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EPIDEMIOLOGIA E GESTÃO: Análise da Mortalidade Materna em Aracaju

CRISTIANI LUDMILA MENDES SOUSA BORGES

Dissertação de Mestrado

Salvador /BA

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO EM GESTÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE

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CRISTIANI LUDMILA MENDES SOUSA BORGES

EPIDEMIOLOGIA E GESTÃO: Análise da Mortalidade Materna em Aracaju

Dissertação sob a forma de Artigo apresentada

ao Programa de Pós Graduação em Saúde

Coletiva, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre

em Saúde Coletiva/Instituto de Saúde Coletiva

da Universidade Federal da Bahia.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Saúde

Orientador: Profª Dra. Maria da Conceição N. Costa

Salvador/BA

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

Borges, Cristiani Ludmila Mendes Sousa

EPIDEMIOLOGIA E GESTÃO: Análise da Mortalidade

Materna em Aracaju

Cristiani Ludmila Mendes Sousa Borges; Orient. Maria da

Conceição Nascimento Costa. – 2012.

xxxxf. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia.

Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, BA - BR, 2010.

1.Mortalidade Materna; 2.Condições de Vida; 3.Desigualdades

em Saúde

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Aos meus pais Lúcia e Vivaldo, meus

irmãos,Valéria,Karenina e Marcelo,meu

esposo Adelson e meus filhos Nathália e

Guilherme que muito se orgulham da minha

trajetória.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar paz, saúde e energia para a realização deste trabalho.

Aos colegas da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, nas pessoas de Ana Márcia e

Marieta, que me permitiram conciliar estudo e trabalho, reconhecendo a importância

deste projeto.

Ao CEPS (Centro de Educação Permanente em Saúde), na pessoa de Ângela Leite, por

acreditar na importância de um mestrado profissionalizante para a melhoria dos serviços

de saúde de Aracaju.

Aos colegas do SIMIS (Serviço de Informações Municipais em Saúde), nas pessoas de

Renata Alves e Ângela Marinho, por atenderem gentilmente às minhas solicitações.

À minha orientadora, Professora Conceição Costa, que, com muita paciência e doçura,

me impulsionou para o alcance deste sonho.

Às minhas amigas Carol, Kátia Solange, Nara, Kátia Cilene, Laudelina , e demais

colegas da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju e da Maternidade Nossa Senhora

de Lurdes, que muito me ajudaram nos momentos que precisei de apoio emocional.

Gostaria, por fim, de prestar a minha homenagem e respeito às mulheres que perderam

as suas vidas por causas maternas

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A mulher é como um ninho da sociedade; é imaginada como o

espaço figurado onde cresce a vida. Por isso, a saúde

materna é a saúde de todos os seres vivos;a saúde da mulher

é a saúde de todos. Entretanto, parece que em troca de trazer

outra vida ao mundo, ela devia perder a própria vida…

Martha Gonzáles Cochi

Povo Aimara, Bolívia

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APRESENTAÇÃO

Esta dissertação intitulada EPIDEMIOLOGIA E GESTÃO: Análise da Mortalidade

Materna em Aracaju apresentada ao Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, sob a forma de

artigo, constitui-se no trabalho de conclusão do Mestrado Profissionalizante, área de

concentração em Gestão de Serviços de Saúde, para obtenção do grau de Mestre. O seu

desenvolvimento representou para mim uma oportunidade ímpar de estudar a mortalidade

materna no referido município, no período 2000-2010. Como os seus resultados sinalizam

entraves que têm dificultado a garantia mínima dos direitos sexuais e reprodutivos das

aracajuanas, espero que este estudo contribua para o direcionamento de políticas públicas

mais eficientes voltadas ao público feminino. A forma pela qual o artigo foi redigido está de

acordo com as normas para publicação no periódico Cadernos de Saúde Pública, conforme

recomendações do Regimento Interno do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

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RESUMO

Para analisar a mortalidade materna (MM) em Aracaju (SE), 2000-2010, realizou-se estudo

transversal tendo como fontes de dados o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM),

Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), Relatórios do Comitê Municipal de

Prevenção da Mortalidade Materna e Censo Demográfico de 2000/IBGE. Calculou-se Razão

de Mortalidade Materna/RMM para o município e condição de vida. Coeficiente de

correlação de Spearman verificou a relação entre RMM e variáveis selecionadas. A RMM foi

crescente no período e apresentou média de 83,3/100.000NV. O risco de morte foi maior em

maiores de 30 anos e no estrato de baixa/muito baixa condição de vida (103,9/100.000).

Óbitos de solteiras, raça preta/parda, com menos de oito anos de estudo foram mais

frequentes. Não foram registrados óbitos maternos no estrato de elevada condição de vida.

Transtornos hipertensivos (17,2/100.000), hemorragias (14,4/100.000) e infecções

(14,4/100.000) foram as principais causas. Nenhuma variável analisada mostrou-se

estatisticamente correlacionada com a mortalidade materna. A elevada MM em Aracaju é

sugestiva de uma baixa resolutividade dos serviços de saúde, e também como uma cadeia de

fatores que engloba a situação socioeconômica das mulheres e as desigualdades de gênero,

classe e raça.

Palavras-chave: Mortalidade Materna; Condições de Vida; Desigualdades em Saúde.

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ABSTRACT

To analyze maternal mortality (MM) in Aracaju (SE), 2000-2010, it was carried out a cross-

sectional study using Mortality Information System (MIS), Information System on Live

Births (SINASC), Reports of the Municipal Committee Prevention of Maternal Mortality and

Population Census 2000/IBGE as database. It was calculated the Maternal Mortality

Ratio/MMR for the city and living conditions. Spearman correlation coefficient observed

relationship between MMR and selected variables. The MMR was increasing in the period

and had an average of 83.3/100,000NV. Risk of death was higher in those over 30 years and

in the stratum of low/very low condition of life (103.9/100,000NV). Deaths from single, race

black/brown, less than eight years of study were more frequent. There were no maternal

deaths in the stratum of high standard of living. Hypertensive disorders (17.2/100,000),

hemorrhage (14.4/100,000) and infections (14.4/100,000) were the main causes. No variable

examined was statistically correlated with maternal mortality. The high MM in Aracaju is

suggestive of a low solvability of health services, as well as a chain of factors that includes

the socioeconomic situation of women and gender inequality, class and race.

Keywords: Maternal mortality; Living Conditions; Health Inequalities.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de nascidos vivos (NV), óbitos maternos e Razão de Mortalidade

Materna (RMM)*, segundo ano de ocorrência. Aracaju (SE), 2000-2010. ..................30

Tabela 2 – Número e proporção (%) de óbitos maternos e Razão de Mortalidade Materna

(RMM/100.000NV) segundo variáveis selecionadas. Aracaju (SE), 2000 – 2010 .......31

Tabela 3 – Número e percentual de óbitos maternos, número de nascidos vivos (NV) e

Razão de Mortalidade Materna (RMM) segundo condições de vida.

Aracaju (SE), 2000 – 2010 .........................................................................................32

Tabela 4 – Número e percentual de óbitos maternos segundo variáveis selecionadas e

condições de vida. Aracaju, 2004-2010 .......................................................................33

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LISTA DE FIGURAS

Figura – Distribuição espacial dos óbitos maternos (n) por bairro e Razão da Mortalidade

Materna (RMM/100.000NV) segundo condições de vida. Aracaju (SE), 2000-2010... .34

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SIGLAS E ABREVIATURAS

CPMMFI: Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e Infantil

DATASUS: Departamento de Informática do Ministério da Saúde

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

MIF: Mulheres em Idade Fértil

MM: Mortalidade Materna

NV: Nascidos Vivos

OMS: Organização Mundial de Saúde

ONU: Organização das Nações Unidas

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

RAMOS: Reproductive Age Mortality Survey

RMM: Razão de Mortalidade Materna

RIPSA: Rede Interagencial de Informação para a Saúde

SIM: Sistema de Informação de Mortalidade

SINASC: Sistema de Informação de Nascidos Vivos

SMS: Secretaria Municipal de Saúde

UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNFPA: Fundo de População das Nações Unidas

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SUMÁRIO

ARTIGO

EPIDEMIOLOGIA E GESTÃO: Análise da Mortalidade Materna em Aracaju..14

1 Introdução ......................................................................................................14

2 Metodologia ...................................................................................................17

3 Resultados ......................................................................................................18

4 Discussão ........................................................................................................21

5 Conclusões e Recomendações ........................................................................24

Referências .......................................................................................................25

APÊNDICES ............................................................................................................35

Apêndice A: Termo de Anuência .............................................................................36

Apêndice B: Modelo do instrumento para coleta e registro de dados .....................37

Apêndice C: PROJETO ............................................................................................40

ANEXOS ...............................................................................................91

Anexo 1: Modelo Declaração de Óbito ....................................................................92

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1 Introdução

A mortalidade materna representa um relevante problema de saúde nos países em

desenvolvimento, e persiste como um grande desafio para gestores da saúde e toda a

sociedade. Além de revelar o risco de uma mulher vir a falecer durante a gestação, parto ou

puerpério, essa mortalidade também reflete as condições de vida e a qualidade da atenção à

saúde oferecida à população, sinalizando o nível de reconhecimento da sociedade para com os

direitos humanos das mulheres1, 2

. Ademais, é um indicador de iniquidades, pois se apresenta

elevada tanto em regiões menos desenvolvidas quanto nas desenvolvidas visto que mesmo

nestas últimas existem desigualdades entre os diferentes estratos socioeconômicos2, 3.

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 4 como aquela que

ocorre durante a gestação ou até 42 dias após o término desta,

independentemente da duração da gravidez, a morte materna é causada por

qualquer fator relacionado ou agravado pela gestação ou medidas tomadas em relação a ela e resulta de complicações ocorridas no período gravídico

puerperal..

Em que pese à sua complexidade, a morte materna é evitável5 e, portanto,

socialmente inaceitável. A possibilidade de evitá-la oscila entre 90 e 95%, e está diretamente

relacionada à qualidade da assistência recebida pela mulher durante a gestação, pré-parto,

parto e puerpério6.

A mortalidade materna se distribui mundialmente de modo desigual, sendo cerca de

100 vezes maior em países em desenvolvimento (905/100.000 NV) em relação aos países

desenvolvidos onde a média é de nove óbitos maternos/100.000 NV7. Em 2010, estimativas

da OMS apontam que 80% dos óbitos maternos no mundo procedem da África Subsaariana e

Ásia. As suas principais causas - hemorragias (34%), hipertensão (18%), septicemia, (8%) e

aborto (9%) - estão relacionadas à pobreza e à falta de acesso à assistência à saúde e, por essa

razão, são consideradas evitáveis ou preveníveis em 98% dos casos8. Na África do Sul, esse

tipo de causa de morte é agravado pela epidemia de HIV/Aids e, em 2008, uma em cada três

mulheres (32,7%) tinha exame positivo para esse vírus9.

Um dos compromissos preconizado pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

é a redução da mortalidade materna, e visa a promover o mais elevado nível de saúde para

mulheres e crianças, através da redução de seu risco em 75%, em nível mundial, entre 1990 e

2015, estando previsto que no último ano o acesso universal à saúde reprodutiva seja atingido

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10. Sabe-se que no Brasil, além dos aspectos políticos, sociais e éticos, as desigualdades

sociais são, em si, um empecilho para avanços nas condições de saúde da população11

. Assim,

mulheres mais pobres estão mais vulneráveis à prática de abortos inseguros e clandestinos,

enquanto aquelas de melhor condição econômica têm acesso a abortos mais seguros, mesmo

que clandestinos. As negras, indígenas e migrantes sofrem maior discriminação no acesso à

saúde12

.

Nos últimos dez anos, o acesso aos serviços de saúde no Brasil vem aumentando de

forma expressiva em todos os níveis de atenção, entretanto ainda é preciso avaliar a qualidade

e a efetividade dos atendimentos13

. Alguns autores referem que embora o país disponha de

recursos humanos e tecnológicos suficientes para prestar uma boa qualidade de atenção

obstétrica e neonatal, os resultados desta atenção estão abaixo do mínimo desejável14, 15, 16

.

Apesar dos esforços governamentais para reduzir a mortalidade materna neste país,

em 2008 a Razão de Mortalidade Materna correspondeu a 57,6/100.000 NV 17

. Dos 1.685

óbitos maternos em consequência de todas as causas, 37,6 % eram de mulheres nordestinas e,

destas, 1,5% sergipanas. Naquele mesmo ano, esse indicador em Aracaju foi de 72,7/100.000

NV, valor considerado elevado, a exemplo daqueles de outras capitais nordestinas, como

Recife (67,4/100.000 NV), Fortaleza (41,2/100.000 NV) e Salvador (91,4/100.000 NV)17

, na

medida em que estimativas ajustadas por um fator de correção, em 1995, para países como

Bélgica, Suécia e Suíça já eram de 8,0/100.000NV, e de 6,0/100.000NV para Austrália,

Canadá e Finlândia18

.

Dessa forma, fica evidente a necessidade de intervir no conjunto de determinantes19

que conduzem à morte materna, além da reorganização dos serviços de saúde para obter uma

provável superação da problemática da morte de mulheres em decorrência da gravidez, parto

ou puerpério. Paralelamente, deve-se envidar esforços no sentido de reduzir problemas como

a subinformação das causas dos óbitos, o preenchimento incorreto das declarações de óbito e

o não preenchimento dos campos 43 e 44, que apontam se a mulher estava em situação

gestacional no momento do óbito, pois tais omissões dificultam o real monitoramento da

mortalidade materna.

Dentre as estratégias sugeridas pela OMS e pelo Ministério da Saúde para correção

da subnotificação de tais óbitos, está a criação de comitês de prevenção da mortalidade

materna, os quais têm a vigilância dos óbitos maternos como uma de suas atribuições, com

vistas a determinar a sua real magnitude e a propor medidas para sua redução20,21

.

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A implantação dos comitês de mortalidade materna foi recomendada pela OMS em

1987, e naquele mesmo ano o Brasil passou a desenvolver suas atividades, antes mesmo da

iniciativa da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), que em 1990 recomendou a

definição de uma política de assistência integral à saúde da mulher e implementação de um

sistema de vigilância da mortalidade materna22

.

O Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e

Infantil/CPMMFI, em Aracaju, iniciou as suas atividades a partir de janeiro de 2001 e utiliza a

metodologia Reproductive Age Mortality Survey (RAMOS) considerada “padrão ouro” pela

OMS e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Com o objetivo de identificar as

mortes maternas, esse método utiliza diversas fontes de informação, tais como: o próprio

registro de óbito, prontuários hospitalares, líderes da comunidade, autoridades religiosas,

cemitérios e escolas, entrevistas domiciliares e com profissionais que cuidaram do caso23

.

Aracaju possui um bom sistema de informação de mortalidade e de nascimentos e

realiza a correção da subnotificação da mortalidade materna desde 2001, utilizando as

informações do CPMMFI24

. Esse Comitê investiga, a cada ano, aproximadamente 70% dos

cerca de 200 óbitos de mulheres em idade fértil (10-49 anos) e 100% dos óbitos maternos que

ocorrem no município24

. Contudo, nesta Capital, a real dimensão e características da

mortalidade materna ainda são pouco conhecidas.

Portanto, é de fundamental importância produzir informações que possam subsidiar a

tomada de decisão e o planejamento de ações voltadas para a redução da mortalidade materna

em Aracaju. Sem dúvida, é crucial que haja sensibilização dos membros da gestão pública

para que ocorra um maior envolvimento dos mesmos nessa problemática, e assim passem a

perceber a necessidade da garantia de oferta de serviços de saúde resolutivos, de qualidade e

acessíveis à população.

Este estudo teve como objetivo analisar a situação epidemiológica e possíveis fatores

associados à mortalidade materna em Aracaju, no período 2000-2010, e sua relação com

potenciais fatores de risco.

2 Metodologia

Estudo de corte transversal da mortalidade materna em Aracaju, no período de 2000 a

2010, tendo como fontes de dados sobre os óbitos o Sistema de Informação sobre Mortalidade

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(SIM) do Datasus (banco de dados locais e nacionais), as declarações de óbitos (DO)

maternos corrigidas e as fichas de investigação do CPMMFI. Nestas últimas, referentes ao

período 2004-2010, constam informações sobre situação socioeconômica, antecedentes

obstétricos, pré-natal, assistência ao parto e puerpério das mulheres que faleceram por causas

maternas. Do Sistema de Informações dos Nascidos Vivos (SINASC), levantou-se o número

de nascidos vivos; informações sobre renda e escolaridade do chefe da família foram

procedentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)25

; a malha digital do

município foi fornecida pela Secretaria de Infra Estrutura do Estado de Sergipe26

.

Efetuou-se a distribuição da frequência (Nº e %) dos óbitos maternos de acordo com a

faixa etária, cor, anos de estudo, bairro de residência da gestante, número de consultas de pré-

natal, local e tipo de parto, causa básica, entre outras variáveis. A RMM foi calculada para

Aracaju, ano a ano, de 2000 a 2010, e para os triênios 2001-2003, 2004-2006 e 2007-2009, e,

por causa básica, no período 2000-2010. Mediante o Coeficiente de Correlação de Spearman

verificou-se a relação entre RMM e idade da gestante (adolescente e maior que 35 anos),

parto cesáreo, taxa de natalidade e sete ou mais consultas pré-natais.

Visando a evitar distorção em virtude do pequeno número de óbitos, foi calculada a

RMM para o período 2000-2010, como um todo, para aquelas variáveis com subregistro

inferior a 10%, e para os estratos de condições de vida constituídos pela agregação dos bairros

da cidade.

A fim de possibilitar a classificação dos bairros, segundo condições de vida, foram

empregadas duas variáveis proxy de condições de vida (renda e escolaridade do chefe da

família), relativas ao Censo Demográfico de 200025

, visto que o IBGE ainda não

disponibilizou os dados do ano de 2010. A partir dessas variáveis, calculou-se a proporção

de chefes de famílias, segundo faixas de renda e de escolaridade de cada bairro, conforme

faixas de renda, a seguir: CEB: sem rendimento e com rendimento < 2 salários mínimos

(inclusive); CEM: rendimento igual e superior a dois até cinco salários mínimos (inclusive); e

CEA: rendimento superior a cinco salários mínimos. Para o nível de escolaridade, foi

utilizada a seguinte classificação: CCB: sem instrução ou até sete anos de estudo

(fundamental incompleto); CCM: oito a 14 anos de estudo (fundamental e médio completos e

superior incompleto); CCA: 15 anos de estudo e mais (superior completo, mestrado ou

doutorado). Com base na maior proporção de chefes de família em determinada faixa de renda

e escolaridade, cada bairro foi classificado como sendo de Capital Econômico Baixo/CEB,

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Capital Econômico Médio/CEM ou Capital Econômico Alto/CEA (para renda), e Capital

Cultural Baixo/CCB, Capital Cultural Médio/CCM ou Capital Cultural Alto/CCA (para nível

de escolaridade).

A combinação desses dados permitiu que os bairros fossem agregados em três

estratos de condições de vida - Elevada (CEA/CCA) composto por apenas um bairro;

Intermediária (CCM/CEA) composto por 14 bairros, e Baixa/Muito Baixa (CCM/CEB e

CCB/CEB) composto por 23 bairros. Maiores detalhes sobre esta estratégia para mensurar

condições de vida são encontrados em Vieira da Silva et al (1999)27

.

O software SPRING®, versão 5.1.8, foi empregado na produção do cartograma com

a distribuição do número de óbitos maternos e da RMM, por bairro.

O presente estudo foi aprovado pelo CEP/ISC sob protocolo Nº 039/11.

3 Resultados

Entre 2000 e 2010 ocorreram 92 óbitos por causas maternas em Aracaju, número este

que representou 4,8% de todos os óbitos de mulheres em idade fértil. Porém, somente 87

deles foram incluídos no estudo, visto que cinco foram excluídos por serem classificados

como óbitos maternos tardios (ocorridos entre 42 dias e um ano após o parto), portanto, não se

enquadra na definição de morte materna preconizada pela OMS4.

Observou-se grande flutuação na mortalidade materna no período do estudo, porém a

tendência foi de crescimento. A RMM do período no município foi de 83,3/100.000 NV e

variou de 50,5/100.000 NV, em 2001, a 135,6/100.000 NV, em 2000. Naquele ano e em

2009, foi registrado o maior número de óbitos maternos (14 e 12), correspondendo a RMMs

de 135,6 e 123,8/1000NV, respectivamente (Tabela 1). Quando as RMMs foram calculadas

para os triênios 2001-2003, 2004-2006 e 2007-2009, a tendência de crescimento tornou-se

mais evidente, já que seus valores foram de 63,2, 79,5 e 87,1/1000NV, respectivamente.

A média de idade das gestantes que foram a óbito por causas maternas foi de 30

anos, variando de 15 a 41 anos. Do total desses óbitos, 6,9% tinham menos de 20 anos. O

risco de morte materna aumentou com a idade, sendo de 152,8/100.000NV para as gestantes

de 30-39 anos e de 228,1/100.000NV para as de 40 anos e mais. A maior proporção desses

óbitos era de gestantes de cor parda (50,6%), solteiras (43,7%), e com quatro a sete anos de

estudo (25,3%). O estado civil foi a variável que apresentou maior frequência (48,2%) de

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informação ignorada ou não registrada. Dentre as causas obstétricas diretas (72,4%),

predominaram as doenças hipertensivas (17,2/100000NV), infecções (14,4/100000NV),

hemorragias (14,4/100000NV) e abortamentos (10,3/100000NV), ao passo que entre as

causas obstétricas indiretas (27,6%) prevaleceram as cardiopatias preexistentes (Tabela 2).

Nenhuma variável mostrou-se correlacionada com a mortalidade materna.

Da análise dos óbitos maternos segundo condição de vida, no período 2000-2010,

foram excluídos dois bairros (Mosqueiro e Santa Maria) por não constarem nos relatórios do

Censo Demográfico de 2000. Verificou-se que no estrato de elevada condição de vida não

houve registro de óbitos maternos. Aproximadamente 19% dos óbitos eram de mulheres que

residiam em áreas classificadas nos estratos de intermediária condição de vida, no qual a

RMM foi de 54,3/100.000 NV e 81,5% nos de baixa/muito baixa condição de vida, onde o

valor daquele indicador foi de 103,9 /100.000 (Tabela 3 e Figura).

Com relação aos 55 óbitos maternos investigados pelo CPMMFI, no período de 2004

a 2010, três foram excluídos por serem classificados como óbitos maternos tardios. Entre os

52 restantes, 57,7% realizaram pré-natal em UBS/SUS, 28,8% fizeram sete e mais consultas

pré-natais e 13,5% não realizaram pré-natal. Aproximadamente 27% foram classificados

como de alto risco gestacional, 35,6% tiveram parto cesáreo, 43,7% parto vaginal, já 39

(76,5%) das gestantes que foram a óbito haviam sido encaminhadas para a UTI.

De acordo com os dados do CPMMFI, apenas 4% das gestantes que faleceram por

causas maternas e que tinham indicação de UTI encontravam-se em unidades de saúde que já

dispunham do referido serviço. Todos os óbitos ocorridos durante o parto e abortamento (48)

aconteceram em ambiente hospitalar. Após análise, o CPMMFI corrigiu a causa básica de 41

(87,2%) declarações de óbito, classificou 37 (72,5%) óbitos como maternos diretos e 45

(92%) como evitáveis ou provavelmente evitáveis. Foram destacadas falhas, isoladamente, na

assistência pré-natal (22,5%), na assistência ao parto (22,5%) e nestas duas conjuntamente

(18,4%).

Para a análise dos 52 óbitos maternos investigados, considerando as condições de

vida, três foram excluídos haja vista que ocorreram no Bairro Santa Maria, do qual não

constavam as informações sobre renda e escolaridade do chefe de família nos dados

agregados no censo 2000. Observou-se que dos 49 óbitos restantes, 11 (22,4%) ocorreram no

estrato de intermediária condição de vida. Excluindo-se os óbitos sem informação sobre cada

variável, constatou-se que neste estrato, apenas um foi de menores de 20 anos, e nenhum em

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20

maiores de 40 anos; 40% foram de raça/cor preta/parda, somente um foi de gestante que não

realizou pré-natal e 42,9% fizeram mais de sete deste tipo de consulta. Nenhum óbito foi de

mulher considerada de alto risco, 30% foram submetidas a parto cesáreo, e nove (81,8%)

foram encaminhadas para UTI. Entre os 38 (77,6%) óbitos do estrato de baixa/muito baixa

condição de vida, e excluindo aqueles sem informação, verificou-se que 5,3 % eram de

menores de 20 anos, 78,8% de cor preta/parda, 73,9 % tinham menos de oito anos de estudo;

12,5% não realizou nenhuma consulta pré-natal, somente 37,5% fizeram mais de sete

consultas, e 40% óbitos foram de mulheres submetidas ao parto cesáreo. Dos 28 óbitos desse

estrato cujas gestantes tinham indicação de UTI, 22 (78,6%) foram encaminhadas para outros

hospitais, porque nas maternidades onde se encontravam não existia o serviço e quatro

(14%) não o foram devido à falta de vagas. Cerca de 14,0% dos óbitos ocorreram em

consequência de abortamentos, e três gestantes faleceram antes do parto (Tabela 4).

4 Discussão

Os resultados deste estudo delinearam para Aracaju, entre 2000-2010, um quadro

caracterizado por elevada mortalidade materna. Seus valores foram 2,8 a 6,8 vezes superiores

ao do limite máximo daquele considerado como “aceitável” pela OPAS que é de até

20/100.000NV28

, configurando-se uma situação preocupante. Em 2009, a RMM nesta Capital

apresentou-se 1,9 vezes superior à do Brasil (65,1/100.000 NV) naquele mesmo ano28

.

Certamente, havia uma expectativa de que ocorresse um aumento da notificação,

desses óbitos após 2001, ano do início da atuação do CPMMFI em Aracaju. Entretanto,

mesmo depois de nove anos, durante os quais esse Comitê vem desenvolvendo suas

atividades, possivelmente estas ainda não foram suficientemente efetivas no sentido de fazer

com que os valores da RMM tornem-se mais consistentes, bem como de sensibilizar os

gestores em saúde para promover ações específicas voltadas para a redução dos óbitos

maternos e, assim, reverter a tendência ascendente. É preciso reduzir não somente a

subnotificação, mas também a subinformação, de maneira a contemplar todos os campos dos

instrumentos de investigação. Neste estudo algumas variáveis tiveram a análise prejudicada

pela elevada percentagem de não informação.

A magnitude da mortalidade materna em Aracaju é alta, mesmo sem aplicação do

novo fator de correção estimado por Luizaga et al29

, que é de 1,17 para o Nordeste do país.

Reconhece-se que o uso desse fator impõe cuidados, pois, em algumas regiões, os dados

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21

obtidos diretamente do SIM podem já estar corrigidos por investigação sistemática dos óbitos

de mulheres em idade reprodutiva30

. O estado de Sergipe tem uma cobertura de 91,6 % para o

SIM e 95,5% para o SINASC31

, e o município de Aracaju altera no SIM as causas do óbito

corrigidas pelo CPMMFI, desde 2001. Porém, a acentuada oscilação observada nos níveis da

mortalidade materna nesta cidade é sugestiva de que o controle desta mortalidade ainda não

foi alcançado, e os esforços realizados para melhorar este tipo de informação não estão

consolidados.

Não foi possível estabelecer, para este município, uma relação entre a implantação

do comitê municipal e a melhoria do registro dos óbitos maternos. Como, em geral, o número

anual desses óbitos é pequeno, poder-se-ia acreditar que a ausência de relação fosse resultante

do fato de as análises serem anuais, diferente do que ocorre no Paraná onde os relatórios dos

comitês são trianuais, com a finalidade de proporcionar maior consistência à avaliação final32

.

Todavia, mesmo quando consolidada por triênios, a mortalidade materna em Aracaju

manteve-se crescente. Outra explicação plausível pode estar na baixa qualidade da assistência

materno-infantil e insuficiente qualificação dos profissionais envolvidos nesse tipo de

atenção; também é possível que as informações acerca da situação da mortalidade materna no

município e o seu significado não estejam sendo levadas, adequadamente, ao conhecimento

dos gestores em saúde pública ou não estarem recebendo dos mesmos a prioridade

necessária33, 34

.

Em Aracaju, no período deste estudo, o risco de morte materna aumentou com a idade,

e a maioria desses óbitos foi de gestantes solteiras, pardas e de baixa escolaridade, achados

que são consistentes com a literatura35,36,37

. Sabe-se que a análise dos indicadores torna-se

qualitativamente melhor quando são explicitadas algumas variáveis subjacentes às condições

socioeconômicas da população, tais como renda, idade, escolaridade e raça12

, que, no caso,

representam importantes determinantes de risco para a mortalidade materna33

, porém o não

preenchimento de seus campos foi um obstáculo que não pode ser superado na presente

investigação, como também em outros estudos sobre este problema de saúde 38, 3

. Desse

modo, para a maioria das variáveis analisadas, só foi possível calcular simples percentuais que

não indicam risco. Inadequação dos indicadores selecionados e a talvez a curta duração da

série estudada podem ser possíveis explicações para a ausência de correlação entre a

mortalidade materna e os fatores avaliados.

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22

O fato de a maioria dos óbitos maternos em Aracaju ter sido de mulheres classificadas

como de baixo risco reprodutivo ter ocorrido em ambiente hospitalar e, a exemplo de outras

capitais3, 35

, ter sido devido a causas diretas3, 38,39

, evidencia a má qualidade da assistência

prestada40

e reflete a necessidade de uma atenção de qualidade à mulher, acesso pleno aos

direitos sexuais e reprodutivos, considerando que estas causas são mais facilmente evitáveis

que as causas indiretas 41

. A elevada frequência (92%) de óbitos maternos evitáveis, como

aqueles decorrentes de transtornos hipertensivos, hemorragias e infecções, e de

provavelmente evitáveis, a exemplo daqueles decorrentes de cardiopatias, em Aracaju -

também observada em outras capitais brasileiras, como Belém42

e Recife 43

fortalece essa

hipótese e revela, portanto, que esta mortalidade pode ser bastante reduzida44

.

Em Aracaju observam-se fragilidades na rede de atendimento à gestante. Enquanto

aquelas de baixo risco recebem acompanhamento pré natal na atenção primária municipal, as

de alto risco são encaminhadas para o serviço estadual24

e, no momento, o agendamento tem

sido prolongado. Para a assistência ao parto o município dispõe de 225 leitos de obstetrícia,

mas apenas 138 (62 %) atendem ao SUS. A partir de 2009 foram implantados 6 leitos de UTI

para adulto em uma maternidade pública e este tipo de unidade também está disponível em

uma das maternidades privadas17

. Segundo parâmetros do Ministério da Saúde 17

o número de

leitos obstétricos disponíveis neste município é suficiente para atender à demanda, porém

deveria ter uma maior proporção de leitos SUS já que as gestantes dependentes deste sistema

representam cerca de cerca de 85% 24

. Ademais, a rede de serviços da capital atende também

gestantes procedentes de cidades do interior sobrecarregando os serviços.

Considerando que a sobrevivência da mulher depende da qualidade do cuidado

oferecido, e que o retardo das medidas necessárias pode levar a desfecho desfavorável, faz-se

necessário avaliar a organização da Rede de Serviços nesta capital, visto que a maioria das

mulheres que necessitou de serviços de terapia intensiva foi transferida para outras unidades

hospitalares em virtude da ausência do referido serviço. Para Souza et al 45

, os serviços que

dispõem de leitos mais facilmente tendem a realizar a indicação de terapia intensiva de forma

mais precoce e às vezes até preventiva, o que certamente impacta positivamente na sobrevida

destas mulheres.

O padrão de distribuição espacial da mortalidade materna evidenciou uma

concentração nas áreas mais pobres da cidade, especialmente no estrato de baixa e muito

baixa condição de vida, conforme já observado em estudos sobre outros problemas de saúde46,

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23

47. No referido estrato (que também apresentou maior proporção de variáveis já estabelecidas

como potenciais fatores de risco), tanto o risco quanto o número absoluto de óbitos maternos

foram superiores aos do estrato de condições de vida elevado (onde não houve óbitos

maternos) e o de intermediária condição de vida.

Esse quadro sugere a existência de relação entre mortalidade materna e baixa

situação socioeconômica da população48

. Tais informações são valiosas para o planejamento

de ações visando à assistência materno-infantil, pois apontam áreas da cidade mais

vulneráveis e que necessitam de maior atenção do poder público. Não restam dúvidas de que a

incorporação do elemento geográfico na análise dos eventos ligados à saúde contribui para a

identificação de desigualdades intraurbanas e seus fatores de risco, orientando a formulação

de políticas públicas intersetoriais que proporcionem intervenções específicas e mais justas na

perspectiva da equidade, da qualidade de vida e da saúde49, 50

.

Salienta-se que as informações aqui apresentadas demandam certa cautela na sua

interpretação, em virtude da possibilidade de sub-registro de algumas variáveis, ou mesmo

subnotificação de óbitos. Apesar disso, é possível assegurar que a atuação do CPMMFI esteja

contribuindo para melhorar a qualidade da informação sobre os óbitos maternos,

especificamente daquelas que se referem à sua causa básica.

A indisponibilidade, até a presente data, de dados agregados do Censo Demográfico

de 2010 não permitiu aferir se os bairros se mantiveram ou não nos mesmos estratos de

condições de vida nos diferentes períodos da pesquisa. Além disso, na construção do

cartograma da distribuição dos óbitos maternos por bairro, o obstáculo está na variabilidade

aleatória da RMM, associada ao pequeno tamanho das unidades geográficas de análise,

exigindo cuidado, especialmente nos casos de populações com valores reduzidos nas medidas

de interesse50

. Como só foram investigados 70% dos óbitos de mulheres em idade fértil,

ainda existe a possibilidade de sub-registro ou subnotificação de algum óbito materno. Por sua

vez, o fato de a maioria desses óbitos ter ocorrido em ambientes hospitalares permite supor

que o acesso das gestantes aos serviços de saúde seja dificultado, resultando em retardamento

da assistência e/ou inadequação na qualidade dessa atenção, ou seja, falta de oportunidade e

ineficiência da assistência prestada, principalmente nos estratos populacionais socialmente

menos favorecidos, caracterizando uma situação de acentuadas desigualdades sociais.

Apesar dessas limitações, este estudo deixa clara a importância da aplicação da

epidemiologia enquanto ferramenta de gestão. Os achados aqui apresentados permitiram

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24

traçar o perfil epidemiológico da mortalidade materna em Aracaju, produzindo informações

que poderão subsidiar o planejamento e avaliação de medidas voltadas para a prevenção das

mortes maternas nesse município.

5 Conclusões e Recomendações

Os resultados deste estudo evidenciam um cenário caracterizado por elevada

mortalidade materna no município de Aracaju/SE, atingindo especialmente gestantes e

puérperas que apresentam precárias condições de vida. Além de apontar para uma situação de

acentuada desigualdade social em saúde, esses achados estão sinalizando para problemas na

organização do sistema de saúde e a existência de um paradoxo em virtude das elevadas

coberturas municipais de atenção primária24

, da quase totalidade de ocorrência de partos em

ambientes hospitalares e de um IDH municipal considerado médio.

A prevenção de mortes maternas ainda não foi alcançada em Aracaju, talvez porque,

em função do reduzido número de óbitos, essa mortalidade não seja percebida como um

problema de saúde que deve ser priorizado.

Recomenda-se, que, além do monitoramento, sejam realizados estudos sobre a

morbidade materna grave considerando-a como evento que, em virtude da possibilidade de

dialogar com a mulher, possibilita análises mais precisas dos fatores que predispõem à

ocorrência dessas mortes, e sobre as mortes maternas tardias. Faz-se também necessário o

incremento de ações governamentais voltadas para as mulheres em idade fértil, com

investimentos na assistência pré-natal e na qualificação inclusive dos profissionais que

prestam assistência ao parto. Especial atenção deve ser dada às medidas voltadas para a

melhoria das condições de vida, levando em conta que a mortalidade materna necessita ser

considerada não apenas como dificuldade de acesso e de resolutividade dos serviços de saúde,

mas, principalmente, como uma cadeia de fatores que tem por base o status socioeconômico

das mulheres e as desigualdades de gênero, classe e raça.

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50. Paim J, Silva L, Costa M, Prata P, Lessa, I. Desigualdades na Situação de Saúde do

Município de Salvador e Relações com as Condições de Vida..Revista de Ciências

Médicas e Biológicas. 2010; América do Norte, 2, jul. 2010.

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29

Tabela 1 - Número de nascidos vivos (NV), óbitos maternos e Razão de Mortalidade

Materna (RMM)*, segundo ano de ocorrência. Aracaju (SE), 2000-2010.

ANO NV ÓBITOS MATERNOS RMM

2000 10.324 14 135,6

2001 9.899 5 50,5

2002 9.278 6 64,7

2003 9.280 7 75,4

2004 8.912 5 56,1

2005 9.315 9 96,6

2006 9.430 8 84,8

2007 9.493 6 63,2

2008 9.501 7 73,7

2009 9.693 12 123,8

2010 9.302 8 86,0

2000-2010 104.427 87 83,3

Fonte: Datasus/SIM/SINASC/MS *RMM/100.000 nascidos vivos.

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30

Tabela 2 – Número e proporção (%) de óbitos maternos e Razão de mortalidade

materna (RMM/100.000 NV) segundo variáveis selecionadas. Aracaju (SE), 2000 –

2010.

Variáveis Nº % RMM

Faixa etária (em anos)

<20 6 6,9 32,5

20 – 29 34 39,1 60,4

30 - 39 42 48,3 152,8

40 e + 5 5,7 228,1

Ign - - -

Raça/cor da pele

Branca 19 21,8 xxx

Preta 7 8,0 xxx

Parda 44 50,6 xxx

Amarela/ Indígena - - -

N/ Reg 17 19,5 -

Estado civil

Solteira 38 43,7 xxx

União Estável/Casada 33 37,9 xxx

Separada/Viúva 2 2,2 xxx

N/ Reg /Ign 14 16,1 xxx

Anos de Estudo

Nenhum 4 4,6 xxx

1-3 3 3,4 xxx

4-7 22 25,3 xxx

8-11 12 13,8 xxx

12 e mais 4 4,6 xxx

Ignorado 11 12,6 xxx

N/ Reg. 31 35,6 xxx

Causa Básica

Transt Hipertensivos 18 20,7 17,2

Hemorragias 15 17,2 14,4

Infecções 15 17,2 14,4

Cardiopatias 12 13,8 11,5

Abortamento 9 10,3 8,6

Dist.circulatórios 4 4,6 3,8

Outras causas 14 16,1 13,4

Fonte: Datasus/SIM/MS xxx- valor omitido devido ao elevado percentual de óbitos maternos e/ou Nascidos Vivos (NV) sem informação sobre a variável.

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31

Tabela 3 – Número e percentual de óbitos maternos, número de Nascidos Vivos (NV) e

Razão de Mortalidade Materna (RMM) segundo condições de vida. Aracaju (SE), 2000

– 2010.

Condições de Vida Óbitos

Nº % NV RMM

Elevada - - 957 - Intermediária

15

18,5

27.643

54,3

Baixa/Muito Baixa

66

81,5

63.532

103,9

Total1 87 100,0 104.427 83,3

Fonte: Datasus/SIM/SINASC/MS 1 - Incluídos seis óbitos e os Nascidos Vivos (NV) dos bairros sobre os quais não se dispunha de informação sobre renda e escolaridade no Censo 2000.

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32

Tabela 4 - Número e percentual de óbitos maternos segundo variáveis selecionadas e

condições de vida. Aracaju, 2004-2010.

Fonte: Relatórios de Comitê de Investigação de Óbitos Maternos/ SMS Aracaju / SIM/SINASC/MS 1-No período do estudo, não houve óbito materno no estrato de elevada condição de vida.

2-Pré-natal(PN) 3- Unidade Básica de Saúde do SUS ( UBS/SUS) Dos 52 óbitos analisados pelo Comitê, foram excluídos 3 ocorridos no bairro Santa Maria por não dispor de informação sobre renda e escolaridade no Censo 2000.

Condições de Vida1 Intermediária (n=11) Baixa/Muito Baixa (n=38)

Variáveis C/Inform. Nº % C/Inform Nº %

Idade < 20 anos 11 1 9,0 38 2 5,3

Idade ≥40 anos - - - 38 2 5,3

Cor da pele preta /parda 10 4 40,0 33 26 78,8

Menos de 8 anos de estudo 7 3 42,9 23 17 73,9

Não realizou pré- natal 7 1 14,3 32 4 12,5

7 e + consultas de pré- natal 7 3 42,9 32 12 37,5

Consulta PN² em UBS/SUS³ 10 4 40,0 36 29 90,6

Alto risco gestacional - - - 31 14 46,6

Parto cesáreo 11 3 27,3 38 14 36,9

Parto vaginal 11 4 36,4 38 16 42,1

Abortamento 11 3 27,3 38 5 13,1

Óbito antes do parto. 11 1 9,0 38 3 7,9

Necessitaram de UTI 11 9 81,8 36 28 77,8

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33

Figura– Distribuição espacial dos óbitos maternos (n) por bairro e da Razão da Mortalidade

Materna (RMM/100.000NV) segundo condições de vida. Aracaju (SE), 2000-2010.

Fonte: IBGE/Datasus/SIM/SINASC *RMM/100.000 nascidos vivos.

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34

APÊNDICES

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35

APÊNDICE A: Termo de Anuência - Autorização para Coleta de Dados

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Saúde Coletiva

Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva

Termo de Anuência - Autorização Para Coleta de Dados

Aracaju, 01 de setembro de 2011

À

Presidente do Comitê Municipal de Investigação de Óbitos Materno-Infantis

Dra. Ângela Marinho Fontes

Prezada Senhora,

Venho por meio deste solicitar a sua autorização para acesso aos documentos e relatórios do Comitê

Municipal de Investigação de Óbitos Materno-Infantis da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, com o

intuito de coletar dados para o projeto de dissertação intitulado “Características Epidemiológicas da

Mortalidade Materna em Aracaju”.

Observo que será garantido o sigilo das informações obtidas e que a coleta será iniciada após a

aprovação do estudo no Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da

Bahia.

Ressalto que os dados obtidos serão apresentados posteriormente a essa instituição.

Agradeço desde já a colaboração e coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos que se

fizerem necessários.

Atenciosamente,

Cristiani Ludmila Mendes Sousa Borges

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36

APÊNDICE B: Modelo do Instrumento para Coleta e Registro de Dados

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Saúde Coletiva

Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva

Instrumento de Coleta de Dados

Projeto: Mortalidade materna em Aracaju, 2000-2009

Iniciais (Nome): Número / Ano :

I – DADOS OBTIDOS DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO (CORRIGIDA)

1-IDENTIFICAÇÃO

1.1 Data ocorrência ( mês e ano ): ______/______/_____

1.2 Estado civil:

Casada Solteira União Estável

1.3 Faixa etária (anos):

< 20 De 20 à 29 De 30 à 39 S > 40

1.4 Escolaridade:

Nenhuma Fundamental Médio Superior

1.5 Raça / cor:

Branca Negra Parda Indígena Amarela Ignorada

1.6.Ocupação:___________________________________________

2-LOCAL DE RESIDÊNCIA DA FALECIDA

2.1. Bairro de residência:

3-LOCAL DE OCORRÊNCIA DO ÒBITO

Hospital Maternidade Nome do estabelecimento: ____________________________

Via Pública Domicílio

4-CONDIÇÕES E CAUSAS DO ÓBITO

4.1 Óbito declarado:

Sim Não Ignorado

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37

4.2 A morte foi no puerpério:

Sim (Até 42 Dias) Sim (43 Dias a 1 Ano) Não Ignorada

4.3 Recebeu assistência médica durante a doença que levou a morte:

Sim Não Ignorada

4.4 Diagnóstico confirmado por exames complementares:

Sim Não Ignorada

4.5 Diagnóstico confirmado por cirurgia:

Sim Não Ignorada

4.6 Diagnóstico confirmado por necrópsia:

Sim Não Ignorada

4.7 Causas da morte (CID) – PARTE I : Capítulo XV da CID 10

a ______________________ b __________________________

c ______________________ d __________________________

4.8 Causas da morte ( CID) – PARTE II :

___________________________________________________

II- DADOS DO COMITÊ DE INVESTIGAÇÃO DE ÓBITOS

5-ASSISTÊNCIA PRÉ NATAL

5.1 Local:

UBS Convênio Particular Não fez

5.2 Número de consultas de pré-natal

Nenhuma 1-3 consultas 4 – 6 consultas 7 ou + consultas

5.3 Foi considerada gestante de alto risco?

Sim Sim, mas não conseguiu atendimento Não

5.4 Fatores de risco na gravidez

ITU Cardiopatia Gest.Múltipla Toxoplasmose

HAC/ DHEG HIV/AIDS Sífilis Hepatite

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38

Anemia Diabetes Epilepsia Doença pulmonar IGN

6-ASSISTÊNCIA AO PARTO

6.1.Estabelecimento onde ocorreu o parto: _____________________________________

6.2.A gestação terminou em :

Aborto espontâneo Aborto provocado Mola Hidatiforme Parto vaginal

Parto cesáreo Parto Fórceps IGN

6.3 Profissional que assistiu ao parto:

Médico Enfermeiro Parteira Sem assistência

6.4 Houve prescrição de hemoderivados?

Sim Sim ,mas não recebeu Não

6.5. Houve necessidade de UTI?

Sim, foi encaminhada Sim, mas não foi encaminhada Não

7.SÍNTESE DO COMITÊ

7.1. A declaração de óbito original foi corrigida?

Sim Não

7.2. Clasificação do óbito

Óbito Materno Direto Óbito Materno Indireto Óbito Materno Obstétrico Tardio

Inconclusivo IGN

7.3. Falhas identificadas

Planejamento Familiar Pré-natal Assistência ao parto Puerpério

7.4.Classificação da evitabilidade do óbito

Evitável Provavelmente Evitável Provavelmente Inevitável

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Apêndice C: PROJETO

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40

Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Mestrado Profissional em Gestão de Sistemas de Saúde

PROJETO DE PESQUISA

CRISTIANI LUDMILA MENDES SOUSA BORGES

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA MORTALIDADE MATERNA EM

ARACAJU

Aracaju

2011

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41

CRISTIANI LUDMILA MENDES SOUSA BORGES

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA MORTALIDADE MATERNA EM

ARACAJU

Aracaju

2011

Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, Mestrado em Gestão de Sistemas de Saúde, para Exame de Qualificação.

Orientadora: Profª Dra. Maria da Conceição N. Costa.

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42

“A mulher é como um ninho da sociedade; é imaginada como o

espaço figurado onde cresce a vida. Por isso, a saúde

materna é a saúde de todos os seres vivos;a saúde da mulher

é a saúde de todos. Entretanto, parece que em troca de trazer

outra vida ao mundo, ela devia perder a própria vida…”

Martha Gonzáles Cochi

Povo Aimara, Bolívia

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LISTA DE SIGLAS

CMPMMFI: Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e Infantil

CNDSS: Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde

DATASUS: Departamento de Informática do Ministério da Saúde

DNV: Declaração de Nascido Vivo

DO: Declaração de Óbito

DO-O: Declaração de óbito original

CNDSS: Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde

FEBRASGO: Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

MIF: Mulheres em Idade Fértil

MMEIG: Maternal Mortality Estimation Inter-Agency Group

MM: Mortalidade Materna

NV: Nascidos Vivos

ODM: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

OMS: Organização Mundial de Saúde

ONU: Organização das Nações Unidas

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

PAISM: Política de Assistência Integral à Saúde da Mulher

PHPN: Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento

PM: Prefeitura Municipal

PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RMM: Razão de Mortalidade Materna

RIPSA: Rede Interagencial de Informação para a Saúde

SAMU: Serviço de Atendimento de Urgência

SIG: Sistemas de Informações Geográficas

SIM: Sistema de Informação de Mortalidade

SINASC: Sistema de Informação de Nascidos Vivos

SMS: Secretaria Municipal de Saúde

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44

UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNFPA: Fundo de População das Nações Unidas

VIGITEL: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico

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45

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................... 7

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 12

2.1.Aspectos Históricos .......................................................................................... 12

2.2.Situação Epidemiológica .................................................................................. 13

2.3. Fatores de Risco Para a Mortalidade Materna ............................................... 15

3. EVITABILIDADE DO ÓBITO MATERNO ............................................................. 18

4. COMITÊ DE PREVENÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA .............................. 19

5. PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO ..................................................................... 21

6. OBJETIVOS ......................................................................................................... 22

6.1. Objetivo Geral ................................................................................................... 22

6.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 22

7. MARCO TEÓRICO ............................................................................................... 23

7.1. Determinação Social da Saúde ....................................................................... 23

7.2. Espaço geográfico-social e condições de vida ............................................. 25

8. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................ 27

8.1. Desenho do Estudo .......................................................................................... 27

8.2. População e área do estudo ............................................................................ 27

8.3. Fontes de dados .............................................................................................. 67

8.4. Definição de variáveis e indicadores ............................................................. 28

8.5. Instrumento para coleta e registro de dados ................................................ 32

8.6. Procedimentos para análise de dados .......................................................... 32

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46

9. VANTAGENS E LIMITAÇÕES ............................................................................ 34

10. ORÇAMENTO .................................................................................................... 35

11. ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 36

12. CRONOGRAMA ................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 38

APENDICES ............................................................................................................

Apêndice A: Termo de Anuência .......................................................................... 45

Apêndice B: Modelo do instrumento para coleta e registro de dados .............. 46

Apêndice C: Orçamento .......................................................................................... 50

ANEXOS

Anexo A: Modelo Declaração de Óbito ................................................................. 42

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47

RESUMO

A morte materna é definida como o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42

dias após o término desta. Representa um importante problema de saúde nos países

em desenvolvimento e um desafio para os serviços de saúde e a sociedade. Sua

ocorrência reflete e a qualidade da atenção à saúde oferecida às gestantes, além das

condições de vida e de saúde das populações, sinalizando possíveis desigualdades

sociais. Em 2008, a Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Brasil foi de

57,6/100.000 NV e, dos 1685 óbitos maternos contabilizados 37,5 % eram de mulheres

nordestinas e destes, 1,5 % de sergipanas. No mesmo ano, em Aracaju, a RMM foi de

72,7/100.000 NV, valor semelhante às de outras capitais do nordeste. Tendo em vista a

carência de estudos sobre esse tema nesse município, a presente investigação objetiva

analisar as principais características epidemiológicas da mortalidade materna na

referida capital, no período de 2000 a 2009. Trata-se de um estudo descritivo,

transversal, da população feminina de 10 a 49 anos, em que parte da análise será

individual e outra ecológica de base territorial tendo o bairro como unidade de análise.

SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), SINASC (Sistema de Informação de

Nascidos Vivos), Relatórios do Comitê de Morte Materna e IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) serão as fontes de dados. RMM será calculada para o

município de Aracaju. Para causas dos óbitos e variáveis demográficas, de assistência

à saúde e de evitabilidade será calculada a mortalidade proporcional (%). A existência

de desigualdades sociais na distribuição espacial desta mortalidade será avaliada,

através da Razão de Desigualdade, tendo como referência o estrato constituído pelos

bairros de melhores condições de vida. Na análise e processamento dos dados será

utilizado o software SPSS 17.0 enquanto o SPRING 5.17.será empregado na

construção do mapa da distribuição espacial da mortalidade materna.

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48

1. INTRODUÇÃO

A mortalidade materna representa um relevante problema de saúde nos países

em desenvolvimento, constituindo-se em um grande desafio para os serviços de saúde

e para a sociedade. Além de revelar o risco de uma mulher vir a falecer durante a

gestação, parto e puerpério, este indicador também reflete as condições de vida e a

qualidade da atenção à saúde de uma população sinalizando o nível de

reconhecimento das sociedades para com os direitos humanos das mulheres

(VENTURA, 2009).

É um sinalizador da assistência à saúde evidenciando desarticulação,

desorganização e deficiência dos serviços prestados à mulher no ciclo gravídico-

puerperal, nos diferentes níveis de complexidade. Por outro lado, é também um

indicador de iniqüidades, pois não somente é elevada em áreas subdesenvolvidas ou

em desenvolvimento, quando comparada aos valores de áreas desenvolvidas, quanto,

mesmo nestas, existem diferenças entre os diferentes estratos socioeconômicos

(LAURENTI et al,2004).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995), morte materna é a

morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término desta,

independentemente da duração da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado

ou agravado por esta ou por medidas tomadas em relação a ela e resultam de

complicações ocorridas no período gravídico puerperal. Não é considerada morte

materna aquela que é provocada por fatores acidentais ou incidentais. Ainda segundo a

OMS (1995), as mortes maternas são classificadas como obstétricas diretas, quando

resultam de complicações obstétricas durante a gravidez, parto ou puerpério, ou

obstétricas indiretas quando são decorrentes de doenças anteriores à gravidez ou

agravadas pelo efeito fisiológico da gestação.

Apesar de a gravidez ser um processo fisiológico, este produz modificações no

organismo materno cuja natureza o coloca a um passo do patológico, pois caso a

gestante não receba assistência necessária facilmente evoluirá com doença ou

complicações e, às vezes, para a morte. (ALVAREZ BRAVO et al, 1972).

No que pese a complexidade da morte materna, esta é evitável e, portanto,

socialmente inaceitável. A possibilidade de evitar essas mortes oscila entre 90 e 95%,

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49

e está ligada diretamente à qualidade da assistência recebida pela mulher durante a

gestação, pré-parto, parto e puerpério (TANAKA, 1995).

No Brasil, o acesso aos serviços de saúde nos últimos dez anos vem

aumentando de forma expressiva em todos os níveis de atenção, entretanto ainda é

preciso avaliar a qualidade e a efetividade dos atendimentos (VIACAVA, 2010). O

direito à assistência universal à saúde e os mecanismos de racionamento dos gastos

têm como conseqüência a deterioração da qualidade da atenção prestada nos serviços

públicos (ASSIS et al, 2003). Embora o país disponha de recursos humanos e

tecnológicos suficientes para prestar uma boa qualidade de atenção obstétrica e

neonatal, os resultados desta atenção estão abaixo do mínimo desejável (ABENFO,

2009).

Dependendo da região do país, as gestantes morrem, não somente pela falta de

acesso aos serviços de saúde, mas também pela baixa qualidade na assistência

prestada durante o ciclo gravídico-puerperal e no abortamento incompleto, em geral,

decorrente do despreparo de grande parte de profissionais de saúde no pré-natal nos

momentos críticos de emergência obstétrica e, ainda, da ausência de condições

estruturais básicas, como a falta de leitos, equipamentos e transporte para uma

unidade com mais recursos (GALLI, 2005).

A elevada mortalidade materna observada no Brasil, em torno de 57,6 por

100.000 Nascidos Vivos, configura uma violação dos direitos humanos de mulheres e

um grave problema de saúde pública, que atinge desigualmente as regiões brasileiras

e com maior magnitude mulheres das classes sociais com menor renda e acesso aos

bens sociais (BRASIL, 2007). A diminuição desta mortalidade encontra-se entre os

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU (Organização das Nações

Unidas) que visa promover o mais elevado nível de saúde para mulheres e crianças,

por meio da redução em 75% da taxa de mortalidade materna em nível mundial, entre

1990 e 2015, atingindo neste último ano o acesso universal a saúde reprodutiva (ONU,

2002).

Em Aracaju, capital do Estado de Sergipe, a real dimensão e características da

mortalidade materna ainda são pouco conhecidas devido à carência de pesquisas na

área. Assim sendo, e considerando a relevância desse problema no Brasil, justifica-se

a realização de estudos voltados para este segmento populacional com o propósito de

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50

produzir informações que possam contribuir para um maior envolvimento dos membros

da gestão pública e assim garantir a produção de serviços de saúde resolutivos, de

qualidade e acessíveis à população, pois esse é um direito que a nova Constituição do

país lhe assegura.

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51

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos históricos

As iniciativas globais para intensificar políticas públicas para reduzir a

mortalidade materna começaram em 1987, na primeira Conferência Internacional sobre

Maternidade Segura, em Nairobi, no Quênia, na qual foi estabelecida a meta de

redução de 50% nos níveis de mortalidade materna até o ano 2000. Em 1994, a

Conferência Internacional sobre a População e Desenvolvimento, fortaleceu o

compromisso internacional para a saúde reprodutiva. Mas, foi a partir da Declaração

dos Objetivos do Milênio da OMS, que se obteve maior ênfase no enfrentamento do

problema (SCHMIDT, 2010).

Avaliar o progresso em direção à meta cinco dos ODM, entre 1990 e 2015 é

um desafio devido à sub-informação, sobretudo em países em desenvolvimento.

Segundo dados do Maternal Mortality Estimation Inter Agency Group (MMEIG), 2010,

grupo interinstitucional que monitora o alcance dos objetivos do milênio, composto por

OMS, Fundo das Nações Unidas para a Infância(UNICEF), Fundo de

População das Nações Unidas(UNFPA) e Banco Mundial, em 2008, a RMM em

países em desenvolvimento foi de 290 por 100.000 NV, o que representou um declínio

de 34% desde 1990. A queda percentual média anual porém foi de 2,3%, aquém dos

5,5 % anuais necessários ao alcance da meta.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2011), em parceria com

outras organizações, lançou em 2011 a "Iniciativa Maternidade Segura" durante a

reunião dos 50 anos do Conselho Diretor da OPAS. O objetivo dessa iniciativa é, em

nível global, promover o direito das mulheres, mães e recém-nascidos ao mais alto

nível possível de saúde e propor ações para acelerar o progresso no alcance do ODM-

5 usando estratégias como: garantir atenção integral à saúde reprodutiva, incluindo

planejamento familiar e cuidados pós-aborto, e prevenção e tratamento para a violência

baseada no gênero; expandir a proteção social, especialmente para adolescentes e

mulheres excluídas; melhorar a qualidade da assistência ao parto, pré-natal e pós-

parto; reduzir abortamentos inseguros; incluir os contraceptivos, na lista de

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medicamentos essenciais; rever leis sobre saúde sexual e reprodutiva; capacitar e

apoiar as mulheres a exercer o seu direito de tomar suas próprias decisões

reprodutivas; incentivar a participação dos pais e homens, famílias e da comunidade

em esforços para promover a maternidade segura.

No Brasil diversos esforços têm sido feitos no intuito de reduzir a MM. As

primeiras iniciativas de atenção específica à saúde da mulher culminaram com a

Política de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) do Ministério da Saúde, em

1984. Em 2000, foi lançado o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento

(PHPN), que busca concentrar esforços para reduzir as altas taxas de

morbimortalidade materna e perinatal. Nos últimos anos o Ministério da Saúde vem

mantendo o compromisso assumido por meio da implementação de medidas visando

tal objetivo, a saber: Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal

(2004); Portaria Nº 1.172/GM, de 15 de junho de 2004, que regulamenta competências

para o monitoramento dos óbitos infantis e maternos; Portaria Nº1.119/GM de 5 de

junho de 2008, que regulamenta a vigilância dos óbitos maternos e a Portaria

2.669/Pacto pela Saúde de 3 novembro de 2009,que tem como meta investigar 70%

dos óbitos Mulheres em Idade Fértil/MIF (BRASIL, 2009).

2.2 Situação Epidemiológica

A distribuição da mortalidade materna ocorre mundialmente de modo

desigual, sendo cerca de 100 vezes maior em países em desenvolvimento

(905/100.000 NV) em relação aos países desenvolvidos onde se encontra em média de

9 óbitos maternos/100.000 NV (HILL et al, 2007).

Nos Estados Unidos e países do Reino Unido, a Razão de Mortalidade

Materna (RMM) encontrava-se elevada até a década de 30, ao redor de 650/100.000 e

400/100.000 nascidos vivos, respectivamente. Um declínio acentuado foi verificado nos

anos seguintes, atingindo, em 1960, menos de 50 mortes por 100.000 nascidos vivos

(LOUDON, 1992). Em países do norte da Europa tal risco é de 1 em 30.000

(RONSMANS et al, 2006).

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Na Àfrica subsaariana, o risco de uma mulher morrer devido a complicações

de gestação, parto e puerpério é de 1 em 31,contra 1 em 4.300 nos países

desenvolvidos (MMEIG, 2008). Tais diferenças também ocorrem na América Latina e

entre as regiões do Brasil, onde se estima um risco de 1 em 370, considerado

moderado. Informação oriunda da publicação Estatísticas Mundiais de Saúde (OMS,

2010) indica que a RMM em 2005, no Brasil, era de 110 por 100.000 NV,18 vezes

maior que no Japão (6 por 100.000 NV) e 19 vezes menor que em Serra Leoa (2.100

por 100.000 NV).

Em 2010, estimativas da OMS apontam que 90% dos óbitos maternos no

mundo ocorrem na África subsaariana e Ásia e tem como principais causas

hemorragias (34%), hipertensão (18%), sepsemia, (8%) e aborto (9%), relacionadas

com pobreza e falta de acesso à assistência à saúde, sendo considerados evitáveis ou

preveníveis em 98% dos casos (HOGAN, FOREMAN, NAGHAVI, 2010). Na África do

Sul, a mortalidade materna é agravada pela epidemia de HIV/Aids onde, em 2008, uma

em cada três mulheres (32,7%) tinha exame positivo. Esta mortalidade era seis vezes

maior em mulheres HIV-positivas (776 mortes por 100.000 nascimentos) do que em

mulheres HIV-negativas cujo valor é de 124 por 100.000 (BLACK et al, 2009).

Estimativas da World Health Organizacion (WHO, 2008) indicam que, neste ano, a

RMM variou entre 14/100.000 nascidos vivos nos países desenvolvidos e de

590/100.000 NV na África.

De acordo com estimativas das Nações Unidas e do Banco Mundial (2010),

entre 1990 e 2008, a mortalidade materna diminuiu em 41% na América Latina e no

Caribe. Entretanto, a região ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir a

meta proposta pela ONU. Nas Américas, as disparidades entre países desenvolvidos e

em desenvolvimento ficam evidentes quando, em 2005, Canadá e Estados Unidos

apresentavam valores inferiores a 11 óbitos/100.000 NV, países como Bolívia e Peru

chegavam a mais de 200 óbitos e o Haiti tinha uma razão de mortalidade materna de

670 óbitos maternos por 100 mil NV. Em alguns países com situação econômica

desfavorável, como Cuba e Costa Rica, as RMM são substancialmente inferiores

demonstrando que a morte materna pode ser um indicador da decisão política para

garantir a saúde a essa parcela da população (BRASIL,2009). Apesar dos progressos

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significativos cerca de 9.200 mulheres morrem anualmente na América Latina por

causas relacionadas à gravidez (OPAS, 2010).

No Brasil, em 2008, a RMM correspondeu a 57,6/100.000 NV (DATASUS,

2008). Dos 1685 óbitos maternos por todas as causas, 37,6 % eram de mulheres

nordestinas e destes, 1,5 % sergipanas (DATASUS, 2008). Neste mesmo ano, este

indicador em Aracaju foi de 72,7/100.000 NV, valor considerado elevado a exemplo

daqueles de outras capitais nordestinas como Recife (67,4/100.000 NV), Fortaleza

(41,2/100.000 NV) e Salvador (91,4/100.000 NV) (DATASUS 2008), já que o máximo

aceito pela OMS é de 20 óbitos para cada 100.000 nascidos vivos (WHO, 2002). Este

quadro reflete as precárias condições de vida das mulheres dessa região do país e a

necessidade iminente da implementação de políticas públicas de atenção às gestantes.

A OPAS e a OMS consideram ideal um coeficiente de mortalidade materna

de, no máximo, 10 óbitos por 100.000 nascidos vivos; baixo para um coeficiente de

mortalidade materna inferior a 20 óbitos por 100.000 nascidos vivos; médio um

coeficiente entre 20 e 49; alto um coeficiente entre 50 e 149 e muito alto um coeficiente

superior a 150 (OMS,1995).

2.3.Fatores de Risco para a Mortalidade Materna

Segundo Tanaka (2001), os principais fatores que contribuem para a morte

materna podem ser divididos em orgânicos, sociais e assistenciais. Esses fatores estão

intimamente relacionados entre si, constituindo elos de uma cadeia de eventos, cuja

fragilidade é determinada pelo elo mais fraco, que pode, portanto, determinar o risco de

morte.

Dentre os fatores orgânicos destacam-se aqueles relacionados à idade

materna em suas faixas extremas, paridade, abortamentos prévios, características

antropométricas, como a baixa estatura, desnutrição, características raciais e à via de

parto (TANAKA, 2001). Também estão incluídos entre esses fatores, agravos pré-

existentes como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, devendo ser

consideradas, de início, como gestantes de elevado risco.

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Com relação aos fatores assistenciais, a qualidade da assistência ao pré-natal

e ao parto depende tanto da instituição de saúde como do profissional que presta o

atendimento. A instituição de saúde nem sempre está preparada para a atenção

obstétrica e há casos de falta de sangue e derivados. Do estudo das circunstâncias em

que os óbitos ocorrem, pode-se concluir que há uma lacuna na formação obstétrica,

principalmente a básica. Serviços de atenção ao pré-natal, parto e puerpério

desestruturados, com profissionais inexperientes, podem levar a uma demora no

diagnóstico de situações de gravidade aumentando o risco de morte dessas mulheres.

(TANAKA, 2001).

As principais causas de MM são as hemorragias severas (25%), infecções

(15%), abortamento inseguro (13%) e eclampsia (12%), porém outras complicações

podem surgir a exemplo de gravidez ectópica, embolia e doenças pré-existentes

agravando a gestação tais como anemia, HIV/AIDS e doenças cardiovasculares (WHO,

2005).

Por sua vez, as iniqüidades sociais no Brasil, além dos seus aspectos

políticos, sociais e éticos, são, em si, um empecilho para avanços nas condições de

saúde da população (BARRETO; CARMO, 2000). Assim, a vulnerabilidade social

das mulheres a algumas situações de risco é comprovadamente co-fator

determinante de sua morbidade e mortalidade, inclusive para a morte materna.

Alguns desses co-fatores podem variar entre as próprias mulheres. As mulheres

mais pobres estão mais vulneráveis à prática de abortos inseguros e clandestinos

enquanto as mulheres de melhor condição econômica têm acesso a abortos mais

seguros, mesmo que clandestinos. As negras, indígenas e migrantes sofrem maior

discriminação no acesso à saúde (MARTINS, 2006).

Bjorg et al (2008), em estudo realizado na Tanzânia encontraram como

principais fatores de risco para a mortalidade materna naquele país a elevada idade

materna, questões etnicas e religiosas, baixa escolaridade das mulheres e de seus

companheiros.

Segundo a OMS (2008), na Europa e regiões, um dos fatores que tem

contribuído para a manutenção dos níveis da mortalidade materno-infantil é a escassez

de recursos humanos, principalmente da categoria médica por esses estarem

geograficamente mal distribuídos, estando mais concentrados em áreas urbanas. Outro

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fator considerado como relevante é a dificuldade de comunicação entre as redes

assistenciais, prejudicando fluxos de referência e contra-referência entre profissionais

de saúde.

Os determinantes da saúde perinatal e materna são multifacetados. O

principal motivo da elevada mortalidade materna está relacionado com os sistemas de

saúde, que ainda não estão preparados para atender as necessidades da população.

Porém, ainda existem fatores que extrapolam o setor saúde como baixos níveis de

escolaridade, pobreza, violência urbana e deficiência nos serviços de transporte. Por

fim, existem problemas relacionados à própria mulher e suas famílias, por haver falta

de um auto-cuidado e demora na procura dos serviços de saúde (WHO, 2008).

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3. EVITABILIDADE DOS ÓBITOS MATERNOS

Os óbitos maternos são classificados como evitáveis e provavelmente

evitáveis. São identificados como fatores de evitabilidade (BRASIL, 2007):

a) da comunidade e da mulher - questões culturais e religiosas que levam à

falta de reconhecimento da importância do problema ou recusa para procura de

assistência necessária ou em seguir as orientações do profissional de saúde;

b) profissionais: falta de capacitação adequada dos profissionais de saúde

que prestam assistência à gestante, levando à não identificação do risco reprodutivo,

falha diagnóstica e inadequação de procedimentos e tratamentos;

c) institucionais - dificuldades político-administrativas, captação tardia das

gestantes, carência de leitos obstétricos, falta de hemoderivados ou medicamentos e

inexistência de um sistema de referência e contra-referência;

d) sociais - condições socioeconômicas desfavoráveis da mulher;

e) intersetoriais - falta de equipamentos sociais como meios de transporte,

segurança pública e saneamento básico.

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4. COMITÊ DE PREVENÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA

Os Comitês de Morte Materna são organismos de natureza interinstitucional,

multiprofissional e confidencial que visam analisar todos os óbitos maternos e apontar

medidas de intervenção na sua área de abrangência. Representam, também, um

importante instrumento de acompanhamento e avaliação permanente das políticas de

atenção à saúde da mulher. Têm uma atuação técnico-científica, sigilosa, não-

coercitiva ou punitiva, com função eminentemente educativa e de acompanhamento da

execução de políticas públicas (BRASIL, 2007).

A implantação dos Comitês de Mortalidade Materna foi recomendada pela

OMS em 1987, após a Conferência de Nairóbi. Cuba foi o país pioneiro, criando no

mesmo ano o Comitê Nacional de Mortalidade Materna. O Brasil também iniciou o

desenvolvimento dos comitês em 1987, antes da iniciativa da Organização Pan-

Americana de Saúde (OPAS), que em 1990 recomendou a definição de uma política de

assistência integral à saúde da mulher e implementação de um sistema de vigilância da

mortalidade materna. Em 1995, todos os países da América Latina e Caribe já

registravam os comitês de mortalidade materna em graus diferentes de funcionamento

(BRASIL, 2006). Os primeiros comitês no Brasil foram criados em São Paulo, seguidos

pelos Estados do Paraná, Goiás e Rio de Janeiro. Em 1994, houve a criação da

Comissão Nacional de Mortalidade Materna (SCHMIDT, 2010).

O Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e Infantil

(CMPMMFI) do município de Aracaju funciona desde 2001, tendo atuação regular

desde então.Em 2009 foram investigados 76% dos óbitos de mulheres em idade fértil e

100 % dos maternos. É composto por técnicos da Secretária Municipal de Saúde

(Vigilância em Saúde, Programas de Saúde da Mulher e da Criança, Programa de

Saúde da família), do Conselho Regional de Medicina, das maternidades do município,

das universidades e entidades de classes realizando reuniões ordinárias mensais.

(Aracaju, 2010).

Esse Comitê realiza a triagem dos óbitos declaradamente maternos, não-

maternos e presumíveis, e investiga todos os óbitos de mulheres em idade fértil para

identificação de mortes maternas não declaradas. Tal investigação é desenvolvida por

meio de uma equipe que realiza pesquisas em registros de prontuários hospitalares, da

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atenção primária e da rede especializada e em laudos de necropsia, dentre outros

documentos disponíveis, além de entrevistas com familiares e profissionais que

atenderam tais mulheres. Ao final, nos encontros mensais, é feita a análise do óbito

onde se verifica as condições de assistência à mulher, as características da estrutura

social (família e comunidade) e classifica-se o potencial de evitabilidade do mesmo

(Aracaju, 2010).

Essa vigilância epidemiológica sistemática permite a identificação da

magnitude e possibilita a correção da subnotificação dessas mortes, por meio da

alteração e / ou complementação das informações da Declaração de Óbito original

(Anexo A). O CMPMMFI de Aracaju também realiza a divulgação dos relatórios para

instituições e órgãos competentes que possam intervir na redução das mortes

maternas e elabora propostas e medidas de intervenção para a redução das mesmas

(Aracaju, 2010).

A Portaria Nº 1.119, de 5 de Junho de 2008, do Ministério da Saúde,

regulamenta a vigilância epidemiológica dos óbitos maternos, independente do local de

ocorrência, considerando tais mortes como eventos de investigação obrigatória, com o

objetivo de levantar as causas e fatores determinantes e subsidiar a adoção de

medidas de intervenção. Define ainda prazos para as investigações, determinando que

a sua conclusão deva ser em, no máximo, 120 dias e responsabiliza o gestor municipal

por essa vigilância (BRASIL, 2009).

Alguns fatores, porém dificultam o real monitoramento da mortalidade

materna tais como a subinformação das causas dos óbitos, o preenchimento incorreto

das DO e o não preenchimento dos campos 43 e 44 (atual campo 37) que apontam se

a mulher estava em situação gestacional no momento do óbito. No entanto, apenas o

cômputo dos óbitos e a correção de sua subnotificação não têm sido suficiente para

revertê-los, sendo necessário identificar e intervir nos fatores que conduzem à morte

materna, insistindo no detalhamento de cada óbito, reconhecendo os seus

determinantes. Tal prática possibilita a reorganização dos serviços de saúde com

provável superação da problemática da morte de mulheres em decorrência da

gravidez, parto ou puerpério (SOARES et al, 2009).

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5. PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO

5.1. Qual a magnitude da mortalidade materna em Aracaju?

5.2. Como se caracteriza a mortalidade materna segundo fatores demográficos,

socioeconômicos e de atenção à saúde em Aracaju?

5.3. Quais as causas de mortes maternas mais freqüentes nesse município?

5.4. Existem desigualdades sócio-espaciais na distribuição destes óbitos em Aracaju?

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6. OBJETIVOS

6.1. Geral:

Analisar as principais características epidemiológicas da mortalidade materna no

município de Aracaju, no período de 2000 a 2009.

6.2. Específicos

6.2.1. Descrever a mortalidade materna, segundo causa básica, variáveis demográficas

e obstétricas e evitabilidade, em Aracaju, no período de 2000 a 2009.

6.2.2. Identificar a existência de padrões na distribuição geográfica/espacial dos óbitos

maternos de residentes em Aracaju, no período 2000 - 2009.

6.2.3. Verificar a existência de relação entre a distribuição geográfica/espacial dos

óbitos maternos de residentes em Aracaju e as condições de vida da população no

período estudado.

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7. MARCO TEÓRICO

7.1. Determinação social da saúde

A produção da saúde-doença em populações humanas é um processo

dinâmico que engloba múltiplas dimensões tais como, as biológicas, psicológicas,

sócio-culturais, econômicas, ambientais e politicas, variando conforme o tempo, lugar e

cultura, o que torna a sua abordagem bastante complexa. Breilh e Granda (1989)

referem que este processo resulta de um conjunto de determinações que ocorrem na

sociedade, e produz o aparecimento de riscos e potencialidades específicos nos

diferentes grupos sociais, ocasionando perfis de saúde e doença diversos.

Nesta perspectiva, a busca por explicações dos determinantes do

adoecimento em populações compreende avaliar as relações existentes entre sua

distribuição e as condições de vida, na medida em que estas também são influenciadas

por componentes políticos, sociais e de acesso a bens e serviços de saúde. Destaca-

se aqui, o fato de que as condições de vida decorrem de aspectos referentes às

políticas públicas que garantam o atendimento das necessidades básicas (alimentação,

saúde, saneamento, educação, entre outros) e, por conseguinte, vão além das

condições materiais de sobrevivência e do estilo de vida que se relacionam mais

intimamente ao poder aquisitivo individual (PAIM, 1997).

Para Possas (1989), duas dimensões são relevantes na determinação do

perfil epidemiológico de uma população: a inserção produtiva, relativa às condições e

ao processo do trabalho e que tem repercussões diretas e indiretas na saúde, e o

modo de vida, que se desdobra em condições de vida (necessidades materiais para a

sobrevivência relacionadas à nutrição, habitação, saneamento básico e às condições

do meio-ambiente) e estilo de vida (correspondente às formas culturais e sociais que

caracterizam a vida dos indivíduos). Portanto, os indivíduos não são independentes de

seus grupos sociais na escolha dos hábitos de vida. Chor (1999) refere que “os

comportamentos socialmente desejáveis” influenciam as escolhas aparentemente

individuais revelando a força dos hábitos coletivos. Desse modo, torna-se necessário

conhecer os determinantes mais complexos do comportamento humano, além das

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condições materiais de vida dos grupos sociais para que as práticas de promoção da

saúde e de prevenção sejam efetivas (BARATA, 2009).

Após revisões críticas dos modelos de determinação da saúde-doença pela

epidemiologia social, Almeida Filho (2004) elaborou um modelo epidemiológico que

resulta na articulação dos três circuitos dialéticos fundamentais para a compreensão do

processo saúde-enfermidade-atenção nas sociedades: trabalho, reprodução social e

modo de vida. Entende-se que o principal desafio dos estudos sobre as relações entre

determinantes sociais e saúde consiste em estabelecer uma hierarquia de

determinações entre os fatores sociais e as mediações através das quais esses fatores

incidem sobre a situação de saúde, já que a relação de determinação não é uma

simples relação direta de causa-efeito (BUSS E PELLEGRINI, 2007).

Salienta-se que além das abordagens que privilegiam os aspectos materiais

da existência dos indivíduos e da infra-estrutura da sociedade para enfrentar o desafio

de explicar o processo saúde-doença, existem diversos enfoques, a exemplo dos

“ecossociais” ou multinível, aqueles que destacam o enfraquecimento da coesão social

e dos laços de solidariedade e cooperação em sociedades com grandes disparidades,

os que enfatizam fatores psicossociais na geração de problemas de saúde como a

percepção das pessoas sobre sua posição em sociedades desiguais, entre outros.

(CNDSS,2008).

A propósito, as desigualdades sociais em saúde podem ser enfocadas tanto

pela desigualdade refletida pelo estado de saúde, influenciada pela organização social

e pela classe dos indivíduos podendo ser compensada em partes pelas políticas

públicas, como também pelas desigualdades conseqüentes à oferta, acesso e

utilização de serviços de saúde, podendo ser reduzidas ou eliminadas por sistemas de

saúde universais e equânimes (BARATA, 2009).

Assim, considerando que a mortalidade materna é determinada por fatores,

não só biológicos, mas também sócio-econômicos e de atenção à saúde e que, mesmo

estes últimos são mediados pelos anteriores, a presente investigação será

fundamentada na teoria de determinação social saúde, assumindo que as condições de

vida constituem um importante determinante da situação de saúde da população

(POSSAS, 1989) e representam um relevante critério para identificação dos

determinantes dos diferenciais epidemiológicos relacionados à ocupação do espaço

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geográfico-social visto que o padrão espacial de uma cidade é também definido pelas

relações sociais (SANTOS, 1978).

7.2. Espaço geográfico-social e condições de vida

De acordo com Santos (2004, p. 63). o espaço social está contido no espaço

geográfico. Este é [...] “formado por um conjunto indissociável, solidário e também

contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados

isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”. Assim sendo, os

objetos só têm sentido a partir da ação humana, a qual resulta nos objetos e é

realizada sobre eles.

O espaço socialmente construído possibilita a estratificação da população

segundo padrões em geral homogêneos de condições de vida, dependendo do nível de

agregação selecionado. A unidade “espaço-população” tem a possibilidade de ser uma

unidade onde operam os processos determinantes, onde se expressam os problemas

de saúde e se desenvolvem as ações ou respostas sociais a esses problemas

(CASTELLANOS,1992).

Para a epidemiologia social, o espaço é uma totalidade que engloba as

dimensões sociais, culturais e econômicas, transcendendo o seu aspecto

eminentemente geográfico. Assim sendo, o espaço geográfico-social representa uma

perspectiva singular, para a epidemiologia, quando o objetivo é apreender os

processos interativos que permeiam a ocorrência da saúde e da doença nas

coletividades (COSTA E TEIXEIRA, 1999).

Baseado no marco teórico apresentado, que aborda conceitos de espaço

social, determinação social da doença e um importante determinante - a desigualdade

social, o presente estudo pretende realizar parte da análise da mortalidade materna em

Aracaju, utilizando o desenho de estudo de tipo ecológico ou de agregados espaciais,

estratégia de pesquisa epidemiológica que tem o “espaço” como unidade de análise.

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8. MATERIAL E MÉTODO

8.1. Desenho do estudo

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, em que parte da análise será

individual e outra parte será ecológica de base territorial. Esta última terá o bairro como

unidade de análise.

Estudos de corte transversal são investigações que produzem “instantâneos”

da situação de saúde de uma população, ou seja, são estudos epidemiológicos nos

quais fator e efeito são observados em um mesmo momento histórico, reproduzindo,

por conseguinte, indicadores globais de saúde (ALMEIDA FILHO & ROUQUAYROL,

2006).

Os estudos que têm como foco a comparação de grupos ao invés de pessoas

são denominados ecológicos. Estes estudos são ideais para dados de área, como

taxas por área geográfica, além de serem úteis para levantar hipóteses (KATO et al,

2009).

8.2. População e Área do estudo

Será considerada no estudo a população feminina em idade fértil (de 10 a 49

anos), residente em Aracaju, no período de 2000 a 2009.

Esse município, capital do Estado de Sergipe, possui área de 181,80 km²

,encontra-se localizado no litoral e está subdividido em 38 bairros. Segundo estimativa

do IBGE, a população de Aracaju, em 2010, era de 571.149 habitantes (27,6% da

população do Estado), dos quais, 53,5 % do sexo feminino, estando 205.041 mulheres

(67% do total) em idade fértil. Dados do Censo de 2000 mostram que 89,4% da

população é alfabetizada, 92,7% e 96,1% dos domicílios dispunham do serviço público

de abastecimento de água e coleta do lixo produzido, respectivamente, mas somente

35 % contavam com serviços de esgotamento sanitário (IBGE, 2000).

A expectativa de vida ao nascer dessa capital,em 2000, era de 68,7 anos e o

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,794,considerado médio,(PNUD 2000).

Essa capital é apontada pelo Censo Demográfico de 2010 como a cidade nordestina

com maior crescimento de renda per capita nos últimos dez anos e conseqüentemente

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a com menor desigualdade do Nordeste brasileiro (IBGE, 2010). Com relação aos

hábitos de vida, na pesquisa do Ministério da Saúde , intitulada Vigilância de Fatores

de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL, 2009)

foi considerada a capital da qualidade de vida e com menor índice (8%) de fumantes

entre as capitais brasileiras (BRASIL, 2009).

O município é essencialmente urbano não havendo nenhuma localidade com

características rurais. Entre os setores produtivos o de serviços aparece como a

principal atividade da capital: 80% do total. A indústria representa 19,9% do PIB de

Aracaju e a agropecuária tem uma participação inexpressiva: 0,1%. Tem grande

influência econômica ligada a estatais como a Petrobrás. O PIB (Produto Interno Bruto)

foi de R$ 6,94 bilhões em 2008 a preços correntes de mercado (Aracaju, 2010).

Quanto à assistência à saúde, Aracaju possui alguns serviços de

administração própria tais como: 43 Unidades de Saúde com Estratégia de Saúde da

Família que cobre 96% da população, Serviço de Atendimento Municipal de urgência

(SAMU), Rede de Atenção Especializada em Saúde e Rede de Atendimentos de

Urgências e Emergências. Existem quatro estabelecimentos de saúde públicos com

internação e 16 estabelecimentos de saúde privados com internação. Dos 2.306 leitos

hospitalares, 623 (27 %) são públicos (IBGE, 2009). Os serviços de atenção obstétrica

em nível terciário são contratados em sistema de co-gestão e atualmente são um total

de 243, sendo 80% do SUS (Aracaju, 2010).

Em 2009, a taxa de mortalidade infantil de Aracaju foi de 16,7/1.000 Nascidos

Vivos e a Razão de Mortalidade Materna foi de 114/100.000 Nascidos vivos (Aracaju,

2009).

8.3. Fontes de dados

8.3.1. Sistema de Informação de Mortalidade/SIM (alimentado pelas informações das

Declarações de Óbito).

8.3.2. Relatórios do Comitê de Investigação de Óbitos Maternos, os quais se baseiam

em informações produzidas por investigações de:

Óbitos maternos declarados (cuja causa de morte indica o estado gravídico-

puerperal no momento do óbito) por ano;

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67

Óbitos não declarados como causa materna (sem registro do estado gravídico-

puerperal no momento do óbito, porém evidenciado após análise do Comitê) por ano;

Óbitos identificados pelo Comitê por meio de entrevistas com as famílias,

investigações em prontuários e entrevistas médicas nos serviços de saúde, por ano.

8.3.3. Sistema de Informações de Nascidos Vivos/ SINASC

Número de nascimentos vivos no período estudado, por ano - DATASUS

8.3.4. CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) – DATASUS

8.3.5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE

Indicadores populacionais, demográficos e sócio-econômicos

Censos Demográficos dos anos de 2000 e 2010 (IBGE)

8.4. Definição de variáveis e indicadores

8.4.1. Variáveis: idade, bairro de residência, raça, escolaridade, número de consultas

de pré-natal, data e local do óbito, causas básicas de morte (CID 10) e evitabilidade,

dentre outras que podem ser observadas no instrumento de coleta de dados (Apêndice

B).

8.4.2. Indicadores:

a) De Mortalidade

Razão de Mortalidade Materna (RMM) por 100.000 nascidos vivos, conforme

fórmula abaixo:

RMM = óbitos por causas maternas x 100.000

N° de NV no período

Proporção de óbitos Maternos em relação ao total de óbitos de Mulheres em

Idade Fértil (MIF).

b) De Assistência à Saúde

Proporção de partos cesáreos

Percentual de partos cesáreos do total de partos hospitalares, no ano

considerado

Cobertura de consultas de pré-natal

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Distribuição percentual de mulheres com filhos nascidos vivos segundo o

número de consultas de pré-natal, na população residente em Aracaju, no ano

considerado.

c) Sócio-econômicos

A existência de desigualdades sociais na distribuição espacial da mortalidade

materna será avaliada, a partir de duas variáveis proxy de condições de vida: o capital

econômico e o capital cultural. Estes constructos foram desenvolvidos por Bourdieu

(2007), segundo o qual, as classes e frações de classes de indivíduos situam-se no

espaço social em posições definidas, particularmente, pela quantidade e composição

do seu capital econômico e cultural.

Tendo como referência o estudo feito por Silva et al 1999 ,faremos uma

aproximação dessas categorias utilizando as variáveis renda e grau de instrução do

chefe da família,obtidas do Censo Demográfico de 2000.Usaremos tal censo em

virtude do IBGE ainda não ter disponibilizado os dados referentes ao ano de 2010.

A estratificação será feita em três etapas:

Etapa 1 : Cálculo da proporção de famílias segundo faixa de renda do chefe por

bairro,classificando-os nos seguintes estratos:

1) Capital Econômico Baixo (CEB): sem rendimento e com rendimento de até 2

salários-mínimos (inclusive);

2) Capital Econômico Médio (CEM): rendimento superior a 2 até 5 salários-mínimos

(inclusive);

3) Capital Econômico Alto (CEA): rendimento superior a 5 salários- mínimos.

Cada bairro será classificado em um dos três estratos, tendo em vista a maior

proporção de famílias com CEB, CEM ou CEA.

Etapa 2 : Cálculo da proporção de famílias segundo grau de instrução do chefe por

bairro,classificando-os nos seguintes estratos:

1) Capital Cultural Baixo (CCB): sem instrução ou até 7 anos de estudo (fundamental

incompleto);

2) Capital Cultural Médio (CCM): 8 a 14 anos de estudo, (fundamental e médio

completos) ;

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3) Capital Cultural Alto (CCA): 15 anos de estudo e mais (superior completo,

mestrado ou doutorado).

Etapa 3 : Alocação dos bairros considerando as duas variáveis (renda e grau de

instrução) a partir da composição (maior proporção no bairro) do capital econômico e

capital cultural. Por fim estes serão classificados em quartis, em ordem

decrescente,como no exemplo abaixo:

Classificação dos estratos sociais

em quartis

Estrato social alto (CCA/CEA) I

Estrato social intermediário (CCM/CEA) II

Estrato social baixo (CCM/CEB) III

Estrato social muito baixo (CCB/CEB) IV

Os bairros cuja diferença entre as proporções forem menores que 10% serão

distribuídos nos estratos sociais através de sorteio.

8.5. Instrumento para coleta e registro de dados

Para a coleta e registro das informações obtidas nas Declarações de óbito e

nos relatórios de investigação do Comitê Municipal de Investigação de óbitos será

utilizado formulário elaborado para tal fim (Apêndice B).

8.6. Procedimentos para análise de dados

A magnitude dos indicadores de mortalidade materna para o município de

Aracaju será comparada com a de outras capitais do Brasil, a do país e também com a

de outros países. A seguir, as principais características (demográficas, de assistência à

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saúde e de evitabilidade) desta mortalidade no município serão descritas pela

distribuição (nº e %) das variáveis analisadas.

A análise das principais causas de óbitos maternos, distribuição etária e

variáveis socioeconômicas e de atenção à saúde será efetuada mediante emprego da

mortalidade proporcional.

Visando a identificar existência de desigualdade na distribuição espaço-social

desta mortalidade e, por conseguinte, grupos populacionais de maior risco, os óbitos

maternos serão agregados por bairros de residência classificados segundo quartis de

condições de vida. Devido ao pequeno número anual desses óbitos nesse nível de

agregação, as respectivas RMM, para cada quartil de condições de vida por bairro,

serão calculadas para o período 2000-2009, de modo a conferir maior estabilidade aos

mesmos. Em seguida, será calculada a Razão de Risco de Mortalidade Materna, tendo

como referência o agregado de bairros (estrato) de melhor condição de vida. Este

indicador permitirá evidenciar a existência de desigualdade social na mortalidade

materna. Esses dados também serão representados graficamente em mapa do

município, para facilitar a visualização espacial das desigualdades porventura

existentes.

O processamento e a análise dos dados serão realizados mediante utilização

do software SPSS - Statistical Package for the Social Sciences, versão 17.0. Para a

construção do mapa da distribuição espacial da mortalidade materna, as RMM serão

exportadas para o software SPRING versão 5.17, que é um SIG (Sistema de

Informações Geográficas) com funções de processamento de imagens, análise

espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais.

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9. VANTAGENS E LIMITAÇÕES

Os estudos sobre mortalidade apresentam diversas limitações apesar de

serem muito representativos na avaliação das condições de vida de uma determinada

população.

Uma das limitações está relacionada à subinformação no preenchimento da

DO com subregistros de variáveis como cor, escolaridade e estado gestacional no

momento do óbito.

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10. ORÇAMENTO

O projeto será desenvolvido exclusivamente pelo autor e não serão

necessários recursos financeiros de qualquer instituição, ver Apêndice C.

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11. ASPECTOS ÉTICOS

Este Projeto será submetido para aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva (CEP/ISC). Em virtude do objeto do estudo, a

mortalidade materna, os dados serão coletados em declarações de óbitos de mulheres

em idade fértil ocorridos no período da pesquisa, não representando, portanto riscos

para estas.

Como além dos dados de sites de acesso livre como IBGE e DATASUS,

serão utilizados dados dos Relatórios do Comitê de Mortalidade Materna onde consta o

nome das gestantes falecidas, serão assegurados a confidencialidade e o sigilo das

informações obtidas, utilizando-os apenas para os propósitos deste estudo e

posteriormente para publicação na comunidade local e nos meios de divulgação de

trabalhos científicos. Serão obedecidas as normas da Declaração de Helsinque e da

resolução Nº 196 /96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que normatiza a

pesquisa envolvendo seres humanos.

Por fim será solicitada à presidente do Comitê Municipal de Investigação de

óbitos a avaliação do projeto e assinatura do Termo de anuência (Apêndice A) que

autoriza o acesso aos diversos documentos e relatórios do referido Comitê.

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12. CRONOGRAMA

2010 2011 2012

ATIVIDADES Nov/Dez Jan/Fev Mar/Abr Mai/Jun Jul/Ago Set / out Nov/Dez Jan/Fev Mar

Elaboração do projeto

Revisão da literatura

Qualificação do Projeto

Coleta, armazenamento e

tabulação dos dados

Análise dos dados

Redação do artigo

Apresentação do artigo

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APÊNDICE A: Termo de anuência - Autorização para Coleta de Dados

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Saúde Coletiva

Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva

Termo de anuência - Autorização Para Coleta de Dados

Aracaju,01 de setembro de 2011

À

Presidente do Comitê Municipal de Investigação de óbitos materno-infantis

Dra Ângela Marinho Fontes

Prezada Senhora,

Venho por meio deste solicitar a vossa autorização para acesso aos documentos e relatórios

do Comitê Municipal de Investigação de óbitos materno-infantis da Secretaria Municipal de Saúde de

Aracaju,com o intuito de coletar dados para o projeto de dissertação intitulado: Características

Epidemiológicas da Mortalidade Materna em Aracaju.

Observo que será garantido o sigilo das informações obtidas e que a coleta será iniciada após

a aprovação do estudo no Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da

Universidade Federal da Bahia.

Ressalto que os dados obtidos serão apresentados posteriormente a esta instituição.

Agradeço desde já a colaboração e coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos

que se fizerem necessários.

Atenciosamente,

Cristiani Ludmila Mendes Sousa Borges

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APÊNDICE B: Modelo do instrumento para coleta e registro de dados

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Saúde Coletiva

Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva

Instrumento de Coleta de Dados

Projeto: Mortalidade materna em Aracaju, 2000-2009

Iniciais (Nome): Número / Ano :

I – DADOS OBTIDOS DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO (CORRIGIDA)

1-IDENTIFICAÇÃO

1.6 Data ocorrência ( mês e ano ): ______/______/_____

1.7 Estado civil:

Casada Solteira União Estável

1.8 Faixa etária (anos):

< 20 De 20 à 29 De 30 à 39 S > 40

1.9 Escolaridade:

Nenhuma Fundamental Médio Superior

1.10 Raça / cor:

Branca Negra Parda Indígena Amarela Ignorada

1.6.Ocupação:___________________________________________

2-LOCAL DE RESIDÊNCIA DA FALECIDA

2.1. Bairro de residência:

3-LOCAL DE OCORRÊNCIA DO ÒBITO

Hospital Maternidade Nome do estabelecimento: ____________________________

Via Pública Domicílio

4-CONDIÇÕES E CAUSAS DO ÓBITO

4.9 Óbito declarado:

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84

Sim Não Ignorado

4.10 A morte foi no puerpério:

Sim (Até 42 Dias) Sim (43 Dias a 1 Ano) Não Ignorada

4.11 Recebeu assistência médica durante a doença que levou a morte:

Sim Não Ignorada

4.12 Diagnóstico confirmado por exames complementares:

Sim Não Ignorada

4.13 Diagnóstico confirmado por cirurgia:

Sim Não Ignorada

4.14 Diagnóstico confirmado por necrópsia:

Sim Não Ignorada

4.15 Causas da morte (CID) – PARTE I : Capítulo XV da CID 10

a ______________________ b __________________________

c ______________________ d __________________________

4.16 Causas da morte ( CID) – PARTE II :

___________________________________________________

II- DADOS DO COMITÊ DE INVESTIGAÇÃO DE ÓBITOS

5-ASSISTÊNCIA PRÉ NATAL

2.3 Local:

UBS Convênio Particular Não fez

2.4 Número de consultas de pré-natal

Nenhuma 1-3 consultas 4 – 6 consultas 7 ou + consultas

2.5 Foi considerada gestante de alto risco?

Sim Sim, mas não conseguiu atendimento Não

2.6 Fatores de risco na gravidez

ITU Cardiopatia Gest.Múltipla Toxoplasmose

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85

HAC/ DHEG HIV/AIDS Sífilis Hepatite

Anemia Diabetes Epilepsia Doença pulmonar IGN

6-ASSISTÊNCIA AO PARTO

6.1.Estabelecimento onde ocorreu o parto: _____________________________________

6.2.A gestação terminou em :

Aborto espontâneo Aborto provocado Mola Hidatiforme Parto vaginal

Parto cesáreo Parto Fórceps IGN

6.3 Profissional que assistiu ao parto:

Médico Enfermeiro Parteira Sem assistência

6.4 Houve prescrição de hemoderivados?

Sim Sim ,mas não recebeu Não

6.5. Houve necessidade de UTI?

Sim, foi encaminhada Sim, mas não foi encaminhada Não

7.SÍNTESE DO COMITÊ

7.1. A declaraçõ de óbito original foi corrigida?

Sim Não

7.2. Clasificação do óbito

Óbito Materno Direto Óbito Materno Indireto Óbito Materno Obstétrico Tardio

Inconclusivo IGN

7.3. Falhas identificadas

Planejamento Familiar Pré-natal Assistência ao parto Puerpério

7.4.Classificação da evitabilidade do óbito

Evitável Provavelmente Evitável Provavelmente Inevitável

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Apêndice C: Orçamento do Projeto

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Saúde Coletiva

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Mestrado Profissional em Gestão de Sistemas de Saúde

Projeto de pesquisa :Características Epidemiológicas da Mortalidade Materna em

Aracaju

ORÇAMENTO Valor em R$

R$ 138,00

1. Material de Consumo

Especificação Quantidade Unitário Total

Resma de Papel ofício A4 02 R$ 14,00 R$ 28,00

CD 05 R$ 2,00 R$ 10,00

Sub-total R$ 38,00

2. Serviços Terceiros Pessoa Física

Especificação Quantidade Unitário Total

Não utilizado 01 R$ R$

Sub-total R$ 0,00

3. Serviços Terceiros Pessoa Jurídica

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Especificação Quantidade Unitário Total

Impressão + encadernação 10 R$ 10,00 R$ 100,00

Sub-total R$ 100,00

TOTAL GERAL

R$ 138,00

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ANEXOS

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ANEXO A – FORMULÁRIO DECLARAÇÃO DE ÓBITO


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