UNIVERSIDADE REGIONALDO CARIRI – URCA
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM: EDIFÍCIOS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ANÁLISE DAS PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS EM UMA RESIDÊNCIA
UNIFAMILIAR DO BAIRRO TIRADENTES NA CIDADE DE JUAZEIRO DO
NORTE-CE.
HEMERSON ANGELO SOUSA DA SILVA
JUAZEIRO DO NORTE - CE
2018
HEMERSON ANGELO SOUSA DA SILVA
ANÁLISE DAS PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS EM UMA RESIDÊNCIA
UNIFAMILIAR DO BAIRRO TIRADENTES NA CIDADE DE JUAZEIRO DO
NORTE-CE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a
Banca Examinadora do Curso de Tecnologia da
Construção Civil, com habilitação em Edifícios da
Universidade Regional do Cariri – URCA, como
requisito para conclusão do curso.
Orientador: Prof. Ms. Jefferson Heráclito Alves de Souza
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2018
Análise das patologias construtivas em uma residência unifamiliar do bairro
Tiradentes na cidade de Juazeiro do Norte-CE.
Elaborado por Hemerson Angelo Sousa da Silva
Aluno do Curso de Tecnologia da Construção Civil – URCA
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Me. Jefferson Heráclito Alves de Souza (Orientador)
__________________________________________________
Profª. Me. Tatiane Lima Batista (Avaliadora)
__________________________________________________________
Prof. Me. Miguel Adriano Gonçalves Cirino (Examinador)
TCC aprovado em: ______ /_______ /_________, com nota_________.
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2018
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me dar força, paciência,
saúde durante toda a graduação não permitindo que desistisse em nenhum
momento, a minha família por me apoiar nas minhas escolhas, e em especial a
minha mãe pelo amor, carinho e atenção durante toda minha vida, pois me ensinou
a seguir o caminho correto na vida em busca dos meus objetivos.
Ao meu orientador Jefferson Heráclito pelos ensinamentos, paciência,
envolvimento no trabalho e encorajamento durante todo o curso.
Aos meus colegas de graduação, pelos momentos inesquecíveis de
alegria e pela troca de conhecimentos em diversas áreas.
Aos meus amigos que sempre apoiaram, incentivaram e compreenderam
a importância de minha primeira graduação, Em especial Pablo George e Weslen
Oliveira.
A minha amiga, companheira e namorada Maria Silva, que sempre esteve
comigo desde o início do curso ajudando nos momentos difíceis, dando força nesse
trajeto que não foi fácil, e que sempre me apoiou nas minhas decisões. E também
pelos momentos inesquecíveis que tivemos na URCA. Seu jeito de ver só o lado
bom das coisas é admirável, obrigado por existir na minha vida.
A Universidade Regional do Cariri, por me preparar para o mercado de
trabalho e pelo curso que tive o prazer de me formar e apaixonar-se pela área da
construção civil.
E a todos que me influenciaram diretamente e indiretamente, formando
meu caráter e deixando lembranças boas que merecem ser guardadas em minha
vida.
Aqueles que esperam no senhor renovam as forças.
Voam bem alto como águias; correm e não ficam exaustos,
andam e se cansam.
(Isaías 40:31)
RESUMO
As manifestações patológicas cada vez mais estão sendo identificadas em obras de pequeno porte, principalmente porque estas obras, em sua grande maioria, não são supridas de projetos, nem profissionais adequados, durante sua execução. Nesse sentido, este trabalho analisa as possíveis causas das manifestações patológicas em residências de pequeno porte. A revisão bibliográfica aborda os tipos de patologias mais frequentes em obras desse porte, além de identificar a importância da elaboração de projeto estrutural e especificação de materiais utilizados na construção, ratificando a melhoria da qualidade na execução de obras quando se tem uma equipe formada por profissionais qualificados. Para alcançar o objetivo principal desse trabalho, foi realizado um Estudo de Caso em uma residência unifamiliar, com 2 pavimentos, com área de aproximadamente 140 m², na cidade de Juazeiro do Norte – CE. Nesta residência foram realizadas vistorias e ensaios não destrutivos. A análise das manifestações patológicas se deu através de comparação entre as patologias encontradas após a visita in loco e as patologias citadas na literatura. Como a residência foi construída há cerca de 8 anos, e ninguém reside no local, não foi possível obter informações precisas sobre a evolução de algumas manifestações patológicas. Os proprietários do imóvel informaram que não foi contratado nenhum profissional habilitado da área da construção civil para a execução da obra, bem como também não foi realizado nenhum tipo de projeto, confiando apenas na experiência do mestre de obra. Durante a inspeção visual foi possível detectar deformação na laje; deslocamento de viga (flecha) na área da cozinha; cobrimento indevido, propiciando a não proteção da armadura da laje (armadura exposta); deslocamento vertical separando a estrutura (viga) do elemento de vedação (alvenaria); destacamento de piso cerâmico; fissuras horizontais, verticais e inclinadas, além de infiltrações. O surgimento das manifestações patológicas pode estar relacionado à falta de manutenção periódica, mas, principalmente, deve estar atrelado a ausência de projeto (erro de dimensionamento, especificação de cobrimento incorreto) e problemas de execução. Não foi realizada uma análise orçamentária para mensurar o custo para recuperação e reforço das estruturas, mas é possível concluir que as manifestações patológicas encontradas poderiam ter sido evitadas se a obra fosse executada por um profissional adequado.
Palavras-chave: inspeção visual, edificação, manifestação patológica.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Corpo de prova com áreas carbonadas. ........................................................... 16
Figura 2: Origem das manifestações patológicas em relação às etapas construtivas
de um edifício. ........................................................................................................................ 18
Figura 3: Classificação de aberturas em estruturas de concreto e alvenarias. ........... 20
Figura 4: Fissura de flexão em balanço. ............................................................................ 21
Figura 5: Fissura de flexão. .................................................................................................. 21
Figura 6: Fissura de compressão localizada ou flambagem de armadura. ................. 22
Figura 7: Fissura de flexão. .................................................................................................. 22
Figura 8: Fissura causada por sobrecarga vertical. ......................................................... 23
Figura 9: Fissuras típicas, sob ação de sobrecargas. ..................................................... 23
Figura 10: Localização da Torre de Pisa. .......................................................................... 25
Figura 11: Edifícios Mahembi e Paineiras, na orla de Santos........................................ 26
Figura 12: Lei de Sitter. ......................................................................................................... 29
Figura 13: Localização da residência. ................................................................................ 31
Figura 14: Fachada da residência. ..................................................................................... 32
Figura 15: Planta baixa do pavimento térreo. ................................................................... 33
Figura 16: Planta baixa do pavimento superior. ............................................................... 33
Figura 17. Manifestações patológicas encontradas e sua localização na residência
em estudo ............................................................................................................................... 34
Figura 18: Flambagem de laje e viga. ................................................................................ 35
Figura 19: Localização da flambagem da laje. ................................................................. 35
Figura 20: Vigas com armadura exposta. .......................................................................... 36
Figura 21: Localização dos locais com armadura exposta. ............................................ 37
Figura 22: Rachadura entre viga e alvenaria. ................................................................... 37
Figura 23: Fenda localizada acima da escada. ................................................................ 38
Figura 24: Problemas no revestimento cerâmico. ............................................................ 39
Figura 25: Patologias em revestimento cerâmico, no pavimento superior. ................. 40
Figura 26: Patologias em revestimento cerâmico, no pavimento térreo. ..................... 40
Figura 27: Fenda na parede do quarto do casal. ............................................................. 40
Figura 28: Localização da Fenda. ....................................................................................... 41
Figura 29: Fissuras nos cantos de portas e janelas. ....................................................... 42
Figura 30: Fissuras inclinadas localizadas no pavimento superior. .............................. 43
Figura 31: Sistema artesanal de verga. ............................................................................. 43
Figura 32: Localização da manifestação patológica. ....................................................... 43
Figura 33: Infiltrações nas paredes. ................................................................................... 44
Figura 34: Infiltrações localizadas no pavimento térreo. ................................................. 45
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 10
2.1. GERAL ...................................................................................................................... 10
2.2. ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 10
3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................. 10
3.1. EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................... 10
3.2. IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ......................... 11
3.3. BENEFICIOS E EXIGÊNCIAS DA NBR 15575 ................................................. 13
3.4. PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................................................... 14
3.5. PATOLOGIAS OCASIONADAS POR SOBRECARGAS NA ESTRUTURA . 19
3.5.1. Sobrecargas em lajes ................................................................................... 21
3.5.2. Sobrecargas em pilares ............................................................................... 21
3.5.3. Sobrecargas em vigas .................................................................................. 22
3.5.4. Sobrecargas em paredes ............................................................................. 22
3.6. PATOLOGIAS NAS FUNDAÇÕES ...................................................................... 23
3.7. PATOLOGIAS OCASIONADAS NA UTILIZAÇÃO DA ESTRUTURA ............ 27
3.8. CUSTOS ................................................................................................................... 28
4. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 30
4.1. OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................... 30
5. RESULTADOS E DISCURÇÕES ............................................................................... 34
5.1. DESLOCAMENTO DE VIGA (FLECHA) ............................................................. 35
5.2. ARMADURA EXPOSTA ......................................................................................... 36
5.3. SEPARAÇÃO DE VIGA E ALVENARIA .............................................................. 37
5.4. DESTACAMENTO DE PISO CERÂMICO .......................................................... 38
5.5. FISSURAS HORIZONTAIS ................................................................................... 40
5.6. FISSURAS INCLINADAS ...................................................................................... 41
5.7. INFILTRAÇÕES ...................................................................................................... 43
6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47
9
1. INTRODUÇÃO
Com o avanço da tecnologia as técnicas aplicadas na construção civil
mudaram, juntamente com a comunicação, que se tornou mais rápida, o controle de
materiais passou a ser mais eficiente, os projetos mais detalhados, compatibilizados
com outras áreas, e com maior facilidade de modificação, ajudando os profissionais
a tomar decisões mais simples e seguras.
No Brasil, a NBR 15575-1: 2013, intitulada “Edificações Habitacionais —
Desempenho Parte 1: Requisitos Gerais” estabelece em seu Anexo D os prazos
mínimos de garantia recomendados para os elementos, componentes e sistemas do
edifício habitacional. Segundo ABNT (2013) os construtores têm que garantir por, no
mínimo, cinco anos a segurança e integridade de fundações, estrutura principal,
estruturas periféricas, contenções, murro de arrimo, paredes de vedação, estruturas
auxiliares, estrutura de coberta, estrutura das escadarias internas ou externas,
guarda-corpos, muros de divisa e telhados.
Com isso o consumidor/proprietário tem o direito de exigir qualidade e
durabilidade em seus imóveis, e a qualidade do imóvel deve estar presente não
apenas no ato da compra, mas também no decorrer do uso do imóvel.
As manifestações patológicas nas construções de pequeno ou grande
porte são geralmente originadas dos erros de alguma das etapas da obra tais como:
falha de projeto, problemas nas fundações, execução, material de má qualidade,
falta de manutenção periódica, entre outras.
“As patologias que hoje se observam só podem ser ultrapassadas com
um significativo investimento na fase de projeto, em particular no esforço de
compatibilização de materiais e de sub-sistemas construtivos” (MENDES DA SILVA,
2002, p.206), pois não adianta ter novas tecnologias e não ter profissionais
qualificados para coloca-las em prática, nem tanto ter projetos sofisticados e
profissionais da área de construção civil (engenheiros, tecnólogos e técnicos) que
não saibam executa-los.
Este tema está associado a grande frequência de surgimento de
patologias nas edificações devido à falta de manutenção periódica, falha em projeto
(erro de dimensionamento, especificação de cobrimento incorreto, etc.), na
execução, e até a inexistência de projeto. Logo o que motivou este estudo foi o
10
interesse em analisar as causas das patologias encontradas numa residência de
pequeno porte na cidade de Juazeiro do Norte-CE.
Diante disto, o presente estudo visa ampliar as discussões sobre o
referido tema, através dos trabalhos científicos publicados nos últimos anos,
abordando as técnicas mais difundidas para a correção dessas manifestações
patológicas após a identificação de suas causas.
2. OBJETIVOS
2.1. GERAL
Identificar as causas das patologias construtivas existentes em uma
residência de pequeno porte que impediram a mesma de apresentar um
desempenho mínimo exigido, para manter a vida útil da estrutura.
2.2. ESPECÍFICOS
Apresentar uma revisão bibliográfica sobre as patologias das construções.
Identificar a importância da elaboração de projeto estrutural e especificação
de materiais utilizados na construção.
Ratificar a importância da qualificação profissional como forma de melhorar a
qualidade da execução de obras.
3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.1. EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
A tecnologia na construção civil vem progredindo a cada dia buscando
maior eficiência, produtividade, qualidade e durabilidade. Este setor é responsável
pela geração de milhões de empregos partindo do pressuposto de que é uma das
maiores indústrias do mundo.
Segundo Ribeiro (2013, p.1) entre as tecnologias mais difundidas
destacam-se:
Os sistemas construtivos steel e wood frame, com excelente desempenho térmico e acústico, alto grau de precisão no processo fabril, pouca perda de materiais.
Os avanços nos sistemas de energias renováveis.
11
O desenvolvimento das pesquisas internacionais que aprimoram o desempenho de produtos como revestimentos e argamassas.
A tecnologia LED, que transformou a luminotécnica, a cenografia e a arquitetura de interiores.
A automação, que integra sistemas e proporciona o gerenciamento real de instalações corporativas e residenciais.
O retorno das lajes ajardinadas, conhecidas como coberturas verdes, com benefícios ecológicos e econômicos.
Os avanços na tecnologia da computação gráfica e nos sistemas de informação, possibilitando a criação do sistema BIM - Building Information Modeling, que abrange todo o ciclo da construção em uma mesma plataforma.
Com a utilização de novas tecnologias é possível aproveitar melhor o uso
de mão de obra, tempo e materiais, pois com a criação de softwares específicos é
possível assessorar e acelerar etapas da obra como orçamentos, projetos e
execução.
Os projetos, antes elaborados utilizando técnicas e ferramentas manuais,
agora são produzidos por softwares como CAD e CAM (Computer Aided
Design/Computer Aided Manufacturing) propiciam visualizações tridimensionais,
cálculos estruturais, simulações, evitando imprevistos durante a execução. Alguns
softwares com aplicações de renderização possibilitam uma visualização virtual
quase que real de objetos e ambientes, que facilitam, para os clientes, a escolha dos
detalhes da edificação quando acabada.
Já na execução são inúmeros os equipamentos que agilizam e evitam
retrabalho. Dentre os equipamentos pode-se observar: nivelador a laser, vibrador de
concreto microprocessado, guincho computadorizado e com sensores para evitar
acidentes, equipamentos de segurança, escoramento de alumínio, formas metálicas,
entre outras.
O BIM é um conceito que faz a interação de todos os processos
construção, buscando maior eficiência, menores erros, compatibilização dos
projetos, etc. Este conceito busca integrar todo o processo de produção em um só
modelo, ele é uma metodologia para gerenciar a essência do projeto e dados da
construção ou empreendimento no formato digital, podendo ser utilizado para
construção de quantitativos, orçamentos, cortes, layouts e elevações a partir de
plantas (BARRETO et al, 2016).
3.2. IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
12
A qualidade é um objetivo que se busca em qualquer área, não seria
diferente na indústria da construção civil onde cada dia que passa a exigência dos
consumidores aumenta fazendo com que as empresas busquem meios para atender
essas exigências de mercado.
Atualmente, a qualidade já é um critério adotado pela política de muitas organizações, seja qual for o ramo de atividade e qual a abrangência de atuação no mercado, seja público ou privado. Pode-se evidenciar também sua relação com as necessidades dos clientes, pois eles são o principal motivo da implantação dos processos organizacionais dentro das empresas. Portanto as organizações devem se empenhar em associar mais qualidade aos seus processos produtivos, porque além de propiciar a satisfação ao cliente, a prática da qualidade permite a racionalização dos processos e consequentemente o aumento da produtividade refletindo na competitividade (FRAGA, 2011, p.19).
Em busca de melhorar a qualidade na construção civil foram criadas
normas que definem princípios e requisitos mínimos para que determinado produto
seja entregue com a qualidade mínima exigida pelo consumidor.
A ABNT (2015), define, na ISO 9001, os princípios e as exigências
mínimas para implantar um sistema de gestão da qualidade num setor ou na
companhia inteira, com objetivo de melhorar a gestão de empresas e transferir
confiança ao consumidor de que os serviços da empresa estão sendo feito de modo
que a qualidade final esteja em conformidade com o que foi definido pela empresa.
Para conseguir esta certificação, almejada por muitas empresas, é
necessário cumprir todos os requisitos previstos na norma. É importante ratificar que
esta certificação não é exclusiva da construção civil. Ela pode ser implantada em
empresas públicas ou privadas, independente do setor, produto ou serviço ofertado.
Por outro lado, também existe a NBR 15575, que trata do desempenho
das edificações habitacionais. Esta norma entrou em vigor em 2013 trazendo com
ela direitos e deveres para construtoras e consumidores, e também índices, limites e
parâmetros de vida útil e prazos de garantia. Vida útil é definida por Helene (1993,
p.50) como “o período de tempo no qual a estrutura é capaz de desempenhar as
funções para as quais foi projetada”. Enquanto desempenho é entendido como “o
comportamento em serviço de cada produto, ao longo da vida útil, e a sua medida
relativa espelhará, sempre, o resultado do trabalho desenvolvido nas etapas de
projeto, construção e manutenção” (MOREIRA DE SOUSA E RIPPER, 1998, p.17).
13
3.3. BENEFICIOS E EXIGÊNCIAS DA NBR 15575
A NBR 15575 – Desempenho de Edificações Habitacionais veio com
medidas que obrigam as construtoras a entregarem ao consumidor um produto final
que tenha o nível de desempenho especificado em projeto.
Esta norma trata de critérios e requisitos para obter e fiscalizar a
qualidade dos sistemas tratadas em cada parte dessa norma, que se divide em seis
partes:
Parte 1: Requisitos gerais de obra;
Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;
Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedação verticais internas e externas;
Parte 5: Requisitos para sistemas de cobertura;
Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.
Segundo a ABNT (2013) norma estabelece requisitos que cada sistema
tem que apresentar, e orientações de ensaios para examinar seu desempenho
global. Por exemplo:
As residências devem apresentar segurança, habitabilidade, sustentabilidade,
nível de desempenho.
Os sistemas estruturais devem apresentar um nível específico de segurança
contra ruina, considerando-se as combinações de carregamento de maior
probabilidade de ocorrência.
Os sistemas de pisos devem resistir aos impactos previsíveis nas condições
normais de serviço sem apresentar ruina, apresentar estanqueidade, segurança,
desempenho térmico e acústico.
Os sistemas de vedações verticais internas e externas não devem apresentar
fissuras sob ação de cargas devidas a peças suspensas, demonstrar segurança
conta incêndio, durabilidade e acessibilidade.
14
Os sistemas de cobertura devem suportas as cargas transmitidas por pessoas e
objetos nas fases de montagem ou de manutenção, manifestar desempenho
lumínico, adequação ambiental.
As peças de utilização dos sistemas hidrossanitários não devem possuir cantos
vivos ou superfícies ásperas, saúde, durabilidade, manutenibilidade, higiene e
qualidade do ar.
Portanto, as construtoras terão que seguir os padrões mínimos
estabelecidos na NBR 15575, baseados no desempenho e na durabilidade dos
sistemas, garantindo aos consumidores segurança jurídica e qualidade no produto
final, e também serve como um indicador para o mercado da construção civil.
3.4. PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Segundo Thomaz (1989, p.15) “a evolução da tecnologia dos materiais de
construção e das técnicas de projeto e execução de edifícios evoluíram no sentido
de torna-los cada vez mais leves, com componentes estruturais mais esbeltos,
menos contraventados”, isso proporciona às edificações um custo menor e uma
execução mais rápida.
Entretanto, Lapa (2008, p.7) afirma que “a velocidade com que o mercado
da construção civil se expandiu acabou incentivando a adoção de técnicas
construtivas ainda não tão aprimoradas, além de obrigar a contratação de mão-de-
obra de baixa qualificação” (LAPA, 2008, p.7). Com a necessidade de construir mais
rápido, o surgimento de falhas nos processos construtivos, tanto no projeto quanto
na execução ficaram mais frequentes. Essas falhas possivelmente serão a causa do
surgimento de patologias construtivas.
As falhas construtivas estão frequentemente relacionadas à fase de
execução, escolha dos materiais, inexperiência técnica entre outras. As
manifestações patológicas que ocorrem nessas fases podem ser facilmente
encontradas em obras de pequeno porte que, muitas vezes, não tem um
acompanhamento técnico profissional, e existe deficiência nas especificações de
materiais utilizados na construção, bem como ausência de detalhamento dos
projetos complementares.
15
A responsabilidade dessa etapa é do engenheiro ou do construtor que
executou a obra. A seguir estão as principais falhas nas fases de projeto, execução
e utilização relatadas por Olivari (2003).
Projeto: Falta de detalhes, erros de dimensionamento, não consideração do efeito, térmico, divergência entre os projetos, sobrecargas não previstas, especificações do concreto deficiente e especificação de cobrimento, incorreto. Execução: Erro de interpretação dos projetos, falta de controle tecnológico, uso de concreto vencido, falta de limpeza ou estanqueidade das formas, falta de saturação das formas, armadura mal posicionada, falta de espaçadores e pastilhas para garantir o cobrimento, segregação do concreto por erro de lançamento, falta de cura ou cura mal executada, erros de vibração.
Utilização: Sobrecarga não prevista em projeto, danificação de elementos estruturais por impactos, falta de programa de manutenção adequado, carbonatação e corrosão química ou eletroquímica, ataque de agentes agressivos, erosão por abrasão.
De acordo com ABNT (2013) na NBR 15575 – Desempenho de
edificações habitacionais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é uma
exigência econômica do usuário, pois está diretamente associada ao custo global do
bem imóvel. A vida útil de um produto é concebida entre o princípio do uso até o
instante que a mesma deixa de cumprir as funções exigidas pelo usuário pré-
estabelecidas. A durabilidade de um produto encerra quando deixa de desempenhar
suas finalidades seja por degradação ou obsolescência.
Torres e Nunes da Silva (2015, p.42) afirmam que “uma edificação está
constantemente submetida à ação de diversos agentes agressivos como calor,
umidade, ação de ventos, sobrecargas, que irão, com o tempo, produzir desgastes,
obsolescência e sua fadiga”. Isso favorecerá a surgimento de manifestações
patológicas em construções que não assumiram as precauções necessárias para
amenizar a ação desses agentes agressivos.
Um dos aspectos que também deve ter uma atenção significativa são os
materiais utilizados na construção ou na recuperação das estruturas. Segundo
Moreira de Sousa e Ripper (1998, p.8) “a correta utilização dos materiais em
construções novas pode evitar o surgimento prematuro de sintomas patológicos”.
Portanto a escolha correta dos materiais será uma parte crucial da obra, visto que
cerca de 1/5 das manifestações patológicas são originadas da má qualidade dos
materiais utilizados nas construções (HELENE, 1992), afetando assim a segurança,
durabilidade e vida útil da estrutura.
16
Os problemas da construção civil podem ser encontrados em quase todas
obras, em forma de pequenas fissuras até uma grave corrosão de armaduras,
porém, a maioria das pessoas que não estão, diretamente, ligadas a construção civil
não tem ciência que aquele problema é considerado como uma manifestação
patológica.
Para Costa (2009, p.14), “Patologia é a ciência da Engenharia que estuda
sintomas, mecanismos, causas e origens dos chamados defeitos das construções
civis”. Essas patologias são anomalias que surgem em diferentes pontos da
estrutura que comprometem o desempenho da mesma, causando “incômodos para
aqueles que irão utilizar a obra segundo o fim para que foi feita, tais como pequenas
infiltrações até grandes problemas, como trincas, fissuras, corrosão de armaduras,
danos por umidade excessiva na estrutura. (HELENE,1992).
Segundo Granato (2002), a corrosão das armaduras do concreto armado
é um dos fatores de degradação das construções, mas existem outros que
degradam em menor intensidade, tais como as variações de temperatura, reações
químicas, vibrações e erosão. Portanto é preciso analisar corretamente as causas
para aplicar a intervenção adequada para que não haja problemas futuros.
O método de fenoftaleina é utilizado para saber a profundidade da frente
de carbonatação em elementos estruturais, que apresenta-se normalmente como
um sólido em pó branco ou em solução alcoólica como um líquido incolor. É
insolúvel em água, porém solúvel em etanol (álcool etílico). Quando presente em
ambientes alcalinos apresenta coloração violeta, porém em ambientes ácidos
apresenta-se incolor. Como mostra a Figura 1.
Figura 1. Corpo de prova com áreas carbonadas.
17
Fonte: WERLE, KAZMIERCZAK, KULAKOWSKI, 2011.
Segundo Sena Costa et al (2018, p.12) “O 𝐶𝑂2 em meio aquoso e em
contato com os produtos hidratados do cimento Portland ocasiona um processo
chamado carbonatação”. Assim a carbonatação pode ser entendida como a
interação do hidróxido de cálcio presente no concreto com o gás carbônico presente
no ambiente, essa reação gera o carbonato de cálcio, que reduzira o PH do
concreto.
Tanto no meio técnico quanto em meio aos leigos (em relação à
construção civil), os termos patologia e manifestação patológica são frequentemente
usados de forma incorreta, tendo um equívoco no emprego de cada termo. Para
Oliveira (2012, p.9) manifestação patológica “é a expressão resultante de um
mecanismo de degradação. Já a patologia, é uma ciência formada por um conjunto
de teorias que serve para explicar o mecanismo e a causa da ocorrência de
determinada manifestação patológica”.
Usualmente o termo mais utilizado é patologia (ciência que estuda os
mecanismos de degradação) quando na verdade poderia ser denominado de
manifestação patológica (consequência de um mecanismo de degradação).
Assim como os tipos de patologias as causas podem se associar a
diversas imperfeições na edificação como: sobrecargas, problemas com as
fundações, carência de armadura, retração do concreto, erro na execução de
elementos estruturais, etc.
Para Helene (1992, p.19) “patologia pode ser entendida como a parte da
Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos
defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o
diagnóstico do problema”. Já Gonçalves (2015, p.18) afirma que “patologias são
todas as manifestações cuja ocorrência no ciclo de vida da edificação venha
prejudicar o desempenho esperado do edifício e suas partes (subsistemas,
elementos e componentes)”.
O termo patologia da construção civil surgiu a partir da definição
encontrada na medicina que é o “estudo das alterações estruturais e funcionais das
células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou podem estar sujeitos a doenças
modificadoras do sistema” (FRANÇA et al, 2011, p.1).
18
As manifestações patológicas são originadas dos erros ocorridos em
alguma das etapas construtivas, a figura 2 mostra as fases da construção que
podem provocar uma manifestação patológica e a porcentagem que incidem em
cada etapa da construção.
Figura 2: Origem das manifestações patológicas em relação às etapas construtivas de um edifício.
Fonte: Helene, 1992.
Como mostra a figura acima, as fases de planejamento e projeto somadas
são responsáveis por 44% das manifestações patológicas, problemas que resolvidos
antes da execução da obra eliminaria metade dos problemas patológicos da
construção civil. Já as fases de execução e materiais irão refletir seus problemas no
momento da utilização do edifício, podendo ser confundida como manifestações
patológicas geradas através da má utilização.
Caso esses problemas patologias cheguem a estágios muito elevados,
como a seção a bitola do aço seja corroída excessivamente1, recalques2 não
1 Como a resistência à tração da estrutura está diretamente relacionada à área de aço, a corrosão da bitola de aço
e sua provável redução de seção, podem provocar alterações estruturais.
2 Segundo Moreira de Sousa e Ripper (1998, p. 49) “recalque é o deslocamento vertical, lento, que toda
edificação está sujeita durante a obra ou após a conclusão”. Podendo surgir fissuras devido o movimento
incomum dos elementos estruturais. Já ABNT (1996, p;3) na NBR 6122: Projeto e Execução de Fundações
4%
40%
28%
18%
10%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
PLANEJAMENTO PROJETO EXECUÇÃO MATERIAIS USO
Manifestações Patologicas
19
admissíveis, sobrecargas além do previsto em projeto, poderão levar a ruina da
estrutura, gerando perdas financeiras, que podem chegar a níveis bastante altos, e
perdas humanas, com valores imensuráveis. Um exemplo claro dessas perdas foi o
desabamento do Edifício Liberdade em 2012, com 20 pavimentos, que causou 17
mortes e ocasionou a queda de mais dois edifícios vizinhos, o Edifício Treze de Maio
com 5 pavimentos e o Colombo com 10 pavimentos (ABUNAHMAN E MACEDO,
2012).
Segundo Freitas, Alves e Marinho (2017) o conjunto residencial Manoel
Raimundo de Santana Filho na cidade de Juazeiro do Norte-CE apresentou várias
manifestações patológicas como: infiltração, trincas, fissuras, fendas, desplacamento
de cerâmicas, oxidação nas esquadrias, desplacamento de forro e eflorescência.
Outro exemplo de ocorrência de manifestações patológicas é o Cine
Teatro Central, que constitui uma das principais atrações turísticas da cidade de Juiz
de Fora em Minas Gerais. Segundo Barbosa et al (2011) a estrutura apresentou
vários problemas como: fissuras, recalques, manchas por causa da umidade e
infiltrações.
Problemas esses que danificaram um patrimônio cultural, que é um bem
de interesse para memória de um determinado local.
Existem várias classificações de patologias, as mais comuns são:
patologias de fundações, patologias ocasionadas por sobrecargas e patologias de
utilização. Esses temas serão tratados separadamente nos próximos itens.
3.5. PATOLOGIAS OCASIONADAS POR SOBRECARGAS NA ESTRUTURA
As patologias geradas por sobrecargas na estrutura “se manifestam
frequentemente por meio de fissuras” (PEREIRA, KUNH E NERBAS, p.72) onde as
causas podem estar associadas, por exemplo, à ausência de projetos e erro no
dimensionamento da peça estrutural.
A ausência de projetos na construção civil é um problema que se pode
observar facilmente nas construções sendo que o mesmo é de suma importância
menciona recalque diferencial como “relação entre as diferenças dos recalques de dois apoios e a distância entre
eles”. Isso acontece quando um apoio se desloca mais que o outro, gerando uma diferença de nível dos apoios.
Assim, os recalques não admissíveis podem ser entendidos como o movimento da estrutura que poderão causar
algum tipo de manifestação patológica na edificação devido o rebaixamento excessivo da fundação.
20
para o andamento e qualidade da edificação. Neles encontram-se especificações
técnicas que auxiliam o construtor no processo de execução e com os materiais que
serão utilizados.
São inúmeros os problemas que podem surgir devido à ausência de
projetos, por exemplo, a inexistência do mesmo no momento da construção propicia
o uso de materiais de má qualidade devido à falta de especificação de materiais,
logo as estruturas construídas poderão não apresentar um desempenho adequado e
consequentemente não resistiram as cargas que lhe forem aplicadas, apresentando
manifestações patológicas.
O erro de dimensionamento pode ser a causa de sobrecargas na
estrutura. O projeto estrutural deve “garantir que não haverá cargas que, durante a
utilização (vida útil) da estrutura, ultrapassem as que foram consideradas quando do
desenvolvimento do projeto” (MOREIRA DE SOUSA E RIPPER, p. 13).
Possibilitando a estrutura que seus elementos estruturais suportem as cargas que
serão aplicadas sem danificar a edificação.
Segundo Gonçalves (2015) o erro de dimensionamento de pilares foi a
principal causa do desabamento do Edifício Palace II no Rio de Janeiro em 1998.
Como sinalizadores que a estrutura não está em boas condições as fissuras são um
importante meio de identificar que algo está errado. As fissuras podem se manifestar
de diferentes formas e seu formato pode indicar a causa do problema.
Segundo Saliba Junior (2006) as aberturas em uma estrutura ou alvenaria
são classificadas como:
Fissura: até 0,5 mm de espessura;
Trinca: de 0,5 mm a 1 mm de espessura;
Rachadura: de 1 mm a 1,5 mm de espessura;
Fendas: maiores que 1,5 mm.
Para as futuras investigações serão utilizadas as classificações de
aberturas citadas por Olivari (2012), como identifica-se na Figura 3.
Figura 3: Classificação de aberturas em estruturas de concreto e alvenarias.
Anomalias Aberturas (mm)
Fissura x ≤ 0,5
Trinca 0,5 < x ≤ 1,5
Rachadura 1,5 < x ≤ 5,0
Fenda 5,0 < x ≤ 10
21
Brecha x > 10 Fonte: Olivari, 2012.
3.5.1. Sobrecargas em lajes
As fissuras em laje dependem das condições de contorno da laje. A figura
4 apresenta uma laje em balanço e a figura 5 uma laje com duas bordas engastadas
e duas bordas apoiadas. Ambas as fissuras podem ser decorrentes de armadura
insuficiente ou mal posicionada, comprimento de ancoragem insuficiente, retirada de
escoramento precoce, ou sobrecargas não previstas (THOMAZ, 1989; HELENE,
1992).
Figura 4: Fissura de flexão em balanço.
Fonte: Helene, 1992.
Figura 5: Fissura de flexão.
Fonte: Helene, 1992.
3.5.2. Sobrecargas em pilares
As fissuras em pilares são mais raras, porém podem ocorrer. Thomaz
(1989, p.56) afirma que as fissuras verticais nos pilares podem aparecer em “função
da grande diferença entre o modulo de deformação do agregado graúdo e do
modulo de deformação da argamassa intersticial”. A figura 6 mostra um exemplo de
fissuração em pilar devido à sobrecarga. É provável que exista um
subdimensionamento dos estribos (THOMAZ, 1989; HELENE, 1992).
22
Figura 6: Fissura de compressão localizada ou flambagem de armadura.
Fonte: Helene, 1992.
Helene (1992) ainda acrescenta que o mau adensamento do concreto,
carga superior à prevista e um concreto de resistência inadequada também podem
provocar essas fissuras.
3.5.3. Sobrecargas em vigas
As vigas apresentam fissuras por diversos motivos: esmagamento do
concreto; torção; cisalhamento, retração hidráulica, entre outras. A figura 7 mostra
exemplo de fissuração em viga devido a flexão, provocada devido à sobrecarga,
armadura e ancoragem insuficiente, ou armadura má posicionada durante a
execução (HELENE, 1992).
Figura 7: Fissura de flexão.
Fonte: Helene, 1992.
3.5.4. Sobrecargas em paredes
Em alvenarias Thomaz (1989) afirma que existem dois tipos de fissuras
mais comuns: verticais: quando a argamassa deforma devido o aumento de
tensões de compressão; horizontais: rompimento do elemento de alvenaria ou da
argamassa (Figura 8).
23
Figura 8: Fissura causada por sobrecarga vertical.
Fonte: Thomaz, 1989.
As fissuras também podem ser decorrentes de dimensões do painel da
alvenaria ou das aberturas (Figura 9), dimensões e rigidez de vergas e contravergas
(THOMAZ, 1989). Helene (1992) completa afirmando que o recalque das fundações
ou dos apoios das paredes também podem provocar fissuras.
Figura 9: Fissuras típicas, sob ação de sobrecargas.
Fonte: Thomaz, 1989.
3.6. PATOLOGIAS NAS FUNDAÇÕES
Segundo Milititsky, Consoli e Schnaid (2008) uma fundação adequada é
aquela que apresenta conveniente fator de segurança à ruptura e recalques
compatíveis com o funcionamento do elemento suportado. Garantindo assim que a
estrutura não entre em colapso e que o terreno não tenha deslocamentos verticais
diferenciados.
Fatores de segurança são utilizados para garantir que um determinado
objeto ou elemento estrutural suporte os esforços que lhe forem determinados em
projeto. Jamais podendo ser considerado como uma projeção de utilização, podendo
ser empregado somente para que o elemento seja usado com segurança.
24
O surgimento de patologias pode está associado a várias causas,
Milititsky, Consoli e Schnaid (2008) descrevem cinco fases que originam esses
problemas, e as possíveis causas.
Investigação do subsolo: ausência de investigação do subsolo,
investigação insuficiente, investigação com falhas, interpretação inadequadas dos
dados de programa de investigação, casos especiais.
Análise e projeto: problemas envolvendo o comportamento do solo,
problemas envolvendo os mecanismos de integração solo-estrutura, problemas
envolvendo o desconhecimento do comportamento real das fundações, problemas
envolvendo a estrutura da fundação, problemas envolvendo as especificações
construtivas, fundações sobre aterros.
Execução: os problemas nessa fase da obra estão ligados aos diferentes
tipos de fundações. Que necessitam de especificações precisas e detalhes de
materiais e procedimentos em conformidade com a boa prática.
Eventos pós-conclusão da fundação: carregamento próprio da
superestrutura, movimento da massa de solo decorrente de fatores externos,
vibrações e choques.
Degradação dos materiais: concreto, aço, madeira, rochas.
Patologia das fundações são falhas originadas geralmente por problemas
no solo, mas que podem ter outras causas como, por exemplo, a inexistência da
análise do solo, entre outras. As fundações são os elementos estruturais
responsáveis por distribuir as cargas do edifício para o solo (SANTOS, 2014), seu
desempenho no decorrer do tempo pode ser afetado por inúmeros fatores, como
mau dimensionamento, erro na execução da mesma e também pelo seu próprio
desgaste natural.
Um exemplo internacional de patologia em fundações é a torre de Pisa,
ponto turístico da Itália, que por sinal é a terceira mais antiga estrutura na praça da
catedral de Pisa, como mostra a Figura 10. Sua construção durou cerca de 200 anos
iniciado no ano de 1173, a inclinação da torre se iniciou durante a segunda parte de
sua construção, onde somente em 1993 começou o processo de estabilização da
estrutura (VELOSO DOS SANTOS, 2014.)
25
Figura 10: Localização da Torre de Pisa.
Fonte: BURLAND, JAMIOLKOWSKI e VIGGIANI, 2009.
Segundo Burland, Jamiolkowski e Viggiani (2009), a pressão média da
fundação é de 500kPa, portanto uma análise computacional detalhada do solo
mostrou que um dos lados da fundação apresentou pressão em torno de 1000kPa,
enquanto o outro lado demostrou uma pressão próximo de zero. Com isso percebe-
se que as fundações foram dimensionadas de forma errada causando recalques
diferencias.
Já no Brasil temos as Edificações de Santos, que apresentam um
desaprumo considerável. Segundo Dias (2009), o fato de que o solo de Santos
possui uma primeira camada de areia mediamente compactada, levou os
construtores a executar edifícios de 10 pavimentos ou mais em fundações diretas.
Aonde posteriormente viriam apresentar recalques diferenciais devido a presença de
camadas de argila marinha muito compressíveis (TEXEIRA, 1994).
A figura 11 mostra a inclinação do edifício Mahembi em direção ao edifício
Paineiras, na cidade de Santos.
26
Figura 11: Edifícios Mahembi e Paineiras, na orla de Santos.
Fonte: Silva Dias, 2010.
Considerando que a fundação é um elemento que fica no intermédio do
solo e a estrutura, seu desempenho está diretamente associado ao que acontece
com o solo devido às cargas que são aplicadas sobre ela. O desempenho desse
elemento estrutural pode ser afetado por inúmeros fatores desde o projeto até a fase
de pós-implantação. Problemas gerados nessas fases poderão interferir na
durabilidade e na vida útil do elemento estrutural.
Segundo a norma 6122 “A tensão admissível ou tensão resistente de
projeto, neste caso, é o valor máximo da tensão aplicada ao terreno que atenda às
limitações de recalque ou deformação da estrutura” (ABNT, 2010, p.21). A mesma
cita que a pressão admissível pode ser determinada por quatro critérios:
a) Por métodos teóricos; a pressão admissível será por meio das
teorias da mecânica dos solos, levando em consideração inclinações da carga do
terreno e excentricidades.
b) Por meio de prova de carga sobre placa; ensaio regulamento
segundo a ABNT NBR 6489, onde seus resultados apresentará uma curva pressão-
recalque onde figuram as observações feitas no início e no fim de cada estágio de
carga.
c) Por métodos semi-empíricos; são métodos que relacionam os
resultados de ensaios como SPT entre outros, com tensões admissíveis de projeto.
27
Existem situações que as manifestações patológicas estão ligadas a
diferentes tipos de solo que podem apresentar variação na volumetria ou
deformação. São os chamados solos problemáticos (expansivos e colapsíveis, entre
outros). Esses são exemplos de solos não saturados que podem ser encontrados
em locais com escassez de chuvas.
Segundo Ferreira, (1995, p.11 apud SOUZA, 2018, p.32)
“Os solos não saturados são aqueles em que os poros não estão completamente cheios de líquido (normalmente a agua) havendo também a presença de gases (normalmente o ar) [...] dados de observação de campo de muitas décadas mostram que a variação da umidade com a profundidade , em climas áridos e semi-áridos , não atinge a condição de saturação [...] Em outros casos, em que a precipitação pluviométrica induz o avanço da frente de umedecimento, pode preservar no perfil de umidade do solo a condição de não saturado.”
Solos expansíveis: Segundo Cavalcante et al (2006, p.1) “os solos
expansivos são solos não saturados que sofrem considerável variação volumétrica
quando sujeitos a variações na umidade. Portanto, seu comportamento é bastante
dependente da sazonalidade”, provocando movimentação na fundação e gerando
defeitos na construção.
Nos períodos que não há incidência de chuvas esses solos apresentam-
se na natureza com resistência alta. Com os períodos de chuvas eles tomam
características totalmente diferentes, “sendo este fenômeno associado a presença
de argilominerais particularmente montmorilonita e ilitas”.(CARVALHO, 2010, p.21).
Segundo Milititsky, Consoli e Schnaid (2008, p.42) existem três formas de
evitar os efeitos desse tipo de solo.
1° - isolar a estrutura dos materiais expansivos.
2° - reforçar a estrutura para resistir aos esforços provocados pelas forças
de expansão.
3° - eliminar os efeitos de expansibilidade.
Solos colapsíveis: para Carvalho (2010, p.19) “Os solos colapsíveis são
solos não saturados, quando são submetidos ao aumento da tensão e/ou teor de
umidade sofrem um rearranjo brusco das partículas e, consequentemente, redução
do seu volume”. Esse tipo de solo é formado geralmente por silte e areia, e trazem
dificuldades para implantação de edificações.
3.7. PATOLOGIAS OCASIONADAS NA UTILIZAÇÃO DA ESTRUTURA
28
Mesmo seguindo todas as normas técnicas e utilizando os materiais
especificados, a edificação ainda está sujeita ao surgimento de manifestações
patológicas, pois alguns elementos construtivos necessitam de manutenção
periódica e a não realização da mesma pode acarretar no surgimento de patologias
e possível redução da vida útil da edificação.
Segundo Moreira de Sousa e Ripper (1998, p.27)” de maneira paradoxal,
o usuário, maior interessado em que a estrutura tenha um bom desempenho, poderá
vir a ser, por ignorância ou por desleixo, o agente gerador de deterioração
estrutural”. Portanto o proprietário deve ser informado sobre as limitações e os
pontos onde a estrutura irá sofrer maior desgaste.
Normalmente essas adversidades acontecem por falta de conhecimento
técnico ou problemas financeiros, que em situações extremas pode levar a
demolição do edifício.
Manifestações patológicas relacionadas a sobrecargas podem surgir por
falta de manutenção na fase de utilização. Onde por exemplo se não for feita uma
manutenção periódica na edificação poderá acontecer o entupimento dos ralos ou
grelhas de uma laje de cobertura impedindo o devido escoamento da água para as
tubulações de drenagem. Com isso após as chuvas haverá um acúmulo de água no
local que resultará em uma adição de cargas na laje e de modo consequente na
estrutura.
Outro exemplo é a mudança das características do edifício, onde sua
finalidade estrutural for modificada, ocasionando à utilização de novos tipos de
elementos e objetos que sobrecarreguem a estrutura. Todas essas variáveis
resultaram em um acúmulo de carga na estrutura não previsto em projeto e
consequentemente o surgimento de manifestações patológicas na estrutura e
redução da vida útil da estrutura.
3.8. CUSTOS
França et al. (2001) mostra que nos EUA (Estados Unidos da América), o
custo anual com problemas relacionados à corrosão chega a 3,1% do PIB (Produto
Interno Bruto), o que totaliza US$ 276 bilhões, contra 3,5% no Brasil. Este valor
resultaria em R$ 41,3 bilhões gastos no Brasil com problemas referentes à corrosão
de armaduras.
29
Segundo Marques de Jesus (2008) o custo da reabilitação do Hotel São
Paulo localizado no cento de São Paulo contendo 21 pavimentos foi de R$
36.773,44. O mesmo foi construído na década 1940 projetado para atividades
hoteleiras, e com a reabilitação sua função foi destinada a finalidades habitacionais.
Recuperar uma habitação em níveis elevados de incidência patológica é
algo que deve ser analisado sucintamente, pois estes valores empregados na
recuperação poderão não compensar sendo mais viável a demolição do imóvel.
Em relação à recuperação das manifestações patológicas, quanto mais
rápido forem executadas originarão resultados significativos para a edificação tanto
na parte financeira quanto na estrutural. Segundo a lei de Sitter o custo dessas
recuperações cresce exponencialmente em razão do tempo que será feita a
intervenção, e pode se comparar a uma progressão geométrica de razão cinco,
representada na figura 12, que mostra o crescimento dos custos em consequência
ao estágio da estrutura em que sejam realizadas as correções.
Figura 12: Lei de Sitter.
Fonte: Helene, 1992.
Pode-se analisar pela figura que as intervenções feitas na:
Fase de projeto: as medidas tomadas nessa fase resultaram em um
custo correlacionado ao número um.
Fase de execução: as medidas tomadas nesta fase com o objetivo de
ampliar a durabilidade da edificação acarretariam em um custo cinco vezes maior do
que as medidas tomadas na fase de projeto.
1 5 25 125
PLANEJAMENTO PROJETO MANUTENÇÃOPREVENTIVA
MANUTENÇÃOCORRETIVA
cust
o r
ela
tivo
Lei de Sitter
30
Fase de manutenção preventiva: as medidas tomadas para
manutenção da estrutura com o intuito de preservar as boas condições da mesma
durante sua vida útil poderão custar 25 vezes mais, caso as ações corretas fossem
realizadas na fase de projeto. E consequentemente podem ser cinco vezes mais
econômicas que uma manutenção corretiva.
Fase de manutenção corretiva: a manutenção corretiva tem um valor
bastante alto, podendo chegar a 125 vezes o custo das medidas que deveriam ser
tomadas na fase de projeto. Isso ocorre quando a estrutura apresenta manifestações
patológicas que precisam de um diagnóstico, reparo e reforço na edificação para
obter um nível de durabilidade adequada.
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente trabalho foi baseado em uma revisão bibliográfica sobre
patologias construtivas, por meio de artigos científicos, monografias, dissertações e
livros, abordando os tipos de patologias e sua incidência. A revisão bibliográfica teve
enfoque nas manifestações patológicas encontradas na residência que foi analisada,
visando identificar suas causas e tipos de manifestações.
A monografia foi realizada através do método de abordagem dedutivo,
tratando-se de um estudo de caso com o objetivo de descrever as prováveis causas
das manifestações patológicas encontradas numa edificação unifamiliar.
Para obtenção dos resultados foram realizadas visitas ao local
acumulando imagens dos problemas encontrados, informações junto aos
proprietários sobre os elementos estruturais, realizados ensaios não destrutivos
através do uso de fenoftaleina para identificar se as aberturas em elementos
estruturais estavam em processo de carbonatação.
4.1. OBJETO DE ESTUDO
A residência onde foi realizado o estudo de caso está localizada no bairro
Tiradentes na cidade Juazeiro do Norte-CE. Mais precisamente na rua Artesão
Manoel de Barros n°417, como mostra a figura 13.
31
Figura 13: Localização da residência.
Fonte: Google.
A edificação, cuja fachada está apresentada na Figura 14, tem um padrão
popular, que consiste em dois pavimentos, totalizando, aproximadamente, 140m². O
pavimento térreo (Figura 15) contém garagem, cozinha conjugada, área de serviço e
banheiro social, enquanto o pavimento superior (Figura 16) é composto por três
quartos, varanda e banheiro íntimo.
33
Fonte: o autor, 2018.
Fonte: O autor, 2018.
Figura 15: Planta baixa do pavimento térreo.
Figura 16: Planta baixa do pavimento superior.
34
A estrutura da residência é constituída por laje de 10cm de espessura,
vigas de 15x30 cm e pilares com dimensões de 15x20 cm. e as alvenarias externas
e de fechamento foram construídas com tijolos cerâmicos 9x19x19.
O empreendimento tem cerca 8 anos de idade, o proprietário optou por
construir a edificação sem projeto e a devida fiscalização, logo, alguns elementos
construtivos não foram construídos e outros mal executados. Um exemplo é a
inexistência de vergas e contravergas e estrutura mal dimensionada (pilares que não
obedecem à área mínima de concreto estabelecida pela NBR 6118/20033, fatores
esses que favoreceram o surgimento de trincas, rachaduras e fendas nas alvenarias
de vedação dos dois pavimentos.
5. RESULTADOS E DISCURÇÕES
A residência analisada foi construída em meados do ano de 2010, porém
segundo informações dos proprietários não foi contratado nenhum profissional
habilitado da área da construção civil como também não foi feito nenhum tipo de
projeto, confiando apenas na experiência do mestre de obra. Também não existem
registros da qualidade dos materiais utilizados na obra nem da execução.
Durante a execução, os proprietários se recusaram a concluir a obra a
partir do momento que a laje começou a ceder e posteriormente o surgimento das
primeiras manifestações patológicas, fazendo com que surgisse um sentimento de
insegurança em relação a estrutura. A seguir está a análise das manifestações
patológica encontras assim como os locais identificados como mostra a figura 17 e
as possíveis causas.
Figura 17. Manifestações patológicas encontradas e sua localização na residência em estudo
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS NA RESIDÊNCIA EM ESTUDO
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS LOCALIZAÇÃO EM LOCO
Flambagem de laje e viga Cozinha
Vigas com armadura exposta Sala e Cozinha
Rachadura entre viga e alvenaria. Embaixo da Escada
Problemas no revestimento cerâmico. BWC Intimo e Quarto Filho
Fenda na parede do quarto do casal Quarto do Casal
Fissuras nos cantos de portas e janelas Quarto do Filho e Quarto da Filha
Infiltrações nas paredes. Garagem e Cozinha Fonte: O autor, 2018.
3 Já existe a NBR 6118 atualizada em 2014, porém no ano da construção da residência em análise a norma em
vigor era a versão 2003.
35
Para uma explicação mais eficaz sobre a identificação das manifestações
Patológicas identificadas e dispostas na figura acima. Assim abaixo, será
apresentado todas anomalias encontradas.
5.1. DESLOCAMENTO DE VIGA (FLECHA)
A patologia principal, encontrada nesse estudo é o Deslocamento de Viga
(Figura 18), conhecido como flambagem.
Figura 18: Flambagem de laje e viga.
Fonte: O autor, 2018.
Como é visalizado na Figura 18 viga e laje flambaram, possivelmente por
causa de sobrecargas na laje, mau dimensionamento das armaduras ou pela
retirada precoce do escoramento, com isso a laje não suportou seu peso próprio e
flambou. Foi realizada uma medição com uma trena a lazer aferindo as distâncias do
piso ao centro da viga bem como nas extremidades da mesma, com a diferença de
alturas encontrada foi constatado que o elemento estrutural apresenta uma flecha de
5 cm.
Como pode ser visto na Figura 19 está manifestação patológica foi
encontrada em uma viga que está na cozinha no pavimento térreo.
Fonte
Figura 19: Localização da flambagem da laje.
36
Fonte: O autor, 2018.
5.2. ARMADURA EXPOSTA
A exposição das armaduras do concreto armado (Figura 20) pode ser o
ponto de partida para o processo de corrosão, pois o concreto é o responsável pela
proteção física da armadura contra os agentes agressivos (sulfatos, cloretos, 𝐶𝑂2,
entre outros), e química pela manutenção da passividade da armadura pois o
concreto apresenta um ambiente de pH alto, de ordem 12 a 13. (SENA COSTA et al,
2018).
Figura 20: Vigas com armadura exposta.
Fonte: O autor, 2018.
Como mostrado na figura 20 algumas vigas estão com armaduras
expostas podendo ser observado armadura positiva (a), estribos (c), e também o
processo de corrosão das armaduras.
Com o uso de fenoftaleina foi feito ensaios para identificar a profundidade
que a carbonatação atingiu em algumas vigas que apresentaram armaduras
expostas, com isso foi possível observar pequenas áreas com ambientes alcalinos
(b), após atingir 4cm de profundidade (d). Possivelmente devido ao tempo que as
vigas ficaram exposta ao meio ambiente ou pela porosidade excessiva do concreto.
É valido ressaltar que, segundo ABNT (2014) que trata do Projeto de
Estrutura de Concreto – procedimentos, uma laje maciça em concreto armado deve
apresentar, no mínimo, uma cobertura de 25mm para proteger o aço de possíveis
a) b)
4,0 cm c) d)
37
agentes corrosivos. No momento da visita as armaduras já foram encontradas sem o
cobrimento e que, provavelmente, não foi obedecida a recomendação da norma.
Como pode ser visto na Figura 21 está manifestação patológica foi
encontrada em algumas vigas do pavimento térreo e na laje de cobertura do
banheiro.
Fonte: O autor, 2018.
5.3. SEPARAÇÃO DE VIGA E ALVENARIA Outra manifestação patológica encontrada nesse estudo foi a separação
de viga e alvenaria, Figura (22).
Figura 22: Rachadura entre viga e alvenaria.
Fonte: O autor, 2018.
4,0 mm
Figura 21: Localização dos locais com armadura exposta.
38
A atuação de sobrecargas nas estruturas pode ocasionar deformação dos
elementos estruturais e sucessivamente o surgimento de manifestações patológicas,
geralmente expressadas por fissuras, rachaduras e fendas.
Com a grande deformação da viga mostrada na Figura 22 ouve a
separação entre a viga e a alvenaria produzindo uma fenda entre os elementos.
Utilizando um escalímetro foi possível observar que a fenda tinha 4mm de
espessura.
Com o auxílio de uma trena a lazer foi possível observar que o elemento
estrutural obteve uma flecha de 5 cm provavelmente provocada por sobrecargas,
logo a flecha causou a deslocamento da alvenaria, ou as juntas de concretagem
foram mal executadas.
Como pode ser visto na Figura 23 está manifestação patológica foi
encontrada na viga que fica acima da escada, no pavimento térreo.
Fonte: O autor, 2018.
5.4. DESTACAMENTO DE PISO CERÂMICO As manifestações patológicas no revestimento cerâmica (Figura 24) foram
umas das que tiveram maior incidência na edificação.
Figura 23: Fenda localizada acima da escada.
39
Figura 24: Problemas no revestimento cerâmico.
Fonte: O autor, 2018.
O provável movimento da laje na residência causou o surgimento de
manifestações patológicas tanto nos revestimentos cerâmicos quanto nas
alvenarias. Na figura 24 é possível observar cerâmicas estouradas (d) e a separação
entre o revestimento e o contrapiso (c) da residência. O revestimento cerâmico não
acompanhou o movimento da laje resultando no surgimento de manifestações
patológicas.
Ainda sobre a Figura 24 é possível encontrar descolamento cerâmico (a,
b) e som cavo em vários locais da edificação possivelmente causados por falhas no
processo executivo. Normalmente esse problema é causado pelo tempo de pega da
argamassa colante ter chegado ao fim e mesmo assim ser utilizada pela falta de
conhecimento técnico dos profissionais que executaram o revestimento. Pois muitos
profissionais utilizam um pano de argamassa muito grande, fazendo com que a
cerâmica não seja assentada no período adequado.
Como pode ser visto nas Figuras 25 e 26 está manifestação patológica foi
encontrada na viga que fica acima da escada, no pavimento térreo.
b) a)
c) d)
40
Figura 25: Patologias em revestimento cerâmico, no pavimento superior.
Fonte: O autor, 2018.
Figura 26: Patologias em revestimento cerâmico, no pavimento térreo.
Fonte: O autor, 2018.
5.5. FISSURAS HORIZONTAIS
Figura 27: Fenda na parede do quarto do casal.
5,1mm b) a)
c)
41
Fonte: O autor, 2018.
Como é apresentado na figura 27, é possível observar a gravidade da
fenda presente na parede (a), quem em determinado ângulo permite-se visualizar o
que está por traz da parede (b). Esta fenda indica grande movimentação da laje,
devendo ser observada e reparada imediatamente, para evitar maiores danos. No
decorrer do comprimento da abertura na parede, a maior espessura encontrada foi
de 5,1 mm.
Como pode ser visto na Figura 28 está manifestação patológica foi
encontrada no quarto do casal no pavimento superior.
Figura 28: Localização da Fenda.
Fonte: O autor, 2018.
5.6. FISSURAS INCLINADAS
As fissuras inclinadas (Figura 29) foram as primeiras manifestações
patológicas encontradas na residência, segundo relatos dos proprietários.
42
Figura 29: Fissuras nos cantos de portas e janelas.
Fonte: O autor, 2018.
As fissuras foram as primeiras manifestações patológicas encontradas na
residência, segundo relatos dos proprietários. As fissuras podem ser causadas por
vários motivos, “por movimentação térmica, movimentação higroscópica, por
atuação de sobrecargas, por deformação excessiva de estruturas, por recalque de
fundações ou até por alterações químicas” (OLIVEIRA, 2012, p.10).
Como mostra a Figura 29 é possível verificar rachaduras na diagonal,
essencialmente nos cantos de portas (c, d) e janelas (a, b). Esses tipos de
rachaduras são casos de patologias de execução. Segundo a análise causadas pela
inexistência de vergas e contravergas nas portas e janelas da residência.
Como pode ser visto na Figura 30 está manifestação patológica foi
encontrada nos quartos dos filhos no pavimento superior.
a)
c) d)
b)
43
Figura 30: Fissuras inclinadas localizadas no pavimento superior.
Fonte: O autor, 2018.
Tentando substituir o uso de vergas e contravergas nas portas e janelas
os profissionais quem executaram a obra utilizaram um tipo de amarração entre as
paredes empregando entre elas uma barra de aço com bitola de aproximadamente
6,3 mm. Como é mostrado na figura 31 esse sistema de amarração não teve êxito,
causando rachaduras e até o deslocamento de reboco da alvenaria.
Figura 31: Sistema artesanal de verga.
Fonte: O autor, 2018.
Como pode ser visto na Figura 32 está manifestação patológica foi
encontrada no quarto do filho no pavimento superior.
Fonte: O autor, 2018.
5.7. INFILTRAÇÕES
Figura 32: Localização da manifestação patológica.
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Ouve dois pontos de infiltrações (Figura 33) na residência, encontrados
no pavimento térreo.
Figura 33: Infiltrações nas paredes.
Fonte: O autor, 2018.
As infiltrações são as manifestações patológicas mais recorrentes nas
edificações junto com as fissuras em alvenarias, podendo ser originadas por
diversas causas como: elevado teor de água na construção das alvenarias,
fenômeno da capilaridade, condensação, precipitação, danificação dos sistemas
hidráulicos entre outros.
A Figura 33 apresenta infiltrações nas alvenarias encontradas em dois
locais da residência, uma delas (a) possivelmente originada pela danificação de
alguma tubulação de água fria que possibilitou a saída de água do seu interior e
posteriormente a infiltração da alvenaria.
E a outra (b) provavelmente do terreno pelo fenômeno da capilaridade,
causada pela hipótese da inexistência de impermeabilização das fundações.
Como pode ser visto na Figura 34 está manifestação patológica foi
encontrada na cozinha e na garagem no pavimento térreo.
b)
a)
46
O conteúdo dessa monografia está associado as manifestações na
patológicas encontradas em edificação, sendo apresentadas diferentes tipos de
patologias e suas principais causas, para poder analisar e identificar as causas de
manifestações patológicas uma vez que entendesse seu comportamento.
Após as revisões bibliográficas, levantamento de dados no local, ensaios
não destrutivos e a análise dos resultados pode-se observar que as causas da
maioria das manifestações patológicas encontradas na residência estão
possivelmente associadas a deformação da laje, mas também tendo outros fatores
como problemas executivos.
É notório que a inexistência do projeto estrutural influenciou na má
qualidade da laje, que resultou na deformação da mesma, que não suportou as
cargas atuantes, e consequentemente cedeu, provocando o surgimento de
manifestações patológicas ligadas a esse problema.
As patologias identificadas foram: sobrecargas em lajes e paredes,
problemas com o revestimento cerâmico, infiltrações na parte inferior das paredes,
rachaduras e fendas nas paredes, armaduras expostas e carbonatação de
elementos estruturais.
Notou-se também que os erros na fase de execução tiveram sua parcela
nos problemas encontrados na residência, muitas vezes causados pela falta de
conhecimento dos profissionais que executaram a obra. O trabalho apresentou
diferentes tipos de manifestações patológicas com a finalidade de poder identificar
suas causas através de uma inspeção visual do seu comportamento.
O fato de não ter procurado um profissional qualificado para realizar a
obra trouxe vários problemas tanto estruturais quanto financeiros, sendo este último
um item que não foi estimado nesse trabalho para quantificar os custos que seriam
gastos para recuperação da estrutura, mas sabe-se que teria que ter um
investimento além do planejado pelos proprietários por conta da não elaboração de
projetos e da falta de qualificação dos profissionais que executaram a obra.
As manifestações patológicas trouxeram problemas físicos, citados no
presente trabalho e problemas sociais e psicológicos, pois devido os problemas
encontrados a família se sentiu insegura, tendo que abandonar a construção e
procurar outra moradia.
Para dar prosseguimento aos estudos apresentados nesse trabalho,
recomenda-se analisar as possíveis soluções para as manifestações encontradas;
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criar projeto estrutural, para saber se há sobrecargas nos elementos estruturais; e
criar um orçamento para recuperação das manifestações patológicas encontradas
na residência.
REFERÊNCIAS
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