UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
FACULDADE DE COMPUTAÇÃO - FACOM CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Campus Marabá
DEL – DICIONARIO ELETRÔNICO DE LIBRAS
GLEYCIANNE LIMA BARATA AGUIAR
LEIVIA CRISTINA DA SILVA DAS CHAGAS
MARABÁ
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
FACULDADE DE COMPUTAÇÃO - FACOM CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Campus Marabá
DEL – DICIONARIO ELETRÔNICO DE LIBRAS
GLEYCIANNE LIMA BARATA AGUIAR
LEIVIA CRISTINA DA SILVA DAS CHAGAS
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à
Universidade Federal do Pará, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Sistemas de Informação.
Orientador (a): Profª. Cássia Maria Carneiro Kahwage
MARABÁ
2010
DEDICATÓRIA
A DEUS,
Por ter me guiado nessa caminhada e me fortalecido sempre que
necessário.
A minha família,
Meu bebê Victor Kallel que veio ao mundo como uma grandiosa
fortaleza.
Meu marido: Franciano, por nos momentos mais difíceis sempre
estar do meu lado.
Meus pais: Ângela e Joe, por me presentearem com os estudos e
dedicação.
Meus irmãos, por acreditarem em mim.
A minha afilhada, aos meus padrinhos, aos meus tios e tias e a
todos os demais familiares que torceram por mim e que me
incentivarem na busca do conhecimento.
Aos meus amigos de escola que jamais me esqueceram e aos
meus amigos de faculdade que também viveram esse desafio. E
entre todos os amigos, os mais presentes ou não, esta dedicatória
é em especial para Márcia, portadora de deficiência auditiva e
fonte de inspiração deste trabalho.
Gleycianne Lima Barata Aguiar
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar ao meu Deus, pois sem ele nada disso
seria possível.
A minha família, que muito me apoiou nesta caminhada,
me motivando a prosseguir mesmo nos momento em
que, não visualizava horizonte.
Ao meu amor Marcos Aurélio pelo incentivo.
Aos meus amigos, muito obrigada,
Leivia Cristina da Silva das Chagas
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, por nos guiar nesta jornada de
busca do conhecimento e aprendizagem, bem como por
nos proporcionar grandes alegrias para com os obstáculos
vencidos.
E também reconhecemos o trabalho e dedicação da
docente Iracelma, professora de LIBRAS.
Por fim, não podemos esquecer-nos de nossos amigos de
faculdade, dos amigos da vida e de nossos familiares. A
você Jeter, seu apoio foi de grande importância.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo principal propor o protótipo de um sistema
tradutor da Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS, uma linguagem com estrutura gramatical
própria e gestual usada pela maioria das comunidades surdas para comunicação entre seus
membros. O sistema proposto, denominado DEL – Dicionário Eletrônico de LIBRAS visa
oferecer aos interessados na língua (LIBRAS), uma ferramenta que lhes possibilite uma
memorização fácil e básica dos sinais pertencentes a esta língua. E para tanto o usuário poderá
visualizar a representação dos sinais e descrições dos movimentos correspondentes a eles.
Neste sentido as letras ou palavras da Língua Portuguesa serão traduzidas para o usuário do
sistema em imagens estáticas. Para a modelagem do protótipo utilizou-se a UML (Unified
Modeling Language), visando uma melhor documentação voltada ao projeto e implementação
do sistema. Para tanto, também se utilizou a ferramenta NetBeans, que possui um ambiente de
desenvolvimento integrado (IDE) gratuito e de código aberto para desenvolvedores de
software na linguagem Java o que facilita o desenvolvimento das janelas do sistema, dentre
outros.
Palavras-chave: LIBRAS, UML, NetBeans, Astah, Protótipo.
Abstract
This work has as main objective to propose a prototype system translator of Brazilian Sign
Language-LB, a language with its own grammatical structure and gestures used by the
majority of deaf communities for communication between its members. The proposed system,
called DEL – Electronic Dictionary LIBRAS aims to offer those interested in language (LBS),
a tool which allows them an easy memorization of the signs and descriptions of the
movements corresponding to them. In this regard the letters or words of Portuguese will be
translated to the user‟s system in static images. To model the prototype used the UML
(Unified Modeling Language), to improve the documentation focused on the design and
implementation of the system. To this end, the tool is also used NetBeans, which has an
integrated development environment (IDE) free and open source software developers in the
Java language that facilitates the development of windows system, among others.
Keywords: LIBRAS, UML, NetBeans, Astah, Prototype.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01: ALFABETO MANUAL REPRESENTADO EM SINAIS SIGN WRITING. .......................................................................... 24 FIGURA 02: NÚMEROS DECIMAIS REPRESENTADOS EM SINAIS SIGNWRITING ......................................................................... 25 FIGURA 03: NÚMEROS EM LIBRAS ................................................................................................................................. 25 FIGURA 04: REPRESENTAÇÃO DO SINAL “EM PÉ” .............................................................................................................. 26 FIGURA 05: REPRESENTAÇÃO DO SINAL “EVITAR” ............................................................................................................. 26 FIGURA 06: REPRESENTAÇÃO DO SINAL “IR” .................................................................................................................... 26 FIGURA 07: REPRESENTAÇÃO DO SINAL “VIR” ................................................................................................................. 27 FIGURA 08: ALFABETO EM LIBRAS ................................................................................................................................ 27 FIGURA 09: EXECUÇÃO DA PALAVRA “BANCO” EM LIBRAS EM UM CELULAR P800 ................................................................. 31 FIGURA 10: TELA DE ABERTURA DO LIBRASWEB. ............................................................................................................ 33 FIGURA 11: REPRESENTAÇÃO DO SINAL ARROZ DENTRO DA CATEGORIA COMIDAS .................................................................. 33 FIGURA 12: REPRESENTAÇÃO DAS FRASES EM LIBRAS COM A COMUNICAÇÃO PARA O PROFESSOR ............................................ 34 FIGURA 13: AMBIENTE VIRTUAL X-LIBRAS. .................................................................................................................... 35 FIGURA 14: TELA DE INTERFACE DO EDITOR SWEDIT ........................................................................................................ 36 FIGURA 15: AMBIENTE JUNCTUS – CENÁRIO DE INTERAÇÃO ............................................................................................... 37 FIGURA 16: CICLO DE VIDA DO SOFTWARE ....................................................................................................................... 40 FIGURA 17: AMBIENTE JAVA ......................................................................................................................................... 45 FIGURA 18: IDE NETBEANS 6.9.1 ................................................................................................................................ 47 FIGURA 19: ASTAH COMMUNITY ................................................................................................................................... 48 FIGURA 20: DIAGRAMA DE CASO DE USO ............................................................................................................... 52 FIGURA 21: DIAGRAMA DE CLASSE ................................................................................................................................ 53 FIGURA 22: DIAGRAMA DE SEQÜÊNCIA .......................................................................................................................... 55 FIGURA 23: TELA INICIAL DO SISTEMA ............................................................................................................................ 56 FIGURA 24: TELA PRINCIPAL DO SISTEMA ........................................................................................................................ 57 FIGURA 25: TELAS DE CONTROLE .................................................................................................................................. 58
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................10
2 LINGUA DE SINAIS E NECESSIDADES DA COMUNIDADE SURDA ..............................................................14
2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO BRASIL E NO MUNDO ..................................... 14 2.2 COMUNIDADE SURDA: INCLUSÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS.................................................................. 17 2.3 A LINGUAGEM E A SURDEZ .......................................................................................................................... 20 2.5 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) ...................................................................................................... 23 2.6 INTERPRETE DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS / LÍNGUA PORTUGUESA .................................................... 28 2.7 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS – SOFTWARES QUE ENSINAM LIBRAS .................................................. 30
2.7.1 LIBRASweb .......................................................................................................................................... 32 2.7.2 X-Libras ............................................................................................................................................... 34 2.7.3 SWEdit ................................................................................................................................................ 35 2.7.4 Junctus ................................................................................................................................................ 36
3 MODELAGEM E IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARES ................................................................................39
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO SISTEMA ....................................................................................................................... 39 3.2 FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE .............................................................................. 44
3.2.1 Java ..................................................................................................................................................... 44 3.2.2 NetBeans ............................................................................................................................................ 46 3.2.3 MySql .................................................................................................................................................. 47 3.2.4 Astah Community ............................................................................................................................... 47
3.3 DESCRIÇÃO DO PROJETO ............................................................................................................................. 48 3.4 UML - LINGUAGEM DE MODELAGEM UNIFICADA ....................................................................................... 49 3.5 A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM .............................................................................................................. 50 3.6 DIAGRAMA DE CASO DE USO ...................................................................................................................... 51 3.7 DIAGRAMA DE CLASSE ................................................................................................................................ 53 3.8 DIAGRAMA DE SEQÜÊNCIA ......................................................................................................................... 54
4 DESCRIÇÃO DAS INTERFACES DO SISTEMA DEL ......................................................................................56
5.1 JANELA PRINCIPAL DO SISTEMA .................................................................................................................. 56 5.2 JANELA DE CONTROLE ................................................................................................................................. 57
5 CONIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................................59
10
INTRODUÇÃO
Atualmente notam se mudanças socioeconômicas significativas na sociedade advinda
do avanço tecnológico, e a comunicação tornou-se fundamental no processo de construção de
uma identidade cultural do indivíduo. Neste contexto, este trabalho apresenta um dicionário
eletrônico que busca representar por meio de movimentos e fotos a Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS), com o intuito de contribuir para melhoria da comunicação entre as pessoas
pertencentes ou não a comunidade surda.
Em se tratando de recursos, o uso das tecnologias trouxe possibilidades para todas as
pessoas que desejam fazer uso de metodologias de tradução de línguas e que buscam
apropriação de conhecimento e de instrumentos que viabilizam seu acesso a informação, sua
interação com as comunidades e promovem a sua independência.
Em geral, segundo Lucila (1997), dentre as diversas classificações sobre as áreas de
aplicações das tecnologias para portadores de necessidades especiais é possível sintetizar em
duas categorias de investigação/aplicação:
Como “prótese física” que inclui o conjunto de dispositivos e procedimentos que
visam o desempenho de funções que o corpo não pode ou tem dificuldades de executar devido
a deficiências. São também chamadas de ajudas técnicas, cuja gama existente varia para
atender as diferentes deficiências no campo motor, visual, auditivo, etc. de portadores de
necessidades especiais. Nessa área, inserem-se todas as formas de acesso às Tecnologias de
Informação e Comunicação que envolva simuladores, acionadores, sensores, entre outros
dispositivos, que possibilitam efetivar o processo de interação/comunicação, desse tipo de
usuário, com a vasta produção de sistemas e softwares desenvolvidos.
Como “prótese mental”, inserimos todo o processo de intervenção sobre portadores de
necessidades especiais visando o seu desenvolvimento cognitivo, sócio-afetivo e de
comunicação, utilizando os recursos da Informática. Nesse sentido, referem-se de modo
especial, os ambientes de aprendizagem/desenvolvimento computacionais ou informatizados,
criados com a finalidade de intervir sobre processos e estruturas mentais do indivíduo
portador de necessidades especiais.
Neste contexto as formas de organização de trabalhos que enfatizem a utilização de
recursos comunicativos visuais, manuais ou simbólicos dentre outros, facilitam o trabalho
cooperativo e o contato entre os portadores de necessidades especiais, sejam eles portadores
ou não de necessidades auditivas.
11
Este trabalho teve como objetivo o Desenvolvimento de um Protótipo de um
Dicionário Digital, que auxilie o processo de tradução da língua portuguesa para LIBRAS,
através da visualização dos sinais pela exibição de imagens, seqüências de imagens e
descrições de seus respectivos movimentos, contribuindo para o estimulo à utilização dos
recursos tecnológicos de apoio pedagógico no processo de inclusão digital.
Neste contexto buscou-se disponibilizar uma ferramenta de apoio e ensino aos porta-
dores de necessidades auditivas e contribuir para a melhoria da comunicação entre deficientes
auditivos, professores e pessoas ouvintes interessada em aprender a Língua Brasileira de Si-
nais.
Com o advento das tecnologias da informação existem inúmeros softwares capazes de
auxiliar na busca do conhecimento, e facilitar a comunicação entre as pessoas. A distância
deixou de ser um problema para aqueles que precisam se comunicar com outras pessoas em
todo o mundo bem como falar outras línguas passou a ser algo mais fácil e acessível não só
para aqueles que aprendem em salas de aula, mas também para aqueles que fazem uso do
computador para apropriar conhecimento e se comunicar.
Com a metodologia dos tradutores digitais existentes os usuários de computadores
podem utilizar os recursos de que necessita para aprender uma nova língua a partir de
softwares diversos, e ferramentas computacionais acessíveis a eles. Desta maneira qualquer
indivíduo pode traduzir e aprender português, inglês, Libras ou qualquer outra língua que
desejar e que estiver disposta em um software de tradução qualquer.
Com a popularização e utilização do computador no processo de ensino-
aprendizagem, podem-se utilizar recursos tecnológicos como softwares educacionais, sejam
eles softwares construcionistas, aqueles que permitem ao aprendiz construir seu próprio
conhecimento; ou softwares instrucionistas, aqueles que fornecem informações ao aprendiz,
na forma de um tutorial, exercício e prática, jogo e simulação, visando uma maior
compreensão da informação e um aprendizado mais rápido e eficaz.
Neste contexto os softwares de tradução, softwares que traduzem textos escritos de
uma língua para outra, contribuem para o processo de inclusão digital, no sentido de que
pessoas podem aprender Libras por meio de imagens digitais e interagir com aqueles que já
dominam esta língua. Assim, levando em consideração as dificuldades de relacionamento
entre as pessoas ouvintes com as portadoras de necessidades auditivas, faz – se necessário
disseminar a LIBRAS. Deste modo muitas pessoas podem aprender e praticar esta língua
cuidadosamente com pessoas pertencentes a comunidade surda, visto que um sinal mal
representado pode possuir vários significados.
12
O Dicionário eletrônico de Libras – DEL tende a ser uma ferramenta de apóio didáti-
co, aos estudantes de LIBRAS, bem como um auxiliar no ensino e aprendizagem das crianças
portadoras de necessidades auditivas. Por conseqüência este trabalho pretende mostrar as van-
tagens do uso desta ferramenta por meio da elaboração de um protótipo.
Destacamos os principais tópicos:
Análise de requisitos voltada as dificuldades encontradas no processo de ensino e
aprendizagem da LIBRAS.
A modelagem do sistema utilizando o conceito de orientação a Objetos (OO) e os
princípios da Unified Modeling Language (UML).
Desenvolvimento do modelo do software com base no processo de capacitação dos de-
senvolvedores para obtenção do protótipo DEL.
A abordagem deste trabalho partiu de uma análise das necessidades que os deficientes
auditivos encontram para estabelecer comunicação entre si e entre as pessoas ouvintes. Para
implementação deste projeto foram realizadas as seguintes etapas:
Entrevistas realizadas com professores que desenvolvem atividades voltadas a
educação especial em escolas públicas, enfatizando as metodologias de ensino utilizadas no
processo de ensino aprendizagem da LIBRAS;
Pesquisas de fontes bibliográficas que complementaram a pesquisa e suas
abordagens teóricas (Educação Especial, Linguagem de LIBRAS e Software Tradutores).
Busca por habilidades na utilização das ferramentas Netbeans, Firebird e Astah, para
o desenvolvimento do protótipo DEL.
Este capítulo apresentará a você leitor, uma breve descrição de cada capítulo que cons-
titui este trabalho. Este por sua vez está dividido em 07 (sete) capítulos que serão descritos a
seguir:
No capítulo 02, estão expostos assuntos relacionados a LIBRAS e suas peculiaridades.
As comunidades surdas e suas necessidades, a história da Educação dos Deficientes Auditivos
no Brasil e no mundo. A importância do tradutor e interprete de língua de sinais bem como
uma análise sobre a Língua de Sinais e suas vertentes. Neste mesmo capítulo apresentamos de
modo simplificado três softwares já desenvolvidos e que auxiliam na aprendizagem de
LIBRAS.
No capítulo 03, serão abordadas as fases de implementação de softwares desde a
análise de requisitos até a manutenção do software. Observando os aspectos de
desenvolvimento da prototipação, bem como as peculiaridades das ferramentas utilizadas no
processo de implementação doprotótipo DEL.
13
No capítulo 04, os aspectos de modelagem do protótipo proposto serão apresentados.
Será descrito o problema e analisado, observando o principio da UML, a sua importância
como linguagem unificada e os diagramas de caso de uso, classe e seqüência.
No capitulo 05, é descrito o funcionamento do software DEL e exibido suas telas de
apresentação ao usuário.
No capítulo 06, esta discorrida a conclusão deste trabalho e algumas possíveis idéias
de aperfeiçoamento do software DEL em trabalhos futuros.
Finalmente, é apresentada a bibliografia das pesquisas realizadas, para que você leitor
se precisar possa desfrutar de todas as fontes de pesquisas estudadas para elaboração deste
trabalho.
A experiência mostrou que a preocupação dos programadores em implementar
sistemas que contribuam para inclusão social de pessoas surdas no mundo dos ouvintes
consiste em favorecer o avanço do uso das tecnologias digitais. Com isso o leitor é levado a
pesquisar e a conviver com os diferentes tipos de softwares existentes.
14
1 LINGUA DE SINAIS E NECESSIDADES DA COMUNIDADE SURDA
Este capítulo tem por abordagem assuntos referente às línguas de sinais destacando-se
um pequeno histórico da Língua Brasileira de Sinais seus significados, parâmetros e
convenções. Também são abordadas as necessidades das comunidades surdas, tais como
dispositivos de ampliação sonora indispensáveis para o desenvolvimento auditivo das crianças
surdas, as políticas educacionais adotadas pela sociedade e o reconhecimento do interprete da
língua de sinais. Além destes, seria questionável se não abordasse a surdez e suas
características já que o trabalho em questão visa discorrer a respeito das línguas de sinais
utilizadas pelos portadores de deficiência auditiva ou, popularmente conhecidos como surdos.
Segundo Honora (2009), como todas as outras, as línguas de sinais estão em
constantes transformações, novos sinais surgem a cada dia e se integram de acordo com as
necessidades da comunidade surda, utilizando a junção de gesto de forma organizadas e
simples. A Língua Brasileira de Sinais é a língua de sinais utilizada pela comunidade surda do
Brasil e tem como sigla a inicial das palavras, sendo também chamada de LIBRAS. O que é
chamado de palavra na língua oral é chamado de sinal nas línguas de sinais e os sinais por não
apresentarem características de gesto ou mímica não devem assim ser chamados. Da mesma
forma que nas línguas orais são apresentados pontos de articulações dos fonemas, na língua
de sinais os pontos de articulações são expressos, por toques no corpo do usuário da língua ou
no espaço neutro.
2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO BRASIL E NO
MUNDO
Segundo Torchelsen (et.al. 2002), a história da educação dos surdos é rica em
concepção, experiências, alternativas pedagógicas e metodologias, desde as primeiras
iniciativas sistemáticas realizadas no século XVII.
O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais, em abril de 2002, e sua recente
regulamentação, conforme o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, legitimam a
atuação e a formação de tradutores e intérpretes de LIBRAS e Língua Portuguesa. E garante a
obrigatoriedade do ensino de LIBRAS na educação básica e no ensino superior (cursos de
licenciatura e cursos de Fonoaudiologia).
Segundo Honora (2009), na Idade Média a sociedade era dividida em feudos, e para
manter a riqueza intocada, haviam muitos casamentos entre pessoas da mesma família. O que
15
causava o nascimento de pessoas com deficiências diversas. Nesta mesma época a igreja
Católica teve grande influência na exclusão destas pessoas, pois a mesma dizia que se o
homem foi criado a “imagem e semelhança de Deus”, os deficientes não se encaixavam este
padrão e, portanto, eram deixados a margem da sociedade. No entanto, para os descendentes
de famílias abastardas a igreja encarregavam os monges enclausurados de alfabetizá-los, pois
devido ao voto de silêncio, haviam criado uma linguagem gestual, a fim de manter a
comunicação entre si.
A partir de então, a história do surdo começa a mudar, alguns começam a ser
educados, mas apenas em benefícios da medicina e da igreja com idéias de “caridade”. Neste
momento, vários estudiosos se interessam pelo tema, dentre eles, Gerolamo Cardano, que
tinha um filho surdo e em seus estudos afirmou que a surdez não impediria a pessoa de
receber instruções, pois a escrita representava os sons da fala ou das idéias do pensamento.
O estudioso Pedro Ponce de Leon, monge que viveu em um monastério na Espanha
em 1570 e utilizava sinais rudimentares para se comunicar devido ao voto de silêncio, junto a
mais dois membros surdos de sua família deram origem à língua de Sinais, contrariando a
afirmação de Aristóteles, que dizia que o ouvido é o órgão mais importante para a educação,
portanto, os surdos eram incapazes de receber instrução. Seus alunos foram pessoas que
dominavam a filosofia, história, matemática e outras ciências da época.
No século XVI, a grande revolução se deu pela concepção de que a compreensão da
idéia não dependia da audição de palavras. Em 1620 o Padre Juan Pablo Bonet, filósofo e
soldado a serviço do rei e também preceptor dos surdos criou o primeiro tratado de ensino de
surdo–mudo que iniciava com a escrita sistematizada pelo alfabeto e este foi Editado pela
França como “Redação das Letras e Artes de Ensinar os Mudos a Falar”. Ele idealizou e
desenhou o alfabeto gestual, destacando que seria mais fácil para o surdo aprender a ler se
cada som da fala fosse substituído por uma forma visível.
Van Helmont propôs a oralização do surdo por meio do alfabeto da língua hebraica,
pois segundo ele indicava a posição da laringe e da língua ao reproduzir cada som; foi ele que
descreveu a leitura labial e o uso do espelho, método este que Johann Conrad Amman
aperfeiçôo, por meio de espelhos e tatos percebendo as vibrações da laringe, método até hoje
usado em terapias fonoaudiológicas.
No final do século XVII houve intensas disputas pela direção do Instituto Nacional
para surdos e mudos, escola pública de Paris fundada pelo abade Charles-Michel de L´Epée,
também conhecido como “Pai dos Surdos”. Neste período, vários discordaram entre si cada
um a seu modo tentando entender as causas da surdez. Em 1880, na II Congresso
16
Internacional de Surdos-Mudos ficou instituído pelos estudiosos que seria usado o método
oral-puro, abolido oficialmente o uso da língua de sinais na educação dos surdos. Durante os
80 anos de proibição, os surdos saiam das escolas, apenas como sapateiros e costureiros e os
que não se adaptaram ao oralismo eram considerados retardados e as muitas pessoas estavam
apenas interessavam em fazer com que o surdo fosse “normalizado”.
Atualmente, o método mais usado em escolas que trabalham com alunos com surdez é
o Bílinguismo, que usa como língua materna a LIBRAS e como segunda a Língua Portuguesa
e Escrita.
No Brasil a educação de surdos teve grande influencia da língua Francesa de Sinais,
através do educador Francês Hernest Huet, ex-aluno surdo de Instituto Paris. Em 26 de
Setembro de 1857 o Imperador Dom Pedro II, fundou o Instituto dos Surdos–mudos do Rio
de Janeiro, onde atualmente funciona o INES - Instituto Nacional de Educação dos Surdos. Já
em 1911, o Dr. Menezes Vieira, baseado na afirmação de que nas relações sociais o indivíduo
surdo usaria a linguagem oral e não escrita, passou a adotar o oralismo – puro, acreditando
que seria um desperdício alfabetizar surdos em um pais de analfabeto.
Nesta mesma época vários diretores deixaram sua contribuição, cada um com sua
opinião, para o médico Tobias Leite, na educação do surdo, “o importante era a
profissionalização, pois estes eram fidelíssimos executores de instruções, tinham facilidade na
capitação das ordens e no aprendizado”. Para o Dr. Armando Lacerda “acreditava que o
método oral seria a única maneira de o surdo ser incluído na sociedade” e passou a aplicar
testes para verificar a inteligência e a aptidão da oralização, separando os alunos de acordo
com suas capacidades e de acordo com a classificação: Surdo-Mudo completo; Surdo
Incompleto; Semissurdos Propriamente dito e Semissurdos. Intencionando homogeneizar as
aulas e suavizando a tarefa educativa.
No entanto, apenas 100 anos depois de existência é que o Instituto passou a ser
administrado por um Educador (Profissional da Educação), a Prof ª Ana Rimoli de Faria
Dória, que implementou o curso de formação de professores para surdos com metodologias
voltada para o oralismo.
A partir de então o instituto tornou-se referencia em todo o Brasil e passou a receber
profissionais de todo o país. O educador de surdos da universidade Gallaudet trouxe a
filosofia da Comunicação Total e o estudo da Profª linguística Lucinda Ferreira Brito sobre a
Língua Brasileira de Sinais e da Profª Eulalia Fernandes, sobre a educação dos surdos, que
através de seus conhecimentos fundiram o Bilinguismo.
17
Em 1970, o instituto Santa Teresinha, passou a trabalhar com o conceito de integração
do surdo, no ensino regular, onde atualmente atende até o ensino fundamental. Desde então,
vários institutos vem sendo criados no intuito de qualificar a comunidade surda, através das
metodologias do oralismo, levando sempre em consideração o desenvolvimento social,
emocional, intelectual e suas limitações individuais, sendo contrários a privações de estímulos
contrários nestes aspectos e oferecendo oportunidade para que os surdos se desenvolvam
linguística e pedagogicamente como cidadãos, sejam de forma oral ou através da língua de
sinais.
2.2 COMUNIDADE SURDA: INCLUSÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Segundo Salles et. al. (2004), é por meio da cultura que uma comunidade se constitui,
integra e identifica as pessoas e lhes dá o carimbo de pertinência, de identidade. Nesse
sentido, vale ressaltar que a existência de uma cultura surda ajuda a construir uma identidade
das pessoas surdas.
Partindo do princípio de que as línguas de sinais (gestuais) são as verdadeiras línguas
maternas dos surdos, diz se que são comunidades culturalmente diferenciadas dentro daquelas
comunidades ouvintes em que estão inseridas, que deve sempre ser levado em conta na
construção da educação.
Sobre a política e práticas da inclusão, Fernandes (2005) afirma:
“São muitas as pesquisas a demonstrar que crianças surdas, filhas de pais surdos, que
desde o nascimento estiveram expostas à Língua de sinais, (cumprindo, plenamente, as
funções de comunicação e simbolização), obtiveram um desenvolvimento linguístico,
cognitivo, afetivo e social adequados. Além disso, estas crianças demonstraram melhores
resultados acadêmicos, em relação àquelas que não tiveram acesso à Língua de sinais.”
Para Damázio (2007), a Língua de Sinais é fundamental para que o aluno com surdez
adquira linguagem e avance no seu desenvolvimento cognitivo. Porém, não se pode deixar de
considerar que apenas o uso dessa língua não é suficiente para resolver questões relativas à
sua aprendizagem, pois, não promove a aprendizagem da leitura e da escrita da Língua
Portuguesa e, consequentemente, dos conceitos estudados. Todavia, respaldados pelos novos
paradigmas inclusivos, as pessoas com surdez têm conquistado atualmente direitos
fundamentais que promovem a sua inclusão social.
As políticas e as práticas que promovem a inclusão social devem comunicar aos
membros da escola que cada um é uma parte desejável, de valor e importante na comunidade,
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portanto, igualmente digno de receber instrução da mais alta qualidade possível, e não algo
para os alunos que são etiquetados como “talentosos” ou “incapazes”. As diferenças e as
individualidades devem ser reconhecidas como aspectos positivos entre todos os indivíduos, e
não grupos predefinidos ou somente a alguns membros da escola.
“Não basta que se reconheça o cotidiano de exclusão escolar, é preciso que se
promova a ruptura do processo de reprodução das estruturas excludentes que nos cercam e, de
certa forma, nos sufocam numa “cortina de fumaça” de preconceitos cristalizados” (ALVES,
2006).
Stainback (2006) diz que, para que a inclusão seja bem sucedida, as disparidades dos
alunos devem ser reconhecidas e capitalizadas para fornecer oportunidades de aprendizagem
para todos os alunos da classe, para Quadros (2006), a educação de surdos, na perspectiva,
das políticas públicas está voltada para a garantia de acesso e permanência do aluno surdo nas
escolas regulares de ensino, destacando-se a oferta de interprete de língua de sinais onde
houver surdos matriculados. Fernandes (2005), declara que a inclusão de alunos surdos nas
escolas regulares de ensino ainda é um desafio, uma vez que diferença lingüística, dificulta o
acesso aos conteúdos de ensino, comparados aos demais alunos, que utilizam a linguagem
oral, e que o grupo de educandos surdos encontra dificuldades de compreensão devido ao
impedimento auditivo que apresentam.
“Articular as temáticas educação e inclusão torna-se uma tarefa indispensável, quando
a sociedade e o sistema escolar buscam meios de garantir a todos o cumprimento dos seus
direitos e deveres previstos constitucionalmente, dentre estes, a almejada educação de
qualidade” (FREITAS, 2006).
Neste sentido para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso à
comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação,
desde a educação infantil até a superior, exposto no Art. 14 do Decreto nº 5.626, de Dezembro
de 2005, as instituições federais de ensino, de educação básica e superior, por sua vez, de
acordo com o Art. 23 do mesmo decreto, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços
de tradutor e interprete de Libras-Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços
educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso a comunicação,
à informação e a educação. Além destes deve disponibilizar recursos didáticos para apoiar a
educação de alunos com deficiência auditiva (Inciso VIII do mesmo artigo). Visto que de
acordo com o § 2º do Art. 22 do mesmo decreto os alunos têm direito à escolarização em
19
turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de
complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologia de informação.
“Neste contexto, a formação profissional dos tradutores e intérpretes de LIBRAS e de
Língua Portuguesa torna-se cada vez mais valorizada, pois a presença destes profissionais é
fundamental para a inserção das pessoas com surdez, que são usuárias da Língua de Sinais”.
(DAMÁZIO, 2007).
E mesmo que as escolas não possuam professores bilíngues e interpretes de língua de
sinais, já estão em práticas algumas iniciativas de instituições de ensino para formação de
intérpretes de língua de sinais em nível de pós–graduação.
O fato de ter acontecido uma mobilização nacional em relação á oficialização da
língua de sinais, no Brasil, como língua natural das comunidades surdas, desencadeou uma
série de ações, em diferentes níveis institucionais, no sentido de formar e contratar instrutores
surdos, disseminadores da língua de sinais por todo o país, sistematizando seu aprendizado,
por meio de cursos. A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS,
juntamente com algumas secretarias Estaduais e Municipais de Educação, Escolas Especiais e
Movimentos Religiosos, tem se constituído em pontos de referência para as pessoas que
buscam conhecer a Língua de Sinais – LIBRAS. Em 2001, foi lançada a nível nacional, a
primeira versão do Dicionário Ilustrado Trilíngue de Língua de Sinais Brasileira o que,
certamente, contribuiu para a divulgação da língua de Sinais e concretização da Educação
bilíngue no Brasil.
Entretanto, ainda existem divergências entre a escola que o sistema público apresenta e
a escola dos sonhos dos surdos, Quadros (2006), diz que a educação no país reflete os
princípios da política de integração ou inserção dos surdos na rede regular. É importante que
os sistemas educacionais estejam preparados para lidar com as diferentes demandas
socioculturais presentes nas escolas, já que nas escolas há diferentes identidades surdas, isto é,
surdos que tem consciência de sua diferença e reivindicam recursos essencialmente visuais
nas suas interações, surdos que nasceram ouvintes e, portanto, conheceram a experiência
auditiva e o português como primeira língua; os que passaram por experiências educacionais
oralista e desconhecem a língua de sinais; os que viveram isolados de toda e qualquer
referência identificatória e desconhecem sua situação de diferença, entre outros.
O sistema educacional escolar precisa transformar-se para oferecer educação de
qualidade aos alunos em sala de aula e recursos diversos aos familiares e professores. Devem
planejar e implementar propostas pedagógicas que estejam comprometidas com a diversidade
20
e flexibilização curricular, desta forma conviver com as diferenças será um exercício
cotidiano, respeitando ritmos e estilos de aprendizagem individuais e coletivos.
Neste sentido Alves (2006), esclarece que debater sobre inclusão educacional de
pessoas com deficiência faz-se ressurgir a forma como o ser humano vê e trabalha com a
diferença. E na medida em que avançam as formulações teóricas e o desenvolvimento
conceitual sobre os processos de ensinar e aprender, motivando estudos e investigações nas
áreas da educação, da sociologia e da psicologia, gestores, educadores e toda a comunidade
escolar são chamados a reconhecer e considerar a diversidade.
2.3 A LINGUAGEM E A SURDEZ
Segundo Aranha (2005), a linguagem constrói o homem como sujeito capaz de buscar
inovação, uma vez que permite o mesmo organizar seus pensamentos, emitir o que senti,
registrar o que conhece e comunicar-se com outros, construindo conhecimentos sobre o
mundo que o cerca.
O ser humano possui dois sistemas que o fazem produzir e reconhecer a linguagem: O
sistema sensorial, que utiliza a anatomia visual, auditiva e vocal (línguas orais) e o sistema
motor, que utiliza anatomia visual e a anatomia da mão e do braço (línguas de sinais). Na
aquisição da linguagem, as pessoas portadoras de surdez fazem uso do sistema motor por
apresentarem sérios problemas em seu sistema sensorial.
No referente à surdez, Fernandes (2005), explana o seguinte:
“As pessoas surdas, por limitação sensorial, que as impede de adquirir naturalmente a
língua oral, lançam mão de alternativas de apropriação da linguagem fazendo uso de
processos cognitivos e simbólicos visuais. Deve-se ter claro que a linguagem e o sentimento
são processos interdependentes e desenvolvem–se mutuamente, alimentando um ao outro. A
principal função da linguagem é a de intercambio social; no entanto constituir sistema
simbólico, que nos permite o pensamento generalizante, ordenado e categorizando dados da
realidade, conceitualmente, e que a torna base do pensamento”.
No entanto entre surdos e ouvintes é necessária a utilização de alternativas de
comunicação que possibilitem um melhor intercambio, em todas as áreas. E essas alternativas
devem basear-se na substituição da audição pela visão, o tato e movimento.
Considera-se surdo o individuo cuja audição não é funcional na vida comum e,
parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese
auditiva.
21
Segundo o Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005,
“Art. 2º- Para os fins deste decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais-Libras”.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total de
quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (HONORA, 2009).
A surdez tem duas concepções: a Clínica-Terapêutica que é uma diminuição da
capacidade de percepção normal dos sons, e traz consequências ao desenvolvimento da
linguagem oral, apresentando atraso intelectual de dois a cinco anos, dificuldades de
abstração, generalização, raciocínio lógico, simbolização, dentre outros e a Pedagógico-social
uma experiência visual que traz aos surdos à possibilidade de construir sua subjetividade por
meio de experiências cognitivo-linguística diversas, mediadas por formas alternativas de
comunicação simbólica, que encontram na língua de sinais, seu principal meio de
concretização.
Neste contexto é importante notar que os surdos têm direito a uma educação bilíngue,
que priorize a língua de sinais, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como segunda
língua, neste sentido o desenvolvimento de uma educação bilíngue de qualidade é
fundamental ao exercício de sua cidadania, na qual o acesso aos conteúdos curriculares,
leitura e escrita não defendem do domínio da oralidade.
“O objetivo da educação bilíngue é que a criança surda possa ter um desenvolvimento
cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte, e que possa desenvolver
uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a língua de
sinais e a língua majoritária” (LACERDA, 1996).
Segundo Lacerda (1996), poucos países têm o modelo de educação bilíngue
implantado há aproximadamente 10 anos. A aplicação prática deste sistema exige cuidados
especiais, formação de profissionais habilitados, diferentes instituições envolvidas com a
problematização entre outros.
Para alguns projetos já realizados em alguns lugares do mundo é necessária à
participação de professores surdos, o que é difícil conseguir. Isso por defende-se a hipótese de
que os professores ouvintes apresentam dificuldades em língua de sinais e por este motivo
problematizam o processo de aprendizagem. Enquanto há países que asseguram por lei, o
direito das pessoas surdas à língua de sinais como, por exemplo, Brasil (Ver inciso II,§1º do
artigo 14 do Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005 disposto abaixo), outros países
22
realizam projetos envolvendo a educação bilíngue quase à revelia das propostas dos governos
estaduais.
“II. Ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da LIBRAS e
também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;” (HONORA, 2009).
Gomes (2005), diz que para começo de aprendizagem os interessados precisam saber
que quanto ao período de aquisição a surdez pode ser congênita ou adquirida. A primeira
refere-se ao individuo que já nasceu surdo. Podendo então se caracterizar como surdez Pré-
lingual, por ocorrer antes de o indivíduo desenvolver a linguagem. A segunda ocorre quando o
indivíduo por algum motivo perde a audição que adquiriu ao longo de sua vida, antes ou
depois do indivíduo desenvolver a linguagem.
A surdez por sua vez pode ser causada por diversos fatores são eles genéticos e
hereditários, doenças adquiridas pela mãe na gestação, por exposição da mãe a drogas
ototóxicas (medicamentos que afetam a audição) ou pode ser provocada no parto prematuro,
por anóxia cerebral e trauma no parto. Além destes fatores que podem ser estudados como
fatores pré-natais e Peri-natais, há aqueles ditos fatores pós-natais, que caracterizam a surdez
causada por doenças adquiridas pelo individuo ao longo da vida.
2.4 LÍNGUA DE SINAIS
No que se refere á construção histórico-social Fernandes (2005), diz que a linguagem
de sinais, na comunidade dos surdos, exibe a capacidade de sustentar, os processos mentais,
mesmo que não seja uma língua ouvida, como também, satisfaz as funções exercidas pela
língua oral para as pessoas ouvintes, promovendo o desenvolvimento linguístico, cognitivo e
emocional dos alunos surdos e não deve ser ignorada pelo professor quando houver interação.
Visando beneficiar esta relação entre professor/alunos surdos e alunos ouvintes, várias
formas de comunicação devem ser trabalhadas em sala de aula junto com a língua de sinais,
sendo elas:
Alfabeto Manual - recurso utilizado para soletrar nomes próprios ou palavras do
português não interpretado pela língua de sinais;
Mímica/dramatização - recurso que pode enriquecer os conteúdos trabalhados em sala
de aula e ajuda a construir significados relacionados com o presente momento;
Desenhos/ilustrações/fotografias - recursos que podem representar de forma concreta o
tema que esta sendo discutido em sala. É um recurso precioso de memorização para os alunos;
23
Recursos tecnológicos (vídeo / TV, retroprojetor, computador, slides e outros) –
recursos capazes de proporcionar maior interação do aluno com o tema estudado. No caso de
filmes deve-se utilizar os filmes legendados e antes de assisti-lo é importante que o professor,
discuta assunto relacionados, pois pode ser que eles não entendam algumas palavras da
legenda por desconhecê-las;
Língua portuguesa escrita – recurso útil na representação de informações. As palavras
chaves do conteúdo a ser estudado devem sempre ser destacadas no quadro ou em
retroprojetor e caso seja necessário deve-se trabalhar sinônimos mais próximos do
entendimento dos alunos. Desta forma o conteúdo será assimilado com maior êxito pelos
alunos sejam eles surdos ou não.
Língua portuguesa oral / leitura labial – a língua oral desenvolvidas com os surdos
estimula a audição por basear-se no treinamento fono-articulatório. Desta forma apesar das
dificuldades é possível que alguns alunos desenvolvam a comunicação oral. A leitura labial é
possível através da visualização da expressão fisionômica e dos gestos da pessoa que fala.
Este recurso apesar de não possibilitar uma plena compreensão entre os interlocutores é
também utilizado.
Neste contexto ressalta-se, que mediante, a ausência de um interpretes de língua de
sinais, em sala de aula, e o fato de nem todos os alunos serem usuários de libras, o professor
deve utilizar todos os recursos e estratégias possíveis, para que a visualização sempre
acompanhe a oralidade, para que seu aluno surdo não seja prejudicado.
2.5 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
Quadros (2006), diz que a LIBRAS é uma língua visual-espacial articulada através das
mãos, das expressões faciais e do corpo, composta de todos os componentes pertinentes às
línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos,
preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumento linguístico de
poder e força, pois possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e
demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua, no entanto, por ser
uma língua percebida pelos olhos, apresenta algumas peculiaridades que são normalmente
pouco conhecidas, tendo em vista que são expressas no tempo e no espaço, por todos.
A LIBRAS foi oficialmente reconhecida em abril de 2002, onde o gabinete da
Presidência da República, sancionou a LEI N.º 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece
24
como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e
outros recursos de expressão a ela associados.
Art.1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.”
“Parágrafo único – Entende-se como Língua Brasileira de Sinais Libras – a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora,
como estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão
de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (HONORA,
2009).
Segundo Capovilla (2006), outra forma de representar a comunicação gestual, ou
escrever qualquer língua baseada em movimentos de maneira visual e direta, através de
ilustrações e descrições quiméricas, é o sistema de representação de sinais SignWriting.
Baseado neste sistema de representação de sinais, existe o SignWriter, um software
para edição de textos, que consiste em uma representação gráfica da forma gestual da
linguagem de sinais, oferecendo uma notação prática para a escrita de língua de sinais com
características gráficas e esquemáticas, que constituem-se de um rico repertório de elementos
para a representação dos principais aspectos gestuais das línguas de sinais (configuração de
mãos, pontos de articulação, movimentos, expressões faciais, etc.), e de fácil aprendizagem,
pois organiza de maneira similar a forma de escrita oral, no entanto ao invés de possuir letras
existem símbolos que individualmente representam gestos ou movimentos e o conjunto desses
símbolos forma um sinal significando uma palavra ou um conjunto de palavras
Figura 01: Alfabeto Manual Representado em Sinais Sign Writing.
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
1 Abstract
Abstract
25
(TORCHELSEN, 2002). Veja na figura 1 e 2 a representação do alfabeto manual e dos
números decimais em sinais SignWriting.
Vale ressalta ainda que nas línguas de sinais, as configurações de mãos juntamente
com as localizações em que os sinais são produzidos e as direções são unidades menores que
formam as palavras, a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no
corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos, obedecendo aos seguintes parâmetros:
Configuração das Mãos (CM): São formas das mãos que podem ser da datilologia
(alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros
ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos. Veja na figura 3 como as mãos devem ser
configuradas para representar os números decimais em LIBRAS.
Ponto de Articulação (PA): é o lugar onde incide a mão predominante configurada,
ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um
espaço neutro.
Movimento (M): Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, o sinal
EM-PÉ não tem movimento; já o sinal EVITAR possui movimento (Figuras 4 e 5).
Figura 02: Números Decimais Representados em Sinais SignWriting
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
Figura 03: Números em Libras
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
26
Expressão facial e/ou corporal (EF/C): As expressões faciais/corporais são de
fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua
de Sinais é feita pela expressão facial. Orientação/Direção (O/D): Os sinais têm uma direção
com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à
direcional idade (Figuras 6 e 7).
Figura 05: Representação do Sinal “Evitar”
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
Figura 06: Representação do Sinal “Ir”
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
Figura 04: Representação do Sinal “em Pé”
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
27
A LIBRAS, possui algumas convenções que devem ser consideradas:
A grafia: Os sinais em LIBRAS, para um melhor entendimento são representados
na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.
Datilologia (alfabeto manual): A datilologia é a soletração de uma palavra usando o
alfabeto manual de LIBRAS. È normalmente usada para expressar nomes de pessoas, lugares
e outras palavras que não possuem sinal, e são representada pelas palavras separadas por
hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.
Os Verbos: São apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações
são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO
As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ
GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?).
Figura 07: Representação Do Sinal “Vir”
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
Figura 08: Alfabeto em LIBRAS
Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe - Libras
28
2.6 INTERPRETE DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS / LÍNGUA PORTUGUESA
As pesquisas linguísticas, realizadas a respeito da língua de sinais resultaram em
reconhecimento social e científico da mesma e por adquirir caráter de língua natural, fez
surgir á necessidade de interpretes, para servir de mediador entre os surdos e ouvintes, em
todas as situações de interação social, uma vez que, a socialização é um fator indispensável ao
processo de desenvolvimento do ser humano, pois é através dela que o indivíduo apropria–se
dos comportamentos produzidos pela sociedade na qual estão inseridos e conseqüentemente
aumenta suas possibilidades de interação.
Segundo o Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005 Art. 17, a formação do
tradutor e intérprete de Libras-Língua Portuguesa deve ser efetivada por meio de curso
superior de tradução e interpretação, com habilitação em Libras-Língua Portuguesa, ou ainda
de acordo com o Art. 18 deste mesmo decreto, a formação de tradutor e interprete de Libras-
Língua Portuguesa, em nível médio, deve se realizar por meio de cursos de educação
profissional (Inciso I), cursos de extensão universitária (Inciso II), e cursos de formação
continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por
secretarias de educação (Inciso III).
Parágrafo único. A formação de tradutor e interprete de Libras pode ser realizada por
organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o
certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.
(HONORA, 2009).
O interprete é o profissional responsável por traduzir e interpreta a língua de sinais
para a língua portuguesa e vice-versa seja na modalidade oral ou escrita. De acordo com o
Art. 21 do decreto já citado este profissional é responsável por viabilizar o acesso à
comunicação, à informação e a educação de alunos surdos. E de acordo com o §1º deste
artigo, o tradutor e interprete de Libras-Língua Portuguesa deve atuar nos processos seletivos
para cursos na instituição de ensino (Inciso I), nas salas de aula para viabilizar o acesso dos
alunos aos conhecimentos e conteúdos curriculares em todas as atividades didático-
pedagógicas (Inciso II) e no apoio a acessibilidade aos serviços e as atividades-fim da
instituição de ensino.
29
Para Fernandes (2005), o fato da modalidade da língua portuguesa ser áudio-oral e a
língua de sinais uma modalidade viso–espacial determina especificidades no modo de
organização do sistema lingüístico, caracterizando diferentes modos de significação e leitura
da realidade. Desta maneira o interprete da língua de sinais precisa conhecer a estrutura
gramatical da língua de sinais e estar presente nos valores culturais da comunidade surda, em
seus costumes e idiossincrasias, para de forma segura realizar decodificação (tradução) dos
aspectos estruturais das línguas trabalhadas e os aspectos discursivos, que favorecem a
elaboração de sentidos entre o relacionamento dos falantes.
As escolas comuns são um dos espaços de atuação do interprete, geralmente como elo
na interação verbal constituída entre os alunos surdos e os demais membros da comunidade
escolar; e jamais este profissional deverá substituir o papel de professor no processo de
aprendizagem. Deverá atuar como um elemento na cadeia de interação verbal, que existe na
sala de aula e em outras camadas sociais.
Para Muller 2006, a perspectiva da interpretação é de uma atividade interativa dinâ-
mica em que os participantes determinam a cada minuto o significado de alguma coisa que é
dita. Esta atividade envolve um ato interpretativo baseado na experiência dos participantes
em situações similares bem como o conhecimento gramatical e lexical. O interprete da língua
de sinais por sua vez está constantemente exposto a alguns discursos existentes. São eles:
• Narrativo: reconta uma série de eventos ordenados mais ou menos de forma
cronológica
• Persuasivo: objetiva influenciar a conduta de alguém
• Explicativo: oferece informações requeridas em determinado contexto
• Argumentativo: objetiva provar alguma coisa para a audiência
• Conversacional: envolve a conversação entre duas ou mais pessoas
• Procedural: dá instruções para executar uma atividade ou usar algum objeto
Os intérpretes devem criar expectativas em relação aos tipos de discurso que alguém
irá usar em determinados contextos. Aos poucos se aprende que algumas expressões estão
associadas a um tipo específico de discurso, por exemplo, "por que" e "razão" são
freqüentemente usados em um discurso persuasivo; "como" e "passos" indicam um discurso
procedural; "versus", "ou" e "comparação" são palavras típicas de discursos argumentativos;
"estória" e "conto" são freqüentemente associados com um discurso narrativo; "descrição"
sugere um discurso explicativo. Assim, o intérprete tem condições de identificar os elementos
30
possíveis que serão apresentados de acordo com o tipo de discurso e dispondo de tais
elementos de forma mais pronta e imediata durante a sua atuação.
Com base na necessidade que os alunos surdos têm de construir vocabulários e
interagir com a sociedade em geral, foram desenvolvidas inúmeras ferramentas tecnológicas
de ensino aprendizagem, para servirem de apoio pedagógico, dentre elas alguns softwares,
capazes de auxiliar o professor na modalidade tradução e interpretação da língua brasileira de
sinais.
Assim como a língua falada é oral-auditiva, ou seja, utiliza a audição e a articulação
através do aparelho vocal para compreender e produzir os sons que formam as palavras dessas
línguas. Uma língua sinalizada é visual-espacial, ou seja, utiliza a visão e o espaço para
compreender e produzir os sinais que formam as palavras nessas línguas. Tanto uma língua
falada, como uma língua sinalizada, podem ter representações numa modalidade gráfica-
visual, ou seja, podem ter uma representação escrita (MULLER 2006).
Deste modo os softwares implementados para ensinar a língua brasileira de sinais
podem ser modelados de acordo com as seguintes modalidades: LIBRAS para português oral,
sinais para escrita, português para a língua de sinais oral, escrita para sinais.
Segundo Muller (2006), uma tradução sempre envolve uma língua escrita. Assim,
pode haver as seguintes formas de tradução: uma língua de sinais para uma língua escrita de
uma língua falada; uma língua escrita de sinais para a língua falada; uma escrita da língua
falada para a língua de sinais e uma escrita da língua de sinais para a escrita da língua falada.
A interpretação sempre envolve as línguas faladas/ sinalizadas, ou seja, nas modalidades
orais-auditivas e visuais-espaciais. Assim, pode - se interpretar a língua de sinais para a língua
falada e vice-versa, da língua falada para a língua de sinais isso porque ao utilizar o termo
tradutor de forma generalizada consequentemente utiliza-se o termo interpretação.
2.7 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS – SOFTWARES QUE ENSINAM LIBRAS
Atualmente, existem inúmeras ferramentas computacionais para o auxílio no processo
de ensino da Língua Brasileira de Sinais. Estas ferramentas possibilitam a qualquer pessoa,
seja ela surda ou não o aprendizado da língua de sinais. Dentre estas ferramentas pode-se
destacar o LIBRASweb o X-libras e SWEdit e o Junctus.
Existe ainda um Sistema para comunicação móvel, que está sendo desenvolvido em
JBuilder 8, versão Mobile, da Borland, por sua capacidade de emular o celular Sony Ericsson,
modelo P800, que é um dispositivo embarcado de terceira geração capaz de receber imagens
31
padrão Mpeg 4 e executar aplicações Java J2ME em ambiente operacional Symbian. Na Figu-
ra 09 é mostrada uma imagem do P800 executando a palavra “banco”.
Figura 09: Execução da palavra “banco” em LIBRAS em um celular P800
Fonte: Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529
Este sistema está voltado para o Ensino de Libras que pode auxiliar ouvintes e não
ouvintes a aprenderem língua de sinais através da análise de alguns critérios, e busca de uma
maior proximidade do gesto virtual para o real, o que é uma tarefa complicada, haja visto que
muitos parâmetros devem ser combinados. Baseado em Karnopp (2000), enquanto o emissor
constrói uma sentença a partir de vários elementos (configurações de mãos, braços, ombro,
expressão facial, etc.) o receptor utiliza os olhos ao invés dos ouvidos para entender o que está
sendo comunicado. Desta forma, já que a informação lingüística é recebida pelos olhos, os
sinais são construídos de acordo com as possibilidades perceptuais do sistema visual humano.
Em analogia com um humano que venha a traduzir e interpretar a língua de sinais, um
programa de computador se corretamente algoritmado, modelado e implementado vem a ser
uma ferramenta de grande importância para seu usuário. Sua capacidade de entender a
mensagem na língua fonte, internalizar o significado na língua alvo e expressar a mensagem
na língua alvo sem lesar a mensagem transmitida na língua fonte será garantido.
Deste modo assim como um intérprete o software receberá a mensagem original,
efetuará compreensão, análise, internalização, avaliação e como resultado obterá a mensagem
interpretada para a língua alvo. E diferindo-se de um humano tradudor-intérprete, realizará
este processamento de informação simultânea, sem sofrer com contextos físicos e
psicológicos, que possam afetar o processo de informação simultânea de um humano.
No ensino e aprendizagem da língua de sinais a presença de um dicionário digital vem
complementar a assimilação dos sinais necessários à formação de um código linguístico.
32
Sempre há uma dúvida a respeito de uma palavra ou expressão, seja ela em sinais ou não.
Nem sempre um aprendiz da linguagem gestual, ou de outras línguas, encontrará por perto
alguém que possa tirar suas dúvidas. Assim se o aprendiz tem acesso a um dicionário manual
ou digital alguma coisa poderá ser esclarecida a respeito da língua estudada.
Mais do que a aprendizagem de uma língua de sinal, os alunos com surdez precisam
de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento, explorem suas
capacidades e habilidade educacionais e sociais. Veja a seguir alguns destes ambientes.
2.7.1 LIBRASweb
É um ambiente desenvolvido para uso na Internet, para ensinar LIBRAS para qualquer
pessoa que tenha interesse na aprendizagem dos sinais usados por pessoas surdas. Com este
programa, professores, pais de crianças surdas e a comunidade em geral podem encontrar os
sinais mais comuns e melhorar a comunicação com as pessoas surdas (Marcato, et.al. 2000).
As principais características é servir como uma ferramenta disponível para busca de
informação, através de imagens que foram filmadas e digitalizadas e apresentadas através de
algumas categorias semântico-gramaticais como pessoas, casa, escola, verbos e etc., tendo
como objetivo focalizar o interesse do usuário em um conjunto de palavras que fazem parte de
um mesmo contexto.
Além disso, encontra-se disponível a opção sala de aula que apresenta uma
comunicação básica existente em uma sala de aula, disposta na forma de frases, com a opção
de sinais sendo apresentados separadamente em uma frase, visando facilitar o aprendizado e
entendimento da produção de frases em LIBRAS. Podem ser destacados o alfabeto, os
numerais, a apresentação de algumas das características da LIBRAS e de outras Línguas de
Sinais.
A arquitetura apresentada também apresenta um ambiente para o chat, com
agendamento de horários para que os possíveis usuários possam trocar informações sobre suas
dúvidas e mesmo comentar sobre diferentes formas de realizar os sinais, já que são muitas as
formas existentes de sinais representando um mesmo significado, dentro de um mesmo país.
A figura 10 mostra a tela principal do LIBRASweb, com as opções no menu e com
informações necessárias à sua utilização.
Ao escolher a opção aprender LIBRAS, são apresentadas as categorias disponíveis. Na
figura 10, tem-se a representação do sinal arroz, dentro da categoria comida e ao lado da
imagem existem explicações sobre os movimentos do sinal.
33
Na figura 11, apresenta a opção sala de aula. Primeiro é apresentada nesta tela a
imagem da representação de uma frase em LIBRAS, em seguida, a mesma é disponibilizada
na forma escrita e respectivamente as imagens, visando facilitar o entendimento pelo usuário
do ambiente. O LIBRASweb contém um dicionário para facilitar a busca mais rápida pelos
sinais disponíveis no ambiente (MARCATO, et.al. 2000).
Figura 10: Tela de Abertura do LIBRASweb.
Fonte: Um Ambiente Para Aprendizagem da Língua de Sinais - LIBRAS web.
Figura 11: Representação do Sinal Arroz Dentro da Categoria Comidas
Fonte: Um Ambiente Para Aprendizagem da Língua de Sinais - LIBRAS web
34
2.7.2 X-Libras
Segundo Fusco (2004), o X-Libras é um ambiente informacional baseado no padrão
(XML) de metadados desenvolvido utilizando o vocabulário X-LIBRAS, arquitetura baseada
na tecnologia XML para representação tridimensional de sinais da Língua Brasileira de
Sinais.
Esta ferramenta utiliza avatares humanóides do padrão H-Anim e s tecnologias
Extensible 3D (X3D) e Virtual Reality Modeling Language (VRML), proporcionando a
visualização tridimensional e imersiva dos sinais LIBRAS, de forma que o usuário tenha uma
visão ampliada e detalhada do sinal.
A figura 13 mostra a visualização do sinal SOLDADO no ambiente X-Libras.
Figura 12: Representação das Frases em LIBRAS com a Comunicação Para o Professor
Fonte: Um Ambiente Para Aprendizagem da Língua de Sinais - LIBRAS web.
35
2.7.3 SWEdit
É um editor de textos em LIBRAS, baseados em SignWriting. Foi desenvolvido
especialmente para os surdos e utiliza interfaces gráficas similares as dos editores de textos já
existentes, explorando a capacidade de interpretação visual, por meio de figuras auto-
explicativas, em forma de botões e menus, sem utilizar a linguagem oral para representar
ações e ferramenta disponíveis do programa.
Permite a inclusão de textos em língua oral, figuras e imagens, drag & drop, possibilita
salvar e carregar arquivos no formato SWML3 (SignWriting Markup Language). Possui uma
base de dados com dicionários de sinais, os quais podem ser disponibilizados na forma de
arquivos na web.
O AlfaEdit é um editor de símbolos que é obtido pela inclusão de figuras no formato
GIF, PNG, JPG, BMP e TIFF, e ocorre no momento que uma figura é inserida na área de
edição (Interface do SWEdit), automaticamente é fornecido informações relativas às
características da mesma como seu código e rotação que unida à figura forma o símbolo
sendo posteriormente gravado em formato SSS (SignSymSequence) responsável por fornecer
ao editor quando iniciado o conjunto de símbolos.
Na Figura 14, é apresentada a tela de interface do editor do com as especificações
abaixo assinaladas 1) Conjunto de Símbolos disponível pelo sistema; 2) conjunto de Símbolos
opção escolhida; 3) campo para edição de Sinal; 4) campo de edição do documento; 5) campo
contendo exemplos de Símbolos; 6) campo para inserção de texto da língua oral; 7) campo
Figura 13: Ambiente Virtual X-LIBRAS.
Fonte: Um ambiente virtual para Língua Brasileira de Sinais
36
para inserção de uma figura; 8) Menu sensível ao contexto; 9 e 10) ComboBox contendo os
dicionários disponíveis.
2.7.4 Junctus
Ao ambiente Junctus deu-se um nome originado do latim que significa ligado, junto,
unido. Ele foi desenvolvido sobre a plataforma Java, criada pela SunMicrosystems (Java,
2005b), sendo disponibilizado como um sistema de código aberto. Esse software procurou
manter as características de maior destaque no Link-it e Transana.
O Link-it possibilita a interação com o usuário, permitindo associar vídeos digitaliza-
dos com textos próprios ou obtidos através de outros recursos. Esse ambiente pode ser utiliza-
do de diferentes maneiras, adequando-se a diferentes grupos de usuários. Dentre as diversas
possibilidades, destacam-se as de criar dicionários, pequenas histórias linkadas, visualizar
uma frase de cada vez em legendas, traduzir uma seção inteira em língua de sinais e criar ata-
lhos para determinados trechos de vídeo.
O Transana, um software livre desenvolvido por Chris Fassnacht e Davis Woods do
Centro de Pesquisa e Ensino de Wisconsin, da Universidade de Wisconsin (Transana, 2005).
Também possibilita a interação com o usuário através da associação entre vídeos e texto, com
o adicional de áudio. É basicamente uma ferramenta para transcrição e análise qualitativa de
dados. Um dos fundamentos definidos para o desenvolvimento deste ambiente foi a necessi-
dade de garantir uma “usabilidade” adequada, de forma que procurou-se produzir uma inter-
face de utilização simples e que oferecesse as funcionalidades propostas para um ambiente
Figura 14: Tela de Interface do Editor SWEdit
Fonte: Editor para Línguas de Sinais Escritas em SingWriting.
37
capaz de integrar formas diferentes de representação desenvolvido pela “Swedish Institute for
Special Needs Education”. Trata-se de um software proprietário, tendo como foco o público
alvo usuário de língua de sinais.
Como o Junctus precisa oferecer clips de vídeos como uma das formas de representa-
ção, desenvolvemos as funcionalidades de vídeo empregando a biblioteca JMF. A biblioteca
Java Media Framework é voltada para o desenvolvimento de aplicações de mídia. O JMF
adapta-se facilmente à construção de ambientes informatizados que utilizem componentes
heterogêneos, tendo suporte às principais arquiteturas e codecs de áudio e vídeo.
Os vídeos são capturados a partir de filmagens digitais em geral. O software possibilita
a integração entre vídeo e texto, permitindo que se estabeleça, no caso de se trabalhar com
surdos, a simultaneidade entre a narrativa em língua de sinais no vídeo e a língua escrita. Para
isso o usuário demarca os trechos do vídeo que corresponderão ao trecho em destaque do tex-
to escrito, fazendo uma „edição‟ de seu projeto. Cada projeto desenvolvido por um usuário-
aprendiz corresponde à construção desta relação entre o texto e o vídeo. Assim é possível
construir simultaneamente representações numa língua viso-espacial (língua de sinais) e numa
língua escrita.
Figura 15: Ambiente Junctus – Cenário de Interação
Fonte: Artigo “Um software de autoria para a educação de surdos: integração da língua de sinais e da
língua escrita”.
38
Neste capítulo foram abordados assuntos referentes a língua brasileira de sinais. Para
que você leitor pudesse conhecer suas peculiaridades, e despertasse interesse pela língua. E
também para que você compreendesse a importância da inclusão das pessoas portadoras de
necessidades auditivas no meio social. Haja visto que estas pessoas têm grande necessidade
de comunicação e interação com o mundo das tecnologias. Para tanto foram apresentados
alguns softwares que facilitam o aprendizado da LIBRAS e enriquecem a quantidade de
acervo pedagógico disponíveis aos estudantes da mesma. O desenvolvimento destes softwares
por sua vez despertam interesse pela programação orientada a objetos e pelas fazes
percorridas para sua realização, assim como serão apresentadas no capítulo seguinte.
39
2 MODELAGEM E IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARES
A tarefa de se desenvolver um software, não é uma tarefa tão simples assim. Fases de
desenvolvimento devem ser obedecidas pelo engenheiro de software. Durante a elaboração de
um projeto de software, há vários aspectos a serem observados e seguidos para que seja
alcançado o objetivo desejado. Para o engenheiro de software, não basta desenvolver um
algoritmo de um problema (seqüências de ações a serem executadas pelo sistema) e conhecer
uma linguagem de programação é preciso que o mesmo antes de começar a implementação do
sistema cumpra algumas etapas tais como: análise de requisitos, modelagem de software, e a
documentação do software, dentre outras.
Neste contexto este capítulo apresentará de forma sucinta os processos de
desenvolvimento de softwares, seus diferentes tipos e as ferramentas necessárias a
Modelagem e implementação de um programa de computador como um todo.
Na verdade, por mais simples que seja, todo e qualquer sistema deve ser modelado
antes de iniciar a implementação. Os sistemas de informação são dinâmicos, estão em
constante transformação, e a utilização de metodologias de desenvolvimento de software
garante uma melhor qualidade do software desde o atendimento dos requisitos do cliente até a
possibilidade de realizar manutenção no mesmo, isto é durante o ciclo de vida do sistema.
Documentar o software por sua vez é de grande importância para que o mesmo seja mantido
com facilidade, rapidez e corretamente, sem apresentar erros futuros.
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO SISTEMA
O desenvolvimento dos softwares apesar de ter suas especificidades únicas, para obter
êxito, faz-se necessário, seguir etapas apontadas pela engenharia de softwares. Cita-se a
seguir, de acordo com a figura 16 as etapas aprovadas pela engenharia de softwares que
segundo Pressman (2007), devem ser rigorosamente obedecidas..
40
Figura 16: Ciclo de vida do software
Fonte: Elaboração própria baseada em Pressman (2007)
Definição do problema: esta fase é o ponto de partida para realização da análise do
sistema, planejamento do projeto de software e análise de requisitos. Nesta fase define-se o
que será desenvolvido pelo engenheiro de software.
Análise e especificação: fase de definição do ambiente, bem como, certificação da
melhor solução para resolução do problema que o software ira resolver ou melhorar. As espe-
cificações e análises de requisitos tornam-se uma tarefa árdua, apesar de parecer muito sim-
ples, pois é um processo de descoberta, refinamento, modelagem e especificação. O modelo
inicial é filtrado durante o planejamento e detalhes do projeto de software e soluções diversas
são apresentadas e analisadas.
Projeto: definição do plano de desenvolvimento do software, tais como,
especificações, configuração, designer, interfaces, hardware, com o auxílio de uma plataforma
de modelagem como, por exemplo, a linguagem unificada de modelagem - UML. O projeto
consiste em modelar ou representar qualquer entidade de constituição futura, para obtenção de
uma meta. Contudo sua inicialização deve ser efetivada ao término da análise e especificação
dos requisitos de software.
Codificação: escolha da plataforma de hardware e software e o desenvolvimento dos
códigos propriamente dito.
Testes: definição dos critérios e marcos de avaliação do processo de desenvolvimento
e do produto, para verificar se o sistema realmente atende a especificação de requisitos e se
está livre de erros. Normalmente as especificações de requisitos são incompletas. E para evitar
a ocorrência de algumas deficiências torna-se necessário a utilização de algumas estratégias
de desenvolvimento de software.
Manutenção: fase que define as mudanças tais como, correção, adaptação e
melhoramento de software. Durante a manutenção são realizadas atividades corretivas,
adaptativas e preventivas. A manutenção de um sistema deve ser realizada criteriosamente
para evitar que alterações inseridas prejudique o funcionamento do sistema e forneçam falsas
41
informações ao seu usuário. Esta por sua vez sempre que necessário deve ser modelada e
documentada para não desatualizar a documentação do sistema (registro detalhado de cada
funcionalidade do sistema de informação pertencentes a uma organização) e prejudicar futuras
manutenções.
Obedecendo a estas fazes de desenvolvimento de software foi possível desenvolver o
protótipo do Dicionário eletrônico de Libras, respeitando respectivamente os seguintes proce-
dimentos:
Foi especificado que o DEL funcionalmente realizaria Tradução da língua portuguesa
escrita para Língua de Sinais Brasileira e vice versa por meio da interpretação de seqüências
de imagens ou de palavras dispostas separadamente por categorias. Por exemplo, a palavra ou
imagem correspondente a “banana” seria armazenada em uma pasta equivalente a categoria
frutas.
Planejou-se implementar interfaces de fácil utilização que buscasse uma boa
interação com o usuário por meio de recursos básicos de implementação, como por exemplo a
utilização de botões que pudessem ser selecionados pelo usuário do sistema.
Ficou estabelecido que o dicionário em questão não apresentaria tradução de fases da
língua portuguesa escrita e sim apenas tradução de palavras ou expressões isoladas, tais como
a expressão “Bom dia”.
Construiu-se um algoritmo e uma modelagem que obedecesse a especificação de
requisitos do próprio sistema. Verificando-se quais as possíveis operações a serem executadas
pelo usuário. Para tanto foi realizado um gerenciamento de requisitos, um importante pré-
requisito para desenvolver softwares de alta qualidade, pois segue processos definidos que
direcionam as atividades através de padrões pré-estudados, visando à garantia de software,
melhoria contínua e redução de impactos dos problemas, por meio da comunicação entre as
fases (ciclos) de desenvolvimento de softwares.
Codificou-se o algoritmo do sistema em uma linguagem de programação que apre-
sentasse portabilidade para que o programa pudesse ser utilizado em diferentes computadores.
A linguagem utilizada foi JAVA. A mesma será abordada a seguir.
Com tudo ao desenvolver esse protótipo, procurou-se encapsular as principais funcio-
nalidades em módulos (classes) o mais independentes possível. Dessa maneira cada classe é
responsável por uma determinada forma de representação. O que possibilitará extensão do
sistema para incorporar outras formas de representação da língua brasileira de sinais, como
por exemplo o sistema de escrita de sinais SignWritign, apresentado no capítulo anterior.
42
Na etapa de análise de requisitos deve-se obrigatoriamente utilizar-se do modelo de
prototipação. Este modelo baseia-se na utilização de um protótipo do sistema real para auxili-
ar na determinação de requisistos. Um protótipo deve apresentar baixo custo e rapidamente
ser obtido para que seja avaliado. Para isso é preciso desenvolver uma parte do sistema com o
mínimo de investimento sem perder as características básicas, para que seja analisado junta-
mente com o usuário. A prototipação é um processo que permite ao desenvolvedor criar um
modelo do software que deve ser construído e deste modo demonstrar como se apresentará e
comportará o sistema em essência, bem como quais informações deverão ser inseridas no sis-
tema e que tipo de informação deverão ser fornecidas pelo software.
Neste contexto foi construído um programa que executa parte das funções desejadas e
que apresenta características que poderão ser melhoradas em trabalhos futuros. O DEL consis-
te em um primeiro sistema, em que o cliente vê o que parece ser uma versão trabalhada do
software, sem perceber que na pressa de oferecer algo trabalhado, não foram considerados
aspectos de qualidade e de manutenção. Isto é trata-se de um “rascunho”, do o software póde
oferecer em sua fase final.Assim como muitos desenvolvedores implementam algo para obter
um protótipo trabalhando rapidamente. O mesmo foi realizado.
Na faze de projeto do Dicionário Eletrônico de Libras, optou-se pela utilização da
linguagem unificada de modelagem (UML), que será abordada no capítulo seguinte. Esta
linguagem por sua vez está inserida dentro do paradigma de Orientação a objetos. Desta
maneira pode-se aprender LIBRAS por meio de classificações. Da mesma forma que se pode-
se criar grupos de objetos com características iguais, cada grupo de objeto pode ser
representado por uma classe.
Obedecendo a este princípio criamos grupos denominados categorias de palavras e de
sinais. Os objetos de cada grupo ou classe neste caso os itens pertencentes a cada categoria,
apesar de possuírem os mesmos atributos, os objetos não são iguais, cada objeto armazena
valores diferentes em seus atributos. Por exemplo, todos os itens da classe “cor” possuem o
atributo sinal, mas a representação em sinais da cor “azul” é diferente da representação em
sinais da cor “Amarela”. Desta maneira o valor armazenado em cada atributo varia de item
para item de cada categoria.
Outras definições de desenvolvimento estudadas para implementação do Dicionário
Eletrônico de Libras foram:
O mesmo deverá apresentar uma interface simples, com uma janela de boas vindas
ao usuário e botões que lhe permitissem entrar no sistema para realização da pesquisa
desejada ou sair do sistema para execução de uma outra tarefa.
43
Este sistema será desenvolvido em JAVA, para que possa ser executado em diferen-
tes hardwares e plataformas. E disponibilizará de um banco de dados, projetado em
MySql(Strutured query Language), linguagem padrão de Sistema Gerenciado de Banco de
Dados (SGBD). Para tanto decidiu-se que está projeção seria realizada no EasyPHP, uma fer-
ramenta que dispõe do MySql, dentre outros componentes indispensáveis.
Para não fugir da regra foram realizados alguns testes. Dentre as possíveis técnicas que
podem ser realizadas (teste de unidade, teste de integração, teste de sistema, teste de
instalação e teste de aceitação) optou-se por testar o software num ambiente controlado por
alguns usuários (familiares) na presença dos desenvolvedores (alpha-test). As pessoas que
obtiveram um primeiro contato com o Dicionário Eletrônico de Libras, eram ouvintes e
ficaram maravilhados com a possibilidade de se aprender libras em utilizando apenas o
computador.
Neste contexto (Guedes, 2008), enfatiza que por mais simples que seja, todo e
qualquer sistema deve ser modelado antes de iniciar a sua implementação, pois estes,
freqüentemente costumam aumentar em tamanho, complexidade e abrangência. E este
dinamismo dos SI (sistemas de informação) deve-se ao fato dos clientes desejarem
constantemente modificações ou melhorias no sistema, do mercado está sempre mudando, o
que força a adoção de novas estratégias por parte das empresas e, conseqüentemente, de seus
sistemas, além do fato do governo, seguidamente, promulgar novas leis e criar novos
impostos e alíquotas ou atualizá-las, o que acarreta a manutenção do software.
Embora um dos objetivos de modelar um software seja realmente diminuir a
necessidade de mantê-lo, por mais bem modelado que esteja na maioria dos casos, a
manutenção de um software é inevitável.
Assim, dentre todas as manutenções realizadas (inserção e exclusão de dados), no
protótipo DEL, a preocupação maior estava em atribuir corretamente a imagem
correspondente ao sinal de Libras. Isso porque, caso esta atribuição seja incoerente, o usuário
aprenderá um sinal que possa significar algo totalmente diferente do que ele pretenda passar
ao receptor de sua mensagem.
44
3.2 FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE
O sistema DEL pretende levar ao usuário a oportunidade de aprender um pouco da
língua LIBRAS. Para alcançar este objetivo utilizou-se diversas ferramentas de
desenvolvimento, observando as varias áreas de competências.
3.2.1 Java
Java é uma linguagem de programação, introduzida no mercado no ano de 1995 pela
Sun Microsystems, resultado de um trabalho consistente de pesquisa e desenvolvimento de
ambientes de desenvolvimento e execução de programas que exibem as facilidades de
proporcionadas pela programação orientação a objetos (OOP-object-oriented programming).
A mesma possue portabilidade do código produzido, características de segurança e facilidade
de integração a outros ambientes destacando-se a internet. Java é utilizado para criar páginas
da web com conteúdo interativo e dinâmico, bem como é utilizado para aprimorar a
funcionalidade de servidores da World Wide Web (computadores que fornecem o conteúdo
que são exibidos pelos navegadores da Web) e fornecer aplicativos destinados ao consumidor
final (como telefones celulares, pagers e assistentes pessoais digitais) dentre muitas outras
funcionalidades.
Neste contexto é importante notar que embora seja mais prático escrever programas
portáteis em Java do que em outras linguagens de programação, existem diferentes
compiladores, interpretadores e computadores que podem dificultar a obtenção da
portabilidade.
Os sistemas Java geralmente são constituídos em várias partes: ambiente, linguagem,
interface de programas aplicativos (API-Applications Programming Interface) Java e várias
bibliotecas e classes. De modo simplificado será apresentado as cinco fases de execução dos
programas Java (Figura 16). São elas: edição, compilação, carga, verificação e execução.
Respectivamente o arquivo é editado por um programa editor como o comando Edit do DOS
e Windows Notepad por exemplo. O programador digita um programa em Java utilizando o
editor e faz correções se necessário. Quando o programador especifica que o programa deve
ser salvo, o programa é armazenado em um dispositivo de armazenamento secundário, como
um disco (DEITEL, 2003).
45
Após a edição o programador emite o comando Javac para compilar o programa, o
compilador Java traduz o programa para bytecodes – a linguagem entendida pelo
interpretador Java. A próxima etapa consiste no armazenamento do programa na memória. O
carregador de classe tem por responsabilidade encaminhar o arquivo.class que contem os
bytecodes para a memória. O arquivo.class pode ser carregado apartir de um disco em seu
sistema ou através de uma rede. Feito isso os aplicativos são carregados na memória, os
bytecodes são verificados pelo verificador de bytecode e executados com o interpretador Java
(Java Virtual Machine, ou JVM – a máquina virtual Java) através do comando Java.
Por fim na última fase o computador, sob o controle de sua Unidade Central de
Processamento (CPU), interpreta o programa, um bytecode por vez.
Figura 17: Ambiente Java
Fonte: Elaboração própria baseada no livro “Java como programar”
46
Em outras palavras pode-se concluir que a linguagem Java segundo Santos (2003), é
uma linguagem de programação orientada a objeto, onde todas as variáveis e métodos devem
estar localizados dentro de classes; Java é simples: a maneira como seus arquivos contendo
programas em Java são compilados e executados; Java é portável: o código fonte de um
programa ou classe em Java pode ser compilado em qualquer computador, usando qualquer
sistema operacional, desde que este tenha uma maquina virtual Java adequada; Java é livre: a
máquina virtual Java está à disposição para cópia no site da Sun Microsystem (sua
desenvolvedora) e em vários outros; Java tem bibliotecas prontas para diversas aplicações: as
bibliotecas de classes de Java contêm várias classes que implementam diversos mecanismos
de entrada e saída, acesso à Internet, manipulação de strings em alto nível, poderosas
estruturas de dados, utilitários diversos e um conjunto completo de classes para
implementação de interfaces gráficas.
Uma interface Java declara um conjunto de métodos e assinaturas, o que é ao contrário
de uma classe em fornecer nenhuma implementação. A declaração de interface lista todos os
métodos, que a interface exige, a mesma exige um único método, mas geralmente, pode exigir
vários métodos. A interface é semelhante a uma classe, porém há diferenças importantes,
dentre as quais se destacam o fato de todos os métodos em uma interface serem abstratos, isto
é, têm nome, parâmetros e um tipo de retorno, mas não tem implementação, além disso, todos
os métodos em uma interface são automaticamente públicos e não possuem variáveis de
instância (HORSTMANN 2004).
3.2.2 NetBeans
O NetBeans é um ambiente de desenvolvimento integrado (IDE – integrated
development environments) com editores embutidos que são transparentemente integrados ao
ambiente de programação. Por ser um ambiente de multiplataforma gratuito e de código
aberto, com base solida para a criação de projetos e módulos, foi uma das ferramentas
escolhidas para ser utilizada na fase codificação do protótipo DEL. Este ambiente possui um
grande conjunto de bibliotecas, módulos e API´s (Application Program Interface - um
conjunto de rotinas, protocolos e ferramentas para a construção de aplicativos de software-)
além de uma extensa documentação, que oferece ao desenvolvedor uma estrutura reutilizável
que visa simplificar o desenvolvimento e aumentar sua produtividade.
Com uma única aplicação, os programadores podem escrever, compilar, debugar e
instalar aplicações. E apesar de ser escrito em Java, esta característica não lhe impede de
47
suportar qualquer outra linguagem de programação que desenvolva com Swing, como o C,
C++, PHP entre outras. A figura abaixo mostra a janela do NetBeans IDE 6.9.1, utilizado para
construção das janelas do protótipo DEL.
Figura 18: IDE NetBeans 6.9.1
Fonte: Elaboração própria
3.2.3 MySql
A linguagem MySql, por sua vez está subdividida em:
Linguagem de definição de dados: DDL (Data-definition Language), que proporciona
comandos para definição de esquemas de relações e especificações de regras de integridades;
Linguagem interativa de manipulação de dados: DML (Data-manipulation
Language), que utiliza consultas baseadas em álgebra relacional ou tuplas, e comandos de
inserção e exclusão.
Controle de transações: Com comandos de especificações de inicialização e
finalização de transações.
3.2.4 Astah Community
Dentre outras ramificações da ferramenta Astah (changeVision, astah Professional,
astah share e astah UML) a ferramenta Astah Community, apresenta uma interface que
48
permite desenvolver os diagramas de caso de uso, diagramas de classe, diagramas de
seqüência e diagramas de estado dentre outros. O que permite uma prévia visualização do
software pelo usuário e seu administrador, bem como a implementação do software em
qualquer linguagem de programação adequada por um programador. Veja Figura 19.
3.3.3
Figura 19: Astah Community
Fonte: Elaboração própria
3.3 DESCRIÇÃO DO PROJETO
Segundo Ross (1997):
Os métodos tradicionais de análise de sistemas por muito tempo tenderam a
negligenciar regras de negócio inerentes aos empreendimentos, preocupavam-se
principalmente em modelar a estruturação dos dados utilizados e os processos
executados pelos empreendimentos. Os métodos mais modernos de modelagem de
sistemas, principalmente os que dão enfoque a orientação a objetos, já tentam lidar e
resolver tais problemas.
Com base neste conceito, deseja-se desenvolver um projeto piloto do dicionário
Eletrônico de libras (DEL), por meio dos quais seus usuários possam visualizar os sinais
pertencentes à Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, bem como a descrição correta dos
movimentos faciais e/ou corporais compreendidos pela linguagem gestual. Este sistema
49
deverá transmitir informações pré-definidas e organizadas em tópicos e\ou categorias. A
interação consiste na leitura do material exposto na tela, com avanços através do clique do
mouse para escolha das categorias e seus respectivos itens. Dentro deste contexto, este projeto
é apresentado como uma ferramenta de aprendizagem seqüencial, por se tratar de um software
que se preocupa com a facilidade de interação com seu usuário.
Ao inicializar o sistema, o dicionário deve apresentar ao usuário as opções para
pesquisa de palavras que estarão subdividas em categorias. Neste contexto é importante notar
que não poderá está dispostos substantivos tais como nomes de pessoas, isso porque na
Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS os nomes próprios são representados pela união das
letras do alfabeto ou soletração de palavras em sinais.
Mediante as opções apresentadas, o usuário deverá selecionar uma das categorias,
bem como o item de categoria que deseja visualizar seu sinal correspondente. Na seqüência o
sistema exibe ao usuário a imagem representada na língua brasileira de sinais (LIBRAS) e a
descrição dos movimentos faciais e corporais para realização do mesmo. Se preferir o usuário
poderá selecionar outra categoria de pesquisa ou apenas outro item da mesma categoria
quantas vezes desejar.
Para modelar o protótipo DEL, foi utilizada a UML (Unified Modeling Language ou
Linguagem de Modelagem Unificada) que (Folwler, 2005), conceitua como sendo uma
família de notações gráficas, apoiada por um metamodelo único, que ajuda na descrição e no
projeto de sistemas de software, particularmente daqueles construídos utilizando o estilo
orientado a objetos (OO).
3.4 UML - LINGUAGEM DE MODELAGEM UNIFICADA
A UML é uma linguagem padrão para elaboração da estrutura de projetos de software.
Esta linguagem pode ser empregada para a visualização, especificação, construção e a
documentação de artefatos que façam uso de sistemas complexos de software (Booch et al,
2005).
Em outras palavras a UML é uma linguagem visual utilizada para modelar sistemas
computacionais por meio do paradigma de Orientação a Objetos. No entanto, não é uma
linguagem de programação, e sim, uma técnica de modelagem que visa auxiliar os
engenheiros de software a definirem as características do software, tais como requisitos,
comportamento, estrutura lógica, dinâmica de processos e aspectos em relação à plataforma
50
sobre o qual o sistema deverá ser implantado, antes mesmo de o software começar a ser
desenvolvido.
3.5 A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM
A implementação de um software, requer inicialmente, a realização da modelagem
para que se possa ter uma visão geral do resultado e a manutenção dos objetivos proposto.
Para (Rezende, 2006), a engenharia de software reúne metodologias, métodos e ferramentas a
serem utilizadas, desde a percepção do problema até o momento em que o sistema
desenvolvido deixa de ser operacional, visando resolver problemas inerentes ao processo de
desenvolvimento e ao produto se software. A análise objetiva entender o problema como uma
preparação para o projeto, através de modelos com conceitos do mundo real, facilitando o
entendimento.
Fora do mundo da informática encontram-se modelos diversos que passam
despercebidos, por exemplo, o manequim da vitrine, o molde de uma roupa obtido em revista,
ou o memorial descritivo de um apartamento. Logo, o modelo não é o objeto real, mas algo
que o representa, com maior fidelidade possível, fazendo com que pela sua observação e
manipulação, tenha-se o conhecimento sob o objeto estudado satisfeito. Deste modo a
modelagem de dados necessita obrigatoriamente, de um objeto a ser observado.
Um bom modelo é constituído por componentes de grande repercussão e também
omissão de componentes menores irrelevantes em determinado nível de abstração. Qualquer
sistema pode ser descrito sob diferentes aspectos, e com a utilização de diferentes modelos,
onde cada modelo terá uma abstração semanticamente específica do sistema, podendo ser
estruturais (baseados na organização do sistema) ou comportamentais (baseado na dinâmica
do sistema) e são construídos para que o desenvolvedor de um sistema compreenda melhor o
sistema que está manipulando.
Com a modelagem pode-se visualizar e documentar as decisões tomadas, ou seja,
serve de guia para a construção do sistema e também pode auxiliar a equipe de
desenvolvimento a visualizar melhor o planejamento do sistema e permitir que o
desenvolvimento seja mais rápido, com maior porcentagem de acertos. Isto é permitir que
poucas manutenções sejam realizadas ao longo da implementação do software.
Neste contexto para se compreender a arquitetura dos sistemas orientados a objetos, é
preciso, recorrer a várias visões complementares e inter-relacionadas: a visão dos casos de uso
51
(expondo os requisitos do sistema), a visão de projeto (captando o vocabulário do espaço do
problema e do espaço da solução), a visão de processo (modelando a distribuição dos
processos e threads do sistema), a visão da implementação (voltado para questões de
engenharia do sistema) e a visão da implementação (voltado para questões de engenharia de
sistemas). Cada uma dessas visões poderá conter aspectos estruturais como também aspectos
comportamentais. Em conjunto essas visões apresentam a base do projeto do software.
3.6 DIAGRAMA DE CASO DE USO
O diagrama de caso de uso apresenta uma visão geral das funções e serviços que o
sistema deve oferecer aos usuários, sem se preocupar com a implementação. Sua utilização no
processo de engenharia de software, é a base para a elaboração dos outros diagramas
oferecidos pela UML. Este por sua vez, é bastante modificado e consultado durante o
processo de modelagem e nas etapas de levantamento e análise de requisitos. Este diagrama
busca identificar os usuários e seus respectivos papéis dentro do sistema, bem como auxilia na
compreensão do sistema e detecção de possíveis falhas de especificação.
Para o projeto Piloto DEL é apresentado na figura 16 o diagrama de caso de uso que
contêm um ator que representa o usuário externo, em seguida as atividades realizadas pelo
mesmo, dentro do sistema, tais como: inicializar sistema, selecionar categoria, selecionar
item de categoria e por fim a visualizar a imagem e descrição do sinal, respectivamente.
A primeira ação a ser executada pelo usuário é a Inicialização do Sistema;
Em seguida, a ação Selecionar Categoria, neste momento ele (usuário) seleciona uma
das categorias cadastrada no sistema: Alfabeto, Animais, Cores, Cumprimentos,
Família, Frutas, Números e Verbos;
Em seguida Seleciona um dos Itens de Categoria, que encontrará listado no sistema,
correspondente a Categoria selecionada anteriormente;
Depois solicita a visualização do sinal com sua respectiva descrição. E então retorna
a pagina principal do sistema ou sai do sistema se desejar.
A documentação de um Caso de Uso descreve em linhas gerais, como os atores
interagem com o sistema, quais etapas devem ser realizadas para a execução de uma tarefa, os
parâmetros que devem ser fornecidos e quais restrições e validações o Caso de Uso deve
possui.
52
Para o DEPEL, a documentação do diagrama de caso de uso do usuário é demonstrada
na tabela abaixo, que documenta o diagrama visualizado na figura 20, acima.
Nome do Caso de Uso Visão Geral
Caso de Uso Geral
Ator Principal Usuário
Ato Secundário Sistema
Resumo Este caso de uso descreve as etapas
percorridas por um usuário para pesquisar a
representação de um sinal em LIBRAS.
Ações do Ator Ações do sistema
1 – Exibe a tela inicial do Sistema
2 – Clicar em entrar
3 – Exibe as categorias a serem selecionadas
4 – Seleciona a Categoria
desejada.
5 – Exibe os itens da categoria selecionada
6 – Seleciona um item de
categoria.
7 – Solicita visualização
do item de categoria desejado.
8 – Exibe imagem e descrição do sinal
solicitado.
Restrições/Validações
Figura 20: Diagrama de Caso de Uso
Fonte: Elaboração Própria
53
3.7 DIAGRAMA DE CLASSE
O diagrama de Classe tem como função, definir como as classes utilizadas estão
estruturadas, determinar os atributos e métodos pertencentes a cada classe e estabelecer o
relacionamento e as trocas de informações existentes entre as mesmas. Este digrama,
geralmente é representado por um retângulo com três divisões descritas a seguir:
A primeira contém o nome da classe;
A segunda os atributos com seus respectivos tipos de dados;
A terceira a listagem dos métodos da classe.
Há casos em que algumas classes não apresentam as três divisões, isto ocorre devido à
inexistência de atributos ou métodos, ou por irrelevância ao caso estudado. Pois pode haver
excesso de informações, o que acarretará possíveis danos ao entendimento do Sistema.
Na figura 21, são apresentadas as classes Categoria e a classe Item categoria. Ambas
apresentam interação entre si, à medida que cada categoria possui vários itens de categoria em
sua composição. Assim como a classe Categoria é composta pelos atributos Código e Nome.
Figura 21: Diagrama de Classe
Fonte: Elaboração Própria
54
A classe Item categoria apresenta a seguinte composição:
Cod: que é o código do item e chave principal(PK);
Categoria_cod: que é o código herdado da classe categoria (FK);
nomeItemCategoria: é o nome do item a ser selecionado;
Imagem: é o nome da imagem que representa o item que será exibido na
visualização;
Descrição: é a descrição dos movimentos faciais e corporais que o usuário do
sistema deverá reproduzir gestualmente, para representar corretamente o item selecionado em
Libras.
O atributo código da classe Categoria e o atributo Cod da classe Item Categoria são
atributos que determinam sua unicidade dentro da estrutura de banco de dados.
3.8 DIAGRAMA DE SEQÜÊNCIA
Muitas vezes baseado em um caso de uso representado pelo diagrama de mesmo nome
e apoiado no Diagrama de Classe para determinar os objetos pertencentes às classes
envolvidas em um processo, o Diagrama de Seqüência, visa identificar o evento gerador do
processo, bem como o ator responsável por este evento e determinar como o processo deve
ser analisado e ser concluído por meio da chamada de métodos disparados por mensagens
emitidas entre os objetos. Deste modo o Diagrama de Seqüência busca ordenar de forma
temporal as mensagens trocadas entre os objetos membros de um determinado processo.
O diagrama abaixo demonstra de forma clara e simples o funcionamento do sistema
proposto, segue abaixo a descrição do mesmo:
Usuário solicita abertura do sistema e aguarda a resposta;
O feedback da solicitação se dá através da visualização da interface, onde o usuário
ira selecionar a Categoria que deseja visualizar;
O Sistema, por sua vez, permite a seleção do ItemCategoria desejado;
Neste momento o usuário solicita a Visualização da Imagem e Descrição do sinal
desejado, e aguarda visualização da mesma;
Ao final deste processo o usuário:
Se desejar, visualizar outro sinal, realiza busca por novo ItemCategoria e aguarda
sua visualização.
Se não conclui a pesquisa, e o sistema se encerra.
55
A modelagem baseada em objetos vê o mundo como uma coletânea de objetos que
interagem entre si, e apresentam características próprias que são por seus atributos e
operações (Rezende, 2006). Neste contexto, diz-se que a UML, procura por meio de
diagramas, definirem as fases de análises, projeto e implementação, que na seqüência são
convertidas para um código produzido por uma linguagem de programação.
Este capítulo preocupou-se em expor a você leitor os princípios básicos do processo de
desenvolvimento de software. Para que não ficassem dúvidas a respeito do objetivo do
trabalho proposto. Se você não entendia de programação agora com certeza possui uma base
fundamentada para entendimento de alguns preceitos abordados no capítulo seguinte.
Nesta seção foram especificadas algumas atividades realizadas pelos desenvolvedores
para obtenção do objetivo proposto. Neste capítulo foram abordados os aspectos principais de
modelagem baseada em UML. E também a importância da realização da modelagem para
todo e qualquer software por menor que ele seja. As fazes de modelagem puderam ser
acompanhadas pelo uso dos diagramas de Caso de Uso, diagrama de Classe e diagrama de
Sequência.
Figura 22: Diagrama de Seqüência
Fonte: Elaboração Própria
56
3 DESCRIÇÃO DAS INTERFACES DO SISTEMA DEL
A princípio é exibida uma janela de inicialização do sistema, e logo em seguida, outra
janela, contendo os botões que permitem a entrada e saída do usuário ao sistema. Desta
maneira, ao entrar no sistema, é exibida sua tela de controle, para que a partir dela o usuário
possa pesquisar a representação em LIBRAS das palavras desejadas.
A pesquisa é realizada pelo processo de seleção das categorias existentes no sistema.
Estas por sua vez, são compostas por itens que nomeiam as imagens que estão armazenadas
no sistema. Cada item selecionado possui sua representação em LIBRAS e também a
descrição da configuração das mãos do usuário para realização correta dos movimentos.
Contudo o usuário só visualizará o sinal desejado se selecionar a opção de item ou nome do
sinal pertencente à dada categoria.
Na figura abaixo, apresentamos a janela de inicialização do sistema. Portanto sua
exibição é o primeiro passo para abertura da tela principal do sistema.
5.1 JANELA PRINCIPAL DO SISTEMA
Na figura abaixo é exibida a janela principal do sistema. Nesta janela encontra-se os
menus de opção sair, sobre e ajuda, para que respectivamente o usuário possa fechar o sistema
quando desejado, saber como o sistema foi projetado e caso de dúvida, solicitar ajuda para
melhor utilizar os recursos oferecidos pelo sistema.
Figura 23: Tela Inicial do Sistema
Fonte: Elaboração Própria
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Nesta janela também são exibidos os botões entrar e sair. Estes por sua vez permitem o
acesso às opções de pesquisa do usuário e encerramento do sistema quando desejado.
5.2 JANELA DE CONTROLE
Nas figuras abaixo é mostrado á janela de controle do sistema. É a partir da lista de
categorias e da lista de itens pertencentes à categoria selecionada e do botão visualizar que o
usuário poderá aprender LIBRAS. Neste contexto para que o sistema apresente o sinal e a
descrição correspondente à opção de escolha do usuário, o mesmo deverá seqüencialmente
selecionar a categoria, o item da categoria e o botão visualizar como mostra as janelas
apresentadas na figura 25. Feito isso no lado direito da janela aparecerá o sinal em LIBRAS,
aqui representado por foto, e do lado esquerdo aparecerá à descrição dos movimentos faciais
e/ou corporais que o usuário deverá realizar para gesticular corretamente em LIBRAS (figura
25).
Nesta janela também se encontra um campo que permitirá ao usuário, por meio da
digitação a busca rápida ou indexada de um item qualquer armazenado no sistema. Desta
maneira ao digitar a primeira letra da palavra a ser pesquisada sua representação em libras
logo será apresentada.
Figura 24: Tela Principal do sistema
Fonte: Elaboração Própria
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O DEL é um software de fácil utilização e que qualquer pessoa interessada em
aprender LIBRAS pode utilizar, independente de gênero ou faixa etária.
Neste contexto a lógica de aprendizagem ramificada, ou seja, separação dos sinais por
categoria vem a facilitar a busca pela palavra ou sinal desejado. Bem como favorecer um
aprendizado gradativo. Por exemplo, começar a aprender um grupo de palavras ou categorias
por vez. Mais especificamente pode-se primeiro aprender as letras e os números e depois a
categoria que desejar.
Figura 25: Telas de Controle
Fonte: Elaboração Própria
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4 CONIDERAÇÕES FINAIS
Devido à presença constante das tecnologias de informação nos mais diversos ambien-
tes sociais, o homem passa a contar com uma diversidade enorme sistemas para soluções de
problemas diversos, neste contexto, deve considerar relevante a variedade e a quantidade de
informações recebidas, que proporcionam grandes evoluções tecnológicas. Os ambientes in-
formatizados promovem novas formas de interação nos contextos educacionais. Em se tratan-
do Pessoas Portadoras de Necessidades Educativas Especiais (PPNEEs), as tecnologias digi-
tais podem contribuir para uma evolução na capacidade de comunicação e aprendizado. Re-
cursos tecnológicos, como o Dicionário Eletrônico de Libras se utilizados adequadamente no
cenário educativo, ampliam as alternativas que educador e educando têm superar as dificulda-
des de aprendizado e de interção uns com os outros. Os PPNEEs, precisam usufruir dos recur-
sos tecnológicos e de suas potencialidades para renovar práticas educativas e vencer suas limi-
tações.
Neste trabalho foi apresentada a modelagem do protótipo de um Dicionário de
LIBRAS (DEL), que utiliza os recursos imagem (fotos reais) e descrição em português para
representar os sinais em Libras de maneira eletrônica e digital.
Os estudos realizados para a elaboração do trabalho trazem uma gama de informações
que nos permite observar uma necessidade de adequação tecnológica ao cotidiano das
diversas comunidades, no entanto para que isso ocorra é necessário entender e mapear as
dimensões do problema abordado, analisando cada aspecto e aplicando os conhecimentos
adquiridos ao longo da pesquisa elaborada.
Contudo utilizou-se os princípios básicos da engenharia de software, tais como
metodologias, métodos e ferramentas computacionais. Com a modelagem foi possível
entender o problema, e percorrer, através da análise dos requisitos de sistemas, caminhos
práticos e ordenados visando à produção de um sistema satisfatório aos usuários surdos e
ouvintes.
Através dos temas abordados ao longo desse trabalho, pode-se compreender a
importância da LIBRAS no cotidiano das pessoas, para que ocorra a inclusão do “ouvinte no
universo surdo”. Nota-se que em nossos dias, é possível encontrar trabalhos diversos que
utilizando seus campos de aplicações, seus métodos de utilização e modelos de software de
forma adequada, que buscam resolver ou ao menos minimizar a marginalização da
comunidade surda da sociedade.
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O protótipo DEL - Dicionário Eletrônico de Libras, apresentado ao longo deste
trabalho, busca contribuir para aprendizagem por meio da visualização de fotos reais de
pessoas realizando os sinais de LIBRAS, tanto para os ouvintes quanto para os portadores de
necessidades auditivas. A sua interface simples, facilita a interação com seus usuários. E para
tanto é necessário apenas que saiba ler e utilizar o mouse de um computador.
Houve dificuldades na aplicação de metodologias iterativas no processo de criação dos
modelos, haja vista que o objetivo proposto inicialmente era de se desenvolver um software
escrito na linguagem Java3D , para o ensino de LIBRAS, com aplicativos, que permitisse a
interação do usuário com o sistema, através da visualização de imagens baseadas em
movimentos humanos, como expressões faciais e corporais. Outra idéia era de fazer do
software uma ferramenta de entretenimento, que apresentasse ao seu usuário jogos de
memória, em que apenas com o clique do mouse fosse possível determinar o nível de
conhecimento adquirido através do ensino aprendizagem de Libras.
No entanto, devido às limitações computacionais, uso de ferramentas inapropriadas, e
o pouco conhecimento de programação em Java3D, e espaço de tempo insuficiente para
objetivo inicial deste trabalho, surgiu à necessidade de readaptação de objetivos para
conclusão deste trabalho em tempo hábil. Portanto no trabalho escrito resolveu-se não
documentar caminhos percorridos e não aproveitados pela equipe.
Como no objetivo reestruturado optou-se o desenvolvimento de uma plataforma de
agregação de imagens com movimentos dos sinais em LIBRAS e suas respectivas descrições
de movimentos. Resolve-se implementar um banco de imagens e animações. Imagens estas
que foram sub-divididas em categorias. Ao invés dos bonecos com movimentos similares aos
humanos, em animações 3D.
O protótipo, não foi elaborado, com objetivo de demonstrar as principais utilizações de
um dicionários de imagens, e claro que não é uma implementação acabada e definitiva, pois
muitas funções almejadas para software não foram agregadas. Contudo, é sugerido para
trabalhos futuros a construção de uma interface onde o usuário pudesse inserir novas
categorias e novas imagens, tornando o sistema adaptado ao seu cotidiano, ou a sua
nacionalidade, levando em consideração que o usuário surdo pertencente a comunidade surda
(comunica-se em língua de sinais) pode desenvolver um sinal próprio e incluir em sua base de
dados.
Neste contexto vale salientar que o uso das diferentes tecnologias de informação, na
área da educação especial, para portadores ou não de necessidades especiais auditivas, pode
possibilitar o aprimoramento e o aprendizado teórico e prático destes indivíduos. Deste modo
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o ensino da língua brasileira de sinais, por meio de um simples ambiente virtual, produzirá um
conhecimento que poderá ser adquirido pelos usuários do sistema, e repassados a outras
pessoas que desejarem se comunicar em LIBRAS.
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