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A Poupança Privada e o Financiamento Corporativo de Longo Prazo Será que o Brasil está se tornando “normal”? Ernani Torres [email protected] 65º Forum de Debates Brasilianas Novembro de 2015

Crédito privado para projetos de longo prazo

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Page 1: Crédito privado para projetos de longo prazo

A Poupança Privada e o Financiamento Corporativo de Longo Prazo

Será que o Brasil está se tornando “normal”?

Ernani Torres

[email protected]

65º Forum de Debates Brasilianas

Novembro de 2015

Page 2: Crédito privado para projetos de longo prazo

Características do Mercado de Crédito Brasileiro no início da década de 2000

1. Escasso: Baixa Relação entre Estoque de Crédito ao Setor Privado/PIB

2. Volátil - Processos de Ajuste Externo e Inflação 3. Taxas de Juros Elevadas 4. Concentração elevada e estritamente regulado 5. Forte participação dos bancos públicos 6. Curto prazo: mercado voluntário de crédito corporativos

longo prazo – bancos e títulos - praticamente inexistente

Page 3: Crédito privado para projetos de longo prazo

O Quadro mudou: Crédito ao Setor Privado no Brasil já é superior à média internacional

Fonte: Banco Mundial 2015

Crédito ao Setor Privado por Bancos de Depósito (Em % do PIB)

41,8

27,1

54,7 63,5

24,8 26,7

39,5 37,6

60,5

76,6

99,9

93,9

31,6 30,9

Brasil Mundo Países Alta Renda América Latina

Page 4: Crédito privado para projetos de longo prazo

... liderado pelas famílias: consumo e habitação

Fonte: Banco Central do Brasil (2015)

Crédito às Pessoas Jurídicas, Físicas e Habitação (Em % do PIB)

3,4

7,16

15,78 15,6 16,4

28,4

1,3

8,0

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

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03

20

04

20

05

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06

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07

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

Pessoas Físicas Pessoas Jurídicas Habitação

Page 5: Crédito privado para projetos de longo prazo

Forte concorrência entre bancos nacionais públicos e privados

Fonte: Banco Central do Brasil ,2015, Elaboração dos Autores

Estoque de Crédito por Tipo de Controle de Banco (Em % do PIB)

9,7 11,3

30,0

9,4

14,6 18,4

5,2 7,8

8,3

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Estatais Privados Nacionais Estrangeiros

Page 6: Crédito privado para projetos de longo prazo

Bancos públicos atuaram como estabilizadores das flutuações do crédito corporativo privado

Fonte: Banco Central do Brasil ,2015

Crescimento do Crédito às PJ por Fonte de Recursos em 12 meses (Em % aa)

3,21

-0,83

1,6

-0,58

-0,25

1,01

2,32

0,2

1,51

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Não Direcionado Direcionado

Page 7: Crédito privado para projetos de longo prazo

BNDES teve papel relevante no financiamento de longo prazo, principalmente pós-2008

Fonte: Banco Central do Brasil ,2015, Elaboração do Autor

Crédito do BNDES frente ao PIB e frente ao Crédito Total dos Bancos (Em % )

5,6 6,2

10,8

12,1 21,9

15,7

20,1 20,5

12

14

16

18

20

22

24

5

6

7

8

9

10

11

12

13

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

BNDES Empréstimos/PIB (esq) BNDES Empr. /Total Bancos (dir.)

Page 8: Crédito privado para projetos de longo prazo

... graças ao financiamento do Tesouro Nacional

Fonte: BNDES, 2015, Elaboração dos Autores

BNDES: Principais Fontes de Recursos ao ano (Em % )

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

67% 66% 53%

40% 30% 28% 27% 27% 26%

8% 6% 16% 38%

46% 50% 53% 53% 54%

8% 7%

6% 4% 4% 4%

3% 4% 5% 7% 9% 16%

12% 9% 8% 6% 8% 7%

10% 12% 9% 7% 12% 10% 7% 8% 8%

Fundos institucionais Tesouro Exterior Outros Patr. Líq.

Page 9: Crédito privado para projetos de longo prazo

“Metade” dos Creditos do BNDES são originados e mantidos em carteira pelos bancos comerciais

Fonte: BNDES ,2015. Elaboração dos Autores

BNDES : Operações Diretas e Indiretas (Em % )

Page 10: Crédito privado para projetos de longo prazo

E o mercado de títulos corporativos?

Fonte: Banco Mundial (2015)

Estoque de Títulos de Crédito Privado (Em % do PIB)

22,8

12,0

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

Países 1990 1995 2000 2005 2011

Estados Unidos 68,2 77,2 94,6 105,7 91,9

Coréia do Sul 27,9 37,0 50,7 53,0 59,3

Malasia 18,2 30,5 32,8 47,4 58,1

França 49,4 45,6 34,2 38,3 56,3

Japão 38,5 41,9 48,1 41,0 37,2

Alemanha … 52,5 57,1 34,9 24,0

China 3,3 2,5 7,1 10,7 23,1

Brasil … 8,3 8,4 12,7 21,7

Mexico 1,3 1,2 9,8 13,9 15,7

Reino Unido 12,8 12,9 18,3 15,1 12,3

India 0,3 1,0 0,4 0,9 4,9

Page 11: Crédito privado para projetos de longo prazo

Títulos Corporativos foram um destaque em termos de crescimento

Fonte: ANBIMA

Brasil: Estoque de Ativos Financeiros(Em % do PIB)

22,8

12,0

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

Financial Assets 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014*

Títulos Corporativos

Debentures 6,6 7,9 8,2 8,7 9,0 9,6 11,6 12,0 12,8

Outros 0,1 0,1 0,6 0,5 0,3 0,3 0,2 0,3 0,2

Sub-Total (a) 6,6 8,0 8,8 9,2 9,3 9,9 11,8 12,2 13,1

Financial

Corporate

Bonds

CDBs 14,5 14,9 24,1 25,6 22,6 18,2 14,8 13,2 11,0

L.F.s 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 3,6 5,4 7,0 6,8

Outros 0,1 0,3 0,2 0,6 1,5 0,7 0,7 0,6 0,6

Sub-Total( b) 14,6 15,2 24,3 26,2 24,1 22,5 20,9 20,8 18,4

Tit. Cessão de Crédito (c) 1,2 1,0 1,4 2,3 2,6 3,3 4,6 6,1 8,1

Titulos Privados Ta+b+c) 26,3 22,3 24,6 35,4 38,0 36,6 37,0 38,8 41,1

Títulos Públicos(d) 54,5 46,1 46,0 41,7 43,2 42,5 43,0 43,6 41,9

Total (a+b+c+d) 80,8 68,4 70,6 77,1 81,1 79,2 80,0 82,4 82,9

Page 12: Crédito privado para projetos de longo prazo

... mas a maior parte das operações são de arbitragem fiscal e regulatória dos bancos

Fonte: AMBIMA, 2014

Estoque de Debêntures por Tipo (% do PIB)

22,8

12,0

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

0,6 0,6 0,7 2,3

4,4 5,8 6,0 5,7 5,9 6,1 6,5 6,6

2,3 1,6 1,4

1,6

2,1

2,0 1,9 2,3 3,0 3,4

4,5 4,6

2,9 2,3 2,1

3,9

6,5

7,8 7,9 8,1 8,9

9,5 10,9

11,1

0

2

4

6

8

10

12

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Leasing Outros Setores

Page 13: Crédito privado para projetos de longo prazo

Mercado deslanchou com 476

Fonte: ANBIMA, 2015

Emissões de Debêntures por Tipo de Distribuição(Em R$ bi)

22,8

12,0

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

0,0 0,0

16,0

38,7 48,2

109,5

78,5 86,0

57,0

31,8

13,7 15,8

3,0

15,0 10,9 3,7

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Ofertas Restritas Ofertas Registradas

Page 14: Crédito privado para projetos de longo prazo

Bancos são os principais atores na originação mas também na aquisição

Fonte: ANBIMA

Estoque de Debêntures por Grupo de Detentores em 08/08/2013 (%)

22,8

12,0

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

78,8

4,1

15,0

1,3 0,8 Bancos

Demais Inst. EInterm. Fin.

Fundos deInvestimento

Prev. Privada(Fechadas)

Outros

Modelo é uma forma de Originação, Distribuição e Aquisição

Page 15: Crédito privado para projetos de longo prazo

Debêntures Incentivadas

22,8

15,8

5,8

9,1

4,0 14,4

8,2

8,6

Page 16: Crédito privado para projetos de longo prazo

Quais são as novidades?

1. Houve um rápido crescimento das operações com dívida corporativa a partir de 2006.

2. Pelo lado da oferta de fundos para Investimento na Indústria e Infraestrutura: Lucros Retidos (45%), BNDES (27%); Fontes externas (12%); Debêntures (12%) e Ações (4%)

3. Padrão de Financiamento liderado por bancos e não pelo mercado de capitais.

Qual a importância do BNDES e dos bancos comerciais e dos outros provedores de fundos nesse processo?

Page 17: Crédito privado para projetos de longo prazo

Pela ótica da provisão de fundos (2013)

Estoque de Crédito de Longo Prazo em 2013 (Em %)

Fontes PIB Total

BNDES Direto 5,8 36,1

BNDES Indireto 5,6 34,9

Bancos ex Leasing 2,3 14,1

Fundos Investimento 1,7 10,5

Outros 0,7 4,3

Total 16,0 100,0

Fonte: BNDES e ANBIMA, Elaboração dos Autores

BNDES é fonte de mais de 2/3 do crédito de longo prazo, mas mercado já responde por 1/3

Page 18: Crédito privado para projetos de longo prazo

Pela ótica da decisão de alocação de fundos (2013)

Bancos comerciais comandam a alocação de crédito de longo prazo

Tomador de Decisão Em % do PIB Em %

BNDES 5,8 36,2

Outros Bancos 8,8 55,0

Não - Bancos 1,4 8,8

Total 16,0 100,0

Page 19: Crédito privado para projetos de longo prazo

Existe competição entre o BNDES e os bancos comerciais?

1. Na maior parte dos casos, os dois sistemas são complementares e não competitivos entre si.

2. Há fricções em casos específicos: Petrobras em 2008 3. Entretanto, existe competição entre os dois sistemas do

ponto de vista global: maximização de taxas (TJLPxSELIC) 4. Quando Taxa Selic Elevada, empresas não gostam de

emitir

Page 20: Crédito privado para projetos de longo prazo

Perspectivas para o financiamento doméstico de longo prazo.

1. Mercado tem tamanho, mas é dominado por bancos (arbitragem fiscal).

2. Colocação direta amarrada pela 400 da CVM. Tem emissores e investidores interessados

3. 12431 veio para ficar (arbitragem fiscal favorece) 4. Taxas do Tesouro elevadas demais e TJLP/BNDES baixas

demais retardam o crescimento do mercado 5. Regulação não parece ser o problema principal hoje.

Page 21: Crédito privado para projetos de longo prazo

Recomendações de Política

1. Reforma da Res. 400 da CVM – Oferta pública ampla Fim da autorização prévia (modelo inglês) ou pelo

menos criação da classe de emissores qualificados e de autorização prévia

2. Ampliação da Debêntures Incentivadas para outros setores de infra (distribuição de energia) e indústria

3. Reorientação do programa do BNDES de Emissão de Debêntures em favor das incentivadas e não das “debêntures bancárias”. Programa de emissão de R$ 50 bi até 2018.