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A DINÂMICA DA ECONOMIA BAIANA PÓS 1980: AJUSTES E DESAFIOS

Desconcentração

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A DINÂMICA DA ECONOMIA BAIANA

PÓS 1980: AJUSTES E DESAFIOS

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A DINÂMICA DA ECONOMIA BAIANA PÓS

1980: AJUSTES E DESAFIOS

Adelson Rios

Brenda Grazielle

Luerth Lopes

Luscielio Lima

Patrício Alves

Siméia Viana

UNIVERSIDADE

DO ESTADO DA BAHIA

DOCENTE: Dr.ª Janúzia Mendes

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A continuidade e a possível inflexão do processo de desconcentraçãoeconômica em direção à periferia nacional dos anos pós-1980 guardauma série de especificidades que devem ser consideradas para a análiseda economia baiana e regional. As altas taxas de crescimento daeconomia brasileira e nordestinas registradas na década de 70 não maisseriam observadas nos anos seguintes.

A crise econômica que se abateu sobre o país fê-lo sair de taxas médias anuais de 8,6% dos anos70, para 1,6% na década seguinte e 2,7% noprimeiro lustro dos anos 90.

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Região/Estado 1980-70 1990-90 1995-70 1995-80 1995-90

Nordeste 8,91 3,05 5,16 2,73 2,1

Maranhão 8,88 4,38 5,55 3,39 1,43

Piauí 8,8 4,27 5,48 3,32 1,44

Ceará 9,08 2,46 5,54 3,24 4,83

Rio G. do Norte 10,38 5,01 6,79 4,47 3,38

Paraíba 7,65 3,38 4,72 2,81 1,66

Pernambuco 7,11 1,68 3,91 1,83 2,15

Alagoas 8,23 4,11 5,04 2,97 0,72

Sergipe 7,47 9,09 6,57 5,98 0,04

Bahia 10,33 2,34 5,33 2,13 1,7

São Paulo 8,21 1,15 4,18 1,57 2,43

Brasil 8,68 1,57 4,59 1,95 2,71

Fonte: AZZONI, Carlos Roberto. (1997)

Estados Nordeste, Região Nordeste, São Paulo e Brasil: Taxa Média (%)

Anual de Crescimento do PIB Real (1970-1995)

O crescimento relativo das economias estaduais nordestinas pode ser medido pelas

taxa médias de crescimento dos PIB’s relativamente superiores: a média regional

correspondeu ao dobro da média brasileira.

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Neste desempenho aparente fantástico está escondido o que CANO (1997)denomina “efeito estatístico” da desconcentração – isto é, todas as taxas decrescimento estaduais, regional e brasileira decresceram.

D E S E M P E N H O S E T O R I A L N A B A H I A

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1980 – Manteve índices de crescimento acima da média nacional.

1987 – O setor petroquímico e de metalurgia do cobre.

Este comportamento específico decorreria não só do complexocompetitivo petroquímico, mas também da siderurgia do cobre, daprodução de madeira, papel, celulose, da agroindústria dealimentos e, mais recentemente os investimentos em turismo.

A indústria de transformação cresceu até responder por quase ¼ do PIB estadual.

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Intra-estadual(1975-1994)

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Regional e Nacional (985-1995)

Participação da indústria de transformação

ultrapassando a da agricultura

Redução sistemática da participação dos setores

baiano

1984 e 1986 – Auge do ciclo de expansão da economia baiana

44% da produção industrial do Nordeste e mais de 5% do país.

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A indústria baiana também sofreria os efeitos da desaceleração econômicanacional, porém com certa defasagem temporal e em menor intensidade, porconta dos linkages nacionais de seus principais ramos e do crescimento de suasexportações:

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Entre 1990 e 1992, quando o índice industrial seria reduzido em 8pontos, para logo voltar a recuperar-se em 1993.

Entre 1986 e 1988, não haveria crescimento do produto industrial; e

A conjuntura entre 1988 e 1991 foi bastante adversa para a atividade industrial em

geral, com efeitos desaceleradores sobre o setor mais dinâmico da economia

baiana que enfrentava um momento de super oferta internacional e queda na

demanda nacional de petroquímicos, resultando desempenho setorial negativo em

1990 e 1991. A recuperação da petroquímica e da indústria baiana começaria em

1992, com o aumento da capacidade daquele segmento. Resultado de grandes

investimento realizados desde 1988 visando duplicar a produção do COPEC.

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A indústria metalúrgica também foi responsável pelo desempenho positivo dosíndices da indústria.

O segmento de papel e celulose foi responsável pela manutenção dos índices daindústria de transformação (a atividade que mais cresceu na economia baianadurante os anos 90).

A crise econômica dos anos 80 revelou-se no aparelho de Estado, nas suasdiversas esferas territoriais, através da crise fiscal que limitou a capacidadearrecadadora e inibiu despesas de custeio e principalmente as relacionadas aosinvestimentos infra-estruturais.

A agropecuária, em termos regionais ou nacionais, manteve sua trajetória deperda de importância ao longo do período 1985-1995.

A crise econômica dos anos 80 revelou-se no aparelho de Estado, nas suasdiversas esferas territoriais, através da crise fiscal que limitou a capacidadearrecadadora e inibiu despesas de custeio e principalmente as relacionadas aosinvestimentos infra-estruturais.

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Após a difusão da praga conhecida como vassoura de bruxa, em meados dos anos80, a lavoura de cacau tem perdido produtividade e mercado ao longo do período.

Nos poucos espaços em que foi possível implantar alguma “modernidade” nasrelações de produção, com irrigação ou integração agroindustrial, houve resposta doponto de vista econômico.

O complexo da soja, por se tratar de uma cultura nova, seus índices de produçãopraticamente “explodiram” nos anos 90.

A articulação da atividade com a indústria de carnes e laticínios limita-se às regiõesde Feira de Santana, Itapetinga e Vitoria da Conquista, mesmo assim em níveisconsiderados inadequados aos padrões presentes em outros estados do país.

A atividade comercial sempre teve uma forte participação na economia baiana. Noconjunto do setor terciário, a atividade de Comunicações foi a que mais cresceu nosanos pós-1980, seguida dos Serviços de Transportes e Serviços do Governo.

A atividade financeira, tradicional na economia estadual, teve fraco desempenho aolongo da década, propiciando a desaceleração dos investimentos na economiabaiana, e concentração espacial da atividade bancária nas praças financeiras maisimportantes do país.

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Nos anos 70 a exportação do nordeste brasileiro correspondia a maisde 17% das exportações brasileiras.

Crescimento da participação regionais do Norte e Centro Oeste nasexportações (em 1975 correspondia a 44,1%)

A região Nordeste nos anos 80 exportava 11,5% do total brasileiro,tendo uma queda para 7% na década seguinte mesmo com a quedano total exportado houve um aumento no volume (U$$) em até 66%

A Bahia vem sendo a principal economia exportadora da região, tendoparticipação mínima registrada de 45% e máxima de ate 66% do totaldas exportações do Nordeste ao longo do período de 1980-1998.

Já em 1994, houve um crescimento na exportação petroquímica,seguido da metalurgia do cobre e da celulose.

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No período de 1950-80 tendo como restrição a crise econômica, aBahia passa a ser exportadora de produtos industrializados.

Nos anos 90 a balança comercial baiana vem obtendo excedente cadavez menor, tendo como principal fator disso, o crescimento dasimportações, que passou de 32% em 1987 para 81% do valorexportado em 1998.

Desde 1996 o valor das importações Nordestinas ultrapassaram asexportações, gerando déficit para a região, e os principaisresponsáveis por isso são os estados de Pernambuco com 20% e Cearacom 17% do total das importações nordestinas.

Esta performance importadora só não foi mais dramática em virtudeda participação dos estados de Maranhão e Bahia no conjunto deexportação. juntos os dois estados sustentaram o superávit mesmoque decrescente nesse ultimo subperíodo.

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O processo de desconcentração econômica fez crescer os níveismédios de renda de suas respectivas populações;

A partir dos anos 70 até os anos 80, a região NE foi beneficiária demaiores taxas de crescimento do PIB per capta do país – destaquepara RN, CE, MA e SE. Porém, com o prolongamento da crise dos anos80/90 fez esse índice cair, fruto do desemprenho negativo dos estadosda BA, SE, AL e MA;

Até os anos 70, a Bahia apresentou taxas de crescimento significativasno contexto nordestino e brasileiro. Todavia, no período de 1980-1995foi o estado nordestino com menor crescimento per capta;

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Taxa Média Anual de Crescimento do PIB Per Capta Real – 1970-1995

Região/Estado 1980-70 1990-80 1995-70 1995-80 1995-90

Nordeste 6,42 1,36 3,16 1,05 0,42

MA 5,51 2,64 3,19 1,66 -0,26

PI 5,96 2,72 3,43 1,78 0

CE 6,82 0,91 3,71 1,68 3,24

RN 7,97 2,91 4,58 2,38 1,32

PB 5,89 2,17 3,29 1,6 0,47

PE 5,09 0,47 2,39 0,62 0,93

AL 5,7 2,03 2,8 0,91 -1,29

SE 4,81 6,6 4,06 3,56 -2,25

BA 7,64 0,4 3,1 0,19 -0,23

SP 2,62 0,9 1,49 0,74 0,42

Brasil 5,86 -0,19 2,41 0,16 0,87

Fonte: AZZONI (1997)

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A renda média per capta baiana, em que pese o desempenho de suaeconomia, cresceu durante o período considerado até alcançar 74%da média nacional e 141% da regional. Mas com a crise dos anos 90,retornou a algo próximo de 60% e 123% (nacional-regional),respectivamente;

O crescimento econômico e o indicador do PIB per capta ainda sãoinsuficientes para caracterizar a situação social da população.

A oferta da mão de obra vem crescendo a taxas superiores à dapopulação total, constituída em sua maioria por pessoas com baixonível de escolaridade;

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O peso da mão de obra ocupada no setor agrícola ainda ésignificativo, embora tenha decrescido;

A reestruturação produtiva decorrente das transformações técnicas eorganizacionais do pós 80 tem reduzido os postos de emprego emtodo o mundo capitalista. Porém seus efeitos são ainda maisdramáticos nas economias de capitalismo periférico e industrializaçãotardia, como a baiana;

O crescimento do desemprego formal termina por acirrar asdesigualdades sociais, levando grande contingente da PEA àinformalidade e ao subemprego, quando não acontecem fenômenosmais graves como o aumento da prostituição e da criminalidade.

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Possuidora de um dos mais baixos coeficientes de urbanização do país, aBahia ainda tem muito a crescer na atividade agropecuária.

À medida que o capital avança em direção ao campo:

• Cresce o desemprego na área rural

• Expulsão de população para as cidades

• Forma de incentivar a criação de pequenas e micro empresas

• Exige do governo maiores investimentos em infra-estrutura para atenderàs necessidades da população urbana crescente

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Os indicadores sociais da Bahia são melhores do que a maioria dos estadosdo Nordeste e abaixo da maioria dos estados de outras regiões.

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• 50,2 óbitos por 1000 nascimentos (1995)

• 1.82 vezes a taxa de analfabetismo do Brasil (faixa etáriaabaixo de 15 anos)

• Possui 28.8% da população do nordeste e 20% dasmatriculas em nível superior ocorridas na região.

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Problemas sociais da sociedade moderna baiana:

• Quantidade maior de pessoas com nível técnico e superior, porém, poucaoportunidade de atuação no mercado.

• Os investimentos em diversos setores não foram suficientes paraacompanhar o crescimento e as emendas do estado.

• A parcela da população com renda de até um salario mínimo passou a ser1,57 maior que no Brasil.

• Aqueles que recebem de 3 a 5 salários mínimos caíram de 60% para 47%.

• Apesar de possuir PIB maior que muitos países da américa não conseguealcançar indicadores sociais parecidos.

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Surge um elenco de atividades comerciais e industriais novasestimuladas pela diferenciação e ampliação da indústria e por novasatividades agropecuárias e agroindustriais.

Ficam cada vez mais difíceis as condições de sobrevivência deiniciativas voltadas exclusivamente para mercados locais.

A redução dos custos de produção e de circulação em larga escalavem contribuindo para que mercadorias padronizadas, produzidasalém-mar ou em outras regiões do país alcancem mercados locais, emcondições de competitividade com similares produzidos no interior doestado.

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D E S C O N C E N T R A Ç Ã O , I N F L E X Ã O E P E R S P E C T I VA S

Segundo DINIZ (1995 e 1994) há uma tendência à reconcentração daprodução industrial no polígono do sul de Minas Gerais ao Rio Grandedo Sul.

Processo de desconcentração tem dado mostras de inflexão. Todaviaalguns projetos resultantes do II PND ainda dispõem de capacidade decrescimento, seja pela demanda interna, seja porque ainda persistemindústrias baseadas no paradigma fordista de produção.

Observa-se um movimento de indústrias trabalho-intensivo querecentemente passaram a instalar unidades em estados nordestinos,em busca de salários baixos e força de trabalho desorganizada,todavia com plantas mais modernas, com maior produtividade.

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R E F E R Ê N C I A S

Bahia: Exemplo de “Desconcentração econômica Concentrada”

Cap. III

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