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Geral 19DIÁRIO CATARINENSE, SÁBADO, 5 DE DEZEMBRO DE 2009

Qual sua opinião sobre a rejeição pela

Câmara de Vereadores do projeto que vetava construções na Bacia

do Itacorubi?

A cidade ainda tem espaço para crescer?

Em que lugares é possí-vel crescer?

Em que lugares não se pode crescer?

Helio Bairros, presidente do Sin-dicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Florianópolis

l A Câmara de Vereadores agiu com responsabilidade. A cidade pre-cisa de crescimento sustentável baseado em segurança jurídica. O Plano Diretor diz que pode haver construções naquela área.

l Pode, mas com sustentabilidade. É preciso combater as construções ilegais. A sustentabilidade é base-ada na questão ambiental, econô-mica e social. Se um destes itens for comprometido, a cidade perde.

l Em todas as regiões, mas desde que as leis sejam levadas em con-ta. Nós temos um Plano Diretor que diz o que se pode e o que não se pode fazer.

l Nas dunas, nos morros, na beira dos rios e nos cursos de água. Estamos criando um novo Plano Diretor que atende aos interesses de ambientalistas, poder público, iniciativa privada e sociedade.

Paulo Douglas Pereira, diretor-executivo do Instituto Mangue Vivo

l É lamentável. Tínhamos a espe-rança de que houvesse uma mora-tória para encontrar um norte para seguir. O mangue do Itacorubi é esgoto a céu aberto. A vegetação é que reduz o mau cheiro.

l Pode crescer, mas com desenvol-vimento sustentável. Em outros países há pequenas ilhas onde os moradores vivem em harmonia com a natureza. Tem que planejar, crescimento desordenado não dá.

l Acho que poderia crescer em dire-ção ao Sul da Ilha, onde a popu-lação está concentrada em alguns pontos. Mas, é preciso frisar, sem-pre de forma ordenada.

l Acho que o Norte da Ilha não tem mais condições de crescer. Falta muita coisa, inclusive rede de es-gotos no local.

Margareth Afeche Pimenta, professora de Arquitetura e

Urbanismo da UFSC

l Precisaria ter um plano específico, com saneamento básico, água e um sistema viário. Isso não exis-te. Não adianta ir verticalizando e construindo prédio sem ter infra-estrutura.

l Depende de como crescer, não de quanto crescer. Toda a infraestru-tura tem que ser pensada, contan-do saneamento básico, abasteci-mento de água e sistema viário.

l Tem uma planície no Campeche e uma nos Ingleses em que poderia haver investimento. Mas eu defen-do o modelo europeu, com densi-dade média e uso das ruas, não o americano, com prédios altos.

l Nos morros, nas dunas, nos man-gues, nas laterais dos córregos e nas faixas de domínios das rodovias. No Bairro Serrinha, por exemplo, o morro foi sendo toma-do por prédios, além das favelas.

João Amin, vereador do PP

l Votei contra a moratória porque, se o prefeito quisesse suspender as construções por seis meses, o fa-ria com lei orgânica. Os malefícios na região ocorreram a partir de 2008, com o projeto na Câmara.

l Ainda pode. Mas em vez de proibir o crescimento em certas áreas, a prefeitura deveria incentivar as obras ecologicamente corretas. Entrei com um projeto para incen-tivar isso. Está sendo analisado.

l Em todas as áreas. Só que, pri-meiro, precisa-se investir em in-fraestrutura, saneamento básico e abastecimento de água.

l Não podemos frear o crescimento de uma região. A cidade é como um organismo vivo. Se fecharmos uma artéria, vai explodir em outros lugares.

Dário Berger, prefeito de Florianópolis

l Lamento. A sociedade perdeu e a construção civil ganhou. Perdemos a chance de parar o crescimento desordenado. E, com a demora na aprovação, houve uma avalanche na antecipação de obras.

l Sim. Mas precisamos crescer de forma sustentável, com uma ci-dade que pudesse ser submetida a um controle social de forma a garantir os preceitos básicos de sustentabilidade.

l Estamos relativamente saturados em todas as áreas. O Sul poderia crescer. Mas o acesso é ruim. Es-tamos resolvendo isso com o ele-vado do Trevo da Seta e com um acesso para o aeroporto.

l Uma cidade é um organismo vivo, não dá para parar este crescimen-to. Precisamos ordená-lo com medidas restritivas, sob pena de perder a sustentabilidade.

A situação, por regiões

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MAURÍCIO FRIGHETTO

Cláudio Alvim Barbosa, o Zi-ninho, descreveu Florianópolis como “Um pedacinho de terra, perdido no mar! ...”. As belezas “sem par” exaltadas pelo autor do Rancho do Amor à Ilha, o hino da cidade, misturam-se às casas, aos condomínios, aos prédios que se multiplicam sem cessar.

Este contraste voltou à tona após a rejeição pela Câmara de Vereado-

res, na quinta-feira, do projeto enca-minhado em 2008 pelo prefeito Dário Berger, que vetaria por certo tempo as construções na Bacia do Itacoru-bi. A região sofre com a especulação imobiliária, com congestionamentos e com a falta de saneamento básico.

A rejeição lembrou a reclamação dos moradores do Bairro Trindade,

em novembro, que criticaram a mu-dança de zoneamento na região. A al-teração permitirá a retirada do com-plexo prisional do local. Mas o espaço também poderá ser usado para cons-trução de prédios.

Tudo isso faz os moradores se perguntarem: afinal, até onde Flo-rianópolis pode crescer? O Diário Catarinense ouviu algumas pessoas envolvidas na questão. Confira:

Bairro Itacorubi, um dos que mais crescem. Ocupação do Morro do Quilombo (em primeiro plano) é intensa

jAM

ES TAVAR

ES, BD, 08/2007

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