UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA
VICTOR PINHEIRO GIFFONI
MANEJO NUTRICIONAL DE BOVINOS LEITEIROS EM FAZENDAS DO ESTADO
DO CEARÁ
FORTALEZA 2014
VICTOR PINHEIRO GIFFONI
MANEJO NUTRICIONAL DE BOVINOS LEITEIROS EM FAZENDAS DO ESTADO
DO CEARÁ
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Zootecnia da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Profª. Dra. Elzânia Sales
Pereira.
FORTALEZA 2014
VICTOR PINHEIRO GIFFONI
MANEJO NUTRICIONAL DE BOVINOS LEITEIROS EM FAZENDAS DO ESTADO
DO CEARÁ
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Zootecnia da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Profª. Dra. Elzânia Sales
Pereira.
Aprovada em: 10/11/2014.
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pois sem ele eu não seria nada.
Aos meus pais, meus professores e orientadores.
A UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, pela chance concedida.
Ao Departamento de ZOOTECNIA.
A Todos MEUS PROFESSORES de Graduação.
A minha amiga e namorada, Simone Mendes.
A todos MEUS COLEGAS DE TURMA pelos estudos e brincadeiras.
RESUMO
O presente trabalho relata as atividades desenvolvidas em algumas propriedades
que atuam no segmento da pecuária leiteira. Objetivou-se desenvolver trabalhos
relacionados com a área de nutrição de bovinos leiteiros, através do
acompanhamento de diversos tipos de manejos adotados por propriedades leiteiras
no estado do Ceará. O estágio ocorreu através da supervisão da empresa Bioagro
Comércio e Representações LTDA, que atua como representante comercial da
empresa Cargil Alimentos – Nutron, no estado. O trabalho visa relatar as duas
etapas que compreenderam o estágio. Dessa forma, o relatório descreve
primeiramente as atividades desenvolvidas junto com os técnicos da empresa
Bioagro, e o monitoramento do manejo nutricional de uma fazenda assessorada
pelos técnicos da Nutron, a Fazenda Água Verde, situada no município de Palmácia,
Ceará.
Palavras-chave: leite, nutrição, pecuária.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 9
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO...................................................................... 10
2.1 Descrição da Empresa............................................................................ 10
2.2 Assistência Técnica. .............................................................................. 11
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................................. 12
3.1 Assistência técnica na área de nutrição de bovinos leiteiros............. 12
3.1.1 Elaboração de rações............................................................................... 12
3.1.2 Agrupamento dos animais....................................................................... 13
3.1.3 Monitoramento de manejo nutricional.................................................... 14
3.1.3.1 Avaliação do Nitrogênio Uréico no leite...................................... 15
3.1.4 Manejo Nutricional de Bezerros.............................................................. 16
3.1.5 Sistema de pasteurização do leite de descarte..................................... 19
3.2 Fazenda Água Verde............................................................................... 21
3.2.1 Descrição da propriedade....................................................................... 21
3.2.2 Manejo nutricional na fase de cria.............................................................. 21
3.2.3 Manejo nutricional na fase de recria........................................................... 24
3.2.4 Manejo da categoria vacas...................................................................... 25
3.2.4.1 Manejo nutricional das vacas em lactação................................. 26
3.2.4.2 Manejo alimentar de vacas no pré-parto..................................... 29
3.2.5 Análise dos Ingredientes......................................................................... 30
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS............................................................................................... 32
9
1 INTRODUÇÃO
Os maiores produtores de leite bovino no mundo são União Europeia,
EUA, Índia, China, Brasil, Rússia e Nova Zelândia, sendo que juntos estes produzem
mais de 60% do leite mundial. No cenário mundial atual, o Brasil é o quarto maior
produtor de leite. Apesar da alta produção de leite do país, cerca de 32,3 bilhões de
litros por ano, a produtividade do rebanho nacional é baixa, cerca de 1,471
litros/vaca/ano (IBGE, 2013).
Estudos apontam que grande parte das fazendas produtoras de leite no
país não possui assistência técnica na área da bovinocultura leiteira. O fato de a
alimentação contribuir com cerca de 70% dos custos de uma fazenda leiteira torna
esse fato preocupante, pois a ausência de orientação técnica nos aspectos
nutricionais do rebanho compromete consideravelmente a rentabilidade da atividade
de uma propriedade
Dessa forma, o trabalho de assistência técnica torna-se de suma
importância para o sistema de produção de leite. Zoccal et al. (2004) afirmam que o
conhecimento é a primeira fase de um processo de adoção de tecnologia e essa
carência limita a modernização da atividade. Por isso, é essencial oferecer aos
produtores assistência técnica intensiva que transmita os detalhes da tecnologia.
Além de ser determinante na produção de leite, a nutrição está associada
a grande parte dos custos de produção e sanidade do rebanho. Por isso, estratégias
que diminuam os custos de alimentação sem interferir negativamente na produção
são constantemente pesquisadas (PERES, 2001).
Ressalta-se ainda que estabelecer um manejo nutricional adequado em
uma fazenda, é requisito básico para a eficiência em sistemas de produção de leite,
além de outros aspectos de igual importância, como manejo sanitário, reprodutivo e
condições adequadas de conforto ambiental.
Objetivou-se monitorar o manejo nutricional de bovinos leiteiros em
fazendas do estado do Ceará.
10
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO
O estágio supervisionado foi realizado na empresa Bioagro – Comércio
Representações e Indústria LTDA, no período de 25 de agosto a 21 de novembro de
2014. Ao longo do estágio acompanhou-se a rotina de trabalho e os compromissos
da empresa com os clientes.
O estágio foi dividido em duas etapas. A primeira etapa ocorreu através
do auxílio aos técnicos da empresa no serviço de consultoria aos clientes. Estes
serviços visam melhorar a eficiência de produção das fazendas atendidas. Na
segunda etapa fez-se o acompanhamento do manejo nutricional de uma fazenda
assessorada pela empresa, a Fazenda Água Verde, situada no município de
Palmácia, no Ceará. Ambas as etapas do estágio complementaram-se de maneira
que contribuíram essencialmente para o enriquecimento do estágio.
2.1 Descrição da empresa
A empresa Bioagro – Comércio Representações e Indústria LTDA,
localizada no município de Eusébio, CE, atua no estado como representante
comercial da empresa Cargil Alimentos - Nutron.
A Nutron foi fundada em 1995 com o objetivo de atuar na área da nutrição
animal. Em 2009, o grupo holandês Provimi adquiriu a Nutron Alimentos. Já no ano
de 2011, a Cargill, uma das maiores empresas do agronegócio mundial, adquiriu o
Grupo Provimi e conseguiu completar a sua cadeia produtiva com a área de nutrição
animal, tornando-se líder mundial no segmento.
No ano de 2014, a Nutron foi premiada como a melhor empresa de
nutrição animal do Brasil, em função das ações desenvolvidas nos últimos anos,
com base na oferta de produtos e serviços dentro dos mais altos padrões de
exigência internacionais.
11
Figura 1 – Logomarca da empresa Figura 2 – Logomarca da empresa
Fonte: Cargil Company-Nutron Fonte: Bioagro
2.2 ASSISTÊNCIA TÉCNICA
A empresa Cargil Alimentos-Nutron disponibiliza o serviço de assistência
técnica especializada para os produtores que adquirem seus produtos. Esse
atendimento de assistência técnica aos clientes permite uma melhor eficiência dos
produtos adquiridos.
Ao visitar as fazendas, os técnicos executam um trabalho de diagnóstico
do manejo nutricional do rebanho, a fim de realizar um levantamento para definir as
mudanças de manejo. As atividades de rotina de uma fazenda leiteira são bastante
dinâmicas e por isso os ajustes na alimentação dos animais tornam-se
constantemente necessários. Esse trabalho junto aos produtores visa uma ampla
melhoria: aumentar a eficiência de produção da fazenda, beneficiar a empresa, e
contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite.
O trabalho de assistência técnica pode ocorrer, por exemplo, através da
avaliação da qualidade da forragem utilizada na fazenda, onde coleta-se uma
amostra representativa para determinação da composição química e bromatológica.
Dessa forma, os técnicos da empresa formulam uma dieta balanceada conforme as
necessidades específicas para cada categoria animal, visando desenvolver todo seu
potencial produtivo. Essa orientação técnica é importante no sentido de reduzir os
custos, quando se oferece uma dieta de acordo com as exigências nutricionais dos
animais.
12
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades desenvolvidas no período do estágio foram:
acompanhamento dos técnicos da empresa nas práticas de elaboração de rações;
monitoramento do manejo nutricional geral; e mais especificamente, auxílio do
manejo nutricional de bezerros, implementação e acompanhamento do sistema de
pasteurização do leite de descarte.
Para a execução da segunda etapa do estágio, realizou-se um
acompanhamento do manejo nutricional da Fazenda Água Verde, onde foi possível
realizar atividades como: análises de matéria seca dos ingredientes utilizados nas
rações dos animais; acompanhamento do manejo nutricional específico para cada
categoria animal; acompanhamento de prática de conservação de forragem através
do processo de ensilagem, dentre outras.
3.1 Assistência técnica na área de nutrição de bovinos leiteiros
3.1.1 Elaboração de rações
O conhecimento da composição dos alimentos, sobretudo o valor
proteico-energético destes, aliado ao conhecimento das exigências nutricionais dos
animais, é de fundamental importância para a formulação de rações. Uma
elaboração estratégica dos aspectos nutricionais e econômicos contribui para o
alcance ótimo do desempenho dos animais.
Um bom programa nutricional deve conter informações sobre as formas
de balanceamento das rações conforme cada categoria animal e seus respectivos
estádios fisiológicos específicos. Para realização dos ajustes de dietas baseia-se no
requerimento nutricional específico de cada uma das categorias a serem trabalhadas
e, para isso, são utilizadas tabelas de requerimentos nutricionais, como, por
exemplo, as tabelas do National Research Council (NRC 2001). Porém, para
balancear uma ração com qualidade, é necessário utilizar os valores presentes nas
tabelas de alimentos ou fazer a análise química dos alimentos utilizados.
O programa computacional utilizado pela empresa para a formulação das
rações é denominado Spartan. Este programa calcula a participação de cada
13
alimento na composição final da ração, de forma que apresente o menor custo
possível com máximo desempenho produtivo. O banco de dados como composição
química dos alimentos contido no programa é alterado de acordo com as análises de
alimentos demandadas. Enquanto que o sistema de requerimento nutricional para
gado de leite mais utilizado pela empresa é o Nutrient Requirements of Dairy Cattle,
do NRC.
O NRC fornece suas recomendações com base nos requerimentos
nutricionais de energia líquida, proteína metabolizável e os níveis de inclusão de
fibra, minerais e vitaminas.
Ao visitar as fazendas assessoradas pela Nutron, realizava-se um
trabalho de formulação de rações com base numa coleta prévia da forragem
fornecida aos animais pela propriedade. A coleta do volumoso é importante para se
conhecer o valor bromatológico oriundo da forragem a ser fornecida, e com isso ter-
se uma base das informações quanto aos nutrientes que precisam ser supridos com
a ração concentrada. Dessa forma, a análise bromatológica permite uma formulação
de ração direcionada conforme os requerimentos nutricionais para cada categoria
animais, evitando assim, uma subnutrição que pode restringir o potencial do animal
ou uma alimentação excessiva que eleva o custo da alimentação.
3.1.2 Agrupamento dos animais
A fim de facilitar o trabalho operacional com vacas leiteiras em lactação,
bem como aumentar a precisão no fornecimento de nutrientes para os animais em
mantença ou produção, o agrupamento alimentar animal é uma prática fundamental.
Segundo Reis (2009), o conceito de agrupamento dos animais é a criação
de grupos que venham a ser o mais uniformes possível em tamanho, idade,
produção e estádio de lactação e/ou condição reprodutiva.
Uma particularidade importante da nutrição de gado leiteiro é o fato da
exigência nutricional de um animal não ser constante ao longo da lactação sendo
influenciada pela curva de lactação do animal. (figura 3).
14
Figura 3 – Curva de lactação de vacas.
Fonte: Rehagro
Durante o estágio, o método mais utilizado nas fazendas atendidas era o
agrupamento conforme a produção de leite, devido à praticidade deste método, mas
também em função de outros fatores como: dias em lactação, data prevista da
secagem, estádio reprodutivo e data de aplicação de Somatotropina Recombinante
Bovina (BST). Observou-se que na fazenda, com a realização correta do
agrupamento, os animais recebiam uma dieta mais aproximada de suas exigências
nutricionais.
3.1.3 Monitoramento do manejo nutricional
O monitoramento da produção de leite (volume e composição) constitui
uma excelente ferramenta de avaliação do manejo nutricional do rebanho. Para uma
correta aplicação do monitoramento nutricional é necessário uma atenção
direcionada ao que diz respeito a algumas observações, como: quantidade de
matéria seca da dieta, alterações no consumo de matéria seca pelo animal, escore
de condição corporal (ECC), e mudanças na composição das fezes. Com essas
informações, os profissionais serão capazes de promover mudanças estratégicas de
manejo.
O controle leiteiro surge também como uma das principais ferramentas de
manejo nutricional das vacas. O controle individual de produção de leite, e o
conhecimento do escore de condição corporal dos animais, são os melhores
indicadores para avaliar o sucesso do manejo nutricional do rebanho. O ECC varia de
15
acordo com o método adotado, porém valores mais altos sempre indicam vacas com
mais reserva corporal. Wildman et al. (1982) e Edmonson et al. (1989) propuseram uma
escala de 1 a 5 com intervalo de 0,25 pontos para medir o ECC, sendo este um método
bastante utilizado nos Estados Unidos. A avaliação do ECC torna-se importante em
diversos sentidos durante o manejo de vacas leiteiras. A alteração da condição
corporal representa a dimensão do balanço energético negativo (BEN) no início da
lactação, está associada ao prolongamento do intervalo de parto e ao aumento no
número de serviços/concepção (GILLUND et al., 2001).
No entanto, o tempo também é tão importante quanto à mudança no ECC
no animal, ou seja, em quanto tempo houve a mudança no ECC de um animal ou da
média de um grupo de alimentação. Tais conceitos são fundamentais e excelentes
indicadores da saúde e dos procedimentos nutricionais de um rebanho.
No pós-parto, vacas obesas têm menores consumos de matéria seca que
as magras. Em adição, mantêm o consumo baixo por mais tempo, apresentando
BEN prolongado e mais intenso, retardando o retorno da atividade cíclica ovariana
luteal, o que aumenta o período de serviço (REIS et al., 2009).
Na situação de vacas que parem magras não têm reservas corporais para
suportar elevadas produções de leite no pós-parto. Assim, terão menor pico de
lactação e menor produção total de leite, prejudicando também a reprodução,
aumentando o intervalo parto-primeira ovulação e parto primeiro serviço.
Foi realizado o monitoramento do manejo nutricional das fazendas
atendidas pela empresa, verificando o ECC dos animais próximo ao parto e no início
do pós-parto. Avaliava-se o consumo de matéria seca dos animais, pela quantidade
oferecida e as sobras remanescentes no cocho. Constantemente observava-se se o
espaçamento de cocho disponível estava adequado para os animais, evitando
competição por alimento. A observação das fezes era feita diariamente, pois é uma
ferramenta muito importante para monitorar o manejo nutricional da fazenda.
3.1.3.1 Avaliação do nitrogênio ureico no leite
O nitrogênio ureico no leite (NUL) pode ser uma importante ferramenta na
determinação da adequação da nutrição proteica de vacas em lactação. Um rebanho
apresenta altos níveis de NUL quando as vacas não utilizam a proteína
eficientemente e, ao invés disso, excretam grande quantidade de nitrogênio na urina.
16
Um rebanho com baixo NUL indica uso extremamente eficiente da proteína dos
alimentos ou a possibilidade de uma deficiência proteica (BESERRA 2007). A
análise do NUL é uma ferramenta que oferece aos produtores e técnicos uma
maneira de verificar a sincronização dos compostos nitrogenados e dos carboidratos
não fibrosos no rúmen. Quando usado como rotina, técnicos e produtores podem
reduzir os custos relacionados ao excesso de nitrogênio na dieta e aumentar sua
produção, com o ajuste dos teores de proteína bruta da ração pela utilização dos
valores de NUL. Entretanto, as variações nos teores de NUL são grandes tanto ao
longo do dia, como entre animais e em diferentes níveis de produção, tornando difícil
o estabelecimento de valores de referência para o parâmetro. Estudos propõem que
os valores ideais devem se situar entre 10 e 14 mg/dL ( MOORE e VARGA 1996),
10 e 16 mg/dL (JONKER et al 1998).
Dependendo do nível de produção de leite do rebanho, valores menores
não necessariamente indicam deficiência de proteína na dieta, mas sim podem
refletir melhor eficiência de utilização do nitrogênio dietético devido ao ajuste fino e
cauteloso da dieta utilizando balanceamento por aminoácidos.
Nas fazendas auxiliadas pela empresa, a análise do NUL é uma
ferramenta adicional para fazer o diagnostico da nutrição dos animais. Essa
avaliação é essencial para otimizar e melhorar a qualidade do trabalho dos técnicos
de nutrição animal.
3.1.4 Alimentação de bezerras leiteiras
A criação de bezerros é uma etapa de custos elevados devido às altas
taxas de mortalidade e morbidade, aos altos custos do aleitamento (leite ou
sucedâneo) e custos com mão de obra. Traduzindo desta forma em alto risco
financeiro.
Para enfrentar adequadamente este cenário é necessário estabelecer um
bom programa de criação. Um dos aspectos críticos na nutrição dos bezerros é o
fornecimento da dieta líquida e o desenvolvimento do rúmen. A alimentação
representa de 50 a 60% dos custos de produção das diferentes espécies de
ruminantes criadas com finalidade econômica (COELHO, 2009). Dessa forma,
principalmente quando se prioriza eficiência, a nutrição assume importância
fundamental.
17
Segundo Coelho (2005), as metas para a criação de bezerros devem ser:
minimizar incidência de doenças e mortalidade nos primeiros quatro meses de vida,
dobrar o peso ao nascimento nos primeiros 56 dias, atingir a puberdade e
maturidade sexual precocemente (50% do peso adulto aos 13 meses), e ser
economicamente viável. Para que todas essas metas sejam obtidas é necessária
muita atenção a detalhes.
Os bezerros recém-nascidos tem uma alta suscetibilidade a patógenos
bacterianos e virais. A imaturidade do sistema imune contribui para serem altamente
suscetíveis, já que ele é incapaz de produzir quantidades adequadas de anticorpos
para enfrentar os desafios do ambiente. Manejos inadequados, que colocam os
bezerros sob desafios do ambiente (como estresse pelo frio ou calor, ambientes
contaminados), manejo inadequado do colostro e subnutrição predispõem os
bezerros a doenças (COELHO, 2011).
Segundo Woodward (1998), na ausência de quantidades adequadas de
energia e proteína, são diminuídos a imunidade celular, produção de citocinas,
função fagocitária e as concentrações de anticorpos. A ocorrência de doenças no
primeiro mês de vida reduz as taxas de ganho de peso e tem sido relacionada com o
aumento do risco de doenças na vida adulta.
A recomendação tradicional no período de aleitamento é o fornecimento
da dieta líquida de 10% do peso corporal. Os criadores adotam o fornecimento de 4
litros/dia, sem nenhum ajuste para as mudanças de peso durante toda a fase de
aleitamento. Segundo Drackley (2008), 4 litros de leite/dia fornecem nutrientes
apenas para mantença e ganho de 200 a 300 g/dia em condições termoneutras (15
a 25°C).
Estimativas baseadas em experimentos indicam que, sob estresse
térmico, as exigências de mantença aumentam de 20 a 30% (Drackley, 2008). Em
temperaturas altas, os bezerros gastam energia com a sudorese, mudanças na
frequência respiratória etc., e no frio gastam energia com tremor e mecanismos para
elevar a temperatura corporal.
Estes novos estudos levaram os pesquisadores a questionar as
recomendações tradicionais de fornecimento de leite, aliadas às observações de que
a restrição de dieta líquida resulta em considerável redução da eficiência de
conversão alimentar em bezerros lactantes (COELHO, 2011).
18
Dessa forma, bezerros que recebem 4 litros de leite ao dia estão
submetidos a um programa de alimentação, que não permite altas taxas de ganho
de peso, e ainda os deixa extremamente vulneráveis quando a temperatura está
acima ou abaixo da zona termoneutra e/ou quando precisa responder às agressões
de patógenos (COELHO, 2011). Essa vulnerabilidade talvez seja responsável pelas
baixas taxas de ganho de peso, baixa eficiência alimentar e altas taxas de
mortalidade e morbidade frequentemente observadas na criação de bezerras.
Para o desenvolvimento do rúmen o consumo de concentrado é um fator
crucial, e acreditava-se que o aumento do fornecimento de dieta líquida podia
reduzir o consumo de concentrado pelos bezerros. No entanto, bezerros saudáveis
possuem bom apetite, e em fase de crescimento ingerem quantidades suficientes da
dieta sólida que permite o desenvolvimento ruminal.
Fornecer maior volume de leite para bezerros é um conceito novo, e têm
sido sugeridas duas estratégias: fornecer 6 litros/dia de 0 a 60 dias de idade, ou 6
litros/dia de 0 a 30 e 4 litros/dia de 30 a 60 dias. Esta última alternativa visa ao
aumento do consumo de concentrado com o bezerro ainda em aleitamento,
mostrando a importância da nutrição de bezerros (COELHO, 2011).
As vantagens da utilização deste sistema de aleitamento são o aumento
da produção futura, redução da mortalidade de bezerros, a redução da idade ao
primeiro parto e melhora na saúde dos bezerros.
Nas propriedades visitadas no período do estágio, realizava-se o
diagnóstico do manejo nutricional dos bezerros executado nas fazendas como:
quantos litros de leite eram ofertados diariamente aos bezerros, qual tipo de leite
utilizado (leite de descarte, leite de transição, sucedâneos), como era oferecido o
colostro, qual a frequência de alimentação dos bezerros, se utilizava concentrado e
qual o critério de desaleitamento.
Com a realização do diagnóstico do manejo alimentar dos bezerros podia-
se fazer correções no sistema. O manejo das fazendas visitadas normalmente
ofertava-se 4 litros de leite diariamente, que é uma quantidade que permite um baixo
ganho de peso dos bezerros. Para corrigir o baixo ganho de peso dos animais os
técnicos melhoravam o protocolo de aleitamento para que os bezerros tivessem um
melhor desempenho.
Uma alternativa para diminuir os custos com os bezerros é a utilização de
sucedâneos, que são caracterizados como sendo produtos secos, solúveis em água,
19
destinados a substituir o leite, sendo constituídos por mais de 50% de leite
desnatado em pó. Dependendo de vários fatores como: número de bezerros da
propriedade, o preço do sucedâneo e preço do leite vendido, analisava-se a
viabilidade de utilizar sucedâneos nas fazendas.
3.1.5 Sistema de Pasteurização do leite de descarte
Todas as fazendas de produção de leite diariamente produzem uma
quantidade variável de leite que não pode ser comercializado, denominado de leite
de descarte. O leite de descarte abrange uma grande variedade de produtos, dentre
eles o leite de transição (colostro-leite), leite proveniente de animais com mastite,
além de leite de animais tratados com antibióticos, entre outros medicamentos.
Contudo mesmo sendo um alimento ‘barato’ em uma fase cara do sistema de
produção, a utilização do leite de descarte apresenta risco de contaminação por
microrganismos patogênicos e toxinas, aumentando a ocorrência de doenças
infecciosas nos bezerros. Também, há possibilidade de desenvolvimento de
resistência das bactérias do trato gastrointestinal dos bezerros aos antibióticos
presentes no leite.
A pasteurização consiste no aquecimento do leite a uma temperatura
específica, por determinado tempo, para que haja redução de bactérias indesejáveis
a níveis insignificantes, para fornecimento aos bezerros, reduzindo, portanto esses
riscos. Contudo, a pasteurização não é esterilização, ou seja, não elimina todos os
microrganismos, podendo, algumas bactérias tolerantes ao calor sobreviver ao
processo.
Os benefícios da pasteurização do leite de descarte são: a diminuição da
ocorrência de diarreia, pneumonia e outras doenças, além de redução do tempo de
tratamento de animais com tais doenças, o que implica em redução do custo com
tratamentos e maior ganho de peso, quando comparado com o fornecimento de leite
de descarte sem pasteurização.
Os cuidados que se deve ter antes de instalar o pasteurizador (figura 4) é
avaliar se há oferta contínua de leite de descarte para evitar alterações frequentes
na alimentação dos bezerros e para que o investimento feito no equipamento seja
justificado. Se há disponibilidade de água aquecida para limpeza do equipamento, o
custo de instalação e de compra dos equipamentos necessários.
20
Realizou-se no período do estágio o acompanhamento do sistema de
pasteurização do leite de descarte oferecido aos bezerros, mesmo esse leite sendo
pasteurizado indica-se oferta-lo aos bezerros mais velhos, pois possuem o sistema
imunológico mais desenvolvido.
Nas fazendas, onde se utilizava este sistema, observou-se uma
significativa diminuição de diarreias, aumento no ganho de peso até a desmama,
redução do uso de medicamentos para as crias, diminuindo os custos na criação de
bezerros, que é uma etapa de custos elevados.
Figura 4 – Pasteurizador
Fonte: O autor
21
3.2 Fazenda Água Verde
3.2.1 Descrição da propriedade
A segunda parte do estágio foi realizado na Fazenda Água Verde,
localizada no município de Palmácia-CE, durante o período de 01 outubro a 21 de
novembro de 2014. O município de Palmácia está localizado a 60 km de Fortaleza,
na região serrana do estado.
A fazenda Água Verde possui uma área de 2800 hectares. Destes, 150 ha
são utilizados na produção de volumosos, compostas por áreas de plantação de
milho (Zea mays), capim Mombaça (Panicum Maximum), cana de açúcar
(Saccharum officinarum), palma miúda (Nopalea cochenillifera) e sorgo (Sorghum
bicolor).
3.2.2 Manejo nutricional na fase de cria
Logo após o parto o bezerro é separado da vaca. Com isso os
funcionários dão início aos procedimentos básicos com o bezerro, como remoção do
resto de membranas fetais, desinfecção do umbigo, fornecimento do colostro,
identificação e pesagem dos bezerros.
Para o fornecimento do colostro ao bezerro é realizada a ordenha da vaca
recém parida. Segundo Bittar e Paula (2014), a qualidade do colostro pode ser
medida com o auxílio de um colostrômetro (figura 5), pois existe uma forte
correlação entre a gravidade específica do colostro e a concentração de
imunoglobulinas (Ig). Por ser rápida e fácil, esta avaliação é ainda o teste mais
utilizado em fazendas comerciais. No entanto, existe uma faixa de temperatura
adequada para o teste ser realizado, (20 a 25ºC), que nem sempre é seguida. Se a
temperatura do colostro a ser avaliado estiver abaixo desta faixa, a leitura
superestimará a quantidade de Ig, indicando erroneamente ser um colostro de alta
qualidade; quando a temperatura for maior que esta faixa, a leitura será
subestimada, indicando erroneamente ser um colostro de baixa qualidade. O
colostrômetro está calibrado em intervalos de 5 mg/mL e classifica o colostro como
de baixa qualidade (vermelho) quando Ig < 20 mg/mL; moderado (amarelo) para o
22
intervalo de 20 – 50 mg/ mL; e excelente (verde) para valores de Ig maiores que 50
mg/mL.
Figura 5 – Teste do colostrômetro
Fonte: O autor
Em relação à colostragem, após o parto, é realizada com o leite de vacas
e novilhas paridas que passam pelo teste do colostrômetro. Quando é classificado
como excelente, o excedente é armazenado em freezer, para posteriormente ser
descongelado e fornecido a bezerras que tiverem mães com colostro reprovado pelo
teste. O colostro é oferecido em mamadeiras, pois dessa forma é possível ter maior
controle da quantidade consumida pelo bezerro. As vacas após o parto recebem o
Drench (tabela 1) para ajudar na reposição de nutrientes após o parto.
Tabela 1 - Drench
SORO PÓS PARTO DOSE
10 kg Sulfato de magnésio 440 g do Pó
4,5 kg Cloreto de potássio 250 mL Propilenoglicol
5,5 kg Cloreto de cálcio 30 litros de água
Fonte: O autor.
O propilenoglicol, que é um dos ingredientes do Drench é um álcool de
aparência cristalina e oleosa, gliconeogênico, usado para tratar cetose pós-parto,
pois quando administrado por via oral, escapa intacto da fermentação ruminal, quase
na sua totalidade, é absorvido no intestino e transformado em glicose no fígado
(STUDER et al., 1993). O uso de propilenoglicol no período periparto, via ingestão
23
forçada ou misturado na ração, tem sido preconizado como alternativa para aliviar o
balanço energético negativo (STUDER et al., 1993) e, desta forma, melhorar o
desempenho reprodutivo (FORMIGONI et al., 1996).
O bezerreiro da propriedade é do tipo argentino (figura 6) que consiste em
as bezerras ficarem presas a um fio com 8 a 12 metros de comprimento, que as
permite correr de um lado para o outro e diminui o acúmulo de matéria orgânica e
umidade. A água fica separada da ração. O sombrite, é posicionado no sentido norte
- sul. Assim, a luz solar, ao incidir de leste a oeste, desinfeta toda a área em que a
bezerra está e, ao mesmo tempo, fornece sombra o dia todo, porém, em locais
diferentes, de acordo com a posição do sol.
Figura 6 – Bezerreiro tipo Argentino
Fonte: O autor
Às bezerras são oferecidos 6 litros de leite (figura 7) dividido em dois
turnos diários, no período da manhã e da tarde até um mês de vida, depois desse
tempo é ofertado 4 litros até o desaleitamento. Utiliza-se esta prática de diminuir o
leite fornecido para elevar o consumo de concentrado dos bezerros. O leite é
fornecido em baldes, sendo esse leite comercial, também utiliza-se leite de descarte.
Não se faz uso de sucedâneo nesta fase, pois a água não é de boa qualidade, mas
já se estuda a possibilidade da compra de água para poder implementar o uso de
sucedâneos. O concentrado fica sempre disponível para estimular o consumo de
alimentos sólidos. Os bezerros são desaleitados quando atingem 70 quilos de peso
corporal.
24
Figura 7– Aleitamento dos bezerros
Fonte: O autor
3.2.3 Manejo nutricional na fase de recria
A dieta das novilhas consistia de uma dieta total composta de
concentrado específico para a fase de recria, e volumoso (cana de açúcar picada),
em cocho coletivo, sendo os animais divididos em lotes de acordo com o peso
visando lotes homogêneos. As novilhas eram pesadas mensalmente (figura 8), para
o acompanhamento do seu desenvolvimento até chegar ao peso de 350 onde eram
inseminadas. É crucial que estes animais estejam com 82% do peso adulto (NRC
2001), no momento do parto para prevenir problemas no parto, além disso, segundo
Sousa (2009), há forte correlação entre peso vivo ao primeiro parto e produção de
leite à primeira lactação.
Figura 8– Pesagem dos animais Figura 9 – Novilhas
Fonte: O autor Fonte: O autor
25
Verifica-se na tabela 2, a composição da ração fornecida às novilhas.
Tabela 2 – Composição da ração de novilhas
Ingredientes Quantidade (kg)
MILHO 630
F. SOJA 300
URÉIA 30
NÚCLEO PERFORMA C 40
TOTAL 1000 Fonte: O autor, com informações cedidas pela Fazenda Água Verde
3.2.4 Manejo da categoria vacas
Lotes em lactação
1º - Lote recém-paridas: vacas com até 15 dias de lactação.
2º - Lote pós-parto: vacas de 15 até 45 dias em lactação.
3º - Lote 1: animais de alta produção, produção acima de 25 kg
4º - Lote 2: animais de boa produção (18 - 25 kg).
5º - Lote 3: animais de média produção entre 13 e 17 kg.
6º - Lote 4: animais de produção inferior a 13 kg.
7º - Lote 5: vacas próximas ao período de secagem.
8º - Lote: vacas com mastite e vacas com período de carência de
antibióticos.
Os lotes das vacas em lactação também eram manejados conforme a
linha de ordenha, sendo que as vacas do 1º lote (vacas recém-paridas) eram as
primeiras a serem ordenhadas, e por último, o 8º lote, que corresponde às vacas
com mastite. Eram realizadas três ordenhas diárias nos horários de 4, 12 e 19 horas,
seguindo a linha de ordenha. Os agrupamentos são detalhados abaixo de acordo
com a ordem de ordenha e os respectivos nomes dos lotes:
Existem também outros lotes, que correspondem ao agrupamento de
vacas secas, pré-parto (vacas) e pré-parto (novilhas).
26
3.2.4.1 Manejo nutricional das vacas em lactação
As dietas fornecidas para os animais eram especificas para cada lote,
pois possuem exigências diferentes. Há três dietas para os animais em lactação, a
dieta 1 para os animais de alta produção, dieta 2 para animais de média produção e
a dieta 3 para animais de baixa produção.
A dieta 1 era oferecida para os animais do lote 1, recém-paridas, pós-
parto e animais com mastite, estes animais recebiam alimentação três vezes ao dia.
A dieta 2 era fornecida para os lotes 2, 3 e 4 onde a quantidade ofertada era
diferente, estes animais também recebiam alimentação três vezes ao dia. A dieta 3
era oferecida para os animais do lote 5, que eram alimentados somente duas vezes
ao dia, sendo que a primeira alimentação era composta das sobras dos outros lotes,
se as sobras não atingissem a quantidade necessária para o fornecimento do trato,
completava-se a quantidade que faltava com cana de açúcar queimada picada.
Na composição das dietas utilizava-se os seguintes ingredientes: cana de
açúcar queimada (figura 10), cana de açúcar picada com palha (figura 11), resíduo
de cervejaria (figura 12), silagem de milho (figura 13), caroço de algodão e uma
ração devidamente balanceada.
Faz-se o uso do processo de queima da cana de açúcar (figura 14) para
alimentação das vacas leiteiras, pois ocorre a redução acentuada dos componentes
fibrosos, devido à eliminação da palha, que é uma fração com altas concentrações
de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina e
que pode elevar proporcionalmente a concentração de carboidratos não-fibrosos
(SIQUEIRA, 2009).
Observa-se na tabela 3, a composição da ração fornecida às vacas em
lactação, com alta produção.
27
Tabela 3 – Composição da ração de vaca com alta produção
Ingredientes Quantidade (Kg)
MILHO MOIDO 601
FARELO SOJA 306
NÚCLEO LT TRIO 57
UREIA 10
GORDURA PROTEGIDA 26
TOTAL 1000
Fonte: O autor, com informações cedidas pela Fazenda Água Verde
Figura 10 – Cana de açúcar queimada Figura 11 – Cana de açúcar com palha
Fonte: O autor Fonte: O autor
Figura 12 – Cevada Figura 13 – Silagem de milho
Fonte: O autor Fonte: O autor
28
Figura 14 – Queima da cana de açúcar
Fonte: O autor
O fornecimento da dieta era feito por um vagão que também fazia a
mistura da ração com o volumoso, cevada e caroço de algodão e também fazia a
pesagem das quantidades oferecidas e sobras presentes nos cochos, pesados no
fornecimento ao lote 5.
Diariamente, antes do primeiro trato era realizada a coleta das sobras do
dia anterior e pesada. A quantidade de sobras considerada aceitável era de 3 a 5%,
com isto podia-se calcular o consumo dos lotes e também regular a quantidade
oferecida dos alimentos.
Cada lote suportava no máximo 96 animais para ficarem com um
espaçamento de cocho de 85 centímetros que é um espaçamento de cocho
aceitável evitar competição por alimentos.
Os horários de fornecimento da dieta (figura 15) para o gado em lactação
era de 6, 10 e 15 horas, para que os animais que fossem ordenhados tivessem
sempre alimento no cocho. Esse manejo possibilitava a prevenção de mastite no
rebanho, uma vez que as vacas ficavam em pé para se alimentarem.
29
Figura 15 – Fornecimento da dieta
Fonte: O autor
Figura 16 – Mistura da dieta no vagão Figura 17 – Fornecimento da dieta
Fonte: O autor Fonte: O autor
3.2.4.2 Manejo Alimentar no pré-parto
Deve-se mudar o animal gestante para a maternidade (piquete ou pasto)
em grupos, entre três a dois meses antes do parto. Isso condiciona o animal aos
procedimentos operacionais da propriedade leiteira, adaptando-o precocemente e
facilitando o trabalho no pós-parto (SOUSA, 2009). Na fazenda quando faltavam 30
dias para o parto os animais iam para o lote pré-parto. No pré-parto fazia-se a
separação de novilhas e vacas, para evitar a competição por concentrado com
animais maiores e mais velhos.
Na dieta dos animais do pré-parto utiliza-se sal mineral aniônico. O
fornecimento de sais aniônicos no final do período seco aumenta a disponibilidade
30
de cálcio e reduz a incidência e a prevalência de hipocalcemia (COBELLINI, 1998).
Um dos principais objetivos da utilização de dietas aniônicas em vacas no pré-parto,
é controlar a hipocalcemia subclínica, febre do leite ou paresia puerperal
(CAVALIERI & SANTOS, 2001).
Figura 18 – Alimentação de vacas no cocho
Fonte: O autor
3.2.5 Análise dos ingredientes
Durante o período do estágio na fazenda Água Verde foi acompanhado as
análises de Matéria Seca (MS) dos Ingredientes, por exemplo, da silagem de milho.
Esta não era produzida na fazenda sendo adquirida por meio de compra, assim é
primordial fazer a análise para ajustar a quantidade oferecida aos animais, que é
dependente da sua MS.
A determinação da MS realizada na fazenda é um método bastante
prático utilizando o medidor de umidade KOSTER. Consiste na evaporação de toda
a água da forragem através do aquecimento. A diferença do peso da forragem
fresca e após o aquecimento (figura 20), quando o peso se mantiver constante,
fornece o teor de matéria seca.
31
Figura 19 – Balança Figura 20 – Aquecimento da Silagem
Fonte: O autor Fonte: O autor
4 CONCLUSÃO
O estágio supervisionado possibilitou uma ampliação dos conhecimentos
adquiridos ao longo do curso de graduação, de maneira que contribuiu para minha
formação acadêmica e pessoal.
Através das ações desenvolvidas no âmbito da pecuária de leite, e
principalmente na área da nutrição animal foi possível compreender a dinâmica da
rotina de fazendas produtoras de leite no estado do Ceará. Essas experiências
foram ainda de suma importância, devido ao fato do estágio ter sido conduzido em
uma empresa bastante atuante no mercado, aliado ao fato da supervisão do estágio
ter ficado a cargo de um Zootecnista. Sendo assim, é possível afirmar que o trabalho
junto ao Zootecnista fortaleceu a minha motivação em atuar na área da nutrição
animal.
32
REFERÊNCIAS
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qualidade-do-colostro-e-da-transferencia-de-imunidade-passiva-89692n.aspx>.
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