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Page 1: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

ALASRU

VI C AL A S R

ONGRESSO DA SSOCIAÇÃO

ATINO- MERICANA DE OCIOLOGIA URALVI Congreso de la AsociaciónLatinoamericana de Sociologia Rural

“ Sustentabilidade e democratização dassociedades rurais da América Latina ”

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre, Brasil25 a 29 de novembro de 2002

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VI CONGRESSO da ALASRUPorto Alegre, 25 a 29 de novembro de 2002.

RELAÇÃO DE TRABALHOS ACEITOS PARA APRESENTAÇÃO:

GT 1: Sustentabilidade e desenvolvimento rural ...................................................................... 24Coordenadores: Jalcione Almeida (Brasil) – [email protected] Silvia Cloquell (Argentina) - [email protected] Pedro Muro Bowling (México)[email protected]

Relação de trabalhos:Alfio Brandenburg; Angela D. Ferreira (Universidade Federal do Paraná/Brasil). Agricultura e

desenvolvimento sócio ambiental. ..................................................................................... 25Ananda Vieira de Almeida (Brasil). Perfil sócio-produtivo dos fruticultores orgânicos certificados,

ou em processo de certificação, pela AAO. ........................................................................ 34Angel Mario Suero Rodriguez. Las UBPC, potencialidades para el cambio tecnológico hacia

agricultura sostenible. ........................................................................................................ 41Ariadna Laura Guaglianone. Es possible desarrollo rural dentro de un marco de sustentabilidad y

equidad. .............................................................................................................................. 48Carlos Enrique Guanziroli (UFF/Brasil); Silvia Cardim (INCRA/Brasil); Sergio Obando (Universidade

de São José/Costa Rica); Adolfo Hurtado (Consultor FAO); Frederic Bazin (Consultor FAO);Paulo Loguercio (INCRA RS/Brasil). Contribuição ao processo de elaboração de um PlanoNacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (PNDRS). .............................................. 54

Cidonea M Deponti; Jalcione Almeida (UFRGS/Brasil). Indicadores para avaliação dasustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local. ........................................ 62

Cleiton Fogliatto; Augusto Alvin (UNISC/RS Brasil). Diversificação da produção agrícola nosmunicípios da região do Vale do Rio Pardo. ....................................................................... 71

Clovimar Cararine Pereira; Marinete Bezerra da Silva; Olavo Brandão Carneiro (Brasil). Conceito dedesenvolvimento rural: discussões recentes. ...................................................................... 81

David Delgado V. La produccion de mezcal em la “Esperanza”, Guerrero. En la antesala de lasustentabilidad y crisis ambiental regional. ....................................................................... 85

E. Ortega; Marcelo Anami; K. Guimarães; G. Diniz (Brasil). Certificação de alimentos utilizandoanálise emergética. ............................................................................................................. 97

Elenise Scherer; Gimina da Silva (Brasil). Zoneamento econômico-ecológico na Amazônia:ordenamento do território e melhoria de condições de vida das populaçõestradicionais. ...................................................................................................................... 107

Eleonora T Beaugrand; Ione Diniz Moraes (Brasil). Plano dedesenvolvimento sustentável Seridó. ............................................................................... 113

Eliane Dalmora (doutoranda da UFSC); Paulo Pires (UNIDAVI/Brasil). A (in)viabilidade do projetode desenvolvimento florestal para a agricultura familiar face a gestão ambiental nãoparticipativa nos remanescentes da Mata Atlantica de Santa Catarina. ........................ 122

Emilio Fernandez. (Universidad de la Republica/Uruguai). Definição metodológica de indicadores desustentabilidade social. ....................................................................................................... 130

Eric Mollard; Sergio Vargas Velasquez. Que se seque el pinche lago – las asociaciones de usuáriosde riego ante los retos ambientales. ................................................................................. 138

Eros M Mussoi; Bernadete Panceri (Brasil). Desenvolvimento rural sustentável: desafioinstitucional na capacitação. ........................................................................................... 147

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Ferdinand Cavalcante Pereira (UFPI-doutorando do PPGSociologia/UFRGS, Brasil).Desenvolvimento sustentável, complexidade e dimensões de um conceitoem construção. ................................................................................................................. 152

Flavio A Calcanhoto; Dirceu Slongo; Nelson A Baldasso (Brasil). O desenvolvimento ruralsustentável na região metropolitana e delta do Jacui a partir de uma proposta deconstrução social participativa. ....................................................................................... 158

Ghislaine Duque (UFPB/Brasil). Que estrategia para os pobres do campo? ............................... 162Giovana S. Freitas; Zila Mesquita (UFRGS/ Brasil). A realização de práticas sociais cooperativas

como vetor principal para a conquista da sustentabilidade: o caso da ECOVALE. ....... 166Guillermo Torres Carral. Mas alla de la sustentabilidad. ............................................................. 172Gustavo P da Silva; Paulo Roberto C da Silveira; Arlindo J M de Almeida (Brasil). Interação

entre produtor rural e o ambiente natural: o caso da microbacia hidrográfica ArroioSantiago. .......................................................................................................................... 178

Haluo Hirata (doutorando da PUC/SP, Brasil). Agricultura sustentável: algumas consideraçõessobre um estudo de caso numa parcela do cinturão verde de SP. .................................... 185

Heloisa Schneider. El boldo (Peumus boldus Molina) como um aporte al proceso de desarrollo decomunidades deprimidas del Secano Costero chileno. ..................................................... 193

Hugo M Martinez; Mirna Moscario; Jorge Fangio; Liliana Iriarte (Argentina). Comportamiento de losproductores agricolas com relacion al riesgo de mercado. El uso de futuros y opciones emel sudeste de la provincia de Buenos Aires. ...................................................................... 202

Humberto Gonzales (México). La sustentabilidad y las cadenas agroalimentares globales laagricultura de exportacion em México. ........................................................................... 209

Humberto Miranda do Nascimento (Brasil). Desenvolvimento rural e consciência ecológica: umaanálise teórica preliminar e um caso ilustrativo. ............................................................. 217

Ismael Rodrigues. El plan puebla Panana: sustentabilidad regional us demagogia institucional. .................................................................................................................... 224

Jaime Ramirez (México). Cambiando água limpa por sucia, el campo y la ciudad en la lucha porel água em el caso de México. .......................................................................................... 229

José Pedro Alves Filho (Brasil). Receituário agronômico – a construção de um instrumento deapoio à gestão dos agrotóxicos e sua controvérsia. ......................................................... 238

Juan C Cardenas; Diana L Maya; Maria C Lopez. Metodos experimentales y participativos para elanalisis de la accion colectiva y de la cooperacion en el uso de recursos por parte de lascomunidades rurales. ....................................................................................................... 250

Juan Felipe N Espinoza. Desarrollo rural sustentable y mercadotecnia social: um enfoque. ..... 259Julieta Teresa de Oliveira; Sonia Maraia Bergamasco (Feagri/UNICAMP Brasil). Impactos

ambientais de sistemas de produção segundo as lógicas produtivas. .............................. 264L. Pagliettini; S. Filippini de Delfino (Argentina). Tendencias del cambio tecnico en el sector

primario arrocero de Argentina. ....................................................................................... 273Leticia Glik. Es la pesca artesanal una atividad sustentable de desarrollo em el estado actual de

modernidad que assistimos? ............................................................................................ 281Lino Geraldo Vargas Moura et alli (Brasil). Avaliação da sustentabilidade em agroecossistemas: um

pouco de pragmatismo. .................................................................................................... 291Lourdes Trujillo Santisebastian. Participacion social en la conservacion de los recursos

naturales: una tipologia de las localidades de la reserva de la biosfera, Sierra de Huatla(REBIOSH). ...................................................................................................................... 302

Luciana Miranda da Costa (Brasil). Comunicação e proteção ambiental: um estudo sobre ascampanhas educativas de prevenção a incêndios florestais na Amazônia. ..................... 312

Luís Carlos Beduschi Filho (Brasil). O diálogo possível: assentamentos rurais e conservação danatureza na região do Pontal do Paranapanema. ........................................................... 319

Marcos Antônio Soares (UERN/Brasil). Leitura crítica do “novo rural” brasileiro e suasimplicações no desenvolvimento sustentável. .................................................................. 328

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Maria Ignez S Paulilo (UFSC/Brasil). Maricultura e território em Santa Catarina. .................... 336Maria Sergia Villaberde (Argentina/mestre pelo PGDR/UFRGS Brasil). Posiciones sociales y

estrategias de agricultores familiares asentados em area de proteccion ambiental. ....... 344Martha Alicia P Rivas (México). Hacia la sostenibilidad rural em el sur de

Sinaloa, México. ............................................................................................................... 354Miguel Angelo Perondi; Norma Kiyota; Almir Antônio Gnoatto; Hieda Corona (Brasil). Descobrir as

diretrizes de desenvolvimento sustentável de uma região: análise de uma experiência deplanejamento participativo nos municípios da fronteira do Sudoeste do Paraná. .......... 363

Osvaldo Aly Jr (Brasil). Gestão ambiental e agricultura familiar: os limites impostos pela falta depolíticas públicas. ............................................................................................................. 371

Pablo Sabatino; Diego Dominguez. Procesos rurales emergentes frente al modelo agroexportador. . 379Paulo O. R. de Aragão; David Stefani Souza (PB/Brasil). Agricultura irrigada e sustentabilidade:

um estudo do perímetro irrigado de São Gonçalo – PB. ................................................. 386Pedro Cortinez e outros. Cambios em la cadena productiva del ajo y apertura economica. ..... 394Pedro Muro Bowling. Conflicto ambiental y nuevos movimientos campesinos. ........................ 402Pedro Tsakoumagkos; Alicia Giordano Buiani. Agricultura, contratismo y problemática de suelos:

el caso de los tanteros en Luján. ...................................................................................... 410R. Cittadini et alli. La agricultura urbana como herramienta ante el proceso de marginación y exclusión

en la ciudad de Mar del Plata. ............................................................................................ 421Rodrigo Constante Martins; Norma Felicidade (Brasil). A instrumentalização de

políticas ambientais na territorialização do desenvolvimento rural – o caso do interiorpaulista. ............................................................................................................................ 428

Rosa Elvira S Duque. Cultura campesina e su influencia en las praticas agricolas y en el medioambiente. .......................................................................................................................... 438

Simone de Faria N Shiki (Brasil). Alguns elementos teóricos para o debate sobre desenvolvimentolocal sustentável. .............................................................................................................. 446

Tânia da Silva; Gisela Quadros; Marcelo Xavier. Um estudo de caso do processo de adaptaçãoestratégica de uma cooperativa agrícola no estado do RS. ............................................. 451

Tathyana de Abreu Chaves; Graziela Ranaldi (Brasil). Um estudo sobre a sustentabilidade noassentamento Sumaré II. .................................................................................................. 460

Thelmo Vergara M Costa (Universidade de Passo Fundo/RS, Brasil). A competitividade dasuinocultura da região da produção/RS através da análise do cluster agroindustrial. .... 470

GT2: Gênero e desenvolvimento rural .................................................................................... 484Coordenadores: Maria José Carneiro (Brasil - [email protected] Marta Chiappe (Uruguai)- [email protected] Sara Lara Flores (México) – [email protected]

Relação de trabalhos:Carmen Garcia Colmenares; Fátima Cruz Souza; Suzana Lucas Mangas (Departamento de

Psicologia de la Universidad de Valladolid/Espanha). Mujeres rurais: De la tradición a latransgresión. ..................................................................................................................... 485

Cristina Maria da Silva & Simone Gadêlha Cavalcante Brasil). Flores e foices na luta pela terra:mãos femininas tecendo a vida cotidiana no Movimento dos Sem-Terra-MST. .............. 493

Denise Soares Moraes (Instituto Mexicano de Tecnología del Agua – IMTA/México).“De mares, montañas y gentes: relaciones socioambientales en dos áreas naturales protegidasde México”. ....................................................................................................................... 501

Edenilse Pellegrini (Universidade Federal de Santa Catarina/Brasil). Trabalho e gênero namaricultura. ...................................................................................................................... 511

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Giselle Davis Toledo (mestranda em Estudios Sociales y Politicos, Universidad Jesuita AlbertoHurtado/Chile). Relaciones de genero en las nuevas ruralidades. ..................................... 521

Jorge Luiz de Goes Pereira (doutorando do Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedadee Agricultura (CPDA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Brasil). Gênero e suarelação com as representações de campo e cidade no imaginário de jovens rurais. ....... 530

Julieta San Juan Ceja (Unidad de Capacitación para el Desarrollo Rural -UNCADER-DGETA-SEP-Coatepec, Veracruz/México). Ante la crisis, la organización: las mujeres cafetaleras deIxhuatlán del Café. ........................................................................................................... 540

Lilian Santos Rahal (mestre em Sociologia pelo IFCH/UNICAMP). Homens e mulheres no campo:trabalho familiar e mudança social no meio rural. .......................................................... 550

Manuela Chagas Manhães; Marcos A. Pedlowski (Universidade Estadual do Norte Fluminense/RJBrasil). Gênero e produção agrícola. um estudo sobre a participação feminina no processode reforma agrária no município de Campos dos Goytacazes, RJ. ................................. 561

Maria das Graças Carneiro de Sena; Wania Maria Gonçalves Fukuda (Embrapa/Brasil). Aparticipação das agricultoras na avaliação e seleção de genótipos de mandioca noEstado de Sergipe: uma contribuição para a segurança alimentar.. ............................... 567

Maria Dione Carvalho de Moraes (Departamento de Ciências Sociais do Centro de Ciências Humanase Letras da Universidade Federal do Piauí). Descerrando vidas e falas: memória, narrativa egênero nos baixões do sudoeste piauiense. ...................................................................... 572

Marta B. Chiappe, Emma Zapata Martelo (México). Relaciones de género en el contexto de laglobalización: un estudio en comunidades rurales de Tlaxcala, Mexico. ........................ 586

Miriam Garcia Aguiar; Niurka Pérez Rojas; Dayma Echevarria Leon (Universidad de La Habana,Cuba). Algunos resultados sobre la relación mujer-formas organizativas agropecuarias enCuba. ................................................................................................................................ 596

Poppy Brunini Pereira Nuñez (Mestre em Extensão Rural pela UFSM/Brasil). Revalorização pessoale auto-estima através do trabalho coletivo. .................................................................... 603

Renata Menasche (Fundação Estadual de Pesquisa Agrícola (FEPAGRO), Universidade Estadual doRio Grande do Sul (UERGS)/Brasil). Homens e mulheres, agrotóxicos e percepções de risco:notas de pesquisa. ............................................................................................................ 613

Rossana Vitelli (Universidad de la República, Uruguay). El fenómeno de la pluriactividad desde unenfoque de género. ........................................................................................................... 618

Sara Maria L. Flores (UNAM/México). Genero e etnicidad: um binômio que teje solidaridades emlas migraciones estacionales al Noroeste de México. ...................................................... 627

Tanice Andreatta (mestranda do PPGDR, UFRGS/Brasil). Padrão e comportamento da mão deobra feminina na região atingida pela febre aftosa no município de Jóia. ...................... 635

Valdete Boni (UFSC/Brasil). Poder e Igualdade: as relações de gênero entre sindicalistas rurais -Chapecó/SC. ..................................................................................................................... 641

Vanda Aparecida da Silva (Brasil). A fofoca na vida cotidiana: entretenimento e intrigas. .............. 652

GT 3: Mobilização de recursos para o desenvolvimento local .............................................. 661Coordenadores: Cesar Ramírez Miranda (México) - [email protected] Roberto Ringuelet (Argentina) - [email protected] Carlos Schiavo (Uruguai) - [email protected]

Alcides J. Ricotto; Jalcione Almeida (PGDR/UFRGS RS/Brasil). Las ferias francas de misiones,Argentina: una red de actores sociales y una nueva visón de mundo rural. .................... 662

Alexandro Oto Hanefeld (UNISC/Rs Brasil). O pólo de modernização tecnológica do vale do RioPardo, Rio Grande do sul, Brasil, como elemento de mobilização para o desenvolvimentolocal. ................................................................................................................................. 673

Andrea Alvarez. Potenciando recursos sociales y productivos a partir de una intervención desaberes complementarios: estudio de caso con comunidades mapuches. ........................ 680

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Carlos Alemany; María Sol Ozino Caligaris (Argentina). De los programas de intervención al apoyode procesos de desarrollo local; el caso de cambio rural en los valles irrigados de laNorpatagonia argentina. .................................................................................................. 690

Carlos Schiavo (Universidad de la Republica, Uruguai). Experiencias de gestión participativa parael desarrollo local. ............................................................................................................ 698

César Ramírez Miranda (México). Desarrollo local o imposición neoliberal: la difícil construcciónde un proyecto alternativo para la región Atenco-Texcoco. ............................................ 709

G. Saal; G. Bergamín (Universidad Nacional de Córdoba/ Argentina). El plan de desarrollo local dela pedanía pichanas. Aspectos metodológicos y resultados. ............................................ 717

Hemerson Luiz Pase (doutorando em Ciências Políticas/UFRGS/Brasil). Orçamento participativo emmunicípios predominantemente rurais. ............................................................................ 727

José Aguero Rodríguez (Universidad Autonoma de Chapingo/Mexico). Evaluación participativapara el diagnóstico comunitario (EPDC); guía operativa para su aplicación en las zonasindígenas. ......................................................................................................................... 732

Julio Baca del Moral e outros. La acción colectiva de la Coordinadora de OrganizacionesCampesinas e Indígenas de la Huasteca Potosina (COCIHP), en la búsqueda deldesarrollo sustentable. ...................................................................................................... 740

Kátia Mara Batista (São Paulo/Brasil). Reflexão e relato sobre o paradigma holístico e/ou sistêmicoe ecológico como fundamentação de projetos inter e transdisciplinares de saúdecomunitária com plantas medicinais: a experiência do projeto “Troca de conhecimentoscientíficos e populares de plantas medicinais - parcerias interinstitucionais - experiênciasinter e transdisciplinares - UNESC/UNISUL e Pastoral da Saúde Regionais Criciúma eTubarão/Santa Catarina” (2001/2002). ........................................................................... 747

Lenivaldo M. Melo; Rafaela P. da Silva (Brasil). Administração pública dos recursos hidricos: odesafio da gestão participativa no estado de Pernambuco. ............................................ 755

Malimiria Norico Otani. Movilización de los recursos para el desarrollo local; um instrumental aserviço dos municípios - O Sistema de Suporte à Elaboração de Plano Diretor AgrícolaMunicipal - PDAM 2.1. .................................................................................................... 761

Marcelo Porto Nicola; Vivien Diesel (Brasil). A questão do monitoramento e avaliação dodesenvolvimento rural local e sustentável. ...................................................................... 767

Marco Antonio Rocha Sánchez (México). Bases para una política de desarrollo regional en losmunicipios metropolitanos de la Ciudad de México. ....................................................... 778

Maria Andrea Nardi; Sandra G. Pereira. Nueva institucionalidad para un modelo alternativo dedesarrollo local: las ferias francas de Misiones. .............................................................. 788

Maria Regina Teixeira Lago (Brasil). Algumas reflexões sobre o programa comunidade ativa e asestrategias de indução ao desenvolvimento local integrado e sustentavel (DLIS) emmunicipíos maranhenses. ................................................................................................. 796

Rufino Vivar Miranda; Edilberto Niño Velásquez. Democracia participativa y desarrollo rural. Laperspectiva comunitaria. .................................................................................................. 800

Sebastián García (Argentina). Comercializacion de fibra de llama: una propuesta economicasustentable para comunidades campesinas aborigenes de la puna jujeña, Argentina. .. 809

GT 5: Transformações estruturais e sociais na agricultura ................................................... 817Coordenadores: Josefa Salete B. Cavalcanti (Brasil) - [email protected] Guillermo Neiman (Argentina) - [email protected]

Relação de trabalhos:Ana Geymonat; Mónica Wehbe; Héctor Martín Civitaresi (Argentina). Empresas multinacionales

de agroinsumos y su impacto a nivel local. un estudio de caso: el sistema de producción desoja en el sur de la provincia de Córdoba (Argentina). .................................................... 818

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Carlos Iorio; Mirna Mosciaro (Argentina). Estudio de la organización productiva y comercial de lossistemas de engorde a corral en Argentina. [email protected] .............................. 838

Gloria Cucullu; Miguel Murmis (Conicet-Flacso, Universidad de General Sarmento, Argentina). Lapersistencia del pueblo rural. ........................................................................................... 851

Graciela Bilello; Karina Block (Argentina). Procesos de cambio en las estrategias productivas de losproductores familiares pampéanos en el marco de la globalización. ............................... 861

João Freire Rodrigues (UERN/Brasil)). Fruticultura de exportação e as novas relações com aagricultura familiar. ......................................................................................................... 869

Jorge Tripiana (CONICET-PIMSA/Argentina). Los pequeños productores en el agro bonaerense;análisis de la situación a través de un estudio sobre el partido de Tandil (pcia de BuenosAires) en las últimas décadas. .......................................................................................... 875

José Ferreira Irmão (Brasil). As ações sócio-econômicas para controle do processo dedesertificação no Nordeste. .............................................................................................. 888

José María Aulicino; Ana María Pereyra (Centro de Estudios del Sistema Agroalimentario(CEAGRO)-Facultad de Ciencias Agrarias, UNLZ). Hábitos alimentarios de jóvenesuniversitarios: preferencias de consumo y adjudicaciones de salud a un conjuntoalimentos. ......................................................................................................................... 899

Josefa Salete Barbosa Cavalcanti; Dalva Maria da Mota; Pedro Carlos Gama da Silva. Olhando parao norte - classe, gênero e etnicidade em espaços de fruticultura do nordeste do Brasil. . 909

Marcela C. López (Argentina). Reestructuración de la producción y del trabajo en la agricultura.el caso de la producción de papa en la provincia de Buenos Aires, Argentina. ................ 920

Márcia Menendez Motta; Sonia Regina de Mendonça. Continuidade nas rupturas: legislaçãoagrária e trabalhadores rurais no Brasil de inícios da República. ................................... 930

Margot Wagner Paes (UENF/RJ Brasil). Transformações no processo produtivo na região norte doestado do Rio de Janeiro. ................................................................................................. 938

Maria José de Souza Gerlack Vecchia (Brasil). A presença e influência inglesa na agricultura dointerior do estado de São Paulo, no início do século xx: um estudo de caso. ................. 954

Maria Luiza Lins Silva Pires, Ronice Maria Pereira Franco de Sá; Jimmy Peixe Mc Intyre. Astransformações estruturais e sociais em Itambé a partir de uma idéia de cidadessaudáveis, cooperativismo e desenvolvimento local. ....................................................... 965

Mónica Isabel Bendini; Norma Graciela Steimbreger. Integración agroalimentaria. trayectoriasempresariales comparadas en la fruticultura argentina de exportación. ........................ 973

Olívio Antonio Bido Mereti; Silvia A. Lima (Brasil). Composição da produção agropecuária. ... 983Patricia Lombardo; Carolina Charlot (Argentina). Tipos sociales agrarios en el partido de

pergamino: un análisis comparativo (1988-1999). .......................................................... 991Pedro Castillo (Argentina). El complejo algodonero textil argentino. ....................................... 1002Rocío Ceverio; Susana Brieva; Lilianna Iriarte. Estrategias comerciales de las cooperativas

agrícolas del sudeste de la provincia de Buenos Aires. .................................................. 1015Sandra Fernández, Marcela Ricosta, Manuel Carlevaro y Hugo Cetrángolo (UBA/Argentina).

Asociativismo como forma de desarrollo local aplicado al sector apícola. ................... 1022Sandra Fernández; Javier Quagliano; Hugo Cetrángolo (UBA/Argentina). Inversiones y cambios en la

estructura de produccion en la cadena de vinos finos en Argentina durante la década del´90. ................................................................................................................................. 1027

Silvia Gorenstein; Andrea Barbero; Emilia Estrada (Argentina). El complejo oleaginoso en laprovincia de Buenos Aires: nuevos actores y dinámicas territoriales. ........................... 1034

Sueli Matilde Macedo et alli (SP/Brasil). Análise da ocupação do solo nos municípios do EDR deAraçatuba-SP. ................................................................................................................ 1047

Valdir Aquino Zitzke (TO/Brasil). Estudo preliminar dos reassentamentos rurais de atingidos pelaUHE “Luiz Eduardo Magalhães” no Rio Tocantins – TO. ............................................ 1060

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GT 6: Mudanças demográficas, migrações e populações rurais ......................................... 1065Coordenadores: Marilda Aparecida de Menezes (Brasil) - [email protected] Guillermo Henriquez (Chile) – [email protected] Tomas Palau (Paraguai) -

Relação de trabalhos:Alan Seitenfus e Silvio Correa (Universidade de Santa Cruz do Sul, RS/Brasil). Fluxos migratórios

e desenvolvimento regional: um estudo de caso no vale do Rio Pardo (RS). ................. 1066Andréa Maria Paula; João Cleps Junior (Universidade Estadual de Montes Claros; Universidade

Federal de Uberlândia). Integração dos migrantes rurais no mercado de trabalho emMontes Claros – Norte de Minas: a esperança da melhoria de vida. ............................ 1075

Concepción Sánchez; Gabriela Luna Lara; Alfonso O. Valverde; Felipe O. Ramirez (Colegio dePostgraduados-CONACYT, México). Perfil socioeconómico de los migrantes de retorno enel estado de Puebla, México. .......................................................................................... 1086

Maria da Glória Marroni (Universidad Autónoma de Puebla, México). La búsqueda del sueñoamericano: la migración internacional y sus repercusiones en el campo mexicano. ..... 1097

Rodolfo Zamora (Universidad Autónoma de Zacatecas, México). Migración internacional y losproyetos productivos com los migrantes en México. ...................................................... 1105

Romier Souza da Paixão; Rosana Gisele Cruz Pintoda Costa (Universidade Federal do Pará, Brasil). Oimpacto do processo migratório rural na formação dos quintais urbanos: estudo de casodaocupação do Riacho Doce - Belém/PA. ........................................................................... 1111

Sergio Cortês (Universidad Autônoma de Puebla, México). Fluxo migratorio laboral de mexicanoshacia EUA en el último quincenio del siglo XX. ............................................................. 1119

Silvio Marcus Correa (Universidade de Santa Cruz do Sul, RS/Brasil). Migração e a (des)construçãodo capital social: um dilema ao desenvolvimento regional. .......................................... 1125

Tânia Elias da Silva; Eliano Sergio A Lopes (Universidade Federal de Sergipe/Brasil). Intervençãogovernamental, mudança social e populações rurais: um estudo dos projetos irrigados noBaixo São Francisco sergipano. ..................................................................................... 1136

GT 7: Reforma agrária e assentamentos rurais .................................................................. 1145Coordenadores: Leonilde Sérvolo Medeiros (Brasil) - [email protected] Emilio López Gamez (México) - [email protected] Niurka Perez Rojas (Cuba) – [email protected]

Relação de trabalhos:Adriana Freire Pereira; Antônio Carlos Rodrigues; Maria Jackeline F. de Carvalho (UFPA;UEPA/

Brasil). A luta pela terra e suas diversas dimensões: o percurso dos trabalhadores ruraisda Fazenda Carvalho ao Assentamento São Francisco III. .......................................... 1146

Adriano Scariot; Pedro Selvino Neumann; Paulinho E.R.Ferreira (UFSM RS/Brasil). Trajetória daapropriação do espaço agrário e estratégias de sustentabilidade na Cooperativa deProdução Agropecuária Cascata (COOPTAR). ............................................................. 1155

Antonio Carlos H. Marques; Carlos Roberto E. Santo; Vera Alves Cepêda (UNESP/UNICAMP, SãoPaulo, Brasil). Indicadores sócio-econômicos das famílias desistentes em projetos deassentamentos rurais na Região Noroeste do estado de SP. .......................................... 1166

Benedita Ma. G. Esteves (Pesquisadora UFAC -AC/Brasil). Fracionamento e parentesco em áreasde assentamento extrativista, no Estado do Acre. ......................................................... 1178

Cyra Malta da Costa; Sonia Maria P.P.Bergamasco (UNICAMP, São Paulo, Brasil). Cooperaçãoagrícola: um olhar sobre a Fazenda Pirituba. ............................................................... 1183

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Eliane Andrade da Silva; Zélia Ma. P. da Silva (Universidade Federal de Pernambuco, Brasil). Arelação entre assessores e trabalhadores rurais: limites e possibilidades de uma relaçãodemocrática. ................................................................................................................... 1199

Eliane Dayse P. Furtado; Sandra Maria G. de Carvalho (Universidade Federal do Ceará/Brasil). OPrograma Nacional de Educação nas Áreas de Reforma Agrária – Pronera no contextodas políticas públicas voltadas à sustentabilidade dos assentamentos rurais. .............. 1201

Giuliana Franco Leal (mestre Unicamp-SP/Brasil). Organizações da burguesia agrária e reformaagrária no Brasil: um estudo sobre a CNA (1995-2001). .............................................. 1209

Graziela Ranaldi; Maria Angela Fagnanai; Sonia Maria. P.P. Bergamasco (Feagri, UNICAMP, Brasil).A propriedade da terra nos assentamentos rurais. ........................................................ 1216

Joaquim Antonildo P. Pinheiro (mestre na Universidade Federal do Ceará, Brasil). Encontros edesencontros na luta pela terra. ..................................................................................... 1224

José Maurício Pereira (Unicap PE/Brasil). Assentamentos rurais: a árdua conquista dacidadania. ..................................................................................................................... 1234

Leonardo Melgarejo (Emater/RS, Brasil). Cooperação entre atores que adotam referênciastecnicamente eficientes amplia possibilidade de sucesso para assentamentos de reformaagrária no Rio Grande do Sul. ....................................................................................... 1244

Letícia de Castro Guimarães (mestre UFU MG/Brasil). Reforma agrária e construção da cidadania:o caso da Fazenda Nova Santo Inácio Ranchinho, Campo Florido-MG. ..................... 1257

Lidiane Camargo; Alexandre L. Giehl; Ademir Antonio Cazella; Eros Marion Mussoi (UniversidadeFederal de Santa Catarina, Brasil). A análise do caráter complementar do Banco da Terra noprocesso de reforma agrária em Santa Catarina. .......................................................... 1268

Luciani Nascimento (Mestre. CPDA/UFRRJ, Brasil). Transformações no poder local a partir daconstituição dos assentamentos da reforma agrária no município de Paracatu, regiãoNoroeste de Minas Gerais. ............................................................................................. 1276

Luis Daniel Hocsman (IAPCS-UNVM, Argentina). Transformación territorial y organizacióncampesina en el Noroeste de Argentina. ........................................................................ 1285

Maria Lucia da Silva Sodré; Luiz Gonzaga Mendes; Sylvia Maria dos Reis Maia (Universidade Federalda Bahia/Brasil). A inserção de mediadores no assentamento Nova Palmares. .............. 1292

Pedro Selvino Neuman; Carlos Loch (doutorando UFSC/prof. UFSM, RS/Brasil). Os impactos dafragmentação e do parcelismo das terras nas propriedades agrícolas: a pertinência daspolíticas de ordenação e reordenamento fundiário. ....................................................... 1304

Robson Pires; Renato Di S. Mastrantonio; Maria Aparecida Anselmo Tarsitano (FEIS/UNESP SP/Brasil). Produção de alface em estufas no reassentamento rural do cinturão verde da IlhaSolteira - SP: uma análise sócio – econômica. .............................................................. 1314

Romildo dos Santos Silva; João Claudino Tavares; José Costa Ayres Jr. (UFM SP/Brasil). A reformaagrária de mercado no Maranhão: estudo sobre o Projeto Piloto de Reforma AgráriaCédula da Terra. ............................................................................................................ 1324

Sonia Maria. P.P. Bergamasco; Luiz Antonio C. Norder; Rosângela Aparecida P. de Oliveira;Leonardo de Barros Pinto (Feagri/UNICAMP/SP, Brasil). Assentamentos em São Paulo.1334

Susana Bleil (Brasil). Uma cooperativa de produção pode ser considerada um espaço público?Tensões e conflitos em torno do comunitário e do público num assentamento doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. ......................................................... 1343

Vera Lucia S. Botta Ferrante (Pesq. CNPq, PMS/FCL-Campus Araraq. SP/Brasil). Assentamentosrurais e poder local: os rumos da descentralização da reforma agrária. ...................... 1354

Page 10: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

10

GT 8: Juventude e terceira idade no meio rural .................................................................. 1364Coordenadores: Juan Romero (Uruguai) - [email protected] Sonia Zapata (Chile) – [email protected] Daniel Espindola (Rede Juventud Rural) – [email protected] Ana Amélia Camarano (IPEA, Brasil) – [email protected]

Relação de trabalhos:Anita Brumer; Rebeca Vergara Henneman de Souza; Analisa Zorzi (Universsidade Federal do Rio

Grande do Sul, Brasil). Ficar ou sair: perspectivas futuras dos jovens do meio rural. ... 1365Bernardete Bezzera (Universidade Federal do Ceará/Brasil). Representações de trabalho, velhice e

aposentadoria entre aposentados rurais. ....................................................................... 1373Daniel Espíndola (Uruguai). Nuevos enfoques en políticas públicas de juventude rural rompiendo

la ‘guetización’ actual y construyendo nuevas alternativas. ......................................... 1386Emilene Leite Sousa; Ghislaine Duque (UFPB/Brasil). De geração a geração: um estudo sobre a

disposição dos jovens em assumirem o trabalhjo agrícola. ........................................... 1397Eva Chow Belezia (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula souza, Brasil). Cooperativa-

escola nas escolas técnicas agrícolas – instrumento para formação do técnico da áreaagropecuária. ................................................................................................................. 1403

Gabriela Quiroga (Uruguai). Las escuelas agrarias porteras adentro. ....................................... 1412Hugo Rene Núñez (Movimiento para el Desarrollo Local por Gestión Asociada Palpalá, Argentina). La

participación de la juventud en estrategias para el desarrollo local. ............................ 1422Ivoneti Catharina Rigon; Wânia Rezende Silva (Universidade Estadual de Maringá/Universidade

Estadual de Londrina, Brasil). Empreendorismo no contexto da formação do profissional deciências agrárias. ........................................................................................................... 1432

Jorge Iulianelli; Paulo Cesar Fraga; Ana Maria Ribeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro,Brasil). Narconegócio e jovens no Brasil: dimensões urbanas e rural. ........................... 1443

Juan Romero (Uruguai). Los jóvenes rurales: una asignarura pendiente en la sociedad rural delUruguay. ......................................................................................................................... 1455

Kaizô Iwakami Beltrão; Slange Kanso; Ana Roberta Pascon (IBGE/IPEA). Juventude rural eescolarização. ................................................................................................................. 1469

Luis Caputo (Red Latinoamericana de Juventudes Rurales – RELAJUR/Argentina). Intencionesjuveniles y heterogeneidad de los patrones migratorios como estrategias de vida de lajuventud rural argentina. ............................................................................................... 1486

Maria Cristina Mola (Instituto Superior de Formación Docente Continua Victor Manuel Almenara,Argentina). La educación formal como puente entre las jovenes y adultos. ................... 1487

Maria E. Caggiani. Heterogeneidades en la condición juvenil rural. ........................................ 1494Marisa Sugamosto (IPARDES, Paraná/Brasil). O benefício previdenciário e a redefinição do status

do idoso entre agricultores familiares. ........................................................................... 1501Matilde Acosta e outros (Comisión Nacional de Fomento Rural; Cooperativas Agrarias Federadas;

Asociación Nacional de Productores de Leche; Movimiento de la Juventud Agrária,Paraguai). Ruralidad Juvenil Cooperativa. ..................................................................... 1508

Milagros Adriana R. Flores (Centro Juvenil Afro- ASONEDH, Peru). Los jovenes de lascomunidades de San Luis de Cañete y San José en Chincha. ........................................ 1526

Nilson Weisheimer (UFRGS/Brasil). Os jovens agricultores e o processo de trabalho na agriculturafamiliar. .......................................................................................................................... 1529

Oscar Boitel; Niurka Pérez; Dayma León (Universidad de La Habana, Cuba). Inserción juvenil enunidades básicas de producción cooperativa (UBPCV); estudio de casos en el municipiode Güines, Provincia de La Habana. ............................................................................. 1540

Page 11: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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Rafael Mesen Veja (Ministerio de Agricultura e Ganaderia, Costa Rica). La importancia y la urgenciade la extension y la educacion de la juventud rural para afrontar com éxito los desafios dela globalización u apertura comercial: dos experiencias de formación de la juventud deTierra Blanca de Cartago, Costa Rica. .......................................................................... 1547

Rosani Spanevello; Hugo Vela; Adriana Lago (Universidade Federal de Santa Maria, RS/Brasil).Juventude rural: associativismo e lazer como forma de desenvolvimento social. ........ 1555

GT 9: Impactos, conseqüências e respostas locais à globalização ..................................... 1559Coordenadores: Henrique de Barros (Brasil) - [email protected] Blanca Rubio Vega (México) - [email protected]

Relação de trabalhos:Adolfo Álvarez Macías; Elizabeth Montaño Becerril (México). Agroindustria y pequeños

ganaderos lecheros: articulación asimétrica en aguascalientes (México). .................... 1560Adolfo Rodríguez Canto (Universidad Autónoma Chapingo, Mexico). Los cultivos exóticos y su

relación com el desarrollo local y el mercado mundial. ................................................. 1566Alberto Daniel Gago (Argentina). Globalización, dinámica de acumulación e inserción productiva

en economias regionais del capitalismo periférico: el caso de la cadena vitivinícola en laregión de Cuyo-Argentina. ............................................................................................. 1571

Andrea Mastrangelo. Locales visitados por globalizados: Es posible el desarrollo local a partir deuna gran inversión minera transnacional? .................................................................... 1583

Beatriz A. Cavallotti V.; Víctor H. Palacio M. (México). Repercusiones de la globalización en laganaderia del norte del Mexico. ..................................................................................... 1595

Carlos Rafael Rodríguez Solera (México). Los efectos de la globalización en el medio rural: laproducción de la pobreza en la región del Plan Puebla Panamá. .................................. 1604

Emilio López Gámez; Frederico Ovalle Vaquera; José Dolores López B. (Universidad deChapingo, México). Los impactos de las políticas agrarias y agropecuarias en Mexico(1980-2002). .................................................................................................................. 1619

Fernando Cervantes Escoto ( Universidad Autónoma Chapingo/ México). Las relaciones de poderentre productores primarios y agroindustria: el caso de la cuenca lechera de los altos deJalisco, México. .............................................................................................................. 1627

Grazielle Betina Brandt; Sílvio Marcus de Souza Correa (UNISC- RS/Brasil). Globalização epeasant culture: conflito cultural na (cadeia produtiva da) agroindústria tabagista noBrasil meridional. ........................................................................................................... 1636

Gustavo Barrientos; José Luis Figueroa (Universidad de las Americas, México). Alternativas frente ala pérdida de la tierra por conurbación: el caso de Puebla y los Cholula. .................... 1645

Hugo E. Ratier y colaboradores (Argentina). Globalización y crisis en el campo argentino: truequeen um poblado bonaerense. ............................................................................................ 1653

Joaquim Assis; Vivien Diesel; J. Scheibler (UFSM, RS/Brasil). As novas formas de regulação em ummundo globalizado; reflexões a partir do caso do fumo. ............................................... 1663

José Guadalupe Vargas Hernández (Universidad de Guadalajara, México). El impacto económico ysocial de los desarrollos recientes en politicas agrícolas y rurales e instituciones enMéxico. ........................................................................................................................... 1673

Lavínia Pessanha (Brasil). Transgênicos e segurança alimentar: a polêmica brasileira. ........... 1682Luis Pessoa Aragão; Arsênio Pessoa de Melo Júnior; Marco Antonio Igarashi (UFCE/Brasil). Oysters,

Alternative Livelihood of Local People in Mangrove Areas in Ceara State. ................. 1689Marco Antonio Igarashi; Afonso Souza Candido; Arsênio Pessoa de Melo Júnior; Moisés Almeida de

Oliveira; Luiz Pessoa Aragão; Raimundo Aderson Lobão de Souza (UFCE/UFPA, Brasil).Farming Spiny Lobsters in the Next Century: Opportunities for Growth Challenges ofSustainability. ................................................................................................................. 1696

Page 12: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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Maria del Carmen del Valle Rivera (México). Las estrategias de los actores sociales en el sistemalacteo mexicano en los noventa. .................................................................................... 1705

Olga Lacano; Radovan Pérez (Universidad de las Americas, México). Las unidades domésticasproductoras de nopal de San Bernardino Tlaxcalancino: reorganización de actividades antela pérdida de la tierra por conurbación. ........................................................................ 1715

Roberto Delamarre (Argentina). Impactos de la apertura de la economia argentina en la cadenaproductiva de la fruta en fresco de Mendoza. ................................................................ 1722

Susana Edith Rappo Miguez (Universidad Autónoma de Puebla, México). Agricultura orgánica,estratégia de sobrevivencia para los pequeños productores. ......................................... 1740

William José Sabbag (PE/Brasil). A modernização agrícola no estado de Pernambuco:1995/1996. ..................................................................................................................... 1749

GT 10: Agricultura familiar ................................................................................................... 1758Coordenadores: Maria de Nazareth Baudel Wanderley (Brasil)– [email protected] Hermilio Navarro Garza (México) – [email protected] Gabriela Martinez Dougnac (Argentina) – [email protected]

Relação de trabalhos:Ana Ferrazzino; Suzana Formento (Argentina). La crisis familiar-empresarial y el futuro de la

empresa familiar agrária. ............................................................................................... 1759Andrés Bassi. Renato Biolatto; Pablo Marini; Marcelo Tobín;. Graciela Ottmann. El trabajo familiar

en explotaciones de producción lechera: una estrategia frente a las transformacionesimpulsadas por la globalización. .................................................................................... 1768

Antonia Perez (México). Disociación da las economias familiares campesinas en el entornoregional del tratado de libre comercio. Modalidades territpriales en el sur del estado deHidalgo, México. ............................................................................................................ 1775

Carla Gras. Dinámicas de cambio en la agricultura familiar: complejidad ocupacional, diversidadestructural e inscripción social. ...................................................................................... 1784

Cleyton Henrique Gerhardt; Jalcione Almeida (PGDR, UFRGS/Brasil). Agricultores familiares,mediadores sociais e meio ambiente: a construção da “problemática ambiental” no meiorural. ............................................................................................................................... 1795

Dione Moraes; Sergio Vilela (Universidade Federal do Piauí/ Brasil). Multifuncionalidade,sustentabilidade da agricultura e a reprodução de grupos familiares: passos de pesquisanos cerrados do sudoeste do Piauí. ................................................................................ 1805

Dilvan Luiz Ferrari (SC/Brasil). Agricultura familiar as transformações sociais e econômicas noespaço rural catarinense. ............................................................................................... 1817

E. Azcuy Ameghino; G. Martínez Dougnac; M.I. Tort. Evolución reciente de la agricultura familiaren la región pampeana: Las nuevas condiciones de reproducción. ................................ 1831

Hieda Maria Pagliosa Corona (PR/Brasil). Pluriatividade: uma estratégia da agriculturafamiliar. .......................................................................................................................... 1839

Lyz Elizabeth Amorim Melo Duarte (Brasil). Unidades familiares de produção: uma discussãoteórica. ........................................................................................................................... 1850

Marcelino de Souza; Mauro E. Del Grossi (SP/Brasil). A individualização do trabalho agrícola noseio das famílias rurais da região Sul do Brasil nos anos 90. ........................................ 1864

Márcio Antonio de Mello e outros (SC/Brasil). Sucessão profissional e transferência hereditárianaagricultura familiar. ....................................................................................................... 1874

Maria Del Carmen González; Inés Arrechea; Cecilia Pontino; Marcela Román (Argentina). Losproductores familiares pampeanos. Una visión desde Tres Arroyos. ............................. 1884

Nelson Antonio Baldasso; Claudinei Moisés Baldissera; Flávio Calcanhoto (RS/Brasil). Ocupação doespaço na região do Vale do Rio dos Sinos. .................................................................... 1892

Page 13: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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Nidia Hidalgo Celarié; Emma Zapata Martelo (México). El impacto de proyectos demicrofinanciamiento en la negociación por los recursos al interior del grupo doméstico: unacercamiento teórico desde la teoría feminista. ............................................................. 1900

Pablo N. Barbetta (Argentina). Transformaciones en las organizaciones laborales y en losmercados de trabajo: el caso de las explotaciones familiares de San Isidro de Lules,Tucumán, Argentina. ...................................................................................................... 1911

Paulo Eduardo Moruzzi Marques (Brasil). Reflexões sobre os impactos das intervenções dalinha infra-estrutura do Programa Nacional de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar (PRONAF). ...................................................................................................... 1921

Pedro Selvino Neumamm e outros (RS/Brasil). Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (PRONAF) e seus reflexos: o estudo de caso do Município de TrêsPalmeiras – RS. .............................................................................................................. 1933

Ramonildes Alves Gomes (PE/Brasil). Qualidade de vida e cultura: pensando a agriculturafamiliar. .......................................................................................................................... 1943

Rita Maria Ribeiro de Carvalho (MG/Brasil). Divisão de tarefas na agricultura familiar. ......... 1953Sergio Schneider (UFRGS/Brasil). A dinâmica local e territorial do desenvolvimento da

agricultura familiar no Rio Grande do sul: um estudo de caso no município deVeranópolis-RS/Brasil. .................................................................................................... 1962

Sueli Pereira Castro (UFMT/MT, Brasil). De Sesmaria a Gleba: Baús, um caso de violênciaescondida e legal. ........................................................................................................... 1975

Vilson Marcos Testa (SC/Brasil). A produção familiar de leite e o desenvolvimento do Oestecatarinense: ameaças e potencialidades. ....................................................................... 1985

Xavier Arnauld (França). As transformações dos grupos familiares impulsionadas pelas políticaspúblicas. ......................................................................................................................... 1997

Zilá Mesquita (RS/Brasil). Associativismo em rede: uma construção em territórios de agriculturafamiliar. .......................................................................................................................... 2007

GT 12: Diversidade cultural rural ......................................................................................... 2016Coordenadores: Delma Pessanha Neves (Brasil) - [email protected] David Oseguera Parra (México) - [email protected] Luis Galeano (Paraguai) – [email protected]

Relação de trabalhos:Alicia Avellaneda; Elida Crocco; Maria Fernanda Estevez (Universidad Nacional de San Juan,

Argentina). Vivir y trabajar en la chacra. ....................................................................... 2017Benedita M. G. Esteves (Universidade Federal do Acre, Brasil). A transmissão da herança em três

gerações de famílias de trabalhadores seringueiros, na Reserva Extrativista ChicoMendes. .......................................................................................................................... 2027

Cesar Hamilton Goes (UNISC/doutorando no PPGSUFRGS/RS Brasil). Religião e sociabilidade nomeio rural: tradição e memória no sul do Brasil. .......................................................... 2032

Delma P. Neves (Universidade Federal Fluminense, Brasil). Os pecuaristas e a sociabilidadeostentatória. ................................................................................................................... 2040

Flávia C. da Silva; Sebastiana R. de Brito (PUC-RJ Brasil). Trabalhar na roça: seussignificados. ................................................................................................................... 2047

Gisela L. Benítez (Universidad Autónoma Metropolitana, México). Encuentros e desencuentros en laintervención en el campo. .............................................................................................. 2054

José Manuel Méndez (Universidad Autónoma Chapingo, Mexico). La cosmovisión étnica,manifestaciones de una cultura rural de resistencia. ..................................................... 2064

José Marcos Froehlich (Universidade Federal de Santa Maria, RS Brasil). A (re)construção deidentidades e tradições: o rural como tema e cenário. .................................................. 2075

Page 14: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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M. A. Pedlowski; R.R.M. Zinga; M.C. Manhães (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Brasil).A mudança da identidade social dos participantes e o papel da dualidade rural-urbano naimplementação da Reforma Agrária no Norte Fluminense. .......................................... 2082

Maria Nilza Jesus; Myriam Cyntia Oliveira (Universidade Federal do Pará, Brasil). Manejo dosrecursos naturais em um estabelecimento agrícola familiar. ......................................... 2092

Rosana Gisele Cruz Pinto da Costa (IPAM/Brasil). Percepções sobre as mudanças ambientais apartir das atividades de produção dos pequenos produtores em duas comunidades naAmazônia Oriental. ........................................................................................................ 2097

Silvia Graciela Lucifora (Universidad de Mar del Plata, Argentina). “La otredad interpelada.” Elequipo de salud demanda líneas de interacción para con la población boliviana asentadaen el sudeste del partido de general pueyrredon. ........................................................... 2105

Silvia Maria F. Giuliani (Brasil). São Miguel: origens de uma comunidade afro-brasileira. ....... 2112Simone da Costa (Universidade Estadual de Maringá, Brasil). Peões e vaqueiros: as descrições dos

rodeios e das vaquejadas no Brasil. ............................................................................... 2120

GT 13: Violência rural ........................................................................................................ ... 2129Coordenadores: José Vicente Tavares dos Santos (Brasil)- [email protected] Sergio Gomez (Chile) – [email protected] Oscar López Rivera (Guatemala) – [email protected]

Relação de trabalhos:Arcelia Bárron (Universidad Autónoma de Sinaloa, México). Narcotráfico y violência en Sinaloa-

México. ........................................................................................................................... 2130Cristóbal Kay (Holanda). Estructura agraria y violencia en la sociedad rural de américa

Latina. ............................................................................................................................ 2139Doris Cooper Mayr (Universidad la Republica, Universidad de Chile, Universidad Tecnologica

Metropolitana, Chile). Violencia en areas rurales chilenas y tipologia de delincuenciasasociadas. ....................................................................................................................... 2148

Joaquim A. Ferreira; João Luiz Cardoso (FEAGRI/UNICAMP, Brasil). Violência e segurançapreventiva no meio rural: uma análise para o município de Espírito Santo do Pinhal,estado de São Paulo. ...................................................................................................... 2159

Jorge Atilio Iulianelli (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil). Polígono da maconha eviolência. ........................................................................................................................ 2165

José Luiz Bicca de Melo (Unisinos/RS Brasil). As aplicações sociais do Abigeato. ................... 2176Karl Monsma; Simone Medeiros (Universidade Federal de São Carlos, Brasil). Classe, etnia e

violência nas fazendas de café do oeste paulista, 1889-1914. ....................................... 2180Marcelo Souza Cotrim; Juliete Miranda Alves (PGDR UFRGS/ Universidade Federal do Pará). A

contribuição de Boaventura de Souza Santos para uma análise da violência do direito edo poder no meio rural brasileiro. .................................................................................. 2188

Maria das Graças Ataíde Almeida (Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil). Imaginário ediscurso: o papel da imprensa na construção da imagem do MST. ............................... 2194

Regina Bruno (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil). Nova República: a violênciapatronal rural como prática de classe. ........................................................................... 2198

Page 15: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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GT 14: Aspectos sociológicos da educação e da extensão rural .......................................... 2207Coordenadores: Emma Siliprandi (Brasil) - [email protected] Daniel Caceres - [email protected] Gerardo Gomez Gonzalez - [email protected]

Relação de trabalhos:Adrián L. Gargicevich; Jorge R. Maroni. Caminos alternativos al modelo difusionista de extensión

rural: promesas, limitaciones y desafíos para el cambio. .............................................. 2208Alex Fabiani de Brito Torres; José Maurício do Rêgo Feitoza; Paulo Sérgio P. Ferreira; Maria de

Lourdes Soldati Teixeira; Geraldo Magela Braga (Minas Gerais/Brasil). A pedagogia da açãoextensionista através da radiodifusão: Um estudo de caso na zona da Mata Mineira, nomunicípio de Viçosa-MG. ............................................................................................... 2216

Cristhiane Oliveira da Graça Amâncio; Canrobert Costa Neto (Embrapa/Brasil). Os limites daformação profissional para a abordagem agroecológica: o caso do programa de educaçãoambiental da Embrapa Agrobiologia ............................................................................. 2226

Eros Marion Mussoi (Brasil). Estágio de Vivência: uma aproximação pedagógica à realidadesocial. ............................................................................................................................. 2238

G. Bergamín; M. Tamagnini; G. Saal; S. Ryan; Ferrer G y M. Barrientos. Una propuesta educativade extensión rural para la formación de ingenieros agrónomos. ................................... 2244

Gerardo Roberto Martínez. Para unir la ciencia y la poesía. ................................................... 2256Gladys Villarroel Rosende. La Mujer rural como promotora de expectativas educacionales. .. 2262Gonzalo Bravo. Una ventana para apreciar el fenómeno de poder en procesos de innovación

agrícola. ......................................................................................................................... 2270Hugo Aníbal Gonzalvez Vela; Luciana Boff Turchielo; Nádia Pötter dos Santos (UFSM/Rs Brasil).

Sociedade e Educação no meio rural de Santa Maria RS. ............................................. 2280João Carlos Canuto (Brasil). Desafios da pesquisa participativa para uma Universidade

Popular. .......................................................................................................................... 2288Luciola Andrade Maia; Josefa Jackline Rabelo; Luís Távora Furtado Ribeiro (Brasil). A importância da

educação no Movimento dos Sem terra: fragmentos de uma história de luta. ...................... 2293Luis Alfonso Ojeda Enciso (México). La no adopción de tecnología, en la cuenca del Papaloapan,

México. ........................................................................................................................... 2299Luiz Alberto Ferreira (SC/Brasil). Formação Técnica para o ecodesenvolvimento: uma avaliação

das ações de profissionalização rural em SC no período 1992/2002. ............................ 2311Marcia Santos de Souza; Eros Marion Mussoi (SC/Brasil). Trabalho agrícola e etnia: um estudo

sobre representações sociais. .......................................................................................... 2316Maria Sacramento Aquino (Brasil). Inserção da Educação Ambiental na proposta curricular para o

meio rural. ...................................................................................................................... 2324Nelson Antônio Baldasso; Oto Guilherme Petry (Brasil). Educação ambiental (A Prática da

Gramática). .................................................................................................................... 2329Raquel Santos Sant’Ana (Universidade Estadual Paulista, SP, Brasil). Extensão universitária na

perspectiva crítica e a formação do aluno: o caso do Campus de Franca da UNESP. 2335Rita Maria Ribeiro de Carvalho. A chegada do estranho. .......................................................... 2342Robson Amâncio; Cristhiane Oliveira da Graça Amâncio (Brasil). Como a educação participativa

pode contribuir para o desenvolvimento do turismo no espaço rural de maneiraresponsável. .................................................................................................................... 2354

Sonia Sanchez de Márques; Hugo Erbetta; Ruben Oscar Elz; Daniel Grenón; Patricia Sandoval.Aproximación a um concepto de Extensión Rural como base para la formación de gradouniversitario. .................................................................................................................. 2363

Toshio Nojimoto; Aluísio Almeida Schumacher (Brasil). Práticas metodológicas e discursivas emagronomia: conhecimento ou “retórica”. ...................................................................... 2371

Ximena Sánchez Segura. Educación y Desarrollo: Análisis desde la Ruralidad.. ...................... 2381

Page 16: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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GT 15: Aspectos sociológicos de organizações rurais: sindicatos, cooperativas, ONGs eoutras ............................................................................................................................. 2389

Coordenadores: Mario Lattuada (Argentina) - [email protected] Carmen Amendola (Uruguai) – [email protected] Carlos Cortez Ruiz (México) – [email protected]

Relação de trabalhos:Ailton Dias dos Santos (UFV/MG Brasil). ONGs, esfera pública e a atribuição de novos

significados ao conceito de desenvolvimento. ............................................................... 2390Alicia Ruiz Olalde; Ana Maria Eloy Canto (UFBA/Brasil). Uma proposta de tipificação das

Associações do Programa Cédula da Terra na Bahia. ................................................... 2399Ana Stern (México). Las maquiladoras de tipo social: algunos estudios de caso. ......................... 2407Alejandro Daniel Oviedo (FHyCS-UNM/Argentina). Iniciativas económicas solidarias:

estrategias organizativas en la provincia de Misiones. .................................................. 2419Almir Sandro Rodriguez; Osvaldo Heller da Silva (UFPR/PR Brasil). A FETRAF-SUL/CUT e os

agentes de desenvolvimento do projeto Terra Solidária: atores sociais na construção doprojeto de desenvolvimento sustentável e solidário. ..................................................... 2429

Andrea Poletto Oltramari (UPF/RS Brasil). Tendências de estratégias de gestão derecursos humanos em cooperativas de agronegócio do Planalto Médio do Rio Grandedo Sul. ............................................................................................................................ 2441

Carlos Olivares (Argentina). Las asociaciones rurales en los 90. Un estudio de caso: elMOCASE. ...................................................................................................................... 2450

Carola Conde Bonfil (El Colegio Mexiquense, AC/México). Nuevas formas de organización: OSC.microfinancieras mexicanas. .......................................................................................... 2459

Cármen Améndola (Universidad de la República/Uruguai). Vía Campesina: un nuevo tipo deorganización rural. ......................................................................................................... 2464

Cimone Rozendo de Souza (Brasil). A cooperação como estratégia organizacional doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Paraná: o caso da cooperativa deprodução e serviços de Pitanga. .................................................................................... 2471

Daniel Ferreira da Silva; Cloviomar Cararine Pereira; Olavo Brando Carneiro; Priscila Menezes deSouza; Simone Cabral da Silva (UFRRJ/Brasil). Estudo comparativo das variáveis de umbanco de dados eletrônicos, aplicáveis em assentamentos e sindicatos de produtoresrurais. ............................................................................................................................. 2482

Daniela Mariotti (CONICET/Argentina). La Unión de Cañeros Independientes de Tucumán:estrategias sociales y acciones colectivas en los nuevos escenarios de integraciónregional. .......................................................................................................................... 2486

Edilberto Niño Velásquez (México). Dependencia campesina, imposición gubernamental yfracaso económico en la mixteca oaxaqueña. ............................................................... 2494

Eduardo Moyano Estrada (IESA-CSIC/Espanha). Aspectos metodológicos para el estudio dela acción colectiva en la agricultura y la sociedad rural. El caso del sindicalismoagrario. .......................................................................................................................... 2505

Eleusa Maria Leão de Souza; Fausto Miziara (UFG/GO Brasil). A participação de produtoresfamiliares em associações no município de Silvania (GO). ............................................ 2519

Federico Ovalle Vaquera; Emilio López Gámez; Gilberto Silvestr López; José Dolóres López(CIOAC/México). La CLOC como un movimiento de resistencia y alternativa ruralante el modelo neoliberal. .............................................................................................. 2525

Florencio Posadas et al. (IIES.UAS/México). Identidad y voluntad colectiva de los trabajadoresagrícolas en el Noroeste de México. ............................................................................... 2530

Gabriela Olivera (Conicet-FFyH-UNC/Argentina). Conformación institucional y organizacióncooperativa. El caso de la cooperativa de Los Cóndores, Córdoba, Argentina,1951-1956. ..................................................................................................................... 2537

Page 17: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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Graciela Mateo (UNQ/Argentina). La Asociación de Cooperativas Argentinas (ACA) comocentro generador de servicios sociales. .......................................................................... 2547

José Ambrósio Ferreira Neto (UFV/MG Brasil). A FETAEMG no século XXI: um salto para opassado. .......................................................................................................................... 2554

Leonardo Pinheiro Deboca; Rosiane Maria Lima Goncalvez; José Mauro Ferraz Andrade; GeraldoMagela Braga (UFV/MG Brasil). O gerenciamento nas cooperativas de trabalhadores ruraise sua importância social. ................................................................................................ 2562

Marcos Medina (UNNordeste/Argentina). Desafíos y Acciones de las entidades agropecuariasargentinas frente a la globalización en la dècada del noventa. El discurso de la Federación Agraria Argentina. ........................................................................................................ 2567

María Isabel Tort (INTA/Argentina). Evolución del tipo de formas asociativas surgidas delPrograma Federal de Reconversión Productiva para Pequeña y Mediana EmpresaAgropecuaria (Cambio Rural). ....................................................................................... 2575

María Luiza Lins e Silva Pires (Pesacre/AC Brasil). Cooperativismo e economia social: algumasdiscussões recentes. ........................................................................................................ 2582

Maria Patricia Cabral da Silva (UFPE/Brasil). O discurso e a prática dos sindicatos naorganização dos trabalhadores rurais da zona da mata de Pernambuco. ..................... 2590

Mario Lattuada; Juan Mauricio Renold (CONICET-CIUNR/Argentina). Aspectos teóricos ymetodológicos en el análisis de la organización cooperativa agropecuaria. ................. 2594

Mauro César Rocha da Silva (Pesacre/AC Brasil). Representação política e os interesses no STR deXapuri: os conflitos e desafios dos anos 90. .................................................................. 2598

Mônica Schröeder (SP/Brasil). Para entender a sustentabilidade das organizações de créditoda agricultura familiar: a importância dos vínculos sociais. ......................................... 2608

Noemí Girbal Blacha (Conicet UNQ-UNLP/Argentina). Organización cooperativa agraria ypolítica gubernamental en la Argentina peronista (1946-1955). ................................... 2621

Paulo Cesar Diniz (AS-PTA/Brasil). “Ação coletiva” e agricultura familiar: por umaconvivência com o semi-árido. ....................................................................................... 2630

Sonia Regina Mendonça (UFF/Brasil). A Sociedade Nacional de Agricultura. Representaçãoempresarial e reforma agrária no Brasil dos anos 1980. ............................................... 2639

Renato Macedo Filho; Maria das Dores S. de Loreto; José Raimundo Silva Costa (UFV/Brasil).Associação de agricultores familiares: estratégia de desenvolvimento sustentável no semi-árido – o caso de Valente (BA). ...................................................................................... 2649

Romulo Soares Barbosa (MG-Unimontes/Brasil). Sindicalismo rural brasileiro nos anos 1990: osaposentados em cena. .................................................................................................... 2654

Rossana Cacivio (Fac. Cs. Agrarias UNLP/Argentina). Estrategias para el fortalecimientosectorial. Formación de la Federación Hortícola de la provincia de Buenos Aires. ..... 2661

GT 16: Movimentos sociais rurais ....................................................................................... 2267Coordenadores: Ramón Fogel (Peru) – [email protected] ............................ Claudio Gonzalez (Chile) – [email protected] Aloisio Ruscheinski (Brasil) – [email protected]

Relação de trabalhos:Angélica Massuquetti (Brasil). A produção do conhecimento sobre os conflitos sociais no Campo

no Brasil. ........................................................................................................................ 2668Bernadete Wrublevski Aued (UFSC/Brasil). Origens sociais dos movimentos dos rurais em Santa

Catarina. ........................................................................................................................ 2677Carlos Jimenez Solares (Universidade Autónoma de Chapingo/México). Retos teóricos y prácticos

para las organizaciones, los movimientos sociales y las formas de acción colectiva en laconstrucción de redes y redes de redes. .......................................................................... 2681

Page 18: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

18

Fernando Garcia de Oliveira (Brasil). Uma experiência de assessoria a atingidos porbarragem. ...................................................................................................................... 2689

Florencio Posadas (México). Movimientos sociales de los trabajadores agrícolas en el noroeste deMéxico. ........................................................................................................................... 2695

Franklin Rothman (MG/Brasil). Mediações nas lutas de resistência aos projetos de barragens nosudeste de Minas Gerais. ................................................................................................ 2706

Gabriela Kraemer Bayer (México). La infuencia del movimiento magisterial en la cultura políticaindígena en Oaxaca, México. ......................................................................................... 2714

Inês Cabanilha de Souza (Brasil). As faces da política local: representação política, dependênciamútua e favor. ................................................................................................................ 2723

Karina Bidaseca (Universidad de Buenos Aires/Argentina). La construcción de una “cultura emotiva deresistencia”. Um estudio comparativo de acciones colectivas de dos organizaciones rurales demujeres en Argentina y Brasil desde la perspectiva de género. .......................................... 2730

Márcia Maria Menendes Motta (Brasil). Movimentos rurais no Brasil do século XIX. Umaabordagem à luz de Thompson. ...................................................................................... 2739

María De Fátima Yasbeck Asfora (Brasil). Una nueva dimensión en las luchas sociales delnordeste agrario brasileño: análisis sobre la contribución de la Comisión Pastoral dela Tierra, CPT. ............................................................................................................... 2745

Patricia Muñoz Sánchez (México). La tierra es raiz e historia. El movimiento social agrario deAtenco-Texcoco. ............................................................................................................. 2752

Rubén de Dios (Argentina). Movimiento campesino y lucha por la tierra en una región del noroesteargentino. ....................................................................................................................... 2761

Sandra Huenchuan Navarro. Sistema global de propiedad intelectual. Un análisis desde losderechos indígenas y sus efectos de género. ................................................................... 2771

Simone Maria de Souza, Maria de Fátima Gomes de Lucena (Brasil). MST e educação: perspectivade construção de uma nova cultura. .............................................................................. 2779

Sonia Puricelli (México). El movimiento campesino. Un elemento del patrón. ........................ 2786Tarcísio Augusto Alves da Silva; Selma Rodrigues de Oliveira (Brasil). Dominação e cultura: análise

da gestão administrativa em umna pequena propriedade rural em Pernambuco. ........ 2795Thelma Maria Grisi Veloso (Brasil). Memórias da resistência e luta dos pequenos produtores rurais

de Camucim (Paraíba/Brasil). ........................................................................................ 2803

Luis Manuel Tiscornia. Los nuevos procesos de organización del campesinado en la provincia de neuquén:La protesta campesina. El caso de la “mesa de organizaciones campesinas” .................... 2811

GT 17: Trabalho rural e processo de proletarização ............................................................ 2819Coordenadores: Maria Aparecida Moraes Silva (Brasil) - [email protected] Mónica Bendini (Argentina) - [email protected] Elba Perez Villalba (México) – [email protected] Roberto Benencia (Argentina) – [email protected]

Relação de trabalhos:Elvira Mazcorro Velarde (Universidad Autónoma Chapingo/México). El trabajo rural no agrícola en el campo mexicano ...................................................................................... 2820Florencio Posadas (México). Estructura social y trabajadores agrícolas en el noroeste de

México. .......................................................................................................................... 2825Jefferson Staduto; Carlos José Bacha; Pery Francisco Shikida (UNIOESTE/Brasil). Alteração na

composição da mão-de-obra assalariada na agricultura brasileira. ............................. 2828João Carlos Barrozo (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Brasil). Sorriso não é só riso. ... 2833Joel Orlando Marin (Universidade Federal de Goiás/Brasil). Trabalho infantil: a lógica das famílias

de trabalhadores rurais assalariados. ............................................................................ 2844

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19

Maria Izabel Vieira Botelho (Universidade Federal de Viçosa-MG/Brasil). Experiências e vivênciasna migração sazonal. ..................................................................................................... 2849

Múcio Tosta Gonçalves (PUC- MG/Brasil). Trabalho rural assalariado nas plantações florestaisem Minas Gerais, Brasil problemas e perspectivas. ....................................................... 2860

R. L. S. Campos (Brasil). Trabalho, qualificação profissional e organização dostrabalhadores. ............................................................................................................... 2872

Tatiana Ivleva. Tierra y sangre: las causas y las vías de solución de los conflictos y la. violencia en el campo latinoamericano. ......................................................................... 2879

Elba Pérez Villalba. (Universidad Autónoma Chapingo, México). “La fuerza de trabajo migrantemexicana, de procedencia rural, ante el mercado laboral norteamericano”. ............... 2888

GT 19: Agro-indústria e sistemas alimentares ..................................................................... 2895Coordenadores: Sonia Maria Bergamasco (UNICAMP) - [email protected] Ignacio Llovet (Argentina) – [email protected] Aurora Cristina Martinez Morales (Mexico) – [email protected]

Relação de trabalhos:Airton Romanini Junior; Disnei Amélio Cazetta; Maria Aparecida Anselmo Tarsitano; Antonio Lázaro

Sant´Ana (Brasil). Viabilidade econômica da produção de frango de corte no sistema deintegração: um estudo de caso. ...................................................................................... 2896

Alexandre Ribeiro Dias; João Marcos de Souza Alves (Brasil). Uma análise do segmento deinsumos para o complexo de carnes no Brasil. .............................................................. 2906

Elmer Nascimento Matos. (UFS/Brasil). O desenvolvimento da agroindústria citrícolasergipana. ...................................................................................................................... 2912

Gabriela Demarie, Graciela Ghezán e Ana Acuña (Argtentina). Los processos de innovación en unaindustria tradicional argentina: el caso de la industria fideera. .................................... 2928

Glauco Schultz (RS Brasil). Estudo do mercado de derivados de frutas (banana, abacaxi emaracujá) ecológicas em municípios do estado do Rio Grande do Sul. ........................ 2939

Ilaine Schuch (UNIJUI/RS Brasil). Perfil socioeconômico e alimentar das famílias indígenasKaingang de Guarita – RS. ............................................................................................ 2949

Javier L. Rodríguez (Argentina). Transformaciones en el complejo lácteo argentino, en un contextode crisis. .......................................................................................................................... 2962

Joaquin Farina; Javier Rodríguez. Cambios en el consumo de carne vacuna en Argentina como unreflejo de la mayor desigualdad social. .......................................................................... 2975

Lorena Tedesco (Universidad Nacional del Sur/Argentina). La competitividad del sectoragroindustrial argentino desde un enfoque sistemico. ................................................... 2984

M. B. Busnello; M. Trigo (Brasil). Padrão alimentar das famílias de agricultores do município deEspírito Santo do Turvo/ SP. .......................................................................................... 2996

Magda Fritscher (México). La desarticulación de las cadenas agroalimentarias en Mexico. .. 3008Maria de Fátima Archanjo Sampaio; João Luiz Cardoso (Brasil). Análise comparativa do consumo

de alimentos: América Latina e União Européia. .......................................................... 3015Matías Berger. Estilos de organización social de la producción: Un estudio sobre los productores

de carne vacuna del partido de Cañuelas. ..................................................................... 3029Paulo Roberto Martins (Brasil). Trajetórias Tecnológicas e Meio Ambiente: do molecular ao global

e seus impactos socio-políticos e ambientais no Brasil. ................................................. 3039Ricardo Alessandro Petinari; Eliana Zamai de Godoy; Flávio Oliveira da Costa (Brasil). A aricultura

familiar e a produção de acerola (Malpighia glabra L.) livre de agrotóxicos: indicadores desustentabilidade. ............................................................................................................. 3054

Page 20: VI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural

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S.M.A.L Costa; A. L. Sant´Ana; C. R. Espírito Santo.; M. S. Nunes Junior; C.AM. Araujo (UNESP/UNICAMP/SP Brasil). Um caso de agregação de valor em assentamentos rurais: aagroindústria das mulheres do assentamento de São José I, no município de Birigui, Estadode São Paulo, Brazil. ...................................................................................................... 3062

Wirley Jerson Jorge; Maria Lídia Stipp Paterniani (UNESP/Brasil). Produtos transgênicos e apreservação do modelo agrícola exportador. ................................................................. 3068

Wilson Godoy; Flavio Sacco dos Anjos (UFPEL/RS Brasil). As feiras livres de Pelotas-RS: estudosobre a dimensão sócio-econômica de um sistema lical de comercialização. ................ 3074

João Carlos T. Vianna; Wilson I. Godoy ; Maria de Fátima L. Kaster ; Mário Conill Gomes. Metodologiasde apoio à decisão para produtores rurais. .................................................................... 3081

Jorge Marcel Valcárcel Carnero (Docente de la Pontificia Universidad Católica del Perú). “Pequeñaagricultura, agroindustria y sistemas alimenticios: el caso del sistema esparraguero en lacosta peruana” . ............................................................................................................. 3086

GT 21: Nova ruralidade ........................................................................................................ 3095Coordenadores: Sergio Schneider (UFRGS) - [email protected] Edelmira Perez (Colômbia) – [email protected] Violeta Montero (Chile) – [email protected] Ernel Gonzalez Mastrapa (Cuba) – [email protected] ou [email protected]

Relação de trabalhos:Ademir Antônio Cazella; Lauro Mattei (UFSC/Brasil). Multifuncionalidade agrícola e pluriatividade

das famílias rurais: complementariedade e diferenças conceituais. .............................. 3096Aldenôr Gomes da Silva (UFRN/Brasil). Desenvolvimento local e políticas públicas: estudo

exploratório em dois municípios do RN. ........................................................................ 3108

Ana Velasco Arranz (Instituto de Estudios Sociales de Andalucia/Espanha). El difícil reto deemparejar la agricultura a un desarrollo sustentable. ................................................... 3116

André Pires (UNICAMP/Brasil). Reinventado o passado, reordenando o presente; a festa da uvade Vinhedo (SP). ............................................................................................................. 3122

César Ortiz (Pontificia Universidad Javeriana/Colômbia). A dinâmica dos cultivos ilícitos naColômbia e suas repercussões sociais, econômicas e ambientais. ................................. 3134

Cindia Brustolin (UFRGS/Brasil). Os moradores do parque: a elaboração dos sentidos de justiçaem torno do conflito relacionado à construção do parque nacional dos Aparatos daSerra. .............................................................................................................................. 3146

Clara Craviotti (Universidad de Buenos Aires/Argentina). Pluriactividad y agentes sociales agrários:el partido de Pergamino (1999). .................................................................................... 3154

Felicitas Silvetti; Gustavo Soto; Guillermo Ferrer (Universidad Nacional de Córdoba/Argentina). Lasestrategias ocupacionales de los nuevos capricultores del noroeste de la provincia deCórdoba (Argentina) ...................................................................................................... 3168

Fernando de la Cuadra (Universidad de Chile/Chile). Nueva ruralidad y estrategias de desarrolloalternativo para los sectores campesinos y pobladores rurales en Chile. ...................... 3177

Giselle Davis Toledo (Universidad Jesuíta Alberto Hurtado/Chile). Relaciones de género en lasnuevas ruralidades. ........................................................................................................ 3187

Gustavo Pinheiro (UFPR/Brasil). Agricultura orgânica: estratégia de reprodução do rural naregião metropolitana de Curitiba. .................................................................................. 3197

Héctor Avila Sanchez (México). Agricultura e mutaciones territoriales en el centro deMéxico. .......................................................................................................................... 3203

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Hieda Maria P. Corona; Edivan José Possamai (CETEF/PR Brasil). Agroindústria familiar do leitena micro região de Pato Branco, sudoeste do Paraná. .................................................. 3211

João Ricardo de Lima (Brasil). A evolução das atividades e rendas não agrícolas da Paraíba nosanos de 90. ..................................................................................................................... 3223

José Marcos Froehlich; Rosa Cristina Monteira (Universidade Federal de Santa Maria - UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro /Brasil). As perpectivas de uma nova ruralidade pela óticaurbana: o campo semântico rural-natureza. .................................................................. 3236

Luiz Carlos Bricalli; Joaquim Almeida (Universidade Federal de Santa Maria/RS Brasil). Aimportância do turismo rural no conceito da multifuncionalidade das áreas rurais. .... 3246

Margarita Rosa Gaviria (CPDA/UFRRJ Brasil). Tensões entre diferentes ruralidades nacomunidade de Taquari. ................................................................................................. 3252

Maria de Nazareth Baudel Wanderley (Universidade Federal de Pernambuco/Brasil). Identidadesocial e espaço de vida. .................................................................................................. 3260

Maurem Fronza da Silva; Marcelino de Souza (Universidade Federal de Santa Maria/RS Brasil).Análise comparativa em perfis “neorurais” em dois contextos. ................................... 3267

Patrício Gomes (Brasil). Repercursões do turismo rural e do ecoturismo no meio rural:possiblidades e limitações. ............................................................................................. 3273

Roberto José Moreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Brasil). Ruralismo eglobalizações: ensaiando uma interpretação. ................................................................ 3282

Sérgio Sauer (Brasil). Terra e Modernidade: a reinvenção da sociedade na aventura da luta pelaterra em Goiás. .............................................................................................................. 3292

Stefano Mendes Paulino; Maria José Carneiro (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Brasil).A serra como paisagem. ................................................................................................. 3303

Vera Lúcia G. Rodrigues (PUC-Campinas/Brasil). O novo rural e as novas organizações emVinhedo. .......................................................................................................................... 3311

GT 22: Estado e políticas agrárias ........................................................................................ 3322Coordenadores: Jorge Morett Sanchez (México) – [email protected] Mariela Bianco (Uruguai) - [email protected] Eduardo Baumeister (Nicaragua) – [email protected]

Dirceu Basso (mestrando PGDR/UFRGS). A participação dos agricultores/as familiares naprodução e gestão de políticas de desenvolvimento rural em Dois Vizinhos. ....................... 3323

Eduardo Antonio Audibert (Fato Pesquisa Social e Mercadológica/doutorando em Sociologia –UFRGS); Glauco Schultz (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul/doutorando emAgronegócios UFRGS); Augusto Andrade (Secretaria da Agricultura e Abastecimento doGoverno do Estado do RS). Apoio em marketing para agroindústrias familiares no estadodo Rio Grande do Sul. .................................................................................................... 3329

Elizabeth Toriz Garcia; Jorge Morett Sánchez; Javier Soriano Saavedra (Universidad AutónomaChapingo/ México). Crisis agrícola e insuficiencia de la política agropecuária. Urgentenueva estrategia en el campo. ........................................................................................ 3338

Flávio Sacco dos Anjos (Universidade Federal de Pelotas/RS Brasil). A contra- reforma agrária - aexperiência nefasta do Banco da Terra no Brasil. ......................................................... 3348

Jorge Morett Sánchez. (Uiversidad Autónoma de Chapingo/ México). Ante el abandono del campopor el estado el fortalecimiento de procesos autogestivos. ............................................ 3360

Lavínia Davis Rangel Pessanha (IBGE./Brasil). Políticas públicas para a garantia do direito aoalimento: a experiência brasileira recente. ................................................................... 3368

Leonardo Melgarejo (Emater/RS Brasil). Culturas organizacionais dificultam estabelecimento deestratégias cooperadas e reduzem eficácia de atores comprometidos com o sucesso deassentamentos de reforma agrária, no Rio Grande do Sul. ........................................... 3376

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Mariela Bianco (Universidad de la República, Uruguai). Nuevos y viejos actores en la investigaciónagraria. ........................................................................................................................... 3391

Mirian Beatriz Schneider Braun; Terezinha Saracini (UFPA/Brasil). Evolução histórica da políticacomercial brasileira e sua relação com a agricultura. ................................................... 3406

Roberto Romero Pérez; Denise Soares Moraes (Instituto Mexicano de Tecnología del Agua (IMTA)/México). Problemas sociopolíticos en la consolidación de la transferencia de los distritos deriego en México; análisis comparativo de dos distritos: Alto Río Lerma y Tula. ......... 3415

Ronaldo A. Arraes; Ricardo Candéa Barreto (Brasil). Análise empírica dos efeitos institucionais nodesenvolvimento econômico. ......................................................................................... 3421

Silvia B. Lázzaro (Universidad Nacional de La Plata/Argentina). El estado y las políticas agrarias enargentina durante las decadas de 1950 y 1960. ............................................................. 3435

Sirlândia Schappo (SC/Brasil). Políticas públicas no meio rural: suas inter-relações com ofenômeno da migração na Mesoregião Oeste de Santa Catarina .................................. 3444

Paulo Sérgio de Paula Ferreira, Alex Fabiani de Brito Torres, José Maurício do Rêgo Feitoza, RoselyFontes, Nominando Andrade de Oliveira , Geraldo Magela Braga. O programa deempresariamento da emater-mg: Discurso e prática ..................................................... 3455

GT 23: Saúde, bem-estar e condições de vida no meio rural ............................................... 3464Coordenadores: Ibis Sepúlveda Gonzalez (México) – [email protected] Soraya Vargas Cortes – [email protected]

Relação de trabalhos:E. Martins; I. Camponogara; V. Miorim (Brasil). Análise dos condicionantes da qualidade de vida

no meio rural. ................................................................................................................. 3465José Antonio Hernández Soto (Universida autónoma de Chapingo/México). La gestión de los

sistemas agrícolas en el contexto cultural de Tepoztlán, Morelos. ................................ 3470Sérgio C. de Carvalho (Universidade Estadual de Londrina/Paraná/Brasil); Wladithe de Carvalho

(Universidade Estadual de Maringá/Brasil). Condições de vida e assistência a saúde nosmunicipios paranaenses de maior carência no meio rural na década de 90. ................ 3479

Susana Formento; Ana Ferrazzino (Universidade de Buenos Aires/Argentina). Marginalidad ysiniestralidad en el empleo rural. ................................................................................... 3491

Veronika Sieglin Universidad Autónoma de Nuevo León/México). De humillaciones, abandonos ymaltratos: las instituciones y servicios de salud pública desde la perspectiva de lasmujeres campesinas. ....................................................................................................... 3500

GT 24: Pobreza rural .............................................................................................................. 3511Coordenadores: Bernardino Mata (México) – [email protected] Luciano Martinez (Equador) – [email protected] Ediberto Niño Velásquez – [email protected]

Relação de trabalhos:Angela M. C. Corrêa; Francisco C. Crócomo; Maria I. L. Montebelo; Nelly M. de Figueiredo

(Universidade Metodista de Piracibaca/PUC Campinas, Brasil). Bem-estar, pobreza edesigualdade de rendimentos entre as pessoas ocupadas na agricultura brasileira: umaavaliação da evolução e das disparidades regionais nos anos 90. ................................ 3512

Bernardino Mata (universidad Autónoma de Chapingo/ México). Desarrollo rural centrado en lapobreza. .......................................................................................................................... 3521

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Clovis Dorigon; Milton Luiz Silvestro; Vilson Marcos Testa; Márcio A. de Mello; Dilvan Luiz Ferrari(Epagri/CEPAF-SC/Brasil). Agricultores pobres: os invisíveis do campo. ...................... 3528

Engelbert Barreto Huamán (INFORMET/ Peru). Aproximaciones a la pobreza rural en elPerú. .............................................................................................................................. 3541

Janice R. P. Borges; Fazal H. Chaudhry (USP/EESC- SP/Brasil). A pobreza rural comoconseqüência da degradação ambiental; o caso das comunidades tradicionais do PlanaltoMato-grossense, Brasil. .................................................................................................. 3549

Javier Tapia Hernández; Beatriz G. de la Tejera Hernández (México). El ecoturismo en el estero elverde camocho, Sinaloa, México: análisis de una propuesta de desarrollo. .................. 3557

José Alberto Bandeira Ramos (Brasil). Pobreza rural e sustentabilidade: elementos de sua problemática numa sub-região do recôncavo da Bahia. .................................................. 3568Marie Anne Najm Chalita (PPGS/UFRGS/Brasil). Programa RS rural: os desafios de uma política

de combate à pobreza. .................................................................................................... 3573Rosa C. Monteiro (UFRRJ/Brasil). De la labranza a los servicios domésticos: la identidad

confiscada. ..................................................................................................................... 3599Rosalía V. Toriz (Universidad autónoma de Puebla/México). Pobreza rural y medio

ambiente. ...................................................................................................................... 3607Sérgio L. Zampieri; Edson Silva; Carlos Loch (UFSC/Epagri Brasil). Problemas rurais, homem,

matérias primas, pobreza e ambiente. ............................................................................ 3613

GT 25: Aspectos metodológicos e teóricos da sociologia dos processossociais agrários .............................................................................................................. 3620

Coordenadores: Alberto Riella (Uruguai) – [email protected] Armando Sánchez Albarrán (México) - [email protected] Eloisa Valdivia de Ortega (México) – [email protected]

Relação de trabalhos:Antonio C. Picinatto; Luciana C. de Oliveira (Instituto Maytenus para Desenvolvimento da Agricultura

Sustentável/ Terra Nova Assessoria à Organizações Rurais, Brasil). Avaliação metodológicapara a conversão de sistemas agrícolas convencionais para orgânicos. ....................... 3621

Cristina M. de Alencar; Roberto J. Moreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil).Campo e cidade metropolitanos: uma noção inteira para pensar o desenvolvimentohumano. .......................................................................................................................... 3630

Juliete Miranda Alves (Universidade Federal do Pará, Brasil). A questão agrária no Brasil: o mundorural na obra de José de Souza Martins. ........................................................................ 3640

Mônica C. Lepri (Brasil). A sociologia rural e seus duplos sentidos. ........................................ 3646Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio et alli (Brasil). Máscaras contemporâneas do velho

patrimonialismo brasileiro: consolidando a exclusão social a partir da gestão dosrecursos hídricos. ............................................................................................................ 3656

Verónica Filardo. La potencialidad de la perspectiva relacional para abordar los procesos deinnovación y de incorporación de biotecnologías en el agro. ........................................ 3662

William H. G. Soto (UNISC/RS Brasil). A produção do conhecimento sobre o “mundo rural” noBrasil: a contribuição de José de Souza Martins. .......................................................... 3679

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Reconstrução da ruralidade e desenvolvimento socioambiental.

Alfio Brandenburg*

Angela Duarte Damasceno Ferreira*

1-Caminhos para o desenvolvimento socioambiental.

A noção de desenvolvimento sustentável, como se sabe, começou a ser amplamente empregada pelos estudiosos e políticosdo meio ambiente após o Relatório de Brundtland e, particularmente no Brasil, após a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro.Incorporando a concepção de eco-desenvolvimento, já anteriormente desenvolvida principalmente por Ignacy Sachs, o ideário dodesenvolvimento sustentável tem como orientação assegurar condições da vida presente – em vários âmbitos - sem comprometer asnecessidades das futuras gerações. Várias debates acadêmicos e discussões entre estudiosos têm sido realizados em torno da noção,principalmente um função de seu caráter normativo e polissêmico. Esta polêmica, no entanto, não invalida o fato de que, sob o pontode vista empírico, tem se prestado para o orientar tanto a ação como a reflexão. Isto é, constitui um conceito que, ao se difundir nomeio científico e político, se configura como uma categoria que pensa a pesquisa relacionando-a com a ação (JOLLIVET; 2001).Nesse sentido, a pesquisa tem por objetivo produzir um conhecimento, visando orientar a ação ou a intervenção no ambiente.

Ao defrontarmo-nos com o conceito de ambiente, novamente outra questão: em qual ambiente está-se pensando. Nomeio físico-biológico da natureza ou no ambiente social e humano da sociedade. Embora «Nosso Futuro Comum» (1991) e muitosestudos já abordem as dimensões do natural e do social, o que se percebe é que, nas pesquisas sobre a temática, a separação persiste: ou se trata da sustentabilidade dos recursos naturais ou o eixo da abordagem é o da reprodução social. Se ambas as dimensões deambiente estão presentes, sua articulação como problemática orientadora da pesquisa resta por ser construída. Os estudosinterdisciplinares, que se propõem a articular nas pesquisas o domínio das ciências sociais e naturais, aparecem no cenário daprodução científica mais frequentemente como um esforço, uma intenção, do que como um fato. A observação é igualmente válidapara as políticas públicas. Os estudos realizados por pesquisadores da área constatam a existência de políticas setoriais mas não depolíticas socioambientais articuladas (FERREIRA :1998).

Na história, não apenas da era do desenvolvimento sustentável, mas da própria ecologia, no sentido mais largo do termo,quatro expressões aparecem diretamente associadas, segundo JOLLIVET (2001): o meio ambiente, o principio de precaução, opatrimônio, e a ética. Esses termos, segundo o autor, constituem o «núcleo semântico» das correntes de pensamento que orientamtanto a ação quanto a reflexão. Dentre essas perspectivas, diríamos hipoteticamente que talvez o maior número de trabalhos tenhasido elaborado segundo as noções de meio ambiente e o principio de precaução. Poderíamos também dizer que eles constituem abase da idéia de desenvolvimento sustentável transmitida pelo relatório de Brudtland. É nessa perspectiva que se situam tanto ostrabalhos de geração de conhecimento sobre o ambiente rural como as políticas que visam protegê-lo.

A formulação de políticas visando o desenvolvimento socioambiental não só deve articular as dimensões do social enatural como também partir do conhecimento já existente sobre estas dimensões. É este o sentido, e o propósito deste artigo.Reconstruir uma análise para se compreender o que é o rural brasileiro sob o ponto de vista socioambiental visando a obtenção desubsídios para formulação de políticas ambientais. Desta forma, após uma breve apresentação de dados que caracterizam o ruralhoje no país, um segundo esforço será realizado visando compreender como o ambiente natural agrário foi construído historicamente.Finalmente, tendo algumas contribuições das ciências sociais do meio ambiente como referencial de análise, discute-se parâmetrospara se pensar tais políticas. Permeia todo o trabalho, como se verá, o pressuposto, já amplamente admitido na literatura sobre orural, que as intervenções sobre este espaço incidem sobre um meio e uma cultura em processo de revitalização.

2. O rural no Brasil hoje

Para se entender as características do rural no Brasil, é necessário que o próprio conceito de rural, no seu sentidoadministrativo, seja melhor compreendido.

A definição de rural no Brasil engloba tudo que não seja uma aglomeração com alguns serviços, se levarmos em conta asdefinições oficiais adotadas pela demarcação administrativa e que consolidaram uma representação do que é o rural no Brasil. Osestudos de WANDERLEY (1997,2000) e de VEIGA (2001) demostram os equívocos dessa definição e suas consequências no sub-dimensionamento da população e dos espaços considerados rurais no país.

Compreendendo os equívocos da definição do que é rural no Brasil, constata-se, pelos dados dos censos do IBGE, que apopulação rural total diminui progressivamente no Brasil, chegando ao uma população rural total de 31 845211 em 2000, segundo oscritérios censitários. Uma análise mais fina dos dados mostra, no entanto , a diminuição da fecundidade rural e um lento aumento dapopulação rural com 10 anos ou mais a partir de 1992 1 .

Uma outra constatação, no que diz respeito à agricultura, é a continuidade na diminuição do número de estabelecimentosrurais. Nós tínhamos no Brasil, em 1996, aproximadamente cinco milhões de estabelecimentos que empregam quase 18 milhões depessoas segundo o recenseamento- o que é expressivo em termos absolutos.

Os dados do PNAD, sistematizados por CAMPANHOLA e GRAZIANO DA SILVA (2000), apontam para uma persistênciana diminuição da população ativa ocupada na agricultura entre 1992 a 1996 (-2,2). Segundo os dados diretos do PNAD, registrou-seuma estabilização e um pequeno aumento entre 1996 e 1999.

Note-se que, da totalidade da população ativa empregada no Brasil, quase 25% se concentra na agricultura ( PNAD-1999).

Do pessoal ocupado na agricultura, a maior parte da população ativa no Brasil é constituída por agricultores que trabalhamcom sua respectiva família. Segundo o censo agropecuário de 1995/1996, estes agricultores e familiares não remunerados da famíliaconstituem cerca de 76% da população ocupada no setor. Apesar de todas as imprecisões do conceito, principalmente no modocomo ele é utilizado no Brasil atualmente, estes dados indicam a importância da agricultura familiar no país.

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A concentração das terras, marca indelével da estrutura fundiária brasileira, continua expressiva. Houve um aumento dasempresas agrícolas e das unidades modernizadas mas a estrutrura agrária manteve sua característica concentradora. Outra feição daagricultura brasileira é que o modelo modernizador, difundido a partir do final dos anos 60, não foi generalizado no país, em funçãodas discrepâncias regionais, entre produtos e entre as formas de organização da de produtores. A agricultura tradicional persisteamplamente em todas as regiões do país.

Uma observação importante, diante dos debates que hoje se travam sobre o rural no mundo contemporâneo, destaca umaespecificidade brasileira em relação à maioria dos países de capitalismo avançado: nosso rural não é mais sinônimo de agriculturamas é predominantemente agrícola.

A maioria da população empregada no meio rural é agrícola – 71% contra 29% não-agrícola (PNAD 1999). Segundo osdados organizados por CAMPANHOLA e GRAZIANO DA SILVA (2000) , a tendência 92-97 é de um aumento da população ruralnão-agrícola ( as variações 1996-1999 não são incorporadas no seu texto).

A pluratividade aumenta muito entre os agricultores, mas permanece amplamente minoritária : 6, 8% da população ativaocupada na agricultura possui uma atividade secundária e mais de 64% dentre os pluriativos desenvolvem essa atividade secundáriatambém na agricultura. Se tomarmos o total da população que trabalha na agricultura, somente 2,3% possui uma segunda atividadenão-agrícola (CAMPANHOLA e GRAZIANO DA SILVA (2000)2 - os citados autores os consideram subestimados. De qualquerforma, os dados indicam uma tendência ao aumento dessa pluratividade. A nova paisagem e os embates produzidos pela integraçãode atividades não-agrícolas nos estabelecimentos dos agricultores e da pluratividade em geral, o aumento de uma população ruralnão-agrícola e de aposentados que moram no meio rural levam a um aumento na diversidade deste meio. O rural brasileirocontinua, no entanto, predominantemente agrícola3 e é sobre esta base que as questões ambientais devem ser analisadas- o que nãoexclui pensá-las sob a ótica dos processos emergentes ainda minoritários. Por conseguinte, a análise que visa compreender o ambienterural, na trajetória de sua construção, tem o desenvolvimento da agricultura como principal ponto de referência.

3. Meio ambiente agrícola: a exploração dos recursos naturais.

O ambiente da produção agrícola só pode ser entendido como um produto histórico da relação homem-natureza. Nessesentido, ele é reconstruído segundo as diversas formas de apropriação, de exploração e de gestão dos recursos naturais, segundodiferentes períodos históricos . A referência a história é fundamental, pois a forma de intervenção na natureza varia segundo arepresentação social que se tem da natureza e consequentemente está relacionado ao sistema social, ao seu aparato tecnológico e aoestilo de desenvolvimento experimentado por uma dada sociedade. A manutenção ou reprodução de um potencial produtivo éresultado de um conjunto de medidas, ou de técnicas adotadas, visando renovar os recursos naturais.

A história da exploração dos recursos naturais no Brasil é marcado pela erosão do seu potencial produtivo, desde operíodo colonial. Nesta fase, o país viveu a mais expressiva exploração dos seus recursos dada a forma como se desenvolveu a suaocupação e a extração de riquezas. É com espírito explorador e não de formação de uma nação que Portugal ocupa o solo brasileiro.A extração do pau-brasil, por exemplo, hoje um dos «símbolo da exploração dos nossos recursos naturais» (ALMEIDA,1990)constitui apenas um indicador de um período inicial de devastação de florestas. A erosão do potencial produtivo, segundo LEFF(1986)constitui um fator relacionado diretamente ao nosso passado colonial e ao nosso subdesenvolvimento na medida em que este «é oefeito da perda líquida do potencial produtivo de uma nação, através de um processo de exploração que rompe os mecanismos derecuperação das forças produtivas de uma formação social e de regeneração dos seus recursos» (LEFF,1986, p.44).

A degeneração dos recursos naturais na agricultura está relacionado a fatores de ordem política, cultural, técnico-econômicoe social. No entanto, para se compreender a degeneração na perspectiva ambiental ou ecológica organizaremos inicialmente nossaanálise em torno dos recursos básicos: solo, biodiversidade, água e sistemas técnicos (JOLLIVET :1992; DEFONTAINES, 2001).

O solo: forma de apropriação e exploração.

A ocupação do solo brasileiro, como se sabe, foi realizada mediante a grande propriedade privada. O regime de sesmariasinicialmente instalado no Brasil foi realizado sob orientação da coroa de Portugal, segundo critérios de prestígio, reconhecimento,fidelidade e condições econômicas para explorar vastas áreas de terras com a força de trabalho escravo. Esta forma de ocupaçãovisava controlar um processo de exploração de riquezas sem dar condições de acesso a terra à pequenos proprietários autônomos. Oregime de propriedade, que atendia o interesse de Portugal, desenvolveu uma agricultura, desde início, caracterizada pela monoculturade exportação e por técnicas rudimentares inferiores aquelas já empregadas na Europa. Desta forma, não se implantou no Brasil umaagricultura segundo os preceitos de uma «civilização agrária» (HOLANDA, 1978). A abundância de terras existentes aliada à fertilidadedos recursos naturais permitiu que se desenvolvesse uma agricultura do tipo extrativa, itinerante e delimitada por grandes espaçosterritoriais.

A extensa disponibilidade de terra aos senhores do Brasil Colonial e posteriormente para as oligarquias do Brasil agrário-exportador, é traduzida no âmbito do imaginário da sociedade como sendo o Brasil um país de recursos naturais inesgotáveis e deuma vocação para grandes empreendimentos. O meio físico, expresso na extensão de seu território, influencia a organização dasociedade brasileira, segundo a seguinte interpretação dada por DUARTE (1966,p 42.)

«....um dos fatores físicos mais determinantes da forma estilo e orientação da organização social brasileira não épropriamente o clima, a sua bioquímica, como a fauna e a flora. É sim, a extensão territorial de que dispõe ohomem e de que precisou dispor para acudir às necessidades econômicas e aos fins a que o instituto econômicoo conduz ou devia conduzir. Toda a forma de produção no Brasil teve que se fazer à grande».

A abundância de terras férteis, aliada ao espírito explorador do colonizador, contribuiu para que fossem implantadossistemas técnicos de produção inferiores aos praticados pelos índios. Estes, mais integrados à natureza, desenvolveram práticas deexploração através de um sistema itinerante que permitia a regeneração dos recursos naturais bem como a preservação da diversidadebiológica, enquanto o colonizador reduziu a biodiversidade mediante a implantação de um sistema de monocultura. Sistemas deprodução implantados nos engenhos de cana de açúcar por exemplo, dado ao seu caráter predatório, tanto para a equilíbrio dadiversidade biológica como para a fauna, dificilmente poderiam ser considerados como agrícolas, conforme o significado estritoatribuído ao termo (HOLANDA:1978).

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O uso de práticas agrícolas extrativas de produção não caracteriza apenas a agricultura colonial. Ainda no período agrário-exportador observa-se o emprego de práticas rudimentares nas fazendas de café, por exemplo. Fazendeiros vivendo sua fase áureaentre 1850 e 1900, no município de Vassouras (RJ), preocupados em fazer fortunas rápidas, simplesmente desmatavam para plantarcafé, levando o solo à exaustão, sem a preocupação de restituir sua fertilidade (STEIN: 1990).

Seguido ao café, quando a terra já estava improdutiva, sem potencial agrícola, desenvolvia-se a pecuária extensiva. Esseprática também ocorreu em Minas Gerais e outros Estados onde a cafeicultura foi praticada. Deve-se observar que a pecuáriaextensiva é praticado até hoje no Brasil pelos grandes pecuaristas.

Contudo, o uso de práticas agrícolas inapropriadas, extrativas, ou rudimentares não constitui apenas um atributo dosgrandes fazendeiros e proprietários de terra. Imigrantes, ao se estabelecerem como pequenos proprietários autônomos, também irãodesenvolver práticas predatórias à fertilidade do solo. No sul do Brasil, os imigrantes alemães, segundo ROCHE (1969), irão implementaruma agricultura estimulada pela abundância dos recursos naturais sem a devida precaução. No caso dos pequenos agricultores,ainda, as condições de relevo do solo irão determinar formas de uso muitas vezes inapropriados para agricultura. Ao se estabeleceremna região de morros ou montanhas, uma vez que as grandes propriedades se estabeleceram em áreas planas, os agricultoresdesenvolveram práticas inadequadas para o perfil físico-natural de suas terras.

Sem qualquer sistema de planejamento de uso do solo, a prática da agricultura em terras inapropriadas resultou noesgotamento e no extermínio de florestas, em espaços em que estas deveriam ser mantidas. Esta situação pode ser claramenteobservada nos Estados do Sul do Brasil - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - quando se passa pelas áreas de pequenosagricultores, em regiões montanhosas Em estudos recentes realizados na região Centro-Oeste do Paraná, verificou-se que agricultorescontinuam praticando uma agricultura extensiva em áreas que segundo critérios agronômicos não poderia ser desenvolvida atividadeagrícola (BRANDENBURG,1998).

O desmatamento de áreas sem critérios e a implementação de atividades agrícolas em solos muitas vezes não apropriados,aliado a modernos sistemas de produção redutores da biodiversidade, provocaram e continuam provocando intensa erosão decamadas do solo, ricas em fertilidade natural. Casos extremos dessa situação podem ser observados nas regiões caracterizados porsolos arenosos - no Paraná essa situação pode ser observada na região de Paranavaí. No âmbito do país como um todo, estudosrealizados por pesquisadores demonstram, através de estimativas, que o Brasil perde anualmente em torno de um milhão de toneladasde terras férteis (ALMEIDA,1990). Tanto os solos explorados extensivamente como aqueles submetidos à pressão de intensaspráticas do tipo industrial, sofreram impactos degradantes e a recuperação de sua fertilidade natural está seriamente comprometida,salvo se forem realizados investimentos sociais e técnico-financeiros importantes.

«Em alguns Estados como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, grande parte da área cultivada já perdeu de 10 a 20centímetros de solo, o que representa uma redução de, aproximadamente, 30% do potencial de produção. Para recomporessa área erodida, seriam necessários, em condições naturais, mais de 1600 anos» (ALMEIDA, 1990, p 17).

As conseqüências do mau uso do solo, não apenas se reflete na perda da fertilidade, mas também têm outros efeitos sobreo meio ambiente. Sucessivos processos erosivos do solo causam o assoreamento dos rios e córregos e além de comprometer osrecursos hídricos pelos resíduos químicos, resultam no transbordamento das águas dos rios atingindo cidades, zonas residenciais ea própria agricultura.

A erosão do solo e a perda de sua fertilidade natural, se por um lado está relacionado com as formas de seu uso inadequado,por outro, deve-se à implementação de sistemas técnicos também inapropriados às condições climáticas dos solos brasileiros. Já em1981, pesquisadores como ROMEIRO E ABRANTES (1981) demonstraram que a matriz tecnológica da agricultura desenvolvidaem condições externas, estranhas à realidade brasileira, foi em grande parte responsável pela degradação dos solos. Foi o queocorreu com as máquinas pesadas, introduzidas inapropriadamente na agricultura de regiões com solos de clima tropical ou subtropicale concebidas para descompactar solos argilosos, atingidos pelos invernos rigorosos da Europa.

A biodiversidade

As formas de uso do solo e os sistemas técnicos de gestão dos recursos naturais na agricultura brasileira estão associadosa um sistema de produção de modo geral redutor da biodiversidade. Desde o período colonial, a monocultura irá caracterizar umaagricultura de ciclos econômicos: cana de açúcar, algodão, café, soja, trigo. Modernamente, embora a economia do país não tenhapor base uma única exploração como outrora, os sistemas de produção são especializados, privilegiando uma determinada atividade.Ao mesmo tempo em que se especializam os sistemas de produção, em nome da produtividade, perdem-se variedades de plantasgeneticamente adaptadas às diversas situações de microclima, aos saberes e ao domínio geral dos agricultores.

A homogeneização dos sistemas de produção, mediante o uso intensivo de agroquímicos, causou danos irreversíveis aosecossistemas naturais identificados com a diversidade climática e sociocultural (LEFF,1986; ALTIERI, 1989). Isso porque os Institutosde Pesquisa, ancorados numa política de modernização da agricultura, privilegiaram sua investigação orientada para monocultura esó recentemente incorporaram modelos de pesquisa baseados em sistemas múltiplos de exploração agrícola. Os bancos de sementessó foram implementados inicialmente por Organizações Não-Governamentais, de forma pontual, em algumas regiões e quando amonocultura já dominava os sistemas de produção.

O desenvolvimento de uma agricultura extensiva e posteriormente de uma agricultura moderna, com contínuodesmatamento, irá resultar num ambiente rural marcado pela significativa redução de florestas nativas. Poucas regiões onde sepraticou e se pratica a agricultura manteve reservas florestais mínimas. A política de preservação de áreas florestais implementada noséculo passado constitui um indicativo da imperiosidade de medidas de preservação. Mesmo assim, é notória a diferença existenteentre as áreas de grandes fazendas, de agricultura de capital intenso e as áreas onde a agricultura de pequeno empreendimentofamiliar se concentra. Nestas, a lógica da produção familiar fez com que, mesmo com uma agricultura extensiva, se mantivessemreservas florestais e a biodiversidade.

O desmatamento desordenado e a explorarão de culturas rentáveis visando atender a demanda do mercado externo nãopoupou nem mesmo as margens dos rios. Políticas recentes de recomposição de matas ciliares atestam o grau de desmatamento aque foi submetido o ambiente rural.

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A reconstrução do meio ambiente rural, mediante políticas de restauração do seu potencial produtivo, constitui um fatorecente. Apenas com a política da modernização, da década de 70, que visava principalmente aumentar a produtividade da agricultura,se iniciou uma reposição da fertilidade do solo através de insumos industrializados. Uma política que contudo, na sua primeira fase,não se preocupava com preservação do ambiente natural. As políticas de gestão dos recursos naturais de cunho ambientalista sãoimplementadas a partir do final da década de oitenta, após críticas à modernização conservadora realizada pelos movimento sociaise ecologistas (WEID,1985; CONTAG,1985)

Deve-se observar que, no Brasil, a chamada primeira revolução agrícola teve pouco impacto na agricultura de modo geral.Embora, em algumas regiões - Vale do Itajaí, em Santa Catarina, por exemplo - imigrantes europeus tenham praticado uma agriculturamais condizente com a preservação dos recursos naturais4 , esta foi marginalizada pela política da modernização. Tal padrão deagricultura, contudo, constitui a base técnica de identificação do movimento da agricultura alternativa, ou ecológica, que gradativamentese afirma no cenário da produção de alimentos. Esse movimento, no entanto, ainda é criticado por correntes do pensamentoeconômico, sob o argumento de ser pouco competitiva em relação à agricultura de técnicas convencionais de origem industrial.Apesar das críticas de razão econômica, o movimento de agricultura ecológica, sustentado por Organizações Não Governamentais,parece ganhar força e experimenta expressivo crescimento, graças ao aumento da demanda de alimentos naturais ou ecológicos porconsumidores críticos aos produtos alimentares de origem industrial.

A expansão da agricultura ecológica, alternativa ao modelo industrial, tem repercutido na sociedade e ultimamente temconquistado espaços nos Órgãos e Instituições Públicas. No Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os Órgãos de Extensão ePesquisa tem incorporado políticas de assistência à agricultura ecológica em seus programas de ação. Nesse sentido, pode-se afirmarque atualmente o ambiente rural é também reconstruído por formas alternativas de organização social e de gestão de recursosnaturais, configurando um espaço de ação de múltiplos atores sociais, com projetos sociais e modelos de gestão que não se reduzemaos padrões homogeneizadores da modernidade.

4- Elementos para pensar as políticas socioambientais para o meio rural

Partindo do referencial e das experiências apresentadas, poderíamos perguntar o que significa desenvolvimento sustentávelpara a agricultura. A primeira questão que se coloca é que no caso brasileiro não se trata apenas de se desenvolver estratégias degestão de recursos naturais que visam não comprometer o futuro da produção. Antes, e talvez ao mesmo tempo, trata-se de restaurarum potencial ainda exaurido e de reconstruir não apenas o seu ambiente natural, mas também o social. Partimos da hipótese de quea transformação das relações homem-natureza está diretamente vinculada com as transformação das relações sociais. Análiseshistóricas têm demonstrado que as crises sociais pelos quais passaram algumas sociedades são, ao mesmo tempo, crises de sistemastécnicos e de relação com o ambiente natural (DELEAGE:1991)

4.1. Para além da reprodução dos recursos naturais: pensando o desenvolvimento socioambiental.

Diversas estratégias para se promover o desenvolvimento sustentável têm sido concebidas. Contudo, para DEFONTAINES(2001), não se trata apenas de conceber estratégias mas de definir o sentido tal conceito segundo diferentes escalas.

No primeiro caso, desenvolvimento sustentável poderia ser definido como um conjunto de operações que asseguram areprodução dos recursos naturais que dão suporte a sistema de culturas5 ou criações. Nesse sentido, a sustentabilidade dos recursosnaturais tanto poderia ser obtida por métodos de uma agricultura moderna intensiva, baseado em insumos industriais, como mediantea prática de uma agricultura tida como tradicional6 .

No segundo caso, a sustentabilidade da agricultura consideraria o meio ambiente agrícola no sentido estrito do termo.Nesta escala, não se trata apenas de assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais diretamente relacionados com o ciclo produtivoda cultura ou criação, mas de realizar sucessivamente uma «avaliação do estado do meio natural», considerando a cobertura florestal,o uso do solo e efeito de erosão, a água, o uso de técnicas, e seus impactos sobre a biodiversidade e mesmo sobre a paisagem no seuconjunto. Trata-se de cultivar um ambiente que se reproduza sob influência da energia solar, segundo os princípios do equilíbrioenergético. Este sistema é retomado mais recentemente pelos chamados «sistemas alternativos de produção» , denominados deagroecológicos.

Um terceiro caso se situaria na escala mais ampla da agricultura, num âmbito que iria além do ambiente natural. Esteabrange os atores sociais, notadamente os que desenvolvem ações relacionados com a gestão dos recursos naturais e ações quereforçam ou recriam vínculos locais.

Partindo da premissa de que o desenvolvimento sustentável deverá se fazer sem comprometer o potencial produtivo daagricultura, diferentes caminhos se colocam. Um dos mais relevantes consiste em considerar os fatores ambientais como propulsoresdo desenvolvimento. Nesse sentido, os diferentes ecossistemas relacionados com a dimensão espacial ou geográfica, constituemfator imperativo. São os diferentes potenciais dos ecossistemas que vão definir o tamanho destas unidades espaciais. Trata-se pois,de considerar um conjunto de relações: clima - solo - planta, criações e sistemas técnicos no sentido de se valorizar e cultivar umatipicidade local (DEFONTAINE: 2001) Desta forma, a relação homem-natureza, ou a gestão dos recursos naturais vai depender dascaracterísticas físicas e biológicas cuja homogeneidade vai determinar diferentes espaços ambientais.

Estes espaços ambientais devem ser integrados na definição de um território que constitui a base do desenvolvimentolocal, e que, nesta perspectiva, não pode ser fruto de uma decisão de política guiada por interesses de caráter exclusivamenteeconômico, mas deve resultar do diagnóstico das diferentes vocações ou funções do espaço agrícola. Assim, embora a produção dealimentos e outros produtos constitua a função principal da agricultura, outras atividades associadas com a valorização do espaçoagrícola e com o cultivo de um ambiente equilibrado devem ser promovidas. A preservação da biodiversidade, de florestas típicas, daqualidade da água, do solo enquanto patrimônio natural e cultural, constituem funções do espaço agrícola além da produção dealimentos. Além disso, múltiplas atividades não agrícolas podem ser desenvolvidas a partir do potencial local. Esse potencial, contudo,não se restringe a uma vocação do ecossistema natural. Está estreitamente ligado à trajetória sociocultural das comunidades e aodomínio de um saber das populações locais cujo sustento provém de atividades agrícolas. Atividades artesanais, agroindustriais,culturais, de lazer, sempre estiveram associados a agricultores, em graus diferenciados nas distintas regiões do país. A promoção

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dessas atividades, visando o desenvolvimento sustentável, reforça e valoriza a agricultura bem como a atividade de seus atores e énessas circunstâncias que a multifuncionalidade contribui para a reconstrução do rural. Nesse contexto, certamente o ofício deagricultor será redefinido, no sentido de integrar a ele as múltiplas funções que deverá cumprir. Isto implicará, por exemplo, empolíticas de capacitação para o desenvolvimento de outras atividades não agrícolas no estabelecimento. Por outro lado, políticas dereconversão produtiva e de mudança do padrão tecnológico podem ser promovidas em consonância com este potencial local e emparceria com os agricultores.

Uma questão importante, conseqüência direta das preocupações de proteção ambiental formuladas no país, deve ser aquiconsiderada: a preservação do meio ambiente somente terá sentido se articulada com interesses e experiências de atores locais. Asleis de proteção ambiental que visam a construção da sustentabilidade adquirem sentido quando incorporam, em grau maior oumenor, as práticas já implementadas pelas populações locais em relação ao meio ambiente. Esta perspectiva também deve orientar osprogramas de educação ambiental. Não serão os agricultores ou populações locais, com o conhecimento que detêm sobre a gestãodos recursos naturais, fruto de sua experiência de vida, os melhores agentes protetores e interlocutores dos profissionais da áreaambiental? Não se trata de desconhecer a possibilidade e a importância da troca de saberes – os saberes desta vivência com ossaberes técnicos. Trata-se ,sim, de efetivamente integrá-los nas perspectivas das políticas de desenvolvimento.

Estas reflexões nos conduzem a pensar uma postura em relação a políticas públicas, que poderá contribuir para a emergênciaou efetivação de experiências de reconstrução do rural já em curso no país : como espaço produtivo, como espaço que é portador deembates sobre o meio-ambiente e como espaço de vida.

4.2. Processos e estratégias de revitalização do rural

O rural brasileiro hoje, fundado na agricultura, é dinamizado por movimentos sociais que propugnam a volta à terra e porestratégias diversas dos principais atores sociais do meio rural para permanecer neste espaço social . São estratégias para viabilizar osassentamentos rurais, para diversificação da agricultura ou busca de outras atividades para integrar à ela, de associativismo, enfim,de valorização das oportunidades que o território oferece para viabilizar a sua reprodução como agricultores e como rurais. Asquestões ambientais passam crescentemente a fazer parte dos embates deste rural em reconstrução7 .

A luta pela terra e os assentamentos rurais

Numa análise das novas tendências do mundo rural no Brasil, a principal ênfase deve ser dada ao estudo deste movimentode volta ao campo que atualmente não reúne apenas agricultores que perderam o acesso à terra mas também os sem emprego e semteto das cidades, a maioria já migrantes rurais de segunda e terceira geração.

As conclusões a que se pode chegar, a partir dos numerosos estudos que analisaram os assentamentos rurais8 e dos dadoslevantados pelo I Censo da Reforma Agrária no Brasil9 , é a de que os assentamentos constituem-se num espaço de reconstrução daprodução agrícola, nos moldes tradicionais da pequena agricultura familiar, mas com algumas diferenças em relação a esta: apesar detambém imersos nas carências e precariedades do mundo rural brasileiro, têm mais acesso à crédito, maquinário, insumos e serviços,inclusive ao acesso facilitado a escolas de primeira à quarta série. Isto se deve especialmente às suas estruturas associativas e suaidentidade coletiva de assentados, o que os faz mais facilmente interlocutores do Estado de que outros produtores do mesmo tipo. Opróprio acesso à terra produz uma melhora sensível na sua qualidade de vida em função da segurança alimentar que lhes proporcionae pelo fato de terem, real e simbolicamente, mais autonomia e estabilidade10 .

O assentamento propicia uma possibilidade de interconhecimento ainda mais abrangente que no meio rural circunvizinhoe cria vínculos locais – intra-assentamentos e municipais.

Há, neste sentido, uma reconstrução da ruralidade na medida em que os assentamentos são espaços de produção e locusde vida para os agricultores e suas famílias. Sua inserção num dado território dinamizam as pequenas localidades, ocupam e dãonova feição aos municípios em que se situam -grande parte deles , municípios rurais, na concepção de VEIGA (VEIGA:2002) . Estaoriginalidade brasileira- de poder contar com a possibilidade histórica de ainda fazer uma efetiva reforma agrária e de contar com ummovimento social expressivo que luta por ela- é um dos elementos mais relevantes na mudança de perspectiva para se pensar odesenvolvimento rural e societário.

Note-se que a incorporação de preocupações com meio ambiente passou a fazer parte da agenda do MST. Emboraoriginalmente distante de preocupações ecológicas, o movimento tem crescentemente incorporado as discussões mais gerais contraa agricultura moderna e encorajado seus militantes no sentido de adotar práticas agrícolas menos agressivas e mais conservacionistasdo solo e recursos naturais (GIULIANI: 1999; AMARAL et alii: 2002). O Jornal Sem Terra juntou-se decididamente à campanhacontra os transgênicos e a ocasião deu brechas para se discutir a dependência à padrões tecnológicos de produção agrícola nãocontrolados pelos agricultores (OLIVEIRA: 2002). Entre estas posturas e a adoção efetiva de práticas agrícolas ecologicamenteadequadas, há um processo que está sendo construído no âmbito do movimento e que poderá ser aprofundado na medida em quepolíticas públicas incentivem tal adoção. Mas, como diz Giuliani (GIULIANI: 1999, p.1), “se um desenvolvimento sustentávelconcreto só pode resultar da mobilização e da participação e não de decreto ou de fórmulas predeterminadas, o MST desempenhaum importante papel na sua concepção e realização”.

Os agricultores familiares e suas estratégias

Em todo o país, há experiências sendo implantadas, por agricultores familiares, para se contrapor à dependência emrelação ao mercado e aos padrões produtivos hegemônicos. São estratégias que visam sua permanência e viabilização na agriculturae que têm , no geral, uma dimensão associativa e coletiva.

Uma ampla pesquisa realizada no centro-oeste do Paraná (BRANDENBURG:1999) mostra como a articulação de esforçosde agricultores e uma ONG, a Fundação para o Desenvolvimento Econômico Rural da Região Centro-Oeste do Paraná-RURECOpode trazer perspectivas novas para a viabilização de seus estabelecimentos e para revitalização do território em que se inserem.

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Os resultados deste movimento liderado pela RURECO são visíveis entre os agricultores beneficiados : uma maior utilizaçãode práticas alternativas ao modelo produtivista convencional são encontradas, em comparação com outros estabelecimentos daregião, especialmente no que diz respeito ao uso de força de tração animal e manual e a prática de adubação verde; a valorização daprofissionalização do agricultor e a conseqüente busca de cursos tanto para o aprendizado de práticas de cultivo como para implementartécnicas de controle contábil das atividades produtivas; o privilegiamento de recursos próprios, técnicas de manejo de recursosnaturais e diversificação produtiva são implementados como forma de viabilização econômica. São agricultores para quem a agriculturaalternativa contribui para a revalorização da vida no campo que priorizam os investimentos na atividade e que pensam num futuropara os filhos na agricultura mas preferencialmente com maior nível de escolaridade; são, ainda, agricultores que têm maior participaçãopolítica e militância (mobilizam-se para tentar convencer os outros dos benefícios da agricultura alternativa) que os não orientadospela RURECO.

Em função destes resultados de pesquisa, evidencia-se a formação de uma categoria de agricultores familiares maiscomprometida com o mundo rural em termos de ambiente e espaço de vida:

“Trata-se de um agricultor com dupla orientação, que considera a razão técnico-econômica e ao mesmo tempo a questãoambiental, envolvendo outros elementos de ordem cultural ou subjetiva, isto é, um agricultor que tende a construir umprojeto de vida segundo uma razão sócio-ambiental ou ecossocial...um outro personagem na agricultura: o agricultorfamiliar alternativo-sustentável. ” (BRANDENBURG:1999,p.264).

Apesar das dificuldades de manutenção da proposta da RURECO pelas dificuldades de financiamento, já existe na região,não só um grupo de agricultores que militam pela nova forma de vivenciar o rural na direção de uma agricultura sustentável , mas aprópria legitimidade desta agricultura estabelecida.

Em outras regiões do Paraná, desenvolvem-se experiências de agricultura ecológica ( olericultura, soja, café, açucar mascavo,entre outras) que combinam também um nova forma de pensar o rural: como espaço de vida, como patrimônio ecológico comum,como alternativa de viabilização econômica. Constata-se que a proximidade de cidades grandes favorece a pluriatividade de partedos membros da família do agricultor e cria melhores condições de comercialização. Garantindo o escoamento da produção e aobtenção de selo de qualidade para os produtos, formam-se associações de produtores orgânicos, como a AOPA- Associação deAgricultura Orgânica do Paraná (KARAM:1999 e DAROLT:1998).

Também através do associativismo e de tentativas de reconversão produtiva tanto na direção de uma agricultura alternativa,como na diversificação produtiva, comunidades rurais próximas de Curitiba têm obtido resultados econômicos melhores e,principalmente, uma valorização social como agricultores e a melhoria de sua qualidade de vida (SOLAK: 1998). Agricultoresfamiliares marginalizados, com baixa renda, conseguiram, com a ajuda de financiamentos obtidos junto a instituições externas,introduzir novas culturas para venda, iniciar a reconversão para a agricultura orgânica e organizar melhor a comercialização. Iniciaramo cultivo de hortas e pomares, a transformação artesanal de alguns produtos e a recuperação das ervas medicinais para plantio e usocomunitários. Os resultados em termos de melhoria das condições de vida para os agricultores foram consideráveis mas foiespecialmente importante a sua inserção nos municípios em que moram de forma coletiva, com a formação da associação, o quepassou a facilitar sua interlocução com o poder público e com os compradores de seus produtos.

Em todos os exemplos mencionados, os agricultores continuam se defrontando com dificuldades para sua viabilizaçãoeconômica. Revalorizando, no entanto, sua condição profissional e o rural como habitat prioritário para a família, reconstróem umaruralidade que se diferencia daquela gerada pelo modelo modernizador hegemônico. Ao mesmo tempo, como atores coletivos,analisam e reagem, de forma mais organizada, à ausência de serviços e infra-estrutura no meio- rural e a omissão do Estado em supri-los.

5. O desenvolvimento sócio-ambiental e a reconstrução da ruralidade:

A escala de desenvolvimento sustentável que envolve a dimensão social tem sido analisada sob a noção de equidade sociale responsabilidade, de patrimônio, cultura e desenvolvimento local (JOLLIVET, 2001 e SACHS;1993 ).

Este conjunto de conceitos que articulam sustentabilidade e desenvolvimento nos remete a pensar a própria noção dedesenvolvimento rural sustentável. A idéia força que está implícita na de desenvolvimento rural sustentável é a de que desenvolversignifica não comprometer o potencial futuro da produção agrícola e o equilíbrio dos ecossistemas que lhe dão suporte.. Sob o pontode vista das ciências naturais, o conceito está fortemente comprometido com a noção de permanência, de preservação. Contudo,sob o ponto de vista das ciências sociais, a conquista de um desenvolvimento mais eqüitativo, aponta para uma transformação dasrelações sociais. Embora tanto para as ciências naturais como para as ciências sociais a noção de desenvolvimento sustentávelimplique num jogo contraditório de processos de mudança e permanência, parece claro que sob o ponto de vista das ciências danatureza a noção de permanência é mais forte do que para as ciências sociais. Especialmente para o caso brasileiro, para a questãosocial, trata-se justamente do contrário, quanto se pensa na construção de um desenvolvimento socioambiental: o sentido detransformação, e não de permanência, tem maior relevância. Daí a dificuldade de aplicabilidade de conceitos polissêmicos no campopolítico, como é o caso do conceito de desenvovimento sustentável, porque eles articulam noções sobre a relação sociedade/naturezaque têm pesos valorativos diferenciados. Embora este texto não comporte uma discussão semântica, esta é a razão da pertinência eutilidade do conceito de desenvolvimento socioambiental, ou ecossocial para se abordar as questões subjacentes a esta relação.

Desenvolver, sob o ponto de vista socioambiental, seria um processo contínuo de conquista de um «futuro inédito»,fundamentado na construção de um projeto social formulado por sujeitos sociais. Na agricultura, desenvolver significa, em primeirolugar, transformar as condições que bloqueiam a estrutura agrária naquilo que concerne o espaço de reprodução da ampla maioriade seus atores sociais, historicamente excluídos das prioridades das políticas públicas (WANDERLEY: 1992.): isto significa apoiar asexperiências já postas em prática ou a serem criadas por agricultores e outros rurais, capazes de reafirmar um projeto «autônomo»onde a vinculação com a terra e a valorização da cultura possam dar sentido a um ambiente socialmente mais eqüitativo e naturalmentemais equilibrado. Um ambiente que produza também para os urbanos a possibilidade de fruição desta mudança – em termos dequalidade de vida na sua acepção mais ampla (segurança alimentar pela mudança dos padrões tecnológicos agrícolas, revitalizaçãodo rural como parte de uma solução para a crise das cidades, gestão dos recursos naturais compartilhados, conservação da paisagem

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natural e cultural dos espaços rurais) . Nesse sentido, o cenário do rural não será construído apenas como bem estético ou paisagem,nem como depositário último da natureza preservada, fruto do manejo e da gestão dos recursos naturais, nem tampouco comoespaço produtivo, fruto do planejamento de atividades economicamente mais rentáveis. O novo cenário do rural será mais complexo,abrangendo estas e outras dimensões. Mas será sobretudo etica e politicamente conquistada por seus diferentes atores sociais,agentes da construção de uma outra ruralidade- vista ,agora, não como questão setorial mas como questão de sociedade.

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* Professores da Universidade Federal do Paraná-Departamento de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia eDoutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento .1 Segundo os dados do PNAD, sistematizados por CAMPANHOLA e GRAZIANO DA SILVA (2000), a população rural com 10anos e mais de idade no Brasil teve um aumento de 0,5% entre 92 e 97, sendo que desde 1993 de forma progressiva,2 Note-se que os autores consideram estes números subestimados. Mesmo admitindo o acerto desta suposição, o caracter minoritárioatualmente desta pluritividade não agrícola entre agricultores não parece poder ser questionado.3 Esta discussão sobre o rural hoje no Brasil, comparando seus sentidos e processos com o que vem ocorrendo nos países decapitalismo avançado, está mais desenvolvida em FERREIRA:2002.4A agricultura de arado de tração animal, baseada na gestão de recursos, como esterco, adubação verde, de sementes rústicasselecionadas pelos próprios agricultores.5 “sistema de culturas é definido como a exploração de uma porção do território tratado de maneira idêntica”(DEFONTAINE, 2001p 134).6 Neste sentido do conceito, o desenvolvimento sustentável poderia estar circunscrito a uma temporalidade restrita já que, comosuporte para as atividades produtivas, este modelo agrícola tem mostrado seus limites, como já se viu.7 As estratégias aqui relatadas foram apresentadas com mais detalhes no texto FERREIRA (2001 b ).8 Sobre os assentamentos rurais, veja-se o programa de pesquisas da UNICAMP-FEAGRI e do CPDA, em convênio com a EHESS-Centre de Recherches sur le Brésil Contemporain. Veja-se, também, FERREIRA, SILVA e ANTUNIASSI (1999).9 INCRA/Unb/Universidades .I Censo da Reforma Agrária no Brasil e Pesquisa sócio-econômica em assentamentos rurais. 199610 Dados dos cadernos de campo do .I Censo da Reforma Agrária no Brasil e Pesquisa sócio-econômica em assentamentos rurais.Estadodo Paraná. 1996

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PERFIL SÓCIO PRODUTIVO DOS FRUTICULTORES ORGÂNICOS CERTIFICADOS,OU EM PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO, PELA ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURAORGÂNICA (A.A.O.)

Ananda Viera de Almeida1

José Gilberto de Souza2

1. INTRODUÇÃOA agricultura orgânica surgiu das experiências do pesquisador Inglês Albert Howard que, no ano de 1921, constatou que

o uso da matéria orgânica era o fator principal para a eliminação de pragas e doenças, melhoria dos rendimentos e qualidade dosprodutos agrícolas ,enfatizando também a não utilização de adubos artificiais e biocidas (Primavesi, 1992).

Ao longo da década de 1980, impulsionada pelo movimento ecológico a agricultura orgânica ganhou mais força e ademanda por produtos livres de agrotóxicos se foi tornando maior do que a oferta. Pequenas hortas e pomares desses produtos queabasteciam a vizinhança, passaram a mostrar-se progressivamente insuficientes para atender o mercado em expansão.

Hoje a agricultura orgânica é uma tendência para o futuro da produção agrícola, visto que, no mercado interno, o cresci-mento da procura por produtos orgânicos, no início da década de 1990, atingia a média de 10% ao ano, chegando próximo a 50% aoano, nos últimos três anos. No mercado externo, a procura por estes alimentos cresce entre 20 e 30% ao ano (Darolt, 2000).

Um dos fatores importantes que influenciam este crescimento é o aumento do número de consumidores que exigemalimentos mais saudáveis, livres de resíduos tóxicos à saúde e ao meio ambiente. Para garantir, a este consumidor, a idoneidade doproduto orgânico surgiram as certificadoras, sendo que a Associação de Agricultura Orgânica se apresenta hoje como uma dascertificadoras nacionais de maior destaque. A AAO tem o intuito não só de garantir o direito das pessoas a uma alimentação sadia eequilibrada como também de difundir técnicas e práticas relacionadas à agricultura orgânica.

O texto apresenta o histórico da certificadora e suas demandas atuais frente aos produtores, traça os perfis sócio-produti-vos de fruticultores certificados, ou em processo de certificação, pela Associação de Agricultura Orgânica. Discute, ainda, as princi-pais dificuldades, do ponto de vista dos produtores, em relação ao processo de certificação.

2. METODOLOGIAA base de dados utilizada para a análise do perfil dos fruticultores foi cedida pela Associação de Agricultura

Orgânica, sendo que a escolha pela A.A.O. deve-se ao fato de que está, representa hoje, uma das principais certificadoras do país etem abrangência nacional.

A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas, feitas pela certificadora durante as visitas de inspeção. A amostraselecionada corresponde a 100% dos fruticultores certificados, ou em processo de certificação, totalizando 42 questionários. Porfalta de consistência em três questionários, considerou-se para a análise dos dados 93% dos questionários, ou seja, 39 produtores.Em seguida, os dados foram tabulados para posterior análise.

Utilizou-se, no presente estudo, o método estatístico descritivo, com o intuito de avaliar, comparativamente, o comporta-mento das variáveis pesquisadas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Breve histórico da Associação de Agricultura Orgânica.A Associação de Agricultura Orgânica é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em maio de

1989, por um grupo de engenheiros agrônomos, produtores, jornalistas e pesquisadores que já praticavam a agricultura orgânica eacreditavam na sua viabilidade sócio-econômica e ambiental. A normatização da produção ocorreu com base em estudos recomen-dados à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ , e o cadastramento dos produtores deu–se em parceria com oInstituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural -IBD e a Associação Mokiti Okada – MOA, o que permitiu a organização da feirade produtos orgânicos, inaugurada em Fevereiro de 1991, e que são, atualmente, em número de quatro (Souza, 2000).

O selo da AAO, criado em 1996, permitiu um novo salto na estratégia de comercialização e a entrada nos supermercados. Onúmero de produtores certificados passou de 26, em 1997, para 300, em 2000. A AAO certificou e monitora mais de 20 mil hectaresde área orgânica e a entidade vem trabalhando para ser reconhecida em âmbito do mercado externo de produtosorgânicos(SOUZA,2000).

3.2 Perfil Sociológico3.2.1. Localização dos fruticultores pesquisados, estrutura fundiária e uso do solo.

Associação de Agricultura Orgânica é uma certificadora de abrangência nacional, porém, os produtores envolvidos noprocesso de certificação estão todos localizados nos Estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, com exceção de um caso,na região Centro- Oeste. Isso pode ser explicado, em parte, pelo fato de que a sede da AAO e seu corpo de inspetores encontram-sena região Sudeste.

Verificou-se que, dos fruticultores pesquisados, 80% pequenos produtores, 13% médios e 7% grandes produtores. Estaclassificação foi feita segundo critérios do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), por meio do conceito de módulo fiscal,que serve como parâmetro para classificação do imóvel rural quanto ao tamanho, na forma da lei n 8.629/933 .

Portanto, os produtores certificados, ou em processo de certificação, pela AAO, são, em sua maioria, pequenosprodutores. Olinger (1991), concluiu que, os pequenos produtores constituem a maior parte dos produtores rurais da AméricaLatina e que estes se encontram em situação marginal, devido às dificuldades de desenvolvimento em função dos baixos níveis deeducação, saúde e conhecimento; sofrem endividamento crônico e têm dificuldades de acesso ao crédito institucional e a outros

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fatores de produção, especialmente quanto aos insumos modernos; enfrentam preços instáveis; recebem pouca ajuda dos serviçosde extensão; têm escassa ou nenhuma participação no controle e funcionamento das instituições rurais.

Fazendo um paralelo entre a situação dos pequenos produtores na América Latina e aqueles envolvidos no universopesquisado, podemos concluir que a opção pela mudança de sistema de produção do convencional para o orgânico, pode serreflexo de questões econômico-sociais, e não, resultado de uma consciência ambiental decorrente do produtor, uma vez que dianteda exigência da produção em escala, característica do modelo tecnológico industrial de produção (modernização conservadora), aagricultura orgânica representa um nicho específico de mercado que viabiliza economicamente as pequenas propriedades.

Tabela 1. Estrutura fundiária e uso do solo, fruticultores - AAO.

Módulos fiscais n° produtores área total

área frutas área frutas certificadas

área frutas conversão

(ha) (ha) (ha) (ha) até 4 31 739,43 217,71 142,83 72,50

4<x<15 5 1242,30 72,18 52,28 19,90 >15 3 1220,00 21,40 12,00 9,40

TOTAIS 39 3201,73 311,29 207,11 101,80

Fonte AAO/ 2001. Org.: Ananda V. Almeida.

Na tabela 1, observa-se que, a área destinada à fruticultura corresponde a 9.7% da área total, sendo que os pequenos produ-tores aproveitam 29,4% da sua área total para produção de frutas, enquanto médios e grandes 6% e 2%, respectivamente. Estesdados refletem a situação do uso do solo no Brasil: segundo Censo Agropecuário Brasil 1995, observamos que, 6% das proprieda-des agrícolas no Brasil aproveitam a terra com lavouras permanentes, 25% com lavouras temporárias e 44% são terras destinadas àspastagens plantadas.

Tabela 2. Uso do solo para as diferentes culturas, fruticultores - AAO.cultura área total

(ha)

área certificada

(ha)

área certificada

(%)

área conversão

(ha)

banana 55,5480 29,2480 52,65 26,30 laranja 20,6900 20,6900 100,00 0,00 caqui 19,7112 13,7112 69,56 6,00 amora 17,7000 17,7000 100,00 0,00 goiaba 14,1655 0,9655 6,82 13,20

tangerina 10,4500 9,8500 94,26 0,60 manga 6,5810 6,5810 100,00 0,00 acerola 6,5000 6,4000 98,46 0,10 coco 3,9000 0,0000 0,00 3,90

pêssego 3,1960 2,4560 76,85 0,74 uva 2,8710 2,2610 78,75 0,61

ameixa 2,1450 2,1450 100,00 0,00 caju 2,0000 0,0000 0,00 2,00

nêspera 1,8952 1,8952 100,00 0,00 pupunha 1,4500 0,4500 31,03 1,00

lixia 1,3850 1,3850 100,00 0,00 limão 1,1240 0,0240 2,14 1,10

morango 1,0700 1,0700 100,00 0,00 romã 1,0000 1,0000 100,00 0,00

mamão 1,0000 0,0000 0,00 1,00 atemoia 0,6580 0,6580 100,00 0,00

carambola 0,6000 0,0000 0,00 0,60 maracujá 0,3730 0,3730 100,00 0,00 nectarina 0,3535 0,3535 100,00 0,00

figo 0,2400 0,2400 100,00 0,00 jabuticaba 0,2000 0,0000 0,00 0,20

pêra 0,1000 0,1000 100,00 0,00 graviola 0,0600 0,0600 100,00 0,00

Fonte AAO / 2001. Org.: Ananda V. Almeida.

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A cultura desenvolvida pelos fruticultores que ocupa maior área certificada e a maior área em conversão é a Banana. Emseguida temos a laranja e, neste caso, toda a área destinada à cultura apresenta-se certificada. A relação área certificada / fruta, naspequenas propriedades, corresponde à 65,6%; 56% nas grandes propriedades e 72% nas médias. As relações áreas em conversão /fruta são, respectivamente, para pequenos, médios e grandes, 33.3%, 28% e 44%. Pequenos produtores detém 23% da área total, osmédios 39% e os grandes proprietários, que correspondem a 7% do total do universo pesquisado, concentram 38% do total deterras.

Destaca-se, em função da % de área certificada, a grande importância da pequena propriedade na fruticultura certificada pelaAAO.

3.2.2. Mão de Obra e classificação dos produtores em Familiares e PatronaisA mão de obra envolvida no processo de certificação foi classificada em Familiar (masculina e feminina) , contratada

(masculina e feminina) e em outras relações de trabalho, são elas, meeiros e vínculos. As outras relações, estas, são definidas, pelaAssociação de Agricultura Orgânica, como:

Vínculo: caracterizado por habitualidade, subordinação e dependência, além do fato de ser um trabalhador assalariado eestar relacionado com uma pessoa física ou jurídica.

Meeiros: o proprietário da área e o produtor fazem acordos que variam em porcentagem quanto à divisão do faturamento.Normalmente o proprietário paga os insumos e o produtor conduz a produção. A divisão, no final, pode ser de 20, 30, 40 ou 50%dependendo do que foi acertado entre as partes.

Os dados referentes à mão de obra dizem respeito à área total do produtor e, constatou-se que da mão de obra total contra-tada 55% é masculina, 11,5% feminina. Em relação à mão de obra familiar, 26.6% é masculina e 6,6% feminina. Em 13% dos casossão estabelecidas relações de trabalho como meeiro e 8% vínculos. Analisando a relação homem/ hectare, considerando os valoresmédios, percebemos que na classe de pequenos produtores, esta relação equivale a 0.6 H/ha. Nos médios produtores encontramos0.06 h/ha e nos grandes 0,01 h/ha. Notamos aqui a importância da pequena propriedade na geração de postos de trabalho.

Tabela 3. Classificação da mão de obra dentro das diferentes classes de fruticultores. produtores fam.

mas. fam. fem cont. mas cont. fem vínculos+meeiros

pequeno 26% 7% 54% 12% 15% médio 13% 3% 74% 10% 40% grande 71% 14% 7% 7% 33%

Fonte AAO / 2001. Org.: Ananda V. Almeida.

Devemos levar em consideração, na análise desses dados, as outras atividades que são desenvolvidas nas proprieda-des. Por exemplo, no caso dos pequenos, 70% deles são produtores que, além da produção de frutas, aproveitam suas terras comoutras diversas atividades agrícolas (mel, grãos, horticultura, pecuária). No caso de médios e grandes encontramos, respectivamente,60% e 30% dos mesmos envolvidos em outras atividades agrícolas.

Quando cruzamos os dados de uso de solo e mão de obra, percebemos um melhor aproveitamento da propriedadee da mão de obra empregada nas pequenas propriedades. Ao compararmos estes dados com os do censo agropecuário Brasil 1995-96, podemos constatar situação semelhante em âmbito nacional: pequenos e médios proprietários absorvem maior quantidade demão de obra, demonstrando a viabilidade na incorporação da força de trabalho regional com o desenvolvimento deste modelo,revelando que o conceito de sustentabilidade está envolvido não apenas com a propriedade, mas com o contexto social em que estáinserido.

Classificação dos produtores em Familiares e patronaisPara a classificação dos produtores em familiares e patronais não podemos nos basear somente em dados econômicos,

fundiários e relacionados à mão de obra, pois o universo agrário é extremamente complexo. Os vários tipos de produtores sãoportadores de racionalidades específicas pois precisam se adaptar ao meio no qual estão inseridos, fato que reduz a validade deconclusões derivadas de uma racionalidade única, universal e atemporal que, supostamente, caracteriza o ser humano.

Existe uma multiplicidade de metodologias, critérios e variáveis para construir tipologias de produtores que, geralmente,diferem dependendo do ponto de vista do pesquisador ou do grupo de pesquisa. Para o presente estudo, utilizou-se o critério doInstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, por ser este o mais adequado para classificar os produtores emquestão. As características principais das duas formas de produção, familiar e patronal, segundo este critério, podem ser resumidasno Quadro 2.

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Quadro 2. Características de agricultores, patronais e familiares, segundo INCRA, 1994.Patronal

Familiar

completa separação entre gestão e trabalho trabalho e gestão intimamente relacionados

organização centralizada direção do processo produtivo assegurada diretamente pelo proprietário

ênfase na especialização ênfase na diversificação

ênfase em práticas agrícolas padronizáveis ênfase na durabilidade dos recursos naturais e na qualidade de vida

trabalho assalariado predominante trabalho assalariado complementar

tecnologia voltada para a redução de mão de obra

tomada de decisões “in loco”, condicionada pelas especificidades do processo produtivo

pesada dependência de insumos comprados ênfase no uso de insumos internos

Fonte INCRA, 1994.

Concluiu-se que, todos os produtores envolvidos no universo pesquisado são familiares, com algumas peculiaridades

entre eles, sendo que, estas peculiaridades permitiram uma subdivisão dos produtores em classes:Classe A: produtores agricultores, ou seja, não apresentam formação profissional; nível de escolaridade fundamental, ensino médio;tradicionais 4 ; fonte de renda exclusivamente agrícola. Fazem parte desta classe 59% do total de produtores.Classe B: produtores profissionais,ou seja, têm formação profissional; não tradicionais; renda não exclusivamente agrícola. Fazemparte desta classe 30,8% do total de produtores.Classe C: produtores profissionais; não tradicionais; renda não agrícola. Fazem parte desta classe 10,3% dos produtores.

Observa-se que o critério para esta classificação não levou em consideração dados referentes à propriedade e à mão de obrae sim, aspectos do perfil de envolvimento do agricultor com a propriedade.

Carmo (1998) aponta que a produção familiar, dada as suas características de diversificação/integração de atividades vege-tais e animais, e por trabalhar em menores escalas, pode representar o locus ideal ao desenvolvimento de uma agriculturaambientalmente sustentável. Um novo padrão de desenvolvimento definido pela auto-sustentabilidade potencializa a participação daagricultura familiar na oferta agrícola. É o que podemos verificar no presente estudo.

3.2.3. Histórico dos fruticultores e motivo da opção pela agricultura orgânica.Os agricultores envolvidos na pesquisa são, em sua maioria, tradicionais (59%), sempre trabalharam em atividades

agropecuárias. Apenas 2% do número total de produtores envolvidos no processo sempre foram orgânicos sendo que o restante(98%), passou pelo período de conversão. Nenhum produtor pesquisado trabalha em sistema de cooperativa ou associação deprodutores.

Quando analisamos o motivo da opção do agricultor pela forma de produção orgânica, concluímos que, 52% do total deprodutores que responderam a questão, fazem a opção por motivos econômicos, 33% por motivos de saúde e 15% por questõesideológicas5 .

Por meio do gráfico 1, analisamos estes principais motivos dentro das diferentes classes de produtores. A escolha pormotivos puramente econômicos vem, em grande parte, dos produtores da Classe A. Este fato condiz, perfeitamente, com o perfil derenda dos produtores familiares e tradicionais do Brasil: marginalizados economicamente e socialmente perante a atual conjunturaagrícola mundial. Nos questionários, notou-se claramente que a agricultura convencional era inviável economicamente para ascondições desses produtores.

A questão da saúde é relevante na mudança de sistema, entre produtores da Classe A o que pode decorrer do fato de que,o produtor rural familiar convencional esta em contato direto com inúmeros insumos químicos tóxicos aos seres humano, sendo quetais preocupações estão explicitadas nos questionários, como sintomas de intoxicação.

Nenhum produtor, pertencente à classe A, opta pela agricultura orgânica por ideologia. Este motivo impulsiona, apenas,produtores da classe B e C que são aqueles cuja a renda agrícola não é a única fonte para sustentar a família, e são produtoresprofissionais liberais.

Gráfico 1. Motivação para a produção orgânica, segundo as classes de produtores.

0%

20%

40%

60%

80%

A B C

e c o no mi c o s

i de o l o gi c o s

s aú de

Fonte AAO / 2001. Org.: Ananda V. Almeida.

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Os resultados do presente estudo se assemelham com os obtidos por Darolt (2000), em pesquisa realizada com produtoresorgânicos da região metropolitana de Curitiba, onde, basicamente, os motivos que impulsionam os produtores na decisão pelaagricultura orgânica são saúde pessoal e da família e a questão econômica.

3.2.4. Comercialização.No caso dos produtores da AAO, encontramos três principais formas de comercialização da produção orgânica certifica-

da: empresas distribuidoras e processadoras, comercialização direta (feiras e entregas à domicílio) e varejistas.A maioria dos produtores pesquisados (80%) comercializa seus produtos por empresas distribuidoras e, segundo avalia-

ção dos próprios produtores, a maioria não está satisfeita com esta forma de comercialização. Tal insatisfação decorre, segundo eles,dos preços pagos aos produtores e da desorganização das distribuidoras.

Em segundo lugar, para 15% dos produtores, a forma de comercialização utilizada é a direta e, neste caso, avaliada pelagrande maioria como satisfatória. Apenas 5% dos produtores comercializam a produção por varejistas e isto pode decorrer do fatode falta de estabilidade na produção e quantidade de produtos.

A questão da comercialização confirma-se como um entrave no processo: dificuldade em manter o mix de produtos,preços injustos, mercadorias vendidas como convencionais, são questões a serem enfrentadas. Darolt (2000), em sua pesquisaenvolvendo produtores orgânicos de Curitiba-PR, constata a mesmas dificuldades.

Um fator que agrava este problema é a falta de organização entre eles e dentro das suas unidades produtivas: nenhumprodutor pesquisado trabalha em sistema de cooperativa ou associação de produtores; grande parte não possui planilhas de custosde produção; não controlam as saídas dos produtos da propriedade.

3.3. Características inerentes às técnicas de produção ( perfil produtivo).

Tratos CulturaisAnalisando os tratos culturais, 100% dos fruticultores praticam, em seus pomares, roçadas, arranquios e capinas. Em 95%

dos casos, os produtores utilizam cobertura morta e viva, adubação verde e consórcios, como práticas culturais que auxiliam nocontrole de invasoras, pragas e doenças. Estas práticas, do ponto de vista do manejo orgânico, são básicas para o êxito na produção,pois podem refletir em auto sustentabilidade para o produtor, o que é altamente desejável, além de contribuírem para a fertilidade eestrutura física do solo e para biodiversidade local (Primavesi, 1992).

InsumosPercebemos uma nítida diferença no que se refere aos insumos quando comparamos uma propriedade convencional e

orgânica. “O consumo intermediário é o valor de todos os insumos que entram no processo de produção (excetuando, a força detrabalho), ou seja: as despesas com sementes, defensivos, fertilizantes, rações e medicamentos para animais, aluguel de máquinas,embalagens e outros itens que possam ser considerados matérias-primas ou insumos produtivos. Em verdade, todos estes processosrevelam mais que a modernização, a alteração do padrão tecnológico da produção, o grau de dependência e as transformações nasrelações sociais de produção, da especialização, da divisão do trabalho e do assalariamento. Este crescimento da participação doconsumo intermediário no valor bruto da produção significa que a atividade agropecuária depende cada vez mais de compra (intra einter-setoriais) para que se possa efetivar. Esta relação intersetorial no processo de produzir torna-se cada vez mais evidente eenvolve mais setores da economia quanto mais intensivo for o uso do capital fixo e circulante. A participação do consumo interme-diário no valor da produção pode então ser vista como um indicador síntese do processo de modernização: quanto mais complexase torna a base técnica da produção com a utilização crescente de insumos (químicos, físicos e biológicos), maior tende a ser aproporção de consumo intermediário na produção. Atualmente, o custo intermediário como percentual do valor bruto ultrapassa amargem de 40% da produção.” (SOUZA, 2002:16-17).

Os insumos mais comuns, utilizados pela maioria dos produtores (95%), em seus respectivos pomares, são: Bokashi6 ,estercos, biofertilizantes, calcários, micronutrientes e adubos fosfatados de baixa solubilidade, supermagro7 . Foram encontradoscomo insumos utilizados por um número menor de produtores o leite, algas marinhas, cinza, farinha de osso, calda bordalesa esulfocálcica, húmus, EM8 , açúcar.

Observamos que a maioria dos insumos objetiva o tratamento do solo, não da planta. Esta prática nos mostra que osprincípios técnicos-científicos encontrados na literatura, peculiares à agricultura orgânica, estão sendo praticados pelos produtores.Porém, constatou-se também que, em 99% das propriedades, esses insumos vêm, simultaneamente, da própria propriedade e defontes externas. Em relação aos insumos de fontes externas, estes podem conter contaminantes, pois na grande maioria das vezes,são originários de propriedades convencionais.

4. Dificuldades no processo de certificação.Entre os produtores pesquisados, 36% abandonaram o processo de certificação e são considerados inativos. Destes produ-

tores inativos, 93% são pequenos produtores e 7% médios. Algumas dificuldades apontadas pelos produtores que, em parte,podem explicar o número de inativos, são relatadas como: - o período de transição aparece como problemático devido às quedas iniciais de produção. Esta fase pode comprometer todo oprocesso de certificação, dependendo, principalmente, das condições econômicas dos produtores; o elevado perfil de dependênciada renda agrícola sugere propostas de políticas públicas específicas para este caso.- a assistência técnica, principalmente para produtores em transição, foi apontada como uma lacuna no trabalho da A.A.O. Osprodutores e a associação estão no processo de definir os diferentes objetivos da A.A.O, Certificadora e Associação. A AAOcertificadora não tem a missão de fornecer auxílio técnico mas sim, de inspecionar a produção certificada. A função de assistênciatécnica é função da A.A.O. Associação percebeu dificuldades entre os produtores na compreensão de tais diferenças.- a comercialização dos produtos diferenciados, como já foi citada, aparece como entrave na maioria dos casos, reflexo também dafalta de estrutura política na questão de abastecimento do mercado.- dificuldade na compreensão, pôr parte dos produtores das “Normas para Produção Orgânica” estabelecidas pela Associação.

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5. Conclusão

Ao analisarmos toda a conjuntura apresentada no presente estudo, podemos concluir que, a produção orgânica de frutas,certificada pela A.A.O., tem um potencial enorme de ser inserida no mercado (interno/externo), devido a alta demanda por frutasdiferenciadas. Por outro lado, encontramos produtores que continuam marginalizados do processo de comercialização. Está incoe-rência pode decorrer de vários fatores, são alguns deles, políticos institucionais como a falta de definições de políticas públicas parao setor; falta de organização do produtor na sua unidade produtiva e fora dela; questões mercadológicas: abuso dos intermediáriosem relação ao preço pago ao produtor.

É importante colocar que, em relação aos fatores acima citados, não podemos enxergar o agricultor na situação de vítimama, isentando-o de responsabilidades frente à situação.

Sugere-se que uma maior atenção deve ser dada aos pequenos produtores envolvidos no processo, pois estes, geralmenteabandonam a atividade por motivos técnicos e econômicos. A respeito da lacuna técnica, a A..A.O como Associação, pode contri-buir neste sentido, fazendo parcerias, principalmente com universidades. Apesar destas dificuldades, é nítido o potencial da agricul-tura orgânica, principalmente da fruticultura, em inserir pequenos produtores familiares num mercado mais justo.

Muitos produtores que, inicialmente, optaram pelo sistema orgânico por fatores puramente econômicos, começam a al-cançar êxito como produtores orgânicos e passam a perceber outras vantagens que o sistema pode oferecer, por exemplo, maissaúde para a família. Assim, abandonam por completo a idéia da agricultura convencional, não mais presos aos motivos econômicosiniciais. Isto representa uma vitória para o movimento agroecológico como um todo e um grande passo na busca de um ambienteagrícola sustentável.

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1 Graduanda em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP . Campus de Jaboticabal - [email protected] Professor Doutor do Departamento de Economia Rural / UNESP - Campus de Jaboticabal - SP. [email protected] O Módulo Fiscal de cada município foi fixado pelos seguintes atos normativos: Instruções Especiais/INCRA N 19/80, 20/80,23/82, 27/83, 29/84, 33/86 e 37/87; Portaria/MIRAD n 665/88, 33/89 e MA n 167/89; Instrução Especial/INCRA n 32/90, PortariaInterministerial MF/MA n 308/91, MF n 404/93 e Instrução Especial INCRA n 51/97.4 Considerou-se, para a presente pesquisa, como produtores tradicionais aqueles que nasceram na condição de agricultores , ouseja, são vinculados com a atividade agrícola desde seus antepassados.5 Considerou-se aqui como fruticultores que optão pela agricultura orgânica por ideologia, aqueles que a praticam por acredita-rem em outras formas de organização da sociedade e dos meios produtivos, sendo que os fatores econômicos não interferm naopção.6 Fertilizante orgânico resultado da compostagem anaeróbia das seguintes matérias primas: terra virgem, torta oleaginosa, estercode galinha, farinha de osso, farinha de peixe, farelo de arroz, fonte de amido, fermento de pão.7 Adubo líquido proveniente de uma mistura de micronutrientes fermentados em um meio orgânico.8 Microorganizmos Eficazes, inoculantes.

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LAS UBPC; POTENCIALIDADES PARA EL CAMBIO TECNOLÓGICO HACIA UNAAGRICULTURA SOSTENIBLE

MSc. Ángel Mario Suero Rodríguez

INTRODUCCIÓN

En el empeño por desarrollar una agricultura intensiva para satisfacer las crecientes demandas alimentarías de la población, Cubatambién abrazó la agricultura convencional o de altos insumos, con el consiguiente uso indiscriminado de productos químicos, laintroducción acelerada de tecnologías y de sistemas de producción en gran escala.

Con el aumento de los rendimientos productivos, el uso más masivo y socializado de la maquinaria agrícola y la disminución deltrabajo físico en la agricultura, no pudimos evadir los efectos negativos de este paradigma tecnológico.

El creciente deterioro de los suelos, la cada vez menor respuesta productiva a los fertilizantes, el aumento de plagas y enfermedadespor el rompimiento de las cadenas naturales, la poca implicación y participación de los productores y el gran consumo de recursoscostosos sin la adecuada respuesta productiva. Hacía necesario desarrollar una agricultura ecológica de bajos insumos menosdependientes del exterior y promover nuevos incentivos para captar y estabilizar la fuerza de trabajo en el sector, logrando unaparticipación real de los sujetos.

Entre las medidas que adoptado el país para avanzar hacia una agricultura sostenible, se pueden señalar; la sustitución de insumosquímicos por biológicos y de parte de la energía mecánica, por la tracción animal. La utilización de biopesticidas y biofertilizantes, dearados que no invierten el prisma del suelo, de abonos verdes y la producción de entomapatógenos y entomófagos de forma artesanal.

La entrega de parcelas en usufructo, la apertura de los Mercados Agropecuarias y la Creación de las Unidades Básicas de ProducciónCooperativa, se enmarcan dentro de las medidas adoptadas para acceder a un desarrollo sostenible agrícola y al logro de la seguridadalimentaría de la población.

LA ORGANIZACIÓN AGRÍCOLA

Al triunfar la Revolución cubana en enero de 1959 se produce una radical transformación en el fondo de tierras; pasan al estadocubano, como resultado de la primera (1959) y segunda (1963) Ley de Reforma Agraria, el 70% de las tierras agrícolas del país. Enmayo de 1959 se constituye el Instituto Nacional de Reforma Agraria, (INRA), quien debía llevar a vías de hecho lo establecidopor las mencionadas leyes agrarias.

Se desarrolla un intenso proceso de transformación en la agricultura, al ser nacionalizados los grandes latifundios cañeros y de otrasramas agropecuarias. Creándose en los latifundios ganaderos y arroceros Granjas del Pueblo (estatales) y en los cañeros Cooperativas,las mismas no fueron un modelo clásico de cooperación al estar integradas por obreros agrícolas que recibieron en usufructo colectivolas tierras expropiadas por el estado. En 1962, dichas Cooperativas se trasformaron en Granjas del Pueblo (estatales). De esta formase transferían nuevamente 1 073 600 ha de tierra de propiedad cooperativa a propiedad estatal.

PROPIEDAD COOPERATIVA Y CAMPESINA

En 1961 se constituyó la Asociación Nacional de Agricultores Pequeños (ANAP), como organismo rector del sector campesinoy cooperativista.

Se desarrollan diferentes formas de cooperación entre el campesinado, entre ellas; las Asociaciones Campesinas, las Brigadas deAyuda Mutua, las Brigadas FMC-ANAP, las Cooperativas de Créditos y Servicios (CCS) y las Sociedades Agropecuarias.

Luego de varios años donde se desarrolló la experiencia en la aplicación de estos modelos cooperativos. Comienza a promoverse, apartir de 1975, el desarrollo de nuevas formas de cooperación campesina surgiendo las llamadas Cooperativas de ProducciónAgropecuaria (CPA), donde los campesinos agruparon sus tierras y demás medios de producción a los fines del trabajocolectivo, eliminando la propiedad privada y estableciendo una nueva forma de propiedad basada en la cooperación y ayuda detodos sus miembros para la obtención de un beneficio común.

En la actualidad la producción campesina cubana ocupa el 21% de la superficie agrícola y está representada por las CPA y las CCS;las CPA abarcan 620 300 ha agrícolas con 1 148 unidades y 62 155 miembros, mientras que las CCS, son más numerosas y abarcan782 700 ha, con 2 709 unidades y 159 223 socios.

Coexiste, además, con estas formas cooperativas un pequeño número de privados dispersos que atienden 210 000 ha agrícolas, el3% del área agrícola nacional.

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PROPIEDAD ESTATAL

El sector estatal ocupó el peso fundamental en la estructura de tierras del país. Con el de cursar de los años, el sector estatal llegó atener el predomino de las producciones de caña, hortalizas, viandas, arroz, cítricos y la ganadería, ocupando durante mucho tiempoalgo más del 80% de las tierras del país.

La producción estatal, organizada en Empresas Estatales Agropecuarias, se caracterizó por una gran centralización y transitó en suevolución por diferentes estructuras productivas comunes, dentro de las que pueden mencionarse como más representativas; losDistritos, las Brigadas Permanentes de Producción y las Granjas.

Los Distritos surgieron como consecuencia del reordenamiento de las áreas agrícolas a finales de los años ’70 y permitieron laintroducción acelerada de la mecanización en algunos principales cultivos, como la caña de azúcar. Fueron concebidos como estructurasde gran tamaño, pudiendo superar las 2 700 ha.

A inicios de la década de los años ’80 se introducen las Brigadas Permanentes de Producción (BPP). Estas, como nueva formaorganizativa de la producción, se constituyeron sobre la base de fortalecer el papel del hombre en el proceso productivo, puso énfasisen el papel del colectivo laboral, el incremento del nivel de vida de los trabajadores, la autonomía en la ejecución de la produccióny la responsabilidad por los resultados finales de su gestión económico-productiva.

A partir de septiembre de 1992 se constituyen las Granjas; última modalidad de tipo estatal establecida en la agricultura cubana, estasfuncionaron durante menos de un año. Siendo sustituidas por las UBPC.

TRANSFORMACIONES EN LOS 90.

El proceso de hundimiento del antiguo campo socialista y el desmoronamiento de la URSS como pilar fundamental de esecampo, con el cual el país realizaba el 80% de todo su intercambio comercial, unido a la agudización del bloqueo económicoimpuesto a Cuba por el Gobierno de los EEUU, provocó en la economía cubana y en el sector agrícola en particular un fuerteimpacto sobre aquellos mecanismos fundamentales que en el orden económico-productivo funcionaron durante más de tresdécadas.

La ruptura en los mecanismos de intercambio comercial tradicionales provocó que el suministro de insumos fundamentales como;fertilizantes, piezas y accesorios, agregados agrícolas, etc, se redujera notablemente, llegando a ser nulo en algunos renglonesbásicos. Así, en menos de dos años, la actividad comercial se redujo de 8 mil millones a 2 mil millones, la importación de petróleo a50%, fertilizantes a 77%, plaguicidas a 63%, y alimentos para animales 70%. Cuba perdió un 73% de su poder comprador y un 42%de su producto nacional bruto.(García, 1997; Bourque, 1999; Rosset y Altierí, 1994; Cabrera, 1998).Produciéndose reducciones drásticas (o desaparición) en la importación de alimentos. En 1989 el país importaba el 79% de loscereales, 99% de soya, 50% de arroz, 94 de aceites comestibles, 38% de productos lácteos y 97% de alimento animal.

El país tenía que buscar la autosuficiencia alimentaria y para ello depender lo menos posible de insumos exteriores, así como lograrque la población participara en producir parte de su alimentación. Cuba ha emprendido una transformación agrícola nacional dirigidaal amplio uso de prácticas alternativas, y a la aplicación de sistemas alimentarios sostenibles. (Bourque, 1999).

Se hacia imprescindible desarrollar una agricultura orgánica de bajos insumos, dependiente cada vez menos de recursos externos ypromover nuevos incentivos para captar y estabilizar la fuerza de trabajo en el sector agrícola, logrando una participación real de lossujetos. Parte de este profundo proceso de cambios en la política rural cubana, fue la creación de las UBPC en 1993.

LAS UNIDADES BÁSICAS DE PRODUCCIÓN COOPERATIVA (UBPC)

Como parte del proceso de redimensionamiento económico que emprendió el país en el sector agrícola, el Gobierno y el Estadocubanos decretan la creación, a partir del mes de septiembre de 1993, de las Unidades Básicas de Producción Cooperativa (UBPC),las que surgen tomando como fundamento normativo el funcionamiento de las Cooperativas de Producción Agropecuaria (CPA) ycomo base económica el patrimonio fomentado por las anteriores estructuras de producción estatal. Este proceso inicia una nuevaetapa en el desarrollo de la economía cubana donde se promueve la descentralización.

La creación de las UBPC constituye la medida de mayor alcance dentro de las reformas rurales, ya que la misma contribuyedecisivamente al tránsito hacia un desarrollo rural sustentable, al posibilitar la autogestión de los actores productivos, su participaciónen la toma de decisiones, el control de los recursos locales, su explotación racional y la defensa y conservación del entorno y delmedio ambiente en general.

Para ello se les entregó la tierra en usufructo permanente, se hizo dueño al colectivo de trabajadores de los medios de producción yde los resultados finales del trabajo. Se estructuraba, de este modo, un nuevo modelo de relaciones de propiedad y de trabajo en laagricultura cubana, con el fin de elevar la producción, la productividad, y la rentabilidad agrícola. Lograr una mejor cobertura a lasnecesidades de la población (autosuficiencia alimentaria), explotar racional y sosteniblemente los recursos naturales y potenciar laparticipación de los trabajadores como sujetos activos.

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En el primer semestre del 2001, el país disponía de 2 614 UBPC que poseían 2 775 600 ha de tierras agrícolas, el 42% del área delpaís. De ellas 1002 son cañeras y 1612 no cañeras. El total de fuerzas que conforman esta modalidad organizativa asciende a más de270 000 socios. (Suiroca, 2001).

CAÑERAS NO CAÑERAS TOTA L

CANTIDAD 1002 1612 2614

MIEMBROS 141 785 130 622 274 367

Mles ha 1 775 195 1 505 2 775 600

% DE LA ESTRUCTURA DE LA TIERRA

AÑO ESTATAL PRIVADO COOPERATIVO

1959 1eraLey de

Reforma Agraria

40%

60%

1963 2da Ley de

Reforma Agraria

71%_ 29%

1990 75%, 14% 11%(CPA),

2000 33%(Estatal

31%), (EJT 2%),

16%, (CCS 12%)

(Otros 4%)

51% (9% CPA), (UBPC

42%)

SECTOR ESTATAL SECTOR NO ESTATAL

33%, 67%,

Las UBPC heredaron en su surgimiento una orientación tecnológica que resulta insostenible económica y ecológicamente en las

condiciones actuales y en su perspectivas de futuro. Nuestra estrategia de desarrollo agrícola siguió las pautas de los paísesdesarrollados que se asentaban en la mecanización de las labores agrícolas y en el empleo de fertilizantes, herbicidas y pesticidas

de naturaleza química. En estos momentos el cambio de forma organizativa y de trabajo coincide con los cambios que se vanproduciendo en la racionalidad de la explotación de los recursos naturales, en la conservación y preservación del entorno y laparticipación activa de los actores productivos en la administración y en la toma de decisiones en las unidades productivas.

Veamos algunas de esas fortalezas y oportunidades que posibilitan el cambio tecnológico y le otorga integralidad.

Desde el punto de vista estructural, la constitución de las UBPC significó una transformación en la forma de llevar a cabo laproducción agrícola al tender a la descentralización y al uso mas racional y adecuado de los recursos.

Esta modificación en la forma de operar el proceso productivo, representó entre otros aspectos, la disminución del tamaño promediopor unidad, en particular en las entidades cañeras. Lo que constituye una premisa positiva para la conversión, ya que esta se hacemas viable con formas de organización de la producción mas pequeñas, menos exigentes a insumos externos y mas acogedor parael uso de medios biológicos como alternativa para el control de plagas y enfermedades.

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Tamaño de las UBPC en comparación con las antiguas empresas estatales (ha).

Emp.Estatales (1989) UBPC 1993

Cultivos Varios 4 300 416

Cítricos y frutales 17 000 101

Café 429

Tabaco 3 100 232

Arroz 27 200 5 040

Ganadería vacuna 28 000 1 597

Caña 13 413_ 1 133

(Noda, 1999)

En la investigación se tomaron varios indicadores, para fundamentar, como era cierto, las potencialidades de las UBPC para asimilare implementar el cambio tecnológico, dentro de ellos expectativas, edad, participación, sistemas de estímulos, sentimiento de propietarioo pertenencia etc.

Tales factores están avalados por investigaciones realizadas en 6 Complejos Agroindustriales de la provincia de la Habana, dondefueron sometidas a estudio 20 UBPC, obteniéndose una muestra del 38% de sus integrantes. Los CAI estudiados fueron: «HéctorMolina Riaño», «Camilo Cienfuegos», «Eduardo García Lavandero», «Abrahan Lincoln», «Augusto César Sandino» y «OrlandoNodarse», de los municipios , San Nicolás de Barí, Santa Cruz del Norte, Artemisa y Mariel.

Por los resultados obtenidos, se pudo constatar que el 70% de los trabajadores de las UBPC sometidas a estudio no rebasan los 40años de edad, o sea tienen entre 31 y 40 años y un 15% están por debajo de esta cifra. Lo que constituye una fortaleza y una granoportunidad para las posibilidades de asimilar el cambio tecnológico.

Nivel escolarEl 7 % de los trabajadores son graduados universitariosEl 37% tienen el preuniversitario concluido.El 26% son técnicos mediosEl 25 % tienen la Secundaria Básica concluidaEl 5 % concluyeron la primaria.

O sea el 70% de la fuerza laboral tienen un alto nivel educacional lo que posibilita participar en cursos de entrenamiento y asimilaciónde las nuevas técnicas.

En cuanto a la motivación (psicología) para adoptar e interiorizar el cambio hacia las nuevas técnicas productivas y sus expectativas.El 95% de los entrevistados manifestó que se incorporó a la UBPC, para solucionar los problemas alimentarios (autoconsumo)personales y familiares y para mejorar su situación económica; y que estaban convencidos de que, insumos en grandes cantidades yalta tecnología las UBPC no recibirían, aunque la situación económica del país se normalizara, por lo que los incrementos productivosdebían basarse en otros alternativas y no en los altos insumos.

En cuanto ha como han sido satisfechas, o cubiertas, las razones (expectativas) por las cuales se incorporaron a las UBPC. El 42%expreso que totalmente, el 38% en parte, un 11% poco, el 4% muy poco y un 5 % en nada. Es evidente que las expectativas hantenido un alto grado de satisfacción.

Satisfacción de las expectativasTotalmente 42%En parte 38%Poco 15%Nada 5%

Interrogados sobre la estimulación, en cuanto ha si el sistema de estímulos que desarrolla las UBPC satisface sus necesidades. El22% señalo que plenamente, un 59% en parte, el 9% poco, el 7% muy poco y un 3% en nada.

Satisfacción de necesidadesPlenamente 22%En parte 59%Poco 16%Nada 3%

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En los estudios de casos referidos, a la pregunta de si: «la actual forma de organización y estructuración de la UBPC contribuye a queUd. participe de forma activa en la toma de decisiones». El 86% de los entrevistados afirmó que totalmente, el 4 % que en parte, un6% muy poco, y un 4% en nada.

Participación en la toma de decisionesTotalmente 86%En parte 4%Poco 6%Nada 4%

El 84% de los entrevistados aseveró que siempre se tenía en cuenta, el 11% que casi siempre, un 3% algunas veces, y un 2% casinunca; «las opiniones de los trabajadores en cuanto a la toma de decisiones y la gestión administrativa de la UBPC».

Se toma en cuenta sus opiniones en la toma de decisiones.

Siempre 84%Casi siempre 11%Algunas veces 3%Nunca 2%

En cuanto a: ¿Con qué frecuencia asiste a la asamblea general de la UBPC?. Uno de los espacios donde los actores pueden ejercer susderechos y participar activamente en la toma de decisiones. El 100% de la muestra respondió que siempre asisten.

Y en cuanto a si; «expresa su opinión sobre los problemas debatidos en la asamblea». El 23 % de la muestra expresó que siempre laexpresan y participan en los debates que se producen, un 52% casi siempre, el 16% algunas veces, un 7% casi nunca, y un 2% nunca.Expresa su opinión sobre los problemas debatidos.

Siempre 23%Casi siempre 52%Algunas veces 16%Casi nunca 7%Nunca 2%

La vinculación del hombre al área y a los resultados productivos, constituye una dirección favorable en la implementación de laagricultura sostenible , ya que implica el arraigo a la tierra del trabajador agrícola, brindando mejores condiciones para enraizar elsentimiento de propietario, de tenencia, y un mayor interés por los resultados finales de la producción. La aplicación del principio esuna forma de descentralización de la gestión dentro de la UBPC, propiciando el fortalecimiento de la autonomía.

Las encuestas y entrevistas realizadas, como parte del estudio a que sometimos a las UBPC, mostraron que el 60% de la muestra,sienten totalmente, como suyos, los resultados productivos o de otra índole alcanzados por la UBPC, el 25% lo sienten en parte, el15% restantes respondieron que lo sienten poco o muy poco. El sentimiento de propietario o de pertenencia se abre paso y seconsolida en estas nuevas formas de organización de la producción.

Siente como suyo los resultados alcanzados.

Totalmente 60%En parte 25%Poco 15%

Las características y funcionamiento de las UBPC amplio los espacios participativos y creo mecanismos flexibles encaminados apotenciar la acción de los sujetos involucrados en ellas. La vinculación del hombre al área potencia la responsabilidad del productorcon los resultados de su trabajo. En el funcionamiento de las UBPC esta presente el aumento de la participación popular y eldesarrollo de instrumentos para llevarla a cabo. Justamente estos son algunos de los elementos que le conceden integralidad alcambio tecnológico en la agricultura cubana.

El incremento de la autonomía de gestión externa condiciona a la formación de una conciencia de productores con iniciativas ymovilidad propias y a la cohesión de sus intereses.

Sin embargo hay una gran amenaza. El tutelaje de las empresas matrices han obstaculizado el ejercicio pleno de la autonomía degestión.

Las investigaciones realizadas corroboran este problema. En tal sentido los cooperativistas entrevistados al responder, «si la UBPCtenia potestad para tomar decisiones», HACIA EL INTERIOR DE LA UNIDAD PRODUCTIVA. El 98% expreso que siempre y el2% que casi siempre. La misma pregunta pero HACIA EL EXTERIOR DE LA UNIDAD PRODUCTIVA. El 2% señalo que siempre,el 4% casi siempre, un 8% algunas veces, el 33% casi nunca y el 53% nunca.

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La dificultad más reiteradamente señalada por las investigaciones; en cuanto a las UBPC, es su falta de autonomía con relación a lasempresas que le dieron origen.

En tal sentido en la investigación ya referida, los cooperativistas expresaron, en cuanto a las relaciones de las UBPC con el CAI. Queeste debiera ser una dependencia de asesoría, aseguramiento y servicios técnicos; NUNCA, un organismo rector de la UBPC, inclusoalgunos se pronunciaron por que no debía existir.

En la medida que la investigación avanzaba y se iba realizando el levantamiento de un grupo de indicadores referidos al origen,puesta en práctica y control de las decisiones consideradas como fundamentales por los ubepecistas, de las diferentes unidadesproductivas de los municipios sometidos a estudio. Se comenzó a formular una estrategia de intervención que pudiera potenciar lasmejores posibilidades de las UBPC para implementar el cambio tecnológico.

La creación de un cuerpo especializado al servicio de las UBPC y bajo su dirección, que se ocupe de negociar y concertar susrelaciones con el entorno, de captar los datos y realizar los análisis económicos y de desarrollar a su interior formas de trabajo ygestión participativas, servirá de “escudo institucional” para potenciar las capacidades humanas y estructurales de las UBPC. Comoexpresión de la transición hacia una agricultura sostenible integral.

Es concebible entonces, desde el ángulo que hablo, la creación de una entidad coordinadora que coaligue, estructure y defienda losintereses comunes de las UBPC de un territorio dado en cuanto a precios de venta y pago de servicios, prestaciones de estos, lapromoción del intercambio al interior del conjunto de UBPC, la representación ante entidades financieras, comunitariasgubernamentales, etc, y que entonces permita discutir las condiciones de las relaciones mutuas.

Tal entidad debe entenderse como un cuerpo colegiado al servicio de la UBPC y subordinada al conjunto de sus Consejos deAdministración, estaría conformada por especialistas (pocas personas) de nivel superior, preferentemente bajo la dirección de unrepresentante del Conjunto de Consejos de Administración. Seria una especie de coordinadora ubepecista.

La coordinadora sería el factor fundamental en el logro del cambio tecnológico hacia una agricultura sostenible. Pero con lapeculiaridad que tal cambio no se limita sólo al manejo agroecológico, sino, y fundamentalmente a las relaciones de produccióny a las formas de participación y gestión de los actores sociales, lo que le concede integralidad. Y de la que las UBPC son suexpresión.

La creación de una entidad que represente y coordine las acciones de las UBPC, contribuiría a la concreción de la integralidad delcambio tecnológico para una agricultura ecológica, social y económicamente justa y no degradante, o sea sostenible.

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¿ES POSIBLE EL DESARROLLO RURAL DENTRO DE UN MARCO DESUSTENTABILIDAD Y EQUIDAD?

ARIADNA LAURA GUAGLIANONE1

1. Introducción

El desarrollo del sector rural en América Latina, entendido como el mejoramiento de las condiciones de vida del habitanterural, está pasando por una situación de incertidumbre. Los componentes esenciales de un proceso de desarrollo son el crecimientoeconómico, la sustentabilidad, la equidad y la participación. Para el caso del sector rural estos componentes no se articulanequilibradamente.

La ruptura del círculo vicioso de la deforestación, la degradación de los suelos, el incremento de la pobreza rural y lamigración es uno de los ejes que orientan las nuevas estrategias rurales. Esto, a su vez, representa nuevos desafíos a la hora de labúsqueda de desarrollos sustentables futuros.

Una agricultura sustentable se ve estrechamente ligada a la construcción de un modelo alternativo de desarrollo. Para elloes necesario analizar el concepto de desarrollo, de sustentabilidad y el papel que se le adjudica a la agricultura en el modelo y en lasociedad contemporánea.

2. UNA APROXIMACION AL CONCEPTO DE DESARROLLO

La definición de desarrollo o de su ausencia, ha sido objeto central de las disputas entre las distintas teorías del desarrollo.El concepto no se encuentra definido de manera unánime ni tampoco es neutral, sino que depende fuertemente de posicionesvalorativas e ideológicas individuales y colectivas en diferentes contextos temporales y espaciales. Por lo tanto, es necesario entender,que cualquier definición tiene sus limitaciones.

Las teorías principales sobre el desarrollo o escuelas teóricas orientadas a explicar y / o a dar soluciones a lo que en losúltimos cincuenta años se considera la problemática de los países de Africa, América Latina y Asia se centraron en tres tipos deenfoques:

1) Teoría del crecimiento, enfoque basado en la teoría económica clásica, cuyo objetivo central era el crecimiento económico,igualando la idea de crecimiento con desarrollo.

2) Teoría de la modernización, enfoque basado en la combinación de crecimiento económico con transformación social,igualando el desarrollo con el crecimiento más la modernización.

3) Teoría de la dependencia, enfoque orientado a explicar el subdesarrollo como resultado estructural de la división internacionaldel trabajo y las relaciones de desigualdad entre los países industrializados y los países en vías de desarrollo.

En sus comienzos, el desarrollo fue sinónimo de crecimiento económico: incremento en el producto, en el empleo y en el ingreso,principalmente. Esta concepción centralmente economicista y cuantitativa del desarrollo fue dominante durante los años cincuentay sesenta del siglo XX. Sin embargo, desde fines de los años sesenta diversos autores, varios de ellos ubicados desde una perspectivaestructuralista, cuestionaron la validez de la asimilación entre crecimiento y desarrollo, al constatar que en muchos países los nivelesde producto e ingreso por habitante aumentaban considerablemente, aunque las condiciones de vida de una gran mayoría de lapoblación continuaban prácticamente inmodificadas (Gómez. D.).

Esta necesidad de modificar la mirada teórica permite el surgimiento de la teoría de la modernización cuyo enfoque claramenteevolucionista, piensa al desarrollo como un fin al que todas las naciones deben aspirar. Para este enfoque los distintos países sepueden situar a lo largo de un continuum, cuyos polos están representados por la tradición y la modernización.Rostow, fue uno de los representantes más importantes de esta corriente de pensamiento cuyas características centrales se basabanen: constituir un proceso homegenizador, a través del cual las distintas sociedades tendían a converger; un proceso que se identificabacon el modelo europeo occidental o norteamericano de país moderno; un proceso prolongado, donde el cambio social se piensa deforma evolutiva y gradual; una creciente diferenciación que conduce a la autonomización de las distintas esferas sociales, por unlado, y a una creciente especialización de funciones, por el otro. Finalmente, dicho esquema, genera cambios sustantivos en elsistema de valores, con énfasis en el logro individual, status adquirido, movilidad ocupacional, etc.

Las bases de la teoría de la dependencia surgieron en la década del cincuenta como resultado, entre otros, de lasinvestigaciones desarrolladas por la Comisión Económica para América Latina (CEPAL). El modelo cepalino se basó en la concepcióndel desarrollo hacia adentro, con énfasis en la ventajas de una industrialización acelerada, sobre la base de reducir importacionessustituyendo el comercio exterior por actividades locales.

A fines de la década del cincuenta y mediados de la década de los sesenta se desarrollo un modelo más elaborado que combinabaelementos neo – marxistas con la teoría económica keynesianaEn sus visión más economicista y centrada en la relación de subordinación con los países dominantes, la situación de dependenciase caracterizaba por ser un proceso característico de los países del tercer mundo; una condición externa vinculada con la herenciahistórica del colonialismo y la perpetuación de una desigual división internacional del trabajo, siendo estos los principales obstáculos

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para el desarrollo de los países del tercer mundo; un fenómeno predominantemente económico vinculado con la extracción delexcedente económico del tercer mundo a los países avanzados; un componente de polarización regional de la economía mundialdebido al flujo del excedente desde los países del tercer mundo que contribuye a su subdesarrollado, y por otra parte, el desarrollode los países avanzados beneficiados por estos flujos de excedente económico. Por último, la idea central de la incompatibilidadentre la situación de dependencia y el desarrollo.

2.1 El debate contemporáneo

Existe a nivel mundial una tendencia creciente en la necesidad de redefinir el concepto de desarrollo con una fuerte crítica almodelo vigente, superando la visión reduccionista centrada en el crecimiento económico a partir de la ampliación de los objetivospara incluir las metas sobre desarrollo sostenible, equitativo y democrático.

Este nuevo enfoque supone que a la par de la globalización debe constituirse un proceso creciente de democratizaciónpolítica y social, la sostenibilidad, el desarrollo, la emancipación y autonomía de los pueblos indígenas y la inclusión de la dimensióndel género en el desarrollo. Se sostiene que el objetivo es lograr un desarrollo integral y sostenible, no solamente un crecimientoeconómico.

Trabajos recientes2 intentan elaborar nuevas ideas buscando un concepto alternativo del desarrollo que contemple lasperspectivas del desarrollo rural latinoamericano. Entre los supuestos se encuentran la profundización de la democracia, elfortalecimiento de las instituciones, el acortamiento de la brecha tecnológica, la generación de empleo productivo, la vigorización delsector público, la reducción de las desigualdades sociales, el mejoramiento de los recursos humanos, la defensa de los recursosnaturales y el cuidado del medio ambiente, entre otros.

La ausencia de un paradigma alternativo de desarrollo constituye el vacío más importante, tanto en su aspecto integral yglobal como en lo concerniente a la ruralidad. Este nuevo paradigma debe retomar las ideas surgidas en la Cumbre de la Tierra a finde constituirse en una nueva alternativa entre el modelo cepalino y el modelo neoliberal

Este nuevo enfoque alternativo debería hacer hincapié en la flexibilización de las estrategias macroeconómicas, darle unnuevo sentido a la estabilidad económica, un mayor peso de las metas sociales y políticas, una fuerte valoración de lo ambiental, larelatividad del mercado como asignador supremo de los recursos, nuevos conceptos acerca del progreso, bienestar y desarrollo,dentro del marco cada vez más exigente de la sustentabilidad.

3. ALGUNAS CONSIDERACIONES ACERCA DEL DESARROLLO SUSTENTABLE

El concepto de sustentabilidad comienza a ser discutido con más énfasis e impulsado por algunos autores durante los añossetenta. Después del Informe Brundtland (1987) y posteriormente de la Cumbre de Río (1992) es que el concepto de desarrollosustentable se difunde ampliamente promoviéndose a niveles altos de decisión y repercutiendo en las políticas gubernamentales.

La existencia de múltiples definiciones nos permiten comprender que aún no se manifiesta un consenso respecto de lo quesignifica realmente el desarrollo sustentable y considero que las numerosas interpretaciones existentes responden a las diversasdisciplinas que la estudian y principalmente al paradigma o ideología en que se basan para definirlo.

Una visión globalizadora de las diversas definiciones del concepto permite enunciar un extenso listado de componentes yelementos que se encuentran presentes en los diferentes paradigmas. Podríamos enumerar como tales a la utilización de los recursosy orientación de las inversiones hacia el desarrollo creciente de las actividades humanas por tiempo indefinido, con continuidad ypermanencia orientadas a la satisfacción de las necesidades esenciales y al mejoramiento de la calidad de vida, el alivio al hambre yla pobreza en una armoniosa relación con el medio ambiente a fin de no rebasar la capacidad de carga de los ecosistemas, manteniendosu integridad y articulando su conservación y su desarrollo.

Debemos admitir que no existe un estado de sustentabilidad, sino un proceso de permanente búsqueda para alcanzarla. Lasustentabilidad es un blanco móvil debido a las cambiantes formas en que se satisfacen las distintas necesidades humanas. Labúsqueda permanente de la sustentabilidad es el esfuerzo por resolver la tensión entre los comportamientos humanos y la capacidaddel ambiente de proveer, sin degradarse, los bienes y servicios necesarios.

3.1 Un acercamiento crítico al desarrollo sustentable

Sin embargo, deberíamos aclarar que la problemática ambiental no es ideológicamente neutral ni ajena a los intereseseconómicos y sociales.

El problema que se plantea cuando buscamos una definición de sustentabilidad o desarrollo sustentable es la existencia deserias incompatibilidades entre las necesidades de corto plazo y el mantenimiento de los recursos a largo plazo, así como la incapacidadde los sistemas de producción y tecnológicos de sostener la base de los recursos frente a la presión competitiva de los mercados(IICA, Ministerio de Agricultura y Desarrollo Rural, 1995).

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La política macroeconómica de corte netamente neoliberal desarrollada en las últimas décadas, en la cual el actor principalha sido el mercado, no permite la creación de espacios propicios para políticas ambientales que suponen la intervención estatal en laregulación del uso de los recursos naturales. El mercado considera al capital ecológico como bienes libres e incentiva susobreexplotación. Al no asignarles dueño a los bienes naturales para el mercado, el precio de los mismos es igual a cero, lo que creaen consecuencia una tendencia a sobreexplotarlo y desperdiciarlo.

En las últimas décadas se ha agudizado y globalizado la crisis que ha producido la aceleración de las tendencias hacia ladestrucción de los recursos naturales. A pesar del reconocimiento a nivel internacional del profundo deterioro ambiental, la políticade desarrollo continúa obedeciendo a los parámetros neoliberales basados en el ajuste estructural, la reducción del gasto público y laapertura en relación con el comercio y las inversiones extranjeras.

El modelo de acumulación neoliberal basado en la preeminencia del ajuste fiscal, la apertura y liberalización de los mercadosde bienes, financiero y de cambio, junto al fomento de las privatizaciones, la reducción del gasto público y el aumento de la recaudación;conlleva, con relación al medio ambiente y al desarrollo sostenible, un discurso que intenta generar un consenso y una solidaridadinternacional respecto de los problemas ambientales globales, dejando de lado los intereses opuestos de naciones y grupos sociales,en relación con el usufructo y manejo de los recursos naturales.

La idea de que “todos tenemos las mismas responsabilidades frente al desastre ecológico” impide dar cuenta de las distintasubicaciones de los países frente a las responsabilidades y de la crisis y del agotamiento de un estilo de desarrollo que se manifiestaecológicamente depredador3 .

En este contexto se generan prácticas discursivas que neutralizan los verdaderos conflictos e intereses en juego. Al plantearla responsabilidad compartida de todos los hombres que habitan la tierra se encubren las relaciones de poder y desigualdad existenteentre los hombres y los países.

El dilema que se plantea en la práctica del desarrollo sustentable es que convivimos todavía con dos realidades contrapuestas.Por un lado, todos concuerdan que el estilo actual se ha agotado y es decididamente insustentable, pero, por el otro, no se adoptanlas medidas indispensables para la transformación de las instituciones económicas, sociales y políticas que sustentaron el estilo dedesarrollo vigente.

3.2 Sustentabilidad en la agricultura

El proceso de desarrollo de la economía capitalista basado en la acumulación del capital y la maximización de la gananciaen el corto plazo ha inducido a la utilización de tecnologías y ritmos de explotación de los recursos naturales, así como a formas deconsumo que han comenzado a agotar las reservas ecológicas del planeta, degradando la fertilidad de los suelos y afectando lascondiciones de regeneración de los ecosistemas naturales.

Una de las transformaciones de mayor trascendencia en la agricultura consistió en la eliminación de las prácticas agrícolastradicionales, fundadas en una diversidad de cultivos y adaptadas a las estructuras ecológicas, para inducir prácticas de monocultivodestinadas a satisfacer las demandas del mercado externo. Este tipo de desarrollo produjo la erosión y disminución de la fertilidad yproductividad de los suelos, lo que afectó la subsistencia de las poblaciones rurales (Leff. E, 1998).

Al desarrollo del monocultivo se suma la expansión destructiva de la frontera agrícola, la ganaderización de la agricultura,la concentración de la propiedad, la fragmentación del minifundio, el uso de agroquímicos, la acentuación del modelo urbano -industrial, la colonización incontrolada o dirigida sin criterios ambientales, el desarrollo de cultivos ilícitos en sistemas de alta fragilidadecológica de la zona andina, etc.; fenómenos propios del modelo de desarrollo que crean un conflicto permanente con la sociedadactual y, en especial, con la futura.

Una de las principales causas de la falta de un desarrollo sustentable en la agricultura es la estructura económico – social delos países latinoamericanos, caracterizados por sectores rurales pobres que depredan recursos naturales para sobrevivir y producir;sectores medios y altos de productores que utilizan la nociva revolución verde y sectores consumidores acomodados que con susdemandas sobrecargan los ecosistemas (IICA, 1992a; IICA, 1992 b).

Frente a la irreversibilidad ambiental se hace necesario una reconceptualización y revisión profunda de “lo rural” fundadaen postulados que orienten estratégicamente una crítica al modelo vigente y una propuesta integral y viable para la acción colectivade los actores y las instituciones que propongan un enfoque integrado de coordinación, planificación sectorial, ordenamiento de lastierras y sus recursos naturales.

4. LA NUEVA RURALIDAD

Los últimos debates y avances en el pensamiento social vinculados a los enfoques sobre la “cuestión campesina” hansuperado el determinismo y el teoricismo abstracto de las corrientes positivistas heredadas del siglo XIX producido una rupturatanto de las dicotomías entre tradicional / moderno como entre funcionalidad / desaparición. Los planteamientos teóricos han sidocontextualizados mediante el análisis de los vínculos entre los macro - procesos históricos y las dinámicas socio – culturales locales.

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Los nuevos aportes a la discusión han incorporado otras disciplinas que directa o indirectamente se ocupan de “lo rural”como: la agroecología, la historia, la geografía rural, la antropología, la agronomía y la economía agrícola. Asimismo han sostenido una visión menos economicista de los procesos y han enfatizado en un pensamiento relacionado con eldesarrollo rural y la existencia de una “nueva ruralidad”.

La nueva ruralidad está directamente afectada por tres fenómenos de alcance mundial, regional y continental que es necesariotomar en cuenta: la globalización, la integración hemisférica y la integración latinoamericana.La primera y la segunda, sobre todo, tienen una influencia decisiva en las perspectivas concretas de la nueva ruralidad, pero dependede cómo nacional y regionalmente se reconceptualice lo rural, y de cómo avance al mismo tiempo la integración latinoamericana ensus distintos espacios subregionales.

El concepto de nueva ruralidad debe entenderse como un proceso articulado de lo económico (que incluye lo agrario, loagroindustrial y otras actividades económicas emergentes), el medio ambiente, la estructura social, la conformación sociocultural(principalmente, por la importancia que tienen las poblaciones indígenas rurales) y las estructuras político / institucionales, en las queson relevantes los nuevos movimientos sociales y los actores sociales como las mujeres, los jóvenes y los campesinos, junto al papelde las instituciones de gobierno.

En el enfoque de la nueva ruralidad la agricultura comprende una amplia serie de usos de la tierra, que abarca desdeproducciones agrícolas de uso no alimentario, el mantenimiento del medio ambiente hasta la importancia de la equidad del género.

En esta concepción el género es el modo de ser hombre o de ser mujer en una cultura determinada. Equidad de género esuna cuestión de eficiencia y productividad, y a la vez una cuestión de justicia y democracia en la ruralidad. Se confirma cotidianamenteque son las mujeres rurales las agentes potenciales de cambio que pueden garantizar la sustentabilidad y el medio ambiente.

La desigualdad en el acceso a los servicios públicos, a la asistencia técnica, a la tierra, al crédito, a los programas deformación del recurso humano, entre otras restricciones que actúan diferencialmente para hombres y mujeres, son graves, tanto entérminos éticos de equidad, como en términos económicos y sociales. Sin duda que uno de los cambios trascendentales de lasúltimas décadas es el tránsito acelerado y creciente de las mujeres rurales de una condición de invisibilidad y no-reconocimientolaboral, productivo, empresarial, familiar, social y político a la calidad de actoras y participantes buscando la igualdad de oportunidadescon los hombres.

La nueva ruralidad plantea, también, las limitaciones a las oportunidades para la población joven. En la vida rural esnotorio el cambio generacional y la presencia emergente de una juventud asumiendo roles de generación de reemplazo. Cerca de unacuarta parte de la población rural está constituida por jóvenes entre los 12 y los 24 años. Este grupo poblacional genera demandasimportantes en términos de formación y educación y tiene un significativo papel en la conformación de la fuerza laboral del sector.

Un elemento central en esta nueva forma de pensar “lo rural” es la construcción de un tejido social y la preservacióncultural que se relaciona con la actividad agropecuaria y la vida rural. Las culturas propias del sector rural latinoamericano tienen unaraíz milenaria y se han desarrollado alrededor de actividades productivas propias de la actividad agropecuaria. Hoy se reconoce lavital importancia de estas formas de organización social y, particularmente, su expresión institucional, como ejes centrales de losmodelos de democratización y descentralización que marcan las nuevas rutas del desarrollo político.

En síntesis, el planteo de la nueva ruralidad debería fundarse, para algunos autores4 , en el concepto del desarrollo ruralsostenible, definido en los documentos de la Cumbre de la Tierra, en particular en la Agenda 21. El desarrollo sostenible se define apartir de un nuevo marco macroeconómico, sociocultural y sociopolítico. Incluye los procesos de transformación en la agricultura,el desarrollo de las personas y el cambio del entorno rural, implicando un manejo sostenible de los recursos naturales, el mejoramientoduradero de las oportunidades de empleo e ingresos, el fortalecimiento de las instituciones que facilitan los servicios, nuevas yestratégicas formas de intervención del Estado y la participación democrática de las comunidades y de todos los actores involucradosen el desarrollo. Todas estas políticas y acciones en su conjunto permitirán un mejor desarrollo rural humano. Nuevas interaccionesentre la sociedad civil, el mercado y el Estado con la finalidad de hacer del desarrollo un proceso global sustentable, reinserto creativay estratégicamente en el nuevo mundo globalizado (IICA, 1999).

Dentro de este marco, se observa en las últimas décadas que “lo rural” tiene un mayor potencial organizativo5 y participativoen América Latina, fundamentalmente por las raíces culturales milenarias, por la cultura que sobrevive y por las grandes luchas delos pueblos, quienes plantean abiertamente su necesidad de participar en las políticas e instituciones del Estado, bajo nuevas reglasdel juego, bajo nuevos conceptos de democracia (la democracia intercultural).Aparece en escena nuevos sujetos sociales6 como la presencia emergente de las mujeres rurales en la denominada feminización dela agricultura, los jóvenes rurales actuando con particular interés como generación de reemplazo, los agricultores y campesinosformando parte de la agricultura familiar, las empresas asociativas y los grupos de agricultores organizados en forma solidaria, lascomunidades locales, los municipios y los mecanismos, formales e informales, operando en los niveles territoriales de base, las ONGparticipando en tareas de desarrollo rural, las comunidades indígenas y otros grupos culturales y étnicos formando la sociedad rural,las organizaciones empresariales, gremiales, laborales vinculadas al mundo rural y otras formas de participación de la sociedad civil.

Estos nuevos procesos de conformación de identidades dan cuenta del dinamismo de los actores sociales agrarios en laarena de la negociación y resistencia, en la búsqueda de nuevos derechos, o en la resistencia a la pérdida de aquellos que fueronrealidades en otras épocas.

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5. HACIA UN DESARROLLO RURAL CON SUSTENIBILIDAD Y EQUIDAD

Existe una amplia convergencia a nivel internacional sobre la necesidad de redefinir el enfoque sobre el desarrollorural a partir de la profunda crisis por la que atraviesan los países Latinoamericanos producto de las políticas neoliberales aplicadasen las últimas décadas.

Muchas de las alternativas que han surgido comienzan a centrar su estrategia en el desarrollo sustentable, la construcciónde bases productivas diversificadas mediante el uso de la agroecología, el uso creativo de los recursos locales y la participación localen la planeación e implementación de las políticas de desarrollo rural.

El régimen actual del comercio mundial ha promovido la especialización de la producción basada en el sistema delmonocultivo en contraposición con las tradicionales prácticas indígenas y campesinas surgidas de un conocimiento local altamentedesarrollado en frutas, vegetales, hierbas y especies.

Si bien, la “revolución verde” elevó el potencial productivo de los productores de alimentos, esta tecnología produjo altoscostos sociales y ambientales que repercutieron en un aumento de la pobreza y en una fuerte degradación del medio ambiente. Eldesarrollo rural comercializado produjo una progresiva marginación de las poblaciones indígenas y campesinas.

La necesidad de retomar las estrategias de diversificación productiva forman parte del movimiento hacia la sustentabilidaden el marco de un nuevo desarrollo rural. La diversificación productiva tiene que vincularse con el patrón de necesidades y recursoslocales existentes. Asimismo necesita de un alto grado de participación de la comunidad en el diseño y la instrumentación de losprogramas de desarrollo que le aseguren sus propias necesidades de consumo, estableciendo una relación directa entre la planificaciónde la producción y la determinación de los niveles de consumo que son posibles en el marco de la sustentabilidad.

El enfoque de la reorganización productiva debe aprovechar las experiencias de los distintos grupos locales. Sin embargo,el principal denominador común debe ser la necesidad de participación en el diseño y en la instrumentación de los programas yproyectos.

Las políticas de desarrollo rural no pueden ser diseñadas o instrumentadas desde “arriba”, requiere el integrar a la comunidaddentro de las estructuras reales, que garanticen la participación democrática para el manejo de la dinámicas de los ecosistemas y eldiseño de los sistemas productivos, de tal modo que los mismos produzcan lo necesario mientras conservan la capacidad del planetapara albergar a las generaciones futuras.

Las políticas neoliberales han significado la imposibilidad de los sectores indígenas y campesinos al acceso de los recursosnaturales, a la producción, a las oportunidades de empleo, a la educación y a los servicios sociales mínimos.El desarrollo sustentable implica una lucha política por el control sobre el aparato productivo. Requiere una redefinición de qué,cómo producimos y también con qué fines. En las áreas rurales el conflicto se centrará en torno al control de los mecanismos depoder político y económico local y en el uso de los recursos, en asegurar una voz mayor en el proceso para los campesinos, lascomunidades indígenas, las mujeres y otras minorías no privilegiadas (Barkin. D, 2001).

La nueva estrategia de desarrollo rural debe revalorizar las producciones tradicionales, debe centrase en la democratizacióny participación de las comunidades indígenas y campesinas, fortalecer sus instituciones, su cultura y la defensa los recursos naturalesy el medio ambiente.Este es el marco que sentará las bases para una distribución más equitativa de la riqueza, uno de los principales requisitos para elsurgimiento de estrategias de desarrollo rural sustentables.

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1 Licenciada en Sociología. Universidad de Buenos Aires (UBA). Magister en Estudios Sociales Agrarios. FacultadLatinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO). Integrante del equipo de investigación en estudios agrarios deFLACSO. Integrante del Grupo de Trabajo en Ecología Política del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales(CLACSO). E- mail: [email protected] / [email protected]

2 Ver “Los desafíos de la globalización para Centroamérica”... Rosenthal Gert (1998).3 Una quinta parte de la población del planeta, habitantes del norte, consume cerca del 80% de las reservas disponiblesde los recursos naturales y efectúa el 75% de las emisiones más dañinas al ambiente global. Del restante 80% de loshabitantes, en su mayoría pertenecientes a los países del Sur, un tercio sufre hambre o desnutrición y tres cuartos notienen satisfechas sus necesidades básicas. Cada sujeto de los países del Norte produce un impacto en la reserva derecursos naturales veinticinco veces más elevados que los sujetos que habitan la porción sur del planeta.

4 Llambí Luis (1994) Globalización y Nueva Ruralidad en América Latina. Una agenda Teórica para la investigación.Revista Latinoamericana de Sociología Rural. Nro.2. Valdivia; Nueva Ruralidad (1999) IICA. Documento para la discusión.Dirección de Desarrollo Rural Sostenible. San José de Costa Rica; Gómez, S. (2001) La “Nueva Ruralidad”: ¿Qué tanNueva?. Trabajo presentado en las Semanas Sociales de la Diócesis de Tala “Soñando una Nueva Ruralidad”... Talca,Santiago de Chile; Pérez Edelmira (2001) “Hacia una Nueva Visión de lo Rural” en ¿Una Nueva Ruralidad en AméricaLatina?. Colección Grupos de Trabajo de CLACSO. Grupo de Trabajo Desarrollo Rural.5 Puede observarse, en algunas zonas de América Latina, que las instancias organizativas que se dan los sectoresrurales no asumen la forma tradicional de partido político sino que se acerca a la idea de movimiento y las característicasde sus demandas son más amplias que las estrictamente clasistas. Uno de los ejemplos más conocidos en AméricaLatina es el movimiento iniciado por Chico Méndes en Brasil.6 Estos nuevos actores sociales construyen identidades y se expresan como grupos relativamente compactos, secomportan como actores socialmente relevantes a través de sus organizaciones (Aparicio y Giarracca, 1991).

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PLANO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CONTRIBUIÇÃO AODEBATE DO CNDRS SOBRE ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO RURALSUSTENTÁVEL

*Autores:

Adolfo Hurtado: consultor PCT INCRA/FAO em Sergipe ([email protected])Carlos E. Guanziroli: professor adjunto UFF e Consultor FAO [email protected])

Frederic Bazin: Consultor PCT INCRA/FAO na Paraíba ([email protected])Paulo de Tarso Loguêrcio: assessor Legislativo INCRA.([email protected])

Sergio Obando: Consultor PCT INCRA/FAO no SMSF ([email protected])Silvia Cardim: Gerente Estratégica do INCRA ([email protected])

Introdução

Quando se fala de “Planejamento Regional”, logo vêm à mente a idéia do planejamento tradicional, tal como implementado pelaSUDENE nos anos 70.

No entanto, esta velha concepção de planejamento já foi superada pelas concepções sistêmicas e situacionais que, fazendo uso deferramentas modernas (teoria dos jogos, participação, etc.), inverteram completamente a lógica tradicional.

Carlos Matus (IPEA, 1993) introduz o conceito de situação quando disse :

“Meu plano mede forças com o plano do meu oponente e ele é um ator social que gera processos criativos. Não é simplesmenteum agente social que segue comportamentos predizíveis. Se eu quero alcançar minha situação objetivo devo vencer a resistênciado outro ou obter sua cooperação. Minhas estratégias e táticas, assim como as dele, combinam cooperação e conflito”(p. 286).

E prossegue:

“ Meu plano estará sempre pronto, mas estará sempre em processo de revisão. Não haverá tempo para o plano-livro. Devocalcular rapidamente e com capacidade de antecipar a mudança situacional real. Esse cálculo deve ser um processo incessantee permanente de pré-alimentação do futuro e de retroalimentação do passado recente. Assim, meu plano se parece mais com aestratégia num jogo que com um desenho normativo. Esse jogo pode ser de soma zero ou de soma positiva, mas requer semprecálculo estratégico.. “(pp286).

Foi com base nesta forma de pensar o planejamento, que a equipe do PCT INCRA/FAO, conjuntamente com a Gerência Estratégicado INCRA para o Nordeste, iniciou os trabalhos de elaboração do Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável (PDRS) do SubMédio São Francisco (SMSF)em março de 2000, e continuou trabalhando em Sergipe, Alagoas e Paraíba até o presente momento.

O objetivo deste trabalho é trazer a público a experiência acumulada nesse período, não na forma de uma “história”, mas de formaanalítica. Na primeira parte do trabalho, será analisada a importância de se trabalhar com planos regionais; na segunda parte, serãoexaminados os obstáculos e problemas que foram enfrentados no decorrer do processo; e na terceira parte, delinear-se-ão as premis-sas básicas de uma proposta metodológica para elaboração de planos regionais construída a partir de nossa experiência.

I. A importância dos Planos Regionais1) O que é um Plano Regional?

Cabe destacar, primeiramente, o aspecto da “participação” dentro da estratégia de construção do plano.

Um plano elaborado em escala “regional” (que depois definiremos com maior precisão) permite entender os processos que levaramà configuração espacial específica da região através da história. Essa configuração específica foi construída ao longo do tempo poratores sociais e agentes de desenvolvimento dentro de uma dinâmica também específica. Conhecer a temporalidade dos atores eagentes é fundamental para poder deslanchar um processo de negociação e/ou de intervenção que tenha uma temporalidade ajusta-da ao processo real da região.

A atividade de elaboração do plano não é nada mais, em última instância, do que facilitar a negociação entre agentes e atores, e issosomente pode acontecer numa escala relativamente baixa de municípios.

No entanto, muitas vezes supõe-se que existem atores e agentes bem definidos, quando na realidade conta-se basicamente comagentes de intervenção, que substituem os atores, e espectadores, que não se configuram exatamente como verdadeiros atoressociais. O processo de elaboração do “plano” tem como um dos seus objetivos fundamentais o de contribuir com a mobilizaçãosocial dos “espectadores”, para que haja inclusão social e se transformem em atores e , por outro lado, que os que hoje se compor-tam como atores (funcionários municipais, etc.) assumam seu papel de agentes do desenvolvimento. Esta mobilização/participação

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abre espaços de negociações entre interesses conflitivos e capacita o capital humano local, elementos fundamentais para darcontinuidade e sustentabilidade ao planejamento regional

Como explicava Matus mais acima , trata-se de deslanchar um processo de “concertação social”, mas reconhecendo que existeminteresses contrários no interior dessa região e conflitos que devem ser equacionados, dentro de uma estratégia de planejamentosituacional. Isto é muito diferente da idéia antiga de lançar diretrizes nacionais e depois tentar “colori-las” com alguns ingredientesregionais.

Facilitando o protagonismo local e municipal e promovendo articulações, fortalece-se o processo de descentralização e cria-segovernabilidade local. Essa tarefa ultrapassa, muitas vezes, a capacidade das unidades locais de se articular entre elas, já que ascontradições são fortes demais e é difícil alcançar o consenso. Com a colaboração de entidades externas ao local, mas que trabalhemrespeitando o protagonismo local, é possível, inclusive , fazer articulações intermunicipais e interinstitucionais, como foi no SMSFcom a criação do CINDESF (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Submédio São Francisco).

No decorrer do processo, entretanto, e por causa da própria dinâmica do mesmo, surgem lideranças locais, que devem ser tambémcapacitadas, para assim gerar capital social e humano, que é na prática, o principal sub produto do plano. Dessa forma a sustentabilidadedas ações no futuro é viabilizada no bojo de um processo novo, no qual consegue-se maior interação entre as comunidades, osgovernos locais e as outras instituições que atuam na região.

No entanto, como disse o poeta “Caminante no hay camino, se hace camino al andar” (Antônio Machado) , ou seja, trata-se deum processo, no qual só se atingem resultados parciais e que não tem fim.

Cabe explicitar, agora, porque e de que forma estamos usando o conceito de “região”, e não usamos o conceito de “local” simples-mente ou de setor da economia.

2) A necessidade de contar com Planos de Desenvolvimento Regional Rural Sustentável (PDRRS).

A análise das políticas agrárias implementadas nas últimas décadas traz a luz, como uma das dificuldades maiores, a impossibilidadede tratar o país como um todo homogêneo. Tanto a questão da terra , como a da assistência técnica e a relacionada com o crédito ruralmostram que políticas nacionais e centralizadas na União foram incapazes de surtir os efeitos esperados, por serem insensíveis àsparticularidades locais e por pretender sujeitar a matriz social local aos interesses “nacionais”.

Na contramão dessa ambição, gerou-se uma falta de participação e articulação com as esferas estaduais e municipais que ameaçaqualquer sucesso subsequente nessas áreas. Quando muito, encontram-se iniciativas de acordos via convênios, que expressamapenas o interesse local em aumentar o montante de recursos à disposição, mas não revelam uma real integração em função deobjetivos comuns.

Nesse contexto, o Ministério de Desenvolvimento Agrário viu-se , em 1999, defrontado com a realidade de estar controlando 38,9 %do PIB agrícola do Brasil 1 , que é a participação da agricultura familiar no PIB. Mas, como o mesmo estudo mostra, essa participaçãofoi lograda ao longo da história recente, com base no próprio esforço dos agricultores familiares, já que as políticas agrícolas nãotiveram anteriormente como foco esse setor. Por causa disso, em 1996, apenas 16% dos agricultores familiares tinham assistênciatécnica, 38 % tinham uma área inferior a 5 ha, 50 % trabalhavam com uso de tecnologia manual e apenas 25% usavam trator, aprodutividade por área plantada era inferior às medias nacionais (apesar dos agricultores familiares superarem os patronais na produ-tividade quando se considera a área total e não a área plantada)2 , recebiam apenas 11 % do total dos financiamentos rurais, entreoutros problemas.

Ou seja, havia limitações tanto na disponibilidade de terra como de tecnologia e de financiamento que impediram um maior desem-penho desse segmento dentro do contexto da agricultura do país.

Para enfrentar essa situação, não se podia continuar apenas com a política de apagar incêndios via assentamentos de reforma agrária,era necessária uma série muito mais ampla e diversa de políticas, que iam desde o agrícola em particular até outras que entravam nocampo educacional e até cultural.

Entre 1999 e 2001, foram aceleradas as medidas basicamente de ordem financeiro, com a maior liberação de crédito via PRONAF,mas não se conseguiu resolver significativamente nem o problema da assistência técnica, nem os problemas de acesso a tecnologiasadequadas e modernas por parte dos agricultores familiares.

O objetivo mínimo do Governo era o de propor políticas agrárias e agrícolas que visassem, ao menos, a melhoria qualitativa destesetor e, numa visão mais otimista, que tentassem aumentar a participação da agricultura familiar no contexto da agricultura brasileira.

Para isso, chegou-se à conclusão que era indispensável que houvesse um bom diagnóstico das dinâmicas regionais (de cada realida-de regional), tanto no que diz respeito às cadeias produtivas de cada região, caracterizando os entraves das mesmas, como no que serefere aos limitantes educacionais, de saúde, de infra-estrutura em geral, que não permitem que esses agricultores que moram etrabalham nessas regiões se desenvolvam suficientemente.

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Sendo o objetivo o de fortalecer a agricultura familiar nessas regiões, é de fundamental importância, primeiramente, conhecer osfatores que impediram ou obstaculizaram esse desenvolvimento no passado, e esses fatores são absolutamente diferentes em cadaregião do país, como assim também suas soluções.

Quando se tenta fazer diagnósticos (pouco usados no passado, quando as políticas eram nacionais), verifica-se a enormeheterogeneidade de problemas que aparecem e a enorme variação em termos das políticas a serem aplicadas para a solução dosproblemas. Não se pode dizer, de antemão, que o problema é a terra. Em alguns locais pode ser o limitante principal , mas em outrosnão é, sendo que a educação o a água ocupam um lugar predominante, e , em se tratando de trabalhar com recursos escassos, éfundamental poder hierarquizar e priorizar os investimentos em cada região, o que só é possível quando se detectam os fatores deinsucesso e os determinantes de sucesso específicos a cada lugar.

Com os diagnósticos, surgem evidências sobre os problemas da cadeia leiteira no Triângulo Minero, agora agravada pelas novasexigências sanitárias, os problemas da caprinocultura no SMSF, os problemas de comercialização das frutas por parte dos agriculto-res familiares dessa região, as enormes carências educacionais que inviabilizam a própria melhoria tecnológica (apenas 20% dosagricultores familiares têm mais de um ano de instrução), a inadequação da infra-estrutura de irrigação que foi utilizada no passado,os problemas de recursos hídricos no Cariri Paraibano, a falta de terra no baixo São Francisco de Sergipe, etc.

Em alguns locais não adianta dar mais terra, já que o problema é tecnológico, como o caso do leite no Triângulo mineiro; em outros,o problema pode ser a terra, mas a solução tradicional de assentamentos pode não ser a melhor, devendo se buscar alternativas nocrédito fundiário por exemplo, dado o tamanho das áreas suscetíveis de obtenção.

O crédito tampouco deveria ser dado de forma homogênea com os mesmos patamares máximos, já que em alguns locais existemnecessidades altas de financiamento (por exemplo na questão das frutas como uva) enquanto que em outros um valor muito altopode até ser prejudicial para o futuro dos próprios assentados, em função do alto risco das atividades e da inadimplência que podegerar.

Todas essas questões surgem claramente quando se faz um bom diagnóstico que indique a necessidade de soluções específicas paracada região e para cada tipo de produtor. Em suma, se trata de ter um zoneamento agro- eco-socio-econômico das principais áreascom potencial para o desenvolvimento da agricultura familiar no país e de evitar lançar políticas homogêneas para todos, queatendem apenas a objetivos eleitorais mas não solucionam o problema.

Pode ser que se decida que existem 30 ou 40 áreas no país e que essas áreas podem ter potencialidade com base no modo familiar deproduzir.3 Pois bem, ajudando essas áreas a prosperar estamos fortalecendo o segmento da agricultura familiar no Brasil, aumentan-do sua participação no PIB, resolvendo problemas de pobreza rural e criando instituições que permitam avançar efetivamente nadescentralização das ações.

Trata-se, então, de decidir o que fazer com uma parte significativa do setor rural brasileiro e não apenas com o segmento dos semterra.

Uma das formas de lidar com este problema foi a decisão do MDA de realizar diagnósticos regionais em alguns lugares, que levarama elaboração de Planos de Desenvolvimento Regional Rural Sustentável dentro de uma visão de “Organização do Território” e nãoapenas de solução setorializada de cada problema.

A organização de territórios supera os limites físicos das unidades municipais, que por serem pequenas e fracas , em geral, nãogarantem a sustentabilidade por si só, e precisam se juntar, mas sem gerar aglomerações excessivamente grandes que inviabilizem aparticipação e o protagonismo das comunidades. Esta tensão entre qualidade e quantidade deverá ser resolvida caso a caso, levandoem consideração, principalmente, a história da formação desses territórios, o grau de organização existente e a temporalidade dasintervenções.

Podemos considerar que um território está em condições de começar um processo de “planejamento” quando há identidadespolíticas, culturais sociais, econômicas e ambientais entre os municípios que fazem parte do mesmo.

Em nossa experiência, os municípios juntaram-se em função de afinidades políticas e pela existência de interdependências ambientais,econômicas e sociais fortes, o que implica que uma ação de um município tenha influências fortes no outro (barragens, projetos deirrigação, migrações do semi árido para outras áreas, etc.).

As cadeias produtivas são similares também, o que permite tratar dos seus problemas com economias de escala se os municípios seagrupam.

A realização de Planos regionais, portanto, garante uma certa estabilidade no processo de desenvolvimento da região, frente àincerteza e à falta de continuidade que predomina nas ações locais.

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II. Entraves

Durante o processo de elaboração do Plano do Sub médio São Francisco e nos outros que seguiram defrontaram-se uma série deproblemas , em boa parte superados , mas que podem ser interessantes de analisar para minimizar seu impacto em futuros planos.

1) Institucionais.

As dificuldades de se estruturar um Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável, com a participação ativa dos atores locaisestão, em boa parte, nas relações institucionais vigentes no Brasil. Contrariamente aos objetivos de um PDRS – que articule açõeslocais complementares, com os atores locais - nossas relações institucionais são verticais e setorializadas. Ou seja, diversas institui-ções - nacionais, estaduais e municipais – trabalham numa região, com seus planos setoriais, de bitolas diferenciadas, muitas vezesrepetindo funções, exigindo o enquadramento da realidade (público alvo) aos seus ditames de “beneficiados”. Seus executores nãoconversam e, na maioria dos casos, não tem conhecimento da ação desenvolvida por outras instituições na região.

Obviamente, esse total desencontro “estrutural”, gera as demais dificuldades de trabalho. Assim, os tempos das instituições sãodiferenciados, impedindo maior articulação, seus prazos são fixados por “metas” definidas sem a participação local. Quanto aosinteresses das instituições, são às vezes complementares, às vezes contraditórios, mas em ambos os casos, fortalecem a disputa edificultam a articulação

É o caso de Santa Maria da Boa Vista- PE, onde os maiores problemas encontrados se originam nas diversas intervenções públicasrealizadas a partir da década de sessenta. A implantação de uma política energética de aproveitamento do rio São Francisco, com aconstrução de um conjunto de barragens gerou um grave problema social. Paralelamente a essa política acoplou-se outra, de desen-volvimento econômico para a região, tendo por base a fruticultura irrigada. A perenização do riacho das Garças, objetivando aexpansão da agricultura irrigada na região, foi abandonada inconclusa a partir de 1992.

Por fim, tem-se a implantação de assentamentos de reforma agrária, originados pelo desemprego gerado com a falência de grandesgrupos econômicos que, através de subsídios, implementaram grandes projetos de fruticultura irrigada no município.

A multiplicidade de ações contraditórias numa mesma região e a inexistência total de ações em outras redunda , em alguns casos, emenormes investimentos que sobre- determinam o processo de produção do espaço regional, deixando quase nenhum papel para aparticipação social, e em outros, predominando o vazio institucional e econômico.

Cabe, ainda, ressaltar que o caráter setorializado das ações, além de estreitar soluções, dificulta consensos. Até mesmo porque estesconsensos implicariam em revisões de espaços institucionais, de que ninguém quer abrir mão.

Neste quadro, a fragilidade do planejamento fortalece os “canais políticos” na busca de “recursos”. E, como sabemos, este circuitoé um dos menos eficazes e eficientes na aplicação de recursos públicos.

2) Sociais.

A pobreza da população regional e a baixa organização e capacitação resultante, é um entrave fortíssimo à mobilização dos atoressociais para a construção de um PDR. Sobre isto se assenta o “clientelismo político regional” que, nesta fragilidade social, impõeinteresses de segmentos economicamente mais fortes. Em decorrência, a prática da cooptação, na busca de recursos através dos“canais políticos”, se dá de forma generalizada, o que, em círculo vicioso, dificulta a organização dos segmentos sociais mais frágeis.

É bem possível que este diagnóstico já tenha sido feito de forma generalizada nas instituições do Governo, o que levou, nos últimosanos, a que para cada “setor” se exija a constituição de Conselhos Municipais, representativos daquele setor, como pré-condiçãopara o repasse de verbas. É assim na Saúde, Educação e Agricultura. Provavelmente com essa iniciativa o que se pretendia era criarespaços sociais de negociação, onde as comunidades locais pudessem discutir e eleger as prioridades para o seu desenvolvimento.Na prática esta bem intencionada ação tem gerado os mais diversos resultados, tais como conselhos não representativos, setorializaçãoda sociedade, fortalecimento da cooptação política, políticos que se repetem nos conselhos, etc. Até aqui, as intenções não atingiramseus objetivos, mas já é possível identificar avanços no Sistema SUS, bem como a resistência das comunidades ao “conselhismo”,buscando soluções que integrem suas ações.

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Por fim, cabe ressaltar a falta de continuidade das ações, o que impede que se estruturem e fortaleçam, nas regiões, relações eprocedimentos que permitam que a localidade caminhe com suas próprias pernas. Ao fim de um Orçamento tem-se o fim demúltiplos planos, programas e projetos, como se os problemas que eles buscavam sanar, tivessem sido resolvidos. E ficam aslocalidades à espera de outros planos, programas e projetos, que buscam resolver problemas dento dos quais as comunidades tem dese enquadrar.

Elaborar um Plano de Desenvolvimento Regional, neste quadro de fragilidade social e forte controle político, exige muita persistên-cia já que, na verdade, se quer trocar um cenário de relações sociais controladas, para outro em que é necessário compor interessesconflitivos, ampliando os espaços de negociação visando inaugurar um processo de transformação social.

3) Políticos

Sem dúvida alguma, os entraves no campo político são a base das demais dificuldades. Principalmente na Região Nordeste, ocontrole político local, por lideranças representativas de fortes e segmentos econômicos, inibe muito a conscientização, organizaçãoe participação das populações, nas decisões sobre o rumos das políticas públicas locais. A consequência direta, desta realidade, é ofato de que os canais administrativos /orçamentários, tanto a nível local, quanto nas relações com o Estado e a União, ficam centra-lizados nestas lideranças políticas coibindo, com isso, a formação de espaços democráticos de planejamento, onde os vários seg-mentos sociais possam participar e representar seus interesses.

A elaboração de um Plano é vista pelo poder político local, as vezes, como uma oportunidade de “acomodar seus interesses” dentrode uma perspectiva de melhor negociação com o poder federal e estadual, visando a manutenção do “statu quo atual” . O Plano,entretanto, possui outros objetivos mais ambiciosos; trata-se de alavancar a população local e rural numa luta pela superação dapobreza rural , o que implica numa “ transformação” das relações sociais e econômicas existentes, começando por sua base fundiária.

O mais grave, no que se refere à elaboração de PRDRS, é que mobilizar e capacitar as comunidades, criar espaços de negociação parainteresses conflitivos, garantindo sua participação no processo decisório, é um de seus objetivos fundamentais. Por isso é necessárioa criatividade, a paciência e o senso de oportunidade para que se criem redes interinstitucionais, capazes de dar suporte a estasalterações nas relações políticas na região, garantindo a elaboração de PRDRS participativo e consensuado e, principalmente, acontinuidade e sustentabilidade deste planejamento na região.

III. Metodologia do trabalho

A elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional não obedeceu a um roteiro metodológico pré-definido, de forma a poderadaptar-se com facilidade à diversidade de situações que se apresentassem. Partiu-se da avaliação preliminar das dinâmicas locais etratou-se de definir, caso a caso, os melhores caminhos para atingir os objetivos. Entretanto, podemos definir a posteriori uma sériede princípios metodológicos que nortearam todas as experiências e resumir o processo em três fases distintas.

4) Os princípios metodológicos! Partir das definições locais para o Planejamento:

Os planejamentos efetuados nas instâncias estaduais ou federais desconhecem geralmente a realidade local, uma vez que não têmcondições de conhecer todas as heterogeneidades existentes no território. Assim, mesmo que bem intencionados, definemfreqüentemente prioridades erradas e os investimentos feitos acabam sendo desperdiçados ou não são reforçados localmente pelosbeneficiários. O planejamento precisa portanto ser efetuado e gerenciado localmente, pelas comunidades e os governos locais, já queeles são as pessoas que serão diretamente afetadas pelas decisões tomadas e que serão responsáveis, em grande parte, por implementá-las.

! Articular o planejamento local com as diretrizes e os programas estaduais e federais

Os planejamentos efetuados pelos diferentes níveis de governo (federal, estadual, municipal) através de suas instituições são, via deregra, desarticulados, o que limita o aproveitamento de sinergias, provocando superposição de ações e desperdício de recursos. Oplanejamento definido localmente também não pode estar desvinculado dos planejamentos efetuados nos outros níveis, sob penade incorrer no mesmo erro aqui assinalado.

Entretanto, amarrar as decisões locais a um conjunto de planejamentos ou diretrizes pré-determinados nos níveis estadual ou fede-ral, onde se encontram os recursos, equivaleria a abrir mão de partir da realidade local para realizar o planejamento. O que sepretende aqui é inverter a lógica tradicional do planejamento centralizado, estabelecendo realmente uma articulação “de mão dupla”,na qual as instituições federais e estaduais levam em consideração o planejamento e as prioridades definidos localmente, integran-do-os a seus programas e projetos. Umas das estratégias adotadas para conseguir esta articulação são a montagem de equipes multi-institucionais para a realização conjunta de um diagnóstico regional e a realização de mesas de negociações, onde a atuação de cadainstituição é discutida a partir de uma análise das grandes problemáticas regionais.

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! Reforçar os espaços locais de negociação.

A participação da população no planejamento do desenvolvimento local visa permitir a expressão e o atendimento dos interessesgenuínos da população, em particular dos seus setores mais marginalizados. Tendo seus interesses reconhecidos e atendidos, estaspopulações podem participar efetivamente da implantação do projeto, o que representa um estímulo à criatividade e uma liberaçãodas energias disponíveis localmente.

A participação da população ganha a ser promovida em espaços sociais onde possa haver negociação não apenas entre a populaçãoe os poderes constituídos, mas também entre os próprios interesses divergentes existentes dentro da comunidade local.

Não se pode mais planejar o desenvolvimento partindo da premissa que a sociedade local é homogênea e que os interesses de todossão igualmente representados por qualquer um de seus membros. Os diferentes atores sociais têm interesses diferentes, divergentese até opostos, que precisam se expressar dentro de um espaço de negociação onde será possível escutar o outro, negociar, conciliarinteresses e definir prioridades para o município ou a comunidade.

Participar realmente significa tomar parte das decisões. Para que isso possa acontecer, é preciso que as opiniões divergentes possamexpressar-se livremente e que todos tenham o mesmo acesso à informação. O acesso à informação constitui, em geral, privilégio declasses dominantes mais próximas ao poder, enquanto que as populações marginalizadas não têm nem acesso aos dados, nem ohábito e manipulá-los para transformá-los em informações

Reforçar os espaços de negociação requer, portanto, a mediação de agentes que ajudem as populações politicamente marginalizadasa buscar e interpretar a informação necessária para construir uma representação da realidade suscetível de nortear suas tomadas dedecisões.

! Melhorar a capacidade técnica e gerencial dos municípios

Vontade política não é suficiente: a maioria dos municípios rurais precisa também de apoio metodológico para poder tomar decisõesrelativas a seu desenvolvimento. Os espaços de negociação precisam ser abastecidos por informações técnicas que estimulem asdiscussões, ofereçam novos elementos para as reflexões, apresentem alternativas e permitam definir as melhores estratégias dedesenvolvimento.

Como o planejamento é um processo, que deve se adaptar permanentemente às mudanças dos objetivos ou das condições, é precisocriar localmente uma capacidade de planejamento e de diagnóstico técnico. Por isso, o planejamento requer uma equipe cuja tarefanão é elaborar um diagnóstico e planejar, mas antes capacitar os atores locais através de mecanismos de participação que estimulema reflexão, a aprendizagem e a capacidade de negociação. Obviamente, não se pode capacitar os atores locais para todo e qualquerdiagnóstico técnico. Tampouco é necessário, uma vez que é possível trabalhar a partir de uma base metodológica sistêmica sobre aqual informações técnicas adicionais – eventualmente fornecidas por outras instituições – poderão ser realmente assimiladas deforma a subsidiar decisões sobre o desenvolvimento.

! Articular a busca de soluções no nível regional

Muitos municípios rurais não possuem um tamanho econômico e populacional que permita a mobilização dos recursos – financei-ros e humanos - necessários a seu desenvolvimento. Entretanto, numa mesma região, muitos municípios apresentam problemassemelhantes que podem encontrar soluções numa discussão conjunta, na qual cada um pode aprender com a experiência dosoutros. Em conjunto, os municípios apresentam não somente um tamanho econômico e populacional crítico, mas adquirem tam-bém um importante peso político na hora de negociar programas ou recursos com os governos estadual ou federal.

Não se trata com isso de ir contra o movimento de descentralização que aproximou o centro de poder do cidadão, mas apenas depermitir uma articulação entre municípios para temas de interesse conjunto, que de outra forma teriam pouca ou nenhuma chance deencontrar uma solução viável na maioria dos municípios da região.

5) As fases do trabalho

A metodologia desenvolvida para este trabalho de elaboração de Plano de Desenvolvimento Regional baseia-se nos métodos doDiagnóstico de Sistemas Agrários (DSA), do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e do Planejamento Participativo (PP), deforma a conseguir simultaneamente: 1) mobilizar os atores locais e organizar espaços de discussão dos problemas locais; 2) levantaros elementos técnicos e institucionais necessários às negociações entre os atores e às tomadas de decisão.

Podemos definir 3 grandes fases no trabalho:

1º. Fase de mobilização

A demanda de trabalho de Plano de Desenvolvimento Regional pode ter várias origens, mas raramente parte das comunidadesorganizadas ou de um fórum de discussão inter-institucional. Surge freqüentemente de uma decisão do poder político local oumesmo estadual. No entanto, o plano só pode ser construído pelo diálogo entre todos os atores sociais que trabalham em prol dodesenvolvimento local ou que serão afetados pela decisões tomadas. Fazer com que todos os atores essenciais para a construçãodo plano sentem juntos para construir uma visão conjunta da realidade regional e, a partir dela, possam articular soluções, é oconsiderável desafio desta primeira fase..

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Não existe receita de bolo que assegure o sucesso desta fase de mobilização, mas alguns ingredientes necessários podem ser apontadosde forma resumida:

! conhecimento dos atores sociais que atuam na região, seus planos e programas e a racionalidade de suas ações, para permitir adefinição do espaço de atuação e da função estratégica de cada ator no desenvolvimento regional.! Conhecimento das dinâmicas regionais, ou seja, dos processos políticos, sociais e econômicos que definiram historicamente arealidade regional.

O diálogo entre atores sociais precisa de uma visão compartilhada destas dinâmicas em termos de problemáticas de desenvolvimen-to, ou seja, de problemas a serem superados ou de potencialidades a serem aproveitadas, que rompa com as articulações tradicionaisfeitas a partir de demandas, as quais só permitem uma visão setorizada e favorecem atuações de cunho clientelista. A realizaçãoconjunta de um diagnóstico rápido, reuniões institucionais de apresentação e, principalmente, encontros intermunicipais reunindotodos os atores sociais regionais para debater das principais problemáticas em torno de mesas de discussão, foram essenciais pararomper com as visões setoriais e institucionais e permitir negociações na base de uma visão compartilhada das problemáticas doterritório regional.

2º. Fase de discussão e elaboração de consenso

Esta segunda fase começa quando já se conseguiu reunir a maioria das instituições para discutir o diagnóstico regional. Obviamente,este diagnóstico, mesmo sendo fruto do trabalho, direto e indireto, de várias instituições, constitui apenas um ponto de partida, umabase para o diálogo e as negociações, também chamados de “concertação” dos atores sociais.

Na prática, o planejamento estratégico tem sido construído através de numerosos encontros intermunicipais que estimulam umavisão integrada das negociações e são preparados por discussões mais aprofundadas em torno das temáticas principais. As mesas detrabalho, compostas por representantes de municípios e instituições diferentes, acabam se transformado em espécies de “câmarastécnicas” que permitem a desejada articulação entre atores sociais e níveis territoriais.

Esta segunda fase é dinamizada inicialmente por problemas concretos, cuja solução passa necessariamente por uma articulaçãoregional, como é o caso da instalação de uma infra-estrutura que, pelas suas características, deve ser única e atender toda a região.Nesta fase, é importante ficar particularmente atento à qualidade da participação. Se os atores sociais normalmente excluídos dosprocessos políticos não tiverem sua participação efetiva garantida através de uma mediação adequada, o risco é grande destas“concertações” se reduzirem a uma acomodação dos interesses locais e de não apresentarem nenhum potencial transformador.

3º. Fase de consolidação

Finalmente, a fase de consolidação, que consiste na retirada paulatina dos agentes facilitadores que estiveram inicialmente à frente doprocesso. Para que isso possa acontecer sem afetar o Planejamento Regional, é preciso que, desde o início, o objetivo claro dotrabalho tenha sido fortalecer os atores locais para que possam assumir um papel cada vez mais preponderante. Dito de outra forma,a fase de consolidação começa quando os atores locais se tornaram de fato os principais protagonistas e já adquiriram uma capaci-dade de organização, de articulação e de negociação que garanta a continuidade da dinâmica de planejamento. Duas condições sãonecessárias para isso: a capacitação contínua, durante todo o trabalho, dos atores locais e a institucionalização dos processos deplanejamento.

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Jara, Carlos Julio. A sustentabilidade do desenvolvimento local. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura(IICA) : Recife : Secretaria do Planejamento do Estado de Pernambuco-Seplan, 1998.

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1 Ver Novo Retrato da Agricultura Brasileira: O Brasil Redescoberto. MDA/FAO. Janeiro de 2000.

2 Ver Agricultura Familiar e Reforma Agrária no século Guanziroli, Romeiro, Buainain, Bittencourt e Sabatto,Garamond. 2001.

3 As áreas a serem escolhidas não necessariamente devem ser as mais viáveis do ponto de vista produtivo, mas devemser áreas com potencialidade para a agricultura familiar, seja em função da estrutura atual ou da estrutura a ser criada,por meio de expansão de assentamentos por exemplo, que podem ser localizados perfeitamente em áreas atualmentealta pobreza rural. Se restringir a áreas hoje viáveis continuará se marginalizando as regiões NO, CO e NE que ondeatualmente se localiza a maior parte da reforma agrária brasileira.. As regiões Sul e SE, são desenvolvidas atualmente,em parte, em função das intervenções fundiárias realizadas na época das “colônias” ..

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INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM CONTEXTOS DEDESENVOLVIMENTO RURAL LOCAL

C. Deponti1

J. Almeida1

1. INTRODUÇÃO

A sustentabilidade, tema que desperta crescente interesse, tem merecido espaço em livros e revistas, uma vez que éusado em discursos políticos e representa uma bandeira de luta de muitas instituições governamentais e não-governamentais2 .

Em meados da década de 80, surgiu o conceito de “sustentabilidade” que passou a ser empregado com freqüência eassumiu dimensões econômicas, sociais e ambientais, buscando embasar uma nova forma de desenvolvimento.

A idéia de desenvolver indicadores de sustentabilidade surgiu na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (Rio-92),conforme registra seu documento final, a Agenda 21. A proposta era definir padrões sustentáveis de desenvolvimento queconsiderassem aspectos ambientais, econômicos, sociais, éticos e culturais. Para isso, tornou-se necessário definir indicadores que amensurassem, monitorassem e avaliassem.

Um indicador permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade (Mitchell, 1997), podendo sintetizar umconjunto complexo de informações e servir como um instrumento de previsão. No entanto, quando se trata de indicadores desustentabilidade o debate está apenas iniciando, pois não há uma fórmula ou receita para avaliar o que é insustentável.

O presente artigo objetiva propor e discutir indicadores que avaliem a sustentabilidade em contextos de desenvolvimentorural local, tendo como espaço empírico o município de Camaquã-RS. Esse município situa-se na “Metade Sul” do estado do RioGrande do Sul, região de importância sócio-econômica e populacional, mas que apresenta, atualmente, situação de carência socialelevada, índices altos de concentração fundiária e baixo dinamismo econômico.

Conforme Ferreira (2001), o referido município, atualmente, apresenta dois diferentes sistemas agrários: um, na Regiãoda Encosta do Planalto Sul-Rio-Grandense; e o outro, na Região da Planície Costeira.

Os recursos solo e água apresentam-se cada vez mais degradados no município, devido à sua utilização incorreta, e,principalmente, ao fato de os padrões produtivos do arroz e do fumo estarem submetidos ao uso intensivo de agroquímicos. Aindahá uma importante concentração fundiária, sendo usual a prática do arrendamento das terras, levando à transferência de grande partedo valor agregado.

Essas características, dentre outras, desenham o cenário de tendência à insustentabilidade do município. Diante dasconsiderações, questiona-se: como avaliar a sustentabilidade da região? Que indicadores, nas áreas econômica, social, ambiental ecultural, avaliariam a sustentabilidade de Camaquã?

Para responder a esses questionamentos, o presente artigo pretende:1) identificar, brevemente, os sistemas agrários do município de Camaquã-RS e suas características sócio-econômicas,

culturais e ambientais;2) esclarecer o que são indicadores, suas características e quais as potencialidades e dificuldades da sua proposição em

um contexto de sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local;3) propor e discutir indicadores que avaliem a sustentabilidade da realidade local.

Este artigo divide-se em sete partes. A primeira parte, destina-se a introdução do tema a ser estudado. Na segundaidentifica-se, brevemente, os sistemas agrários com o objetivo de construir um panorama histórico. Esse panorama foi constituídocom base na pesquisa realizada por Ferreira (2001) sobre a evolução e caracterização dos sistemas agrários e de produção do município..Na terceira parte, realiza-se um estudo sobre indicadores de sustentabilidade, procurando revisar a literatura, além de conceituá-lose caracterizá-los. A quarta parte, destina-se a apresentação da metodologia e a proposição e discussão de indicadores que avaliem asustentabilidade do município de Camaquã. Por fim, a quinta, a sexta e a sétima parte tratam dos resultados e discussões, dasconclusões e das referências bibliográficas, respectivamente.

2. SISTEMAS AGRÁRIOS E DE PRODUÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMAQUÃ

Segundo o trabalho de Ferreira (2001), identificam-se diferentes sistemas agrários no município de Camaquã que evoluírame diferenciaram-se ao longo do tempo. Até o século XVII, pode-se verificar a hegemonia do sistema agrário baseado na coleta e naagricultura por parte de povos indígenas. Com o povoamento da região pelos açorianos, estrutura-se o sistema agrário do períodocolonial baseado na extração da erva-mate e na bovicultura de captura. Esse sistema agrário mantém-se até o início do século XX,quando se desenvolve o cultivo do arroz irrigado e ocorre a colonização da Região do Planalto Sul-Rio-Grandense.

Configura-se, assim, a partir dessa época, dois diferentes sistemas: um, na Região da Encosta do Planalto Sul-Rio-Grandense, com relevo acidentado, onde se pratica o cultivo do fumo integrado à agroindústria, baseado na mão-de-obra familiar; eo outro, na Região da Planície Costeira, com áreas planas, onde se cultiva o arroz irrigado em pequenas, médias e grandes propriedadesindistintamente, sendo que as últimas possuem elevada mecanização.

Na Região da Encosta do Planalto Sul-Rio-Grandense, a intensificação da agricultura, centrada no cultivo do fumo,absorveu mão-de-obra familiar da região, ao mesmo tempo em que se abandonou, gradativamente, a produção de cultivos destinadosà alimentação. O cultivo do fumo de forma intensiva se, por um lado, agregou valor à economia e gerou renda agrícola mais elevada,por outro, gerou empobrecimento do solo que apresentava suscetibilidade à erosão. Apenas 10,2% dos solos da região da Encostado Planalto são aptos para cultivos anuais (Ferreira, 2001).

Os sistemas de produção da Região da Planície Costeira, a partir do avanço da motomecanização, do emprego defertilizantes e de sementes melhoradas, frutos da Revolução Verde, promoveram o aumento da área cultivada e do rendimento docultivo do arroz. No entanto, provocaram também o aumento da degradação física do solo, diminuindo a fertilidade e aumentandoo índice de infestação de pragas. Tais fatos exigiram níveis cada vez mais elevados de fertilizantes e pesticidas, acarretando, com isso,

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a transferência de parte do valor agregado gerado para as indústrias de produtos químicos.A pecuária praticada nas áreas de pousio e de resteva da lavoura arrozeira proporciona uma rentabilidade inferior à

obtida com o arroz, mas representa liquidez e disponibiliza recursos financeiros para as atividades agrícolas quando surgem dificuldadeseconômicas.

3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, LIMITES EPOTENCIALIDADES

Ao estudar um tema, primeiramente, é necessário buscar definições e significados a seu respeito a fim de clarificar suaanálise. Sustentabilidade vem do latim sustentare que significa suster, suportar, conservar em bom estado, manter, resistir. Nosdicionários em português, sustentar significa impedir a ruína, resistir, manter, conservar a mesma posição, suster-se, manter o nívelapropriado. Sustentável é tudo que é capaz de ser suportado, mantido.

Entende-se que um conceito de sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural englobaria as seguintescaracterísticas ou atributos:

1) adaptabilidade – está relacionada com a flexibilidade do sistema, é a capacidade do sistema de encontrar novosníveis de equilíbrio, caracterizada pelas flutuações de suas variáveis.

2) diversidade – a diversidade permite a complexidade. É do grau de complexidade de sua rede de relações quedepende a estabilidade de um sistema (Nolasco, 1999). A diversidade possibilita a manutenção, em níveis favoráveis, dos benefíciosproporcionados pelo sistema, ao longo do tempo.

3) eqüidade – é entendida como a capacidade do sistema de distribuir de forma justa os benefícios, produtos e serviçosgerados, garantindo padrões mínimos de qualidade de vida (Nolasco, 1999). A eqüidade apresenta dupla dimensão: intrageracionale intergeracional. A primeira está relacionada com a disponibilidade de um sistema mais seguro para a sociedade e a segunda podeser definida como a satisfação das necessidades presentes sem comprometer a capacidade das futuras gerações de garantirem suaspróprias necessidades.

4) resiliência – é a capacidade do sistema de retornar ao estado de equilíbrio ou manter o potencial produtivo depois desofrer perturbações graves. Essa resiliência opera dentro de certos limites. Se a magnitude de uma perturbação excede a esses limites,o sistema não é capaz de retornar à condição inicial. Os limites da resiliência são diferentes para os distintos sistemas (Kageyama,1989 apud Carvalho, 1993).

5) Manutenção ou durabilidade – é a capacidade de conservação do sistema ao longo do tempo.6) interaç7) ‘e3o entre as dimensões – é a inter-relação e integração entre diferentes dimensões, como a social, a econômica, a

ambiental e a cultural.Portanto, entende-se por sustentabilidade a manutenção de um sistema ao longo do tempo, sendo que essa durabilidade

depende de quanto maior for a adaptabilidade, a diversidade, a resiliência, a eqüidade do sistema e a interação entre as diferentesdimensões: econômica, ambiental, social e cultural.

Mas como mensurar, avaliar e medir a sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local? Através deindicadores. Então, o que são indicadores?

O termo origina-se do latim indicare verbo que significa apontar ou proclamar. Em português, indicador significa aquiloque indica, torna patente, revela, propõe, sugere, expõe, menciona, aconselha, lembra.

Um indicador, segundo Abbot e Guijt (1999), é algo que auxilia a transmitir um conjunto de informações sobre complexosprocessos, eventos ou tendências. Para Mitchell (1997), um indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informaçõessobre uma dada realidade. Já Beaudoux et al. (1993) afirmam que os indicadores servem para medir e comparar, sendo ferramentasque auxiliam na tomada de decisões e não métodos. Esses autores ainda destacam que se tem de evitar asfixiar uma ação com umasujeição demasiado rígida aos indicadores.

Brenbrook e Groth III (1996) concordam com a visão de Mitchell, e consideram que um indicador em si é apenas umamedida, não tendo poder de previsão ou, sendo uma medida estatística definitiva, tampouco uma evidência de causalidade. Paraesses autores, os indicadores apenas constatam uma dada situação.

No presente estudo, entende-se indicador como um instrumento que permite a avaliação de um sistema e que determinao nível ou a condição em que esse sistema deve ser mantido para que seja sustentável. Os indicadores são utilizados para operacionalizarconceitos e definir padrões - a sustentabilidade. Por descritor, consideram-se as características significativas e importantes para ofuncionamento do sistema que permitirão alcançar o padrão.

Conforme Camino e Müller (1993), não é possível o desenvolvimento de um indicador global, por isso é necessáriobuscar no tempo a evolução da sustentabilidade dos sistemas. Não há indicadores universais, pois estes podem variar segundo oproblema ou objetivo da análise. Ainda segundo esses autores, os indicadores devem ser robustos e não exaustivos, ou seja, robustosno sentido de cumprirem com as condições descritas, serem sensíveis e apresentarem condições de mensuração, e não exaustivosreferindo-se apenas ao sistema sob análise e considerando os custos e complicações relativas a um monitoramento de um conjuntomuito extenso de indicadores.

Como observado, não parece adequado o estabelecimento de um único conjunto de indicadores para avaliar qualquersistema, porque os indicadores serão diferentes segundo o entendimento de sustentabilidade e conforme os parâmetros e descritoresdefinidos: “a clara definição do que é sustentabilidade irá estabelecer o processo de interpretação dos resultados obtidos com aleitura do indicador” (Marzall, 1999. p. 45).

Propor indicadores de sustentabilidade é uma tarefa árdua e complexa por diversos fatores. Em primeiro lugar, pode-sedestacar a existência de poucos trabalhos que tratem de proposição e de metodologias, embora haja uma infinidade de autoresestudando ou analisando a sustentabilidade. Talvez isso ocorra devido aos variados e diferentes entendimentos sobre o tema e a

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possibilidade de ocultações de natureza ideológica, o que permite a apropriação do termo por diferentes segmentos da sociedade, aomesmo tempo promovendo dificuldade de consenso.

Destaca-se ainda a dificuldade de hierarquizar os indicadores e de explicar as causas das mudanças ocorridas. Aidentificação dessas causas, muitas vezes, torna-se um exercício especulativo e subjetivo.

Como se observa, a natureza multidimensional da sustentabilidade promove uma variedade de informações e a necessidadede um estudo interdisciplinar, sistêmico, integrador e participativo.

4. METODOLOGIA E PROPOSIÇÃO DE INDICADORES

Neste trabalho, a proposição de indicadores para avaliação da sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rurallocal partiu da superação de alguns níveis ou passos considerados necessários.

Inicialmente, estudaram-se os sistemas agrários, logo depois, desenvolveu-se uma discussão em torno da noção desustentabilidade, conceituando-a e caracterizando-a e, finalmente, fez-se uma revisão de literatura sobre indicadores. Para a proposiçãodos indicadores, realizaram-se os seguintes passos:

§ cruzamento analítico entre a compreensão de sustentabilidade em agroecossistemas e a realidade local, neste caso, omunicípio de Camaquã;

§ t cruzamento analítico da interação entre as diferentes dimensões: econômica, social, ambiental e cultural;§ ajuste da operação mediante um “filtro” ou “lente3 ” levando em consideração: a) a compreensão de sustentabilidade,

em que o entendimento próprio do tema e as características intrínsecas consideradas direcionam a discussão e a proposição dosindicadores; b) as dimensões econômica, social, ambiental e cultural eleitas para o estudo e consideradas as mais importantes, dentrevárias outras; c) o custo para avaliação e mensuração dos indicadores, observando-se o quanto é despendido para obtenção dasinformações e cálculo do indicador, pois a maioria das propostas não leva isso em consideração, algumas chegando a serem inviáveisfinanceiramente, formando um conjunto de indicadores dificilmente agregáveis e quantificáveis; d) a facilidade de mensuração e decompreensão por parte dos agricultores, extensionistas e mediadores sociais, pois a mensuração do indicador depende da suacompreensão. A proposição de indicadores para Camaquã-RS procura considerar todos esses aspectos, constituindo-se em propostaprática, voltada à realidade local;

§ determinação de uma “cesta” de indicadores que correspondem ao conjunto de indicadores levantados a partir doestudo do tema. Dos indicadores dessa cesta selecionaram-se aqueles considerados adequados para avaliar a sustentabilidade daregião em questão.

A proposta de descritores e de indicadores, apresentada na tabela 1, é direcionada a uma escala local, visto que objetivaavaliar a sustentabilidade de Camaquã; fornecer aos agricultores da região, extensionistas, pesquisadores e mediadores sociaisinformações sobre a realidade na qual atuam e contribuir para que esses atores sociais formulem projetos e políticas de desenvolvimento.

O objetivo aqui é organizar e dar início a proposição de indicadores para a região e não esgotar a discussão sobresustentabilidade, servindo como ponto de partida para um trabalho que busque avaliar e mensurar a sustentabilidade a partir dodesenvolvimento de uma metodologia de aplicação prática.

FIGURA 1 - Metodologia para proposição de indicadores de sustentabilidade

CAMAQUÃ – RS

SUSTENTABILIDA

ATRIBUTOS

DIMENSÕES

DIVERSIDADE

ADAPTABILID

EQÜIDADE

RESILIÊNCIA

MANUTENÇÃO AO

ECONÔMI SOCIAL CULTURA AMBIENT

IND

ICA

DO

RES

DE

SUST

ENTA

BILI

DA

DE

Ainda, antes da tabela dos indicadores, cabe relembrar características importantes sobre Camaquã (Quadro 1). Esseesforço permite identificar e hierarquizar os problemas sociais, econômicos, ambientais e culturais que a região e os agricultores vêmenfrentando, possibilitando também o delineamento das tendências de sua evolução.

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QUADRO 1 - Resumo das características econômicas, sociais, ambientais e culturais de Camaquã-RS..

tECONÔMICA SOCIAL AMBIENTAL CULTURAL Concentração fundiária

Integração com fumageiras

Monocultivo (arroz e fumo) e pecuária extensiva

Cursos de capacitação dos agricultores

Reduzida diversidade de atividades agrícolas

Formas associativas (existentes, mas amortecidas)

Contaminação da água da cidade

Programas de educação ambiental

Descapitalização dos produtores (término da vida útil dos equipamentos, sem reposição)

Nível de organização dos agricultores

Uso de insumos químicos e agrotóxicos via aérea

Poucas manifestações artísticas e grupos folclóricos (exceto tradições gaúchas)

Agropecuária – atividade predominante (concentração no setor)

Saúde precária Arenização, desaparecimento de vertentes e assoreamento dos rios

Pecuária (reserva de poupança)

Domicílio e saneamento razoáveis

Poluição urbana (lixo doméstico, industrial) e emissão de gases (veículos e indústrias)

Arrendamento – transferência de valor agregado

Educação – baixo nível

Extinção de espécies (flora e fauna)

Instabilidade de preços obtidos – caso do fumo (classificação)

Poucas opções de lazer e recreação

Dependência de insumos externos

Agricultura sem proteção do solo

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TABELA 1 - Indicadores para avaliar a sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local: Camaquã-RS.

D E S C R I T O R E S I N D I C AD O R E S D I M E N S Ã O E C O N Ô M I C A

Agregação de valor Valor agregado Capacidade de reprodução Renda Agrícola

Nível de reprodução social 8858Grau de endividamento R

elação entre dívida e patrimônio

Diversidade da atividade produtiva % de renda total obtido em diferentes atividades e produtos do sistema

Estabilidade dos preços Variação dos preços pagos aos produtores Dinâmica econômica local % de produção total destinado ao local e % de

destino externo

D I M E N S Ã O S O C I AL Qualidade de vida (Alimentação, moradia, educação, saúde,

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D I M E N S Ã O S O C I AL Qualidade de vida (Alimentação, moradia, educação, saúde,

esperança de vida, cultura e lazer) - IDH ou ISMA Organização N° de associações, nº cooperativas, nº de núcleos

organizados e grau de autogestão Grau de concentração fundiária Coeficiente de Gini Integração à agroindústria Nº de agricultores integrados à agroindústria

D I M E N S Ã O C U L T U R AL Diversidade cultural Nº de museus, grupos de danças folclóricas, artes

plásticas e esportes, % da população envolvida em projetos de cunho cultural

Participação e cidadania Nº de famílias que participam de núcleos e grupos organizados, % de agricultores nos conselhos municipais e câmara de vereadores, existência de processos de formação de liderança.

Capacitação e conhecimento Nº, tipo e freqüência de cursos de capacitação Processos de educação permanente/ educação ambiental

% de participantes de eventos, nº de eventos educativos

D I M E N S Ã O AM B I E N T AL Grau de biodiversidade N° de cultivos, nº rotação de cultivos, n° de

espécies Grau de dependência de insumos externos

% de insumos externos na produção

Contaminação e degradação dos recursos naturais (água e solo)

% de área erodida nível de agroquímicos na água e no solo (t/ha)

Impactos em outros sistemas 8 Destino dos esgotos líquidos e sólidos % de reciclagem e reaproveitamento

Proteção do solo Relação entre o solo descoberto e o solo com cobertura (viva ou adubação verde)

Unidades de Conservação % de área protegida

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da metodologia utilizada, concluiu-se que os descritores e os indicadores mais apropriados, relacionados àdimensão econômica, são:

- diversidade da atividade produtiva (% de renda total obtido por diferentes atividades e produtos do sistema) - nomunicípio de Camaquã, a especialização na atividade primária é uma característica saliente e persistente, podendo ser verificada naevolução e na diferenciação dos sistemas agrários. Salienta-se que essa escassa diversificação do setor agrícola pode ser explicada,em parte, pela inadequação das terras da região para lavoura, devido à existência de solos cascalhentos e suscetíveis à erosão na,Região da Encosta do Planalto.

A diversificação da atividade produtiva tende a aproximar o sistema da sustentabilidade, pois está relacionada aos seguintesatributos: resiliência, diversidade, adaptabilidade e eqüidade. Um sistema diversificado apresenta maior complexidade, o que leva auma maior estabilidade, facilidade de adaptação e de resiliência.

A diversificação da atividade permite a agregação de valor dentro da unidade de produção, promovendo a verticalizaçãoda produção e o aumento da renda, permitindo ainda a redução da dependência de agentes externos (intermediários) econsequentemente promovendo a autonomia, a autogestão dos agricultores e acarretando reflexos nas esferas econômica e social.

Se a diversificação ocorrer a partir de processos de agroindustrialização, poderão formar-se associações de cooperaçãoentre os agricultores, favorecendo a união e a promoção de uma cultura comunitária, gerando reflexos culturais, o que, no caso deCamaquã, revelar-se-ia interessante, devido ao amortecimento atual das organizações existentes.

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- capacidade de reprodução (renda agrícola e nível de reprodução social) - a manutenção de um sistema ao longo dotempo depende, entre outras características, de sua capacidade de reprodução. Em Camaquã, a maioria dos sistemas de produçãoestudados apresenta baixa renda agrícola, não havendo possibilidade de realização de investimentos na unidade produtiva, e emalguns casos esta renda não assegura um nível de reprodução simples4 , gerando uma situação instável e de fragilidade social.

O indicador renda agrícola permite verificar a viabilidade econômica da atividade, estando relacionado com a manutençãoda atividade ao longo do tempo. Através da renda agrícola é possível verificar a existência ou não de eqüidade entre os agricultores,a racionalidade econômica e a proporção de repartição das riquezas geradas no processo produtivo.

A proposição do descritor capacidade de reprodução e dos indicadores renda agrícola e nível de reprodução social estãointimamente relacionados à realidade local.

Os indicadores sociais são menos trabalhados na literatura se comparados com os indicadores econômicos e ambientais.No entanto, não devem ser considerados menos importantes. Na dimensão social, os descritores e indicadores mais apropriados àrealidade local foram os seguintes:

- qualidade de vida (ISMA) - em Camaquã, a partir da Revolução Verde, ocorreu o uso intensivo de agroquímicos,tanto na Região da Planície Costeira com o cultivo do arroz, quanto na Região da Encosta do Planalto com o cultivo do fumo. Essautilização de forma intensiva tem implicações na saúde dos agricultores e dos consumidores pela contaminação do ar, devido àutilização de pesticidas via aérea em algumas lavouras da Planície Costeira; pela água, da Barragem do Arroio Duro que abastece asede de Camaquã, devido ao cultivo do fumo com agroquímicos na Encosta do Planalto.

Sugere-se o descritor qualidade de vida para avaliar a sustentabilidade, devido às interações que este descritor promoveentre as dimensões econômica, social e cultural, permitindo mensurar as condições dos agricultores relacionadas à saúde, à educação,ao saneamento básico, à alimentação e à cultura e lazer, avaliando o padrão da população local e o acesso da população a taiscondições.

O ISMA (Índice Social Municipal Ampliado) é uma forma fácil de mensuração que é calculada pela FEE (Fundação deEconomia e Estatística) e levanta as informações acima destacadas.

- grau de concentração fundiária (coeficiente de gini) - O município de Camaquã apresenta uma tendência histórica àconcentração fundiária, fruto da concessão das sesmarias pela coroa portuguesa, o que permitiu aos açorianos a ocupação doterritório com a instalação de grandes estâncias.

A concentração fundiária não promove a eqüidade, entendendo essa característica como fundamental à sustentabilidade,pois o sistema para se manter ao longo do tempo deverá distribuir seus benefícios, produtos ou serviços de forma justa entre seuscomponentes.

A concentração favorece o monocultivo: como exemplo, tem-se a Região da Planície Costeira de Camaquã, com ocultivo do arroz irrigado, onde grandes unidades de produção praticam o monocultivo em grande escala, gerando conseqü

‘eancias como a degradação do solo, o uso intensivo de agroquímicos e a perda da diversidade, favorecendo o aparecimentode ervas adventícias e pragas, forçando a utilização dos agroquímicos. A perda da diversidade acarreta conseqüências maiores aosistema, devido à redução de sua complexidade e estabilidade.

A dimensão ambiental está relacionada com tudo que cerca os seres vivos e as coisas, os limites ambientais refletem acapacidade de suporte ecológico e a capacidade regenerativa dos sistemas e recursos naturais. Nesta dimensão destaca-se os seguintesdescritores e indicadores:

- contaminação e degradação do meio natural (água e solo)A partir da Revolução Verde, obteve-se aumento de rendimento e de área cultivada de arroz e de fumo, mas a utilização

de agroquímicos e a mecanizaç_e3o da lavoura promoveram o aumento da degradação do solo, a diminuição da fertilidade e oaumento da infestação por pragas, gerando um círculo vicioso: uso de agroquímicos, aumento de pragas, aumento do uso deagroquímicos e, consequentemente, transferência de parte do valor agregado para as indústrias produtoras destes insumos.

A preservação e conservação do meio natural é uma característica necessária à existência de sustentabilidade em umsistema e à manutenà7ão deste ao longo do tempo.

A resiliência de um sistema é afetada pela contaminação, pois sua capacidade de retorno ou resposta a uma perturbaçãoé prejudicada e reduzida. A diversidade sofre alterações, reduzindo a adaptação, a complexidade e a estabilidade do sistema. Acontaminação apresenta repercussões econômicas, devido ao aumento do custo de produção pelo uso intensivo de agroquímicos,e sociais, relacionadas ao forte impacto na saúde dos agricultores e dos consumidores.

- unidade de conservação (% de área protegida)Como foi observado, em Camaquã há problemas de ordem ambiental decorrentes do manejo do meio natural, levando

à degradação do ambiente. Verifica-se fraca consciência ecológica e de processos de educação ambiental.A escolha do descritor unidades de conservação está intimamente relacionada aos fatos acima descritos, pois se acredita

que as unidades de conservação5 são instrumentos fundamentais para a preservação e conservação de ecossistemas naturais, sendolugares de grande beleza, oportunidade de pesquisa, educação ambiental, lazer e turismo ecológico. As unidades de conservaçãoestão relacionadas à sustentabilidade pela interação entre as dimensões e pela manutenção do sistema ao longo do tempo.

A partir deste tipo de iniciativa, poderá ocorrer uma transformação cultural, no sentido de conscientização dos adultos eaproximação dos jovens à natureza, vendo esta não como fonte de recursos, mas como parte dela.

A dimensão cultural abrange o complexo padrão de comportamento, crenças, manifestações artísticas e intelectuaistransmitidas coletivamente e típicas de uma sociedade. Concluiu-se que os descritores e indicadores mais apropriados à realidadelocal são os seguintes:

- diversidade cultural (número e tipo de atividades culturais)A valorização das atividades culturais, as manifestações artísticas e folclóricas representam uma forma de cultivar tradições

e costumes e de compreender as atitudes e gestos praticados no ambiente local, promovendo, assim, a sustentabilidade. O conhecimentotransmitido de geração a geração dentro de determinados grupos sociais é um meio de agregar novos conhecimentos e experiências,favorecendo o aumento da diversidade de atividades e de práticas.

Esse indicador ganha importância, principalmente, quando se destaca o fato de o município de Camaquã apresentar umatendência à perda da identidade cultural, ocorrendo poucas manifestações de cunho cultural, concentrando-se naquelas relacionadasà tradição gaúcha.

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- participação e cidadania (grau de participação)Por participação, entende-se o grau de envolvimento dos atores sociais na tomada de decisão, sua lógica e racionalidade,

sendo uma das características-chave para a existência de interação entre as diferentes dimensões da sustentabilidade. Através daparticipação, ocorre o desenvolvimento político dos agricultores, de sua capacidade de negociação com o Estado, instituições eforças políticas relevantes. Portanto, considera-se a participação a chave da autogestão.

A participação pode levar ao aumento da eficiência de um sistema quando as pessoas concordam e assumem posiçõesativas na implementação das decisões, tendo por objetivo a mobilização para ações coletivas, fortalecimento e construção de alternativasrelacionadas às necessidades dos integrantes do processo.

A participação permite que os agricultores estejam a par dos acontecimentos, favorece o seu “empoderamento6 ”, promovecorreção de rumos quando necessário, incita a formação de organizações, desenvolve a construção de planos de ação e formaçãoconjunta respeitando sua dinâmica de ação social coletiva.

6. CONCLUSÕES

Concluiu-se que a metodologia utilizada, mostrou-se satisfatória à realização dos objetivos pretendidos, pois permitiuuma proposição de acordo com o entendimento de desenvolvimento rural sustentável, e intimamente relacionada _e0 realidadelocal, à evolução no tempo da sustentabilidade do município, ao baixo custo, à interação entre as dimensões econômica, social,cultural e ambiental, à praticidade quanto ao número de indicadores, à facilidade de acesso às informações, à suscetibilidade aomonitoramento contínuo e à participação de técnicos, extensionistas, pesquisadores e, principalmente, do agricultor local no processode mensuração.

Constatou-se que não há um conjunto de indicadores globais adaptáveis a qualquer realidade, pois os indicadoresdescrevem um processo específico e são particulares a esses processos, podendo ser apropriados para um sistema e impróprios paraoutros.

O estudo para proposição de indicadores baseado em uma realidade local constitui uma contribuição, pois destaca anecessidade de conhecer o município, suas características econômicas, sociais, culturais e ambientais, a evoluç

‘e3o de seus sistemas agrários para, só então, propor indicadores que avaliem sua sustentabilidade, diferentemente doque ocorre na maioria dos estudos, em que se estabelece um conjunto genérico utilizado para avaliação de vários sistemas.

Entende-se que a lógica para o estabelecimento de indicadores deva ser contrária ao que usualmente é realizado, ou seja,é necessário partir do local, da realidade em estudo, da compreensão de sustentabilidade e da interação entre estes aspectos parapropor indicadores. Somente após a realização desta tarefa e a interpretação dos resultados obtidos, pode-se pensar em proporindicadores que poderão ser mensurados e monitorados e que avaliem o local em contexto de desenvolvimento rural.

Portanto, não há fórmula ou receita pronta. Exige-se para a proposição de indicadores uma equipe interdisciplinar comenfoque holístico, um trabalho de análise e de interpretação, além da participação do agricultor.

O desenvolvimento de indicadores que permitam compreender os limites e as potencialidades de um sistema é umdesafio que merece dedicação, constante interpretação, tempo e sucessivas aproximações. Como todo exercício conceitual e prático,deve estar em permanente construção, particularmente em um tema tão amplo, polêmico e complexo como o relacionado àsustentabilidade.

Por fim, destaca-se a existência de alguns elementos identificados que requerem um tratamento mais profundo.Especificamente, é necessário aprofundar a discussão nos seguintes aspectos:

1. atributo autonomia - quando relacionada ao sistema, é entendida como a capacidade interna de disponibilizar osfluxos necessários para a produção, e, quando relacionada ao agricultor, é entendida como a autogestão e a independência na tomadade decisão, esta última contemplada parcialmente neste trabalho pela dimensão social;

2. dimensão política - embora parcialmente contemplada na dimensão social, merece ser avaliada e mensurada atravésde indicadores específicos, uma vez que a sustentabilidade de um sistema também depende desta dimensão;

3. participação dos agricultores na proposição dos indicadores -sugere-se que esta ocorra na fase de proposição dosindicadores e não somente na de mensuração, pois os agricultores locais possuem conhecimentos e experiências que permitemestabelecer prioridades e orientações relevantes para ações de desenvolvimento rural sustentável;

4. integração e inter-relação dos indicadores – há necessidade de buscar formas de melhor integrar os aspectosambientais, socieconômicos e político-culturais.

5. avaliação da sustentabilidade a partir de uma metodologia operativa – faz-se necessário desenvolver ou adaptaruma metodologia operativa e realizar a aplicação desta metodologia no município para verificar sua sustentabilidade; e

6. incorporação do processo na formulação de políticas públicas – esse aspecto refere-se ao desenvolvimento detécnicas participativas para a incorporação das perspectivas e prioridades dos diferentes agentes ou atores envolvidos no processo.

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7. BIBLIOGRAFIA

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10 MITCHELL, G. Problems and Fundamentals of Sustainable Development Indicators [1997?]. Disponível em: http://www..lec.leeds.ac.uk/people/gordon.html (Acesso em 13/07/01)

11. NOLASCO, F. Avaliação da Sustentabilidade em Agroecossitemas: um método fitotécnico. Viçosa, 1995. 225 p. Tese (doutoradoem Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa–MG.

1 Cidonea Machado Deponti ( Emater-RS), , Bacharel em Ciências Econômicas pela UFSM-RS, Especialista em DesenvolvimentoRural e Agroecologia pela UFRGS-RS e Mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM-RS e Jalcione Almeida (UFRGS-RS),[email protected], Doutor em Sociologia, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural eda Faculdade de Agronomia, ambos da UFRGS-RS.

2 Este artigo sintetiza um trabalho mais amplo sobre o tema em Deponti (2001).3 Usou-se este termo com o objetivo de destacar os limites da observação e da proposição dos indicadores. Lente no sentido deajustar a compreensão a partir de determinados pressupostos.4 Nível de reprodução social mede a renda mínima necessária para reprodução do agricultor ao longo do tempo (Ferreira, 2001.p.42).5 Ucs – o termo contemporâneo unidades de conservação apareceu pela primeira vez na década de 70 no Plano de Sistemas deUnidades de Conservação, antes o que existiam eram reservas e parques nacionais. Desde então, o objetivo das Ucs tem sido o demanter os recursos naturais em seu estado original, para usufruto das gerações atuais e futuras. As Ucs podem ser de uso direto, nasquais é proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais: os parques nacionais, as reservas biológicas, as estaçõesecológicas, os monumentos naturais e os refúgios da vida silvestre; ou de uso direto, nas quais a exploração e o aproveitamentoeconômico direto são permitidos, de forma planejada e regulamentada, como reservas extrativistas, as áreas de proteção ambiental(APAs), as florestas nacionais e as reservas de fauna (Lobo, 2000. p. 63).6 De uma perspectiva sociológica, a expressão empoderamento refere-se ao processo crescente de protagonismo individual e coletivodos atores e grupos sociais, resultando em uma apropriação de conhecimento e exercício efetivo de cidadania por parte dos envolvidos.No âmbito do desenvolvimento rural, esse processo se reflete na efetiva participação dos agricultores e suas organizações em espaçosde discussão e decisão, de caráter não apenas consultivo, mas também deliberativo, como é o caso de muitos Conselhos Municipaisde Desenvolvimento Agropecuário e de Fóruns Regionais de Desenvolvimento. Sob esse enfoque, ainda que possa vir a influenciarestruturas formais de poder, o empoderamento surge da consciência dos indivíduos do seu próprio poder (saber que sabem e quepodem), que se potencializa em ações sociais coletivas.

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DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DOVALE DO RIO PARDO

FOGLIATTO, C1

ALVIM, A2

INTRODUÇÃONas últimas décadas a agricultura brasileira vem sofrendo modificações devido a redução da intervenção governamental

na produção agrícola, na comercialização, e pela maior abertura comercial. A partir desta mudança no cenário político e econômicobrasileiro começou a ocorrer uma reformulação nas cadeias agroalimentares, na distribuição da produção gaúcha, como tambémpela maior busca de eficiência, através de novas tecnologias, pela substituição ou diversificação de culturas e pelo melhor gerenciamentodos recursos da propriedade.

Um outro fator relevante está sendo a modificação na trajetória alimentar, que vem passando de uma alimentação com altaparticipação de calorias e proteínas para uma alimentação mais balanceada com vitaminas, na expectativa de melhorar a qualidade devida. A busca de novas alternativas por partes dos produtores rurais mostra a necessidade de obter uma maior competitividade frenteaos produtores das demais regiões do mundo, bem como atender as novas necessidades do consumidor.

Contudo, a obtenção de maior eficiência na produção e de uma maior competitividade vem ocorrendo de forma maisgradual do que as mudanças de ordem político-econômica, tecnológicas e culturais as quais estão sendo submetidos os produtoresrurais brasileiros. Um exemplo desta realidade na agricultura brasileira pode ser observada na micro-região de Santa Cruz do Sullocalizada na região do Vale do Rio Pardo.

Nesta região o fumo é produzido em 60,0% da área total, em seguida vem o arroz com 5,0%, a soja com 4,5% e o milhocom 2,6% da área total (IBGE, 1996). A produção agrícola é realizada em pequenas e médias propriedades, sendo que 85,2% daprodução é originária de propriedades com menos de 100,0 ha. Outra característica marcante da produção nesta região é a utilizaçãoda mão-de-obra familiar aliada a um sistema de produção por integração, onde o agricultor viabiliza o crédito, a assistência técnica ea comercialização junto as agroindústrias do município, que são basicamente as fumageiras (IBGE, 1996).

Em função da dependência do agricultor nesta região a produção do fumo e ao sistema de integração a grandes empresasfumageiras, os produtores tem sua renda fortemente dependente aos preços fixados pela fumageira e às condições no mercadointernacional, já que o fumo é exportado em grande parte para outros países do mundo.

Do lado do consumidor é observada uma forte campanha mundial contra o tabagismo e uma mudança nos hábitos voltadaa uma melhor saúde física, que podem se manifestar, no decorrer das próximas décadas numa redução na demanda mundial defumo e consequentemente comprometer grande parte dos agricultores desta região. A partir deste cenário apresentado observa-se anecessidade de desenvolver atividades agrícolas para a região, que diminuam a dependência do produtor a atividade fumageira epermitam um incremento na renda agrícola e uma maior estabilidade financeira ao longo dos anos.

A busca de produtos alternativos não é uma questão nova aos centros de pesquisa e aos extensionistas brasileiros, entretanto,cada vez mais observa-se que o atual modelo agrícola utilizado não possibilita ao pequeno agricultor uma renda adequada a suasubsistência. Um produto agrícola pouco utilizado nesta região, com uma tecnologia disponível significativamente desenvolvida ecom potencial para diversificar a atividades na propriedade e aumentar a renda na pequena propriedade é o pêssego.

Entretanto a grande dificuldade enfrentada pelos agricultores para implementação do pêssego ou de outros produtosalternativos é o desconhecimento das tecnologias e técnicas disponíveis, como e onde comercializar o produto agrícola e qual oretorno ou rentabilidade desta cultura em relação as culturas tradicionais.

A falta de conhecimentos técnicos e de mercado de outras culturas por parte dos agricultores na região, como no caso dopêssego, deve-se a dependência por longos anos a cultura do fumo. Como reflexo desta dependência temos a produção de grãos(arroz, soja e milho) inferiores a 15,0% da área (IBGE, 1996).

Com base neste cenário, deu-se início em 1998 e 1999 a implementação da cultura do pêssego e de culturas consorciadasnos municípios de Vale do Sol, Vera Cruz, Rio Pardo e Cerro Branco com o objetivo de melhorar a renda familiar dos agricultores noVale do Rio Pardo. No período de 1999 ampliou-se o número de municípios participantes do projeto, passando a ser compreendidotambém por agricultores de Vera Cruz, Cerro Branco e Rio Pardo, totalizando nos cinco municípios participantes um total de 25propriedades.

Os principais pontos analisados no trabalho são a caracterização dos diversos sistemas de cultivos3 e dos sistemas de produção4

associados a cultura do pêssego, juntamente com uma análise econômica para cada sistema de cultivo que permite analisar o impactosobre a renda familiar dos agricultores dada a diversificação da produção com a cultura do pêssego. Esta análise considera ascondições de sustentabilidade econômica dos agricultores que diversificaram a produção com a cultura do pêssego em relação aoprodutor de culturas tradicionais.

METODOLOGIA

De forma geral foram estabelecidos nos municípios acima listados, 25 pomares de 0,5 hectares, com as seguintes variedades:Pampeana, Premier e flor da Prince. Como culturas a serem consorciadas estabeleceu-se para os dois primeiros anos culturas deverão como, por exemplo: feijão, soja e milho, (grãos); alface, rúcula, repolho e batata (hortigranjeiros); e culturas de inverno,principalmente forrageiras como aveia, azevém, ervilhaca e trevo vesiculoso.

O método de pesquisa foi subdividido em duas partes. Na primeira parte da pesquisa foram acompanhados os pomares depêssego implantados, analisando a evolução dos sistemas de produção5 e de cultivo6 e avaliando a evolução da fertilidade de solo emcada pomar. Na segunda etapa utilizamos uma metodologia aplicada ao cálculo de benefício-custo. Os resultados finais foramalcançados a partir dos custos de produção (custos diretos) e da receita obtida (receita bruta) para cada sistema de cultivo ligado aprodução de pêssego.

Na terceira etapa caracterizamos os mercados onde estão inseridas as regiões que abrangem o estudo do pêssego ecológico,agrupadas conforme pontos de consumo ou de produção.

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1º Etapa

A metodologia que adotamos foi adaptada a partir da análise desenvolvida por BEROLDT DA SILVA (1998). Esta etapafoi subdividida em duas partes, na primeira delas foram acompanhados os pomares de pêssego nas diversas propriedades monitorandoaspectos como a adaptação dos cultivares a região, ocorrência de pragas e outras doenças, experimentos com adubação orgânica,controle de erosão, fertilidade do solo e tratos culturais de maneira que estes pomares sirvam de exemplo para a difusão de tecnologiasà comunidade regional.

Na segunda parte acompanhamos a evolução dos diversos sistemas de cultivos agrupados conforme as características dosistema de produção. Em relação aos sistemas de produção analisamos os seguintes aspectos (que foram obtidos a partir de questionárioaplicado junto aos produtores):

a) Natureza da força de trabalho utilizada;b) O grau de mecanização das unidades produtivas;c) Tamanho das propriedades;d) Culturas comerciais utilizadas;e) Renda bruta obtida; f) Renda familiar; g) Renda não agrícola; h) Formas de financiamento; i) Local de comercialização; j) Número de pessoas no trabalho;

Para caracterizar os sistemas de cultivo de pêssego foi elaborado e aplicado novamente um questionário junto aos agricultorescompreendido pelos seguintes campos:

1) Informações sobre o solo, especificamente, fertilidade do solo e conservação;2) A condução da cultura- manejo de solo/adubação- tratamentos fitossanitários- culturas intercalares - poda- raleio- colheita;7) A organização do trabalho;8) A renda obtida em cada sistema de cultivo (método mais detalhado na 2º etapa);9) Melhorias planejadas pelo produtor;10) Os equipamentos utilizados no manejo do pomar;11) a mão-de-obra ocupada ;

12) A superfície agrícola utilizada pela cultura do pêssego;13) A presença de agroindústrias;

14) dados de desempenho econômico;

Em relação a proposta de conversão das atividades para a produção agroecológica, foram conduzidos nos municípios deVera Cruz, Vale do Sol, Cerro Branco e Rio Pardo, a transição de um manejo convencional para a implementação de técnicas deprodução agroecológica. As modificações realizadas foram basicamente nos manejos relacionados a adubação, controle de pragas edoenças, e manejo de solos. Quanto a adubação utilizada, foi basicamente com o uso de insumos produzidos dentro da propriedadecomo, por exemplo, esterco, compostagem etc.

No ponto relativo ao controle de pragas e doenças, utilizamos, de acordo com a necessidade e programação, compostosagroecológicos como, por exemplo, calda bordaleza, calda sulfocálcica, sulfato de cobre, armadilhas luminosas e iscas através deferomônios.

E finalmente em relação ao manejo de solos é importante salientar que este aspecto é chave no êxito da agricultura ecológica.As boas condições da estrutura e da vida do solo é fundamental para uma nutrição equilibrada da planta, e também o principalcondicionante para a resistência das plantas ao aparecimento de pragas e doenças. Utilizamos além de biofertilizantes, adubaçãoverde (principalmente com leguminosas).

Em relação ao desempenho econômico dos sistemas de cultivo foi obtida a partir da metodologia detalhada a seguir.

2º EtapaA metodologia usada foi adaptada a partir da análise desenvolvida por RODIGHERI, GRAÇA e PINTO (1997), onde os

autores determinaram a economicidade do eucalipto consorciado com culturas anuais através da relação benefício-custo, do ValorLíquido Presente e do Valor Uniforme Equivalente.

A análise através da relação benefício-custo confronta os benefícios totais gerados pela nova tecnologia (ou a sua expectativa)com os custos totais de implementação de cada área, conforme é demonstrado abaixo:Relação benefício-custo = B / C

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1) B são os benefícios totais obtidos a partir da equação abaixo:B = Q * Ponde Q é equivalente ao total produzido em cada área; P é equivalente ao preço médio ao qual provavelmente será comercializado oproduto.2) C é equivalente a soma dos custos de produção.a) Custos de produção = custos diretos;7

Após serem considerados todos os custos ligados a cada pomar, o valor do custo total (C) deverá ser atualizado para aépoca em que o produto será comercializado, utilizando-se da variação de preços no período obtida a partir do Índice Geral dePreços (IGP-Di).

Utilizamos esta metodologia para calcular a relação benefício-custo para cada sistema de cultivo ligado a cultura do pêssego.A partir dos custos de produção coletados e dos preços médios pagos obtidos a partir do banco de dados da Empresa de AssistênciaTécnica e Extensão Rural (EMATER) calculamos as diversas relações benefício-custo para cada sistema de cultivo do pêssego.

Um segundo passo na análise foi em calcular a Renda Familiar que corresponde a renda bruta obtida na propriedademenos os custos diretos e indiretos. Os custos diretos foram estimados a partir de valores médios setoriais, dado que os produtoresnão possuem controle de custos nas demais atividades na propriedade. Os dados necessários foram obtidos a partir do questionárioaplicado junto aos agricultores, onde aplicamos juntamente com o questionário para caracterização do sistema de cultivo e deprodução.

Em resumo, o primeiro passo que se refere a análise benefício-custo, permite avaliar separadamente o retorno econômicoobtido e esperado com a cultura do pêssego, para os diversos sistemas de cultivo. Enquanto que a partir da Renda Familiar foiavaliado o impacto da cultura do pessegueiro e do sistema de cultivo utilizado sobre o sistema de produção, em outras palavras,determinamos o incremento na renda familiar dado a diversificação com o pêssego.

RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados apresentados a seguir visam caracterizar de maneira geral as propriedades, a partir da análise dos sistemas deprodução; do estudo dos custos de produção e da participação esperada do pêssego sobre a renda agrícola.

Análise dos sistemas de produçãoNeste trabalho são caracterizados os diversos sistemas de produção nos municípios de Cerro Branco, Vale do Sol, Vera

Cruz e Rio Pardo quanto aos seguintes critérios:força de trabalho; mecanização; tamanho da propriedade; principais culturas; renda bruta obtida; outras rendas; formas definanciamento; local de comercialização e número de pessoas.

Primeiramente as quatro propriedades participantes do projeto no município de Cerro Branco apresentam mão-de-obraexclusivamente familiar (na média 1,3 pessoas por estabelecimento) em propriedades com um tamanho médio de 10 ha, desenvolvendocomo principais atividades o fumo, o milho e arroz. Dois produtores rurais, trabalham também como meeiros, o que possibilita umarenda a mais, ou seja, o produtor arrenda um pedaço de terra para outro produtor, recebendo uma determinada percentagem sobreo que for produzido naquele pedaço de terra. No desenvolvimento das atividades produtivas observou-se a utilização de máquinase equipamentos, a utilização de capital próprio associado, em alguns casos, e financiamento bancários (PRONAF) e a comercializaçãode seus produtos principalmente no mercado local.

Quadro 1 – Caracterização dos Sistemas de Produção nas Propriedadesdo Município de Cerro Branco, 2000 – 2001 (Média)

Propriedade A Propriedade B Propriedade C Propriedade D Origem da força de trabalho utilizada

Familiar e meeiro

Familiar e meeiro

Familiar Familiar

Grau de mecanização Mecanizada Mecanizada Mecanizada Mecanizada Tamanho da propriedade 11,0 ha 14,7 há 10,0 ha 5,0 ha

Culturas comerciais utilizadas

Arroz, milho, fumo

Fumo, milho, arroz,

piscicultura

Estufa c/ horticultura e piscicultura

Arroz, mandioca, milho

Renda bruta obtida R$ 12.415,00 R$ 17.420,00 R$ 3.848,00 R$ 4.190,00 Renda não agrícola R$ 2.160,00

Formas de financiamento Capital próprio Fumageira e capital próprio

Capital próprio Pronaf

Local de comercialização Comércio local e fumageira

Engenho local Comer. Local Engenho local

Nº de pessoas no trabalho 2 1 1 1

Fonte: Autores

Neste município observamos que a diversificação de culturas está sendo incrementada, embora no primeiro momentoestes novos produtos sejam principalmente para consumo na propriedade, por exemplo, culturas como mandioca, frutíferas ehortaliças. As principais culturas das propriedades proporcionam uma renda bruta média de R$ 9.468,25 por ano, não incluindoneste valor os produtos consumidos na propriedade.

No município de Vale do Sol as quatro propriedades também são caracterizadas pela utilização de mão-de-obra familiar,com exceção de um caso, onde a mão-de-obra é contratada (na média total existem 2,5 pessoas por estabelecimento). Nesta

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propriedade onde a mão-de-obra não é familiar o proprietário rural não depende da propriedade para o sustento da família, tendo eleoutras fontes de renda, fora a da propriedade rural. O tamanho médio das propriedades é de 21 ha, tendo como principais atividadesa produção de fumo, hortaliças e peixes. No desenvolvimento de suas atividades os produtores utilizam-se de tração animal, comexceção de um caso onde a atividades são mecanizadas, a utilização de financiamento das fumageiras e a venda dos produtos sãopara a indústria do fumo ou para o mercado local para os demais produtos.

Quadro 2 – Caracterização dos Sistemas de Produção nas Propriedadesdo Município de Vale do Sol, 2000 – 2001 (Média)

Propriedade A Propriedade C Propriedade D Propriedade E Origem da força de trabalho utilizada

Fixa, contra-tada, horista, meeiro Familiar Familiar Familiar

Grau de mecanização Mecanizada Tração animal Tração animal Tração animal

Tamanho propriedade 26,0 ha 18,0 ha 6,0 ha 34,0 ha

Culturas comerciais utilizadas

Fumo e piscicultura

Fumo Fumo e hortaliças Hortaliças

Renda bruta obtida R$ 20.380,00 R$ 6.062,00 R$ 12.322,00 R$ 1.800,00 Renda não agrícola R$ 19.500,00 ----- ----- -----

Formas de financiamento

Capital próprio Pronaf e fumageira Fumageira Capital próprio

Local comercialização

Comércio local Fumageira Fumageira Feira local

Nº de pessoas no trabalho 4 2 2 2

Fonte: Autores

Ainda neste município observou também uma diversificação nas atividades da propriedade com outras culturas, como porexemplo, milho, mandioca, feijão, cana de açúcar, bovinos, suínos, hortaliças e frutíferas, embora como no caso do município deCerro Branco estes produtos são utilizados para o consumo na propriedade. As principais atividades da propriedade proporcionamuma renda bruta média anual de R$ 10.141,00, não incluindo o valor dos produtos consumidos na propriedade.

Neste município temos um pomar essencialmente com manejo orgânico, ou seja, é um pomar que damos orientações paraprodução ecológica, sendo esta uma escolha do produtor. Neste pomar podemos observar o desenvolvimento mais sadio, porreceber manejo ecológico. Esta alternativa escolhida pelo agricultor, possibilitará a ele agregar valor no seu produto, pois a qualidadeé superior à produção convencional.

A maior parte dos agricultores de Vale do Sol, utilizam adubos da própria propriedade, ou seja, aproveitam os estercos deanimais para adubarem suas plantações, fazendo assim uma economia na aquisição de fertilizantes.

Em Vera Cruz as cinco propriedades participantes apresentam mão-de-obra exclusivamente familiar (na média existem 1,5pessoas por estabelecimento) sendo que 50% das propriedades apresentam tração animal e as demais utilizam-se de máquinas eimplementos agrícolas. As principais atividades nestas propriedades são fumo, milho, soja, hortaliças e feijão. O tamanho médio daspropriedades é 23,1 ha e apresenta como culturas de subsistência a mandioca, frutíferas e hortigranjeiros.

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Quadro 3 – Caracterização dos Sistemas de Produção nas Propriedadesdo Município de Vera Cruz, 2000 – 2001 (Média) Propriedade A Propriedade B Propriedade C Propriedade D Propriedade E Origem força de trabalho utilizada

Familiar Familiar Familiar Familiar Familiar

Grau de mecanização Mecanizada Mecanizada Mecanizada Tração animal Tração animal

Tamanho da propriedade 35 ha 16,5 ha 25,0 ha 15,0 ha 24,0 ha

Culturas comerciais utilizadas

Piscicultura Fumo, milho, mandioca

Fumo e mel Fumo e hortaliça

Hortaliça e piscicultura

Renda bruta obtida R$ 15.891,00 R$ 21.273,80 R$ 12.720,00 R$ 10.880,00 R$ 10.960,00

Renda não agrícola R$ 1.080,00 R$ 12.000,00

Formas de financiamento Capital próprio Pronaf e

fumageiras Fumageiras,

Sicredi Pronaf e

fumageiras Capital próprio

Local de comercialização Comércio local Cooperativas e

fumageiras Fumageira e

comércio local Fumageira e

ind.com. Comércio local

e feira Nº de pessoas no trabalho 1 2 1 2 3

Fonte: Autores

Quando comparamos as atividades nas propriedades deste município com os demais, observamos que existe nestaspropriedades uma maior diversificação de produtos agrícolas que contribuem na receita. O próprio local de comercialização destaspropriedades em análise varia, sendo realizada em cooperativas, fumageiras, indústria de conservas e feiras de produtor locais. Emrelação a renda bruta média anual obtida nessas propriedades fica na ordem de R$ 14.344,96.

No município de Vera Cruz, os agricultores participantes do projeto pretendem a maior parte diversificar a produçãoagrícola ainda mais, para que assim possam deixar a produção de fumo de lado, pois segundo eles a lavoura de fumo exige uma mão-de-obra muito forte e no balanço final a renda líquida é muito baixa.

E finalmente o município de Rio Pardo possui três propriedades, onde a mão-de-obra utilizada é exclusivamente familiar(na média três pessoas por propriedade) com o uso de tração animal. As vezes algum produtor paga para o trator da patrulha agrícolarealizar algum serviço na sua propriedade, quando necessário.

O tamanho médio das propriedades participantes é ao redor de 24,7 ha apresentando como principais atividades fumo,milho e a produção de carne bovina. Existe uma produção para consumo de frutíferas e hortícolas em pequena escala. A renda brutamédia nestas propriedades é da ordem de R$ 17.947,50 por ano. As principais formas de financiamento ocorre através das fumageiras.Sendo a comercialização dos produtos realizada principalmente na fumageiras e no comércio local de carnes.

Quadro 4 – Caracterização dos Sistemas de Produção nas Propriedades

Propriedade A Propriedade B Propriedade C Origem força de trabalho Familiar Familiar Familiar Grau de mecanização Tração animal Tração animal Tração animal Tamanho Propriedade 10 há 28 ha 36 ha Culturas comerciais utilizadas

Fumo, milho, bovinos de corte e mel

Fumo, milho e bovinos de corte

Fumo, bovinos de corte, suínos e bovinos de leite

Renda bruta obtida R$ 11.390,00 R$ 15.806,00 R$ 26.646,50 Renda não agrícola R$ 6.000,00 R$ 1.100,00 Formas de financiamento Pronaf e fumageira Pronaf e fumageira Pronaf e fumageira Local de comercialização Fumageiras, comércio

local e açougue Fumageiras, comércio

local e açougue Fumageiras e açougue

Nº de pessoas no trabalho 1 3 5

Fonte: Autores

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A cultura do pêssego e sua inserção nas propriedades dos municípios participantes

A partir da análise acima é possível observar que a principal cultura nestas propriedades é o fumo contribuindo ainda paraa maior parcela da renda bruta obtida. É possível também observar que existe uma certa diversificação de produtos nas propriedades,mas fica claro que a renda obtida na propriedade é oriunda principalmente de um pequeno grupo de produtos.

Com isto a cultura do pêssego busca diversificar a renda gerada na propriedade, reduzindo a dependência dos produtoresprincipalmente a cultura do pêssego. Neste sentido buscou-se acompanhar os custos de implantação e manutenção, bem comomanter uma permanente avaliação da produtividade por área e a qualidade do produto obtido.

No decorrer do ano de 1999 desde a implantação dos pomares que foi em agosto até maio de 2000, recolhemos dadosesses citados pelos agricultores referente ao plantio e a manutenção do pomar, sendo avaliado toda a parte de mão-de-obra e a partede insumos.

Analisamos os trabalhos realizados, onde colocamos o valor em reais (R$), e juntamente colocamos a percentagem decada atividade realizada, referente a cada pomar. A média de implantação ficou em R$ 746,62; não houve uma grande diferença, atémesmo porque o manejo de cada produtor não foi muito diferente um do outro, e a área de cultivo é a mesma. A média demanutenção de primeiro ano foi de R$ 292,79, tendo os valores uma diferença considerável, isso por motivo de tipo de manejo decada produtor, tipo de insumo utilizado, quantidade de insumo utilizada, tipo de solo, exigência de cada solo, etc.

Quadro 5- Custo de Produção de Pêssego nas propriedades do Município de Cerro Branco, 1999-2000 (R$/ha)8

Propriedade A Propriedade B

Custos

Variáveis

Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano

Insumos1 576,00

(87,6%)

95,80

(51,0%)

389,00

(49,61)

614,50

(62,1%)

169,37

(36,3%)

431,00

(52,82)

Serviços2

70,00

(10,6%)

80,00

(42,6%)

382,00

(48,72)

362,50

(36,7%)

285,00

(61,1%)

372,00

(45,58)

Serv.

Terceiros3

12,00

(1,8%)

12,00

(6,4%)

13,00

(1,67)

12,00

(1,2%)

12,00

(2,6%)

13,00

1,60

Fonte: Os autores.

Quadro 6- Custo de Produção de Pêssego nas propriedades do Município de Cerro Branco, 1999-2000 (R$/ha)

Propriedade C Propriedade D

Custos Variáveis

Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano

Insumos 500,00 (73,3%)

194,50 (58,7%)

260,00 46,60

555,50 (84,5%)

76,00 (40,9%)

195,00 44,36

Serviços

170,00 (24,9%)

125,00 (37,7%)

285,00 51,08

90,00 (13,7%)

97,50 (52,6%)

231,50 52,68

Serv. Terceiros

12,00 (1,8%)

12,00 (3,6%)

13,00 2,32

12,00 (1,8%)

12,00 (6,5%)

13,00 2,96

Fonte: Os autores.Como podemos observar nas tabelas acima, há valores que são aparentemente iguais. Ex: da propriedade A plantio 87,53%

e propriedade D 84,48%, isso ocorreu porque a tipo de solo é o mesmo, ou seja, quando foi implantadas as mudas, o solo nãoprecisou de tanto insumo para corrigi-lo. O mesmo ocorre com manutenção do 1º ano, ex: propriedade A 51,01% e propriedade C58,67%, os tratos culturais foram aparentemente os mesmos, aplicações de inseticidas, capinas, etc. Isso tudo depende do tipo desolo, da cobertura que o agricultor possui naquela área e do manejo que ele utiliza para cuidar do seu pomar.

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Quadro 7- Custo de Produção de Pêssego nas Propriedadesdo Município de Vera Cruz, 1999-2000 (R$/ha)12

Propriedade A Propriedade B Propriedade C Custos

variáveis Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano

Insumos

700,00 (55,9%)

129,16 (47,1%)

2308,33 83,81

626,00 (74,3%)

156,00 (41,8%)

320,00 36,28

608,86 (73,9%)

82,27 (41,4%)

96,20 37,30

Serviços

541,00 (43,1%)

133,00 (48,5%)

433,00 15,72

204,00 (24,3%)

205,00 (54,9%)

549,00 62,24

202,53 (24,6%)

104,43 (52,6%)

148,73 57,66

Serv. Terceiros

12,00 (1,0%)

12,00 (4,4%)

13,00 0,47

12,00 (1,4%)

12,00 (3,3%)

13,00 1,47

12,00 (1,5%)

12,00 (6,0%)

13,00 5,04

Fonte: Os autores.

Quadro 8- Custo de Produção de Pêssego nas Propriedadesdo Município de Vera Cruz, 1999-2000 (R$/ha)13

Propriedade D Propriedade E Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano 566,00

(67,2%) 184,00

(58,2%) 373,00 62,17

560,00 (70,7%)

108,00 (38,3%)

435,00 60,33

264,00 (31,4%)

120,00 (38,0%)

214,00 35,67

220,00 (27,8%)

162,00 (57,4%)

273,00 37,83

12,00 (1,4%)

12,00 (3,8%)

13,00 2,17

12,00 (1,5%)

12,00 (4,3%)

13,00 1,80

Fonte: Os autores.

A média de implantação ficou em R$ 910,47 e a média de manutenção ficou em R$ 288,77. Em uma propriedade qualquer,pode ocorrer um ataque de formigas muito grande, onde vai exigir do agricultor um cuidado maior, um gasto mais elevado emformicida e um gasto elevado em aplicação de formicidas. Podemos citar outros exemplos como ocorrência excessiva de insetos,que como conseqüência exigirá do produtor uma maior atividade em aplicação de inseticidas e um gasto mais elevado em inseticidas.Esses dados podem ocorrer em qualquer tipo de manejo, muitas vezes até por um fator climático, que todo agricultor e todasculturas podem sofrer.

No município de Rio Pardo, a média de implantação ficou R$ 746,74 e a média de manutenção de primeiro ano ficou emR$ 334,68. Neste município nada é muito diferente do que os outros município que estão sendo estudados. Esta diferença quepodemos notar ocorre por motivos de clima, solo, ataque de insetos, formigas, utilização de práticas para amenizar o ataque deinsetos, etc.

No município de Rio Pardo, os agricultores também estão buscando alternativas de produção para aumentar a renda, etambém ocupar todas as partes úteis da propriedade. Os produtores de deste município estão também optando pelo plantio diretoem determinadas áreas, ou seja, estão buscando alternativas de reduzir custos de produção, e tentando aumentar a produtividade.Quadro 9- Custo de Produção de Pêssego nas Propriedadesno Município de Rio Pardo – 1999-2000 (R$/ha)14

Propriedade A Propriedade B Propriedade C Custos

variáveis Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano

Insumos

533,24 (76,7%)

230,04 (43,7%)

80,00 14,47

567,00 (76,3%)

45,00 (18,6%)

304,00 41,82

620,00 (77,3%)

102,50 (43,6%)

135,00 28,97

Serviços

150,00 (21,6%)

285,00 (54,0%)

460,00 83,18

164,00 (22,1%)

185,00 (76,5%)

410,00 56,40

170,00 (21,2%)

120,50 (51,3%)

318,00 68,24

Serv. Terceiros

12,00 (1,7%)

12,00 (2,3%)

13,00 2,35

12,00 (1,6%)

12,00 (4,9%)

13,00 1,79

12,00 (1,5%)

12,00 (5,1%)

13,00 2,79

Fonte: Os autores.

No município de vale do Sol, os pomares implantados em 1998, onde um dos pomares é totalmente ecológico, a média deimplantação é R$ 741,83 e de manutenção de primeiro ano é de R$ 793,83 e a média de manutenção de segundo ano é de R$ 599,82.Como podemos analisar na tabela abaixo, a propriedade A é produção convencional, e a propriedade B é produção ecológica. Amaior parte dos custos da propriedade B estão acima dos custos da propriedade A, isso porque na propriedade B todo o manejo éecológico, sendo que todo o adubo orgânico utilizado é retirado da própria propriedade mas contabilizado como se fosse compradofora, para que assim possamos calcular todos os custos do pomar. Caso o produtor não tivesse criação de animais ele teria queadquirir o adubo orgânico, cujo teria um certo valor. É uma forma do produtor aproveitar todos os recursos que a propriedade ruraloferece ao agricultor organizado, visando diversificar a produção e aumentar a renda.

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Quadro 10- Custo de Produção de Pêssego nas Propriedadesdo Município de Vale do Sol, 1998-2000 (R$/ha)15

Propriedade A Propriedade B Custos

variáveis Plantio 1º ano 2º ano 3º ano Plantio 1º ano 2º ano 3º ano

Insumos*

520,00 (73,8%)

152,58 (27,6%)

197,33 (46,3%)

316,00 35,43

583,33 (74,9%)

400,00 (38,7%)

316,66 (40,9%)

-

erviços **

173,00 (24,5%)

399,16 (72,4%)

216,66 (50,9%)

563,00 63,12

183,33 (23,6%)

632,50 (61,3%)

445,00 (57,5%)

-

Serv. *** Terceiros

12,00 (1,7%)

- 12,00 (2,8%)

13,00 1,46

12,00 (1,5%)

- 12,00 (1,6%)

-

Fonte: Os autores.

Nesta tabela abaixo, é as análises de custos de produção dos pomares implantados em 1999. A média de implantaçãoficou em R$ 776,83 e a média de manutenção de primeiro ano ficou em R$ 284,78. Essa diferença em uma propriedade com outra ámesma das outras propriedades dos outros municípios. O município de Vale do Sol, tem um clima mais frio o que ajuda a produçãode pêssego.

Quadro 11- Custo de Produção de Pêssego nas Propriedadesdo Município de Vale do Sol, 1999-2000 (R$/ha)

Propriedade C Propriedade D Propriedade E Custos

variávies Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano Plantio 1º ano 2º ano

Insumos

617,00 (72,7%)

243,00 (58,34%)

464,00 59,64

600,00 (83,7%)

128,50 (53,6%)

298,00 43,00

632,50 (82,8%)

61,66 (31,1%)

445,50 54,98

Serviços

220,00 (25,9%)

161,50 (38,8%)

301,00 38,69

105,00 (14,7%)

99,18 (41,4%)

382,00 55,12

120,00 (15,7%)

124,52 (62,8%)

351,76 43,41

Serv. Terceiros

12,00 (1,4%)

12,00 (2,9%)

13,00 1,67

12,00 (1,6%)

12,00 (5,0%)

13,00 1,88

12,00 (1,5%)

12,00 (6,1%)

13,00 1,60

Fonte: Os autores.

Neste município, como nos outros podemos analisar que os custos de manutenção tiveram diferenças de uma propriedadepara outra, isto devido as diferenças de manejo. Diferenças de manejo essas causadas por vários motivos, um deles podendo ser pelointeresse do produtor pelo seu pomar, outra pelo ataque excessivo de formigas e insetos, afetando não só a planta como tambémelevando os gastos em inseticidas, fungicidas e o próprio aumento da mão-de-obra na aplicação deste tratamentos fitossanitários.

Dentro dos resultados obtidos gostaria de salientar a necessidade o interesse e a satisfação dos agricultores em diversificarsuas produções desde a parte de aproveitamento de todas as áreas da propriedade até ao aumento da renda. Este projeto possibilitaao agricultor uma visão de que a agricultura nunca morrerá porque podemos diversificar e não apenas produzir uma cultura. Esteprojeto possibilita posteriormente implantação de agroindústrias para beneficiamento do produto, que pode virar vários derivadosdo pêssego, entre eles, geléia e suco.

A implantação desses pomares move em suas respectivas comunidades uma geração de emprego, nas épocas de manejosmais específicos, como por exemplo, na colheita o agricultor terá determinados dias para colher toda produção que exigirá bastantemão-de-obra. Como podemos observar no quadro abaixo, a média entre município de implantação e manutenção de uma hectare depomares de pêssego não tem uma diferença significativa.

Quadro 12 – Média de implantação e manutenção de 1 hectare de pomares de pêssego nos município participantes do projeto

Município Implantação Manutenção 1º ano Manutenção 2º ano Cerro Branco R$ 746,62 R$ 292,79 R$ 649,37 Rio Pardo R$ 746,74 R$ 334,68 R$ 582,00 Vale do Sol R$ 741,83 R$ 793,83 R$ 676,81 Vera Cruz R$ 910,47 R$ 288,77 R$ 1.043,05

Fonte: Autores

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Esta diferença excessiva na manutenção de primeiro ano que podemos analisar no município de Vale do sol é explicadapelo motivo de solo com muita deficiência de nutrientes, no qual foi corrigido com a aplicação de adubo orgânico. O adubo orgânicofoi utilizado em grande quantidade, sendo ele muito caro, mas os agricultores utilizaram o adubo produzido na própria propriedade,assim ele não precisou comprar, sendo que os dados foram contabilizados como que o agricultor tivesse que comprar o aduboorgânico. Nós contabilizamos o adubo orgânico como passivo, porque esses dados que apresentamos no quadro acima refere-sesobre média de implantação e manutenção, caso alguém queira implantar uma hectare de pomar de pêssego estes são os gastos.

CONCLUSÃO:De uma maneira geral observamos que os sistemas de produção nas propriedades da região do Vale do Rio Pardo

caracterizam-se por apresentar mão-de-obra familiar, um baixo grau de mecanização, com o cultivo de fumo em pequenas propriedades.Como pontos fortes, podem ser enfatizados aspectos como um conjunto diversificado de produtos voltados ao consumo napropriedade, a utilização de capital próprio para a manutenção das atividades produtivas e a comercialização dos produtos nocomércio local, gerando benefícios na região produtora.

Por outro lado, como pontos fracos observamos uma reduzida disponibilidade de mão-de-obra no meio rural, o uso detecnologias defasadas e/ou pouco adaptadas a pequena propriedade e a elevada dependência a cultura do fumo.

Neste sentido a cultura do pêssego vem permitir a melhoria nos pontos fracos apresentados, por exemplo, com a introduçãodo pêssego está havendo uma melhor utilização da mão-de-obra ao longo do ano, permitindo com que seja contratada mão-de-obrapor maiores períodos. No mesmo sentido, a diversificação com esta cultura está introduzindo nestas propriedades novas tecnologiasmais adaptadas as condições locais, incrementando a renda destes agricultores. A exemplo disto, a introdução do manejo ecológicooportunizou o acesso a novas técnicas que podem ser utilizadas na produção de outros produtos agrícolas, bem como conduz aobtenção de produtos com maior valor agregado.

Contudo, este processo de introdução de novas tecnologias deve ser acompanhado de um levantamento dos custos deprodução nas propriedades a fim de analisar se estas tecnologias introduzidas permitirão uma sustentabilidade econômica ao longodos anos. Neste sentido, na análise dos custos na implantação e na manutenção da cultura do pêssego observamos que os maiorescustos estão relacionados aos serviços (mão-de-obra familiar) e aos insumos utilizados (adubo orgânico). Em resumo os custos deprodução refletem o comportamento dos sistemas analisados onde existe o uso intensivo de mão-de-obra e de insumos agrícolas.Ao final observou-se que, apesar dos pomares serem relativamente novos, aqueles com mais de três anos já permitiram anteciparprojeções para uma relação benefício-custo positiva já a partir do 4º e 5° ano após a implantação, tomando como base os preços demercado, os custos levantados e a produtividade obtida em cada propriedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEROLDT DA SILVA, Leonardo Alvim. Análise de Agroecossistemas em uma Perspectiva de Sustentabilidade. Um estudo desistemas de cultivo de pêssego na região da Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1998.(Dissertação de mestrado em Fitotecnia).

GRAZIANO DA SILVA, José. Tecnologia e Agricultura Familiar. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1999.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Censo Agropecuário 1995/96. Brasília: IBGE, 1996.

RODIGHERI, Honorino Roque; GRAÇA, Luiz Roberto; PINTO, Amauri Ferreira. Economicidade do Eucalipto Consorciado comCulturas Anuais do Norte Pioneiro, Pr. In: XXXV Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural - Natal - RN. Anais do35º Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural. Brasília: SOBER, 1997.

SANTOS, Gilberto José dos. Administração de Custos na Agropecuária. São Paulo: Atlas, 1993.

1 Cleiton Strassburger Fogliatto - Curso de Engenharia Agrícola. E-mail:[email protected] Augusto Mussi Alvim - Professor Departamento de Economia – UNISC.5 É um subconjunto do sistema de produção, definido para uma superfície de terreno tratado de maneira homogênea, pelas culturas

com sua ordem de sucessão e os itinerários técnicos praticados (BEROLDT DA SILVA, 1998 apud SEBILLOTTE, 1982).6 É um conjunto de produções vegetais e animais, e de fatores de produção (terra, trabalho e capital), gerado pelo agricultor comvistas a satisfazer seus objetivos no estabelecimento agrícola (BEROLDT, 1998 apud MAZOYER, 1985).7 Custos diretos são equivalentes aos desembolsos necessários para produzir em determinada área, como por exemplo, a mão-de-obra, insumos agrícolas, óleo diesel, lubrificantes, etc.9 Insumos abrange a parte de adubos químicos, adubos orgânicos, uréia, mudas, inseticidas, fungicidas, formicidas e herbicidas.10 Serviços abrange a parte de mão-de-obra, sendo elas capina de coroamento, aplicação de adubos, aplicação de inseticidas, aplicaçãode formicidas, podas, roçadas, preparo do terreno, etc.11 Serviços terceiros abrange a parte de serviços prestados por outras pessoas ou seja, serviços de terceiros, cujo neste caso foianálises de solo prestados pela central analítica da UNISC.

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CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL: O QUE SE DISCUTE ENTRE OSPENSADORES HOJE NO BRASIL

Cloviomar Cararine Pereira1

Marinete Bezerra da SilvaOlavo Brandão Carneiro

INTRODUÇÃO

O objetivo principal deste trabalho é mostrar como o conceito de desenvolvimento rural possui várias interpretações e quetem movimentado um amplo debate no campo acadêmico e nos rumos das políticas públicas brasileiras2 . Não temos a pretensãoaqui, de formar um novo conceito de desenvolvimento local, mas compreendemos que esse texto poderá contribuir para um balançosobre o debate3 .

Em alguns momentos a reflexão sobre pluriatividade e as diferenças existentes entre o meio rural e o urbano se farãopresentes, sendo de fundamental importância para que possamos compreender os conceitos de desenvolvimento rural em debate.

Como base para a discussão analisaremos o debate travado por José Eli da Veiga “Uma Estratégia para o DesenvolvimentoRural Sustentável”;José Graziano da Silva; Jean Marc von der Weid4 . Cada autor será apresentado separadamente e em um segundomomento serão feitas algumas comparações, buscando dialogar com o material levantado na pesquisa “Relações de Produção emassentamentos de Reforma Agrária: uma abordagem interdisciplinar”5 . Esperamos através deste esforço contribuir para as reflexõesa respeito da reforma agrária.

Três Olhares

O Brasil Rural precisa de uma Estratégia de Desenvolvimento6

José Eli da Veiga (2001) começa seu texto afirmando que existem dois projetos para o desenvolvimento rural e que logoapós a redemocratização do país, colocam a sociedade brasileira numa “incômoda alternativa estratégica”. Por um lado um caminhode caráter setorial, com o objetivo de maximizar o agribusiness, colocando para o setor primário a responsabilidade de minimizarcustos de produção de bens e matérias primas para o setor secundário. Através do aumento do uso de tecnologia e do uso de mão deobra especializada, que tem como conseqüências o aumento do desemprego e do êxodo rural. O autor critica esse modelo afirmandoque, no limite, este projeto gera “a monotonia de ilhas monoculturas cercadas de pastagens extensivas por todos os lados.”

O segundo projeto, defendido pelo autor, busca a pluriatividade no meio rural, “diversificando as economias locais”. Oautor procura mostrar que a agropecuária não é o caminho prioritário para o desenvolvimento local, pois,

“é muito importante entender que no capitalismo mais avançado o desenvolvimento de uma região rural hámuito tempo deixou de depender do desempenho de sua agricultura” (op. cit.: 11).

E aponta que “a dominação exclusiva da agricultura pode se transformar no maior vilão do desenvolvimento rural”.Através da comparação entre Brasil e EUA, chegou a duas conclusões para a concepção de uma estratégia de desenvolvimento.Primeiro que, “a tendência histórica estrutural ao declínio relativo do setor agropecuário teve repercussões espaciais que contrariamfrontalmente a crença brasileira em sua completa urbanização”. Ou seja, o que se esperava com o declínio das atividades agropecuárias– que seria um proporcional aumento da urbanização no país – como nos EUA, não ocorreu. A segunda conclusão é que, em relaçãoà produção agropecuária, uma região rural terá um futuro tanto mais dinâmico quanto maior for a capacidade de “diversificação” desua economia local, impulsionada pelas características de sua agricultura.

Para concretizar essa proposta de desenvolvimento, Veiga procura um “entendimento racional e sistemático” entre “aslideranças dos dois projetos no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CNDRS)”. Apontando que“Em vez de deixar o governo navegar ao sabor dos ventos soprados pelos dois conjuntos de grupos de pressão e seus respectivoslobbies, o papel do CNDRS deve ser o de promover uma eficaz concertação entre eles” (op.cit.: 7).

Outro ponto importante para a compreensão do conceito de desenvolvimento rural é a definição de rural e urbano e oprofessor José Eli procura destacar essa questão, mostrando que a atual definição que o IBGE utiliza é arcaica. E justifica-se apontandoque

“a vigente definição de cidade é obra do Estado Novo e foi criada no Decreto Lei 311, de 1938, que transformouem cidades todas as sedes municipais existentes, independentemente de suas características estruturais e funcionais”(op. cit.: 8).

O autor analisa o censo Demográfico de 2000 e o Censo Agropecuário de 1995/96 e demonstra que existe “incongruência”entre esses dados estatísticos, que “só acabará quando for superada a obsoleta visão normativa da separação urbano/rural instauradano Estado Novo... Adotando-se critérios mais razoáveis de análise da distribuição espacial do povoamento, percebe-se que a populaçãorural do Brasil é de quase 52 milhões de habitantes, parte dos quais têm laços apenas indiretos com a agricultura. A população ruraleconomicamente ativa deve estar próxima de 25 ou 26 milhões, dos quase uns 20 milhões exercem algum tipo de atividade agrícola,mas com exclusividade decrescente.” (op.cit.:39) Com essa análise o autor afirma que “o Brasil rural é bem maior do que suaagropecuária”, buscando justificar assim, que a vocação do Brasil rural não é mais a agropecuária. Dessa forma os projetos dedesenvolvimento devem estar voltados para outras formas não-agrícolas de formação de renda.

Procura também induzir um novo tipo de relação entre os governos federal, Estaduais e municipais, pois uma estratégia dedesenvolvimento precisa introduzir, também,

“uma nova visão da configuração espacial do país, pois a atual divisão político-administrativa não deve ser uma camisa deforça para o diagnóstico das macrotendências ao desenvolvimento” (op. cit.: 71).

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José Eli aponta que qualquer projeto de desenvolvimento para o Brasil deverá conter “diretrizes, objetivos, e metas quefavoreçam sinergias entre os setores primários, secundários e terciários de suas economias locais”. Incentivar todas as formas deempreendedorismo que possam explorar vantagens comparativas e competitivas de seus territórios. E esse grande número de pequenosmunicípios rurais só poderão exercer influência positiva na fixação dessas diretrizes, objetivos, e metas, “em articulações locais comos demais municípios de cada microrregião”. Essa articulação também será necessária no âmbito microrregional dos municípiosrurais que inclua o município urbano que mais os influencia.

Quem precisa de uma estratégia de desenvolvimento?7

O autor concorda com Veiga e colaboradores (2001), em que “é preciso definir uma estratégia de ação com vistas areorientar, reformular e se necessário criar outros programas que compõem o atual PNDRS”.

E também concorda que “não resolve o simples apelo ao desenvolvimento local, essa panacéia que mais uma vez procurareproduzir a dimensão da idéia de desenvolvimento como ‘libertação’ para expressar com mais ênfase as idéias de Amarthya Sen”.

Graziano afirma que uma proposta de desenvolvimento tem que necessariamente pensar nos dois espaços, tanto no ruralquanto no urbano. “Não importando qual objetivo venha compor a noção de desenvolvimento, seja ele local, regional, urbano, rural,agrícola, não-agrícola, qualquer outra palavra só atrapalha a noção de um processo amplo que vise, acima de tudo, à criação de novasoportunidades” (p.7).

O autor levanta duas questões que estão presentes em todo o texto de Veiga e colaboradores (2001): a primeira é que“podemos dissociar uma estratégia de desenvolvimento para um conjunto expressivo de municípios de uma estratégia dedesenvolvimento para o país?”; a segunda questão diz respeito a afirmativa que o texto faz, de que existe hoje no Brasil dois projetosantagônicos para o campo – o do agribusiness e o da agricultura familiar. Segundo Graziano da Silva, o erro está em derivar aoposição entre a “maximização da competitividade” do chamado agribusiness e a “diversificação das economias locais” propiciadapela agricultura familiar, como se elas fossem excludentes.

Também não está de acordo que no caso brasileiro “a palavra-chave é a diversificação, nem com a interpretação do papelda pluriatividade associada ao aumento da produtividade na agricultura familiar”. Graziano aponta que “a maioria dos excluídos pelaprimeira etapa da ‘modernização dolorosa’ da agricultura brasileira foram os que não se especializaram, os que não continuaram aproduzir basicamente para sua própria subsistência”. Esses não poderão ser a base dessa nova etapa, a da “modernização ecológica,eles já foram excluídos. Hoje são empregados vivendo no meio rural. Assim, concorda que a saída tanto para o meio rural, quantopara o urbano, no Brasil é o combate a pobreza, por meio da “criação de novas oportunidades” e não por meio de políticascompensatórias.

Quando pergunta, assim como Veiga e colaboradores (2001), “qual o futuro dos pobres do campo?” Diz que prefere nãoter entendido a resposta dada por eles. Que é: “os pobres do campo são basicamente alguns segmentos dos agricultores familiares,inviabilizados pela primeira etapa da modernização, porque possuem pouca terra, não têm educação (formal ou não), nem assistênciatécnica, etc. E a solução para isso são basicamente políticas de reforma agrária e de apoio a agricultura familiar”. Para Graziano daSilva, parece uma proposta marcada pela “utopia” de um desenvolvimento das áreas rurais com base exclusivamente na agriculturafamiliar.

Assim, uma estratégia de desenvolvimento para as áreas rurais do país, segundo o autor, “não pode deixar de encampar abandeira de ‘mais e melhores salários’, nem as demandas dos novos atores sociais que já marcam a sua presença nos espaços ruraisbrasileiros embora ainda não tenham suficiente organização para se expressarem social e politicamente como os aposentados e osneo-rurais” (pp. 12 e 13).

O autor aponta duas razões básicas que fazem com que a pobreza torne-se um empecilho aos processos de desenvolvimentolocal: a primeira drena parte substancial de recursos que poderiam formar “circuitos virtuosos” de geração de emprego e renda e asegunda limita o tamanho dos mercados locais, pois há um baixo nível per capta da maioria da população.

Com relação à discussão do conceito de rural e urbano, o autor afirma que “não vale a pena perder tempo em delimitar aseparação de algo que se quer integrar e já está sendo integrado pelo mercado de trabalho e de produtos”. A solução seria pensar empolíticas que organizem, ordenando a integração das cidades com as áreas rurais do seu entorno.

O problema da definição não está no critério adotado pelo IBGE, visto que é inevitável uma dose de arbitrariedade emqualquer definição. A idéia é assegurar a população rural os mesmos benefícios que possuem as da cidade, como luz elétrica,saneamento, água, posto de saúde e etc. Enfim, toda a infra-estrutura que possui um cidadão urbano.

Graziano afirma também, que o desenvolvimento local sustentável “deve ser entendido como desenvolvimento político,no que se refere a permitir uma melhor representação dos diversos atores, especialmente aqueles seguimentos majoritários e quequase sempre são excluídos do processo pelas elites locais”. E que a condição necessária para que ocorra desenvolvimento em umlocal ou região, é esta região apresentar o mínimo possível de “vazamento” 8 da renda gasta nesse local, tanto no município, quantona região.

Alerta então que essa não é a única condição, ainda é preciso que a estrutura econômica e produtiva existente seja permeávelà criação de novas oportunidades de modo a permitir a geração de “circuitos virtuosos de geração de emprego e renda”, na redeeconômica produtiva existente na região.

Para finalizar, José Graziano da Silva concentra em cinco grupos as políticas que serão fundamentais para o desenvolvimentodas áreas rurais:a) políticas de “desprivatização” do espaço rural – envolve programas de moradia rural, recuperação de vilas e colônias, criação de

áreas de lazer no entorno de reservas ecológicas, parques e represas; “implantação de uma reforma agrária não exclusivamenteagrícola nas regiões centro-sul do país”;

b) políticas de urbanização do meio rural – criação de infra-estrutura básica iguais ao meio urbano;

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c) políticas de geração de renda e ocupações agrícolas e não-agrícolas – estimular a pluriatividade das famílias rurais (investir noturismo, moradia, prevenção ambiental); requalificação profissional dessa população para atender a necessidade desse mercadoe também a generalização de um mercado de crédito que não seja vinculado ao atual sistema (possíveis saídas: Banco do Povo);

d) políticas sociais compensatórias ativas – aposentadoria precoce em áreas desfavoráveis, por exemplo;e) um reordenamento político-institucional – recuperar o papel do setor público como artífice do planejamento territorial.

Qual estratégia de desenvolvimento rural?9

Jean Marc von der Weid, de início procura destacar os pontos de concordância que têm com o texto do José Eli. Entreesses pontos temos: a necessidade de se discutir, “de forma organizada e ampla”, o lugar da agricultura familiar no desenvolvimentorural e este no desenvolvimento da economia do país, como um todo; trazer o debate para o terreno do desenvolvimento rural,saindo dos limites mais estreitos do desenvolvimento agrícola buscando um desenvolvimento dinâmico, através de políticas quefavoreçam esse desenvolvimento e que se articule nos espaços rurais.

O autor aponta dois principais problemas no texto de José Eli. O primeiro deles, “as inquestionáveis constatações sobre abaixa renda e a necessidade de rendas não-agrícolas para a sobrevivência de milhões de agricultores não têm qualquer explicação”.O segundo problema é descrito pelo autor como um questionamento. “Se a garantia de uma economia rural dinâmica tem comopressuposto uma agricultura familiar numerosa e dinâmica, será este 1,67 milhão10 suficiente para assegurar a base sobre a qual asoutras dinâmicas econômicas, não-agrícolas, poderão se estabelecer ?”

Assim, o autor concorda com a premissa de que existe uma necessidade de “políticas horizontais, territoriais e integradorasde várias atividades agrícolas e não-agrícolas”. Mas discorda da “inviabilidade de amplas parcelas da agricultura familiar” e apontauma ausência de orientação no texto e na proposta do projeto de lei, que se refira explicitamente à viabilização da agricultura familiare a sua necessária expansão no campo brasileiro”.

Na defesa da agricultura familiar, o autor aponta alguns dos principais problemas encontrados por essa classe detrabalhadores, que inviabilizaram e ainda inviabilizam a agricultura familiar no Brasil. Estes são: “difícil acesso a terra; má qualidadedos solos; arriscadas condições climáticas; ausência de direitos sociais mínimos; ausência de infra-estrutura produtiva; dificuldadesde acesso aos mercados; tecnologia inapropriada e concorrência desigual com os grandes produtores ou importações”.

Entre as condições básicas para garantir uma agricultura familiar numerosa, está a reforma agrária. Mas além do acesso aterra temos são necessárias outras condições, como, sair do paradigma da revolução verde, que tem mostrado em algumas experiênciasque não é a saída para o desenvolvimento rural sustentável. Primeiro porque é um modelo inviável para a agricultura familiar, poisexige altos custos em insumos que exige alta capitalização, que não é a realidade da produção familiar no Brasil. Em segundo lugar,é um modelo insustentável. Tendo os agricultores - mesmo de países mais ricos – tendo que ser sustentado por políticas protecionistasde seus governos. Por fim, e não menos importante, o modelo da revolução verde, têm altos gastos com o meio ambiente, pois háuma maior degradação dos recursos naturais.

As alternativas dos especialistas do desenvolvimento agrícola de nível internacional apontam para dois modelos: oagroecológico e a “revolução duplamente verde11 ”. O autor defende a agroecologia como o modelo mais adequado para odesenvolvimento sustentável da agricultura, pois apresenta as características ideais para a agricultura familiar.

O autor propõe 5 condições para se promover o desenvolvimento agroecológico da agricultura familiar no Brasil:a) geração do conhecimento agroecológico – tanto entre os produtores, quanto na academia onde estão os percursores das pesquisas

e da extensão;b) crédito para a transição agroecológica – “injeção de recursos para acelerar o processo”;c) beneficiamento e comercialização da produção – “além de créditos bem mais substanciais do que para a transição dos sistemas

produtivos para a agroecologia como também esforços de capacitação em gestão e em organização dos produtores”, com oobjetivo de fugir dos atravessadores;

d) valorização do trabalho da agricultura familiar;e) apoio especial aos setores mais desfavorecidos.

Em resumo, para o autor,“o projeto de lei deveria começar por adotar medidas que favoreçam um aprimoramento e aceleração da

reforma agrária, a garantia de créditos para a transição ecológica, o financiamento dos processos de geração e difusãode tecnologia, a reorientação da pesquisa agropecuária, o financiamento da verticalização da agricultura, garantia depreços que valorizem a multifuncionalidade da agricultura familiar, sanções para os impactos ambientais negativos e adepreciação do capital natural provocado pela agricultura convencional, estímulos para o fortalecimento das organizaçõesdos movimentos sociais no campo, estímulos para reciclagem e formação de técnicos em agroecologia e metodologiasparticipativos e financiamento de entidades da sociedade civil promotoras do desenvolvimento local agroecológico....”

Ainda segundo o autor, “o projeto de lei deveria orientar programas de melhoria das condições de vida envolvendohabitação, saúde, saneamento, acesso à água potável, educação adequada para o mundo rural, infra-estrutura de transporte,comunicação, eletrificação e lazer. Esses últimos programas, por eles mesmos, já provocariam uma grande diversificação do empregoe renda no mundo rural” (p.70).

Notas conclusivas

Os três autores concordam que se deve potencializar a tendência, já presente na produção familiar, das múltiplas estratégiasde composição de renda associando trabalhos agrícolas e não-agrícolas. E que o chamado meio rural, ainda hoje, não tem acesso aosserviços básicos que o meio urbano já consolidou, mesmo que de forma desigual no país.

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Concordamos com a leitura do José Graziano, que considera incompatível pensar propostas de desenvolvimento ruralsustentável sem pensar a estratégia de desenvolvimento do país como um todo. Porém, dessa conclusão, Graziano, em consonânciacom Jose Eli, secundariza a importância da agricultura em detrimento de um debate sobre pobreza e geração de oportunidade, queestariam no trabalho não-agrícola. “Um plano de desenvolvimento para os 4500 municípios rurais deverá conter também outrasdiretrizes, objetivos, e metas que favoreçam sinergias entre a agricultura e os setores terciário e secundário das economiaslocais” (Eli in Graziano, 2001:6).

A crítica de Jean Marc ao texto de José Eli, e que pode ser estendida ao texto de José Graziano, é pertinente pois recolocaa questão central : qual o lugar da produção agropecuário familiar nesses modelos de desenvolvimento sustentável que supervalorizamo potencial da renda não-agrícola? Tanto José Eli, quanto Graziano, preocupados com a inviabilidade da produção familiar comogeradora de desenvolvimento, priorizam nas suas colocações as sinergias entre os setores primário, secundário e terciário. Para essesautores os setores secundário e principalmente o terciário são mais valorizados como geradores de renda e desenvolvimento. Já JeanMarc retoma a produção agropecuária como eixo principal no desenvolvimento rural sustentável.

A pesquisa em um assentamento da Baixada Fluminense12 vem mostrando que a chamada viabilidade da pequena produçãofamiliar varia de acordo com as condições produtivas e organizativas, dentre outras. No início da formação do assentamento osprodutores conseguiram alta produtividade13 , que pode ser associada às condições edafoclimáticas mais favoráveis como fertilidadedo solo e precipitação pluviométrica. Além disso, o fato de advirem de um intenso processo de luta pela terra, através da ocupação,contribuiu para um nível de organização que favoreceu desde a produção até a comercialização. Atualmente, o mesmo assentamentoenfrenta uma série de problemas estruturais e conjunturais diretamente relacionados a falta de uma política que propicie assistênciatécnica, acesso a serviços públicos básicos (água, esgoto, escola, hospital), condições de comercialização, dentre outras condiçõesbásicas para a produção agropecuária.

Diante do que foi apresentado, não concordamos com a inevitabilidade da queda da população ativa no setor agropecuário,isto dependerá de qual projeto de desenvolvimento rural sustentável for implementado, logo, uma opção política por qual modelo ase adotar. Neste sentido, deve-se retomar a reforma agrária como central para qualquer proposta de desenvolvimento que tenha porobjetivo a incorporação de milhões de famílias, que os próprios autores reconhecem serem fruto de um modelo histórico e excludente.Reforma agrária esta que possua como um dos componentes fundamentais a transformação profunda na estrutura fundiária do país.

1 Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Aluno especial do Mestrado em ExtensãoRural da Universidade Federal de Viçosa.Graduanda em Licenciatura em Ciências Agrícolas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro2 O Conselho Nacional do Desenvolvimento Rural Sustentável/CNDRS, cujo Secretário – Executivo é o professor José Eli da Veiga,tem como principal objetivo a formulação de uma estratégia de desenvolvimento rural sustentável que oriente a elaboração de umprojeto de lei federal.3 Esse tema norteou as discussões do Fórum da Terra (Novembro 2001/SP), organizado pelo Instituto de Terras do Estado de SãoPaulo (ITESP) e pelo Núcleo de Estudos Agrários e de Desenvolvimento Rural (NEAD), que trazia como questão principal, ofortalecimento do campo para o desenvolvimento local. Os três autores desse texto foram integrantes da equipe de pesquisa “Dilemados jovens assentados e sua inserção no mundo do trabalho” UFRRJ/FAPUR/UNITRABALHO, coordenado pelas professorasCaetana Maria Damasceno e Elisa Guaraná de Castro, que teve como preocupação central a reforma agrária. Com a participação noFórum da Terra sentimos a necessidade de aprofundar o debate sobre desenvolvimento rural.4 Nos cadernos Serie: textos para discussão, publicados pelo NEAD no ano de 2001.5 Este subprojeto integra a pesquisa “Rompendo fronteiras entre o mundo urbano e rural: experiências de construção demúltiplas identidades sociais no município de Seropédica, na Baixada Fluminense.” - coordenado pelas professoras CaetanaMaria Damasceno e Elisa Guaraná de Castro DLCS/ICHS/UFRuralRJ. Para este artigo utilizaremos as observações de campo realizadasneste sub-projeto e os dados do levantamento sócio-econômico da pesquisa “Dilema dos jovens assentados e sua inserção nomundo do trabalho”, op.cit.6 O texto “O Brasil Rural precisa de uma Estratégia de Desenvolvimento”, in Série Textos para Discussão, n. 1, (Veiga et alli: 2001),deu início ao debate travado através das publicações do NEAD e foi apresentado pelo autor no Fórum da Terra, realizado em SãoPaulo, em novembro de 2001.7 Texto de José Graziano da Silva apresentado pelo NEAD, in Série de Textos para Discussão n.º 2, onde o autor debate o texto deVeiga, 2001, op.cit.8 Vazamentos aqui diz respeito aos recursos financeiros que saem da região ou, que são gastos na região mas não foram direcionadospara novas oportunidades de geração de emprego e renda na própria região.9 Texto de Jean Marc von der Weid apresentado pelo NEAD, in Série de Textos para Discussão n.º 2, onde o autor debate o textode Veiga, 2001, op.cit.

10 de acordo com José Eli, cerca de 770 mil agricultores familiares são competitivos nas condições atuais do mercado, enquanto cercade outros 900 mil podem tornar-se competitivos com o apoio de políticas públicas adequadas. (citado por Jean Marc von der Weid,p. 55).11 tratada como os cultivos trangênicos.12 A pesquisa está em andamento, no momento estamos levantando a produção agro-pecuária do início da formação do assentamentopara comparar com a produção levantada no sócio-econômico realizado na pesquisa anterior “Dilema dos jovens assentados e suainserção no mundo do trabalho”, op.cit.13 O assentamento foi premiado pelo CEASA no ano de 1994.

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“LA PRODUCCIÓN DE MEZCAL EN ‘LA ESPERANZA’, GUERRERO. EN LAANTESALA DE LA SUSTENTABILIDAD Y LA CRISIS AMBIENTAL REGIONAL”.

David Delgado Viveros1

I. INTRODUCCIÓN.

La comunidad de la Esperanza al igual que otras comunidades indígenas de nuestro país, se enfrenta a condicionessocio-económicas difíciles, las cuales son resultado, por un lado de las condiciones ambientales producidas por la ubicacióngeográfica de la comunidad y por otro, por la política neoliberal que es el eje del modelo económico dominante actual.

Como producto de lo anteriormente planteado, la comunidad ha desarrollado una serie de estrategias de sobrevivencia,para poder subsistir y como comunidad no desaparezca. Dentro de estas estrategias, las más importantes en orden de importanciason:

a) Agriculturab) Religiónc) Producción de Mezcald) Producción de cinta de palmae) Actividades de recolecciónf) Producción pecuariag) Migración

De todas estas actividades mencionadas, la agrícola es la más importante, debido a que el maíz y frijol son la basefundamental de la alimentación de los habitantes de la Esperanza, sin embargo, la producción de mezcal tiene importancia, nosolo en esta comunidad, sino también en otras partes del estado donde se produce esta bebida tradicional, por que es parte dela cultura de los guerrenses. Por otro lado debido a la certificación de origen del mezcal (en cuyo decreto se incluyen lasespecies de agave mezcalero del estado de Guerrero) y tequila aunado a un incremento de la demanda de estas bebidas en elmercado internacional hace que el mezcal se vuelva en un recurso económico atractivo para atraer la inversión de empresas,bajo el contexto globalizador.

El mercado de mezcal en el estado de Guerrero, siempre se ha caracterizado por su predominancia regional. Los escasosintentos de envasado e industrialización no han sido exitosos, debido a las prohibiciones a las que ha estado sujeta esta bebidatradicional al interior de esta región de la república mexicana.

Sin embargo, a raíz de la crisis del tequila, y del saqueo de agaves mezcaleros de las regiones productoras del estado deOaxaca para la producción de tequila, abren posibilidades de que el mezcal guerrerense pueda competir por nichos de mercadonacionales e internacionales ya existentes creados por el mezcal oaxaqueño o por nichos de mercado nuevos. Situación queestá influyendo en cambios en la forma de vincularse de los diferentes actores sociales ligados al proceso productivo del mezcalen la región, para poder acceder al mercado nacional e internacional, tal es el caso del gobierno del estado, de la OrganizaciónSanzhecan Tinemi y de los productores tradicionales, entre los que se encuentran los productores de la Esperanza.

Cuando un recurso natural entra en la dinámica que imponen las leyes del mercado en el contexto de la globalización, seha observado que quienes usufructúan esos recursos, promueven la intensificación de la producción para obtener la mayorcantidad de capital económico sin interesarse por los daños que se ocasionen al ambiente y las consecuencias sociales yeconómicas que vienen aparejadas a este tipo de problemas. Para ejemplificar lo que se acaba de mencionar el caso de la crisisdel tequila se debe a una situación de este tipo. Para satisfacer la demanda del mercado internacional de tequila se intensificóel cultivo de agave azul, materia prima esencial para la producción de tequila. Debido a la buena aceptación de este tipo debebida se incrementó el precio tanto del producto elaborado como de las “piñas de agave” (Ruiz Arrazola, 1999, Corresponsalíadel periódico La Jornada, abril del 2000).

Debido a la intensificación del cultivo de agave azul se favoreció el desarrollo del “sida del tequila” afectando al 50% dela población en pie, lo que provocó en conjunto con el crecimiento de la demanda, la caída de la producción, por que no setenía la materia prima suficiente para satisfacer las necesidades del mercado internacional y nacional. Lo que trajo que sebuscara otro tipo de agave como el mezcalero de otras partes de la república (entre ellos Oaxaca y Guerrero) para satisfacer lademanda de producción de tequila, con riesgo de perder la certificación de origen, tanto del tequila como del mezcal. Asímismo se empezó a favorecer el robo de camiones con “piñas de agave”, sobre explotación de los agaves e incremento de lapobreza en los labradores de agave, pérdida de fuentes de empleo y el cierre de empresas pequeñas que no podían competir conlas grandes empresas como la Casa Cuervo, Herradura y Sauza ( Valadez Rodríguez, julio del 2000).

Situación similar se puede presentar con los productores tradicionales de mezcal del estado de Guerrero si no se analizanlos problemas ambientales y socioeconómicos que pueden derivarse de la disminución notable de recursos naturales para laproducción de mezcal, debido a que en el proceso de elaboración se emplea leña a diferencia del tequila que utiliza gas comofuente de energía. Por otra parte los bosques de la Esperanza, así como los de otras regiones productoras de mezcal del estado,son frágiles porque crecen en condiciones ambientales extremas (suelos delgados y pendientes altas) , esto debe tenerse encuenta ya que la sobreexplotación tanto de árboles para leña como de agave mezcalero pueden ser la causa de una “tragediade los comunes”.

Por otra parte, al ser la venta de mezcal parte valiosa de los ingresos económicos familiares de los habitantes de laEsperanza (comunidad indígena nahuatl productora de mezcal), así como elemento importante de la cultura regional y estatal,la disminución o pérdida de la producción de mezcal por causa de la sobreexplotación de agave y árboles de leña puedefavorecer el incremento de la migración al perderse formas productivas que son importantes por el apoyo a la economíafamiliar y por ser parte importante de la cultura de los habitantes de la Esperanza.

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No obstante, que el planteamiento en la política estatal de desarrollar la industria del mezcal sea un elemento nuevo en losprogramas de desarrollo del gobierno del estado actual, que no se había presentado en otros gobiernos, esto esta favoreciendo unareestructuración de las redes de relación de los diferentes actores sociales que participan en el proceso productivo de mezcal,situación que se está reflejando en los bosques de la región donde se localiza la comunidad de la Esperanza. El Desarrollo de laregión con base en una perspectiva desde el poder, utilizando como uno de los ejes la producción de mezcal, no necesariamentegarantiza la equidad en los compromisos y beneficios obtenidos para los productores tradicionales, en el proceso de elaboración ycomercialización de la bebida, ni tiene como meta adicional la protección de los bosques del lugar. Para lograr una propuesta alternativaa la estrategia planteada desde el poder, para el desarrollo sustentable de la industria del mezcal, deben quedar claras las relacionesentre las organizaciones locales y solidarias en cuanto equitatividad en los compromisos y beneficios obtenidos, respeto, toleranciay seguimiento a las regulaciones que sean establecidas desde estas organizaciones, por lo que en esta investigación, analizamoscomo se vinculan los diferentes actores sociales que participan en el proceso de elaboración de mezcal en la comunidad de laEsperanza y el papel que juegan las diferentes estrategias generadas por estos, para contribuir a una producción sustentable demezcal, que permita la conservación de los bosques de la zona.

II. EL CONTEXTO PRODUCTIVO DEL MEZCAL. LA SUSTENTABILIDAD COMO MÉTODO DE ANALISIS.

Como parte del esquema globalizador y de la política neoliberal que se ha venido aplicando en nuestro páis, se hanpresentado cambios importantes en las unidades de producción en el campo mexicano situación que en diferentes aspectos hainfluido en mayor inseguridad alimentaria, la caida de los precios de productos agrícolas que son de importancia para eldesarrollo de las comunidades, deterioro de las condiciones de vida e incremento en la degradación del medio ambiente(Leff,1998; Cortez, 1998).

El efecto más importante en el sector rural por la globalización lo constituye el fenómeno de exclusión que se observaen los sectores marginados como los grupos indígenas. Se habla de exclusión por que gran parte de las políticas que seimpulsan para el área rural, han desplazado e inclusive despojado de sus recursos naturales a los que no han podido insertarseen el mercado ni como trabajadores, productores o consumidores (Cortez, op cit). Estas políticas están orientadas a favoreceral sector privado, en específico a las grandes empresas, las que encuentran un marco legal adecuado para desarrollarse, y lasmejores tierras para llevar a cabo sus actividades, debido a convenios que les permiten usufructuar la tierra sin que los dueñosde estas obtengan los beneficios necesarios, inclusive la degradación ambiental de las tierras, no es compensada, ni contempladaen los costos de operación de estas empresas (Barkin, 1998).

Este tipo de circunstancias pueden verse en la zona de tierra caliente del estado de Guerrero y Michoacán, con laentrada de las compañías meloneras y el caso de la producción de hortalizas en el estado de Guanajuato y en toda la región delBajio. Estas empresas rentan las tierras por periodos prolongados hasta de 10 años y después que se agota su fertilidad por lapráctica intensiva de la agricultura y el empleo de agroquímicos, son regresadas a sus dueños sin resarcir los daños a lastierras usufructuadas.

De toda la población rural el sector indígena se ve más afectado debido principalmente a que no son consideradosdentro de los sectores sujetos de crédito, debido principalmente a la capacidad de pago, las condiciones de tenencia de la tierraque tienen estas comunidades, la presencia de economías de escala, formas de organización social que considerarían los quedan los créditos que son condiciones inseguras para otorgar financiamientos.

Otro elemento importante a considerar en el proceso de exclusión es la falta de desarrollo tecnológico y asesoramientotécnico de que son sujetos los sectores rurales de los que hemos hablado anteriormente, intermediarismo comercial totalmentedesventajoso, lo que en conjunto con las políticas de desarrollo rural que se impulsan desde el gobierno federal, no resuelvenla situación de pobreza de estos grupos, y se traduce en un notable incremento de la presión sobpor lo que programas como elProgresa, Pronasol, entre otros, no son suficientes para atacar este tipo de problemas.

Por otra parte otros de los aspectos que han destacado por su relevancia actual, lo constituye el impacto de laglobalización en los recursos naturales y la ecología. A raíz de la reconversión del gran capital al término de la segunda guerramundial, el desarrollo del esquema que conocemos actualmente de reestructuración de las empresas y el control de laindustria alimentaria centrados en el desarrollo tecnológico tanto industrial, así como en las formas de manejar informacióny comunicación, vino a la par de un incremento sorprendente en la tasa de deforestación de los bosques, así como el aumentoen el número de ciudades con problemas de contaminación con lo cual se han observado con un mayor efecto destructivo loshuracanes, el efecto del “niño” y la “niña”, un mayor incremento notable en la degradación de los suelos y por lo tanto unincremento notable en la pérdida de la biodiversidad del planeta.

De ahí que Wallerstein(2001: 95-99), plantee que los dilemas y peligros ambientales que vivimos hoy en día, sonresultado de que somos parte de una economía-mundo capitalista. En el proceso histórico de esta economía-mundo se hatransformado la ecología, debido a que no se podido mantener el equilibrio entre el hombre y la naturaleza y ha conducido aamenazar la existencia futura viable de la humanidad. Esto es resultado de la incesante “carrera” de los capitalistas poracumular capital sin tener una limitación plausible a estas ambiciones. Además esto es parte de una visión individualista queva más allá del beneficio colectivo, por lo que en la perspectiva capitalista, acumular capital se vuelve irracional y no esprimordial una visión de producir en compatibilidad con el ambiente para la perspectiva de los capitalistas actuales, representadospor las grandes empresas. Estos plantean dos dilemas diferentes: escoger entre el empleo y el romanticismo o escoger entre elhombre y la naturaleza.

La Economía Politítica por tanto se encuentra en crisis, en virtud de que no ha encontrado aún la vía por la cual sepueda contener la destrucción ecológica. La destrucción ecológica por lo tanto tal como lo menciona Wallerstein: “ …es la necesidad de los empresarios de externalizar costos y en consecuencia la falta de incentivo para tomar decisionesecológicamente sensibles. La crisis sistémica en la que nos encontramos ha estrechado en varias formas las posibilidades deacumulación de capital, por lo cual la única herramienta posible es la externalización de costos, por lo cual los estratrosempresariales difícilmente, accederán a tomar medidas serias para combatir la degradación ecológica”.

No obstante, que por medio de una legislación adecuada puede mitigarse la destrucción ecológica, esto no ha sido

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del todo posible, por que las empresas al ver mermeda su posibilidad de acumular capital se opondrían ferozmente a unasituación de este tipo, sin embargo, no se puede descartar del todo esta posibilidad.

Es el momento de iniciar la construcción de un sistema social alternativo , en la que partamos de la base de reconocerque la producción es importante que necesitamos de plantas, árboles y animales para satisfacer las necesidades básicas de lahumanidad como son: la alimentación, la energía, la vivienda, pero también necesitamos de la estética visual que nosproporcionan, de la sombra de los árboles. Situación que debe estar por encima de la visión empresarial actual de acumulaciónde decisiones individuales como única vía para propiciar un juicio colectivo, imponiendo los intereses particulares sobre loscolectivos, tal como se presenta en la externalización de costos.

En este sentido la perspectiva de sustentabilidad se vuelve una alternativa al modelo de desarrollo actual, lo queimplica la necesidad de llevar a cabo procesos productivos sin menos cabo de la calidad ambiental y social de una regióndeterminada, por lo cual, tanto los actores sociales participantes en el proceso, como la región geográfica, obtienen beneficiosde la relación productiva.

Esta es la perspectiva que queremos analizar para construir una visión diferente de la producción a la empresarialde la externalización de costos tomando como punto de partida la producción de mezcal, en virtud que es una industria que enel estado de Guerrero está incursionado por primera vez al ámbito globalizador actual.

Para ello en primer lugar debemos reconocer que la degradación ambiental así como la compatibilidad ambientalson también categorías sociales tal como lo reconocen Solon y colaboradores (1999), por que se debe tener en cuenta que entodo ecosistema hay actividades productivas y estas solo se conciben con la participación humana. La transformación delpaisaje es resultado de estas actividades. Esta relación del hombre con su medio depende de un complejo de variables tantoambientales como sociales que determinan el grado de transformación del paisaje y de equitatividad en la obtención debeneficios.

La perspectiva de sustentabilidad que tomaremos en cuenta está basada en los planteamientos de Goodland(1995),Solon y colaboradores (1999) y Leeuwis (2000), quienes se refieren a que las actividades productivas no dañen la capacidadde recuperación natural de los ecosistemas por un lado y por otro a que el proceso productivo sea sustentable social yeconómicamente hablando, en otras palabras que los beneficios obtenidos no se queden en pocas manos y además se distribuyanequitativamente.

Para lograr la sustentabilidad de la producción de mezcal es necesario partir tanto de variables ambientales comosociales para poder realizar una propuesta que conlleve a la sustentabilidad al proceso productivo de mezcal. Las variablesque deben considerarse son:

••••• Estado actual del recurso natural. Cantidad y calidad de los recursos naturales.••••• Condiciones ambientales en las que se lleva a cabo el proceso productivo.••••• Velocidad y cantidad de extracción de recursos naturales para llevar a cabo el proceso productivo.••••• Acciones que son llevadas a cabo por los actores sociales para conservar y restaurar el ecosistema donde se lleva a

cabo el proceso productivo y la eficiencia de estas acciones.••••• Importancia Cultural del mezcal••••• Red de relaciones establecidas por los actores sociales que participan en el proceso productivo de la bebida.••••• Tenencia de la tierra.••••• Control y Mecanismos de acaparar los recursos naturales para la producción de mezcal, por parte de los actores

sociales que participan en el proceso••••• Normatividad local y gubernamental para regular la actividad productiva del mezcal.••••• Conflictos entre los actores sociales participantes en el proceso productivo y su factibilidad de resolución.

El deterioro o la conservación de los recursos naturales es en buena medida consecuencia de la relación que establecen losactores sociales ligada con el uso y manejo de estos recursos. En este sentido la situación social donde se produce mezcalinfluye sustancialmente en la transformación del paisaje de la región, en ese contexto el análisis de la problemática ambientalligada a la producción de mezcal se convierte en una categoría social que refleja la complejidad social de la región influenciadapor una serie de variables sociales y ambientales como ya mencionamos anteriormente que se entrelazan para mostrarnos larealidad social y ambiental relacionadas a la producción de mezcal. Para abordar el estudio de esta complejidadproducto de la producción de mezcal en Guerrero en el contexto de la sustentabilidad necesitamos tres tipos de estrategiasmetodológicas para acercarnos a entender la red de relaciones sociales ligadas a la producción de mezcal y su impacto en losbosques: a) Las concernientes al estado actual de los recursos naturales y las formas de manejo de estos, que se emplean en laproducción de mezcal, y la importancia cultural y económica de la bebida en la región b) Es importante considerar lasrelaciones de poder que se generan en torno al control de los recursos naturales que son importantes para la producción demezcal y el producto mismo. c) Por último debe tenerse en cuenta las estrategias para llegar acuerdos en torno con la apropiacióny manejo de espacios colectivos por parte de los actores sociales que interactúan en el proceso y la normatividad existente tantolocal como gubernamental y que influencia tienen en el comportamiento productivo de los actores sociales en el proceso, paralograr la sustentabilidad.

III. LA PRODUCCIÓN DE MEZCAL EN EL CONTEXTO DE LA REGION DONDE SE UBICA LA ESPERANZA

La región2 en la que se circunscribe la vida de los habitantes de la Esperanza, se caracteriza por pertenecer a la zonaindígena nahuatl más importante del estado de Guerrero, tanto en extensión como en el número de habitantes.

Estas comunidades indígenas han sufrido a lo largo de su historia dos conquistas y una tercera que no ha terminado aún.

III.1. La Primer ConquistaEsta fue sufrida cuando esta región, poblada por indígenas cohuiscas (quienes habitaron los territorios que hoy ocupan los

municipios de Zitlala, Mártir de Cuilapan, Chilapa, Tixtla y Chipancingo), fue invadida por los mexicas del Valle de México, estos les

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enseñaron el cultivo de maíz para que pudieran cumplir con el pago del tributo y de esta forma contribuyeran al desarrollo delimperio azteca. La huella de esta conquista son el idoma actual de estas comunidades, el cultivo del maíz, el uso de los agaves parala producción de bebidas fermentadas, la diversificación de la dieta y ceremonias religiosas como la petición de lluvia (Dávila, 1959;Santos y Álvarez, 1987).

III.2. La Segunda Conquista.La segunda conquista fue la llevada a cabo por los españoles y el proceso de dominio que se dio después de la conquista

en el proceso de la colonia y el establecimiento de las haciendas. En estas etapas se presentan los procesos que nos marca Kaplan (1983 ) de caracterización del poder establecido por los españoles, los cuales controlaron la producción, los recursos naturales, lamano de obra. Así mismo generaron el marco legal para que esto se cumpliera, se respetara y se favoreciera el despojo de tierras delos grupos indígenas. Las figuras legales para favorecer el dominio español fueron la creación de la encomienda y posteriormente delas haciendas3 , así mismo la posibilidad de acceder a mercedes permitía tomar tierras que estaban destinadas a los indígenas. No obstante lo rígido del marco legal, favoreció algunas libertades hacia los indígenas que les permitió organizarse, generar algunosmovimientos y ganar juicios, para defenderse del despojo de tierras (Santos y Álvarez, op cit).Uno de los aspectos importantes de la dominación española y de facilitar el control sobre los indígenas, fue sin duda alguna laevangelización. Parte del éxito se debió a que los evangelizadores pudieron comunicarse en la lengua de los indígenas y en ellenguaje pictográfico de estos. Los agustinos fueron los que evangelizaron esta región de Guerrero.La transformación del paisaje y el daño ambiental fue más severo en estas etapas debido a la introducción de la ganadería mayor ymenor (bovino, ovino y caprino), la reestructuración productiva basada en nuevos cultivos y la introducción de tecnología quepermitió intensificar la producción.

Las estrategias de los indígenas como respuesta a estos procesos, se basó en la aceptación de estas formas productivas yadecuar la religión católica a su religión, lo que les permitió mantenerse como grupo.

Otra estrategia para evitar ser esclavizados por las haciendas, era escaparse hacia la sierra, en la que construían una casa yse mantenían de la recolección, caza y de lo que podían cultivar.

El despojo de tierras ya sea por la fuerza de las armas o por la vía legal han sido detonadores de rebeliones de estos gruposdel estado de Guerrero, Esto se debe principalmente al significado simbólico que tiene el territorio y de formación de identidadesligadas a este, que asociado a todo el sistema cultural determina su pertenencia de grupo. Ejemplo de estos movimientos podemoscitar el que se presenta por el decreto de la Ley Lerdo, que prohíbe la propiedad comunal, que era el sistema de tenencia de estosgrupos. La rebelión de los indígenas guerrerenses se da contra los liberales quienes promovieron este decreto, no obstante que enuna etapa de la historia de Guerrero fueron sus aliados (Salazar, 1987; Ravelo, 1987; Molina, 1987;.Centro de Información y Culturade la Zona de la Montaña. 1991(a), 1993, 1994).

Uno de los sinergismos de la cultura europea con la cultura indígena de esta región lo constituye el mezcal, que es laadopción de los indígenas de los procesos de destilación para la producción de alcohol de caña, sustituyendo la caña por el agave. Elmezcal fue rápidamente adoptado por los indígenas inclusive por los españoles.

Otra herencia de esta etapa y reflejo del sinergismo cultural de la región lo constituyen las fiestas religiosas entre la quedestaca el festejo a San Nicolás de Tolentino, santo italiano del siglo XIII, traído a México por los Agustinos (Dehouve, 1998).

III.3. La Tercer ConquistaLa tercer conquista se ha estado efectuando como parte del proceso modernizador actual que está orillando a los grupos

indígenas de la zona, adoptar diferentes estrategias de reproducción para susbsistir como grupo social en el marco económico actualcon el consabido impacto a los frágiles ecosistemas de la región.

Dentro de estas estrategias se destacan la producción agrícola actual, elaboración de artesanías de palma, producción demezcal, recolección de leña y productos no maderables, comercio en pequeña escala y migración a otras zonas del país y el extranjero,lo que forma parte de la precaria economía familiar.

La actividad agrícola en la región se caracteriza por los sistemas de maíz-frijol, maíz-frijol-alelón4 y maíz-frijol-calabaza.Sin embargo, las condiciones fisiográficas caracterizadas por la Sierra Madre del Sur y la Cuenca del Río Balsas, favorecen lapresencia de suelos someros con gran cantidad de carbonatos, aunado al período de sequía prolongado en la zona que es de 7 meses,por lo que las cosechas obtenidas son muy pobres, el rendimiento de maíz obtenido oscila entre los 600 hasta los 750 Kgs. porhectárea. Este maíz es de susbsistencia y debe complementarse con productos de recolección como el miltomatl, yepaquelite,zompantli y huaje, arvenses y árboles respectivamente propios de la región que contribuyen a la alimentación de los habitantes de lacomunidad.

Las zonas a las que se migra son a las zonas cafetaleras tanto del estado como de Oaxaca y Chiapas, pero principalmentese migra al Noroeste del país específicamente a los estados de Sinaloa y Sonora a la cosecha de hortalizas y jitomate. El periodo demigración es de los meses de Noviembre hasta el mes de Abril, mes en el que regresan a preparar sus tierras para el temporal.Últimamente se ha empezado a migrar a los Estados Unidos como una alternativa más de sitios de migración. Esto se debeprincipalmente a que los sitios de migración nacionales no les está favoreciendo en su economía ya que del 30 y hasta el 50% de susganancias son invertidas en problemas de salud y traslado de regreso a la comunidad. Esto demuestra que no siempre cuentan conapoyo a sus problemas de salud, además comentan que los niños se atrasan en sus estudios. Afortunadamente la tasa de migraciónen la comunidad de la Esperanza es del 25% y solo existen 10 personas en los Estados Unidos a diferencia de otras comunidades delestado de Guerrero, donde la tasa migratoria es del 70%. Una de las razones que han favorecido en la comunidad de estudio que nosea muy alta la tasa de migración, son por un lado el costo económico y social que representa migrar, la fuerza de la identidad culturalal territorio y a que todavía se cuenta con la posibilidad de poder mejorar la economía con la utilización de recursos forestales comolo es la producción de mezcal. En las zonas donde se observan las tasas altas de migración es principalmente por que ya no cuentancon recursos forestales suficientes para mantener la economía familiar.

Las condiciones geográficas determinan que la aptitud de los suelos sea más adecuada al aprovechamiento forestal, por talmotivo se sustenta el aprovechamiento de palma y producción de mezcal. La palma (Brahea dulcis)es un elemento importante de la

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vegetación secundaria de estos lugares ya que es un árbol multipropósito, ya que se aprovechan las hojas para la elaboración de cintapara artesanías, techos de las viviendas y el fruto como fruta de estación. La elaboración de cinta de palma para fabricación deartesanías como sombreros, es una actividad ingrata ya que por la elaboración de 20 metros de cinta de palma equivalente a 3 o 4horas de trabajo reciben un peso (10 ctvs. de dólar ). Por tal motivo esta actividad se ha vuelto familiar tanto adultos como niños ladesarrollan para que puedan obtener alrededor de $ 10.00 pesos (un dólar), por día de trabajo.

En este contexto el mezcal se ha vuelto un producto importante en la economía regional, debido a la denominación deorigen obtenida para este producto.

Las materias primas con la que se elabora el mezcal en la zona de estudio es el Agave cupreata y los encinos (usados parala obtención de leña), especies características de los bosques de esta región, localizados desde los 1500 hasta los 2000 metros sobreel nivel del mar.

Para la elaboración de mezcal se siguen las siguientes etapas:

a) Selección de la planta (cuando está brotando la inflorescencia),b) Labrado del magueyc)Transporte a la destiladora y cocción de las cabezas,d)Machacado de las cabezas e) Destilación.

La identidad que se ha formado en torno al proceso de mezcal, de reconocerse mezcaleros, está matizada por la adopciónde lo moderno y lo tradicional. Lo tradicional que viene del conocimiento histórico del medio que les circunda, de la apropiaciónterritorial y lo moderno del proceso de destilación y comercialización del producto elaborado, envasado en botellas de “coca cola” deun litro hasta dos que son las medidas de venta mas usadas. El uso de garrafón de 20 litros sólo se hace en pedidos para fiesta.

La selección de magueyes para el proceso de producción se hace con base en la aparición de la yema de la inflorescenciade ésta planta (calehual). No es una selección arbitraria, es precisamente en ésta etapa cuando el maguey concentra más azúcares,que le servirían en su proceso normal para el desarrollo total de la inflorescencia hasta la producción de semilla. Éste conocimientose ha adquirido después de varios años de constante apropiación del territorio. Por otra parte, no sólo se conocen las etapas dedesarrollo de la planta, sino los lugares en los que se desarrolla y qué lugares son mejores para el crecimiento de ésta planta, con basea la ubicación del sitio, las condiciones ambientales de suelo, temperatura y humedad. En el caso de la Esperanza tienen un mapa desus parajes, por lo que saben perfectamente cuales son los sitios donde crece mejor el maguey, una de las fábricas de ésta comunidadse encuentra cerca del sitio donde abunda más el maguey en este momento.

En el contexto del procesamiento de la “cabeza o piña” del maguey mezcalero, la identidad está determinada por elconocimiento de las calidades de las plantas empleadas que producirán un sabor más dulce o más amargo al mezcal, por la cantidadde leña empleada, el tiempo de cocción de la “cabeza o piña”, el tiempo de fermentación, la forma y el número de veces que hay quedestilar y las calidades de mezcal obtenidas en el proceso de destilación (punta, parejado y cola). Con esto se puede observar que nocualquiera es mezcalero, que se requiere de conocimiento y experiencia, esto es lo que le da la identidad a quien produce mezcal y sediferencia de quien no lo sabe producir.

En el caso de la identidad cultural asociada a considerarse “buenos bebedores” de mezcal, ésta vinculada a la identificaciónde calidades del mezcal, de identificación de género y de vincularse a su mundo simbólico que se encuentra ligado a su sistemareligioso y por lo tanto a su relación tempo-espacial de su mundo festivo (no se puede beber mezcal en todo momento, existe untiempo y un espacio para hacerlo).

Los “buenos bebedores” de mezcal identifican cuando un mezcal no es adulterado de uno que si lo es, y si el mezcal esparejado o de punta. En éste último caso el mezcal que mas se bebe es el parejado (de 50 grados de alcohol), sin embargo, el de puntaes el que consideran de mejor calidad, debido a que es el más concentrado y el más fino en la perspectiva de la comunidad.

A diferencia de los agaves mezcaleros de Oaxaca y los tequileros , en el estado de Guerrero no se cultivan por lo que seaprovechan in situ, la razón expresada por los habitantes de esta región es que consideran que existe en abundancia y no hay motivopara cultivarlo, sin embargo con los datos que hemos obtenido en campo se puede observar que en promedio se emplean 3 cargasde leña por casa/semana, el total de casas es de 250, por lo que en una semana se consumen 750 cargas de leña. En un año seconsume en la comunidad 40,500cargas de leña. De un árbol se obtiene en promedio de 3 a 5 cargas de leña, por lo que el consumode árboles al año son alrededor de 8, 100 a 13, 500 árboles (según el grosor del fuste y el tamaño del árbol), por año de leña para elhogar.

En el caso del mezcal se emplean de 40 cargas de leña en cada horneada y proceso de destilación. En un año se utiliza 5veces la fábrica, por lo que en un año en cada fábrica se consumen alrededor de 200 cargas de leña, lo que equivale a 10 árbolesempleados por año por fábrica. Hace dos años se contaba con tres fábricas en la actualidad existen 4 fábricas por lo que se consumenen la actualidad en un año 8000 cargas de leña para la fabricación de mezcal, lo que equivale a 400 árboles anuales. En cada fábricaen promedio se emplean alrededor de 300 agaves cada vez que se produce mezcal por lo que en un año en todas las fábricas seconsumen alrededor de 6000 agaves por año. Esto equivale también a cerca de 9000 litros de mezcal producidos por año. Estoequivale a $270,000 obtenidos en un año por la venta de mezcal, el 30 % de este dinero se queda en manos de los fabriqueros que sondueños de las fábricas privadas, 15% para la comisaría ejidal y el resto se reparte entre quienes participan en la producción de mezcal.Considerando datos tomados en campo se obtuvo una densidad promedio de:48 agaves maduros(listos para producir mezcal)/ha.612 agaves juveniles ( con aproximadamente 4 años para alcanzar la madurez)/ha.430 agaves que les falta 6-7 años para madurar/ha.En la comunidad existe alrededor de 1500 hectáreas con agave y leña, si se considera que existe una tasa de 50% de agave que no sealcanza aprovechar se tienen 915600 agaves que pueden emplearse para producir mezcal. Si se mantiene el ritmo actual de explotaciónel recurso sin ninguna estrategia de recuperación, puede alcanzar hasta alrededor de 150 años en acabarse.

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IV. PRODUCCIÓN DE MEZCAL, ACTORES SOCIALES E INSTITUCIONES COMUNITARIAS5 . ¿SUSTENATBILIDADO CRISIS AMBIENTAL?La comunidad de la Esperanza en el contexto legal, es un ejido y la población que habita esta población es 1555 habitantes deacuerdo a los datos preliminares del censo poblacional del año 2000 (figura 8). La población es indígena, hablante del náhuatl.

La comunidad de la Esperanza cuenta con un territorio de 3000 hectáreas. El 50 % del territorio se ha dejado para laexplotación forestal (leña, agaves mezcaleros, caza, etc.) el restante es ocupado por el asentamiento humano, la superficie parcelada(aunque se llega a sembrar en valles intermontanos que se salen del área parcelada), tierras de agostadero y solares.

Las autoridades de la comunidad se constituyen por un comisario, el secretario del comisario, un comisariado ejidal, elcomité de vigilancia, la Asamblea.

El comisario y su secretario se nombran cada año y se encargan de relacionarse con las autoridades municipales con lasque se vinculan para resolver los problemas en cuanto a la realización de obras de carácter social, pago de servicios. Así mismo sevincula con la Asamblea general para resolver problemas de carácter delictivo, de organización de la fiesta del 2 de mayo (figura 11).Además el comisario se encarga de la vigilancia de la seguridad pública de la comunidad. Cuando no se pueden resolver problemasde diferente índole que se abordan en la Asamblea de la comunidad, recurre al síndico municipal que corresponde intermedie en laproblemática de la comunidad. Por otra parte se encarga de autorizar, vigilar y si se puede apoyar la intervención de organizacionesque participan con carácter de realizar estudios que favorezcan o apoyen el desarrollo de la comunidad.

El comisariado ejidal es nombrado por tres años, su labor es independiente pero puede apoyarse con el comisario cuandose requiere la participación de las autoridades municipales. El comisariado se encarga de citar a la Asamblea de ejidatarios (la mismagente de la Asamblea general, ya que todos los adultos que radican en la comunidad tienen, tierras dedicadas a la agricultura y/oproducen mezcal), para organizar la producción agrícola, asignar por votación los sitios para la explotación de agave para fabricarmezcal, discutir sobre la asignación de sitios para reforestar y establecer áreas de conservación, organizar las áreas que van aemplearse como agostadero para la producción pecuaria. En conjunto con el comité de vigilancia se encarga de supervisar que secumplan las disposiciones establecidas en la Asamblea, vigilar que la leña que se corte sea de árboles secos y tirados, por último seencarga en conjunto con la Asamblea de aplicar la sanciones correspondientes a quienes han violado las normas establecidasaplicadas en las estrategias productivas que tiene la comunidad.

El comité de vigilancia se cambia anualmente y es nombrado por el comisario. También apoya las acciones de vigilanciadel comisariado ejidal. El comité de vigilancia se constituye por los recién casados. Su primer trabajo importante lo constituyeprecisamente vigilar la seguridad pública de la comunidad y las disposiciones de la Asamblea. La consagración del comité de vigilanciase realiza en la fiesta del 2 de mayo, en la ceremonia que se organiza para pedir la lluvia, en la cual también se relaciona la fertilidad.

Dentro del capital social de la comunidad de la Esperanza una institución importante la conforma la Asamblea General. Esa través de esta institución que se resuelve la problemática de la comunidad, se sanciona a quienes violan las disposiciones de esta ycometen actos delictivos, se organiza la producción, se discuten los diferentes mecanismos para llevar a cabo el desarrollo comunitarioy la participación política. Para vincularse con organizaciones externas y organizar de mejor manera el trabajo productivo se nombrancomisiones. Tal es el caso del comité de reforestación que se vincula directamente con la Sanzhecan Tinemi y se encarga de administrarel vivero forestal y coordinar las actividades de reforestación y cuidado de las plantas que se tienen en el vivero.

En el caso del mezcal se ha nombrado el comité del mezcal, para apoyar la organización de la producción obtenida en lafábrica de la comunidad y esta ligada directamente a la comisaría ejidal. Este comité es nombrado también en asamblea y para laselección de los miembros se busca que conozcan del proceso productivo del mezcal. La producción que se obtiene de la renta de lafábrica comunal es concentrada por este comité y el dinero de la venta de este mezcal se emplea para el apoyo de obras para mejorarla producción de mezcal, como la compra de tinas nuevas, gasolina para el transporte de la fábrica, ya que esta es semifija.

Las actividades agrícolas, pecuarias y de carácter forestal son asignadas y reguladas en las asambleas a las que convoca elcomisariado ejidal con base en la ubicación de las tierras, la tenencia de la tierra, las restricciones al manejo del o los recursos que sevan a usar. Con los acuerdos que se toman se llevan a cabo las actividades productivas de la Esperanza, el cuidado a las regulacionesestablecidas es llevado a cabo por el comité de vigilancia quien supervisa que se cumplan los acuerdos tomados.

El agave mezcalero es un recurso forestal, ya que no se cultiva en la región mezcalera donde se localiza la Esperanza. Porlo tanto las poblaciones de agave mezcalero se encuentran localizadas en las áreas de bosque de encino, espacios que debido alrégimen de tenencia de la tierra comunal son consideradas de uso común, por lo cual son recursos de la comunidad.

Es por este motivo, que el permiso para asignar sitio, para labrar maguey, establecer una fábrica, y el pago de impuestospor el uso de los recursos comunales, es determinado en la Asamblea coordinada por el comisariado ejidal, quien al final después dela autorización para llevar a cabo esta actividad productiva, da el permiso correspondiente. Como ya se mencionó el cumplimiento alas restricciones establecidas al manejo del recurso es asumida por el comité de vigilancia. Esto llevó a la comunidad para protegerel recurso a la construcción de una normatividad que tiene como objetivo regular el labrado de maguey y que se proteja este recursocomunal. La normatividad consiste en los siguientes puntos, los cuales permiten regular parte del proceso de elaboración de mezcal:

I. De la selección del sitio. II. De la selección de plantas y conservación de plantas con semilla. III. De la vinculación con lasfábricas privadas y la comunal. IV. De las sanciones.

I. En lo referente a la selección del sitio se realiza conjuntamente entre el comisariado ejidal y el consejo del mezcal de lacomunidad. En Asamblea se asigna el sitio para explotar el maguey mezcalero, el cual corresponde a 10 hectáreas enpromedio. Este se renta al productor en la cantidad de $1,800. 00 por mes. El cual puede cubrir el costo en efectivo o enmezcal.

II. La selección de las plantas se hace en consideración de “capar” las plantas que están listas para ser usadas. El capadose permite solo en plantas que les está brotando el calehual hasta cuando éste tiene como máximo un metro. No sepermite cortar el calehual de plantas próximas a dar semilla ni de menor edad. El trabajo debe iniciarse en los puntosque se fijan para tal fin, para lo cual el aprovechamiento de los magueyes se hace en sentido recto, por lo que una vezque se terminó de recorrer el sitio asignado, no se podrá regresar. Esto se hace con la finalidad de dejar plantas para laproducción de semilla. Una vez terminadas todas las actividades se deja descansar al menos un año la tierra para dar

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tiempo a la recuperación del maguey. La comisión de vigilancia hará un recorrido por la zona para verificar que seestán cumpliendo estas disposiciones.

III. Las fábricas privadas solo pueden rentar su fábrica, no así el maguey que es de propiedad comunal. Por lo que lapersona o personas designadas para producir mezcal tienen que pagar el maguey que emplean a la comunidad y larenta al de la fábrica6 . En el caso de la fábrica comunal se deja una cantidad de mezcal en calidad de renta queequivale al 5% de la producción obtenida. Los recursos provenientes por la renta de la tierra y de la renta de la fábricacomunal son manejados por el comisariado ejidal y asignados a obras de beneficio común ligadas a este sistemaproductivo.

IV. Las sanciones que se aplican a quienes violan estas disposiciones son la detención de la persona y el pago de multasde $1000.00 hasta $1,500.00 o en su defecto se cita a una Asamblea comunitaria donde se presenta el caso y sesanciona al infractor, el pago de esta infracción consiste en invitar un refresco a cada uno de los asistentes a laAsamblea. Si no cumple el infractor se encarcelará hasta que pueda cubrir su sanción.

Esta normatividad establecida a decir de algunos de los mezcaleros entrevistados, no siempre se cumple en todos suspuntos. De las infracciones más comunes que se cometen y no se sancionan son: a) Labrado de magueyes que no tienen la edad“madura” para producir mezcal, b) capado de magueyes próximos a dar semilla. Estas infracciones a la normatividad se presentanporque no existen los recursos humanos, ni el tiempo suficiente para vigilar estas actividades.

La normatividad asociada al mezcal rige las etapas básicas de la producción de mezcal en la comunidad de estudio, pero la construcciónde hornos, la corta de leña para mezcal y el manejo de aguas residuales y manejo de desechos no son contemplados en la normatividadlocal. Aspectos que deben considerarse para que la normatividad impulsada por la comunidad permita proteger el recurso y disminuirel impacto ambiental al bosque

Además si no se cumple con los compromisos adquiridos por la normatividad tal como lo planteó Ostrom(2000), pueden presentarse situaciones de oportunismo en algunos miembros que aprovechando la situación de poder “burlar” lanormatividad establecida puedan obtener mayores beneficios de los miembros del grupo que participan de los beneficios de regularla producción de mezcal. Si este tipo de conductas se vuelve una constante en el caso extremo puede llegarse a presentar una“tragedia de los comunes”. Cabe mencionar que esta normatividad es local y el gobierno está construyendo una normatividad queno toma en cuenta la participación de quienes son los actores sociales más importantes del proceso, los productores tradicionales demezcal.

La comunidad de la Esperanza en el contexto productivo se encuentra ligada al papel que juegan la Organización CampesinaRegional Sanzhekan Tinemi, con sede en Chilapa, Guerrero y los programas gubernamentales.

IV.1 La Participación Del Gobierno Del Estado

Dentro de los recursos naturales de estas regiones, el agave mezcalero, se está convirtiendo en un polo de atracción para lainversión económica, por causa de los siguientes factores:a) La denominación de origen del mezcalb) Los agaves mezcaleros se distribuyen ampliamente a lo largo de la Sierra Madre del Sur que atraviesa estas regiones.c) La crisis del tequila, que ha afectado también la producción de mezcal de Oaxaca por el saqueo de agaves mezcaleros

que ha sufrido este estado, agave que es empleado en la producción de tequila (Ruiz Arrazola, 1999, Corresponsalía delperiódico La Jornada, abril del 2000).

d) En el estado de Guerrero la industria del mezcal no se ha desarrollado, por lo que esta industria puede despegar por elvalor comercial que tiene la bebida tradicional en el mercado internacional y competir con el mezcal que se produce enOaxaca, por la conquista de nichos de mercado existentes y nuevos.

e) Con base en la información obtenida de la entrevista realizada al coordinador de la industrializadora de mezcal “ElTecuan7 ” y entrevista al encargado de organizar el proceso de regulación del manejo de zonas donde se obtiene agavepara elaborar mezcal de la SEMARNAT, dos miembros del consejo estatal del mezcal se observa que el gobierno delestado ha puesto la mira en desarrollar la industria del mezcal para ello ha desarrollado una estrategia a diferentesniveles para controlar el mercado y los precios de compra y venta de mezcal: la primer línea está en fijar precio decompra a los productores de mezcal, lo que se vislumbra como una forma de generar precios de garantía que permitancontrolar el mercado estatal de mezcal. En la actualidad se está pagando el litro de mezcal en el Tecuan a $20.00. Loscostos de producción por litro de mezcal son entre 18 y 20 pesos por litro. La segunda línea que está impulsando elgobierno es cambiar que se maneje en estado silvestre el agave hacia agave mezcalero cultivado, utilizando diferentesprocesos entre ellos la reproducción asexual por medio de apomixis8 , con la finalidad de bajar el tiempo de madurez delagave para mezcal de 8 y 10 años a 5 años y esto permita incrementar la producción de agave y por lo tanto de mezcal.

La tercera línea es acaparar el mezcal de las mezcaleras tradicionales, buscando con ello controlar el mercado estatal demezcal.

Para lograr este propósito está tratando de conformar una organización de mezcaleros tradicionales de la zonaabsorbiendo otras organizaciones y de mezcaleros que no están organizados, con el objetivo de conformar una organizaciónque pueda ser controlada por el estado, la cual se vincularía directamente con el consejo estatal del mezcal.

La cuarta línea es “comprar barato y dar caro”. El proceso de industrialización de homogenización, redestilación,embotellado y etiquetado permiten al Tecuan vender los ¾ de litro a $75.00 y $90.00 por el litro completo, mientras que alproductor tradicional le pagan a $20.00 por litro. Las ganancias para el productor tradicional de estar ligado a esta organizaciónprácticamente no existen.

La quinta línea pone atención en la reforestación con agaves mezcaleros lo cual se ha establecido en el plan estatal dedesarrollo. Situación que es de preocupar por que no se pone énfasis también en la reforestación de los árboles que se utilizanpara leña. Si se intensifica la producción y no se establecen las normas necesarias para manejar adecuadamente los árbolesque se emplean para leña en la producción de mezcal esto puede conducir a una sobreexplotación del recurso y tener unasituación de reducción de los bosques de la región.

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Otra situación que se está presentando en la región, las cuales han sido señaladas por Sánchez(1997); Pérez(1997),esque el gobierno del estado está interesado en controlar la región por medio de una mayor presencia militar en las zonas dondese han aparecido grupos subversivos, diseñar programas de desarrollo que tienen efectos colaterales de dividir la organizaciónsocial independiente por medio de la promoción de organizaciones sociales afines a la perspectiva estatal, las cuales recibiránmás apoyo del gobierno.En la actualidad se encuentra en estudio la conformación de una normatividad impulsada por el gobierno del estado a través, delConsejo Estatal del Mezcal, para regular el proceso de elaboración de mezcal y conservar el recurso del agave.

La base de esta legislación parte de retomar marcos normativos impuestos en la legislación nacional forestal, en virtud queal manejo del agave mezcalero es un recurso forestal silvestre. Para lo cual por intermediación de la del medio ambiente se reguleesta actividad.

El camino que se está planteando es proponer UMA’s (Unidades de manejo), que estén avaladas por técnicos forestalesregistrados. En éstas unidades de manejo, deben planificarse el manejo del agave en todas las etapas del proceso. Destacando losimpactos ambientales y sus estrategias de remediación. Si se lleva a cabo esta propuesta los productores tradicionales de mezcaltendrán que pagar un técnico para que les dé la firma, lo cual promoverá un desacuerdo entre el gobierno y los productores demezcal, por que esto incrementará los costos de producción.

Por otra parte en lo que respecta al cambio tecnológico en el que quiere incidir el gobierno considera las siguientes etapas:a). Modernización de los mecanismos de molienda de maguey labrado.b) Hornos para cocimiento de maguey y proceso de destilación.

Pero en este momento por lo menos en comunidades como la Esperanza no se tienen los recursos económicos para hacerlos cambios tecnológicos a los que quiere llegar el gobierno, esto solo puede lograrse por medio de la intervención de empresasprivadas que tengan los recursos económicos para hacerlo. Lo que afectaría a las organizaciones de productores locales que nopuedan modernizarse, por lo que tendrían que entrar a una estrategia de privatización y de pérdida de presencia en esta fuente deingreso.

Esto puede traducirse en la pérdida de las normativas locales de regulación de la producción y por lo tanto que no segarantice la protección de los recursos forestales no obstante, que las normatividades locales tengan deficiencias.

Un hecho es seguro que la estrategia del gobierno está en marcha, aunque no ha encontrado los canalesadecuados para impulsarla. Por otra parte se está poniendo en riesgo a los bosques de la zona que son el único recurso con elque cuentan los habitantes de está región, por que no solo es agave lo que se emplea en la elaboración de mezcal, sino tambiénleña que le da ese sabor característico a la bebida, y en las medidas de conservación no se contempla la regulación para el cortede leña con fines de producción de mezcal. Prueba de ello es que en el plan estatal de desarrollo, en las estrategias de plantacionesforestales y planes de reforestación se tiene contemplado para las zonas montañosas, donde se produce mezcal, hacerlo conagave mezcalero.

IV.2. La Participación de la Sanzhecan Tinemi

Ante este escenario la Organización Sanzhecan Tinemi, quien también es miembro del Consejo Estatal del Mezcal, através del área de reforestación se ha planteado incursionar en el proceso productivo del mezcal de forma alternativa a la empresa el“Tecuan”, en la región mezcalera de las comunidades en las que tiene relación la organización, en le región de Chilapa.

La Sanzhecan Tinemi, desde los años ochenta ha promovido la organización campesina de forma alternativa a los esquemasde desarrollo impuestos por el estado. Primero generando una estrategia de abasto de fertilizantes químicos y posteriormente reconocerotras problemáticas que afectaban y afectan en la actualidad el desarrollo comunitario de la región.

Esto llevó a la organización a moverse de forma alterna sorteando relaciones de poder, al presentar propuestas alternativastanto de sistemas productivos, como de formas de organización social ( Meza, 2000).

Las áreas que conforman la organización, son las formas de vincularse que han surgido en el seno de la organización conlas organizaciones de campesinos. Estas áreas son: Caja de ahorro, Organización de Mujeres, Taller Artesanal de palma y Área dereforestación, el objetivo central ha sido el de generar estrategias de desarrollo que sean incluyentes surgidas desde la base de lasorganizaciones campesinas y compatibles con las condiciones ambientales y culturales del lugar (Meza, op cit).

El área de reforestación de la organización es la que ha establecido una serie de programas para aprovechar los recursosforestales y a su vez generar estrategias que los protejan, así mismo rescatar el conocimiento tradicional de los recursos naturales,experimentación campesina, construcción de viveros forestales manejados por las mismas comunidades y manejo y construcciónde áreas protegidas de recursos naturales.

Debido a las desventajas sociales que ha mostrado el “Tecuan” para organizar y embotellar el mezcal, la Sanzhecan estáconstruyendo los mecanismos necesarios para la construcción y puesta en marcha de una homogenizadora y embotelladora demezcal, con base en las organizaciones campesinas que son socias de la Sanzhecan.

Para llevar a cabo esta meta la Sanzhecan Tinemi, se planteó la siguiente estrategia:a) Reunirse con los productores tradicionales de mezcal para construir las estrategias de regulación del proceso de producción

de mezcal para que no sean afectados los bosques de las zonas productoras con base en las condiciones ambientales yculturales propias de estos lugares.

b) Llegar a un precio de garantía por litro de mezcal, que permita a los socios participantes obtener una ganancia sobre loscostos de producción. Este precio será acordado por los socios participantes

c) Conseguir el financiamiento necesario para construir la planta homogenizadora y para la elaboración de las botellas.d) Construir un mercado solidario internacional, que no sea a través de las grandes empresas que buscan acumular capital sin

que les importe las condiciones sociales y ambientales del lugar.e) Las ganancias obtenidas por la organización sirvan para mejorar las condiciones sociales de las comunidades, mediante

criterios que se acuerden entre las comunidades participantes.f) Dar apoyos para construir fábricas de mezcal de carácter comunal.g) Aprovechar la infraestructura desarrollada por los viveros forestales para organizar la reforestación con agave mezcalero

en zonas propuestas para tal fin

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Estas metas están en construcción y se han empezado a desarrollar por medio de programas que ha impulsado la Sanzhecan enlas comunidades. Dentro de estos programas destacan el programa de producción de plántulas de agave mezcalero en los viverospara reforestar. Se están otorgando las barricas de madera, para la construcción de fábricas de mezcal comunales. Se han llevadovarias reuniones con los representantes de las comunidades socias para poder construir esta propuesta con base en la organizaciónde las comunidades participantes. En el caso particular de la comunidad de la Esperanza, al igual que otras comunidades, no son todos los habitantes de lascomunidades los que participan dentro de la Organización Sanzhecan Tinemi, sino grupos de estas con o sin la participación de lasautoridades de las comunidades.

De la relación con la Sanzhecan Tinemi con la comunidad de la Esperanza, se han construido el vivero forestal, un áreapara protección de recursos naturales que se ha reforestado con las plantas del vivero. Con base en las barricas aportadas por laSanzhecan se construyó la fábrica comunal de mezcal.

Está organización también aporta el dinero necesario para que opere el vivero forestal que incluye la compra de implementospropios de los viveros forestales (bolsas, compra de camiones de tierra, herramienta, etc.) y el pago de recursos humanos mínimospara que el vivero pueda operar.

Los 800 mil magueyes que se produjeron durante 1999 en los viveros fueron repartidos a 47 comunidades. En el año 2000,la producción se incrementó a un millón. En cada uno de los tres viveros grandes se plantan 300 mil magueyes. De cada cabeza demaguey se saca un promedio de entre un litro y medio y dos de mezcal.

Sin embargo, la reforestación con agave está respondiendo exclusivamente a una lógica comercial para disponer de materia primapara la producción de mezcal. Por lo que debe tenerse en cuenta todo el contexto tanto social como ambiental que rodea la producciónde mezcal. Por lo que la reforestación debe incluir también a especies que son utilizadas como leña y desarrollar procesos tecnológicosque coadyuven al uso eficiente de éste tipo de combustibles.

Un nivel más en el avance de constituir una forma alternativa de organización social en la región para la producción de mezcal porparte de la Sanzhecan, se manifestó por el impulso que dio esta organización campesina para la creación de la Organización deMezcaleros de Chilapa, quien agrupa a organizaciones de las comunidades, así mismo a mezcaleros individuales. Esta organizaciónse fundó a principios del mes de septiembre del año 2001, con la finalidad de poder conseguir los recursos necesarios, humanos yeconómicos para tener una fábrica y embotelladora alternativa al “Tecuan”, esta última es la empresa que promueve el gobierno delestado. Dentro de las características que hay que destacar en la Organización de Mezcaleros de Chilapa, es que las etiquetas de lasbotellas, tengan marca de origen o sea el logotipo que diseñe cada comunidad para dar a los productores los créditos de fabricacióny se promueva internacionalmente el producto que ellos elaboran. Así mismo se obtengan beneficios según el grado de participaciónde cada comunidad en esta empresa.

Otra estrategia diferente a la empresa promovida por el gobierno es la de impulsar la explotación del agave en estadosilvestre a diferencia de llevar a cultivo al agave mezcalero guerrerense. Esto se debe principalmente a que en estado de domesticaciónse pueden desarrollar enfermedades que no se presentan en el estado silvestre y que pueden llevar a la crisis la fabricación de mezcaltal y como sucedió con el tequila. El abasto de la materia prima de manera permanente se puede mantener con una estrategia dereforestación eficiente tanto de agave como de especies que se emplean para leña, lo que puede realizarse ya que la Sanzhecan cuentacon cuatro viveros forestales en 4 comunidades socias, pero con el apoyo de financiamientos tanto nacionales como internacionales,promover la construcción de mas viveros en las comunidades socias. La Esperanza es una de esas comunidades que cuenta con unvivero local y que puede producir en promedio 300,000 plantas de agave por año.

Una estrategia más es la de generar rutas de comercialización solidarias que eviten a toda costa el intermediarismo, a través de entrara mercados nacionales e internacionales con la certificación de “producto orgánico” para obtener mejores precios. Estos mercadosse buscarán con el acuerdo de los socios participantes. Los beneficios obtenidos se espera que ayuden a la construcción de obrassociales al interior de las comunidades socias y a mejorar el nivel económico de cada socio participante.

Por otra parte se busca en esta organización crear dos tipos de normatividades:

a) La primera relacionada con la operación de la empresa y la distribución equitativa de los beneficios obtenidos entre las comunidadesparticipantes.

b) El segundo tipo de normatividad es la de generar una norma regional para el manejo del agave mezcalero y el proceso de elaboraciónde mezcal que permita la obtención de mezcal sin dañar la capacidad de regeneración natural de los recursos naturales que seemplean en la fabricación de mezcal. La base para la creación de esta normatividad se hará a partir de las normatividades locales quese han generado en las comunidades participantes. Se espera además que esta normatividad tenga impacto no solo regional sino anivel estatal.

Por otra parte, una de las dificultades a las que se va enfrentar la Sanzhecan Tinemi, es en el respeto a los acuerdosfirmados por esta organización y a la actitud de oportunistas que quieran obtener más beneficio personal que de grupo. Esto se debepor un lado a la participación de las autoridades comunitarias y del nombramiento de representantes a la Organización de Mezcalerosde Chilapa, sin el conocimiento y consentimiento del resto de las comunidades en el ámbito de la organización social local.

En el caso particular de la Esperanza, fue nombrado el señor G. Cerrito, si bien fue nombrado en asamblea, el es dueño dedos fábricas en la comunidad. De la renta en mezcal que obtiene de las fábricas participa también en la organización del gobierno delestado el “Tecuan”. Lo que puede verse como una de las personas que puede obtener beneficios adicionales sobre el resto demezcaleros de la comunidad. Esto se puede ejemplificar por que el señor tiene la capacidad de comprar tinas y poner otra fábrica., yaque hace dos años solo contaba con una y ahora tiene dos. Así mismo está sustituyendo la tina de madera por tinacos de plástico quetienen mayor capacidad (1,100 litros en contraste con los 300 litros que le caben a una tina de madera), para llevar a cabo la fermentación.Los mezcaleros que han usado la tina de plástico, mencionan que el sabor del mezcal no varía y que un tinaco “Rotoplas” sale más

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barato que la tina de madera.

Por tal motivo la normatividad del proceso por la Organización de mezcaleros de Chilapa no debe permitir que en elproceso de elaboración y comercialización de mezcal se den relaciones que Ostrom tipifica como oportunistas.

Otro obstáculo en el arribo a consensos entre las comunidades y la Sanzhecan se centra en la claridad de los consensos,sobretodo con la existencia de varias comunidades indígenas que a pesar de que pueden entender el español, muchas veces elsentido y significado de las palabras que se emplean no son las adecuadas. Un ejemplo de esto es que los maestros de la telesecundariade la Esperanza, no tienen la capacidad suficiente para dar a entender a los alumnos los conceptos que ven en la televisión por queestán acostumbrados hablar en la lengua local más que en español.

Esto mencionado anteriormente puede ser causa de que en ocasiones la organización local modifique el contexto de losacuerdos y adecuarlos para obtener más beneficios para la comunidad por encima de lo acordado con la Sanzhecan, ya que en lasactividades productivas promovidas por la Sanzhecan no queda claro en que medida pueden capitalizarse los socios que participancon la Sanzhecan y en que medida esta puede hacerlo para seguir apoyando los proyectos de desarrollo comunitario.

Un ejemplo de lo complejo de estas relaciones ha sido la fábrica de carácter comunal que se montó en la Esperanza.

El motivo de la dificultad es el cobro de renta por parte de la comisaría ejidal a los productores de mezcal y todavía noqueda claro como el dinero obtenido por la renta de esta fábrica apoya el desarrollo comunitario. Por lo cual la solicitud de construirotra fábrica comunal más en la Esperanza, no ha sido atendida.

Este tipo de problemas debe ser abordado por la Sanzhecan, buscando clarificar los consensos que se tienen con lascomunidades.

Este tipo de desacuerdos puede ser aprovechado por el gobierno del estado para minimizar y aprovechar el impacto deorganizaciones de este tipo en las comunidades socias para captar el descontento que se da en las Organizaciones que no compartenformas de pensar y actuar con el Gobierno.

Ejemplo de lo anterior se está viendo por que instituciones gubernamentales se han “cobijado” en las acciones de laorganización Sanzhecan Tinemi. Se ha centrado su apoyo por parte de la SEMARNAT y de la SEDESOL a los proyectos dereforestación y mantenimiento de viveros forestales. Últimamente la Secretaría del Medio Ambiente ha estado interesada en impulsarproyectos de abonos verdes, producción de abonos orgánicos y reforestación con maguey mezcalero impulsándolos por medio dela intermediación de la Sanzhecan.

A MANERA DE CONCLUSIÓN

Un incremento en la intensificación de la producción de mezcal sin la planeación de adoptar medidas de protección de los recursosnaturales de la región conjuntamente con las organizaciones sociales y productores involucrados en el proceso productivo delmezcal, motivado por el incremento en la demanda, por la incursión en el mercado internacional puede llevar a una crisis del mezcalen el estado que se traduciría en aumento de la tasa de migración al cancelarse o disminuirse sustancialmente esta opción económicade la región.

Por otra parte hay que recordar que los ecosistemas de la región son frágiles y la sobreexplotación de los árboles para leñay de agaves mezcaleros incrementarán la susceptibilidad de los suelos a la erosión y a procesos de desrtificación.

Por lo cual se vuelve importante que los actores sociales participantes en la elaboración de mezcal (Gobierno estatal,Sanzhekan Tinemi y productores) diseñen reglas de uso adecuadas que favorezcan la protección de los recursos de uso común y elambiente donde se localizan estos, por lo que debe existir un compromiso al respeto de las mismas y los beneficios sociales yeconómicos obtenidos sean distribuidos equitativamente

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1 Departamento de Agroecología Universidad Autonoma Chapingo. Apartado Postal 26. Texcoco, Edo. De México. Código Postal:56101 Mail: [email protected] Giménez (1996,1997), considera que la región es un constructo, resultado de la intervención de poderes económicos, políticos yculturales del presente y pasado. Sin embargo, es necesario incluir el aspecto ambiental y los recursos naturales que también sonfactores importantes que influyen en la forma de apropiarse del territorio por cada uno de los grupos humanos que habitan unaregión y de las relaciones sociales que se generan en el manejo de los recursos naturales.3Las haciendas fueron las formas en las que algunos tuvieron la oportunidad de allegarse más tierras. Por otra parte los indígenasfueron usados como mano de obra esclavizada.4 Sorgo, empleado en la región para la fabricación de escobas5 Hacemos referencia a instituciones comunitarias, en el contexto caracterizado por Ostrom (2000) y Merino (2000), como “reglasen uso” definidas por organizaciones locales de usuarios en condiciones de acceso común a recursos naturales.6 El costo de la renta en una fábrica privada corresponde al 10% de la cantidad producida de mezcal.7 El “Tecuan” es una empresa que se constituyó con el apoyo del estado. Esta se caracteriza por tratar de conjuntar a todos losproductores tradicionales de mezcal del estado con la finalidad que esta industria concentre la producción de mezcal estatal yembotelle y coloque en el mercado nacional e internacional, mezcal con un control de calidad que se apegue a las normas nacionalese internacionales para la elaboración de bebidas alcohólicas.8 La apomixis es una forma de reproducción asexual que se presenta en algunas especies de plantas incluidos los agaves, la cualconsiste en que el tejido gamético es capaz de juntarse, lo que le permiten el caso de los agaves desarrollar un individuo en lugarde una semilla.

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CERTIFICAÇÃO AGROECOLÓGICA DE ALIMENTOS

UTILIZANDO A ANÁLISE EMERGÉTICA

E. Ortega (1), M. H. Anami, E. Esposito, G. Diniz (2).(1) FEA, Unicamp, Caixa Postal 6121. Campinas 13083-970, SP, Brasil.

(2) Sítio Duas Cachoeiras, Amparo, SP, Brasil.

RESUMO

No comércio de produtos alimentícios há a necessidade urgente de um procedimento de certificação que torne possível distinguirprodutos de acordo com as características técnicas, ambientais e sociais dos seus sistemas de produção. Os produtos alimentíciospodem se agrupar em três tipos principais, de acordo com a sua origem: ecológico, orgânico e agro-químico. Até agora, os agricultoresecológicos obtiveram um preço melhor para os seus produtos, porém, a situação pode mudar devido ao fato de que aumenta cadavez mais o número dos fazendeiros agro-químicos que adotam técnicas orgânicas. A fazenda ecológica é bastante diferente deoutros tipos de fazendas. É uma área pequena ou média (10-30 ha) administrada por um grupo familiar que vive lá, normalmenteobedecendo as leis ambientais e preservando e usando os recursos naturais corretamente. Não é orientado para comercializarcompletamente e troca muitas coisas e serviços sem uso de dinheiro. Uma grande parte de seus produtos é consumida dentro dafazenda, outra parte é consumida na região e outra parte é exportada. A relação pessoas/ha é alta mesmo que não seja o caso deemprego formal. Por outro lado, uma fazenda agro-química pode ser de tamanho médio (30 ha), grande (300 ha) e muito grande(3000 ha ou mais). Ela é operada por uma empresa urbana; as decisões são tomadas fora da área rural, até mesmo fora da região oudo país. Esse tipo de fazenda usa substâncias químicas intensivamente e, também, maquinaria; isto causa impacto ambiental enormee emprega alguns trabalhadores, às vezes com baixos padrões de vida. Quando este tipo de fazenda torna-se orgânico, substituisubstância química por métodos orgânicos, mantendo suas outras características. Assim não cria trabalhos e seu grau de autonomiae restos de auto-suficiência baixo não mantém o sistema sustentável. Neste estudo, foram desenvolvidos parâmetros de emergianovos, destacando a metodologia emergética e foi aplicado a vários estudos de caso no Brasil. Os índices de emergia provaram sercapazes para classificar cada sistema agrícola em um das três categorias propostas. Os resultados, até agora, parecem satisfatórios.Palavras chaves:Certificação, Qualidade, Sustentabilidade, Emergia, Agroecologia, Sistemas Rurais.

INTRODUÇÃO

Wackernagel e Rees (1997) explicam que a visão econômica neoclássica do ciclo circular produção-consumo (Figura 1)não considera todos os fluxos de insumos, serviços e produtos econômicos, e omite as contribuições da natureza, as quais tornampossível a produção biológica. Como resultado, a metodologia neoclássica não pode ser usada para calcular parâmetros desustentabilidade (Ulgiati, 1998).

Trabalho e Investimentos

Bens e Serviços

Salários e Pagamentos$

Figura 1. O modelo da economia neo-clássica.(adaptado de Wackernagel e Rees, 1996)

Despesas de adquisição$

São necessárias ferramentas novas para lidar com a complexidade inerente aos sistemas ecológico-econômicos, umadestas é a metodologia emergética (Odum, 1996), um método de grande capacidade de análise. Até agora esta metodologia foi usadana análise de sistemas agrícolas da Europa e dos E.U.A (intensivos no uso de energia. fóssil). A metodologia deve ser aprimoradapara lidar com sistemas de agricultura complexos baseados em princípios ecológicos e no trabalho familiar (Ortega e Polidoro,2002).

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Altieri (1998) diz que para sobreviver, os sistemas de agricultura ecológicos têm que estar preparados para competir comos sistemas que usam de forma intensiva a energia fóssil, afirmando que isto pode ser possível se forem considerados todos osprodutos colhidos e todas as despesas efetuadas forem taxadas adequadamente. Assim sendo, a contabilidade deveria tambémconsiderar os subsídios, incentivos e externalidades. O mesmo autor (1994) coloca que o tempo de conversão dos sistemasagroquímicos para orgânicos e ecológicos deve ser levado em conta no planejamento e na avaliação econômica dos sistemas deprodução rural (Figura 2).

A transferência de riqueza que se estabelece no decorrer dos anos pelo aumento dos custos de substância química ediminuindo preços para produtos agrícolas é mostrado em um gráfico muito interessante (Figura 3) preparado por Gliessman, (1998)usando dados de Smith (1992).

Odum (2000) fez um programa de simulação (Figura 4) que mostra a diminuição dos preços das matérias-primas enquantohouver disponibilidade de combustíveis fósseis. Porém, depois dessa fase os preços se recuperarão.

Correll (1998), citado por Ferreira Gomes et al. (2000) mostra (Figura 5) o aumento de produção primária causado pelaadição de substâncias químicas (P) e, ao mesmo tempo, o impacto negativo em biodiversidade de recursos de água através depoluição agrícola. O desenvolvimento sustentável depende da biodiversidade que se recupera quando se usam menos substânciasquímicas na agricultura.

Prod

utiv

idad

e

Sem uso deinsumos

Substituiçãode insumos

ProjetoEcológico

Tempo

Sem substituiçãode insumos

Convencional Orgânica

Com substituição de insumos

Ingr

esso

líqu

ido

anua

l. ($

)

Benefícios futuros

Sistema Agroecológico

Mudança dosistema químicopara o ecológico.

Perdasatuais

Tempo

Figura 2. Etapas na conversão dos sistemas agrícolas.(adaptado de Altieri,1994).

Figura 3. Diminuição da parcela recebida pelos produtores.(adaptado de Gliessman, 2000; com dados de Smith, 1992)

0

20

40

60

80

100

1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 19901980

%

Margem do comerciante

Custos de produção

Parcela do produtor

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A Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânicos (IFOAM, 2000) tem entre seus princípios básicos oda Justiça Social e coloca que este princípio deve fazer parte dos padrões usados para certificar os produtores orgânicos no mundointeiro. Mas a discussão está longe de estar encerrada; há uma necessidade de metodologias para quantificar relações de custo/benefícios sociais, ecológicas e econômicas. É muito comum durante os encontros nacionais e internacionais de agricultura orgânicasurgirem discussões sobre a necessidade de caracterizar corretamente os diferentes tipos de produtores orgânicos (Diniz, 2002).Parece que a solução poderia ser o estabelecimento de políticas públicas diferenciadas de acordo com os resultados de uma certificaçãosistêmica, sugerindo-se preços indicativos para cada tipo de produto de acordo com o processo de produção.

Enquanto isso, em recente análise emergética de alternativas de produção de soja (Ortega et al, 2002), alguns avançosmetodológicos foram alcançados, mas surgiram algumas perguntas:

(a) Como considerar a renovabilidade de materiais provenientes do setor econômico?(b) Como identificar os tipos diferentes de produtos orgânicos e ecológicos de acordo com parâmetros do processo usado?(c) Qual é o preço adequado para cada produto de sistema?

MATERIAL E MÉTODOS

Neste trabalho usamos o método de análise emergética recomendado por Odum (1996) e incorporamos as sugestões feitaspor alguns pesquisadores (Ortega e Polidoro, 2002; Altieri, 1998).

Modificações metodológicas testadas:1. Assim, foi preparado um novo diagrama de fluxos de energia que permite mostrar com detalhe os recursos internos e as

fontes externas que os sistemas agroecológicos conseguem incorporar (Figura 6). O mesmo sistema é representado emuma forma resumida com os fluxos agregados (Figura 7).

Figura 4. Resultado do programa de simulação do modelo mini-mundo,uma versão atualizada do modelo do sistema que usa, ao mesmo tempo,

recursos: renováveis e não renováveis (Odum, 2000).

Recursosrenováveis

Reserva derecursos nãorenováveis

Bens

Mundo

ProdutoNacional

Bruto

Produção

Bens

Reservas deRecursos

Taxa máxima de produção

$ CirculanteProduçãoPreços =

Tempo

$

Figura 5. Principais processos envolvidos na eutrofização dos recursoshídricos (adaptado de Correll, 1998).

0

20

40

60

80

100

Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico

Oxigêniodissolvido

Biodiversidade

Produçãoprimária

Entrada defosfato (P) no

sistema.

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2. E também foi preparada uma nova tabela de fluxos de Emergia que considera a renovabilidade dos insumos, o caráter localdo trabalho humano, e inclui as externalidades como serviços adicionais (Tabela 1).

3. Sugerimos e testamos mudanças em alguns índices emergéticos (R, ELR) para avaliar a renovabilidade do sistema e acarga ambiental de forma mais correta, considerando a renovabilidade de cada um dos recursos econômicos usados.

4. Sugerimos e testamos alguns índices emergéticos para medir a importância relativa do trabalho humano em relação aemergia total e para identificar os sistemas de trabalho familiar através da proporção do trabalho local em relação aotrabalho total.

5. As externalidades foram consideradas como serviços adicionais.

Água erecursosminerais(subsolo)

(M&S)R

EnergiaRenovável

Nitrogênioda

atmosfera

Pessoas

(M&S)N

Solo

Processamentolocal

ServiçoaAmbientais

Perdas

Resíduos

Produto Plantação

Reservaflorestal

Biodiver-sidade

regionalPopulação

local

Recursoslocais

Materiais e Serviços

Figura 6. Diagrama de fluxos de energia de um sistema rural.

Produtos

Radiação solar,gravidade da Lua,calor interno da Terra.

Albedo

Resíduos

FR

R1

R2

R3

$

T

$

$

$

$PA

FA

N

FN

P

Figura 7. Diagrama de fluxos de energia agregados.

J/ha/ano

kg/ha/ano

kg/ha/ano

kg/ha/ano

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Tabela 1. Classificação dos fluxos de Emergia.

Insumos e serviços Descrição

I: Contribuição da Natureza R + N R = R1 + R2 +R3 Recursos Renováveis da natureza.

Chuva; Materiais e Serviços de áreas sob preservação; Nutrientes dos minerais do solo e do ar.

N: Recursos Não Renováveis da natureza Solo, Biodiversidade, pessoas excluídas. F: Retro-alimentação da Economia F = M + S

M: Materiais M = MR + MN MR: Materiais e Energia Renováveis Materiais da natureza renováveis. MN: Materiais e Energia Não Renováveis Minerais, Produtos químicos, Aço, Diesel etc.

S: Serviços (total) S = SR + SN + SA SR: Trabalho humano (Renovável) Trabalho local e externo: SR = SRL + SRE SN: Outros serviços (Não renováveis) Outros serviços SA: Serviços adicionais (Não Renováveis) Externalidades

Y: Emergia Total Y = I + F

A Renovabilidade considera a renovabilidade de cada insumo. O trabalho humano foi dividido em local e externo. Asexternalidades são vistas como serviços adicionais.

Tabela 2. Propostas de Índices de Emergia.

Índices Modificados Fórmula Conceito

Renovabilidade* R* = (R + MR + SR) / Y Recursos Renováveis / Total Razão de Carga Ambiental* ELR* = (N+MN+SN) / (R+MR+SR) Não Renováveis/Renováveis

Novos Índices de Emergia Fórmula Conceito

Razão Trabalho Serviços LSR = SR / S Trabalho / Serviços Razão Trabalho Emergia LER = SR / Y Trabalho / Emergia Razão Trabalho Local LWR = SRL / (SR+SN) Trabalho Local / Trabalho Razão Externalidades Emergia ExER = SA / Y Externalidades / Emegia

RESULTADOS

Foram usados dados de sistemas de soja (Ortega et al., 2002). Os fluxos de emergia dos bens e serviços foram multiplicadospor valores de renovabilidade (centesimal) do respectivo insumo. Usamos valores de renovabilidade obtidos em trabalhos anteriorese estimados com bom senso. Em trabalhos futuros, esperamos confirmar os valores usados.

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Tabela 3. Insumos e transformidades de sistemas de produção de soja no BrasilFluxos Unidades Ecol Org Quím. Herb sej/unidade Ref

Materiais (Recursos da Economia)M1 Sementes comuns kg/ha/ano 8 8 0 0 1.00E+12 1M2 Sementes Certificadas kg/ha/ano 56 56 56 68 1.00E+12 1M3 Sementes Transgênicas kg/ha/ano 0 0 0 0 1.00E+13 2M4 Calcário kg/ha/ano 0 0 800 800 1.00E+12 1M5 Fertilizante Nitrogenado kg/ha/ano 0 0 0 0 3.80E+12 1M6 Fertilizante Fosfatado kg/ha/ano 120 120 120 200 3.90E+12 1M7 Fertilizante Potássico kg/ha/ano 40 40 120 80 1.10E+12 1M8 Inoculante kg/ha/ano 0.8 0.8 1.36 1.36 3.18E+13 1M9 Herbicidas kg/ha/ano 0 0 3.44 6.64 1.48E+13 3M10 Inseticidas kg/ha/ano 0.8 0.8 1.44 1.44 1.48E+13 3M11 Formicidas kg/ha/ano 0 0 0.8 0.8 1.48E+13 3M12 Fungicidas kg/ha/ano 0 0 0.16 0.16 1.48E+13 3M13 Combustível (Diesel) kg/ha/ano 24 32 64 32 2.76E+12 1M14 Aço (depreciação)* kg/ha/ano 1.04 2.16 2.16 2.16 6.70E+12 1M15 Esterco (umidade 20%) kg/ha/ano 2133.6 2133.6 0 0 1.45E+11 2Serviços (Recursos da Economia)S1 Mão-de-obra (Simples) horas/ha/a 116.0 80.0 2.6 0.4 6.28E+11 1S2 Mão-de-obra (Qualificada) horas/ha/a 1.6 2.6 57.5 32.0 1.88E+12 1S3 Trabalho Administrativo US$/ha/a 3.4 3.4 3.4 3.4 3.70E+12 4S4 Assistência Técnica US$/ha/a 8.0 8.0 1.6 2.3 3.70E+12 4S5 Contabilidade US$/ha/a 0.6 0.6 0.6 0.6 3.70E+12 4S6 Viagens US$/ha/a 0.3 0.3 0.3 0.3 3.70E+12 4S7 Impostos e Taxas US$/ha/a 7.6 7.6 10.9 10.9 3.70E+12 4S8 Custo do Capital US$/ha/a 2.4 2.4 2.4 2.4 3.70E+12 4S9 Seguros US$/ha/a 0.8 0.8 0.5 0.8 3.70E+12 4S10 Transporte US$/ha/a 5.4 5.4 5.4 5.4 3.70E+12 4S11 Armazenamento US$/ha/a 11.4 11.4 11.4 11.4 3.70E+12 4S12 INSS (previdência social) US$/ha/a 10.2 10.2 10.9 10.9 3.70E+12 4S13 Arrendamento US$/ha/a 0 0 0 0 3.70E+12 4Serviços adicionaisS20 Subsídios Governamentais US$/ha/a 0 0 0 0 3.70E+12 4S21 Tratamento de Efluentes US$/ha/a 0 0 16 8 3.70E+12 4S22 Tratamento médico e riscos US$/ha/a 8 8 16 40 3.70E+12 4Recursos naturais renováveisR1 Chuva kg/ha/ano 1.5E+06 1.5E+06 1.5E+06 1.5E+06 9.10E+07 1R2 Nutrientes do solo kg/ha/ano 10 10 1 3 1.71E+12 1R3 Nitrogênio da atmosfera kg/ha/ano 144.8 144.8 144.8 144.8 4.60E+12 1R4 Sedimentos (rios) kg/ha/ano 0.1 0.1 0.1 0.1 1.71E+12 1R5a Floresta: sementes kg/ha/ano 2 1 0 0 1.48E+12 1R5b Floresta: alimento kg/ha/ano 20 10 0 0 4.50E+11 1R5c Floresta: biomassa kg/ha/ano 400 200 0 0 3.69E+11 1R6a Floresta: água kg/ha/ano 12 6 0 0 5.50E+08 1R6b Floresta: laser US$/ha/a 3.3 1.65 0 0 3.70E+12 4R6c F: controle biológico. US$/ha/a 50 25 0 0 3.70E+12 4Recursos naturais não renováveisN1 Perda de solo kg/ha/ano 800 800 10000 1200 6.67E+10 1N2 Perda de Biodiversidade kg/ha/ano 0 0 80 15.2 3.90E+11 1

Tabela 4. Fluxos de emergia da produção de soja no BrasilReno- Emergia Renovável Emergia não renovávelvabili- E13 sej/ha/a E13 sej/ha/anodade Ecol. Org. Quím. Herb. Ecol. Org. Quím. Herb.

M 34.87 34.93 8.68 9.75 64.66 67.56 169.01 191.84M1 Sementes comuns 0.95 0.76 0.76 0.00 0.00 0.04 0.04 0.00 0.00M2 Sementes Certificadas 0.70 3.92 3.92 3.92 4.76 1.68 1.68 1.68 2.04M3 Sementes Transgênicas 0.50 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00M4 Calcário 0.01 0.00 0.00 0.80 0.80 0.00 0.00 79.20 79.20M5 Fertilizante Nitrogenado 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00M6 Fertilizante Fosfatado 0.01 0.47 0.47 0.47 0.78 46.33 46.33 46.33 77.22M7 Fertilizante Potássico 0.01 0.04 0.04 0.13 0.09 4.36 4.36 13.07 8.71M8 Inoculante 0.70 1.78 1.78 3.03 3.03 0.76 0.76 1.30 1.30

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M9 Herbicidas 0.01 0.00 0.00 0.05 0.10 0.00 0.00 5.04 9.73M10 Inseticidas 0.01 0.01 0.01 0.02 0.02 1.17 1.17 2.11 2.11M11 Formicidas 0.01 0.00 0.00 0.01 0.01 0.00 0.00 1.17 1.17M12 Fungicidas 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.23 0.23M13 Combustível (Diesel) 0.01 0.07 0.09 0.18 0.09 6.56 8.75 17.50 8.75M14 Aço (depreciação)* 0.05 0.03 0.07 0.07 0.07 0.66 1.37 1.37 1.37M15 Esterco (umidade 20%) 0.90 27.78 27.78 0.00 0.00 3.09 3.09 0.00 0.00S 14.82 13.12 14.81 12.06 11.38 11.00 13.75 11.95S1 Mão-de-obra (Simples) 0.80 5.83 4.02 0.13 0.02 1.46 1.00 0.03 0.01S2 M.O. (Qualificada) 0.60 0.18 0.29 6.50 3.62 0.12 0.19 4.33 2.41S3 Administração 0.60 0.76 0.76 0.76 0.76 0.51 0.51 0.51 0.51S4 Assistência Técnica 0.60 1.78 1.78 0.36 0.52 1.18 1.18 0.24 0.34S5 Contabilidade 0.60 0.14 0.14 0.14 0.14 0.09 0.09 0.09 0.09S6 Viagens 0.05 0.01 0.01 0.01 0.01 0.11 0.11 0.11 0.11S7 Impostos e Taxas 0.60 1.69 1.69 2.42 2.42 1.12 1.12 1.61 1.61S8 Custo do Capital 0.10 0.09 0.09 0.09 0.09 0.79 0.79 0.79 0.79S9 Seguros 0.60 0.18 0.18 0.10 0.18 0.12 0.12 0.07 0.12S10 Transporte 0.10 0.20 0.20 0.20 0.20 1.81 1.81 1.81 1.81S11 Armazenamento 0.40 1.69 1.69 1.69 1.69 2.54 2.54 2.54 2.54S12 INSS (previdência) 0.60 2.27 2.27 2.42 2.42 1.52 1.52 1.61 1.61S13 Arrendamento 0.10 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00S 0.00 0.00 0.00 0.00 2.96 2.96 11.84 17.76S20 Subsídios do governo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00S21 Tratamento de efluentes 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 5.92 2.96S22 Tratamento médico 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 2.96 2.96 5.92 14.80E sem externalidades 49.68 48.04 23.50 21.81 76.03 78.55 182.76 203.80E com externalidades 49.68 48.04 48.04 48.04 78.99 81.51 194.60 221.56R 117.66 99.82 80.45 80.79 0.00 0.00 0.00 0.00R1 Chuva 1.00 13.65 13.65 13.65 13.65 0.00 0.00 0.00 0.00R2 Nutrientes do solo 1.00 1.71 1.71 0.17 0.51 0.00 0.00 0.00 0.00R3 Nitrogênio (atmosfera) 1.00 66.61 66.61 66.61 66.61 0.00 0.00 0.00 0.00R4 Sedimentos (rios) 1.00 0.02 0.02 0.02 0.02 0.00 0.00 0.00 0.00R5a Floresta: sementes 1.00 0.30 0.15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00R5b Floresta: alimento 1.00 0.90 0.45 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00R5c Floresta: biomassa 1.00 14.76 7.38 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00R6a Floresta: água 1.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00R6b Floresta: laser 1.00 1.22 0.61 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00R6c F: controle biológico. 1.00 18.50 9.25 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00N 0.00 0.00 0.00 0.00 5.34 5.34 69.85 8.60N1 Perda de solo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 5.34 5.34 66.73 8.01N2 Perda de biodiversidade 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 3.12 0.59I 117.66 99.82 80.45 80.79 5.34 5.34 69.85 8.60Y 167.35 147.87 128.49 128.83 84.33 86.85 264.45 230.16

Tabela 5. Trabalho humano nos sistemas agrícolas.

Ecológico Orgânico Químico e Herbicida

Trabalho local Mão-de-obra braçal Operador de máquina Administração

Operador de máquina Administração

Trabalho externo

Contabilidade Assistência técnica

Mão-de-obra braçal Contabilidade Assistência técnica

Mão-de-obra braçal Operador de máquina Contabilidade Assistência técnica Administração

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Tabela 6. Proposta: preços corrigidos pelo desconto das externalidades.

Dólares/kg Ecológico Orgânico Químico Herbicida Preço básico 0.25 0.25 0.25 0.25 Descontos Tratamento de efluentes

0 0.01 0.04 0.02

Tratamento médico 0 0.03 0.04 0.02 Empregos perdidos 0 0.03 0.03 0.05 Erosão genética 0 0.01 0.01 0.04 Total 0.25 0.17 0.13 0.12

Tabela 7. Fluxos agregados de emergia na produção de soja no BrasilFluxos Ecológico Orgânico Químico HerbicidaR 1.18E+15 9.98E+14 8.04E+14 8.08E+14N 5.34E+13 5.34E+13 6.98E+14 8.60E+13I 1.23E+15 1.05E+15 1.50E+15 8.94E+14MR 3.49E+14 3.49E+14 8.68E+13 9.75E+13MN 6.47E+14 6.76E+15 1.69E+16 1.92E+16M 9.95E+14 1.02E+15 1.78E+15 2.02E+15SR 1.48E+14 1.31E+14 1.48E+14 1.21E+14SN 1.14E+14 1.10E+15 1.37E+15 1.20E+15AS 2.96E+13 2.96E+13 1.18E+14 1.78E+14S 2.92E+14 1.26E+15 1.64E+15 1.49E+15F 1.58E+15 3.55E+15 5.06E+15 5.00E+15Y 2.81E+15 4.60E+15 6.56E+15 5.90E+15

Tabela 8. Novo conjunto de índices emergéticos da produção de soja no BrasilÍndices Ecológico Orgânico Químico HerbicidaTransformidade Tr* 96 000 157 000 192 000 173 000Razão de Rendimento Líquido EYR* 1.78 1.30 1.30 1.18Razão de Investimento EIR* 1.28 3.37 3.37 5.60Razão de Intercâmbio EER* 1.58 2.59 4.66 4.19Renovabilidade R* 0.60 0.32 0.16 0.17Taxa de Impacto Ambiental ELR* 0.41 1.00 1.06 1.02Razão Trabalho-Serviços LSR 0.51 0.10 0.09 0.08Razão Trabalho Humano LER 0.05 0.03 0.02 0.02Razão Trabalho Local LWR 0.34 0.05 0.01 0.00Razão Externalidades ExER 0.01 0.01 0.02 0.03

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DISCUSSÃO

Aplicamos a metodologia proposta aos dados de quatro modalidades de produção de soja (Ortega et al., 2002) e comparamosos resultados com os obtidos aplicando a metodologia original (Odum, 1996). O resultados mostram-se na Tabela 9.

Tabela 9. Índices de emergia da produção de soja no BrasilÍndices Ecológico Orgânico Químico HerbicidaTr 88 000 82 000 104 000 112 000EYR 1.92 1.78 1.74 1.31EIR 1.09 1.27 1.35 3.25ELR 1.19 1.40 3.40 3.70R 0.46 0.42 0.23 0.21EER 1.45 1.35 2.51 2.69

Existem diferenças importantes entre os índices de emergia, especialmente naqueles colocados em discussão (R, ELR) e aTransformidade.

A transformidade é um fator de conversão de energia. Ela é o valor inverso da eficiência do ecossistema. Podemos observarque a eficiência sistêmica é maior para o sistema ecológico e em ordem decrescente aparecem os sistemas: orgânico, químico eherbicida-plantio direto.

Em relação ao Índice de Renovabilidade (ou grau de sustentabilidade) os resultados se mostram mais coerentes com arealidade observada. Assim, para o fazendeiro ecológico o valor da renovabilidade emergética sobe para 60%, em vez de ter apenas46%.

Podemos observar também que as modificações metodológicas sugeridas diminuem o valor do impacto (ELR),principalmente no caso dos fazendeiros ecológicos.

Os índices sociais (LSR, LER, LWR) ajudam a identificar os sistemas intensivos em trabalho humano e a tipificar ossistemas que usam trabalho local (sistema familiar).

Os valores das externalidades revelados pelo índice (ExER) poderiam ser considerados no preço de mercado, comodescontos, de forma tal que o mercado consumidor passe a atuar como um indutor de mudanças técnicas muito desejáveis quepudessem promover um melhor comportamento social e ambiental de produtores agrícolas.

CONCLUSÕESA incorporação de um fator de renovabilidade em cada insumo permite melhorar os cálculos de renovabilidade do sistema

(R*). Este parâmetro modificado é especialmente válido quando se usam recursos de tipo renovável, comprados na economia localou regional, tais como o esterco animal.

A separação de trabalho em local e externo permite identificar os sistemas administrados por famílias, pois estes mostramuma relação de trabalho local (LWR) alta. A inclusão de externalidades como serviços adicionais cujas despesas poderiam serassumidas pelo produtor que as gera, torna possível uma melhor avaliação social de alternativas de produção para produtos agrícolas.

A produção ecológica administrada de forma familiar é considerada como referência para sugerir preços justos para aprodução de soja. A partir desse valor poderiam ser considerados abatimentos que levem em consideração as externalidades negativas.Assim teríamos um leque de preços entre os diversos produtos e as diferenças em relação ao padrão indicariam as possibilidades demelhoria de cada sistema produtivo.

Em resumo, concluímos que a análise emergética proposta neste trabalho permite caracterizar melhor os sistemas agrícolasque a metodologia emergética tradicional.

RECOMENDAÇÕESOs índices de emergia propostos poderiam ser usados na certificação de produtos agrícolas e pecuários assim como de

alimentos processados pois eles permitem quantificar parâmetros sociais, ambientais e econômicos que qualificam tanto os processosquanto o produto. Novos estudos são necessários para confirmar estas conclusões auspiciosas.

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REFERÊNCIAS DOS VALORES DE TRANSFORMIDADE USADOS1. Odum. H. T. 1996. Environmental Accounting. Emergy and Decision Making. John Wiley. N.Y.2. Value estimated by authors.3. Brown. M; & Arding J. 1991. Transformities working paper. Center for Wetlands. Univ. of Florida.4. Coelho. O.F.; Ortega. E.; Comar. V. 1997. Balanço de Emergia do Brasil (1981, 1989, 1996).

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ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO NA AMAZÔNIA: REORDENAMENTO DOTERRITÓRIO E MELHORIA DE CONDIÇÕES DE VIDA DAS POPULAÇÕESTRADICIONAIS

Elenise Faria Scherer*

Gimima Beatriz Melo da Silva* *

INTRODUÇÃO

Desde a década de 1990, o governo federal vem desenvolvendo ações para implementar um programa de Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE,1 em todo o território nacional. Reconheceu-se, naquele tempo histórico, que o projeto de desenvolvimento paraAmazônia nos últimos 30 anos, centrado na exploração dos recursos naturais desconsiderou o controle e a proteção ambiental. Emdecorrência, a ocupação dos espaços amazônicos se efetivou (e pode dizer-se, efetiva ainda) de forma inadequada à necessáriaproteção do meio ambiente e vem causando impactos sociais nas populações tradicionais.

Esse reconhecimento ocorreu, simultaneamente, no âmbito das preocupações globais da sobrevivência da humanidade e de valorizaçãodo capital natural, quando a Amazônia torna-se exemplo lapidar e símbolo do desafio das questões ambientais e ecológicas mundiaisNesse sentido, o governo brasileiro propôs-se a elaborar e a executar uma política de desenvolvimento regional por meio do PlanoNacional Integrado para a Amazônia Legal em cuja estratégia delineada pelo Conselho Nacional da Amazônia – CONAMAZ,baseava-se no ideário do desenvolvimento sustentável. Essas novas intenções, de acordo com Becker, sintetizava, por um lado, asintensas e rápidas mudanças do sistema capitalista em curso no final do milênio, e, por outro lado, o esgotamento do nacionaldesenvolvimentismo dirigido pelo Estado brasileiro nos últimos cinqüenta anos (p. 422). Para a autora, esta Política revela claramenteo caráter interconectado das áreas políticas nacionais e internacionais e a mudança do papel do Estado e da Sociedade (1997: 422).

Esta Política resultado das demandas regionais está aliada a uma vontade política nacional, expressa o compromisso do Estadobrasileiro com um novo padrão de desenvolvimento capaz de conciliar os conflitos internos e as pressões externas. Esta Política nãoconstitui um fato isolado, mas sim na vontade da política de promover a retomada do crescimento econômico e do papel doEstado em novas bases para superar a profunda crise socioeconômica dos anos oitenta (1997: 423).

A valorização humana e social passa a ser considerada o objetivo final a ser perseguido, sendo compreendida não só como melhoriacontínua da qualidade de vida de suas populações, mas também como capacitação progressiva dos indivíduos tendo em vistaque, para o desenvolvimento sustentável, o conhecimento é uma variável da função de produção juntamente como o capital e otrabalho, define Becker (p. 438).

As estratégias de desenvolvimento delineadas no PONIAL fundamentam-se em três elementos principais: a integração das dimensõeseconômicas, social e ambiental, com intenções de substituir as políticas setoriais pulverizadas em vigor em outros tempos históricosda vida regional, por uma política integrada. Aposta-se no aprofundamento das conexões regionais e, portanto, num novo modo deoperar políticas públicas em ações compartilhadas entre o governo e a sociedade civil. Reconhece-se que o Estado não é mais oexecutor exclusivo do processo do desenvolvimento, tal como ocorreu na era do desenvolvimentismo. Em contrapartida, competeao governo, agora, as funções de coordenação e regulação crescentes bem como na adequação institucional aos objetivos eprocedimentos necessários (Becker, 1997: 439).

Nessa nova configuração assumida pelo Estado brasileiro pretende-se que crescimento econômico deve ser reorientado de modoque a renovação tecnológica das atividades econômicas tais como: a mineração, o garimpo, a exploração madeireira e a pecuária,impeçam os impactos ambientais e sociais. Ademais, deve impulsionar-se a modernização e a dinamização de atividades tradicionais(pesca, extrativismo, agricultura), bem como o desenvolvimento e a implantação de novos ramos e atividades de grande potencialeconômico e de sustentabilidade ambiental entre elas a silvicultura, a bioindústria, o ecoturismo.

Não se pode perder de vista na nova política de desenvolvimento regional a integração interna e externa, de modo a viabilizar asatividades econômicas e a sobrevivência das populações tradicionais. Os anais da história regional registram que as experiênciasseculares das várias tentativas de ocupar e desenvolver a Amazônia não podem ser exercida de forma contínua em todo o extensoterritório ao mesmo tempo, sob pena de dispersão excessiva. Torna-se indispensável, portanto, a utilização dos processos disciplinadoresde gestão territorial e ambiental. Sob esta perspectiva entende-se que o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE é um dos Programasdelineados no PONIAL, o mais importante instrumento de gestão territorial e ambiental.

Esta estratégia de reordenamento territorial é entendida como instrumento técnico de informação acurada sobre o território einstrumento político para a tomada de decisão, pois rastreia as diferenças espaciais e temporais segundo critérios de sustentabilidadecom base no conhecimento científico-tecnológico e na negociação entre importantes atores sociais regionais.

Assim entendido, a valorização humana torna-se o objetivo final da PONIAL, pois sustenta-se a longo prazo nos mecanismo deinternalização da riqueza, por outro lado, exige ações específicas para prover condições de existência dignas mediante a superaçãode carências básicas das populações tradicionais. Ademais, deve privilegiar-se as atividades econômicas que ampliem a oferta deemprego e as oportunidades de trabalho, bem como a criação de competência mediante o acesso à informação e a capacitação paraa produção e a gestão.

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As intenções deste trabalho2 é a de trazer para o debate, de forma sumária, as implicações sócio-ambientais do ZEE no Estado doAmazonas. Neste debate, talvez, pudéssemos iniciar com as questões: o ZEE na Amazônia não estaria sendo um novo instrumentode controle de recursos naturais constituído dentro da lógica da territorialidade do capitalismo brasileiro? Até que ponto tem selevado em consideração a dimensão participativa dos principais atores sociais envolvidos no ZEE, em particular, as populaçõestradicionais? Apesar de apresentar-se como um novo discurso do governo federal,3 o ZEE não estaria reforçando as antigas intençõesde uma política de desenvolvimento regional, em não levar em conta a sustentabilidade política e social, dimensões significativas danoção de desenvolvimento sustentável como sugere Guimarães (2000: 57).

I. ZEE NA AMAZÔNIA LEGAL: NOVA RETÓRICA VELHAS ESTRATÉGIAS?No âmbito da elaboração do PONIAL, definiu-se que o Programa de Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE seria o mais importanteinstrumento para a gestão territorial na Amazônia. Segundo o Conselho Nacional da Amazônia Legal – CONAMAZ, o ZEE seria uminstrumento político de regulação do uso dinâmico do território, significando o planejamento das diferenças segundo critériosde sustentabilidade, que podem ser modificados à luz de novas técnicas de manejo (PONIAL, 1995: 22). Ao definir os níveis desustentabilidade e de vulnerabilidade dos sistemas ambientais que permitem prognósticos sobre comportamentos futuros das diversasalternativas do uso do território, o ZEE deve proporcionar conhecimento técnico e científico sobre a região, como ainda envolver osdiversos atores sociais que intervêm no território. Desse modo, o ZEE seria este instrumento de negociação e ajustes entre asdiversas propostas de desenvolvimento regional (p. 22).

Nas suas dimensões ecológico-econômicas, o ZEE tem a finalidade de orientar a expansão das atividades e o traçado das grandesredes de articulação regional na Amazônia levando em consideração as zonas básicas entre as quais: as Zonas Produtivas (o uso dosrecursos naturais por meio do progresso técnico pode contribuir para melhoria da qualidade de vida das populações tradicionais), asZonas Críticas (aquelas em que seus sistemas ambientais necessitam de tecnologias adequadas para seu manejo) e as Zonas Especiais(as áreas indígenas, reversas extrativistas e unidades de conservação, etc.) (p. 22).

O ZEE foi concebido como instrumento que pretende responder aos desafios colocados pela elaboração de um modelo dedesenvolvimento sustentável para a Amazônia. Além disso, objetiva à racionalização da ocupação dos espaços e o direcionamentode atividades a serem desenvolvidas e na elaboração das políticas públicas. Portanto, o ZEE é o instrumento que tem a finalidadeprioritária de conhecer a realidade dos espaços territoriais amazônicos.

O ZEE para a Amazônia foi justificado devido à complexidade da extensão territorial desta região. Ressaltou-se ainda que a ordenaçãodo território é entendia como a expressão espacial das políticas públicas (Brasil, SAE/PR, 1991: 6 a). Neste sentido, a reordenaçãoterritorial deveria estar de acordo com as demandas das populações, bem como deve ser intermediada pelos representantes das trêsesferas de poder, federal, estadual e municipal. Esta ordenação por meio das políticas públicas deve ter como objetivofundamentalmente o desenvolvimento sustentado que tem como premissa o bem-estar dos seres humanos, por isso mesmo deveestar voltado para a busca de estreita integração com o ambiente (Brasil, SAE/PR, 1991a).

Desse modo a implementação das estratégias delineadas no PONIAL requer maior conhecimento da região, o que será possível sefor priorizado o zoneamento da região de modo a caracterizar as áreas de interesses para proteção de ecossistema e da biodiversidadee, ainda, das áreas de ocupação econômica que precisam de conservação e aquelas que serão alvo de novos empreendimentoseconômicos.

Nas pretensões governamentais, o ZEE justifica-se, portanto, como uma estratégia para o planejamento regional, com a finalidade deequacionar o uso racional do espaço e das políticas públicas no sentido de aumentar a eficácia das ações políticas. Em outros termos,objetiva, principalmente, instrumentalizar o governo com informações necessárias para o planejamento da ocupação racional doterritório e do uso sustentável dos recursos naturais. Pretende ser, portanto, o suporte para as definições das atividades econômicas,e, ainda, como subsidiário às estratégias e ações para elaboração e execução de planos regionais a partir de uma lógica dodesenvolvimento sustentável (Malato, 1997: 78).

De acordo com a análise de Schubart (1995: 38), o ZEE constitui-se de dois componentes básicos: técnico e político. No âmbito dotécnico, consiste em modelar o conhecimento científico disponível sobre o funcionamento e a distribuição espacial dos sistemasambientais. Isto representa sistematizar o conhecimento de todos os aspectos físicos que interagem com o ambiente socioeconômico.Quanto ao componente político, o objetivo é implementar alternativas de desenvolvimento regional e sub-regional compatíveiscom a sustentabilidade e vulnerabilidade dos sistemas ambientais.

Na constituição do ZEE delineou-se que a sua implementação deve ser de competência dos governos estaduais da Amazônia, assimcomo está previsto a participação dos municípios e da sociedade civil, como importantes atores sociais envolvidos no processo dezoneamento. Nesse sentido, o município deverá atuar diretamente com as equipes técnicas estaduais nos estudos de áreas críticas aserem preservadas ou recuperadas.

Como se sabe, a Amazônia por sua diversidade e complexidade ambiental tem um enorme potencial para atividades econômicas,principalmente aquelas voltadas para o processamento de recursos naturais. Desse modo, o sucesso das diretrizes do PONIALdependerá, em grande parte, da execução do ZEE e, por conseguinte, do empenho dos governantes, Estados e municípios na criaçãode um processo de gestão ambiental e territorial compartilhada com a iniciativa privada. Ademais, em vista de sua complexasociodiversidade, é necessário o envolvimento dos atores sociais diversos como co-responsáveis nas práticas sociais na região.

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Na realidade, as recomendações e diretrizes apresentadas no PONIAL não se constituíram em novidades, no que concerne a conduçãodos processos econômicos. De modo geral, as propostas apresentadas sempre foram historicamente ambicionadas pelos governosfederais e estaduais. Entretanto, o novo nas diretrizes apresentadas pelo PONIAL diz respeito à proposta de um processo dereordenamento territorial baseado na elaboração e implementação do ZEE. Entende-se que ações públicas definidas no PONIALdependem deste instrumento essencial para a nova política de desenvolvimento da região, especialmente para as intervenções queenvolvem preocupações com as questões sócio-ambientais.

1. 1 – ZEE NO AMAZONAS: SUSTENTABILIDADE POLÍTICA E SOCIAL?

No Estado do Amazonas o ZEE está sendo desenvolvido sob a responsabilidade do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas– IPAAM por meio do Plano Ambiental Estadual do Amazonas – PAEA, elaborado em 1996,4 que definiu três áreas do territórioamazonense: a Bacia do Rio Uatumã (envolvendo os municípios de Itacoatiara, Itapiranga, Presidente Figueiredo, São Sebastião doUatumã, Silves e Urucurá); o Vale do Rio Madeira (envolvendo os municípios de Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí e,ainda, os municípios de Borba, Canutama, Maués e Tapauá) e o Polígono Cuieiras-Apuaú (envolvendo os municípios de Manaus,Novo Airão, Manacapuru, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva).

O Plano Ambiental Estadual do Amazonas – PAEA (1996-1999) diagnosticou os principais problemas ambientais na região taiscomo exploração predatória dos recursos florestais e pesqueiros, atividades agrícolas promovidas em topografia e solos inadequados,poluição dos recursos hídricos por meio de mineração inapropriada, potencial ecoturístico pouco explorado, órgãos ambientaisinexistentes ou atuando precariamente, descumprimento da legislação ambiental, planejamento de ordenamento territorial poucocoerente, entre outros. Naquele momento, constatou-se, ainda, inexistência de gestão ambiental numa região em que continuamentecrescem as atividades potencialmente impactantes como as citadas acima. Este diagnóstico sócio-ambiental foi incorporado noProjeto de Gestão Ambiental Integrada – PGAI, um dos componentes do Subprograma de Políticas de Recursos Naturais –SPRN,que pertence ao Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil – PPG-7. O PGAI está sendo implantado e gerenciadopelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM desde 1996, e atinge a área de maior incidência de problemas ambientais:a região nordeste do Estado (bacia do Uatumã) e região sudeste (vale do rio Madeira).

Dentre as ações previstas no PGAI-AM encontra-se a política de Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, tal como nos demaisespaços regionais, pretende-se constituir em um instrumento que propiciará diagnósticos socioeconômicos, físicos, bióticos e jurídicosinstitucionais, com o uso intensivo de imagens de satélites. Pretende-se com os diagnósticos traçados revelar as potencialidades efragilidades dos ambientes naturais e planejar ações futuras no que diz respeito à questão ambiental, sob a ótica da sustentabilidade.Além disso, pretende na gestão ambiental e territorial a participação da sociedade civil, no controle, na fiscalização e no monitoramentode atividades ambientais impactantes. Acrescente-se, ainda, o fortalecimento institucional, criar um sistema de informações ambientaise o planejamento ambiental,5 de acordo com PGAI para o nordeste e o sudeste do Estado do Amazonas.6

Ainda em fase de execução, percebe-se que o ZEE no Estado do Amazonas está sendo desenvolvido em uma perspectiva técnica,segundo observações de seu coordenador, com ênfase no Macrozoneamento e o Zoneamento Sistemático, utilizando-se da metodologiado Laboratório de Gestão Territorial – LAGET, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que passou a ser considerado umareferência obrigatória para os programas de ZEE em toda a Amazônia Legal.

Esta metodologia tem como ponto de partida amplos levantamentos de dados socioeconômicos e biofísicos, a partir dos quais secriam suportes técnicos, sobretudo na elaboração de mapas e diagnósticos sobre o potencial biofísico e social, bom como asvulnerabilidades ambientais para posterior decisão sobre o reordenamento territorial (Carvalho, 2001: 6). De acordo com AlbertinoCarvalho, coordenador do ZEE no Estado do Amazonas, o programa tem sofrido inúmeras críticas pelo fato de ter se tornado umaestratégia meramente técnica de zoneamento da região, além de apoiar-se em dados secundários pouco confiáveis. Nos debatesrealizados sobre o ZEE, admite-se que as fontes secundárias pouco contribuem para definição das políticas públicas (Almeida, 2000:175). Além disso, distancia-se das bases do desenvolvimento sustentável, inicialmente, definidas no PONIAL. Ademais, critica-se obaixo nível de sustentabilidade política em face da pouca participação das populações tradicionais na execução do ZEE no Amazonas.

Ao que parece, a utilização da metodologia LAGET reduz-se ao levantamento meramente técnico, portanto não proporciona e nemestimula o envolvimento de outros atores sociais importantes no ZEE, tais como as populações tradicionais. Enfim, inexiste umdebate democrático7 com as expressões da territorialidade regionais.

Em vista das constantes críticas e na tentativa de envolver atores sociais significativos na execução do ZEE, o IPAAM vem realizandoamplos debates e oficinas com os representantes dos municípios envolvidos e a sociedade civil em geral. Em decorrência, os técnicosdo IPAAM acrescentaram o elemento participativo na metodologia do ZEE na tentativa de solucionar a insustentabilidade política esocial no Amazonas. Ao que parece, reconhece-se que o zoneamento não pode restringir-se a simples determinação tecnocrática; énecessário definir e envolver o sujeito político no desenvolvimento desta estratégia.

1.2 – O ZEE em Presidente Figueiredo

Por ocasião da elaboração do Plano Ambiental do Estado do Amazonas – PAEA do IPAAM, o município de Presidente Figueiredo,8

localizado na bacia do rio Uatumã,9 foi escolhido para execução do ZEE. Este município foi criado durante a construção da Hidrelétricade Balbina no âmbito dos grandes projetos para a Amazônia nos anos 70. Os impactos ambientais e sociais da construção daHidrelétrica de Balbina foram irreversíveis e de amplo conhecimento público, tais como a destruição de área florestal, da biodiversidade

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existente e da invasão de territórios indígenas, já ameaçados pela extinção, em particular, dos índios Waimiri-Atroari, em cujareserva construiu-se a BR-174 que liga o Estado do Amazonas ao Estado de Roraima.

O município de Presidente Figueiredo possui um potencial de recursos naturais e, na atualidade, as atividades econômicas estãovoltadas, sobretudo, para o seu potencial ecoturístico, baseado em formações naturais de corredeiras, cachoeiras, cavernas e pescaesportiva. As áreas que comportam as cachoeiras e corredeiras são de propriedade particular e estão sendo exploradas economicamentepelos seus proprietários por meio do turismo ecológico. Além disso, a maior parte do município de Presidente Figueiredo encontra-se em mãos de particulares, de empresas estatais e empresas privadas, do Exército, além das reservas indígenas e Unidades deConservação. Isto significa dizer que áreas extensas do território já foram ocupadas e têm uso predeterminado o que reduz a área deatuação do IPAAM no sentido de orientar o uso do território de acordo com a sua vocação natural.

O diagnóstico apresentado pelo Projeto de Gestão Ambiental Integrada – PGAI mostra que no município os impactos ambientaissão enormes. Os dados do relatório indicam que os recursos naturais têm sido utilizados de forma ambientalmente satisfatória, o queevidencia uma política de gestão ambiental bem definida por parte do poder público. Apesar disso, reconhece e os estudos ambientaisindicam, ainda, a existência de algumas atividades poluentes, quais sejam, as atividades industriais e agropecuárias, extrativismomineral e vegetal e a disposição de efluentes sanitários. As ações antrópicas sobre o meio ambiente têm se verificado por meio do usoindisciplinado e descuidado dos recursos naturais. Há de registrar-se que o relatório realizado pelos técnicos do PGAI-AM indicaproblemas ambientais sérios nas 19 das 32 comunidades do município entre elas: a exploração da madeira, desmatamento, a caça epesca irresponsável, lixo e esgoto doméstico e sanitário (Governo do Estado do Amazonas/IPAAM, julho de 2000).

O zoneamento no município de Presidente Figueiredo encontra-se em fase final e está sendo desenvolvido na articulação entre aPrefeitura Municipal e o Ministério do Meio Ambiente, ou seja, num processo de estreita cooperação entre o governo federal emunicipal.

No município existem três áreas protegidas ambientalmente: A Reserva Biológica do Uatumã (criada por meio do Decreto n.º 9.277,de julho de 1990, numa área de 560.000 hectares) sob a responsabilidade do IBAMA; a Caverna do Maruaga (Decreto n.º 12.836, de19 de março de 90) sob a proteção do IPAAM e sob a responsabilidade municipal a área de Proteção Ambiental de Urubuí (criadapela Lei n.º 238, de 20 de março de 1997, numa área de 366 km2).

1.3 – O Município de Boa Vista do Ramos: Planejamento Participativo de uso dos recursos naturais e desenvolvimentosustentável

A Secretaria do Meio Ambiente do município de Boa Vista do Ramos (distante 270 km de Manaus), em parceria com o Instituto deManejo e Certificação Florestal e Agrícola – IMAFLORA e o conselho das Comunidades de Boa Vista do Ramos vêm realizandoum projeto de Planejamento Participativo de Uso dos Recursos Naturais e Solo e do Desenvolvimento Sustentável, desde 1998.

O Projeto Participativo de Uso dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Sustentável destaca-se entre outros desenvolvidos peloZEE no Amazonas, pelo fato de sua metodologia participativa envolver as experiências adquiridas e as formas de saber local dascomunidades do município. Nesse sentido, o projeto tem pretensões de conduzir suas ações tomando como referência as diretrizesda Agenda 21 brasileira que indica o planejamento do uso dos recursos naturais, de acordo com suas potencialidades e vocaçõesnaturais do território.

O município de Boa Vista do Ramos não faz parte oficialmente do ZEE conduzido pelo IPAAM no Estado do Amazonas.Curiosamente, este projeto talvez seja o que mais se identifica com os critérios de sustentabilidade sócio-ambiental por priorizar omanejo dos recursos em bases sustentáveis tais como mapear o uso da terra e cobertura do solo, planejamento do uso da terra deacordo com suas potencialidades, bem como treinar e capacitar pessoas da comunidade para adquirirem habilidades e ferramentasadequadas e identificarem o melhor modelo de manejo sustentável para os ecossistemas locais.

III – ALGUMAS CONCLUSÕES (BASTANTE) PRELIMINARES

O ZEE como se pode perceber tem a intenção de harmonizar o crescimento econômico com o equilíbrio ecológico e social. Entretanto,o que se percebe é que esta estratégia de reordenamento territorial vem sofrendo inúmeras críticas, entre elas, a ausência da dimensãopolítica e social da sustentabilidade.

De acordo com Carvalho, pode dizer-se que a estratégia do ZEE no Amazonas é considerada como um mero exercício essencialmentetécnico, falta de confiabilidade de dados secundários, e, por fim, a sustentabilidade política e social, uma vez que existem inúmerasdificuldades de constituir-se estratégias de participação política dos principais atores sociais, entre elas as comunidades tradicionaisnas decisões do ZEE.

A metodologia LAGET – Laboratório de Gestão do Território da Universidade Federal do Rio de Janeiro)10 baseia-se na realizaçãode levantamento de dados socioeconômicos e biofísicos. Por meio desses levantamentos são criados os subsídios técnicos,principalmente mapas e diagnósticos do potencial biofísico e social, assim como as vulnerabilidades ambientais para posteriordecisão sobre o ordenamento territorial (Carvalho, 2001: 6). Talvez, por isso, o IPAAM, com intenções de reverter a insustentabilidadepolítica e social do ZEE, tenha acrescentado o participativo na metodologia do ZEE. Isto significa reconhecer que a estratégia doreordenamento territorial necessita de compromissos de vários atores sociais para a utilização dos recursos naturais sob a ótica do

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desenvolvimento sustentável. Se as ações dos vários atores envolvidos não estão sendo direcionadas com pretensões desustentabilidade, a exploração dos recursos naturais pode ocorrer de forma predatória. Razão para perguntar-se qual a novidadenesta estratégia de ordenamento territorial? Não estaria o ZEE reproduzindo as antigas estratégias de reordenamento territorial dosúltimos 30 anos na Amazônia? Não seria ele um novo instrumento de controle dos recursos naturais?

Se assim for, o ZEE pode ser visto mais como uma estratégia de concentração crescente de poder de controle e uso de recursosnaturais em prol de grande projeto do desenvolvimento econômico brasileiro (Acselrad, 2000). A economia política regional estárepleta de exemplos, entre eles, a crescente concentração de recursos hídricos em favor de grandes hidrelétricas como Tucuruí eBalbina nos anos da ditadura militar.

Nessa perspectiva, Acselrad observa que o ZEE constitui-se em uma estratégia emblemática do ponto de vista do reordenamentosustentável do território. Para ele, trata-se de uma prática técnico-burocrática fundada nos artifícios de ponta do sensoreamentoremoto, mas desprovida da correspondente base legitimadora junto aos próprios atores sociais que constituem os territórios.Observa ainda que, se o zoneamento pretende atribuir ‘vocações’ aos diferentes subespaços, caberia certamente definir o sujeitopolítico desta identificação por meio de debate democrático que reelabore a simples determinação tecnocrática (2001: 83).

Nesta perspectiva, pode dizer-se que a metodologia até agora adotado pelos técnicos que conduzem o ZEE no Amazonas vemignorando ou não dando importância devida à definição do sujeito político no âmbito do debate democrático. Assegurar asustentabilidade ao desenvolvimento do território significa criar condições para que as atividades produtivas contribuam de formaefetiva para a melhoria das condições de vida da população, além de assegurar o patrimônio biogenético a ser reproduzido àsgerações futuras (Guimarães, p. 49).

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BIBLIOGRAFIA

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* Doutora em Serviço Social – PUC/SP, Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas e doPrograma de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia.** Bacharel em Ciências Sociais – UFAM, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia daUniversidade Federal do Amazonas.1 Essa discussão em torno do ZEE remonta os anos iniciais da década de 90, quando se criou o Decreto-Lei que instituiu a ComissãoCoordenadora do ZEE e determina a Amazônia Legal como área prioritária à realização do ZEE. Cf. SILVA, Manoel A. ZoneamentoEcológico e Econômico: uma análise da experiência do Estado do Pará. Dissertação de Mestrado. NAEA/UFPA.1999.2 Trata-se da síntese do relatório preliminar da Pesquisa “ZEE na Amazônia Ocidental” ainda em fase de andamento realizada nosmunicípios de Presidente Figueiredo (107 km de Manaus) e Boa Vista do Ramos, a ......., no Estado do Amazonas.3 Cf. Malato, Olinda R. Zoneamento Ecológico Econômico e Gestão Ambiental e Territorial: proposta alternativas ou novasretóricas? Dissertação de Mestrado. NAEA/UFPA.4 Desde quando o ZEE está sendo desenvolvido no Amazonas???? (Gimima???)5 Há de deixar-se claro que o ZEE no Estado do Amazonas está ainda em fase de execução, em função das limitações financeiras eorçamentárias, bem como a carência de recursos humanos e operacionais. Por isso o ZEE tem concentrado suas ações na áreasudeste do Estado, incluindo os municípios de Apuí, Humaitá, Manicoré e Novo Aripuanã.6 O PGAI-AM conta com a cooperação da GTZ, instituição alemã para acompanhar todos trabalhos vinculados aos recursos financeirosdos doadores internacionais.7 A esse respeito ver o resultado do WORKSHOP “Avaliação da Metodologia de ZEE para Amazônia”. Brasília: SCA/2001.8 A principal fonte de renda do município é oriunda dos royalties pagos pela ELETRONORTE – Hidrelétrica Balbina e pela MineraçãoTaboca na exploração de cassiterita.9 Compreendendo ainda os municípios de Itacoatiara, Itapiranga, Presidente Figueiredo, São Sebastião do Uatumã, Silves e Urucará.10 Elaborada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – SAE e a Secretária de Coordenação da Amazôniado Ministério do Meio Ambiente – SCA/MMA.

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DILEMAS ENTRE SOBREVIVÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DEUM PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO DO SEMI-ÁRIDONORDESTINO

Eleonora Tinoco Beaugrand1

UfRN – BrasilIone Rodrigues Diniz

Ceres-UFRN

Introdução

O Plano de Desenvolvimento Sustentável do Seridó foi uma experiência pioneira de planejamento estratégicoparticipativo no Estado do Rio Grande do Norte. Iniciado em setembro de 1999 e concluído em setembro de 2.000, oPlano envolveu diversos órgãos, e representações do Estado e da sociedade civil durante a sua elaboração. A iniciativaadveio de demandas das lideranças políticas, empresariais, sindicais e religiosas regionais junto aos representantes doEstado para a tomada de decisão sobre a crise econômica que assolava a região desde os anos 1980. Esta crise, provocadapela decadência dos três pilares fundamentais da economia regional, apresentava além de suas conseqüências econômicase sociais, graves efeitos ambientais, intensificados pelas estiagens prolongadas que ciclicamente ocorrem no semi-áridonordestino e particularmente na Região do Seridó.

É importante destacar no processo o papel da Igreja Católica, como instância fundamental de liderança nodesenvolvimento local, confirmando uma longa tradição que caracterizou a ação social da Igreja, agora simbolizada nafigura do Bispo Diocesano, D. Jaime Vieira Rocha.

.O presente artigo está inteiramente baseado no Plano de Desenvolvimento Sustentável do Seridóelaborado pelo IICA – Instituto Inter-Americano de Cooperação Agrícola e o Governo do Estado do Rio Grande doNorte, do qual fizeram parte as autoras desse trabalho, como consultora e colaboradora, respectivamente, da dimensãoeconômica, juntamente com a Dra.Tânia Bacelar.e o Dr. Ronaldo Fernandes As considerações sobre a dimensão ambiental,referente principalmente aos aspectos da biodiversidade, estão fundamentadas nas análises elaboradas pelos consultoresdo IICA José Otamar de Carvalho e Mardone Cavalcante França, e os aspectos relativos à dimensão social estãofundamentados nos consultores Leonardo Guimarães e Dinah Tinoco.

No que se refere às bases conceituais partiu-se do desenvolvimento sustentável que segundo a ComissãoBrundtland é“aquele que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futurasem satisfazerem as suas próprias necessidades”(CMMAD,1987). Segundo Buarque, (1999:55) de forma mais ampliada:“o desenvolvimento local sustentável é o processo de mudança social e elevação das oportunidades da sociedade,compatibilizando no tempo (ao longo do tempo) e no espaço, o crescimento e a eficiência econômicos, a conservaçãoambiental, a qualidade de vida e a eqüidade social, partindo de um claro compromisso com o futuro e a solidariedadeentre gerações”. Foi com base nessa concepção de desenvolvimento local sustentável, na qual a participação popular éum processo educativo e promotor do desenvolvimento, que o processo da elaboração do Plano foi pensado e concebido.

Foi utilizada a metodologia do planejamento estratégico situacional enquanto processo técnico-político(Matus,1996). “Técnico, porque ordenado e sistemático e porque deve utilizar instrumentos de organização,sistematização e hierarquização da realidade e das variáveis do processo e um esforço de produção e organização deinformações sobre o objeto e os instrumentos de intervenção. Político porque toda decisão e definição de objetivospassam por interesses e negociações entre atores sociais”(Grifo nosso) (Buarque, 1999:71).

1- Caracterização da Região

A Região do Seridó do Rio Grande do Norte corresponde a uma superfície de 12.965,3 km², o que representa24,3 % da superfície total do Estado, que é de 53.306,8 km² .Localiza-se na região meridional do Rio Grande do Norte,no semi-árido (90% do território do Estado encontram-se no Polígono das Secas), onde os solos são rasos e pedregosose apresentam incipiente fertilidade. Com o clima semi-árido, observa-se baixas precipitações pluviométricas, sujeita àsecas periódicas, além das limitações dos recursos hídricos, agravados pelas estiagens e salinização das águas, eprincipalmente a degradação ambiental através dos desmatamentos e queimadas que destroem a cobertura florestal.Acrescente-se a esses fatores o escoamento de agentes poluidores nos mananciais, bem como a erosão dos solos, entreoutros.

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No que se refere aos aspectos sociais, em 1991, a Região do Seridó apresentou um quadro mais grave o que oobservado para o Estado em seu conjunto. A média do Índice de Desenvolvimento Humano -IDH da Região por exemplo,era de 0,481, enquanto que para o Estado do Rio Grande do Norte o IDH médio situou-se em torno de 0,620. Quantoà renda familiar per d capitã ela é muito baixa: 72,5% da população apresentaram renda familiar insuficiente, igual oumenor a metade do salário mínimo. O pior desempenho ficou para a Zona Homogênea das Serras Centrais, na qual arenda insuficiente atingiu 86,24 da população. A questão do categorias.desemprego acha-se presente em todo as Zonase foi ressaltada pela população nas reuniões municipais preparatórias do Plano como o principal problema, embora dedifícil mensuração, devido à ausência de pesquisas de Emprego/Desemprego. A informalidade da maior parte dasocupações reproduz na região a situação do estado que ostenta o triste índice de 80% de trabalhadores no setor informal,contra apenas 20% com carteira assinada. As atividades rurais são responsáveis por contratos sazonais onde as relaçõesde trabalho e as remunerações percebidas pelos trabalhadores caracterizam um quadro de precarização da algumas

Apesar de representar um quarto da superfície estadual, essa Região dispõe de uma população deaproximadamente 289.700 habitantes, ou seja 11,2 % da população do Estado, a qual em termos demográficos apresentoucrescimento incipiente entre 1991-1996, ou seja de apenas 0,33% ao ano.

Historicamente a economia do Seridó estruturou-se em torno de três grandes pilares: complexo algodoeiro,pecuário, e minerador (com destaque para a extração da scheelita). Dois desses complexos estão em crise desde os anos1980, em conseqüência de vários fatores. Em primeiro lugar, a cultura do algodão arbóreo foi quase extinta em razão daabertura comercial para importação de algodão, vindo particularmente da região de Lada e sendo beneficiado pelosistema de draw back, uma vez que parte da matéria prima é utilizada para a fabricação de confecções destinadas aomercado externo. Some-se a isso, a concorrência da produção do sudeste do país, e a substituição do algodão por fiossintéticos. Outras regiões do próprio estado começaram a produzir variedades herbáceas de algodão com menorcomprimento de fibra, porém de alta produtividade, quando cultivadas com moderna tecnologia. Este não é o caso doalgodão arbóreo, uma planta com alto grau de xerofilismo, reconhecidamente incapaz de responder de formaeconomicamente viável aos estímulos da Revolução Verde. No vasto cardápio de fenômenos contra ocorreu também apraga do bicudo que dizimou grande parte das plantações no Seridó.

Em seguida verifica-se a crise da mineração que foi provocada pela concorrência de outros produtoresprincipalmente chineses desestabilizando uma das principais atividades econômicas da região, responsável pelocrescimento e desenvolvimento dos principais centros urbanos regionais.

Finalmente, a região também sofreu com a crise da pecuária, conseqüência principalmente dos períodos deestiagem e de seca que abalaram as condições climáticas do Seridó. Na tentativa de recuperação, o governo estadualintroduziu medidas de caráter emergencial que se traduziram, nos últimos anos, em alguns programas governamentais eque vêm sendo implementados, e por isso contribuído para a expansão de outras atividades agrícolas. Dentre esses,destacam-se o Programa do Leite e a ovino-caprinocultura hoje responsáveis, em parte, pelo crescimento do PIB agrícola.Observa-se também a piscicultura desenvolvida nos açudes e tanques para criação intensiva, as lavouras de milho, feijãoe mandioca e a fruticultura da pinha, caju e graviola, atividades essas distribuídas pelas três zonas homogêneas. Nasreuniões municipais, observou-se que a maior parte das reivindicações da população rural é referente à melhoria deassistência técnica voltada para os projetos rurais nos setores de agricultura familiar e portanto menos integrados àeconomia de mercado. A grande preocupação dos seridoenses da zona rural é referente à formas de sobrevivência decaráter emergenciais. Em alguns municípios rurais a única fonte de renda detectada corresponde às aposentadorias queaquecem os pequenos mercadinhos e feiras da região.

Entretanto, o que mais surpreendeu na análise dos aspectos econômicos foi a retomada do crescimento daeconomia da região que se deu, principalmente, graças às atividades urbanas que têm apresentado maior expansão: comoa pequena indústria de caráter artesanal, especialmente as manufaturas, a indústria cerâmica, as panificadoras, as indústriasde bonés e de tecelagem e a indústria de calçados.Por outro lado vale ressaltar a histórica importância do artesanato debordados – cartão de visita do Seridó – que se localiza no município de Timbaúba dos Batistas, e se caracteriza comouma atividade da zona rural. As bordadeiras são moradoras de comunidades pequenas e têm nessa atividade a forma desobrevivência mais importante. Ligadas às cooperativas de bordados cujas sedes se situam em Caicó. Além delas, observamse os estabelecimentos de comércio – particularmente os de pequeno porte, com destaque para os setores de alimentação,bebidas e serviços. A capacidade de recuperação da região é atribuída às iniciativas empreendedoras que valorizam osprodutos da região, principais responsáveis pelo marketing de divulgação do “made in Seridó” e dos produtos dagastronomia nacionalmente conhecidos através da carne de sol, queijo e manteiga do sertão.

Como a região não vive apenas daquilo que dá certo, algumas das atividades econômicas têm contribuído paraa degradação ambiental do Seridó. São elas: agropecuária extensiva, o desmatamento, a retirada de lenha para consumodoméstico e industrial, as atividades de mineração, as queimadas, o uso de agrotóxicos e fertilizantes. Em relação àsatividades de cerâmica constata-se um crescente processo de degradação do solo causada pela retirada de material pra a

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fabricação de tijolos e telhas. Parte dos problemas apontados são, finalmente, fruto da ausência de uma legislação emecanismos de controle sobre as práticas de manejo e conservação do solo nas principais atividades de exploraçãoeconômica.

1- A Região do Seridó e sua dimensão ambiental

A dimensão ambiental mostra principalmente questões relacionadas ao meio ambiente e aos recursos naturaisrenováveis ameaçados pelo desenvolvimento de algumas atividades econômicas. Dentre elas observa-se o caso da industriacerâmica. Assim, foram observados os Ecossistemas do Seridó, Recursos Hídricos, Recursos de Solo, Recursos Florestais,Demanda de Energéticos Florestais, Recursos Minerais alterações no Meio Ambiente (especialmente a Desertificação),como estão descritos a seguir:

1.1- Os Ecossistemas da Região das Caatingas e Florestas Deciduais do Nordeste

Uma das particularidades notáveis da caatinga é a capacidade das plantas ali existentes de perderem as folhasna estação seca (ou sem chuvas). Trata-se de mecanismo fisiológico de defesa contra a alta transpiração”.

De acordo com Guimarães Duque, A Caatinga é uma região natural que integra o Nordeste Semi-Árido,juntamente com o Sertão, o Seridó, o Agreste, o Curimataú, o Carrasco e as Serras. No interior das áreas de Caatingahá espaços que podem ser aproveitados com cultivos de sequeiro tradicional ou tecnificado, bem como áreas irrigáveis,em esquemas de pequena irrigação. É um espaço que requer preciso e adequado manejo dos recursos de solo e água,para evitar a degradação e, no limite, a desertificação. Explorada em moldes extrativistas, as áreas de caatingachegam hoje à quase exaustão, contribuindo para a degradação ambiental, visualizada por intermédio dos processoserosivos que reduzem o solo, carregando-o, pela ação das chuvas, em numerosos subespaços, para riachos, rios eaçudes da Região. (Plano de Desenvolvimento Sustentável; apud Guimarães Duque)

Os ecossistemas do Seridó são semelhantes àqueles de todo o Nordeste Semi-Árido, embora sejam ainda maisfrágeis. Observa-se que os recursos florestais apresentam um elevado nível de degradação mas ainda possuem resquíciosda flora de caatinga. O Plano detectou que a pressão sobre tais recursos é crescente, principalmente em conseqüência douso continuado das matas de caatinga como fonte de energia. No caso da cerâmica, a questão da sobrevivência daspopulações envolvidas nessa atividade se sobrepõe à consciência da necessidade de preservação. As raras oportunidadesde ocupações geradoras de renda fazem da cerâmica a única fonte de recursos para 4000 pessoas, registradas por estudodesenvolvido pelo sindicato do segmento.

Além da lógica econômica do mercado, as justificativas se referem também à geração de emprego, por parte deempresários urbanos e rurais ligados ao corte de madeira e à produção de carvão. (Mendes, 1997: 32.) Dados do Pnud/FAO/Ibama de 1993 revelam que a exploração econômica dos recursos florestais é responsável por 29% da renda geradapelos pequenos produtores rurais do Rio Grande do Norte, justificando, portanto, a continuidade daquelas atividadesda cerâmicas, caieiras, indústrias de óleos vegetais e de sabão, e as padarias, grandes consumidoras de lenha para asfornalhas.

As indústrias sertanejas mais prejudiciais à preservação da biodiversidade do Semi-Árido são as da mata destescursos de água, que utilizam como matéria-prima os solos aluviais das margens dos rios, ou os solos mais ricos doNordeste”e do Seridó. (Plano de Desenvolvimento Sustentável do Seridó; apud Mendes, 1997: 33.)

Dentro de um contexto de poucas alternativas de ocupações diversas, as dificuldades econômicas e sociaislevam as populações pobres, a encontrar no fácies ecológico do semi-árido seus próprios e muitas vezes os únicosmeios de sobrevivência possível. Para muitos habitantes dessas regiões a importância da biodiversidade e a preservaçãosão detalhes fora do alcance da importância dada por eles às possibilidades de continuar, eles, existindo. A natureza, nafala de um trabalhador da cerâmica é fonte inesgotável de sustento para o pobre. – “Está lá porque Deus mandou”.

1.2- Recursos Hídricos

O Seridó é uma das regiões naturais do semi-árido caracterizada pela reduzida base de recursos naturais,especialmente dos renováveis. A oferta de recursos hídricos do Estado do Rio Grande do Norte e do Seridó é representadapela mesma capacidade de açudagem dos açudes e barragens ali construídos. A capacidade de açudagem do Estado erade 3,495 bilhões. Estudos mais recentes, realizados pela Secretaria de Recursos Hídricos, do estado mostram queaquele volume foi elevado para 3,592 bilhões de metros cúbicos, por volta de 1995. (Serhid,1999: 8)


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