UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
Colegiado dos Cursos de Graduação em Geografia
NIÉDJA SODRÉ DE ARAÚJO
ESTUDO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS (BA)
FACE À COBERTURA E USO DA TERRA
Salvador - Bahia
2015
NIÉDJA SODRÉ DE ARAÚJO
ESTUDO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS (BA)
FACE À COBERTURA E USO DA TERRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Graduação em Geografia como requisito
parcial para obtenção do Grau de Bacharel em
Geografia pela Universidade Federal da Bahia.
Orientadora: Profa. Dra. Dária Maria Cardoso Nascimento
Salvador - Bahia
2015
TERMO DE APROVAÇÃO
NIÉDJA SODRÉ DE ARAÚJO
ESTUDO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS (BA)
FACE À COBERTURA E USO DA TERRA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Geografia como requisito parcial para
obtenção do Grau de Bacharel em
Geografia pela Universidade Federal da
Bahia.
APROVADO EM: 26 de novembro de 2015
Banca Examinadora:
Dária Maria Cardoso Nascimento, Orientadora ___________________________________
Profa. Dra. em Geologia, Universidade Federal da Bahia
Antônio Lúcio Bentes da Fonseca, Membro ______________________________________
Msc. em Climatologia, Pesquisador em Informações Geográficas, Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.
Erika do Carmo Cerqueira. Membro ___________________________________________
Profa. Msc. em Engenharia Ambiental Urbana, Universidade Federal da Bahia
AGRADECIMENTOS
A Geografia me proporcionou entender como nosso planeta é singular, sua magnitude e
seus fenômenos, assim como reconhecer a complexidade das relações sociais, políticas,
culturais, econômicas e histórias presentes em determinado tempo e espaço geográfico.
Nesta monografia existe um pouco de cada disciplina cursada, das experiências adquiridas
na academia de Geografia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), nos projetos do
Grupo de Pesquisa: Cartografia Aplicada a Estudos Ambientais e Ensino e durante o
estágio em Cartografia e Geodésia no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Significa mais do que um trabalho de conclusão de curso, finalizo uma etapa em
minha vida e por esta razão muitos contribuíram para que este passo fosse alcançado.
Agradeço a Deus por todas as bênçãos que tem me dado e por tranquilizar meu coração nos
momentos que mais preciso. Agradeço aos meus pais Márcia e Edivaldo pelo amor,
confiança e por me incentivarem a estudar mesmo diante das adversidades. Sinto-me
agradecida aos que abriram portas para possibilitar a continuidade dos estudos: meus
padrinhos Maristela e Aécio, amigos Rose e Lázaro, meus tios Sodré (em memória) e
Eliana. Agradeço aos meus primos Marcela, Tiago e Tainara pela convivência,
solidariedade e acolhimento quando eu ainda sonhava ingressar na UFBA. Agradeço a Pró-
Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA, pelos direitos que
garantiram minha permanência na universidade, sobretudo o Serviço de Residência
Universitária e bolsas de pesquisa e extensão pela UFBA e CNPq. Agradeço aos
professores que acompanharam minha formação antes da graduação e durante, ouvindo,
aconselhando e compartilhando seus conhecimentos. Agradeço em especial à minha
professora orientadora - Dária Cardoso - pela dedicação, paciência, sabedoria, carinho,
atenção e generosidade durante os 6 anos de orientação, desde a licenciatura em Geografia
até a conclusão do Bacharelado, sempre acreditando em meu potencial, apresentando
novos desafios para progredirmos, sem medir esforços, distância, tempo e investimento.
Agradeço aos pesquisadores do Laboratório de Cartografia da UFBA (LACAR) pela
parceira, incentivo e convivência. Agradeço aos amigos do IBGE/UE/BA, em especial do
setor de Cartografia e Geodésia, pelo apoio, conselhos e afetividade. Agradeço a Fernando
Yamaguchi/IBGE por ter me auxiliado na etapa do Processamento Digital de Imagem para
esta monografia, a Lúcio Bentes/IBGE e aos tecnologistas/pesquisadores/IBGE do setor de
Recursos Naturais por sempre compartilharem informações importantes para esta e outras
pesquisas realizadas, assim como agradeço a Dionísio Júnior/IBGE e Márcio
Bonifácio/IBGE por me auxiliarem nos estudos de cartografia e geodésia. Agradeço à
Prefeita Cristina Sodré pelo apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Agricultura em alguns trabalhos de campo, assim como ao meu irmão Maurício e a
Olderico Barreto por me acompanharem nos trabalhos de campo independente. Agradeço
aos colegas e amigos da Residência Universitária (Resi), principalmente da R5, pelo
companheirismo, celebrações, disponibilidade de muitos em compartilhar conhecimento
acadêmico e popular, bem como, pela aprendizagem adquirida durante a convivência e
pela homenagem da minha formatura em licenciatura, realizada pela R5 em 2014.
Agradeço aos amigos Vera e Dilton, Laíse, Joana, Carmem, Caroline e Vila, Raija, Helena
e Elisa pelo carinho valioso principalmente durante esse tempo em que estou longe de
casa. Agradeço a minha irmã Érika; avós (em memória) e Dinda Maria; tios, primos,
amigos por se orgulharem de mim e por me incentivarem a realizar a graduação em
Geografia. Sinto-me feliz e honrada por tantas pessoas queridas celebrarem esta alegria
comigo! =D
RESUMO
O município de Brotas de Macaúbas está localizado na Chapada Diamantina - Estado da
Bahia, entre as coordenadas geodésicas 11° 40’ a 12° 40’ de Latitude Sul e 42° 00’ a 42°
60’ de Longitude a Oeste de Greenwich, possui 2.367,56 km² e distancia-se 600 km da
capital Salvador. Este trabalho discorre sobre os tipos de cobertura e uso da terra existentes
no município de Brotas de Macaúbas (BA) e os principais impactos ambientais associados.
Obtiveram-se referências bibliográficas e dados de órgãos públicos como o Manual
Técnico de Uso da Terra (IBGE) e dados de folhas topográficas (IBGE), disponibilizadas
pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) para atualização da
base cartográfica e mapeamento da cobertura e uso da terra publicado na escala 1: 250.000.
No Software SPRING combinaram-se as bandas 6, 5 e 4, ordem RGB, da imagem orbital
Landsat8, órbita 218, ponto 68, de agosto de 2014, disponibilizadas pelo Serviço
Geológico dos Estados Unidos (USGS). No Software Spectral Transformer Landsat8
realizou-se a fusão da banda pancromática com a imagem resultante da combinação,
obtendo-se uma resolução espacial final de 15m. Posteriormente, no SPRING realizaram-
se a segmentação e classificação não supervisionada que originaram automaticamente 19
classes. No Software ArcGis as classes foram generalizadas para apresentar as seguintes
classes sendo a menor unidade de mapeamento 1,56km²: Áreas Urbanizadas, Culturas
Temporárias, Pastagens (associada a culturas temporárias), Área Campestre I (predomínio
de Savana-Estépica), Área Campestre II (contato entre Savana Arborizada e Savana-
Estépica), Áreas Descobertas e adicionaram-se os polígonos georreferenciados de
Explotação Mineral (DNPM, 2014) referentes a Áreas de Concessão de Lavra e incluíram-
se simbologia para mineração e complexo industrial eólico. Destacaram-se a cobertura
vegetal (64,02%), os tipos Pastagens (15,80%) e Cultura Temporária (15,18%). As áreas
Urbanizadas, e Áreas Descobertas totalizam apenas 5,0%. Realizaram-se atividades de
campo para identificar os principais impactos associados aos usos da terra e reambulação
das informações. Dentre os impactos negativos identificados em trabalho de campo está o
comprometimento da qualidade da água do riacho de Brotas no período chuvoso, pelo
despejo “in natura” de efluentes diversos da área urbana sem tratamento nesse riacho,
assim como poluição visual e do ar pelo descarte e queima de resíduos sólidos a céu aberto
nas margens de trajetos rodoviários e em locais turísticos; modificação da paisagem e
produção de ruídos ocasionados pela mineração; condições insalubres de trabalho em
minas subterrâneas e desvalorização da atividade garimpeira. Dentre os impactos positivos:
melhoria da renda local pela transferência de royalties do Parque Eólico para proprietários
de áreas onde há torres instaladas e execução de projetos sociais em torno do complexo
eólico. Embora o município seja muito extenso e outros mapeamentos possam ser
realizados e somados ao conhecimento produzindo para resultados mais detalhados,
espera-se que este trabalho possa auxiliar na gestão e planejamento do território de Brotas
de Macaúbas (BA).
Palavra-chave: Brotas de Macaúbas, Uso da Terra, Impactos Ambientais.
ABSTRACT
Brotas de Macaúbas is a municipality located in Chapada Diamantina - Bahia, between
geodetic coordinates 11 ° 40 'to 12 ° 40' South Latitude and 42 ° 00 'to 42 ° 60' longitude
west of Greenwich, has 2.367,56 square kilometers and is 600 km from distance of the
capital Salvador. This monograph discusses the types of coverage and land use existing in
municipality of Brotas of Macaúbas and the environmental impacts associated. To this
research were obtained bibliographic references and government agencies’s data such as
the use of technical manual of the Land Coverage and land use (IBGE) and data
topographic sheets (IBGE), provided by the Superintendency of Economic and Social
Studies of Bahia (SEI) to update the cartographic base and mapping of land use published
in the 1: 250.000 scale. In Software SPRING combined if the bands 6, 5, 4, RGB order, the
orbital image Landsat8, orbit 218, spot 68, August 2014, available by Geological Survey of
the United States (USGS). In the Software Spectral Transformer Landsat8 held fusion of
panchromatic band with the resulting combined image to obtain a end spatial resolution of
15m. Later in the SPRING did performed segmentation and unsupervised classification
which automatically gave 19 classes. In Software ArcGIS classes were generalized to
present the following classes with with mapping unit equal or greater than 1,56km²:
Urbanized Areas, Temporary Farming, Pastures (associated with temporary farming), Area
Campestre I (predominance of Savannah-Steppe), Area Campestre II (contact Tree
between Savannah and Savannah-Steppe) Areas Discoveries and added the georeferenced
polygons of Mineral Exploitation (DNPM, 2014) relating to mining areas and included up
symbology for mining and park of wind power. Vegetation cover stood out (64.02%), the
pasture (15,80%) and Temporary Farming (15,18%). The Urbanized areas and Areas
Discovery total only 5,0%. There were field activities to identify key impacts associated
with land uses and validate the informations. among the negative impacts are alteration
environmental quality especially in the stream of Brotas in rainy season by receive
effluents untreated of urban area; discard of solid waste in the open on the banks of road
and spots tourist; landscape modification and production of noise caused by mining;
unhealthy working conditions in underground mines and not valorization of artisanal
mining activity. Among the positive impacts: improving the local economy by royalties
transferred to farm owners with installed towers in private areas and implementation of
social projects around the wind farm. Although the city is very extensive and other
mappings can be made and added to the knowledge producing for more detailed results, it
is expected that this work will assist in the management and planning of the Brotas de
Macaúbas’s Territory.
Key-words: Brotas de Macaúbas, Land Use, Environmental Impacts.
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Detalhamento da Classificação de Cobertura e Uso da Terra no município de
Brotas de Macaúbas (BA).................................................................................................... 22
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Principais Variáveis utilizadas no cálculo do IPS, Brotas de Macaúbas (BA) -
2010 ..................................................................................................................................... 37 Tabela 02: Principais Variáveis utilizadas no cálculo do IPE, Brotas de Macaúbas (BA) -
2010. .................................................................................................................................... 38 Tabela 03: Distribuição da Cobertura e Uso da Terra no município ................................... 39
Tabela 04: Produção de Cultura Temporária 2014 no município de Brotas de Macaúbas
(BA). .................................................................................................................................... 46 Tabela 05: Produção pecuária 2014, município de Brotas de Macaúbas (BA). .................. 49 Tabela 06: Produção de Extração Vegetal, município de Brotas de Macaúbas (BA). ........ 53
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Representação Percentual da Cobertura e Uso da Terra em Brotas de Macaúbas
(BA). .................................................................................................................................... 40
LISTA DE FOTOS
Foto 01: Praça da Bíblia, área urbana da sede municipal, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 43 Foto 02: Vista horizontal do complexo industrial eólico, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 43 Foto 03: Garimpeiros sobre pilha de rejeito, localidade de Buriti Cristalino, município de
Brotas de Macaúbas (BA).................................................................................................... 44 Foto 04: Cultivo de mandioca fazenda de Buriti Cristalino, município de Brotas de
Macaúbas (BA). ................................................................................................................... 46 Foto 05: Cultivo de cana-de-açúcar, fazenda de Pé do Morro, município de Brotas de
Macaúbas (BA). ................................................................................................................... 46
Foto 06: Fundo e fecho de pasto, lugarejo de jatobá, município de Brotas de Macaúbas
(BA). .................................................................................................................................... 48
Foto 07: Pastagem plantada na Faz. São Tomé, município de Brotas de Macaúbas (BA) 48 Foto 08: Umbuzeiros próximos ao povoado Araci e Savana Estépica, município de Brotas
de Macaúbas (BA) ............................................................................................................... 50 Foto 09: Savana-Estépica próxima da fazenda Água Verde, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 51 Foto 10: Pequizeiro próximo ao povoado de Buriti Cristalino, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 52 Foto 11: Murundus, município de Brotas de Macaúbas (BA) ............................................. 54 Foto 12: Açude de Brotas, município de Brotas de Macaúbas (BA) .................................. 55
Foto 13: Área queimada próximo ao povoado de Cristalândia, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 56
Foto 14: Lajedo, próximo de Pé do Morro, Município de Brotas de Macaúbas (BA) ........ 56 Foto 15: Lixo encontrado em trabalho de campo no Lajedo, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 57 Foto 16: Criação de bovinos em área de vale seco (riacho de Brotas), em período de
estiagem, onde são lançados efluentes urbanos, município de Brotas de Macaúbas (BA) . 57
Foto 17: Área de lixão da sede municipal de Brotas de Macaúbas (BA) ............................ 58 Foto 18: Resíduos sólidos à beira de estrada próxima ao povoado de Cristalândia,
município de Brotas de Macaúbas (BA).............................................................................. 59 Foto 19: Mina do Ioiô, próximo de Buriti Cristalino, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 60
Foto 20: Extração de Quartzito no povoado de Araci, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 60
Foto 21: Instrumentos utilizados pelos garimpeiros, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 68
Foto 22: Mina do Bojo Vermelho próxima de Buriti Cristalino, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 68 Foto 23: Semijoias simples produzidas por chineses, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 70 Foto 24: Rutilo extraído em mina administrada pela CASEF, município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 70
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Procedimentos metodológicos. .......................................................................... 19 Figura 03: Arte Rupestre em pintura, município de Brotas de Macaúbas (BA) ................. 33 Figura 02: Arte Rupestre em Gravura, município de Brotas de Macaúbas (BA) ................ 33 Figura 04: Perfis Econômico e Social do Estado da Bahia, 2014. ...................................... 36 Figura 05: Área urbana da sede municipal, em imagem orbital município de Brotas de
Macaúbas (BA) .................................................................................................................... 43 Figura 06: Vista vertical do complexo industrial eólico, em imagem orbital, município de
Brotas de Macaúbas (BA).................................................................................................... 43 Figura 07: Localização de Garimpo em imagem orbital, próximo ao povoado de Buriti
Cristalino, município de Brotas de Macaúbas (BA) ............................................................ 44
Figura 08: Localização de mina a céu aberto em imagens orbitais, a 6 km da sede do
município de Brotas de Macaúbas (BA).............................................................................. 45
Figura 09: Cultivos Temporários em imagem orbital, localidades de Buriti Cristalino e Pé
do Morro, município de Brotas de Macaúbas, (BA). .......................................................... 47 Figura 10: Pastagem entre áreas de Culturas Temporárias, próximo da Localidade de
Barriguda, município de Brotas de Macaúbas (BA)............................................................ 48
Figura 11: Savana-Estépica em imagem orbital, município de Brotas de Macaúbas (BA) 50 Figura 12: Áreas de Savana Arborizada, em imagem orbital, indicadas pelas setas dentro
da área do município de Brotas de Macaúbas (BA) delimitada por linha tracejada. .......... 52 Figura 13: Área com murundus em imagem orbital, município de Brotas de Macaúbas
(BA) ..................................................................................................................................... 54
LISTA DE MAPAS
Mapa 01: Relevo do município de Brotas de Macaúbas, Bahia. ......................................... 31 Mapa 02:Uso e Cobertura da Terra do Município de Brotas de Macaúbas – Bahia, 2015 . 42 Mapa 03: Processos Minerários, município de Brotas de Macaúbas, 2015 – Bahia. ......... 65
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15 1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................. 17 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 17
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 17 2. METODOLOGIA .......................................................................................................... 18 2.1 Materiais e Métodos ...................................................................................................... 18 2.1.1 Processamento Digital de Imagem e Base Cartográfica ............................................. 19 2.1.2 Mapeamento da Cobertura e Uso da Terra ................................................................. 21
2.1.3 Trabalhos de Campo ................................................................................................... 23 2.1.4 Método Hipotético-Dedutivo ...................................................................................... 23
3. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO E EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA .................. 25 4. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA ...................................................................... 28 4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................. 28 4.2 CLIMA .......................................................................................................................... 28
4.3 HIDROGRAFIA ............................................................................................................ 29 4.4 GEOLOGIA E RELEVO .............................................................................................. 29
4.5 SOLOS .......................................................................................................................... 32 4.6 SITIOS ARQUEOLÓGICOS ........................................................................................ 33 4.7 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ............................................................................ 34
5. COBERTURA E USO DA TERRA ............................................................................. 39 5.1 DESCRIÇÃO DA COBERTURA E USO DA TERRA .............................................. 39
5.2 ÁREAS URBANIZADAS ............................................................................................ 43 5.3 ÁREAS DE CONCESSÃO DE LAVRA ...................................................................... 44
5.4 CULTURAS TEMPORÁRIAS ..................................................................................... 45 5.5 PASTAGENS (associadas a Culturas Temporárias) ..................................................... 47 5.6 ÁREA CAMPESTRE I (predomínio de Savana-Estépica) ........................................... 49
5.7 ÁREA CAMPESTRE II (contato entre Savana Arborizada e Savana-Estépica ........... 51 5.8 ÁREAS DESCOBERTAS ............................................................................................. 53
6. IMPACTOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS AOS USOS DA TERRA ................... 56 6.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE ATIVIDADES DE GARIMPO E MINERAÇÃO
INDUSTRIAL ..................................................................................................................... 63 6.2 O COMÉRCIO DOS MINERAIS ................................................................................. 69
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 73 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 75 APÊNDICE A: Entrevista semi-estruturada realizada junto ao Presidente da Cooperativa
Agromineral sem Fronteiras (CASEF) ................................................................................ 82
APÊNDICE B: Entrevista semi-estruturada realizada junto a garimpeiro da Cooperativa
Agromineral sem Fronteiras (CASEF) ................................................................................ 83 APÊNDICE C: Entrevista semi-estrutura realizada junto ao funcionário do Parque Eólico
administrado pela Desenvix ................................................................................................ 84
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1. INTRODUÇÃO
O município de Brotas de Macaúbas, um dos mais antigos do Estado da Bahia, está
localizado no Território de Identidade Velho Chico segundo a Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia (SEI, 2013b, p. 59). De acordo com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE),
Teve a sua origem ao aparecimento de jazidas carboníferas e auríferas em
seu solo, quando das primeiras penetrações, em 1792, pelo Português
Romão Gramacho, procedente de São Salvador, capital da Província, o
qual denominou esse novo eldorado Caiam-bola (IBGE, 1958, p. 85).
Assim, a descoberta de diamante e ouro foi a principal razão para o povoamento do
lugar, desenvolvendo-se, posteriormente a agricultura e pecuária. Após ter se emancipado
do município de Macaúbas (BA), em 16 de julho de1878 e instalado em 20 de junho de
1882, Brotas de Macaúbas passou por alterações na extensão territorial, toponímia e
economia. A extração de diamante e ouro entrou em decadência no século XX,
prevalecendo a de quartzo ou cristal de rocha e a produção de fumo de corda, este
responsável por 33milhões de cruzeiros em 1955 (IBGE, 1958, p. 85-88). Atualmente são
extraídos quartzo, rutilo, quartzito, granito, e outras rochas de revestimento ou
ornamentais1, estas destinadas principalmente ao mercado de construção civil. Ainda
tratando-se de recursos naturais vale ressaltar o potencial eólico da área que possui três
parques, em funcionamento, para geração de energia limpa no Estado.
Segundo o IBGE, o levantamento sobre Cobertura e o Uso da Terra comporta
análises e mapeamentos muito úteis para o conhecimento atual das formas de uso e de
ocupação do espaço geográfico (IBGE, 2013, p. 37). Retrata as atividades humanas sobre
determinado território, podendo indicar os impactos sobre os elementos naturais. As
formas descritas como “tipos de uso” são espacializadas por meio de mapa e as
informações podem ser analisadas qualitativa e quantitativamente. Deste modo, trata-se de
um estudo importante para o planejamento e gestão ambiental, análise de fatores poluentes,
e dentre outros, a inter-relação entre fatores biofísicos e socioeconômicos (SANTOS, 2004,
p. 97 e 98).
1 “A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, nos termos da norma 15.012:2003 define rocha
ornamental como: material rochoso natural, submetido a diferentes graus ou tipos de beneficiamento,
utilizado para exercer uma função estética. A rocha de revestimento corresponde à rocha natural que,
submetida a processos diversos de beneficiamento, é utilizada no acabamento de superfícies, especialmente
pisos, paredes e fachadas em obras de construção civil” (ALENCAR, 2013. p. 23).
16
Em 1930 iniciaram no Brasil os primeiros estudos sobre uso da terra, porém em
1940 a prioridade ficou direcionada para os estudos sobre a colonização do país,
perdurando até 1950 quando ocorreram produções sobre os temas colonização e padrões
espaciais. A partir de 1960 com destaque para 1970 tiveram prioridade as pesquisas sobre a
espacialização das formas e dos tipos de uso e cobertura da terra, por meio de técnicas de
sensoriamento remoto, procedimentos estatísticos na Geografia, criação de órgãos públicos
vinculados à questão territorial, assim como a participação das universidades (IBGE, 2013,
p. 29).
Com o melhoramento das técnicas de geotecnologias a Geografia passou a contar
com a possibilidade de desenvolver documentos cartográficos mais precisos para produção
de conhecimento sobre os fenômenos geoespaciais com diferentes níveis de detalhamento.
As geotecnologias podem ser entendidas como as novas tecnologias, ligadas e correlatas às
geociências e sistemas de referência, para auxiliar no desenvolvimento de pesquisas,
planejamento, gestão, manejo dentre outros aspectos relacionados à estrutura do espaço
geográfico (FITZ, 2008).
Elementos como tonalidade, cor, textura, tamanho, forma, sombra, padrão e
localização são informações de objetos, áreas ou fenômenos registradas nas imagens
orbitais de sensores remotos (FLORENZANO, 2007, p. 44) e foram relevantes na
interpretação da imagem e na generalização das classes mapeadas nesta pesquisa.
As atividades humanas e suas relações culturais, históricas, econômicas, modificam
o meio-ambiente, onde são considerados tanto os aspectos sociais quanto os naturais em
um determinado espaço, visto que o conceito de “ambiente” é amplo, pois, pode incluir
natureza e sociedade assim como faz referência ao meio de onde a humanidade extrai os
recursos essenciais à sobrevivência, geralmente, denominados de recursos naturais, cuja
integridade depende das funções ecológicas essenciais à vida. O impacto ambiental
significa a alteração da qualidade ambiental, podendo ser benéfica ou adversa e resulta da
modificação de processos naturais ou sociais, provocada por ação humana (SÁNCHEZ,
2008).
Deste modo, esta pesquisa apresenta informações sobre as características físicas da
área de estudo – clima, hidrografia, geologia e relevo, solos, sítios arqueológicos, assim
como dados socieconômicos como o Índice de Performance Econômica e Índice de
Performance Social para caracterização ambiental do município de Brotas de Macaúbas
(BA). A mineração, um dos usos da terra responsáveis pela ocupação da área de estudo e
um dos usos mais complexos, destaca-se entre os demais, e, por esta razão foram
17
espacializados cartograficamente os processos minerários existentes, discutido-os e
averiguando como é realizada essa atividade, considerando os dados de produção mineral e
percepção em campo. Desta forma, foi possível realizar um estudo ambiental do
município de Brotas de Macaúbas (BA), discorrendo sobre a cobertura e uso da terra e os
impactos ambientais associados, visando auxiliar a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente nas políticas de gestão e planejamento territorial.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Mapear a cobertura e os principais tipos de uso da terra no município de Brotas de
Macaúbas (BA), visando identificar os principais impactos ambientais associados.
1.1.2 Objetivos Específicos
i) Classificar a cobertura e os principais tipos de uso da terra no Nível II
relacionando-os com os impactos ambientais identificados em trabalho de campo;
ii) Espacializar áreas de explotação mineral e impactos ambientais associados.
18
2. METODOLOGIA
2.1 Materiais e Métodos
Para o estudo ambiental do município de Brotas de Macaúbas (BA) relacionado à
cobertura e usos da terra realizou-se revisão bibliográfica sobre a origem do município, as
primeiras atividades econômicas desenvolvidas, sua evolução político-administrativa,
utilizando como fontes principais a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 1958)
e a obra Evolução Territorial e Administrativa do Estado da Bahia: um breve histórico
(SEI, 2001), artigos e livros sobre mineração, sobretudo relacionados à área de estudo.
Dentre outras referências, para descrever as características físicas do município, utilizaram-
se o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), o Manual Técnico
de Pedologia (IBGE, 2007), o livro intitulado Geologia da Bahia: pesquisa e atualização
(CBPM, 2014), Tempo e Clima no Brasil (CAVACANTI, 2009) e o livro Avaliação de
Impacto Ambiental: conceitos e métodos (SANCHEZ, 2008).
Na revisão cartográfica, localizaram-se documentos cartográficos existentes como
o mapa estatístico municipal e folhas topográficas produzidos pelo IBGE (2010; 1995,
1966a, 1966b, 1966c) para auxiliar na etapa de atualização da base cartográfica. No site do
Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2006) buscaram-se dois mapas de Cobertura
Vegetal dos Biomas Brasileiros, escala 1:250.000, referentes à Folha SD-23-X-B e Folha
SC-23-Z-D, assim como o volume da Folha Brasília SD23 produzida pelo Projeto
RADAMBRASIL (BRASIL, 1982) utilizado como referência principal para descrever a
cobertura vegetal do município.
Foi disponibilizada pela SEI a malha intermunicipal do Estado da Bahia atualizada
em 2013 e no site do IBGE realizou-se download da malha interestadual em formato
digital, para compor a base cartográfica. No banco de dados do Serviço Geológico dos
Estados Unidos (USGS) obtiveram-se bandas espectrais do satélite Landsat8 necessárias
para realização do mapeamento.
Consultou-se a obra Geologia da Bahia: pesquisa e atualização da Companhia
Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM, 2014) e o Catálogo temático de produtos: recursos
minerais e metalogenia publicado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM, 2012) para obter informações sobre o potencial mineral da região onde o
município está localizado. Para adquirir informações sobre as atividades de mineração
realizou-se download das áreas georreferenciadas de explotação mineral e dados sobre
legislação e no site do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM,2014).
19
A obra denominada Estatísticas dos Municípios Baianos (SEI, 2013a) e a obra
Índice de Performance Econômico e Social dos Municípios Baianos (SEI, 2014)
contribuíram para análise socioeconômica municipal, assim como os dados do censo
demográfico (IBGE, 2010). A figura 01 representa os procedimentos metodológicos
utilizados.
2.1.1 Processamento Digital de Imagem e Base Cartográfica
Para atualizar a base cartográfica utilizaram as folhas topográficas de Barra do
Mendes SC-23-X-IV (IBGE, 1966a), Ipupiara SC-23-X-II (IBGE, 1965), Oliveira dos
Brejinhos SD-23-F-I (IBGE, 1966b) e de Ouricuri do Ouro SD-23-F-II (IBGE, 1966c) em
escala 1: 100.000, que compreendem à área de estudo. Os dados em formato vetorial
(linha e ponto), shapefile, dos elementos que compõem tais folhas – localidades, rodovias,
hidrografia, curvas de nível, dentre outros, foram disponibilizados gratuitamente pela
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) assim como o limite
municipal atualizado em 2013. Em seguida, no software ArcGis os arquivos vetoriais no
sistema de referência Córrego Alegre foram convertidos para o Sistema de Referência
Referencial Teórico
Imagem Orbital
Impactos Ambientais
Associados
Revisão Bibliográfica Revisão Cartográfica
Processamento Digital de
Imagem; Atualização da
Base Cartográfica
Interpretação dos
Dados Processados
Classificação da Cobertura e
Uso Terra Trabalho de Campo e
Análise dos Dados
Mapa de Cobertura e Uso da Terra do
Município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 01: Procedimentos metodológicos.
20
Geocêntrico das Américas (SIRGAS 2000), seguindo os parâmetros de transformação
entre ambos, de acordo com o IBGE (2005).
Adquiriu-se, por meio de download no banco de dados do Serviço Geológico dos
Estados Unidos (USGS), uma imagem orbital do satélite Landsat 8, com resolução espacial
de 30m, órbita 218, ponto 68, de agosto de 2014. Este satélite é equipado com dois
sensores – Operational Land Imager (OLI) e Thermal Infrared Sensor (TIRS), sendo que
os produtos OLI consistem de 9 bandas multiespectrais (1-7 e 9) com resolução espacial de
30 metros e a oitava banda, pancromática, com resolução de 15m. As bandas do TIRS não
foram utilizadas, pois, fornece dados para análise de temperatura da superfície. Em
seguida, no software Spring, combinaram-se as bandas 6, 5 e 4 na ordem RGB para obter
uma composição colorida que possibilitasse a interpretação dos alvos existentes na
superfície terrestre, distinção dos tipos de cobertura vegetal e outras coberturas, assim
como atualização da base cartográfica - edição de estradas e localidades.
No mesmo software manipulou-se o contraste, alterando-se o histograma, neste
sentido,
O processo de geração de cores na tela de um computador é baseado na
adição de cores primárias R (red – vermelho), G (Green – verde), B (Blue
–azul). (...) A manipulação de contraste permite que seja alterado o
histograma original, de modo a gerar uma nova imagem com o realce dos
objetos de interesse (NOVO, 2010, p. 284-285).
Visando tornar a imagem com resolução espacial de 15m, a mesma passou por uma
reamostragem da imagem e posteriormente fusão com a banda pancromática, por meio do
software Spectral Transformer for Landsat. Esta nova imagem, com maior resolução, foi
adicionada ao Spring onde selecionou-se a área de interesse, articulada no sistema de
coordenadas Universal Transverse de Mercator (UTM), para realizar segmentação e
classificação não supervisionada.
Através das imagens digitais, podem ser geradas composições coloridas a
partir da utilização de diferentes combinações de bandas espectrais,
combinações de imagens de uma mesma banda em diferentes datas, ou
imagens de diferentes sensores (NOVO, 2010, p. 284).
Para o mapeamento da cobertura e uso da terra utilizou-se a mesma imagem orbital
Landsat 8 referente à atualização da base cartográfica. Em virtude da expressiva extensão
territorial do município 2367,56 km² e do conhecimento prévio sobre a diversidade de usos
da terra existente na área determinou-se que a escala 1: 250.000 atenderia a proposta deste
21
trabalho. O IBGE considera adequado representar a menor área mapeável por um quadrado
de 5mm x 5mm, assim, “em um mapeamento na escala 1: 250 000, por exemplo, a menor
área mapeável equivale a 156 ha” (IBGE, 2013, p. 42) ou 1,56 km², deste modo, neste
trabalho foram representadas áreas com tamanho igual ou superior a à área mínima
indicada.
Na etapa de segmentação a imagem foi dividida em regiões, ou seja, um conjunto
de pixels contíguos, uniformes e bidirecionais, viabilizando a extração de objetos
relevantes para a pesquisa. Apenas as regiões adjacentes foram agrupadas por meio de um
cálculo que utiliza determinado critério de similaridade baseado em uma hipótese
estatística que testa a média entre elas. Em seguida a imagem foi classificada por meio da
técnica Isoseg, ou seja, um algoritmo de agrupamento de dados não-supervisionado que
utiliza os atributos estatísticos das regiões para estimar o valor central de cada classe.
Assim, a distribuição de probabilidade distinta entre os pixels representa a probabilidade de
um pixel pertencer a uma ou outra classe, dependendo da sua posição em relação a esta
distribuição.
Contudo, pode ocorrer de um determinado pixel ter igual probabilidade de pertencer
às duas classes, necessitando assim estabelecer um critério de decisão a partir da definição
de limiares. O limiar de aceitação corresponde ao percentual de pixels da distribuição de
probabilidade das classes que serão classificadas como pertencentes a uma determinada
classe (INPE, 2002, p.24), assim, neste trabalho utilizou-se um limiar de 95% e foram
geradas 19 classes. Em seguida elas foram exportadas para o formato vetorial (polígono)
em shapefile e manipuladas no programa ArcGis, onde foram generalizadas em 6 classes
no total a partir do conhecimento prévio da área, leitura e interpretação de mapas existentes
da região.
2.1.2 Mapeamento da Cobertura e Uso da Terra
As 06 classes geradas em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas)
referem-se ao Nível II detalhamento, adaptado do manual técnico de cobertura e uso da
terra elaborado pelo IBGE (2013, p. 47 e 48). O IBGE não inclui no manual técnico
Pastagens (associadas a culturas temporárias), considera apenas Pastagens. Entretanto, em
áreas de caatinga (Savana-Estépica) é difícil classificar a pastagem separadamente da
cultura temporária porque as glebas distinguíveis na imagem orbital utilizada são
minúsculas e na caatinga muitas vezes as atividades econômicas são sazonais,
22
intercalando-se pecuária e agricultura. Outra adaptação realizada faz referência às Áreas de
Concessão de Lavra adicionadas no mapa de cobertura e uso da terra, que assume a
posição da classe Áreas de Mineração do manual do IBGE, porém não foram geradas no
processamento digital de imagem.
Ás Áreas de Concessão de Lavra, oriundas do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM, 2014), correspondem aos polígonos georreferenciados de processos
minerários onde ocorre a extração de minerais e rochas com finalidade econômica. Vale
ressaltar também que o IBGE não subdivide Área Campestre em I e II, mas apenas Área
Campestre. Contudo, esta adaptação foi realizada porque na interpretação da imagem ficou
nítido o contraste entre os biomas existentes no município, contribuindo para um melhor
detalhamento da cobertura vegetal. O quadro 01 representa as 06 classes que foram
resultados da generalização, mais as Áreas de Concessão de Lavra, totalizando assim 07
classes.
Fonte: Adaptado do Manual Técnico de Cobertura e Uso da Terra (IBGE, 2013, p. 47 e 48).
O detalhamento de cada categoria do nível II originaria um mapeamento de nível
III, contudo, neste trabalho priorizou-se o nível II, por estar compatível com as referências
e metodologia utilizadas. Na discussão da cobertura são discorridos os principais tipos de
uso existentes, de acordo com a literatura consultada e trabalhos de campo.
Quadro 01: Detalhamento da Classificação de Cobertura e Uso da Terra no município de Brotas de
Macaúbas (BA)
NÍVEL I NÍVEL II
Áreas Antrópicas Não Agrícolas
1) Áreas Urbanizadas;
2) Áreas de Concessão de Lavra
Áreas Antrópicas Agrícolas
3) Culturas Temporárias;
4) Pastagens (associada a culturas
temporárias)
Áreas de Vegetação Natural
5) Área Campestre I (predomínio de Savana-
Estépica);
6) Área Campestre II (contato entre Savana
Arborizada, Savana-Estépica)
Outras Áreas
7) Áreas Descobertas
23
2.1.3 Trabalhos de Campo
Realizaram-se trabalhos de campo nos meses de outubro de 2014 e junho de 2015
para reambulação do mapa preliminar, além de aplicação de entrevistas qualitativas e semi-
estruturadas ao Presidente da Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF),
garimpeiros, e funcionário do parque eólico. Dialogou-se com o secretário do Meio
Ambiente e Agricultura dentre outros funcionários da Prefeitura Municipal para
informações de responsabilidade da gestão municipal. Utilizou-se máquina fotográfica
digital para registrar fotos referentes à mineração e outros tipos de uso da terra, assim
como um equipamento de Sistema de Posicionamento Global (GPS), para coletar pontos
de localização de interesse. Por fim, foram avaliados os dados adquiridos em campo e em
escritório finalizou-se o mapa de uso da terra do município estudado publicado na escala
de 1: 250.000.
2.1.4 Método Hipotético-Dedutivo
O método científico busca a veracidade dos fatos de uma pesquisa por meio de
procedimentos intelectuais e técnicos para alcançar o conhecimento.
A pesquisa pode ser definida como o procedimento racional e sistemático
que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação
suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação
disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser
adequadamente relacionada ao problema (GIL, 2002, p. 17-27).
Desta forma, desenvolveu-se a seguinte questão de pesquisa: dentre os usos da
terra existentes em Brotas de Macaúbas (BA) quais os principais impactos ambientais
associados? Neste sentido, obteve-se como finalidade mapear a cobertura e usos da terra na
área de estudo identificando os respectivos impactos ambientais. Nesta pesquisa utilizou-se
o método Hipotético-Dedutivo visto que,
para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas deduzem-se
consequências que deverão ser testadas ou falseadas. (...) Quando não se
consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese,
tem-se a sua corroboração, que não excede o nível do provisório (GIL,
2008, p. 12-13).
Sustenta-se neste trabalho a seguinte hipótese: dentre os impactos ambientais
associados aos usos da terra, destacam-se principalmente os relacionados às atividades de
mineração. Este tipo de uso foi o principal fator de atração para o povoamento do
24
município e na contemporaneidade ainda representa uma das potencialidades naturais da
área. Os impactos ambientais associados a este tipo de uso destacam-se pela complexidade
da relação sociedade-natureza existente, envolvendo recursos naturais, questões políticas,
econômicas, estruturais, dentre outras.
25
3. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO E EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA
No século XVI o Estado da Bahia estava organizado em 11 grandes territórios –
Vila de Porto Seguro, Vila de São Jorge dos Ilhéus, Salvador, Vila de Nossa Senhora da
Ajuda do Jaguaripe, Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, Vila de
Santo Antônio da Jacobina, Vila de São João Batista de Água Fria, Vila de Itapicuru de
Cima, Vila de Abadia, Vila de São Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande e Vila de
Pilão Arcado – que ao longo do processo de ocupação do Estado deram origem aos 417
municípios conhecidos atualmente. O território de Santo Antônio da Jacobina, em 1827
contava com vila de mesma toponímia além de outras – Vila Nova do Príncipe e Santana
do Caetité, Vila Nova da Rainha, Urubu e Santíssimo Sacramento das Minas do Rio de
Contas. Vale ressaltar que a Vila de Santo Antônio do Urubu de Cima, em 1827, era
conhecida apenas por Urubu, depois Rio Branco em 1940 e atualmente corresponde ao
município de Paratinga. Deste, originaram-se 21 municípios, dentre eles Macaúbas (BA)
que deu origem a outros 14, como exemplo, Guanambi, Boquira, Riacho de Santana e
Brotas de Macaúbas (BA) - área de estudo deste trabalho (SEI, 2001, p. 23-86).
É interessante destacar que no interior do Brasil, durante o período colonial, a
ocupação deveu-se, sobretudo, à migração de bandeirantes que descobriram o ouro e o
diamante inicialmente na Província das Minas Gerais no século XVIII.
O descobrimento do diamante em Minas é muito anterior a 1729, data
mais ou menos aceita por alguns historiadores mineiros. [...] Pode-se
calcular a corrida de aventureiros sobre o Tejuco com a simples
observação de que, começando em 1728 a lavra diamantina, já em 1733
contavam-se 40 mil pessoas ocupadas no garimpo (DORNAS FILHO,
1957, p. 216).
Então, a busca por pedras preciosas estendeu-se pela serra do Espinhaço, e no
Estado da Bahia a Chapada Diamantina recebeu os primeiros garimpeiros que passaram a
ocupar esta região fitogeográfica.
O início das atividades de mineração de ouro e diamantes na Bahia ocorreu nas
primeiras décadas de 1800 na Chapada Velha, como era conhecido o município de Brotas
de Macaúbas, na serra das Mangabeiras, localizada na porção ocidental da Chapada
Diamantina. Muitos locais foram povoados por migrantes em busca de riqueza,
principalmente oriundos das Minas Gerais que se deslocavam utilizando o rio São
Francisco como hidrovia ou mesmo por terra percorrendo a serra do Espinhaço. A partir de
1845 surgiram, por exemplo, os locais denominados de Andaraí e Lençóis, este último, em
26
decorrência da abundância de diamantes no leito dos rios Lençóis e São José foi
considerado a Capital das Lavras, contando naquela época com mais de 30.000 mil
habitantes (MORAES, 1991, p. 27-34). Assim, os produtos preciosos da mineração
extraídos na Chapada Velha e demais áreas da Chapada Diamantina eram comercializados
principalmente em Lençóis e dinamizavam a economia da região.
A primeira denominação de Brotas de Macaúbas era “Caiam-Bola” substituída por
Vila Agrícola de Nossa Senhora de Brotas de Macaúbas, como era conhecida até a sua
emancipação em 1878, quando passou a se chamar Brotas de Macaúbas mantendo
homenagem à padroeira do lugar e em função do seu município de origem. Embora em
1931 houvesse passado a se chamar apenas Brotas, em 1943 retomou a denominação
anterior, Brotas de Macaúbas e assim permanece nos dias atuais (IBGE, 1958, p. 85-86).
Porém, há uma contradição sobre a emancipação do município na própria Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros publicada pelo IBGE em 1958 quando sobre a origem do lugar diz:
Nasceu um povoado, iniciado na fazenda de propriedade de Antônio
Alves de Oliveira, que, posteriormente, fez doação de sua herdade à
capela aí existente. (...) Pela Lei n.0 256, de 17 de março de 1847, foi o
povoado elevado a freguesia, com a denominação de Macaúbas e tendo
como padroeira Nossa Senhora das Brotas. (...) Em 1878, ano em que, a
16 de julho, por Lei provincial n.0 1 817, foi o povoado denominado vila
Agrícola de Nossa Senhora de Brotas de Macaúbas, ou, simplesmente,
Brotas de Macaúbas, anexando território do de Macaúbas. Sua instalação
foi a 20 de junho de 1882 (IBGE, 1958, p. 85).
Este fragmento permite a seguinte interpretação: Brotas de Macaúbas já foi uma
freguesia denominada de “Macaúbas” que posteriormente tornou-se vila e anexou território
do território de Macaúbas (município). O IBGE (1958) não se refere sobre a emancipação
da área de estudo em relação ao município de Macaúbas, nem vice-versa, mas refere-se
sobre a transição de povoado para freguesia e de freguesia para vila que posteriormente
passou a ser município. Na publicação da SEI onde é representado o desmembramento do
território de Urubu, a Vila Agrícola de Nossa Senhora de Brotas de Macaúbas é originada
do município de Macaúbas no esquema temporal (SEI, 2001), acordando com a referência
online do IBGE (IBGE, 2010a) que contradiz a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
Solucionar essa questão não é um dos objetivos deste estudo, mas sugere uma investigação
histórica posterior, mais aprofundada, sobre a evolução política administrativa do
município de Brotas de Macaúbas.
Este território tem passado por sucessivas alterações nos seus limites e deu origem
aos municípios de Barra do Mendes, Ipupiara ambos emancipados em 1958 e Morpará em
27
1962. Ocorreram disputas pelo poder na Chapada Velha entre coronéis rivais da época –
Militão Coelho e Horácio de Matos, resultando no sacrifício de muitas vidas em lutas
armadas entre os anos de 1916 e 1920. “No balanço sangrento dessa luta da tribo dos
Matos com Militão Coelho, mais de 400 mortos ficaram nos caminhos da chapada ou nas
trincheiras da cidadela” (MORAES, 1991, p. 76). Na contemporaneidade os povoados de
Santo André e Boca da Palmeira, no limite entre os municípios de Barra do Mendes e
Brotas de Macaúbas, estão em litígio porque Barra do Mendes anexou em seu território
parte da área do município de Brotas de Macaúbas. Este tipo de conflito ocorre
principalmente pelo interesse político em ampliar a área municipal e principalmente o
número de habitantes, visando obter aumento do repasse de verbas da União referente ao
Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
28
4. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA
4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O município de Brotas de Macaúbas está localizado na porção central do Estado da
Bahia entre as coordenadas geodésicas 11° 40’ a 12° 40’ de Latitude Sul e 42° 00’ a 42°
60’ de Longitude a Oeste de Greenwich. Possui 2.367,56 km² de extensão e faz limite
municipal com Barra do Mendes, Ibitiara, Ipupiara, Morpará, Oliveira dos Brejinhos e
Seabra. A área de estudo distancia-se 600 km da capital, Salvador.
Administrativamente o município possui: cidade, vila Ouricurí do Ouro, vila
Saudável, povoados, lugarejos, fazendas e locais2 de acordo com dados das folhas
topográficas e o mapa estatístico municipal (IBGE, 2010b). Conta com três rodovias: BR-
242 federal pavimentada, localizada no extremo sul do município - interliga as regiões
leste e oeste da Bahia; BA-156, estadual, pavimentada - localizada nos sentidos norte-sul,
conecta Brotas de Macaúbas e Ipupiara, dá acesso à BR-242 e é circundada pela maioria
dos povoados e localidades; e a BA-148, estadual, sem pavimentação, que faz ligação entre
Barra do Mendes e a BR-242. Por toda a área municipal existem muitas outras estradas
secundárias, sem pavimentação, que dão acesso aos lugares citados e às rodovias estaduais
e federais.
4.2 CLIMA
O município de Brotas de Macaúbas possui pluviosidade anual de 714,2 mm, está
inserido na região semiárida, com período chuvoso entre os meses de novembro e março,
ou seja, chuvas concentradas no verão, e um longo período de estiagem entre abril e
outubro (SEI, 2013b. p. 60). A temperatura média anual é amena, corresponde a 19,9º C,
em virtude da altitude que ultrapassa 1.600 m em áreas serranas e 450 m em áreas com
2 Cidade - Localidade com o mesmo nome do Município a que pertence (sede municipal) e onde está sediada
a respectiva prefeitura, excluídos os municípios das capitais. Vila - Localidade com o mesmo nome do
Distrito a que pertence (sede distrital) e onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das
sedes municipais. Povoado - Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e
possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de bens de consumo freqüente e 2 (dois) dos seguintes
serviços ou equipamentos: 1 (um) estabelecimento de ensino de 1º grau em funcionamento regular, 1 (um)
posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo religioso de qualquer credo. Corresponde a um
aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou que não está vinculado a um único proprietário do solo,
cujos moradores exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou, mesmo secundárias, na própria
localidade ou fora dela. Lugarejo - Localidade sem caráter privado ou empresarial que possui característica
definidora de Aglomerado Rural Isolado e não dispõe, no todo ou em parte, dos serviços ou equipamentos
enunciados para povoado. Local - Todo lugar que não se enquadre em nenhum dos tipos referidos
anteriormente e que possua nome pelo qual seja conhecido (IBGE, 1999, p. 73 e 74).
29
menor altitude. A baixa pluviosidade pode ser justificada, dentre outros fatores, porque o
município encontra-se em área de sotavento, entre bordas serranas do Grupo Chapada
Diamantina e áreas de pediplano. Por esta ocasião recebe menos umidade do que os
municípios localizados na porção leste da Chapada Diamantina e em altitudes superiores.
Analisado a influência do clima em escala geográfica maior, as massas de ar: equatorial
continental (MEC), equatorial atlântica associada aos ventos alíseos de sudeste (MEAs),
tropical atlântica (MTA) e a polar atlântica (MPA) chegam com umidade insuficiente para
produzir chuvas abundantes na região semiárida do nordeste (MENDONÇA; DANNI-
OLIVEIRA, 2007, p. 139-149).
4.3 HIDROGRAFIA
Predominam os cursos d’água temporários, ou intermitentes, em virtude da má
distribuição das chuvas durante o ano, baixa pluviosidade no semiárido e por não serem
abastecidos por cursos permanentes adjacentes. Assim, predominam-se os riachos, a
exemplo, o das Telhas ou de Brotas, Fininho, Mocambo, e o riacho da Solta, que dá origem
ao rio Verde; córregos, a citar Pau Louro e o Sumidouro, formando um sistema
hidrográfico integrado à bacia do rio São Francisco. Em virtude das características
climáticas e geológicas da região, há maior disponibilidade de água potável no subsolo do
que em superfície. Assim, no município de Brotas de Macaúbas o abastecimento é oriundo
principalmente de poços subterrâneos, porém intercalado com águas do córrego do Pau
Louro.
4.4 GEOLOGIA E RELEVO
O município está inserido na região da Chapada Diamantina, segundo a Companhia
de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2012, p. 19) - Serviço Geológico do Brasil e
pertence ao Cráton São Francisco, um domínio morfoestutural3. Geologicamente, o
município é composto por rochas do Supergrupo Espinhaço, Grupos Chapada Diamantina,
Paraguaçu e Rio dos Remédios, datadas do Arqueano, Proterozóico e Fanerozóico (CBPM,
2014, p.76-85). Destacam-se na área os arenitos, ortoquartzitos, argilitos, calcários,
conglomerados/brechas, depósitos eluvionares e coluvionáres, depósitos fluviais e siltitos,
3 Amplos conjuntos de relevos com características próprias, cujas feições embora diversas, guardam, entre si,
as relações comuns com a estrutura geológica a partir da qual se formaram (IBGE, 2009, p. 28).
30
com ocorrência dos seguintes recursos minerais: amianto, barita, cobre, diamante, ferro,
manganês, ouro, pirofilita e quartzo (SEI, 2013a, p. 60). Assim, a Chapada Diamantina e
Serra do Espinhaço Setentrional possuem 505 jazimentos, como rutilo, cristal de rocha,
materiais de construção, dolomito, potenciais para ouro, ferro e kimberlitos (CPRM, 2012,
p. 19).
O município registra cota altimétrica mínima de 449 m, a 2,3 km da Fazenda de
Baraúna, próximo ao limite com Morpará, e a máxima de 1.648 m a 4,8 km da vila
Saudável, no limite com Barra do Mendes, de acordo com os dados das folhas topográficas
Ouricuri, Barra do Mendes, Ipupiara, e Oliveira dos Brejinhos. O relevo do município é
formado principalmente pelas seguintes unidades geomorfológicas: Pediplano Central da
Chapada Diamantina, Pediplano Sertanejo correspondendo na paisagem às áreas
rebaixadas cercadas por Serras da Borda Ocidental do Planalto da Diamantina, estas
predominantemente nas porções leste e oeste do município (SEI, 2013, p. 60), como
representa o mapa 01, “Relevo do Município de Brotas de Macaúbas, Bahia” localizando,
por exemplo, a serra da Mangabeira onde o Complexo Eólico foi instalado. É importante
destacar que os dados de relevo apresentados foram disponibilizados pelo IBGE e parte do
município está inserida na folha Brasília SD-23 e a outra parte na folha São Francisco SC-
23 ao norte. Assim, no limite entre as duas cartas, paralelamente à sede municipal, ocorre
transição abrupta em alguns locais, entre os dois tipos de unidade de relevo. Seria
interessante a própria instituição revisar esses dados vetoriais para disponibilizar uma
versão mais harmoniosa entre as unidades.
31
Mapa 01: Relevo do município de Brotas de Macaúbas, Bahia.
32
4.5 SOLOS
Segundo a SEI, predominam no município dois tipos de solos4: os Neossolos e
Latossolos (SEI, 2013, p. 60). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) classifica os Neossolos como pouco evoluídos, sem o horizonte B definido
em decorrência da reduzida atuação dos processos pedogenéticos, ou por características
inerentes ao material originário. O perfil contém predomínio da constituição da rocha de
origem e diferenciação nítida entre os horizontes, podendo ser A, C seguido da Rocha (R)
ou apenas A e R. Os Latossolos, diferentemente do anterior, apresenta horizonte A,
obrigatoriamente horizonte B latossólico, ou seja, com evolução muito avançada visto
alteração quase completa dos minerais primários ou dos menos resistentes ao
intemperismo, ou seja, processo de degradação da rocha por agentes naturais químicos,
físicos, biológicos, e, dentre outras características os perfis são profundos, bem
desenvolvidos, concentrando argilominerais, e ou, óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio
(EMBRAPA, 2006, p. 74).
É possível inferir que a ocorrência dos Neossolos Litólicos é mais comum nas áreas
de serras presentes no município, em virtude do material rochoso ser mais resistente e
ocorrer predomínio do intemperismo físico sobre o químico, devido aos longos períodos de
estiagem na área. Logo, os solos mais rasos não favorecem as atividades agrícolas, pois os
vegetais encontram limitações em ambientes pedregosas para o crescimento de suas raízes,
e, dentre outros fatores, ficam impossibilitados de absorver os nutrientes pela falta de
umidade no solo (KIEHL, 1979, p. 26 e 27).
Os Latossolos eutróficos ocorrem principalmente em áreas rebaixadas, possuem
cores fortes, frequentemente em tons vermelhos, em virtude de teor significante de óxido
de ferro e são derivados de rochas ricas em material primário, compostos principalmente
por magnésio, potássio, cálcio, ferro, sendo mais susceptíveis ao intemperismo químico
(IBGE, 2007, p. 286, 292, 294). No município ocorre o tipo Vermelho-Amarelos, comum
em relevos planos, suave ondulado e ondulado. Em alguns casos, quando submetidos a
processos de correção de acidez, associando-se às técnicas de irrigação de culturas, pode
ser muito útil para atividades agrícolas, pois apresenta boa drenagem e, geralmente, é mais
fácil de ser manipulado mecanicamente.
4 Uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais,
dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das
extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde
ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006, p. 31)
33
4.6 SITIOS ARQUEOLÓGICOS
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2008), o
município de Brotas de Macaúbas possui 9 sítios arqueológicos, localizados por exemplo,
na serra da Mangabeira e próximo ao córrego Sumidouro, entretanto segundo a Secretaria
de Meio Ambiente existem mais sítios no muncípio. Um deles está localizado em uma em
gruta, outro em um abrigo sobre rochas e os demais a céu aberto. Contém artefatos
rupestres (Figura 01 e 02) e cerâmicos do período pré-colonial, geralmente de tradição
tupiguarani, e representam experiências individuais ou coletivas dos primeiros habitantes.
Fonte: BRASIL, 2014 Fonte: BRASIL, 2014
Embora o IPHAN tenha realizado o registro desses sítios na sua página eletrônica,
não foram informadas as coordenadas geodésicas dos sítios e por este motivo eles não
foram representados cartograficamente nesta pesquisa. No Estado da Bahia o Instituto de
Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC) é o órgão responsável pela
proteção ao patrimônio arqueológico existentes no estado e o IPHAN é responsável em
nível federal. Entretanto, estes órgãos
se encontram limitados, pela escassez de recursos humanos e materiais,
para desenvolver suas funções de controle e fiscalização sobre a
preservação dos sítios arqueológicos [...] deveria ser elaborado um
programa interinstitucional cooperativo, passível de envolver todas as
instâncias das esferas públicas – federal, estadual e municipal
(ETCHEVARNE, 2011, p. 15)
.
Figura 02: Arte Rupestre em
pintura, município de Brotas de
Macaúbas (BA)
Figura 03: Arte Rupestre em Gravura,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
34
Neste sentido, em janeiro de 2008 o Projeto de Identificação, Proteção e Gestão de Sítios
Arqueológicos de Arte Rupestre da Chapada Diamantina (BA), com apoio da Petrobras
Cultural e Ministério da Cultura (MINC), realizaram seminários, oficinas e outras
atividades em alguns municípios da Chapada Diamantina, incluindo Brotas de Macaúbas
visando a proteção dos sítios. Assim, foram capacitados representantes comunitários de 06
municípios baianos: Brotas de Macaúbas, Iraquara, Lençóis, Morro do Chapéu, Palmeiras
e Wagner para desenvolver atividades de educação patrimonial (ETCHEVARNE;
PIMENTEL, 2011, p. 135).
Conhecer o potencial arqueológico do município, manter trabalhos de educação
com a população local sobre a preservação dos sítios é de importância relevante para
compreendermos as simbologias usadas pelos nossos ancestrais, valorizar a nossa cultura,
história e, dentre outros, estimular o turismo cultural e ecológico de modo consciente.
4.7 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
O município de Brotas de Macaúbas possui um total de 10.717 habitantes, destes
5.472 são do sexo masculino e 5.245 do sexo feminino, proporção equilibrada entre ambos
e a maior parte da população, 7.599 pessoas, reside em área rural. O PIB (Produto Interno
Bruto) per capita em 2012 foi R$ 5.434,36. Contudo, segundo dados do censo demográfico
2010, mais da metade dos responsáveis por domicílio, 52,0%, possuem rendimento igual
ou inferior a meio salário mínimo (SM); 21,0 % recebe de 1 a 2 SM; 11,0% de 2 a 3 SM;
7,0% recebe entre 3 e 5 SM; 6,0% entre 5 e 10 SM e acima de 10 SM apenas 3,0%, deste
modo 73% do total de responsáveis por domicílio tem renda inferior ou igual a 2 salários
mínimos . Vale ressaltar que o valor do SM em 2010 equivalia a R$510 (quinhentos e dez
reais) e segundo a SEI, no município foram cadastradas no Programa Bolsa Família 3.103
famílias e deste total 1.924 (62%) recebem recursos oriundos do programa, assim, pode-se
inferir que a maioria da população possui vulnerabilidade socioeconômica (IBGE, 2010a;
SEIa, 2013, p. 61-69).
Na década de 1990 a SEI e o IBGE por meio de uma parceria criaram o Índice de
Desenvolvimento Social (IDS) e o Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE) visando
levantar informações municipais para atender ao planejamento de políticas públicas assim
como sintetizar indicadores de análise das condições econômicas e sociais dos municípios
baianos. Em 2011 o IDS e o IDE passaram por alterações metodológicas e conceituais,
denominados atualmente como Índice de Performance Social (IPS) e Índice de
35
Performance Econômica (IPE), devido a dificuldade de mensurar o nível de
desenvolvimento de um município, assim como de atualizar os dados em menor intervalo
de tempo por meio das metodologias utilizadas. Para avaliar o primeiro consideraram-se
outros índices: Nível de Saúde, Nível de Educação, de Oferta de Serviços Básicos e Índice
de Mercado de Trabalho.
Deste modo, são realizados levantamentos sobre algumas variáveis de análise como
ocorrência de doenças de notificação obrigatória, óbitos por sintomas, sinais e afecções
mal definidos em relação ao total de óbitos, proporção dos profissionais de saúde por cada
1000 habitantes, cobertura de vacinação, proporção de leitos para cada 1000 habitantes,
assim como matriculas realizadas nos ensinos: fundamental, médio e superior, além da
proporção do consumo residencial de energia elétrica, água e a geração de renda e
empregos formais.
Para o cálculo do IPE levam-se em consideração o Índice de Infraestrutura, Índice
de Produto Municipal, Índice de Corrente de Comércio Exterior e o Índice de
Independência Fiscal. Deste modo, realizam-se levantamentos de dados sobre os setores:
agropecuário, industrial, serviços e financeiro, considerando também a receita própria do
município mais as receitas de transferências, a soma das importações e exportações no
município, assim como o consumo total de energia elétrica, o total de instituições
financeiras, total de estabelecimentos comerciais e de serviço tendo para estas categorias
referência para cada 1000 habitantes (SEI, 2014a, p.11-16).
Para os dados censitários de 2010, por meio do novo modelo de análise estatística
para calcular o IPS e IPE os órgãos estabeleceram uma média e verificaram que dos 417
municípios, 287 apresentaram IPE menor que 5000 e apenas 130 apresentam indicador
acima de 5000, ou seja, 68,8% do total possui IPE abaixo da média. Quanto ao Indicador
de Performance Social (IPS) 250 municípios também ficaram abaixo da média, ou seja,
59,95% e apenas 167 apresentaram indicadores acima da média. Os três municípios com
maior IPE são: São Francisco do Conde (5.586), Salvador (5.572) e Camaçari (5.451). Os
três com maior IPS são Lauro de Freitas (5.287), Madre de Deus (5.229), Salvador (5.220).
Enquanto os três com menor IPE são Presidente Tancredo Neves (4.896), Bom Jesus da
Serra (4.936) e Igrapiúna (4.937). Os três com menor IPS são: Brejolândia (4.907),
Umburanas (4.911) e Caetanos (4.916). A figura 04 abaixo indica a espacialização destes
indicadores no Estado da Bahia e destaca a situação de Brotas de Macaúbas, indicando que
o IPE está acima da média 5.006,57 enquanto o IPS está abaixo da média 4.999,19 (SEI,
2014 a, p.16-21).
36
Figura 04: Perfis Econômico e Social do Estado da Bahia, 2014.
Embora a área de estudo em relação ao Índice de Performance Econômica tenha
melhorado entre os anos de 2002 e 2010, passando da posição de 158° para 107°, ainda
ocupa posição longínqua daqueles melhores posicionados e o Índice de Performance Social
piorou mudando da colocação de 133° em 2002 para 169° em 2010.
Em Brotas de Macaúbas há predominância da população na zona rural equivalente
a 71% sobre os 29% da urbana (SEI 2014, p. 186), porém as atividades agrícolas estão
muito mais voltadas para a subsistência do que para o mercado consumidor. Embora na
figura 04 o município de Brotas de Macaúbas esteja com o IPE acima da média, isso
Classificação dos municípios quanto o IPE e IPS
Brotas de Macaúbas Brotas de Macaúbas
IPE abaixo da média e IPS abaixo da média
IPE abaixo da média e IPS acima da média
IPE acima da média e IPS acima da média
IPE acima da média e IPS abaixo da média
Limite
Território de Identidade
Intermunicipal
Fonte: SEI, 2014, p.20.
Município de Estudo
N
Classificação dos municípios quanto o IPE e IPS
Brotas de Macaúbas
37
significa que está 0006,7 acima da média (5.000 pontos). Os resultados dos dados de 2010
revelam a existência de poucas pessoas assalariadas em empresa, apenas uma agência
bancária e uma agência dos Correios, assim como, poucos profissionais formais no
comércio e na prestação de serviços e na área de saúde, de acordo as variáveis de estudo
referentes ao IPE e IPS municipal conforme nas tabelas 01 e 02 abaixo.
Tabela 01: Principais Variáveis utilizadas no cálculo do IPS, Brotas de Macaúbas
(BA) - 2010
Descrição Quantidade
Doenças de notificação obrigatória 11
Óbitos por causas mal definidas 17
Profissionais da área de saúde 04
Leitos 58
Matrículas ensino Infantil 485
Matrículas ensino Fundamental 2.344
Matrículas ensino Médio 424
Matrículas ensino Superior 46
Consumo Residencial de Energia Elétrica (kwh) 2.749.399
Economia de água faturada 1.239
Empregados formais na Atividade Extrativista Mineral 09
Empregados formais no Comércio 47
Empregados formais em Prestação de Serviços 07
Empregados formais na Administração Pública 417
Empregados formais nos setores de Agropecuária, extrativista
vegetal, caça e pesca 02 Fonte: Dados levantados no Censo (IBGE, 2010) e sintetizados pela SEI, 2013a.
Elaboração: Niédja Sodré de Araújo
38
Tabela 02: Principais Variáveis utilizadas no cálculo do IPE, Brotas de Macaúbas
(BA) - 2010.
Descrição Quantidade
Arrecadação municipal (reais) 565.352,81 Arrecadação por Transferência da União (reais) 1.861.139,89 Arrecadação por Transferência do Estado (reais) 5.309.421,02 Rendimento Principais Produtos Agrícolas (kg/ha) 91.267 Efetivo dos Principais Rebanhos (cabeça) 43.038 Produção de Leite (mil litros) 382 Produção de Mel (quilogramas) 3.705 Agência Bancária (número) 01 Agência de Correios (número) 01
Consumo Residencial de Energia Elétrica (kwh) 4.740.962 Empresas (número) 198 Pessoal ocupado assalariado em empresas (número) 488 Fonte: Dados levantados no Censo (IBGE, 2010) e sintetizados pela SEI, 2013a. Elaboração:
Niédja Sodré de Araújo
Pode-se inferir que as variáveis representadas nas tabelas 01 e 02 utilizadas como
parâmetros para os cálculos estatísticos do IPS e IPE precisam ser analisadas pela gestão
municipal para o desenvolvimento de políticas públicas pontuais e prioritárias,
principalmente em relação à saúde, saneamento básico, incentivo da formalização do
trabalho, fortalecimento de cooperativas e associações referentes ao comércio, indústria,
agricultura familiar, cursos técnicos em áreas de interesse econômico para fixar os jovens
brotenses no município, dentre outras iniciativas, buscando aumentar sua própria
arrecadação tributária e realizar parcerias governamentais e privadas para alcançar
melhores resultados nas performances social e econômica.
39
5. COBERTURA E USO DA TERRA
5.1 DESCRIÇÃO DA COBERTURA E USO DA TERRA
No município de Brotas de Macaúbas foram identificadas as seguintes classes: i)
Áreas Urbanizadas; ii) Áreas de Concessão de Lavra, iii) Culturas Temporárias, vi)
Pastagens (associadas a Culturas Temporárias); v) Área Campestre I (predomínio de
Savana-Estépica) e vi) Área Campestre II (contato entre Savana Arborizada e Savana-
Estépica); e, vii) Áreas Descobertas. As Áreas de Concessão de Lavra não foram
classificação automaticamente no processamento digital da imagem orbital, mas integram
o mapa de uso da terra, porque, referem-se aos polígonos de processos minerários (DNPM,
2014).
Analisando-se os dados quantitativos de cobertura e uso da terra é possível inferir
que a área mais representativa é a cobertura vegetal contabilizando 64,02% do total do
município, seguindo as áreas de Pastagens (associadas a Culturas Temporárias) com
15,80%, e Cultura Temporária correspondendo a 15,18%. As áreas menos representativas
são as Urbanizadas, e Áreas Descobertas que juntas totalizam 5,0%. A tabela 03 e o gráfico
01 sintetizam esses dados. As áreas onde ocorrem explotação mineral totalizam
aproximadamente 30km² de extensão.
Tabela 03: Distribuição da Cobertura e Uso da Terra no município
de Brotas de Macaúbas (BA)
Cobertura e Uso da Terra Área km²
Áreas Urbanizadas 3,25
Cultura Temporária 359,42
Pastagens (associadas a Culturas Temporárias) 374,10
Áreas Campestres I (predomínio de Savana-Estépica) 464,56
Áreas Campestres II (contato entre Savana Arborizada
e Savana-Estépica) 1051,13
Áreas Descobertas 115,10
Total 2367,56 Fonte: Mapeamento de Cobertura e Uso da Terra, 2015.
Elaboração: Niédja Sodré de Araújo
40
Fonte: Mapeamento de Cobertura e Uso da Terra, 2015. Elaboração: Niédja Sodré de Araújo
As Áreas Urbanizadas compreendem apenas a cidade, embora o complexo
industrial eólico e algumas localidades também pertençam a essa classe, as extensões
correspondentes em km² na imagem orbital são inferiores à área mínima de mapeamento,
portanto, foram representadas por símbolos do tipo ponto. As Áreas de Concessão de
Lavra correspondem às áreas autorizados para explotar recursos minerais e dentro dos
polígonos, onde foi possível localizadas as minas, foram adicionados símbolos pontuais
para representá-las. Culturas Temporárias são formadas por cultivos temporários
diversificados, ou seja, esta categoria está associada aos mosaicos de usos que envolvem a
utilização de mais de três produtos, geralmente conjugam culturas temporárias, avicultura e
sinocultura, como ocorre na agricultura familiar e de subsistência (IBGE, 2013, p. 69).
As pastagens correspondem às áreas destinadas a pecuária extensiva associadas às
culturas temporárias. Na Área Campestre I com predomínio de Savana-Estépica e Área
Campestre II com contato entre Savana Arborizada e Savana-Estépica prevalece estrato
arbustivo, esparsamente distribuído sobre terreno com cobertura vegetal lenhosa em
diferentes tipologias. As Áreas Descobertas referem-se a ambientais naturais ou antrópicos,
por exemplo, rochas desnudas, áreas abandonadas de extração mineral ou sem cobertura
vegetal ou outras categorias não classificadas no manual técnico de cobertura e uso da
terra, correspondendo neste trabalho aos terrenos com concentração de murundus, ou seja,
montículos, detalhados mais adiante. O Mapa 02 intitulado Cobertura e Uso da Terra do
Gráfico 01: Representação Percentual da Cobertura e Uso da Terra em Brotas de
Macaúbas (BA).
41
Município de Brotas de Macaúbas – Bahia, 2015 espacializa as informações mapeadas
nesta pesquisa.
42
Mapa 02:Uso e Cobertura da Terra do Município de Brotas de Macaúbas – Bahia, 2015
43
5.2 ÁREAS URBANIZADAS
Corresponde apenas à sede municipal (Foto 01), ocupando 3,25 km² da área total,
ou seja, 0,14%, e ao parque eólico (Foto 02) representado no mapa por símbolo pontual e
as figuras 05 e 06 correspondem a essas feições em vista vertical. Embora alguns locais
tenham características de áreas urbanizadas como exemplo os povoados de Feira Nova
com 290 unidades domiciliares e Cocal com 259 unidades (BAHIA, 2014) eles não foram
representativos na imagem de satélite segundo o critério de mapeamento utilizado.
Fonte: Trabalho de Campo, 2015. Fonte: Landsat 8, USGS, 2014.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014. Fonte: Landsat 8, USGS, 2014.
Figura 05: Área urbana da sede
municipal, em imagem orbital
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 06: Vista vertical do complexo
industrial eólico, em imagem orbital,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Foto 02: Vista horizontal do complexo
industrial eólico, município de Brotas de
Macaúbas (BA)
Foto 01: Praça da Bíblia, área urbana
da sede municipal, município de Brotas
de Macaúbas (BA)
44
5.3 ÁREAS DE CONCESSÃO DE LAVRA
Algumas minas subterrâneas estão próximas à localidade de Buriti Cristalino (Foto
03 e Figura 07) e foram localizadas em trabalho de campo. Com auxílio de GPS de
navegação foi possível registrar coordenadas geodésicas de algumas minas. Foi possível
verificar na imagem orbital, ao redor de Buriti Cristalino, algumas manchas brancas e
isoladas que fazem referência aos solos revolvidos e lascas de cristais de minas
subterrâneas, denominadas de pilhas de rejeito (Foto 03) que são depositadas na superfície
do terreno.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014. Landsat 8, 2014. USGS, 2014
Este tipo de uso corresponde ao segundo nível de mapeamento, faz parte das Áreas
Antrópicas Não Agrícolas e em Brotas de Macaúbas são explotados minerais classificados
não metálicos. Tanto as minas subterrâneas quanto as de céu aberto foram representadas
por símbolos e estão inseridas em polígonos georreferenciados registrados no DNPM,
referente às Áreas de Concessão de Lavra, contabilizando aproximadamente 30km².
As atividades de mineração subterrâneas 5 referem-se ao garimpo
6 de quartzo, e
mineração a céu aberto 7 - refere-se à extração de conglomerados e quartzito. A primeira,
rudimentar, é destina ao comércio de rochas ornamentais e as outras rochas, de
5 Esta atividade “é efetuada quando os depósitos minerais são profundos e a simples remoção do material que
os recobre é difícil e dispendiosa. Seu custo é alto, e o risco de acidentes graves é maior” (COLEÇÃO
ENTENDA E APRENDA, 2004 p. 46) 6 Trata-se de uma “mineração rudimentar, que pode ser legalizada ou clandestina (...) remonta aos tempos da
colonização e que se origina de “grimpar”, subir em encostas” (COLEÇÃO ENTENDA E APRENDA, 2004,
p. 52) 7 Esta atividade ocorre “quando os depósitos minerais estão na superfície do solo ou à pouca profundidade”
(COLEÇÃO ENTENDA E APRENDA, 2004, p. 50)
Foto 03: Garimpeiros sobre pilha de
rejeito, localidade de Buriti Cristalino,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 07: Localização de Garimpo em
imagem orbital, próximo ao povoado
de Buriti Cristalino, município de
Brotas de Macaúbas (BA)
45
revestimento, são direcionadas principalmente para a construção civil. As minas a céu
aberto foram identificadas em imagens orbitais, próximo ao povoado de Água Verde e
também a 6 km da sede do município de Brotas de Macaúbas (BA) na Figura 08.
Fonte: Landsat 8, 2014. USGS, 2014
Google Earth2014, Trabalho de campo, 2015.
5.4 CULTURAS TEMPORÁRIAS
As culturas temporárias correspondem aos cultivos que possuem ciclo vegetativo
inferior a um ano, deixando o terreno disponível para novos plantios. As lavouras
semipermanentes como cana-de-açúcar, mandioca, algumas forrageiras destinadas ao
corte, também pertencem à categoria de culturas temporárias (IBGE, 2013, p. 59). Assim,
destacam principalmente o cultivo de mandioca (Foto 04), milho, feijão, a cana-de-açúcar
(Foto 05) dentre outros, como representa a tabela 04 abaixo com dados da produção
agrícola municipal (IBGE, 2014a) e a Figura 09. As culturas temporárias estão
concentradas ao longo da BA-156 e nos arredores dos povoados, principalmente das áreas
pediplanadas e às margens de cursos d’água, contabilizando 359,42% km², equivalente a
15,18% da área. Foram mapeadas na imagem orbital principalmente pela cor clara entre os
demais tons da vegetação e pastagem.
Figura 08: Localização de mina a céu aberto em
imagens orbitais, a 6 km da sede do município de
Brotas de Macaúbas (BA)
46
Tabela 04: Produção de Cultura Temporária 2014 no município de Brotas de
Macaúbas (BA).
Cultura Temporária Quantidade em tonelada Percentual (%)
Mandioca 2.500 70,0
Milho (em grão) 500 14,0
Feijão (em grão) 330 9,0
Cana-de-açúcar 200 6,0
Alho 21 0,7
Sorgo (em grão) 06 0,2
Mamona (baga) 04 0,1
Total 3.561 100,0 Fonte: Produção Agrícola Municipal - Lavoura Temporária 2014, IBGE. Elaboração:
Niédja Sodré de Araújo
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014
Foto 04: Cultivo de mandioca fazenda de Buriti
Cristalino, município de Brotas de Macaúbas (BA).
Foto 05: Cultivo de cana-de-açúcar, fazenda de Pé do
Morro, município de Brotas de Macaúbas (BA).
47
Fonte: Imagem Landsat 8, USGS, 2015
5.5 PASTAGENS (associadas a Culturas Temporárias)
As pastagens (Figura 10) existentes no município não são naturais da área de
estudo, ocorrem principalmente nas margens de trechos da BA-156 e em locais
pediplanados, como exemplo, no extremo norte do município nas localidades de Morão,
Piranha, Baraúna, Jatobá, Andiroba, ocupando no total 374,10 km², ou seja, 15,80%.
Em campo, verificou-se que no vale do riacho de Brotas são criados bovinos no
período de estiagem, próximo à sede do município e outras áreas ocupadas por plantações
de feijão, milho, dentre outros, podem ser utilizadas para pastagem quando finalizado o
período da lavoura. De acordo com o IBGE (2014b) os bovinos, caprinos, ovinos e suínos
são os principais animais criados em áreas de pastagem no município de Brotas de
Macaúbas, e os dois primeiros representam 83%, como demonstra a tabela 05. Em alguns
casos são criados livre de cercados, como ocorre no lugarejo de Jatobá, ou seja, em áreas
de fundo e fecho de pasto (Foto 06), sendo comum a pastagem estar associada à caatinga.
Entretanto, podem ocorrer locais onde há o predomínio de pastagem, por exemplo, nas
proximidades da fazenda São Tomé (Foto 07), nos primeiros quilômetros da BA-156 à
esquerda desta via. A criação de bovinos é direcionada para produção de leite e de carne,
enquanto a de suínos e caprinos é destinada para a produção de carne, alimentos
consumidos pela população local.
Figura 9: Cultivos Temporários em imagem
orbital, localidades de Buriti Cristalino e Pé do
Morro, município de Brotas de Macaúbas, (BA).
48
Fonte: Fonte: Trabalho de Campo, 2014
Fonte: Fonte: Trabalho de Campo, 2015
Fonte: Landsat 8, USGS, 2014.
Foto 06: Fundo e fecho de pasto, lugarejo de jatobá,
município de Brotas de Macaúbas (BA).
Foto 07: Pastagem plantada na Faz. São Tomé,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 10: Pastagem entre áreas de Culturas
Temporárias, próximo da Localidade de Barriguda,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
49
Tabela 05: Produção pecuária 2014, município de Brotas de Macaúbas (BA).
Tipo de Animal Quantidade de Cabeça Percentual (%)
Bovino 11.849 67,0
Caprino 2.824 16,0
Ovino 1.348 8,0
Suíno 1.224 7,0
Equino 390 2,0
Total 17.635 100,0
Fonte: Produção da Pecuária Municipal, 2014, IBGE
5.6 ÁREA CAMPESTRE I (predomínio de Savana-Estépica)
O grupo de fitogeógrafos do Projeto RADAMBRASIL, na década de 1970, foi
responsável por mapear a cobertura vegetal do país e criou uma classificação
fitogeográfica que na década de 1980 deu origem a obra Fitogeografia Brasileira:
classificação fisionômico-ecológica da vegetação. Assim, o Manual Técnico de Cobertura
e Uso da Terra do IBGE considera a classificação da vegetação realizada no Projeto
Radam como referência máxima para interpretar a vegetação natural (IBGE, 2012, p.22-
27, 45).
A Área Campestre I com predomínio de Savana-Estépica , também denominada de
caatinga, é formada por espécies xerófilas, lenhosas, adaptadas ao clima semiárido do
nordeste brasileiro, possui tipos vegetais com morfologia de porte pequeno e cespitoso, ou
seja, ramificações de troncos sustentados por uma mesma raiz.
A Savana Estépica do tipo Arbórea Aberta reveste terrenos muito antigos, com
afloramentos rochosos, solos geralmente compactados por atividades antrópicas e podem
conter, ou não, palmeiras. Assim, a vegetação constitui-se por árvores espaçadas, copas
amplas e arredondadas, cactáceas, dentre outros, enquanto o tipo Arbórea Densa ocupa
principalmente as superfícies pediplanadas, arranjam suas copas de modo entrelaçado e
destacam-se espécies conhecidas popularmente por umbuzeiro (Spondias tuberosa), como
representa a Foto 08, uburana-de-cambão (Bursera leptophloeos), mandacaru (Cereus
jamacaru) e braúna (Schinopsis brasiliensis) (BRASIL, 1982, p. 468-492).
Neste mapeamento ambos os tipos: Arbórea Densa e Arbórea Aberta são
considerados como Savana-Estépica e a Figura 11 indica alguns locais onde ocorre essa
cobertura vegetal, totalizando 464,56 km² ou 19,62%.
50
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Fonte: Landsat 8, USGS, 2014
A configuração da paisagem vegetal no município estudado está restritamente
relacionada às condições climáticas, pedológicas e geomorfológicas, visto que em áreas
onde predomina Latossolo Vermelho-Amarelo é comum encontrar o tipo arbórea densa, e,
onde existe o Neossolo Litólico, por ser pedregoso e raso, há maior ocorrência da formação
Savana-Estépica (Foto 09). Contudo, nos topos de serre é comum encontrar contato entre
Savana-Estépica e Savana Arborizada por ser uma área de transição.
Na atividade de campo realizada no segundo semestre de 2014, a Savana Estépica
estava ressaltando cor cinza, em virtude da umidade no solo ser praticamente nula entre os
meses de abril e novembro. Deste modo, as plantas perdem total ou parcialmente suas
Foto 08: Umbuzeiros próximos ao povoado Araci e Savana
Estépica, município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 11: Savana-Estépica em imagem orbital, município de
Brotas de Macaúbas (BA)
51
folhas, na tentativa de reduzir a evapotraspiração para regular o balanço hídrico e
sobreviver à seca. Na imagem orbital a caatinga respondeu a tons de roxo, pois em virtude
da ausência de folhas a resposta espectral do solo se sobressaiu em relação à da cobertura
vegetal.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
5.7 ÁREA CAMPESTRE II (contato entre Savana Arborizada e Savana-Estépica)
Na área Campestre II predomina a Savana Arborizada (Figura 12). Este tipo de
vegetação também denominado de cerrado pode ocupar, dentre outras formações
geomorfológicas, superfícies pediplanadas, relevos montanhosos e dissecados inseridos no
Grupo Chapada Diamantina. O tipo Arbóreo Aberto pode conter floresta-de-galeria
acompanhando percursos de rios ou em outras áreas úmidas, todavia, este tipo de floresta
geralmente não ocorre em áreas onde existe drenagem de baixa densidade, como na área de
estudo. Possui espécies lenhosas, baixas e tortuosas, com altura entre 2 a 4 metros,
ocorrendo espécies conhecidas popularmente por pau-santo (kilmeyera tomentosa), muricis
(coccolobifolia), dentre outras (BRASIL, 1982, p. 468-492).
Na área de estudo a Savana Arborizada ocorre principalmente nas áreas de
Neossolo Litólico e foi identificada em imagem orbital por apresentar-se verde mesmo na
estiagem em virtude do ambiente de topos de serra ter maior umidade em relação às áreas
pediplanadas.
Foto 09: Savana-Estépica próxima da fazenda Água
Verde, município de Brotas de Macaúbas (BA)
52
Fonte: Landsat 8, USGS, 2014
Deste modo, foram identificadas árvores frutíferas típicas do cerrado, como
exemplo: puçá (Mouriri pusa), araticum (Annona crassiflor), mangaba (Hancornia
speciosa) pequi (Caryocar brasilliense), Foto 10, dentre outras. Essa formação reflete na
imagem orbital cores verdes vibrantes, em virtude de maior umidade no ambiente pelo
fator altitude. Verificaram-se ambientes de transição com ocorrência de espécies de
Savana-Estépica, como Juazeiro (Ziziphus joazeiro), jurema, dentre outros.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Foto 10: Pequizeiro próximo ao povoado de Buriti
Cristalino, município de Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 12: Áreas de Savana Arborizada, em imagem orbital,
indicadas pelas setas dentro da área do município de Brotas de
Macaúbas (BA) delimitada por linha tracejada.
53
No mapa do Bioma Caatinga publicado pelo Ministério do Meio Ambiente
(BRASIL, 2006), nas folhas Barra e Ibotirama, ou seja, SC-23-Z-D e SD-23-X-B
respectivamente, onde está inserido o município de Brotas de Macaúbas, há áreas de
Tensão Ecológica que referem às áreas de transição e outras de caatinga que correspondem
à Savana Arborizada. Essas informações ajudaram na classificação da cobertura vegetal do
município que totalizou 1.051,13 km², ou seja, a maior cobertura da terra no município,
44,40%.
Segundo dados de produção da extração vegetal do município (IBGE, 2014c), nas
áreas campestres I e II destacam-se a produção de umbu, responsável por 61% das 28
toneladas colhidas em 2014, em seguida o coquinho licuri com 21% e a produção de
mangaba mais a castanha de caju totaliza 18%, como representa a tabela abaixo. É
importante ressaltar que a extração de lenha é um tipo de uso existente na cobertura
vegetal, porém, segundo o IBGE os totais não atingiram a unidade de medida por
arredondamento utilizada pelo Instituto.
Tabela 06: Produção de Extração Vegetal, município de Brotas de Macaúbas (BA).
Extração Vegetal Toneladas Percentual (%)
Umbu 17 61,0
Coquinho licuri 6 21,0
Mangaba 3 11,0
Castanha de cajú 2 7,0
Total 28 100,0
Fonte: Produção da Extração Vegetal, 2014c, IBGE.
5.8 ÁREAS DESCOBERTAS
As Áreas Descobertas mapeadas neste trabalho fazem referência às superfícies
continentais terrestres com cobertura vegetal rarefeita destacando a presença de murundus,
ou seja, montículos. A origem dessa formação ainda não tem uma tese definida, apenas
hipóteses, basicamente duas: uma biológica associada a atividades de térmitas, como
exemplo cupins, e a outra, geomorfológica, associada à erosão diferenciada. Neste
contexto,
Murundu é um tipo de micro-relevo associado às condições de má
drenagem, são formações naturais de configuração
aproximadamente cônica, apresentando dimensões bastante
variáveis em geral da ordem de 3 a 22 m de diâmetro, à base, e,
54
altura que raramente excede 3 metros (RESEND et al. 2002;
OLIVEIRA FILHO 1998 apud ANTUNES et al. 2012).
Este tipo de formação (Foto 11 e Figura 13) foi identificado em áreas extensas com pouca
cobertura vegetal e representam 115,1 km² (4,86%). Geralmente estão associadas à criação
de animais de médio e grande porte como suínos, caprinos e bovinos.
Fonte: Trabalho de Campo, 2015.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
A partir da interpretação do mapa de Uso e Cobertura da Terra do Município de
Brotas de Macaúbas – Bahia, 2014, verificou-se que nas extremidades leste e oeste
predominam contato entre as duas formações vegetais: Savana-Estépica e Savana
Arborizada principalmente em áreas serranas e nas encostas predomina a primeira
formação. Áreas de Concessão de Lavra estão localizadas tanto em cobertura Campestre I
Foto 11: Murundus, município de
Brotas de Macaúbas (BA)
Figura 13: Área com murundus em imagem
orbital, município de Brotas de Macaúbas (BA)
55
quanto Campestre II, com destaque para as localidades de Água Verde e Buriti Cristalino.
Às margens da BA-156 concentra-se a maior quantidade de povoados e localidades onde
são desenvolvidas atividades de subsistência como cultivos diversificados principalmente
nas áreas de pediplano onde os solos são mais desenvolvidos, predominando os Latossolos
que favorecem a agricultura e criação de animais de pequeno, médio e grande porte, visto
que o relevo favorece esse padrão de ocupação.
O parque eólico está localizado ao sul do município em área com ocorrência de
murundus e embora esta formação esteja concentrada na porção sul do oeste do município
eles são encontrados também vizinhos ao açude de Brotas e próximos de alguns povoados,
por exemplo, no povoado de Araci, Nova Vista, dentre outras localidades, porém em áreas
mais discretas e inferiores a unidade mínima de mapeamento.
No extremo norte verifica-se concentração de pastagens e nas margens dos cursos
d’água culturas temporárias. Os locais com licença para explotar minerais estão localizados
próximos a fazenda Buriti Cristalino, no extremo leste, Água Verde, no extremo norte,
Colônia, na área central do mapa, e outro local próximo da fazenda Peixe.
Em relação à cobertura referente a Águas Continentais, muito comum nos
mapeamentos de cobertura e uso da terra, nesta pesquisa não foi possível mapear os corpos
hídricos, por exemplo, o açude de Brotas (Foto 12) localizado ao leste da área urbana da
sede municipal, porque, possui apenas 0,05 km². Este lago, mesmo durante a estiagem
conserva água para usos diversos: lazer, dessedentação de animais, pesca sem caráter
comercial, irrigação de jardins, dentre outros.
Fonte: Trabalho de Campo, 2015.
Foto 12: Açude de Brotas, município de
Brotas de Macaúbas (BA)
56
6. IMPACTOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS AOS USOS DA TERRA
Por meio dos trabalhos de campo, verificou-se queimada (Foto 13) nas savanas para
preparação da terra para agricultura, assim como desmatamento dessas formações vegetais
nas áreas com atividade de mineração, pastagem, loteamento, dentre outras. As atividades
antrópicas agrícolas e não agrícolas impactam diretamente a cobertura vegetal, pois há
perda de espécies nativas para implantação de culturas e pasto, erosão superficial do solo
pela falta de matéria orgânica e vegetação na superfície, dentre outros.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Onde há ocorrência de nascentes e ao longo dos cursos d’água verificaram-se
culturas temporárias e mau uso do recurso pelo turismo local, como exemplo, o riacho de
Santa Marina e o Lajedo (Foto 14) na porção oeste do município, onde freqüentadores
descartam lixo (Foto 15) de diversas naturezas como plástico, vidro, alumínio, e até móveis
domésticos. Estes materiais ao entrar em decomposição degradam o solo, poluem o
ambiente e podem ser ingeridos por animais nativos.
Fonte: Trabalho de Campo, 2015.
Foto 13: Área queimada próximo ao povoado de
Cristalândia, município de Brotas de Macaúbas (BA)
Foto 14: Lajedo, próximo de Pé do Morro,
Município de Brotas de Macaúbas (BA)
57
Fonte: Trabalho de Campo, 2015.
O município de Brotas de Macaúbas não possui Estação de Tratamento de Esgoto,
desta forma cerca de 80% dos efluentes produzidos pela área urbanizada da sede municipal
são lançados “in natura” diretamente sobre o riacho de Brotas e os outros 20% são
depositados em fossas secas, assim como os dejetos humanos na zona rural, de acordo com
as informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura. Desta forma, nos
períodos de estiagem os efluentes lançados no riacho deixam o terreno mais úmido onde há
ocorrência de gramíneas e alguns pequenos produtores usam esta área como pasto para
criar bovinos (Foto 16).
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Quando o período chuvoso retorna, o riacho de Brotas leva os efluentes depositados
ao longo do percurso, passando por povoados, açudes da área rural, até alcançar o rio
Foto 15: Lixo encontrado em trabalho de campo no Lajedo,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Foto 16: Criação de bovinos em área de vale seco (riacho de
Brotas), em período de estiagem, onde são lançados efluentes
urbanos, município de Brotas de Macaúbas (BA)
58
Paramirim que posteriormente deságua no rio São Francisco. Os impactos ambientais
ocasionados por esta realidade comprometem a qualidade das águas fluviais no período de
chuvas, assim como apresenta riscos de infecção para os habitantes que moram próximos,
ou consomem carne, leite ou derivados dos animais criados nessas áreas.
A criação de gado em ambientes como o do Riacho de Brotas pode proporcionar a
cisticercose bovina, causada pela fase larvar da Taenia Saginata, a partir da ingestão de
ovos viáveis presentes no meio ambiente contaminado por fezes humanas, provocando
diarréias e cólicas no homem após consumir a carne bovina infectada (VILCEK, 2012).
Deste modo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura informou estar
desenvolvendo o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) que, dentre outros
objetivos, visa estabelecer diretrizes para minimizar os problemas ambientais causados
pela deficiência do sistema de saneamento.
Verificou-se em trabalhos de campo o descarte de resíduos sólidos, de toda
natureza, oriundos de área urbanizada, sobretudo, da sede municipal e de alguns povoados,
transportados para um lixão (Foto 17), a céu aberto, cerca de 3 km da área urbana, onde
são empilhados e queimados. Nos locais rurais onde não ocorre a coleta, os moradores
geralmente reservam uma área no quintal e costumam queimar o lixo.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Pode-se inferir que este tipo de atividade causa poluição no ar e no solo, sobretudo,
pela infiltração de chorume que em alguns casos pode contaminar lençóis freáticos. As
chamas provenientes da queima do lixo apresentam rico de incêndios para a cobertura
vegetal, principalmente em períodos de seca. A prefeitura municipal informou que há um
projeto de construção de aterro sanitário coletivo em parceria com a prefeitura do
Foto 17: Área de lixão da sede
municipal de Brotas de Macaúbas (BA)
59
município limítrofe - Ipupiara, com previsão de início para 2016, visando redução de
custos e administração conjunta do aterro. Em alguns locais ao longo de estradas sem
pavimentação, a exemplo entre no povoado de Cristalândia (Foto 18), encontrou-se lixo
doméstico assim como entulhos descartados nas margens do trajeto. Além dos problemas
citados com o descarte incorreto do lixo, esta prática também representa risco para os
animais porque podem ingerir alguns desses materiais, sobretudo, nos períodos de
estiagem onde a oferta de alimento é escassa
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), um instrumento previsto pela
Lei 11.445, estabelece diretrizes, metas e ações de saneamento básico para o Brasil até
2033. Deste modo, todos os municípios devem desenvolver seu Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB) para o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais (BRASIL,
2007). Sendo assim, os lixões ou vazadouros a céu aberto, deverão ser desativados e os
planos municipais deverão ser implantados até 2016, prazo prorrogado pelo Governo
Federal.
Em relação aos impactos associados às Áreas de Concessão de Lavra, as atividades
em mina subterrânea são periculosas, os trabalhadores se submetem a riscos como: i)
desabamento de terra ou rolamento de bloco de rochas sobre eles, durante as escavações,
ii) inalação de poeira e componentes da rocha dispersos no ar, iii) sofrem desconforto
térmico com altas temperaturas no subsolo entre 20 e 80 m de profundidade, iv) pouca
disponibilidade de oxigênio e iluminação, v) risco de acidentes durante manipulação de
explosivos, dentre outros, e muitas vezes não usaram Equipamento de Proteção Individual
Foto 18: Resíduos sólidos à beira de estrada
próxima ao povoado de Cristalândia, município
de Brotas de Macaúbas (BA)
60
(EPI) para trabalharem com segurança, raramente usam capacete, máscara contra poeira,
proteção auditiva, luvas, dentre outros. Os escavamentos verticais abandonados (Foto 19)
realizados no garimpo proporcionam risco de acidente para animais e pessoas que
transitam na área. Na etapa de abertura das minas ocorre produção de ruídos pela utilização
de explosivos, ocasionando incômodo aos moradores vizinhos.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Embora não tenha sido verificado trabalho infantil ou escravizado, nos trabalhos de
campo, durante a entrevista junto aos garimpeiros presentes no campo, eles responderam
que garimpam desde a adolecência, sendo a maioria analfabeta, ou que assinam apenas o
nome. O garimpo desenvolvido no município visualmente impacta menos a paisagem,
portanto, neste aspecto, a mineração industrial, a céu aberto (Foto 20) tem maior destaque
principalmente por produzir crateras nas serras. Contudo, no garimpo notou-se
vulnerabilidade social, econômica e política dos trabalhadores que se submetem a
condições precárias e periculosas no ambiente de trabalho.
.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Foto 20: Extração de Quartzito no povoado de
Araci, município de Brotas de Macaúbas (BA)
Foto 19: Mina do Ioiô, próximo de Buriti Cristalino,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
61
A mineração industrial praticamente não emprega habitantes locais, pois, requer
mão de obra qualificada para operar os instrumentos, geralmente as empresas trazem
alguns funcionários contribuindo pouco para empregar nativos e consomem água potável
na extração - um recurso natural escasso no território. Ambas as atividades, tanto a céu
aberto quanto subterrânea produzem ruídos, vibrações, poeira, dentre outros, porém as de
céu aberto impactam mais a paisagem natural e as subterrâneas impactam mais a saúde dos
garimpeiros.
Dentre os tipos de uso da terra ocorrentes no município de Brotas de Macaúbas,
vale a pena destacar as atividades de exploração8 mineral, que parte desde a fase inicial das
pesquisas, requerimento de área de estudo, levantamentos de dados, análise da
potencialidade mineral e viabilidade econômica, dentre outras, até a fase de extração para
fins econômicos, ou seja, a explotação9. Assim, verificou-se que há ocorrência de 100
áreas sendo exploradas, porém, apenas 04 possuem autorização para lavrar: a Cooperativa
Agromineral Sem Fronteiras LTDA, Gransaf Granitos São Francisco LTDA, Mineração
Pedras Ornamentais Nordeste LTDA e Silux Mineração LTDA, ou seja, elas podem
explotar os recursos minerais (DNPM, 2014). São pesquisados no município os seguintes
recursos: arcósio, barita, conglomerado, diamante, fosfato, granito, manganês, minério de
chumbo, de ferro, ouro, quartzito e quartzo. As atividades de explotação de quartzo são
realizadas desde a década de 1930, dos tipos hialino (cristal de rocha), leitoso, fumê e
rutilo, em cerca de 200 garimpos (SILVA FILHO, 2008).
O município de Brotas de Macaúbas arrecadou em 2014 do DNPM o equivalente a
R$ 8.551,64 referente à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM) das 905 toneladas declaradas pela Mineração Pedras Ornamentais Nordeste. A
arrecadação da CFEM, por lei, deve ser investida em infra-estrutura, na área ambiental,
saúde, educação, visando beneficiar a comunidade local, porém, a quantidade anual
transferida para o município é irrelevante em relação ao valor das rochas após o
beneficiamento. Do total de 0,2% da CFEM arrecadada pelo DNPM, 65% é transferido
para o município, 23% para a Unidade da Federação e 12% para a União. Porém, a maior
arrecadação tributária com rochas ornamentais e de revestimento não provém da CFEM,
8 Também denominada de prospecção “é o conjunto de trabalhos que visam à localização e à caracterização
física, química e mineralógica de uma concentração mineral e nos estudos para avaliar a viabilidade
econômica de seu aproveitamento” (COLEÇÃO ENTENDA E APRENDA, 2004, p. 47) 9 Refere-se a “procedimentos necessários à exploração econômica de uma jazida” (COLEÇÃO ENTENDA E
APRENDA, 2004, p. 47)
62
ocorre nos lugares onde são realizados o beneficiamento e comercialização das peças, com
destaque para o Espírito Santo tradicional no ramo.
O quartzito extraído no município é conhecido como quartzito azul, atualmente
valorizado no mercado, mas, certamente tanto o município de Brotas de Macaúbas quanto
o Estado da Bahia, arrecadam pouco recurso financeiro no setor da mineração em virtude
da legislação vigente, da fiscalização deficiente e por não beneficiar a rocha no lugar de
origem. Para exemplificar, consultando uma loja virtual especializada em vendas de
produtos minerais, em 2015, foi verificado que 140g do quartzito azul, beneficiado na
forma de globo ornamental, custa R$42 reais (CRISTAIS AQUARIUS, 2015), ou seja, 1kg
é equivalente a 300 reais e 1.000 kg ou 1 tonelada, neste caso, corresponderia a 300 mil
reais.
A Secretaria do Meio Ambiente e Agricultura municipal informou não ter
conhecimento sobre a quantidade aproximada de toneladas de rochas extraídas por ano no
território, assim, cada empresa tem autonomia para declarar ao DNPM a quantidade
explotada e o valor dos blocos brutos, que, originarão o CFEM a ser arrecadado. A
fiscalização das atividades acontece por meio de órgãos competentes: DNPM ou Instituto
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) em casos de denúncia sobre alguma
irregularidade constatada ou por iniciativa destes próprios órgãos. Nesse sentido, o
INEMA, dentre outras funções, fiscaliza o manejo de recursos naturais e recuperação de
áreas degradadas, visto que o responsável pelas atividades de mineração tem o dever de
recuperar ou minimizar os impactos ambientais causados.
O município de Brotas de Macaúbas possui muitas localidades em área rural,
destacando os povoados de Cocal, Lagoa Nova, Mata do Bom Jesus, e a vila Ouricuri do
Ouro com o maior número de habitações de acordo a Prefeitura Municipal de Brotas de
Macaúbas, totalizando 798 residências e as atividades predominantes são agricultura,
pecuária e comércio (BAHIA, 2014). Em relação às áreas industriais existe apenas uma
ocupada pelo Complexo Eólico implantado na serra da Mangabeira, com 12,5 km de
comprimento, pertencendo à classe de Áreas Urbanizadas no mapeamento realizado.
A implantação do parque eólico, administrado pela empresa Desenvix, tem
ocasionado alguns impactos positivos, pois, realizam atividades ambientais e culturais em
localidades circunvizinhas, como exemplo, em Sumidouro, assim como os Royalties
repassados aos proprietários da terra pela geração de energia contribuem para movimentar
a economia local. A comunidade de Boa Vista arrecada por ano 4 mil reais por cada uma
das 20 torres inseridas em propriedade dos membros da Associação Comunitária de Boa
63
Vista (ASSCOBV) e a criação de bovinos tradicionalmente desenvolvida na área do
Parque não foi alterada com a sua implantação, garantindo assim a manutenção das
atividades pecuárias.
Outro reflexo positivo refere-se à melhoria de acesso às localidades impactadas
pelo parque, devido ao alargamento de estrada sem pavimentação durante a etapa de
implantação do complexo industrial que gerou oportunidade de emprego temporário na
região e melhorando as condições de transporte. Atualmente são contratados 09
trabalhadores do município para prestar serviços de vigilância e de auxiliar administrativo,
embora a maioria deles (25) sejam profissionais especializados de outros municípios,
segundo o funcionário administrativo da empresa Desenvix, durante conversa em trabalho
de campo.
De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração o programa do
governo estadual Luz Para Todos chegou às localidades com a implantação do parque
eólico, e muitos cidadãos conseguiram adquirir carteiras de trabalho e de identidade por
meio de iniciativa da Desenvix em parceria com a prefeitura municipal (BAHIA, 2011, p.
06-11) garantindo o direito à cidadania de uma população antes desassistida.
6.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE ATIVIDADES DE GARIMPO E MINERAÇÃO
INDUSTRIAL
Os processos minerários do município registrados no DNPM (2014) até o mês de
novembro de 2014 referem-se às seguintes fases: i) Requerimento de Pesquisa – fase que
antecede a pesquisa mineral, quando a pessoa física/jurídica protocoliza o Pré-
Requerimento de pesquisa junto ao DNPM; ii) Autorização de Pesquisa – quando o
DNPM emite o Alvará de Pesquisa e o faz publicar no Diário Oficial da União, podendo
ter duração de 1 a 3 anos; iii) Requerimento de Lavra Garimpeira – quando a pessoa
física ou Cooperativa de Garimpeiro protocoliza no DNPM o Pré-Requerimento de
Permissão da Lavra Garimpeira, conforme instituído pela Lei nº 7.805, de 1989; iv)
Concessão de Lavra – refere-se ao ato de poder lavrar o bem mineral, que é outorgado por
meio de Portaria do Ministério de Minas e Energia; v) Lavra Garimpeira – significa o
mesmo que Permissão de Lavra Garimpeira, ou PLG, trata-se do direito que o titular tem
de lavrar o bem mineral garimpável instituído pela PLG que é uma publicação do Diretor-
Geral do DNPM; e vi) Disponibilidade – quando o titular do direito minerário perde esse
64
direito por meio de publicação de despacho no Diário Oficial da União, assim a área fica
disponível pelo prazo de sessenta dias, para fins de pesquisa ou lavra, para qualquer pessoa
física/jurídica participar do certame concorrencial. A pessoa física ou jurídica pode
explotar na fase de Concessão de Lavra, Registro de Extração, Licenciamento, Permissão
de Lavra Garimpeira e também na fase de Alvará de Pesquisa com Guia de Utilização
(DNPM, 2015).
É interessante notar que no município de Brotas de Macaúbas apenas as fases Lavra
Garimpeira e Concessão de Lavra possuem autorização para realizar explotação, porém,
essa prática frequentemente acontece nas demais fases anteriores.
Conferindo os polígonos georreferenciados, inseridos no Mapa 03, onde estão
registrados os processos minerários disponibilizados pelo DNPM (2014) e os locais
visitados em campo, percebe-se a ocorrência de áreas que foram exploradas, mas não
foram recuperadas. As entidades que possuem autorização para explotar são: i)
Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras LTDA (CASEF), na região de Buriti Cristalino;
ii) Gransaf Granitos São Francisco LTDA, minerando Conglomerado a 5 km da sede
municipal, à margem da BA 156, na porção oeste; iii) Mineração Pedras Ornamentais
Nordeste LTDA, que extrai quartzito ao norte, nas abrangências dos povoados de Água
Verde e Cristalândia; iv) Silux Mineração LTDA, que extrai quartzo, ao sul e nos arredores
das localidades de Milho, Lagoa do Capim e Cais. O Mapa 03 intitulado “Processos
Minerários, município de Brotas de Macaúbas – Bahia, 2015” representa a espacialização
dos processos minerários.
65
Mapa 03: Processos Minerários, município de Brotas de Macaúbas, 2015 – Bahia.
66
Observando o mapa 03, apenas as áreas em verde representam as Concessões de
Lavra, estão autorizadas para explotar, como exemplo as áreas administradas pela
Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF) no oeste do município. Esta
cooperativa fundada em 1º de janeiro de 1990 foi reconhecida como entidade não
governamental em 19 de maio de 1996 e está localizada na sede municipal de Brotas de
Macaúbas. Países como França, Holanda, Bélgica, China e os governos municipal, estadual
e federal apoiaram na fundação, por meio de doações de equipamentos para os trabalhos
artesanais com quartzos, assim como investiram na capacitação de monitores, e 37
artesãos, dentre eles 22 mulheres.
A CASEF tem como objetivo assegurar aos cooperativados o direito de explotar
quartzos em Brotas de Macaúbas e em outros municípios próximos – Oliveira dos
Brejinhos, Ipupiara e Gentio do Ouro. Em 1992 a CASEF cadastrou 3.000 famílias
residentes nestes municípios que realizavam atividades diretamente relacionadas ao setor.
No ano de 2008, possuía 174 garimpos sob sua responsabilidade administrativa. Para
manutenção dos custos, cada cooperativado deveria contribuir com 10% do valor do que é
produzido no garimpo, para trabalharem em situação regularizada, com os direitos
minerários e licenças ambientais (SILVA FILHO, 2008).
Segundo o presidente da CASEF, atualmente há 740 garimpeiros oriundos dos
municípios de Brotas de Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Gentil do Ouro,
destes, aproximadamente 250 são brotenses. De acordo com o DNPM (2014) a área total
administrada pela CASEF em Brotas de Macaúbas totaliza 2. 889,31 ha.
A cooperativa conta com 722 m² e duas edificações que possibilitam a realização de
atividades como lapidação, artesanato mineral, adorno e bijuterias. Um dos espaços conta
com 03 salas administrativas, 01 cozinha, 01 refeitório, 01 sala de exposições, 01 auditório
com capacidade para acomodar até 100 associados. O outro espaço trata-se de um galpão
de produção com 160m² onde ocorre beneficiamento do cristal de rocha e atividades
artesanais, por meio de uma serra caixão, uma bancada com dois motores que acomoda até
quatro artesãos, dois motores para alisamento e dois para polimento, podendo acomodar
até dois artesãos cada um.
No garimpo de Bojo Vermelho a CASEF aloja os explosivos em um paiol, que são
regularizados junto ao Exército Brasileiro e utilizados nas detonações para abertura de
garimpos. Os materiais extraídos, basicamente cristal de rocha e rutilo, são vendidos para
outros estados, por exemplo, o Rio de Janeiro que exporta para os Estados Unidos,
entretanto os atravessadores/intermediários são os principais consumidores. De acordo com
67
o presidente, há inclusive demanda de exportação para outros países como Coréia, Japão e
Espanha, contudo a CASEF não dispõe das condições necessárias para atender essa
demanda, principalmente porque as minas mais produtivas estão desativadas em virtude de
limitações técnicas, financeiras e políticas enfrentadas e por contar com apenas um artesão
atualmente.
Quando as entidades estrangeiras cessaram a disponibilização de recursos, surgiram
dificuldades financeiras, estruturais e técnicas para garantir o funcionamento da CASEF,
ocasionando defasagem de mão de obra no garimpo e na produção de peças ornamentais.
Segundo Rocha (1984) “para que uma cooperativa funcione efetivamente, faz-se
necessário que haja entre os cooperativados, lideranças autênticas, capazes de conduzir o
processo sem criar onerosos vínculos de dependência com órgãos ou instituições
governamentais” (ROCHA, 1984, p. 169). Dentre outras variáveis, a relação de
dependência da CASEF com os financiadores estrangeiros que apoiaram a sua fundação,
associada à frágil articulação política e vulnerabilidade social dos garimpeiros
provavelmente influenciou nesse processo de decadência.
Como consequência notou-se em trabalho de campo que apenas as minas mais
acessíveis e menos produtivas estão em atividade. Durante a entrevista junto aos 02
garimpeiros presentes no momento, ambos hesitaram em responder o valor diário
adquirido com a venda dos produtos, desmotivados, responderam que muitas vezes nem
conseguem rendimento no dia. Eles garimpam na esperança de encontrar “um bojo”, ou
seja, determinado mineral que compense todo o tempo dedicado à atividade e que
possibilite a realização de algum plano material ou mesmo pra complementar a renda.
Assim, combinam de trabalhar em determinada área e quando encontram algum recurso
mineral, dividem o lucro. Em geral a atividade principal desses trabalhadores é a lavoura,
alternada com o garimpo no período de estiagem “é um trabalhador inteiramente dedicado
à terra pois, além de explorar o seu subsolo, ele a cultiva” (ROCHA, 1984, p. 151).
A extração de quartzo é realizada com equipamentos rudimentares (Foto 21), por
tanto é um processo lento e limitado. As minas mais produtivas administradas pela CASEF
são: Mina da Banana e Bojo Vermelho (Foto 22), porém, estão desativadas no momento
principalmente pela ausência de energia trifásica no ambiente de trabalho e carência de
capacitação técnica e ferramentas modernas de trabalho, ocorrência de estradas de difícil
acesso aos garimpos, necessidade de veículo adequado para transporte dos minerais, e
existência de garimpeiros não cooperativados trabalhando em área administrada pela
CASEF ocasionando conflito entre garimpeiros, dentre outras adversidades.
68
De acordo com o presidente da cooperativa ao reativar as minas mais promissoras e
ocorrer melhoramento das condições de trabalho, o município de Brotas de Macaúbas
poderá gerar novas oportunidades de emprego no setor mineral, inclusive para mulheres,
pois quase 60% dos primeiros artesãos da CASEF eram do sexo feminino. Assim, essa
cooperativa trata-se de uma célula importante para o desenvolvimento econômico local,
regional e valorização do trabalho garimpeiro.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Foto 21: Instrumentos utilizados pelos garimpeiros,
município de Brotas de Macaúbas (BA)
Foto 22: Mina do Bojo Vermelho próxima de Buriti
Cristalino, município de Brotas de Macaúbas (BA)
69
6.2 O COMÉRCIO DOS MINERAIS
Em relação às atividades industriais de mineração em Brotas de Macaúbas,
verificou-se que em alguns casos a pessoa física ou jurídica cadastrada no DNPM entra em
contato com o proprietário da terra e diz ter autorização para lavrar a área, quando na
verdade ainda está nos processos minerários antecedentes. Assim, eles realizam um
“acordo” de arrendamento mensal, com o proprietário, em torno de um salário mínimo e
meio por mês, de acordo com o depoimento de um dos proprietários de terra. O valor pago
não tem relação percentual com o valor comercial das rochas geralmente destinadas para a
indústria civil (quartzito, conglomerado).
No garimpo, quando o trabalhador é associado à cooperativa, ele lavra em área
autorizada pelo DNPM, todavia, existem garimpeiros não associados que trabalham em
terrenos de outros proprietários. De acordo com um garimpeiro é repassado para o dono da
terra cerca de 10 a 30% do valor obtido com a venda do produto para o intermediário ou
para estrangeiros que eventualmente estão no município à procura desses recursos
minerais, principalmente cristal de quartzo e rutilo. É importante compreender que o
intermediário, ou atravessador, geralmente é oriundo do município produtor ou de área
circunvizinha, ou mesmo dono da terra.
O quartzo, mineral mais abundante na crosta terrestre, pode ocorrer na forma
monocristalina – quartzo hialino, ametista, citrino, dentre outros; na forma policristalina –
quartizito, calcedônia e ágata; assim como amorfa – opala (LINS; LUZ, 2008 b, p. 681).
Em Brotas de Macaúbas o mineral mais comum é o hialino, sendo mais valorizado o sem
impurezas, pois, os garimpeiros conseguem vendê-lo a preço equiparado ao rutilo. Esses
produtos são adquiridos por chineses que exportam para seu país de origem, onde lá são
cortados, esculpidos e polidos para elaboração de peças ornamentais de quartzos em
esferas de grandes diâmetros, dentre outros. A China também exporta semijoias (Foto 23) e
objetos de decoração para o mercado internacional, inclusive para o próprio Brasil (DE LA
TORRE, 2011). Estas peças são fabricadas principalmente a partir do rutilo (Foto 24).
70
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
O rutilo é formado por Titânio (TiO2), aparenta fios de ouro entranhados no
quartzo, muitas vezes em forma de estrela, os mais procurados pelos compradores
estrangeiros. Estes adquirem os minerais por preço muito abaixo do valor de mercado,
conseguem declarar os produtos como cristais de baixa qualidade e assim exportam do
Brasil essas riquezas naturais (DE LA TORRE, 2011). Porém, o interesse da China por
aquisição de rutilo vai muito além da produção de joias e esferas ornamentais.
Foto 23: Semijoias simples produzidas
por chineses, município de Brotas de
Macaúbas (BA)
Foto 24: Rutilo extraído em mina
administrada pela CASEF, município de
Brotas de Macaúbas (BA)
71
Em 2007, o consumo mundial de pigmentos de TiO2 foi de, aproximadamente,
4,9 milhões de toneladas. As previsões indicam que a demanda prevista para
2015 atingirá 7,3 milhões de toneladas, das quais 3 milhões de toneladas serão
demandadas pela China, onde a produção de PVC, polietileno e polipropileno
está se expandindo rapidamente (LINS; LUZ, 2008 a, p. 842-843).
No comércio dos minerais garimpáveis o intermediário ou atravessador se informa
sobre os garimpos ativos, entra em contato com os garimpeiros e negocia o valor do
mineral. Deste modo, o intermediário revende o produto principalmente para os
estrangeiros chineses que sempre estão na região em busca desses minerais, também
denominados popularmente de “pedra”, “pedra de cabelo” ou mesmo “rutilo”. O desafio
nesse caso é ter esclarecimento sobre a importância deste produto no mercado para
valorização do preço durante as negociações.
O interesse comercial pelo titânio cresceu muito com a dinâmica da indústria
aeroespacial além de ser amplamente utilizado na fabricação de pigmento empregado nas
indústrias de tinta, papel, plástico, borracha, fibras, vernizes, entre outros. É também muito
útil para a indústria odontológica, principalmente na produção de próteses dentárias, em
virtude da grande resistência à corrosão, similarmente à platina. Vale ressaltar que o rutilo
é o mais valorizado entre os minerais de titânio pela elevada concentração desse elemento
químico no mineral. Enquanto o quartzo é economicamente importante devido ser utilizado
na construção civil, seja como quartzito ou por estar presente na constituição da areia,
também é útil na produção de tintas, esmaltes, porcelanas, vidros, lentes e fibras óticas,
peças eletrônicas, dentre outros (LINS; LUZ, 2008b, p. 641-700).
Contudo, percebe-se que nessa escala de produção e beneficiamento dos minerais, o
garimpeiro é o personagem menos favorecido e embora em Brotas de Macaúbas exista a
cooperativa CASEF, esta não tem autonomia sobre a venda dos produtos, fator que se
repete em outros municípios da Chapada Diamantina. Os garimpeiros geralmente
padronizam o preço do mineral, por exemplo, cada quilo custa R$1.000,00 (2015) quando
não houver impurezas ou for rutilo, e R$2,50 (2015) o quilo de lascas de minerais,
contudo o preço final dos produtos é determinado pelo intermediário ou o próprio
estrangeiro.
Assim, o trabalhador sem esclarecimento do quanto realmente compensa vender o
produto e diante da necessidade de complementar a renda, principalmente nos extensos
períodos de estiagem, fica sujeito às condições impostas pelo intermediário ou estrangeiro,
pois, são eles os únicos clientes interessados nos minerais. Diante das condições
averiguadas em trabalho de campo e dos referenciais bibliográficos consultados, pode-se
72
inferir que há necessidade de uma melhor articulação da cooperativa local e entre
cooperativas da região que produzam os mesmos minerais, para que elas mesmas
negociem diretamente com os interessados ou realizem uma forma de divulgar os produtos
e atrair outros consumidores. É interessante que as cooperativas busquem alternativas para
melhorar as condições de trabalho como apoio de instituições públicas e privadas, visando
a qualificação dos trabalhadores e melhoria das técnicas.
Verificaram-se neste trabalho os principais impactos ambientais associados aos
usos da terra assim como possíveis impactos. As atividades de mineração se destacam
entre os demais usos pela sua complexidade de relações envolvidas: natureza, sociedade,
economia e política. Notou-se que o garimpo no município está passando por um processo
de precariedade, dentre outras causas, em função da ausência de tecnologia, infraestrutura,
desarticulação política dos garimpeiros e falta de políticas públicas para dinamizar a
economia local neste setor. A mineração de rochas de revestimento precisa ser fiscalizada
pelo poder público com a finalidade de monitorar a proporção dos recursos que são
explotados, assim como fiscalizar a recuperação de áreas degradadas. Assim, os órgãos
competentes (DNPM e INEMA) poderão ser acionados caso seja confirmada praticas
arbitrárias no território, que impactam a paisagem e arrecadação de tributos sobre os
produtos minerados.
73
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vários municípios localizados na Chapada Diamantina apresentam remota alteração
no ambiente ao longo do tempo, ao contrário dos lugares onde, por exemplo, as atividades
agrícolas e industriais são intensas, ocasionando impactos ambientais de maior
notoriedade. Contudo, mesmo onde a dinâmica da paisagem é reduzida do ponto de vista
espaço-temporal há fenômenos geográficos que despertam a curiosidade científica do
pesquisador.
Pretendeu-se com este estudo aplicar os conhecimentos adquiridos na academia de
Geografia a partir de um olhar crítico sobre determinado recorte espacial, por meio da
teoria, técnica, intelecto e trabalhos de campo. Foi possível realizar uma caracterização
ambiental da área de estudo nos seus aspectos naturais, sociais, econômicos, destacando
como o município de Brotas de Macaúbas está espacialmente organizado e identificando os
principais impactos ambientais associados aos tipos de uso.
Deste modo a área mapeada mais representativa corresponde à cobertura vegetal
(64,02%), onde o tipo de uso Mineração localizado sobre esta cobertura abrange cerca de
30km² da extensão municipal (2.367,56km²), seguido das áreas agrícolas visto que a zona
rural é maioria em área e população. Destacou-se o tipo Pastagens (associadas às Culturas
temporárias) com 15,80 % e o tipo Cultura Temporária (15,18%), onde predominam em
ambos as lavouras de subsistência com uso diversificado. As áreas menos representativas
são as Urbanizadas e Áreas Descobertas que juntas totalizam apenas 5% do total do
município.
Dentre os impactos negativos identificados em trabalho de campo está o
comprometimento da qualidade da água do riacho de Brotas no período chuvoso, pelo
despejo “in natura” de efluentes diversos da área urbana sem tratamento nesse riacho,
assim como poluição visual e do ar pelo descarte e queima de resíduos sólidos a céu aberto
nas margens de trajetos rodoviários e em locais turísticos; modificação da paisagem e
produção de ruídos ocasionados pela mineração; condições insalubres de trabalho em
minas subterrâneas e desvalorização da atividade garimpeira.
Dentre os impactos positivos: melhoria da renda local pela transferência de
royalties do Parque Eólico para proprietários de áreas onde há torres instaladas e execução
de projetos sociais em torno do complexo eólico. Embora o município seja muito extenso e
outros mapeamentos possam ser realizados e somados ao conhecimento produzindo para
74
resultados mais detalhados, espera-se que este trabalho possa auxiliar na gestão e
planejamento do território de Brotas de Macaúbas (BA).
75
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82
APÊNDICE A: Entrevista semi-estruturada realizada junto ao Presidente da Cooperativa
Agromineral sem Fronteiras (CASEF)
1) Quando a CASEF foi fundada e qual a sua finalidade?
2) Como a CASEF está estruturada?
3) Quantos garimpeiros são cooperativados e quantos são do município de Brotas de
Macaúbas?
4) Quais as principais dificuldades enfrentadas pela cooperativa?
5) Quais os minerais extraídos pela CASEF e qual é sua opinião em relação ao
potencial mineral do município de Brotas de Macaúbas?
6) Quais minas são administradas pela CASEF e como são realizadas as atividades de
mineração?
7) Quem são os principais consumidores dos minerais extraídos das minas
administradas pela CASEF?
8) Quais situações expõem a saúde e vida dos trabalhadores na atividade de
mineração?
83
APÊNDICE B: Entrevista semi-estruturada realizada junto a garimpeiro da Cooperativa
Agromineral sem Fronteiras (CASEF)
1) Qual o seu lugar de origem?
2) Porque você trabalha no garimpo?
3) Há quanto tempo você trabalha no garimpo e com quantos anos começou garimpar?
4) Qual a sua escolaridade?
5) Qual a renda obtida no garimpo?
6) Você trabalha durante o ano inteiro na mesma atividade ou realiza outro trabalho?
7) Quem compra os minerais extraídos no garimpo?
8) Qual a média de preço dos minerais?
9) Os minerais são vendidos pelo preço que você acha justo?
10) Quais os riscos ou sintomas relacionados à saúde vocês estão expostos na atividade
de mineração?
84
APÊNDICE C: Entrevista semi-estrutura realizada junto ao funcionário do Parque Eólico
administrado pela Desenvix
1) Qual o seu lugar de origem?
2) Qual atividade você desenvolve no parque eólico?
3) Quais comunidades foram impactadas diretamente pelo parque?
4) Quais aspectos positivos e negativos ocorreram com a implantação do parque
eólico?
5) Quais atividades ambientais são realizadas pela Desenvix no município de Brotas
de Macaúbas?
6) Quantas torres estão instaladas no parque, quantas são da Desenvix e quantas são
arrendadas?
7) Ocorreu algum conflito durante a instalação do parque?
8) Qual o valor pago em royalties por torre para cada proprietário arrendado?
9) Quais oportunidades de emprego o parque proporcionou?