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Aspecto Financeiro Da AnàLise De BalançOs E Seus Anexos

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ASPECTO FINANCEIRO DA ANÀLISE DE BALANÇOS E SEUS ANEXOS

Introdução

Quem examina o balanço e demais documentos contabilísticos procura verificar ou a situação

patrimonial da empresa e as possibilidade de satisfação do passivo _ exame de natureza financeira ou a

actividade desenvolvida, a formação dos resultados e a evolução do capital próprio _ exame de natureza

económica.

Em exames de natureza predominantemente financeiro importa que os diferentes elementos patrimoniais

activos constantes dos balanços se classifiquem de acordo com a sua maior ou menor possibilidade de

transformação em meios líquidos de pagamento e os valores passivos se apresentem por ordem da sua

maior ou menor exigibilidade e perfeitamente destacados dos valores do capital próprio. Quando tal se

não verifique, há que proceder a reelaboração dos respectivos balanços a qual, aliás, até se justifica

quase sempre visto que os balanços de gestão visam normalmente objectivos variados e mais complexos

que o da simples apresentação das estruturas financeiras.

A contemplação das diferentes rubricas de um balanço possibilita conclusões de interesse mas os

melhores juízos são geralmente formulados através do cálculo de diferenças e de quociente entre as

diversas categorias do activo e os capitais (próprios e alheios) que lhes fazem face.

Um exame geral e completo terá de comportar a observação dos seguintes aspectos:

Estabilidade

Liquidez e Solvibilidade

Capacidade de endividamento

De que seguidamente nos iremos ocupar,

Exame de Estabilidade

Compreensão

A estabilidade de uma empresa dependerá, em cada momento, do equilíbrio financeiro existente entre as

diversas parcelas do activo e os seus meios de financiamento.

As modificações lentas ou repentinas do capital funcional nos seus dois aspectos financiamento e

investimento – resultante das políticas da empresa ou de factores exógenos (fenómenos conjunturais,

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políticas, etc.), obrigam a constantes reajustamentos e verificações de forma a manter-se um perfeito

equilíbrio entre os elementos definidores da estabilidade.

Para manter a estabilidade de uma empresa ter-se-á que tornar medidas que possibilitem o reembolso do

capital alheio, quando do seu vencimento, e de criar meios que permitam a resistência de empresa a

riscos e contingências a que está sujeita. Se a estrutura financeira de uma empresa estiver equilibrada e

simultaneamente garantido o rendimento e a segurança, a empresa reúne as condições da estabilidade.

Para um exame perfeito do equilíbrio da estrutura financeira de uma empresa importa conhecer a composição e o

desdobramento das diversas categorias patrimoniais do Activo, determinado os recursos próprios e alheios de que

a empresa dispõe com carácter permanente ou renovadamente. Os diferentes elementos do imobilizado e também

as existências mínimas que a empresa tenha de dispor sistematicamente para satisfazer as necessidades da gestão,

devem ser cobertos com capitais permanentes. Os restantes elementos activos, facilmente "manejáveis", poderão

já contrabalançar-se com capital alheio exigível a prazos relativamente mais curtos.

Embora não se possa estabelecer regras fixas que ditem genericamente a composição correspondente à perfeita

estabilidade, podem indicar-se alguns princípios orientadores:

P rincípio s ori e ntador es da Es tabilid a de

10 - A estabilidade estará tanto mais assegurada, quanto maior for o capital próprio e menor o alheio, preferindo

deste o de maior permanência.

20 - Verifica-se a estabilidade quanto maior for a cobertura dos capitais próprios ao valor do imobilizado e os

outros valores activos permanentes.

30 - A taxa do lucro do capital total deverá ser pelo menos igual à taxa de juro a pagar ao capital alheio pois, de

contrario, fica afectada a rendibilidade líquida da empresa.

O balanço representa, como sabemos, uma grandeza capital funcional - encarada sob aspectos: Composição

material – Activo; fontes de financiamento – Passivo e capital próprio

Na análise financeiras e particularmente na verificação da estabilidade, importa especialmente considerar as

correspondências de grandeza existentes entre as diversas categorias do activo e do passivo susceptíveis de

confronto. As proporções ideais entre as extensões de cada uma das categorias de contas do 1º membro e do 2º

membro em correspondência são muito variáveis.

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Apresentamos e comentamos o seguinte modelo de balanço:

Valores imobilizados Capital próprio e alheio a longo prazo

Valores de exploração (Existências) Capital alheio a médio prazo

Valores realizáveis (Sr) Capital alheio a curto prazo

Valores disponíveis Capital alheio vencido ou a vista

Este modelo é uma mera hipótese para o estudo da estrutura financeira.

As proporções ideais dos bens activos entre si ou relativamente às diferentes categorias do passivo variam de

ramo de actividade, de empresa para empresa, de acordo com a rotação do activo, as condições de prazos de

financiamento e a formação do "CASHFLOW" (fluxo de caixa, corresponde a entrada de disponibilidades na

empresa durante um certo período) e, ainda, temporariamente de acordo com a conjuntura.

Na escolha de fontes de financiamento, costuma considerar-se como norma que o activo se deve financiar

com o capital de igual duração.

Exemplo:

- As imobilizações serão financiadas com o capital permanente.

- O activo circulante deverá acorrer a crédito a curto prazo.

Grau de Autonomia Financeira

O grau de autonomia financeira dá uma ideia de dependência ou independência da empresa em relação aos

capitais alheios.

A sua expressão matemática é:

Grau de autonomia = Capital próprio x 100 Activo total  

Este rácio indica quantos meticais de capital próprio contribuíram para a obtenção de 100,00 mt de activo.

Para efeitos de cálculo do rácio há que ter em conta que por capital próprio se deve tomar a soma de todos os

investimentos dos proprietários da empresa, de forma directa ou indirecta; quer dizer, haverá que ter em

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conta a soma de capital, reservas e lucros e perdas não distribuídos. Pelo que se refere a determinação do

activo total, haverá que deduzir, como é natural, as contas de resultados do activo (perdas), as

regularizadoras e as de ordem.

           

Capital próprio = Capital social + Reservas+Resultados

           

Activo total = Activo deduzido das contas regularizadoras

Evidentemente, o grau de dependência financeira da empresa, complementar ao grau de autonomia é

determinado pelo rácio:

Grau de dependência = Capital alheios x l00  

Activo total  E, dado que:

Activo total = Capitais próprios+Capitais alheios

Deduz se claramente que:

Grau de autonomia + grau de dependência = 100

Quer dizer que, como se indicou, ambos os graus de autonomia e de dependência são complementares.

O grau de autonomia pode atingir os seguintes valores:

1. Autonomia máxima.

Um dos casos extremos obter-se-á no caso de os capitais alheios serem nulos. Nesta hipótese, o activo estará

financiado totalmente por capitais próprios.

O grau de autonomia será

Grau de autonomia = 100

Consequentemente, o grau de dependência será nulo. Esta situação não é normal. Poderia dar-se no momento da

fundação da empresa, mas assim que começasse a sua exploração, dadas as condições de pagamento a prazo que

regem o mercado, começaria a financiar-se com meios alheios.

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Além disso, há que ter em conta que as empresas possuem meios limitados e precisam de recorrer com frequência

a capitais alheios para poderem fazer face aos seus compromissos. Mesmo na hipótese de os proprietários da

empresa disporem dos meios necessários para a dotar, as condições do mercado de capitais podem induzi-los

aceitar fundos alheios (hipótese a que se fez referência na análise económica, no caso de a rendibilidade do activo

total ser superior ao juro exigido pelos capitais alheios).

2. Autonomia normal

Verifica-se quando o activo da empresa é financiado em parte com capitais próprios e em parte com capitais alheios.

É o procedimento normal. O grau de autonomia, e por conseguinte o de dependência, terá valor

compreendido entre 0 e 100 consoante a proporção em que se empregam ambos os tipos de capital.

Neste ponto não se podem dar normas padrão acerca do valor que deve tomar o coeficiente; este dependerá do

tipo de empresa e das circunstâncias concretas de cada caso. Evidentemente que uma empresa de grande

rendibilidade não será igual a outra que quase não obtenha lucros ou esteja a sofrer perdas, nem uma empresa

industrial a outra comercial. Até mesmo dentro do mesmo ramo industrial pode haver grandes diferenças entre as

empresas que o integram.

Será necessário, em cada caso e à vista das circunstâncias, determinar se a situação se pode considerar aceitável

ou não.

3. Limite de autonomia

É o caso contrário ao de máxima autonomia. Dá-se quando a totalidade do activo é financiada por capitais

alheios.

Grau de autonomia = Capitais Próprio x 100 = 0

Activo Total

Correlativamente, o grau de dependência será igual a 100.

Esta situação também não é normal, embora se possa chegar a ela por perdas continuadas que tenham absorvido a

totalidade do capital próprio.

4. Zona de dependência

Verifica-se quando o capital é negativo, caso em que, logicamente, o capital alheio é superior ao activo total. O

GA é negativo, ao passo o GD é superior a 100%. Trata-se, portanto, de uma situação de quebra.

O grau de Autonomia de uma empresa não é invariável ao longo da sua existência pode variar em consequência

do:

a) Aumento ou diminuição do capital próprio;

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b) Aumento ou diminuição do capital alheio.