMES DA SEGURANA JURDICA E EVOLUO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAO DA OMISSO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PBLICOS CIVIS, FIXAO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATRIA. MANDADO DE INJUNO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUO DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNO NA JURISPRUDNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1.1. No julgamento do MI no 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 21.9.1990, o Plenrio do STF consolidou entendimento que conferiu ao mandado de injuno os seguintes elementos operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de injuno apresentam-se como direitos expedio de um ato normativo, os quais, via de regra, no poderiam ser diretamente satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a deciso judicial que declara a existncia de uma omisso inconstitucional constata, igualmente, a mora do rgo ou poder legiferante, insta-o a editar a norma requerida; iii) a omisso inconstitucional tanto pode referir-se a uma omisso total do legislador quanto a uma omisso parcial; iv) a deciso proferida em sede do controle abstrato de normas acerca da existncia, ou no, de omisso dotada de eficcia erga omnes, e no apresenta diferena sig nificativa em relao a atos decisrios proferidos no contexto de mandado de injuno; iv) o STF possui competncia constitucional para, na ao de mandado de injuno, determinar a suspenso de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF determine a edio de outras medidas que garantam a posio do impetrante at a oportuna expedio de normas pelo legislador. 1.2. Apesar dos avanos proporcionados por essa construo jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretao constitucional primeiramente fixada para conferir uma compreenso mais abrangente garantia fundamental do mandado de injuno. A partir de uma srie de precedentes, o Tribunal passou a admitir solues "normativas" para a deciso judicial como alternativa legtima de tornar a proteo judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV). Precedentes: MI no 283, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI no 232/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 27.3.1992; MI n 284, Rel. Min. Marco Aurlio, Red. para o acrdo Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992; MI no 543/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI no 679/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 17.12.2002; e MI no 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.6.2003. 2. O MANDADO DE INJUNO E O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PBLICOS CIVIS NA JURISPRUDNCIA DO STF. 2.1. O tema da existncia, ou no, de omisso legislativa quanto definio das possibilidades, condies e limites para o exerccio do direito de greve por servidores pblicos civis j foi, por diversas vezes, apreciado pelo STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o entendimento de que o objeto do mandado de injuno cingir-se-ia declarao da existncia, ou no, de mora legislativa para a edio de norma regulamentadora especfica. Precedentes: MI no 20/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI no 585/TO, Rel. Min. Ilmar Galvo, DJ 2.8.2002; e MI no 485/MT, Rel. Min. Maurcio Corra, DJ 23.8.2002. 2.2. Em alguns precedentes(em especial, no voto do Min. Carlos Velloso, proferido no julgamento do MI no 631/MS, Rel. Min. Ilmar Galvo, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicao aos servidores pblicos civis da lei que disciplina os movimentos grevistas no mbito do setor privado (Lei no 7.783/1989). 3. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PBLICOS CIVIS. HIPTESE DE OMISSO LEGISLATIVA INCONSTITUCIONAL. MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO PLENRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAO DE TPICA OMISSO JUDICIAL QUANTO MATRIA. A EXPERINCIA DO DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOO DE ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE SUPERAO DA SITUAO DE OMISSO. 3.1. A permanncia da situao de no-regulamentao do direito de greve dos servidores pblicos civis contribui para a ampliao da regularidade das instituies de um Estado democrtico de Direito (CF, art. 1o). Alm de o tema envolver uma srie de questes estratgicas e oramentrias diretamente relacionadas aos servios pblicos, a ausncia de parmetros jurdicos de controle dos abusos cometidos na deflagrao desse tipo especfico de movimento grevista tem favorecido que o legtimo exerccio de direitos constitucionais seja afastado por uma verdadeira "lei da selva". 3.2. Apesar das modificaes implementadas pela Emenda Constitucional no 19/1998 quanto modificao da reserva legal de lei complementar para a de lei ordinria especfica (CF, art. 37, VII), observa-se que o di reito de greve dos servidores pblicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatrio para garantir o exerccio dessa prerrogativa em consonncia com imperativos constitucionais. 3.3. Tendo em vista as imperiosas balizas jurdico-polticas que demandam a concretizao do direito de greve a todos os trabalhadores, o STF no pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, possvel que a Corte Constitucional atue tambm nos casos de inatividade ou omisso do Legislativo. 3.4. A mora legislativa em questo j foi, por diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanncia dessa situao de ausncia de regulamentao do direito de greve dos servidores pblicos civis passa a invocar, para si, os riscos de consolidao de uma tpica omisso judicial. 3.5. Na experincia do direito comparado (em especial, na Alemanha e na Itlia), admite-se que o Poder Judicirio adote medidas normativas como alternativa legtima de superao de omisses inconstitucionais, sem que a proteo judicial efetiva a direitos fundamentais se configure como ofensa ao modelo de separao de poderes (CF, art. 2o). 4. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PBLICOS CIVIS. REGULAMENTAO DA LEI DE GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAO DE PARMETROS DE CONTROLE JUDICIAL DO EXERCCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR INFRACONSTITUCIONAL. 4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, quanto s "atividades essenciais", especificamente delineada nos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Na hiptese de aplicao dessa legislao geral ao caso especfico do direito de greve dos servidores pblicos, antes de tudo, afigura-se inegvel o conflito existente e ntre as necessidades mnimas de legislao para o exerccio do direito de greve dos servidores pblicos civis (CF, art. 9o, caput, c/c art. 37, VII), de um lado, e o direito a servios pblicos adequados e prestados de forma contnua a todos os cidados (CF, art. 9o, 1o), de outro. Evidentemente, no se outorgaria ao legislador qualquer poder discricionrio quanto edio, ou no, da lei disciplinadora do direito de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos rgido, mais ou menos restritivo do direito de greve no mbito do servio pblico, mas no poderia deixar de reconhecer direito previamente definido pelo texto da Constituio. Considerada a evoluo jurisprudencial do tema perante o STF, em sede do mandado de injuno, no se pode atribuir amplamente ao legislador a ltima palavra acerca da concesso, ou no, do direito de greve dos servidores pblicos civis, sob pena de se esvaziar direito fundamental positivado. Tal premissa, contudo, no impede que, futuramente, o legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da adequada configurao da disciplina desse direito constitucional. 4.2 Considerada a omisso legislativa alegada na espcie, seria o caso de se acolher a pretenso, to-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omisso no for devidamente regulamentada por lei especfica para os servidores pblicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em razo dos imperativos da continuidade dos servios pblicos, contudo, no se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitao de entidade ou rgo legtimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observncia a regime de greve mais severo em razo de tratar-se de "servios ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelo s arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Isso ocorre porque no se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulao dos servios pblicos que tenham caractersticas afins a esses "servios ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina dispensada aos servios privados ditos "essenciais". 4.4. O sistema de judicializao do direito de greve dos servidores pblicos civis est aberto para que outras atividades sejam submetidas a idntico regime. Pela complexidade e variedade dos servios pblicos e atividades estratgicas tpicas do Estado, h outros servios pblicos, cuja essencialidade no est contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta deciso, a enunciao do regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989 apenas exemplificativa (numerus apertus). 5. O PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS DISSDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM SERVIDORES PBLICOS CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETNCIAS E ATRIBUIES APLICVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL (CELETISTAS), NOS TERMOS DA REGULAMENTAO DA LEI No 7.783/1989. A APLICAO COMPLEMENTAR DA LEI No 7.701/1988 VISA JUDICIALIZAO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS SERVIDORES PBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A NECESSIDADES INADIVEIS DA COMUNIDADE QUE, SE NO ATENDIDAS, COLOQUEM "EM PERIGO IMINENTE A SOBREVIVNCIA, A SADE OU A SEGURANA DA POPULAO" (LEI No 7.783/1989, PARGRAFO NICO, ART. 11). 5.1. Pendncia do julgamento de mrito da ADI no 3.395/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, na qual se discute a competncia constitucional para a apreciao das "aes oriundas da relao de trabalho, abrangidos os entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Feder al e dos Municpios" (CF, art. 114, I, na redao conferida pela EC no 45/2004). 5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de greve dos servidores pblicos civis, sob pena de injustificada e inadmissvel negativa de prestao jurisdicional nos mbitos federal, estadual e municipal, devem-se fixar tambm os parmetros institucionais e constitucionais de definio de competncia, provisria e ampliativa, para a apreciao de dissdios de greve instaurados entre o Poder Pblico e os servidores pblicos civis. 5.3. No plano procedimental, afigura-se recomendvel aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei no 7.701/1988 (que versa sobre especializao das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange competncia para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes greve de servidores pblicos que sejam suscitados at o momento de colmatao legislativa especfica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 5.4. A adequao e a necessidade da definio dessas questes de organizao e procedimento dizem respeito a elementos de fixao de competncia constitucional de modo a assegurar, a um s tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao exerccio do direito constitucional de greve dos servidores pblicos, e a continuidade na prestao dos servios pblicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da Constituio Federal, sem desconsiderar a garantia da continuidade de prestao de servios pblicos - um elemento fundamental para a preservao do interesse pblico em reas que so extremamente demandadas pela sociedade. 6. DEFINIO DOS PARMETROS DE COMPETNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAO DO TEMA NO MBITO DA JUST IA FEDERAL E DA JUSTIA ESTADUAL AT A EDIO DA LEGISLAO ESPECFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. FIXAO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATRIA. MANDADO DE INJUNO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores pblicos civis da Lei no 7.783/1989, sem prejuzo de que, diante do caso concreto e mediante solicitao de entidade ou rgo legtimo, seja facultado ao juzo competente a fixao de regime de greve mais severo, em razo de tratarem de "servios ou atividades essenciais" (Lei no 7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extenso do deferimento do mandado de injuno, aplicao da Lei no 7.701/1988, no que tange competncia para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes greve de servidores pblicos que sejam suscitados at o momento de colmatao legislativa especfica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 6.3. At a devida disciplina legislativa, devem-se definir as situaes provisrias de competncia constitucional para a apreciao desses dissdios no contexto nacional, regional, estadual e municipal. Assim, nas condies acima especificadas, se a paralisao for de mbito nacional, ou abranger mais de uma regio da justia federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federao, a competncia para o dissdio de greve ser do Superior Tribunal de Justia (por aplicao analgica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988). Ainda no mbito federal, se a controvrsia estiver adstrita a uma nica regio da justia federal, a competncia ser dos Tribunais Regionais Federais (aplicao analgica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdio no contexto estadual ou municipal, se a controvrsia estiver adstrita a uma unidade da federao, a competncia ser do respectivo Tribunal de Justia (tambm por aplicao analgica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). As greves de mbito local ou municipal sero dirimidas pelo Tribunal de Justia ou Tribunal Regional Federal com jurisdio sobre o local da paralisao, conforme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considerados os parmetros acima delineados, a par da competncia para o dissdio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou no, da greve, os referidos tribunais, nos mbitos de sua jurisdio, sero competentes para decidir acerca do mrito do pagamento, ou no, dos dias de paralisao em consonncia com a excepcionalidade de que esse juzo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagrao da greve, em princpio, corresponde suspenso do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salrios dos dias de paralisao no devero ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores pblicos civis, ou por outras situaes excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspenso do contrato de trabalho (art. 7o da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5. Os tribunais mencionados tambm sero competentes para apreciar e julgar medidas cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao exerccio do direito de greve dos servidores pblicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a preservao do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mnimo de servidores pblicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a proibio de qualquer tipo de paralisao; ii) os interditos possessrios para a desocupao de dependncias do s rgos pblicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que apresentem conexo direta com o dissdio coletivo de greve. 6.6. Em razo da evoluo jurisprudencial sobre o tema da interpretao da omisso legislativa do direito de greve dos servidores pblicos civis e em respeito aos ditames de segurana jurdica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matria. 6.7. Mandado de injuno conhecido e, no mrito, deferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicao das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e s aes judiciais que envolvam a interpretao do direito de greve dos servidores pblicos civis.

Deciso

Aps o voto do Senhor Ministro Gilmar Mendes (Relator),

conhecendo do mandado de injuno e determinando a aplicao da

Lei n 7.783/89, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Ricardo

Lewandowski. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros

Seplveda Pertence e Celso de Mello. Presidncia da Senhora

Ministra Ellen Gracie. Plenrio, 24.05.2007.

Deciso: Aps o

voto-vista do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, concedendo o

mandado de injuno para aplicar a soluo que preconiza

to-somente categoria representada pelo Sindicato requerente, e

dos votos dos Senhores Ministros Direito Menezes, Crmen Lcia,

Celso de Mello e Carlos Britto, acompanhando o Relator, que

tambm deferia o mandado de injuno, nos termos de seu voto,

pediu vista dos autos o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Ausente,

justificadamente, o Senhor Ministro Eros Grau. Presidncia da

Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenrio, 19.09.2007.

Deciso:

O Tribunal, por maioria, nos termos do voto do Relator, conheceu

do mandado de injuno e props a soluo para a omisso

legislativa com a aplicao da Lei n 7.783, de 28 de junho de

1989, no que couber, vencidos, parcialmente, os Senhores

Ministros Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurlio,

que limitavam a deciso categoria representada pelo sindicato e

estabeleciam condies especficas para o exerccio das

paralisaes. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente,

justificadamente, a Senhora Ministra Crmen Lcia, com voto

proferido em assentada anterior. Plenrio, 25.10.2007.

Consigna-se, ainda, que os MEMBROS DAS FORAS ARMADAS e os SERVIDORES MILITARES DOS ESTADOS E DO DF no tm direito greve (CF, art. 42, 1, e 142, 3, IV).b) que a noo de servio adequado inclui a continuidade, nos termos do art. 6, 1, da Lei n 8.987/95 j citado e, tambm, do art. 22 do Cdigo de Defesa do Consumidor.

Neste contexto legislativo, pergunta-se:

LEGAL A SUSPENSO/INTERRUPO DE SERVIO PBLICO PELO NO PAGAMENTO DO MESMO PELO USURIO?

O tema controvertido nos tribunais ptrios.

Todavia, tem se entendido que se o servio for FACULTATIVO ( e, por isto, geralmente remunerado por tarifa/preo pblico), o Pode Pblico pode suspender-lhe a prestao no caso de no pagamento, nos termos do art. 6, 3, II, da Lei n 8.987/95.

Neste sentido, h precedente do STJ versando hiptese de interrupo de servio de fornecimento de energia eltrica a usurio inadimplente:

REsp 510478 / PBRECURSO ESPECIAL2003/0044280-1

Relator(a)

Ministro FRANCIULLI NETTO (1117)

rgo Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

10/06/2003

Data da Publicao/Fonte

DJ 08/09/2003 p. 312

Ementa

RECURSO ESPECIAL ALNEA C ADMINISTRATIVO ENERGIA ELTRICA

CONCESSO DE SERVIO PBLICO ATRASO NO PAGAMENTO SUSPENSO DO

SERVIO POSSIBILIDADE ARTS. 6, 3, DA LEI N. 8.987/95 E 17 DA

LEI N. 9.427/96.

H expressa previso normativa no sentido da possibilidade de

suspenso do fornecimento de energia eltrica ao usurio que deixa

de efetuar a contraprestao ajustada, mesmo quando se tratar de

consumidor que preste servio pblico.

Na hiptese vertente, verifica-se que se trata de usurio do servio

pblico concedido que, nos termos do r. voto condutor do acrdo

objurgado, deliberadamente vem se mantendo na inadimplncia, razo

bastante para a suspenso do fornecimento do bem.

Ao editar a Resoluo n. 456, de 29 de novembro de 2000, a prpria

ANEEL, responsvel pela regulamentao do setor de energtico no

pas, contemplou a possibilidade de suspenso do fornecimento do

servio em inmeras hipteses, dentre as quais o atraso no pagamento

de encargos e servios vinculados ao fornecimento de energia

eltrica prestados mediante autorizao do consumidor, ou pela

prestao do servio pblico de energia eltrica (art. 91, incisos I

e II).

Recebe o usurio, se admitida a impossibilidade de suspenso do

servio, reprovvel estmulo inadimplncia. No ser o Judicirio,

entretanto, insensvel relativamente s situaes peculiares em que

o usurio deixar de honrar seus compromissos financeiros em razo de

sua hipossuficincia, circunstncia que no se amolda ao caso em

exame.

Recurso especial conhecido pela letra c, porm no provido.

AgRg no REsp 1069215 / RSAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2008/0140704-7

Relator(a)

Ministro FRANCISCO FALCO (1116)

rgo Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

16/09/2008

Data da Publicao/Fonte

DJe 01/10/2008

Ementa

CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELTRICA. INADIMPLNCIA. DBITOS

PRETRITOS. POSSIBILIDADE.

I - A despeito de se tratar de dbitos pretritos, no se pode

referendar tal atitude do consumidor de energia eltrica, que se

furta a pagar a contraprestao devida pelo fornecimento deste bem

to essencial sociedade, expediente que, acaso mantido, deve

estimular outros consumidores mal intencionados, em detrimento

maioria dos demais, que indiretamente acaba por ser penalizada, em

virtude do reflexo do alijamento de valores devidos concessionria

de energia.

II - Remanesce ento ntegra a pacfica jurisprudncia desta Corte

no sentido de permitir a suspenso do fornecimento de energiaeltrica quando do seu no-pagamento pelo consumidor. Precedentes:

AgRg no REsp 969.928/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, DJ de

12/11/2007; REsp n 363.943/MG, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS,

DJ de 01/03/2004; REsp n 628.833/RS, Rel. p/ ac. Min. FRANCISCO

FALCO, DJ de 03/11/2004 e REsp n. 302.620/SP, Relator p/ ac. Min.

JOO OTVIO DE NORONHA, DJ de 16/02/2004.

III - Agravo regimental improvido.

AgRg no REsp 979834 / PEAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2007/0193365-1

Relator(a)

Ministro FRANCISCO FALCO (1116)

rgo Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

15/04/2008

Data da Publicao/Fonte

DJe 07/05/2008

Ementa

SUSPENSO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELTRICA. DBITO DISCUTIDO

JUDICIALMENTE. INADIMPLNCIA. PREVISO LEGAL. CONTRATO

SINALAGMTICO. PREVALNCIA DOS INTERESSES DA COLETIVIDADE.

I - O contrato estabelecido entre o fornecedor de energia eltrica e

o usurio sinalagmtico, concluindo-se que o contratante s pode

exigir a continuidade da prestao a cargo do contratado quando

estiver cumprindo regularmente a sua obrigao.

II - A despeito de estar sendo discutido o dbito atravs de ao

prpria, a concessionria pode realizar a suspenso do fornecimentode energia eltrica quando o usurio se nega a realizar os

pagamentos devidos. Tal convico encontra assento no artigo 91 da

Resoluo n 456/2000 da Agncia Nacional de Energia Eltrica.

III - O corte no fornecimento de energia do mau pagador vai ao

encontro dos interesses da coletividade, uma vez que o reflexo do

inadimplemento pode atingir o funcionamento do sistema, prejudicando

seus usurios.

IV - Precedentes: REsp n 686.395/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCO, DJ

de 14/03/2005 e REsp n. 302.620/SP, Relator p/ Acrdo Ministro

JOO OTVIO DE NORONHA, DJ de 16/02/2004.

V - Agravo regimental provido, para dar provimento ao recurso

especial.

De outro lado, se OBRIGATRIO o servio (como, v.g., a captao e fornecimento de esgoto e gua), entende-se que o servio no pode ser suspenso. Pois o Estado teria outros meios inscrio em dvida ativa e execuo fiscal para buscar a satisfao dos dbitos, sem comprometimento da prestao do servio.Neste sentido:

REsp 782270 / MSRECURSO ESPECIAL2005/0154895-0

Relator(a)

Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124)

rgo Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

18/10/2005

Data da Publicao/Fonte

DJ 07/11/2005 p. 163RDDT vol. 124 p. 240

Ementa

TRIBUTRIO. SERVIO DE ESGOTO. NATUREZA JURDICA DA REMUNERAO.

TAXA. COMPULSORIEDADE DE SUA UTILIZAO. SUJEIO AO REGIME

TRIBUTRIO. ORIENTAO DOMINANTE NO STJ. RECURSO ESPECIAL

DESPROVIDO.

1. A jurisprudncia dominante no mbito desta Corte considera que o

valor exigido como contraprestao pelo servio de gua e esgoto

possui natureza jurdica de taxa submetendo-se, portanto, ao

regime jurdico tributrio, especialmente no que diz com a

observncia do princpio da legalidade sempre que seja de

utilizao compulsria, independentemente de ser executado

diretamente pelo Poder Pblico ou por empresa concessionria.

2. Recurso especial a que se nega provimento.

Colhe-se do voto condutor:

(...)

nesse sentido, ainda, a doutrina de Hugo de Brito Machado:

'O que caracteriza a remunerao de um servio pblico como taxa ou como preo

pblico a compulsoriedade, para a taxa, e a facultatividade, para o preo,

conforme j decidiu o Supremo Tribunal Federal. Importante, porm, a

compreenso adequada, que se h de ter, do que sejam essa compulsoriedade e

essa facultatividade.

A ttulo de exemplo, imaginemos a necessidade que se tem de energia eltrica.

Se o ordenamento jurdico nos permite atender a essa necessidade com a

instalao de um grupo gerador em nossa residncia, ou estabelecimento

industrial ou comercial, ento a remunerao que o Estado nos cobra pelo

fornecimento de energia um preo pblico, pois no somos juridicamente

obrigados a utilizar o servio pblico para a satisfao de nossa necessidade.

Embora nos seja mais conveniente a utilizao do servio pblico, do ponto de

vista econmico ou por outra razo qualquer, do ponto de vista rigorosamente

jurdico nada nos impede de, por outro meio, atender necessidade de energia

eltrica. A remunerao que pagamos pelo servio de fornecimento de energia

eltrica, portanto, no compulsria. Por outro lado, se h norma jurdica

proibindo a instalao de grupo gerador ou unidade de captao de energia solar

em residncias ou estabelecimentos comerciais ou industriais, de sorte que o

atendimento da necessidade de energia eltrica por qualquer outro meio que no

seja o servio pblico torna-se impossvel sem violao da ordem jurdica , tem-se

que a utilizao do servio e, por isto mesmo, o pagamento da remunerao

correspondente, compulsria. Neste caso, essa remunerao correspondente

taxa.

O mesmo pode ser dito do servio de gua e esgoto. Se h uma norma proibindo

o atendimento da necessidade de gua e esgoto por outro meio que no seja o

servio pblico, a remunerao correspondente taxa. Se a ordem jurdica no

probe o fornecimento de gua em pipas, nem o uso de fossas, nem o transporte de

dejetos em veculos de empresas especializadas, nem o depsito destes em locais

para esse fim destinados pelo Poder Pblico, ou adequadamente construdos pela

iniciativa privada, ento a remunerao cobrada pelo servio pblico de

fornecimento de gua e esgoto preo pblico. Se, pelo contrrio, existem tais

proibies, de sorte a tornar o servio pblico o nico meio de que se dispe para

o atendimento da necessidade de gua e esgoto, ento a remunerao respectiva

ser taxa.

(...)

importante compreender o fundamento dessa idia.

Se a ordem jurdica obriga a utilizao de determinado servio, no permitindo o

atendimento da respectiva necessidade por outro meio, ento justo que a

remunerao correspondente, cobrada pelo Poder Pblico, sofra as limitaes

prprias dos tributos. O contribuinte estar seguro de que o valor dessa

remunerao h de ser fixado por critrios definidos em lei. Ter, em sntese, as

garantias estabelecidas na Constituio.

Por outro lado, se a ordem jurdica no obriga utilizao do servio pblico,

posto que no probe o atendimento da correspondente necessidade por outro

meio, ento a cobrana da remunerao correspondente no ficar sujeita s

restries do sistema tributrio. Pode ser fixada livremente pelo Poder Pblico,

pois o seu pagamento resulta de simples convenincia do usurio do servio."

(Curso de Direito Tributrio , 24 edio, So Paulo: Malheiros, 2004, pp.

411-412).'"

3. No caso concreto, o acrdo afirmou que "o fornecimento de servios de gua e esgoto,

quando tiver carter compulsrio, como o caso de Campo Grande, remunerado mediante

taxa" (fl. 17), razo pela qual aplicvel o entendimento adotado nos julgados mencionados.

4. Diante do exposto, nego provimento ao recurso especial. o voto.Todavia, a posio acima perdeu espao frente ao julgamento dos ERESP 690.609, onde a 1 Seo do STJ definiu que a contraprestao cobrada por concessionria ou permissionria de gua e esgoto detm natureza jurdica de tarifa/preo pblico e, por conseguinte, admite interrupo no fornecimento em caso de no pagamento pelo usurio.EREsp 690609 / RSEMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL2006/0044431-6

Relator(a)

Ministra ELIANA CALMON (1114)

rgo Julgador

S1 - PRIMEIRA SEO

Data do Julgamento

26/03/2008

Data da Publicao/Fonte

DJe 07/04/2008

Ementa

TRIBUTRIO EMBARGOS DE DIVERGNCIA CONTRAPRESTAO COBRADA PELO

SERVIO PBLICO DE GUA E ESGOTO NATUREZA JURDICA DE TARIFA

PRECEDENTES DO STJ E DO STF.

1. Este Tribunal Superior, encampando entendimento sedimentado no

Pretrio Excelso, firmou posio no sentido de que a contraprestao

cobrada por concessionrias de servio pblico de gua e esgoto

detm natureza jurdica de tarifa ou preo pblico.

2. Definida a natureza jurdica da contraprestao, tambm

definiu-se pela aplicao das normas do Cdigo Civil.

3. A prescrio vintenria, porque regida pelas normas do Direito

Civil.

4.. Embargos de divergncia providos.

H hiptese que, segundo o STJ, afastam o direito da concessionrio ou permissionria interrupo do servio pblico por inadimplemento do usurio, a saber:

- SE O CORTE NO FORNECIMENTO OCORREU SEM PRVIA NOTIFICAO DO USURIO PARA EFETUAR O PAGAMENTO DO DBITOREsp 783575 / RSRECURSO ESPECIAL2005/0156921-9

Relator(a)

Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)

rgo Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

09/09/2008

Data da Publicao/Fonte

DJe 13/10/2008

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ENERGIAELTRICA. CORTE NO FORNECIMENTO. CONSUMIDOR INADIMPLENTE. AUSNCIA

DE COMUNICAO PRVIA. IMPOSSIBILIDADE.

1. A Jurisprudncia assente deste Tribunal entende pela

possibilidade de corte no fornecimento de energia eltrica desde

que, aps aviso prvio, o consumidor permanea em situao de

inadimplncia com relao ao respectivo dbito, nos termos do

estatudo no art. 6, 3, da Lei 8.987/95. Precedentes: Recursos

especiais n. 363.943/MG e 963.990/SC.

2. No particular, diante da situao ftica existente, observa-se

que a deciso do Tribunal de origem no destoa do entendimento desta

Corte, pois o corte no fornecimento de energia eltrica foi

realizado sem comunicao prvia do consumidor, condio necessria

validao da interrupo do servio.

3. Recurso especial no-provido.

- SE O CORTE NO FORNECIMENTO OCASIONAR DANOS COMUNIDADE E, PORTANTO, AFRONTAR O INTERESSE PBLICOAgRg no REsp 1003667 / RSAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2007/0260394-7

Relator(a)

Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)

rgo Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

19/05/2009

Data da Publicao/Fonte

DJe 01/06/2009

Ementa

ADMINISTRATIVO CORTE DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELTRICA

FUNGIBILIDADE ENTRE AS MEDIDAS DE URGNCIA POSSIBILIDADE

INTERRUPO DO FORNECIMENTO IMINNCIA DE PREJUZO A CIDADOS

IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPO.

1. No h, no acrdo recorrido, qualquer omisso, contradio ou

obscuridade, razo pela qual no foram malferidos os artigos 515 e

535 do Estatuto Processual Civil.

2. Esta Corte Superior j se manifestou no sentido da admisso da

fungibilidade entre os institutos da medida cautelar e da tutela

antecipada, desde que presentes os pressupostos da medida que vier a

ser concedida. Precedentes.

3. O Tribunal de origem reconheceu explicitamente o perigo de danos

irreparveis populao dos Municpios Novo Hamburgo, Porto e

Estncia Velha, em caso de interrupo do fornecimento de energiaeltrica.

4. O Superior Tribunal de Justia, pela sua Corte Especial, tem

posio firmada em vrios precedentes, no sentido de que sejam

preservadas, em caso de corte de energia, as unidades e servios

pblicos cuja paralisao inadmissvel, como no caso em questo.

5. Embora inadimplente, a Comusa responsvel pelo abastecimento de

gua aos Municpios de Novo Hamburgo, Porto e Estncia Velha, cuja

populao no pode ser prejudicada em razo da referida

inadimplncia.

Agravo regimental improvido.

- SE O CORTE FUNDA-SE EM DBITOS PRETRITOS

AgRg no Ag 1043499 / RSAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO2008/0092032-0

Relator(a)

Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

rgo Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

05/03/2009

Data da Publicao/Fonte

DJe 24/03/2009

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NO

CONFIGURADA. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELTRICA. INTERRUPO. DBITOS

CONSOLIDADOS PELO TEMPO.

1. A soluo integral da controvrsia, com fundamento suficiente,

no caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.

2. ilegtimo o corte no fornecimento de servios pblicos

essenciais quando a inadimplncia do consumidor decorrer de dbitos

consolidados pelo tempo.

3. Agravo Regimental no provido.

AgRg no REsp 1027844 / RJAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2008/0025160-4

Relator(a)

Ministro JOS DELGADO (1105)

rgo Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

27/05/2008

Data da Publicao/Fonte

DJe 23/06/2008

Ementa

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORTE NO

FORNECIMENTO DE GUA E ESGOTO. ART. 6, 3, II, DA LEI N.

8.987/95. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSO DO ABASTECIMENTO NA HIPTESE

DE EXIGNCIA DE DBITO PRETRITO. CARACTERIZAO DE CONSTRANGIMENTO

E AMEAA AO CONSUMIDOR. ART. 42 DO CDC. PRECEDENTES.

1. Agravo regimental contra deciso que deu provimento a recurso

especial, com base na jurisprudncia desta Corte, entendendo pela

impossibilidade do corte no fornecimento do servio por se tratar de

hiptese que versa sobre dbito pretrito. Nas razes do agravo

regimental, defende-se ser de direito a suspenso do abastecimento

em razo de inadimplncia do usurio.

2. O art. 6, 3, II, da Lei n. 8.987/95 dispe que no se

caracteriza como descontinuidade do servio a sua interrupo em

situao de emergncia ou aps prvio aviso, quando for por

inadimplemento do usurio, considerado o interesse da coletividade.

Portanto, se h o fornecimento do servio pela concessionria, seja

de gua ou de energia eltrica, a obrigao do consumidor ser a de

realizar o pagamento, sendo que, o no-cumprimento dessa

contraprestao poder ensejar, verificando-se caso a caso, a

suspenso do servio.

3. Hiptese dos autos que se caracteriza pela exigncia de dbito

pretrito, no devendo, com isso, ser suspenso o fornecimento, visto

que o corte do servio pressupe o inadimplemento de conta regular,

relativa ao ms do consumo, sendo invivel, pois, a suspenso do

abastecimento em razo de dbitos antigos, devendo a companhia

utilizar-se dos meios ordinrios de cobrana, no se admitindo

nenhuma espcie de constrangimento ou ameaa ao consumidor, nos

termos do art. 42 do CDC.

4. Precedentes: REsp 975.314/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda

Turma, DJ de 04/10/2007; AgRg no REsp 854.002/RS, Rel. Min. Luiz

Fux, Primeira Turma, DJ 11/06/2007; REsp 875.993/RS, Rel. Min. Teori

Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 01/03/2007; REsp 845.695/RS,

Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 11/12/2006; AgRg no

REsp 820.665/RS, de minha relatoria, Primeira Turma, DJ 08/06/2006.

5. Agravo regimental no-provido.

Toda esta problemtica encontra-se bem resumida no seguinte julgado do STJ:

REsp 943850 / SPRECURSO ESPECIAL2007/0088451-6

Relator(a)

Ministro JOS DELGADO (1105)

rgo Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

28/08/2007

Data da Publicao/Fonte

DJ 13/09/2007 p. 177

Ementa

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AUSNCIA DE

PAGAMENTO DE TARIFA DE GUA. INTERRUPO DO FORNECIMENTO. CORTE.

IMPOSSIBILIDADE. ARTS. 22 E 42 DA LEI N 8.078/90 (CDIGO DE

PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR). HOSPITAL. SERVIO ESSENCIAL

POPULAO. PRECEDENTES.

1. Recurso especial interposto contra acrdo que considerou legal o

corte no fornecimento de gua em virtude de falta de pagamento de

contas atrasadas.

2. No resulta em se reconhecer como legtimo o ato administrativo

praticado pela empresa concessionria fornecedora de gua e

consistente na interrupo de seus servios, em face de ausncia de

pagamento de fatura vencida. A gua , na atualidade, um bem

essencial populao, constituindo-se servio pblico

indispensvel, subordinado ao princpio da continuidade de sua

prestao, pelo que se torna impossvel a sua interrupo.

3. O art. 22 do Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor assevera

que os rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias,

permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, so

obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros e,

quanto aos essenciais, contnuos. O seu pargrafo nico expe que,

nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaes

referidas neste artigo, sero as pessoas jurdicas compelidas a

cumpri-las e a reparar os danos causados na forma prevista neste

cdigo. J o art. 42 do mesmo diploma legal no permite, na

cobrana de dbitos, que o devedor seja exposto ao ridculo, nem que

seja submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa. Tais

dispositivos aplicam-se s empresas concessionrias de serviopblico.

4. No h de se prestigiar atuao da Justia privada no Brasil,

especialmente, quando exercida por credor econmica e

financeiramente mais forte, em largas propores, do que o devedor.

Afrontaria, se fosse admitido, os princpios constitucionais da

inocncia presumida e da ampla defesa. O direito de o cidado se

utilizar dos servios pblicos essenciais para a sua vida em

sociedade deve ser interpretado com vistas a beneficiar a quem deles

se utiliza.

5. Esse o entendimento deste Relator.

6. Posio assumida pela ampla maioria da 1 Seo deste Sodalcio

no sentido de que lcito concessionria interromper o

fornecimento de energia eltrica, se, aps aviso prvio, o

consumidor de energia eltrica permanecer inadimplente no pagamento

da respectiva conta (L. 8.987/95, Art. 6, 3, II) (REsp n

363943/MG, 1 Seo, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de

01/03/2004). No mesmo sentido: EREsp n 337965/MG, 1 Seo, Rel.

Min. Luiz Fux, DJ de 08/11/2004; REsp n 123444/SP, 2 T., Rel. Min

Joo Otvio de Noronha, DJ de 14/02/2005; REsp n 600937/RS, 1 T.,

Rel. p/ Acrdo, Min. Francisco Falco, DJ de 08/11/2004; REsp n

623322/PR, 1 T., Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 30/09/2004.

7. No entanto, a jurisprudncia predominante vem decidindo que:

- o corte no pode ocorrer de maneira indiscriminada, de forma a

afetar reas cuja falta de energia colocaria em demasiado perigo a

populao, como ruas, hospitais e escolas pblicas (REsp n

594095/MG, 2 Turma, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, DJ de

19.03.2007);

- no caso dos autos, pretende a recorrente o corte no fornecimento

de energia eltrica do nico hospital pblico da regio, o que se

mostra inadmissvel em face da essencialidade do servio prestado

pela ora recorrida. Nesse caso, o corte da energia eltrica no

traria apenas desconforto ao usurio inadimplente, mas verdadeiro

risco vida de dependentes dos servios mdicos e hospitalares

daquele hospital pblico. O art. 6, 3, inciso II, da Lei n.

8.987/95 estabelece que possvel o corte do fornecimento de

energia desde que considerado o interesse da coletividade. Logo, no

h que se proceder ao corte de utilidades bsicas de um hospital,

como requer o recorrente, quando existem outros meios jurdicos

legais para buscar a tutela jurisdicional (REsp n 876723/PR, 2

Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 05.02.2007);

- a interrupo do fornecimento de energia, caso efetivada,

implicaria sobrepor, na cadeia de valores tutelados pelo ordenamento

jurdico, o contrato de concesso vida humana e integridade

fsica dos pacientes. O interesse coletivo que autoriza a soluo de

continuidade do servio deve ser relativizado em favor do interesse

pblico maior: a proteo da vida (REsp n 621435/SP, 1 Turma,

Rel Min Denise Arruda, DJ de 19.10.2006);

- tratando-se de pessoa jurdica de direito pblico, prevalece

nesta Corte a tese de que o corte de energia possvel (Lei

9.427/96, art. 17, pargrafo nico), desde que no acontea

indiscriminadamente, preservando-se as unidades pblicas essenciais,

como hospitais, pronto-socorros, escolas e creches (REsp n

654818/RJ, 1 Turma, Rel Min Denise Arruda, DJ de 19.10.2006);

- lcito concessionria interromper o fornecimento de energia

eltrica se, aps aviso prvio, o Municpio devedor no solve dvida

oriunda de contas geradas pelo consumo de energia. Entretanto, para

que no seja considerado ilegtimo, o corte no pode ocorrer de

maneira indiscriminada, de forma a afetar reas cuja falta de

energia colocaria em demasiado perigo a populao, como as, ruas,

hospitais e escolas pblicas (REsp n 682378/RS, 2 Turma, Rel.

Min. Joo Otvio de Noronha, DJ de 06.06.2006)

8. Recurso especial provido.

c) inaplicabilidade da clusula exceptio non adimpleti contractus contra a Administrao Pblica. Logo, a paralisao do servio pblico a pedido do particular s poder ocorrer por deciso judicial.

2) PRINCPIO DA MUTABILIDADE este princpio justifica a presena das chamadas clusulas exorbitantes nos contratos administrativos. Podero ser implementadas variaes na FORMA DE EXECUO de um servio pblico, muitas vezes de maneira unilateral pela Administrao, em vista da necessidade de preservao dos interesses da coletividade, assegurado ao contratado o equilbrio da equao econmico-financeira.3) PRINCPIO DA MODICIDADE DAS TARIFAS se as tarifas no forem mdicas o servio passar a no ser acessvel ao usurio em geral, desnaturando o prprio servio (que pblico e dirigido ao pblico).MODICIDADE = ACESSIBILIDADE DO USURIO AO SERVIO PBLICO

Logo, a imodicidade das tarifas INCONSTITUCIONAL, podendo, inclusive, ser apreciada pelo Poder Judicirio.

Neste sentido:

TIPO DE PROCESSO:Apelao CvelNMERO:70017579061 Inteiro Teor

RELATOR:Marco Aurlio Heinz

EMENTA: APELAO CVEL. AO DECLARATRIA. SERVIO FUNERRIO. SISTEMA DE RODZIO DAS PERMISSIONRIAS JUNTO AOS ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES. LEGALIDADE. O servio funerrio da competncia do Municpio por dizer respeito a assunto de interesse local (art. 30, I, da CF). A delegao do servio a particular autoriza a fiscalizao e controle pela Administrao, visando o bom atendimento do pblico e a modicidade da tarifa. Sendo assim, resta evidente que o sistema de rodzio dos permissionrios junto aos estabelecimentos hospitalares no apresenta qualquer ilegalidade. Improcedncia da demanda. Apelao provida. (Apelao Cvel N 70017579061, Vigsima Primeira Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Marco Aurlio Heinz, Julgado em 04/04/2007)

4) PRINCPIO DA GENERALIDADE reflexo do PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE. Todos tm acesso aos servios pblicos.3.1.6 Da INSTITUIO, REGULAMENTAO, EXECUO e CONTROLE dos Servios Pblicos

a) DA INSTITUIO

O servio pblico sempre institudo por lei. a lei que diz o que servio pblico. Ato administrativo no diz o que servio pblico.

Diante disso, a CF/1988, no art. 21, institui os servios pblicos de competncia privativa da Unio e, no art. 23, os que lhe so comuns. J, quanto competncia do Estado-membro, estes ficaram com o resduo, ou seja, todos os que no atribudos Unio nem aos Municpios. Quanto a competncia dos Municpios, esta se encontra disposta no art. 30 da Magna Carta e so todos aqueles servios que se enquadrem na atividade social reconhecida ao Municpio, segundo o critrio de predominncia de seu interesse em relao outras entidades estatais. Por fim, no que toca a competncia do DF, so atribudas, nos termos do art. 32, 1, da CF, as competncias legislativas reservadas aos Estados e Municpios.

Ateno!!!!

COMPETNCIA DO MUNICPIO:

O Municpio no tem competncia para legislar sobre HORRIO DE FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIES FINANCEIRAS. Pois tal matria compete privativamente Unio.A matria j se encontra pacificada nos Tribunais Ptrios: Smula 19 do STJ A fixao de horrio bancrio, para atendimento ao pblico, da competncia da Unio.

Mas cuidado!!! Tratando-se de regulamentao do horrio de funcionamento de outros estabelecimentos comerciais, segundo entendimento sumulado pelo STF, a competncia do municpio (Smula 645 do STF: competente o Municpio para fixar o horrio de funcionamento de estabelecimento comercial).

Verifiquem-se os seguintes julgados:

AI 124793 AgR / MA - MARANHAO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. CARLOS MADEIRAJulgamento: 20/05/1988 rgo Julgador: SEGUNDA TURMAPublicao

DJ 17-06-1988 PP-15261 EMENT VOL-01506-05 PP-01137

Ementa

AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. E INTEMPESTIVO O AGRAVO REGIMENTAL NO PROTOCOLIZADO NO PRAZO DO ARTIGO 317, C/C A REGRA ESTABELECIDA NO PARAGRAFO NICO DO ARTIGO 110, AMBOS DO RISTF. MESMO AFASTADA ESSA INTEMPESTIVIDADE, O AGRAVO REGIMENTAL NO LOGRARIA EXITO, PORQUE A COMPETNCIA PARA FIXAO DO HORARIO DE FUNCIONAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS BANCARIOS E DA UNIO, E NO DAS PREFEITURAS, CONFORME JURISPRUDNCIA PACIFICA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

AI 565882 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. SEPLVEDA PERTENCEJulgamento: 03/08/2007 rgo Julgador: Primeira TurmaPublicao

DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007

DJ 31-08-2007 PP-00030

EMENT VOL-02287-06 PP-01358

Parte(s)

AGTE.(S) : FEDERAO DO COMRCIO DE BENS E DE SERVIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADV.(A/S) : ANTNIO JOB BARRETO E OUTRO(A/S)

AGDO.(A/S) : MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL

INTDO.(A/S) : CMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE LAJEADO/RS

ADV.(A/S) : EVANDRO MULITERNO DE QUADROS E OUTRO(A/S)

INTDO.(A/S) : EXMO SR DR PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

INTDO.(A/S) : MUNICPIO DE LAJEADO

INTDO.(A/S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADV.(A/S) : PGE-RS - KARINA DA SILVA BRUM E OUTRO(A/S)

Ementa

EMENTA: Municpio: competncia para a fixao de horrio de funcionamento de estabelecimento comercial: incidncia da Smula 645.

Porque so questes que tambm tratam de interesses locais, o STF afirma que o Municpio tem competncia para regulamentar/legislar sobre: - EXIGNCIAS DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANA EM IMVEIS ONDE H ATENDIMENTO AO PBLICO (ex: portas eletrnicas de segurana nos bancos situados no territrio do municpios; cmaras filmadoras de vigilncia; etc.)

- TEMPO DE ATENDIMENTO AO PBLICO (vale tanto para bancos como para outros servios, como os servios de cartrios).

AI 491420 AgR / SP - SO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. CEZAR PELUSOJulgamento: 21/02/2006 rgo Julgador: Primeira TurmaPublicao

DJ 24-03-2006 PP-00026

EMENT VOL-02226-06 PP-01097

RTJ VOL-00203-01 PP-00409

Parte(s)

AGTE.(S) : FEBRABAN - FEDERAO BRASILEIRA DAS

ASSOCIAES DE BANCOSADV.(A/S) : ATALI SILVIA MARTINS

AGDO.(A/S) : JOS LAVELLI DE LIMA

ADV.(A/S) : SILVIO DE CARVALHO PINTO NETO

Ementa

EMENTAS: 1. RECURSO. Agravo de instrumento. Inadmissibilidade. Pea obrigatria. Procurao outorgada ao advogada da parte agravada. Ausncia. No configurao. Conhecimento do agravo. Deve conhecido agravo, quando lhe no falte pea instruo, sem que isso implique consistncia do recurso extraordinrio. 2. RECURSO. Extraordinrio. Inadmissibilidade. Competncia legislativa. Municpio. Edificaes. Bancos. Equipamentos de segurana. Portas eletrnicas. Agravo desprovido. Inteligncia do art. 30, I, e 192, I, da CF. Precedentes. Os Municpios so competentes para legislar sobre questes que respeite a edificaes ou construes realizadas no seu territrio, assim como sobre assuntos relacionados exigncia de equipamentos de segurana, em imveis destinados a atendimento ao pblico.

RE 240406 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINRIORelator(a): Min. CARLOS VELLOSOJulgamento: 25/11/2003 rgo Julgador: Segunda TurmaPublicao

DJ 27-02-2004 PP-00038 EMENT VOL-02141-05 PP-01006

Parte(s)

RECTE.(S) : FEBRABAN - FEDERAO BRASILEIRA DAS ASSOCIAES

DE BANCOSADVDO.(A/S) : LUIZ ALBERTO BETTIOL E OUTROS

RECDO.(A/S) : MUNICPIO DE IGREJINHA

ADVDO.(A/S) : HARRY STREPPEL

Ementa

EMENTA: CONSTITUCIONAL. BANCOS: PORTAS ELETRNICAS: COMPETNCIA MUNICIPAL. C.F., art. 30, I, art. 192. I. - Competncia municipal para legislar sobre questes que digam respeito a edificaes ou construes realizadas no municpio: exigncia, em tais edificaes, de certos componentes. Numa outra perspectiva, exigncia de equipamentos de segurana, em imveis destinados ao atendimento do pblico, para segurana das pessoas. C.F., art. 30, I. II. - R.E. conhecido, em parte, mas improvido.AI 747245 AgR / SC - SANTA CATARINA AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. EROS GRAUJulgamento: 23/06/2009 rgo Julgador: Segunda TurmaPublicao

DJe-148 DIVULG 06-08-2009 PUBLIC 07-08-2009

EMENT VOL-02368-23 PP-04904

Parte(s)

AGTE.(S): FEBRABAN - FEDERAO BRASILEIRA DAS ASSOCIAES DE BANCOSADV.(A/S): RAUL QUEIROZ NEVES E OUTRO(A/S)

ADV.(A/S): LUIS ROBERTO DAL PONT LODETTI

ADV.(A/S): JORGE ANDR RITZMANN DE OLIVEIRA

AGDO.(A/S): MUNICPIO DE JARAGU DO SUL

ADV.(A/S): ANDRA ROSANA SARD MAIOCHI

Ementa

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMETO. AGNCIAS BANCRIAS. TEMPO DE ATENDIMENTO AO PBLICO. COMPETNCIA. MUNICPIO. ART. 30, I, CB/88. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ARTS. 192 E 48, XIII, DA CB/88. 1. O Municpio, ao legislar sobre o tempo de atendimento ao pblico nas agncias bancrias estabelecidas em seu territrio, exerce competncia a ele atribuda pelo artigo 30, I, da CB/88. 2. A matria no diz respeito ao funcionamento do Sistema Financeiro Nacional [arts. 192 e 48, XIII, da CB/88]. 3. Matria de interesse local. Agravo regimental a que se nega provimento.RE 397094 / DF - DISTRITO FEDERAL RECURSO EXTRAORDINRIORelator(a): Min. SEPLVEDA PERTENCEJulgamento: 29/08/2006 rgo Julgador: Primeira TurmaPublicao

DJ 27-10-2006 PP-00050 EMENT VOL-02253-04 PP-00750

LEXSTF v. 29, n. 337, 2007, p. 255-261

Parte(s)

RECTE.(S) : MANOEL ARISTIDES SOBRINHO

ADV.(A/S) : RODRIGO MAZONI CURCIO RIBEIRO E OUTRO(A/S)

RECDO.(A/S) : INSTITUTO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DO DISTRITO

FEDERAL - PROCON-DF

Ementa

EMENTA: Distrito Federal: competncia legislativa para fixao de tempo razovel de espera dos usurios dos servios de cartrios. 1. A imposio legal de um limite ao tempo de espera em fila dos usurios dos servios prestados pelos cartrios no constitui matria relativa disciplina dos registros pblicos, mas assunto de interesse local, cuja competncia legislativa a Constituio atribui aos Municpios, nos termos do seu art. 30, I. 2. A LD 2.529/2000, com a redao da LD 2.547/2000, no est em confronto com a Lei Federal 8.935/90 - que disciplina as atividades dos notrios, dos oficiais de registro e de seus prepostos, nos termos do art. 236, 1, da Constituio - por tratarem de temas totalmente diversos. 3. RE conhecido e desprovido.

b) DA REGULAMENTAOOs servios pblicos so regulados por leis estanques, entre elas e em ordem cronolgica podem ser enumeradas as seguintes:1. Lei n. 8666/93, que trata das licitaes e contratos pblicos.

2. Lei n. 8.987/95, que trata de concesso e permisso da prestao de servios pblicos.

3. Lei n. 9.074, que trata da outorga e prorrogaes das concesses permisses de servio pblico.

4. Lei n. 9.648/98, que alterou pontos das anteriores e

5. Lei n. 11.079/04, que trata da parceria pblico-privada.c) DA EXECUO

Os servios pblicos, quando no executados diretamente pelos entes pblicos a quem a CF/1988 outorgou competncia, so prestados:

- pelas entidades institudas ou criadas para a prestao de servios pblicos: autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista e empresas pblicas; ou

- por particulares, atravs do regime de delegao que pode se d por concesso ou permisso dos servios enumerados no art. 1 da Lei n. 9.074/95, a saber: LEI N 9.074, DE 7 DE JULHO DE 1995.Mensagem de vetoEstabelece normas para outorga e prorrogaes das concesses e permisses de servios pblicos e d outras providncias.

O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Captulo IDAS DISPOSIES INICIAIS Art. 1o Sujeitam-se ao regime de concesso ou, quando couber, de permisso, nos termos da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes servios e obras pblicas de competncia da Unio: I - (VETADO) II - (VETADO) III - (VETADO) IV - vias federais, precedidas ou no da execuo de obra pblica;

V - explorao de obras ou servios federais de barragens, contenes, eclusas, diques e irrigaes, precedidas ou no da execuo de obras pblicas;

VI - estaes aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso pblico, no instalados em rea de porto ou aeroporto, precedidos ou no de obras pblicas. (Vide Medida Provisria n 320, 2006) VII - os servios postais. (Includo pela Lei n 9.648, de 1998) 1o (Revogado pela Lei n 11.668, de 2007). 2o O prazo das concesses e permisses de que trata o inciso VI deste artigo ser de vinte e cinco anos, podendo ser prorrogado por dez anos. (Includo pela Lei n 10.684, de 2003) 3o Ao trmino do prazo, as atuais concesses e permisses, mencionadas no 2o, includas as anteriores Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, sero prorrogadas pelo prazo previsto no 2o. (Includo pela Lei n 10.684, de 2003) Art. 2o vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios executarem obras e servios pblicos por meio de concesso e permisso de servio pblico, sem lei que lhes autorize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de saneamento bsico e limpeza urbana e nos j referidos na Constituio Federal, nas Constituies Estaduais e nas Leis Orgnicas do Distrito Federal e Municpios, observado, em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995. 1o A contratao dos servios e obras pblicas resultantes dos processos iniciados com base na Lei no 8.987, de 1995, entre a data de sua publicao e a da presente Lei, fica dispensada de lei autorizativa. 2 Independe de concesso, permisso ou autorizao o transporte de cargas pelos meios rodovirio e aquavirio. (Redao dada pela Lei no 9.432, de 1997) 3o Independe de concesso ou permisso o transporte: I - aquavirio, de passageiros, que no seja realizado entre portos organizados; II - rodovirio e aquavirio de pessoas, realizado por operadoras de turismo no exerccio dessa atividade; III - de pessoas, em carter privativo de organizaes pblicas ou privadas, ainda que em forma regular.Ressalte, por fim, que nos caso em que haja necessidade de licitao para a concesso/permisso, o contrato dever conter as clusulas previstas no art. 18 da lei n. 8.987/95, que assim dispe:

LEI N 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995.Mensagem de veto

(Vide Lei n 9.074, de 1995)Dispe sobre o regime de concesso e permisso da prestao de servios pblicos previsto no art. 175 da Constituio Federal, e d outras providncias.

Art. 18. O edital de licitao ser elaborado pelo poder concedente, observados, no que couber, os critrios e as normas gerais da legislao prpria sobre licitaes e contratos e conter, especialmente: I - o objeto, metas e prazo da concesso; II - a descrio das condies necessrias prestao adequada do servio; III - os prazos para recebimento das propostas, julgamento da licitao e assinatura do contrato; IV - prazo, local e horrio em que sero fornecidos, aos interessados, os dados, estudos e projetos necessrios elaborao dos oramentos e apresentao das propostas; V - os critrios e a relao dos documentos exigidos para a aferio da capacidade tcnica, da idoneidade financeira e da regularidade jurdica e fiscal; VI - as possveis fontes de receitas alternativas, complementares ou acessrias, bem como as provenientes de projetos associados; VII - os direitos e obrigaes do poder concedente e da concessionria em relao a alteraes e expanses a serem realizadas no futuro, para garantir a continuidade da prestao do servio; VIII - os critrios de reajuste e reviso da tarifa; IX - os critrios, indicadores, frmulas e parmetros a serem utilizados no julgamento tcnico e econmico-financeiro da proposta; X - a indicao dos bens reversveis; XI - as caractersticas dos bens reversveis e as condies em que estes sero postos disposio, nos casos em que houver sido extinta a concesso anterior; XII - a expressa indicao do responsvel pelo nus das desapropriaes necessrias execuo do servio ou da obra pblica, ou para a instituio de servido administrativa; XIII - as condies de liderana da empresa responsvel, na hiptese em que for permitida a participao de empresas em consrcio; XIV - nos casos de concesso, a minuta do respectivo contrato, que conter as clusulas essenciais referidas no art. 23 desta Lei, quando aplicveis; XV - nos casos de concesso de servios pblicos precedida da execuo de obra pblica, os dados relativos obra, dentre os quais os elementos do projeto bsico que permitam sua plena caracterizao, bem assim as garantias exigidas para essa parte especfica do contrato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da obra; (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) XVI - nos casos de permisso, os termos do contrato de adeso a ser firmado. Art. 18-A. O edital poder prever a inverso da ordem das fases de habilitao e julgamento, hiptese em que: (Includo pela Lei n 11.196, de 2005) I - encerrada a fase de classificao das propostas ou o oferecimento de lances, ser aberto o invlucro com os documentos de habilitao do licitante mais bem classificado, para verificao do atendimento das condies fixadas no edital; (Includo pela Lei n 11.196, de 2005) II - verificado o atendimento das exigncias do edital, o licitante ser declarado vencedor; (Includo pela Lei n 11.196, de 2005) III - inabilitado o licitante melhor classificado, sero analisados os documentos habilitatrios do licitante com a proposta classificada em segundo lugar, e assim sucessivamente, at que um licitante classificado atenda s condies fixadas no edital; (Includo pela Lei n 11.196, de 2005) IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto ser adjudicado ao vencedor nas condies tcnicas e econmicas por ele ofertadas. (Includo pela Lei n 11.196, de 2005)As condies complementares para julgamento encontram-se dispostas no art. 15 da Lei n. 8.987/95:

Art. 15. No julgamento da licitao ser considerado um dos seguintes critrios: (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) I - o menor valor da tarifa do servio pblico a ser prestado; (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concesso; (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) III - a combinao, dois a dois, dos critrios referidos nos incisos I, II e VII; (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) IV - melhor proposta tcnica, com preo fixado no edital; (Includo pela Lei n 9.648, de 1998) V - melhor proposta em razo da combinao dos critrios de menor valor da tarifa do servio pblico a ser prestado com o de melhor tcnica; (Includo pela Lei n 9.648, de 1998) VI - melhor proposta em razo da combinao dos critrios de maior oferta pela outorga da concesso com o de melhor tcnica; ou (Includo pela Lei n 9.648, de 1998) VII - melhor oferta de pagamento pela outorga aps qualificao de propostas tcnicas. (Includo pela Lei n 9.648, de 1998) 1o A aplicao do critrio previsto no inciso III s ser admitida quando previamente estabelecida no edital de licitao, inclusive com regras e frmulas precisas para avaliao econmico-financeira. (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) 2o Para fins de aplicao do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitao conter parmetros e exigncias para formulao de propostas tcnicas. (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) 3o O poder concedente recusar propostas manifestamente inexequveis ou financeiramente incompatveis com os objetivos da licitao. (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998) 4o Em igualdade de condies, ser dada preferncia proposta apresentada por empresa brasileira. (Redao dada pela Lei n 9.648, de 1998)E o edital da licitao deve ser elaborado pelo poder concedente e dever levar em conta, no que couber, o disposto na Lei n. 8666/93.

d) DO CONTROLE

O servio pblico quando delegado no perde esta caracterstica. Vale dizer: a privatizao do servio pblico no o torna servio particular o carter pblico permanece sempre!!! -. O executor do servio pblico que assume mnus de Administrao Pblica.

Nesta senda, caber ao Poder Pblico, qualquer que seja a modalidade de delegao que tenha sido pactuada com o particular, a plena fiscalizao.Trago colao do art. 3 da Lei n. 8.987/95: Art. 3o As concesses e permisses sujeitar-se-o fiscalizao pelo poder concedente responsvel pela delegao, com a cooperao dos usurios.Tanto que qualquer deficincia do servio prestado que revele inaptido de quem o presta ou descumprimento das obrigaes impostas pela Administrao enseja a interveno imediata do Poder Pblico delegante para regularizar seu funcionamento ou retirar-lhe a prestao.

Por exemplo, se o concessionrio de um servio pblico, durante a execuo do contrato, como uma falta grave, o contrato administrativo de concesso poder ser extinto por caducidade (modalidade de extino da concesso, Lei n. 8.987/95, art. 35, inc.III).

Captulo XDA EXTINO DA CONCESSOArt. 35. Extingue-se a concesso por:

I - advento do termo contratual; II - encampao; [ou resgate]III - caducidade;

IV - resciso; V - anulao; e VI - falncia ou extino da empresa concessionria e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual. 1o Extinta a concesso, retornam


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