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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 24 - Nº 153 - Maio de 2016 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Congresso Estadual dos Jornalistas será em Caxias do Sul no mês de junho

SINDICATO

Página 8

EXPOSIÇÃO

Imagens retratam a realidade de quem vive encarcerado

A construção de uma mídia plural volta a fazer parte do debate público a partir da compreensão de que a democracia só é plena quando o acesso à informação é garantido a todos.

Página 3

Páginas 6 e 7

PERFIL

Ema Belmonte: referência para muitas gerações

Páginas 4 e 5

Con tro le

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D E M O C R A T I Z A Ç Ã O D A M Í D I A

Robinson Estrásulas

Páginas 6 e 7

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Maio de 20162

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson Luiz EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Versãodos Jornalistas

Filiado:

EDITORIAL

HUMOR DE SCHRÖDER

O tema da democratização da mídia voltou a ser pautado pelos movimentos sociais por conta, espe-cialmente, da postura das emissoras de televisão e grandes jornais. Detentora do monopólio da infor-mação, a mídia hegemônica insufla o golpe venden-do a ideia de oposição ao governo.

Essa posição não é novidade. Basta lembrarmos a campanha da mídia contrária a governos legítimos de posição popular, como aconteceu com Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e, especialmente, com João Goulart, quando teve seu auge com o golpe civil-militar de 1964.

Com o receio de ser questionada quanto à ilega-lidade da concentração de mídia que exercem, os grandes grupos de comunicação orquestram cam-panhas contrárias aos governos populares, na ten-tativa de colocar a população contra eles.

Cientes desta tentativa de manipulação praticada pela

chamada imprensa tradicional, o povo nas ruas passou a cobrar a retomada da pauta de democratização dos meios de comunicação, através da regulação econômi-ca do setor, especialmente se tratando da radiodifusão (concessão de emissoras de rádio e televisão).

Reconhecemos nossa falha, enquanto movimen-to social, em não ampliar antes a discussão deste tema para o restante da sociedade. O debate entre comunicadores e academia é de extrema relevância para o aprimoramento da pauta, mas temos consci-ência que o povo nas ruas tem condições de pautar o tema no Congresso e demais esferas representativas da sociedade.

Cabe agora a todos que acreditam e defendem a construção de uma mídia plural e voltada aos inte-resses sociais que se mobilizem para cobrar dos de-putados e senadores o cumprimento dos preceitos legais, previstos na constituição, para que se crie a

condição de debater que tipo de comunicação que-remos para nos informar.

Um dos temas do nosso 37º Congresso Estadual dos Jornalistas, que será realizado no próximo mês de junho, será a ética no Jornalismo. Os acontecimentos recentes nos levam a questionar em que se baseia a cobertura de grande parte da imprensa, seletiva na di-vulgação dos fatos e desleal com o público, ao atribuir para si uma imparcialidade na cobertura dos aconteci-mentos políticos que na verdade não existe.

A defesa da comunicação e a sua democratização são pilares na luta do nosso sindicato. Entendemos que somente com a regulação teremos uma impren-sa livre, plural e democrática. Bem diferente do que vemos hoje.

Milton SimasPresidente do SINDJORS

Em defesa do debate sobre a mídia democrática

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

A busca pela construção de uma mídia de-mocrática foi pautada no 10º Congresso da Federação dos Comerciários do Rio Grande do Sul (Fecosul), realizado em Torres entre os dias 20 e 23 de abril. O presidente do Sin-dicato dos Jornalisras Profissionais do Rio Gramde do Sul (SINDJORS), Milton Simas, ministrou o painel “Regulação democrática, direito social na mídia brasileira e os desafios da comunicação sindical”.

Apresentando a legislação sobre a im-prensa no Brasil e propostas de entidades que defendem a regulação econômica do se-tor, Simas esclareceu dúvidas do público e elogiou a iniciativa da Fecosul em pautar a mídia em um dos seus grupos de trabalho. “O interesse no tema reforça a postura da diretoria em priorizar o papel estratégico da comunicação na entidade”, destaca o presi-dente do SINDJORS.

Comunicação em outros segmentos

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SINDICATO

O 9º Seminário “A Mulher e a Mídia” foi realizado em São Paulo, entre os dias 22 e 23 de abril. Nesta edição, foi abordado o tema “Mídia, Zika e os Direitos das Mulheres”, com destaque para a necessidade de ampliação e divulgação de dados, in-formações e orientações, tanto para o sistema de saúde, quanto para a imprensa.

O Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Rio Grande do Sul foi re-presentado pela diretora Jeanice Dias Ramos, também coordenadora do Nú-cleo de Jornalistas Afrobrasileiros da entidade.

Falta transparênciaNa oportunidade, conforme explica

Jeanice, foi traçado o perfil da mulher portadora da síndrome de Zika con-gênita: jovem, negra e pobre, que vive em situação de falta de saneamento e de água potável e sem coleta de lixo. "A informação sobre a grave doença não chega de forma adequada e trans-parente", avalia a diretora a partir das apresentações feitas no seminário.

"É necessário procurar mídias alter-nativas que atinjam estas jovens mu-lheres, já que a imprensa tradicional não cumpre o seu papel de informar", destaca, ao observar que os veículos de

Está agendado para os dias 3 e 4 de junho o 37º Congresso Estadual dos Jornalistas, que será realizado na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. O evento, aberto para jorna-listas, universitários, assessores de imprensa, professores e demais in-teressados na área, terá como tema Ética e Mídias Sociais.

A definição da data e local ocorreu

em reunião no dia 18 de abril entre o presidente do Sindicato dos Jor-nalistas Profissionais do Rio Gran-de do Sul, Milton Simas Junior, e o presidente do Legislativo caxiense, Edi Carlos Pereira de Souza. O Con-gresso Estadual dos Jornalistas é realizado a cada dois anos, de forma intercalada entre Porto Alegre e uma cidade do interior gaúcho.

Encontrar humor mesmo em meio ao conturbado momento político vi-vido no Brasil. Esta é a proposta dos chargistas que participam da exposi-ção "LOBOTOMÍDIA – O riso contra o golpe". A mostra reúne 21 trabalhos de 12 chargistas com o objetivo de chamar a atenção para o domínio que

a grande mídia tem exercido sobre as pessoas na cobertura das manifesta-ções de rua e do processo de impea-chment da presidenta Dilma Rousseff.

Aberta para visitação durante o mês de maio, a exposição reinaugura o Espaço de Arte da Casa dos Bancá-rios (Rua General Câmara, 424, Cen-

Mídia, zika e os direitos das mulheres em debate

comunicação falam majoritariamente do bebê, depois de nascido, já afetado pela doença, deixando de lado as infor-mações pertinentes às mães que preci-sam lidar com essa situação.

O encontro apontou para necessi-dade de criar uma cartilha para os obs-tetras de todo país e uma campanha

de esclarecimento para as mulheres, com material informativo contendo as diretrizes básicas sobre o Zika vírus e sua prevenção. Mais de 250 mulheres participaram do seminário, promovi-do pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com a Ford Foundation e ONU Mulheres Brasil.

Grupo apontou para criação de canais de comunicação que atinjam o público alvo

Divulgação/Agência Patrícia Galvão

Espaço de arte do SindBancários reinaugura com exposição da Grafar

Congresso Estadual debaterá ética e mídias sociais

Simas foi recebido pelo presidente Edi Carlos e pelo

vereador Jaison Barbosa

Rodrigo Rossi/Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

tro – Porto Alegre). Organizada pela Grafistas Associados do Rio Grande do Sul (Grafar), conta com as assina-turas de Edgar Vasques, Santiago, Eu-gênio, Edu, Bier, Simch, Uberti, Hals, Rubén, Rafael, Kayser e Vicente.

Para o cartunista Santiago, presen-te na inauguração da mostra, dia 19 de abril, os tempos difíceis de ataque à democracia e aos direitos dos traba-lhadores exige muito dos humoristas. “A função do humor é de denúncia. Os jornais não publicam mais os tra-balhos dos chargistas de esquerda. O papel da gente é pelear”, avalia.

O uruguaio Rubén, que vive há 15 anos em Porto Alegre, fez referência a uma de suas charges da exposição. “A cobra é como a gente enxerga o que sai da TV. É trágico. Precisamos entrar na cabeça de quem não queira aceitar desta situação. Alguma coisa vai chegar até as pessoas globotomiza-das. Ironizar o fato, dando um respiro. Exagerar a situação com graça, pegan-do o contraponto”, propõe.

O presidente da Grafar, o cartunis-ta Hals, destaca que “o atual momen-to político é desesperador, caótico. A qualidade dos nossos representantes é absurda”. Para ele, este é o Congresso menos representativo da história do país. “Fora o cinismo. Eles não estão preocupados em fazer política, mas em defender apenas os seus próprios lados”, pontuou.

O chargista Bier, funcionário do SindBancários, chama atenção para a importância do riso nesses tempos de crise política endêmica e estrutu-ral. “Essa exposição é uma vitrine da resistência e também uma homena-gem aos resistentes trabalhadores de imprensa e chargistas que fazem esse contraponto que é muitas vezes desi-gual, mas não menos importante na formação de opinião e na conquista dos corações e mentes dos brasilei-ros”, conclui.

Texto da Imprensa SindBancários, adaptado.

Divulgação/SINDJORS

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FNDC

O assunto não é novidade entre os movimentos sociais. A necessidade de regulação econômica dos meios de comunicação no Brasil vem sendo debatida desde a redemocratização do país, no fim da década de 1980. Como a nova Constituição Federal não contemplou a totalidade das propostas de democratização da comunicação defendidas pelos coletivos envolvidos na elaboração do conteúdo, estes se uniram em torno de um espaço que pudesse sediar os debates e colocar o tema em pauta.

DEMOCRATIZAÇÃO

DA MÍDIA volta a pautar agenda das manifestações

Assim surgiu, em julho de 1991, o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), entidade que sempre buscou pautar sua atuação no esforço permanente de mobilização e es-clarecimento da sociedade sobre o tema e construção de agendas com o governo para avançar na criação de propostas que democratizassem a área, atendendo os interesses sociais.

Perto de completar 25 anos de funda-ção, a entidade conta com nova composi-ção na Coordenação Executiva e nos con-selhos Deliberativo e Fiscal para o biênio 2016-2018. A eleição ocorreu durante a XIX Plenária Nacional do FNDC, reali-zada em São Paulo entre os dias 21 a 23 de abril. A coordenação geral do Fórum é da jornalista Renata Mielli (Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé), que antes ocupava a secretaria geral da entidade.

A plenária deste ano foi a maior do FNDC, com 128 participantes (81 delega-dos, 42 observadores e cinco participan-tes da organização). Ao final do evento foi aprovado o Plano de Ação, documen-to que orientará a atuação do Fórum para o próximo período.

Conjuntura política norteou debates na plenáriaAo Versão dos Jornalistas Renata

Mielli, observa que o contexto atual in-terferiu nos debates realizados na plená-ria nacional, especialmente pelo reflexo das manifestações de rua, que têm se empenhado em alertar a sociedade so-bre os perigos para a sociedade de uma imprensa que atende a interesses políti-cos e financeiros.

“O FNDC tem como objetivo, nes-se momento, denunciar o papel que os meios de comunicação vêm cumprindo na orquestração deste cenário político, de uma agenda que consideramos anti-democrática, frontalmente contrária da que temos pautado de democratização dos meios de comunicação e amplia-ção da comunicação pública”, destaca a nova coordenadora.

Renata lembra ainda que não dá para descolar a situação do país do debate em torno de uma mídia democrática e alerta para o posicionamento da enti-dade diante dos possíveis cenários que venham a ser construídos nos próximos dias. “Com o governo legitimamente eleito, seguiremos dialogando e pres-sionando para que se avance na promo-ção de uma política democrática para a mídia. No caso de um governo golpista, não vamos estabelecer diálogo. Restará então a denúncia e à mobilização social”, esclarece.

Além disso, Renata informa que cer-tas frentes defendidas pela entidade seguirão em pauta independente do go-verno. É o caso da Lei nº 13.188, que dis-ciplina o direito de resposta. A matéria está no Supremo Tribunal Federal (STF) e o esforço do FNDC é para impedir que se julguem dispositivos da lei como in-constitucionais. “É importante que o direito de resposta esteja em vigor para impedir abusos que os meios de comu-nicação vêm praticando em prejuízo de terceiros”, defende.

Outros temas que o Fórum tem como bandeira são a manutenção da vincula-ção horária para a classificação indicati-va de programas de televisão; o fortale-

cimento da radiodifusão comunitária; a defesa do marco civil da internet, legisla-ção que é referência internacional; além de outras pautas no campo da internet e das telecomunicações, que hoje ocupam espaço central na agenda dos movimen-tos sociais.

O COMANDOAlém de Renata (foto), compõem a Executiva as seguintes entidades: Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social (Bia Barbosa, secretária geral), Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ (Elizabeth Costa, secretária de Comunicação), Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão - Fitert (José Antônio, secretário de Políticas Públicas), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino - Contee (Cristina Castro, secretária de Formação), Central Única dos Trabalhadores - CUT (Roni Anderson, secretário de Organização), e a Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais - Abepec (Israel do Vale, secretário de Finanças).

Lidyane Ponciano

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No dia 20 de abril, o jornalista Paulo Henrique Amorim esteve no Hotel Embaixador, em Porto Alegre falando para mais de 300 pessoas sobre o tema "Mídia e o Estado Democrático de Direito". A palestra aconteceu três dias após a votação da admissibilidade do processo de impeachment da pre-sidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Assim, o jornalista utilizou sua fala para explicar a re-lação que vê entre a atual situação política do Brasil e o papel da gran-de imprensa.

"É histórico o envolvimento da mídia brasileira nos golpes de Es-tado" destacou Amorim. A visão é justificada com o exemplo de 1964,

quando, sob pretexto de livrar o Brasil de um projeto comunista, a imprensa apoiou a implantação de um regime civil-militar no país. "O poder articulado da grande mídia não tem compromisso com o estado democrático de direito", observou.

Autor do livro "O quarto poder – Uma outra história" (São Paulo, Hedra), Amorim lembrou da ne-cessidade de buscar a democratiza-ção da mídia. Ele atribuiu a falta de regulação do setor e inexistência de debates consistentes à ascensão de figuras cujo discurso antidemocrá-tico passa a ser tratado como natu-ral e aceitável. "A comunicação é um bem público e direito estratégi-co", falou, demarcando sua posição

favorável ao desenvolvimento de uma empresa de comunicação es-tatal forte.

Amorim encerrou sua explana-ção com uma crítica ao governo do PT, que na sua avaliação não avançou no debate sobre a regula-ção econômica das comunicações no Brasil. A palestra foi promovi-da pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado no RS (Sinpro/RS), Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fetee/Sul) e Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT/RS), e contou com o apoio do Sindica-to dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e Sinpro Caxias do Sul.

Renata Mielli, coordenadora geral do FNDCfaz um destaque especial ao papel do jornalista nesse momento em que o próprio Jornalismo é questionado pelos setores ligados à comunicação e a população nas ruas. "Precisamos com-preender que os veículos são empresas privadas e a crítica que fazemos não é ao profissional, pois sabemos que muitas vezes colegas são ameaçados, até mes-mo com a perda do emprego", expõe.

Reforçando a importância, para

a categoria dos jornalistas, de se ter uma mídia plural, Renata faz um chamado aos colegas: "o profissional de comunicação que lida cotidiana-mente com a produção da notícia deve ser o primeiro a perceber a im-portância e centralidade de ter uma comunicação plural, diversa e de-mocrática, para a construção de um país mais desenvolvido. O exercício da nossa profissão só é integral em com democracia".

Em 2016, completam-se dez anos da morte de Daniel Herz, jornalista e militante na luta pela democratização dos meios de co-municação no país. Herz faleceu em 30 de maio de 2006 devido a complicações causadas pela leu-cemia.

Diretor do Sindicato dos Jor-nalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e da Federação Nacional dos Jor-nalistas (FENAJ), Herz teve sua trajetória profissional marcada especialmente pela elaboração da legislação da TV à cabo e a defesa da criação e implantação do Con-selho de Comunicação Social no Congresso Federal.

Nascido em Porto Alegre em 1954, formou-se em Jornalismo pela Unisinos em 1977. Daniel Herz foi coordenador do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e professor no curso de Comunicação da Uni-versidade Federal de Santa Cata-rina. Em 1987, lançou o livro “A História Secreta da Rede Globo" (Editora Tchê), trabalho que o tor-nou conhecido em todo o país.

HomenagemPara marcar os dez anos sem

Daniel Herz, a FENAJ está orga-nizando eventos nos Estados onde ele atuou. No Rio Grande do Sul, terra natal de Herz e lugar onde iniciou sua carreira como jornalis-ta, a atividade focará em sua tra-jetória política, através de parceria do SINDJORS com a Unisinos.

A Universidade Federal de San-ta Catarina vai realizar evento so-bre a atuação de Herz como pro-fessor e pesquisador, com apoio do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Brasília recebe-rá a atividade enfatizando a luta de Herz pela democratização da mídia. As datas e a programação completas serão divulgadas no site das entidades.

Liberdade jornalística só existe com democraciaNo início de janeiro deste ano, o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação

(FNDC) lançou uma campanha de filiação on-line que resultou em um número recorde de organizações associadas: mais de 500, sendo 69 nacionais e cerca de 450 regionais. Sindicatos, federações, centrais de trabalhadores, rádios comunitárias, movimentos de mulheres e de estudantes, entre vários outros segmentos sociais, se somaram formalmente à luta pela democratização da comunicação.

A campanha é permanente e qualquer instituição da sociedade civil que concorde com as finalidades do Fórum e com seu Estatuto Social podem requerer a filiação por meio do sistema on-line, no site http://sistema.fndc.org.br/cadastro. Pessoas jurídicas de jurisdição ou atuação nacional se associam como entidade nacional. Instituições da sociedade civil constituídas ou não como empresas jurídicas, movimentos sociais e organizações com atuação estadual ou local podem se filiar como entidade regional.

Daniel Herz, o idealizadorPaulo Henrique Amorim diz que

mídia brasileira não é democrática

Na palestra em Porto Alegre, Amorim leu trechos do seu livro, “O quarto poder - Uma outra história”

Joel Vargas

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PERFIL

“Onde não puderes amar não te demores”. Para mim, esta frase traduz o porquê de a Ema ficar tantos anos no Correio do Povo. Lá era sua segunda casa, um local que ela sempre vai amar e onde não economizou na dedicação ao jornalismo e na capacidade de fazer amigos. O jornal perde uma referência de memória, mas a sua família e os amigos vão ganhar mais tempo para partilhar da sua companhia. É uma nova etapa que, acredito, ela irá transformar num novo bom tempo para ser vivido.

Vera Nunes,editora assistente de Educação no Correio do Povo, onde trabalhou com Ema.

Jornalismo sem interrupção durante 49 anosMárcia Martins

Na tarde de 13 de abril deste ano, a jornalista Ema Reginatto Belmonte cumpriu um ritual profissional exerci-do desde 1º de junho de 1986, quando o Correio do Povo voltou a circular sob a propriedade de Renato Ribeiro. Ocupar uma das mesas mais próximas à porta principal da redação centená-ria, encravada no prédio da Rua Cal-das Junior, e vasculhar os principais sites a fim de procurar pautas e maté-rias da área de educação. A rotina teve apenas duas exceções: a entrevista de uma hora concedida ao Versão dos Jornalistas e a comunicação de sua dispensa do jornal, após 30 anos de trabalho ininterrupto no veículo im-presso e 49 anos de carteira assinada como jornalista.

A demissão não foi surpresa. Ema, 74 anos, que começou a trabalhar na Folha da Tarde (jornal da empresa da Companhia Jornalística Caldas Junior assim como o Correio do Povo) no dia 19 de abril de 1967, havia sinalizado diversas vezes a intenção de encerrar a sua carreira. “Já estava na hora de fe-char um ciclo que só me deu alegrias”, diz a repórter, que nos últimos anos tornou-se especialista na cobertura do setor de educação.

O ciclo a que se refere só não foi li-gado aos dois veículos no período de 1979 a 1986, em que esteve no setor de Comunicação do então ministro da Previdência, Jair Soares, em Brasília, na imprensa do Palácio Piratini, na delegacia do Ministério da Educação no Estado e em outras assessorias. A vida de Ema está diretamente ligada ao Correio do Povo e à Folha da Tarde desde 1967, quando foi admitida como noticiarista estagiária recebendo cem cruzeiros novos, o que hoje deve equi-

A Ema é um exemplo máximo de bondade e espírito de colaboração. Eu aprendi com ela nesses 49 anos e pouco que estivemos juntos e ela só me ensinou como ser justa, dedicada, carinhosa e atenciosa. Que bom que o mundo fosse feito de 50 milhões de Emas! Sempre foi dedicada e terna ao mesmo tempo. Impossível pará-la! A gente trabalhava sob o regime da pauta, com chefia de reportagem, mas ela trabalhou comigo desde o estágio como aluna de Jornalismo até enquanto eu lá estive. Sempre pesquisando para encontrar furos espetaculares. Nós a chamávamos de “Irmã” Ema pela seriedade e dedicação.

Walter Galvanifoi o primeiro chefe de reportagem de Ema. Hoje está aposentado e é escritor.

valer a um salário mínimo. “Era muito bom para um estágio”, assegura.

Por isso, ao contrário das reações de lamento, comuns no meio jorna-lístico sempre que um profissional é demitido, o último dia de Eminha, como é carinhosamente tratada pelos colegas do CP, teve festa, bolo, salga-dinhos e fotos com todos no meio da redação, postadas depois no Facebook com declarações de agradecimentos e desejos de descanso mais que mereci-do. “Só fiz amigos nesta profissão, que sempre gostei e gosto, e que não tro-caria por nada neste mundo”, justifica.

A profissão foi escolhida quando

veio de Júlio de Castilhos, aos 15 anos, morar com uma tia em Porto Alegre para prosseguir os estudos e soube de uns jogos universitários que seriam realizados na capital com estudantes do mundo todo. “Eu ia aos jogos e achei maravilhoso que os estudantes de Jornalismo, que trabalhavam como voluntários, se envolviam, sabiam de tudo”, recorda. Para quem desde pe-quena estendia o jornal Correio do Povo, que seu pai assinava, no chão para facilitar a leitura do periódico em formato standard, o ingresso em 1965 na turma de jornalismo na PUCRS foi apenas uma consequência.

Ema Belmonte passou por várias editorias e, nos últimos anos, tornou-se especialista na área de educação

Robinson Estrásulas

Mauro Schaefer

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O final de um ciclo de quase meio século

Na Faculdade de Comunicação Social (Famecos), Ema passou a escrever como colaboradora sobre o curso e o Centro Acadêmico para o Correio do Povo e Folha da Tarde, atendendo convite de seu vizinho na Rua Duque de Caxias, o editor Sérgio Tochetto. No terceiro ano da faculdade, ficou sabendo que o secre-tário de redação da FT, Walter Galvani, iria criar o programa de estágios para os estudantes da PUCRS e da UFRGS. Fo-ram dois dias de testes intensos e Ema foi uma das chamadas. “Apesar de terem me avisado que era somente por três meses, eu sabia que era a chance que eu tinha na vida”, afirma.

Como trabalhava na imprensa da Secretaria da Educação durante a ma-nhã e as aulas na Famecos ocorriam no turno da tarde, Ema lembra que era comum colher dados da pauta, ir para a faculdade e voltar depois para a reda-ção a fim de escrever a matéria. “Vivia numa corrida louca porque não exis-tiam estas facilidades de hoje, como ce-lular, WhatsApp e outras tecnologias”, conta Ema, que sempre teve o apoio dos chefes na hora de cumprir a rotina agitada e os prazos das pautas. Daquela época cita os nomes de Edmundo Soa-res, Benito Giusti e Fernando Martins.

Mas foi novamente Walter Galvani

o responsável pelo grande impulso na sua vida. “Ele conseguiu negociar com a direção da Caldas Júnior e os estagi-ários da Folha da Tarde foram efeti-vados”, lembra a repórter que iniciava assim a sua carreira profissional, pas-sando por todas as editorias do jornal, às vezes cumprindo até seis pautas por dia e que nunca voltou para a redação dizendo que a pauta estava furada. Ema conta que caminhava sempre antenada pelas ruas e se percebia que uma pauta não iria se consolidar, já encontrava outra para não chegar no jornal de mãos vazias.

O Grêmio, o time do coração da profissional, lhe rendeu o primeiro furo jornalístico. Ela recorda exata-mente de cada detalhe da matéria fa-mosa na época, lá pelo início dos anos 70, quando noticiou, com exclusivida-de a primeira venda direta de um jo-gador do Grêmio para o Internacional, o ponta esquerda Volmir Francisco de Souza. O cunhado colorado de Ema contou, como uma flauta normal de futebol, que ouvira no estacionamento algo sobre a venda do jogador para o Inter. “Fui atrás, confirmei, noticiei, foi manchete na Folha da Tarde e ga-nhei muitos elogios”, orgulha-se Emi-nha. “Repórter é assim, tem que viver

antenado 24 horas por dia, pronto para as emergências”, reforça.

Das coberturas que marcaram seus 49 anos de jornalismo, cita o incêndio das Lojas Renner, no encontro das ruas Otávio Rocha com a Doutor Flo-res, no centro de Porto Alegre, em 26 de abril de 1976. Da Folha da Tarde, Ema dirigiu-se para o local sem saber da gravidade do caso com a informa-ção de que havia uma fumaçinha por lá. “Foi traumático. Era terrível. Tinha gente pendurada na janela”, conta Ema, uma das primeiras repórteres a chegar para fazer a matéria do incên-dio e que não deixou o estágio avan-çado da segunda gravidez interferir no seu desempenho. Sem as facilidades atuais, era preciso usar os telefones da loja Mesbla e do Café Haiti para infor-mar a redação sobre os fatos.

Ema lembra também de outros fu-ros que foram manchetes na FT, onde ela ficou até trocar Porto Alegre por Brasília, em 1979. A notícia de que a Avenida Independência passaria a ter mão única, que ganhou destaque, e o primeiro acordo ortográfico do Brasil. “Foi furo nacional. O Irmão Élvio Cle-mente, meu professor na PUC, voltou com a novidade de Portugal e deixou escapar em uma aula”, orgulha-se.

Primeiro furo como repórter na Folha da Tarde

No Correio do Povo, onde foi con-tratada em 1986, Ema perambulou por todos os setores da reportagem – geral, política, trânsito, cidades e educação, área em que se fixou na me-tade dos anos 90. Desta fase, fala com carinho dos chefes Cláudio Thomas, Jurema Josefa, Rosane Frigeri, Zezé Vasconcelos, Vera Nunes e Telmo Flor. Para Ema, repórter “tem que ter vontade para sair para a rua a qual-quer hora e fazer matéria e eu sempre estive disposta”.

“Passei por todas as áreas antes de estacionar definitivamente na educa-ção. Faltava apenas a política”, relem-bra a repórter. Ema ficou três meses na cobertura das eleições do Correio do Povo e participou de um caderno especial sobre o pleito para governa-dor, em 1998. No CP, ficou conhecida também pelo seu lado bondoso e cor-dial, o que lhe rendeu amigos em todo o jornal, os motoristas, as telefonis-tas, editores, repórteres, fotógrafos, diagramadores e revisores. “Quando chegava alguém mais novo, imediata-mente era aconselhado a me procurar, e eu me orgulho muito dos conselhos que dei”, reflete.

Para quem inicia agora na profis-são, Eminha aconselha como fazia com os novos que chegavam para ini-ciar carreira no jornal: “estar sempre disposto, com uma vontade implacá-vel de apurar a matéria”. Ela também

dispara que a rua é o melhor lugar para o repórter porque é onde o jorna-lista pode buscar o olho no olho. “Não existe tecnologia que supere isto”, en-dossa, embora não se enquadre como uma avessa às facilidades. Ema já usa-va com tranquilidade e destreza, no Correio do Povo, as redes sociais, o WhatsApp e o e-mail.

Ao afirmar que começaria tudo ou-tra vez e que não trocaria a profissão por nada, ela orienta as novas gera-ções para buscar e propor pautas e não esperar tudo pronto. “Sempre gostei de me pautar e também de rece-ber pautas. Quem gosta de jornalismo tem que estar preparado para qual-quer dia, qualquer hora, encontrar as informações em qualquer ocasião”. Ema confessa uma certa saudade do tempo em que as matérias eram mais apuradas e que o furo e a exclusivida-de eram obrigações do bom repórter. “Todo jornalista queria chegar na re-dação com o furo”, destaca.

Os primeiros dias sem a vida na redação do Correio do Povo não es-tão sendo fáceis. Na quinta-feira, 14, um dia após a sua saída do periódi-co, Ema se viu apressando o almoço e se arrumando para cumprir a sua rotina dos últimos 30 anos. Até que foi alertada pelo marido de que não precisava mais correr. Ele, a mãe de 95 anos, a família e os amigos vão re-ceber mais atenção da jornalista. “A

minha família sempre soube e respei-tou a paixão pelo jornalismo, e vou ter mais tempo para ela”, ressalta ao dizer que as viagens, o apartamen-to em Gramado, as reuniões com os amigos para o carreteiro, que é uma das suas poucas especialidades culi-nárias, serão suas prioridades. “Tive uma sorte incrível na vida, sempre fui respeitada, sou feliz e tenho sempre que agradecer a Deus”, atesta.

Como é tradicional há anos, ex-funcionários e ami-gos da Folha da Tarde, pe-riódico da extinta Empresa Jornalística Caldas Junior, reuniram-se no dia 30 de abril, sábado, para comemo-rar o aniversário de 80 anos do jornal que deixou de cir-cular em 1984. A festa teve um ingrediente especial: a despedida de Ema Reginatto Belmonte, que saiu do jornal Correio do Povo em abril.

Na Sala Folha da Tarde, no Restaurante Copacabana, compareceram os primeiros ex-chefes da Ema e os colegas da jornalista na Folha e no Correio. Walter Galvani, pri-meiro chefe de Ema; a vice--presidente do Sindicato dos Jornalistas RS, Vera Daisy Barcellos; o sócio-diretor do portal Coletiva Net, José A. Vieira da Cunha, a diretora da Associação Riograndense de Imprensa, Thamara De Costa Pereira e a editora de ensino do Correio do Povo, Maria José Vasconcelos, en-tre outros colegas.

No seu perfil no Facebook, Ema agradeceu o carinho e deixou um recado especial para Jurema Josefa Silva: “encerro a galeria de fotos com a participação sempre festiva da amiga, de vida e Jornalismo, responsável por todas essas homenagens”.

Despedida com antigos colegas

Ana Reginatto

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Maio de 20168

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O projeto do fotojornalista Jorge Aguiar em parceria com o juiz Sidinei Brzuska

leva o observador a uma imersão pelo Presídio Central de Porto Ale-gre e o Instituto Psiquiátrico Foren-se Maurício Cardoso.

"O que levou a fazer esse docu-mental foi tentar mostrar que mes-mo os encarcerados também têm di-reito a ter dignidade", conta Aguiar. Foram dois anos captando as foto-grafias. Ele explica que a opção pelas imagens em preto e branco é carac-terística do seu trabalho.

Estas fotos já passaram pela sema-na acadêmica do IPA em 2015 e pela

mostra que reuniu trabalhos dos 40 anos de carreira de Jorge Aguiar. En-tre os dias 5 e 13 de maio a mostra es-tará em Caxias do Sul, integrando as atividades da Semana Municipal das Comunicações, na Câmara Municipal de Vereadores.

As imagens também estarão ex-postas durante o 37º Congresso Es-tadual dos Jornalistas, nos dias 3 e 4 de junho, no mesmo local. Sobre sua experiência com o trabalho, Aguiar comenta o impacto de cada ambiente: "no presídio eles estão tolhidos e pri-vados da liberdade, e no IPF (Instituto Psiquiátrico Forense) são tolhidos e privados de pensamentos".

O inferno existe. É a mais pura verdade. A prova está nas marcas deixadas nas paredes, no piso, no teto e nos portões que o cercam. Através da fotografia, o fotógrafo e documentarista Jorge Aguiar e o juiz e fotógrafo Sidinei Brzuska nos levam a um profundo mergulho neste inferno. São imagens que dispensam legendas e, por si só, nos mostram a dura realidade do Presídio Central de Porto Alegre e do Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso. E nem é preciso exibir rostos tristes, sofridos, malvados, doentios... Os cenários são suficientes para nos contar tudo sobre esses infernos cercados pelo concreto e pelo asfalto da cidade, tão próximos da vida cotidiana e, ao mesmo tempo, distantes e invisíveis aos olhos da sociedade.

Bom mergulho!Renato Dorneles - Jornalista

Um mergulho no infernoPosicione o leitor de QR Code do seu smartphone e veja todas as fotos da mostra

Sidinei Brzuska

Sidinei Brzuska

Jorge Aguiar Jorge Aguiar

Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e RegiãoRua Gen Câmara, 424, Porto Alegre - (51) 3433.1200

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