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Comunicado Técnico CAFÉ As cotações do café arábica no mercado internacional registraram grandes osci- lações em janeiro, influenciadas pelas condições climáticas adversas e incerte- zas quanto ao tamanho e à qualidade da safra cafeeira de 2015 no Brasil. Notícias sobre a chegada de frente fria e chuvas acabaram pressionando as cota- ções no último mês. Contudo, as chuvas têm sido pontuais, em pequenos volu- mes e consideradas insuficientes para recuperação das lavouras ou reversão dos prejuízos já observados. Em dezembro e janeiro, foram regis- tradas precipitações abaixo da média histórica e temperaturas elevadas em importantes regiões produtoras, assim como ocorreu na safra anterior. Estes meses são determinantes tanto para o desenvolvimento dos internódios das plantas e quanto para o enchimento dos grãos. Edição 2 - Janeiro de 2015 Impactos das adversidades climáticas à safra cafeeira Minas Gerais Segundo a Fundação Procafé, em Vargi- nha, município do sul de Minas Gerais, a precipitação em dezembro foi 37% abai- xo da média histórica (de 1974 a 2013). Em relação ao acumulado de chuvas em 2014, foi registrado volume de 698,4 mm, muito inferior à média histórica, que é de 1.472,3 mm, volume de chuvas que representou apenas 47% da média. Como resultado do déficit hídrico em 2014, a disponibilidade de água no solo tem se mando significavamente abaixo Escaldadura das follhas - Janeiro 2015 - Cruzeiro da Fortaleza/MG (Cerrado Mineiro) - Fonte: CaféPoint da média histórica em regiões como Var- ginha (MG), Carmo de Minas (MG) e Boa Esperança (MG), também no Sul de Minas (ver figura abaixo). Estas condições apicas geraram também infestações de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) acima da média de janeiro de 2014. O problema voltou a aparecer após o veranico observado no mês passado, no sul de Minas Gerais. O alerta é do pesqui- sador da Epamig, Júlio César Souza, que sugere aos cafeicultores que façam o mo- nitoramento dos talhões e, se necessário, o controle químico via pulverização, com um insecida eficiente. No Cerrado mineiro, mesmo em lavouras irrigadas, as plantas estão senndo os efeitos da falta de chuva. As altas tempe- raturas estão ocasionando escaldaduras nos cafezais, causando lesões nas folhas e favorecendo a entrada de fungos e bacté- rias, segundo a Associação dos Cafeiculto- res da Região de Patrocínio (Acarpa). Fonte: Bolem Fundação Procafé Disponibilidade de água no solo (mm) Método Thorthwaite & Mather - Varginha/MG Balanço hídrico pico para a região 2013 2014

Boletim comunicado técnico cna cafe n2

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Comunicado TécnicoC A F É

As cotações do café arábica no mercado internacional registraram grandes osci-lações em janeiro, influenciadas pelas condições climáticas adversas e incerte-zas quanto ao tamanho e à qualidade da safra cafeeira de 2015 no Brasil.

Notícias sobre a chegada de frente fria e

chuvas acabaram pressionando as cota-ções no último mês. Contudo, as chuvas têm sido pontuais, em pequenos volu-mes e consideradas insuficientes para recuperação das lavouras ou reversão dos prejuízos já observados.

Em dezembro e janeiro, foram regis-

tradas precipitações abaixo da média histórica e temperaturas elevadas em importantes regiões produtoras, assim como ocorreu na safra anterior. Estes meses são determinantes tanto para o desenvolvimento dos internódios das plantas e quanto para o enchimento dos grãos.

Edição 2 - Janeiro de 2015

Impactos das adversidades climáticas à safra cafeeira

Minas GeraisSegundo a Fundação Procafé, em Vargi-nha, município do sul de Minas Gerais, a precipitação em dezembro foi 37% abai-xo da média histórica (de 1974 a 2013). Em relação ao acumulado de chuvas em 2014, foi registrado volume de 698,4 mm, muito inferior à média histórica, que é de 1.472,3 mm, volume de chuvas que representou apenas 47% da média.

Como resultado do déficit hídrico em 2014, a disponibilidade de água no solo tem se mantido significativamente abaixo

Escaldadura das follhas - Janeiro 2015 - Cruzeiro da Fortaleza/MG (Cerrado Mineiro) - Fonte: CaféPoint

da média histórica em regiões como Var-ginha (MG), Carmo de Minas (MG) e Boa Esperança (MG), também no Sul de Minas (ver figura abaixo).

Estas condições atípicas geraram também infestações de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) acima da média de janeiro de 2014. O problema voltou a aparecer após o veranico observado no mês passado, no sul de Minas Gerais. O alerta é do pesqui-sador da Epamig, Júlio César Souza, que sugere aos cafeicultores que façam o mo-

nitoramento dos talhões e, se necessário, o controle químico via pulverização, com um inseticida eficiente.

No Cerrado mineiro, mesmo em lavouras irrigadas, as plantas estão sentindo os efeitos da falta de chuva. As altas tempe-raturas estão ocasionando escaldaduras nos cafezais, causando lesões nas folhas e favorecendo a entrada de fungos e bacté-rias, segundo a Associação dos Cafeiculto-res da Região de Patrocínio (Acarpa).

Fonte: Boletim Fundação Procafé

Disponibilidade de água no solo (mm)Método Thorthwaite & Mather - Varginha/MG

Balanço hídrico típico para a região 2013 2014

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COMUNICADO TÉCNICO - CAFÉ é um boletim elaborado pela Superintendência Técnica  e Assessoria de Comunicação da CNA

CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - 601 - CEP: 70.830-021 - Brasília/DF

(61) 2109 1419 - [email protected]

Espírito Santo

Paraná

Considerações Finais

Para o Espírito Santo, segundo maior estado produtor de café, o Instituto Ca-pixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) estima, para este ano, uma produção de conilon de apenas 8,5 milhões. Em 2014, a produ-ção bateu recorde, com 9,9 milhões de sacas colhidas.

A recuperação dos preços do café no mercado físico durante o ano de 2014 não foi suficiente para evitar a erradica-ção de mais 4,7% da área plantada após a colheita da última safra no estado do Paraná. Os dados são do Departamento de Economia Rural (DERAL).

Levantamento realizado pelo Departa-mento em dezembro de 2014 projeta uma produção, para 2015, de até 1,1 mi-

O tempo seco impediu que os cafeicul-tores seguissem o calendário de aduba-ções recomendado, assim como na safra anterior. A maior parte deles realizou apenas a adubação de novembro, alguns poucos a de dezembro, e pouquíssimos deles a de janeiro. A má nutrição das plantas poderá agravar os problemas de granação mencionados.

Mesmo sem considerar as condições ad-versas de janeiro passado, a Fundação

De acordo com Incaper, mais da metade do conilon plantado no Espírito Santo é irrigado, mas os reservatórios baixaram muito e o produtor não consegue dis-ponibilizar a quantidade de água exigida pela planta.

Depoimentos ainda mais assustado-

lhão de sacas, sem considerar as adversi-dades climáticas que também atingiram as regiões produtoras do estado em ja-neiro de 2015.

Além disso, o relatório informa que a prolongada estiagem e as altas tempe-raturas registradas nos primeiros nove meses de 2014 prejudicaram o cresci-mento dos ramos produtivos. Houve, ainda, os danos causados pelas geadas

Procafé reduziu a estimativa de 2015 para um volume entre 38,7 milhões e 43,6 milhões de sacas (arábica e coni-lon), ante a projeção inicial de 43 mi-lhões a 44 milhões de sacas.

Em 13 de janeiro, a Companhia Nacio-nal de Abastecimento (Conab) divulgou a primeira estimativa para a safra deste ano, projetando colheita de 44,11 mi-lhões a 46,61 milhões de sacas. Essas in-formações referem-se aos trabalhos rea-

res foram feitos por presidentes de sindicatos rurais do estado, que relata-ram a possibilidade de perdas de 50% da produção, com grandes prejuízos à qualidade em virtude da má formação de grãos “chumbinhos”.

de 2013, onde um índice de 15% da área precisou ser recepada (poda baixa). As-sim, todos estes fatores contribuíram para que a próxima safra ainda não atinja o potencial normal de produção.

Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária do Paraná (FAEP), o levanta-mento a ser feito pelo DERAL em abril de 2015 poderá confirmar melhor os prejuí-zos à safra paranaense de café.

lizados pela Companhia no período de 1 a 12 de dezembro, também sem considerar as ocorrências de janeiro último.

Os preços da commodity devem se man-ter firmes em 2015, à medida que as per-das sejam confirmadas.Frente à perspec-tiva de redução na produção e na renda do beneficiamento do café, os custos de produção devem ser elevados, já que a maioria dos tratos culturais deve ser re-alizada normalmente, inclusive a colheita.

Natália FernandesAssessora Técnica - CNA