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CRISTINE MARIA WEIDLE O COMPORTAMENTO DA COLUNA VERTEBRAL SOB TRAO MECNICA DissertaodeMestradodefendida como pr-requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Educao Fsica, no DepartamentodeEducaoFsica, SetordeCinciasBiolgicasda Universidade Federal do Paran. CURITIBA 2004 CRISTINE MARIA WEIDLE O COMPORTAMENTO DA COLUNA VERTEBRAL SOBRE TRAO MECNICA Dissertao de Mestrado defendida como pr-requisito para a obteno do ttulo de Mestre emEducaoFsica,noDepartamentode Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas da Universidade Federal do Paran. Orientador: Prof. Dr.Andr Luiz Felix Rodacki iii AGRADECIMENTOS Aproduodestadissertaonoteriasidopossvelsemaassistncia, orientao e o suporte de vrias pessoas, que eu gostaria de agradecer formalmente aqui. Eu agradeo muito ao meu orientador Prof. Dr. Andr Luiz Flix Rodacki, que medeuaoportunidadedecomearestadissertao,queforneceuoseuapoio incondicional,orientaocientficaeoincentivopessoalpassadoparamimneste perodo de estudo. Tambm agradeo muitssimo a todos os indivduos que despenderam o seu tempo e tiveram muita pacincia para participar deste estudo. Sem eles nada seria possvel. GostariadeagradeceraassistnciadasFaculdadesDomBoscopelo emprstimo do equipamento de trao e do Departamento de Educao Fsica da Universidade Federal do Paran. Euagradeocomtodoamoraminhafamlia,emespecialaminhairm, CarinaMariaWeidle,peloseuamor,carinhoeoencorajamentopassadoneste perodo. iv SUMRIO LISTA DE ILUSTRAES..........................................................................................vi RESUMO....................................................................................................................vii ABSTRACT...............................................................................................................vii 1INTRODUO.......................................................................................................1 2OBJETIVOS E HIPTESES..................................................................................4 3REVISO DE LITERATURA..................................................................................7 3.1Estrutura e anatomia da coluna vertebral..........................................................7 3.2Unidade funcional............................................................................................11 3.3Discos Intervertebrais......................................................................................12 3.4Propriedades dos discos intervertebrais..........................................................14 3.5O comportamento mecnico das unidades funcionais....................................17 3.6Efeitos da postura e na altura do disco com distribuio de stress na coluna lombar..............................................................................................................23 3.7Trao Vertebral..............................................................................................25 3.7.1Tipos de Trao Vertebral...............................................................................27 3.7.2Indicaes e contra-indicaes da trao vertebral........................................29 3.7.3Estudos sobre trao vertebral.......................................................................32 4 METODOLOGIA..............................................................................................42 4.1Mtodos...........................................................................................................42 4.2Procedimentos experimentais..........................................................................43 4.3Posio de trao............................................................................................46 4.4Estadimetro....................................................................................................47 v 4.5Anlise estatstica............................................................................................50 5RESULTADOS................................................................................................52 5.1Medidas de Variao da Estatura....................................................................52 5.2Ganhos de estatura.........................................................................................52 5.3 Perda de estatura...........................................................................................53 5.4Taxas de variao da estatura.........................................................................54 5.4.1Taxas de ganho de estatura............................................................................54 5.4.2Taxa de perda de estatura...............................................................................56 6DISCUSSO....................................................................................................58 6.1Ganho e taxa de ganho de estatura................................................................58 6.2Perda e taxa de perda de estatura..................................................................63 7CONCLUSO E RECOMENDAES............................................................67 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................70 APNDICE.................................................................................................................76 vi LISTA DE ILUSTRAES FIGURA 1 CURVATURAS DA COLUNA VERTEBRAL............................................8 FIGURA 2 VRTEBRA LOMBAR...........................................................................10 FIGURA 3 UNIDADE FUNCIONAL.........................................................................11 FIGURA 4 DISCO INTERVERTEBRAL..................................................................13 FIGURA 5 MESA DE TRAO..............................................................................44 FIGURA 6 DESENHO EXPERIMENTAL ...............................................................46 FIGURA 7 - APLICAO DO PROCEDIMENTO DE TRAO................................47 FIGURA 8 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DOS CONTROLES POSTURAIS (ESQUERDA) E UM SUJ EITO SENDO MEDIDO NO ESTADIMETRO (DIREITA)..............................................................................................49 FIGURA 9 - GANHOS MDIOS NAS CONDIES DE 0%, 30% E 60% DO PESO CORPORAL..........................................................................................53 FIGURA 10 - PERDAS MDIAS NAS CONDIES DE 0%, 30% E 60% DO PESO CORPORAL........................................................................................54 TABELA 1 ESTUDOS SOBRE TRAO VERTEBRAL EM FUNO DO TEMPO E DA CARGA DE TRAO..................................................................41 TABELA 2 REPRESENTAO ESQUEMTICA DOS INTERVALOS DOS PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM CADA SESSO DE TRAO (0%, 30% E 60%)..................................................................................45 TABELA 3 REPRESENTAO ESQUEMTICA DOS INTERVALOS DOS PROCEDIMENTOS DO PERODO DE RECUPERAO UTILIZADOS EM CADA SESSO DE TRAO (0, 30 E 60%)......................................................................................................45 vii RESUMO Este estudo analisou o comportamento mecnico da coluna vertebral sob diferentes cargas de trao (0, 30 e 60% do peso corporal). Quinze sujeitos saudveis do sexo masculinotiverammedidasavariaodeestaturaacada7minutosdurante42 minutos de trao. A trao foi imposta atravs de uma mesa pneumtica, enquanto que as variaes de estatura foram determinadas por meio de um estadimetro de preciso. Os ganhos de estatura seguiram a um modelo linear. A condio de trao de60%dopesocorporalpropiciouosmaioresaumentosdeestaturaem comparaoasoutrascondiesexperimentais.Todavia,taisganhossomente foram observados a partir do 21 minuto de aplicao da trao. Aps o perodo de trao os sujeitos permaneceram em p e a variao de estatura foi monitorada a cada 5 minutos durante 45 minutos. Observou-se que a estatura retornou a condio inicial ao final do protocolo de forma exponencial. A anlise do modelo exponencial revelouqueosmaioresganhosdaestaturaforamobtidosnaprimeirametadeda fasederecuperaoapsascargasde60%dopesocorporal.Conclui-sequea condiodetraode60%dopesocorporalproduziuosmaioresganhosna estatura em comparao s outras condies experimentais. Palavras-chave: estatura, discos intervertebrais, trao vertebral, dores nas costas. viii ABSTRACT This study analised the mechanical behaviour of the vertebral column under different traction loads (0, 30 and 60% body weight). Fifteen healthy male subjects had their stature variation measurements taken in intervals of 7 minutes during 42 minutes of traction. Traction was imposed in a pneumatic traction device, while stature variations were measured in a special stadiometer. The traction of 60% body weight provided thelargestincreasesinstatureincomparisontootherexperimentalconditions. However, such gains were detected only from the 21st minute of traction application. Aftertractionsubjectswereaskedtoremaininastandingpositionandstature variation was monitored each 5 minutes during 45 minutes. It was observed that the initial stature was regained at the end of the experimental protocol in an exponential profile.Theanalysisoftheexponentialmodelrevealedthatthelargestgainsof stature were obtained during the first part of the recovery period, after the loads of 60% body weight. It was concluded that the traction load of 60% body weight caused the largest stature gains in comparison to the other experimental conditions. Key-words: stature, intervertebral discs, spinal traction, back pain. 11INTRODUO Atraovertebral(cervical,dorsaloulombar)umprocedimento amplamenteutilizadonotratamentofisioterpicoparaoalviodecertascondies clnicasdacolunavertebralquesocausadaspelareduodoespao intervertebral.Aperdadealturadosdiscosintervertebraisumcomportamento biomecniconaturaldasunidadesfuncionais,pormexistemcertascondiesem que a diminuio de altura dos discos intervertebrais excede o normal e ento, tem-seumquadrodedorporcompressodeestruturasnervosasoucompressode estruturas articulares facetrias ou do corpo vertebral.Assim, o objetivo da trao produzir uma separao dos corpos vertebrais, promovendoumaumentodanegatividadedapressohidrostticadosdiscos intervertebrais(RODRIGUES,1998)paraqueestesabsorvamfludosereganhem altura (RAMOS e MARTIN, 1994). O aumento no espao intervertebral visa reduzir a protusodosdiscosintervertebraisealiviaroestressemecnicocolocadosobre certasestruturasvertebrais(comoasterminaesnervosasefacetasarticulares) que podem provocar dor (RODRIGUES, 1998). Apesar do grande nmero de formas e mtodos de trao (trao contnua, sustentadaouintermitente,gravitacional,inversogravitacionaleauto-trao) (SAUNDERS, 1983; NOSSE, 1978; OUDENHOVEN, 1978) utilizados para a trao dacolunavertebralaindanosobemdefinidososparmetrosrelativos magnitude e ao tempo de aplicao das cargas de trao. Alguns estudos sugerem queascargasdetraodevemserprescritasemfunodamassacorporale afirmamquecargasdeaproximadamente10%dopesocorporalsosatisfatrias parapromoverumaseparaovertebral(MAITLAND,1986;PALetal,1986; 2TWOMEY,1985).Outrosestudos(MESZAROSetal.,2000;NOSSE,1978; OUDENHOVEN, 1978) utilizam cargas muito maiores, como a trao gravitacional, a inverso gravitacional e a carga de 60% do peso corporal. Tal discrepncia sugere queosparmetrosutilizadosparaaprescriodascargasprecisamdecritrios mais objetivos para serem estabelecidos.Algunsestudossugeremquetemposmenoresdaaplicaodatrao vertebralsosuficientesparaobterumaseparaodoscorposvertebrais;Alguns estudos sugerem a aplicao de 5 a 10 minutos de trao (COLACHIS e STROHM, 1969;MAITLAND,1986;MESZAROSetal.,2000).Outrosugere15minutosde trao (ONEL et al., 1987) e outro estudo ainda, relata aplicao de trao de forma maisfracionada,5,10e15minutos(BRIDGER;OSSEYeFOURIE,1989).Outro estudoindica30minutosdeaplicaodetraogravitacional(OUDENHOVEN, 1978) ou 30 minutos na mesa de trao (RAMOS e MARTIN, 1994), 3 a 4 horas com perodos de repouso de 15 a 20 minutos (GUPTA e RAMARO, 1978). O tempo em que estas cargas so aplicadas varia de acordo com a patologia, mas de modo geral cadaestudocolocaumtempoaleatrio,noprecisandoaexplicaodaescolha deste tempo de trao, ou seja, o fator tempo tambm no est claramente definido e precisa ser estudado.O tempo de durao dos benefcios da aplicao de trao mecnica sobre a coluna vertebral no totalmente esclarecido, uma vez que as foras que tendem a reduziroespaointervertebralsoimpostasimediatamenteapsotrminoda aplicaodasforasdetrao.Umestudodemonstrouquearecuperaops-traopodeocorreremat20minutosapsotrminodaaplicaodeforas externas adicionais (BOOCOCK et al., 1990) e demonstraram aumentos importantes no comprimento total da coluna vertebral aps um perodo de inverso gravitacional. 3Parece existir uma relao importante de interao entre a magnitude e o tempo de aplicao das cargas de trao impostas sobre a coluna vertebral.A definio entre as relaes de carga e tempo de aplicao das foras de trao in vivo de fundamental importncia para a compreenso das modificaes e adaptaesdacolunavertebraltrao.Oconhecimentodestasrelaespode auxiliar a prescrio deste procedimento e os seus benefcios sejam alcanados.Oobjetivodesteestudodeterminarocomportamentodosdiscos intervertebraissubmetidosscargasdetrao.Esteestudotemcomoobjetivos especficosadefiniodosparmetrosquedeterminamamagnitudedacargade trao,bemcomoadefiniodotempodeaplicaodascargasdetraoe determinaodotempodeduraodosbenefciosdatraomecnicasobrea coluna vertebral. 42OBJETIVOS E HIPTESES Estadissertaocompreendeumestudosobreocomportamentomecnico da coluna vertebral durante e aps a aplicao de trao com cargas de 0%, 30% e 60% do peso corporal. O objetivo principal : Determinaroefeitodaaplicaodediferentescargasdatraosobreo comprimento da coluna vertebral em sujeitos saudveis do sexo masculino utilizando medidas de variao da estatura como critrio. Osseguintesobjetivosespecficosforamlevantadoseasrespectivas hipteses testadas: 1.Determinar os efeitos da magnitude da carga de trao (0%, 30% e 60% do peso corporal) sobre a coluna vertebral: Hiptese H1: Os ganhos de estatura seguem um modelo exponencial em todas as condies experimentais. Hiptese H2: Os ganhos de estatura so proporcionais magnitude das cargas de trao. 2.Determinar o efeito do tempo de aplicao das cargas de trao sobre a coluna vertebral: 5Hiptese H3: O ganho da estatura proporcional ao tempo da aplicao das cargas de trao. 3.Determinar a taxa de ganho da estatura em funo das cargas de trao (0%, 30% e 60% do peso corporal) Hiptese H4: A taxa de aumento do comprimento da coluna vertebral proporcional magnitude das cargas de trao. 4.Determinar a taxa de perda da estatura aps a trao: Hiptese H5: A perda da estatura aps a aplicao dos procedimentos de trao proporcional ao tempo de recuperao. Hiptese H6: A perda de estatura ser a mesma ao final do procedimento de trao, independente da magnitude da carga de trao. Hiptese H7: A perda de estatura ajusta-se a um modelo exponencial. Hiptese H8: O aumento do comprimento da coluna vertebral decorrente da aplicao de trao so transientes e duram menos do que 45 minutos. Os resultados do presente estudo podero ajudar a prescrio de protocolos detraoparaaumentaroespaointervertebraldeformaaatenuarsintomasde 6lombalgias.Destaforma,necessrioanalisarocomportamentodadescrioda respostadacolunavertebralduranteeapsaaplicaodediferentescargasde trao em funo do tempo. 73REVISO DE LITERATURA Asconseqnciasdatraovertebraisforamestudadasnasltimasquatro dcadaseseusefeitoseimportnciatmsidodiscutidos.Acompreensodas mudanas nas propriedades biomecnicas dos discos intervertebrais submetidos trao vertebral necessria para que os procedimentos possam ser aplicados de formaeficiente.Destaformaoentendimentodosfatoresbiomecnicosqueagem sobre o disco intervertebral tornam-se importantes para o avano cientfico e que os protocolosdetraopossamserelaboradosapartirdeindicadoresmais consistentes.A proposta deste captulo apresentar a descrio anatmica e biomecnica da coluna vertebral a fim de facilitar o entendimento dos fatores que influenciam a trao e sua recuperao aos esforos mecnicos. 3.1 Estrutura e anatomia da coluna vertebral A coluna vertebral um complexo estrutural cuja principal funo proteger amedulaespinhaletransferircargasentrecabeaemembros(NORDIN,M.; WEINER,2001).formadaportrintaetrsvrtebrasdivididasemcincoregies: cervical,torcica,lombar,sacralecccix.Numavistaposterior,acoluna normalmente vertical. Na vista lateral, a coluna tem quatro curvaturas, duas lordoses eduascifoses,quevogarantiramaiorestabilidadeeresistnciadacoluna vertebral (WATKINS, 1999; DNGELO e FATTINI, 1998). As regies cervicais e lombares so convexas anteriormente (lordticas) e a torcicaesacralsoconvexasposteriormente(cifticas).Alordosecervical 8 desenvolve-sedepoisdonascimentoeduranteodesenvolvimentonormaldo lactente, como no levantar a cabea em posio prona e quando adquire a posio sentada.Acurvalordticalombarformadapelatensodomsculopsoase formada quando a criana aprende a ficar em p e andar. Todas as curvaturas da coluna vertebral j esto formadas ao final de dez anos e sua disposio promove a distribuio do estresse e de cargas (LEHMKUHL et al, 1997; WATKINS, 1999). A Figura 1 representa o arranjo das vrtebras e das curvaturas da coluna vertebral. FIGURA 1 CURVATURAS DA COLUNA VERTEBRAL FONTE: Sobotta Atlas of Human Anatomy, 2001. 9 Asvrtebrasapresentamumaestruturabsica,sendoconstitudaporum anel sseo que circunda o forame (forame vertebral), o qual aloja a medula espinhal. A parte anterior do anel o corpo vertebral, em formato de cilindro e com superfcies superioreinferiorplanas.Aparteposteriordoaneldenominadoarcovertebral, consistedeumpardepedculoseumpardelminas.Ospedculosprojetam-se posteriormente da parte superior do contorno posterior do corpo vertebral e se unem s lminas que se fundem no plano medial. O ponto de fuso das lminas no plano medialprojeta-seposteriormenteoprocessoespinhoso.Nopontodefusodos pedculoscomlminasprojetam-setrsprocessosadicionaiscomdiferentes posies:oprocessotransverso,lateralmente;oprocessoarticularsuperior, cranialmente;eoprocessoarticularinferior,caudalmente.Estesdoisltimos processosapresentamumafacetaarticular.Asquatrofacetasarticularesdecada vrtebraeodiscointervertebralcompreendemomecanismodearticulaode vrtebrasadjacentes(DNGELOeFATTINI,1998;LATARGETeRUIZLIARD, 1993). Asvrtebrascervicaistmoforametransverso,ondepassaaartria vertebral (C1-C6), os processos espinhosos pequenos e bfidos, com exceo de C7, umcorpopequenocomumdimetrolateralmaioreosforamensvertebraisso grandes e com formato triangular (MOORE, 1994; LATARGET e RUIZ LIARD, 1993). Asvrtebrastorcicasaumentamdetamanhogradualmenteetm processosespinhososgrandeseinclinadosparabaixo.Oscorposvertebraisso grandeseosforamensvertebraispequenosecirculares.Asfacetascostaisdas vrtebras torcicas ficam ao lado do corpo da vrtebra e nos processos transversos. 10 As vrtebras lombares tm um corpo vertebral bem maior que as vrtebras torcicas.Ospedculossofortesedirigidosposteriormente,almdaslminas seremespessaseosforamensvertebraistriangulares.Osprocessosespinhosos soplanosedirigidosparatrs(DNGELOeFATTINI,1998).Asvrtebras lombares so representadas na Figura 2. FIGURA 2 VRTEBRA LOMBAR FONTE: Sobotta Atlas of Human Anatomy, 2001. Asvrtebrasatpicasestolocalizadasnacolunacervicalesacral.As cervicais so o atlas (C1) e o xis (C2). O atlas no possui corpo vertebral e processo espinhoso.Oforamemedularconsisteemarcosanterioreseposterioreseuma massa ssea para cada lado. O xis apresenta o processo odontide sobrepondo-se e representando o corpo do atlas (MOORE, 1994).Na regio sacral so cinco vrtebras rudimentares fundidas para formar um nico osso, em forma de cunha. A borda superior articula-se com L5 e inferiormente com o cccix. Lateralmente articula-se com a pelve. A margem superior e anterior 11 projetam-seanteriormenteformandoopromontriodosacro.Ohiatosacral formadopelaslminasdeS5ouS4pordeixaremdeseencontrarnalinhamdia. Existemquatroparesdeforamens.Aregiococcigeanapequena,deforma triangular, formada pela fuso de duas vrtebras (LATARGET e RUIZ LIARD, 1993). 3.2Unidade funcional Aunidadefuncionaldacolunavertebralconsisteemumconjuntoformado porduasvrtebrasadjacenteseumdiscointervertebralinterposto(NORDIN,M. WEINER,S.S.,2001).AFigura3representaumaunidadefuncionaldacoluna vertebral.umaestruturaespecializadaemsuportarcargasinternasecargas externasdevidossuascaractersticasbiomecnicasdeviscoelasticidade (PRESCHER, 1998). FIGURA 3 UNIDADE FUNCIONAL FONTE: Sobotta Atlas of Human Anatomy, 2001. 12 As vrtebras articulam-se umas com as outras de modo a conferir rigidez, mastambmflexibilidadecoluna,quesocaractersticasnecessriasparaoas funesdesuportedepeso,movimentaodotronco,equilbrioepostura.A principal articulao entre as vrtebras est localizada ao nvel do corpo vertebral, e ocorrepormeiododiscointervertebral.Almdisso,asvrtebrastambmse articulam umas s outras por meio dos processos articulares dos arcos vertebrais e de um conjunto de ligamentos. Os msculos tambm assumem um papel importante eauxiliamnamanutenodoalinhamentodasvrtebras(DNGELOeFATTINI, 1998; PRESCHER, 1998). 3.3Discos intervertebrais Osdiscosintervertebraissoresponsveispelaquartapartedo comprimento da coluna vertebral e no total so vinte e trs discos, sendo que no existemdiscosnaregioentreC1-C2 eaarticulaosacro-coccigeana(MOORE, 1994). Apesardenoexistirumadelimitaoclaraentrencleoeanelfibroso,o disco intervertebral morfologicamente separado em trs partes: o ncleo pulposo queocupacercade50a60%dareadetododisco;oanelfibroso;easduas superfciesarticularesvertebrais(PRESCHER,1998).AFigura4demonstraos componentes do disco intervertebral. 13FIGURA 4 DISCO INTERVERTEBRAL FONTE: Sobotta Atlas of Human Anatomy, 2001. O ncleo pulposo uma massa gelatinosa oval que ocupa a regio central do disco e composto por 90% de gua e o restante por proteoglicanas e colgeno do tipo II. O colgeno tipo II possui a capacidade de absorver foras compressivas quesoimportantesparaadistribuiodascargascompressivasdacoluna vertebral. As proteoglicanas so protenas unidas por uma cadeia de polissacardeos (glicosaminas)queagregamcondroiditina-sulfato(MOSKOVICH,2001).Prescher (1998),afirmaqueaparteposteriordodiscointervertebraljovemcontm condroiditina-4-sulfato,condroiditina-6-sulfatoesulfatodequeratina.Essaalta proporo de glicosaminoglicanas e a baixa proporo de fibras garantem uma ao ncleoumacapacidadeatrairgua.Aquantidadedeguanointeriordoncleo dependedaidade(MOSKOVICH,2001;PRESCHER,1998)edoestadode degenerao do disco intervertebral (PRESCHER, 1998). 14 Oanelfibrosocompostoporcamadasdetecidocolagenosoe fibrocartilagem e ancorado firmemente s vrtebras adjacentes atravs das fibras de Sharpey. As fibras do anel fibroso so dispostas de forma oblqua entre as vrtebras demodoquesucessivascamadasperpendicularessobrepem-seumassobreas outras. Numa vista horizontal, as fibras dos discos intervertebrais so posicionadas em forma helicoidal. Esta orientao garante a elasticidade do disco perante cargas decompresso(NORDINeWEINER,2001;PRESCHER,1998).Oanelfibroso formadopor78%deguaemdiscosdesujeitosjovens.formadopor60%de fibras de colgeno tipo II e 40% de fibras de colgeno tipo I (MOSKOVICH, 2001). Prescher (1998) afirma que as camadas mais externas tm fibras colgenas do tipo I e camadas mais internas tm fibras de colgeno tipo II. 3.4Propriedades mecnicas dos discos intervertebrais Acolunavertebralestconstantementesubmetidaaforascompressivas resultantesdaaodagravidadeecargasexternas.Estasforascompressivas estodistribudasaolongodacolunavertebralqueconstituiumeficientesistema biomecnico.Estesistemapossuipropriedadesquantitativasquesoapresso intradiscal, a elasticidade, a viscosidade e a histerese. A medida da presso intradiscal oferece o nico meio direto para determinar as condies de carregamento na coluna vertebral humana. A complexidade de tais medidas in vivo significativa. Quase todo o conhecimento presente de presso de disco invivona coluna lombar foi gerado nos estudos por Nachemson (1960), que foi o pioneiro neste tipo de estudo. Os resultados dos estudos de Nachemson (1960; 15 1981)formamabasedoconhecimentoesorefernciaparaseentenderas condies de carregamento da coluna vertebral humana, in vivo. Pesquisas envolvendo a presso intradiscal tm uma grande complexidade porquenecessitamdeprocedimentoscirrgicosparaacolocaodeumaagulha-guia que possui um transdutor de presso em seu interior. Esta agulha colocada nointeriordoncleopulposo,deondeseregistramasmedidasdapresso.Este tipodeexperimentoinvasivoeenvolvealtocusto,poisrequerpessoal especializado, sala de porte cirrgico, equipamentos e materiais cirrgicos, alm do consentimentodosujeitodepassarpelosriscosedesconfortoassociadosao processo do experimento. Osefeitosdaposturasobreapressointradiscal(empesentado)so diretamente proporcionais magnitude da carga aplicada e influenciada por muitos fatores internos, como por exemplo, as atividades musculares do tronco, a postura, o pesodecorpo,otamanhododiscoeexternos.Destaformatorna-sedifcil estabelecer padres de carga sobre a coluna vertebral na posio sentado que na posio de p (SATO; KIKUCHI e YONEZAWA, 1999).A capacidade de deformao dos discos intervertebrais quando submetidos a condies de estresse e de retornar ao seu estado inicial denomina-se elasticidade eviscoelasticidade.Quandoodiscointervertebralsubmetidoaumacarga compressiva,ocomponenteelsticododiscodeforma-seinstantaneamenteao suportar a carga. Quando a carga removida, o disco intervertebral tende a voltar a sua condio e forma inicial. Para um material elstico como o disco intervertebral, a energiafornecidaparaadeformaodaestruturaficaarmazenadasobformade energiapotencialeapsaretiradadacargacompressiva,aenergiapotencial 16 convertidaaoseuestadoinicial.Opercursodecargaedescargadematerial elstico indica baixos nveis de dissipao de energia (WATKINS, 1999). A capacidade do disco intervertebral em resistir s foras aplicadas depende daspropriedadesdosmateriaisdodiscointervertebral.Numsistemaelstico perfeito,asmudanaselsticassoproporcionaissmudanasdascargas aplicadas. A quantidade de deformao do disco intervertebral decresce de acordo com a carga aplicada (VAN DIEN et al, 1994).Adeformaodosdiscosdependedamagnitudedascargasexternas aplicadas. Os discos comportam-se elasticamente em carga de impacto e em cargas de longa durao atuam viscoelasticamente. A capacidade dos discos intervertebrais deresponderemaocarregamentoreduzidaquandoacapacidadeelsticados discos diminuda (ZKAYA e LEGER, 2001). Nosmateriaisviscoelsticos,aforaimpostaaomaterialrestitudaeo material tende a voltar a sua posio original, no qual o tempo de retorno depende dascaractersticasfsicasdomaterialempregado(ZKAYAeLEGER,2001).O retorno do material a sua condio inicial em funo do tempo chama-se histerese e correspondecapacidadedealgunsmateriaisemsemodificaremfunodo estresse imposto por uma determinada carga. Numplanocartesiano,ondeoeixoxotempoeoyaquantidadede deformao, a quantidade da energia absorvida no carregamento e a quantidade de energialiberadaformamcurvas(quepodemsedeformardeacordocomacarga imposta).Estascurvassosimtricastantoparaafasedecarregamentoquanto paradescarregamentoeareaformadaentreestascurvasrepresentaaenergia dissipada que se chama rea de histerese (WATKINS, 1999). 17 Aextensodareadehisteresedosdiscosintervertebraisdependede suas propriedades viscoelticas. Em geral, os materiais de absoro retornam muito lentamenteaoseupontoinicialaofinaldafasededescarregamento,quando comparada quantidade de energia absorvida durante a aplicao de cargas. Desta forma,otempodeaplicaoeamagnitudedascargasimpostassofatores determinantes. (WATKINS, 1999). 3.5O comportamento mecnico da unidade funcional Osdiscosintervertebraissocapazesdesuportarforascompressivas, rotacionaisedeflexoaplicadassobreacoluna.Osdiscosintervertebraissoos principais elementos responsveis pela absoro das as cargas compressivas. Sob o ponto de vista mecnico, o ncleo pulposo se compara a um fluido incompressvel (NACHEMSON, 1981). A funo do ncleo pulposo (absoro de cargas) mais efetiva devido seu alto grau de hidratao. Todavia, a quantidade de gua contida no interior do disco dependediretamentedaintegridadedosdiscosintervertebrais,maisprecisamente da integridade das proteoglicanas. Quando o disco achatado, suportando elevadas cargasdetrabalho,oseufludoabsorvido.Oncleoassumeopapelmecnico principal comparado com o restante do disco e mantm-se sob constantes presses compressivas.Asfibrasdoanelfibroso,quesoelsticas,etambmauxiliamna reduodosestressesmecnicosaplicadossobreacoluna.(BRINCKMANNe GROOTENBERG, 1983). 18 Perdadefluidoealteraesestruturaisdosdiscosintervertebraisso propostascomoumapossvelexplicaodomecanismodeperdadealturados discos intervertebrais. Omecanismoestruturalsugerequeoncleopulposoabsorvetodasas forascompressivasetransmiteuniformementeestasforasparaoanelfibroso, superfcies articulares, ligamentares e sseas resultando numa diminuio da altura do disco (BRINCKMANN e GROOTENBERG, 1983). Este mecanismo sugere que o ncleopulposopropulsalateralmente,colocandoemtensoasfibrasdoanel fibroso,convertendo-senumaforadecompressohorizontal.Ostresstnsil absorvidopelasfibrasdoanelfibrosovariadequatroacincovezesemrelao magnitude da carga axial aplicada (NACHEMSOM, 1960).O exato mecanismo de perda de fludo dos discos intervertebrais no bem esclarecido,pormsabe-sequeaperdadefluidoreguladopelasvariaesda presso intradiscal. Quando a presso intradiscal aumenta, uma certa quantidade de fludoexpelidoparaforadosdiscosintervertebraisatravsdassuperfcies articulares,causandoumadiminuiodaalturadodisco.Quandoacarga removida, o gradiente de presso reverte-se, o fludo penetra para o interior do disco e reganha a sua altura (KRAMER, 1985). Existem indicaes para ambos mecanismos (perda de fluido e deformao elstica) fazem com que o disco perca altura. Um estudo demonstrou atravs do uso deforascompressivassimilaresaopesodocorpoemespcimescadavricase obteve-se a perda de altura dos discos intervertebrais ao longo das quatro horas do perododeteste.(ADAMSeHUTTON,1985).Estimou-sequeaproximadamente 19 dois teros do peso perdido do disco foi pela expulso do fluido e a outra parte (um tero) atravs de deformao elstica. Nomesmoestudo,foisugeridoqueoncleopulposoeoanelfibroso dispem de uma estrutura lamelar regular, como se o fluido fosse pressurizado. O ladoexternodoanelfibrosotemumaslidaformaofibrosaeatuasegurando todo o disco. Quando o disco comprimido, a presso hidrosttica dentro do ncleo pulposo causa uma compresso na superfcie articular do corpo vertebral. Na parte interna e no meio do anel fibroso permanece a compresso e o disco expande-se radialmente. Como o ncleo reduz seu volume, a presso hidrosttica reduzida e conseqentementeoanelfibrosoresistemaisscargasdecompresso, expandindo-selateralmente.Comoresultadodadeformaoradialedaperdade fludo, o disco intervertebral perde altura (ADAMS e HUTTON, 1985). Aperdadefluidoatravsdoncleopulposofoidemonstradainvivo (BOTSFORD;ESSESeOGLIVIE-HARRIS,1994)eaexpansodoanelfibroso tambmjfoidemonstrada(SIMON;WUeCARLTON,1985).Houveumestudo (KELLER; FUNKE e HARTMANN, 1984) que demonstrou uma unidade funcional submetidaporseishorasdecompressoaxialeconstatouqueadiminuioea recuperao da altura do disco esto associadas com a extenso e contrao das fibras do anel fibroso e no com a perda do fluido. Usando tcnicas de ressonncia magntica,estudiososmensuraramavariaodiurnadevolume,tamanhoe dimetrodosdiscosintervertebraislombares(L3-L4,L4-L5eL5-S1)invivoe observaram diminuies significativas destas variveis e concluram que a reduo da altura do disco est associada com a perda de fluido e no com a propulso do disco que foi considerada mnima (BOTSFORD; ESSES e OGLIVIE-HARRIS, 1994). 20 Outrossugeremqueaexpansoradialdodiscoumaimportantecausada diminuiodaalturadodiscoemcadveresautores(KELLER;FUNKEe HARTMANN,1984;BOTSFORD;ESSESeOGLIVIE-HARRIS,1994),masoutros autores j contestam tal afirmao (BRINCKMANN et al., 1983; ADAMS et al., 1990). Durante as atividades normais dirias, com o tronco numa posio ortosttica, acolunavertebralconstantementesubmetidaatorqueseforasnoplano perpendicular ao disco (compresso e tenso) e tambm no plano paralelo ao disco (toro). Como j foi comentada, a viscoelasticidade a propriedade que o material temdedeformar-segradualmenteemrespostaaumacargaeretornaraposio originalapsaretiradadacarga.Portanto,quandoosdiscosintervertebraisso submetidos a cargas compressivas por curtos perodos de tempo, os componentes elsticosdodiscopermitemadeformaoimediatacujamagnitudediretamente proporcionalcarga.Quandoacargaremovidaosdiscosintervertebrais gradualmente retornam a sua posio inicial. O tamanho da fora suportada pelos discos intervertebrais em relao carga depende da magnitude da carga e como o disco se apresenta na fase pr-carga (ADAMS et al., 1994). Quanto maior a altura dodiscoduranteaposiopr-carga,maiseficientesersuarespostacargae maisbaixaseraforaexperimentadapelodiscoduranteacarga.Esteefeitode almofadareferidocomoumaabsorodochoqueeestpresentedurantea oscilaodacargaenamudanadeposturaeforasproduzidaspelocorpoem movimento (exemplo: caminhada e exerccios). Umperodoprolongadodecarregamentodecargacausa,comadioda respostaelstica,causaumestreitamentoedesgastedosdiscosintervertebrais (MARKOLF e MORRIS, 1972). Alguns estudos concluem que a razo da reduo do 21 tamanho do disco em relao ao tempo uma relao no-linear, com grandes perdas ocorridas no estgio inicial da carga. O tamanho do disco diminui lentamente, at que a presso do disco e a carga atinjam o equilbrio. A extenso da reduo do disco por perodos prolongados de cargas compressivas depende da magnitude e a durao da carga. Quanto maior a magnitude e a durao da carga, maior ser o tempo de recuperao ao estgio inicial. Isto demonstrado em colunas vertebrais saudveis, que a reduo da espessura dos discos intervertebrais, durante atividade devidadiria,nomaiorque15%daespessuramximadetodososdiscos (KAZARIAN, 1975; KELLER; FUNKE e HARTMANN, 1986; DEZAN et al., 2003). Aforacompressivaresistidaamplamentepelodiscointervertebrale experimentos em cadveres confirmaram que grandes foras compressivas no so normalmente transmitidas para o arco neural, porque a relao entre a aplicao de foras compressivas e presso intradiscal pouco afetada quando o arco neural retirado (ADAMS e DOLAN, 2001). Existem problemas experimentais, pois a grande partesoestudoscadavricoseasestruturasquesoretiradaspodemexercer influncia e tambm porque as peas so colocadas em geladeiras ou congelados e depoisreidratados,oquealteramascaractersticasdasestruturasanalisadas (ADAMS; DOLAN e HUTTON, 1987; ADAMS e DOLAN et al., 1996). Entretanto,existemtrsfatorespodemcontribuirparaoestressede sustentao de carga aplicado sobre o arco neural: a)Estreitamento patolgico do disco; b)Longos perodos de carga; c)Posturas lordticas. 22 O efeito do arco neural sob estresse provm do fato que as superfcies articulares esto em posio contrrias e fecham-se progressivamente. Quando os trsfatoresestocombinados;adegeneraododisco,horassuportandocargas compressivaseposturaslordticasfazemcomqueoarconeuralsuporte70%de forascompressivasde1KN(DUNLOP;ADAMSeHUTTON,1984,ADAMSe DOLAN, 2001). Aresistnciacompressopelosarcosneuraisatribudassuperfcies cartilaginosas dos processos articulares que resistem maioria das foras de torque anterioragindosobreumavrtebralombar.Porm,emumdiscopatolgicopode haverumaintrusosseaentreoprocessoarticularinferiordeumavrtebraea lmina da vrtebra acima. A fora compressiva espinhal pode ser conduzida tambm peloprocessoespinhosoadjacente,masistoprovavelmentedependedaforma precisa do processo espinhal (ADAMS e DOLAN, 2001). Existem estresses compressivos na parte mdia do anel e na parte posterior doncleo.Discosaltamentehidratadoscomidadede30anosetendouma excelente bagagem de fluidos se comportam como uma fibra slida na tenso, em pessoas mais velhas e discos mais degenerados mostraram um pequeno aumento hidrostticoeumaumentodareadecompressodentrodoanel(BOTSFORD; ESSESeOGLIVIE-HARRIS,1994).Otamanhoelocalizaodaconcentraode compresso nestes anis variam de acordo com a postura adotada e o histrico de cargas (ADAMS e DOLAN, 2001). 23 3.6Efeitosdaposturaenaalturadodiscocomdistribuiode estresse na coluna lombar Diferentes posturas mudam a curvatura no plano sagital da coluna lombar e alteram o ngulo e a presso intradiscal de uma vrtebra sobre a outra. Pequenos ngulos de extenso ou flexo mudam a distribuio de estresse e tm um efeito na tensodosligamentosintervertebrais.Particularmente,osqueestoposicionados prximosdocentrododiscoatuamnosentidodeaumentaracompressonos discosintervertebraisobjetivandoonoextravasamento(ligamentolongitudinal anterior e posterior). Mudanas na posturae nas alturas dos discos quando esto combinados podem influenciar a distribuio de estresse compressivo dos prprios discos intervertebrais (ADAMS e DOLAN, 2001; BRINCKMAN e GROOTENBERG, 1991).Os efeitos da postura podem ser exagerados quando a altura dos discos reduzida, seja em condies patolgicas ou sustentando cargas. Experimentos com cadveresmostraramqueosdiscossubmetidossustentaodecargas compressivas, a reduo da sua altura foi de 20%, similar variao diurna normal invivo(BOTSFORD; ESSES e OGLIVIE-HARRIS, 1994) A gua contida dentro do ncleo e anel fibroso foi perdida de 20 a 30 % e expelida para fora dos anis. Este diferencial de gua perdida tem um efeito marcante na presso intradiscal, a presso no ncleo cai 36% e o pico de compresso no anel aumenta muito (NACHEMSON, 1981; ADAMS e DOLAN, 1996).Asparedesdoaneldodiscoestosujeitasaaumentosdiretospela compressoeocasionaodeslocamentoradialdasparedes.Emdiscos 24 degenerados,ondeelejestcomprimidoedesidratado,adistribuiode pequenas cargas nos movimentos de flexo e extenso muda pouco. Somente no 2 deextensopodeaumentarsignificantementeaconcentraodeestresse compressivo dentro do anel posterior. Similarmente, nas flexes totais, o estresse de compresso est no anel anterior. Em uma flexo lombar moderada, a tendncia de igualar o estresse compressivo em todo disco. Discos jovens altos e hidratados esto mais sujeitos a perda de altura nas mudanas de postura e tendem a reduzir a forahidrostticaemqualquerposturaqueatuedeumamoderadaflexoe extenso,pormconcentraodestressaparecenosdiscosposicionadosem posturas extremas (ADAMS e DOLAN, 2001; ADAMS, 1994). Normalmente, a concentrao de estresse dentro do anel posterior aumenta medidaqueaumentaongulodeextenso,masistonemsempreverdico. Outraimplicaodasmudanasinternasdentrodosdiscosintervertebraisa relaodapressonuclearcomascargascompressivas.Estarelaotemsido usadaparamedirotamanhodaforaqueatuanacolunalombarinvivoe depender do histrico de foras compressivas atuantes e o tempo dirio que a fora compressiva atua sobre o segmento (ADAMS e DOLAN, 2001). Variaesnaalturadodiscoeposturatambmafetamadistribuiode estresse tnsil nas estruturas da coluna lombar. Na altura diurna do disco existe uma reduo de dois milmetros da tenso nos tecidos colagenosos o que permite que as vrtebrasseposicionemfirmementeumassobreasoutras.Istoterumgrande efeito nas fibras curtas do anel e nas fibras longas dos ligamentos. As fibras muito longas dos msculos e das fscias sero afetadas mais tarde (MC NALLY; ADAMS eGOODSHIP,1993).Comresultadodeformaoachatamentocausadonos 25 discos,umabaixaresistnciaaosmomentosdeflexoqueacontecemna coluna,eosligamentosresistemumpoucomais.Isto,oanelresistemais fortemente aos momentos de flexo pela manh, quando o disco perde lentamente fluido.Oefeitovisualizadomelhorpelofatoqueasfibrascolgenasdoanele ligamentos intervertebrais atuam com braos de fora mais curtos sobre o centro de rotao do disco e os msculos tem braos de fora maiores, e em geral a menor cargacompressivanodiscocontinuasendoresistidadamesmaformadaflexo (ADAMS; DOLAN e HUTTON, 1987; MC NALLY; ADAMS e GOODSHIP, 1993).Estesefeitostalvezexpliquemoporququeasflexesseverasecargas compressivas podem causar nos discos a tendncia de prolapsar principalmente se os discos esto extremamente hidratados, mas no depois de eles terem suportado achatamento espinhal. Isto enfatizado pelo fato de que os discos degenerados no podeminduziraprolapso.(MCNALLY;ADAMSeGOODSHIP,1993;ADAMSe DOLAN, 2001). 3.7 Trao vertebral Naspatologiasdacolunavertebralcomoaslombalgias,asciatalgias,as hrnias discais e a degenerao discal so utilizados vrios meios teraputicos para reduziroprocessoinflamatrioeaumentaraportesanguneoregional,diminuindo assim as dores causadas pela reduo do espao intervertebral. Os procedimentos fisioterpicosusadoscomumentesooultra-som,diatermiaporondascurtas, tcnicasdeestimulaoeltrica,manipulaesvertebraiseacupuntura.J os frmacos utilizados para aliviar a dor so o uso de corticides, a administrao de 26 agentes antiinflamatrios, as injees de esterides e os relaxantes musculares. (RAMOSeMARTIN,1994).Todososagentesfisioterpicostmproblemasna quantificaodosseusbenefcios,poisaliviamossintomas,masoproblema primrioqueadiminuiodoespaointervertebralnoatingido,almde existirem muitas controvrsias no modo que essas vrias tcnicas teraputicas so utilizadas.Como a causa de muitas dessas patologias a diminuio do espao discal eparaaumentaresteespaoprecisoummtodoquantificvelquepermiteo aumento (negativo) da presso hidrosttica intradiscal, promovendo um aumento da alturadosdiscosintervertebraiseocasionandoaseparaovertebral.Anica terapia que foi aprovada como um mtodo que dispensa a interveno cirrgica e queproduzaumentodapressohidrostticaepromovealvionasestruturas intrnsecas(discosintervertebraisefacetasarticulares)dacolunaatrao vertebral (RAMOS e MARTIN, 1994), que um conjunto de duas foras mecnicas contrrias aplicadas atravs da coluna vertebral. A trao vertebral (cervical, dorsal ou lombar) um procedimento fisioterpico amplamenteutilizadonotratamentoenoalviodecertascondiesclnicasda colunavertebralquesocausadaspelareduodoespaointervertebral (determinadaspelaperdadealturadosdiscosintervertebrais)(KRAUSEetal., 2000). Assim, o objetivo da trao produzir uma separao dos corpos vertebrais, promovendo um aumento da presso hidrosttica negativa dos discos intervertebrais paraqueestesabsorvamfludoereganhemaltura.Oaumentonoespao intervertebralvisaaumentaraalturadosdiscosintervertebraisparaaliviarao estresse colocado sobre certas estruturas vertebrais, como as terminaes nervosas e facetas articulares que podem provocar dor (RODRIGUES, 1998). 27 A trao alivia o espasmo muscular devido ao seu efeito semelhante a uma massagemsobremsculoseestruturasligamentaresecapsulares.Reduzo intumescimento,melhoraacirculaosobreostecidoseevitaaformaode adernciasentreasbainhasdasrazesnervosaseestruturascapsulares adjacentes. O estiramento em torno dos tecidos em torno da raiz nervosa possibilita um fluxo circulatrio livre que melhora a nutrio em torno do nervo e propiciando a remoo de metablitos e exudados produzidos por inflamao de baixo grau. Alm disso, a mobilizao das articulaes facetrias auxilia a lubrificao e a nutrio do disco intervertebral (RODRIGUES, 1998). 3.7.1 Tipos de Trao Vertebral A trao vertebral contnua aplicada por vrias horas e requer a utilizao de pequenas cargas (BORENSTEIN; WIESEL e BODEN, 1995). Este tipo de trao temsidoreportado(SAUNDERS,1983)comonoeficazparaaseparaodas estruturas vertebrais, porque os sujeitos no toleram cargas mais altas que poderiam causar uma separao intervertebral importante. A trao sustentada ou esttica aplicada por tempos breves, em perodos deattrintaminutos.Acurtaduraodestetipodetraogeralmente compensada por um aumento na magnitude da carga de distrao. Para o uso da traolombarsustentadautilizadaumamesapartidaaomeioparareduziros efeitos da frico no instante da trao e reduzir o desconforto ao sujeito. A carga de traopodeseraplicadapormeiodeporpesossuspensosouporumdispositivo 28 mecnicoqueacionaaforanecessriaparaatrao(SAUNDERS,1983; BORENSTEIN; WIESEL e BODEN, 1995). Atraointermitenteenvolveautilizaodeumdispositivomecnicoque aplicaaforanecessriaparaatrao,quealternadacombrevesperodosde repouso.Tambmutilizadaumamesapartidaparareduzirfricotrao (COLACHISeSTROHM,1969;SAUNDERS,1983;BORENSTEIN;WIESELe BODEN,1995).Umdosmaioresinconvenientesdestetipodetraoqueos efeitos dos perodos de repouso no so conhecidos e podem influenciar a resposta da coluna vertebral trao. A trao manual aplicada pela ao do terapeuta que exerce uma fora de trao manual sobre a coluna vertebral do sujeito. Este tipo de trao normalmente aplicadoporalgunssegundosdeduraooupodeseraplicadocomoum tracionamento rpido sbito (SAUNDERS, 1983; BORENSTEIN; WIESEL e BODEN, 1995).A trao posicional aplicada colocando o paciente em diversas posies. Algunselementos,taiscomotravesseiros,blocos,ousacosdeareiapodemser utilizadosparapromoverumtracionamentolongitudinalnasestruturasvertebrais (SAUNDERS,1983;BORENSTEIN;WIESELeBODEN,1995).Tantoatrao manual quanto a trao posicional possuem o inconveniente de mensurar a fora de trao,queaplicadopeloterapeuta.Destaforma,osresultadosdecorrentes destes tipos de procedimento so difceis de analisar. Aauto-traoexecutadapeloprpriopacientepuxandoseusmembros inferiorespelosseusbraos,nummovimentodeflexodoquadrilejoelhos.A direodatraopodeseralteradapeloprpriopacienteetambmvariaesde tratamento (SAUNDERS, 1983; BORENSTEIN; WIESEL e BODEN, 1995). Sugere- 29 sequeaauto-traotenhaduraodeumahoraoumais,pormnose encontra uma explicao para tal afirmao. A dificuldade em controlar a magnitude das cargas neste tipo de trao torna difcil a interpretao dos resultados deste tipo de trao. A trao gravitacional produzida pelo peso corporal associado gravidade, que fornece a fora de trao para causar amento dos espaos intervertebrais. Este tipodetraogeralmenterealizadoatravsdecorreiasespeciaisquefixama pelve, ou por meio de botas que prendem aos tornozelos, na inteno de reverter a aodagravidade,colocandooindivduoemumaposioinvertida (OUDENNHOVEN,1977;NOSSE,1978;SAUNDERS,1983;BORENSTEIN; WIESEL e BODEN, 1995; BOOCOCK et al., 1990). 3.7.2Indicaes e contra-indicaes da trao vertebral Traoespinhalindicadaparaotratamentodehrniasdiscais,protuso discal,disfunoarticulareoutrasdoenasdegenerativas(SAUNDERS,H.D., 1982). As contra-indicaes da trao so para: -Doenaestruturalsecundriaatumor,devidoaocuidadodeno produzir nenhuma complicao clnica como fraturas; -Infeco pela provvel disseminao de microorganismos piognicos; -Empacientescomproblemasvascularesdequalquercondio, principalmente nas traes gravitacionais; -Ascardiopatias,toracoplastias,distrbiosrespiratriosgraves,pelo efeito compressivo dos cintures torcicos da trao; 30 -Nosprocessosanquilosantesdacolunavertebral,pelaprovvel fratura dos sindesmfitos; -Naosteoporose,pelafragilidadesseadacolunavertebralquepode levar a fraturas (SAUNDERS, 1982; RODRIGUES, 1998).A trao tem a indicao de melhorar os sinais e sintomas de uma lombalgia ocasionadaporefeitosmecnicos(MESZAROSet.al.,2000;RODRIGUES,1998; TWOMEY,1985;PALetal.,1986;KRAUSEetal.,2000).Assim,atrao proporciona a separao dos corpos vertebrais possibilitando um aumento de fluxo deliquidonasestruturascapsulares,melhorandoanutriodosdiscos intervertebrais.(RODRIGUES,1998),etambmtemseusefeitosneurofisiolgicos pelamodulaodoestmulonociceptivodemaneiradescendenteouascendente (KRAUSE, 2000).A diviso da trao pelos seus efeitos mecnicos e neurofisiolgicos uma diviso artificial, talvez pelo fato que os seus efeitos ocorram pela combinao dos dois.Porexemplo,oefeitomecnicodaseparaovertebraldeveinduzira mudanasneurofisiolgicasquesoresponsveispeloalviodedor(KRAUSE, 2000).Dficits neurolgicos so acompanhados de dor radicular e surgem de um acordo mecnico de isquemia e inflamao do nervo espinhal, gnglio dorsal roto e complexo neural roto. Essas trs variveis associadas com as anormalidades como lesesintervertebraiseinvasesosteopticasdentrodoforameintervertebral. Mudanashistolgicassugeremapresenadeinflamaonasarticulaes apofisiriasemudanasvascularessoreportadasnosnervosespinhaisdos pacientescomcomprometimentoneurolgicosensrio-motor,essasmudanas resultam na obstruo de capilares venosos e a produo de isquemia e por ltimo a 31 fibrose. Estas alteraes so acompanhadas pelo teste positivo de elevao do membro inferior e reduo da mobilidade espinhal.Estasmudanaspatolgicassoreportadascomacompanhamentodo dficit neurolgico e poderiam teoricamente ser aliviadas pela trao. A separao doforameintervertebralpoderiareduziradorradicularenormalizarosdficits neurolgicos e aliviar a presso direta ou das foras de contato que sensibilizam os tecidos neurais (COLACHIS e STROHM, 1969; TWOMEY, 1985).Atraopodediminuirosimpulsosectpicosgeradosporcompresso ganglionarouporaumentarodimetrodasestruturasqueestosendoafetadas, assimatraoconstituiumestmulomecnicoadequadoparaoalviodedor (KRAUSE et al. 2000). Abaixo, segue uma relao de efeitos clnicos da trao e tambm alvio de sinais e sintomas, de acordo com Krause (2000): a) Normalizao do dficit neurolgico e alvio da dor radicular; b) A separao intervertebral in vivo; c) Acomodao dos geradores de impulsos ectpicos; d) Reduo da protuso do disco intervertebral; e) Alterao da presso intradiscal; f) Melhora do teste de elevao de membro inferior; g) Alvio da dor. 323.7.3Estudos sobre trao vertebral Estudos sobre trao vertebral sob a coluna vertebral tm sido efetuados a mais de quatro dcadas e estes so mais comumente ligados avaliao do alvio dador,pelareduodedficitsneurolgicosoupeloaumentodamobilizao vertebral.Existem muitas controvrsias sobre a aplicao da trao. Alguns problemas estoassociadosaosprocedimentosexperimentaisquenosomuitodefinidos, como por exemplo, populaes heterogneas, aplicao de outros tratamentos junto com a trao, vrias modalidades de trao em um mesmo desenho experimental e dificultam a interpretao dos resultados. Um dos estudos pioneiros sobre trao foi de Colachis e Strohm (1969). Eles estudaramosefeitosdatraoemdezsujeitosde22a25anosdeidade,sem histria de trauma ou molstia da coluna vertebral. No desenho experimental do seu estudo efetuaram-se cargas que variaram de 50 e 100 libras (22,6 e 45,3 kg). Todos ossujeitoseramposicionadosnaposiodesupinocomoquadrilejoelhos flexionados entre 65 a 70. Inicialmente, a coluna lombar do sujeito foi radiografada na posio de supino e na mesma posio os sujeitos eram tracionados com uma carga de 22,6 Kg por dez segundos de trao com cinco segundos de repouso, ou seja, foram aplicados quinze minutos de trao intermitente.Aps a aplicao desta primeira carga, foi imposto um repouso de dez minutos, que foi seguido da aplicao de uma segunda carga de trao de 45,3 Kg com os mesmos intervalos de repouso. Finalmente,oscincosujeitosquecompuseramaamostraforamtracionados continuamente por um perodo de cinco minutos, com uma carga de 45,3 Kg. Uma srie de radiografias foi efetuada na posio supina imediatamente aps a aplicao 33 da primeira carga de trao, aps o repouso, aps a segunda carga de trao e aps dez minutos do trmino dos procedimentos de trao. Nos cinco sujeitos que foramsubmetidostraocontnua,asradiografiasforamtomadasapso tracionamentoeapsdezminutosderepouso.ColachiseStrohm(1969) demonstraram que as mensuraes dos ngulos posteriores dos corpos vertebrais aumentavam, principalmente aps utilizarem 45,3 Kg de carga. A altura do espao intervertebralpersistiaapsoperododedezminutosderepousoaofinaldo processo de trao. Baseados nos resultados deste estudo constatou-se que houve aseparaointervertebral,pormexistemerrosquesecometemaolongodas sries de radiografias e tambm as cargas aplicadas durante a trao se dissipam atravs dos tecidos. Os resultados so de difcil interpretao visto que a utilizao de duas cargas diferentes de trao aplicadas durante o procedimento. Desta forma, no foi possvel determinar se a carga de 45,3 Kg foi a mais efetiva ou se o aumento doespaoposteriordasvrtebraslombaresocorreuemfunodeumefeito cumulativodascargas(22,6e45,3Kg,respectivamente).Operododerepouso impostoentreosprocedimentosdetraotambmdificultaainterpretaodos resultados. Gupta e Ramarao (1978) utilizaram epidurografia para estudar os efeitos da trao vertebral nos indivduos com protuso discal. Neste estudo, foram estudados quatorze indivduos com prolapso do disco intervertebral em um ou vrios nveis da coluna lombar e que apresentavam teste de elevao do membro inferior positivo e limitado,cujadornohaviaaliviadodeseteadezdiasderepouso.Odesenho experimentaldesteestudoconsistiunaaplicaodecargasdetraointermitente de 60 a 80 libras (27 a 36 Kg) aplicados por trs a quatro horas com intervalos de quinzeavinteminutosderepousodurantedezaquinzedias.GuptaeRamarao 34 (1978) demonstraram redues das protruses discais lombares em nove entre dozecasos.Emapenasdoiscasososresultadosdatraoforamconsiderados como medianos (melhora significativa dos sintomas, mas os achados radiolgicos na epidurografia no desapareceram) e em dois casos como pobres (no houve nem melhoraclnicaenemnaepidurografia)eemdezcasostiverambonsresultados (melhoradossintomaseosachadosnaepidurografiadesapareceram).Uma melhora dos sintomas da dor foi encontrada naqueles pacientes que apresentaram redues das protuses discais. A idade dos sujeitos, o tempo de leso e os critrios de seleo das cargas de trao no foram estabelecidos e causam dificuldades na interpretaodosachados.Umoutrofatorquedificultaainterpretaodos resultados a falta do estabelecimento de parmetros temporais de aplicao das cargas. LeBlancetal.(1994)fezumestudocomastronautasemtreinamento espacial que ficavam dezessete semanas em absoluto repouso e os pesquisadores faziam as medies dos volumes dos discos intervertebrais atravs de ressonncia magntica. Mostrou-se que a diminuio da carga externa (fora gravitacional) causa um desequilbrio do fludo dos discos intervertebrais e assim, o lquido entra para o interior dos discos intervertebrais (ncleo pulposo) fazendo com que o volume discal torne-se maior e no decorrer dos dias em que os astronautas esto em treinamento os volumes discais esto em equilbrio com a nova carga externa, mas apresentam um volume maior do que em condies normais. O estudo de Onel et al. (1985) utilizou a tomografia computadorizada para investigarosefeitosdatraoemhrniasdiscaislombares.Nesteestudoforam aplicadascargasdetraosobreacolunavertebralde45Kgemtrintapacientes comhrniaslombaresdiscais.Asalteraesdoespaointervertebralforam 35 monitoradasatravsdeumaparelhodetomografiacomputadorizada,que registrouimagensanteseduranteaaplicaodatraoepuderamregistraras mudanas ocorridas durante o tratamento. Os seus achados indicam que a trao de 45Kgefetivaparaaproduodeumalongamentodosligamentosanteriorese posterioresdacolunavertebraleconstataram,queexisteumefeitodesucoda hrnia discal sob trao na maioria dos casos.RamoseMartin(1994)estudaramaalteraodapressodiscalno segmento lombar em cargas de trao intermitente de 50 e 100 libras (22,6 a 45,3 kg)emcincosujeitoscomhrniasdiscaislombares.Onmerodesujeitosfoi pequeno em virtude da necessidade de interveno cirrgica e todos procedimentos que envolvem uma cirurgia (consentimento do paciente, anestesia, assepsia, etc...). Atraofoiexecutadaporaproximadamentetrintaminutosdurantedezaquinze dias para que o sujeito se ambientasse com a trao, onde ele permanecia seguro pelos quadris atravs de um cinturo e o prprio sujeito segurava com as mos uma barrafixaduranteatrao.Naltimaaplicaodetraoaconteceramtodosos procedimentos cirrgicos para a colocao da cnula com um transdutor de presso no espao L4-L5 do sujeito. O posicionamento dos sujeitos era em decbito ventral emcimadeumamesadetraocomumamacapartidaaomeioparadiminuira fricoduranteotracionamentoediminuirodesconfortodosujeito.Constatou-se atravs da diferena das presses intradiscais que havia uma reduo significativa daalteraodapressointradiscalduranteatraovertebral.Aextensoda descompressomostrouarelaoinversadatensoaplicadaedapresso hidrosttica. Bridger, Ossey e Fourie (2000) verificaram os efeitos da trao na estatura de dez sujeitos obesos ou com histria pregressa de lombalgia com idades entre 21 36 a 31 anos, utilizando um aparelho de medio de mnimas variaes de estatura chamadoestadimetro.Acargadetraofoiestabelecidadeumterodopeso corporaldossujeitos.Odesenhoexperimentaldoexperimentofoideduas condies. A primeira foi cinco, dez e quinze minutos de trao de um tero do peso corporal e a segunda, cinco, dez e quinze minutos em decbito dorsal sem trao. O resultado foi que no existe diferena significante entre a trao de um tero do peso corporaledaposturadeitada,pormambastiveramaumentosnaestatura.Outra verificao do estudo foi que o aumento da estatura tempo-dependente. Em alguns estudos foram avaliados atravs de testes de reprodutibilidade da doreangulaes.Paletal.(1986)avaliouograudealteraoneurolgicaem quarenta e um pacientes com lombalgias e ciatalgias, os quais foram divididos em dois grupos experimentais. Os critrios de escolha para os sujeitos que participaram do estudo foram a resposta dos pacientes a um teste visual de avaliao da dor, a quantidade de comprimidos que tomavam durante vinte e quatro horas para o alvio dedoreantiinflamatrioseotestedeelevaodemembrosuperiorcomum inclinmetroparaobteraangulaodotesteegraudealteraoneurolgicade membrosinferiores.Umgrupofoisubmetidoaumacargade5,5Kg(trao simulada), enquanto o outro grupo foi submetido a uma carga de trao de 8,2 Kg (trao propriamente dita). As cargas de trao foram determinadas de acordo com opesocorporal,pormosautoresnoexplicitaramoscritriosutilizadosparaa escolhadestascargas.Ambososgrupostiverammelhorassignificativascoma trao aps um perodo de trs semanas (melhora da dor, diminuio da ingesto de analgsicos).Taismelhoriasforamatribudasaefeitospsicolgicosvistoqueos ganhos foram similares das cargas simuladas e de trao propriamente dita. Os efeitos psicolgicos talvez no sejam reais visto a ingesto de drogas analgsicas 37 queocorreusimultaneamentearealizaodosprocedimentosdetrao.Um outrofatorquedificultaainterpretaodosresultadosqueadiferenaentreas cargas de trao simulada e de trao propriamente dita pequena (2,7 Kg). Meszarosetal.(2001),utilizaramcargasde10%,30%e60%dopeso corporalempacientescomlombalgiase/oucomsintomatologiaradicular.Neste experimento o teste da elevao do membro inferior foi utilizado como critrio para observarasmelhoriasdecorrentesdosprocedimentosdetrao.Otestede elevaodomembroinferioranteseapscincominutosdetraocontnuafoi utilizado. Neste teste um dos segmentos inferiores foi elevado at a posio sem dor eongulodeelevaodomembroinferiorfoimedido.Ascargasdetrao corresponderam a 10%, 30% e 60% do peso corporal. Os autores concluram que cargas de trao de 30 e 60% do peso corporal so mais efetivas para a diminuio dadorepossibilitamummaiorgraudeelevaodosmembrosinferioresnos pacientes com lombalgias e/ou com sintomatologia radicular.O estudo de Twomey (1985) demonstrou a separao intervertebral atravs devinteetrscolunaslombaresmasculinasremovidasdeindivduosde18a84 anosecolocadasemsoluosalinaparamanterahidrataodostecidos.Puderam-se estudar seus achados nas mudanas de altura do segmento lombar a uma determinada carga de 9 Kg por trinta minutos. O estudo foi dividido em duas condies.Naprimeiraosespcimesforamdivididosemtrsgruposmenoresde acordo com a idade: jovens (18-35 anos); adultos (36-59 anos); e idosos (acima de 60anos)enasegundacondioforamclassificadosnaqualidadedodisco intervertebral, segundo a classificao de Rolander. De 0 a 3 (de acordo com o grau de degenerao discal). Os discos bons tem classificao 0 a 1 de Rolander; discos mdioscomclassificao2deRolanderediscospobrescomclassificao3de 38 Rolander. Cada espcime foi preso no qual o sacro e L1 estavam seguros por umgrampoespecialeforamtracionadosaumacargade9Kg,atravsdeum aparelho(Kimgrafo).Noestudopode-semediraalturadosegmentolombarna posioinicial,apsatraodetrintaminutosedepoisde30minutosdetrao removida(ps-trao).Amaiorpartedaseparaointervertebraldosseus espcimesjaconteciaquandofletiam-seasmesmas,simulandoaretificaoda lordose (ganhando uma mdia de 3 mm de aumento de altura, comparado aos 7,5 mm de aumento de altura aps a trao) simulando uma tpica posio de trao em queosmembrosinferioressofletidossobreoabdome,concordandocomLeee Evans (1993). Os resultados mais interessantes que este estudo demonstra que no existiamdiferenasentreosgruposetriossobtrao,masexistiuumadiferena significativa entre os grupos da classificao da qualidade do disco. Os discos bons tiveram um grande aumento da trao comparado aos outros dois grupos. Portanto, no existe correlao entre idade e discos saudveis. A recuperao dos espcimes foi independente da idade ou do estado de degenerao. Apesar de ser um estudo in vitro, foi um estudo que se preocupou com a recuperao aps a trao e pode-se avaliar as perdas que os espcimes tiveram neste procedimento. AlgunsestudosbiomecnicossobreatraoforamdeJ udovicheNobel (1957)emaisrecentementeLeeeEvans(2001).J udovicheNobel(1957)se preocuparammaiscomosaspectosmecnicosdatraoeapresentaodos vetoresquecompemaforaearesistnciadatrao.Basearam-sena porcentagemdopesocorporalecalcularamaforaqueserianecessriaparao tracionamentodacolunalombardepontosdiferentes,comoatraopelosps, joelhosequadris.Porexemplo,paratracionar-seacolunalombardeum determinado sujeito com um cinturo que segura o trax e o outro que segura os ps 39 do sujeito, a carga ser muito maior que em um outro sujeito que tem cintures que seguram o trax e o quadril. Tambm determinaram que a superfcie de contato docorpocomamesageraumaoutraresistnciaquediminuiaforadetrao, assim a adoo de uma mesa partida ao meio far com que minimize essa fora de resistncia, meio muito utilizado nos dias atuais.LeeeEvans(2001)acompanharamoraciocniodosautorescitados anteriormente e analisaram teoricamente o momento de flexo da coluna e a trao axialdacolunavertebraleconcluramqueestaatitudedeflexodemembros inferioresmaisefetivaparaoalongamentodostecidosposterioresdacoluna vertebral.Reduzapressodeintradiscalporumaumentodatensodoanel posterior e o alongamento do ligamento longitudinal posterior, e tambm afirmou que destamaneiraomomentodeflexoproduzidopelatrao,terumefeitono tamanho do foramen intervertebral. Krauseetal.(2000)escreveramumartigoderevisodasevoluese aplicaesrecomendadasparaotratamentodatrao.Oartigoapresentauma descriodasvriaspesquisasrelacionadastraoeaopiniodoautorcom relao aos aspectos no relacionados ou no bem interpretados na literatura, como porexemplo:arelativaeficciadosvriosmodelosdeaplicao(contnuae intermitente,manualoumotorizada);aforaaplicada(magnitudedacarga);a durao(tempo);eafreqnciadotratamentopermanecempoucoinvestigados. Muitasquestesmetodolgicasprecisamdeoutrasinvestigaesparamelhor estabelecercritriosmaisclarosrelativosseleodaaplicaodetrao,que inclui a tcnica de trao, determinao da carga de trao apropriada. Emtodosestesestudosenvolvendotraovertebralexistiuuma preocupao sob a ao da trao vertebral em virtude das cargas, tempo, postura 40 adotadaeavaliaodador.Apesardealgunsparmetrosjteremsido efetuadosrelativosmagnitudedatrao,nosetemcritriosmaisdefinidosda carga em relao ao tempo. Em que momento a separao dos corpos vertebral in vivoacontece,ento,necessitaestabelecercritriosmaisobjetivosemrelao magnitudeeaotempodeaplicaodascargasdetrao.Nestesestudos,a recuperao in vivo dos sujeitos aps a trao no foi descrita. A compreenso das modificaeseadaptaesdacolunavertebraltraoenoperodode recuperaodatraodefundamentalimportnciaparaadeterminaoda durao de seus efeitos. Na Tabela 1 tm-se os principais estudos sobre trao vertebral em funo do tempo e da carga utilizada. 41TABELA 1 ESTUDOS SOBRE TRAO VERTEBRAL EM FUNO DO TEMPO E DA CARGA DE TRAO AUTOR TIPO DE TRAO CARGA UTILIZADA TEMPO COLACHIS, S. C.; STROHM, B. R.(1969) Intermitente e contnua 22,65 e 45,3 kg5 a 10 m TWOMEY (1985) Contnua9 Kg (in vitro)30 m BRIDGER; OSSEY e FOURIE (1989) Auto-trao e intermitente 1/3 do peso corporal5, 15, 25 m MESZAROS; OLSON; KULIG; CREIGHTON; CZARNECKI (2000) Contnua 10, 30, 60% do peso corporal 5 m PAL; MANGION; HOSSAIN; DIFFEY (1985) Contnua 5,5 8,2 Kg 1,2 1,8 Kg - RAMOS e MARTIN (1994) Contnua22,65 e 45,3 kg30 m ONEL; TUZLACI; SARI; DEMIR (1987) Contnua45 Kg15 m Nota: Foram includos apenas estudos que controlaram parmetros de carga e/ou tempo de aplicao da trao. 424 METODOLOGIA Estecaptulotemcomoobjetivodescreverosmtodoseprocedimentos empregados para o estudo das respostas mecnicas da coluna vertebral durante e apsaaplicaodetraomecnicacomcargasde0%,30%e60%dopeso corporal. Tais variaes tem sido efetuadas atravs de um equipamento denominado estadimetro(EKLUNDeCORLETT,1984).Oestadimetropartedapremissade que a variao da estatura pode ser atribuda s mudanas que ocorrem nos altura dosdiscosintervertebrais(EKLUNDeCORLETT,1984;DEZANetal.,2003),que correspondem a aproximadamente um tero do comprimento da coluna vertebral. 4.1 Mtodos Ossujeitosforamrecrutadosdacomunidadelocalatravsdecartazese folders,osquais,antesdeiniciaroestudo,receberamumformulriode consentimento (apndice 1) no qual, explicava os procedimentos a serem adotados duranteoexperimento.Fizerampartedaamostrasujeitossaudveisdosexo masculino (15 sujeitos; 23,13 5,77 anos; 1,80 0,17 m; 73,65 10,23 Kg) que no foram qualificados como portadores de problemas crnicos da coluna vertebral, ou seja,commaisdeumepisdiodelombalgianosdozemesesqueprecederamo incio do estudo. A utilizao de sujeitos do sexo masculino se deve ao fato de as mulherespodemsofrercertasvariaeshormonaisdociclosexualfemininoque influenciemocomportamentodacolunavertebraledificulteainterpretaodos resultados(RODACKI,2001).Todososvoluntriosforaminformadossobreos procedimentosexperimentaiseassinaramumtermodeconsentimentode 43participaolivreeesclarecidoantesdoinciodoestudo(apndice1).Os procedimentos conduzidos neste estudo foram aprovados pelo Comit de tica da Universidade Federal do Paran. Ossujeitosquereportaramocorrnciadelombalgiasnosltimosdoze mesesqueprecederamoestudoforamexcludosdoestudo.Ossujeitosforam treinadosnoestadimetroatqueasmedidasdevariaodeestatura apresentassem um desvio padro inferior a 0.5 mm, em cinco medidas consecutivas. Algunsestudos(DEZANetal.,2003;RODACKI,2001;BRIDGER;OSSEYe FOURIE, 1990) tm demonstrado que desvio padro de 0.5 mm tem sido atingido em apenas uma nica sesso de familiarizao. 4.2Procedimentos experimentais Aps a sesso que permitiu com que os sujeitos se familiarizassem com o estadimetro,trssessesexperimentaisforamexecutadas.Noinciodecada sesso experimental, os sujeitos foram submetidos a um breve perodo de atividade fsica moderada que visou reproduzir as cargas de trabalho dirias impostas sobre a coluna vertebral. A atividade fsica compreendeu uma caminhada por 30 minutos em ritmo volicional, na qual os sujeitos transportaram uma carga equivalente a 10% do pesocorporalatravsdeumamochiladeduasalas(backpack)colocadanas costasdossujeitos.Aestaturainicialdossujeitosfoimedidaaofinaldaatividade fsica, depois de um breve perodo (1,5 minutos) na posio em p. A manuteno dossujeitosnestaposiovisoupermitirquealgumasestruturascorporaisse deformem e atinjam equilbrio (FOREMAN e LINGE, 1989). Aps a determinao da estatura inicial dos sujeitos, os procedimentos de trao foram impostos. As cargas 44detraocorresponderama0%,30%e60%dopesocorporaleforamaplicadas atravsdeumaparelhoespecficoparaatrao(SaundersLumbarHomeTrac Deluxe Figura 5), as quais foram aplicadas em sesses distintas e separadas entre siporumperodode,nomnimo,48horas.Aordemdeaplicaodascargasfoi aleatria. FIGURA 5 MESA DE TRAO Duranteassessesdetrao,ascargasforamaplicadasemperodos contnuosde7minutos.Aofinaldecadaperododetrao,ossujeitoseram removidosdamesadetraoeavaliadosnoestadimetro.Ossujeitossaamda mesadetraoutilizando-sedeumaestratgiaelaboradaparaimporomenor estressepossvelsobreacoluna.Ossujeitoseramsolicitadosaassumiruma posiodedecbitolateralelevantarlentamente,antesdepermanecerememp por um minuto e trinta segundos, quando ento eram posicionados no estadimetro. 45Estes procedimentos foram repetidos at o final do 42o minuto, de forma que seis medidasrepetidasforamobtidasduranteatrao(T7,T14,T21,T28,T35,T42).A Tabela2demonstraesquematicamenteosintervalosdosprocedimentosutilizados em cada sesso experimental. TABELA2REPRESENTAOESQUEMTICADOSINTERVALOSDOS PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM CADA SESSO DE TRAO (0, 30 E 60%). PERODO DE TRAO AtividadeT1*T2*T3*T4*T5*T6 Tempo7 m7 m7 m7 m7 m7 m NOTA: Tempo de acomodao de estruturas (1,5 minutos). Ao final do perodo de trao os sujeitos foram solicitados a caminhar pelo laboratrio em uma velocidade de deslocamento selecionada pelos prprios sujeitos (caminhadavolicional)porumperodode45min.Asmedidasdevariaoda estaturaforamtomadasemintervalosde5min,deformaquenovemedidas repetidas foram tomadas (R5, R10, R15, R20, R25, R30, R35, R40, e R45) neste perodo derecuperao.Atabela3demonstraesquematicamenteosintervalosdos procedimentos utilizados no perodo de recuperao em cada sesso experimental. A Figura 6 demonstra o desenho experimental do estudo. TABELA3-REPRESENTAOESQUEMTICADOSINTERVALOSDOS PROCEDIMENTOSDOPERODODERECUPERAO UTILIZADOS EM CADA SESSO DE TRAO (0, 30 E 60%). PERODO DE RECUPERAO AtividadeR1*R2*R3*R4*R5*R6*R7*R8*R9 Tempo5 m5 m5 m5 m5 m5 m5 m5 m5 m NOTA: Tempo de acomodao de estruturas (130) 46 FIGURA 6: DESENHO EXPERIMENTAL Grupo de quinze homens jovens saudveis Trao 0%Trao 0% Trao 0% T0 T7 T14 T21 T35 T42 T28 R0 R15 R5 R10 R20 R25 R30 R35 R40 R45 NOTA 1: T0, T7, T14, T21, T35, T42representam as sries de medidas repetidas do perodo de trao. NOTA 2: R0, R5, R10, R15, R20, R25, R30, R35, R40, R45, representam as sries de medidas repetidas do perodo de recuperao. 4.3Posio de trao Para os procedimentos de trao, os sujeitos foram posicionados na mesa de trao em decbito dorsal e tiveram ajustados os cintures plvicos e torcicos de modo a fixar os segmentos corporais mesa de trao. Aps a colocao dos cintos defixao,ossujeitosflexionavamseusjoelhoseostinhamseusmembros inferiorescolocadossobreumasuperfciederepouso.Talposioinduziaos sujeitos a manter um ngulo aproximado de 90 entre a coxa e o tronco. Na Figura 7 tem-seademonstraodaposiodetrao.Osmesmosprocedimentosforam adotadosparaacondiodetraode0%,porm,nenhumacargafoiaplicada. Existearecomendaodautilizaodestaposturaparaaaplicaodos procedimentosdetrao,poistalposioinduzaumaretificaodacurvatura lombar e propicia maior eficincia da fora de trao (LEE e EVANS, 2001). 47Ascargasdetraoforamcontroladaspormeiodeummanmetro.O equipamentodetraofoipreviamentecalibradopormeiodeumdinammetro.A Figura 6 demonstra a aplicao de trao em um dos sujeitos. FIGURA 7 APLICAO DO PROCEDIMENTO DE TRAO. 4.4 Estadimetro O estadimetro consiste em uma armao de metal com uma angulao em relaoaoplanoverticalde15.Nestaarmaometlica,existemcincovigas horizontais que se movem verticalmente (para cima e para baixo). No meio de cada vigaexisteumpequenodiscoachatadoquesemoveparafrenteeparatrs, perpendicularmenteaosujeitoposicionado.Estesarranjosestocolocadospara suportarosseguintespontosanatmicos:aprotubernciaposteriordacabea,o meio da lordose cervical, a parte mais proeminente da cifose dorsal, o meio do ponto profundolordoselombar,opicedasndegas,aproximadamentenacristasacral 48mediana. Estes cinco pontos de controle postural apiam os sujeitos numa postura constante durante as medies. A posio dos ps controlada atravs do desenho docontornodosps,quesocolocadosemumnguloaproximadode20em relaoaoplanosagital,comoscalcanharesapoiadosemumsuporteposterior. J untos estes controles posturais ajustveis delimitam o perfil das curvas da coluna vertebralnoplanosagital,enquantomantmereposicionamoscontornosdas costas numa postura constante relativa atravs de repetidas medies. Umasextabarrahorizontalposicionadacomopropsitodesegurarum aparelhodigitalparamedidasdevariaolineardealtaresoluo(TDVL).O aparelhocolocadoacimadosujeitonopicedesuacabea,aproximadamente cinco centmetros da sua cabea em uma estrutura ajustvel a cada sujeito para a mensurao da postura. O TDVL (Solartron DC 50, modelo RS 646-511) montado numa estrutura rgida, mas ajustvel, posicionado no topo do estadimetro no meio dasextabarrahorizontaleposicionadodemodoquecoincidacomalinha longitudinal do eixo da coluna espinhal. (RODACKI et al., 2001). Paracontrolarosmovimentosdacabea,utilizou-sedeumdispositivo composto por uma armao de culo (sem lentes) que possui dois emissores de rais laser(classe2,comprimentodeonda630-680mmesadamxima< 1mW) acopladosemsuaslaterais.Opesodesteequipamentodesprezvel.Ocontrole horizontaleverticaldaposiodacabeafoiefetuadopeloalinhamentodaluz emitidapordoisemissoreslasersobreduaspequenasmarcasdereferncia(2,0 mm) ajustveis, posicionadas na superfcie de projeo do estadimetro, colocada aproximadamente500a700mmdacabeadossujeitos.Oposicionamentoeo reposicionamento da cabea na mesma posio foram garantidos ao reposicionar os feixesdeluzcomasmarcasdereferncia.Ocontroledecabeafoiefetuado 49atravsdeumespelho(200X150mm)colocadoafrentedosujeito.Oculofoi fixado cabea por uma tira elstica, a fim de manter uma presso relativamente constante e evitar pequenos deslocamentos que pudessem afetar as medidas. Aps os ajustes posturais, a haste de medio do transdutor digital de variao linear foi posicionadaporgravidadesobreocentrodasuperfciedacabea.Este equipamentopossuiumaacuracidadelinearde0,05mm.Opontodecontatoda haste do transdutor foi demarcado sobre a superfcie da cabea para garantir maior preciso de medidas. A Figura 8 ilustra o controle postural durante as medidas de variao de estatura. FIGURA8:ESQUEMAREPRESENTATIVODOSCONTROLES POSTURAIS(ESQUERDA)EUMSUJ EITOSENDO MEDIDO NO ESTADIMETRO (DIREITA). NOTA: Diagrama esquemtico do estadimetro. Adaptado de RODACKI et al., 2003. 504.4Anlise estatstica Em cada uma das sesses experimentais, os sujeitos foram medidos antes e aps a aplicao da trao. A fim de comparar os resultados entre as variaes de estatura,asmedidasdevariaodeestaturaforamnormalizadasemrelao estatura dos sujeitos, tomadas no incio do experimento. Desta forma, as variaes da estatura foram expressas em relao estatura dos sujeitos. O teste de Kolgomorov-Smirnov foi utilizado e confirmou a normalidade dos dados. A anlise dos efeitos das diferentes cargas e do tempo de trao sobre as variaes na estatura que foram executadas atravs de uma ANCOVA two-way para medidas repetidas em um dos fatores [3 cargas (0%, 30% e 60%) x 6 perodos de trao (T7 T14, T21, T28, T35, T42)], levando a condio inicial como varivel covariada. A condio inicial foi determinada aps a realizao da atividade fsica e o perodo detrao.Aduraodoefeitodatraosobreacolunavertebralfoianalisada atravs de uma ANCOVA para medidas repetidas em um dos fatores [3 cargas (0%, 30%e60%)x9perodosderecuperao(R5,R10,R15,R20,R25,R30,R35,R40,e R45)], levando-se o ganho de estatura ao final do perodo de trao como co-variada. OtestedeKeuls-Neumanfoiaplicadoparadeterminarondeasdiferenas ocorreram. Os testes estatsticos tiveram nvel de significncia de p 0,05).Oscoeficientesdavariaodaestaturadascondiesde0%,30%e 60% no diferiram ao longo da aplicao das cargas at o 21 minuto (p>0,05). A 55equao que descreve os ganhos na estatura em todas as condies experimentais at o 21 minuto est descrita na equao (1) Ganho 21 min (mm) =1,211329 +0,137690* tempo (Equao 1) Osmaioresvaloresdoscoeficientesdastaxasdevariaodeesturana condio de 60% aps o 21 minuto, indicam que os ganhos obtidos nesta condio forammaisacentuadosdoqueaquelesapresentadosnasoutrascondies experimentais (p>0,05). A equao linear que descreve a perda de estatura aps o 21 minuto nas condies experimentais de 0%, 30% e 60%, encontram-se descritas nas equaes (2, 3, 4), respectivamente Ganho 0% 21 min (mm) =1,370667 +0,112232* tempo(Equao 2) Ganho 30% 21 min (mm) =0,919612 +0,113268* tempo(Equao 3) Ganho 60% 28 min (mm) =0,532245 +0,153833* tempo(Equao 4) Aanlisedevarinciademonstrouqueoscoeficientesdeinclinao anterioresaobreakpoint(TXTR1)noperododetraosoiguais(b=0,137690) entre todas as condies e os coeficientes de inclinao posteriores ao breakpoint (TXTR2)sodiferentes.Amaiortaxafoinacondiode60%dopesocorporale taxas iguais nas condies de 0 e 30% do peso corporal (p