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Page 1: Vírgula Nº2

Martim Avillez«Se Portugal não

fosse membro da UEa recessão teria sido mais funda.»

A dívida europeia Intervenção do FMI nos diferentes países da UE

Olhar para o Futuro

Edição nº 2Mai.2011

Ach BritoRevitalizar as indústrias

tradicionais

Vírgulaportugalmundoeuropaeconomiapolíticacultura

Page 2: Vírgula Nº2

34671112162122

Crónica: Cerveja e Tremoço

Cronologia

Artigo da Edição - Portugal em Contagem Decrescente

Crédito Universitário

Dez Dicas Autonomia Financeira

Figura da EdiçãoMartim Avillez Figueiredo

Product of Portugal MOB Carsharing

EmpreendedorismoAch Brito/ Claus Porto

Como anda o AR?

ÍndiceEditorial

Na segunda edição da Vírgula,

abordamos as notícias de uma perspectiva mais

optimista. Diariamente enunciam-se

dificuldades que se vão

acumulando ao nosso dia-a-dia.

No entanto, é importante nunca

esquecer de «olhar para o

futuro», procurar evoluir e superar as adversidades.Esperemos que

gostem,

FranciscoInês

MarianaRui

Vírgula - Porque há sempre algo mais

DIRECÇÃO E REALIZAÇÃOFrancisco Silva, Inês Raposo, Mariana Mendes, Rui Gueifão

REVISÃOMariana Mendes

DESIGN&FOTOGRAFIATodas as imagens e fotografias da revista por Inês Raposo, excepto:- Imagem da Capa e das pp. 6,11,14,15,21- Fotografias do segmento Turista Almadense, por Mariana Mendes

AGRADECIMENTOSGraça VilhenaLuís MartinsMartim Avillez FigueiredoMónica Vieito / Ach Brito / Claus Porto

2840

Cultura: Turista Almadense em Bruxelas

A Hipocrisia da Piscina

3

Page 3: Vírgula Nº2

34671112162122

Crónica: Cerveja e Tremoço

Cronologia

Artigo da Edição - Portugal em Contagem Decrescente

Crédito Universitário

Dez Dicas Autonomia Financeira

Figura da EdiçãoMartim Avillez Figueiredo

Product of Portugal MOB Carsharing

EmpreendedorismoAch Brito/ Claus Porto

Como anda o AR?

ÍndiceEditorial

Na segunda edição da Vírgula,

abordamos as notícias de uma perspectiva mais

optimista. Diariamente enunciam-se

dificuldades que se vão

acumulando ao nosso dia-a-dia.

No entanto, é importante nunca

esquecer de «olhar para o

futuro», procurar evoluir e superar as adversidades.Esperemos que

gostem,

FranciscoInês

MarianaRui

Vírgula - Porque há sempre algo mais

DIRECÇÃO E REALIZAÇÃOFrancisco Silva, Inês Raposo, Mariana Mendes, Rui Gueifão

REVISÃOMariana Mendes

DESIGN&FOTOGRAFIATodas as imagens e fotografias da revista por Inês Raposo, excepto:- Imagem da Capa e das pp. 6,11,14,15,21- Fotografias do segmento Turista Almadense, por Mariana Mendes

AGRADECIMENTOSGraça VilhenaLuís MartinsMartim Avillez FigueiredoMónica Vieito / Ach Brito / Claus Porto

2840

Cultura: Turista Almadense em Bruxelas

A Hipocrisia da Piscina

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Cerveja e Tremoço

Deparamo-nos com um problema em Portugal mais grave do que aquele em que pensamos viver. Para além da reestruturação do sistema Económico-Financeiro urge uma reestruturação dos valores individuais e colectivos de um povo, da cultura de uma nação. Portugal precisa de reencontrar a sua perdida identidade para poder crescer e de novo se erguer perante o Mundo.Diariamente confrontamo-nos com a decadência de valores e auto-repressão da identidade. Reprimimos a cultura que é nossa em detrimento de outras que não conhecemos sequer, mas que “globalizaram” o nosso pensamento. Vivemos sem orgulho e sem auto-estima, com a síndrome do “povo Português”.Temos medo de trabalhar porque podemos ser a qualquer momento despedidos deste trabalho “precário” que é o Português (apesar de ser o país na Europa onde é mais difícil despedir), temos medo de investir porque podemos perder o dinheiro, temos medo. O povo que circundou a Terra pelo mar tem agora medo de se orgulhar da sua coragem e determinação, da sua história.Quanto aos jovens, a geração que pode salvar o país, essa vai bem, segundo nos dizem. Perdeu-se, apesar disso, o respeito. Nas escolas reina a violência e os mais jovens começam já a constituir “gangs” que muitas vezes transportam consigo armas. Algumas zonas na grande Lisboa parecem ter algumas semelhanças à selva, onde reina o mais forte. Com os pais a trabalharem mais e mais horas e a receberem menos dinheiro, com as famílias a perderem-se entre divórcios e mais divórcios, os filhos vagueiam abandonados e sem dinheiro nem educação, perdidos num Portugal perdido.Os casos recentemente transmitidos na comunicação social constituem um claro exemplo. Infelizmente, não são novos.A reestruturação passa pela resolução da crise de identidade. A par das reformas financeiras e económicas há que responder às questões sociais e identitárias do povo Português. É preciso, em simultâneo, reconstruir a economia e refundar os valores e a cultura de uma sociedade cada vez menos orgulhosa.

Identidade procura-se

Cr

on

olo

gia

o q

ue

se

pa

ss

ou

no

Mu

nd

o

4

4Mai11 Troika empresta 78mil milhões a Portugal. 15% é para apoiar a banca

7Mai11 Cavaco Silva quebra silêncio: “Se não mudarmos, daqui a três anos estaremos pior”

8Mai11 Passos Coelho insiste na privatização da CGD.

17Mai11 FMI e Bruxelas transferem para Portugal a menor quantia possível antes da eleições.

18Mai11 País vai pagar em juros o triplo do que gasta num ano em função pública.

2Jun11 PSD mais próximo da vitória nas eleições.

3Jun11 O Bloco de Esquerda depara-se com conflitos internos

6Jun11 Vitória clara do PSD, sem maioria absoluta. Antevê-se coligação PSD-CDS.

17Jun11 - Governo começa a ser desenhado e os primeiros nomes de Ministros são divulgados.

21 Jun 11 - O novo governo, liderado por Pedro Passos Coelho, toma posse no Palácio da Ajuda

23 Jun 11 - Fisco investiga irregularidades no fundo de artes de Joe Berardo.

Cronologia

5

Page 5: Vírgula Nº2

Cerveja e Tremoço

Deparamo-nos com um problema em Portugal mais grave do que aquele em que pensamos viver. Para além da reestruturação do sistema Económico-Financeiro urge uma reestruturação dos valores individuais e colectivos de um povo, da cultura de uma nação. Portugal precisa de reencontrar a sua perdida identidade para poder crescer e de novo se erguer perante o Mundo.Diariamente confrontamo-nos com a decadência de valores e auto-repressão da identidade. Reprimimos a cultura que é nossa em detrimento de outras que não conhecemos sequer, mas que “globalizaram” o nosso pensamento. Vivemos sem orgulho e sem auto-estima, com a síndrome do “povo Português”.Temos medo de trabalhar porque podemos ser a qualquer momento despedidos deste trabalho “precário” que é o Português (apesar de ser o país na Europa onde é mais difícil despedir), temos medo de investir porque podemos perder o dinheiro, temos medo. O povo que circundou a Terra pelo mar tem agora medo de se orgulhar da sua coragem e determinação, da sua história.Quanto aos jovens, a geração que pode salvar o país, essa vai bem, segundo nos dizem. Perdeu-se, apesar disso, o respeito. Nas escolas reina a violência e os mais jovens começam já a constituir “gangs” que muitas vezes transportam consigo armas. Algumas zonas na grande Lisboa parecem ter algumas semelhanças à selva, onde reina o mais forte. Com os pais a trabalharem mais e mais horas e a receberem menos dinheiro, com as famílias a perderem-se entre divórcios e mais divórcios, os filhos vagueiam abandonados e sem dinheiro nem educação, perdidos num Portugal perdido.Os casos recentemente transmitidos na comunicação social constituem um claro exemplo. Infelizmente, não são novos.A reestruturação passa pela resolução da crise de identidade. A par das reformas financeiras e económicas há que responder às questões sociais e identitárias do povo Português. É preciso, em simultâneo, reconstruir a economia e refundar os valores e a cultura de uma sociedade cada vez menos orgulhosa.

Identidade procura-se

Cr

on

olo

gia

o q

ue

se

pa

ss

ou

no

Mu

nd

o

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4Mai11 Troika empresta 78mil milhões a Portugal. 15% é para apoiar a banca

7Mai11 Cavaco Silva quebra silêncio: “Se não mudarmos, daqui a três anos estaremos pior”

8Mai11 Passos Coelho insiste na privatização da CGD.

17Mai11 FMI e Bruxelas transferem para Portugal a menor quantia possível antes da eleições.

18Mai11 País vai pagar em juros o triplo do que gasta num ano em função pública.

2Jun11 PSD mais próximo da vitória nas eleições.

3Jun11 O Bloco de Esquerda depara-se com conflitos internos

6Jun11 Vitória clara do PSD, sem maioria absoluta. Antevê-se coligação PSD-CDS.

17Jun11 - Governo começa a ser desenhado e os primeiros nomes de Ministros são divulgados.

21 Jun 11 - O novo governo, liderado por Pedro Passos Coelho, toma posse no Palácio da Ajuda

23 Jun 11 - Fisco investiga irregularidades no fundo de artes de Joe Berardo.

Cronologia

5

Page 6: Vírgula Nº2

Crónica

Como anda o AR?Francisco Silva analisa os acontecimentos recentemente vividos na Assembleia da República.

6

Com a campanha eleitoral o AR tem estado estagnado. A campanha político-partidária, que deveria ter progredido e esclarecido os eleitores, não o fez. Aliás, fê-lo, embora de forma pouco convincente, como é já habitual.Uma das falhas da política em Portugal, e não só nas campanhas eleitorais mas também do dia-a-dia político no país, é a capacidade que os partidos e os seus representantes mostram ter em criticar a oposição. Enfim, voltando à campanha. De facto, os partidos parecem reunir forças para concentrarem os seus discursos não nas suas próprias propostas e na sua própria actividade política, mas na dos outros. Revela-se mais importante a troca de acusações e de diálogos violentos entre as forças políticas do que, por exemplo, a explicação do plano que o país vai ter de cumprir e que, convenhamos: a maioria do eleitorado que não faz da Economia e da Política um dos seus interesses primários, não percebe.O que o país precisa urgentemente de saber, não é o que o PS não fez neste mandato, nem o que o PSD não fez quando ocupou os cargos máximos de liderança política. O que o país e o povo Português precisam é de saber o que vai ter de ser feito para ultrapassar esta difícil situação.

As caravanas vão deambulando pelo país. Os dias vão passando, mas nem por isso a situação do país parece melhorar. Recebemos já mensagens de Bruxelas que sublinham o espanto em notar que o país (nomeadamente as três forças políticas que assinaram o acordo de ajuda externa) ainda não constituiu uma comissão que vá desenvolvendo estudos de avanço do plano da troika. Aqui subjaz, mais uma vez, a incapacidade de diálogo e entendimento entre as forças político-partidárias do país.Torna-se difícil decidir, especialmente depois de tanto diálogo destrutivo que se faz sentir em todas as caravanas partidárias. Apesar disto, pede-se aos Portugueses que votem, pelas suas convicções e ideais, por si próprios e pelas suas famílias, pela sua nação, por Portugal. FS

Em contagem decrescente

Page 7: Vírgula Nº2

Crónica

Como anda o AR?Francisco Silva analisa os acontecimentos recentemente vividos na Assembleia da República.

6

Com a campanha eleitoral o AR tem estado estagnado. A campanha político-partidária, que deveria ter progredido e esclarecido os eleitores, não o fez. Aliás, fê-lo, embora de forma pouco convincente, como é já habitual.Uma das falhas da política em Portugal, e não só nas campanhas eleitorais mas também do dia-a-dia político no país, é a capacidade que os partidos e os seus representantes mostram ter em criticar a oposição. Enfim, voltando à campanha. De facto, os partidos parecem reunir forças para concentrarem os seus discursos não nas suas próprias propostas e na sua própria actividade política, mas na dos outros. Revela-se mais importante a troca de acusações e de diálogos violentos entre as forças políticas do que, por exemplo, a explicação do plano que o país vai ter de cumprir e que, convenhamos: a maioria do eleitorado que não faz da Economia e da Política um dos seus interesses primários, não percebe.O que o país precisa urgentemente de saber, não é o que o PS não fez neste mandato, nem o que o PSD não fez quando ocupou os cargos máximos de liderança política. O que o país e o povo Português precisam é de saber o que vai ter de ser feito para ultrapassar esta difícil situação.

As caravanas vão deambulando pelo país. Os dias vão passando, mas nem por isso a situação do país parece melhorar. Recebemos já mensagens de Bruxelas que sublinham o espanto em notar que o país (nomeadamente as três forças políticas que assinaram o acordo de ajuda externa) ainda não constituiu uma comissão que vá desenvolvendo estudos de avanço do plano da troika. Aqui subjaz, mais uma vez, a incapacidade de diálogo e entendimento entre as forças político-partidárias do país.Torna-se difícil decidir, especialmente depois de tanto diálogo destrutivo que se faz sentir em todas as caravanas partidárias. Apesar disto, pede-se aos Portugueses que votem, pelas suas convicções e ideais, por si próprios e pelas suas famílias, pela sua nação, por Portugal. FS

Em contagem decrescente

Page 8: Vírgula Nº2

Artigo FMI

Portugal a prazo

Há meses que ouvimos falar da possível intervenção do Fundo Monetário Internacional no nosso país. A Vírgula foi saber mais sobre esta entidade.

«Poucomais de dois anos após a entrada doFMI emPortugal,(...) o paísestabilizara»

8

Dia 23 de Marco de 2011 o PEC IV é chumbado por todos os partidos em Assembleia da Republica, excepto o partido Socialista. A mesma data da demissão do governo, anunciada pelo seu primeiro-ministro José Sócrates. Antevê-se uma crise política, económica e social com forte impacto.A questão é, no entanto, mais profunda que isto, e as complicações adjacentes aos jogos políticos surgiram e foram intensificando-se: o governo Socialista apresentou aos partidos da Assembleia e a Portugal uma nova proposta do Programa de Estabilidade e Crescimento, um quarto programa de intervenção estatal profunda, com o objectivo de corrigir as anomalias a nível financeiro que se viviam no país, para que não fosse colocada a dúvida de permanência na União Europeia, para que não fosse sequer colocada a dúvida da intervenção externa em Portugal.No seguimento desta apresentação, o Partido Socialista afirma ser urgente aprovar o PEC para que não

se precipite a ajuda externa, e que se este programa for chumbado, o governo se retira. O PSD reage, em contrapartida, afirmando que não aprovará o PEC e dá-se início a um jogo de forças políticas em que uma diz retirar-se caso o PEC não seja aprovado e a outra diz que o Programa apresentado não é viável e portanto se recusa a aprová-lo.Com o chumbo do PEC e a demissão do governo, José Sócrates apresenta-se em Bruxelas poucos dias depois com um programa de assistência financeira interna chumbado, sem governo oficial, e com uma perspectiva de ajuda externa cada vez mais eminente. O discurso de demissão conta, aliás, já com algumas referências claras ao que se antevê para Portugal: “Hoje todos os partidos rejeitaram as medidas que o governo propôs para evitar que Portugal tivesse que recorrer a um programa de assistência financeira”. Ao mesmo tempo que se antevia a assistência externa, assistia-se a uma clara culpabilização pela crise política, do Partido Socialista, aos restantes

partidos do parlamento.Com a demissão do actual governo em funções, a grande questão que se levantava era se o governo de gestão teria poder de decisão para solicitar a intervenção externa. O ministro das Finanças, Dr. Teixeira dos Santos, não considerava que um governo de gestão tivesse condições para efectivar um pedido de ajuda externa, pois apenas lhe competia assegurar as funções estritamente necessárias do poder estatal. Em resposta, Bruxelas dizia haver condições que tornassem possível um pedido de ajuda externa, uma vez que o governo português tinha um mandato e legitimidade para discutir medidas de austeridade com os restantes partidos da oposição. A chegada da troika precipitou-se finalmente. Não seria apenas o FMI a vir analisar a situação em Portugal, mas também outras duas instituições. A troika era portanto constituída por três instituições financeiras internacionais: Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional.Para proceder a uma análise da situação da Economia Portuguesa a troika propôs uma reunião aos vários partidos constituintes da Assembleia e à Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses

PS, PSD e CDS reuniram-se com as instituições, embora PCP e BE se tenham recusado. Também a CGTP reuniu com a troika. Destas reuniões saíram propostas e condições que foram estabelecidas parte a parte e negociadas pelas entidades Portuguesas e de auxílio financeiro. A construção de um plano de ajuda começou a ser elaborado a partir deste momento, com o Partido Socialista a liderar as operações de negociação.Segundo o PS, as principais medidas de austeridade estavam também contempladas no PEC IV, embora o plano de austeridade se estenda mais do que o plano de estabilidade e crescimento inicialmente proposto pelo governo. Ainda assim, sabe-se que as medidas irão influenciar sector privado e público.Já esperadas seriam medidas como a redução de salários e dos subsídios na função pública, a redução e congelamento das pensões, aumento do IVA, limites às deduções no IRS… Ainda assim, ideologia política apenas vai definir e concretizar alguns detalhes na implementação de alterações já definidas pela troika. Outras medidas estarão ainda em cima da mesa no que diz respeito ao avanço da sua concretização: subida de impostos sobre o álcool,

9

combustíveis e tabaco, privatizações, redução do valor e duração do subsídio de desemprego (definição de um valor máximo na atribuição de subsídios de desemprego), limites às indemnizações nos desempregos…Prevê-se que estas medidas produzam um efeito reestruturante sobre a Economia Portuguesa, com o corte nas despesas em detrimento das receitas fiscais, com a reestruturação do quadro orçamental do país e com o afastamento da classe política em prol do desempenho económico. A classe política deve afastar-se o suficiente das decisões económico-sociais que afectam o país e deixar que a sua condição ideológico-partidária assuma apenas um pequeno plano na concretização de medidas, já estabelecidas pela troika.

***No espaço de um ano, Portugal já é o terceiro país da União Europeia a recorrer à ajuda externa. Muitos outros estão na mira do Fundo Monetário Internacional, entre os quais, a Espanha e a Bélgica que se assumem como possíveis candidatos a “beneficiar” da intervenção externa.

Page 9: Vírgula Nº2

Artigo FMI

Portugal a prazo

Há meses que ouvimos falar da possível intervenção do Fundo Monetário Internacional no nosso país. A Vírgula foi saber mais sobre esta entidade.

«Poucomais de dois anos após a entrada doFMI emPortugal,(...) o paísestabilizara»

8

Dia 23 de Marco de 2011 o PEC IV é chumbado por todos os partidos em Assembleia da Republica, excepto o partido Socialista. A mesma data da demissão do governo, anunciada pelo seu primeiro-ministro José Sócrates. Antevê-se uma crise política, económica e social com forte impacto.A questão é, no entanto, mais profunda que isto, e as complicações adjacentes aos jogos políticos surgiram e foram intensificando-se: o governo Socialista apresentou aos partidos da Assembleia e a Portugal uma nova proposta do Programa de Estabilidade e Crescimento, um quarto programa de intervenção estatal profunda, com o objectivo de corrigir as anomalias a nível financeiro que se viviam no país, para que não fosse colocada a dúvida de permanência na União Europeia, para que não fosse sequer colocada a dúvida da intervenção externa em Portugal.No seguimento desta apresentação, o Partido Socialista afirma ser urgente aprovar o PEC para que não

se precipite a ajuda externa, e que se este programa for chumbado, o governo se retira. O PSD reage, em contrapartida, afirmando que não aprovará o PEC e dá-se início a um jogo de forças políticas em que uma diz retirar-se caso o PEC não seja aprovado e a outra diz que o Programa apresentado não é viável e portanto se recusa a aprová-lo.Com o chumbo do PEC e a demissão do governo, José Sócrates apresenta-se em Bruxelas poucos dias depois com um programa de assistência financeira interna chumbado, sem governo oficial, e com uma perspectiva de ajuda externa cada vez mais eminente. O discurso de demissão conta, aliás, já com algumas referências claras ao que se antevê para Portugal: “Hoje todos os partidos rejeitaram as medidas que o governo propôs para evitar que Portugal tivesse que recorrer a um programa de assistência financeira”. Ao mesmo tempo que se antevia a assistência externa, assistia-se a uma clara culpabilização pela crise política, do Partido Socialista, aos restantes

partidos do parlamento.Com a demissão do actual governo em funções, a grande questão que se levantava era se o governo de gestão teria poder de decisão para solicitar a intervenção externa. O ministro das Finanças, Dr. Teixeira dos Santos, não considerava que um governo de gestão tivesse condições para efectivar um pedido de ajuda externa, pois apenas lhe competia assegurar as funções estritamente necessárias do poder estatal. Em resposta, Bruxelas dizia haver condições que tornassem possível um pedido de ajuda externa, uma vez que o governo português tinha um mandato e legitimidade para discutir medidas de austeridade com os restantes partidos da oposição. A chegada da troika precipitou-se finalmente. Não seria apenas o FMI a vir analisar a situação em Portugal, mas também outras duas instituições. A troika era portanto constituída por três instituições financeiras internacionais: Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional.Para proceder a uma análise da situação da Economia Portuguesa a troika propôs uma reunião aos vários partidos constituintes da Assembleia e à Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses

PS, PSD e CDS reuniram-se com as instituições, embora PCP e BE se tenham recusado. Também a CGTP reuniu com a troika. Destas reuniões saíram propostas e condições que foram estabelecidas parte a parte e negociadas pelas entidades Portuguesas e de auxílio financeiro. A construção de um plano de ajuda começou a ser elaborado a partir deste momento, com o Partido Socialista a liderar as operações de negociação.Segundo o PS, as principais medidas de austeridade estavam também contempladas no PEC IV, embora o plano de austeridade se estenda mais do que o plano de estabilidade e crescimento inicialmente proposto pelo governo. Ainda assim, sabe-se que as medidas irão influenciar sector privado e público.Já esperadas seriam medidas como a redução de salários e dos subsídios na função pública, a redução e congelamento das pensões, aumento do IVA, limites às deduções no IRS… Ainda assim, ideologia política apenas vai definir e concretizar alguns detalhes na implementação de alterações já definidas pela troika. Outras medidas estarão ainda em cima da mesa no que diz respeito ao avanço da sua concretização: subida de impostos sobre o álcool,

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combustíveis e tabaco, privatizações, redução do valor e duração do subsídio de desemprego (definição de um valor máximo na atribuição de subsídios de desemprego), limites às indemnizações nos desempregos…Prevê-se que estas medidas produzam um efeito reestruturante sobre a Economia Portuguesa, com o corte nas despesas em detrimento das receitas fiscais, com a reestruturação do quadro orçamental do país e com o afastamento da classe política em prol do desempenho económico. A classe política deve afastar-se o suficiente das decisões económico-sociais que afectam o país e deixar que a sua condição ideológico-partidária assuma apenas um pequeno plano na concretização de medidas, já estabelecidas pela troika.

***No espaço de um ano, Portugal já é o terceiro país da União Europeia a recorrer à ajuda externa. Muitos outros estão na mira do Fundo Monetário Internacional, entre os quais, a Espanha e a Bélgica que se assumem como possíveis candidatos a “beneficiar” da intervenção externa.

Page 10: Vírgula Nº2

Com o plano apresentado pela troika no passado mês de Maio, a população portuguesa demonstra algumas preocupações relativamente ao impacto que as medidas de austeridade irão provocar no seu poder de compra e, consequentemente, na sua qualidade de vida. Com o país a questionar-se se a troika é solução, as situações da Grécia e da Irlanda detêm, neste momento, a atenção do povo português que procura nestes exemplos alguma esperança de que a intervenção do FMI, do BCE e da UE produza resultados positivos a médio/longo prazo.No entanto, o caso da Irlanda nada tem de semelhante ao caso de Portugal. Com a forte expansão do mercado imobiliário irlandês, os bancos concediam empréstimos desmedidos, não esperando que em 2008 o mercado internacional imobiliário sofresse uma drástica retracção. O preço dos imóveis caiu entre 50% e 60% e os empréstimos de risco foram-se acumulando na banca do país. Rapidamente, os bancos irlandeses perceberam que esta situação era insustentável e que a maioria dos bancos estava prestes a falir. Para prevenir o agravamento desta situação, o Estado Irlandês injectou na banca mais de 45 mil

milhões de euros, fazendo disparar o défice em cerca de 200%. Sem capacidade para sustentar o prejuízo da banca, o Estado Irlandês cedeu à ajuda externa.No caso da Grécia, as medidas impostas pelo FMI reflectiram-se num aprofundar da crise e num agravar da crise social. A Grécia é neste momento alvo de uma crise socioeconómica intensa que se agrava e estende a diversos planos e dificulta o vislumbrar de uma recuperação, pelo menos a curto prazo.O país colapsou quando em 2009 atingiu os 300 mil milhões de euros de dívida pública e o deficit orçamental registou 13.6 pontos percentuais. A Economia Grega retraiu-se em 6.6% no último trimestre de 2009 e a grave recessão teve continuação em 2010 o que tornou inevitável a intervenção do Fundo Monetário Internacional. As medidas passaram pela redução de salários, estipulação de tectos máximos para as pensões, fim das acumulações de pensões, diminuição do valor do salário mínimo… Após um ano de intervenção, o governo Grego continua a enfrentar o risco de falência, desconfiança dos mercados e falta de solidariedade por parte de outros países da União Europeia. Os cidadãos

manifestam cada vez mais o seu descontentamento perante as dificuldades que se vão acentuando.Na Grécia a situação tem algumas semelhanças à Portuguesa, com a despesa a ser claramente superior às receitas públicas. Em ambos os casos a dívida e o deficit encontram-se em valores muito elevados quando comparados com aquilo que está estipulado pelos tratados europeus. Ainda assim, a situação na Grécia é vista, a olhos europeus, de forma muito mais preocupante.Os tempos que correm não deixam margem a utopias, a grandes convicções políticas. Há apenas tempo para reestruturar os alicerces fundamentais do país, corrigir vícios e apostar no que de bom temos.Há que recuperar a estabilidade económica sobretudo através da alienação política e aposta na tecnocracia., FS/MM

Artigo FMI

«O caso da Irlandanada tem desemelhantecom o de

Portugal.»

10

Economia

Crédito UniversitárioNinguém quer depender de um empréstimo para estudar - no entanto, perante o acréscimo em 1,4% do valor das propinas das universidades públicas para cerca de 999,71 euros anuais, a entrar em vigor no próximo ano lectivo para licenciaturas, conjugado com a redução de bolsas disponíveis e a crise financeira e económica, é natural que muitas famílias se vejam obrigadas a recorrer junto das instituições financeiras para obterem crédito universitário.

Antes de se candidatar a um empréstimo universitário é essencial efectuar um

planeamento antecipado e considerar todas as opções disponíveis. A sua escolha deve ser feita baseada na

comparação entre as diferentes condições apresentadas e deve focar-se em bolsas

de estudo, empréstimos estatais ou outros empréstimos.

Quer as bolsas de estudo a estudantes socialmente desfavorecidos ou as bolsas

de estudo por mérito são escassas. Enquanto que as bolsas de estudo por

mérito são atribuídas convencionalmente a um número restrito de alunos com

média do ensino secundária superior a 16 valores, no caso de pretender obter uma bolsa social o aluno deverá apresentar a

sua candidatura no site da Direcção Geral do Ensino Superior (dges.mctes.pt).Quanto a empréstimos estatais com

garantia mútua, estes são geralmente a opção mais económica para financiar

estudos superiores

cujos montantes de despesas não excedam os 5 mil euros anuais, sem necessidade de apresentar seguros ou garantias, sendo. progressivamente vantajosos consoante a prestação escolar do aluno, o que se reflecte em benefícios a nível de redução de spreads e taxas de juro (o spread máximo é de 1% e mínimo de 0,2%). No entanto, é necessário lembrar que face à segunda reprovação verifica-se a suspensão do crédito. Em todo o caso, é conveniente recorrer junto de instituições financeiras para averiguar se estas apresentam opções mais vantajosas que as supracitadas. É fácil encontrar nos websites destas entidades uma secção destinada a jovens universitários, sendo apresentados vários produtos, como é o caso dos cartões com condições especiais.Qualquer que seja a opção escolhida, esta deverá ser encarada sem preconceitos – recorrer a ajuda é legítimo e justifica-se face à actual conjuntura. IR

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Page 11: Vírgula Nº2

Com o plano apresentado pela troika no passado mês de Maio, a população portuguesa demonstra algumas preocupações relativamente ao impacto que as medidas de austeridade irão provocar no seu poder de compra e, consequentemente, na sua qualidade de vida. Com o país a questionar-se se a troika é solução, as situações da Grécia e da Irlanda detêm, neste momento, a atenção do povo português que procura nestes exemplos alguma esperança de que a intervenção do FMI, do BCE e da UE produza resultados positivos a médio/longo prazo.No entanto, o caso da Irlanda nada tem de semelhante ao caso de Portugal. Com a forte expansão do mercado imobiliário irlandês, os bancos concediam empréstimos desmedidos, não esperando que em 2008 o mercado internacional imobiliário sofresse uma drástica retracção. O preço dos imóveis caiu entre 50% e 60% e os empréstimos de risco foram-se acumulando na banca do país. Rapidamente, os bancos irlandeses perceberam que esta situação era insustentável e que a maioria dos bancos estava prestes a falir. Para prevenir o agravamento desta situação, o Estado Irlandês injectou na banca mais de 45 mil

milhões de euros, fazendo disparar o défice em cerca de 200%. Sem capacidade para sustentar o prejuízo da banca, o Estado Irlandês cedeu à ajuda externa.No caso da Grécia, as medidas impostas pelo FMI reflectiram-se num aprofundar da crise e num agravar da crise social. A Grécia é neste momento alvo de uma crise socioeconómica intensa que se agrava e estende a diversos planos e dificulta o vislumbrar de uma recuperação, pelo menos a curto prazo.O país colapsou quando em 2009 atingiu os 300 mil milhões de euros de dívida pública e o deficit orçamental registou 13.6 pontos percentuais. A Economia Grega retraiu-se em 6.6% no último trimestre de 2009 e a grave recessão teve continuação em 2010 o que tornou inevitável a intervenção do Fundo Monetário Internacional. As medidas passaram pela redução de salários, estipulação de tectos máximos para as pensões, fim das acumulações de pensões, diminuição do valor do salário mínimo… Após um ano de intervenção, o governo Grego continua a enfrentar o risco de falência, desconfiança dos mercados e falta de solidariedade por parte de outros países da União Europeia. Os cidadãos

manifestam cada vez mais o seu descontentamento perante as dificuldades que se vão acentuando.Na Grécia a situação tem algumas semelhanças à Portuguesa, com a despesa a ser claramente superior às receitas públicas. Em ambos os casos a dívida e o deficit encontram-se em valores muito elevados quando comparados com aquilo que está estipulado pelos tratados europeus. Ainda assim, a situação na Grécia é vista, a olhos europeus, de forma muito mais preocupante.Os tempos que correm não deixam margem a utopias, a grandes convicções políticas. Há apenas tempo para reestruturar os alicerces fundamentais do país, corrigir vícios e apostar no que de bom temos.Há que recuperar a estabilidade económica sobretudo através da alienação política e aposta na tecnocracia., FS/MM

Artigo FMI

«O caso da Irlandanada tem desemelhantecom o de

Portugal.»

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Economia

Crédito UniversitárioNinguém quer depender de um empréstimo para estudar - no entanto, perante o acréscimo em 1,4% do valor das propinas das universidades públicas para cerca de 999,71 euros anuais, a entrar em vigor no próximo ano lectivo para licenciaturas, conjugado com a redução de bolsas disponíveis e a crise financeira e económica, é natural que muitas famílias se vejam obrigadas a recorrer junto das instituições financeiras para obterem crédito universitário.

Antes de se candidatar a um empréstimo universitário é essencial efectuar um

planeamento antecipado e considerar todas as opções disponíveis. A sua escolha deve ser feita baseada na

comparação entre as diferentes condições apresentadas e deve focar-se em bolsas

de estudo, empréstimos estatais ou outros empréstimos.

Quer as bolsas de estudo a estudantes socialmente desfavorecidos ou as bolsas

de estudo por mérito são escassas. Enquanto que as bolsas de estudo por

mérito são atribuídas convencionalmente a um número restrito de alunos com

média do ensino secundária superior a 16 valores, no caso de pretender obter uma bolsa social o aluno deverá apresentar a

sua candidatura no site da Direcção Geral do Ensino Superior (dges.mctes.pt).Quanto a empréstimos estatais com

garantia mútua, estes são geralmente a opção mais económica para financiar

estudos superiores

cujos montantes de despesas não excedam os 5 mil euros anuais, sem necessidade de apresentar seguros ou garantias, sendo. progressivamente vantajosos consoante a prestação escolar do aluno, o que se reflecte em benefícios a nível de redução de spreads e taxas de juro (o spread máximo é de 1% e mínimo de 0,2%). No entanto, é necessário lembrar que face à segunda reprovação verifica-se a suspensão do crédito. Em todo o caso, é conveniente recorrer junto de instituições financeiras para averiguar se estas apresentam opções mais vantajosas que as supracitadas. É fácil encontrar nos websites destas entidades uma secção destinada a jovens universitários, sendo apresentados vários produtos, como é o caso dos cartões com condições especiais.Qualquer que seja a opção escolhida, esta deverá ser encarada sem preconceitos – recorrer a ajuda é legítimo e justifica-se face à actual conjuntura. IR

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Page 12: Vírgula Nº2

Economia

Atinge a autonomia financeiraA construção de uma vida independente é altamente ambicionada pelos jovens. No entanto, a saída

de casa tem sido progressivamente adiada dado às dificuldades impostas pela conjuntura económica e de emprego. Nesta edição, a Vírgula inventaria dez passos úteis que te ajudarão a dar

o passo com confiança.

1. Planeia a tua vida financeiraDeves elaborar um orçamento com os teus rendimentos e gastos mensais, tendo em consideração o que gastarás em renda, gás, comida, bebida, transportes, comunicações, água, entre outros. É conveniente deixar uma margem para despesas inesperadas ou de valores maiores, como quotas anuais, assim como fazer um esforço para poupar sempre uma porção do teu rendimento. Caso os

teus rendimentos não sejam suficientes para cobrir as despesas, deverás fazer uma análise das despesas a cortar.

2. Valoriza as poupançasÉ conveniente recorrer a um fundo já existente ou criar antecipadamente um fundo no qual

depositas regularmente uma quantia fixa – ter uma conta destinada a poupanças desde cedo ajudar-te-á em situações de emergência financeira, criando alguma estabilidade.

3. Cria uma conta bancáriaÉ imperativo criar uma conta corrente que forneça acesso ao teu dinheiro e proporcione um registo

detalhado de todas as tuas transacções financeiras diárias. Aconselha-te junto de diversas Instituições Financeiras sobre as características dos seus produtos.

4. Mãos ao trabalhoDeves procurar um trabalho, quer seja a tempo inteiro como a part-time, recorrendo ao site

http://www.iefp.pt. Durante a tua vida académica, talvez seja difícil conciliar um horário de estudo com um trabalho a tempo inteiro.

12

5. Lar doce LarA habitação é um segmento dispendioso, pelo que durante os primeiros tempos talvez devas

considerar repartir renda com outra pessoa. A longo prazo é mais vantajoso comprar casa porque evitas estar à mercê de senhorios e de contratos anuais (sem garantias para os anos seguintes em termos de estadia ou preço). Caso alugues um quarto ou uma casa, procura sempre ter referências

sobre os senhorios.

6. Documentação em ordemVivendo fora da casa dos pais, terás de ter total controlo e posse de todos os documentos

relacionados com identificação pessoal, saúde, finanças, etc. Organiza um portefólio onde possas guardar facturas ou estratos de conta por secção ou, se possível, dá preferência à factura on-line.

7. Localização da tua nova casaAo longo de todo o processo de procura de uma nova casa, é crucial ter sempre em consideração a

localização da mesma. Este factor pode provocar uma significativa diminuição dos teus custos mensais por isso, deves ter preferência por residências próximas de estações do metro, de comboio ou de autocarros. Desta forma, um passe mensal bastar-te-á para te deslocares na tua cidade, em

detrimento do carro que exigiria um enorme dispêndio em gasolina.

8. Reduz as despesas supérfluasPrincipalmente nos primeiros tempos, vai ser difícil orientares-te apenas com o teu dinheiro e com todas as tarefas que terás de te encarregar sozinho. É por este motivo que é muito importante que

planeies as tuas compras e que abdiques de luxos. No entanto, não nos referimos apenas a contenções nas compras domésticas mas também no teu quotidiano. Sugestão: experimenta

organizares jantares e noites de cinema em tua casa em vez de irem gastar uma fortuna numa noite fora de casa.

9. Dividir casa com mais companheirosSe compartilhares a casa com um ou mais colegas, poderão dividir entre todos as despesas, bem como as tarefas domésticas, o que te aliviará a carteira e, assim, terás mais tempo livre para os

estudos. Por outro lado, não te sentirás tão solitário numa casa vazia, conviverás com amigos com quem poderás partilhar a tua vida e que talvez tornarão mais fácil para ti esta transição e ruptura

com a tua zona de conforto.

10. Projecto «Sair de casa dos pais» Por último, o mais importante. É extremamente necessário que elabores um plano extensivo que

inclua, detalhadamente, tudo o que sair de casa dos teus pais implica, através da análise dos prós e contras e de uma honesta reflexão da tua parte e, claro, dos teus pais. Eles irão ser os teus aliados na concretização deste projecto, por isso é vital que não os deixes de fora do teu plano. Se ao fim de todo este processo, concluíres que o teu projecto é exequível e que tens tudo em ordem para

atingires os teus objectivos, só então podes pô-lo em prática e transformar a tua ideia numa realidade. IR/MM

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Page 13: Vírgula Nº2

Economia

Atinge a autonomia financeiraA construção de uma vida independente é altamente ambicionada pelos jovens. No entanto, a saída

de casa tem sido progressivamente adiada dado às dificuldades impostas pela conjuntura económica e de emprego. Nesta edição, a Vírgula inventaria dez passos úteis que te ajudarão a dar

o passo com confiança.

1. Planeia a tua vida financeiraDeves elaborar um orçamento com os teus rendimentos e gastos mensais, tendo em consideração o que gastarás em renda, gás, comida, bebida, transportes, comunicações, água, entre outros. É conveniente deixar uma margem para despesas inesperadas ou de valores maiores, como quotas anuais, assim como fazer um esforço para poupar sempre uma porção do teu rendimento. Caso os

teus rendimentos não sejam suficientes para cobrir as despesas, deverás fazer uma análise das despesas a cortar.

2. Valoriza as poupançasÉ conveniente recorrer a um fundo já existente ou criar antecipadamente um fundo no qual

depositas regularmente uma quantia fixa – ter uma conta destinada a poupanças desde cedo ajudar-te-á em situações de emergência financeira, criando alguma estabilidade.

3. Cria uma conta bancáriaÉ imperativo criar uma conta corrente que forneça acesso ao teu dinheiro e proporcione um registo

detalhado de todas as tuas transacções financeiras diárias. Aconselha-te junto de diversas Instituições Financeiras sobre as características dos seus produtos.

4. Mãos ao trabalhoDeves procurar um trabalho, quer seja a tempo inteiro como a part-time, recorrendo ao site

http://www.iefp.pt. Durante a tua vida académica, talvez seja difícil conciliar um horário de estudo com um trabalho a tempo inteiro.

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5. Lar doce LarA habitação é um segmento dispendioso, pelo que durante os primeiros tempos talvez devas

considerar repartir renda com outra pessoa. A longo prazo é mais vantajoso comprar casa porque evitas estar à mercê de senhorios e de contratos anuais (sem garantias para os anos seguintes em termos de estadia ou preço). Caso alugues um quarto ou uma casa, procura sempre ter referências

sobre os senhorios.

6. Documentação em ordemVivendo fora da casa dos pais, terás de ter total controlo e posse de todos os documentos

relacionados com identificação pessoal, saúde, finanças, etc. Organiza um portefólio onde possas guardar facturas ou estratos de conta por secção ou, se possível, dá preferência à factura on-line.

7. Localização da tua nova casaAo longo de todo o processo de procura de uma nova casa, é crucial ter sempre em consideração a

localização da mesma. Este factor pode provocar uma significativa diminuição dos teus custos mensais por isso, deves ter preferência por residências próximas de estações do metro, de comboio ou de autocarros. Desta forma, um passe mensal bastar-te-á para te deslocares na tua cidade, em

detrimento do carro que exigiria um enorme dispêndio em gasolina.

8. Reduz as despesas supérfluasPrincipalmente nos primeiros tempos, vai ser difícil orientares-te apenas com o teu dinheiro e com todas as tarefas que terás de te encarregar sozinho. É por este motivo que é muito importante que

planeies as tuas compras e que abdiques de luxos. No entanto, não nos referimos apenas a contenções nas compras domésticas mas também no teu quotidiano. Sugestão: experimenta

organizares jantares e noites de cinema em tua casa em vez de irem gastar uma fortuna numa noite fora de casa.

9. Dividir casa com mais companheirosSe compartilhares a casa com um ou mais colegas, poderão dividir entre todos as despesas, bem como as tarefas domésticas, o que te aliviará a carteira e, assim, terás mais tempo livre para os

estudos. Por outro lado, não te sentirás tão solitário numa casa vazia, conviverás com amigos com quem poderás partilhar a tua vida e que talvez tornarão mais fácil para ti esta transição e ruptura

com a tua zona de conforto.

10. Projecto «Sair de casa dos pais» Por último, o mais importante. É extremamente necessário que elabores um plano extensivo que

inclua, detalhadamente, tudo o que sair de casa dos teus pais implica, através da análise dos prós e contras e de uma honesta reflexão da tua parte e, claro, dos teus pais. Eles irão ser os teus aliados na concretização deste projecto, por isso é vital que não os deixes de fora do teu plano. Se ao fim de todo este processo, concluíres que o teu projecto é exequível e que tens tudo em ordem para

atingires os teus objectivos, só então podes pô-lo em prática e transformar a tua ideia numa realidade. IR/MM

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Page 14: Vírgula Nº2

Economia

Um pé em casa, outro na ruaSair de casa é sempre um processo difícil e demorado que requer muito em que pensar

antes de ser tomada uma decisão final. Implica independência financeira, responsabilidade,

capacidade de sacrifício (pois os primeiros anos podem-se tornar bem difíceis), e principalmente

ter um emprego fixo que providencie meios para que possa ser criado um ambiente, tanto

económico como social, propício para se poder viver. Este último ponto é um dos principais

motivos para que o fenómeno sair de casa se torne tardio. O emprego está cada vez mais

escasso mesmo para recém licenciados, licenciados e mestres. Este é um fenómeno

actual, onde estudar não chega para estar garantido num certo emprego. Como refere o

grupo Deolinda, “estudar para ser escravo”.Segundo estatísticas reveladas pela Comissão

Europeia um terço dos jovens adultos e um quinto das jovens adultas na União Europeia,

com idades entre os 25 e os 34 anos, continuam a morar em casa dos pais. Na UE,

20% das jovens adultas e 32% dos jovens adultos viviam com pelo menos um dos pais. .

Destes, 13% continuam a estudar. São dados arrebatadores estes, que mostram a incapacidade de um jovem se tornar independente nos dias que correm, devidos a todas as dificuldades que estes enfrentam, como, o desemprego, contratos a prazo, impossibilitando um jovem trabalhador de ter uma vida estável e pensar em ter filhos, uma mulher, etc.O desemprego é assim um fenómeno a combater, devido a todas as suas consequências, entre elas, a que vimos aqui: “o sair de casa cada vez mais tardio” que vai influenciar o modo de vida de uma pessoa e todo o seu aproveitamento da sua vida. RG

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Um terço dos jovens adultos da União Europeiavive em casa dos pais.

A saída tardia de casa acarreta várias consequências para oindivíduo.

Page 15: Vírgula Nº2

Economia

Um pé em casa, outro na ruaSair de casa é sempre um processo difícil e demorado que requer muito em que pensar

antes de ser tomada uma decisão final. Implica independência financeira, responsabilidade,

capacidade de sacrifício (pois os primeiros anos podem-se tornar bem difíceis), e principalmente

ter um emprego fixo que providencie meios para que possa ser criado um ambiente, tanto

económico como social, propício para se poder viver. Este último ponto é um dos principais

motivos para que o fenómeno sair de casa se torne tardio. O emprego está cada vez mais

escasso mesmo para recém licenciados, licenciados e mestres. Este é um fenómeno

actual, onde estudar não chega para estar garantido num certo emprego. Como refere o

grupo Deolinda, “estudar para ser escravo”.Segundo estatísticas reveladas pela Comissão

Europeia um terço dos jovens adultos e um quinto das jovens adultas na União Europeia,

com idades entre os 25 e os 34 anos, continuam a morar em casa dos pais. Na UE,

20% das jovens adultas e 32% dos jovens adultos viviam com pelo menos um dos pais. .

Destes, 13% continuam a estudar. São dados arrebatadores estes, que mostram a incapacidade de um jovem se tornar independente nos dias que correm, devidos a todas as dificuldades que estes enfrentam, como, o desemprego, contratos a prazo, impossibilitando um jovem trabalhador de ter uma vida estável e pensar em ter filhos, uma mulher, etc.O desemprego é assim um fenómeno a combater, devido a todas as suas consequências, entre elas, a que vimos aqui: “o sair de casa cada vez mais tardio” que vai influenciar o modo de vida de uma pessoa e todo o seu aproveitamento da sua vida. RG

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Um terço dos jovens adultos da União Europeiavive em casa dos pais.

A saída tardia de casa acarreta várias consequências para oindivíduo.

Page 16: Vírgula Nº2

Figura daEdição

Prof. Doutor Nuno João de Oliveira Valério, professor catedrático de História no ISEG e membro da Ordem dos Economistas, conta com uma vasta experiência nas áreas da História Económica e Monetária e é autor de várias obras, entre as quais "História da Economia Mundial Contemporânea" e "O escudo - a unidade monetária portuguesa 1911-2001", assim como também publicou artigos em revistas económicas internacionais.

16

Martim A. Figueiredo

V: No passado mês de Abril, o Fundo Monetário Internacional foi chamado a intervir no nosso país pela terceira vez nas últimas três décadas. Qual o grande fator ou fatores (problemas) que impediram a economia portuguesa de registar um crescimento significativo e consistente nos últimos anos? MA:Esta pergunta envolve múltiplas respostas, e não me parece adequado responder com um tratado económico Anda assim, obriga sempre a uma resposta grande. Escolho apenas uma dessas respostas. Nessa resposta (portanto não é conclusiva, é apenas uma parte da fotografia) diria, de igual modo, que existem duas dimensões A mais visível, que nos diz assim: os decisores políticos nacionais fizeram as apostas erradas. Ao longo destes trinta anos, apostaram em transformar Portugal para... os portugueses. Isso implicou aquilo a que assistimos: uma gigantesca aposta nos serviços, muito apoiada no Estado, com este a comprar e a estimular serviços cada vez mais eficientes. Os agentes económicos, incentivados por isso, concentraram aí a sua energia - o que fez desaparecer a indústria. Por outro lado, essa aposta em transformar Portugal impôs a ( então) necessária aposta em infra estruturas - estradas e todos os investimentos pesados que deram ao país a imagem moderna que tem hoje. O reverso desta medalha - quer dizer, o reverso destas apostas dos políticos - ajuda a olhar a segunda dimensão da resposta, isto é, revela mais um pouco de

Nesta edição, o conceituado jornalista fala à Vírgula das perspectivas futuras para o país, financeira, económica e socialmente. Será que Portugal pode renascer das cinzas? Leia abaixo.

uma fotografia que não se esgota aqui. E essa segunda dimensão diz-nos - sem industria, o país deixou de exportar. Não exportando, criou um desequilíbrio perigoso da balança comercial ( a diferença entre exportações menos importações). Ao mesmo tempo, a aposta em infraestruturas obrigava a importar quase toda a maquinaria (Portugal desinvestiu na industria) tornando ainda mais desequilibrada a balança comercial. Com uma economia apostada em serviços ( representam 70%do PIB), as famílias consumiam cada vez mais oferta de serviços e produtos. Isso levou a que poupassem menos do que precisavam. Ora, uma economia que não exporta acaba a comprar as suas necessidades fora - que as famílias depois consomem. Esse comportamento vai esvaziando de dinheiro português (chamemos-lhe assim) o país, que precisa por isso de ir buscar dinheiro fora. Como o país não cresce, endivida-se. De novo, esse dinheiro vem de fora (os portugueses não poupam). Concluindo, esta pequena parte da fotografia ajuda-nos a entender como as decisões se encadeiam umas nas outras - no nosso caso, para gerar uma bomba económica que rebentou agora.

(continua na página seguinte)

V: Após a reprovação do PEC IV e de um desenrolar de conflitos políticos que levaram ao pedido de demissão do governo, apelou-se à intervenção do Fundo Monetário Internacional no país.

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Page 17: Vírgula Nº2

Figura daEdição

Prof. Doutor Nuno João de Oliveira Valério, professor catedrático de História no ISEG e membro da Ordem dos Economistas, conta com uma vasta experiência nas áreas da História Económica e Monetária e é autor de várias obras, entre as quais "História da Economia Mundial Contemporânea" e "O escudo - a unidade monetária portuguesa 1911-2001", assim como também publicou artigos em revistas económicas internacionais.

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Martim A. Figueiredo

V: No passado mês de Abril, o Fundo Monetário Internacional foi chamado a intervir no nosso país pela terceira vez nas últimas três décadas. Qual o grande fator ou fatores (problemas) que impediram a economia portuguesa de registar um crescimento significativo e consistente nos últimos anos? MA:Esta pergunta envolve múltiplas respostas, e não me parece adequado responder com um tratado económico Anda assim, obriga sempre a uma resposta grande. Escolho apenas uma dessas respostas. Nessa resposta (portanto não é conclusiva, é apenas uma parte da fotografia) diria, de igual modo, que existem duas dimensões A mais visível, que nos diz assim: os decisores políticos nacionais fizeram as apostas erradas. Ao longo destes trinta anos, apostaram em transformar Portugal para... os portugueses. Isso implicou aquilo a que assistimos: uma gigantesca aposta nos serviços, muito apoiada no Estado, com este a comprar e a estimular serviços cada vez mais eficientes. Os agentes económicos, incentivados por isso, concentraram aí a sua energia - o que fez desaparecer a indústria. Por outro lado, essa aposta em transformar Portugal impôs a ( então) necessária aposta em infra estruturas - estradas e todos os investimentos pesados que deram ao país a imagem moderna que tem hoje. O reverso desta medalha - quer dizer, o reverso destas apostas dos políticos - ajuda a olhar a segunda dimensão da resposta, isto é, revela mais um pouco de

Nesta edição, o conceituado jornalista fala à Vírgula das perspectivas futuras para o país, financeira, económica e socialmente. Será que Portugal pode renascer das cinzas? Leia abaixo.

uma fotografia que não se esgota aqui. E essa segunda dimensão diz-nos - sem industria, o país deixou de exportar. Não exportando, criou um desequilíbrio perigoso da balança comercial ( a diferença entre exportações menos importações). Ao mesmo tempo, a aposta em infraestruturas obrigava a importar quase toda a maquinaria (Portugal desinvestiu na industria) tornando ainda mais desequilibrada a balança comercial. Com uma economia apostada em serviços ( representam 70%do PIB), as famílias consumiam cada vez mais oferta de serviços e produtos. Isso levou a que poupassem menos do que precisavam. Ora, uma economia que não exporta acaba a comprar as suas necessidades fora - que as famílias depois consomem. Esse comportamento vai esvaziando de dinheiro português (chamemos-lhe assim) o país, que precisa por isso de ir buscar dinheiro fora. Como o país não cresce, endivida-se. De novo, esse dinheiro vem de fora (os portugueses não poupam). Concluindo, esta pequena parte da fotografia ajuda-nos a entender como as decisões se encadeiam umas nas outras - no nosso caso, para gerar uma bomba económica que rebentou agora.

(continua na página seguinte)

V: Após a reprovação do PEC IV e de um desenrolar de conflitos políticos que levaram ao pedido de demissão do governo, apelou-se à intervenção do Fundo Monetário Internacional no país.

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Page 18: Vírgula Nº2

Considera que do pedido de ajuda externa irão advir medidas necessárias para a recuperação de Portugal ou, como a Irlanda referiu, estas poderão não ter o impacto esperado?

V: Acredita que a entrada do FMI em Portugal e o decorrente escrutínio das contas públicas pode contribuir para a melhoria do funcionamento estatal, através da identificação e correção de erros e vícios internos e estruturais, nomeadamente as regalias a que classe política tem direito?

V: A intervenção do FMI terá uma duração de três anos. Será este período de tempo suficiente para implementar medidas capazes de produzir resultados a médio/longo prazo?

MA:O modelo de ajuda externa que esta a ser aplicado em Portugal é muito diferente do irlandês - ate porque a crise irlandesa é, também ela, muito diferente da nacional. Lendo atentamente o documento preparado pelo grupo de resgate, percebe-se como as suas medidas se concentram, justamente, na tentativa de resolver a parte da fotografia que identificámos acima. Quer dizer, ajudar Portugal a voltar ao caminho das exportações (apostando assim em bens transacionáveis, isto é, bens que podem ser comercializados, ao contrario do que acontece com os serviços), a dar competitividade à industria (daí tanto se falar na redução da taxa social única) e a reduzir a exposição à divida - o que explica as ideias de subir o IVA para, assim, reduzir o consumo - aumentando por isso a poupança do país. Ou seja, aumentando a quantidade daquilo a que chamámos acima a quantidade de dinheiro português a circular na economia.

MA:Essa é uma das principais esperanças deste pacote - que de uma vez por todas obrigue (e obriga) os políticos a racionalizar a máquina publica, encerrando tudo o que é redundante.

MA: A economia portuguesa nunca demorará menos do que uma década a recuperar, plenamente, a energia e a força que agora procura. Isto dito, este é um processo que dura 10 anos mas que terá de começar a produzir resultados imediatamente.

MA: A chegada não. O que pode restituir essa confiança dos mercados (a palavra é mais esta) é a capacidade de o pais demonstrar, rapidamente, que consegue aplicar parte das medidas que constam do documento. Não para receber um prémio de bom aluno, mas porque a aplicação destas medidas reconduzirá o país a um caminho de crescimento. E os mercados só emprestam dinheiro a quem demonstra que o pode pagar de volta. E só paga quem, pedindo dinheiro, faz mais dinheiro com ele.

MA: Julgo que aquilo que vocês querem verdadeiramente saber não é este economês – é, antes, o seguinte: posso continuar a ir de férias no verão e à neve no inverno? Posso jantar fora antes de sair com amigos, e gastar 60 euros em copos numa só noite? Se tiverem esse dinheiro, podem. Se quiserem brincar à macroeconomia, e dizer que estão a contribuir à vossa escala para os problemas do país, não podem. Se cada português ativo (são quase 5 milhões) gastasse menos 60 euros por mês as contas, a nível nacional, são incríveis: o país arrecadaria em poupança adicional, todos os meses, 295 milhões de euros.

V: Portugal sofreu um alto descrédito perante os mercados financeiros. A chegada da “troika” ao país restituirá, de algum modo, a nossa credibilidade?

V: Atualmente, especula-se muito acerca do impacto que as medidas adotadas terão na esfera social. Como perceciona a evolução das variáveis macroeconómicas, nomeadamente poupança, consumo e emprego em Portugal?

Figura daEdição

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«A economiaportuguesa nuncademorará menos do queuma década a recuperar, plenamente, a energia e a forçaque agora procura.»

Multiplicado por 12 meses do ano, isso equivaleria à incrível soma de 3,5 mil milhões de euros. Em percentagem do PIB, são quase 2% de toda a riqueza gerada.

MA: Eis uma belíssima pergunta - o empreendedorismo é uma característica que o país não tem. A razão principal é a que vimos na primeira resposta: más decisões dos políticos afunilaram a economia nos serviços e nas saias do Estado. Portanto a primeira resposta é sim, devem acreditar que a vossa energia, as vossas competências, serão muito bem empregues na gestão de um negócio próprio. Atenção - não comprem logo um carro novo apenas porque a empresa tem crédito. Lembrem-se: esse dinheiro custa dinheiro, e só o podem pagar se, com ele, gerarem mais dinheiro.

V: Tendo em conta que os mercados não têm capacidade de recrutar mão-de-obra, sendo este um grande responsável pelo contínuo aumento do desemprego, é crucial a consciencialização do cidadão relativamente ao panorama atual, levando à criação da sua própria oportunidade. Num contexto agreste como o que se vive, há lugar e condições propícias à iniciativa privada?

procurarem aí dinheiro disponível para a vossa iniciativa. Resposta 2: mas como é que isso se faz se não conhecemos ninguém? Conhecendo. Depois de entenderem o mecanismo de funcionamento ( entender mesmo, não chega conversar sobre o tema com uns amigos) comecem a procurar chegar ate lá. Do email ao amigo do amigo do amigo do amigo, podem ainda inscrever-se nas associações de business angel portuguesas ( existem duas), participando depois em todos os eventos que estas organizem. Participar não é igual a ir ate lá e ficar a um canto - é perder a vergonha e falar, trocar ideias, dizer o vosso nome e mostrar que existem. Vão ver que não custa nada.

MA: Quaisquer bens que o mercado internacional deseje e que consigamos vender com mais qualidade e por menos preço, eis a resposta. Parece demasiado simples, mas é assim mesmo. A internet, hoje, permite conhecer e antecipar essas tendências, ao mesmo tempo que viabiliza circuitos alternativos de distribuição que antes não existiam. O mundo esta aí à vossa espera. (continua na página seguinte)

O que leva à pergunta essencial: se tenho ideia, ou se tenho vontade e coragem de empreender, onde encontro o dinheiro? Resposta 1: no mercado. Têm de descobrir e entender o modelo de funcionamento dos business angel e dos private equity para, então,

V: Numa perspetiva de renovação estrutural do funcionamento da economia nacional, quais os ramos de atividade que poderão constituir uma mais-valia para o reforço da nossa competitividade no mercado internacional?

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Page 19: Vírgula Nº2

Considera que do pedido de ajuda externa irão advir medidas necessárias para a recuperação de Portugal ou, como a Irlanda referiu, estas poderão não ter o impacto esperado?

V: Acredita que a entrada do FMI em Portugal e o decorrente escrutínio das contas públicas pode contribuir para a melhoria do funcionamento estatal, através da identificação e correção de erros e vícios internos e estruturais, nomeadamente as regalias a que classe política tem direito?

V: A intervenção do FMI terá uma duração de três anos. Será este período de tempo suficiente para implementar medidas capazes de produzir resultados a médio/longo prazo?

MA:O modelo de ajuda externa que esta a ser aplicado em Portugal é muito diferente do irlandês - ate porque a crise irlandesa é, também ela, muito diferente da nacional. Lendo atentamente o documento preparado pelo grupo de resgate, percebe-se como as suas medidas se concentram, justamente, na tentativa de resolver a parte da fotografia que identificámos acima. Quer dizer, ajudar Portugal a voltar ao caminho das exportações (apostando assim em bens transacionáveis, isto é, bens que podem ser comercializados, ao contrario do que acontece com os serviços), a dar competitividade à industria (daí tanto se falar na redução da taxa social única) e a reduzir a exposição à divida - o que explica as ideias de subir o IVA para, assim, reduzir o consumo - aumentando por isso a poupança do país. Ou seja, aumentando a quantidade daquilo a que chamámos acima a quantidade de dinheiro português a circular na economia.

MA:Essa é uma das principais esperanças deste pacote - que de uma vez por todas obrigue (e obriga) os políticos a racionalizar a máquina publica, encerrando tudo o que é redundante.

MA: A economia portuguesa nunca demorará menos do que uma década a recuperar, plenamente, a energia e a força que agora procura. Isto dito, este é um processo que dura 10 anos mas que terá de começar a produzir resultados imediatamente.

MA: A chegada não. O que pode restituir essa confiança dos mercados (a palavra é mais esta) é a capacidade de o pais demonstrar, rapidamente, que consegue aplicar parte das medidas que constam do documento. Não para receber um prémio de bom aluno, mas porque a aplicação destas medidas reconduzirá o país a um caminho de crescimento. E os mercados só emprestam dinheiro a quem demonstra que o pode pagar de volta. E só paga quem, pedindo dinheiro, faz mais dinheiro com ele.

MA: Julgo que aquilo que vocês querem verdadeiramente saber não é este economês – é, antes, o seguinte: posso continuar a ir de férias no verão e à neve no inverno? Posso jantar fora antes de sair com amigos, e gastar 60 euros em copos numa só noite? Se tiverem esse dinheiro, podem. Se quiserem brincar à macroeconomia, e dizer que estão a contribuir à vossa escala para os problemas do país, não podem. Se cada português ativo (são quase 5 milhões) gastasse menos 60 euros por mês as contas, a nível nacional, são incríveis: o país arrecadaria em poupança adicional, todos os meses, 295 milhões de euros.

V: Portugal sofreu um alto descrédito perante os mercados financeiros. A chegada da “troika” ao país restituirá, de algum modo, a nossa credibilidade?

V: Atualmente, especula-se muito acerca do impacto que as medidas adotadas terão na esfera social. Como perceciona a evolução das variáveis macroeconómicas, nomeadamente poupança, consumo e emprego em Portugal?

Figura daEdição

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«A economiaportuguesa nuncademorará menos do queuma década a recuperar, plenamente, a energia e a forçaque agora procura.»

Multiplicado por 12 meses do ano, isso equivaleria à incrível soma de 3,5 mil milhões de euros. Em percentagem do PIB, são quase 2% de toda a riqueza gerada.

MA: Eis uma belíssima pergunta - o empreendedorismo é uma característica que o país não tem. A razão principal é a que vimos na primeira resposta: más decisões dos políticos afunilaram a economia nos serviços e nas saias do Estado. Portanto a primeira resposta é sim, devem acreditar que a vossa energia, as vossas competências, serão muito bem empregues na gestão de um negócio próprio. Atenção - não comprem logo um carro novo apenas porque a empresa tem crédito. Lembrem-se: esse dinheiro custa dinheiro, e só o podem pagar se, com ele, gerarem mais dinheiro.

V: Tendo em conta que os mercados não têm capacidade de recrutar mão-de-obra, sendo este um grande responsável pelo contínuo aumento do desemprego, é crucial a consciencialização do cidadão relativamente ao panorama atual, levando à criação da sua própria oportunidade. Num contexto agreste como o que se vive, há lugar e condições propícias à iniciativa privada?

procurarem aí dinheiro disponível para a vossa iniciativa. Resposta 2: mas como é que isso se faz se não conhecemos ninguém? Conhecendo. Depois de entenderem o mecanismo de funcionamento ( entender mesmo, não chega conversar sobre o tema com uns amigos) comecem a procurar chegar ate lá. Do email ao amigo do amigo do amigo do amigo, podem ainda inscrever-se nas associações de business angel portuguesas ( existem duas), participando depois em todos os eventos que estas organizem. Participar não é igual a ir ate lá e ficar a um canto - é perder a vergonha e falar, trocar ideias, dizer o vosso nome e mostrar que existem. Vão ver que não custa nada.

MA: Quaisquer bens que o mercado internacional deseje e que consigamos vender com mais qualidade e por menos preço, eis a resposta. Parece demasiado simples, mas é assim mesmo. A internet, hoje, permite conhecer e antecipar essas tendências, ao mesmo tempo que viabiliza circuitos alternativos de distribuição que antes não existiam. O mundo esta aí à vossa espera. (continua na página seguinte)

O que leva à pergunta essencial: se tenho ideia, ou se tenho vontade e coragem de empreender, onde encontro o dinheiro? Resposta 1: no mercado. Têm de descobrir e entender o modelo de funcionamento dos business angel e dos private equity para, então,

V: Numa perspetiva de renovação estrutural do funcionamento da economia nacional, quais os ramos de atividade que poderão constituir uma mais-valia para o reforço da nossa competitividade no mercado internacional?

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Empreendedorismo

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V: No passado mês de Abril, numa entrevista ao jornal i, o professor de Economia Markus Kerber afirmou que “Portugal tem de abandonar o euro”, alegando que essa seria a opção economicamente sensata. Considera esta saída provável? Quais são as perspetivas para Portugal caso o nosso país saia da Zona Euro?MA: Esta pergunta obriga a uma resposta com grande contextualização, que não cabe aqui. Optando por uma resposta simples, tal como impõe este registo de entrevista, imaginem o que seria terem todo o vosso dinheiro em euros e, amanhã, tudo ter de ser transformado numa moeda chamada, por exemplo, vírgula. A taxa de câmbio, que seria calculada ao valor potencial da economia, poderia ser fixada (estas contas não são rigorosas, atenção, apenas exemplificativas) por exemplo num rácio ( simpático) em que uma virgula comprava 0,50 euros. Pois - o vosso dinheiro, da noite para o dia, passava a valer metade.

IR/MMEsta entrevista foi escrita segundo o

novo acordo ortográfico.

MOB CarsharingO sector dos transportes tem sofrido alterações nas últimas décadas, com a valorização de conceitos como "intermodalidade" e "mobilidade sustentável" a emergir, visando enfatizar a importância do meio ambiente nas actividades económicas e vida urbana. Chega recentemente às metrópoles portuguesas uma nova alternativa ao transporte privado que tem vindo a ser abraçada pelos consumidores pela sua utilidade e complementaridade - O Carsharing.

O conceito surgiu na Suíça, em 1987 com a empresa Mobility, tendo expandido em 2000 e

sendo actualmente desenvolvido em Lisboa pela Mob e no Porto pela Transdev, e é

simples: proporcionar o conforto possibilitado pelo uso do transporte individual em

deslocações ocasionais e de curta duração, com vantagens económicas e sentido de responsabilidade ambiental adjacentes.

Este modo de deslocação tem ganho adeptos dado principalmente aos benefícios

económicos que ganham com isso - recorrer ao Carsharing em vez de possuir viatura

própria permite pagar apenas o que efectivamente se utiliza, excluindo

completamente encargos relacionados com a manutenção, seguro, estacionamento,

limpezas e impostos do veículo. O preço é calculado através da soma das horas e

quilómetros percorridos ao longo da utilização (a utilização de um Smart ou de um Toyota Aygo durante uma hora, percorrendo uma

distância de 50km custa cerca de 18 euros). No entanto, as vantagens ambientais também

são aliciantes, num contexto em que os transportes são um dos sectores com maior

responsabilidade na pressão sobre o meio ambiente. De facto, através de estudos foi comprovado que a utilização desta nova modalidade incita à substituição de 4 a 10 veículos particulares e ao maior uso do transporte público em detrimento do transporte privado, reduzindo a emissão de gases poluentes e o desperdício energético. O sistema de aluguer da viatura prima pela sua simplicidade - o utilizador apenas tem de se registar através do preenchimento de um formulário de adesão, reservar pela Internet ou por telefone a viatura que deseja - a opção mais barata é a do modelo "citadinos" em Lisboa -, deslocar-se ao parque de estacionamento aderente mais próximo e desbloqueá-la, conduzir, e devolvê-la à hora estabelecida, estando disponível para particulares ou empresas. O conceito de Carsharing integra-se perfeitamente num conjunto de orientações a seguir de modo a atingir um estilo de vida mais sustentável através da optimização do tempo e da diminuição da pegada de carbono de cada um de nós.

IR

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Empreendedorismo

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V: No passado mês de Abril, numa entrevista ao jornal i, o professor de Economia Markus Kerber afirmou que “Portugal tem de abandonar o euro”, alegando que essa seria a opção economicamente sensata. Considera esta saída provável? Quais são as perspetivas para Portugal caso o nosso país saia da Zona Euro?MA: Esta pergunta obriga a uma resposta com grande contextualização, que não cabe aqui. Optando por uma resposta simples, tal como impõe este registo de entrevista, imaginem o que seria terem todo o vosso dinheiro em euros e, amanhã, tudo ter de ser transformado numa moeda chamada, por exemplo, vírgula. A taxa de câmbio, que seria calculada ao valor potencial da economia, poderia ser fixada (estas contas não são rigorosas, atenção, apenas exemplificativas) por exemplo num rácio ( simpático) em que uma virgula comprava 0,50 euros. Pois - o vosso dinheiro, da noite para o dia, passava a valer metade.

IR/MMEsta entrevista foi escrita segundo o

novo acordo ortográfico.

MOB CarsharingO sector dos transportes tem sofrido alterações nas últimas décadas, com a valorização de conceitos como "intermodalidade" e "mobilidade sustentável" a emergir, visando enfatizar a importância do meio ambiente nas actividades económicas e vida urbana. Chega recentemente às metrópoles portuguesas uma nova alternativa ao transporte privado que tem vindo a ser abraçada pelos consumidores pela sua utilidade e complementaridade - O Carsharing.

O conceito surgiu na Suíça, em 1987 com a empresa Mobility, tendo expandido em 2000 e

sendo actualmente desenvolvido em Lisboa pela Mob e no Porto pela Transdev, e é

simples: proporcionar o conforto possibilitado pelo uso do transporte individual em

deslocações ocasionais e de curta duração, com vantagens económicas e sentido de responsabilidade ambiental adjacentes.

Este modo de deslocação tem ganho adeptos dado principalmente aos benefícios

económicos que ganham com isso - recorrer ao Carsharing em vez de possuir viatura

própria permite pagar apenas o que efectivamente se utiliza, excluindo

completamente encargos relacionados com a manutenção, seguro, estacionamento,

limpezas e impostos do veículo. O preço é calculado através da soma das horas e

quilómetros percorridos ao longo da utilização (a utilização de um Smart ou de um Toyota Aygo durante uma hora, percorrendo uma

distância de 50km custa cerca de 18 euros). No entanto, as vantagens ambientais também

são aliciantes, num contexto em que os transportes são um dos sectores com maior

responsabilidade na pressão sobre o meio ambiente. De facto, através de estudos foi comprovado que a utilização desta nova modalidade incita à substituição de 4 a 10 veículos particulares e ao maior uso do transporte público em detrimento do transporte privado, reduzindo a emissão de gases poluentes e o desperdício energético. O sistema de aluguer da viatura prima pela sua simplicidade - o utilizador apenas tem de se registar através do preenchimento de um formulário de adesão, reservar pela Internet ou por telefone a viatura que deseja - a opção mais barata é a do modelo "citadinos" em Lisboa -, deslocar-se ao parque de estacionamento aderente mais próximo e desbloqueá-la, conduzir, e devolvê-la à hora estabelecida, estando disponível para particulares ou empresas. O conceito de Carsharing integra-se perfeitamente num conjunto de orientações a seguir de modo a atingir um estilo de vida mais sustentável através da optimização do tempo e da diminuição da pegada de carbono de cada um de nós.

IR

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Page 22: Vírgula Nº2

Sempre ouvimos dizerque a necessidade aguça

o engenho. Nesta edição da Vírgula, contactámos

a Ach Brito, exemplo louvável deinovação nas indústrias tradicionais.

Saiba mais sobre o Império dos Sabõesna página seguinte.

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Sempre ouvimos dizerque a necessidade aguça

o engenho. Nesta edição da Vírgula, contactámos

a Ach Brito, exemplo louvável deinovação nas indústrias tradicionais.

Saiba mais sobre o Império dos Sabõesna página seguinte.

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Empreendedorismo

Ach BritoNesta edição da Revista Vírgula, procurámos a empresa Ach Brito, símbolo de tradição e de como a inovação é essencial para refrescar a marca. Será possível aplicar a lição de renascer das cinzas para a actual situação socioeconómica do país?

V: Com a fuga dos dois mentores da Claus & Schweder, a fábrica viu-se obrigada a fechar. Qual a Importância de ter marca estabelecida no mercado na reabertura da fabrica em 1918? Terá ajudado na recuperação?

V: Num mundo globalizado em que as trocas e a concorrência se processam à escala mundial, as indústrias tradicionais portuguesas esforçam-se por se internacionalizarem. Como conseguem preservar mais de um

AB: Na época é evidente que teve muita importância, não só pelas marcas já existentes no mercado e pela notoriedade que a Claus & Schweder já tinha conquistado, mas também e sobretudo pelo know how que entretanto se tinha adquirido.Quando a Ach Brito foi fundada em 1918 pelos irmãos Brito, um dos quais antigo contabilista da Claus & Schweder, já existia um forte conhecimento do mercado, das suas preferências e das suas lacunas, existia experiência produtiva e um forte e rico acervo que permitia a continuação de um trabalho de reconhecido valor. No entanto, é importante frisar que a Ach Brito não se baseou unicamente no acervo e marcas da Claus & Schweder para se impor no mercado, aliás as marcas mais presentes na memória colectiva portuguesa são marcas criadas pela Ach Brito, algumas delas criadas no início da existência da empresa. Ex.: Patti, Lavanda, Musgo Real…

século de história e tradição e, simultaneamente, fazer face às novas exigências do mercado?

V: Os vossos produtos apresentam a particularidade de serem feitos à mão em fábricas nacionais. Apostar na qualidade, inovação e criatividade compensa?

AB: Mantendo a nossa identidade e principalmente a autenticidade dos nossos produtos e das nossas marcas. Se nos mantivermos fiéis à nossa identidade e conscientes de quem somos e do que somos, é fácil seguirmos um caminho de genuinidade que é garantidamente reconhecido e valorizado pelos nossos clientes quer nacionais quer internacionais. Mantemos a tradição nas embalagens originais recuperadas do nosso acervo histórico, nos métodos de produção artesanais, no embalamento manual, … e fazemos face às novas exigências do mercado com a utilização das melhores matérias-primas, dos melhores ingredientes, das melhores fórmulas…No fundo é conciliar tradição com modernidade, sempre com a qualidade como pressuposto maior.

AB: Claro que sim, é o que nos distingue dos demais. É esta aposta na autenticidade, genuinidade, qualidade, inovação e exclusividade que nos valoriza e acrescenta valor aos nossos produtos e marcas.

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V:A 31 de Dezembro de 2008,com uma visão posta no futuro, a Ach Brito adquire a empresa ”Confiança”, sua rival já há mais de 100 anos. Que importância teve esta fusão a nível da afirmação da empresa nos mercados?

V: Na sua opinião, a evolução da empresa pode ser tomada como uma referência do que é necessário verificar-se à escala nacional? Qual o papel dos jovens neste processo?

AB: A Ach Brito e a Saboaria e Perfumaria Confiança são as duas mais antigas fabricantes de sabonetes da Península Ibérica. Esta união do know how, do acervo histórico, do património e do portfolio de produtos, é evidentemente uma enorme mais-valia para o grupo Ach Brito. Por outro lado, até à aquisição da Saboaria e Perfumaria Confiança, a Ach Brito operava maioritariamente apenas em 2 segmentos de mercado: o mass market, com os produtos de marca Ach Brito (sub-marcas Patti, Lavanda, Luxo Banho, Rosalface, Glyce…) e o mercado de luxo, com a marca Claus Porto; faltando uma marca dirigida para o segmento intermédio (perfumarias, lojas gourmet…). A aquisição permitiu-nos direccionar a marca Confiança para esse segmento de mercado, sendo que actualmente o grupo Ach Brito opera em todos os segmentos de mercado com produtos para todos os tipos de consumidores.

«Acreditamos que em Portugal se podem produzir produtosde excelência.»

AB: Em parte sim. Se as empresas apostarem em produtos diferenciadores e de elevada qualidade podem fazer a diferença. Acreditamos que em Portugal se podem produzir produtos de excelência. O caminho é a aposta na diferenciação e nos nichos de mercado. Se não temos uma grande empresa, não devemos tentar competir com os grandes grupos, devemos sim apostar em produtos únicos, especiais, produtos que levem até ao consumidor experiências únicas e que não possam ser oferecidas por produção em massa. É necessário espírito criativo e os jovens têm um papel muito importante neste processo quer pela dedicação necessária para fazer um projecto vencer mas também pela irreverência e vontade de criar algo de único e especial.

IR/RG

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Empreendedorismo

Ach BritoNesta edição da Revista Vírgula, procurámos a empresa Ach Brito, símbolo de tradição e de como a inovação é essencial para refrescar a marca. Será possível aplicar a lição de renascer das cinzas para a actual situação socioeconómica do país?

V: Com a fuga dos dois mentores da Claus & Schweder, a fábrica viu-se obrigada a fechar. Qual a Importância de ter marca estabelecida no mercado na reabertura da fabrica em 1918? Terá ajudado na recuperação?

V: Num mundo globalizado em que as trocas e a concorrência se processam à escala mundial, as indústrias tradicionais portuguesas esforçam-se por se internacionalizarem. Como conseguem preservar mais de um

AB: Na época é evidente que teve muita importância, não só pelas marcas já existentes no mercado e pela notoriedade que a Claus & Schweder já tinha conquistado, mas também e sobretudo pelo know how que entretanto se tinha adquirido.Quando a Ach Brito foi fundada em 1918 pelos irmãos Brito, um dos quais antigo contabilista da Claus & Schweder, já existia um forte conhecimento do mercado, das suas preferências e das suas lacunas, existia experiência produtiva e um forte e rico acervo que permitia a continuação de um trabalho de reconhecido valor. No entanto, é importante frisar que a Ach Brito não se baseou unicamente no acervo e marcas da Claus & Schweder para se impor no mercado, aliás as marcas mais presentes na memória colectiva portuguesa são marcas criadas pela Ach Brito, algumas delas criadas no início da existência da empresa. Ex.: Patti, Lavanda, Musgo Real…

século de história e tradição e, simultaneamente, fazer face às novas exigências do mercado?

V: Os vossos produtos apresentam a particularidade de serem feitos à mão em fábricas nacionais. Apostar na qualidade, inovação e criatividade compensa?

AB: Mantendo a nossa identidade e principalmente a autenticidade dos nossos produtos e das nossas marcas. Se nos mantivermos fiéis à nossa identidade e conscientes de quem somos e do que somos, é fácil seguirmos um caminho de genuinidade que é garantidamente reconhecido e valorizado pelos nossos clientes quer nacionais quer internacionais. Mantemos a tradição nas embalagens originais recuperadas do nosso acervo histórico, nos métodos de produção artesanais, no embalamento manual, … e fazemos face às novas exigências do mercado com a utilização das melhores matérias-primas, dos melhores ingredientes, das melhores fórmulas…No fundo é conciliar tradição com modernidade, sempre com a qualidade como pressuposto maior.

AB: Claro que sim, é o que nos distingue dos demais. É esta aposta na autenticidade, genuinidade, qualidade, inovação e exclusividade que nos valoriza e acrescenta valor aos nossos produtos e marcas.

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V:A 31 de Dezembro de 2008,com uma visão posta no futuro, a Ach Brito adquire a empresa ”Confiança”, sua rival já há mais de 100 anos. Que importância teve esta fusão a nível da afirmação da empresa nos mercados?

V: Na sua opinião, a evolução da empresa pode ser tomada como uma referência do que é necessário verificar-se à escala nacional? Qual o papel dos jovens neste processo?

AB: A Ach Brito e a Saboaria e Perfumaria Confiança são as duas mais antigas fabricantes de sabonetes da Península Ibérica. Esta união do know how, do acervo histórico, do património e do portfolio de produtos, é evidentemente uma enorme mais-valia para o grupo Ach Brito. Por outro lado, até à aquisição da Saboaria e Perfumaria Confiança, a Ach Brito operava maioritariamente apenas em 2 segmentos de mercado: o mass market, com os produtos de marca Ach Brito (sub-marcas Patti, Lavanda, Luxo Banho, Rosalface, Glyce…) e o mercado de luxo, com a marca Claus Porto; faltando uma marca dirigida para o segmento intermédio (perfumarias, lojas gourmet…). A aquisição permitiu-nos direccionar a marca Confiança para esse segmento de mercado, sendo que actualmente o grupo Ach Brito opera em todos os segmentos de mercado com produtos para todos os tipos de consumidores.

«Acreditamos que em Portugal se podem produzir produtosde excelência.»

AB: Em parte sim. Se as empresas apostarem em produtos diferenciadores e de elevada qualidade podem fazer a diferença. Acreditamos que em Portugal se podem produzir produtos de excelência. O caminho é a aposta na diferenciação e nos nichos de mercado. Se não temos uma grande empresa, não devemos tentar competir com os grandes grupos, devemos sim apostar em produtos únicos, especiais, produtos que levem até ao consumidor experiências únicas e que não possam ser oferecidas por produção em massa. É necessário espírito criativo e os jovens têm um papel muito importante neste processo quer pela dedicação necessária para fazer um projecto vencer mas também pela irreverência e vontade de criar algo de único e especial.

IR/RG

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CulturaVírgula

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CulturaVírgula

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Page 28: Vírgula Nº2

Texto e fotografia: Mariana MendesEdição: Inês Raposo

Bievenue à Bruxelles!

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Texto e fotografia: Mariana MendesEdição: Inês Raposo

Bievenue à Bruxelles!

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TuristaAlmadense

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O Palácio da Bolsa e o Parlamento assumem grande destaque no centro da capital belga.

Nesta edição especial da Revista Vírgula, o Turista Almadense traz até si as maravilhas que dão forma ao reino da Bélgica, um país todo ele uma obra de arte, tantas vezes ofuscado pela grandeza de outros que, na realidade, são superados por este gigante a que prestamos homenagem. Actualmente, a cidade acolhe a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e a sede da OTAN, assumindo-se, assim, como um influente centro político, sendo hoje considerada a capital de facto da União Europeia.

No entanto, Bruxelas é muito mais que apenas política. Bruxelas personifica o conhecimento, a cultura, o prazer e a agitação da cidade com a serenidade campestre, articuladas numa só.

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TuristaAlmadense

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O Palácio da Bolsa e o Parlamento assumem grande destaque no centro da capital belga.

Nesta edição especial da Revista Vírgula, o Turista Almadense traz até si as maravilhas que dão forma ao reino da Bélgica, um país todo ele uma obra de arte, tantas vezes ofuscado pela grandeza de outros que, na realidade, são superados por este gigante a que prestamos homenagem. Actualmente, a cidade acolhe a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e a sede da OTAN, assumindo-se, assim, como um influente centro político, sendo hoje considerada a capital de facto da União Europeia.

No entanto, Bruxelas é muito mais que apenas política. Bruxelas personifica o conhecimento, a cultura, o prazer e a agitação da cidade com a serenidade campestre, articuladas numa só.

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TuristaAlmadense

Grand Place

Subindo pelasruas de Almada Velha,vamos dar a um dos símbolosemblemáticos da cidade.

32

A maior atracção turística da Grand Place é o mercado de flores que invade a praça durante o mês de Agosto. A cada dois anos, um tapete floral cobre toda a praça, chegando a estarem dispostas mais de 500 mil flores que formam um belíssimo mosaico mesmo no centro da cidade que faz as delícias dos turistas. Definitivamente, a não perder!

É a principal praça da capital, famosa pelos mercados de flores, pela imponência da Câmara Municipal, pela Casa do Rei e pela riqueza inegável que toda a praça ostenta. O primeiro vislumbre desta praça irá deixá-lo completamente deslumbrado porque vemo-nos rodeados de majestosos monumentos, excessivamente trabalhados e riquíssimos a nível arquitectónico.A Câmara Municipal de Bruxelas ficou pronta em 1459 e do exterior, aparenta ser uma imponente catedra. No topo do edifício vangloria-se a estátua de Saint Michel, o santo padroeiro de Bruxelas. Oposta à Câmara Municipal, encontra-se a Casa do Rei que foi convertida no Museu da Cidade de Bruxelas e conta a história da capital belga, através de uma vasta colecção de objectos de arte e de tapeçarias. O Hotel da Cidade (L'Hôtel de Ville) é outro monumento de destaque nesta magnificente praça.

33

Comece o dia neste cenário paradisíaco, complementado na perfeição com uns croissants de comer e chorar por mais…

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TuristaAlmadense

Grand Place

Subindo pelasruas de Almada Velha,vamos dar a um dos símbolosemblemáticos da cidade.

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A maior atracção turística da Grand Place é o mercado de flores que invade a praça durante o mês de Agosto. A cada dois anos, um tapete floral cobre toda a praça, chegando a estarem dispostas mais de 500 mil flores que formam um belíssimo mosaico mesmo no centro da cidade que faz as delícias dos turistas. Definitivamente, a não perder!

É a principal praça da capital, famosa pelos mercados de flores, pela imponência da Câmara Municipal, pela Casa do Rei e pela riqueza inegável que toda a praça ostenta. O primeiro vislumbre desta praça irá deixá-lo completamente deslumbrado porque vemo-nos rodeados de majestosos monumentos, excessivamente trabalhados e riquíssimos a nível arquitectónico.A Câmara Municipal de Bruxelas ficou pronta em 1459 e do exterior, aparenta ser uma imponente catedra. No topo do edifício vangloria-se a estátua de Saint Michel, o santo padroeiro de Bruxelas. Oposta à Câmara Municipal, encontra-se a Casa do Rei que foi convertida no Museu da Cidade de Bruxelas e conta a história da capital belga, através de uma vasta colecção de objectos de arte e de tapeçarias. O Hotel da Cidade (L'Hôtel de Ville) é outro monumento de destaque nesta magnificente praça.

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Comece o dia neste cenário paradisíaco, complementado na perfeição com uns croissants de comer e chorar por mais…

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TuristaAlmadense

O Teatro Extremo tem duas peças em cena - «O Rei Vai Nu» e «Quando as Máquinas Param». Mais informações em http://www.teatroextremo.com/

34

SablonO Sablon é uma zona muito conceituada que reflecte na perfeição a verdadeira essência da cidade de Bruxelas: chocolates, gastronomia de excelência, a Igreja do Sablon de estilo neo-gótico, também conhecida como a Igreja da Nossa Senhora das Vitórias, que combina harmoniosamente com o jardim magnífico, “Le Petit Sablon”, rodeado de 48 estátuas que complementam este espaço único mesmo no centro da cidade. Nesta praça, regale-se com as surpresas que Pierre Marcolini, Wittamer, Leonidas e Godiva prepararam para si que irão, com certeza, dar um gostinho especial ao resto do seu dia.

O Monte das ArtesO Monte das Artes alberga museus de renome mundial, todos meritórios da sua atenção, cada um esperando impacientemente para lhe oferecer uma quantidade de conhecimento inimaginável. São eles os verdadeiros protagonistas deste lugar mágico. Neste “monte”, localizam-se o Museu dos Instrumentos de Música (MIM); o Museu de Banda Desenhada; o Museu Real das Belas Artes; o Centro de Belas Artes; o Museu BELvue; o Palácio de Congressos; o Tribunal de Contas e os Arquivos Nacionais da Bélgica, assim como, a Biblioteca Real da Bélgica que se assume como pano de fundo dos jardins aí situados.

O Museu Real de Belas Artes é o museu mais visitado da Bélgica e é constituído por um riquíssimo conjunto de museus de arte divididos segundo época artística: o Museu de Arte Antiga, o Museu de Arte Moderna, o Museu Wiertz e o Museu Meunier. O Museu de Arte Antiga dá destaque a artistas como Rubens e exibe uma vasta colecção de arte sob a forma de pinturas, esculturas e desenhos do século XIV ao século XVIII. O Museu de Arte Moderna centra-se sobretudo na arte desenvolvida no século XIX e no século XX, disposta ao longo de oito pisos, sendo esta uma das maiores colecções de arte do mundo. É nesta área que se encontra o Museu Magritte e existe também uma ala dedicada às obras de Delvaux.

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TuristaAlmadense

O Teatro Extremo tem duas peças em cena - «O Rei Vai Nu» e «Quando as Máquinas Param». Mais informações em http://www.teatroextremo.com/

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SablonO Sablon é uma zona muito conceituada que reflecte na perfeição a verdadeira essência da cidade de Bruxelas: chocolates, gastronomia de excelência, a Igreja do Sablon de estilo neo-gótico, também conhecida como a Igreja da Nossa Senhora das Vitórias, que combina harmoniosamente com o jardim magnífico, “Le Petit Sablon”, rodeado de 48 estátuas que complementam este espaço único mesmo no centro da cidade. Nesta praça, regale-se com as surpresas que Pierre Marcolini, Wittamer, Leonidas e Godiva prepararam para si que irão, com certeza, dar um gostinho especial ao resto do seu dia.

O Monte das ArtesO Monte das Artes alberga museus de renome mundial, todos meritórios da sua atenção, cada um esperando impacientemente para lhe oferecer uma quantidade de conhecimento inimaginável. São eles os verdadeiros protagonistas deste lugar mágico. Neste “monte”, localizam-se o Museu dos Instrumentos de Música (MIM); o Museu de Banda Desenhada; o Museu Real das Belas Artes; o Centro de Belas Artes; o Museu BELvue; o Palácio de Congressos; o Tribunal de Contas e os Arquivos Nacionais da Bélgica, assim como, a Biblioteca Real da Bélgica que se assume como pano de fundo dos jardins aí situados.

O Museu Real de Belas Artes é o museu mais visitado da Bélgica e é constituído por um riquíssimo conjunto de museus de arte divididos segundo época artística: o Museu de Arte Antiga, o Museu de Arte Moderna, o Museu Wiertz e o Museu Meunier. O Museu de Arte Antiga dá destaque a artistas como Rubens e exibe uma vasta colecção de arte sob a forma de pinturas, esculturas e desenhos do século XIV ao século XVIII. O Museu de Arte Moderna centra-se sobretudo na arte desenvolvida no século XIX e no século XX, disposta ao longo de oito pisos, sendo esta uma das maiores colecções de arte do mundo. É nesta área que se encontra o Museu Magritte e existe também uma ala dedicada às obras de Delvaux.

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O Museu dos Instrumentos de Música chama logo a atenção pela arquitectura invulgar e muito trabalhada do edifício que acolhe o museu. O MIM é um museu direccionado para o público mais jovem ou para uma visita com toda a família pois este é um museu muito didáctico e interactivo que lhe apresenta mais de 1500 instrumentos, de todos os países e de todos os tempos. Aproveite também para desfrutar de uma deliciosa refeição no restaurante panorâmico do museu, localizado no último andar e que lhe proporciona uma das cinco vistas mais belas da Bélgica.

A Biblioteca Real da Bélgica e os Arquivos Reais contribuempara a riqueza cultural de uma das zonas mais turísticas da cidade.

40

Bruxelas combina na perfeição o frenesim cosmopolita da capital com a forte vertente ambiental, caracterizada pelo verde dos jardins e pelo azul da água dos canais. Imagens que valem mil palavras e que fazem desta cidade, uma das principais capitais europeias a albergar uma grande comunidade de estrangeiros vindos dos quatro cantos do mundo, tendo em conta que estes representam cerca de um quarto da população citadina.

Jardins do Paraíso

Localizada no centro da Europa, a Bélgica não beneficia de uma imensa área costeira com praias e agradáveis pontões para a sua população desfrutar, como Portugal. No entanto, este factor é compensado pelos inúmeros parques e jardins que preenchem a paisagem belga. No Verão, acredite que não custa trocar a praia por um piquenique num lindíssimo jardim rodeado por natureza e com um lago a transmitir-lhe a frescura da estação.

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O Museu dos Instrumentos de Música chama logo a atenção pela arquitectura invulgar e muito trabalhada do edifício que acolhe o museu. O MIM é um museu direccionado para o público mais jovem ou para uma visita com toda a família pois este é um museu muito didáctico e interactivo que lhe apresenta mais de 1500 instrumentos, de todos os países e de todos os tempos. Aproveite também para desfrutar de uma deliciosa refeição no restaurante panorâmico do museu, localizado no último andar e que lhe proporciona uma das cinco vistas mais belas da Bélgica.

A Biblioteca Real da Bélgica e os Arquivos Reais contribuempara a riqueza cultural de uma das zonas mais turísticas da cidade.

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Bruxelas combina na perfeição o frenesim cosmopolita da capital com a forte vertente ambiental, caracterizada pelo verde dos jardins e pelo azul da água dos canais. Imagens que valem mil palavras e que fazem desta cidade, uma das principais capitais europeias a albergar uma grande comunidade de estrangeiros vindos dos quatro cantos do mundo, tendo em conta que estes representam cerca de um quarto da população citadina.

Jardins do Paraíso

Localizada no centro da Europa, a Bélgica não beneficia de uma imensa área costeira com praias e agradáveis pontões para a sua população desfrutar, como Portugal. No entanto, este factor é compensado pelos inúmeros parques e jardins que preenchem a paisagem belga. No Verão, acredite que não custa trocar a praia por um piquenique num lindíssimo jardim rodeado por natureza e com um lago a transmitir-lhe a frescura da estação.

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Para além dos jardins que fornecem vida e harmonia à cidade, os mais pequenos, juntamente com toda a família, não devem perder a oportunidade de passar um dia magnífico junto dos animais, no Zoo de Antuérpia ou no parque temático Paradísio. São dois espaços riquíssimos em natureza e vida selvagem que fazem as delícias dos mais jovens pela proximidade que é estabelecida com o reino animal representado em peso.

Paradísio

Crónica

Símbolos da BélgicaO coração da Europa tem uma reputação inegável no que toca à produção de chocolates de renome internacional, à semelhança das cervejas e da gastronomia local, caracterizada pelas moules, deliciosos mexilhões à moda belga.Comecemos pela sobremesa. Godiva, Leonidas, Pierre Marcolini e Neuhaus são apenas algumas das chocolateiras mais reputadas do mundo e todas de nacionalidade belga. Nestas casas, não hesite em experimentar os milhares de chocolates fabricados no país. São verdadeiros tesouros nacionais. Mas não se fique pelos chocolates, os macarons também são de comer e chorar por mais...

A banda desenhada é outra vertente artística que viu nascer heróis como Tintim na capital da Bélgica e que tornaram esta cidade na capital da Nona Arte.Basta sair à rua para se deixar contagiar por estas personagens e mergulhar nas suas aventuras.

MERCI DE VOTRE VISITE. ESPÉRONS VOUS VOIR BIENTÔT

Esperamos que esta pequena reportagem lhe tenha sido útil para viajar nuns minutos até ao coração da Europa ou que o tenha ajudado a planear as suas próximas férias na Bélgica.

AU REVOIR!

Um dos símbolos mais carismáticos da cidade de Bruxelas é, sem dúvida, o Manneken Pis. Esta fonte que representa um menino a fazer chichi encontra-se no cruzamento da Rue du Chêne com a Rue de L"Étude, é apenas uma estátua de um metro de altura mas é um ponto de passagem obrigatório na capital europeia pela reputação conquistada além fronteiras.

O Mundo de Tintim

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Para além dos jardins que fornecem vida e harmonia à cidade, os mais pequenos, juntamente com toda a família, não devem perder a oportunidade de passar um dia magnífico junto dos animais, no Zoo de Antuérpia ou no parque temático Paradísio. São dois espaços riquíssimos em natureza e vida selvagem que fazem as delícias dos mais jovens pela proximidade que é estabelecida com o reino animal representado em peso.

Paradísio

Crónica

Símbolos da BélgicaO coração da Europa tem uma reputação inegável no que toca à produção de chocolates de renome internacional, à semelhança das cervejas e da gastronomia local, caracterizada pelas moules, deliciosos mexilhões à moda belga.Comecemos pela sobremesa. Godiva, Leonidas, Pierre Marcolini e Neuhaus são apenas algumas das chocolateiras mais reputadas do mundo e todas de nacionalidade belga. Nestas casas, não hesite em experimentar os milhares de chocolates fabricados no país. São verdadeiros tesouros nacionais. Mas não se fique pelos chocolates, os macarons também são de comer e chorar por mais...

A banda desenhada é outra vertente artística que viu nascer heróis como Tintim na capital da Bélgica e que tornaram esta cidade na capital da Nona Arte.Basta sair à rua para se deixar contagiar por estas personagens e mergulhar nas suas aventuras.

MERCI DE VOTRE VISITE. ESPÉRONS VOUS VOIR BIENTÔT

Esperamos que esta pequena reportagem lhe tenha sido útil para viajar nuns minutos até ao coração da Europa ou que o tenha ajudado a planear as suas próximas férias na Bélgica.

AU REVOIR!

Um dos símbolos mais carismáticos da cidade de Bruxelas é, sem dúvida, o Manneken Pis. Esta fonte que representa um menino a fazer chichi encontra-se no cruzamento da Rue du Chêne com a Rue de L"Étude, é apenas uma estátua de um metro de altura mas é um ponto de passagem obrigatório na capital europeia pela reputação conquistada além fronteiras.

O Mundo de Tintim

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A Hipocrisia da Piscina

Crónica

Acordas. Acordaste. Hoje estás feliz, ouves a crianças e já não tens certezas e andas para trás. Já não vês nem sentes, ouves o vento e estás perdido. Ouves as crianças. E estás feliz. Sem paradigmas, sem regras. Só crianças, vento e poucas

certezas, ou talvez nenhumas. Estás perdido, não tens certezas e gostas disso.

Ouves as crianças. Já não falas ou não falas já, já não sabes o que as palavras significam, tantos significados, sentidos, de frente para trás, de trás para a frente, devagar, depressa, com acentos, sem

acentos, com pronúncia sem pronúncia. O dia acaba. E tu ouves crianças, quer

dizer, mais ou menos, menos ou mais, não sei, mas o silêncio está a chegar e começas a ganhar de novo certezas e

tens medo. Sabes que acabou, acabaram as incertezas, já não há espaço para elas.

E já não ouves as crianças. Sentes o vento, e é áspero. Vês, ouves, e tu

mesmo tens uma opinião. Já não há crianças.

RG

Estás perdido, não tenscertezas e gostas disso.Ouves as crianças.

Page 41: Vírgula Nº2

A Hipocrisia da Piscina

Crónica

Acordas. Acordaste. Hoje estás feliz, ouves a crianças e já não tens certezas e andas para trás. Já não vês nem sentes, ouves o vento e estás perdido. Ouves as crianças. E estás feliz. Sem paradigmas, sem regras. Só crianças, vento e poucas

certezas, ou talvez nenhumas. Estás perdido, não tens certezas e gostas disso.

Ouves as crianças. Já não falas ou não falas já, já não sabes o que as palavras significam, tantos significados, sentidos, de frente para trás, de trás para a frente, devagar, depressa, com acentos, sem

acentos, com pronúncia sem pronúncia. O dia acaba. E tu ouves crianças, quer

dizer, mais ou menos, menos ou mais, não sei, mas o silêncio está a chegar e começas a ganhar de novo certezas e

tens medo. Sabes que acabou, acabaram as incertezas, já não há espaço para elas.

E já não ouves as crianças. Sentes o vento, e é áspero. Vês, ouves, e tu

mesmo tens uma opinião. Já não há crianças.

RG

Estás perdido, não tenscertezas e gostas disso.Ouves as crianças.

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