UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
EFEITOS DO KINESIO TAPING EM MULHERES COM DOR LOMBAR
CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
LIANE DE BRITO MACEDO
NATAL/RN
FEVEREIRO/2018
LIANE DE BRITO MACEDO
EFEITOS DO KINESIO TAPING EM MULHERES COM DOR LOMBAR
CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Fisioterapia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como pré-
requisito para a obtenção do grau de
Doutor em Fisioterapia.
Área de Concentração: Avaliação e
Intervenção em Fisioterapia.
Linha de Pesquisa: Avaliação e
Intervenção nos Sistemas Nervoso e
Musculoesquelético.
Orientador: Prof. Dr. Jamilson Simões
Brasileiro.
NATAL/RN
FEVEREIRO/2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Macedo, Liane de Brito.
Efeitos do Kinesio Taping em mulheres com dor lombar crônica
não específica / Liane de Brito Macedo. - 2018.
74f.: il.
Tese (Doutorado em Fisioterapia) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de
Pós-Graduação em Fisioterapia. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro.
1. Bandagem - Tese. 2. Coluna vertebral - Tese. 3.
Eletromiografia - Tese. 4. Músculos paraespinhais - Tese. 5. Dor
lombar - Tese. I. Brasileiro, Jamilson Simões. II. Título.
RN/UF/BSCCS CDU 615.8:616.711
Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474
iii
LIANE DE BRITO MACEDO
EFEITOS DO KINESIO TAPING EM MULHERES COM DOR LOMBAR
CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
Banca examinadora:
Presidente da banca:
Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro
Membros internos:
Profa. Dra. Karyna Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Ribeiro - UFRN
Prof. Dr. Wouber Hérickson de Brito Vieira – UFRN
Membros externos à instituição:
Prof. Dr. José Jamacy de Almeida Ferreira – UFPB
Prof. Dr. Ney Armando de Mello Meziat Filho - UNISUAM
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta tese e todas as demais
conquistas da minha vida à minha mãe:
minha maior educadora, eterna inspiração,
exemplo de persistência, coragem e vitória.
Dedico também ao meu pai, sinônimo de força,
perseverança, honestidade e luta.
Em corpo e espírito construímos uma fortaleza.
v
AGRADECIMENTOS
Quantas vezes nesses 4 anos pensei neste momento de agradecimento;
quantas vezes nesses últimos meses pensei que eu não tinha mais paciência
e inspiração para escrevê-los. Gostaria de dizer um simples “valeu, foi bom,
adeus”, mas eu não posso após uma jornada tão longa, tão linda, ser mal
agradecida.
Não vou agradecer um a um, mas contarei uma história para vocês onde
claramente agradecerei a todos que foram essenciais para mim.
Em 2011 eu estava terminando minha graduação e inspirada em ver minha
MÃE professora, decidi trilhar também os caminhos da docência. Junto com
parte da minha TURMA DE GRADUAÇÃO, entrei no mestrado em Fisioterapia
da UFRN. Fui a aluna número 1, e essa foi a primeira vez que fui primeiro
lugar em alguma coisa. Esses “holofotes” nunca foram apreciados por mim,
pois sempre achei que era motivo para expectativas e consequentemente
frustrações. No entanto, essa colocação sempre foi exaltada pelo meu
ORIENTADOR e foi aí que ela me mostrou sua outra face, a do carinho e
admiração.
Foram dois anos muito difíceis para mim, muitos aprendizados, muitas lutas,
muita dificuldade. Tudo era novo. Ainda bem que eu tinha aqueles em quem
poderia me espelhar, apoiar, descansar. Ainda bem que eu tinha CAIO na
base, para escrever comigo, descobrir comigo; ainda bem que eu tinha CHICO
em São Carlos, para me ensinar a enxergar com outros olhos; ainda bem que
eu tinha DANIEL, para ver que existe sempre um caminho a ser trilhado. E
graças a DEUS eu também tinha uma FAMÍLIA, que sempre estava ao meu
lado, me apoiando e incentivando. Nos momentos de estresse, dúvidas e
incertezas, sobrava, claro, para ADRIANO, me amparar e me amar.
Enfim os dois anos se passaram e foi um aprendizado infinito. Nunca cresci
tanto, nunca evoluí tanto em toda a minha vida quanto nesses dois anos. Mas
mal sabia eu que esse era só o início.
Em 2014 passei no processo seletivo para o doutorado em Fisioterapia da
UFRN. Dessa vez fiquei em segundo lugar, o que não foi menos significativo e
empolgante para aquele que sempre acreditou em mim mais que eu mesma:
meu ORIENTADOR. Ele acreditou tanto, confiou tanto, que minha vida não
teve mais sossego: era aula para fazer, aula para ministrar, prova para fazer,
prova para aplicar, prova para corrigir, aula para renovar, palestras, cursos,
pós, coletas, artigos, fotos, tabelas, figuras, quadros, bancas, jornais, editais,
pregão, consumo, equipamentos, contas, banco, inglês, espanhol, tradução,
correção, revisão, análises, estatísticas, reuniões, supervisões, co-
vi
orientações… ufa! Quanta coisa boa! Eu queria mais.
E claro, não tinha como eu dar conta de tudo isso sozinha. Mais uma vez pedi
ajuda aos universitários mais queridos. Era Skype com GABI em BH, e-mail
para JUJA e ANITA na Austrália; horas de conversas com MAYLE, CRIS,
NICOLE e JU pelos corredores.
Mas eu queria mais, queria fazer diferente. Agora que eu estava no doutorado
queria trilhar meus próprios caminhos, mesmo que estes ainda fossem
obscuros. Decidi trabalhar com um tema não muito comum para o meu
orientador. Para isso contei com a ajuda de grandes MESTRES em meu
caminho. Mandei email para os PROFESSORES da área, tentei me inteirar
sobre o assunto, li, estudei, pesquisei e enfim, comecei! Comecei e acabei.
Cada VOLUNTÁRIA, cada AMIGO que fez parte do meu dia-a-dia nesse
período foi tão essencial que sem eles isso simplesmente não existiria. Foram
cento e trinta e tantas VOLUNTÁRIAS que preencheram minha vida como
nem elas podem imaginar. E eu também não poderia imaginar como
conseguiria tantas meninas com dor lombar. Mas eu não consegui, 50%
daquelas meninas que surgiam Deus sabe da onde, foram fruto do esforço do
NAMORADO mais empenhado e comprometido em ajudar do mundo, que
trocava voluntárias por alinhamento e balanceamento. E para que enfim cada
coleta acontecesse eu tive uma BASE, uma base mesmo, de apoio, de
suporte, de fortalecimento, que sonhou o meu sonho, que me ajudou e que me
impulsionou. Uma base amiga, uma base companheira, que sempre soube ser
base nas horas difíceis e fáceis, nas horas de trabalho e lazer. DANIEL e
SAMARA tiveram a oportunidade de conhecer cada história de cada voluntária
comigo; MARCEL me ajudou a ajudar quem estava ali só me ajudando,
proporcionando momentos de relaxamento e conhecimento àquelas que só
tinham sofrido até então; KARINNA, LIDI, ARAKEN E RAFA me
acompanharam em sonhos paralelos, ideias mirabolantes, artigos
secundários, prazeres diários; SÂMARA, minha baby, me fez ver tanto de mim
em você, me fez entender e aprender o doce e amargo sabor da arte de ser
um orientador. Foram dias e mais dias de coletas e reavaliações que só foram
possíveis de serem realizadas graças ao trabalho cronometrado, organizado e
eficiente de PRIMO e MARCÃO, Ah, e MARLEIDE que direcionada todas as
meninas para o laboratório correto.
Estava tudo completo, preenchido, mas a minha sede de desafios ainda não
tinha sido saciada. Sim, eu poderia ter terminado meu doutorado no terceiro
ano; sim, eu já poderia ter meu título de Doutora; não, eu não teria vivido a
melhor parte, o melhor ano da minha vida.
Foi com essa sede que eu decidi fazer um Doutorado Sanduíche na Inglaterra,
aos 45 minutos do segundo tempo (porque se tivesse mais 45 minutos, eu
teria ficado mais). Fui em direção ao obscuro, para um lugar desconhecido,
vii
sob a co-orientação de um desconhecido e com instrumentações pouco
familiares. Mas fui! E amei! Tive o imprescindível apoio do meu PAI, das
minhas IRMÃS, do meu (na época) NAMORADO (hoje noivo) e das minhas
lindas e eternas AMIGAS. Foi duro para eles me verem partir? Deve ter sido.
Mas todos se calaram e me apoiaram. Com medo, angústia,
nervosismo…sabiam que o que importava naquele momento era o meu
sonho, realização e crescimento.
Foram os seis meses mais intensos da minha vida: chorei, aprendi, cresci, caí,
levantei, vivi! Vivi cada minuto, cada segundo, cada milésimo daqueles dias
naquela cidade escura, mas adorável, daquele laboratório gelado, mas ao
mesmo tempo caloroso, daqueles parques, daquelas ruas, daqueles
computadores, câmeras, eletromiógrafos…valeu muito, valeu tudo! Fiz novos
AMIGOS, amigos que espero levar para o resto da vida. O que seriam dos
meus dias no lab sem MALIKA, FABIAN, KOMSAK, KATE, NIKOLA e RAUL,
que nunca vão ler nem entender o que está escrito aqui, mas que alegraram
tanto os meus dias. Dos helps preciosos com as câmeras e com os voluntários
de LAURENCE, AMBREEN, ALEX, OLIVIA, JESSIE?! Da ajuda, apoio e
ensinamentos de BRUNO; do carinho, sem tamanho, de BRUNO, NINA e
VICTÓRIO, que me acolheram sem nem me conhecerem. E claro, do mestre,
amigo, superstar, boss… JIM RICHARDS. Mesmo com tantas mancadas,
bolas fora, inglês tupiniquim, frases sem sentido, garfes enormes, ele, como
um verdadeiro Gentleman Inglês segurou minha mão, como a de uma
criancinha e me ensinou tudo o que sabia. Me apoiou, levantou meu ego e
mostrou a importância da humildade e da simplicidade. Mandou até e-mail de
boa sorte ontem à noite, falando que seus pensamentos estavam comigo e
que eu merecia tudo isso.
Entretanto, porém, todavia, nem só de flores vive um jardim. Dias tristes,
estressantes, repletos de dúvidas e medos também me acompanharam
nesses seis meses. Houve momentos em que eu disse “chega, já deu”, mas
para esses momentos existiram AMIGOS, AMIGOS daqui, como MANU,
RAISA e ADRIANO, que me ouviram horas via Skype, amigos de lá, unidos
pelo PDSE, que dividiram experiências, gargalhadas e choros. Como foi bom
conhecer o Reino Unido ao lado de GUSTAVO, como foi bom aprender sobre
história, arte, guerras, pinturas, simbolismos, crenças, culturas, preconceito e
vida ao lado dele. Nada na vida paga essas experiências.
Mas enfim voltei, corri para defender, escrevi artigos feito louca, arrumei mais
trabalhos para coletar, concursos para estudar. Sozinha eu não teria
conseguido. Precisei de NANE para calcular meus “slopes”, JIM para corrigir
minha traduções, LIDIANE para padronizar meus slides, ADRIANO para ouvir
incansavelmente minha apresentação (se eu parasse hoje, era capaz dele
continuar a frase), a banca para contribuir grandemente com o resultado final
dessa tese e o PROFESSOR JAMILSON para lapidar essa pedra bruta em
viii
ciência!
Então, terminando o que eu nem queria começar, eu só tenho a AGRADECER
A CADA UM DE VOCÊS E A TODOS VOCÊS por me ajudarem a chegar até
aqui.
LIANE
ix
RESUMO
Introdução: a dor lombar é um dos problemas de saúde mais comuns na
população mundial, levando os indivíduos que sofrem desse sintoma à
procura de diferentes recursos para seu alívio, dentre eles o Kinesio Taping®
(KT). Objetivo: analisar os efeitos do Kinesio Taping® em mulheres com dor
lombar crônica não específica. Métodos: trata-se de um ensaio controlado,
randomizado, com um avaliador cego, composto por 108 mulheres com dor
lombar crônica (DLC) não específica. Todas foram inicialmente submetidas à
avaliação da sensação dolorosa, auto relato de incapacidade, amplitude de
movimento do tronco e do desempenho neuromuscular. Após a avaliação
inicial, as voluntárias foram aleatoriamente divididas em quatro grupos para a
realização da intervenção: controle (GC, não receberam intervenção), Kinesio
Taping com tensão (GCT, aplicou o KT com tensão na região dos músculos
eretores da coluna), Kinesio Taping sem tensão (GST, aplicou o KT sem
tensão na região dos músculos eretores da coluna) e Micropore® (GM, aplicou
Micropore® na região dos músculos eretores da coluna). Três dias após a
intervenção uma nova avaliação foi realizada, idêntica à primeira; logo após, o
KT foi retirado e uma terceira avaliação foi realizada, dez dias após a
intervenção. Resultados: foi observada uma redução da dor para o grupo KT
com tensão (p=0,003) e para o grupo KT sem tensão (p=0,004) comparados
ao grupo controle três dias após a intervenção. Para incapacidade houveram
diferenças estatísticas entre o grupo controle e o grupo KT com tensão em 3
dias (p=0,004) e 10 dias (p=0,016) após a intervenção. Para a variável
frequência mediana, foi encontrada uma diferença entre o grupo controle e os
grupos KT com e sem tensão (p=0,008 e p=0,020, respectivamente), enquanto
que para tempo de sustentação da fadiga, observou-se diferença entre o
grupo controle e todos os demais grupos (p=0,017 para GCT; p=0,014 para
GST; e p=0,039 para GM). Conclusão: o KT reduz dor e fadiga muscular,
quando aplicado com ou sem tensão, e incapacidade, quando aplicado com
tensão, em mulheres com dor lombar crônica não específica.
Palavras-chave: bandagem; coluna vertebral; eletromiografia; músculos
paraespinhais.
x
ABSTRACT
Background: Low back pain is one of the most common health problems in
the world population, leading individuals who suffer from this condition too seek
for different treatments for their pain including the Kinesio Taping® (KT).
Objective: Investigate the effects of Kinesio Taping® on chronic nonspecific
Low Back Pain (LBP) women. Methods: This is an assessor blinded
randomised controlled trial, composed by 108 women with chronic nonspecific
low back pain. All the participants were initially submitted to an evaluation of
the pain sensation, disability, trunk range of motion and neuromuscular
performance. After the initial evaluation they were randomly allocated into four
different groups for the intervention: control group (it will not apply any tape),
KT with tension group (apply the Kinesio Taping with tension in the erector
spine muscles), KT without tension group (apply the Kinesio Taping without
tension in the erector spine muscles) and Micropore® group (apply Micropore®
in the erector spine muscles). Three days after intervention a new evaluation
was performed, similar to the first one; soon after, the KT was removed and a
third evaluation was done, ten days after intervention. Results: Pain relief was
observed for KTT group (p=0.003) and KTNT group (p=0.004) compared to
control group at 3 days after intervention. For disability there was difference
between control group and KTT group at three (p=0.004) and 10 days
(p=0.016) after intervention. For median frequency, there was a difference
between control group and KT with and without tension groups (p=0.008 and
p=0.020, respectively), whereas for sustained time, it was observed a
difference between control group and all the other groups (p=0.017 - GCT;
p=0.014 - GST; and p=0,039 - GM). Conclusion: KT with or without tension
reduces pain and muscle fatigue, and disability when applied with tension, in
chronic non-specific LBP women.
Keywords: spine; back muscles; bandage; electromyography.
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IASP - International Association for the Study of Pain
KT – Kinesio Taping®
DLC – Dor Lombar Crônica
ADM – Amplitude de Movimento
GC – Grupo Controle
GCT – Grupo Kinesio Taping Com Tensão
GST – Grupo Kinesio Taping Sem Tensão
GM – Grupo Micropore®
LAPERN – Laboratório de Análise da Performance Neuromuscular
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
IMC – Índice de Massa Corpórea
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
RRMC – Razão de Rejeição de Modo Comum
dB – Decibéis
Hz – Hertz
EMG – Eletromiografia
USA – United States of America
xii
cm – Centímetros
T12 – Décima segunda vértebra torácica
T9 – Nona vértebra torácica
L1 – Primeira vértebra lombar
L4 – Quarta vértebra lombar
L5 – Quinta vértebra lombar
RMS – Root Mean Square
SENIAM – Surface ElectroMyoGraphy for the Non-Invasive Assessment of
Muscles
CIVM – Contração Isométrica Voluntária Máxima
µV – Microvolts
s – Segundos
S1 – Primeira vértebra sacral
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
ANOVA – Análise de Variância
Fmed – Frequência Madiana
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Escala numérica para avaliação da dor.
Figura 2. Visor do aplicativo iHandy Level® utilizado para a inclinometria de
tronco.
Figura 3. Módulo condicionador de sinais para avaliação da EMG dos sujeitos.
Figura 4. Eletrodos autoadesivos para captação do sinal eletromiográfico.
Figura 5. Dinamômetro portátil utilizado para avaliar a força da musculatura
extensora de tronco.
Figura 6. Posicionamento do celular para avaliar a inclinometria de tronco
durante os movimentos de flexão, extensão (A) e inclinação para a direita e
esquerda (B).
Figura 7. Posicionamento do dinamômetro portátil durante a execução do
teste de extensão de tronco.
Figura 8. Posicionamento da voluntária durante a realização do teste de
fadiga muscular (Ito teste).
Figura 9. Posicionamento durante a aplicação das faixas com tensão (A) e
sem tensão (B).
Figura 10. Diagrama de fluxo dos participantes ao longo do estudo.
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Valores de média (desvio padrão) da idade, índice de massa
corporal (IMC), dor, incapacidade, amplitude de movimentos de flexão,
extensão, inclinação direita, inclinação esquerda, RMS do músculo
longuíssimo direito (RMS direito), RMS do músculo longuíssimo esquerdo
(RMS esquerdo), força dos músculos extensores do tronco e tempo de fadiga
muscular dos quatro grupos na avaliação inicial.
Tabela 2. Valores de média (desvio padrão) das variáveis analisadas nos três
tempos de avaliação.
Tabela 3. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os grupos durante os tempos pré, 3 dias e 10 dias após as
intervenções para as variáveis dor e incapacidade.
Tabela 4. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os tempos de avaliação para a variável dor.
Tabela 5. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os tempos de avaliação para a variável incapacidade.
Tabela 6. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os tempos de avaliação para a extensão e inclinação direita.
Tabela 7. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os tempos de avaliação para RMS direita e esquerda.
Tabela 8. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os tempos de avaliação para força dos extensores de tronco.
Tabela 9. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os grupos para as queda da frequência mediana e tempo de
fadiga.
xv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 17
2. OBJETIVOS 21
2.1 Objetivo Geral 21
2.2 Objetivos Específicos 21
3. HIPÓTESE 23
4. MÉTODOS 24
4.1 Desenho do estudo 24
4.2 Cálculo amostral 25
4.3 Caracterização da amostra 25
4.4 Aspectos Éticos 26
4.5 Instrumentos de avaliação 27
Ficha de avaliação 27
Escala de avaliação numérica da dor 27
Questionário Roland Morris Disability 28
Inclinômetro 28
Eletromiógrafo 29
Dinamômetro Portátil 30
4.6 Procedimentos de avaliação 31
Avaliação inicial 32
Avaliação da sensação dolorosa 32
Avaliação da incapacidade associada à dor lombar 32
Amplitude de movimento do tronco 32
Avaliação neuromuscular 35
Intervenção 38
xvi
Reavaliações 40
4.7 Análise estatística 40
5. RESULTADOS 41
6. DISCUSSÃO 51
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58
APÊNDICES 67
ANEXOS 72
17
1. INTRODUÇÃO
A dor lombar é um dos problemas de saúde mais comuns na
população mundial1, entretanto, ainda não existe um consenso na
comunidade médica para caracterizar seus sintomas sendo, portanto, difícil
categorizar esses pacientes dentro de grupos homogêneos2. Segundo o The
International Association for the Study of Pain (IASP) a dor lombar pode ser
classificada de acordo com sua localização, na região lombar e/ou sacral da
coluna, ou quanto a duração dos sintomas: dor crônica é aquela persistente
por mais de 3 meses e dor aguda aquela que dura menos de 3 meses2.
Apesar de um grande número de condições patológicas causarem dor
lombar, a maioria das lombalgias não tem causa definida e são chamadas de
dor lombar não específica3.
Com alta prevalência e incidência na população4, a dor lombar é uma
das principais causas de ausência no trabalho, redução do desempenho
funcional do indivíduo, restrições na mobilidade, deficiências, prejuízo da
qualidade de vida e alterações emocionais5,6,7. Um artigo de revisão com
estudos de 54 países indica que aproximadamente 23% da população
mundial apresenta dor lombar1, que é a principal causa de incapacidade no
mundo8.
Indivíduos com dor lombar apresentam redução da área de secção
transversa e maior fatigabilidade dos músculos eretores da coluna, o que
interfere no seu desempenho muscular9. Além disso, esses pacientes
possuem redução da força, flexibilidade e resistência, o que pode estar
relacionado ao desuso e ao descondicionamento relacionado à dor2.
18
Numerosos tratamentos para dor lombar têm sido estudados, os quais
incluem programas educacionais, tratamentos comportamentais, exercícios
de estabilização da coluna, quiropraxia, medicamentos, agentes eletrofísicos,
manipulações da coluna, exercícios gerais, entre outros, sendo a maioria
desses recomendados por diretrizes clínicas1,10,11,12,13. No entanto, pessoas
com recuperação incompleta ou episódios recorrentes de dor lombar estão
sempre à procura de um tratamento adicional, iniciando um processo de
dependência dos serviços de saúde, o que acaba gerando prejuízos à saúde
pública e aos indivíduos14,15.
Com base nessa constante necessidade de se melhorar a qualidade
de vida e a satisfação dos pacientes que sofrem de dor lombar, novas
intervenções tem sido estudadas para acrescentar e colaborar no tratamento
desses pacientes. Nesse contexto, o Kinesio Taping® (KT) surge como uma
nova opção de recurso para diversos quadros e patologias, entre eles a dor
lombar.
O Kinesio Taping® foi desenvolvido em 1973 pelo quiroprata japonês
Kenzo Kase, com o objetivo de proporcionar ao paciente um recurso
terapêutico que auxiliasse os músculos e outros tecidos a recuperarem a sua
homeostase entre as sessões de quiropraxia16. A técnica usa uma bandagem
elástica funcional extremamente fina, com espessura aproximada da
epiderme e muito mais elástica que as bandagens convencionais. Ela pode
ser estendida longitudinalmente até 120-140% do seu comprimento original,
apresentando elasticidade semelhante à pele e produzindo menor retenção
mecânica e restrição de movimento17,18.
19
Sua aplicação é realizada sobre ou ao redor do músculo com o
objetivo de assistir e dar apoio funcional, dependendo da técnica e do nível
de tração produzida sobre a bandagem17,18. O Kinesio Taping® seria então
capaz de melhorar a circulação sanguínea e linfática, o desempenho
muscular, reduzir a dor e a tensão muscular, realinhar as articulações18,19,20 e
alterar o padrão de recrutamento das fibras musculares21.
Os mecanismos pelos quais a aplicação do KT alcançaria esses
resultados ainda não estão bem esclarecidos. Alguns pesquisadores afirmam
que sua aplicação diretamente sobre a pele ativaria alguns
mecanoreceptores cutâneos o que ocasionaria um alívio da dor pelo
mecanismo de comporta da dor21. Além disso, pelas suas características
adesiva e elástica, a bandagem poderia proporcionar um aumento do espaço
intersticial, favorecendo um melhor fluxo sanguíneo e linfático18,20. Já a
hipótese para o aumento da atividade muscular está na neurofacilitação, em
que estimulo tátil proporcionado pela faixa ativaria receptores cutâneos
promovendo uma estimulação dos motoneurônios alfa22,23,24. No entanto, os
estudos relacionados à efetividade do Kinesio Taping® são bastante
controversos.
Apesar das divergências nos resultados científicos, o KT tem se
tornado bastante popular, sendo utilizado em diversas áreas, inclusive para o
tratamento de condições musculoesqueléticas. Recentemente, algumas
revisões25,26,27,28 tem sido realizadas na tentativa de se estabelecer critérios
para a utilização da bandagem, entretanto, os ensaios clínicos realizados
possuem resultados e metodologias divergentes, dificultando a definição de
20
critérios padronizados para sua utilização. Quanto aos trabalhos relacionados
à dor lombar, alguns demonstram uma melhora na dor19,21,29,30,
incapacidade19, amplitude de movimento29,31 e ativação muscular21 dos
indivíduos que realizaram tratamento com Kinesio Taping®, sendo este
aplicado isoladamente ou em combinação com outra técnica, enquanto
outros não mostram diferença nas variáveis analisadas entre indivíduos que
fizeram uso do KT ou placebo32,33.
Assim, na tentativa de avaliar o efeito isolado do Kinesio Taping®
sobre indivíduos com dor lombar crônica (DLC) não específica, o presente
estudo se propõe a mensurar, de forma conjunta, variáveis relacionadas a
esta condição, que até o presente momento foram analisadas de forma
separada, comparando diferentes formas de intervenção. Além disso, foi
avaliada a ativação muscular, por meio da eletromiografia de superfície,
variável fundamental quando se estuda disfunções musculoesqueléticas, no
entanto pouco explorada em estudos anteriores. Desta forma, o objetivo
desse estudo é investigar os efeitos do Kinesio Taping® sobre a dor, a
incapacidade, a amplitude de movimento do tronco e o desempenho
neuromuscular de indivíduos com dor lombar crônica não específica.
21
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar os efeitos do Kinesio Taping® em mulheres com dor lombar
crônica não específica.
2.2 Objetivos específicos
- Avaliar a sensação dolorosa, por meio da escala numérica da dor,
dos indivíduos que aplicaram o Kinesio Taping® com ou sem tensão,
Micropore® ou não realizaram nenhuma intervenção, em três momentos
distintos;
- Avaliar o auto relato de incapacidade dos indivíduos, por meio do
questionário Roland Morris Disability, nos quatro grupos e três momentos
avaliados;
- Mensurar a amplitude de movimento (ADM) de flexão, extensão,
inclinação direita e esquerda do tronco nos quatro grupos e três tempos
avaliados, através de um inclinômetro;
- Analisar a atividade eletromiográfica dos eretores da coluna (músculo
longuíssimo), através da variável Root Mean Square (RMS), dos indivíduos
nos quatro grupos, durante os três momentos apontados;
- Avaliar a força muscular dos eretores do tronco dos indivíduos,
através de um dinamômetro manual portátil, nos quatro grupos, durante as
três avaliações;
22
- Mensurar a resistência à fadiga dos eretores da coluna através das
variáveis frequência mediana do sinal eletromiográfico e tempo de
sustentação durante o Ito teste, antes, três dias e uma semana após a
intervenção, nos quatro grupos.
23
3. HIPÓTESE
A hipótese desse estudo é que os pacientes que receberem
tratamento com Kinesio Taping®, com ou sem a tensão preconizada pela
técnica, terão uma redução da dor lombar percebida. Como consequência,
também será observada uma menor incapacidade e maior amplitude de
movimento do tronco quando comparados àqueles que não receberem
tratamento ou receberam tratamento com Micropore®, na avaliação três dias
após a intervenção. Entretanto, quando avaliados uma semana após a
retirada da bandagem, nenhuma alteração será observada nas variáveis ao
compará-las à avaliação inicial. Além disso, hipotetizamos que as variáveis
relacionadas ao desempenho neuromuscular não sofrerão influência do
Kinesio Taping® nem do Micropore® em nenhum dos tempos analisados.
24
4. MÉTODOS
4.1 Desenho do estudo
Trata-se de um ensaio controlado e randomizado com um avaliador
cego, prospectivamente registrado, sendo a amostra do tipo não
probabilística.
A randomização foi realizada por um pesquisador independente, por
meio do site randomization.com. Os sujeitos foram alocados em quatro
grupos distintos: grupo controle (GC), grupo Kinesio Taping® com tensão
(GCT), grupo Kinesio Taping® sem tensão (GST) e grupo Micropore® (GM),
sendo essa divisão feita de forma aleatória, em blocos, pelo próprio site.
Após a randomização, o mesmo pesquisador ficou responsável por
colocar a ordem randomizada dos sujeitos em envelopes opacos e lacrados.
Estes envelopes só foram entregues ao segundo examinador no momento da
intervenção.
As avaliações foram conduzidas por três diferentes examinadores: o
pesquisador 1 foi responsável pelas avaliações, o pesquisador 2 responsável
pelo protocolo de intervenção e o pesquisador 3 pela análise estatística.
A avaliação inicial foi realizada antes da abertura dos envelopes, não
sofrendo, portanto, influência em relação ao sequenciamento dos grupos.
Além disso, não era informado para as voluntárias qual o tipo de bandagem
que seria aplicada.
25
Após o fim da etapa de coleta de dados, os grupos foram codificados
por letras (A,B,C,D) pelo pesquisador 2, para que a análise estatística fosse
realizada de forma cega. As letras correspondentes de cada grupo só foram
reveladas após o término da análise dos dados.
4.2 Cálculo amostral
Para o cálculo da mostra, foi encontrado que 108 sujeitos, com 27 em
cada grupo, seria suficiente para detectar uma diferença clinicamente
importante de 2 pontos entre os grupos34, assumindo um desvio padrão de
2.5 para o desfecho intensidade da dor, medido pela Escala de avaliação
numérica da dor. Foi considerado para o cálculo amostral um poder
estatístico de 80%, um alfa de 5% e uma taxa de perda de 10%35.
4.3 Caracterização da amostra
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Análise da Performance
Neuromuscular (LAPERN) do Departamento de Fisioterapia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O convite para participação na pesquisa foi feito por meio de
divulgação verbal e impressa na comunidade, em clínicas de ortopedia,
reumatologia e Pilates e em academias de ginástica, além de divulgações
através de redes sociais.
Os indivíduos recrutados tinham que preencher os seguintes critérios
de inclusão: ser do gênero feminino (pois além dessa população possuir
maiores índices de dor lombar, dessa forma manteríamos uma maior
26
validade interna do estudo, realizando comparações apenas com pessoas do
mesmo gênero), ter idade entre 18 e 50 anos e dor lombar não específica por
pelo menos três meses.
Como critérios de exclusão foram adotados: diagnósticos de fraturas e
tumores na coluna, espondilite anquilosante, hérnia de disco, espondilolistese
com comprometimento neurológico, estenose lombar, fibromialgia ou cirurgia
prévia de coluna e possuírem doenças neurológicas centrais ou periféricas.
Também foram excluídas do estudo voluntárias que estavam grávidas, no
período menstrual ou pré-menstrual36, possuíssem IMC > 30, apresentassem
um índice de dor na escala numérica menor que 2 nas últimas 24 horas da
primeira avaliação, tivessem realizado tratamento com corticosteroides nas
duas últimas semanas ou com antiinflamatório nas últimas 24 horas,
apresentassem sinais de alergia/intolerância ao Kinesio Taping® durante o
teste realizado antes da avaliação inicial ou terem realizado tratamento prévio
com esta técnica na região das costas. Além disso, a não compreensão dos
comandos oferecidos nos protocolos propostos e/ou a realização inadequada
das avaliações acarretaria em exclusão do estudo.
4.4 Aspectos Éticos
Para sua execução, este trabalho foi submetido à apreciação pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte por meio da interface nacional Plataforma Brasil, sendo aprovado
sob parecer de número 1.213.864. Foi respeitada a autonomia e a garantia
do anonimato dos participantes, assegurando sua privacidade quanto a
dados confidenciais, como rege a resolução 466/12 do Conselho Nacional de
27
Saúde e a declaração de Helsinki para pesquisa com seres humanos. Antes
de admitidos no estudo, todas as voluntárias assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – Apêndice 1). Além disso, o
estudo também foi registrado, prospectivamente ao seu início, no site
ClinicalTrials.gov para registro de ensaios clínicos, obtendo protocolo
NCT02550457.
4.5 Instrumentos de avaliação
Ficha de avaliação
Uma ficha de avaliação padronizada, formulada especificamente para
esse estudo, foi utilizada para preenchimento dos dados pessoais e
antropométricos das voluntárias, bem como condições gerais de saúde, como
uso de medicamentos, nível de atividade física, antecedentes cirúrgicos e
patológicos (Apêndice 2).
Escala de avaliação numérica da dor
A intensidade da dor lombar foi mensurada através de uma escala de
avaliação numérica da dor composta por 11 itens, sendo 0 descrito como
“sem dor” e 10 como “pior dor possível” (Figura 1).
Figura 1. Escala numérica para avaliação da dor.
28
Questionário Roland Morris Disability
É um instrumento traduzido e adaptado para a população
brasileira37,38, que avalia a incapacidade associada à dor lombar. Ele é
pontuado em uma escala de 24 itens que descrevem situações do dia a dia
as quais os pacientes têm dificuldade em executar devido à dor lombar, onde
zero representa sem deficiência e 24 representa deficiência grave (Anexo
1)39.
Inclinômetro
A inclinometria é uma alternativa prática para a avaliação da amplitude
de movimento das articulações e se utiliza da gravidade constante como
ponto de referência40,41. Estudos utilizam a inclinometria para avaliar
movimentos da coluna, incluindo a coluna lombar, demonstrando que a
técnica possui validade e confiabilidade para tal uso40,42.
Nesse estudo utilizamos um aplicativo para Iphone® (Iphone® modelo
6, Apple Inc., Califórnia) denominado iHandy Level® (Figura 2) que opera
como um inclinômetro, confiável e validado por diversos estudos40,43,44,45. Os
smartphones possuem um sistema sensível de inclinação embutido, além de
serem mais acessíveis do que outros equipamento utilizados para realizar
avaliação de ADM40,43.
29
Figura 2. Visor do aplicativo iHandy Level® utilizado para a inclinometria de tronco.
Eletromiógrafo
Para aquisição e processamento dos sinais eletromiográficos foi
utilizado um módulo condicionador de sinais (Telemyo direct transmission
system) de 16 canais (Noraxon®, USA) com resolução de 16 bits e razão de
rejeição de modo comum (RRMC) >100 dB. Os sinais foram captados numa
frequência de amostragem configurada em 1500 Hz, filtrados numa
frequência entre 10 e 500 Hz e amplificados 1000 vezes (Figura 3).
Figura 3. Módulo condicionador de sinais para avaliação da EMG dos sujeitos.
30
A captação do sinal foi realizada através de eletrodos auto-adesivos
de superfície passivos, separados por uma distância intereletrodo de 2 cm
(Figura 4) e conectados à um pré amplificador. Os sinais captados pelos
eletrodos foram transmitidos via wireless para o eletromiógrafo, o qual
conectava-se a um notebook que recebe o sinal e o armazena em arquivo. O
software de análise utilizado foi o MyoResearch 3.2 (Noraxon®, USA).
Figura 4. Eletrodos autoadesivos para captação do sinal eletromiográfico.
Dinamômetro portátil
O dinamômetro manual portátil é uma alternativa simples e de baixo
custo quando comparada à outras formas utilizadas na clínica e na pesquisa
para medidas objetivas de força muscular46,47. Além disso, é um equipamento
que possui boa validade e confiabilidade, sendo utilizado para mensurar força
de diversos grupos musculares46,48,49,50,51.
Nesse estudo foi utilizado um dinamômetro portátil da marca Lafayette
Instrument®, modelo 01165, para mensurar a força extensora de tronco
(Figura 5).
31
Figura 5. Dinamômetro portátil utilizado para avaliar a força da musculatura extensora de tronco.
4.6 Procedimentos de avaliação
Previamente foi realizado um estudo piloto visando adequação de
todos os procedimentos de pesquisa, bem como o treinamento dos
avaliadores envolvidos.
As voluntárias foram avaliadas e incluídas ou excluídas no estudo de
acordo com os critérios de elegibilidade já mencionados. No caso de
consideradas aptas à inclusão, foram informadas sobre os procedimentos a
serem realizados na pesquisa, assinaram o TCLE (Apêndice 1) e
preencheram uma ficha de avaliação (Apêndice 2).
Todos os participantes considerados elegíveis foram submetidos a um
teste de alergia ao Kinesio Taping® e ao Micropore®. Este teste consiste na
32
colocação de um pequeno pedaço da fita na região torácica da voluntária,
deixando-o no local até o momento antes da avaliação inicial.
Avaliação inicial
As voluntárias foram submetidas a uma avaliação inicial, para coleta
da linha de base dos dados, realizada antes da intervenção e composta de
avaliação da sensação dolorosa, da incapacidade associada à dor lombar, da
amplitude de movimento do tronco e do desempenho neuromuscular.
Avaliação da sensação dolorosa
A avaliação da sensação dolorosa, desfecho primário do estudo, foi
realizada através de uma escala de avaliação numérica da dor. As
voluntárias foram instruídas pelo avaliador a marcarem na escala o nível da
intensidade da dor, baseando-se nas últimas 24 horas.
Avaliação da incapacidade associada à dor lombar
Foi avaliada por meio do questionário Roland Morris Disability
Questionnaire. Os indivíduos foram orientados pelo avaliador a preencherem
os itens do questionário que de fato foram aplicáveis ao longo das últimas 24
horas52. Quanto maior o escore final, maior a deficiência.
Amplitude de movimento do tronco
A amplitude de movimento do tronco foi avaliada através de um
aplicativo de Iphone® denominado iHandy level®, que funciona como um
inclinômetro gravitacional. Foram avaliadas as amplitudes de movimento de
33
flexão, extensão e inclinação para a direita e esquerda da coluna, segundo o
guideline estabelecido por Wanddell et al53.
Para avaliar os movimentos de flexão e extensão tóraco-lombar, o
equipamento foi posicionado horizontalmente com sua borda superior em
contato com a pele do indivíduo, centralizada ao nível de T12 (Figura 6 - A);
para a avaliação dos movimentos de inclinação, o aparelho foi posicionado
na horizontal, com o visor direcionado ao avaliador, e sua borda lateral
inferior ao nível de T12 (Figura 6 - B). Para garantir a confiabilidade do teste
re-teste, marcações foram realizadas com uma caneta dermográfica na
região dos processos espinhosos e nas delimitações do equipamento.
Figura 6. Posicionamento do celular para avaliar a inclinometria de tronco durante os movimentos de flexão, extensão (A) e inclinação para a direita e esquerda (B).
34
Antes de cada movimento o avaliador realizou uma repetição para que
o participante observasse e então executasse-a como forma de
aprendizagem. Após essa familiarização, cada movimento foi repetido duas
vezes pelo participante, com um intervalo de 30 segundos entre eles. Dentre
as duas repetições a de maior amplitude foi utilizada para análise.
Em seguida, na posição ereta, confortável, com os braços relaxados
ao lado do corpo e pés confortavelmente separados na largura do quadril, o
aparelho celular foi posicionado centralmente na região de T12. Foi então
solicitado ao sujeito flexionar o tronco, movendo-se até o limite de sua ADM,
sem dobrar os joelhos e manter a posição enquanto a angulação era obtida.
Após as duas repetições, os mesmos procedimentos foram realizados para
extensão de coluna. Nesse movimento, no entanto, era solicitado que os
indivíduos apoiassem suas mãos na região lombar, ao nível de L4-L5,
apenas para facilitar o equilíbrio durante a realização do movimento de
hiperextensão40.
Para os movimentos de inclinação, os indivíduos permaneceram no
mesmo posicionamento inicial dos testes anteriores, sendo o aparelho de
celular posicionado com sua lateral inferior ao nível de T12. A inclinação da
coluna foi então realizada e os indivíduos eram orientados a deixarem suas
mãos deslizarem sobre a o membro inferior, sem permitir, entretanto, a
rotação do tronco. Foi primeiro realizada a inclinação para o lado direito,
seguido do esquerdo. Todos os movimentos foram executados em um ritmo
livre, na velocidade desejada pela voluntária, pois acredita-se que dessa
35
forma os resultados tornam-se mais consistentes por estarem relacionados
ao movimento característico de cada um54,55.
Antes do início dos movimentos, o inclinômetro foi calibrado em uma
superfície plana e horizontal, como recomendado pelo desenvolvedor do
aplicativo.
Avaliação neuromuscular
Foi realizada por meio da avaliação eletromiográfica e dinamométrica,
sendo analisadas as variáveis Root Mean Square (RMS), frequência mediana
e força muscular dos eretores de coluna normalizada pelo peso corporal.
As voluntárias foram submetidas à tricotomia e limpeza da pele com
álcool a 70%, antes da fixação dos eletrodos. Estes foram posicionados
bilateralmente nos músculos longuíssimos, de acordo com as
recomendações da Surface ElectroMyoGraphy for the Non-Invasive
Assessment of Muscles (SENIAM )56.
Posicionadas em decúbito ventral sobre uma maca, com as mãos
cruzadas atrás do pescoço57, as voluntárias foram orientadas a realizarem
extensão de tronco durante dois segundos para familiarização. Após um
minuto de repouso, realizaram duas contrações isométricas voluntárias
máximas (CIVM) de extensão de tronco, durante cinco segundos cada, com
dois minutos de repouso entre elas. O dinamômetro foi posicionado
centralmente entre os dois bordos inferiores das escápulas48 e fixado por
uma faixa inelástica que envolveu o tronco superior da voluntária e a mesa de
avaliação (Figura 7). Duas outras faixas foram utilizadas para estabilizar as
voluntárias, sendo posicionadas acima da linha poplítea e acima da maléolo
36
lateral, envolvendo os membros inferiores e a maca. Durante as duas
contrações foram registrados a força extensora máxima e o RMS dos
músculos longuíssimos, sendo utilizado para análise o maior valor captado
durante a CIVM. Os valores de RMS (em µV) foram retificados em onda
completa e normalizados pelo pico do sinal obtido durante a maior CIVM pré.
Já os registros de força (em Newtons) foram normalizados pelo peso corporal
de cada indivíduo57.
Figura 7. Posicionamento do dinamômetro portátil durante a execução do teste de
extensão de tronco.
Após o teste de força, as voluntárias permaneceram dois minutos em
repouso e então realizaram um teste de fadiga para os extensores de tronco
junto com a avaliação da fadiga eletromiográfica. O teste escolhido foi uma
variação do Sorensen teste, realizado por Ito et al58. Nesse teste as
voluntárias são posicionadas em decúbito ventral sobre a maca, com uma
almofada situada abaixo do abdômen a fim de retificar a lordose lombar e os
braços mantidos ao longo do corpo. Elas foram orientadas a deixarem o
37
esterno e os braços sem contato com a maca, estendendo o tronco, e
flexionarem a cervical o máximo possível58 (Figura 8). O tempo máximo de
permanência nessa posição foi registrado (limitado a 300s), assim como a
atividade eletromiográfica dos músculos longuíssimos. A posição horizontal
do indivíduo durante o teste foi visualmente controlada, não sendo permitido
o apoio do peitoral na maca em nenhum momento. Caso isso ocorresse, a
contagem do tempo seria interrompida e o teste repetido.
Figura 8. Posicionamento da voluntária durante a realização do teste de fadiga muscular (Ito teste).
Para a avaliação da fadiga muscular foi analisado o espectro de
frequência, determinado através da Transformada Rápida de Fourier, que foi
aplicada a cada janela de um segundo e utilizada para calcular o espectro
total59. A queda da frequência mediana foi calculada através de uma
regressão linear, e então normalizada pela frequência mediana inicial e
multiplicada por 100 (percentual de queda na frequência mediana/minuto x
100)60,61,62.
O teste de Ito foi escolhido para ser utilizado nesse estudo por ser
facilmente realizado, ter baixo custo e produzir menos sobrecarga sobre a
38
coluna quando comparado ao teste de Sorensen, além de apresentar alta
confiabilidade, reprodutibilidade e ser seguro, não demonstrando aumento da
dor lombar ou desistência dos voluntários durante sua execução58,62,63,64.
Muller et al62 ainda relatam que o teste de Ito parece avaliar mais
especificamente a fadiga dos músculos eretores da coluna que o Sorensen
teste, o qual demonstra mais atividade do grupo extensor do quadril.
Intervenção
Após a realização da avaliação inicial, as voluntárias foram submetidas
à intervenção, realizada pelo segundo avaliador, de acordo com o grupo pré-
determinado por meio do site randomization.com.
O grupo KT com tensão recebeu aplicação do Kinesio Taping® na
região dos músculos eretores da coluna pelo segundo avaliador,
devidamente capacitado. A técnica utiliza bandagens elásticas (5 cm de
largura e 0,5 mm de espessura) que são fixadas na região da pele a ser
tratada. As bandagens são compostas por uma cadeia de polímero elástico
envolto por fibras de 100% algodão que permitem a evaporação da umidade
do corpo e secagem rápida, não restringem a amplitude de movimento e
possuem de 3-5 dias de durabilidade da sua elasticidade18.
Nesse estudo, o posicionamento da bandagem utilizada foi em forma
de “I” para os músculos eretores da coluna (bilateralmente)32. Os sujeitos
ficaram sentados com a coluna reta para a aplicação da âncora, que foi
posicionada na região do sacro (S1), sem tensão52. Em seguida, as
voluntárias realizaram flexão do tronco com rotação para o lado oposto para
39
a aplicação do “I” com tensão leve do papel de 10-15%, repetindo o mesmo
procedimento no lado oposto. A bandagem foi fixada com tensão da região
da espinha ilíaca póstero-superior até T12 e após, realizada sua âncora final,
sem tensão52 (Figura 9 - A).
Para os indivíduos do grupo KT sem tensão a aplicação do Kinesio
Taping® ocorreu da mesma forma que o grupo KT, porém sem a tensão que
se preconiza a técnica e sem o alongamento da musculatura (Figura - B).
As voluntárias do grupo Micropore® receberam aplicação de
Micropore® da mesma maneira que o grupo KT com tensão, seguindo o
mesmo posicionamento. Já as participantes do grupo controle não receberam
nenhuma intervenção durante o estudo, no entanto, ao final de todas as
avaliações, foi realizada aplicação do Kinesio Taping® e orientações
relacionadas à dor lombar.
Figura 9. Posicionamento durante a aplicação das faixas com tensão (A) e sem tensão (B).
40
Reavaliações
As voluntárias foram orientadas a deixarem a bandagem aplicada na
região (para aquelas dos grupos experimentais) durante três dias e então
retornaram ao laboratório onde foi realizada uma segunda avaliação, com a
bandagem ainda aplicada, idêntica a avaliação inicial. Durante a segunda
avaliação, a bandagem foi retirada e as voluntárias retornaram ao laboratório
uma semana depois (10 dias após a intervenção) para avaliar-se os possíveis
efeitos residuais da técnica. Nessa avaliação foram analisadas as mesmas
variáveis descritas anteriormente na avaliação inicial.
4.7 Análise estatística
A análise estatística foi realizada por meio do software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0 para Windows,
seguindo os princípios da análise por intenção por tratar. Na análise
descritiva utilizou-se a média como medida de tendência central e o desvio
padrão como medida de dispersão.
Uma ANOVA de modelo misto (3x4) com ajuste de Bonferroni para
múltiplas comparações foi utilizada para investigar mudanças na escala
numérica da dor, Roland Morris Disability Questionnaire, inclinometria, RMS,
força, frequência mediana e tempo de fadiga muscular. Foram realizadas
comparações intragrupos, com três tempos (Pré, 3 dias e 10 dias) e
intergrupos, com quatro grupos (controle, Kinesio Taping com tensão, Kinesio
Taping sem tensão e Micropore), além de ser verificada a interação grupo x
tempo. A homogeneidade das variâncias foi verificada através do teste de
41
Levene. O teste de esfericidade de W. Mauchly foi aplicado e quando violado
uma correção técnica foi realizada utilizando o teste Greenhouse-Geisser.
Quando o F do teste foi significante, o post hoc de Bonferroni foi aplicado. O
nível de significância utilizado foi de 5% (p < 0,05).
5. RESULTADOS
O recrutamento dos sujeitos para a realização deste estudo foi
conduzido entre Setembro de 2015 a Dezembro de 2016. Cento e trinta e
dois voluntários foram selecionados por inclusão, destes, 24 (18%) foram
excluídos de acordo com os critérios de elegibilidade estabelecidos
anteriormente: sete não apresentaram um índice de dor na escala numérica
maior/igual a 2, uma apresentava história de fratura na região lombar, uma
tinha diagnóstico de espondilolistese, uma tinha realizado procedimento
cirúrgico na região lombar, uma já tinha utilizado Kinesio Taping®
anteriormente na região lombar, duas tinham IMC maior que 30, três tinham
mais que 50 anos de idade, 2 eram do sexo masculino e seis desistiram de
participar
Por fim, 108 mulheres com dor lombar crônica não específica
participaram do estudo, sendo randomicamente alocadas em quatro grupos:
controle (n=27, idade média de 24,3 ± 4,5), Kinesio Taping com tensão
(n=27, idade média de 25,5 ± 6,2), Kinesio Taping sem tensão (n=27, idade
média de 23,9 ± 5,2) e Micropore® (n=27, idade média de 24,6 ± 5,4).
Houveram 10 perdas (9%) no total, das quais uma foi do grupo controle
(abandonou o estudo), três do grupo Kinesio Taping com tensão (uma
voluntária abandonou o estudo e duas as faixas descolaram), duas do grupo
42
Kinesio Taping sem tensão (faixas descolaram) e quatro do grupo
Micropore® (todas por motivos de descolamento da faixa). Para resumir
todos os processos do estudo, a figura 10 apresenta um diagrama de fluxo
deste trabalho.
Figura 10. Diagrama de fluxo dos participantes ao longo do estudo.
43
A caracterização da amostra no inicio do estudo está apresentada na
tabela 1, não sendo observada diferença entre os grupos na baseline, de
acordo com o teste de ANOVA modelo misto.
Tabela 1. Valores de média (desvio padrão) da idade, índice de massa corporal
(IMC), dor, incapacidade, amplitude de movimentos de flexão, extensão, inclinação
direita, inclinação esquerda, RMS do músculo longuíssimo direito (RMS direito),
RMS do músculo longuíssimo esquerdo (RMS esquerdo), força dos músculos
extensores do tronco e tempo de fadiga muscular dos quatro grupos na avaliação
inicial.
Variável GC
(n=27)
GCT
(n=27)
GST
(n=27)
GM
(n=27)
p
valor
Idade (anos) 24,3 (4,5) 25,5 (6,2) 23,9 (5,2) 24,6 (5,4) 0,747
IMC (Kg/m2) 23,2 (2,7) 23,2 (3,2) 22,1 (3,2) 22,7 (2,6) 0,516
Dor (0-10) 4,9 (1,6) 4,9 (1,9) 4,9 (1,8) 5,1 (1,7) 0,977
Incapacidade (0-24) 7,8 (2,6) 7,0 (3,3) 8,2 (4,3) 6,5 (2,8) 0,221
Flexão (graus) 88,2 (18,7) 91,9 (17,6) 89,3 (22,0) 88,6 (15,9) 0,892
Extensão (graus) 25,2 (8,4) 24,5 (14,0)
26,9 (12,9)
23,7 (11,9) 0,794
Inclinação direita (graus) 29,0 (5,2) 32,4 (6,9) 30,1 (6,5) 29,0 (4,9) 0,113
Inclinação esquerda (graus) 28,5 (5,7) 31,2 (6,6)
29,9 (5,3)
28,2 (4,6) 0,189
RMS direito (%) 58,5 (6,8) 59,7 (7,4) 58,0 (5,9) 58,7 (6,3) 0,798
RMS esquerdo (%) 57,7 (7,3) 57,8 (6,1) 57,6 (5,3) 57,9 (6,3) 0,998
Força (%) 196,5 (86,7) 212,5 (52,5) 196,0 (56,3) 191,6 (69,3) 0,686
Queda Fmed (Hz/s) -0,63 (0,41) -0,40 (0,20) -0,51 (0,24) -0,63 (0,24) 0,459
Tempo de fadiga (s) 38,8 (16,7) 52,9 (26,4) 54,7 (30,7) 54,0 (24,2) 0,197
GC: grupo controle; GCT: grupo Kinesio Taping com Tensão; GST: grupo Kinesio Taping sem tensão; GM: grupo Micropore; IMC: Índice de Massa Corpórea; RMS: Root Mean Square; Fmed: Frequência mediana.
A tabela 2 demonstra a média (desvio padrão) de todas as variáveis analisadas, para os quatro grupos, nos três tempos de avaliação.
Tabela 2. Valores de média (desvio padrão) das variáveis analisadas nos três tempos de avaliação.
GC: Grupo controle; GCT: Grupo KT com tensão; GST: Grupo KT sem tensão; GM: Grupo Micropore; RMS: Root Mean Square; Fmed: Frequência mediana.
Variável GC (n=27) GCT
(n=27)
GST (n=27)
GM
(n=27)
Pré 3 dias 10 dias Pré 3 dias 10 dias Pré 3 dias 10 dias Pré 3 dias 10 dias
Dor (0-10) 4,9 (1,6) 4,4 (2,3) 4,6 (2,5) 4,9 (1,9) 2,5 (1,7) 3,4 (1,9) 4,9 (1,8) 2,5 (1,9) 3,2 (2,6) 5,1 (1,7) 3,8 (2,0) 3,4 (2,4)
Incapacidade (0-24)
7,8 (2,6) 7,3 (3,0) 6,8 (3,7) 7,0 (3,3) 3,8 (3,1) 3,6 (2,5) 8,2 (4,3) 5,3 (5,2) 6,3 (5,6) 6,5 (2,8) 4,7 (2,7) 4,2 (2,7)
Flexão (graus) 88,2 (18,7) 86,7 (18,0) 86,3 (15,1) 91,9 (17,6) 94,9 (17,7) 94,0 (18,5) 89,3 (22,0) 90,0 (21,0) 89,7 (22,1) 88,6 (15,9) 87,7 (17,1) 86,5 (15,7)
Extensão (graus) 25,2 (8,4) 25,4 (9,0) 27,0 (8,7) 24,5 (14,0) 28,2 (13,1) 30,3 (14,4) 26,9 (12,9) 27,7 (13,0) 28,5 (14,9) 23,7 (11,9) 26,0 (13,4) 25,5 (12,5)
Inclinação direita (graus)
29,0 (5,2) 29,4 (5,2) 29,4 (6,6) 32,4 (6,9) 33,7 (6,5) 34,0 (7,0) 30,1 (6,5) 30,6 (6,9) 31,8 (6,4) 29,0 (4,9) 30,5 (5,0) 29,4 (5,0)
Inclinação esquerda (graus)
28,5 (5,7) 28,5 (5,6)
29,3 (6,3)
31,2 (6,6)
31,3 (7,0) 32,1 (6,5) 29,9 (5,3) 29,3 (5,0) 30,3 (4,8) 28,2 (4,6) 29,7 (5,7) 28,0 (4,6)
RMS direito (%) 58,5 (6,8) 62,2 (16,0) 59,2 (13,2) 59,7 (7,4) 67,2 (16,0) 65,8 (16,5) 58,0 (5,9) 62,4 (14,1) 63,1 (15,2) 58,7 (6,3) 62,7 (13,4) 64,1 (17,2)
RMS esquerdo (%) 57,7 (7,3) 61,5 (16,4) 58,5 (17,3) 57,8 (6,1) 64,1 (16,6) 63,8 (19,5) 57,6 (5,3) 63,1 (14,5) 64,1 (16,6) 57,9 (6,3)
62,9 (17,0)
66,5 (22,7)
Força (%) 196,5 (86,7)
212,1 (100,5)
216,5 (98,4)
212,5 (52,5)
238,9 (85,1) 235,2 (58,8)
196,0 (56,3)
215,9 (54,5)
218,2 (56,6) 191,6 (69,3)
214,9 (63,1) 212,4 (75,2)
Queda Fmed (Hz/s) -0.63 (0.41)
-0.74 (0.35)
-0.81 (0.52)
-0.40 (0.20)
-0.45 (0.19)
-0.46 (0.25)
-0.51 (0.24)
-0.47 (0.19)
-0.50 (0.20)
-0.63 (0.24)
-0.60 (0.25)
-0.68 (0.27)
Tempo de fadiga (%) 38.8
(16.7) 32.5
(13.3) 28.4
(13.2) 52.9
(26.4) 55.6
(30.1) 53.5
(28.5) 54.7
(30.7) 56.1
(36.3) 53.1
(32.4) 54.0
(24.2) 50.1
(26.8) 49.2
(27.0)
A ANOVA modelo misto mostrou diferenças significativas entre os
grupos para as variáveis dor (p=0,036; tamanho do efeito=0,079) e
incapacidade (p=0,010; tamanho do efeito = 0,102). Especificamente, houve
uma melhora na escala da dor três dias após a intervenção de 44% e 43%
entre os grupos GCT e GST, respectivamente, quando comparados ao GC.
Para incapacidade, houve uma melhora de 48% e 47% entre o grupo controle
e o GCT, três e 10 dias após a intervenção, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os grupos durante os tempos pré, 3 dias e 10 dias
após as intervenções para as variáveis dor e incapacidade.
Tempo Dor Incapacidade
Grupos Diferença média (95% IC)
p valor Diferença média (95% IC)
p valor
Pré GC x GCT 0,037 (-1,244 à 1,318) 1,000 0,852 (-1,57 à 3,274) 1,000
GC x GST 0,037 (-1,244 à 1,318) 1,000 -0,407 (-2,829 à 2,015) 1,000
GC x GM -0,148 (-1,429 à 1,133) 1,000 1,296 (-1,126 à 3,718) 0,918
GCT x GST 0 (-1,281 à 1,281) 1,000 1,259 (-1,163 à 3,681) 0,99
GCT x GM -0,185 (-1,466 à 1,096) 1,000 0,444 (-1,978 à 2,866) 1,000
GST x GM -0,185 (-1,466 à 1,096) 1,000 1,704 (-0,718 à 4,126) 0,368
3 dias GC x GCT 1,963* (0,501 à 3,425) 0,003 3,481* (0,825 à 6,138) 0,004
GC x GST 1,926* (0,464 à 3,388) 0,004 1,963 (-0,693 à 4,619) 0,297
GC x GM 0,611 (-0,851 à 2,073) 1,000 2,593 (-0,064 à 5,249) 0,06
GCT x GST 0,037 (-1,425 à 1,499) 1,000 1,519 (-1,138 à 4,175) 0,763
GCT x GM -1,352 (-2,814 à 0,11) 0,087 -0,889 (-3,545 à 1,768) 1,000
GST x GM -1,315 (-2,776 à 0,147) 0,104 0,63 (-2,027 à 3,286) 1,000
10 dias GC x GCT 1,111 (-0,624 à 2,846) 0,527 3,185* (0,395 à 5,975) 0,016
GC x GST 1,333 (-0,401 à 3,068) 0,247 0,519 (-2,272 à 3,309) 1,000
GC x GM 1,137 (-0,598 à 2,872) 0,485 2,556 (-0,235 à 5,346) 0,092
GCT x GST -0,222 (-1,957 à 1,512) 1,000 2,667 (-0,124 à 5,457) 0,069
GCT x GM 0,026 (-1,709 à 1,761) 1,000 -0,63 (-3,42 à 2,161) 1,000
GST x GM -0,196 (-1,931 à 1,538) 1,000 2,037 (-0,753 à 4,827) 0,314
GC: grupo controle; GCT: grupo Kinesio Taping com tensão; GST: grupo Kinesio Taping sem tensão; GM: grupo micropore. *p<0,05.
Na análise individual de cada variável observamos que para dor, além
da diferença entre os grupos, encontramos também uma redução desta
variável em função do tempo (p=0.016) para os grupos KT com tensão, KT
sem tensão e Micropore nos tempos pré x 3 dias e pré x 10 dias (Tabela 4).
Tabela 4. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os tempos de avaliação para a variável dor.
Dor
Grupos Tempos Diferença média
(95% IC) p valor
GC
Pré x 3 dias 0,481 (-0,621 à 1,584) 0,872
Pré x 10 dias 0,37 (-0,811 à 1,552) 1,000
3 dias x 10 dias -0,111 (-1,116 à 0,894) 1,000
GCT
Pré x 3 dias 2,407** (1,305 à 3,51) <0,001
Pré x 10 dias 1,444* (0,263 à 2,626) 0,011
3 dias x 10 dias -0,963 (-1,968 à 0,042) 0,065
GST
Pré x 3 dias 2,370** (1,268 à 3,473) <0,001
Pré x 10 dias 1,667* (0,485 à 2,848) 0,003
3 dias x 10 dias -0,704 (-1,709 à 0,301) 0,274
GM
Pré x 3 dias 1,241* (0,138 à 2,344) 0,022
Pré x 10 dias 1,656* (0,474 à 2,837) 0,003
3 dias x 10 dias 0,415 (-0,59 à 1,42) 0,953
GC: grupo controle; GCT: grupo Kinesio Taping com Tensão; GST: grupo Kinesio Taping sem tensão; GM: grupo Micropore. * p< 0,05 ** p< 0,001
Para a incapacidade, também observamos o mesmo comportamento
da dor na análise intragrupo (p=0,018): os grupos KT com tensão, KT sem
tensão e Micropore demonstraram melhora desta variável entre os tempos
pré x 3 dias e pré x 10 dias (Tabela 5).
48
Tabela 5. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os tempos de avaliação para a variável incapacidade.
Incapacidade
Grupos Tempos Diferença média
(95% IC) p valor
GC
Pré x 3 dias 0,556 (-0,845 à 1,956) 1,000
Pré x 10 dias 1,037 (-0,525 à 2,6) 0,328
3 dias x 10 dias 0,481 (-0,913 à 1,876) 1,000
GCT
Pré x 3 dias 3,185** (1,785 à 4,586) <0,001
Pré x 10 dias 3,370** (1,808 à 4,933) <0,001
3 dias x 10 dias 0,185 (-1,209 à 1,58) 1,000
GST
Pré x 3 dias 2,926** (1,526 à 4,326) <0,001
Pré x 10 dias 1,963* (0,4 à 3,525) 0,009
3 dias x 10 dias -0,963 (-2,358 à 0,432) 0,288
GM
Pré x 3 dias 1,852* (0,451 à 3,252) 0,005
Pré x 10 dias 2,296* (0,734 à 3,859) 0,002
3 dias x 10 dias 0,444 (-0,95 à 1,839 1,000
GC: grupo controle; GCT: grupo Kinesio Taping com Tensão; GST: grupo Kinesio Taping sem tensão; GM: grupo Micropore. * p< 0,05 **p<0,001
Já para a amplitude de movimento do tronco, destacamos que não foi
observada diferença estatística (seja inter ou intragrupo) para os movimentos
de flexão (p=0,543 e p=0,534, respectivamente) e inclinação para a esquerda
(p=0,170 e p=0,337, respectivamente), assim como não houve interação
tempo x grupo (p=0,066 para flexão e p= 0,053 para inclinação esquerda) em
nenhum dos grupos.
Para os movimentos de extensão e inclinação direita, apesar de não
haver diferença intergrupo (p=0,801 e p=0,037, respectivamente), verificou-se
uma diferença em relação ao tempo (p<0,001 para extensão e p=0,008 para
inclinação direita), mas sem interação tempo x grupo (p= 0,141 para
extensão p=0,327 para inclinação direita). Isso nos demonstra que em ambos
49
os movimentos houve um aumento da ADM 3 e 10 dias após a intervenção
(Tabela 6).
Tabela 6. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os tempos de avaliação para a extensão e inclinação direita.
Tempos Extensão Inclinação direita
Diferença média (95% IC)
p valor Diferença média
(95% IC) p valor
Pré x 3 dias -1,796* (-3,315 à -0,277 0,015 -,926* (-1,759 à -0,092) 0,024
Pré x 10 dias -2,787** (-4,286 à -1,289) <0,001 -1,009* (-1,82 à -0,199) 0,009
3 dias x 10 dias
-0,991 (-2,529 à 0,547) 0,36 -0,083 (-1,034 à 0,867) 1,000
* p< 0,05 **p<0,001
Na análise eletromiográfica, tanto o RMS do músculo longuíssimo do
lado direito quanto do esquerdo, não apresentaram diferença intergrupo
(p=0,453 e p=0,784, respectivamente). No entanto, pôde-se perceber um
aumento da atividade elétrica em relação ao tempo (p=0,001 para o lado
direito e p<0,001 para o lado esquerdo – Tabela 7), sem no entanto, consistir
diferença tempo x grupo (p=0,763 para o lado direito e p=0,576 para o lado
esquerdo).
Tabela 7. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os tempos de avaliação para RMS direita e esquerda.
Tempos
RMS D RMS E
Diferença média (95% IC)
p valor Diferença média
(95% IC) p valor
Pré x 3 dias -4,908* (-8,022 à -1,795) 0,001 -5,133** (-8,262 à -2,005) <0,001
Pré x 10 dias -4,280* (-7,822 à -0,737) 0,012 -5,453* (-9,372 à -1,534) 0,003
3 dias x 10 dias
0,629 (-2,953 à 4,211) 1,000 -0,319 (-3,677 à 3,039) 1,000
RMS D: Root Mean Square do músculo longuíssimo direito; RMS E: Root Mean Square do músculo longuíssimo esquerdo. *p<0,05 **p<0,001
50
Com relação à força, não foi verificado diferença intergrupo (p=0,735),
no entanto, observamos um aumento desta variável em relação ao tempo
(p<0,001 – Tabela 8), mas sem interação tempo x grupo (p=0,926).
Tabela 8. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p valor entre os tempos de avaliação para força dos extensores de tronco.
Tempos
Força
Diferença média (95% IC)
p valor
Pré x 3 dias -19,697** (-29,017 à -10,377) <0,001
Pré x 10 dias -19,807** (-28,152 à -11,463) <0,001
3 dias x 10 dias -0,11 (-6,857 à 6,636) 1,000
**p<0,001
Para as variáveis frequência mediana e tempo de sustentação da
fadiga, a ANOVA modelo misto mostrou diferenças significativas entre os
grupos (p=0,026 e p=0,037, respectivamente), mas sem interação tempo x
grupo (p=0,747 e p=0,516, respectivamente). Podemos observar que para a
variável frequência mediana, houve diferença entre o GC e os grupos GCT e
GST (p=0,008 e p=0,020, respectivamente). Para o tempo de fadiga, foi
observada uma diferença entre o GC e todos os outros grupos (p=0,017 para
GCT; p=0,014 para GST; p=0,039 para GM).
51
Tabela 9. Valores de diferença média (Intervalo de confiança de 95%) e p
valor entre os grupos para as queda da frequência mediana e tempo de fadiga.
Queda Fmed Tempo de fadiga
Grupos Diferença média (95% IC)
p valor Diferença média (95% IC)
p valor
GC x GCT -0,292** (-0,505 à -0,078) 0,008 -20,74* (-37,61 à -3,86) 0,017
GC x GST -0,235* (-0,431 à -0,039) 0,020 -21,38* (-38,25 à -4,51) 0,014
GC x GM -0,091 (-0,282 à 0,100) 0,344 -17,83* (-34,70 à 0,95) 0,039
GCT x GST 0,057 (-0,169 à 0,283) 0,606 -0,644 (-18,26 à 16,97) 0,942
GCT x GM 0,201 (-0,021 à 0,423) 0,075 2,911 (-14,71 à 20,53) 0,742
GST x GM 0,144 (-0,061 à 0,349) 0,164 3,556 (-14,06 à 21,17) 0,688
GC: grupo controle; GCT: grupo Kinesio Taping com Tensão; GST: grupo Kinesio Taping sem tensão; GM: grupo Micropore; Fmed: frequência mediana. * p< 0,05 **p<0,001
6. DISCUSSÃO
Esse estudo objetivou avaliar os efeitos do Kinesio Taping® em
mulheres com dor lombar crônica não específica, analisando as variáveis dor,
incapacidade, amplitude de movimento, força muscular, amplitude
eletromiográfica, frequência mediana e tempo de sustentação da fadiga. Do
nosso conhecimento, esse é o primeiro estudo a avaliar essas variáveis de
forma conjunta, comparando o efeito de diferentes bandagens e técnicas de
aplicação.
Com relação à dor, os resultados demonstraram redução dessa
variável três dias após a aplicação da bandagem nos grupos Kinesio Taping
com e sem tensão, além de uma melhora na incapacidade três e 10 dias
após a intervenção apenas para o grupo Kinesio Taping com tensão. Nas
demais comparações entre os grupos não foram observadas diferenças
52
significativas, indicando uma melhora clínica apenas nos grupos que
receberam aplicação do Kinesio Taping®.
Nossos resultados corroboram com estudos prévios que encontraram
uma redução da dor após aplicação do KT19,21. Paoloni et al.21 observou um
alívio da dor logo após a aplicação da bandagem e após quatro semanas de
intervenção, sendo esses valores clinicamente importantes. Entretanto, na
comparação entre os grupos (Kinesio Taping®, KT + exercício e apenas
exercícios) não foram observadas diferenças estatísticas. Castro-Sánchez et
al.19 aplicou KT sobre os músculos eretores da coluna de pacientes com dor
lombar e analisou seus efeitos após sete dias de tratamento e quatro
semanas de follow-up. Eles observaram uma redução da dor em ambas as
avaliações, entretanto esses valores não são clinicamente importantes.
Estudos prévios32,65 encontraram uma redução da dor após o
tratamento com Kinesio Taping® que alcançaram os valores clinicamente
importantes34, entretanto esses autores não suportam o seu uso já que não
houveram diferenças entre os grupos. Apesar disso, é importante destacar
que esses estudos não utilizaram um grupo controle durante suas
comparações. Já Kelle et al.66, analisou os efeitos do KT comparado a um
grupo que não realizou intervenção e observou redução da dor no grupo
experimental. Por outro lado, no estudo de Luz Júnior et al.67 não houve
diferença estatística entre os grupos experimentais (KT e Micropore) e
controle para a variável dor. Os resultados do nosso estudo corroboram com
os de Kelle et al.66, demonstrando uma diferença entre o grupo que aplicou
53
KT e o grupo que não aplicou, além desses valores serem clinicamente
importantes.
O potencial mecanismo pelo qual o KT reduz a dor está além do
escopo desse estudo, entretanto uma hipótese que tem sido sugerida na
literatura é a teoria das comportas da dor19,21,68, a qual sugere que o estímulo
mecânico fornecido pelo Kinesio Taping® agiria através das fibras não
nociceptivas de largo diâmetro, resultando na inibição e alívio da dor. A
analgesia cessa, entretanto, assim que o estímulo é removido, o que está de
acordo com o nosso resultado, o qual demonstrou redução da dor apenas
enquanto a bandagem estava aplicada. Além disso, as propriedades elásticas
e semelhantes à epiderme que o Kinesio Taping® oferecem, seriam as
responsáveis por não permitiram a acomodação do estímulo16,17,18.
Com relação à incapacidade, nossos resultados demonstraram uma
redução dessa variável até 10 dias após a intervenção para o grupo KT com
tensão. Em contraposição, Parreira et al.32 apesar de também observarem
uma melhora da incapacidade nos grupos que aplicaram KT com e sem
tensão, não encontraram diferenças estatísticas entre os grupos. Luz Júnior
et al.67 analisaram os efeitos do KT comparado ao Micropore e a um grupo
controle. Eles observaram uma diferença estatisticamente significativa 48
horas após a intervenção entre o grupo que aplicou KT e o grupo que não
realizou intervenção e, apesar dessa diferença não ter sido maior que 5
pontos no questionário, ela foi maior que 30% do seu valor de base, o que
segundo Ostelo et al.34 é também considerada clinicamente importante.
Outros autores19,65,66,67 observaram uma redução da incapacidade, mas em
54
diferentes tempos de avaliação, variando entre 48 horas e cinco semanas de
intervenção. Nenhum desses estudos demonstraram melhora do quadro após
um período de follow-up sem bandagem. Entretanto, a variação desses
achados pode ser devido aos diferentes protocolos utilizados.
Apesar da incapacidade ter uma relação direta com a dor, em
condições crônicas ela é geralmente multifatorial e pode ter uma
apresentação clínica diferente69. Pode ser sugerido que a tensão fornecida
pela bandagem aumente o feedback proprioceptivo e facilite a postura e o
movimento correto, mesmo após sua retirada. Alguns autores70,71 concordam
que esse aumento na propriocepção pode fornecer feedback para alcançar e
manter um alinhamento corporal preferido e dar aos pacientes mais
consciência da coluna durante os movimentos, reduzindo assim os
movimentos prejudiciais19.
Edin et al.72 sugere que os movimentos das articulações estão
associados com um padrão previsível de mudança na tensão da pele. A
aplicação da bandagem iria, portanto, estimular a pele e alterar essa tensão,
estimulando os receptores cutâneos e melhorando o controle do movimento.
Embora a bandagem tenha fornecido resultados positivos em relação
à dor e à incapacidade, nenhuma diferença foi observada entre os grupos
para a ADM avaliada por meio da inclinometria em nosso estudo. Um
aumento da ADM foi detectado para extensão e flexão lateral em relação ao
tempo, mas sem diferenças entre os grupos ou interação tempo x grupo.
Alguns autores verificaram um aumento da ADM após aplicação do KT31,73,74
enquanto outros não comprovaram essa melhora19,33. Esses estudos
55
utilizaram testes clínicos ou instrumentos como o flexímetro e analisaram
diferentes movimentos de amplitude do tronco, o que dificulta nossas
comparações.
Com relação à performance neuromuscular, a literatura mostra que o
KT não altera nem a força nem a amplitude do sinal eletromiográfico75,76,77,78.
Estudos que avaliaram a atividade eletromiográfica da musculatura eretora
da coluna após aplicação do KT são escassos. Paoloni et al.21 utilizou a EMG
para avaliar o efeito do KT em pacientes com dor lombar, entretanto eles
observaram o comportamento eletromiográfico dos músculos das costas
durante o movimento de flexão de tronco, analisando uma variável
denominada flexão-relaxamento, e não encontraram relação entre essa
variável e a redução da dor.
O objetivo do nosso estudo foi verificar se o KT aumentaria a força e a
amplitude eletromiográfica de pacientes com dor lombar crônica não
específica através da estimulação dos receptores cutâneos79. Entretanto,
mesmo ocorrendo um aumento do RMS e da força em relação ao tempo, não
houveram diferenças entre os grupos nem entre os grupos e o tempo,
concluindo que essa técnica não foi capaz de melhorar o desempenho dos
músculos das costas.
Já as variáveis frequência mediana e tempo de sustentação da fadiga
apresentaram diferenças entre os grupos, sem diferenças entretanto no
tempo e na interação tempo x grupo. Os grupos KT com e sem tensão foram
estatisticamente diferentes do grupo controle para queda da frequência
mediana. Não existem estudos na literatura que avaliaram essa variável na
56
população estudada sob o tratamento proposto. No entanto, já é bem
documento que essa variável é válida e confiável60, sendo amplamente aceita
para estimar fadiga muscular80 e utilizada em diversos estudos com
pacientes com lombalgia81,82.
O tempo de sustentação durante o teste de fadiga é uma variável mais
utilizada em estudos que objetivam avaliar a fadiga dos músculos das costas,
por ser um teste de fácil realização e baixo custo. Hagen et al.83 analisou o
efeito imediato da bandagem na musculatura extensora do tronco de
pacientes com dor lombar. Eles compararam o tempo de sustentação durante
o Sorensen teste em três diferentes condições: sem bandagem, com
bandagem rígida e com bandagem elástica. Castro-Sanchèz et al.19 analisou
os efeitos do Kinesio Taping® durante o tempo de sustentação do McQuade
teste. Ambos observaram uma melhora da variável no grupo que aplicou a
bandagem elástica. Essa melhora geral da fadiga dos músculos eretores da
coluna pode estar relacionada à maior consciência promovida pela
bandagem, ativando mais a musculatura, bem como à redução da dor19.
Em síntese, é sugerido que o Kinesio Taping® é capaz de reduzir a dor
enquanto aplicado, com ou sem tensão, e melhorar a incapacidade, mesmo
após sua retirada, quando aplicado com tensão. Além disso ele também
reduz a fadiga muscular em indivíduos com dor lombar crônica não
específica. Entretanto, não há efeitos sobre a ADM, a força e a amplitude
eletromiográfica. Esses achados são de grande importância para a prática
clínica, já que podem contribuir para uma melhora da sintomatologia dos
57
pacientes com dor lombar crônica não específica, facilitando a evolução do
tratamento.
Como limitações desse estudo, ressaltamos que esses resultados se
restringem a mulheres com dor lombar crônica não específica, além de
destacamos a necessidade de futuros estudos avaliando maiores períodos de
follow-up.
58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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67
APÊNDICES
68
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: EFEITOS DO KINESIO
TAPING® NA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA: ENSAIO CLÍNICO,
RANDOMIZADO E CEGO, que tem como pesquisador responsável o Prof. Dr. Jamilson
Simões Brasileiro.
Esta pesquisa pretende avaliar os efeitos de uma bandagem elástica funcional (um
tipo de fita adesiva específica para ser colocada na pele humana), o Kinesio Taping®, na dor
lombar crônica de mulheres, isto é, nas dores da região mais inferior das costas.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é analisar se o Kinesio Taping® possui
algum efeito na redução dessa dor, já que este vem sendo amplamente utilizado na clínica
para tal finalidade.
Caso você decida participar, será submetida aos seguintes procedimentos: avaliação
da sensação dolorosa (realizada através de uma escala de dor, onde você quantifica, de
zero a dez, o nível da sua própria dor); avaliação da incapacidade funcional relacionado à
dor lombar através de um questionário composto por 24 ítens, onde você marcará aqueles
que descrevem sua situação em relação à dor nas últimas 24 horas; amplitude de movimento
(medição do movimento da sua coluna, em graus); desempenho neuromuscular (será
medida a força realizada pelos músculos das costas, além de verificado o nível de contração
desses músculos, através da eletromiografia); resistência à fadiga (será quantificado o tempo
máximo que você consegue ficar na posição deitada, de barriga para baixo, com o peito sem
contato com a cama, fazendo uma extensão de coluna).
Para a avaliação da eletromiografia, será necessário depilação e limpeza da pele
com álcool 70% em uma pequena região das costas, onde será colocado os eletrodos. Após
essa avaliação inicial, você será distribuído, através de um pré-sorteio, em um dos 3 grupos
existentes na pesquisa: grupo controle, kinesio taping e placebo. Caso você seja alocada no
grupo kinesio taping ou placebo, duas tiras de bandagem elástica serão fixadas nas suas
costas para efeito terapêutico; caso fique no grupo controle, não haverá aplicação do kinesio
taping, entretanto, se desejável, no último dia de avaliação aplicaremos a bandagem na
região das costas, como nos demais grupos, para permitir que você também se beneficie do
possível efeito da técnica. Em seguida serão realizadas três novas reavaliações: a primeira
será feita imediatamente após a colocação da bandagem e a segunda três dias após. No
terceiro dia a bandagem será retirada e você retornará ao laboratório uma semana depois,
sem a faixa, para realizarmos a terceira avaliação. Cada avaliação durará em média 30
minutos.
Durante a realização dos procedimentos citados anteriormente, a previsão de riscos
é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame físico de
69
rotina. Pode acontecer um desconforto muscular na região das costas, devido aos
movimentos que serão realizados, entretanto, caso o desconforto persista, será minimizado
através de orientações dadas pelos fisioterapeutas do departamento. Colaborando com essa
pesquisa você se beneficiará com os resultados de uma técnica nova que está sendo
bastante utilizada na clínicas para o alívio de dor.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você
terá direito a assistência gratuita que será prestada no Departamento de Fisioterapia da
UFRN, até que seja garantido o seu total restabelecimento, sob a responsabilidade do Prof.
Dr. Jamilson Simões Brasileiro.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para
Jamilson Simões Brasileiro - (84) 3342-2008.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas
em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que
possa lhe identificar.
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em
local seguro e por um período de 5 anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido
pelo pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será
indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o
pesquisador responsável: Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados
serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que
ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da
pesquisa EFEITOS DO KINESIO TAPING® NA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO
ESPECÍFICA: ENSAIO CLÍNICO, RANDOMIZADO E CEGO, e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que
nenhum dado possa me identificar.
Natal, ____________________________________________________________________
_________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
Impressão datiloscópica do
participante
70
Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo EFEITOS DO KINESIO TAPING® NA
DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA: ENSAIO CLÍNICO, RANDOMIZADO E CEGO,
declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos
metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse
estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido
estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.
Natal, _______________________________________________________________
__________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
71
APÊNDICE 2 – Ficha de avaliação
Nº _____
Data da avaliação: ___/___ /___ Grupo:__________________
Nome:_______________________________________________________________
CPF_____________________________ Data de Nasc.: _____/_____/_____
Telefone:________________ e-mail:_____________________________________
Idade: _______ Peso: _______kg Altura: _________m IMC: ______
Realiza algum tipo de atividade física? ( ) Não ( ) Sim Modalidade:__________
Está fazendo uso de algum medicamento? ( ) Não ( ) Sim Qual? _______________
Gravidez: ( ) Não ( ) Sim Partos: __________________________
Cirurgia prévia:_________________________
Data da última menstruação: ___________ Menopausa: ( ) Não ( ) Sim
Faz reposição hormonal? ( ) Não ( ) Sim
Alergia a materiais adesivos: ( ) Não ( ) Sim
Já utilizou Kinesio Taping? ( ) Não ( ) Sim Local: ________________
Você já foi diagnosticada com algum desses problemas (marque os que você já foi
diagnosticada): ( ) Fratura na coluna ( ) Tumor na coluna ( ) Espondilite
anquilosante ( ) Hérnia de disco ( ) Espondilolistese ( ) Estenose lombar
( ) Fibromialgia
Score EVA:________
72
ANEXOS
73
ANEXO 1 - Roland Morris Disability Questionnaire
Quando suas costas doem, você pode encontrar dificuldade em fazer algumas coisas que normalmente faz. Essa lista possui algumas frases que as pessoas tem utilizado para se descreverem quando sentem dores nas costas. Quando você ouvir estas frases pode notar que algumas se destacam por descrever você hoje. Ao ouvir a lista pense em você hoje. Quando você ouvir uma frase que descreve você hoje, responda sim. Se a frase não descreve você, então responda não e siga para a próxima frase. Lembre-se, responda sim apenas à frase que tiver certeza que descreve você hoje.
Frases:
1. [ ] Fico em casa a maior parte do tempo por causa de minhas costas.
2. [ ] Mudo de posição frequentemente tentando deixar minhas costas confortáveis.
3. [ ] Ando mais devagar que o habitual por causa de minhas costas.
4. [ ] Por causa de minhas costas eu não estou fazendo nenhum dos meus trabalhos que geralmente faço em casa.
5. [ ] Por causa de minhas costas, eu uso o corrimão para subir escadas.
6. [ ] Por causa de minhas costas, eu me deito para descansar mais frequentemente.
7. [ ] Por causa de minhas costas, eu tenho que me apoiar em alguma coisa para me levantar de uma cadeira normal.
8. [ ] Por causa de minhas costas, tento conseguir com que outras pessoas façam as coisas por mim.
9. [ ] Eu me visto mais lentamente que o habitual por causa de minhas costas.
10. [ ] Eu somente fico em pé por períodos curtos de tempo por causa de minhas costas.
11. [ ] Por causa de minhas costas evito me abaixar ou me ajoelhar.
12. [ ] Encontro dificuldades em me levantar de uma cadeira por causa de minhas costas.
13. [ ] As minhas costas doem quase que o tempo todo.
14. [ ] Tenho dificuldade em me virar na cama por causa das minhas costas.
74
15. [ ] Meu apetite não é muito bom por causa das dores em minhas costas.
16. [ ] Tenho problemas para colocar minhas meias (ou meia calça) por causa das dores em minhas costas.
17. [ ] Caminho apenas curtas distâncias por causa de minhas dores nas costas.
18. [ ] Não durmo tão bem por causa de minhas costas.
19. [ ] Por causa de minhas dores nas costas, eu me visto com ajuda de outras pessoas.
20. [ ] Fico sentado a maior parte do dia por causa de minhas costas.
21. [ ] Evito trabalhos pesados em casa por causa de minhas costas.
22. [ ] Por causa das dores em minhas costas, fico mais irritado e mal humorado com as pessoas do que o habitual.
23. [ ] Por causa de minhas costas, eu subo escadas mais vagarosamente do que o habitual.
24. [ ] Fico na cama a maior parte do tempo por causa de minhas costas.