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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Agosto de 2015 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 23 - Nº 147 - Agosto de 2015 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Câmara de Bagé e prefeitura de Caxias garantem contratação de jornalistas diplomados

Alcy Cheuiche e alunos da Oficina Literária visitam Piratini

Os caminhos trilhados por Nubia Silveira

SINDICATO

hISTórIA

perfIl

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Jornalista fala sobre referências dentro da profissão e os desafios que enfrentou por ser mulher numa época em que a maioria dos repórteres eram homens

As empresas de rádio e televisão não são proprietárias dos canais em que operam. Saiba como funciona a outorga e o seu uso político ao longo dos anos no Brasil.

Uso restrito de concessão

pública

Foto: reprodução/br.Freepik.com

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Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

eDITOrIAl

Encontram-se abertas as inscrições para uma nova turma do Curso Básico de Português, com início em agosto, ministrado pelo professor Landro Oviedo aos fins de semana. Os inscritos recebem apostila e ma-terial didático. Destina-se a inscritos em concursos

públicos, vestibulares e aperfeiçoamento. Com gra-mática, textos e noções de redação, inclui também a reforma ortográfica. Contatos e inscrições pelo telefo-ne (51) 4100-0040 ou pelo e-mail [email protected]. Sindicalizados recebem desconto especial.

Curso de Português com inscrições abertas

O mês de julho foi marcado por duas importantes conquistas para os jornalistas gaúchos. Ao mesmo tempo em que aguardamos a trami-tação da PEC do Diploma na Câma-ra dos Deputados, pedindo a volta da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para atuação na área, duas importantes cidades gaúchas demonstram respeito e reconhe-cimento aos profissionais da co-municação ao propor, em frentes distintas, a exigência de formação superior para atuação em órgãos públicos municipais.

Em Bagé, na região da Campanha, um projeto de lei, que contou com o apoio do Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS), garante aos jornalistas diplo-mados vagas em concursos públicos e cargos em comissão. É uma maneira de valorizar o trabalho ético que estes profissionais dedicam ao serviço públi-co e à população e também um respal-do ao curso de Comunicação Social da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), que há 20 anos forma jorna-listas qualificados para atuar na cidade e também em outros lugares.

Caxias do Sul, na Serra, também ma-nifestou o seu respaldo ao comunicador público e à informação de qualidade prestada por eles no âmbito da admi-nistração municipal. A partir de articu-lação do SINDJORS e do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul, a prefeitura se comprometeu em incluir a função de jornalista no seu plano de cargos e salários. A cidade, que conta duas universidades com curso na área, demonstra o entendimento de que a formação acadêmica é um importante aliado da credibilidade, principal ferra-menta de trabalho dos jornalistas.

Nesta edição do Versão dos Jor-nalistas, apresentamos ainda a pri-meira reportagem de uma série sobre concessão pública para emissoras de rádio e televisão. O processo, cuja res-ponsabilidade pela tramitação e fisca-lização está dividido entre os poderes Executivo e Legislativo em nível fede-ral, acaba funcionando como objeto de barganha política, indo de encontro à proposta de democratização da comu-nicação defendida pelo SINDJORS.

Milton SimasPresidente do SINDJORS

Onde o trabalho do jornalista vale mais

O Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) realiza em setembro o XX Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Eejai), even-to bienal preparatório para o Encon-tro Nacional de Jornalistas em Asses-soria de Imprensa (Enjai), marcado para outubro em Fortaleza, no Ceará, que tem como tema O Jornalista As-sessor de Imprensa e a Credibilidade das Informações na Era da Comuni-cação Digital.

Este ano, junto com o Eejai, o SIND-JORS realiza o 1° Fórum Gaúcho de Assessoria de Imprensa para o Setor Público, que fomentará um debate so-bre a formação de novos profissionais, além de abordar questões referentes ao posicionamento daqueles que já atuam no meio, tanto do ponto de vista ético como técnico, em função das exigên-cias do mercado com o incremento de novas tecnologias. Os encontros serão realizados nos dias 11 e 12 de setembro no City Hotel, em Porto Alegre.

Qualificação para comunicador público

ASSeSSOrIA De ImpreNSA

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SINDICATO Foto: Fernando marinho tolio/SindJorS

Caxias do Sul inclui jornalista em plano de cargos e salários

Autuada empresa denunciada por irregularidades trabalhistas

A Câmara de Vereadores de Bagé aprovou Projeto de Lei (PL) que exige formação superior para a contratação de profissionais que exerçam ativida-des em Comunicação Social nos po-deres Legislativo, Executivo e serviços terceirizados de órgãos públicos no município. Protocolado no dia 10 de junho deste ano e aprovado na ses-são plenária do dia 20 de julho, o PL nº 61/15, de autoria da vereadora Teia Pereira (PT), entrou em pauta, sen-do aprovado por 15 votos favoráveis e um contrário. Ele prevê que somente jornalistas diplomados possam atuar em órgãos públicos do município, seja para vagas oriundas de concurso públi-co, seja para cargos em comissão (CCs).

Em sua justificativa, a proposta fri-sa que a decisão do Supremo Tribunal

Federal (STF) de afastar a obrigatorie-dade do diploma aos jornalistas “in-correu, na prática, em um inexplicável retrocesso, na medida em que se pas-sou a exigir uma qualificação menor de profissionais afeitos a uma atividade extremamente complexa e delicada”. O projeto ainda destaca que “não faz sentido admitir que o próprio Estado desestimule a reflexão acadêmica em um país que avança significativamente no campo educacional”.

O presidente do Sindicato dos Jor-nalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Milton Simas, esteve na Câmara de Vereadores de Bagé no dia da vota-ção, quando fez a defesa do diploma de nível superior para o exercício da ati-vidade jornalística. Usando o exemplo do curso de Comunicação Social da

Homologado acordo com a Enfato

Bagé garante contratação de profissionais formados

O acordo firmado entre o Sindica-to dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e a Enfato Agência de Notícias, empresa de as-sessoria de imprensa, foi homologado pela Justiça. Com isso, os jornalistas contratados pela empresa deverão ser enquadrados na convenção coletiva da categoria e a Enfato deve passar a cumprir, a contar do dia 1º de julho, a carga horária prevista nos artigos 303 e 304 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e pagamento do piso salarial. A partir de agora, jornalistas que exerçam funções específicas da categoria não poderão ser contratados com outro cargo.

A função de jornalista profissional diplomado será incluída no plano de cargos e salários da Prefeitura de Ca-xias do Sul. O anúncio foi feito em reu-nião no dia 29 de julho pelo prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) durante audiência com representantes do Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS).

A mobilização do Sindicato envol-veu também articulação com João Dorlan, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul. Assim que o Executivo concluir a elaboração do plano, ele será aprecia-do pela entidade de classe e, na sequ-ência, irá para Câmara de Vereadores para sua votação.

Universidade da Região da Campanha (Urcamp), salientou o senso de ética e responsabilidade social construído dentro dos bancos acadêmicos. “Além de garantir transparência da divulga-ção das informações do poder público,

deve-se respeitar a história da faculda-de de jornalismo, que a cada semestre forma pessoas capacitadas para o mer-cado”, pontuou. O projeto segue agora para sanção do prefeito Dudu Colombo (PT).

Decisão vale para cargos em Jornalismo vinculados a órgãos públicos do município

Texto passará por avaliação do SINDJORS antes de ser votado na Câmara

Grupo deverá pagar multa por infração cometida

Em mais uma ação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grane do Sul (SINDJORS), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontou 13 irregularidades trabalhistas cometidas pelo jor-nal Folha de Caxias, em Caxias do Sul. As denún-cias chegaram à entidade através dos jornalistas, que convivem com problemas relacionados ao des-cumprimento de carga horária e atrasos no paga-mento, além de casos de assédio moral. A inspeção foi realizada em julho.

O auditor-fiscal do trabalho Vanius João de Araujo Corte, que acompanha o caso, explica que cada auto de infração atinge a um item da legislação trabalhista, o que gera multa ao empregador. “Fica-mos surpresos com as infrações, muitas delas cor-riqueiras, coisas que não se espera de uma empresa desse segmento”, comenta. Corte chama atenção para a principal dificuldade encontrada para for-malizar denúncias como esta, que é justamente a omissão do trabalhador. A orientação é que se bus-

que o Sindicato da categoria ou o MTE para relatar os casos assim que observar esse tipo de atitude. “É importante que não fiquem isolados, pois esse é o objetivo do assedio moral”, alerta.

As autuações que dependiam apenas de prova do-cumental foram feitas, e as que dependem do relato de testemunhas, como é o caso para assédio moral, aguardam a realização de inquérito, que será reali-zado a partir de uma representação do Sindicato dos Jornalistas ao Ministério Público do Trabalho. Pro-fissionais que observem irregularidades trabalhis-tas nas empresas onde atuam devem encaminhar sua denúncia ao Sindicato dos Jornalistas ou ao MTE, que orientará sobre as medidas a serem ado-tadas em cada caso.

Entre as irregularidades identificadas no jornal Folha de Caxias estão deixar de conceder ao em-pregado um dia de descanso remunerado para cada seis dias trabalhados e manter o empregado traba-lhando no período destinado ao gozo de férias.

Foto: Ícaro de campoS/preFeitura de caxiaS do Sul

Foto: milton SimaS/SindJorS

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CONCeSSÕeS De rÁDIO e De TeleVISÃO

O assunto é amplamente conhecido e debatido entre jornalistas e estudantes de comunicação, mas é pouco claro para a população em geral. As frequências de rádio e televisão abertas no Brasil operam por meio de concessões públicas, semelhantes às concedidas para a exploração e distribuição de energia elétrica ou manutenção de rodovias. Ou seja, as emissoras, como pessoa jurídica, não são proprietárias dos canais em que operam. Elas têm a permissão para utilizar estas frequências durante um período determinado pelo contrato firmado entre o poder concedente (governo federal e congresso) e as concessionárias (empresas).O conteúdo dessas emissoras trafega pelo ar, no que é chamado de espectro eletromagnético e que, por ser limitado, é entregue ao Estado o poder de regulamentar o seu uso, conforme pode ser observado na alínea A do inciso XII do artigo 21 da Constituição Federal: “Compete à União (...) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão (...) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens”.Nas próximas edições, o jornal Versão dos Jornalistas apresentará uma série de reportagens sobre as concessões públicas de rádio e TV, as irregularidades envolvendo a obtenção e renovação do direito de usufruir dos canais, a prática ilegal de venda, troca e aluguel de prefixos. Também mostrará o que a lei diz sobre os monopólios e oligopólios, modelos aplicados em outros países e as discussões sobre a proposta de democratização dos meios de comunicação no Brasil.

Redemocratização mudou o processoAntes da redemocratização do país (anos

80), o processo começava no Ministério das Co-municações, que emitia e enviava diretamente ao presidente da República um ato de outorga. Durante a discussão da Constituinte de 88 e com o objetivo de tornar mais transparente a distribuição dos canais, a responsabilidade des-te ato passou a ser partilhada entre a União e o Poder Legislativo. Rádios recebem concessão para atuar por dez anos e emissoras de televi-são por 15 anos. A renovação não é automática e o pedido deve ser feito de três a seis meses* antes do fim das outorgas.

Atualmente, o processo de concessão e reno-vação para rádios e TVs comerciais começa no ministério, segue para a Secretaria de Relações

Institucionais e depois vai para o Congresso. Na Câmara dos Deputados, entra na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informáti-ca (CCTCI) e de lá vai para a Comissão de Cons-tituição e Justiça (CCJ), que tem poder final sobre a confirmação da outorga. Por lá, passam todos os processos. Depois da Câmara, o pro-cesso ainda segue para o Senado, onde passa por comissões similares, para só depois receber a autorização de funcionamento.

*Tramita no Congresso um Projeto de Lei 1107/15, que permite que as emissoras de rádio e TV apre-sentem pedido de renovação de suas outorgas de

três a nove meses antes do seu término. O texto foi aprovado pela CCTCI em 15 de julho.

Mesmo com exigência de processo de licitação, distribuição de outorgas continua atendendo interesses políticos

Foto: reprodução/br.Freepik.com

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Na obra “Enxada e Voto”, publicada em 1948, o juris-ta Victor Nunes Leal utiliza o termo coronelismo para nomear o sistema político vigente durante o período da República Velha no Brasil (1889-1930). A partir de releitura histórica, o livro explica como o mandonismo local se misturava aos altos escalões das estruturas de poder. Posteriormente, o termo foi adaptado por estu-diosos da área para coronelismo eletrônico, atendendo às novas instituições de poder observadas atualmente no cenário político nacional, como referência aos par-lamentares que se tornam proprietários de empresas concessionárias de rádio e televisão.

No artigo “As brechas legais do coronelismo eletrô-nico”, publicado na revista Aurora, da PUC-SP, Venício Artur de Lima observa que essa prática exige o compro-misso da participação recíproca, tanto do poder conce-dente como do concessionário. Ele destaca que emissoras de rádio e televisão, “articuladas com as redes nacionais dominantes, dão origem a um tipo de poder agora não mais coercitivo, mas criador de consensos políticos”.

Na avaliação do autor, o controle das concessões facilita a promoção do próprio político e seus aliados, deixando de lado a expressão dos adversários. Sendo o espaço na mídia importante fator de construção da opinião pública, Lima entende que, no novo modelo de coronelismo, “a moeda de troca continua sendo o voto”. Por outro lado, o poder concedente também tem a sua recompensa, conforme destaca o pesquisador, ao bus-car através desse sistema de trocas a garantia antecipa-da de apoio político.

Lima conclui em seu artigo que o coronelismo ele-trônico “se constitui num dos principais obstáculos à efetiva democratização das comunicações” através do reforço dos vínculos existentes entre as emissoras de rádio e televisão e as oligarquias políticas locais e regio-nais na maior parte do país. Para o estudioso, também preocupa o fato de que os representantes das emissoras participem da instância de poder que outorga e reno-va as concessões desse serviço público e, mais que isso, aprova todas as leis que regem o setor.

Concessão como moeda de trocaMesmo tendo sido regulamentada

pela Constituição Federal em 1988, a distribuição e renovação das conces-sões públicas na mídia é historicamen-te conhecida pelo papel que cumpre como moeda de troca no meio político. Conforme observa o autor e pesqui-sador em comunicação Venício Artur de Lima, em trabalho realizado com o Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), a partilha da res-ponsabilidade entre os poderes Execu-tivo e Legislativo foi considerada, na época, um importante avanço no sen-tido da democratização das comunica-ções no Brasil.

Também o artigo 175 da Constitui-ção fala sobre o tema, ao exigir a reali-

zação de licitação para a concessão de serviços públicos. Regulamentada pela Lei 8666/1993, a norma do artigo 175 foi estendida ao serviço público de ra-diodifusão pelo Decreto 1720/95, que alterou o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão (Decreto 52.795/63). A partir de então, as outorgas de radiodi-fusão só poderiam ser feitas por meio de licitação.

Contudo, na prática, o que se obser-va é a frustração do sentimento inicial de avanço democrático. Isso porque a nova prerrogativa conferiu diretamen-te a um grupo de políticos importante parcela do controle das instituições de mídia. Mesmo tendo a Constituição de 88, no artigo 54, proibido que deputa-

dos e senadores mantenham contrato ou exerçam cargos, função ou empre-go remunerado em empresas conces-sionárias de serviço público, um levan-tamento realizado pelo projeto Donos da Mídia, a partir de dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Ana-tel), aponta que, até 2008, 271 políti-cos estavam ligados a 324 empresas de comunicação no Brasil.

Ainda de acordo com a pesquisa, foi no governo de José Sarney (1985-1990) que mais se distribuíram outor-gas de rádio e TV. Ao todo, 527 conces-sões e permissões foram concedidas, especialmente para parlamentares que posteriormente votariam pela aprova-ção do quinto ano de seu mandato.

Lage vê falta de autonomia do governo

“A preocupação é não censurar, porque censurada já está”

Coronelismo eletrônico

Para o pesquisador em comunicação Nilson Lage, o problema existe na me-dida em que as concessões se tornam propriedade do concessionário. “Isso é um costume que se aplica também aos meios de comunicação”, observa. A situação, de acordo com o estudioso, atinge não só o Brasil, mas também os países vizinhos. Ele observa que, além da não observação legal na concessão de emissoras de rádio e televisão, tam-bém a linha editorial dos veículos tem origem no controle praticado pelos Es-tados Unidos. “É uma história de ocu-pação que se repete em toda a América Latina”, avalia.

No entendimento de Lage, o pro-blema não está no modelo que o Brasil segue, mas na falta de autonomia para gerir a distribuição do direito de ope-rar uma frequência. Contudo, ele acre-dita que, caso as concessões fossem

distribuídas regionalmente, existiria uma chance de impedir a formação de redes na mesma praça, garantindo as-sim a pluralidade dos meios de comu-nicação. Da maneira como é praticada hoje, as concessões acabam caindo na mão de grupos religiosos, o que é igual-mente preocupante do ponto de vista da democracia.

Estes motivos compõem o debate acerca da redemocratização dos meios de comunicação. “A preocupação é não censurar, porque censurada já está”, destaca Lage sobre a mídia hoje no Brasil. A referência tem como base o entendimento de que o noticiário é di-rigido de acordo com interesse dos gru-pos econômicos e políticos que estão no poder. “Não é uma discussão nem de esquerda ou direita. A comunica-ção tem a ver com os direitos humanos num sentido mais amplo”, defende.

O projeto Donos da Mídia identifi cou os políticos que possuem participação direta em emissoras de rádio e TV. Disponível emwww.donosdamidia.com.br

Foto: arQuivo peSSoal

políticos ligados a empresas de

comunicação até 2008

2 7 1

5 2 7concessões e permissões

foram concedidas durante o governo de

José Sarney

1 5anos é o período

de concessão para emissoras de televisão

1 0anos é o período

de concessão para emissoras de rádio

Foto: reprodução/br.Freepik.com

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CAmpANhA De NegOCIAçÃO

A qualificação profissional dos jor-nalistas, trabalhadores que executam atividade ligada à cultura e ao conhe-cimento, deve ser incentivada pelos empregadores. Uma maneira de am-pliar as vantagens recebidas pela ca-tegoria é a adesão ao Programa Vale--Cultura, do Governo Federal.

A Lei 12.761/2012, que cria o Programa de Cultura do Tra-balhador, oferece um benefício de R$ 50 mensais fornecido pe-los empregadores aos seus fun-cionários que possuem vínculo empregatício formal. O valor é cumulativo, tem portabilidade e não tem prazo de validade, o que permite ao trabalhador consumir bens e serviços cultu-rais de maior custo.

Para o trabalhador, essa é uma pos-sibilidade de investir em si mesmo, com mais acesso à cultura, lazer e qua-lificação. Para a economia, representa

o aquecimento da cadeia produtiva cultural. Para o empregador, o grande ganho é a capacitação e a motivação dos funcionários a baixo custo: sobre o valor concedido no vale-cultura não incidem encargos trabalhistas. Além disso, as empresas poderão abater os valores desembolsados em até 1% do Imposto de Renda devido.

Entre os serviços e produtos que podem ser consumidos com o uso do vale-cultura estão ingressos de teatro, cinema, museus, espetáculos, shows e circo, CDs, DVDs, livros, revistas e jornais, cursos de audiovisual, dança, circo, fotografia, teatro, música, e lite-ratura, entre outros.

O Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) acredita e defende que as vantagens são boas para o traba-lhador e para empresa e luta para que a adesão ao vale-cultura seja incluída no acordo coletivo da cate-goria, para que nenhum jornalista fique de fora do programa.

Sindicato defende inclusão de benefícios em

acOrdO cOletivOEm suas Campanhas de Negociação

Coletiva, o Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) busca a inclusão de benefícios sociais no acordo da categoria. Uma pes-quisa realizada com os colegas das reda-ções e assessorias de imprensa revelou que, entre as principais reivindicações dos jornalistas gaúchos, estão incluídos o va-le-cultura e o vale-alimentação. Também é pedida a ampliação da licença-materni-dade dos atuais 120 para 180 dias.

Por isso, o SINDJORS pretende ex-por, de maneira permanente, os moti-vos pelos quais acredita que a inclusão

destes itens na pauta aporta para o me-lhor desempenho das atividades de ro-tina, contribuindo para a qualificação profissional e satisfação pessoal. Para começar, falamos das bandeiras defen-didas pela entidade na campanha de ne-gociação deste ano. Através da realiza-ção de dois abaixo-assinados, buscamos argumentos para apresentar às entida-des patronais que justificam interesse da categoria pela inclusão destes itens na pauta. Até o fechamento desta edi-ção, não houve acordo entre o Sindicato dos Jornalistas e as entidades patronais na negociação coletiva deste ano.

Um estudo apresentado por aca-dêmicos do curso de direito da Uni-versidade do Vale do Itajaí (SC) des-creve as vantagens físicas e psíquicas do aleitamento materno e explica a importância de se coincidir este pe-ríodo com o da licença-maternidade. Com o título A importância da ama-mentação e seus reflexos no merca-do de trabalho, Greicy Mandelli Mo-reira Rochadel e Mauro Bittencourt dos Santos destacam que o leite ma-terno possui todos os nutrientes que o recém-nascido necessita para seu desenvolvimento e os benefícios que o aumento da licença-maternidade de quatro para seis meses trazem para a mulher, para a criança e tam-bém para o empregador.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recomenda que os bebês sejam unicamente amamenta-dos nos primeiros seis meses de vida, o que significa que não devem rece-ber nada além do leite materno, nem mesmo água. Exceto nos casos mais raros, nenhum alimento ou líquido adicional é necessário.

A Unicef também orienta que a amamentação deve ser mantida até que o bebê tenha pelo menos dois anos de vida, mas, a partir dos seis meses, o leite materno deve ser com-plementado com alimentos sólidos apropriados. Com isso, a criança es-tará apta a aderir a uma nova rotina e a mãe se sentirá mais preparada e segura para retornar ao trabalho e, como consequência, apta a exercer suas funções de rotina, o que resul-

tará num índice maior de produtivi-dade.

A importância deste gesto é de co-nhecimento da população e ampla-mente divulgada pela mídia. Ainda assim, conforme aponta a pesquisa, observa-se uma desestrutura social para tratar o assunto, pois, ao mes-mo tempo em que se incentiva a amamentação exclusiva até os seis meses de idade, a CLT garante a li-cença-maternidade de apenas quatro meses.

A Lei 11.770/2008 cria o Pro-grama Empresa Cidadã. Des-tinado à iniciativa privada, prevê a prorrogação da licen-ça-maternidade dos atuais 120 dias para 180 dias, mediante concessão de incentivo fiscal ao empregador. A adesão à medida é facultativa e possibi-lita que a empresa deduza do imposto devido o total da re-muneração paga no período.

Com base nestas informações, o Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) pede que a adesão ao Pro-grama Empresa Cidadã seja incluída no acordo coletivo da categoria. A entidade entende que garantir maior tempo de convivência entre mãe e filho nos primeiros meses de vida do bebê é positivo para ambos, pois a criança se desenvolve melhor e a profissional terá mais tranquilidade quando retornar ao trabalho.

Seis meses é melhor para trabalhadoras e empresas

Vale-cultura está na pauta de reivindicações

imagenS: reprodução internet

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hISTórIA

A oficina de Criação Literária do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, realizada em parceria com o

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, proporcionou aos alunos uma viagem ao município de Pi-ratini, localizado na zona sul do Estado e ostentando o título de Primeira Capi-

tal Farroupilha. A edição deste ano tem como tema “A História da Imprensa no Rio Grande do Sul e no Brasil” e o pas-seio dos dias 27 e 28 de junho teve como objetivo realizar pesquisas de campo so-bre o tema das aulas.

A proposta, segundo o professor Alcy Cheuiche, é integrar os alunos à reali-dade com a qual estejam trabalhando.

“É importante que os escritores criem o hábito de ir até a fonte. O escritor tem que conferir, assim como faz o jornalis-ta, para escrever com veracidade”, des-taca. Dentro das atividades da Oficina Literária está a produção de contos, por parte dos alunos, que serão publicados em um livro e lançado na Feira do Livro de Porto Alegre.

Primeira caPital FarrOuPilharecebe alunos da Oficina Literária

Casa de Garibaldi é ponto turístico da cidade

Um dos mais importantes centros históricos do Brasil, a cidade de Piratini foi a primeira capital do Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha. A visita, realizada em parceria com a Secretaria de Cultura do município, contou com caminhada pela “Linha Farroupilha”, percurso com prédios, espaços urbanos e monumentos que mantêm rela-ção com a memória e história do município e do Estado. Os alunos foram acompanhados pela guia turística Francieli dos Santos Domingues, caracterizada como Anita Garibaldi.

Entre os pontos altos do passeio, esteve a visita à Casa de Giuseppe Garibaldi, onde o italiano morou quando do seu envolvimento na revolução. O local foi utilizado por Luigi Rosseti, também italiano, redator do jornal revo-lucionário O Povo, impresso na residência entre 1838 e 1839, sendo depois transferido para Caçapava junto com o Governo Farroupilha. No registro de suas memórias, Garibaldi faz referência à cidade e a hospitalidade do povo, que recebe o visitante com agrado mesmo sem de-sejar nada em troca. “Piratini é realmente um dos mais belos lugares do mundo”, relatou.

Experiência auxilia a escrever melhor

Amauri Antônio Confortin é contador, mas a proximi-dade com os números não afastou o seu interesse pela escrita. A relação surgiu a partir da leitura de assuntos que o interessavam na imprensa. “Mentalmente eu ras-cunhava uma resposta ao que tinha sido publicado e per-cebi que poderia praticar isso”, comenta.

Este é o motivo que o levou a participar da Oficina de Criação Literária. A viagem a Piratini foi motivada por outro propósito: conhecer aquilo que já sabe a partir de relatos. “Como li a história de Rosseti e sei que ele trou-xe a prensa do Uruguai, fiquei imaginando a carreta em frente à casa”, conta, ao descrever a emoção de visitar a sede da Primeira Capital Farroupilha.

Das particularidades do lugar, Confortin chama aten-ção para um fato que já tinha ouvido falar, de que o sol segue o caminho de uma das principais ruas da cidade, do nascente ao poente. Como o fim do passeio coincidiu com o fim da tarde, ele pode observar o fenômeno. “É bem diferente e marcante. Isso é fundamental para es-crever”, destaca.

Ruas de Piratini conservam o calçamento original, em caminho que

faz parte da “Linha Farroupilha”

Construção que abrigou a sede do jornal revolucionário O Povo e serviu de residência para Giuseppe Garibaldi é um dos principais lugares de visitação da cidade

Foto: milton SimaS/SindJorS

Foto: alexandro py/divulgação

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CONVêNIOS

NubIA SIlVeIrA

O jornalista é, por natureza, um con-tador de histórias de fontes normal-mente desconhecidas dos leitores. Para Nubia Silveira, graduada em jornalis-mo pela Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da UFRGS em meados de 1968 e dona de uma vasta e sólida bagagem profissional, a memó-ria vai além do que era publicado em jornais ou veiculado na mídia eletrô-nica. Ela coleciona, como poucos pro-fissionais da área, um rol de histórias engraçadas, amargas, conflituosas e voluntariosas de bastidores colhidas na passagem pelos diversos veículos e assessorias por onde circulou no Rio Grande do Sul e fora ele.

Nubia ingressou no Diário de No-tícias, do grupo Diários Associados, como estagiária e sem receber um tostão no início de 68, casualmente o ano do famigerado AI-5, que calou a sociedade e, naturalmente, a impren-sa. Quando colou grau, passou a rece-ber salário e pautas repassadas por um dos papas do jornalismo gaúcho, Celito De Grandi. “Ali, aprendi a técnica na profissão. Pegava um jipe e saía pela cidade à procura de alguma coisa. Era buraco, aeroporto e chegada de algum ministro, sempre com uma pergunta tradicional: qual o motivo de sua vin-da?”, conta a jornalista de 68 anos, sol-teira e moradora de Porto Alegre, em apartamento de três andares que divi-de com duas irmãs.

Conversar com Nubia, sempre ale-gre, entusiasmada e receptiva, é viajar no tempo e relembrar antigos colegas que trabalharam com ela no Diário de Notícias, na Folha da Tarde, na sucursal do carioca Correio da Manhã, em Zero Hora, no Diário Catarinense, na RBS TV, na TVE, no Jornal do Comércio e em O Sul, além da Agência Estado (Brasília) e em assessorias na área política (gover-no do Estado, Assembleia Legislativa, Prefeitura de Porto Alegre, Epatur - em-presa estatal de turismo da capital – e campanhas, entre outras). Por último,

“As mulheres eram um número”

no portal online Sul 21, onde foi repórter fixa em 2010 e 2011. Hoje é free-lancer no site e realiza outros projetos editoriais

Para chegar a um nível de excelência no jornalismo que a tornam admirada, a então jovem de 16 anos nascida no muni-cípio de Butiá abortou um desejo do seu pai, que desejava vê-la professora. Mas a própria história de vida dele, “muito soli-dário”, segundo Nubia, acabou moldan-do a jovem que fez o Clássico no Colégio Bom Conselho e tinha como fantasia de adolescente mudar o mundo. No prin-cípio, pensou em Direito Criminal, mas uma amiga que cursava Comunicação Social a fez mudar de ideia. “Resolvi fazer jornalismo porque parecia algo mais am-plo. Pensei: em vez de ajudar uma pes-soa, vou ajudar muitas de uma só vez”, conta, destacando que teve sorte porque

desde o início encontrou as pessoas cer-tas nos lugares certos.

Nubia tinha a ideia, também alimen-tada por muitos colegas, de que o jorna-lismo era uma missão. “Hoje não acho que seja. Trata-se de uma profissão na qual tenho que fazer tudo bem feito sem-pre”, frisa. Ela se considera uma privi-legiada que deu sorte, pois encontrou pessoas que não hesita em chamar de “maravilhosas”. Entre elas, cita Celito De Grandi, seu chefe no Diário de Notícias, no Correio da Manhã e, mais tarde, dire-tor na Assembleia; capitão Erasmo Nas-centes, que dirigiu a Folha da Manhã de 1969 a 1972; e os jornalistas Carlos Bastos, Olinto de Oliveira, Danilo Ucha, Raul Rubenich, Olyr Zavaschi, Nelson ‘Mola’ Ferrão, Valter Galvani, Clovis Otti, Luiz Figueiredo, TerezinhaTellini e

Pedro Maciel, entre muitos outros.Como se vê pela relação, quando

Nubia começou eram poucas as mu-lheres nas redações. Foi preciso mos-trar competência, profissionalismo e vencer o machismo. “Nós tivemos que nos impor. Na hora de entrevistar ho-mens, era uma barra, pois eles ficavam desconfiados. Imaginavam se estáva-mos lá para realmente entrevistar ou se era alguém que eles podiam ‘cantar’”, revela, frisando que foi um período em que era preciso mostrar que tinham ido para trabalhar e não para brincar.

Nubia conta que ela e suas colegas precisaram de muita audácia para en-trar na oficina, local em que o jornal era produzido industrialmente, reduto masculino na essência: a mulher que entrasse era malvista. No Diário de Notícia, o seu primeiro contato com um jornal, foi a prova de fogo, pois elas enfrentaram o ambiente quente - em to-dos os sentidos - e acabaram aceitas. No entanto, no mesmo jornal, as mulheres eram um número. Literalmente. “Na re-dação, éramos eu, a Ione Vieira, a Vera Zílio e a Helena Rouennau. O Olinto (Oliveira, chefe de redação) tinha esta mania de nos numerar. Não sei se não gravava o nosso nome ou fazia isso de propósito. Ele chamava: ‘Ei, moça, nú-mero um, dois, três... Eu era a quatro’”, conta, rindo de uma situação bem aceita na época. Não havia alternativa.

Apesar da admiração pelo Capitão Erasmo, Nubia quase não ingressou na Folha da Manhã, novo jornal da Cal-das Junior, para onde fora convidada pelo jornalista Floriano Correa em 1969. “O capitão me viu de minissaia e achou que eu era um caso do Floriano. O João Souza, que me conhecia da Secretaria da Saúde, intercedeu, pedi demissão do Diário e me aventurei. A Folha era uma coisa nova e podia não dar certo”, diz a jornalista, que pautou sua trajetória fu-tura por acreditar em projetos novos, pedir demissão quando surgiam oportu-nidades dentro ou fora do Rio Grande do Sul e, na maior parte do tempo, trabalhar em dois veículos ao mesmo tempo.

Nubia atuou em veículos das mídias impressa e eletrônica, além de assessorias

Jorge CorreaFoto: robinSon eStráSulaS/SindJorS

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